semmais
Sábado 6 | Agosto | 2016
Diretor Raul Tavares Semanário | Edição 914 | 9ª série Região de Setúbal Distribuído com o Expresso Venda interdita
REGIÃO TEVE DÉCADA DE FOGOS DE ORIGEM CRIMINOSA
Na última década, cerca de 15 por cento dos fogos florestais que eclodiram no distrito foram de origem criminosa, refere um estudo do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas. Mesmo assim, a região é uma das menos afetados no país às mãos dos pirómanos. Os números falam por si: nos últimos dez anos há registo de 626 ocorrências deste tipo, sendo que 93 dos incêndios registados foram de origem criminosa, 526 por negligência e apenas sete tiveram origem em causas naturais.
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NEGÓCIOS PÁGINA 12
REGRESSAMOS COM A EDIÇÃO
Os sindicatos alertam para a possibilidade de o arranque do ano escolar na região ser problemático, devido à falta de verbas em alguns dos agrupamentos escolares. Uma das causas foi a aprovação tardia do Orçamento de Estado. As reuniões com o governo prosseguem.
É um problema antigo e acentuou-se com a crise económica, com muitos mariscadores a viverem deste expediente para sobreviver. Este ano as autoridades apreenderam já 93 toneladas de bivalves, um recorde. E fala-se de redes de contrabando para Espanha.
O Semmais vai fazer a sua habitual paragem técnica nas próximas edições, regressando ao convívio dos nossos leitores na primeira edição de Setembro. Trata-se de uma período de férias, que vamos aproveitar para proceder a pequenas alterações editoriais e gráficas.
ESCOLAS DO DISTRITO COM DIFICULDADES DE PAGAR ÁGUA E LUZ
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APANHA ILEGAL DE AMÊIJOA NO TEJO DISPAROU ESTE ANO
DE 6 DE SETEMBRO
SOCIEDADE DÉCADA NEFASTA EM TERMOS DE FOGOS FLORESTAIS REGISTADA POR UM ESTUDO DO ICNF
Na última década 15 por cento dos fogos na região têm origem criminosa Apesar de termos tido ano menos problemático em termos de fogos florestais, a região de Setúbal está entre aquelas onde a mão criminosa mais se fez sentir na última década. Um estudo do Instituto da Conservação da Natureza e Florestas indica que das 626 ocorrências, 93 foram intencionais, 526 por negligência e apenas sete tiveram causa natural. perturbações mentais, que acabam por ser declarados inimputáveis em tribunal. Conhecimento da causa crucial para estratégia de combate Segundo ICNF, o conhecimento das causas dos incêndios é «crucial na definição das estratégias de atuação mais impactantes na redução do número de ignições», considerando relevante perceber as motivações inerentes à ignição dos incêndios. «A análise da origem dos incêndios florestais em Portugal desde 2003 permite destacar a ação humana, por incendiarismo ou negligência, como as causas apuradas que originam maior número de ignições, pelo que será premente intervir no TEXTO ROBERTO DORES IMAGEM SM
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016 até tem sido um dos anos mais tranquilos para os bombeiros do distrito, mas com o verão em marcha todo o cuidado é pouco. Sobretudo se atendermos às estatísticas fornecidas pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) que mostram como, na última década 14,9%
dos incêndios investigados na região tiveram origem em mão criminosa. Mesmo assim o distrito de Setúbal está entre os menos afetados na da lista nacional dos fogos ateados de forma intencional, segundo as autoridades. O quadro do ICNF mostra terem sido apurados 93 incêndios intencionais, 526 negligentes e apenas sete tiveram causa natural, de um total de 626 ocorrên-
cias investigadas. A GNR avança que há três tipos de incendiários, apontando os que têm fascínio pelos fogos, pela ação dos bombeiros e pelo alarmismo social que se gera, havendo também quem ateie fogos para obter benefícios económicos. Há quem recorra a esta prática para fazer baixar o valor de determinados terrenos, havendo ainda as ignições que são feitas por incendiários com
âmbito da prevenção», destaca o mesmo organismo, acreditando que nos casos dolosos «o conhecimento da punição dos incendiários poderia contribuir para inibir possíveis seguidores». Acrescenta ainda ao ICNF que a «aposta na sensibilização dirigida a grupos específicos já referenciados, face aos comportamentos de risco tradicionalmente praticados, promoverá uma redução de ignições decorrentes de ações negligentes». Por outro lado, insiste, «é imprescindível reduzir a percentagem de ocorrências com causa desconhecida», embora nestes casos se exija «uma dedicação e esforço por parte da GNR no processo de investigação que, posteriormente, não se traduz em resultados efetivos», admite.
216 FOGOS E 70 HECTARES ARDIDOS NA REGIÃO EM 2016 Já este, e segundo os dados do Serviço de Proteção da Natureza (SEPNA) da GNR, 16% dos incêndios tiveram como causa mão criminosa, com a região a registar um total de 204 fogachos e 12 incêndios – um dos registos mais baixos dos últimos anos – e uma área ardida de 58 hectares. No ano passado por esta altura Setúbal já somava 392 fogos que consumiram 165 hectares de floresta.
ESTE ANO JÁ FORAM APREENDIDAS 54 ARMAS DE FOGO NESTE CONTEXTO, MERCÊ DE DENÚNCIAS DAS PRÓPRIAS VÍTIMAS
Apreensão de armas dispara no distrito em contexto de violência doméstica A região ocupa o segundo lugar em todo o país no que diz respeito a apreensão de armas em casas particulares, sendo que neste ano já foram confiscadas 54 armas. Segundo números da GNR, em 2015 registou-se um aumento de 35% de apreensões neste contexto, num ano em que o número de queixas de violência doméstica subiu mais de 40 por cento. TEXTO ROBERTO DORES IMAGEM SM
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distrito de Setúbal é a segunda região do país com mais armas apreendidas em casas particulares, num total de 54, segundo dados divulgados pela GNR, apenas atrás de Lisboa. É curioso o facto de algumas apreensões terem por base informações prestadas por vítimas de violência doméstica, que denunciaram os companheiros às autoridades. De resto, em 2015 a GNR registou mesmo um aumento de
35% no número de armas de fogo apreendidas no contexto de denúncias feitas pelas mulheres vítimas de violência, no mesmo ano em que os processos entre casais e ex-casais no distrito registaram uma subida de queixas superior a 40%, enquanto o Observatório de Mulheres Assassinadas (OMA) trouxe a público dados relativos à última década. Como o Semmais avançou, a região lamentou a morte de 45 mulheres num quadro de violência doméstica, surgindo o distrito entre os que se registam mais femicídios, apenas atrás de
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Lisboa e Porto. A maioria dos crimes foram cometidos com recurso a armas brancas e de fogo, utilizadas pelos maridos ou companheiros, segundo revela o OMA, que dá ainda conta de várias tentativas de homicídio ao logo da década. Desde 2013 que o fenómeno não pára de crescer A própria GNR confirma que as apreensões de armas de fogo não têm parado de crescer desde 2013 em todo o país. Nesse ano foram recolhidas 560 armas, enquanto no ano seguinte
foram 634 e em 2015 foram totalizadas 975. Segundo as autoridades, este género de ações é desencadeado quando as patrulhas são chamadas às ocorrências pelas próprias vítimas, familiares ao vizinhos e detetam indícios da presença de armas no domicílio do alegado agressor. Mas também têm sido encontradas armas na sequência de processos de investigação, em que são emitidos mandados de busca com autorização judicial para a apreensão, como medida preventiva, de todas as armas de fogo ou armas brancas que pos-
sam constituir um risco. Em causa estão, sobretudo caçadeiras, mas também pistolas, revólveres, armas de pressão de ar, munições e armas brancas, como navalhas, facas e bastões. Uns alegam ser colecionadores, outros justificam a posse dos arsenais com as atividades de caça e tiro desportivo. As buscas são realizadas, normalmente, pelos Núcleos de Investigação e Apoio a Vítimas Específicas, unidades da GNR especializadas no combate à violência doméstica, com o apoio das estruturas de investigação criminal.
SOCIEDADE SINDICATOS RECEIAM QUE O ARRANQUE DAS AULAS FIQUE PREJUDICADO COM LIMITAÇÕES ORÇAMENTAIS
Escolas na região em dificuldade para pagar a água e a luz A aprovação tardia do orçamento de Estado teve como consequência o funcionamento das escolas em regime de duodécimos durante metade do ano e os recursos financeiros estão quase esgotados em parte dos agrupamentos escolares. Os sindicatos receiam que a partir de Setembro a situação se complique ainda mais. consequência o funcionamento das escolas em regime de duodécimos durante metade do ano. Quer isto dizer com recurso a verbas fixas mensais atribuídas com base no Orçamento de 2015. Gastaram-se as verbas de cinco meses, fazendo com que já se estejam a esgotar os recursos financeiros para 2016.
TEXTO ROBERTO DORES IMAGEM SM
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ários agrupamentos de escolas do distrito correm o risco de ficar sem dinheiro para pagar as despesas correntes, segundo revela fonte sindical ao Semmais, numa altura em que já se receia que algumas escolas possam mesmo não consegui pagar as faturas de água ou eletricidade. Alguns agrupamentos já admitem ter de pedir reforço de verbas ao Ministério da Educação. De acordo com a mesma fonte, o orçamento para as escolas em 2015 já foi «uma coisa muito sofrível» para os vários estabelecimentos. «Houve verbas reduzidas com as imposições da política do anterior governo e passaram a trabalhar com muita dificuldade devido à conta da luz e da água», diz, recordando que alguns estabelecimentos chega-
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Sindicatos têm tido reuniões com governo e deputados
ram a recorrer a receitas próprias, como o aluguer de salas ou outras iniciativas. Foi esta a forma que arranjaram para ter o mínimo para funcionarem. «Mas o orçamento aprovado para este ano ainda foi mais curto», insiste, prevendo que as dificuldades venham a aumen-
tar nas escolas da região que, tal como a maioria dos estabelecimentos de ensino do país, também só receberam os orçamentos para 2016 no final de junho e foram surpreendidas com cortes. Alguns deles chegam aos 20%. A aprovação tardia do Orçamento do Estado teve como
«Posso confirmar que estamos já a preparar o início do próximo ano letivo e já há escolas com dificuldade. Seguramente a partir de setembro vão começar a surgir, de forma generalizada situações complicadas», insiste a fonte sindical, avançando que os sindicatos têm aproveitado recentes reuniões com membros do Governo e deputados para alertar para este problema. O Ministério da Educação já
admitiu «uma quebra de 4% na distribuição inicial». Da dotação referente às despesas de conservação, manutenção, assistência técnica e aquisição de serviços, orçada em 6,7 milhões de euros, «apenas foram distribuídos 4,3 milhões, sendo a restante verba distribuída ao longo do ano e sob indicação da DGEstE” (Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares). A titela sublinha que planos de conservação contemplados no ano passado, por exemplo, podem não o ser este ano, ou que os alugueres de instalações para prática desportiva sejam só contabilizados até junho. O problema é que os diretores garantem que projetos educativos e material pedagógico, como papel, ou equipamentos, como cadeiras, ou até de conservação, têm sido preteridos para se assegurar as despesas correntes, que dominam os orçamentos de funcionamento.
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SOCIEDADE CÂMARA DE SETÚBAL ANUNCIOU QUE A REQUALIFICAÇÃO DO FORTE, SOB A ALÇADA DO MINISTÉRIO DA DEFESA, VAI AVANÇAR
Forte de Albarquel com luz verde em obra que vale dois milhões de euros O imponente Forte de Albarquel, situado no coração da Arrábida e sob a jurisdição do Ministério da Defesa, vai finalmente ser intervencionado. O anúncio é da presidente da Câmara de Setúbal, Dores Meira. Para este desfecho contribuiu uma fundação inglesa que já tinha manifestado interesse em ajudar. TEXTO ROBERTO DORES IMAGEM SM
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orte de Albarquel, um dos equipamentos do Ministério de Defesa que esteve votado ao abandono e vandalismo durante décadas, já tem obra de requalificação adjudicada, segundo avançou a presidente da Câmara de
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Setúbal, Maria das Dores Meira, na última reunião do executivo. O projeto, que visa criar um espaço de fruição para todos, recuperando a ainda a área envolvente, vai ser recuperado ao abrigo da lei do mecenato pra abrir portas à cultura. A fortificação seiscentista que é banhada pelo rio Sado, no sopé da Serra da Ar-
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rábida, foi cedida pelo Governo à Camara de Setúbal, mas a sua requalificação, orçada em cerca de 2 milhões de euros, vai ser assumida pela fundação da inglesa Helen Hamlyn. Uma «apaixonada por fortes e por Setúbal», segundo justificou a presidente da autarquia sadina em janeiro de 2015 quando apresentou o projeto.
“Helen Hamlyn” com disponibilidade para oferta de obras Há muito tempo que Helen Hamlyn tinha demonstrado disponibilidade para oferecer as obras de intervenção no forte à Câmara de Setúbal, como já fez com outros equipamentos espalhados pelo mundo, casos do forte dos Reis Magos em Goa - conquis-
tado por Afonso Albuquerque - que se encontrava em ruínas ou a cidade fortificada no Rajasthán, norte da Índia, com 18 quilómetros de muralhas O Forte de Albarquel, que integrou a linha defensiva do litoral, sendo mandado construir por D. João IV, vai ter várias valências. Além de ser um núcleo museológico, deverá receber exposições
permanentes e temporárias e eventos culturais, desde concertos de música de câmara, a recitais de poesia, até peças teatrais. Diz o protocolo que o imóvel fica na posse do município por 32 anos. O período foi fixado em função do investimento que vai ser realizado e que equivale ao valor da renda do imóvel que teria de ser paga ao Estado.
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SOCIEDADE “O SOL DA CAPARICA” QUER AFIRMAR-SE COMO UM GRANDE EVENTO DA COSTA
80 mil ouvem boa música portuguesa à beira da praia Os sons portugueses e lusófonos dão à Costa de 11 a 14 de agosto. 33 artistas, 3 palcos, atividades paralelas e um dia dedicado exclusivamente às crianças fazem do Sol da Caparica um certame diferente de todos os outros. TEXTO ANTÓNIO LUIS IMAGEM ANTÓNIO LUIS
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rçado em um milhão de euros, o festival “O Sol da Caparica” está de regresso, pela terceira vez, à Costa de Caparica, entre 11 e 14 de agosto. A estrela da festa é a música portuguesa. Pelos três palcos vão passar The Gift, Áurea, Deolinda, Ana Moura, C4 Pedro, Diogo Piçarra e Ala dos Namorados são algumas das estrelas que prometem brilhar. São 33 artistas distribuídos por três palcos do parque urbano da Costa de Caparica. O último dia é dedicado às crianças. O presidente do muni-
cípio, Joaquim Judas, realçou que o festival, que «veio para ficar», conta com «grande envolvência» do poder local. «Este festival procura afirmar-se como um grande evento da Costa de Caparica. A nível nacional já se afirmou no quadro dos festivais, por ser um festival com música portuguesa», sublinhou, acrescentado que, em parceria com a União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa, tudo será feito para «levarmos mais longe este Sol da Caparica». O edil destacou a «elevada qualidade» dos artistas do Sol da Caparica que têm vindo a apostar
em novos trabalhos, o que, para si, é um «grande motivo de orgulho». Originalidade do último dia Já António Miguel Guimarães, diretor artístico do Sol da Caparica, que espera cerca de 80 mil espetadores, realçou a originalidade do último dia do festival, que dedica o dia aos mais novos. «Vamos ter dança e canção. É uma aposta muito forte da produção e é claramente distintiva dos festivais que se vão fazendo no nosso País». Mas também há, além dos concertos com os
grandes vultos nacionais, conversas com os artistas, poesia, tertúlias, telediscos, grafitis, exposições e dança. A dança vai ter um palco próprio, junto ao palco Blitz, onde mais de 150 bailarinos irão atuar nos intervalos dos concertos. O cinema de animação volta a marcar presença, com mais de duzentas películas do Festival Monstra, de Lisboa, antes e depois de cada concerto. A Praça Surf irá acolher «demonstrações e animações» de Street Skate, uma atividade «muito forte e a crescer na região». O apelo à preocupação ecológica é visível em caixotes do lixo,
pintados por cerca de 30 jovens. «São cerca de 100 peças, muito giras, que apelam às questões ambientais». A 3.ª edição do Sol da Caparica foi apresentada, em conferência de imprensa, no dia 27 de julho, pelo município e pela AMG Music, a bordo do veleiro Príncipe Perfeito, numa viagem pelo Rio
Tejo, desde Lisboa à Costa de Caparica. Mas antes, a imprensa foi transportada, em autocarro descapotável do festival, de Almada ao cais Rocha Conde de Óbidos, em Lisboa, onde estava atracado o veleiro “Príncipe Perfeito”. O bilhete diário custa 15 euros e o passe para os quatro dias 35 euros.
ESTRELAS ELOGIAM FESTIVAL O cantor Diogo Piçarra deposita «altas expetativas» no festival, porque «valoriza e respeita a música portuguesa e lusófona». O cantor confessa que é um «grande orgulho», para si, fazer parte do cartaz. «Ao convidarem-me estão a respeitar o meu trabalho, como artista e como compositor». Já Nuno Guerreiro, vocalista da Ala dos Namorados, que também se estreia neste festival, promete um concerto para fazer «uma retrospetiva dos 22 anos de carreira da banda e apresentar alguns temas que foram êxitos no século passado». E conclui: «A Ala está de boa saúde, recomenda-se e irá ficar por muitos mais anos». Por seu turno, Salvador Seabra, dos Capitão Fausto, que bisam no Sol, garante que é ótimo cantar junto à praia. «É um festival diferente dos que estamos habituados a tocar. O público é exigente e divertimo-nos há dois anos atrás. Espero que este ano também corra tudo bem».
FACECO de Odemira foi visitada por cerca de 30 mil pessoas
TEXTO ANTÓNIO LUIS IMAGEM SM
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26.ª FACECO – Feira das Atividades Culturais e Económicas de Odemira, encerrou portas
com balanço «bastante positivo». Cerca de 30 mil visitantes passaram por S. Teotónio, de 22 a 24 de julho. Mais de 200 expositores, gastronomia, artesanato, negócio e muita animação,
foram os pontos fortes. Promovida pelo município, a FACECO foi inaugurada pelo Ministro-Adjunto, Eduardo Cabrita, pela Secretária de Estado para a Cidadania e Igual-
dade, Catarina Marcelino, pelo Alto-Comissário para as Migrações, Pedro Calado, e pelo Secretário de Estado da Agricultura e Alimentação, Luís Vieira. Eduardo Cabrita realçou «o desenvolvimento e a transformação que a feira tem dado, ao longo dos anos, ao concelho, afirmando-se como um símbolo do seu potencial. A FACECO dá voz à identidade cultural, ao potencial económico e à dinâmica destes territórios». O edil José Guerreio, reconhece que o espaço da feira «deu um salto» qualitativo mas que ainda há muito por fazer. «A feira
está bem distribuída pelo recinto mas é preciso dotar alguns espaços com ar condicionado. É uma feira marcada pelos produtores e artistas da região», realçou, acrescentando que «é necessário melhorar acessibilidades, equipamentos de saúde, dotar o concelho de mais médicos e que o tribunal estivesse a funcionar em pleno e acelerar a chegada dos fundos comunitários». Destaque nesta edição para três espaços que derem relevo a áreas de intervenção municipal: o “Odemira Empreende” – Programa Municipal de
Empreendedorismo e Emprego, a Rede Social de Odemira, e o Espaço OJovem. As intervenções na zona costeira pela Sociedade Polis Litoral Sudoeste também estiveram em destaque, através da apresentação do ponto da situação e dos projetos das eco e ciclovias. Foram inaugurados o parque urbano da Quinta da Elsa e o Skate Parque. A feira recebeu o 28.º Concurso Nacional da Raça Bovina Limousine, o 13.º Concurso Regional da Raça Bovina Holstein Frísia, o 21.º Concurso Regional da Cabra Charnequeira e o 17.º Concurso Regional de Mel.
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LOCAL
ALCÁCER DO SAL CONCURSO PARA A REQUALIFICAÇÃO DO MUSEU PEDRO NUNES A abertura do concurso público para a requalificação do museu Pedro Nunes foi aprovada a 28 de julho, por unanimidade, em reunião do município. Foi ainda aprovada a nomeação do júri do procedimento. A intervenção que se pretende efetuar prende-se com três aspetos distintos: acondicionamento das estruturas arqueológicas através da proteção e respetivo aterro das mesmas, a executar previamente aos trabalhos para a conservação e manutenção no âmbito da obra de requalificação do edifício, onde se contempla a reposição do pavimento original em tijoleira de barro, identificada na escavação arqueológica no interior do edifício, obras de conservação e manutenção do edifício e a introdução de espaços e infraestruturas adequados.
SEIXAL PLANO EDUCATIVO PARA 2016/17 JÁ ESTÁ ONLINE O Plano Educativo Municipal 2016/17 já está online com toda a informação sobre os 119 projetos promovidos pela autarquia, nas áreas do ambiente, cidadania, cultura, desporto, património, proteção civil, saúde e tempos livres. O 33.º PEM propõe viagens temáticas pelo património natural e museológico do concelho, a elaboração de um jornal escolar, além de um vasto conjunto de iniciativas que promovem a criação de hábitos culturais e a adoção de estilos de vida saudáveis. Os interessados podem participar em vários projetos, mediante o preenchimento das respetivas inscrições nas atividades, e nos 12 programas de apoio disponíveis, a nível financeiro, logístico e técnico.
ALCOCHETE SEJA SALINEIRO NO SAMOUCO POR UM DIA A Fundação das Salinas do Samouco apresenta este mês vários atividades que se apresentam como alternativa para estes dias quentes de verão e convida a participar em experiências únicas num espaço natural de excelência. No dia 2 de agosto realizou-se o curso de iniciação à observação de aves aquáticas, orientado pelo biólogo Afonso Rocha, que dotará os participantes de mais conhecimentos sobre a ecologia e a biologia das diferentes espécies de aves aquáticas que ocorrem ao complexo de salinas do Samouco. Seja salineiro por um dia dá nome à atividade de rapação de sal que se realiza no dia 6 de agosto que permitirá aos participantes conhecer in loco uma das tarefas da atividade salineira. E porque não uma visita guiada pelo trilho do flamingo, a 6 e 7 de agosto, em que o complexo das salinas do Samouco está aberto ao público?
MOITA BIBLIOTECAS VÃO ÀS PRAIAS DO CONCELHO
SETÚBAL IGREJA DO CONVENTO DE JESUS JÁ REABRIU
O verão chegou e chegaram também as bibliotecas municipais à praia fluvial do Rosário e ao parque José Afonso, na Baixa da Banheira. Até ao final do corrente mês de agosto, aproveite para pôr as leituras em dia, ao ar livre, num destes espaços agradáveis. Com esta iniciativa, de levar as bibliotecas a zonas de lazer mais frequentadas nos meses de verão, a Câmara Municipal da Moita pretende fomentar o gosto pelo livro e pela leitura e, simultaneamente, atrair novos leitores para as bibliotecas municipais.
A Igreja do Convento de Jesus reabriu ao público a 29 de julho, após o fecho para o levantamento topográfico e desenvolvimento de estudos e investigações. É considerada um dos primeiros exemplos do estilo manuelino. No interior possui arcos, janelas e colunas torsas feitas em brecha da Arrábida, que suportam as abóbodas. O Convento de Jesus, situado no interstício das muralhas quatrocentistas e seiscentistas, é a principal referência patrimonial de Setúbal. Fundado em 1490, acolhe, desde o início da década de 60 do século XX, as instalações do Museu de Setúbal, acervo com diversas coleções artísticas, arqueológicas, históricas e documentais de elevado valor, nalguns casos com dimensão internacional.
SANTIAGO DO CACÉM GNR DETÉM 3 PESSOAS A FURTAR CORTIÇA Militares dos Postos Territoriais de Santiago do Cacém e Cercal do Alentejo detiveram, no dia 28 de julho, três pessoas quando furtavam cortiça numa propriedade privada em Alvalade do Sado. A ação decorreu quando os militares, durante o patrulhamento, avistaram uma viatura suspeita dentro do terreno, tendo surpreendido os suspeitos, dois homens e uma mulher, a furtarem cortiça diretamente das árvores, num total de 60 arrobas. A ação decorreu quando os militares, durante o patrulhamento, avistaram uma viatura suspeita dentro do terreno, tendo surpreendido os suspeitos, dois homens e uma mulher, a furtarem cortiça diretamente das árvores. Com idades dos 32 aos 44 anos, os suspeitos ficaram com termo de identidade e residência, permanecendo detidos até serem presentes a tribunal.
SINES CONCURSO DE ARQUITETURA JÁ TEM VENCEDORES A proposta “A Terceira Água”, da autoria dos alunos Flora di Martino, Rita Martins e Saule Grybenaite, da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto, venceu o Concurso Prémio Universidades Trienal de Lisboa Millenium bcp. O concurso foi lançado no âmbito do 4.º Trienal de Lisboa, The Form of Form, e constituiu um desafio a 14 escolas de arquitetura para um exercício que teve como ponto de partida o território de Sines. Participaram centenas de estudantes. A proposta vencedora foi a que levantou as questões mais relevantes e melhor representou as principais tendências das estratégias de resposta à problemática territorial de Sines: a conjugação de um núcleo urbano, indústria e estrutura portuária.
GRÂNDOLA POSTO DE MEIOS SOCORROS NO CARVALHAL Já está em funcionamento, no Carvalhal, o posto avançado de meios socorros dos bombeiros mistos. Situa-se em terrenos municipais e funciona todos os dias, das 8 da manhã às 8 da noite e é composto por uma equipa de 4 bombeiros, apoiados por veículo de 1.ª intervenção no combate a incêndios e por ambulância. Trata-se de um esforço conjunto entre aqueles bombeiros, o município, a Junta do Carvalhal e conta com o apoio financeiro de alguns investidores. A sociedade NIXIE atribuirá este ano 100 mil euros àquela corporação e garantirá o mesmo valor nos próximos 4 anos, em parceria com outros investidores do Carvalhal.
PALMELA CÂMARA MANTÉM APOIO AO BANCO ALIMENTAR CONTRA A FOME ALMADA CONCELHO FESTEJA 50 ANOS DA PONTE 25 DE ABRIL O município aprovou, em reunião de 20 de julho, a atribuição de 2 500 euros ao Banco Alimentar contra a Fome. Trata-se da comparticipação anual acordada, no âmbito do protocolo de colaboração celebrado entre a autarquia e esta instituição particular de solidariedade social, que desenvolve um trabalho de apoio alimentar que se reveste de grande importância para as populações mais fragilizadas, em particular, num contexto de degradação das condições de subsistência. Sediado em Palmela, a entidade apoia 138 instituições em 14 concelhos de Setúbal e Beja. Em Palmela, em 2015, foram apoiadas 13 instituições com acordo e outras 7, pontualmente, num total de 2.396 pessoas.
BARREIRO 400 MIL EUROS PARA REPAVIMENTAR ARTÉRIAS DA CIDADE
SESIMBRA MUNICÍPIO ASSEGURA LIMPEZA DA PRAIA DO RIBEIRO DE CAVALO
A empreitada do Plano de Repavimentações 2016, iniciada no passado dia 25 de julho, é promovida pelo município, e decorrerá até outubro. Prevê a repavimentação de 18 arruamentos, num investimento na ordem dos 400 mil euros. A Travessa Quinta dos Caldeiras, na freguesia de Santo António da Charneca, será a primeira a ser intervencionada e proporcionará significativas melhorias no conforto e na segurança para os automobilistas e peões que utilizem esta via municipal constituindo, igualmente, uma clara melhoria do espaço público. Já é possível aceder ao Plano de Repavimentações de 2016 no site do município.
O município está a assegurar a limpeza do areal na praia do Ribeiro de Cavalo durante o verão, e a recolher o lixo por via marítima, como forma de contribuir para o equilíbrio ambiental. O processo é feito duas vezes por semana, à segunda e à sexta, por uma empresa externa e pelos serviços municipais. A opção pela via marítima deve-se ao facto de o acesso terrestre ser sinuoso, o que tornava o transporte muito difícil. Esta medida só é necessária visto que muitos dos frequentadores da praia continuam a abandonar o lixo no areal, apesar das placas informativas que apelam ao civismo e às boas práticas ambientais.
A Câmara Municipal de Almada e a Aporvela – Associação Portuguesa de Treino de Vela assinalam os 50 anos da ponte 25 de Abril, entre 4 e 6 de agosto. Na manhã de 4 de agosto podemos assistir à chegada de três veleiros a Cacilhas, que se juntam à Fragata D. Fernando II e Glória, e que podem ser visitados gratuitamente, durante dois dias. Quem vier a Cacilhas nos dias 4 e 5 de agosto vai encontrar muita animação, street-food e música. Na noite de 5 para 6 de agosto pode assistir, à meia-noite, ao espetáculo de fogo-de-artifício lançado a partir do rio Tejo, que assinala os cinquenta anos da ponte que se comemoram no dia 6 de agosto.
MONTIJO SMAS INVESTEM EM COLETOR DE ÁGUAS RESIDUAIS DOMÉSTICAS Os Serviços Municipalizados de Água e Saneamento estão a desenvolver a 2.ª fase da remodelação do coletor de águas residuais domésticas da Av.ª Luís de Camões. O investimento é superior a 100 mil euros. O coletor apresentava várias deficiências a nível de funcionamento, nomeadamente, no que se refere ao seu desadequado dimensionamento para a realidade atual, facto que contribuía para situações recorrentes de obstrução provocando o encaminhamento de esgoto doméstico para o Esteiro da Quebrada. A obra em curso, com prazo máximo de execução de 91 dias, representa um valor do investimento na segunda fase de 34.777 euros +IVA. A primeira fase desenvolveu-se no final do ano passado (73.905,60 euros +IVA).
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CULTURA NUNO GONÇALVES, DOS THE GIFT
«Sempre houve matéria-prima para se fazer um festival só de música portuguesa» Nuno Gonçalves, fundador dos The Gift, liderou o projeto “Hoje”, um projeto pop criado para o lançamento do álbum “Amália Hoje”. Nesta entrevista levanta o véu sobre o novo disco da banda de Alcobaça e escolhe o que quer ouvir no Sol da Caparica. TEXTO RUI MIGUEL ABREU IMAGEM SM
Um festival como O Sol da Caparica, exclusivamente dedicado à música portuguesa, com projetos de vários géneros, era impensável que pudesse acontecer em Portugal, aqui há uns anos atrás. Não acha? Penso que o Portugal ao Vivo, que decorreu há alguns anos atrás, em Alvalade, foi prova de que era possível acontecer um festival só dedicado à música portuguesa. Houve medo dos programadores de arriscar na música portuguesa. Penso que matéria-prima sempre existiu. Não é de agora que a mú-
sica portuguesa cria e cultiva vários estilos. No final dos anos 90, tínhamos matéria, mas só agora é os produtores ganharam coragem. E haveria público para isso? Depende da promoção e
de como as coisas são feitas. O Sol da Caparica tem feito um trabalho notável na programação e na promoção. A partir do momento em que os festivais ganham a dimensão de serem conhecidos, significa que as coisas estão a
ser bem feitas e o público acaba por responder. Como vai ser o vosso concerto do Sol da Caparica? Vai haver alguma surpresa? A digressão foi ensaiada, para este verão, baseada nos 20 anos da nossa carreira, para um fechar de portas e depois lançarmos o próximo disco com cabeça, tronco e membros. Temos muitos concertos e somos uma banda bastante rodada. Vai ser uma noite onde queremos tocar aquilo que melhor sabemos. Vai ser uma grande festa. Fale-nos um pouco sobre o novo CD dos The Gift. É produzido pelo mega-produtor, Brian Eno, e
gostava que fosse lançado ainda este ano. A grande vitória deste disco já está alcançada. É uma vitória artística, de bastidores, de estúdio e de promoção. Foi uma experiência inesquecível. Estou muito contente. É de longe, o nosso melhor disco até agora. Aprendemos e disfrutámos imenso com este CD. Algum grupo/artista que gostava de assistir no Sol no dia da vossa atuação? Gostava de ver o Mundo Segundo & Sam The Kid. Parecem-me ser pessoas com a cabeça no sítio. Gostava de ver o que eles fazem palco.
SEMMAIS OFERECE PASSES PARA O “SOL DA CAPARICA”
O Semmais tem passes para oferecer aos nossos leitores para os três dias do Festival “O Sol da Caparica”, que decorre na Costa de Caparica, em Almada, de 11 a 14 de agosto. São quatro dias de muita música lusófona, animação e surf garantidos. Trata-se de uma produção da AMG Music, promovida pelo município de Almada e com o apoio de vários patrocinadores e media partners, entre eles o semanário Semmais. Aurea, The Gift, Ana Moura, Deolinda, David Fonseca, Diogo Piçarra, Nelson Freitas, os Azeitonas, entre muitos outros, constam no cartaz. Para se habilitar aos passes terá de se inscrever através do 918 047 918 ou do 96 943 10 85 e esperar que o sorteio lhe dite a sorte.
GANHE CONVITES PARA O “MUSICAL DA MINHA VIDA” NO CASINO ESTORIL Temos convites para os nossos leitores assistirem ao novo espetáculo de Filipe La Feria, intitulado “O Musical da Minha Vida”, em cena há vários meses, com grande sucesso, no Casino Estoril. São cabeças de cartaz Alexandra e Dora, entre outros. Para se habilitarem aos prémios, baste ligarem 96 943 10 85 ou 918 047 918.
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8 | SEMMAIS | SÁBADO | 6 DE AGOSTO | 2016
CULTURA FINALISTA DO THE VOICE PORTUGAL ACABA DE LANÇAR O SEU PRIMEIRO SINGLE ORIGINAL
«Quero chegar ao topo e poder ombrear com os maiores músicos portugueses» Considerado a revelação do The Voice Portugal, em 2014, Luís Sequeira, natural do Montijo, acaba de lançar o seu primeiro single original, “Amor Cega”, que pode ser ouvido nas plataformas digitais. O músico e compositor está a preparar o seu álbum estreia. A agenda para este verão está recheada de concertos. TEXTO ANTÓNIO LUIS IMAGEM SM
Store, Google Play, Spotify, e Amazon.
Semmais – Quer falar um pouco sobre o trabalho discográfico que acabas de lançar? O trabalho que acabo de lançar chama-se “Amor Cega”, que consiste num single (o meu primeiro) do qual sou o autor. Escrito em português, a letra fala sobre a noção que vamos ganhando quando uma relação está condenada ao insucesso. No fundo, aborda a complexidade das relações humanas e as intemporais aventuras e desventuras amorosas por que todos passamos.
Para quando está previsto o lançamento do seu CD de estreia? De momento, estou a trabalhar o meu primeiro álbum de estúdio. Nunca quis apressar nada, mas creio que para o meio do ano que vem, estará disponível para compra nas lojas e plataformas digitais.
Quem são os autores desse trabalho e onde foi gravado? “Amor Cega” foi escrito por mim e gravado nos estúdios do produtor/compositor Gabriel Cruz. O tema foi masterizado em Londres, nos estúdios da Abbey Road. Onde podemos apreciar o tema “Amor Cega”? Pode ser ouvido nas plataformas digitais: iTunes
O que é que os admiradores podem encontrar no seu primeiro álbum? Este álbum foi pensado e está a ser devidamente trabalhado de modo a que surja fresco e original. Quero que dê ao público a melhor introdução possível sobre quem sou e como me quero afirmar como artista. O fulcral é chegar às pessoas. Ficou desapontado por não vencer o 2.º The Voice Portugal? Qualquer um de nós merecia vencer o concurso. Os finalistas eram de muito bom nível nesse ano. Tive a sorte de ficar em 2.º lugar. Mas isso nunca me ti-
rou alento. Sei bem o que valho e o importante é ter as pessoas de que gosto do meu lado. Fale-nos da sua experiência televisiva na novela da RTP, “Água do Mar”, como ator... “Água do Mar” foi uma experiência de enorme aprendizagem e fazedora de amizades com gente que nunca me passou pela cabeça. Desde atores novos e promissores para o teatro e televisão portuguesa, vultos que já mais pensaria conhecer da representação nacional e membros de uma equipa e
coordenação muito trabalhadora, respeitadora e altamente unida.
cal” tem tido saída. As pessoas gostam e isso é o mais importante.
Como surgiu o gosto pelas cantigas? O gosto pelas cantigas, sempre esteve comigo. Mas intensificou-se com o facto de me aperceber do que eu conseguia fazer e do que, eventualmente, com treino e força de vontade, poderia evoluir e chegar ao ponto de “respirar” música. Descobri a uma dada altura que irei certamente viver para a música.
Gostou de ter feito a 1.ª parte do concerto de Jorge Palma, nas festas do Montijo deste ano? Fazer a primeira parte de Jorge Palma, na minha terra natal, foi extraordinário. Foi um grande passo na minha carreira. Correu muito muito bem. Isso dá. me ainda vontade de ser mais e melhor. Acredito muito que são nestes momentos que tudo o que trabalhas e o quanto te dedicas à tua arte, que valem a pena pensares no caminho
Como está a agenda de espetáculos para este verão? Este verão estou comprometido com concertos espalhados pelos cantos de Portugal. Felizmente tenho gente que aprecia o meu trabalho em muitas regiões do país. Esperemos que corra bem. Ainda anda a dar concertos pelo país com os Get Back? Estou sempre a atuar com os Get Back, o maior número de vezes possível. O projeto onde toco versões e temas do meu “lar musi-
a fazer. E para mim, é esse o caminho. O grande sonho ainda está por chegar? O meu grande sonho, enquanto artista, é chegar ao topo e poder ombrear com os maiores músicos portugueses de quem sou fã. Penso que é o sonho de todos os artistas. O trabalho, dedicação e persistência são a receita para que talvez um dia isto possa acontecer. Tenho muito que trabalhar. Mas é com o maior amor e paixão que tento fazer todos os dias com que eu seja melhor que ontem.
AS MEMÓRIAS DO FUTEBOL O cantor guarda «memórias e histórias» de vida do seu tempo enquanto jogador de futebol, as quais relembra com «muita alegria». Coisas que hoje o definem enquanto pessoa e músico. «Ainda jogo futebol sempre que posso. É um ‘bichinho’ que vai morrer comigo», confessa, relembrando que alinhou sempre, desde os 6 anos, nos campeonatos nacionais de todos os escalões, no V. Setúbal, Barreirense, Pescadores da Caparica e no Alcochetense. «Queria ser sempre melhor e jogar nos melhores clubes possíveis e obter sempre os melhores resultados», sublinha.
MANUEL PAULO, ALA DOS NAMORADOS:
«O Sol da Caparica reúne músicos de todos os géneros» Manuel Paulo é um veterano que conhece muito bem os meandros da música portuguesa. Atualmente é ele que conduz os destinos da Ala dos Namorados, o grupo em que brilha a voz de Nuno Guerreiro, mas este pianista tem atrás de si um percurso que recua até aos Trovante e que lhe oferece uma vastíssima experiência. do século 20, coisas do Max, por exemplo, e a nossa ideia é lançar o disco com base nesse reportório que é uma coisa que pensamos há muito tempo mas nunca fizemos . Estamos a gravar nas calmas.
TEXTO RUI MIGUEL ABREU IMAGEM SM
O Sol da Caparica é um festival que ergue bem alto a bandeira da música portuguesa. Imagino que fique feliz por saber que chegámos a um ponto na história em que estes momentos começam a ser recorrentes. Claro, como é evidente. Creio que não é caso único. Existe uma proliferação de festivais. Eu não sou grande consumidor de festivais. Ouvir música assim é um bocado complicado: muito barulho, muita gente a andar de um lado para o outro.
Nesses festivais, raros são os grupos portugueses que lá estão e quando estão muitas vezes são relegados para palcos secundários. Por isso é tão bom ter o Sol da Caparica, que reúne músicos de todos os géneros. O que é que a Ala dos Namorados tem preparado para este espetáculo?
No fundo isto tem um bocado a ver com o alinhamento que temos vindo a tocar este ano que incide obviamente sobre o nosso último disco, alguns temas incontornáveis do grupo e sobretudo andamos a revisitar mais canções obscuras do grupo, mas nem por isso menores. Nós estamos a preparar um trabalho de canções da pop
E vai-se manifestar isso no alinhamento do concerto? Sim, sim. Vamos tocar duas canções desse reportório. Há canções incríveis da pop portuguesa do século passado e ainda por cima é um território em que o Nuno Guerreiro, o nosso cantor, está perfeitamente à vontade. Nós por exemplo esta-
mos a fazer “As noites da Madeira” do Max que é um standard incrível e o Nuno canta aquilo muito bem, sem dúvida. Que outros nomes estão lá presentes que enquanto fã de música gostasse de ver? Acho que aquilo são tudo coisas que eu nem conheço bem e, de alguma forma, eu acho que isso é uma virtude: ser transversal. De qualquer das maneiras, eu gosto muito da nova música portuguesa. Tens excelentes autores, gente como o Samuel Úria, que eu nem sei se está no cartaz deste ano. Mas estou a dar
esse exemplo como outros. Quero ver se faço um apanhado de alguns espetáculos. Levantou o véu sobre o disco novo. Há assim algum plano para esse disco pensado? Que autores vão abordar nesse disco? Já fizemos uma coisa – que até vamos tocar no Sol da Caparica – uma canção da Filarmónica Fraude, que é a “Animais de Estimação”. Nós temos uma versão muito engraçada desse tema. Depois temos o Max, tenho a ideia de pegar no Francisco José, mas para já é tudo muito prematuro.
SEMMAIS | SÁBADO | 6 DE AGOSTO | 2016 | 9
DESPORTO “ONE TROIA JOSÉ MOURINHO TRAINING CENTRE” VAI SER UMA APOSTA FORTE E JÁ ESTÁ EM PLENA CONSTRUÇÃO
José Mourinho dá nome ao centro de estágios de Tróia
José Mourinho vai emprestar o seu nome ao novo Centro de Estágios de Tróia. Trata-se de uma aposta no turismo desportivo da Sonae, com dois campos de treino, balneários, edifício de apoio e outros luxos para equipas de alto rendimento. O técnico setubalense vai apenas dar umas dicas, em nome da sua paixão por Setúbal e pela região. TEXTO ANABELA VENTURA IMAGEM SM
O
Troia Resort aposta no turismo desportivo e está a construir um centro de estágios, o “One Troia José Mourinho Training Centre”, espaço adaptado às necessidades específicas de treino de cada equipa, respondendo com eficácia a todas as exigências. A construção do novo Centro de Estágios já está em construção e promete ser um dos mais apelativos da Europa, sendo que o nome do técnico português, natural de Setúbal, acabará por ser um chamariz para equipas de todo o mundo. «O centro de treinos em Tróia dará a qualquer equipa ou atleta uma motivação especial, assente na combinação perfeita entre beleza e tranquilidade», afirma o treinador do Manchester
United na página do projecto no Facebook. Já em entrevista exclusiva à SIC, José Mourinho considerava que a sua ligação à iniciativa não tinha «qualquer razão económica, nem qualquer parceria empresarial». Mas acentuou sentir-se «honrado» por associar o seu nome ao novo projeto da Sonae Capital pela sua longa e forte ligação à Península e afirmou que o novo centro beneficia do enquadramento perfeito e que reúne todas as condições. «Estou sempre disponível para tudo o que tenha a ver com a oportunidade de contribuir para a imagem de Setúbal e do distrito», afirmou na mesma entrevista. Ambiente relaxante e trabalho sem lacunas Segundo o projeto, as equipas poderão ajustar a estadia de acordo
com os requisitos pretendidos e com o seu nível de treino. Já os jogadores poderão contar com óptimas condições de treino, serviços especiais e um ambiente relaxante. José Mourinho parece estar a muito satisfeito com o andamento do processo. «Acho que conseguimos fazer uma coisa com pernas para ter sucesso, com pernas para ser prestigiante, para poder atrair pessoas, para poder ter uma Tróia melhor, para poder ter mais emprego”. O “One Troia José Mourinho Training Centre” terá dois campos de futebol, uma zona de treino de guarda-redes e um edifício de apoio com cerca de 300 m2 composto por balneários para 34 jogadores e 10 treinadores, sala para briefing de estágios desportivos/reuniões, zona de banhos (jacuzzi, tanques de água quente/ fria), zonas sociais com luz natural e vistas para o exterior, zonas
técnicas de apoio, entre outras infra-estruturas. Com excelentes condições para treino e recuperação, o novo centro terá ainda à disposição das equipas e jogadores uma variedade de opções de alojamento (hotel ou apartamentos/beach houses), ciclovia de ligação entre o centro de treino e o alojamento, actividades de lazer (praia, golfe, vela, ténis), possibilidade de utilização do Estádio do Bonfim, em Setúbal, para jogos particulares, me-
nus especialmente desenvolvidos em função dos requisitos físicos e do programa de treinos, fitness centre, entre outros serviços. Também o presidente da câmara de Grândola, Figueira Mendes, mostra-se muito satisfeito com o novo empreendimento. «Vem aumentar, diversificar e valorizar a oferta em Tróia e representa um forte contributo no combate à sazonalidade do Turismo no concelho de Grândola», afirmou em comunicado.
A PROVA EMBLEMÁTICA DO CICLISMO NACIONAL VOLTA A MARCAR PRESENÇA EM TERRAS DO SADO, INCLUINDO AZEITÃO E ARRÁBIDA
Volta a Portugal em Bicicleta passa pela região de Setúbal
A penúltima etapa da 78.ª Volta a Portugal em Bicicleta é decidida, a 6 de agosto, em Setúbal, com a emblemática prova do ciclismo nacional a passar por vários locais da urbe sadina e também por Azeitão e pela Arrábida.
A
s estradas na Arrábida e de acesso às praias da orla marítima de Setúbal não vão estar encerradas em virtude da prova, estando apenas condicionadas durante a passagem dos ciclistas. O reforçado efetivo da GNR que estará presente no terreno apenas permitirá o estacionamento nas zonas definidas para o efeito. A maior prova do ciclismo nacional, este ano integrada no calendário de eventos de Setúbal Cidade Europeia do Desporto 2016, regressa ao sul do país, com a meta da penúltima etapa instalada em Setúbal para finalizar um percurso de quase 190 quilómetros com início em Alcácer do Sal. A nona etapa da 78.ª Volta a Portugal em Bicicleta chega a Setúbal proveniente de Palmela pela N252, cerca das 16h00, para uma primeira passagem dos ciclistas no território sadino. Segue pela Avenida dos Ciprestes,
depois pela Avenida da Europa e pelas rotundas Tratado de Roma e das Oliveiras, saindo da cidade em direção a Azeitão. O percurso pelo concelho prossegue em direção a Azeitão pela N10 e, depois, saindo desta estrada nacional pela Rua Alto das Necessidades, com passagem pela Quinta de Alcube. À chegada ao Alto das Necessidades, com um Prémio de Montanha de 3.ª Categoria, continua pela Rua de Setúbal e entra novamente na N10 em direção a Vila Nogueira de Azeitão. Em Vila Nogueira de Azeitão, os ciclistas chegam à Rotunda da Bacalhôa e entram dentro da vila para continuar o percurso pela Rua Dr. Francisco Gonçalves de Oliveira. Depois atravessam as ruas Poeta Sebastião da Gama e José Augusto Coelho e, já em direção a Setúbal, saem da N10 para continuar a prova pela Rua dos Picheleiros e M528, pela Arrábida.
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Em pleno Parque Natural da Arrábida, o percurso pela M528 culmina na interceção com a N10-4, em direção ao Outão/ Rasca. No final da N10-4, os ciclistas continuam a competição pela N379-1 e seguem em direção à Praia da Figueirinha. A chegada a este local está prevista para perto das 16h45. A prova continua pela N3791 em direção a Galapos, zona na qual começa a subida da Arrábida. Em direção a Setúbal, pela N379-1, passa pelo Convento da Arrábida e há um novo Prémio de Montanha, desta feita de 2.ª Categoria, no Alto da Arrábida. Os ciclistas avançam, novamente, até à N10-4, para a derradeira fase da competição. Os ciclistas continuam pela N10-4, passam pelo Parque de Merendas da Comenda e reentram em Setúbal pela Avenida Luísa Todi, artéria na qual está instalada a meta, concretamente no Largo José Afonso. A chegada dos
atletas para o final da prova está prevista entre as 17h20 e as 17h30. A penúltima etapa da 78.ª Volta a Portugal em Bicicleta começa em Alcácer do Sal pelas 12h45, para um percurso com
um total de 187,5 quilómetros que se estende a Montemor-o-Novo, Vendas Novas, Pegões, Montijo e Palmela, onde há uma meta volante com início por volta das 15h55.
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SEMMAIS | SÁBADO | 6 DE AGOSTO | 2016 | 11
NEGÓCIOS AS AUTORIDADES FALAM DE UM RECORDE ABSOLUTO NO DISTRITO E NUM NEGÓCIO QUE VALE MILHÕES DE EUROS
Apanha ilegal de amêijoa dispara na região em 2016 Só entre Janeiro e Junho deste ano, o controlo costeiro da GNR apreendeu 93 toneladas de bivalves, muito acima do verificado em período homólogo do ano passado. Nos dois anos anteriores, foram apreendidas 31 toneladas, em 2015, e 14 toneladas em 2014. TEXTO ROBERTO DORES IMAGEM SM
É
um recorde absoluto no distrito. O controlo costeiro da GNR identificou, só no primeiro semestre deste ano, 187 pessoas por apanha ou comercialização ilegal de amêijoa, atingido quase o valor do ano
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passado, quando 200 infratores foram identificados depois dos 106 em 2014. Por não ser matéria criminal, não há detidos, mas as autoridades alertam não para de aumentar, sobretudo entre Alcochete, Barreiro e Almada Mais. Entre janeiro e junho deste ano, o controlo costeiro da GNR apreendeu 93 toneladas de bivalves, muito acima do verifica-
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do em igual período dos anos anteriores, depois de em 2015, terem sido recuperadas 31 toneladas e no ano anterior mais 14 toneladas. Há duas semanas a GNR anunciou a apreensão de mais de duas toneladas de amêijoa japónica, avaliadas em cerca de 17 mil euros, durante as ações de fiscalização que decorreram em vários locais do distrito.
O próprio comunicado da GNR revela que «a operação teve como objetivo detetar infrações relacionadas com a pesca profissional, arrasto e transporte ilegal de bivalves», tendo sido detetadas viaturas a efetuar o transporte de bivalves nas zonas do Lavradio e Azeitão sem o documento de registo obrigatório. Também no Samouco foi detetada uma viatura a efetuar o carregamento de bivalves apanhados no estuário do rio Tejo, alertando a GNR que «o infrator era possuidor de documento de registo para transporte de bivalves, mas os mesmos continham diversas incorreções no seu preenchimento, mencionado que teriam sido capturados e carregados em outra zona», revelam as autoridades. As amêijoas foram devolvidas ao seu habitat natural. Redes organizadas e contrabando para Espanha Há dias o Jornal de Notícias falava de um «um negócio de milhões», após uma investigação que aponta para alegado «contrabando para Espanha de amêi-
joa apanhada clandestinamente», sobretudo no estuário do Tejo, dando mesmo conta de redes organizadas que controlam a apanha, a mão-de-obra, a gestão de barcos e motores, o armazenamento e todo o transporte para Espanha, em particular para a Galiza. Isto numa altura em que mais de uma dezena de indivíduos, na maioria empresários, já foram constituídos arguidos pelo Serviço de Investigação Criminal da Polícia Marítima de Lisboa, que já está também a movimentar as autoridades espanholas. Recorde-se que a apanha de amêijoa no estuário do Tejo acelerou em 2013 na sequência da crise em que o país mergulhou. Quem estava no desemprego encontrou aqui uma forma de garantir algum rendimento, com a possibilidade de ganhar uma média de 30 euros por dia. A maioria dos mariscadores chegam em grupos de quatro e cinco pessoas, dividem o combustível e chegam a dormir várias noites no interior das viaturas para aproveitarem os dias de melhores marés.
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SEMMAIS | SÁBADO | 6 DE AGOSTO | 2016 | 13
EDITORIAL
OPINIAO
Raul Tavares Diretor
Paragem técnica e boas férias
F
echamos com a presente edição este ciclo editorial que chega ao primeiro interregno do ano. Infelizmente, nos últimos anos, sobretudo com a chegada e permanência da crise, fomos obrigados a proceder a paragens técnicas um pouco mais alongados. A necessidade de férias na gestão de recursos que passaram a ser mais curtos, a obrigação de reformular linhas editoriais e refrescar aspetos gráficos do jornal, são as causas maiores da paragem junto do nosso mercado consumidor e dos leitores em especial. É isso que pretendemos fazer, num ano em que estamos igualmente a apostar em alguns novos projetos, forma de estar dos responsáveis do Semmais e das tradições da marca, no que diz respeito à inovação e profissionalismo. É também um tempo para recarregar baterias e voltar mais fortes. Este projeto, prestes a entrar em duas décadas de atividade, mobiliza-se a cada ano. Revitaliza-se, numa certeza de que a sua missão em prol do jornalismo e da região, é correspondido. Vamos, pois, fazer uma paragem de três semanas e prometemos voltar com a mesma garra e com o mesmo sentido de conquista de novos leitores e mais presença no mercado. Desejamos a todos, fiéis leitores, amigos do Semmais, clientes e parceiros uma férias retemperadoras e um regresso com energia e vontade de vencer.
Das pedras brotam flores …
A
conteceu no auditório da Cúria Diocesana, cuja cedência agradeço. Numa tarde, foram contadas histórias, de que, normalmente, ignoramos as causas e os detalhes. Pelo contrário, falamos delas a partir de (pré) juízos. Mas, naquela tarde, foram os próprios sujeitos da ação (sem nomes fictícios), que contaram as suas histórias de vida, em forma de narrativa teatral. Foi a primeira vez que assisti a uma “representação teatral que não foi uma encenação, um “faz de conta”. A sala encheu. Os espectadores, rapidamente, assumiram as vidas narradas, envolvendo-se, emocionalmente. Mais do que isso, foi-lhes dado o papel de fazerem de mensageiros de éditos, dirigidos aos habitantes da cidade e publicarem-nos, em alta voz, ao som da trombeta da ternura: “Toda a gente é pessoa”. Alguns, apenas por nunca terem sido devidamente amados, tornaram-se “feios, porcos e maus”, mas, acreditem que se lhes mostrarmos que são importantes e capazes de recriarem as suas vidas, reencontrarão a sua dignidade e mudarão a sua existência. Nós vimos, por isso atestamos”. Alguns já estão no placo da vida a cumprirem o seu papel. Partilho algumas frases que saíram do “guião” das suas almas: «…a minha profunda
gratidão por ter tido a oportunidade de participar de momentos de partilha únicos de quem sente tão profundamente o dom que é a vida. Agradeço a todas e todos que partilharam as suas vidas de uma forma tão transparente e simples, mas de uma profundidade enorme. É realmente quando nos confrontamos com histórias de vida que se recriam desta maneira, que entendemos somos e o tanto que há por fazer!»; «Quero que saiba (e que faça constar aos envolvidos) que me emocionei muito com a representação e sobretudo com o seu conteúdo.»; «é certo que todos os dias aprendemos…mas há dias em que aprendemos mais. Ontem foi um desses dias!». Faltaram, com as suas justificações, a maior parte das ditas “forças vivas” do concelho a quem, através de mim, os protagonistas que estão sem–abrigo ou são seropositivos, convidaram, dizendo que era muito importante a sua presença. A presença destas “figuras públicas” teria feito muito bem à auto estima de quem os convidou. A mim, a ausência destes convidados fez-me recordar a frase de Saint Exupéry: ”Foi o tempo que perdeste com a tua rosa que fez dela importante.” Nessa tarde, outro momento inesquecível foi a apresentação
ATUALIDADES EUGÉNIO FONSECA
PRESIDENTE DA CÁRITAS DIOCESANA pública do CD que gravaram com o título “Recriar-se”. Cada um cantou, ao vivo, a canção que escolheu para gravar no CD. Vale a pena adquirir esse CD e oferecê-lo a amigos, não só por motivações solidárias, mas também pela qualidade de que se reveste. Tudo isto nasceu de um programa de estágio de um dos alunos do nosso Instituto Politécnico, mais concretamente, da Escola Superior de Educação, com a colaboração de um dos seus professores. Que tarde tão maravilhosa. Jesus Cristo esteve lá deste o princípio ao fim, porque a energia positiva que o público passou para os “atores” e cantores foi – sabendo ou não – em Jesus que a encontraram (Cf Mt25). Foi também uma tarde muito importante, principalmente para alguns que, poucos dias antes, viram arder o pouco que ainda lhes restava, no incêndio de uma das antigas fábricas existentes em frente ao Clube Naval. Enquanto as chamas consumiam o que restava das
paredes, alguns dos populares, que assistiam, pediam aos bombeiros que deixassem arder tudo para que esses “ratos” saíssem de lá. Esses “ratos” são 6 homens que ali “anestesiavam”, durante a noite, a dores da alma. O fogo não consumiu tudo, mas conseguiu queimar a maior preciosidade que um deles possuía: umas fotografias dos seus filhos, que há muito não vê, e que deixou num país do leste da Europa para vir buscar melhores condições de vida para eles. Não duvido da bondade da nossa gente, pois tenho tido incontáveis provas disso, mas deixa-me confuso certo tipo de posturas: agora há animais que têm o nome de pessoas e frequentam lugares que muita gente não pode frequentar por falta de dinheiro e a certas pessoas dá-se o nome de animais. Que nome deveriam ter essas pessoas? Só peço a quem se porta assim que nunca se esqueça que, os espinhosos cactos também florescem e, muitas vezes, das pedras brotam flores!...
Vitórias e vitórias
R
ejubilámos com a nossa vitória contra a França. Exultámos de orgulho. Para uns bacoco. Para outros apenas a exteriorização do sentir Português. E foi tão bonito o sentimento de alegria de um povo sofrido, tantas vezes humilhado. O sentimento de partilha entre irmãos, de pertença a uma Nação, de paridade com os nosso emigrantes, com as nossas ex-colónias, de irmandade com os Timorenses, Angolanos, Moçambicanos, Cabo-Verdianos, Brasileiros, São-Tomenses, mas todos Portugueses no sentir, na alma, onde o coração trai os tratados. Mas também foi bom sentir os nossos imigrantes a comungarem da nossa alegria. Prova de que os acolhemos como iguais e eles iguais se sentem. Somos um Povo bom. E isso reflecte-se
na amizade que nos dispensam. Mas esta semana tivemos uma grande vitória para as nossas vidas. Não foram os golos do Ronaldo ou o inimitável momento de magia do Éder. Tão pouco as defesas do Rui Patrício, ou os bloqueios do Pepe. Foi antes uma concertação de vontades do Costa, do Marcelo, do Pedro, da catarina, da Assunção e do Jerónimo, porque com essa vitória evitámos que muitos milhões saíssem do nosso bolso, ou nem sequer entrassem. Simultaneamente evitámos uma injustiça e uma humilhação. Outros incumpriram antes de nós, mas a Europa queria mostrar o seu poder contra os Ibéricos. Sempre a mesma coisa, para não dizer pior – Forte com os fracos, fraco com os fortes. Mas ficou o aviso e, tendo em conta que a Comissão
UM CAFÉ E DOIS DEDOS DE CONVERSA PAULO EDSON CUNHA
VEREADOR PSD CÂMARA DO SEIXAL já obrigou a que Portugal encerre o défice excessivo “em 2016” e que reduza o défice público para os 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB) no final deste ano, uma meta que exclui eventuais impactos de apoios ao setor bancário, pedindo ainda Bruxelas que Portugal “use os ganhos inesperados para acelerar a redução do défice e da dívida”. Mais, a terceira exigência feita ao Governo português é que “adote e implemente totalmente medidas de consolidação [estrutural] no montante de
0,25% do PIB em 2016”, exigindo o executivo comunitário que sejam implementados “mecanismos de controlo da despesa adicionais” na aquisição de bens e serviços feitos pelo Estado e que sejam adotadas “mais medidas de natureza estrutural para alcançar o esforço estrutural recomendado”. Eu concluo: Costa, Catarina e Jerónimo que cantem de galo agora porque, a partir deste momento começam a sentir na pele o que é governar a sério, ou então desgraçam de vez o nosso País.
Diretor Raul Tavares | Redação Anabela Ventura, António Luís, Bernardo Lourenço, Cristina Martins, Marta David, Rita Perdigão, Roberto Dores | Departamento Comercial Cristina Almeida – coordenação | Direção de arte e design de comunicação DDLX – www.ddlx.pt | Serviços Administrativos e Financeiros Mila Oliveira | Distribuição José Ricardo e Carlos Lóio | Propriedade e Editor Maiscom, Lda; NIPC 506 806 537 | Concessão Produto Maiscom, Lda NIPC 506 806 537 | Redação: Largo José Joaquim Cabecinha nº8-D, (traseiras da Av. Bento Jesus Caraça) 2910-564 Setúbal. E-mail: redaccao.semmais@ mediasado.pt; publicidade.semmais@mediasado.pt. | Telefone: 93 53 88 102 | Impressão: Empresa Gráfica Funchalense, SA. Rua Capela Nossa Senhora Conceição, 50 – Moralena 2715-029 – Pêro Pinheiro. Tiragem: 45.000 (média semanal). Distribuição: VASP e Maiscom, Lda. Reg. ICS: 123090. Depósito Legal; 123227/98
14 | SEMMAIS | SÁBADO | 6 DE AGOSTO | 2016
análise das situações político-partidárias que poderão surgir no futuro. É que, a curto prazo, pese embora a perspetiva do reforço da esquerda parlamentar e nela do PS, parece pouco sustentável que o Presidente da República desencadeie a curto prazo novas eleições legislativas para no essencial tudo ficar na mesma. É certo que, nesta hipótese de eleições antecipadas a curto prazo, o desaire da direita conduziria à criação de condições para que se operassem mudanças na direção política no PSD tendo em atenção os estudos e sondagens existentes. Essa é mesmo a perspetiva mais consistente face aos ensinamentos que a história do PSD nos oferece. Mas, mesmo esta eventual ocorrência, e porque não haveria num ápice alterações aos órgãos dirigentes, face ao período para a convocação dos órgãos partidários, inclusive do próprio Congresso, parece não existirem condições para fazer alterar no essencial o xadrez político-partidário da atual governação. Questão diferente poderá ocorrer após as eleições autárquicas. Este raciocínio
POLÍTICA MESMO VITOR RAMALHO
ADVOGADO
parte do princípio que, ao contrário do que muitos vaticinam não se criarão condições para o Orçamento de Estado para 2017 não ser aprovado. É que, a circunstância desse orçamento não ser instrumento fácil de consensualizar à esquerda, não significa que não o venha a ser. Daí que a alteração da presente situação, vai estar mais dependente de factos externos, inclusive da avaliação e do comportamento da U.E. embora também de internos, e nestes dos resultados das eleições autárquicas. Relativamente a estas, não se vê como é que o PSD conseguirá ter um resultado eleitoral substancialmente diferente dos que teve nas últimas autárquicas. A ser assim, a manter-se o status quo autárquico, isso não será nada positivo para a
direção do PSD, que não terá nada de qualitativamente positivo para apresentar. À esquerda, o PS dificilmente verá o seu score alterado, tal como a CDU, que continuará como um partido com indiscutível supremacia sobre o BE. Será estranho que assim não seja. Também, por isso, parece ser do interesse do PCP e dos Verdes contribuírem para a aprovação do próximo orçamento do Estado, uma vez que as autárquicas não deverão correr de feição ao PSD e o eventual crescimento do BE muito dificilmente se traduzirá em vitórias eleitorais concretas. Não foi por acaso que o Presidente da República se referiu às eleições autárquicas nos termos em que se referiu, considerando que aí se encerrará o primeiro ciclo da sua magistratura. Assim, a ver vamos o que as autárquicas nos reservam…
Sobre a luz e a escuridão
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. Que futuro estamos a construir? Não interessa. Só interessa o presente. Mas... Ouve o que te digo. Só existe presente, o futuro não interessa. Então e as promessas que são feitas todos os dias, as expectativas que criamos em torno da ideia de que talvez um dia possamos ser felizes? Ilusões. Tudo ilusões. Ainda acreditas nisso? Sim, acho que sim. Mas que razões tens para continuar a acreditar? Continua a parecer-me que o futuro pode ser melhor. Ou que, pelo menos, devo fazer alguma coisa para que assim seja. Mas para quê, se não consegues garantir que o teu esforço não seja em vão? Vai por mim, só interessa o presente. Vive o dia-a-dia como puderes e esquece lá essa história dos princípios e não-sei-quê, que isso não te serve de nada para seres bem
sucedido. Não, não pode ser assim. Há qualquer coisa cá dentro que me impede de ver as coisas dessa forma. “Há qualquer coisa cá dentro”, mas que coisa? De que é que estás a falar? Olha à volta, achas mesmo que isto tudo se rege por “qualquer coisa cá dentro”? Nisso realmente tenho de dar-te razão. Não rege. Mas isso não quer dizer que deva ser assim. Que devêssemos deixar de lutar todos para que essa “qualquer coisa” pudesse ser estimulada. Ou ainda que aceitássemos a ideia de não existir nenhuma possibilidade de modificar o futuro. Devíamos fazer tudo o que estivesse ao nosso alcance para nos entendermos, até que ninguém tenha vontade de pegar numa arma e matar seja quem for, seja qual for o motivo. Enquanto continuar a acontecer, nada do que possas dizer
JORNALISTA
C
omo é sabido, terminou a sessão da legislatura. Pela primeira vez, depois da aprovação da Constituição, o governo do PS que foi empossado após as legislativas, beneficiou do apoio do BE, do PCP e dos “Verdes”. Este facto, inédito, veio demonstrar, a ajuizar por reiterados estudos de opinião e sondagens, que os quatro partidos à esquerda no parlamento, têm no conjunto crescido sustentadamente em intenções de voto. A última dessas sondagens, da Aximage-Comunicação e Imagem, permite mesmo admitir, que o PS poderia agora, teoricamente, formar governo de coligação com maioria absoluta só com o BE ou só com o PCP e os Verdes. Isso não era possível face aos resultados das últimas eleições. Esta mesma lógica seria aplicável se o PS formasse governo com apoio parlamentar do BE ou do PCP e os Verdes. A realidade dos nossos dias, neste mundo global e incerto, com políticas de navegação à vista, numa U.E. que, como se vê, está sem norte, deve-nos porém conduzir à prudência da
FIO DE PRUMO
A ver vamos o que as autárquicas nos reservam
JORGE SANTOS
OPINIAO
LEVI MARTINS
DIRETOR DA COMPANHIA MASCARENHAS-MARTINS
rotina que nos embota os sentidos, quando nos deixarmos ficar em silêncio perante a injustiça, ou perante a ausência de sentido colectivo, estaremos perdidos. Ainda não é tarde demais para a sensibilidade e a cultura. Ainda não é tarde demais para começarmos a encarar o outro como uma promessa e não uma ameaça. 3. De olhos bem abertos, sim, mas o que vemos? O que se nos apresenta. O que lá está. O que escolhemos ver. O que conseguimos ver. Fecha os olhos. Abre. O que vês?
ARESTAURANTE CASA SETÚBAL DO PEIXE PORTUGAL
RUA GENERAL GOMES FREIRE 138 | 960331167
Q
uem não se lembra de entrar de férias nos meados de Junho e só regressar à escola em Outubro. Aquilo é que eram férias. Por norma o pai trabalhava e a mãe ia cuidando da gaiatagem que por vezes lá era levada a passar uns dias com os avós para não se saturar de tanto tempo sem olhar para os compêndios escolares. Nos anos em que havia exames as férias eram um pouco mais pequenas mas nada que contribuísse para que a malta ficasse a pensar e muito menos se as notas conseguidas ajudavam a entrar no novo ano de cabeça bem levantada. Os salários da maioria das famílias não davam para grandes tiradas turísticas mas lá se passavam uns tempos na praia mais perto, onde se acampava sem grandes condições, mas, como se diz hoje “era o que havia”.
Quem não se lembra de entrar de férias nos meados de Junho e só regressar à escola em Outubro. Aquilo é que eram férias.
À PARTE
faz sentido. És um sentimentalista. E a vida não te vai correr bem. Não quero saber. Quero ter o direito a ser infeliz, se for caso disso. Só desejo felicidade na medida em que esse meu desejo não implique que os outros deixem de aspirar exactamente ao mesmo. És mesmo um sentimentalista. A vida não funciona assim, vais ver. Sim, vou ver. 2. Quando só existir presente, o futuro da humanidade estará em causa. Quando nos deixarmos enredar completamente no consumo, no entretenimento, na inebriante
Férias
Alguns destes “parques” deram lugar a complexos turísticos e o povão, sem “complexos” mas também sem dinheiro para usufruir da modernidade, limitava-se a lá ir molhar os pés, de tempos-a-tempos, para matar saudades. Agosto está aí e as praias estão cheias porque as famílias vão tendo a sabedoria suficiente para ir gerindo os tostões com o objectivo de conseguir força aproveitando a beleza que escolheu para uns dias fora do que tem todo o ano. Alguns não vão de férias por decisão própria mas os nossos governantes têm de se lembrar que a esmagadora maioria dos portugueses não sai do local onde vive porque não têm as condições mínimas, nem para ir ao jardim mais próximo. Para alguns, uma visita aos familiares mais chegados já seriam umas “boas férias”.
SEMMAIS | SÁBADO | 6 DE AGOSTO | 2016 | 15