jornal d@s bancári@s

Page 1

PUBLICAÇÃO NACIONAL DA CONTRAF-CUT | ESPECIAL MULHERES | MARÇO 2015

NO ATUAL RITMO, MULHERES TERÃO SALÁRIO IGUAL AO DOS HOMENS SÓ EM 2103

A

diferença de remuneração média entre mulheres e homens nos bancos teve pequena redução entre os Censos de 2008 e de 2014. Neste primeiro levantamento, as mulheres que trabalham no sistema financeiro recebiam remunerações médias equivalentes a 76,4% das auferidas pelos homens. No ano passado, essa relação passou a ser equivalente a 77,9%, demonstrando avanço de 1,5 ponto percentual em seis anos. Se for mantido esse ritmo de aproximação de salários entre homens e mulheres nos bancos, a equiparação salarial entre os sexos levará 88 anos para se completar. Em todas as regiões, houve redução da diferença entre salários de homens e mulheres, exceto no Nordeste, onde a remuneração média das

mulheres em 2008 significava 81,3% da remuneração dos homens e, em 2014, passou a 80,7%. O Norte e o Centro-Oeste apresentaram menor distância entre salários de homens e mulheres. Nes-

sas regiões, a remuneração média auferida pelas mulheres é, em média, 13% inferior à dos homens. Nas regiões Sul e Sudeste, a diferença salarial entre homens e mulheres é próxima de 24%. Veja no quadro.

Relação entre remuneração média de mulheres e homens nos bancos, por região natural I e II Censo da Diversidade - ( Censo Bancos 2008 ) / ( Censo Bancos 2014 )

76,4% 77,9%

Brasil

82,4%

87,3%

Norte

81,3% 80,7%

Nordeste

Fonte: Febraban Censo da Diversidade (2008 e 2014)

76,0% 76,6%

Sudeste

70,9%

76,0%

Sul

81,5%

87,4%

Centro-oeste


Por um PCS transparente e

democrático

O

fato é que as mulheres ainda ocupam os postos de menores salários e encontram barreiras na ascensão profissional, embora sejam praticamente metade da categoria e mais escolarizadas que os homens. Para minimamente romper com esse ciclo da discriminação e desigualdade é preciso medidas mais democráticas e transparentes na promoção de mulheres e homens. E isso passa pela implementação nos bancos de um Plano de Cargos e

Salários (PCS). A maioria dos bancos, especialmente os privados, sequer disponibiliza a relação de cargos com suas definições técnicas, assim como os critérios necessários para a sua ocupação. Hoje os critérios são muito subjetivos. Os trabalhadores e trabalhadoras não têm acesso às informações necessárias para traçar um plano de investimento na carreira, tanto em termos de formação, capacitação e remuneração. São pressupostos básicos para a construção de um PCS decente, transparente e democrático.

Mulheres negras, dupla discriminação

A

s mulheres negras sofrem com a dupla discriminação: de gênero e raça. Elas são sub-representadas nos bancos, principalmente quando comparado os dados da PEA (População Economicamente Ativa). É o que mostram os dados abaixo do primeiro Cen-

so da Diversidade (no segundo censo, os bancos omitiram essa informação). O peso do racismo e as intensas desigualdades raciais permanecem, pois a população negra é a que mais sofre com o desemprego, e quando empregadas permanecem em posições mais desprotegidas e mais

precárias e, mesmo equalizando a escolaridade, continuam em desvantagens. No setor bancário não é diferente, por isso é urgente a elaboração e implementação de medidas eficazes de combate à discriminação no acesso, especialmente das mulheres negras.

Presença de mulheres negras X PEA

BR AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MG MS MT PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS Setor 8% 24% 16% 26% 25% 24% 15% 12% 11% 12% 20% 8% 7% 13% 23% 13% 13% 17% 3% 11% 11% 13% 21% 2% PEA 18% 34% 21% 31% 29% 41% 30% 24% 23% 23% 38% 22% 16% 25% 36% 27% 28% 35% 8% 16% 30% 30% 33% 5% Fonte: Febraban Censo da Diversidade 2008

SC SE SP TO 1% 17% 6% 16% 3% 34% 11% 36%


Todos ganham com ambiente de trabalho mais democrático A contratação de 20% de negros(as) faz parte na minuta de reivindicação da categoria bancária, que os bancos se negam a discutir e convencionar, o que exige do movimento sindical bancário mobilizações e ações em conjunto com o movimento negro brasileiro. Um bom exemplo disso é o Programa Pró-Equidade de Gênero, que pode contribuir com o combate às discriminações. O programa, criado em 2005 pela Secretaria de Política para as Mulheres da Presidência da República, consiste atualmente na distribuição de um selo para as empresas que conseguem for-

mular e aplicar políticas de igualdade. São coletados dados do corpo de trabalhadores, posteriormente entregues com o plano de ação para enfrentar a desigualdade. A execução do plano é de 12 meses e, se aprovado, a empresa recebe o selo. Somente os bancos públicos aderiram ao programa. O objetivo é promover fortemente a igualdade dentro das ações

indicação de leitura Assédio moral no trabalho e as mulheres BARRETO, M. Violência, saúde e trabalho: uma jornada de humilhações. São Paulo: EDUC, 2000. Veja o comentário da ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres do governo federal, Eleonora Menicucci de Oliveira, sobre o livro:

“A beleza da obra de Margarida está em muitas faces, mas vou ressaltar aquela que me tocou mais profundamente como mulher e feminista: é a busca do reconhecimento do/a outro/a num mundo que é dirigido pela lógica do “mercado”, em que ninguém tem rosto, nem sexo, nem alegria, nem utopia: um mundo onde o individualismo e o egoísmo tomam conta dos diversos cenários, onde a cidadania se transforma em consumo, onde o medo toma o lugar da solidariedade, a competitividade imposta pelas metas de produtividade decreta o silêncio pelo medo de cair na malha do desemprego, tomando dessa forma o lugar do caminho pela conquista da liberdade.”

de diversidade e responsabilidade social, incorporar as metas do Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça em planejamento estratégico e incluir acordos coletivos e metas do programa nas discussões sobre mudanças das relações de trabalho. Desde a última Campanha Nacional, o movimento sindical reivindica que os bancos privados também façam a adesão ao programa. Para que se possa somar com outras ações na promoção de mais mulheres nos postos de trabalho, mais mulheres em cargos de direção, mais mulheres negras em todos os níveis e menor diferença de salários entre mulheres e homens.

poesia Homem não chora Sergio Vaz

Tem homem que não chora se humilha se ajoelha apanha na cara passa fome anda em farrapos beija a mão da vida e se cala, mas não chora. Sofre a valentia o ignora sufoca em silêncio não grita, implora medra em segredo enquanto soca o fraco, mas não chora. Covarde Tem voz de trovão mas foge do raio quando o medo ancora Se a mão sua bate na mulher quando apanha na rua, e o rosto nem cora. E tem homem que chora


Mulheres em movimento

mudam o mundo!

A

s mulheres no mundo todo se oirganizam e lutam por melhores condições de vida e até por sobrevivência. Neste ano teremos importantes Marchas e Encontros Nacionais de mulheres de diferentes setores. As rurais são protagonistas da já tradicional Marcha das Margaridas em agosto de 2015, as mulheres negras vão realizar a Marcha das Mulheres Negras, em novembro/2015, para dencunciar a discriminação de gênero e

8º Encontro Nacional de Mulheres Trabalhadoras da CUT

raça que sofrem. E as trabalhadoras da CUT, vão discutir as demandas femininas de todos os setores durante o 8º Encontro Nacional das Mulheres Trabalhadoras da Central Única dos Trabalhadores, março/2015. E a Marcha Mundial de Mulheres terão ações permanentes em vários Estados na 4º Ação Mundial da MMM.

TODAS SÃO CONVIDADAS A PARTICIPAR! PROCURE MAIS INFORMAÇÕES NO SEU SINDICATO.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.