Ano XI - Nº31 - Publicação Quadrimestral Distribuição Gratuita
Medalha de Honra - Grau Ouro CMPVL - 19/03/1985
Director: Dr. Humberto Carneiro Coordenação: Mesa Administrativa Impressão: Graficamares, Lda. Tiragem: 7500 Design Editorial: www.tamanhoreal.com Propriedade: Santa Casa da Misericórdia da Póvoa de Lanhoso, Rua da Misericórdia, 141 - Apart. 143 4830 Póvoa de Lanhoso Pessoa Colectiva de Utilidade Pública n.º 501409084 Tel.: (+351) 253 639 030 Fax: (+351) 253 639 036 Depósito Legal: 296364/09
Setembro de 2010 ULDM 100 por cento Ao fim do primeiro mês de actividade, a Unidade de Longa Duração D. Elvira Câmara Lopes regista ocupação a 100 por cento. Pág. 08 e 09
Jornal da Santa Casa da Misericórdia da Póvoa de Lanhoso
Misericórdia com
desafios constantes Provedor da Santa Casa fala dos diversos desafios que se colocam à Instituição. ULDM, SAP e Jornadas da Saúde são alguns dos projectos. Pág. 02-04
Misericórdia investe nas Tecnologias de Informação Novos investimentos da Santa Casa a pensar no futuro e em melhorias no presente. Pág. 11
Alfabetização de sucesso Formandos do curso gratuito promovido pela Misericórdia conseguem certificação de competências.
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Abertura Entrevista com provedor
Santa Casa da Misericórdia
desafios presentes e futuros Humberto Carneiro, em entrevista ao Santa Causa, fala dos desafios actuais e futuros da SCMPL O Provedor da Santa Casa da Misericórdia da Póvoa de Lanhoso descreve os desafios actuais e futuros da Instituição, passando em revista os principais assuntos que marcam a sua existência, como o arranque da Unidade de Longa Duração e Manutenção D. Elvira Câmara Lopes, a denúncia dos protocolos de SAP, as exigências de uma contratualização futura com o Estado, de entre outros. Humberto Carneiro aborda também nesta entrevista a realização das Jornadas de Saúde, nos dias 3 e 4 de Setembro, e as comemorações do aniversário da Misericórdia da Póvoa de Lanhoso, a 5 de Setembro. A Unidade de Longa Duração e Manutenção (ULDM) D. Elvira Câmara Lopes é a segunda Unidade da Santa Casa na Rede. O que significa para a Instituição? Representa mais uma aposta na área da Saúde, área principal de intervenção. A Misericórdia surgiu da existência do Hospital António Lopes (HAL), pelo que, também por aí, estamos a responder à nossa missão. A ULDM vem resolver uma lacuna identificada no Plano de Desenvolvimento Social do Concelho, quanto à necessidade de respostas desta natureza, e só assim é que se compreende a aprovação da candidatura e a possibilidade de termos esta resposta bio-psico-social. Embora a nossa ULDM tenha uma abrangência que ultrapassa as fronteiras do Concelho, os utentes da Póvoa de Lanhoso referenciados para outras Unidades de Longa Duração e Manutenção podem sempre pedir a sua transferência para a nossa Unidade. A ULDM significa ainda um passo em frente, porque alargámos o nosso âmbito de respostas e o nosso património ao mesmo tempo que evocamos a esposa e inspiradora do nosso fundador, recordada por muitos como a mãe dos pobres. A Misericórdia foi feliz quando, assinalando o centenário da sua morte, em 11 de Fevereiro de 2010, atribuiu o nome D. Elvira Câmara Lopes a esta Unidade, que é também um desafio. As 57 camas que temos na Rede (28 na Unidade de Convalescença e 29 na Unidade de Longa Duração) significam que já temos dimensão e massa crítica que justificam uma abordagem muito rigorosa e séria na área da Saúde. Esta Instituição depara-se permanentemente com novos desafios… É verdade. Os desafios na área da Saúde são dinâmicos, porque as políticas nacionais e estratégicas para a área da Saúde têm de ser reflectidas na actuação dos agentes no terreno, como as Misericórdias. A própria Misericórdia monitoriza permanentemente as melhores práticas, acções e políticas a seguir para salvaguardar o que de bom tem e potenciar melhorias. Temos a Unidade de Convalescença, que faz parte da Rede desde o seu início, e agora alargámos o nosso âmbito para as Unidades de Longa Duração. Mas temos outros objectivos e preocupações no próprio HAL, que há cerca de um ano não nos eram colocados. Somos confrontados com a denúncia dos protocolos do SAP, a nível de fim-de-semana, feriados e tolerâncias de ponto, o que já foi denunciado no dia 30 de Junho, tendo a Misericórdia ficado sem essa prestação de cuidados de Saúde à população, nos moldes da contratualização com o Serviço Nacional de Saúde; e a nível nocturno, já que, em Novembro, a Misericórdia ficará sem o SAP das 20h00 às 8h00. Somos confrontados com esta realidade, apesar de tudo termos feito para que o SAP se mantivesse nos moldes em que estava: tínhamos protocolos com a
ARS Norte quanto ao SAP de fim-de-semana, feriados e tolerâncias de ponto e quanto ao SAP nocturno, para prestarmos esses cuidados específicos de Saúde à população da Póvoa de Lanhoso e de áreas limítrofes. Deixando de existir esses acordos, verifica-se aqui um vazio significativo numa resposta de Saúde de primeira necessidade à população. Que exige da Santa Casa soluções... A nossa responsabilidade social e a nossa missão levaram-nos a equacionar respostas para minorar os impactos negativos para a população decorrentes da inexistência de um Atendimento Permanente convencionado e tendencialmente gratuito.
Embora a nossa ULDM tenha uma abrangência que ultrapassa as fronteiras do Concelho, os utentes da Póvoa de Lanhoso referenciados para outras Unidades de Longa Duração e Manutenção podem sempre pedir a sua transferência para a nossa Unidade.
Respondemos, mantendo o serviço de fim-de-semana, feriados e tolerâncias de ponto, no período do dia em que o Centro de Saúde, que passou a prestar esse Serviço, aos sábados, entre as 9h00 e as 13h00, não tem cobertura, ou seja, entre as 13h00 e as 20h00. Respondemos através da prestação dos mesmos cuidados, mas com a consulta não convencionada e com mais custos para o utente, pois tem de pagar os serviços. Apesar de os Serviços serem custeados pela Misericórdia, consideramos que praticamos preços moderados. No valor cobrado ao utente (25 euros), não reflectimos sequer os custos que temos. Temos encargos que não são cobertos pelo pagamento dos 25 euros, mas mantemos esta postura, como mantivemos até agora o prejuízo do SAP de fim-de-semana e como continuamos a assumir os prejuízos do SAP nocturno. A Misericórdia sempre defendeu o SAP porque, pelas estatísticas, sabemos que quem acorre ao SAP é sobretudo a população idosa ou crianças, pessoas com baixos rendimentos e que necessitam desse Serviço. Estas pessoas são hoje confrontadas com uma realidade distinta e serão confrontadas, a partir de 10 de Novembro, com uma realidade muito mais penalizadora, já que qualquer situação de emergência médica nocturna será reencaminhada para o Hospital de São Marcos em Braga. A Misericórdia mantém, a preços de custo, todos os serviços que já tinha.
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Como será a partir de Novembro, com o fecho do SAP nocturno convencionado? Aguardamos resposta do Centro de Saúde nesta matéria. Vamos ter que equacionar, porque temos de ver qual é o impacto das medidas a partir de 10 de Novembro. A Misericórdia estará sempre atenta às necessidades da população e responderá de forma eficiente, mas objectiva. Teremos de ver se, a partir de determinada hora, se justifica ter um Serviço com custos, no mínimo os mesmos da consulta diurna ao fim-de-semana, e vamos, em momento próprio, analisar todos estes aspectos. Decorrem negociações com a Câmara Municipal, que estuda a criação de um Cartão Municipal de Saúde, com vista a uma discriminação positiva das pessoas que comprovadamente têm dificuldades económicas e em aceder aos cuidados de saúde e a um acesso com menores custos aos Serviços de Atendimento da Misericórdia. Para essas pessoas, estamos a estudar um protocolo com a Câmara no sentido de as consultas terem custos mais reduzidos e de serem gratuitos quaisquer consumíveis de que venham a precisar. Esse valor não seria debitado ao utente, mas sim à Câmara, como fazemos com a ARS Norte. Vejo com satisfação a disponibilidade da Câmara para responder às necessidades de saúde da população, já que a denúncia destes acordos de SAP pelo Ministério da Saúde deixam aqui um vazio de resposta. Sublinho a preocupação da Câmara em se associar à Misericórdia para encontrar uma resposta que sirva de uma forma objectiva as populações mais carenciadas e potencie o acesso à saúde para aqueles que mais necessitam. E a Misericórdia está receptiva, reduzindo o valor da consulta para essas pessoas, que seriam portadoras de um cartão que as identificasse como pessoas com acesso diferenciado ao nosso Serviço de Atendimento. Houve esta preocupação da Misericórdia e da Câmara. Julgo que, em breve, será implementada esta solução. Há outros desafios presentes para o HAL? As Misericórdias têm em mãos uma proposta de contratualização de serviços entre o Estado, o Ministério da Saúde e as Valências de Saúde das Misericórdias, nas áreas das cirurgias e das consultas de especialidade cirúrgica. Esta proposta está a ser negociada entre o Ministério da Saúde e a União das Misericórdias Portuguesas. E, se os protocolos forem assinados como prevemos que sejam, depois cada Misericórdia, por si, assinará o contrato com a respectiva AR Saúde e será parte integrante do SNS. Esta contratualização vai implicar alterações no funcionamento e na estrutura do HAL, que hoje está ocupado, em grande parte, com a Unidade de Convalescença. A contratualização exige que digamos quais são as cirurgias que estamos interessados em contratualizar e quais são as especialidades médicas que também queremos contratualizar. Para tal, temos de determinar a nossa capacidade instalada e a nossa capacidade de resposta para cirurgias e qual é a tipologia das cirurgias que temos capacidade para fazer. Isto implica um grande desafio para nós, exigindo que analisemos com rigor qual é a nossa capacidade de resposta e que projectemos aquilo que queremos para o futuro. O processo negocial será longo. Estamos a avaliar a nossa capacidade para cirurgias e quanto a consultas de especialidade. O primeiro piso está totalmente ocupado pela Unidade de Convalescença e pelas consultas de especialidade, a cave pela continuação de áreas da Convalescença e o primeiro piso, além de ter as camas de internamento em cirurgia, tem o Bloco Operatório e o Salão Nobre. Já temos um estudo, apresentado em Assembleia Geral, que aponta para a criação de uma plataforma por cima do SAP para transferir para aí o
aplicação financeira reforçada para 585 mil euros, não fomos buscar às aplicações financeiras o montante para fazer face a estes investimentos. Neste momento, a questão da Saúde é prioritária, porque somos confrontados com a situação da contratualização e acreditamos que é esse o caminho a seguir. Mas isso tem exigências. Estamos obrigados a determinados objectivos, sob pena de penalizações, mas também temos de criar as condições para a prática desses actos de saúde. Temos que adequar o HAL às exigências para uma contratualização futura. Há uma reformulação grande que começou com a denúncia dos contratos de SAP. A Misericórdia ou investe no HAL e o adequa a estas exigências e continua a praticar cirurgias e consultas externas de especialidade convencionadas ou deixa que o HAL tenha apenas a Unidade de Convalescença e as consultas de especialidade privadas. Isso é ter uma visão redutora da nossa capacidade de resposta e da projecção de futuro do HAL. Isto seria, a curto prazo, reduzir o HAL à Convalescença. E não queremos isso. Eu desejo que o HAL seja um Hospital pujante, com capacidade de resposta e de referência. Já é uma unidade de referência na Convalescença, nas cirurgias de ortopedia, estamonos a impor pela qualidade dos serviços, fomos escolhidos para fazer parte do Programa Europeu de Controle das Infecções Hospitalares. Criámos dinâmicas com as jornadas médico-cirúrgicas do HAL, criámos parcerias com organizações de Ensino Superior, criámos toda esta massa crítica e não queremos agora fazer com que ela desapareça de uma forma gratuita. Só há um caminho: adequar o HAL às novas exigências de uma futura contratualização, o que implica investimentos. Neste momento, não estão equacionados os montantes, mas são elevados.
Bloco Operatório, com uma área de recobro maior, um bloco de cirurgia de ambulatório, com mais camas, o que levaria também a uma reformulação dos espaços onde estão actualmente estas Valências. Está em estudo. Estamos a falar de uma alteração profunda… Profunda, mas necessária. Esta alteração tem de ser muito bem pensada, porque os recursos da instituição são limitados. Acabámos de concluir um investimento de 2,4 milhões de euros (Unidade de Longa Duração e Manutenção) para os quais só solicitámos um empréstimo de 750 mil euros, a juntar aos 750 mil euros que ainda não recebemos do Programa Modular. Os restantes 850 mil euros são de capitais próprios da Instituição. Mas, como fizemos arranjos exteriores e como remodelámos os espaços exteriores da creche e jardim de N.ª Sr.ª da Misericórdia, gastámos mais do que os 850 mil euros de capitais próprios, mas, mesmo assim, mantivemos a nossa
Mas a Instituição tem hoje esses recursos? Tem, mas não os quer disponibilizar. A Instituição tem é a capacidade de gerar «cash flows» da sua actividade anual, de libertar dinheiro para os seus investimentos. Hoje o endividamento da Misericórdia é residual. Tem 750 mil euros para pagar em 10 anos da ULD. A Instituição tem objectivos, tem capacidade de gerar «cash flows» e vamos investi-los no HAL, partindo do princípio de que o HAL, com a contratualização, vai gerar também liquidez, receitas, para auto-pagar os investimentos a efectuar. Hoje o HAL está equilibrado, mas muito dependente, por exemplo, do facto de a Convalescença ter uma taxa de ocupação grande ou pequena. Temos um Bloco Operatório que contribui também com os seus resultados positivos para podermos ter tido um SAP a dar prejuízo durante estes anos. O encerramento do Bloco por falta de contratualização é um grande revés na sustentabilidade do HAL. É esse o caminho a seguir. É evidente que só vamos fazer alguma remodelação se tivermos a contratualização garantida. Temos o pré-projecto para as remodelações e estamos a estudá-lo com mais pormenor.
Eu desejo que o HAL seja um Hospital pujante, com capacidade de resposta e de referência. Já é uma unidade de referência na Convalescença, nas Cirurgias de ortopedia, estamo-nos a impor pela qualidade dos serviços, fomos escolhidos para fazer parte do Programa Europeu de Controle das Infecções Hospitalares.
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Que outros desafios existem para a Misericórdia? O Lar de S. José, que está a necessitar urgentemente de obras de remodelação. Já nos comprometemos a fazê-las, mesmo antes de sermos confrontados com a questão da contratualização.Temos que intervir no Lar; a nível das acessibilidades e segurança já começámos, porque queremos dar melhores condições e uma vida com mais qualidade aos nossos idosos. Temos a obrigação moral de, dentro da Instituição, nivelarmos a qualidade de vida dos nossos utentes, comparada com a que beneficiam os utentes da Unidade de Convalescença e da Unidade de Longa Duração. Temos nestas duas Unidades de referência nacional 57 camas, no Lar temos 50. Já temos um pré-projecto para a instalação de um monta-camas desde a cave até ao 1.º andar por questões de acessibilidade. Também vamos investir em equipamentos, como as camas, idênticas às da ULD, e vamos substituir grande parte das camas. Pretendemos remodelar as acessibilidades, criar outras condições de segurança, aumentar a capacidade para camas e remodelar os quartos existentes. Esta é uma intervenção sem recuo possível, a concretizar por fases de acordo com as disponibilidades. Os dois grandes desafios são responder às exigências da contratualização a que não podemos virar costas e o investimento no Lar de S. José. E a Clínica Social da Misericórdia? O enquadramento macroeconómico e social de hoje é bem diferente do de há cinco anos e o projecto tem que ser reavaliado com muito rigor e critério. Já reunimos com os nossos parceiros para avaliar o ponto de situação. Admito que poderá ser um projecto suspenso para ser repensado, redefinido. Sempre dissemos que tinha de ser financiado por recursos externos, que a Misericórdia não iria envolver-se financeiramente a não ser na percentagem que lhe competia no capital social. Se os outros parceiros entenderem hoje que não reúnem as condições para participarem, o projecto pode ser inviabilizado. Só avançaremos quando se reunirem todas as condições que não ponham em causa a sustentabilidade da Misericórdia. Não somos uma realidade fora do contexto nacional e internacional. Qual o papel da Misericórdia no contexto sócio-económico actual? As Misericórdias são chamadas a cumprir a sua missão social nos períodos de maior crise, porque é quando as pessoas mais precisam de nós. Nas Valências Sociais, notamos as dificuldades das famílias para cumprir as suas obrigações e o apelo que fazem à ajuda da Misericórdia. Hoje temos de fazer muito mais com muito menos. Temos de fazer muito mais pela comunidade, porque ela exige e reclama um apoio maior da Misericórdia, sem sermos ressarcidos. Isto só é possível para uma Instituição que tem um equilíbrio e um rigor muito grandes. Sempre falei em rigor, não numa lógica economicista. O que sempre me preocupou foi que a Misericórdia estivesse preparada para os desafios em que ela estivesse a ser chamada para a sua missão. E não demorou: fomos chamados a estes desafios, que passam, sobretudo, pelas dificuldades das famílias. Temos a obrigação de dar respostas a quem mais necessita, não apenas aos enfermos. Mas só podemos cumprir a nossa missão se estivermos preparados, se nós próprios também não necessitarmos de ajuda para responder à responsabilidade dupla que temos: perante a comunidade externa e perante a comunidade interna, que são os nossos 195 funcionários. Também eles necessitam de sinais do interior da Instituição de que não há precaridade do seu emprego,
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que a Instituição está no bom caminho. Para ter sustentabilidade, uma Misericórdia tem de ter massa crítica e diversidade valencial de modo a que se uma Valência tiver problemas de sustentabilidade, haja outras em crescimento. Têm de ser criadas estas dinâmicas internas e foram criadas nesta Instituição. Passámos rapidamente de 2004 para 2010 para o dobro do orçamento, com a criação de Valências novas e com o potenciar de outras: a Cozinha Central, a Lavandaria, o Centro de Formação, a ULDM. Nesta organização, complexa pela sua diversidade valencial, todas as decisões têm de ser muito bem ponderadas. Estamos em condições de projectar a Misericórdia como um “cluster” de Saúde e não é por acaso que as VI Jornadas (3 e 4 de Setembro) serão ligadas ao tema da Saúde Integrada e a um novo paradigma em que temos os Cuidados de Saúde Integrados, que exigem respostas integradas na área social e na área da Saúde, numa abordagem bio-psico-social. Temos equipas multidisciplinares, parcerias com instituições do ensino superior, para investigação; fazemos parte do Projecto Europeu do Controle das Infecções Hospitalares... Estamos permanentemente a ser solicitados para estas abordagens e, nas Jornadas, vamos ter pessoas de grande gabarito, como a Dra. Inês Guerreiro, Coordenadora da Unidade de Missão da Rede, ou o Prof. Dr. Miguel Oliveira da Silva, Presidente da Comissão Nacional de Ética e Ciências da Vida. Qual o objectivo das Jornadas? Tal como as anteriores, visam dar-nos a conhecer à comunidade científica, aos profissionais de saúde nas diferentes áreas de intervenção nas quais também estamos integrados e também recolher deles contributos que possamos depois aplicar no dia a dia na nossa Instituição. Temos tido aqui palestrantes de altíssimo nível, pessoas que implementaram os Cuidados Continuados em Portugal, especialistas na área de doenças neurodegenerativas e continuamos, este ano, com pessoas ligadas à área. As nossas Jornadas já atingiram uma dimensão internacional, uma dimensão científica reconhecida. Temos tido bom “feed back” e já fazemos parte do Mapa da Saúde em Portugal - há meia dúzia de anos não estávamos nesse mapa. Hoje, somos encarados como referência. Quando se passa do desconhecimento para um grau de notoriedade que tem a ver com o sermos exemplo para nós é uma grande satisfação, mas também uma grande responsabilidade. Temos que manter sempre este nível de exigência, que é transmitido no dia a dia aos nossos colaboradores e funcionários. São estas dinâmicas que fazem com que a Instituição possa, de forma sustentada, despreocupada e com tranquilidade, encarar o futuro, mas sempre vigilante e atenta à realidade em que nos inserimos. A Instituição também tem sido referência no capítulo financeiro... Julgo que sim. Fomos a primeira Misericórdia a ser contemplada pelo Estado Português com um PME Invest V, que permite às organizações, em princípio empresariais, acederem ao crédito bonificado num momento em que tal é extremamente difícil e caro. É gratificante sermos a primeira Misericórdia a beneficiar desta possibilidade. Foi o Millenium BCP que, analisando-nos como se fossemos uma entidade empresarial e face aos nossos resultados, apresentou uma candidatura e fomos contemplados com 950 mil euros. Este dinheiro é depois reembolsado em 72 meses. Esta é uma situação extremamente vantajosa para a Misericórdia. A Mesa Administrativa e a Assembleia Geral, em sessão extraordinária, aprovaram este assunto por unanimidade. Reafirmo,
A questão da Saúde é prioritária, porque somos confrontados com a contratualização e acreditamos que é esse o caminho a seguir. Mas isso tem exigências. Estamos obrigados a determinados objectivos, sob pena de penalizações, mas também temos de criar as condições, em termos de instalações, para a prática desses actos de saúde. Temos que adequar o HAL às exigências para uma contratualização futura. contudo, o seguinte: o meu mandato termina em Dezembro de 2012 e, em 1 de Janeiro de 2013, a responsabilidade do reembolso deste financiamento cabe à futura Mesa Administrativa. Porém, os montantes que têm que ser liquidados a partir de 1 de Janeiro de 2013 pela futura Mesa vão ficar cativos e aplicados para que, quem vier, tenha o capital, cerca de 550 mil euros mais juros, à disposição para devolver trimestralmente os montantes respectivos. Com o dinheiro vamos devolver, em tempo útil, os montantes que têm de ser devolvidos; o restante entra no reforço do fundo de maneio da Instituição para utilizar da forma mais conveniente, seja na remodelação e ampliação do HAL seja para os encargos das obras do Lar. Ao contrário do que se possa pensar, este empréstimo não foi feito para fazer face a endividamento resultante da ULDM, porque já pagámos mais do que aquilo que temos a receber. Quando recebermos os 750 mil euros do Programa Modular e os 140.100 euros da Câmara Municipal, esse dinheiro vai entrar na tesouraria da Misericórdia e vai servir para ir amortizando o empréstimo da ULDM e para repor na tesouraria aquilo que nós adiantarmos para a ULDM. A Misericórdia já disponibilizou para a ULDM mais de 1, 3 milhões de euros da sua tesouraria. Quanto às Jornadas e ao aniversário da Santa Casa, em Setembro... Vai ser um fim-de-semana preenchido, com as Jornadas (dias 3 e 4) e o aniversário da Instituição (5 de Setembro). O programa começa no dia 3 com um jantar na Quinta Villa Beatriz para recepção aos convidados e palestrantes. No dia 4, decorrem as Jornadas de Saúde da Misericórdia e não Médico-Cirúrgicas do HAL, porque hoje temos também a ULDM. O tema será “i-Health: o novo Paradigma”. No encerramento e na transição para o aniversário, teremos um concerto de jazz. No dia 5, teremos os aniversários do Hospital e dos Bombeiros, com um programa conjunto. Da nossa parte, realço a bênção e inauguração da ULDM, a inauguração dos arranjos exteriores e dos jardins da creche e jardim de N.ª Sr.ª da Misericórdia e a entrega de certificados aos formandos do curso de alfabetização - um momento singelo, mas muito significativo e gratificante. Parte destes formandos obteve a certificação das suas competências ao nível do 6.º ano pelo Centro Novas Oportunidades, o que é excelente. Temos cada vez mais pedidos de inscrição nos cursos de alfabetização do Centro de Formação de forma gratuita e em regime de voluntariado. As pessoas têm formação em várias áreas e já temos idosos que manipulam os computadores com destreza, que já escrevem emails e conversam por MSN com familares no estrangeiro. De tarde, o programa continua, mas com momentos mais ligados aos Bombeiros.
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Em Destaque Jornadas da Misericórdia da Póvoa de Lanhoso
Jornadas da Misericórdia debatem Saúde e Gestão O tema deste ano é “i-Health: o novo paradigma”. Iniciativa decorre no dia 4 de Setembro, no Hotel Rural Maria da Fonte. “I-Health: o novo paradigma” é o tema das Jornadas de Saúde que a Santa Casa da Misericórdia promove no dia 4 de Setembro, na Póvoa de Lanhoso. Mais uma vez, o objectivo é dar a conhecer a Instituição e reunir especialistas nacionais e internacionais ligados ao sector da Saúde e Gestão pública e privada, contribuindo para a reflexão conjunta em volta do tema deste ano. Esta é a sexta edição da iniciativa, que abandona a designação “Jornadas médico-cirúrgicas do HAL”, passando a designar-se “Jornadas de Saúde”, reflexo do alargamento do tipo de respostas proporcionado agora pela Santa Casa através, também, da Unidade de Longa Duração D. Elvira Câmara Lopes.
O programa inclui a realização das conferências inaugural e final, de diversas intervenções, uma mesa redonda e debates. Destaque para a presença, mais uma vez, nestas Jornadas da Doutora Inês Guerreiro, Coordenadora da Unidade de Missão da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados. Destaques para a Conferência Inaugural “Cuidados de Saúde Integrados”, pela Doutora Inês Guerreiro; para a Mesa Redonda “Gestão Integrada em Saúde”, por Doutor Hugo Meireles, Doutor António Alberto Barbosa, Doutor Custódio Lima e Doutor Joaquim Magalhães Cunha; e para a Conferência Final “Ética e Dignidade na Referenciação”, pelo Professor Doutor Miguel Oliveira da Silva.
programa 08h45 Abertura do Secretariado
13h00 Almoço de convívio (oferta)
09h15 Sessão de Abertura
14h30 Conferência Final “Ética e Dignidade na Referenciação” Preside: Dr.ª Adília Rebelo (Médica e Mesária do Pelouro da Saúde da SCMPL) Orador: Professor Doutor Miguel Oliveira da Silva (Presidente do Conselho Nacional de Ética e Ciências da Vida)
10h00 Conferência Inaugural “Cuidados de Saúde Integrados” Preside: Dr. Manuel de Lemos (Presidente do Secretariado Nacional da UMP) Orador: Dr.ª Inês Guerreiro (Coordenadora Nacional da UMCCI) 11h00 Intervalo 11h15 Mesa Redonda: “Gestão Integrada em Saúde” Preside: Dr. Fernando Araújo (Presidente do Conselho Directivo da ARS Norte) Modera: Dr. Mário Almeida (Director Clínico da SCMPL) Oradores: Dr. Hugo Meireles (Hospital Escala Braga) Dr. António Alberto Barbosa (Presidente do Conselho de Administração do Hospital Nª Sr.ª da Oliveira – Guimarães) Dr. Custódio Lima (Presidente Executivo do ACES – Gerês – Cabreira) Dr. Joaquim Magalhães Cunha (Director - Executivo da Health Cluster Portugal)
Encerramento/Conclusões Dr.ª Adília Rebelo (Médica e Mesária do Pelouro da Saúde da SCMPL) Dr. Humberto Carneiro (Provedor da SCMPL) 22h15 Concerto de Jazz Quinteto de Joana Machado Theatro Club
As Jornadas marcam o calendário de actividades da Instituição. Desde o seu início, têm vindo a registar um crescendo em termos de dimensão, de qualidade dos intervenientes e dos seus contributos e do número de participantes, que levam a que exista uma lista de pré-inscrições. Especialistas, estudiosos e profissionais afluem a estas Jornadas, que têm sido grandes sucessos, contribuindo para a afirmação da capacidade e da credibilidade da Misericórdia, que se apresenta como uma referência no mapa nacional da Saúde. Um reconhecimento que provém em grande parte da preocupação da Santa Casa em trazer à discussão temas pertinentes e actuais.
As Jornadas já debateram os mais diversos assuntos como “As especialidades hospitalares e os cuidados de saúde primários (segundas jornadas, em 2006) ou o “Envelhecimento e Dignidade” (quintas jornadas, em 2009) ou ainda a “Reunião do Capítulo de Cirurgia Vascular da Sociedade Portuguesa de Cirurgia” (terceiras jornadas, em 2007). A edição deste ano terá a particularidade acontecer em vésperas de mais um aniversário da Santa Casa da Misericórdia, a 5 de Setembro. Na transição entre as Jornadas e o aniversário, haverá um concerto de Jazz pelo Quinteto de Joana Machado no Theatro Club. As jornadas decorrem no Hotel Rural Maria da Fonte.
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Valências
Formandos de Alfabetização certificam competências Com pouco mais de um ano de trabalho, os formandos do curso de Alfabetização a funcionar do Centro de Formação da Misericórdia, de forma gratuita para eles, vão receber, no âmbito do programa de aniversário da Instituição, a 5 de Setem-
bro, os diplomas que atestam a certificação das suas competências, em vários níveis, pelo Centro Novas Oportunidades. O momento enche de satisfação não só os alunos, como a professora e a própria Instituição.
Professora Rosa Carneiro
“Fico feliz por ver pessoas realizadas” A Professora Rosa Carneiro é a formadora que tem acompanhado o grupo. De lembrar que foi ela que propôs o Curso de Alfabetização à Misericórdia, aulas que lecciona em regime de voluntariado. Afirma que se sente “lindamente” com os bons resultados alcançados pelos seus alunos. “Fico muito feliz, porque ganho na compensação de ver pessoas muito felizes, realizadas. Estas pessoas, não precisando do certificado ou do diploma para trabalhar, mereciam este sucesso, pois a alfabetização era um objectivo de vida que tinham e que é muito importante para a realização pessoal delas”, refere. Para além de aprender ou melhorar a leitura e a escrita, neste Curso que as preparou para a certificação de competências, os participantes tiveram formação a ou-
tros níveis, passando desde a informática às artes decorativas. “Não foi só ler e escrever. Trabalhámos também outro tipo de conhecimentos e competências e isto permitiu uma valorização pessoal de cada um, cada um ao seu nível”. Os interessados podem inscrever-se para este Curso, que vai continuar no próximo ano lectivo. Os dias e os horários são ajustados às disponibilidades dos participantes, que devem ter idade superior a 15 anos. A frequência deste curso é gratuita. A Professora que os acompanha, e que adoram, finaliza: “Sempre tive muito prazer em orientar estes grupos de alfabetização, em regime de voluntariado. Arranjei um grupo muito bom. Todos são fantásticos e eu, se eles quiserem, também quero continuar com eles, pois podem aprender ainda muito mais”.
Sempre tive muito prazer em orientar estes grupos de alfabetização, em regime de voluntariado. (...) Todos são fantásticos e eu, se eles quiserem, também quero continuar com eles, pois podem aprender ainda muito mais.
Alunos do Curso de Alfabetização
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TESTEMUNHOS
sinaramandado na Escola, en “Apesar de nunca ter os númee e conhecia as letras me a escrever o nome nhas fimi às er er para escrev ros. Queria saber escrev nidade rtu opo e tiv a nc nça. Nu lhas que estão em Fra cias ao ên pet . certificado de com de aprender. Só agora certifio m (co iz tou muito fel nível do quarto ano. “Es uma Era o). an o art qu ao nível do cado de competências . za vida. Era uma triste coisa que me faltava na emos der a ler e a escrever, fiz en apr Aqui não é só para Ains. ore tad pu com i muito dos muitas coisas. E goste . ito letras, mas gostei mu da tenho de procurar as continuar aqui”. E enquanto houver, vou CLARA SAMPAIO,
72 anos
sempre a ver de aprender e estava “Vim porque gostava xar. Antes cai en se des pu de eu me uma oportunidade on que as outriste, pequeninha, por de vir, sentia-me muito to outra. sin me já e eu não. Agora fiantras pessoas sabiam ler con e a im est toau a a minha Isto foi importante par du con ção e ho de tirar a carta de ça, porque eu tenho o son er ler nem escrever. confugi sempre por não sab conseguir. Estou muito vou e qu de Agora tenho fé so pos condo sexto ano). Agora já tente (com o certificado ho pena Ten . na área da geriatria correr a uma formação er rev esc e e não sabem ler que muitas pessoas qu a”. nh go ver por se acanhem
to a terceira s do curso. Já tinha fei “Sou uma das pioneira ainda dou, e os err inho, mas dava classe e sabia um bocad para aperrso Cu o a par lhor. Fui mas agora já faço me bém pelos ura, pelo convívio e tam feiçoar a escrita e a leit geiro e ran est no tenho uma filha ernet, computadores porque Int a pel or, tad pu ela pelo com e ela gostava de falar com s ail bocadinho. Já enviei em de e pelos emails, e já sei um ida a est a r m é muito. Chega bo, respondeu-me. Para mi boa sa coi a um é e ano, acho qu receber o diploma de 6º caixilhar e de o pôr na nita. Sou capaz de o en minha sala”. FÁTIMA SOARES,
62 anos
ANSELMO
er ler e esabetização, apesar de sab “Estive no Curso de Alf s inscrema , sse até à terceira cla crever. Andei na escola io e para vív con o pel po, sar o tem vi-me para ajudar a pas bom e immais esquecida. Já foi aprender alguma coisa sar das is, rar. Agora leio ma ape portante para mim relemb ta fornes r ua tin con o sei se vou dificuldades de visão. Nã o for nã ei com computadores. Se mação, onde também lid cerà ivo lat tinuo. O diploma (re viver para Guimarães, con pre sem é o) an to sex ao nível do tificação de competências orgulho”. importante e motivo de O, 77 JOAQUIM MACHAD
anos
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CÉU COSTA, 46 ano
Para continuar a ajudar os mais desfavorecidos em áreas que vão desde o plano social até à saúde, a Santa Casa da Misericórdia da Póvoa de Lanhoso precisa da ajuda de todos. Colabore e anuncie os seus produtos e serviços no ‘Santa Causa’ Consulte-nos 253 639 030
ente ação juntam de Alfabetiz o gurs al u er C ev o cr n bia ler e es sa “Inscrevi-me já u E . ia os, mas não , D. Emíl s 7 aos 9 an com a esposa do la co har, es a dei n is fui trabal ma coisa. An exame e depo com es hu el en u n aq r ze içoar cheguei a fa u-me a aperfe ais do u m aj já o a rs u er C er mas escrev fui servir. O a, li tada n pu ai m Ler m os co nhecimentos. contactar co de o. it e u ad m id i il te ssib ais e gos difícil. A po te teressava m an in rt e po m e im u é q diploma O dores era o . do ta , en o) m o an experi nível do sext Nunca tinha mpetências ao co de o çã ca fi (certi ”. é sempre bom ARAÚJO, 75
anos
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Valências Saúde
Unidade de Longa Duração e Manutenção quer estar entre as melhores Unidade de Longa Duração e Manutenção D. Elvira Câmara Lopes, começou a funcionar a 22 de Junho e será inaugurada a 5 de Setembro. Segundo o Director Técnico, Enfermeiro Nelson Ferreira, o objectivo é a excelência e estar entre as melhores Unidades. “Hoje é o primeiro dia do seu regresso a casa” é o lema da Unidade de Longa Duração e Manutenção (ULDM) D. Elvira Câmara Lopes, que começou a funcionar a 22 de Junho e que será inaugurada a 5 de Setembro, aniversário da Santa Casa. Segundo o Director Técnico, Enfermeiro Nelson Ferreira, o objectivo é a excelência e estar entre as melhores Unidades. Esta é a segunda Valência da Santa Casa da Misericórdia da Póvoa de Lanhoso a integrar a Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados, depois da Unidade de Convalescença. Com capacidade de 29 camas (lotada ao fim de 25 dias de funcionamento), a ULDM D. Elvira Câmara Lopes acolhe, de momento, pessoas com idades entre os 35 e os 97. São mais de 30 os profissionais que ali trabalham (de entre médicos, enfermeiros, auxiliares e tera-
peutas). Localizada no chamado quarteirão da Misericórdia, na Vila da Póvoa de Lanhoso, esta Unidade foi construída num tempo recorde de apenas oito meses, situando-se na vizinhança de valências de infância e valências séniores da Instituição e resultando do aproveitamento de um edifício antigo a que se acrescentou uma ala nova. A ULDM D. Elvira Câmara Lopes assegura, diariamente, actividades de manutenção e de estimulação; cuidados de enfermagem diários; cuidados médicos; prescrição e administração de fármacos; apoio psicossocial; controlo fisiátrico periódico; cuidados de fisioterapia e de terapia ocupacional; animação sociocultural; higiene, conforto e alimentação; apoio no desempenho nas actividades da vida diária; e apoio nas actividades instrumentais da vida diária.
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RESPONDER A NECESSIDADES
Contribuir, numa perspectiva integrada, para o processo activo e contínuo de recuperação e manutenção global dos Residentes, prestando mais e melhores cuidados de saúde, em tempo útil, com humanismo e numa perspectiva de solidariedade social e de harmonia é o objectivo fundamental desta Unidade, que vem responder a uma lacuna, segundo refere Nelson Ferreira. “Toda a população da Póvoa de Lanhoso tem direito a usufruir desta Unidade, que resulta de uma paixão e de uma vontade muito grande da Misericórdia de responder a uma necessidade do Concelho, já que não havia nenhuma ULDM que desse resposta directa a este concelho. Neste momento, metade dos Residentes é da Póvoa de Lanhoso”. Com um ambiente acolhedor, nenhum pormenor dos espaços e das valências foi deixado ao acaso, desde a cor das paredes à iluminação natural, passando pela escolha dos equipamentos e do mobiliário, por exemplo, na sala de reabilitação. Sente-se ali energia positiva e vontade de aprender e de fazer cada dia melhor. Ninguém corporiza melhor essa sensação do que o Director Técnico da Unidade, desafiado a pô-la em funcionamento. Percebese o seu entusiamo, a sua motivação e o seu empenho, sentimentos extensíveis àqueles que o acompanham e àqueles que nele confiam para levar esta Unidade até à excelência. “Baseamo-nos em unidades que visitámos na Europa e América do Norte. A nossa Unidade de Convalescença também é para nós um farol da arte de bem-fazer. Acreditamos que conseguimos juntar nesta Unidade o que de melhor observamos de boas práticas”, refere Nelson Ferreira. Essa excelência também pode ser medida através de um indicador simples. “A resposta a dar a quem nos procura tem que ser de excelência, a qual pode estar em conseguir um sorriso de um cuidador ou de um Residente”. No caso de muitos Residentes da ULDM, trata-se de reaprender a viver numa nova realidade. “As expectativas dos cuidadores e, muitas vezes, dos doentes, não são do regresso a casa, apesar de termos uma placa à entrada que diz a quem entra que é o primeiro dia do seu regresso. Temos uma consulta inicial com os cuidadores e com vários profissionais, onde abordamos as expectativas dos cuidadores e os motivamos a trabalhar no sentido da alta, mesmo que o Residente tenha muitas limitações. Há uma equipa de profissionais altamente especializada e preparada para ajudar a preparar a casa e o regresso, sendo que a alta tem de ser trabalhada mesmo antes de o Residente entrar. Esse é um dos factores que nos diferencia”. Os cuidadores também são preocupação da Unidade, com os quais tenta trabalhar em proximidade. “Apercebemo-nos de que as famílias e os cuidadores vêm debilitados, cansados psicologicamente. Muitas vezes, estamos mais a cuidar de quem cuida do que do próprio Residente. As famílias apre-
sentam-se esgotadas. Acham que não há grandes soluções no país e a Rede vem ajudar, porque é quase um terceiro nível de cuidados, entre os cuidados de saúde primários e
da doença, que esta não é limitação de família nem de amigos. A parte social não pode morrer. A doença não é similar à morte; é similar à limitação e estamos cá para ajudar
ULDM: O que é? A ULDM é uma Unidade de internamento, com carácter temporário ou permanente, que presta cuidados continuados de saúde a pessoas que, independentemente da idade, se encontrem em situação de doença ou processo crónico, que precisem de cuidados permanentes que só existem neste tipo de unidades, por exemplo, ao nível de cuidados de enfermagem ou outros. Os utentes, designados por “Residentes”, podem ter diferentes tipos de dependências e podem permanecer nestas Unidades por um período ilimitado de tempo, num mínimo de 90 dias. Em situações de Descanso do Cuidador, o Residente pode permanecer até um máximo de 90 dias, por ano, dias seguidos ou não. A referenciação para as Unidades de Longa Duração como a D. Elvira Câmara Lopes segue os mesmos procedimentos que a referenciação para qualquer uma das Unidades da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados, devendo ser realizada através dos Centros de Saúde (onde há as equipas de referenciação) e dos Hospitais (onde existem as equipas de gestão de altas).
os cuidados de saúde hospitalares. Se fizéssemos desaparecer a Rede, o peso ia recair sobre os cuidadores e sobre o Estado, que não se pode afastar da obrigatoriedade da parte social, num trabalho que está a ser feito pelas Misericórdias e por estas Unidades”, considera o responsável. No âmbito desta proximidade com os cuidadores, a Unidade vai realizar com eles acções de sensibilização em temas em que sintam mais dificuldades ou curiosidade. No passado recente, aquando da realização do Mundial de Futebol, os cuidadores também foram convidados a assistir aos jogos com os Residentes e colaboradores da Unidade. “Há uma grande preocupação em trazer os cuidadores até aos Residentes e de fazer com que estes sintam que há vida para além
nas limitações”, explica o responsável pela Unidade. OBJECTIVOS AMBICIOSOS
Para Nelson Ferreira, estão reunidas todas as condições físicas e humanas para a Unidade se poder destacar. “Somos uma Unidade muito ambiciosa, com gente muito capaz, com muita vontade, com muito que aprender, mas sem medo, porque acreditamos que é errando que se consegue progredir – vamos tentar errar o menos possível. Temos um Provedor e uma Mesa Administrativa empreendedores, que nunca nos dizem que não, desde que justifiquemos com ganhos em saúde, e que nos deram todas as condições enquanto Unidade para podermos ir longe”, considera, assegurando: “Enquanto profissionais e corpo técnico, acreditamos que somos
capazes de acompanhar todo esse envolvimento e apoio. Vamos fazer tudo para implementar essas políticas que desenvolvem um envelhecimento saudável, que pensam, repensam, inovam, retificam, sem medo, e vamos tentar gerir as expectativas dos familiares e dos cuidadores neste processo de reabilitação, de gestão de dependências”. Com poucos meses de existência, esta Unidade já conseguiu feitos inéditos, com benefícios claros para os Residentes e para os cuidadores, desenvolvendo práticas inovadoras, a vários níveis, algumas resultantes da atenção dedicada aos Residentes e a quem deles cuidará nos domicílios. Fruto dessa observação, a Unidade conseguiu preparar toda a logísitica necessária para levar os Residentes e cuidadores à praia e ali permanecerem por algumas horas, o que aconteceu no dia 17 de Julho e que, segundo Nelson Ferreira, pelos resultados obtidos, será para repetir uma vez por ano. Participaram cerca de 30 pessoas, de entre Residentes, familiares, voluntários da Instituição e alguns elementos da Mesa Administrativa, Provedor incluído. O destino foi a praia com acessibilbilidade de Cepães. “Os familiares não acreditavam que se fosse fazer uma deslocação à praia, porque não concebiam que se conseguisse lever estes Residentes, com tanta dependência, e criar uma logística de apoio suficiente. Mas conseguimos, levámo-los e os familiares também foram. As pessoas vinham com a lágrima no olho, vinham com um sorriso nos lábios, vimos gente abraçar-se. Trouxemos vida às famílias, aos Residentes e conseguimos, com isto, aproximar os Residentes e as próprias famílias. Este foi um desafio ganho e uma oportunidade de mostrar que o facto de as pessoas serem dependentes não faz delas afastadas da vida”. Nelson Ferreira nota que há participação e co-responsabilidade dos cuidadores em todo este processo, o que anima a equipa. “Mas esta é também uma equipa que tem objectivos estratégicos, desenvolve investimento de formação contínua, trabalha em equipa, centra-se, acima de tudo, no Residente e não na doença”. Para além da realização daquela actividade com este tipo de pessoas, esta Unidade prima pela atenção à inovação e ao empreendedorismo, nas suas diversas dimensões: é uma Unidade atenta ao Residente e ao cuidador, permitindo que faça escolhas simples desde a ementa do dia seguinte ao quarto em que quer ficar; é uma Unidade que trabalha sem papel, estando também envolvida na implementação do processo clínico informatizado, em colaboração com a ARS Norte; é uma Unidade que se preocupa com a segurança do residente, estando preparada para fazer a prevenção de quedas; é uma Unidade que tem um protocolo com a New Textiles, empresa ligada à Universidade do Minho com representação da Skin to Skin em que são desenvolvidas roupas bio-funcionais que serão aplicadas num estudo de investi-
gação científica relacionado com a prevenção de infecções secundárias a realizar com os Residentes da Unidade; é uma Unidade que está envolvida na campanha nacional da higiene das mãos com os profissionais; é uma Unidade que procura, ao nível da economia de custos, sensibilizar o Residente para um consumo mais racional de medicamentos; é uma Unidade com uma política da qualidade, partindo para a certificação em Outubro; é uma Unidade que pretende aproximarse da comunidade e que irá de encontro às Juntas de Freguesia da Póvoa de Lanhoso para dar-se a conhecer como Unidade que é do povo para o povo, independentemente do estrato social. Não há limites para as ambições desta Unidade, refere o seu Director Técnico. “Investiu-se nas valências certas, vamos apostar na reabilitação e reinserção social, nas necessidades emocionais e psico-afectivas, potenciar ainda mais todo o apoio social que existe e que é necessário a este concelho. Vamos tentar recuperar nos Residentes o gosto de serem pessoas autónomas ou levarlhes essa ideia, tentando que se sintam pessoas capazes e elevar-lhes a auto-estima. Esta Unidade tem todas as potencialidades, porque baseia-se no treino, no seguimento de guidelines internacionais de boas práticas”. Reconhecendo às parcerias a devida importância, nomeadamente,
A nossa Unidade de Convalescença também é para nós um farol da arte de bem-fazer. Acreditamos que conseguimos juntar nesta Unidade o que de melhor observamos de boas práticas para a melhoria objectiva das condições de vida dos Residentes e dando o exemplo da EPAVE que vai preparar uma prótese para um dos Residentes, Nelson Ferreira sublinha o “cluster” de saúde embrionário que representa a Santa Casa da Misericórdia com as suas diferentes valências e que poderá dar frutos positivos ao nível da ULDM. “A Misericórdia é um pólo de saúde e queremos chegar longe. Queremo-nos associar a empresas nacionais de investigação, porque acreditamos que temos de partilhar todo o conhecimento que parte já desde a Unidade de Convalescença, desde o nosso Bloco Operatório, desde o nosso Hospital e desde o trabalho com o Centro de Saúde”. Estar ao nível dos melhores é a meta. “A Unidade de Missão para os Cuidados Continuados, responsável pela Rede, olha esta Instituição com bastante carinho. Estamos na Rede desde o seu início com a Unidade de Convalescença, que é um farol. Temos de aproveitar esse degrau para subir e acompanhar este andamento. Queremo-nos colocar no patamar da excelência. A médio prazo, queremos ser também uma referência. Queremos estar entre os melhores”.
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Misericórdia Instituição
Os serviços de apoio Gestão de IPSS e sua na Misericórdia sustentabilidade A Santa Casa da Misericórdia (SCM) da Póvoa de Lanhoso nasce no ano de 1917, com o grande objectivo da prestação de cuidados de saúde na região. No entanto, já o actual “Hospital António Lopes” servia os pobres carenciados do concelho com a denominação de “Casa de Caridade”.
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ivia-se numa época de enormes carências de meios. As estruturas sociais na área assistencial e de sanidade poder-se-iam considerar inexistentes. Com o passar dos anos, a SCM aumenta os seus préstimos e, em 1966, abre o denominado “Asilo de São José”, para, nas décadas de 80 e 90, dar apoio também à infância com a abertura das creches, jardins-de-infância e ATL. Destas transformações resultaram inegáveis benefícios para as populações da região. Mas, para que tudo funcione nas proximidades da perfeição, todas estas áreas que trabalham com os enfermos, os idosos, as crianças, e que actualmente denominamos por “valências”, é necessária uma organização de serviços internos para lhes dar o apoio e sustentabilidade necessários à sua continuidade e bom serviço. Estes serviços internos de apoio são tão básicos que poderá haver quem não se aperceba de que existem. Serviço de refeições, porque todos necessitamos de alimento diário; Serviço de lavandaria e costura, porque é fundamental a higiene para evitar as doenças; Serviço de transportes, porque é necessário o transporte dos utentes, inclusive dos que não têm mobilidade; Serviço de limpeza e manutenção de espaços verdes e áreas livres, porque o bem-estar consiste numa prática de grande beneficio mental e intelectual do ser humano. É um facto de que tudo hoje é diferente, mas apenas na forma, porque, se pensarmos bem, todos estes serviços de apoio existem desde a origem por necessidade e exigência da missão que origina a solidariedade. Actualmente, até para fazermos solidariedade, devemos apoiar-nos na gestão.
Esta, obriga a uma reorganização e reestruturação desses mesmos serviços de apoio. A SCM está organizada por Valências, sendo que, na sua origem, alguns serviços eram criados especificamente para dar apoio às mesmas. Isto implicava que para a mesma Instituição existissem tantos refeitórios, lavandarias, quantas as Valências. Nos dias que correm e na certeza de se poder ser menos “despesista”, porque efectivamente já não existem beneméritos ao alcance de”António Lopes”, reorganizam-se esses serviços em cada especificidade e responde-se à necessidade de cada Valência, apenas de um local. De referir a título de exemplo que a SCM serve 25 mil refeições por mês ou trata 9 mil kg de roupa por mês para satisfação das necessidades na Instituição. No sentido inverso, podemos tentar perceber se seria possível, nos dias de hoje, qualquer instituição de solidariedade não possuir estes serviços de apoio agregados à sua missão. Será que contratar estes serviços ao exterior seria racional? Possivelmente, alguns diriam que “sim”, outros diriam que “não”. É um facto que todos estes serviços de apoio têm larga margem de melhoria na sua qualidade. Na SCM estão sujeitos a normas que definem os processos e procedimentos a seguir para obter uma melhoria no serviço. No actual quadro de gestão de recursos, este é o caminho a seguir para qualquer Instituição, que tenha a coragem de assumir o desafio da solidariedade em tantas vertentes sociais como a SCM. Rui Ribeiro O Coordenador dos Serviços de Apoio da SCMPL
Perspectiva actual do panorama da gestão das IPSS e da SCMPL, da sua necessidade de se adaptar e de saber enfrentar o futuro.
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onge vai o tempo em que as IPSS possuir boas equipas e adoptar modelos de eram instituições completamente gestão virados para a criação de valor, para os dependentes de beneméritos e do bons resultados. Estado. Com o clima económico e Só assim se consegue fazer frente às ameaa sociedade actual dificilmente se ças e alterações de ambiente económico e, ao sobrevive se não se for eficiente e se não se mesmo tempo, ter capacidade para crescer e diversificar as fontes de rendimento. investir. Habitualmente, os serviços prestados pelas Na nossa Santa Casa, são provas evidentes os instituições em causa são de cariz social e em investimentos que estão a ser feitos ao longo parceria com o Estado. Logo, se se verificam dos últimos anos, como a remodelação do ano após ano consequentes reduções orça- Edifício da Farmácia | Centro de Formação, mentais para esta área, mais limitadas são as a renovação dos Serviços Administrativos, a margens para erros. compra do mini-autocarro e a mais recente Numa sociedade actual cada vez mais global Unidade de Longa Duração e Manutenção. e ao mesmo tempo individualista, o número Todas estas novidades apenas foram possíde pessoas com capacidade veis devido à boa gestão que (e vontade) financeira para vindo a ser implementada Num clima cada vez tem fazer doações às instituições e aos bons resultados obtidos mais competitivo é ne- nos últimos anos, permitindo tem diminuído drasticamente, sendo impossível, hoje cessário saber prestar demonstrar confiança suficiente em dia, sobreviver à espera e ao Estado para que um bom serviço a uma ànosbanca que alguém venha “dar a fossem concedidos empréspopulação cada vez timos e candidaturas a programão”. Assim sendo, cabe às insmas de desenvolvimento a nível mais exigente. tituições encontrarem monacional como é o caso do PME delos de gestão eficientes e Invest V. autónomos que permitam diversificar as suas De outro modo não seria possível crescer, emáreas de actuação para que as entradas de pregar e desenvolver novos projectos. capital não estejam dependentes de apenas É importante potenciar as capacidades das algumas entidades. Ao mesmo tempo que, Instituições, muitas vezes envolvidas numa tal como qualquer empresa, sejam capazes inércia tal que leva a que sejam redobrados os de encontrar uma forma de gestão eficiente e esforços para as despertar. No entanto, cada saber o lugar que ocupam na sociedade e na vez mais, torna-se fundamental que estas toeconomia. mem consciência da actual realidade sob pena Num clima cada vez mais competitivo é ne- de serem mais uma a constar na lista de incessário saber prestar um bom serviço a uma solvências e deixarem sem emprego os seus população cada vez mais exigente. É preciso (muitos) trabalhadores. Mãos à obra. estar atento, saber aproveitar as oportunidaAndré Castro des e, para que isso aconteça, é determinante Estagiário no Departamento Financeiro SCMPL
Que a vida seja vivida... “Os princípios das Nações Unidas baseiam-se na necessidade de construir uma sociedade inclusiva, que enfatiza a participação, a auto-realização, a independência, o cuidado e a dignidade para todos. Para transformá-los em acções, temos apelado às políticas que permitam aos idosos viverem num ambiente que melhore as suas capacidades, promova a sua independência e lhes proporcione apoio e cuidados adequados à medida que envelhecem”. (Ban Ki Moon, Secretário-Geral das Nações Unidas, mensagem do Dia Internacional das Pessoas Idosas, 1|10|2009)
Os contornos do envelhecimento têm sofrido transformações ao longo dos tempos. As melhorias sócio-económica, técnica e científica, o acesso mais fácil aos factores de risco, a promoção da saúde, o aumento do nível cultural levaram ao aumento da esperança de vida. Positiva, esta realidade trouxe alguns problemas, pois, sob o ponto de vista social, subiram os encargos económicos com reformas e assistência médica; a família, como lugar tradicional de acolhimento, tornou-se menos disponível; as instituições de internamento são insuficientes; e os hospitais são serviços onde os idosos ocupam a maioria das camas. Mas temos que acreditar que hoje é possível envelhecer com mais qualidade. Como escreveu Isidoro de Oliveira perto dos seus 80 anos: “Que a vida seja vivida | Bem vivida até ao fim | E se eu não viver assim | Eu não estarei a viver | Terei até o dever | De deitar luto por mim”. O “bem vivida até ao fim” significa qualidade? Para uns, poderá passar por ter dinheiro para que nada lhes falte; para outros, poderá passar por familiares e amigos e riqueza nos afectos; para a generalidade, passará por tudo isto e ainda, com certeza, por viver com saúde. Mas todos os seres vivos nascem, envelhecem em simultâneo e morrem. O envelhecimento caracteriza-se por dificuldades de manutenção dos limites da normalidade, traduzindo-se por alterações na pressão arterial, na Bibliografia: CLARA, J. Gorjão: “Saber viver ao entardecer”, 2008, Pfizer Laboratórios Grupo de Trabalho Envelhecimento Activo: REAPN – Rede Europeia Anti-Pobreza
defesa contra infecções, na adaptação ao esforço. A perda de água na pele, que seca e enruga; o cabelo branco; o tórax e abdómen aumentados; a massa muscular reduzida; a diminuição de cálcio; e a perda da função renal são, de entre outros, indicadores de envelhecimento. O que poderá aumentar a nossa qualidade de vida no envelhecimento? O desafio é perceber o que leva a que algumas pessoas de 80 anos tenham elevados níveis de funcionamento e algumas de 50 anos mostrem já sinais de declínio. (Marmot,et al.2004) Ter uma vida longa gera, para a generalidade das pessoas, sentimentos opostos: o nosso objectivo é atingir maior longevidade, mas sentindo repulsa pelo inevitável envelhecer. Uma coisa é certa: para o envelhecimento também contribuem os factores externos, ambientais, comportamentais e os estilos de vida. Cada um de nós, criança, jovem ou sénior, tem o dever e a responsabilidade de encontrar o caminho que passa por identificar e eliminar as agressões externas, tóxicas, traumáticas, as incor incorrecções alimentares, o stress, as drogas, a solidão, o sedentarismo, o isolamento, a privação de autoestima e a rejeição social. Salomé Alves Directora Técnica Serviço Apoio Domiciliário
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Misericórdia investe nas Tecnologias de Informação O crescimento da Santa Casa da Misericórdia da Póvoa de Lanhoso (SCMPL) tem sido notável, tanto ao nível do surgimento de novas valências como ao nível do crescimento das existentes e, consequentemente, do aumento dos funcionários e colaboradores. Este é um dos motivos dos investimentos mais recentes e futuros da SCMPL nas Tecnologias de Informação (TI). Outros motivos prendem-se com a redução de custos, sem perda de eficiência, o aumento de produtividade, o aumento da celeridade dos processos e o colocar a Instituição na vanguarda das novas tecnologias e até mesmo um pouco à frente, pensando nestes investimentos em termos futuros. Um dos investimentos que já se iniciou há algum tempo, mas que apenas há cerca de dois meses se tornou mais “visível” aos utentes, foi a aposta na aquisição de uma apliance IP Brick. Este equipamento tem como base um Servidor com sistema operativo Linux. Torna-se um investimento mais barato por ter um sistema operativo de código aberto, mas eficiente por ser um sistema operativo robusto. Esta apliance tornou-se uma necessidade devido às funcionalidades que agrega. Seguidamente enumerarei as que a SCMPL está a utilizar. CENTRAL TELEFÓNICA Devido à idade avançada da central telefónica existente e à necessidade de expansão com o surgimento de novas valências, tornava-se urgente pensar um equipamento que, numa primeira fase, interagisse com a central antiga e, numa fase seguinte, a viesse substituir. Este equipamento tem como uma das suas funções ser uma central de comunicações VOIP (Voz sobre IP), que é a voz sobre uma rede informática, interceptando todas as chamadas, quer de linha terrestre quer GSM, e encaminhando-as para a central antiga e para os novos equipamentos VOIP. Outra das suas funções é ela própria ser uma central telefónica que pode ligar com telefones IP ou com softphones, telefones por software de código aberto e, por isso, a custo zero podem ser instalados em cada computador da instituição. A IP Brick está também a funcionar como firewall. Todas as comunicações do quarteirão onde está a maioria das valências da SCMPL passam assim pelo filtro deste equipamento, tornando os ataques exteriores mais difíceis. Outra das funções é o serviço de proxy. É mais um filtro, mas de dentro para fora; basicamente funciona como gestor de conteúdos, bloqueando o acesso a sites ou serviços de Internet que possam ser nocivos ou catalisadores de perda de produtividade. Finalmente, o serviço de pré-atendimento de chamadas, que entrou em funcionamento recentemente devido ao fecho parcial do serviço de urgência e também ao número crescente de chamadas que têm como destino as diversas valências. Só para se ter uma ideia do fluxo de chamadas, no dia 23 de Junho, foram cerca de 600 as chamadas efectuadas e recebidas. Isto apenas se torna possível agora com o pré-atendimento em funcionamento, porque com o encaminhamento directo das chamadas sem intervenção humana o processo é mais rápido.
No entanto, todas as funções deste serviço são redundantes, ou seja, se a chamada não for atendida no primeiro número passa para outro que, no limite, é o telefonista, que tem a função de tentar solucionar o pedido de quem telefona. Ao mesmo tempo que se pensou neste equipamento, foram renegociados os contratos com os operadores de telecomunicações e, assim, conseguimos em pouco mais de um ano liquidar o investimento. REDE INFORMÁTICA Os investimentos nas novas tecnologias por parte da SCMPL têm como prioridades a interacção e compatibilização com o software e hardware já existentes e que se tornem sempre numa mais-valia. Tendo como ponto de partida essa rentabilização e os projectos em curso, tornou-se necessário ligar em rede todas as valências. Com a construção da ULDM D. Elvira Câmara Lopes, foi possível integrar no edifício uma zona técnica com temperatura e atmosfera controladas e deslocar para aí a base das comunicações. Foram feitas ligações de fibra óptica a 1000Mbps aos edifícios do HAL, Serviços Administrativos Centrais, Infantário de N.ª Sr.ª da Misericórdia e CATL de São Nicolau, Lar de São José e ULDM D. Elvira Câmara Lopes. Ligações por VPN ao Centro de Formação, Farmácia e Infantário de São Gonçalo. Com este investimento, conseguimos integrar todas as valências, partilhar informação assim como software e hardware. Foi adquirido um novo servidor com potência de processamento e armazenamento suficientes para o presente e futuro. Este servidor é completamente redundante, o que significa que, na falha de um dos seus componentes, está sempre outro pronto a substituí-lo. A tecnologia adoptada foi a da virtualização, que permite a troca de informação entre servidores a 10.000Mbps.
Qualidade na Educação Pré-Escolar igual ao sucesso no ensino formal?
Cada vez mais percebemos que o acesso das crianças a uma Educação de Infância de qualidade contribui para enfrentarem, mais bem preparados, os desafios do ensino obrigatório, pois “uma atenção de qualidade dispensada às crianças nos primeiros anos da sua vida pode impulsionar o seu sucesso na vida escolar”. (UNESCO, 2010:46)
O estudo desenvolvido em 1986 e 2003 pela IEA. (International Association for the Evaluation of Educational Achievement), observou crianças de vários países dos quatro aos sete anos, com o objectivo de analisar os efeitos dos contextos pré-escolar no ensino básico, nomeadamente em áreas relevantes para o desempenho e sucesso no ensino formal. As crianças que tiveram Educadores com um maior nível educativo apresentam melhor desempenho na linguagem aos sete anos. Será que podemos concluir que uma formação inicial e contínua elevada nos Educadores e Auxiliares de Educação contribui positivamente para o desenvolvimento da criança? A qualidade na Educação de Infância exige padrões mínimos de qualidade do Ambiente, dos Espaços Educativos e dos Recursos Humanos. Estes últimos são os dinamizadores de todo o processo e, por isso, torna-se importante que
cada contexto pré-escolar e escolar disponha de critérios e mecanismos que permitam avaliar o nível de preparação profissional dos Técnicos de Educação, pois o desempenho cognitivo das crianças depende da qualidade dos Técnicos que as rodeiam. As Valências de Infância, nomeadamente a Direcção, têm vindo a realizar pequenos grandes passos para que a qualidade nos espaços, nos materiais e nos recursos humanos sejam uma prioridade nas suas medidas, contribuindo para o desenvolvimento dos seus jovens utentes. Bibliografia:Bacey, G., Montie J., Xiang,Z., Schweinhart,L.J (2007). The IEA Preprimary Study: Findings and Policy Implications. UNESCO (2010). Educación para todos: El Informe de Seguimiento 2010: Llegar a los marginados. Oxford: UNESCO
Ângela Rodrigues Coordenadora da Creche e Jardim-de-Infância S. Gonçalo
CÓPIA E IMPRESSÃO Depois da reestruturação da rede informática, já tínhamos meios para implementar outro projecto. O renting da cópia e impressão. Este serviço passa pela utilização por parte da SCMPL de fotocopiadores e impressoras, sendo que a instituição paga uma renda mensal e o papel, ficando a cargo do fornecedor os consumíveis, manutenção e peças de todos os equipamentos. Com este serviço garantimos o perfeito funcionamento dos equipamentos e o controle de custos. Os equipamentos escolhidos são de alta performance para serem integrados com outro projecto, a gestão documental. GESTÃO DOCUMENTAL Em fase de implementação, é um sistema de recepção de documentação, correspondência e work flow. Este projecto foi pensado por diversas razões, entre elas: o crescente número de correspondência; o aumento e crescimento das valências; a necessidade de agilizar os processos; baixar os custos com papel/impressão; contribuir para a melhoria do meio ambiente; rápida pesquisa no arquivo. Esta aplicação, que servirá todas as valências, que para isso foram dotadas de scanners e computadores/terminais, terá como impacto a redução da utilização de papel entre os 20 a 30% sendo que depois de estar em pleno funcionamento poderá até ultrapassar os 40%. Isto traduz logo numa redução nos custos com papel e impressão porque a maioria das comunicações, pareceres, requisições internas e algumas externas passarão a ser feitas on-line na plataforma. O arquivo de papel, que é enorme e começa a ser até um problema, por exemplo, no HAL, será digitalizado e estará assim disponível para consulta e pesquisa on-line, o que tornará possível acelerar todos os processos que impliquem recorrer ao arquivo.
Claro que, dada a dimensão da tarefa de digitalização, demorará alguns meses ou até anos até que o processo esteja concluído. Esta plataforma é também a ideal para uma instituição como a SCMPL, em que o Sr. Provedor e todos os Mesários, têm as mais diversas profissões e em locais físicos distintos, o que leva a que, por vezes, um ou outro processo possa demorar mais algum tempo a concluir. Com esta plataforma todos eles podem trabalhar on-line em qualquer momento e em qualquer lugar, validando, dando pareceres, recebendo correspondência e saber a evolução de todos os processos em que estejam envolvidos. Finalmente a correspondência recebida, será digitalizada, catalogada e direccionada, iniciando automaticamente um processo de “work flow”, recebendo os utilizadores de forma directa alertas na plataforma ou indirecta nos seus e-mail’s, evitando assim todo o circuito do papel. A correspondência enviada pode ser digital ou em papel, mas ficará sempre um registo da mesma na plataforma para ser consultada rapidamente ou até mesmo à saída dar início ou fazer parte também de um processo de “work flow”, onde todos os documentos envolvidos no mesmo estarão relacionados. Toda a plataforma é escalonada com diferentes níveis de acesso e segurança e apenas as pessoas envolvidas em cada um dos processos podem ter acesso aos mesmos de formas diferentes: uns podem alterar, outros apenas consultar. Outra das características é a ligação com o ERP e os diferentes programas de gestão de utentes da SCMPL, com a descarga directa de documentos ou alertas na plataforma.
Victor Costa Responsável pelo SIE - Informática da SCMPL