A PEDAGOGIA FREINETIANA COMO INTEGRAÇÃO DA EDUCAÇÃO TOTAL DO SER

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A PEDAGOGIA FREINETIANA COMO INTEGRAÇÃO DA EDUCAÇÃO TOTAL DO SER Autores: Edmilson Pinto Albuquerque – UFRN – epa@ufrnet.br SANTOS, Sebastião Jacinto dos – UFRN – sebastiaojacinto@hotmail.com

Célestian Freinet (1896-1966) nasceu na França e foi um dos educadores que mais marcou a escola fundamental de seu país neste século. Atualmente, suas idéias são estudadas em várias partes do mundo, da pré-escola à universidade. Freinet lutou na Primeira Guerra Mundial e foi ferido na altura do pulmão, o que lhe trouxe sérias conseqüências. Falava baixo e cansava-se logo. Sua pedagogia do bom senso visava também uma Educação para o trabalho. Em seu livro Educação pelo trabalho, sua principal obra, Freinet apresentava um confronto entre a escola tradicional e a escola proposta por ele, onde o trabalho tinha posição central, como metodologia. Rapidamente, Freinet percebeu que a escola era inadequada para os alunos. Constatando isto, preocupou-se em sintonizar a escola com a vida. A escola na sua concepção, deve ser ativa, dinâmica, aberta para o encontro com a vida, participante e integrada à família e à comunidade contextualizada, enfim, em termos culturais. Nessa escola, a aquisição do conhecimento deve processar-se de maneira significativa e prazerosa, em harmonia com uma nova orientação pedagógica e social em que a disciplina é uma expressão natural. Freinet realizou uma ação educativa na qual teoria e prática não se opõem; ao contrário, nenhuma das duas pode desenvolver-se sem a outra. Propõe uma pedagogia natural, “nova e popular” que ensina ao aluno não apenas o acesso à informação, mas também a apropriação do saber; uma pedagogia que, avessa ao imobilismo e à abstração, insere a alegria e o prazer no processo ensino-aprendizagem. Essa pedagogia também entendida como Pedagogia do Bom Senso e Pedagogia do Sucesso está alicerçada, principalmente, nos seguintes princípios: senso de responsabilidade, senso cooperativo, sociabilidade, julgamento pessoal, autonomia, livre expressão, criatividade, comunicação, reflexão individual e coletiva, afetividade. Em seu projeto global de educação contesta, energicamente, a escola tradicional no tocante a certos aspectos como passividade do aluno, intelectualismo excessivo e caráter desumano da escola. Além de preocupar-se com a formação de pessoas integras e com bom conhecimento geral, ele também achava necessário ensinar como se deve utilizar esses conhecimentos. O pensamento de Freinet era impregnado de uma visão racionalista de evolução social. O seu trabalho(1) faz parte do pensamento pedagógico anti-autoritário.(2) Freinet tinha como compromisso ajudar todos os indivíduos que necessitassem de auxílio, quer, estivessem envolvidos com a escola, quer não. Ele se preocupava em aperfeiçoar e desenvolver as potencialidades de cada um como ser humano. Lutava por uma igualdade universal, sempre voltada para a área da educação, que era o que realmente lhe interessava e preocupava mais. Em suas atividades, tentava ensinar a seus alunos a serem mais solidários por meio de cooperativas em que todos tivessem voz para opinar, buscava transmitir o significado de justiça e, acima de tudo, procurava ensinar seus alunos a serem mais humanos.


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Freinet era um educador humanista contemporâneo, tinha como uma de suas metas humanizar seus alunos e seguidores. Ele tinha um espírito libertador, intelectual era moralmente autônomo e pluralista em seus pensamentos e tentou, com sua pedagogia, libertar seus alunos da ignorância, do preconceito, do capricho, da alienação e das falsas consciências, buscando assim desenvolver as potencialidade humanas de cada um. A pedagogia Freinet surgiu para atender a necessidades vital da criança: chegar ao seu pleno desabrochar como um indivíduo autônomo, um ser social responsável, co-detentor e coedificador de uma cultura. Sua proposta pedagógica é humanista e liberal e busca educar a criança para ser um homem livre e crítico, fazendo com que ela se aproprie da vida por completo e assimile a cultura que a cerca e a cidadania, o que é primordial para qualquer ser humano. Podemos afirmar, quem estuda e trabalha com a pedagogia Freinet diariamente percebe que se trata muito mais do que de uma simples proposta pedagógica. A pedagogia freinetiana é integradora, humanista, é democrática, pluralista, aberta, crítica e, acima de tudo, sensível e atenta ás diferenças e necessidades culturais e individuais. É com base nessa visão que todas as crianças, adolescentes, e adultos, são educadas na pedagogia freinetiana. A proposta pedagógica de Freinet para a Educação(3) é muito mais do que uma proposta pedagógica, é uma filosofia de vida. As dimensões pedagógicas, política e social são elementos integrantes da obra de Freinet. A esse respeito, ele próprio salienta que a defesa de sua técnica pressupõe dois sentidos simultâneos: o sentido pedagógico e escolar e o sentido político e social. O movimento pedagógico fundado por Freinet pode ser caracterizado por sua dimensão social, demonstrada através da defesa de uma escola centrada na criança, vista não como indivíduo isolado, mas fazendo parte de uma comunidade. É um dos pedagogos contemporâneos que mais contribuições oferece àqueles que estão preocupados com a construção de uma escola ativa e dinâmica e, simultaneamente, contextualizada do ponto de vista social e cultural. Nesse artigo destacamos, a relevância dessa temática para a Educação, apontando dois destaques, a reflexão e aperfeiçoamento da prática pedagógica no âmbito da Educação Especial: no primeiro destacamos a importância da pedagogia integradora frenetiana para o desenvolvimento dos processos de ensino e aprendizagem, priorizando os princípios de aprendizagem.(4) Além disso, temos a intenção de perspectivar uma melhoria das práticas pedagógicas em relação à educação especial, subsidiando os processos de ensino aprendizagem dando ênfase “as invariantes pedagógicas,” como um parâmetro para a prática educativa. De acordo com Ferreira (1980, p. 43.), destacamos as seguintes invariantes pedagógicas: 13ª invariante: As aquisições não são obtidas pelo estudo de regras e lei, como às vezes se crê, mas sim pela experiência. Estudar primeiro regras e leis é colocar o carro à frente dos bois.14ª invariante: A inteligência não é uma faculdade específica, que funciona como um círculo fechado, independentemente dos demais elementos vitais do indivíduos, como ensina a escolástica. 15ª invariante: A escola cultiva apenas uma forma abstrata de inteligência, que atua fora da realidade viva, fixada na memória por meio de palavras e idéias.16ª invariante: A criança não gosta de receber lições ex-cathedra.17ª invariante: A criança não se cansa de um trabalho funcional, ou seja, que atende os rumos de sua vida. 18ª invariante: A criança e o adulto não gostam de ser controlados e receber sanções. Isso caracteriza uma ofensa à dignidade humana, sobretudo se exercida publicamente. 19ª invariante: As notas e classificações constituem sempre um erro. 20ª invariente: Fale o menos possível. 21ª invariante: A criança não gosta de sujeitar-se a um trabalho em rebanho. Ela prefere o trabalho individual ou de equipe numa comunidade cooperativa. 22ª invariante: A ordem e a disciplina são necessárias na aula. 23ª invariante: Os castigos são sempre um erro.


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São humilhantes, não conduzem ao fim desejado e não passam de um paliativo. 24ª invariante: A nova vida da escola supõe a cooperação escolar, isto é, a gestão da vida e do trabalho escolar pelos que a praticam, incluindo o educador. 25ª invariante: A sobrecarga das classes constitui sempre um erro pedagógico. 26ª invariante: A concepção atual dos grandes conjuntos escolares conduz professores e alunos ao anonimato, o que é sempre um erro e cria sérias barreiras. 27ª invariante: A democracia de amanhã prepara-se pela democracia na escola. Um regime autoritário na escola não seria capaz de formar cidadões democrata. 28ª invariante: Uma das principais condições de renovação da escola é o respeito à criança e, por sua vez, a criança ter respeito aos seus professores, só assim é possível educar dentro da dignidade. 29ª invariante: A reação social e política, que manifesta uma reação pedagógica, é uma oposição com a qual temos que contar, sem que se possa evitá-la ou modificá-la. 30ª invariante: É preciso ter esperança otimista na vida. Qual a importância que a aprendizagem exerce no desenvolvimento dos alunos portadores de necessidades educativas especiais? A aprendizagem exerce um papel de grande importância no desenvolvimento de todos os alunos, sejam eles portadores de necessidades educativas especiais ou não. De acordo com o teórico russo Vigotsky, desde o início da vida de uma criança desenvolvimento e aprendizagem encontram-se relacionados, sendo que a aprendizagem bem organizada põe em movimento vários processos de desenvolvimento, ela impulsiona o desenvolvimento. Desta forma, a relação do sujeito com o objeto do conhecimento não se dá de forma mecânica. A partir da ação de diferentes mediadores o sujeito vai se apropriando o conhecimento, o que possibilita a sua constituição. Dentro desse contexto, “ aprendizagem para a vida, com a alegria, e a escola, o professor deve construir os conteúdos dessa aprendizagem significativa” ( DANTAS, 2006 ). Na concepção freinetiana, a criança é vista como um ser autônomo e que tem a capacidade de escolher, sob orientação e de acordo com seu próprio interesse, as atividades que vão ser desenvolvidas. Ela é vista também como um ser racional capaz de, desde muito cedo, opinar e fazer críticas sobre fatos ou assuntos que lhe são expostos. Dessa forma, são dados a ela o direito e a oportunidade de raciocinar sobre tudo aquilo que lhe é proposto, e tudo passa a ser mais significativo. O livre arbítrio(5) também é respeitado. Nesse direito de ser autônomo, destacamos a importância da integração. A integração não está restrita à classe regular. Existe uma outra modalidade de integração e classe especial onde os alunos convivem na escola regular com os demais alunos em atividades gerais da escola, como recreio, merenda e festas. A integração dos alunos portadores de necessidades educativas especiais nas escolas regulares é importante porque lhes permite conviver com outros alunos, estabelecendo trocas importantes para o seu desenvolvimento e vivenciando um processo semelhante aqueles que sempre terá oportunidades de vivenciar socialmente. Ao mesmo tempo, a possibilidade de vivenciar a educação de forma integrada permite que a sociedade perceba de uma outra maneira, mais positivas, estes alunos o que contribui para que percebam a importância da discriminação. A integração é um direito conquistado, garantido por lei e referendado pela Declaração de Salamanca(6) de 1994, onde os delegados da Confederação Mundial de Educação Especial justificaram a sua importância. Respeitar a essência do homem como ser livre e pensante. Cabe a seus seguidores, portanto, definir e criar situações para o desenvolvimento de cada ser humano de acordo com a pedagogia freinetiana, tentando formar verdadeiros autores e, desse modo, pessoas responsáveis. De acordo com essa visão, os alunos são educados de forma a não serem obrigados a aceitar as verdades alheias, sendo dadas a eles a opção de escolha e a oportunidade de criar sua própria identidade e de traçar seu projeto de vida.


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O que é necessário para que os portadores de necessidades educativas especiais vivenciem a educação integrada? É necessário que a escola reconheça que este é um direito destes alunos e que eles apresentam possibilidades para tal. A escola deve buscar soluções para o aluno se desenvolver e aprender. Nesse sentido, o apoio da família é imprescindível. A integração do aluno portador de necessidades educativas especiais dez respeito a toda a escola e não apenas aos professores que atuam diretamente com estes alunos. O equilíbrio na família é fundamental para a convivência com os portadores de necessidades especiais. A família deve estar unida, todos contribuindo no que for possível para o desenvolvimento destas pessoas, num clima de prazer e cumplicidade, da qual também elas devem fazer parte. É necessário deixar de lado a culpa e permitir que os portadores de necessidades se constituam como pessoas como outras quaisquer. A pessoa portadora de necessidades especiais deve fazer parte do entorno familiar, onde todos devem contribuir para o seu desenvolvimento, acentuando suas possibilidades e não suas deficiências. Freinet constrói uma pedagogia, não cria um método como caminho fechado, mas técnicas educativas construídas lentamente com base na experimentação e documentação, que fornecem à criança instrumentos para aprofundar o seu conhecimento e desenvolver a sua ação. A Metodologia utilizada nessa pesquisa, foi da interação dialógica, com o professor, o professor assumiu o papel de mediador deste processo e propiciou espaços de mediação constantes, permitindo que as necessidades sejam atendidas. Os alunos com necessidades educativas especiais aprendem através dos mesmos recursos metodológicos empregados com os demais alunos embora, em alguns casos, adequações destes recursos sejam necessários com o objetivo de atender às necessidades especiais dos alunos. É bem verdade que no trabalho com portadores de deficiência auditiva vários métodos foram elaborados, orais gestuais, mistos, mas com o objetivo apenas de desenvolver a linguagem. Mesmo assim, atualmente, para atender a este objetivo específico a tendência é superar o emprego de métodos, por se acreditar que se torna muito restritivo. Nesse sentido, compreendemos, o que os alunos portadores de necessidades educativas especiais necessitam, tanto quanto os demais alunos, é que tenham acesso a uma aprendizagem significativa. No segundo destaque priorizamos um dos princípios da pedagogia Freinet “a livre expressão,”(7) do qual devemos entendê-la como uma pedagogia da totalidade. Todas as técnicas que respeitam a livre expressão, a livre pesquisa, o tateamento experimental(8) encontram na pedagogia Freinet um campo muito fértil. A expressão livre ocupa o centro da obra pedagógica de Freinet. Em vários de seus trabalhos ele nos indicou a possibilidade de conhecer a criança por intermédio de sua livre expressão. Muito se diz e interpreta sobre a criança sem procurar ver o que ela mesma tem a dizer sobre si. E este é um hábito das pedagogias tradicionais. A expressão livre é sempre o ponto de partida para a ação educativa. Livre de quê? Livre de esterótipos, de fórmulas prontas. Livre de uma imposição adulta externa estéril. Livre da incompreensão e, portanto, uma expressão que se completa na comunicação, que se torna compartilhada e que permite avançar. Que a criança possa verdadeiramente expressar seus sentimentos e idéias. É esta a liberdade que, em nossas classes, buscamos. A livre expressão é estimulada e acolhida como elemento propulsor de todas as atividades. Circula por meio de circuitos sistemáticos de comunicação instituídos na sala de aula e fora dela, por intermédio de técnicas educativas. Qual a importância das atividades de livre expressão que podem ser desenvolvidas com os portadores de necessidades especiais? Através de atividades artísticas e esportivas os portadores de necessidades especiais têm tido a possibilidade de se expressar e se desenvolver


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globalmente. As dificuldades não se encontram nestas pessoas, mas nas outras que não conseguem aceita-lo com a sua diferença. Na última Paraolímpiada, realizada em Barcelona, os portadores de necessidades especiais trouxeram mais medalhas de ouro para o Brasil do que os demais atletas, revelando, desta forma, mais a suas possibilidades do que as suas necessidades. Mas, para que a expressão seja verdadeiramente livre, é preciso que o educador ajude o educando a servir-se de suas potencialidades, criando um novo clima da classe. Um clima de confiança, de aceitação, de alegria, de cooperação, de afetividade; um clima em que a criança exercite a liberdade acompanhada da responsabilidade, isto é, assumindo tudo o que a liberdade pressupõe: limitações, frustrações, necessidades de organização para que o trabalho possa ser bem desenvolvido. Ser educador humanista, na visão de Freinet é ter a capacidade de desenvolver plenamente todas as capacidades da criança. Freinet procurou aprimorar todas as atividades infantis, tendo como concepção o bem-estar e a dignidade da criança como ser humano. A educação humanista é formadora de pessoas livres e de construtores de um juízo sólido e de nobre caráter. São palavras de Freinet: Nós somos educadores que tentamos, dentro de nossas próprias aulas, fazer passar para a prática, as idéias e os sonhos dos teóricos, que devemos assegurar a permanência das nossas funções, aplicando-os a torná-las mais eficientes. Temos de fazer nascer o futuro no seio do presente e do passado, o que implica num espetacular apelo à novidade, mas prudência, método e uma grande humanidade (1977, pp.10-17). A pedagogia de Freinet é uma pedagogia do diálogo. Não praticamos um método espontaneísta onde impera o monólogo do aluno abandonando a si próprio. Dialogamos com a criança, aprendemos a ouvi-la com sensibilidade e nesse processo nos educamos também. Não há diferença dos professores da Educação Especial para os demais professores. Atividades que tenham significado, que façam sentido para os alunos devem ser preocupação de todo e qualquer professor. A criança quando nasce é introduzida num mundo repleto de sentidos, de significados. É na interação social que as habilidades tipicamente humanas, como a linguagem, vão se constituindo. O sentido não é puramente do sujeito isolado, mas é na troca com outros sujeitos que este sentido emerge. É o processo de interação dialógica de professor/aluno e de aluno entre si que permite que os sentidos apareçam. Era uma preocupação de Freinet e das nossas próprias vemos a infância atual que sofre por problemas: a) a incompreensão excessiva aos meios de comunicação, às imagens pré-fabricadas, impedindo ou dificultando o exercício autêntico da imaginação. b) a condenação da infância às tarefas repetitivas e sem vida, sem significação, proporcionadas pela escola onde o trabalho é maçante da mesma que o trabalho adulto... A Importância da Pedagogia Integradora Freinetiana para a Educação Especial, objetiva proporcionar maior reflexão e expiração, para as necessidades de se planejar atividades que façam sentido para os alunos. Isto implica que o professor esteja atento á linguagem veiculada em sala de aula, entendendo que os textos utilizados para a leitura assim como a escruta devem fazer sentido para os alunos. A linguagem distanciada dos alunos, que não faz sentido para eles deve ser posta de lado. Para Freinet, nenhum homem pode ser considerado educador se não for fiel a suas tradições, sendo crítico e liberal. O professor tem papel fundamental, pois é um agente de mediação, um interlocutor de seus alunos, ensinando-lhes, não de forma mecânica, autoritária ou distante, mas através de um processo de interação dialógica. Praticar as virtudes e enobrecer o homem, a sabedoria humana, o exercício das faculdades naturais, a


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espontaneidade e o interesse pelas coisas naturais faz parte da filosofia embutida na pedagogia de Freinet. Também fazem parte de sua filosofia pela autenticidade pessoal e a autorealização e a construção de um ambiente democrático. Um dos primores do pensamento humanista de Freinet é que o educador deve orientar e capacitar seus alunos como indivíduos capazes de levar uma vida completa, intensa, marcada pelo envolvimento político é de boa conduta moral, com sensibilidade para apreciar o que é belo tanto na natureza quanto na arte. Freinet pretende liberar o homem de dogmatismos, fazendo-o artesão de sua própria educação, sujeito capaz de participar, de forma crítica e criativa, da construção de uma nova sociedade que lhe garanta um desenvolvimento integral, o mais humano e harmonioso possível. O fim da educação é o homem integral, capaz de participar da vida social de modo cooperativo, crítico e autocritico e criativo. Um dos objetivos da educação, na visão de Freinet, é o alcance da vida humana de forma plena e digna, colaborando para que as pessoas apropriem-se da cultura e da cidadania. BIBLIOGRAFIA DANTAS, Silva Betânia Maria. A construção do princípio da cooperação em Freinet no contexto da educação de jovens e adultos. Dissertação (Mestrado em Educação) Programa de Pós-Graduação em Educação. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Natal, 2006. DANTAS. Souza D’arc Joana. (Org.) Pedagogia Freinet: teoria e prática. Natal: CARTGRAF Editora, 2003. ELIAS, M.D. (Org.) Pedagogia Freinet: teoria e prática. Campinas, São Paulo: Papirus, 1996. FERREIRA, Whitaker, Maria Rosa. Freinet: evolução histórica e atualidade. São Paulo: Scipione, 1989. FREINET, Célestian. Pedagogia do bom senso. São Paulo: Martins Fonte, 1991. ------------------------. O método natural. Lisboa Estampa, 1977. FREINET, Élise. O itinerário de Célestian Freinet: A livre expressão da Pedagogia Freinet. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1979. --------------------. Nascimento de uma pedagogia popular. Lisboa: Estampa, 1979. GADOTTI, Moacir. História da idéias pedagógicas. 5ª ed. São Paulo: Ática, 1997. MAZZOTTA, Marcos José de Silveira. Trabalho docente e formação de professores de educação especial. São Paulo: EPU, 1993. OLIVEIRA, A, M. Célestian Freinet: raízes sociais e políticas de uma proposta pedagógica. Rio de Janeiro: Papéis e cópias de Botafogo e escola de professores, 1995. SEBARROJA, Carbonell, Jaume.[et al]; (Org.) Pedagogia do século XX. Tradução Fátima Murad. Porto Alegre: Armed, 2003. Notas


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1. Freinet foi um defensor da integração trabalho e educação, segundo a tradição revolucionária. Para ele apenas um importante meio educacional, mas tende a gerar verdadeira fraternidade entre os homens (Wagner G. Rossi). 2. Freinet censurou veementemente o autoritarismo, manifesto não só no caráter repressivo das normas de organização do trabalho, mas também na arbitrariedade dos conteúdos estanques, defasados em relação à realidade social e ao progresso científico, fossilizados em manuais superados. 3. Uma das propostas pedagógicas que mais tem traduzido contribuições em torno de uma educação crítica e a de Célestian Freinet (1896-1966). Influenciado por Montaigne, Rousseay, Pestalozzi, Ferriere, crítico da escola tradicional e das escolas novas, Freinet foi criador, na França, do movimento da escola moderna, que atinge atualmente professores dos vários graus (da pré-escola à universidade), em vários países, seu objetivo básico era desenvolver uma escola popular. 4. Os 18 princípios da aprendizagem de Celestin Freinet: 1- Toda aprendizagem deve se fundamentar no valor e na capacidade inerente a cada individuo; 2- Toda aprendizagem conduz a uma maior liberdade e autonomia; 3Toda aprendizagem autêntica conduz a uma coerência maior entre si e o universo; 4-Toda aprendizagem deve encontrar sua fonte no indivíduo; 5- Toda aprendizagem deve se fundamentar numa descoberta real; 6-Toda aprendizagem deve se fundamentar na experiência pessoal; 7-Toda aprendizagem autêntica implica na utilização de todas as propriedades do organismo; 8-Toda aprendizagem deve conduzir a uma conceituação e a uma modificação dos modelos interiores; 9- Toda aprendizagem deve se basear no respeito às diferenças individuais; 10- Toda aprendizagem autêntica deve estar fundamentada numa motivação interna; 11- É o individuo que tem melhores condições para oferecer um “feedback” a respeito de sua própria aprendizagem; 12- Toda aprendizagem se dá no tempo; 13- Toda aprendizagem implica em mudanças autênticas e significativas; 14- A avaliação é parte integrante do processo de aprendizagem; 15- A utilização dos erros faz parte integrante do processo de aprendizagem; 16- Toda aprendizagem implica em um clima de segurança e de liberdade; 17- Toda aprendizagem visa o desenvolvimento do indivíduo e a sua interação com o meio; 18- Os educadores transmitem sempre uma mensagem através da estrutura de trabalho que eles propõem e através das intervenções que eles efetuam. De acordo com Gadotti (apud Ferreira 1980) as invariantes pedagógicas são princípios pedagógicos que não variam seja qual for o povo que os aplica e consistem de testes para ser respondidos por professores. A prática pedagógica do professor fundamentada nos princípios freinetianos, está baseada na relação com os alunos, na construção pessoal e coletiva do conhecimento e no espírito de cooperação, capaz de desenvolver a auto-estima, a criatividade e a responsabilidade desde cedo. 5. Precisamos lembrar que o livre-arbítrio significa capacidade de pensar e agir. Vontade é sinônimo de arbítrio um poder de ação essencial em nossa vida. 6. Entre 7 e 10 de junho de 1994, em Salamanca, na Espanha, reuniram-se em assembléia os delegados da Confederação Mundial de Educação Especial, representando 88 governos de 25 organizações internacionais, reafirmando o compromisso com a Educação para todos, e elaboraram um documento, a Declaração de Salamanca que apresenta a Estrutura de Ação em Educação Especial, proclamando a importância da Educação Inclusiva, entendendo que as escolas devem buscar formas de educar os portadores de necessidades especiais “no sentido de modificar atividades discriminatórias, de criar comunidades acolhedoras e de desenvolver uma sociedade inclusiva.” 7. A Livre Expressão é a própria manifestação da vida. Praticar a expressão livre é dar a palavra à criança. O centro da escola não é mais o professor, mas a criança, a vida da criança; suas necessidades, suas possibilidades constituem a base do método de Freinet, de educação popular (Freinet, 1979, p.203). 8. O tateamento experimental nada mais é do que uma aprendizagem parte do concreto, ou seja, manipulação do real, sofrendo intervenções medida do possível faz com que os alunos compreendam melhor o ambiente em que vivem. Nesse contexto, a pedagogia do bom senso de Freinet os alunos produzem num clima de trabalho cooperativo.


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