Ano XI - Nº29 - Publicação Quadrimestral Distribuição Gratuita
Medalha de Honra - Grau Ouro CMPVL - 19/03/1985
Director: Dr. Humberto Carneiro Coordenação: Mesa Administrativa Impressão: GráficaAmares Tiragem: 7500 Design Editorial: www.tamanhoreal.com Propriedade: Santa Casa da Misericórdia da Póvoa de Lanhoso, Rua da Misericórdia, 141 - Apart. 143 4830 Póvoa de Lanhoso Pessoa Colectiva de Utilidade Pública n.º 501409084 Tel.: (+351) 253 639 030 Fax: (+351) 253 639 036 Depósito Legal: 296364/09
Fevereiro de 2010 Terceiro Mandato
Jornal da Santa Casa da Misericórdia da Póvoa de Lanhoso
A Mesa Administrativa liderada por Humberto Carneiro foi reconduzida pelos Irmãos para mais três anos à frente da Instituição. O Provedor explica em entrevista os próximos objectivos. Págs. 2 a4
Valências Seniores
Mudanças na gestão, com a saída por motivos profissionais do Mesário Dr. António Queirós. Conheça a nova equipa de Mesários. Pág. 08
Santa Casa assinala a data, em parceria com a Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso. Pág. 07
Plano de Actividades Abertura de ULD – Unidade de Longa Duração é a grande aposta para 2010. Esta unidade, que vai ser fazer parte da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados, vai receber o nome da benemérita D. Elvira Câmara Lopes. Pág. 11
Seja solidário Apoie a nobre causa da Santa Casa da Misericórdia da Póvoa de Lanhoso A Lei nº. 91/2009, de 31 de Agosto, procedeu à actualização da Lei n.º 16/2001, de 22 de Junho, sobre a Consignação Fiscal, permitindo aos sujeitos passivos de Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (IRS) fazer uma consignação fiscal equivalente a 0.5% do imposto liquidado ao Estado. Esta acção não implica custo ou perda para o contribuinte: 0.5% são retirados do imposto total que o Estado liquida. Na declaração de IRS, basta preencher no anexo H do modelo 3 de IRS o campo 9, onde deve colocar o NIPC – 501 409 084.
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Entrevista provedor da santa casa
“Santa Casa é missão de vida” Humberto Carneiro, Provedor da Santa Casa da Misericórdia da Póvoa de Lanhoso Recém-empossado para um terceiro mandato como Provedor da Santa Casa da Misericórdia da Póvoa de Lanhoso, Humberto Carneiro conversou com o SANTA CAUSA, explicando os desafios dos próximos três anos que, assegura, serão os últimos à frente dos destinos da Instituição que fez crescer e desenvolver. Num registo mais pessoal, “the special one”, como é apelidado, carinhosamente, por alguns colaboradores, falou ainda das suas satisfações e medos; e emocionou-se ao contar como gostaria que fosse lembrada a sua passagem pela Misericórdia, que se lhe revelou uma paixão e onde encontrou uma missão de vida. Quais foram as suas motivações para um terceiro mandato? Quando me candidatei pela primeira vez, em 2003, referi que me candidatava a dois mandatos, porque entendia que um era extremamente curto para poder ter um projecto estruturante para a Instituição e que dois seriam suficientes e iam de encontro aos estatutos, que limitam a dois mandatos consecutivos a capacidade eleitoral de qualquer Irmão. Mantinha-me com esse propósito, não fosse, por um lado, a manifestação de muitas dezenas de Irmãos no sentido de eu e a equipa que lidero termos a capacidade para nos podermos propor novamente a um mandato. Isto foi feito numa Assembleia Geral de Irmãos, que manifestaram, de uma forma muito clara, a sua vontade de que nós continuássemos, dando-nos a capacidade eleitoral para isso. Posto isto, reflecti juntamente com a minha equipa se devíamos ou não corresponder a esse repto. Por outro lado, pesou bastante o facto de termos projectos na Instituição, um de conclusão próxima, que é a Unidade de Longa Duração, e o projecto da Clínica Social da Misericórdia. Com a conjugação da vontade expressa maioritariamente pelos Irmãos, de uma forma sincera e genuína, e da percepção de que não era a hora de virarmos costas aos desafios, em função desses projectos, achámos que nos deveríamos disponibilizar para mais um mandato e quase todos os membros da anterior equipa foram reconduzidos pelos Irmãos, de uma forma bastante significativa, porque, em lista única, tivemos 237 votos. Ficou sensibilizado com esse apoio dos Irmãos? Fiquei, não esperava, sinceramente. Por vezes, na nossa gestão de voluntariado na Instituição, não temos noção de que os próprios Irmãos estão atentos, são solidários e são reconhecidos. Eu limitava-me a fazer a minha obrigação – gerir o melhor que sei e que posso a Instituição para que ela tivesse a sustentabilidade desejada, os projectos aprovados e que pudesse garantir um futuro com equilíbrio. Envolvo-me no dia-a-dia da Instituição. Não pensei que houvesse uma vaga de fundo tão significativa como aquela que houve. Deverá ser o reconhecimento pelo
trabalho destes seis anos, que foi um trabalho muito positivo para a Instituição. Mas esse apoio é um desafio e é uma responsabilidade maior. O desafio que tenho é o de continuar a ser exigente, rigoroso, transparente na gestão da Instituição e o de fazer tudo para alcançarmos os objectivos que traçámos para o mandato, que são muito ambiciosos. Este será o último mandato, findo o qual completarei nove anos à frente da Instituição. Penso que são anos suficientes. Estamos de forma voluntária, o que pressupõe termos outra ocupação principal que nos garante o sustento e à qual também temos de nos dedicar… É trabalho que é exercido de forma voluntária, mas com profissionalismo… Exactamente. Esta questão remete para uma reflexão sobre o modelo de gestão das Misericórdias. A Misericórdia da Póvoa de Lanhoso tem cerca de 195 colaboradores; tem um activo imobilizado significativo, quanto a equipamentos e instalações. Com as ampliações, as remodelações e as novas construções, o património da Instituição cresceu de uma forma significativa. Em termos de gestão, uma entidade com estas características e um volume de negócios de cerca de 9 milhões de euros exige uma capacidade de gestão profissional. Toda a gente reconhece o papel que a Misericórdia deve ter na comunidade, que é a missão solidária com os idosos, os desfavorecidos, os doentes. Mas, para dar respostas às necessidades da comunidade, para cumprir a nossa missão misericordiana e para garantir a manutenção dos postos de trabalho dos nossos funcionários, temos de ter sustentabilidade, temos de fazer uma gestão extremamente criteriosa, rigorosa e profissional, o que começa no topo da gestão, pela Mesa Administrativa, em que todos se dedicam à Misericórdia de forma voluntária. A gestão profissional exigida existe só que não é remunerada. A minha actividade na Misericórdia, face às exigências, assemelha-se à de um Presidente do Conselho de Administração de uma empresa… A Misericórdia é uma empresa, ainda que com características especiais… Sim. Existe o estigma de se chamar ‘empresa’ a uma Instituição como
O HAL, pode actualmente, ser considerado uma Unidade de referência na prestação dos diferentes cuidados de saúde, proporcionando Serviços de grande qualidade e um bemestar constante aos utentes, utilizadores e colaboradores
a Misericórdia, mas ela rege-se por princípios de gestão iguais a uma empresa. Simplesmente, o seu objecto é diferente. Além disso, os resultados a que muitos chamam ‘lucro’, nós chamamos ‘rendimento positivo’, visam apetrechar a Instituição de autonomia financeira para poder alavancar os projectos que tem. Era impossível avançar
para a construção da Unidade de Longa Duração (ULD) pelo montante que envolve, dois milhões e 350 mil euros, sem a noção clara de que a Instituição libertará meios para fazer face à dívida. No caso da ULD, beneficiamos de até 750 mil euros do Programa Modelar. Contraímos um empréstimo de 750 mil e os outros 850 mil euros irão sair dos capitais próprios da Instituição, sem recorrer às aplicações financeiras a prazo e que têm vindo a aumentar todos os anos. Solicitámos a várias instituições financeiras propostas para aquele empréstimo. Elas analisaram as contas da Misericórdia e verificaram que temos capacidade para libertação de meios para fazer face ao serviço da dívida e nenhuma delas disse que não financiava. Contratualizámos o empréstimo com uma instituição financeira, cujo spread é o mais baixo aplicado às Misericórdias em Portugal, o que até foi elogiado pelo Dr. Manuel de Lemos, Presidente do Secretariado Nacional da União das Misericórdias. É fundamental termos muito rigor na gestão operacional da organização, porque as Misericórdias também sofrem dos problemas económico-financeiros do país e do mundo. Não são nenhum oá-
sis. Temos de ter a capacidade de encontrar defesas, protecções que nos possam amparar e diminuir o impacto negativo dos factores externos à organização. Estamos numa organização extremamente complexa, que tem 15 centros de custos, 15 valências, e cada uma delas, só por si, representa quase uma empresa e exige uma diversidade de abordagens por parte da Mesa Administrativa, porque estamos a falar de âmbitos e campos de acção completamente distintos. Há uma complexidade de gestão enormíssima só no Hospital. A própria ULD, só por si, é uma unidade complexa. Mais do que falar de valências, também estamos a falar de pessoas, pelo que o nosso serviço tem que ser de qualidade e competente, com uma margem de erro muito curta. A exigência numa organização destas é demasiada, por isso, deve reflectir-se sobre o modelo de gestão das organizações como a nossa. Tive o privilégio de participar no encerramento do Congresso da União das Misericórdias no Funchal e defendi uma gestão competente e profissionalizada. Hoje falar de voluntariado numa Instituição como esta é falar de valores muito grandes, de uma entrega profunda e seria impossível, sem uma equipa
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de gente disponível, competente, solidária e que abraça a missão misericordiana, fazer com que a Instituição esteja ao nível que está, ao fim destes seis anos. Qual é o estado económico-financeiro da Instituição? Nestes seis anos, os depósitos a prazo passaram de 408 mil euros para 550 mil; fizemos um investimento em imobilizado de cerca de 3 milhões e 250 mil; em conservação, manutenção e recuperação do património, cerca de 370 mil euros. Somando estes valores, temos números na ordem dos 3 milhões 650 mil euros, nos seis anos. Estamos a falar de mais de 500 mil euros por ano de investimentos, conservação, manutenção e reparação. Isto implica que a Instituição liberte meios para estes investimentos. E, felizmente, temos conseguido, não prejudicando a sua estabilidade, que, em certa medida, também resulta destes investimentos, feitos criteriosamente. Temos investido bastante na modernização administrativa, porque queremos afinar a gestão da organização para responder de uma forma positiva aos desafios. Como exemplo, posso referir que temos em curso a implementação de um sistema de intranet e de gestão documental para reduzir o consumo de papel. E quais são os desafios do novo mandato? Em primeiro lugar, acabar a construção e pôr em funcionamento pleno a ULD para que seja integrada na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI), de que já faz parte a Unidade de Convalescença, considerada unidade de referência a nível da Rede. Queremos o mesmo para a ULD e estamos a trabalhar nesse sentido. Em Março, estarão concluídas as obras; abrirá em Abril e estará disponível para a Rede. Depois temos o desafio da Clínica Social da Misericórdia. Muito recentemente, a isenção de taxas de construção foi aprovada na Câmara Municipal e também foi feito o reconhecimento do interesse público do edifício, aspectos necessários para avançar para a obra. Também já está em fase de aprovação na Câmara o projecto de arquitectura. Posteriormente, iremos entregar os projectos de especialidade, que já estão concluídos e avançaremos para a adjudicação da obra. É feita em parceria com outras entidades de ensino superior e ligadas aos meios complementares de diagnóstico, no âmbito da sociedade que é a “Clínica Social da Misericórdia, S.
Quero continuar a ser o Provedor de todos os Irmãos da Misericórdia, mas, fundamentalmente, um Provedor para todos os utentes e para toda a comunidade Povoense e tudo farei para que a comunidade Povoense continue a orgulhar-se da Misericórdia que tem. A.”. Vamos preparar o lançamento da obra para construção, que envolve um investimento superior a 4 milhões de euros, sem equipamentos, até ao fim deste ano. A construção levará cerca de um ano, terminando no fim de 2011, pelo que, no ano em que finda o mandato desta Mesa Administrativa, queremos pôr a funcionar a Clínica Social da Misericórdia. Estamos a preparar uma candidatura no âmbito do QREN, para apoiar este investimento, porque a nível do Ministério da Saúde, não há qualquer linha de apoio aprovada. Como não temos recursos financeiros ilimitados e não nos é possível libertar meios simultaneamente para a ULD e para a Clínica Social, redefinimos prioridades e a ULD avançou primeiro, porque havia um programa de financiamento específico, o Programa Modelar. O terceiro desafio é continuar a
dotar a Instituição de condições, de instrumentos, de recursos adequados à sua missão e à sua gestão para não entregar à Mesa Administrativa que vier um ‘presente envenenado’. Recordo que, em 2003, a Misericórdia tinha um ‘volume de negócios’ inferior a 5 milhões de euros e estamos a falar agora de um valor superior a 9 milhões de euros e, quando a ULD entrar em funcionamento, acrescentará cerca de 500 mil euros por ano. Por isso, muito proximamente, a Misericórdia poderá ter um volume muito próximo dos 10 milhões de euros. É uma duplicação, que tem as suas consequências positivas, mas também maior risco. Para dar um exemplo, para a construção do edifício da farmácia, contraímos um empréstimo de 250 mil euros a cinco anos, porque queríamos acabar o nosso segundo
mandato sem deixar a Instituição onerada. Em Janeiro de 2010, concluiu-se o pagamento do empréstimo. Não queríamos deixar a Instituição onerada, embora entenda que o empréstimo poderia ser, em vez de cinco, de dez anos, se isso fosse melhor para a Instituição, mas era também um desafio para nós criarmos condições para que a Instituição libertasse meios para fazer face àquele compromisso mensal. E, de facto, conseguimos libertar meios para esse e muitos outros compromissos. Outro desafio permanente é fazer uma gestão criteriosa, rigorosa, competente da Instituição. E fazer sempre com que cumpra a sua missão, sempre na perspectiva que me orientou nestes anos todos, que foi honrar a pessoa do nosso fundador, António Ferreira Lopes. Tem sido uma luz que me ilumina.
Quero continuar a ser o Provedor de todos os Irmãos da Misericórdia, mas, fundamentalmente, um Provedor para todos os utentes e para toda a comunidade Povoense e tudo farei para que a comunidade Povoense continue a orgulhar-se da Misericórdia que tem. Há motivos mais do que suficientes para que os Povoenses sintam orgulho na Misericórdia. A nível nacional, diversas Misericórdias têm vindo aqui perceber a dinâmica, as formas de gestão e estratégia por nós adoptadas. A Misericórdia também é reconhecida e respeitada pela própria comunidade. Esse reconhecimento não tem que ser estridente; muitas vezes, está na forma como as pessoas manifestam o seu carinho e o seu apreço quando visitam o Lar de São José e vêem a forma carinhosa como tratamos os nossos idosos; está nos elogios das pessoas que são atendidas no Hospital; está nos pais que, nos inquéritos de satisfação, manifestam reconhecimento pelo extraordinário trabalho pedagógico das valências de infância e já temos, por exemplo, famílias de Braga que inscrevem aqui os seus filhos. São indicadores que permitem aferir que a comunidade reconhece o trabalho válido da Instituição e confia na Misericórdia. São os ganhos do nosso voluntariado. É nisso que nos revemos e é isso que nos dá grande prazer e orgulho por trabalharmos para uma organização como esta, sabendo que estamos a contribuir para o bem-estar das pessoas e para responder às necessidades dos diferentes âmbitos da nossa acção. Costuma dizer que as Misericórdias têm de fazer mais com menos… As Misericórdias sofrem os efeitos da crise em variadíssimas áreas. Por um lado, em períodos de crise, são chamadas a responder a mais solicitações e é missão da Misericórdia acorrer a este aumento das necessidades. Por outro lado, os recursos são menores. Temos de fazer mais com menos para responder à nossa missão, aos desafios e necessidades da comunidade e às expectativas dos nossos funcionários. A nossa preocupação é dupla, responder interna e externamente, e estes são desafios muito complexos, que exigem grande sensibilidade, mas também grande rigor e uma permanente preocupação. Levamos diariamente os problemas da Instituição para casa. (continua na página seguinte)
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Entrevista humberto carneiro
“Sinto-me realizado na Misericórdia” ANIVERSÁRIO DO FALECIMENTO DE D. ELVIRA CÂMARA LOPES A Santa Casa vai homenagear D. Elvira Câmara Lopes… No dia 11 de Fevereiro de 2010, a Instituição evoca os 100 anos do falecimento de D. Elvira Câmara Lopes, em parceria com a Câmara Municipal, com um programa específico. Vamos envolver a ULD e vamos descerrar uma placa evocativa da data e a própria ULD irá receber o nome de D. Elvira Câmara Lopes, em homenagem à esposa do nosso fundador. De onde vem a sua paixão pela Misericórdia? É, inclusivamente, benemérito, contribuindo com donativos… Eu vivi muitos anos muito perto do Lar de São José da Santa Casa. Em criança, “invadia” o quintal da Santa Casa e convivia, de uma forma mais intensa, com a realidade da Santa Casa. Nasci no Hospital António Lopes... Em 2003, quando me fizeram o desafio para me candidatar, estava longe de pensar que esse convite seria formulado e que ia encontrar aqui uma paixão. Vivo a Instituição de uma forma muito forte, que me leva a ter muito empenho, ser muito exigente comigo, muito rigoroso. Tenho uma preocupação imensa que é fazer com que as coisas sejam feitas com clareza, transparência e de uma forma universal, isto é, que não haja discriminação interna, e isto leva a que haja o tal grau de exigência. Ver crescer e desenvolver a Instituição envolve-me cada vez mais e aumenta a preocupação de falhar em seu prejuízo. É, portanto, um perfeccionista? Não sou… Eu tenho um horror a críticas e a melhor forma de as evitar é fazer as coisas bem feitas. Mas eu não tenho problemas em fazer actos de contrição. Se vir que estou num caminho menos bom, se me provarem que deveria ter feito as coisas de outra forma, eu reconheço e faço actos de contrição e redefino a minha linha de orientação. Mas na Misericórdia tenho pavor de cometer algum acto de prejuízo para com uma Instituição, que eu acarinho profundamente, que é de todos os Povoenses e que é um bem público. Sendo assim, aqui na Instituição acabo por exigir mais de mim e admito que, em alguns
casos, exijo dos colaboradores o mesmo empenho e, honra lhes seja feita, que, na sua maioria, me têm correspondido e o desafio também deriva da relação, da cumplicidade que foi criada com os funcionários. Sabemos que alguns funcionários apelidam-no de “Mourinho”, na perspectiva do “special one”… …De facto, alguns deles, no final de algumas iniciativas e de uma forma carinhosa, apelidaram-me de “Mourinho”, julgo que pela capacidade motivadora, mobilizadora e aglutinadora, que me dizem que tenho... Isto enche-me de orgulho, mas também de responsabilidade. Tenho de ser um exemplo para toda esta gente… Um dos seus lemas tem sido: “Onde há um problema, há uma oportunidade”… Muitos funcionários já interiorizaram que têm que abordar as coisas pela positiva, ou seja, que onde houver um problema tem que haver sempre uma oportunidade de melhoria, uma solução. Não é o miserabilismo; é o encontrar soluções para os problemas e tem sido esse, talvez, o principal lema da minha gestão e a resposta aos problemas e daí este desenvolvimento: é esta atitude proactiva, é este envolvimento de todos os funcionários e colaboradores e de toda a comunidade que faz com que a Misericórdia, olhando para os últimos seis anos, tenha crescido como cresceu e se tenha desenvolvido de uma forma extraordinária. É hoje uma Instituição reconhecida e exemplar, modelo para outras organizações desta natureza. Tudo isto tem um aspecto positivo, mas, a nível pessoal, tudo isto me consme e preocupa, porque, chegando
onde chegamos, eu pergunto: “E se isto se vai como um baralho de cartas?...” Por isso, envolvemo-nos intensamente para evitar que isso aconteça, muitas vezes, até em demasia. Admito até que, eventualmente, as exigências ultrapassam, em alguns casos, o razoável. Se fosse uma pessoa com posses e reformada e se não houvesse limitação de mandatos a nível estatutário (com a qual eu concordo), isto era uma missão de vida. Dedicavame à Misericórdia de forma graciosa, porque me sinto realizado. O simples facto de ver os idosos alegres... (Quando aqui cheguei, contribuí, juntamente com outras duas empresas, para a aquisição de uma viatura e uma das maiores alegrias que eu tive foi, quando chegaram as carrinhas, ouvir alguns utentes do Lar a dizer que já podiam ir a São Bento da Porta Aberta, porque queriam lá ir cumprir as promessas...) São estas pequenas coisas… É ver a felicidade estampada no
A Santa Casa da Misericórdia da Póvoa de Lanhoso é hoje uma Instituição reconhecida e exemplar, modelo para outras organizações desta natureza
rosto das crianças, quando vou às valências de Infância, e saber que estão felizes e a ser bem tratadas pelos nossos profissionais. É ver as manifestações de simpatia e regozijo dos utentes do Hospital pela forma como são tratados. É na relação com os funcionários e colaboradores, a quem tento incutir a capacidade de pensarem e de serem críticos, e sentir que, na sua esmagadora maioria, estão em irmandade connosco e que têm um sentimento de respeito pela Instituição e vivem a cultura da organização. O que me satisfaz é pensar que contribuo, em alguma medida, para tudo isso… Sinto que as pessoas vêem em mim estabilidade. Para mim, motivador não é a grande obra; não é termos construído o edifício da Farmácia e do Centro de Formação; não é termos remodelado por completo o Hospital; não é termos feito grandes obras de manutenção e de melhoramentos no Lar; não é termos construído a ULD… Da minha passagem pela Misericórdia não é por isso que queria que me recordassem… Então? Queria que me recordassem como uma pessoa que cumpriu a missão misericordiana, que fez tudo o que estava ao seu alcance para bem dos enfermos e dos mais desfavorecidos, das crianças e que tratou bem os idosos – a primeira razão para vir para a Misericórdia foi o Lar de São José…
Indefinição sobre moldes de manutenção do SAP Como está a situação do SAP? O SAP nocturno e de fim-de-semana é uma preocupação redundante. Ciclicamente, somos confrontados com a renovação ou não dos pro-
tocolos com a ARS- Norte. Até fins de 2008, eles foram renovados trimestralmente; em 2009, foram renovados por um ano. Agora o protocolo foi renovado por três meses. Preocupa-nos saber qual é o destino do SAP, porque não há uma estabilidade protocolada e não sabemos se vai durar mais três, mais seis, mais nove meses… As renovações são feitas de acordo com as orientações estratégicas do Ministério da Saúde unilateralmente. A Misericórdia tem simplesmente que acatar. Este é um problema que, a qualquer momento, pode acontecer e que se coloca já outra vez, em Março. O SAP tem tido um impacto negativo, transferindo para as contas da Instituição um resultado negativo de cerca de 100 mil euros por ano. Temos assumido o SAP, porque é uma necessidade da comunidade Povoense e não só. Também sempre dissemos que não deveríamos assumir em exclusivo essa responsabilidade dos resultados negativos, defendendo uma situação tripartida que envolva a Santa Casa, a Câmara Municipal e a ARS–Norte. Da Câmara, em tempos, tivemos abertura para podermos estudar esta solução, mas entendo que, por não haver uma estabilidade protocolada, não temos uma perspectiva estratégica para poder protocolar um apoio com a Câmara. Aí é a Instituição Santa Casa que fica prejudicada. Mas também dissemos que o SAP está garantido, não sabemos ainda em que moldes e com que custos para os utentes. Defendemos, para bem deles, que seja nos moldes protocolados; se não for, garantimos a prestação dos serviços, mas teremos de fazer reflectir o custo desse serviço no utente.
“Referenciação de Utentes para a Rede deve ser melhorada” Em breve, a Instituição terá duas Unidades na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados. Como tem sido a referenciação dos utentes para a Rede? Percebo que fazer a referenciação para a Rede é, para muitos profissionais de saúde, um processo complexo e burocrático, que inibe os profissionais de saúde de a fazer. A criação da Rede foi uma das grandes medidas na área da saúde e não podemos pô-la
em causa nem à sustentabilidade das unidades devido à dificuldade da referenciação. A Rede tem de ser aproveitada, em defesa dos utentes, e temos que envolver todos os profissionais da área da saúde e da área social. Comparando as referenciações de Centros de Saúde, verificamos que o Centro de Saúde da Póvoa de Lanhoso é o que tem das percentagens mais baixas de referenciação para a Unidade de Convalescença e apelo a que haja uma maior disponibilidade dos
profissionais, que terão, da nossa parte, toda a colaboração para podermos interagir e encontrar articulações facilitadoras do modelo e da forma de referenciação. Nós já temos estas competências devidamente oleadas. Como Povoense, gostaria que o nosso Centro de Saúde trabalhasse em parceria plena e efectiva com o Hospital António Lopes. O Hospital é da Misericórdia e a Misericórdia é dos Povoenses. E estamos todos a falar do bem-estar dos
Povoenses. Faço este apelo reconhecendo que ainda há pontos a melhorar, seja a nível da referenciação para a Rede, seja ao nível operacional no dia-a-dia das unidades, mas, onde houver um problema há uma oportunidade, e eu encaro o facto de o Centro de Saúde da Póvoa de Lanhoso ser o que menos referencia comparativamente com outros como uma oportunidade para haver mais referenciações.
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Em destaque Valências Santa Casa
A importância dos afectos na vida dos idosos ou de pessoas ISABEL SOUSA | ASSISTENTE SOCIAL NA UNIDADE DE CONVALESCENÇA DO HOSPITAL ANTÓNIO LOPES
AFECTOS
“O ser humano não sobrevive à indiferença. Todos nós precisamos de sentir que somos amados e importantes para alguém. Um simples bom dia ou boa tarde dá-nos uma boa sensação de pertença a algo…” Não importa qual a idade ou etapa da vida, todos nós necessitamos de contacto humano, da sensibilidade e dos cuidados que nos mostram que não estamos sozinhos. Porque somos seres sensíveis, sem o calor humano para nos unir e acalmar, ser-nos-á negado um dos meios mais vitais de comunicação, de dar e receber. Você, com certeza, já reparou que, às vezes, tem necessidade de um abraço, de um carinho? É importante termos consciência de que, qualquer forma de estímulo, leva o indivíduo a sentir-se vivo, servindo como factor de equilíbrio da pessoa, ainda que, por vezes, instável. É importante estarmos em contacto com os outros. Por exemplo, uma pessoa que toca na cabeça de outra pessoa, um abraço de um irmão, apertar a mão a um amigo, um abraço ao pai, à mãe, faz-nos pertencer à espécie humana. O ser humano não sobrevive à indiferença. Todos nós precisamos de sentir que somos amados e importantes para alguém, necessitamos que as pessoas nos identifiquem. Por vezes, um simples bom dia ou boa tarde dá-nos uma boa sensação de pertença a algo… Ao longo do tempo, estamos a perder esse hábito saudável de comunicação com o outro, essa comunicação que é o toque, uma maneira de expressar sensibilidade, harmonia, respeito e zelo, por isso, é importante aflorar esta ideia do toque que pode ser subtil, contudo, mesmo subtil, esse toque faz com que a outra pessoa se sinta verdadeiramente acolhida, amada e respeitada.
Ao tocarmos uma pessoa transferimos e recebemos energias. No que se refere ao abraço, por exemplo, há pessoas que não sabem o valor de um bom abraço, não têm consciência de que ele é uma necessidade dos seres vivos. Observemos, por exemplo, os animais, como se tocam e como isso faz parte do seu desenvolvimento motor. Os filhotes, sejam de cães, gatos, etc., rolam e brincam, ensaiam defesas e aguçam instintos. As crianças também brincam e rolam, comunicamse pelos sentidos, incluindo o tacto, o toque. Vamos resgatar a criança que ainda existe em nós. Vamos libertar a nossa sensibilidade, o nosso carinho pelo outro, a nossa possibilidade de fazer a diferença na vida do outro e fazê-lo descobrir e afirmar: “Eu sou feliz. Eu tenho alguém que me dá atenção. Eu já nem me lembrava disso ….”. Toda esta explicação para chegar ao ponto crucial sobre a importância dos afectos na vida dos idosos ou pessoas dependentes de terceiros. Porquê, perguntam vocês. Porque apesar de todas as dificuldades existentes, a família continua a ser a peça principal da rede de cuidados. E ainda bem que assim é, pois é no seio da família, na sua casa, que o utente deve permanecer. Se os laços se mantiverem, se a afectividade e o carinho estiverem presentes, a doença não se cura, mas o doente sente-se mais protegido do mundo que o rodeia, o qual lhe é gradualmente mais estranho e “agressivo”. Os afectos são, realmente, por demais importantes na nossa vida e na das pessoas depen-
dentes. As respostas às manifestações de carinho são as que estão mais presentes, mesmo na fase mais avançada da doença, fazendo mesmo parte do “tratamento”. Por isso, não deixe de o abraçar, beijar, tocar-lhe a face, mesmo que pense que não terá nenhuma reacção. Sabemos que, por vezes, os papéis na família têm de ser reestruturados e habitualmente aquele que cuidava e encaminhava passa a ser cuidado e dependente dos outros. Estas alterações também não são fáceis de gerir no seio da família. E, se pensamos no sofrimento da pessoa dependente, não podemos deixar de referir o sofrimento e a sobrecarga física e psicológica da família, que está directamente relacionada com a necessidade que esse familiar tem em ter junto de si, permanentemente, um cuidador. Daí que toda a abordagem sobre a “pessoa dependente” deva ser feita tendo em conta também o seu cuidador/família. Atendendo às características das sociedades actuais (populações envelhecidas, predominância das doenças crónicas e incapacitantes, entre outras), tornando-se visível que o número de famílias cuidadoras aumentará, coloca-se um desafio para as políticas sociais, no que concerne ao apoio a estes prestadores de cuidados. Ainda um dia destes, uma irmã de um utente dependente que se encontra desempregada me interrogava: “Se eu sou a cuidadora do meu irmão, me encontro desempregada, por que é que não tenho direito a um subsídio para não andar tão preocupada
com a possibilidade de arranjar um emprego e ter de deixar de ser eu a cuidar do meu querido mano?”. Esta irmã tinha plena consciência da importância que tinha na vida do seu irmão e estava disponível para o apoiar, dar amor e carinho. Daí, a identificação das necessidades em saúde e sociais dos utentes e suas famílias, a consideração dessas necessidades num plano mais individualizado e o fortalecimento da articulação entre os vários serviços de saúde e sociais conduzirá, certamente, a um plano de intervenção adequado, cujos resultados revertem a favor da satisfação das pessoas dependentes e das famílias. Toda a intervenção deve ser direccionada no sentido da manutenção do utente no seu domicílio, pelo maior período de tempo possível, ao cuidado da sua família, pois é aí no seio da sua família que ele se sente amado. Mas a verdade é que há certos factores que concorrem para que esta seja, na maioria dos casos, uma situação complexa. Refiro-me, por exemplo, ao elevado nível de dependência que os familiares dependentes atingem, às dificuldades de suporte pela própria família, às condições dos contextos habitacionais, às necessidades de ordem financeira, de entre outros factores. Não há intervenção farmacológica ou não farmacológica que beneficie o doente se o cuidador não for plenamente apoiado e integrado na equipa de cuidados. As famílias precisam de estar informadas sobre a existência dos recursos Sociais Formais, que as podem ajudar a minimizar o stress e a preocupação e que esses recursos se encontram nas suas áreas de residência: as Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS), os Centros Sociais e Paroquiais com os Serviços de Apoio Domiciliário, os Centros de Dia, de entre outros … E que, apesar de terem que pagar esses Serviços, continuarão a ter os seus familiares em casa junto de si, para acarinharem e receberem carinhos como quando eram crianças. Por outro lado, constatamos também que deve ser enorme o número de idosos que, embora com família, muitas vezes família grande, não recebem nem sequer esporadicamente uma visita dos seus descendentes. Há muitas pessoas
institucionalizadas em Lares de Terceira Idade ou mesmo sozinhas em casa, quando têm filhos, netos e bisnetos, que poderiam levar, por algumas horas, um pouco de carinho, um clima de alegria (principalmente, quando acompanhados por crianças) e um “ar” de família ao local onde os idosos residem e, ainda, como é difícil dar amor, e manifestar carinho para alguém que já não pode retribuir… Para uma criança, é fácil. Damos carinho e logo recebemos um sorriso ou uma gargalhada. Para um idoso, quando mostramos afeição, muitas vezes tão-pouco recebemos um reconhecimento da nossa pessoa. Anos atrás, ele conhecia todos os seus descendentes e, com certeza, interessava-se por eles. Nessa época, a convivência era diferente. Porém, com as mazelas da idade, tudo muda. E a vida moderna, com todas as suas dificuldades, necessidades e individualismo, colabora para o distanciamento dos familiares. Assim, principalmente os jovens, acabam-se afastando. Talvez não encontrem sentido numa visita em que, muitas vezes, não serão reconhecidos. Contudo, uma coisa é certa: a sensibilidade dos idosos mantém-se. A necessidade de amor e de afecto, também. Por isso, aqueles que devem a sua vida, lá longe, a um acto de amor desses idosos, poderiam ser generosos, no sentido de se programar para visitar os seus familiares de vez em quando, nem que fosse para poderem passar alguns minutos de mãos dadas com eles e com as cabeças carinhosamente juntas. Um bem-haja a todas as famílias que, apesar de se sentirem por vezes desanimadas e ansiosas quanto à dependência dos seus familiares, os mantêm em sua casa, num ambiente acolhedor, confortável e cheio de atenções e afectos ou programam a sua vida para os visitarem em suas casas ou nas suas “novas casas”. Referências - Alarcão, M., (Des) Equilíbrios Familiares, (2000), Quarteto Editora, Coimbra. - Imaginário, Cristina Maria Inocêncio, O idoso dependente em contexto familiar – Uma análise da visão da família e do cuidador principal, Formasau, (2008), Formação e Saúde, Lda, Coimbra. - Satow, Roberta, Cuidar Dos Nossos Pais, (2005), Estrela Polar. - Sequeira, Carlos, Cuidar de idosos dependentes: diagnósticos e intervenções, (2007), Quarteto Editora, Coimbra. Shinyashiki, Roberto, A Carícia Essencial, (2002), Pergaminho, Cascais
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Em destaque Valências
Para além do Arco-íris
Curso de alfabetização alarga horizontes
ÂNGELA RODRIGUES Coordenadora da Creche e Jardim de Infância de São Gonçalo
ROSA CARNEIRO | Professora
Ao trabalharmos numa sala de creche e jardim-de-infância, podemos trabalhar variadíssimas temáticas com o intuito de atingir determinados objectivos. Uma história ou um conto podem ser e são um bom ponto de partida! Foi o que aconteceu com a exploração da história “O Feiticeiro de Oz”. Tendo por base esse conto, valores como o Espírito de Equipa, a Amizade, o nunca desistir de lutar contra as dificuldades (vencer a bruxa má!) foram trabalhados. O culminar deste trabalho, desenvolvido nas nossas salas, foi com
a apresentação ao público da peça “O Feiticeiro de Oz”, na nossa festa de Natal, no passado dia 20 de Dezembro. Nessa oportunidade, crianças e funcionárias, juntas no palco, criaram um espectáculo de Sonho, de Cor e de Dança!... A mensagem que esperamos que perdure é dita pela personagem Feiticeiro de Oz: “Através da união e da amizade, vocês conseguiram alcançar os vossos desejos…” . E que as palavras mágicas que fazem a Doroty regressar a casa nunca sejam esquecidas: “Não há nada melhor do que a nossa família”.
TESTEMUNHO
Faz um ano que a Santa Casa da Misericórdia achou por bem pôr a funcionar aulas de alfabetização para quem gratuitamente as quisesse frequentar. Mostrei imediatamente interesse e disponibilidade de orientar essas mesmas aulas. Fazendo aqui o balanço de um ano passado, devo dizer que tem sido para mim uma experiência muito gratificante, pois, ao longo deste tempo, o que se tem verificado é uma troca de saberes, onde impera sempre a boa disposição e convivialidade. Estes alunos procuram, essencialmente, ocupar os seus tempos livres de uma forma saudável, onde, para além de melhorarem os seus conhecimentos de escrita e leitura (que já tinham), também aprendem
a usar as novas Tecnologias de Informação (TIC’s) e artes decorativas. São muito receptivos a tudo o que lhes é proposto e aceitam qualquer desafio. Para breve, iremos fazer algumas visitas de estudo que, para além da componente pedagógica, visam também o convívio fora da sala de aula. Todos eles mostraram grande alegria e disponibilidade com alguma expectativa à mistura. Quero agradecer à Santa Casa da Misericórdia pela receptividade que mostrou, pondo ao nosso dispor os meios necessários para que tudo isto seja possível. Também aos meus alunos quero aqui deixar um abraço de amizade pelos bons momentos que me têm dado
“Queremos agradecer à Santa Casa da Misericórdia a oportunidade que nos deu para frequentar o Curso de Alfabetização. Este curso veio fazer com que os nossos tempos livres sejam úteis e agradáveis. Melhoramos o nosso português, aprendemos as novas tecnologias e artes decorativas para não falar da boa convivência que há entre todos os colegas e entre os Senhores Professores a quem aqui agradecemos pela disponibilidade. Queremos desejar aos leitores do Santa Causa um Feliz Ano de 2010.” A Turma Fátima Soares |Clara Soares Arminda Sampaio | Fernanda da Silva|Joaquim Salgado Machado | Céu Castro | Maria Amélia Rebelo
Este curso veio fazer com que os nossos tempos livres sejam úteis e agradáveis.
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Em destaque Efeméride
D. Elvira de Pontes Câmara Lopes, no centenário do seu falecimento POR JOSÉ ABÍLIO COELHO
Nascida na cidade do Porto durante uma viagem a Portugal de seus pais, o rico negociante da praça do Rio de Janeiro Manoel de Pontes Câmara e a fidalga D. Guilhermina de Mattos Vieira, D. Elvira de Pontes Câmara, que pelo casamento viria a acrescentar aos seus o apelido Lopes, havia de morrer jovem, aos 53 anos de idade, na noite fria do dia 11 de Fevereiro de 1910. A serena morte desta distintíssima senhora que lia e falava fluentemente francês e tocava piano, que estudara nos melhores colégios da capital do já independente Reino do Brasil e viajara vezes sem conta por toda a Europa depois de na década de 1880 ter vindo com o marido fixar-se definitivamente em Portugal, ocorreu depois de quase seis anos de uma doença degenerativa — que, em determinados dias e situações, obrigava a que se fizesse deslocar numa cadeira de rodas — em Lisboa, no palacete que quase vinte anos antes o casal havia adquirido à conhecida actriz Rosa Damasceno, situado na Avenida da Liberdade, no local onde hoje de encontra o Hotel Tivoli. A notícia do seu falecimento chegou à Póvoa de Lanhoso, via telégrafo, manhã cedo do dia seguinte. A terra, que a venerava e que nos elogios fúnebres lhe chamou “mãe” e “santa”, vestiu de luto e, nos meses que se seguiram, as missas pela sua alma encheram de membros das elites locais e do povo mais humilde as igrejas de todo o concelho. Mas, quem era, realmente, para os povoenses que a adoravam, Dona Elvira? Era a protectora dos pobres, a consoladora dos aflitos, o amparo das mães solteiras, o coração aberto e a mão gentil que, na sua residência da Póvoa de Lanhoso recebia e matava a fome e o frio, a crianças e mulheres que viviam na mais profunda miséria. Assim a descrevem os jornais da época. Assim a vemos nós, ainda hoje, num conjunto de instantâneos captados por visitas da casa, quando os portões do terreiro do Palacete das Casa Novas se abriam de par e par
A informação vertida neste texto de homenagem a D. Elvira Câmara Lopes, foi retirada de um trabalho de maior fôlego que pensamos editar em livro, em Setembro deste ano. José Abílio Coelho e por ali dentro acediam à protecção daquela senhora franzina dezenas e dezenas de crianças e mulheres esfarrapadas e descalças. A todos consolava, a todos estendia a mão fraterna, a todos distribuía alimento. Por isso, tantos lhe chamavam “mãe”, apesar da Providência lhe não ter dado filhos naturais. Por isso, outros a apelidavam de “santa”, embora o coração magnânimo do marido, António Ferreira Lopes, a não obrigasse a esconder no avental o pão para os pobres por milagre transformado em rosas. Rica por nascimento, solidária por formação e influência familiar, bondosa por natureza, Elvira casara ainda jovem, dezoito anos mal cumpridos, no Rio de Janeiro, com o povoense António Ferreira Lopes, de trinta anos. Iniciava-se
o último quartel do século XIX e o casamento, celebrado com pompa e circunstância na capela privada da residência dos Pontes Câmara da Rua Olinda número 8, era abençoado pelo Bispo Ferrini, então representante da Santa Sé na capital do Brasil. O seu marido não era, nem de longe, nem de perto, o pobre português que tantas vezes foi descrito por uma “memória oral” estribada em resquícios do sentimento que o português tão bem cultiva, a inveja, o homem pobre que enriqueceu pelo casamento. Teimar nessa afirmação, à luz dos novos conhecimentos sobre a vida de ambos, é deturpar a História. Saído da Póvoa de Lanhoso aos 12 anos de idade, com destino ao Rio de Janeiro, António Lopes ali desenvolveu inten-
sa actividade comercial. Primeiro, como aprendiz numa casa que comercializava cereais e, anos volvidos, já como caixeiro, numa outro estabelecimento dedicado ao mesmo ramo de negócio. Tinha já mais de 25 anos quando esta segunda casa em que trabalhava encerrou e, nessa altura, Manoel de Pontes Câmara, um emigrante Madeirense que há várias décadas negociava no Rio com imenso sucesso, conhecendo-lhe o jeito e a seriedade para os negócios, convidou-o para entrar de sócio, com uma pequena quota, no grande empório comercial que geria — a casa “Câmara & Gomes”. Só muitos meses depois de já ser sócio do futuro sogro, e de ter o seu nome solidificado na praça de negócios do Rio de Janeiro (posição que o obrigou, inclusive a alterar o seu nome de António Emílio Lopes para António Ferreira Lopes, de forma a que não fosse confundido com outro comerciante mais velho que ali pontificava), António viria a conhecer a futura esposa. Mesmo assim, namoraram alguns anos, até se casarem em Janeiro de 1875. O resto desta história de amor, desta saudável união que durou trinta e cinco anos, os sucessos e os percalços de uma vida a dois em favor de muitos — a vida do casal no Rio, a viagem de núpcias a Portugal alguns anos depois, a morte por afogamento, num naufrágio, de Manoel de Pontes Câmara quando de Lisboa se dirigia para a Inglaterra, o regresso definitivo a Portugal, a instalação em Lisboa e os Verões na Póvoa de Lanhoso, o desprezo pela política e pelos títulos, as viagens familiares pelo coração da Europa, a porta sempre aberta para receber amigos ricos e pobres, as obras grandiosas que fizeram na nossa terra, o papel charneira no maior desenvolvimento que a Póvoa conheceu ao longo de toda a sua história — será contada noutros suportes em data futura. Hoje, importa destacar o papel de Dona Elvira de Pontes Câmara Lopes como mulher solidária, como
protectora dos pobres e dos aflitos da vida, como “mãe” carinhosa dos filhos alheios, como o coração bondoso por detrás da face do marido que empreendeu todas as obras. E importa dizer ainda que, apesar do Hospital António Lopes, que levou mais tarde à fundação da Santa Casa da Misericórdia da Póvoa de Lanhoso e cujas obras se iniciaram em 1913 e concluíram em 1917, tivesse sido edificado já depois da morte desta Senhora a quem a Póvoa hoje relembra, não deixou de contar também com o seu contributo, fosse pelas inúmeras vezes que pediu ao marido construísse na nossa terra “um hospital para os pobres” (especialmente por, quando cá se encontrava em férias, assistir aflita, quase diariamente, ao sofrimento de doentes e acidentados que em carros de bois eram transportados para o hospital de Braga, numa deslocação dolorosa que demorava várias horas), fosse pela riqueza que António Lopes dela recebeu para juntar à sua, após a abertura do testamento que o tornava seu universal herdeiro, já que tinham casado após haverem firmado um acordo antenupcial através do qual cada um deles manteria, em vida, a titularidade dos próprios bens. D. Elvira de Pontes Câmara Lopes faleceu em Lisboa pelas dez horas da noite do dia 11 de Fevereiro de 1910 — uma sexta-feira chuvosa e fria. Mas um século passado, tempo longo em que tanta coisa mudou, uma vezes para melhor, outras para pior, não foi capaz de apagar o seu nome da história e do coração dos povoenses. Estamos hoje, por isso mesmo, a recordá-la. Certos de que, sendo pouco para o muito que do casal Elvira e António Lopes recebemos enquanto comunidade, tudo o que hoje fizermos para relembrar o seu nome e a sua dedicação à Póvoa e aos povoenses, servirá para que as gerações futuras continuem a lembrar as razões pelas quais tantos dos nossos avoengos a veneraram como “mãe” e como “santa”.
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Em destque Santa Casa
Irmãos elegem Corpos Gerentes para 2010/2012 No passado dia 14 de Novembro, de acordo com o estabelecido no Compromisso desta Misericórdia, decorreu a Sessão Ordinária Eleitoral e Assembleia-Geral, com objectivo de votar os Corpos Gerentes para o Triénio 2010/2012 e de discutir alguns pontos constantes na ordem de trabalhos. Para este efeito, 240 Irmãos da Santa Casa da Misericórdia da Póvoa de Lanhoso deslocaram-se ao Salão Nobre do Lar de São José, tendo a votação resultado em 237 votos válidos e 3 votos nulos, o que dita uma recondução de Humberto Carneiro como Provedor da Santa Casa da Misericórdia da Póvoa de Lanhoso.
Distribuição de Pelouros Santa Casa MESA ADMINISTRATIVA PROVEDOR Humberto Carneiro
SECRETÁRIO DA MESA ADMINISTRATIVA Armando Ferreira Fernandes
VICE – PROVEDOR José Joaquim Torcato Soares Baptista
TESOUREIRO DA MESA ADMINISTRATIVA Pedro Alexandre Barbosa Cruz Guimarães
PELOUROS Hospital António Lopes e ULD – Área da Gestão | Recursos Humanos Pelouro: Provedor
Instalações | Equipamentos | Conservação e Reparação Pelouro: Carlos de Castro Pereira
Hospital António Lopes e ULD – Área da Saúde Pelouro: Adilia Maria Ramalho Barbosa Rebelo
Farmácia | Higiene, Segurança e Medicina no Trabalho Pelouro: José Joaquim Torcato Soares Baptista
Valências Seniores | Convivência Institucional | Valências de Apoio (Cozinha Central e Lavandaria) Pelouro: Maria Armandina Gonçalves Rodrigues Machado
Centro de Formação | Sistema de Gestão de Qualidade | Comunicação Pelouro: Zita Gabriela Vieira da Fonseca Matos Gomes
Inventário | Património Móvel | Actividades Culturais | Controle de Admissão de Utentes Pelouro: Armando Ferreira Fernandes
Projectos | Obras | Avaliação de Desempenho Pelouro: Nuno Frederico Almeida e Silva Aguilar Monteiro
Valências de Infância Pelouro: Avelino Adriano Gaspar da Silva
Finanças | Actividades Económicas Pelouro: Pedro Alexandre Barbosa Cruz Guimarães
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Valência Terceira Idade
Mudanças na gestão Mesário António Queirós Pereira está de saída da coordenação financeira e social das Valências de Terceira Idade da Santa Casa da Misericórdia da Póvoa de Lanhoso Novos desafios profissionais levam António Queirós Pereira a deixar a coordenação financeira e social das Valências de Terceira Idade da Santa Casa da Misericórdia da Póvoa de Lanhoso. Nos últimos nove anos, dedicou grande parte do seu tempo livre à Instituição, primeiro como Mordomo e, desde há seis anos, como Mesário, mas agora é altura de percorrer outros caminhos. Em altura de mudança, António Queirós Pereira conversou com o SANTA CAUSA, fazendo o balanço do trabalho efectuado e descortinando também o que faltará fazer. O ex-Mesário apontou alguns marcos na vida da Valência: a certificação de qualidade, a criação de uma equipa multidisciplinar, a promoção da Semana do Idoso e diversos investimentos efectuados nos últimos seis anos na Valência (quer em edifício, coberturas, equipamento básico, equipamentos de transporte e equipamento administrativo), de que se destaca, por exemplo, a remodelação da cobertura do edifício, com telhado novo e colocação de painéis solares, aquecimento central e ar condicionado no edifício do Lar de São José, investimentos que no total rondaram os 354 mil euros. A PENSAR NOS UTENTES
O trabalho desenvolvido visou sempre melhorar a qualidade de vida dos utentes. A Certificação de Qualidade da Valência para o mesmo contribuiu. “Foi um marco na vida da Valência e da Instituição”, com melhorias visíveis para os utentes, refere António Queirós, que salienta ainda a I Semana do Idoso, com os objectivos de abrir as portas do Lar à comunidade, permitir o convívio entre os utentes e a população; sensibilizar para a importância de estilos de vida saudáveis, e anular o estigma junto da população da palavra “asilo”. “Quis desmistificar isso e mostrar à população as nossas actividades e sensibilizá-la para um problema dos nossos dias – quem toma conta dos idosos? Mostrar a importância de receber os idosos activos e com alguma qualidade de vida para poderem ser integradas no grupo residencial. Quanto mais cedo estes forem integrados, mais se lhes pode proporcionar uma melhor qualidade de vida, através da nossa equipa multidisciplinar de saúde. Cada vez mais somos procurados para receber utentes ou acamados ou com muita dificuldade motora, sendo que os lares residenciais não estão preparados para essa função. A nova valência que será inaugurada brevemente estará mais vocacionada para isso. Foi também a pensar nesta situação que nos levou a implementar no Lar de S. José um quarto residencial temporário para acamados, o que permitiu a muitas famílias do concelho poder gozar algumas férias, fins-de-semana de repouso ou mesmo idas ao estrangeiro deixando aos nossos cuidados os seus familiares acamados”.
GESTÃO FINANCEIRA COM RESULTADOS POSITIVOS O rigor financeiro, traduzido em resultados positivos, pautou a gestão de António Queirós. Este rigor esteve presente em cada uma das 60 admissões de utentes, dez por ano nos últimos seis anos. Sendo assumido que “a Misericórdia só se substitui a quem dela necessita”, daí que 25 por cento destas admissões tenham sido de Misericórdia (de pessoas que ou não têm família ou estão abandonadas e são referenciadas ou pelo Centro de Saúde ou por Presidentes de Juntas de freguesia). De referir que o custo mensal médio por utente ronda os 945 euros (valor de referência do protocolo da Segurança Social com a União das Misericórdias) sendo a comparticipação da Segurança Social de apenas 338 euros. “Um utente fica-nos por 600 euros, valor esse, que é comparticipado pelo utente em 85 por cento da sua reforma ficando o restante encargo por conta dos familiares directos. Naturalmente que se, um utente tem bens e uma economia que lhe permite assumir os seus custos, a Misericórdia não se pode substituir à família. Há o cuidado de fazer esta gestão económica nas admissões de que não nos podemos alhear para não hipotecar o futuro da Valência e da Instituição, porque cada vez mais somos procurados para fazer acções de misericórdia”. Actualmente, existe lista de espera para o Lar de São José. A valência não cobra jóia de admissão. BALANÇO POSITIVO NOVOS DESAFIOS Avaliando o trabalho desenvolvido “pela alegria no rosto dos utentes”, António Queirós refere que foi “um trabalho de voluntariado muito enriquecedor. Trabalhar com idosos não é fácil, mas foi muito gratificante trabalhar com eles, porque, por pouco que se faça a este tipo de população, ela fica eternamente agradecida”. A reformulação do piso inferior com a criação de novos espaços, a construção de um elevador com maior capacidade e a criação de uma escada de segurança são melhorias que importa introduzir por quem vier a seguir, refere, adiantando que esse investimento rondará os 150 mil euros. “Faltando sempre fazer coisas, penso que foi isso que me faltou fazer e só não está feito porque a prioridade para a Instituição e para o
António Queirós Pereira nasceu na Póvoa de Lanhoso em 1970 e licenciou-se em Física aplicada – ramo Optometria em 1993. Realizou Optometria Clínica privada até 2002. Em 2002, começou a sua carreira académica na Universidade do Minho, onde é professor de Optometria no Departamento de Física. Realizou provas de Aptidão Pedagógica e Capacidade Científica em 2006, com a classificação de Muito Bom. Actualmente, está a fazer a sua tese de doutoramento na clínica NovoVision, em Madrid, onde estuda “O impacto da Ortoqueratologia e da Cirurgia Refractiva LASIK na topografia corneal, na refracção central e periférica e na qualidade visual do olho”. Este trabalho foi recentemente contemplado com uma bolsa de doutoramento pela
concelho era mesmo a Unidade de Longa Duração e a nossa obra será o passo seguinte. Penso que estará pronta no próximo 5 de Setembro”. Desde sempre ligado à área da Terceira Idade, aceitou, há seis anos, o convite do actual Provedor, Humberto Carneiro, para integrar a nova equipa. “Ele lançou-me o repto e viemos para o terreno, tentando fazer algo de novo e, essencialmente, prestar melhores cuidados aos nossos utentes, porque havia algumas necessidades e foi isso que fomos fazendo”, refere António Queirós. Novos desafios profissionais levam-no agora a desligar-se em termos funcionais da Santa Casa, mantendo apenas essa ligação como Irmão. “Foi-me lançado o repto pelo senhor Provedor para continuar. Infelizmente não o farei, eu saio porque vi aprovada uma bolsa de doutoramento pela Fundação para a Ciência e Tecnologia e em vou-me dedicar em exclusivo ao meu doutoramento que estou a fazer em Espanha e torna-se complicado conciliar. Ao fim de nove anos achei também que era importante parar um bocado, porque há que ter a noção de que quem vem traz sempre alma nova, sangue novo e dinamismo. A renovação também será uma mais-valia para a Valência, saio com a consciência que embora eu não possa continuar, a Instituição irá continuar de boa saúde”. AMIGOS DA VALÊNCIA António Queirós deixa ficar agradecimentos a amigos da Valência e da Instituição, que sempre estiveram presentes quer com donativos quer com comparticipações às várias obras e aquisições realizadas: “À empresa Carvitex, na pessoa do Senhor Nascimento Vieira; à empresa Baptista & Soares nas pessoas do Senhor José Baptista e da sua esposa; à D. Armandina Machado; à D. Cármen da Casa Vila Beatriz; à D. Custódia, florista; ao Senhor Zeca da Calva; ao Dr. Afonso Duarte; ao Senhor Presidente da Câmara Municipal e ao Senhor Presidente da Junta de Freguesia da Póvoa de Lanhoso. Ao Senhor Provedor e a toda a Mesa Administrativa, porque sempre me deram condições no terreno para desenvolver todas as ideias e projectos que íamos tendo no Pelouro. Nunca deixaram de estar atentos, tendo sido muito sensíveis a esta Valência e aos nossos idosos. Em
Fundação para a Ciência e Tecnologia do Ministério da Ciência e Ensino Superior. Tem publicado em revistas internacionais da especialidade 18 artigos científicos e mais de 50 posters apresentados em congressos internacionais. Em 2008, foi contemplado, na Austrália, com uma bolsa patrocinada pelos Institutos Vision CRC e o Institute for Eye Research, da Austrália para Jovens investigadores na área da miopia, pela comunicação que apresentou em forma de poster “Myopic Shift in peripheral corneal curvature power after orthoquetaratology, standard and custom LASIK” e, em 2009, nos Estados Unidos da América (Berkeley) recebeu igualmente outra bolsa pelo mesmo trabalho.
termos orçamentais, dentro da disponibilidade da Instituição, sempre dotaram esta valência com uma parte significativa em investimentos de conforto para os utentes. Gostaria também de aproveitar esta ocasião para lhes desejar as maiores felicidades para o novo mandato, em prol desta causa tão nobre. Deixo também uma palavra muito especial ao Dr. Vicente e ao Dr. Vitor Coutinho, pelas lideranças das suas equipas multidisciplinares na Valência e para as funcionárias, que sempre cuidaram dos nossos idosos como se dos seus pais, ou mesmos avós, se tratassem. Um agradecimento especial à Dona Marina que foi a coordenadora nos primeiros anos do Pelouro bem como às actuais coordenadoras das valências da 3ª Idade, Dra. Martine e Dra. Salomé. Deixo uma palavra de reconhecimento público ao Senhor Carlos Correia, mordomo das Valências da 3ª Idade, que comigo desenvolveu todo este trabalho ao longo destes últimos seis anos. Agradecer também à minha esposa e aos meus filhos, porque fazer voluntariado desta natureza, obriga-nos a muitas horas de acompanhamento da Valência e a muitas ausências na nossa vida privada”.
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Valências Apoio Domiciliário
Necessidade de segurança para os idosos POR SALOMÉ ALVES | Directora Técnica do Serviço de Apoio Domiciliário O Programa Apoio 65 - Idosos em Segurança é assegurado por equipas de agentes policiais que estão especialmente preparadas para lhes dar o apoio e os conselhos úteis para melhorar a sua segurança. O referido programa conta também com a colaboração de instituições que prestam ajuda domiciliária, através da troca de informações úteis para a prevenção de problemas e pela formação aos profissionais dessas instituições e, mediante um levantamento de necessidades, os idosos mais isolados poderão beneficiar da instalação de telefone no seu domicílio para que, mais facilmente, contactem as forças policiais em caso de necessidade. Fundamentalmente, é importante reflectir que este programa preconiza a satisfação da segunda necessidade, que surge seguidamente às básicas, segundo o psicólogo americano Abraham Maslow (Abril 1908 – Junho 1970), que ficou conhecido pela proposta da hierarquia das necessidades: uma divisão hierárquica em que as necessidades de nível mais baixo devem ser satisfeitas antes das necessidades de nível mais alto. Ora a necessidade de segurança vem logo em segundo lugar e cada pessoa, independentemente da idade, tem de “escalar” uma hierarquia de necessidades para atingir a sua autorealização. Assim se definem, segundo o autor, as cinco necessidades descritas na pirâmide (ver imagem) Pirâmide de Maslow 1| Necessidades fisiológicas (básicas), tais como a fome, a sede, o sono, o sexo, a excreção, o abrigo; 2|Necessidades de segurança, que
vão da simples necessidade de sentir-se seguro dentro de uma casa a formas mais elaboradas de segurança como um emprego estável, um plano de saúde ou um seguro de vida; 3|Necessidades sociais ou de amor, afeição e sentimentos tais como os de pertencer a um grupo ou fazer parte de um clube; 4|Necessidades de estima, que passam por duas vertentes, o reconhecimento das nossas capacidades pessoais e o reconhecimento dos outros face à nossa capacidade de adequação às funções que desempenhamos; 5| Necessidade de auto-realização, em que o indivíduo procura tornar-se aquilo que ele pode ser. Na opinião de Maslow, a pessoa tem que ser coerente com aquilo que é na realidade. É por inocência ou boa-fé, por desconhecimento ou até por ambição que muitos são os idosos das zonas rurais e urbanas do país a ser “apanhados” nas histórias dos burlões. Ficando a segunda necessidade da pirâmide proposta por Maslow insatisfeita, abalada e receosa de uma vida que nem sempre é fácil, numa fase em que os sinais do tempo teimam em aparecer e as fragilidades são maiores. Chamar a atenção dos idosos para a
presença de estranhos e para esquemas menos claros foi exactamente o objectivo da GNR, ao deslocar-se ao Lar de São José, no passado dia 18 de Dezembro de 2009, para, no âmbito do Programa Apoio 65 - Idosos em Segurança, facultar ao grupo de 20 utentes da resposta social Apoio Domiciliário e a alguns utentes mais independentes do Lar de São José, informação e conselhos pertinentes para a prevenção e protecção de eventuais burlas ou burlões. Pelas 11 da manhã, tal como programado e agendado com o 1º Sargento Monteiro, o Agente Mota, o Agente Gonçalves e o Agente Araújo, apresentaram-se no Lar de São José para dar início à sessão, que decorreu de forma muito esclarecedora por parte dos agentes da autoridade e interventiva por parte dos presentes, que tiveram oportunidade não só de
recolher informação e colocar dúvidas, mas também de contar as suas histórias e as dos “ladrões de antigamente”. Os participantes na sessão tinham autonomia, pelo que ficaram agendadas com a GNR acções para utentes mais menos autónomos, mais isolados e com apoio familiar reduzido no período diurno, isto para que a informação chegue a todos e porque também “a segurança começa em cada um de nós e é responsabilidade de todos”. Colabore seguindo estes conselhos de segurança: EM CASA Deixe as portas e janelas fechadas sempre que sair; Coloque um óculo e uma corrente de segurança na sua porta; Não deixe entrar pessoas suspeitas ou desconhecidas, sem ter a certeza de quem são; Tenha sempre à mão os números de telefone para
poder comunicar com alguém, principalmente com a polícia; Quando se ausentar de sua casa, por vários dias, informe a força policial da sua zona; Não deixe escritos na porta, janela ou caixa do correio, que indiquem a sua ausência; Não deixe acumular correspondência na caixa do correio e coloque na mesma uma fechadura segura. NA RUA Transporte consigo apenas o dinheiro necessário; Evite o uso de objectos de valor, de carteiras na mão ou no bolso, de forma visível; Evite circular sozinho na rua, principalmente de noite; Evite dar informações sobre a sua vida a pessoas estranhas; Transporte as malas e sacos do lado oposto à faixa de rodagem; Circule sempre pelo lado interior dos passeios; Nos transportes públicos, mantenha a carteira e outros bens junto de si; Se for abordado com uma conversa do tipo “conto do vigário”, propondo a troca de escudos por Euros ou algo semelhante, não se deixe convencer e informe a polícia. Resta um bem-haja aos promotores deste tipo de programas governamentais, aos divulgadores das informações esclarecedoras para aqueles que nem sempre conseguem aceder a informação dos média e para quem a comunicação e esclarecimento pessoal torna a mensagem mais clara, objectiva e, portanto, perceptível. PESQUISAS http:/www.mai.gov.pt http://www.portalseguranca.gov.pt http://pt.wikipedia.org
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Fevereiro de 2010 Santa Causa
Em destaque Lar de são José
“Senhora do Lar” deixa instituição após mais de 40 anos de serviço Marina Lopes foi admitida em Janeiro de 1971, tendo dirigido o Lar de São José durante 37 anos. Depois de mais de 40 anos a servir a Santa Casa da Misericórdia da Póvoa de Lanhoso, a “Senhora do Lar”, como é conhecida a Dona Marina Lopes, está agora a retirar-se da sua vida profissional. “Dediquei-me inteiramente aos meus queridos velhinhos. Sempre manifestei total disponibilidade para resolver qualquer tipo de problemas, a qualquer dia da semana ou a qualquer hora do dia. Foram 37 anos ao serviço da Instituição, 24 horas por dia. Tudo fiz com muito gosto e dedicação, zelando sempre pelos interesses desta Santa Casa da Misericórdia, que também eram os interesses dos utentes”, referiu, há algum tempo atrás, ao SANTA CAUSA. “Ao longo da minha carreira, recordo os inúmeros momentos de alegria e de tristeza: o que
mais me custava era o momento de acolhimento e o inevitável período de adaptação por que todos passavam. É difícil deixar a nossa casa, a nossa família, as nossas recordações, os amigos, em suma, romper com uma rotina quotidiana que se manteve uma vida, para integrar uma nova casa, interagindo com novas pessoas e com novos hábitos. Para uma pessoa de idade isso é muito difícil, mas nós, funcionários, também sentimos essa dor”, sublinhou, na mesma altura, acrescentando Marina Lopes: “Sempre pautei a minha conduta profissional pelo respeito, compreensão e solidariedade pelos utentes. Sinto-me orgulhosa pelo trabalho desenvolvido”. A antiga Encarregada-Geral do Lar de São José deixou, na mesma ocasião, e de entre outras, uma palavra aos utentes
daquela valência, os seus “queridos velhinhos”: “Aos idosos, deixo a minha mensagem, que os amo muito e os levo a todos no meu coração. Vocês são uma fonte de riqueza inesgotável em conhecimentos”. Marina Lopes dirigiu-se também aos familiares das pessoas institucionalizadas. “Às famílias dos utentes, quero dizer que os visitem, que os ajudem, que os levem a casa,
de vez em quando, que os deixem ir mexer nas coisas que eles deixaram, porque eles têm muitas saudades das casas deles. E, se os visitarem, também nos ajudam a nós. Muitas das vezes, os nossos idosos estão mal-dispostos, mas é para chamar a atenção, porque estão carentes, porque a família deles não os visita como eles gostariam e eles costumam dizer:
“A minha família é a maior riqueza do mundo”.” Na hora da saída, também esta Santa Casa da Misericórdia da Póvoa de Lanhoso deixa ficar uma palavra de apreço e de agradecimento à Dona Marina Lopes por tudo o que de si deu à Instituição e os seus utentes, ao longo destes anos.
Em destaque Santa Casa
Plano de Acção e Orçamento 2010 aprovado por unanimidade Em Assembleia-Geral, foram apreciados e votados o Orçamento Suplementar para 2009 e o Plano de Acção e Orçamento p ara 2010. Estes documentos de gestão foram aprovados por unanimidade, registando-se uma receita previsional de 9.254.500,00 € (nove milhões duzentos e cinquenta e quatro mil e quinhentos euros) e uma despesa de 9.027.500,00 € (nove milhões vinte e sete mil e quinhentos euros). Prevê-se que, em 2010, os investimentos ascendam aos 2.784.826,00 € (dois milhões setecentos e oitenta e quatro mil e oitocentos e vinte e seis euros). Das opções do plano para o próximo ano, relevam-se as seguintes: UNIDADE DE LONGA DURAÇÃO - Para 2010, a grande aposta vai para a Unidade de Longa Duração. Em 2009, foi aprovada a candidatura ao Programa Modelar para a construção desta unidade. Com um investimento superior a 2,25 milhões de euros, que permitirá acolher 29 utentes com necessidades de internamento em longa duração, este novo equipamento irá criar novos postos de trabalho. Para o início deste ano, prevê-se o arranque desta nova valência que terá o nome da esposa do grande benemérito na nossa Instituição, D. Elvira Câmara Lopes. CLÍNICA SOCIAL DA MISERICÓRDIA - Prevê-se que, em 2010, comece a construção do edifício, nos terrenos anexos do Hospital, e que permitirá acolher doentes de Alzheimer e Parkinson. HOSPITAL ANTÓNIO LOPES - Continuar a pugnar pela sustenta-
bilidade desta valência, mantendo-a no patamar de “Unidade de Referência” no que se refere à Unidade de Convalescença é um dos objectivos, assim como promover as sextas Jornadas Médico-cirúrgicas e avançar para a segunda edição da Semana Aberta, que, em 2009, registou grande afluência. LAR DE SÃO JOSÉ - Remodelação do espaço destinado ao Centro de Dia, com instalação de um monta-camas e saídas de emergência, com um investimento na ordem dos 150.000€ (cento e cinquenta mil euros). SERVIÇOS ADMINISTRATIVOS - Os serviços administrativos da Santa Casa sofreram obras de adaptação que permitiram a melhoria das condições de trabalho e de atendimento dos utentes. O espaço, inaugurado no passado 5 de Setembro, dispõe de espaço para atendimento ao público, arquivo, gabinete de apoio domiciliário, gabinetes de tesouraria, contabilidade, recursos humanos, assessoria, provedoria, bem como uma sala de reuniões. Para 2010, pretende-se mudar o sistema de assiduidade para sistema biométrico para que se consiga um controlo mais eficaz, redução de custos e gestão de acessos a zonas restritas. Outra prioridade é a instalação de um sistema que fará toda a gestão de chamadas telefónicas, tráfego de internet, VPN´s, VOIP, etc., bem como a criação de uma plataforma de partilha de informação e gestão documental.
LAVANDARIA CENTRAL - Irá funcionar no espaço da ULD, com uma estrutura mais ampla e melhorada, e com condições para proporcionar um aumento da capacidade de resposta, caso seja necessário. FORMAÇÃO - Será mantida a aposta na formação profissional para os nossos activos humanos e para a comunidade em geral, tornando-os mais qualificados e preparados para responder às novas realidades. Para o efeito, foram efectuadas candidaturas ao POPH – Programa Operacional Potencial Humano para possibilitar a obtenção de verbas que sustentem este objectivo. A título de exemplo, durante este ano, o Centro de Formação da Misericórdia irá proporcionar as seguintes formações (para activos empregados e desempregados): Socorrismo / Suporte Básico de Vida, Nutrição e Dietética, Estratégias para lidar com crianças com problemas de comportamento, Suporte Básico de Vida, Cuidados com Crianças, Animação Sócio-Cultural, Princípios fundamentais de Higiene e Segurança nas actividades de limpeza e arrumação, Culinária saudável e Massagem infantil. QUALIDADE | RECURSOS HUMANOS - Para o ano de 2010, destaca-se, na auditoria a decorrer em Março/Abril do presente ano, o alargamento de âmbito da certificação, para a valência Centro de Formação Profissional e nas restantes valências a transição para a nova norma ISO 9001:2008.