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PROJETO SOCIAL

PROJETOS MINISTERIAIS

INTRODUÇÃO

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O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu para anunciar boas novas aos pobres; enviou-me para proclamar libertação aos presos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos. Lucas 4.17,18

Depois de ter vencido a tentação no deserto, Jesus, cheio do Espírito Santo, entrou na sinagoga na cidade de Nazaré em um sábado, cidade onde havia sido criado, e leu esse texto do Profeta Isaias. Ele se identificou como o “servo do Senhor” profetizado por Isaías, que “trará justiça” ao mundo” (Is 42.1-7).

A maioria das pessoas sabe que Jesus veio trazer perdão e graça. Porém, é menos conhecido o ensino de que a experiência da graça de Jesus Cristo em nossas vidas, inevitavelmente nos motiva a buscarmos justiça.

Ao ver as multidões, Jesus tinha compaixão delas “porque estavam aflitas e desamparadas, como ovelhas sem pastor”. Mt 9 35-38. “Quando Jesus saiu do barco e viu tão grande multidão, teve compaixão deles e curou os doentes” (Mt 14.14). Jesus expressa esse sentimento por ocasião da segunda multiplicação de pães e peixes: “Tenho compaixão desta multidão” (Mt 15.32).

As pessoas procuravam Jesus em busca de alívio por iniciativa própria. Os quatro evangelhos estão repletos das histórias onde Jesus realizou milagres em favor das pessoas que sofriam. Ele deu vista aos cegos, ressuscitou mortos, multiplicou alimento, expulsou demônios e anunciou que o reino de Deus era chegado.

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1. POR QUE A IGREJA DEVE SE ENVOLVER COM AÇÃO SOCIAL?

Deus continua chamando e vocacionando pessoas. Acabei de participar de uma conferência missionária, para crianças, jovens e adultos, vindos de todo o Brasil. Alguns deles vieram porque já estão engajados em ministérios sociais e na evangelização em suas igrejas. Outros porque sentem chamado para missões transculturais e desejam estar em contato com missionários de campos transculturais. É uma conferência missionária voltada para o despertamento de vocações. Chamou a atenção nesta conferência, o número de jovens interessados em servir ao Senhor utilizando seus dons e talentos na missão da evangelização e do cuidado de pessoas. Alguns, mais altruístas, demonstram a certeza de que querem trabalhar em campos não alcançados como janela 10/40, campos de refugiados, onde possam levar a justiça de Deus em favor dos que sofrem os efeitos da pobreza devastadora, da fome e da miséria, em consequência da falta de condições mínimas de sobrevivência. Eles estão sensibilizados com as notícias da mídia sobre multidões de pessoas em deslocamento pelo mundo todo, fugindo das perseguições religiosas, das guerras e da crise social, política e humanitária. São milhões no mundo todo em busca de acolhida e segurança.

Olhando para o cenário brasileiro, a grandiosidade das injustiças sociais para com os pobres nos deixa perplexos: Descaso das autoridades, corrupção, falência da saúde e da educação pública, violência generalizada, desemprego, moradias inadequadas, escassez de comida na mesa dos pobres, enquanto toneladas de alimento vão para o lixo. As comunidades pobres vivem constantemente o medo e o terror em virtude da violência causada pelo tráfico de drogas e pela criminalidade.

Quem trabalha com população em situação de vulnerabilidade social, ouve com frequência as seguintes frases proferidas por adolescentes que não têm mais esperança:

“Eu cresci no morro, vendo a polícia dar tiro para todo o lado, massacrar meus familiares e as pessoas da comunidade. Isso dá ódio e revolta sabe!”

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“Para mim, tanto faz matar ou morrer, é tudo mesma coisa. Meu sonho é chegar a ser o líder do tráfico na comunidade. Eles sim, tem dinheiro”

“Não tenho mãe nem pai. Tenho 2 irmãos, um morreu por causa da droga e o outro está preso. Vivo sozinha”

As vozes dos que estão sem esperança e sem perspectiva de uma vida digna, não encontram mais eco no ouvido das pessoas, nem mesmo das autoridades. Aqueles que tem um pouco mais de recurso tentam ignorar o clamor do sofrimento dos pobres e miseráveis, por não saberem o que fazer ou para não sofrerem também. Porém, a Igreja de Jesus é a resposta para todo o sofrimento humano.

Precisamos seguir o exemplo de Jesus na questão da obediência a Deus com relação à compaixão. Ele só fazia as coisas que via o Pai fazer, J 5.19. Uma vida de comunhão com Deus e obediência a sua Palavra, nos leva a praticar atos de justiça e compaixão em favor dos que sofrem. Esses atos refletem o caráter de Deus.

Maurício Cunha no seu livro “O Reino Entre Nós” cita:

“É marcante o exemplo dos primeiros cristãos, que após uma reunião para direcionar as atividades do apóstolo Paulo e de outros, chegaram à conclusão de que a única recomendação necessária era que eles deveriam se lembrar dos pobres Gl 2.10

Pacto de Lauzane

A discussão sobre o papel da igreja na ação social é um tema recorrente na história da igreja. Por ocasião do Congresso Internacional de Evangelização Mundial, em Lausanne/Suíça, 1974, com participação de mais de 150 nações, foi criado um comitê mundial das igrejas evangélicas que firmou um pacto conhecido como o “Pacto de Lauzane”. Este pacto foi elaborado tratando especialmente da evangelização e responsabilidade social da igreja. Ele sintetiza as principais características

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de uma igreja fiel e relevante. Entre os 15 itens, um, o de número 5 trata sobre “A Responsabilidade Social Cristã”, conforme transcrito aqui.

“Afirmamos que Deus é o Criador e o Juiz de todos os homens. Portanto, devemos partilhar o seu interesse pela justiça e pela conciliação em toda a sociedade humana, e pela libertação dos homens de todo tipo de opressão. Porque a humanidade foi feita à imagem de Deus, toda pessoa, sem distinção de raça, religião, cor, cultura, classe social, sexo ou idade possui uma dignidade intrínseca em razão da qual deve ser respeitada e servida, e não explorada. Aqui também nos arrependemos de nossa negligência e de termos algumas vezes considerado a evangelização e a atividade social mutuamente exclusivas. Embora a reconciliação com o homem não seja reconciliação com Deus, nem a ação social evangelização, nem a libertação política salvação, afirmamos que a evangelização e o envolvimento sociopolítico são ambos parte do nosso dever cristão. Pois ambos são necessárias expressões de nossas doutrinas acerca de Deus e do homem, de nosso amor por nosso próximo e de nossa obediência a Jesus Cristo. A mensagem da salvação implica também uma mensagem de juízo sobre toda forma de alienação, de opressão e de discriminação, e não devemos ter medo de denunciar o mal e a injustiça onde quer que existam. Quando as pessoas recebem Cristo, nascem de novo em seu reino e devem procurar não só evidenciar, mas também divulgar a retidão do reino em meio a um mundo injusto. A salvação que alegamos possuir deve estar nos transformando na totalidade de nossas responsabilidades pessoais e sociais. A fé sem obras é morta”.

O Papel da Igreja Local nas ações de Desenvolvimento e Serviço Social

“Vocês são o sal da terra. Mas se o sal perder o seu sabor, como restaurá-lo? Não servirá para nada, exceto para ser jogado fora e ser pisado pelos homens”. Mt 5.13

Onde o Evangelho de Jesus chega, o Reino de Deus chega, onde o Reino de Deus chega, as estruturas sociais são influenciadas e passam por mudanças. A igreja deve ser uma comunidade de transformação pessoal e social que capacita os indivíduos a trabalhar pela transformação em seu local de trabalho, no seu bairro

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e na sua família.

Richard Tiplady, no livro editado por Bertil Ekstrom, “A Igreja em Missão”, no capítulo “A igreja como comunidade transformadora”, lembra que o evangelho não é apenas sobre a salvação pessoal, mas também tem uma relação social e um aspecto comunitário. A igreja não é apenas o lugar onde as pessoas encontram mudança pessoal através da cura, perdão, reconciliação, mas, é onde elas também se tornam parte da comunidade que trabalha pela transformação mais ampla de sua localidade e de outras. Ele citou o que aconteceu na Escócia e nos Países Baixos:

“O famoso reformista escocês John Knox introduziu a educação primária universal em todas as paróquias do país, supervisionadas pela igreja local, para garantir que todos pudessem ler a Bíblia sozinhos. Os impactos da transformação social mais ampla dessa iniciativa fizeram da Escócia um dos países europeus mais educados e prósperos e líder na Revolução Industrial do Reino Unido. O teólogo holandês Abraham Kuyper, primeiro-ministro dos Países Baixos de 1901 a 1905, declarou: “Não há uma polegada, em todo o domínio de nossa existência humana, sobre a qual Cristo, que é o Senhor sobre todas as coisas, não diga: ‘É minha’ “. Maurício Cunha, no livro “O Reino de Deus e a Transformação Social”, nos leva e refletir sobre o papel da igreja, fazendo as seguintes perguntas: As igrejas devem implantar projetos sociais? Qual é o limite dessa ação? Qual é a responsabilidade das igrejas locais na implantação de projetos sociais? Se as igrejas fizessem o seu papel, as ONGs e as missões evangélicas deixariam de existir, já que se tornariam desnecessárias?

A igreja de Jesus é a agente de Deus na terra, dando continuidade ao que Ele sempre esteve fazendo: transformando vidas e comunidades. O teólogo e mártir alemão Dietrich Bonhoeffer disse:

“Não devemos apenas atar as feridas das vítimas atropeladas pelas rodas da injustiça. Mas sim, parar a própria roda”.

Precisamos nos convencer de que a Justiça social é um compromisso inerente

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ao cristão. Fazer justica e defender o direito do órfão, do estrangeiro e da viúva, é a nossa missão. Jesus tinha um programa de ministério transformador, Ele veio para fazer justiça aos pobres e oprimidos pelo pecado. “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu para anunciar boas novas aos pobres; enviou-me para proclamar libertação aos presos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos “. Lucas 4.8

• Anunciar boas novas aos pobres • Proclamar libertação aos presos • Restaurar a vista aos cegos • Por em liberdade os oprimidos • Proclamar o ano aceitável do Senhor

Ele trouxe um estilo de vida que condizia com o seu programa de ministério, Ele se identificou com aqueles que sofriam, conviveu com eles e os serviu em todo o tempo. Paulo descreve este estilo de vida em Filipenses 2.7, e nos convida a adotá-lo.

Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus,

• Ele tomou a forma de servo • Fez-se semelhante aos homens • Humilhou-se a si mesmo • Foi obediente até a morte e morte de cruz

Alguns textos bíblicos que nos encorajam a trabalhar em favor da transformação de pessoas, famílias e comunidades

• Em vez de ofertas de holocaustos, o Senhor ordena: “Busquem a justiça, acabem com a opressão”. Is 1.17

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• Aprendei a fazer o bem; atendei à justiça, repreendei ao opressor; defendei o direito dos órfãos, pleiteai a causa das viúvas. Is 1.17

• Fazei justiça ao fraco e ao órfão, procedei retamente para com o aflito e desamparado. Sl 82.3

• Assim diz o Senhor dos Exércitos: ‘Administrem a verdadeira justiça, mostrem misericórdia e compaixão uns para com os outros.

• Não oprimam a viúva e o órfão, nem o estrangeiro e o necessitado. Nem tramem maldades uns contra os outros’.

• Respondeu-lhe Jesus: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo, o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.

Destes dois mandamentos dependem toda a lei o os profetas. Mt 22.37-40

• Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que o Senhor pede de ti, senão que pratiques a justiça, e ames a benignidade, e andes humildemente com o teu Deus? Mq 6.8

• Quando no teu campo colheres a tua colheita, e esqueceres um molho no campo, não tornarás a tomá-lo; para o estrangeiro, para o órfão, e para a viúva será; para que o Senhor teu Deus te abençoe em toda a obra das tuas mãos. Dt 24.19

• Quando sacudires a tua oliveira, não voltarás para colher o fruto dos ramos; para o estrangeiro, para o órfão, e para a viúva será. Dt 24.20

• Quando vindimares a tua vinha, não voltarás para rebuscá-la; para o estrangeiro, para o órfão, e para a viúva será. Dt 24.19-21

2. O QUE É UM PROJETO SOCIAL

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É um empreendimento planejado que consiste num conjunto de atividades inter-relacionadas e coordenadas, com o fim de alcançar objetivos específicos dentro dos limites de tempo e de orçamentos dados”.

Como nasce um projeto social?

O projeto social deve nascer a partir de um diagnóstico sobre uma realidade, onde são detectadas necessidades sociais tais como: deficiência nas áreas da educação, saúde, moradia, saneamento básico, violência doméstica e urbana, drogas, problemas raciais, desigualdade social, desigualdade de gênero, opressão, exploração e dominação dos mais fortes sobre os mais vulneráveis, entre outros. Onde houver uma causa dessas, há oportunidade para um projeto social.

O Diagnóstico Social e sua importância no Projeto Social

Quando vamos em busca de tratamento médico, a primeira ação do médico é investigar a causa da doença. Na área social as ações também devem ser precedidas por esta fase, a fase do diagnóstico social, que vai possibilitar uma intervenção eficaz.

O diagnóstico social é o instrumento utilizado para o conhecimento e compreensão das realidades da pobreza e da exclusão social, ele deve ocupar um lugar de primazia, na medida em que constitui a base de um compromisso para a ação.

A População precisa ser ouvida e consultada no momento da execução do diagnóstico e sempre, em cada fase da execução do projeto social. Sua consideração sobre a realidade social onde vive, precisa ser prioritariamente levada em conta na hora da elaboração do projeto. Além dos problemas sociais que vivencia, ela possui sonhos e aspirações para aquela comunidade.

A análise dos contextos e das situações observadas deve nos oferecer um retrato da realidade. Não se trata apenas de saber, mas de conhecer para poder fazer. Esta tem sido uma das premissas em que se deve assentar uma ação social, o diagnóstico. Contribui também para identificar atores que podem desempenhar um papel fundamental nas ações.

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Segundo o Sociólogo Ezequiel Ander-egg, o diagnóstico social contribui para:

( Proporcionar conhecimento sobre a realidade permitindo identificar carências, necessidades, problemas, sonhos, vocações e aspirações de uma população; ( Mostrar quais são os problemas e o porquê desses problemas numa determinada situação. ( Apontar quais são os recursos e meios disponíveis para resolver estes problemas. ( Identificar os fatores mais significativos que influenciam, ou determinam a situação e os atores sociais implicados na mesma. ( Mostrar quais decisões tomar acerca das estratégias de intervenção.

3. PASSOS PRÁTICOS PARA INÍCIO DE UM PROJETO SOCIAL

Oração: Antes de tomar qualquer decisão para iniciar um projeto, busque a direção de Deus. Mantenha um período regular de oração pelo projeto, talvez ainda não seja um projeto concebido, mas é um desejo, um sonho. Busque parceiros de oração. E continue orando em todas as etapas do projeto.

A Bíblia está repleta de relatos de situações desesperadoras que foram totalmente mudadas quando alguém se dispôs a interceder e clamar pela situação. Em resposta ao clamor dos seus servos, Deus destruiu exércitos poderosos que se levantaram contra o seu povo, reverteu sentença de morte contra a nação inteira, abriu a prisão para libertar os seus, livrou pessoas da boca do leão e da fornalha ardente. A oração com fé tem poder para derrubar obstáculos, transformar vidas e mudar qualquer situação ou realidade social. “Se o meu povo, que chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e me buscar, e se converter dos seus maus caminhos, então, eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus peados e sararei a sua terra.” 2 Cr 7.14

Busque sabedoria e orientação na Palavra de Deus: Fique atento a direção que o Espírito Santo está trazendo à sua mente através da Palavra. Busque aconselhamento com líderes que possuem conhecimento da Palavra de Deus e experiencia na área social. Busque aconselhamento principalmente com o seu líder

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espiritual.

Aprenda com quem já faz: Projetos são dinâmicos, eles vão ganhando forma e vão se transformando à medida que você vai amadurecendo a ideia, lendo, ouvindo e compartilhando sobre o seu sonho. Dê muita importância àqueles que já estão nesta caminhada a mais tempo. Promova visitas para conhecer outros projetos. Busque se inteirar sobre o que já está acontecendo no seu entorno. Não pense que a sua ideia é única. Procure aprender com quem já faz, desta forma você pode evitar equívocos e erros.

Desenvolva parcerias e encontre formas de cultivá-las: Troque informações com as pessoas que frequentam a sua igreja. Neste exercício, você poderá perceber o interesse delas nessa missão. Para este trabalho, é necessário contar com o engajamento de pessoas voluntárias.

Estabeleça, valorize e cultive parcerias, procure identificar pessoas que possam ser voluntárias no seu projeto e cuide deles.

Conheça a vida das pessoas e da comunidade onde você deseja atu-

ar: Caminhe pela comunidade, entre nas casas, procure identificar lideranças na comunidade. Não pense que você sabe o que eles precisam. Eles têm sonhos e aspirações que podem ir além do que imaginamos, e têm prazer em compartilhar esses sonhos. Eles também possuem recursos, talentos e experiências. O capital mais importante de um projeto são as pessoas. Valorize e utilize estes recursos. Você não tem as respostas ou os recursos que eles precisam, permita que eles participem com as riquezas que possuem

Maurício Cunha, no seu livro “O Reino Entre Nós” no capítulo “Dando o Primeiro Passo: Conhecendo a Comunidade”, diz:

“Cada comunidade e cidade são especiais para Deus e ele tem sonhos e intensões específicos para cada uma delas. O nosso desejo deve ser deixar estes sonhos entrarem em nosso coração para nos motivar e guiar. Precisamos ter a expectativa daquilo que Deus tem preparado para eles. No primeiro momento, devemos gastar muito t*empo com os moradores locais. Este é o princípio: To-

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mar café, tomar, tomar água, tomar chimarrão...”

Encontre soluções: Com o desafio bem claro, o próximo passo é analisar quais saídas são tecnicamente possíveis e financeiramente viáveis para serem colocadas em prática para promover mudança na realidade social onde você pretende atuar. Avalie criticamente se a solução proposta realmente reduzirá os problemas que foram listados no item anterior. Escreva o seu projeto juntamente com a sua equipe, contando com a participação da comunidade. A comunidade precisa aprovar, precisa concordar e querer participar do projeto, não como parte do problema, mas, com ideias e propostas para contribuir na solução do problema.

Mantenha aberto um canal de comunicação frequente com a lideran-

ça da igreja: Apresente o projeto a liderança da igreja e busque uma formalização com a anuência dos líderes. Essa ação vai contribuir para chamá-los à responsabilidade e para assumir junto com você qualquer risco que possa haver. Estabeleça com a liderança uma forma e periodicidade para apresentação de relatório e prestação de contas. Compartilhe com a igreja as necessidades, os desafios os avanços e as conquistas do projeto. Envolva a igreja.

Pode ser que você encontre dificuldade para implementar um projeto social na igreja. Nesse caso, o mais indicado é fazer parceria com instituições que já desenvolvem alguma atividade social.

4. PROJETOS QUE PODEM SER DESENVOLVIDOS EM PARCERIA COM A IGREJA

A responsabilidade de iniciar projetos sociais é enorme. Envolver-se com a dor da outra demanda preparação psicológica e racional. É necessário haver uma preparação para esta tarefa. Essa ação requer parcerias, trocas, articulação, interação e interlocução com pessoas, grupos, conselhos de direitos, poder público, redes Inter setoriais e igreja. ( Atuação na comunidade: Realizar visitas domiciliares, conversar com as pessoas, investir tempo ouvindo suas histórias é dar voz a elas para expressarem e refletirem sobre a realidade social onde vivem e produzir as mudanças que preci-

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sam. Este é um projeto de desenvolvimento pessoal e comunitário. É também um dos papéis primordiais de qualquer igreja. ( Projetos em escolas públicas: Contação de histórias, tendo o cuidado de incluir histórias bíblicas no programa. Doação de livros para Ampliação do acervo de bibliotecas comunitárias ou de escolas públicas. Esses projetos devem ter como objetivo “Despertar o hábito da leitura como forma de prazer e busca do conhecimento, por meio de uma técnica onde os mediadores aproximam a criança e o adolescente dos livros de forma lúdica e interativa”.

Com a mediação da leitura e o contato com os livros, boas sementes podem ser lançadas nos corações das crianças. Ao ouvirem e lerem belas histórias, elas experimentam mudanças significativas em suas vidas.

No momento da contação de histórias, os livros devem ficar disponíveis as crianças. Devem ser livros interessantes e coloridos. Entre esses, devem estar livros de histórias bíblicas e exemplares da Bíblia em formato lúdico, ex. gibi. ( Projetos culturais: Oficinas de teatro, música, manejo de instrumento, canto coral, são projetos com grande potencial de transformação ( Aprendizagem profissional: Capacitar profissionalmente e promover a inserção de jovens e adolescentes no primeiro emprego. Esta ação já está embasada pela Lei de Aprendizagem (10.097/2.000). Para a inserção no mercado de trabalho é preciso desenvolver parcerias com as empresas da região. O objetivo principal de programas de profissionalização é contribuir para que os adolescentes e suas famílias sejam os agentes da sua autonomia e transformação social através da profissionalização e do trabalho.

Outra forma de capacitar profissionalmente, mais informalmente é através de oficinas e minicursos na área da costura, eletricidade, manicure, informática, bordado e outras áreas.

Esses cursos apresentam grande potencial para evangelização e inserção na igreja. (Auxílio a indivíduos em situação de rua: Conduzir campanhas para arrecadação de agasalhos e alimentos. Identificar o telefone de centros que acolhem in-

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divíduos em situação de rua na região para incentivar a manutenção desses locais. Estabelecer relacionamento de confiança mútua para fins de discipulado cristão. (Doação de alimentos: O vínculo com uma entidade poderá favorecer o trabalho sistemático. (Fortalecimento do vínculo familiar: Apoio à famílias que apresentam o vínculo familiar entre pais e filhos enfraquecidos ou rompidos. Pode ser através de oficinas de arte, cultura e esporte. Buscando o envolvimento da família, através de atividades específicas, visando o fortalecimento dos vínculos afetivos familiares. (Apadrinhamento financeiro de crianças: Em parceria com um projeto social já existente (Apoiar famílias refugiadas: Ensino do idioma português, aconselhamento e orientação profissional, apoio na elaboração de currículo para fins de emprego, auxílio para pagamento do aluguel da casa, acompanhamento pastoral, discipulado, apoio para colocação no mercado de trabalho, apoio e orientação no momento de matrícula de crianças na escola. Segundo o relatório “Tendências Globais/2017”, divulgado pela ONU, o número de deslocados no mundo chega a quase 69 milhões. São pessoas em situação de completa vulnerabilidade em terra estranha, precisando de socorro, acolhimento e proteção.

Nos últimos anos, a situação política e econômica na Venezuela levou mais de 1,5 milhão de venezuelanos a se deslocarem para os países vizinhos. Entre os principais destinos está o Brasil. Este fluxo migratório atingiu prioritariamente o estado de Roraima por fazer divisa com a Venezuela.

O Governo Federal, com o apoio da ACNUR e do Exército Brasileiro está promovendo o processo de interiorização dos Venezuelanos nos demais estados brasileiros.

O Governo Federal está em busca de organizações da sociedade civil que possam executar projetos de acolhimento desses refugiados. O objetivo é acolher, por um período de 3 a 6 meses, pessoas e famílias em situação de perseguição religiosa e ou violação de direitos humanos, em consequência de guerras e conflitos políti-

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cos, sociais e raciais.

Apoio que deve ser oferecido: Moradia, alimentação, capelania, cuidado médico, psicológico, regularização de documentos pessoais, auxílio para a colocação no mercado de trabalho e aprendizado do português.

(Projetos de Desenvolvimento Comunitário: Este tipo de projeto apresenta grande potencial de desenvolvimento e transformação de famílias e comunidades.

Desenvolvimento comunitário é trabalhar para o êxito dos outros. Isto exige maturidade e desprendimento por parte do trabalhador. O agente de desenvolvimento sábio faz com que o povo se envolva no processo de maneira participativa, de forma que as pessoas da comunidade sintam que o trabalho é delas. Livro: O Reino Entre Nós – Editora Ultimato

O Desenvolvimento Comunitário foca o empoderamento da comunidade como agente do seu próprio desenvolvimento visando a transformação. Desenvolve liderança local, utiliza os recursos da comunidade e tem o foco na mudança de valores da comunidade.

Envolver a comunidade em um processo de discussão, reflexão e tomada de decisões, gera o empoderamento das pessoas fazendo com que elas sejam as protagonistas do seu desenvolvimento. A comunidade que aprende a pensar e tomar decisões está sendo educada para a cidadania.

• Creches: Atender crianças provenientes de famílias em situação de vulnerabilidade social. Visa o desenvolvimento integral, e o preparo para o 1º ano escolar. Enquanto esses pequenos ficam em um lugar seguro durante o dia, as mães podem trabalhar com tranquilidade para o fortalecimento da renda familiar. Esses programas devem priorizar espaços de fala e escuta qualificada para as famílias expressarem suas dificuldades e angústias através de dinâmicas de acolhimento e rodas de conversa.

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• Casas de Acolhimento institucional para crianças e adolescentes: Acolher crianças e adolescentes vítimas de orfandade, maus-tratos, violência familiar e abandono. Tem como objetivo, desenvolver e autoestima e a autonomia, preparando-os para o retorno à convivência com a família biológica ou a colocação em família substituta.

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