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Guarda-chuva anti-pandemia

Mesmo com falta de contêineres, bolso curto e piora na pandemia, importados retomam trajetória de crescimento puxados pelo salmão, conservas e peixes congelados

Texto: Ricardo Torres

s primeiros resultados

Oda comercialização de pescado na melhor temporada de vendas do ano sinalizam um 2021 positivo para

o consumo de pescado em geral (leia mais na seção MKT & Investimentos desta edição). No grande varejo, há relatos de recordes de vendas em dois dígitos para algumas categorias e pouca sobra de produto para a tradicional ressaca da Páscoa - o que é um sinal de recompra para os próximos meses.

No âmbito das importações de pescado, os dados do Painel do Pescado (paineldopescado.com.br) mostram que a preparação para a Quaresma 2021 foi melhor que no ano passado. O fluxo dos primeiros três meses deste ano começou com conservadorismo em janeiro, registrando volume ligeiramente inferior a 2020. Em fevereiro o

setor engatou a segunda: os importadores nacionalizaram quase 40 mil toneladas, 12,4% a mais que no mesmo período

do ano anterior. Mesmo com o mercado mais abastecido, as compras foram de 36,3 mil toneladas, alta de 2% sobre 2020.

As conservas e os peixes congelados (boa parte também para reprocessamento nas conserveiras) puxaram o desempenho do período, com altas de 64% e 15%,

respectivamente. Os peixes frescos, liderados pelo salmão, subiram 11% na comparação com a Quaresma 2021 e fecharam o grupo das categorias com desempenho positivo, mas os demais itens da pauta importadora seguiram o comportamento de queda em 2020, como mostra o gráfico abaixo.

O trimestre fechou com 110,9 mil toneladas, com dispêndio total de US$ 324 milhões e preço médio de US$ 2.924 a tonelada. Na análise histórica, este foi o 6º melhor ano desde o início da série, em 1997. Nos últimos 10 anos, em

nenhum momento as importações de pescado ficaram abaixo das 100 mil toneladas no período, mesmo com crise econômica, impeachment, pandemia e dólar nas alturas.

Nas páginas seguintes, o leitor acompanha as hipóteses mais prováveis para o desempenho de cada categoria e avalia as projeções de como pode se comportar 2021 a partir das importações, da disponibilidade de matéria-prima e da extensa lista de motivos que ainda tornam este um ano difícil de prever, como foi 2020.

2020: previsão pior que a realidade

As importações de pescado em 2020 tinham tudo para enfrentar uma tempestade perfeita pelas complexidades logísticas, disrupções na relação oferta-demanda e uma

grande incerteza pandêmica. Durante boa parte do ano passado, a rápida recuperação chinesa monopolizou os contêineres mundiais e causou prejuízos pela indisponibilidade e nas cobranças de demurrage - pagamento que deve ser feito pelo atraso na devolução dos contêineres que não foram desocupados no prazo. Em paralelo, o cenário interno de interrupção do auxílio emergencial gerou incerteza sobre como seriam as festas e o comportamento dos tradicionais itens da sazonalidade, como o bacalhau.

Ao mesmo tempo, a inflação da

carne bovina e do frango criaram um espaço a cada dia ocupado com

mais intensidade pela tilápia (como exploramos na edição #36 da Seafood Brasil). Essa fatia se torna mais e mais relevante no competitivo mercado de filés e outros peixes brancos, apesar do seu preço médio muitas vezes alcançar o dobro de uma merluza, cação ou

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24 ANOS DE QUARESMA (JAN/MAR 1997-2021) | EVOLUÇÃO EM KG

60.570.369

46.768.869 Peixes congelados Peixes frescos Filés de peixes Peixes secos e/ou salgados Moluscos Conservas Outros invertebrados* Crustáceos*

*Volumes abaixo da escala do gráfico

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2000 2005

22.042.554 23.749.726

2010

9.452.892

2.931.902

2015 2020

MAIORES CRESCIMENTOS DA QUARESMA 2021 (VARIAÇÃO EM %)

polaca importadas. O Brasil produziu

no ano passado o equivalente a 116 mil toneladas de filé de tilápia, enquanto importou 62 mil toneladas

de outros filés. A disponibilidade da espécie vem crescendo, apesar de não ser acompanhada necessariamente por uma queda nos preços praticados na ponta.

Em parte substituída pela tilápia, em parte estrangulada pelos fatores do primeiro parágrafo, a oferta importada sentiu a conta chegar. Entre todas as

categorias de pescado, apenas o peixe

fresco registrou alta em 2020 - foram 88,4 mil toneladas nacionalizadas, um aumento de 2,2% sobre 2019. Em outra ordem de grandeza, os crustáceos puxados pelo camarão equatoriano também subiram - 31,3% em volume, para 293 toneladas. Já na análise das quedas, o pior desempenho foi dos peixes secos e salgados, que apesar de uma redução de 4,7% no preço médio, tiveram embarques 24,2% menores.

VAR%KG 60

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20

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-20

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ConservasPeixes congeladosPeixes frescosOutros invertebradosFilés de peixes MoluscosPeixes vivos CrustáceosPeixes secose/ou salgados

Fonte: Painel do Pescado (www.paineldopescado.com.br) | Elaboração: Seafood Brasil

O salmão foi a surpresa do período. A joia da aquicultura chilena teve o melhor desempenho da história desse comércio em 2020 e não sentiu as interrupções do fechamento do food service brasileiro em razão da pandemia. No total das

vendas ao Brasil, o Chile exportou 101 mil toneladas de produtos pesqueiros, o maior volume que qualquer parceiro comercial já despachou ao Brasil no

segmento - em 2013, no auge da polaca e do panga, a China despachou 93 mil toneladas ao País. De fato, apesar de ver um ritmo menor em algumas categorias, o Brasil não parece saber viver sem pescado importado.

IMPORTAÇÕES DE PESCADO 2020 | CATEGORIAS

CATEGORIA 2020-US$ 2019-US$ var%US$ 2020-kg 2019-kg var%kg 2020-Preço Médio

2019-Preço Médio var%PM

Peixes Frescos 366.068.511 528.602.575 -30,7 88.472.983 86.544.843 2,2 4,138 6,108 -32,3 Filés de Peixes 187.303.366 275.469.093 -32 62.457.167 76.040.775 -17,9 2,999 3,623 -17,2 Peixes Congelados 151.822.207 205.746.737 -26,2 102.915.796 117.228.968 -12,2 1,475 1,755 -16

Peixes Secos e/ou Salgados

127.456.333 176.699.622 -27,9 23.717.440 31.325.094 -24,3 5,374 5,641 -4,7

Conservas

37.353.562 50.748.339 -26,4 13.096.190 15.775.191 -17 2,852 3,217 -11,3

Moluscos

23.293.890 27.559.382 -15,5 5.948.657 6.627.631 -10,2 3,916 4,158 -5,8 Crustáceos 2.779.135 2.618.785 6,1 293.217 223.365 31,3 9,478 11,724 -19,2 Outros Invertebrados 63.616 61.889 2,8 4.759 6.047 -21,3 13,368 10,235 30,6

A trajetória da iguaria chilena que partiu de um food service arrasado pela pandemia para brilhar no delivery e no varejo

Acervo Seafood Brasil

Com pontos físicos restritos pela pandemia, venda de salmão buscou canais online e bateu recorde histórico

Sashimi pandêmico

e muitos segmentos podem

Salegar que enfrentaram em 2020 uma tempestade perfeita, este definitivamente não é o caso das exportações de salmão do Chile para o Brasil. De maneira surpreendente, com o estrangulamento do canal que responde por 70% das vendas do produto na terra da variante P1 da Covid-19, os chilenos bateram recordes. Foi a primeira vez na

história do comércio exterior de pescado que os volumes superaram as 100 mil toneladas.

O que explica o desempenho? A equipe da Seafood Brasilconversou com agentes que atuam no negócio em ambos os países e a resposta passa pelo preço e o simples fato de que o brasileiro já não vive sem salmão. Especialmente nas classes A e B, a vida enclausurada em pandemia gerou oportunidades de consumo via apps de delivery, dark kitchens (cozinhas sem salão) e takeaway (retirada no local) como nunca visto antes, notadamente a partir do segundo semestre.

Os responsáveis pela marca setorial Salmón de Chile, criada pela associação que reúne a maior parte das empresas que atuam com salmão naquele país, calculam que a receita das exportações dos associados caiu 34% - um recorde para os últimos cinco anos. A análise do Painel do Pescado mostra que o preço médio fugiu completamente do desvio padrão dos últimos três anos: em novembro, o kg do salmão chileno FOB HG nacionalizado no Brasil chegou a menos de US$ 3 o kg - o preço mais baixo de toda a história do fluxo do produto.

A situação acendeu um alerta para algumas das principais empresas que lidam com o mercado brasileiro, o terceiro em relevância para os chilenos. No mesmo mês da baixa histórica,

o diretor administrativo da Cermaq

Chile, Steven Rafferty, decidiu que iria suspender as vendas para cá. Pouco tempo depois, a manobra surtiu o efeito desejado: ajudou a forçar a recuperação de preços e manteve o estoque de peixes grandes - a preferência do Brasil - para suportar um ano em que a indústria projeta escassez de oferta.

Caprichosamente, o verão (e este início de outono) parecem colaborar com os planos de Rafferty. Entre março e abril, 3.076 toneladas de salmão foram perdidas em Los Lagos - o que equivalente a 11,8% da

biomassa ativa -, e 2.519 toneladas em Aysén, disse o Serviço Nacional de Pesca e Aquicultura (Sernapesca) em comunicado. A razão apontada

foi a floração de algas nocivas, que levou quase 20 centros de cultivo a implementarem planos de ação para mortalidade em massa e afetou a produção de várias das grandes produtoras de salmão.

A mortalidade ainda não é comparável ao que ocorreu em 2016, quando 40 mil toneladas foram perdidas pelo mesmo motivo. O Painel do Pescado já sinaliza em março uma recuperação dos preços em patamares históricos, para próximo de US$ 5,40 e com tendência de alta. Fontes consultadas pela Seafood Brasil que

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TONELADAS 80k

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24 ANOS DE SALMÃO

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Pela primeira vez desde 1997, importações de salmão romperam a barreira das 100 mil toneladas Fonte: Painel do Pescado (www.paineldopescado.com.br) | Elaboração: Seafood Brasil

Melanose difusa é motivo de preocupação?

O grande consumo de salmão em 2020 trouxe um alerta para o aumento de ocorrências de um tipo de melanose, descoberta apenas no processamento do peixe inteiro. Os cientistas chilenos a chamam de melanose difusa muscular do salmão Atlântico (Salmo salar), uma inflamação que difere da melanose focal - que pode ocorrer por traumas físicos por manejo, predadores, vacinas e patógenos infecciosos. A versão difusa está relacionada a uma distribuição desigual de melanina proveniente da dieta com o pigmento astaxantina, mas parece se manifestar com mais frequência em peixes da 12ª Região (Magallanes). Ainda que não haja grande frequência da melanose, o fato de o produto ser consumido principalmente fresco restringe o aproveitamento de produtos com o problema - que não causa problemas à saúde humana.

preferem não se identificar calculam que exista em inventário entre 40 mil

e 60 mil toneladas, o que certamente não atende à demanda do mercado

em 2021.

A baixa disponibilidade de produto é um reflexo de uma superprodução já despescada e comercializada em 2020, além de uma diminuição do povoamento. “A oferta deve cair uns 15%, mas é difícil estimar a demanda. Isso vai gerar uma tensão pelos preços”, afirma uma das fontes. O mesmo executivo, porém, considera que o grande apetite do Brasil não significa que o mercado irá aceitar qualquer preço. “O Brasil tem um teto. Em maio de 2018, creio que chegamos a ele: US$ 8,30. Em reais, estávamos falando de R$ 40 nessa época, que é a barreira aceitável pelo consumidor.” A previsão é de que o preço poderia subir para até US$ 6,80, o que ao câmbio atual superaria os R$ 38.

Caro ou barato, o fato é que a

extensão da pandemia para além do que qualquer brasileiro poderia imaginar deve conservar neste ano

hábitos aprofundados em 2020. “Voltouse a experimentar na cozinha, a preparar receitas em casa, a provar novos ingredientes e alimentos que antes não eram habituais”, conta a

gerente da marca Salmón de Chile,

Melanie Whatmore. “Essa tendência irá permanecer, na medida em que não haja plena liberdade para consumir alimentos fora de casa, o que irá gerar um aumento na demanda por produtos que venham em tamanho suficiente para o grupo familiar, ou produtos processados que sejam saborosos e fáceis de preparar.”

Para Felipe Katata, gerente

comercial adjunto da Mitsubishi Corporation do Brasil - dona da

Cermaq -, o mercado brasileiro é muito resiliente. “O mercado chinês desapareceu e deixou de comprar, caiu 90%. O Brasil, ao contrário, cresceu. É o nosso pequeno mercado gigante”, diz. Segundo ele, a modalidade mais convencional de produto H/ ON (eviscerado com cabeça) é um

PREÇO MÉDIO DO SALMÃO | COMPARATIVO DOS ÚLTIMOS 3 ANOS

Últimos anos 2020

PREÇO MÉDIO (US$/KG) 8

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5

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Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set

Impactado pela desvalorização do real, preço médio por kg chegou a menos de US$ 3 em 2020, mas já iniciou trajetória de recuperação

Out Nov Dez

diferencial que torna o Brasil muito atrativo aos chilenos. “Todo produto de valor agregado se faz no Brasil. As normativas e as desvantagens de exportar na comparação com o que têm à disposição os industriais brasileiros desencorajam iniciativas de colocar maior valor agregado”, ressalta o executivo.

Além do baixo índice de complexidade no processamento, o peixe inteiro permite reações mais rápidas às demandas do mercado, sublinha Katata. “O Chile é muito orientado a volumes, não trabalhamos muito com as marcas. Por outro lado, os varejistas brasileiros não têm grande interesse em estocar grandes volumes de cortes e embalagens menores.” A empresa não tem o varejo como canal principal, como aliás é o caso de todas as concorrentes, como a

Aquachile - que acaba de se relançar

Para Melanie Whatmore, gerente da marca Salmón de Chile, delivery de pratos prontos ou para preparo em casa favoreceram salmão

Acervo pessoal

Chilenos em alta

Além dos reflexos pandêmicos, o Chile teve um ano de altos e baixos sanitários na produção, com casos de piolho do mar nas regiões de Los Lagos, Aysén e Magallanes, casos de Anemia Infecciosa do Salmão (ISA) e escapes de grandes biomassas. Segundo Melanie Whatmore, da Salmón de Chile, o trabalho focado no controle dessas dificuldades foi capaz de controlar o efeito nos volumes. “Em 2020, de acordo com a Receita Federal chilena, entre janeiro e dezembro de 2020, foram exportadas 779 mil toneladas de salmão e trutas,

Acervo Seafood Brasil

avaliadas em US$ 4,38 bilhões, enquanto no mesmo período de 2019, foram registradas 725 mil toneladas - aumento de 7% - com uma receita de US$ 5,12 bilhões.”

como Aqua -, a Multiexport e a Mowi.

“O varejo pode ter subido para em torno de 20% por conta da pandemia, mas normalmente representa 15% do negócio”, calcula Katata.

Certamente a Quaresma 2021 ajudou a elevar este patamar, como sugerem os dados de importação do Painel do Pescado. Depois de manter praticamente o mesmo patamar de janeiro e fevereiro do ano passado,

o mês de março de 2021 representou uma alta de 20% nas exportações de salmonídeos (salmões e trutas)

ante 2020. O resultado acumulado do trimestre representa um aumento de 6,43% no volume, com um dispêndio 5,57% menor - o produto ficou cotado em média em US$ 4,15/kg no período.

Com a consolidação do delivery, expectativa de aumento de vendas no varejo de alimentos no primeiro semestre e uma recuperação gradual do food service com o avanço da vacinação, os sinais são positivos para os chilenos. Resta saber se as previsões de escassez de oferta de produto serão realmente tão acentuadas como despontam, mas nada que o brasileiro não consiga enfrentar. Tudo indica que o povo tupiniquim vai continuar dando o seu jeitinho, tentando enrolar a pandemia em um grande temaki de salmão para aguentar o tranco.

A solução natural e lógica para seu cultivo de peixe e camarão ou fábrica de ração

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Sem prestígio

Panga, merluza e polaca expandiram consumo de pescado a níveis inéditos, mas hoje estão em segundo plano

s filés de peixe branco já

Onão são um item popular na pauta importadora de pescado. O desprestígio dos últimos anos chega a ser impressionante, dada a régua alta que estes produtos estabeleceram no início da década e no forte impulso que deram à popularização do consumo de pescado. No auge da

polaca do Alasca processada na China e do panga do Vietnã, o Brasil bateu recorde nesta importação com 175 mil toneladas de filés congelados

registradas em 2013. Segundo demonstra análise do consultor Wilson Santos disponível no site da Seafood Brasil, o impacto no consumo foi forte: se em 2010 consumíamos 9,71 kg per capita/ano, em 2014, chegamos a 11,96 kg per capita/ano, principalmente em razão do aumento dos itens importados.

A partir de 2015, porém, a

categoria foi ladeira abaixo. Naquele ano, o volume caiu 22%, para 131 mil toneladas, segundo o Painel do Pescado. Após uma ligeira ascensão em 2017, outro tombo de 26% em 2018 para voltar no ano passado a patamares de 2010. Os motivos já foram amplamente explorados em edições anteriores: rigor fiscalizatório, câmbio, crises econômicas e decisão

Blocos de merluza interfolhada: produto argentino tem boas projeções para 2021 e deve manter em pé segmento de filés brancos importados

Divulgação/Solimeno de troca do consumidor por itens da pesca e aquicultura nacionais, notadamente a tilápia.

Somam-se a estes fatores as extensas consequências da pandemia, como a instabilidade de contêineres e disrupções nas exportações chinesas pelas medidas de controle do contágio. “O impacto foi importante nas importações da China na medida em que as matérias primas tiveram de ser testadas para Covid, o que atrasou os embarques. Um segundo impacto foi o valor do frete, que triplicou em virtude da falta de contêineres”, analisa o

fundador da Opergel, Ivan Lasaro.

A China realmente foi a origem mais afetada pela soma de fatores que desbancaram os filés brancos

do trono. Em 2020, o volume desses itens exportados pelos chineses caiu 56,2%. Em todos os meses, o resultado do ano passado foi inferior a 2020, chegando a representar 5% do que se havia importado no ano anterior - caso de setembro. Ao que parece, os pontos de venda ficaram altamente estocados com estes produtos e, com baixo interesse dos clientes, as recompras da Quaresma foram muito

prejudicadas. A importação de filés processados na China caiu 27% nos primeiros três meses de 2021, mesmo com uma diminuição de 21% no preço médio sobre o período anterior, para US$ 2,75/kg em média. Já o Vietnã, que despencou 37% em 2018 no volume de filés congelados exportados ao Brasil e seguiu caindo em 2019, teve uma discreta alta de 3% em 2020.

Lasaro considera que os maiores beneficiários da situação asiática e até da dinâmica nacional são nossos vizinhos. “A Argentina vai continuar se beneficiando, pois os preços da China devem seguir elevados e o mesmo ocorre com a tilápia, que além disso, tem a vantagem de ser vendida fresca”. Este comportamento já se mostrou possível na Páscoa. Uma grande rede de varejo consultada informalmente pela Seafood Brasilconfirmou que, dos itens com maior venda em volume, os líderes entre os peixes brancos importados foram o cação e a merluza.

Para um dos principais fornecedores de filés de merluza interfolhada ao Brasil, a argentina Solimeno, este clima pode colaborar para que 2021 seja um ano de maior estabilidade ao produto. Ainda assim, Antonio Gabriel Solimeno

calcula que a empresa tenha exportado em 2020 50% de toda a sua produção de

filés ao Brasil, algo em torno de 1.800 toneladas de filés interfolhados em blocos de 7 kgs. E não vê um cenário muito distinto em 2021. “Podemos esperar um volume igual ou melhor que em 2020, já que os consumidores estão meio ressabiados em relação a produtos provenientes da China por conta da pandemia”, avalia.

Ele avalia que, sob a ótica da oferta, a Argentina não deve encontrar grandes dificuldades, já que o país conservou a cota de pesca para 2021. Na realidade, até aumentou. Conforme publicou a edição #225 da revista parceira REDES & Seafood, o governo 24 ANOS DE FILÉS CONGELADOS

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Depois de elevar consumo em 1 kg per capita no início da década, filés importados despencaram no ano passado e não terão vida fácil em 2021 Fonte: Painel do Pescado (www.paineldopescado.com.br) | Elaboração: Seafood Brasil

argentino definiu a cota de captura máxima da merluza hubbsi em 305 mil toneladas, 5,2% mais que em 2020 e 7,3% superior à média da década.

Há quem adote um otimismo mais controlado, como no caso de

Pablo Basso, diretor comercial da

Iberconsa da Argentina. “Em termos de volume, entendo que a produção argentina permanecerá em volumes similares, mas principalmente neste primeiro trimestre grande parte da frota, especialmente a de barcos congeladores, está 100% dedicada à pesca de lula. Por este motivo, estamos notando uma alta importante na demanda e no preço.”

Outra questão que inspira atenção do executivo é a atuação do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa/ Mapa). “Creio que neste ano o produto estará ainda mais consolidado, mas me preocupam muito as inspeções e rechaços a lotes pelo Ministério da Agricultura até 6 ou 7 meses depois da chegada da mercadoria com questões como o sódio ou pH”. Em relatório recente de atividades do Dipoa a que a Seafood Brasil teve acesso, a

Argentina consta como o segundo país - após o Marrocos - entre aqueles que mais registraram não-conformidades com o recente Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade (RTIQ) do

Peixe Congelado. Tanto os argentinos quanto os importadores rechaçam os argumentos oficiais e, por enquanto, vão administrando os impactos.

Os esforços também se concentram na valorização da merluza congelada a bordo como elemento de diferenciação. “Nosso objetivo é conseguir, através de campanhas com grandes volumes a nossos clientes históricos, que se valorize o produto e se justifique o diferencial de preço em relação ao produto congelado nos frigoríficos”. Na visão dele, a resolução do velho dilema do preço x qualidade é a chave para a recuperação da categoria no Brasil. “Um comprador sempre preferirá um produto de boa qualidade a um bom preço, do que um produto barato de qualidade ruim”, completa.

Sardinha: o segundo item nacional

Com oscilações profundas nas capturas nacionais, item aprofunda dependência externa

Divulgação em o glamour de outras

Sespécies, a sardinha é o segundo peixe mais consumido do Brasil depois da tilápia, de acordo com o levantamento recente realizado pelo consultor Wilson Santos e publicado no site da Seafood Brasil. Pesquisas científicas realizadas por instituições como a Univali procuram entender os motivos pelos quais as oscilações na captura nacional são tão acentuadas: das 100 mil toneladas capturadas em 2012 e 2014, os barcos trouxeram apenas 12 mil toneladas em 2019.

O volume da captura nacional equivale a 10% de tudo o que as indústrias de conservas processam anualmente no Brasil. O déficit obviamente força as conserveiras nacionais a importarem a matériaprima de países como Marrocos e Omã. Conforme o Painel do Pescado, nesse mesmo ano de 2019, com baixas capturas, as empresas trouxeram do exterior 77,3 mil toneladas de sardinhas. O volume diminuiu em 2020, para 68 mil toneladas, mas só no primeiro trimestre do ano as 30,6 mil toneladas importadas já superam quatro anos inteiros de toda a série histórica iniciada em 1997.

Nos primeiros três meses do ano,

Omã disparou como origem principal

da sardinha importada. As 16,8 mil toneladas trazidas do país árabe vizinho aos Emirados Árabes Unidos

Segundo peixe mais consumido do Brasil, a sardinha tem volume de captura nacional equivalente a 10% de todo processamento anual das indústrias de conservas brasileiras representaram um aumento de 264,3%, enquanto o produto proveniente do Marrocos caiu 31% em volume. Uma das razões está relacionado ao alto número de não-conformidades apuradas pelo Mapa em 2019, como infrações ao RTIQ de peixe congelado.

Segundo o Serviço de Inspeção Federal (SIF), o Brasil abriga 32 estabelecimentos classificados como unidade de beneficiamento de pescado e entreposto de pescado, dos quais 12 receberam em 2020 peixe congelado importado para reprocessamento. Esses foram responsáveis pela importação de 20% do total de peixe congelado importado, algo em torno de 130 mil toneladas.

A Gomes da Costa se destaca entre estes estabelecimentos com 43,9% da comercialização de sardinha no mercado, de acordo com dados

Nielsen. Para Carlos Curado Filho, diretor de compras da empresa, o primeiro pandêmico da Covid-19 trouxe como maior desafio os entraves para garantir a matéria-prima que a demanda exigia. “O desafio foi compensar essas restrições de pesca nacional e internacional com a crescente demanda interna que tivemos”, aponta.

Na visão dele, o maior aprendizado é continuar diversificando a base de fornecedores e manter um constante processo de análise de risco em toda a cadeia. “Apesar das restrições diversas em todo o mercado, conseguimos manter um volume de produção e entrega acima dos anos anteriores,

mas a variação cambial impactou fortemente nos preços”, ressalta. De acordo com o Painel, apesar de a variação do preço médio em 2020 se manter na média dos três últimos anos (próximo de US$ 0,90/kg), a cotação do dólar variou 23% no ano, encarecendo o custo.

Antonio Barranco, diretor

comercial da GDC, ressalta que o auxílio emergencial manteve a demanda para a categoria de conservas, que contam com a vantagem da segurança de armazenamento e praticidade no consumo. “Para 2021, entendemos que parte desses novos consumidores, que descobriram a categoria, permanecerão e, com isto, a possibilidade de ampliarmos o portfólio, a fim de atender todo perfil de consumidor”, opina.

TONELADAS

24 ANOS DE SARDINHAS

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Histórico das importações de sardinha: apesar do volume ter diminuído em 2020, o que foi importado no primeiro trimestre de 2021 superou quatro anos inteiros de toda a série histórica iniciada em 1997 Fonte: Painel do Pescado (www.paineldopescado.com.br) | Elaboração: Seafood Brasil

Bacalhau: ciclo difícil

Câmbio e estrangulamento do food service dão ao produto o título de maior prejudicado na pandemia

Junho de 2020: no auge da pandemia em seu primeiro ano, as importações de bacalhau chegam a um nível irrisório

- 172 toneladas. Segundo o Painel do Pescado, o ano fechou com 22 mil toneladas importadas, desempenho igual ao de 1999, quando o bacalhau dessalgado - que incrementou o consumo do produto no Brasil nos últimos dez anos - era só uma promessa. O volume foi 30% mais baixo na comparação com os 12 meses de 2019 e 2018 - anos muito similares.

Diante de resultados ruins da Páscoa 2020 e uma ressaca pósQuaresma sem o food service, as

empresas dedicadas ao negócio da iguaria mais desejada nas festas se

retraíram para reavaliar o que fazer. No caso da Riberalves, foi o momento ideal para mexer na operação. “Aproveitamos a ‘paradeira’ de maio passado e fizemos uma reestruturação interna nossa. Trouxemos um gerente key account para verificar o comportamento do grande varejo e fortalecemos nossa equipe que atua no ponto de venda”, conta Marcelo

Nasser, diretor comercial da empresa

no Brasil.

Algo que facilita a sobrevivência em tempos de crise é uma operação enxuta como a que a empresa resolveu adotar no Brasil. “Não temos estoque aqui e não pensamos em mudar por conta da pandemia. Assim, não tenho problema de ficar com estoque parado, ver o câmbio disparar e não ter venda, pagando armazenagem cara”, avalia Nasser. A condição ajudou na travessia e fez a Riberalves chegar a 2021 com projeção de aumento de vendas. “Agora em março fecharemos com crescimento sobre o ano anterior em volume. Em outubro começou a diminuir a queda, em novembro zerou e em dezembro, crescemos. Isso foi surpreendente”, ressalta.

A análise da preparação para a Quaresma, no entanto, mostra que o ritmo de ascensão em 2021 perdeu o fôlego. Já em janeiro, na ressaca do Natal, os volumes caíram 22% sobre o mesmo mês de 2020, com uma ligeira recuperação em fevereiro para reposições pontuais, e voltaram a cair outros 22% em março. Além do câmbio e distúrbios no food service, outro fator preponderante para esse declínio foi a instabilidade de contêineres. “O nosso transit time era de 12 dias e passou a ser de até 28 dias. Os operadores aduaneiros estavam sem contêineres - de 10 contêineres que receberiam, chegaram dois”, contou em fevereiro

Pedro Pereira, diretor comercial

da Brascod/Bom Porto. Isso tudo

HISTÓRICO BACALHAU | MÊS A MÊS

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retardou a chegada de contêineres para a Semana Santa e atrapalhou a programação de entregas aos clientes.

Apesar de tudo isso, porém, há espaço para otimismo. “Estou animado para este ano. Projeto crescimento de 8% a 10%. O câmbio disparou e a inflação subiu, então, de alguma forma, a impressão que dá é que quem consome estava com mais dinheiro no bolso”, diz Nasser. No caso do Gadus morhua dessalgado, um produto para as classes A e B, os “chefs em casa” e o “eu mereço” guiaram o consumo de bacalhau e aliviaram um pouco a perda do food service. A Riberalves aposta fortemente nesse estrato social: em plena pandemia, a empresa lançou no Brasil o bacalhau curado com flor de sal. “Isso fala a língua do consumidor classe A”, aponta.

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24 ANOS DE BACALHAU

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Importação de bacalhau em 2020 chegou a níveis de 1999, antes de o dessalgado se projetar como tendência

Fonte: Painel do Pescado (www.paineldopescado.com.br) | Elaboração: Seafood Brasil

Risco-camarão

Argentinos querem fazer parte da difícil partida que o Equador já disputa com o Brasil

ais de 20 representantes

Mdas principais empresas argentinas dedicadas à captura e processamento do camarão vermelho Pleoticus muelleri participaram de uma reunião virtual convocada pela Câmara dos Armadores de Pesqueiros e Congeladores da Argentina (CaPeCA) a que a Seafood Brasil esteve presente em abril. A alta adesão ao encontro mostra como estão convencidos de que vale a pena o esforço de enfrentar a instabilidade jurídica que rege a importação de camarão no Brasil.

Em 02 de março, dias após a imprensa revelar gestões do embaixador argentino Daniel Scioli com o presidente Jair Bolsonaro, o

presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux, restabeleceu a importação de camarão originário da Argentina.

Em medida cautelar na Suspensão de Liminar (SL) 1425, proposta pela União,

Acervo Seafood Brasil ele suspendeu decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) que impedia a importação (leia todos os detalhes no site da Seafood Brasil).

O mérito da questão ainda será julgado pelo próprio TRF-1, mas o Ministério da Agricultura já atendeu a uma das principais reivindicações dos argentinos: aprovou a importação mediante acompanhamento do Certificado Sanitário Internacional, que precisa estar em português e emitido ou endossado pelo Serviço Oficial da Argentina. A reação

dos carcinicultores liderados pelo presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Camarão (ABCC), Itamar Rocha, foi imediata.

Em um vídeo divulgado quase simultaneamente à decisão de Fux, ele aponta o que considera “desrespeito à lei”, mais especificamente à Instrução Normativa 02/2018, que revogou a IN 14/2010.

Esta última previa que a autoridade sanitária poderia decidir se haveria necessidade de realizar uma Análise de Risco de Importação (ARI) - que já foi feita em 2012 pelo governo brasileiro - ou se os requisitos zoosanitários são suficientes. Este ponto não foi alterado expressamente pela IN 14/2020, que teve efeito prático muito mais político que técnico, com a transferência do controle de sanidade dos crustáceos do Ministério da Agricultura para a Secretaria-Geral da Presidência da República, onde então estava abrigada a Secretaria Especial da Aquicultura e da Pesca.

A IN 14/2020 incluiu ainda um ponto-chave na argumentação de

Planta de processamento de vannamei no Equador: com liberação da Argentina, camarão importado volta à pauta de indústrias e importadores Rocha contrária à importação:

a exigência de que o país de origem reporte, na ARI, a informação junto à Organização Internacional de Saúde Animal (OIE) sobre enfermidades de animais aquáticos de notificação obrigatória ou de alto

risco epidemiológico. A ARI realizada em 2012 identificou 98 potenciais perigos, descartou 96 em uma primeira análise e, por fim, descartou a doença da mancha branca e o parasita Aggregata sp que haviam sobrado como perigos. Ela não traz, no entanto, o registro de que a Argentina reporte doenças à OIE, mas foi considerada vigente ainda pelo Mapa agora em março.

A vulnerabilidade deve ser explorada no âmbito do julgamento do mérito, mas a entidade que reúne os maiores interessados no negócio aqui no Brasil vislumbra uma resolução definitiva para breve. “Estamos confiantes que, do ponto de vista judicial, este impasse será muito em breve solucionado de forma definitiva”, disse em comunicado a Associação

Brasileira de Fomento ao Pescado

(Abrapes). Do ponto de vista técnico, a publicação “Requisitos Zoossanitários do Brasil para a Importação de Camarões Congelados da Espécie Pleoticus Muelleri originários de Pesca Extrativa da Argentina e destinados ao Consumo Humano” resolveu a questão em três linhas. Na prática, a abertura

ocorre tanto para camarão eviscerado/ sem cabeça quanto para o camarão inteiro, ambos congelados.

Apesar de o cenário despontar como favorável à importação, alguns argentinos se mantêm céticos. É o caso de Federico Angeleri, diretor comercial da Pesquera Veraz, que cita uma combinação de baixa

disponibilidade de produto e priorização a mercados tradicionais. “Tivemos uma safra muito ruim no ano passado, com a metade do que se esperava, e, por outro lado, há uma demanda grande pelo produto eviscerado sem casca e não há muita sobra para oferecer ao Brasil”. O preço também é outro ponto sensível, já que os argentinos não enxergam que valha a pena correr o risco Brasil com preços abaixo de US$ 15/kg. “Um caminhão com camarão custa US$ 160 mil. Descascado vale US$ 250 mil”, calcula Angeleri.

E os equatorianos?

O Equador exportou de janeiro a dezembro do ano passado 676 mil toneladas de vannamei a 57

países. Para o Brasil, foram apenas 257 toneladas a um preço médio 6,9% inferior ao praticado em 2019. Ainda assim, o valor ficou em US$ 8,85/kg, sugerindo tamanhos maiores e um certo sobrepreço associado ao “riscocamarão”. Ainda que pequeno, o volume representou uma ascensão de 54,2% sobre os 12 meses de 2020.

O aumento chama atenção pelo fato de ser um ano desfavorável para o negócio. O câmbio tornou o camarão equatoriano pouco competitivo no Brasil e o apetite da China e dos EUA, os dois principais clientes dos equatorianos, foi fortemente afetado pela pandemia e se mostrou pouco sensível a um preço médio que chegou a baixas históricas - o kg chegou a ser comercializado a US$ 1,12. A disrupção do comércio global de pescado pegou em cheio os equatorianos que, em 2021, começam a se recuperar em preços e demanda. Ainda assim, os preços seguem 24 ANOS DE CAMARÃO

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Importação de camarão ainda continua em caráter de teste, mas segue em ascensão desde reabertura, em 2018

Fonte: Painel do Pescado (www.paineldopescado.com.br) | Elaboração: Seafood Brasil

favoráveis. “Temos camarão 20/30

e 30/40 - tamanhos indisponíveis no Brasil - a preços muito baixos”, calcula Fabricio Amador, diretor da

Futura Market - uma trading company que opera em parceria com uma fábrica local com certificação no Dipoa para reprocessamento no Brasil. Ele acompanha com atenção o crescente interesse do público brasileiro ao camarão, cujo consumo ainda continua baixo e com espaço para crescer.

“A produção local cobre uma parte da demanda, mas as inconsistências e a falta de oferta fazem com que o mercado não se desenvolva de maneira contínua”, opina Amador. “A produção local tem melhores condições de custo pela situação do real, mas as importações podem encontrar segmentos de mercado, sobretudo o food service, aos quais podem desenvolver abastecimento constante”, conclui. “Se o consumo alcançar um nível alto, a produção local ficará restrita e permitirá a entrada de camarões de maior tamanho.” Esta é a aposta de equatorianos, argentinos e até indianos - cuja exportação em 2020 foi de um contêiner. “Só precisamos encontrar os parceiros adequados para fazer crescer o consumo local. Estou convencido de que o camarão pode chegar ao mesmo nível do salmão”, conclui Amador.

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