Semmais 07 abril 2018

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SÁBADO 7 DE ABRIL DE 2018 Diretor Raul Tavares Semanário - Edição 986 - 9ª série Região de Setúbal Distribuído com o Expresso


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SÁBADO 7 DE ABRIL DE 2018 Diretor Raul Tavares Semanário - Edição 986 - 9ª série Região de Setúbal Distribuído com o Expresso

SOCIEDADE

CIMAL ACUSA A TUTELA DE ESTAR A DEIXAR FALIR O SERVIÇO DE SAÚDE NO HLA

JOSÉ LUÍS CACHO QUER CONTENTORES DE SINES NO ‘TOP TEN’ EUROPEU Com 1,67 milhões de TEU’s movimentados em 2017 a unidade portuária do Alentejo sobe vários lugares no ranking mundial dos cem mais influentes portos onde entrou em 2016. A nível europeu o Porto liderado por José Luís Cacho mantém a 15ª posição, mas o objetivo é entrar no Top Ten. P11

Vítor Proença preside à Comunidade Intermunicipal do Alentejo Litoral que tem em marcha a rota pela valorização dos serviços de saúde e acusa a tutela de estar a contribuir para o colapso do SNS a fim de justificar o seu eventual encerramento P5 NEGÓCIOS

BAÍA DO TEJO ESCOLHIDA POR PACHECO PEREIRA PARA RECEBER EPHEMERA A associação instalou-se num dos armazéns do Edifício Guadiana no Parque Empresarial da Baía do Tejo, no Barreiro, numa escolha que honra a empresa de Jacinto Pereira. A primeira exposição conjunta é inaugurada dia 24 de abril e promete ser inovadora P10

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OPINIÃO

EDITORIAL RAUL TAVARES DIRETOR

Estimular parceria entre empresas e autarquias

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articipei esta quinta-feira num jantar/conferência organizado pela Aiset - Associação da Indústria da Península de Setúbal - que reúne quase todas as maiores empresas do distrito. Esta entidade nasceu para promover e dinamizar a indústria da península de Setúbal e mostrar ao país que a região tem no seio do tecido empresarial empresas fortemente empregadoras e exportadoras. São muitas, Autoeuropa, Navigator, Lisnave, Sapec, Casa Ermelinda Freitas, José Maria da Fonseca, entre outras. A Aiset veio também acertar o passo a um hiato associativo de que o mundo empresarial padece na península e no distrito, desde que a antiga Aerset (Associação Empresarial da Região de Setúbal) definhou até bater as botas de vez. Vem isto a propósito de uma declaração de António Saraiva, o reconhecido presidente da CIP, palestrante neste jantar/ conferência, quando se referiu à necessidade destas organizações voltarem a ganhar peso institucional e força de alavancagem, digo eu. E explico: Não há desenvolvimento, nem visão estratégica, muito menos futuro, pondo de lado as empresas e os empresários. Mas isso é o que mais acontece. Os nossos políticos, nomeadamente os autarcas, estão quase sempre a leste destas iniciativas. Os presidentes de câmara não marcam presença, e é excepção fazerem-se representar. E, mais importante ainda, os empresários (que muitas vezes também se alheiam da vida das autarquias onde estão inseridas as suas unidades) não são chamados para alvitrarem, enquanto parceiros, ideias sobre o desenvolvimento estratégico local e regional. Não tenho dúvidas que este afastamento tácito é mau para ambos os lados. O estimular desta relação mais próxima e urgente, é vital para o futuro. Se este instrumento de relação e parceria estivesse no ‘ponto’, até funcionaria melhor o mecenato (que é tão escasso no distrito) e, por via dele, talvez muitas instituições culturais agora a braços com falta de dinheiro para subsistir estivessem um pouco mais seguras.

Quem tem medo do Montepio?

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Constituição da República Portuguesa é bem clara, ao consagrar a coexistência de três sectores quanto à organização económica e social. O sector público, o privado e o cooperativo e social. No entanto, e apesar de haver um sector que prevalece sobre os outros dois, a nossa Constituição não estabelece qualquer hierarquia entre eles, ou seja, na nossa Lei Maior não há uma economia que seja a primeira e as outras a segunda ou a terceira. O Estado é, por assim dizer, o dono da economia pública, ou melhor, é o proprietário dos meios de produção que servem essa economia. Quanto ao sector privado – o maior na quase totalidade dos países – é formado por empresas de capital em que o poder de decidir e a distribuição dos resultados depende da parte de capital detido por cada um. No sector cooperativo e social a posse e a gestão dos meios de produção é colectiva. Nas organiza-

ções deste sector – cooperativas, mutualidades, misericórdias, fundações e associações de natureza altruística – de um modo geral, a cada homem ou mulher corresponde um voto. Em toda a economia social, os eventuais excedentes são reinvestidos na actividade da organização, não existindo qualquer distribuição de resultados sob a forma de dividendos, isto é, ao contrário do sector privado, não existe apropriação pelos “donos do capital” da riqueza produzida. Ora, é este modo diferente de gerir a economia, de criar riqueza e de a distribuir, esta maneira de ser e de se afirmar democrática, participativa e plural, criativa e libertadora, que parece incomodar e, por que não dizê-lo, até assustar aqueles que optam pela opacidade e não pela transparência, pelo individualismo em vez da solidariedade. São estes mesmos receios, a par dos apetites inconfessados de “quem desdenha quer ...” lucrar, que podem explicar a sanha dos

ECONOMIA CARLOS BEATO ADMINISTRADOR DA ASSOCIAÇÃO MUTUALISTA MONTEPIO

que, privilegiando interesses pessoais, à revelia e no desrespeito da Constituição da República, teimam em não querer reconhecer o valor do sector cooperativo e social, nomeadamente na sua vertente mutualista e solidária, onde o Montepio Geral é a principal entidade. Ao longo dos seus quase 180 anos de existência e com mais de 600 mil associados, a Associação Mutualista Montepio Geral resistiu a tudo: guerras, pestes, ditaduras, várias mudanças de regime e, sobretudo, tem sabido resistir aos apetites vorazes dos que vêem na sua destruição, uma oportunidade para si mesmos, em detrimento dos princípios e valores do mutualismo e das novas oportunidades abertas pelas “portas que Abril abriu”.

O Grupo Montepio e designadamente a sua Caixa Económica, não obstante as dificuldades decorrentes das crises por que todos temos passado, continuam bem e recomendam-se, criando até uma especial apetência a quem gostaria, seguramente, de ver esta última capturada e objectivamente ao serviço de interesses particulares . É neste complexo e sensível quadro, que a Associação Mutualista Montepio tem demonstrado uma robustez notável continuando a capitalizar a sua Caixa Económica e a manter e reforçar uma oferta social multivariada em benefício dos seus associados e do interesse geral. Apetece por isso perguntar: afinal quem tem medo do Montepio?

Dia D.

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dia D é o dia Dylan. Este ano, em 2018, foi no dia 22 de março. Em Lisboa. No pavilhão outrora Atlântico, agora Altice Arena. Nem sempre as mudanças de nome são felizes. Mas isso agora não interessa para nada. Então no dia D apenas interessa a música, a poesia e a vida. Mesmo tratando-se de alguém maior do que a própria vida. Neste planeta existem 8 biliões de seres humanos. Mais ou menos. Somos muitos. Mas de entre estes muitos de muitos apenas um, um e um só, ganhou o Grammy (10), o Pulitzer, o Óscar, o Globo de Ouro e até o Nobel. Foi ele. E mais ninguém. Único. Singular. Bob Dylan. Deixem-me explicar. Com as palavras de Robert Allen Zimmerman (o outro nome, o do nascimento, em 1941, de Bob Dylan). A partir de agora é pois com ele e só com ele: “Quantos anos pode uma montanha existir Até ser levada para o mar?

Sim, e quantos anos têm algumas pessoas de existir Até que lhes permitam ser livres? Sim, e quantas vezes pode um homem virar a cabeça Fingindo que não vê? Encontrei uma rapariga, ela deu-me um arco-íris Encontrei um homem ferido de amor Encontrei um outro homem ferido de ódio Onde a cor é o negro, onde nada é o número E hei-de contá-lo pensá-lo e dizê-lo e respirá-lo Outrora amei uma mulher, uma criança, dizem-me Dou-lhe o meu coração mas ela queria a minha alma E não se consegue dizer quem é o que está a escolher Pois o perdedor de agora ganhará mais tarde Pois os tempos estão a mudar E não critiqueis O que não conseguis perceber

TURISMO SEMMAIS JORGE HUMBERTO SILVA COLABORADOR

Dizes que andas à procura de alguém Que te levante cada vez que caias Para constantemente colher flores E vir cada vez que o chames Um apaixonado para a tua vida toda e nada mais Mas não sou eu Não sou eu quem tu procuras O Johnny está na cave A misturar o remédio Eu estou no passeio A pensar no governo Não precisas de um meteorologista Para saber de que lado sopra o vento Não sigas os líderes

Vigia os parquímetros Enquanto que outros dizem que não odeiam nada Exceto o ódio Que tal é a sensação De se estar por sua conta Sem um caminho para casa Como um perfeito estranho Como uma pedra a rolar? Porque alguma coisa se passa aqui Mas tu não sabes o que é Pois não, Senhor Jones” Muito importante. A tradução é da Angelina Barbosa e do Pedro Serrano. Um enorme trabalho editado em 2004 pela Relógio D’Água Editores. Os livros (2) chamam-se “Canções 1962-2001”. A inspiração (essa) é toda do grande Bob.

Leveza em Excesso

S

omos demasiados leves, tendo em conta toda a quantidade de abstrações que carregamos. As emoções agarram-se aos glóbulos vermelhos e percorrem-nos o corpo de cima a baixo. Infiltram-se nos tecidos e infetam-nos as ideias. Da sua janela não conseguia ver mais para além daquilo que lhe estava destinado: os prédios cinzentos escondiam a serra lá atrás, a dona Antónia ia a caminho da mercearia comprar pão fresco para o

lanche da neta, o Sr. Joaquim entrava na papelaria para jogar no euromilhões e o parque de estacionamento estava lotado. Os autocarros iam e vinham, levando e trazendo gente, mecânicos e pontuais, livres de paixões e mágoas. As ideias são perigosas porque são voláteis. Ascendem rapidamente até ao cérebro e depressa se desvanecem, mas o aroma permanece, ávido de músculos motores que lhe obedeçam. Inquietam o espírito e sussurram pensamentos des-

LETRAS EM PAPEL QUADRICULADO MARGARIDA NIETO ESTUDANTE

confortáveis. Que bom que é observar do alto da janela o bulício que corre na rua, certo de que aquela vida nunca será a sua. Certo de que a sua existência jamais será insignifican-

te. Mas o dia já vai longo e ele tem de fechar as cortinas para se embrenhar nos livros da escola em que tantos outros já se embrenharam, para que um dia venha a ser o que tantos outros são.

Diretor Raul Tavares | Redação Anabela Ventura, António Luís, Bernardo Lourenço, Cristina Martins, Eloísa Silva, Marta David, Rita Perdigão, Roberto Dores | Departamento Comercial Cristina Almeida – coordenação | Direção de arte e design de comunicação DDLX – www.ddlx.pt | Serviços Administrativos e Financeiros Mila Oliveira | Distribuição José Ricardo e Carlos Lóio | Propriedade e Editor Maiscom, Lda; NIPC 506 806 537 | Concessão Produto Maiscom, Lda NIPC 506 806 537 | Redação: Largo José Joaquim Cabecinha nº8-D, (traseiras da Av. Bento Jesus Caraça) 2910-564 Setúbal. E-mail: redaccao.semmais@mediasado.pt; publicidade.semmais@mediasado.pt. | Telefone: 93 53 88 102 | Impressão: Empresa Gráfica Funchalense, SA. Rua Capela Nossa Senhora Conceição, 50 – Moralena 2715-029 – Pêro Pinheiro. Tiragem: 45.000 (média semanal). Distribuição: VASP e Maiscom, Lda. Reg. ICS: 123090. Depósito Legal; 123227/98

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SOCIEDADE

AUTARCAS ESTÃO A OUVIR AGENTES INTERVENIENTES NA ÁREA DA SAÚDE

CIMAL acusa governo de estar a deixar falir o Hospital do Litoral Alentejano para o encerrar A Comunidade Intermunicipal do Alentejo Litoral (CIMAL) acusa os responsáveis do Ministério da Saúde de estarem propositadamente a deixar colapsar o Hospital do Litoral Alentejano.

TEXTO ELOISA SILVA IMAGEM SM

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o âmbito das suas competências a Comunidade Intermunicipal do Alentejo Litoral deu início a um ciclo de reuniões, inseridas no roteiro de valorização da saúde, que juntam à mesma mesa, presidentes dos municípios do litoral alentejano, empresários, autarcas de freguesia, associações, provedoria de misericórdias, ipss’s e bombeiros para debater o estado da saúde. A decadência na prestação de cuidados de saúde no Hospital do Litoral Alentejano (HLA), e em Odemira,

por parte da tutela é o tema em discussão nestas sessões promovidas pela CIMAL com Vítor Proença, presidente da Comunidade, a acusar os responsáveis do ministério da saúde de «estarem a deixar falir o serviço, propositadamente, para justificar o seu eventual encerramento». Ao Semmais Vítor Proença, que preside também à Câmara de Alcácer do Sal, mostra-se «revoltado» com «a falta de empenho do governo» enquanto relata situações como a de um idoso que ficou 48 horas no Hospital do Litoral Alentejano (HLA) e, na saída, «vinha com a mesma fralda com que entrou». Uma realidade que os autarcas do Alentejo Litoral

«rejeitam e contra a qual iremos continuar a lutar», garante. Para tentar encontrar soluções para apresentar ao governo e tentar minimizar o impacto da resposta «que não existe» no território da CIMAL «vamos continuar a ouvir toda a comunidade» e perceber que alternativas «poderão existir». Para já, garante Vítor Proença, será urgente contratar enfermeiros, «essa é a maior carência». Mas também são necessários mais médicos e assistentes técnicos e operacionais. Carências de um hospital cirúrgico que dá resposta a mais de cem mil habitantes a que acrescem as comunidades prisionais do Pinheiro da Cruz e de Odemira. A situação, garante Vítor Proença, «está mais grave que há dez anos. E não podemos permitir que se continue a degradar. Não vamos deixar», assume o autarca alcacerense. Ainda que os trabalhos da CIMAL estejam centrados, numa primeira fase, na situação «gritante» do HLA a realidade de Odemira «também preocupa» as autarquias do Alentejo Litoral

que integram a Comunidade Intermunicipal cujo território abrange «os dois maiores concelhos do país em área geográfica e o 12º da mesma lista». Odemira, Alcácer do Sal e Santiago do Cacém, respetivamente. Concelhos que, como reconhece Vítor Proença, estão «bastante distantes uns dos outros, com vias de acesso em más condições e uma rede de transportes públicos insuficiente». Os trabalhos da Comunidade Intermunicipal do Alentejo Litoral visam a intenção, comum, dos municípios na construção de um território «voltado para a internacionalização» potenciando os valores individuais de cada concelho e apostando nas comunicações, seja através das rotas rodoviárias, ferroviárias e marítimas, ou das rotas virtuais, da digitalização e do conhecimento da web. A prioridade, afiança o presidente da CIMAL, serão «sempre as condições sociais em que vivem as nossas populações». A rota da valorização da saúde é «só o primeiro grande projeto» da Comunidade Intermunicipal.

Ministro do Ambiente tem a «certeza» que a seca vai voltar TEXTO ROBERTO DORES IMAGEM SM

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seca extrema que tem castigado a região, deixando barragens e aquíferos à míngua de água na bacia do Sado, está a aliviar, mas as populações deverão estar preparadas para frequentes ciclos de falta de chuva no futuro próximo. O alerta é do próprio ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes: «Tenho a certeza que a seca vai voltar. Estamos numa das zonas do mundo onde é mais evidente a descida da pluviosidade».

O governante participou no oitavo Fórum Mundial da Água, onde apresentou a forma como Portugal está a enfrentar esta última seca, admitindo que está «bastante mitigada» perante as fortes chuvas de março, como, de resto, o Sem Mais avançou na última edição, dando conta que a cultura de arroz até pode animar, enquanto o ministro da Agricultura, Capoulas Santos, já admite uma boa campanha. Mas para João Pedro Matos Fernandes afigura-se «óbvio» que apesar da chuva, ainda há muitas barragens da bacia do Sado que continuam com menos

água comparando com o ano passado, «que já tinha sido um ano mau, por esta altura», insiste o governante, para quem «mais ano menos ano, a seca deverá voltar». Defende por isso a adoção de medidas no uso da água, que deverá ser «o mais racional possível», mesmo em tempo de recursos hídricos em abundância, considerando «fundamental» que os agricultores da região se «consigam adaptar», sendo «o mais eficientes possível, gastando a menor quantidade de água no processo de produção de alimentos», sublinha. Admite que a rega é fun-

damental para as culturas agrícolas, «mas pode ser melhor aproveitada», insiste, perante as alterações climáticas. “São já um problema dos nossos tempos e não das gerações futuras, ao contrário do que se disse durante muito tempo», acrescentando que as alterações «provocam fenómenos climáticos extremos, em paralelo com uma menor precipitação e isso obriga a mudanças de fundo, embora as consequências das alterações climáticas não se possam medir de forma linear, nem podemos garantir que a cada ano a situação vai piorar», conclui.

DAS COISAS NASCEM COISAS* JOSÉ TEÓFILO DUARTE

DESIGNER | DIRECTOR DE ARTE

jtd@ddlx.pt

Em Abril, liberdades mil

Alberto Lacerda EM VOZ ALTA

Monocle/Modesto

Giulia Atzori. Uma casa estranha

Escultura de João Limpinho Porquê Grândola Vila Morena? Almada Contreiras explica, na próxima sexta-feira, dia 13, em encontro MUITO CÁ DE CASA, na Casa da Cultura, Setúbal.

A Casa da Imprensa organiza, em 29 de Março de 1974, no Coliseu dos Recreios, o “Primeiro Encontro da Canção Portuguesa”. Aqui foi cantada pela primeira vez em público Grândola Vila Morena. Fotografia: José Barata Moura, Vitorino, José Jorge Letria, Manuel Freire, Fausto, José Afonso e Adriano Correia de Oliveira.

DIÁRIO DE BORDO MARÇO/ABRIL 2018

29. Março. Casa da Cultura, Setúbal ALBERTO DE LACERDA, POETA DO MUNDO | Vantagem de frequentarmos estas sessões EM VOZ ALTA, para além do prazer de ouvirmos os actores que as praticam — desta vez Jorge Silva Melo e Nuno Gonçalo Rodrigues — é a de podermos privar com o conhecimento que Jorge Silva Melo tem da obra e da vida dos autores. Percebemos que Alberto de Lacerda conviveu com outros grandes criadores universais do seu tempo, apesar de afastado do reconhecimento. Percebemos também por isso a razão de a poesia deste português errante ser tão iluminada por um atento conhecimento do mundo e das pessoas. Leituras sempre nas últimas quintas-feiras, na Casa da Cultura. 1. Abril. Mundo MONOCLE, MODESTO | A Monocle esclarece, mensalmente, curiosidades no que diz respeito a produtos extraordinários de procedências geográficas várias. O bom design do que se veste, do que se usa pendurado na cara, na cabeça, ao pescoço e por aí afora. Dá-nos a conhecer excelentes recuperações arquitectónicas e objectos que o mundo vai conhecendo: lojas diferentes, galerias, artistas, designers, objectos de requintada simplicidade. No número de abril, a curiosidade estendeu-se, mais uma vez, ao país Portugal. Muito justamente, Maria de Lourdes Modesto veio parar às páginas da revista e o tratamento que lhe é dado é de excelência. A Monocle de Abril já anda aí nas bancas. 4. Abril. Espaço Ilustração. Setúbal UMA CASA ESTRANHA | Giulia Alessandra Atzori nasceu em Itália. Em Portugal anda a perceber melhor como são feitas por cá as histórias para a infância e juventude. Instalou-se na cidade, mas percorre o mundo guiada pela fantasia e pela vontade de ilustrar sonhos. Agora expõe o que tem sonhado no Espaço Ilustração: é preciso fazer um desenho?, que é mesmo dentro da Casa da Cultura. É a exposição de abril. 7. Abril. Casa da Cultura. Casa d’Avenida. Setúbal ESCULTURA DE JOÃO LIMPINHO | A escultura de João Limpinho é inclusiva e avisada. Recupera o que sobra, o que a chamada civilização deita fora, e transforma matéria sobrante em arte. Estas exposições que agora vão adornar os espaços das galerias da Casa da Cultura e da Casa d’ Avenida, em Setúbal, definem essa prioridade do escultor. Escultura maior e com vontade de envolver a arte em propósitos de recuperação urbanística sem cedências à vil piroseira provinciana. Preocupações de agora envolvidas num grande conhecimento da arte contemporânea. As exposições inauguram hoje, dia 7, às 18 e 19 horas, respectivamente nas galerias da Casa da Cultura e da Casa d’Avenida. Convidados. 13. Abril. Muito Cá de Casa. Casa da Cultura, Setúbal PORQUÊ A GRÂNDOLA? | Almada Contreiras é militar de Abril, um dos estrategas que puseram o 25 de Abril em marcha. Aliás, foi ele que escolheu a senha que deu sinal aos seus camaradas para o avanço da revolta. No próximo dia 13 vai estar em Setúbal, na Casa da Cultura, em mais uma iniciativa Muito Cá de Casa. E vai contar a razão de ter escolhido a música de José Afonso e não outra. Venham. *DAS COISAS NASCEM COISAS. FRASE DE BRUNO MUNARI

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SOCIEDADE

INTERVENÇÃO ESTRUTURAL NAS ENCOSTAS DO CASTELO ESTARÁ CONCLUÍDA EM 2019

Contenção da encosta do Castelo de Palmela custa ao Estado mais de 2 milhões de euros As obras de requalificação da encosta do Castelo foram adjudicadas em março numa intervenção a que a autarquia de Palmela atribui um enorme significado. O valor da obra, que dura pouco mais de um ano, ultrapassa os 2M€ e é cofinanciado pelo POSEUR. TEXTO ELOISA SILVA IMAGEM SM

A

intervenção de contenção das encostas do Castelo de Palmela, cuja adjudicação já foi atribuída, vai começar em maio e será cofinanciada pelo Programa Operacional de Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (POSEUR), através de um «aviso-convite», e pela Direção Geral do Património e Finanças que é «dona do Castelo». A notícia é avançada ao Semmais por Álvaro Amaro, presidente da

câmara de Palmela, para quem a adjudicação desta obra representa o culminar de um «processo complexo, fundamentado em reivindicações que vínhamos fazendo há anos, junto da tutela». A candidatura da autarquia ao POSEUR foi aprovada em 2014, e desde então os técnicos municipais têm estado «empenhados no trabalho preparatório de elaboração de estudos, sondagens, cartografias e projetos, num investimento municipal de mais de 400 mil euros». O presidente da autarquia lembra, por isso, que o valor de adjudicação «não reflete o

gastámos, mas o que importa é que valeu a pena o trabalho». Isto porque, acredita, foi «com base neste trabalho preparatório minucioso» que a Direção Regional de Património e Finanças decidiu assumir os restantes 15% do valor da obra, orçada em 2 milhões e 100 mil euros. Recorde-se que à semelhança de Palmela, também o município de Setúbal foi abrangido pelo «aviso-convite» do Portugal 2020, aberto exclusivamente para projetos de intervenção estrutural na consolidação de encostas, tendo os municípios que realizar a obra no prazo máximo de dois anos. No

caso de Palmela, Álvaro Amaro está confiante que os prazos serão cumpridos e a obra «esteja concluída no segundo semestre de 2019». Neste momento, apesar

de não haver «capacidade técnica e financeira» o autarca antecipa que «já estão a decorrer reuniões técnicas de trabalho para resolver outros problemas, nomeadamente

das muralhas e da torre de menagem, para onde temos previsto um plano de intervenção e musealização». Obras que só deverão estar no terreno em 2020.

TODOS OS DIAS SÃO ASSALTADOS CINCO AUTOMÓVEIS

Furto de viaturas aumentou 6% no distrito de Setúbal Almada é o quinto município do país com maior número de roubos em automóveis. O Relatório Anual de Segurança Interna revela ainda que o distrito de Setúbal está no terceiro lugar do top de preferências dos ladrões, logo depois de Lisboa e Porto. TEXTO ROBERTO DORES IMAGEM SM

O

s dados são preocupantes. O furto de viaturas – tanto o roubo de objetos de valor no interior dos carros, como do próprio automóvel – está a aumentar no distrito de Setúbal, segundo avança o Relatório Anual da Segurança Interna (RASI). O documento dá conta de que todos os dias há cinco viaturas alvo de assalto na região, o que faz do distrito o terceiro mais castigado do país por este tipo de criminalidade. Apenas atrás do Porto e Lisboa. A média diária é apurada entre o somatório de todas as participações feitas às autoridades da região no ano passado, tanto do furto de veículos em si, como dos objetos

deixados no seu interior e até das próprias peças das viaturas, como é o caso do roubo de jantes, deixando os ladrões os carros suspensos em tijolos. O documento aborda ainda o sistema de assalto com recurso a carjacking, que é considerado pela PSP e GNR o método mais frequente, «sendo o que gera mais alarme social», como admite fonte policial.

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Os dados oficiais indicam que o distrito de Setúbal registou um total de 2027 furtos em viaturas em 2017, enquanto a análise por concelhos coloca Almada à cabeça da região, com um registo de 809 casos, sendo o quinto município do país com maior número de roubos em automóveis. Já quanto ao furto das próprias viaturas, a região registou 939 ocorrên-

cias, à ordem de 2,5 por dia, voltando Almada a lamentar o maior número de automóveis desaparecidos, somando 251 casos em 2017. O concelho é o oitavo, a nível nacional. Ainda segundo o RASI, a maioria das ocorrências está associada a investidas em que os ladrões quebram vidros ou arrombam portas e bagageiras das viaturas, estacionadas em

plena rua, para se apropriarem de artigos de valor que possam estar à vista. As queixas mais frequentes das vítimas dão conta do roubo de computadores portáteis, tablets, telemóveis, máquinas fotográficas e ainda de carteiras deixadas no interior dos carros. Com um aumento dos casos de furtos de 6% face a 2016, as estatísticas revelam que as principais vítimas são, cada vez mais, os turistas que se deslocam à região em carros de aluguer, sobretudo durante a época de verão. O maior número de furtos tem ocorrido em áreas residenciais, garagens coletivas, polos estudantis e zonas de diversão noturna. Mas também há registos de ocorrência junto às praias, onde os assaltantes aproveitam locais de estacionamento próximos dos areais para roubarem os carros enquanto os proprietários estão a banhos. Os parques

de terra batida nas praias da Costa de Caparica estão entre os mais vulneráveis, segundo a mesma fonte policial. Mais difícil recuperar carros Voltando a olhar para o RASI conclui-se que o roubo de carros é a segunda tipologia de crime mais participada atrás, apenas, das queixas relativas à ofensa à integridade física, com as autoridades a admitir que é cada vez mais difícil recuperar as viaturas, face ao aumento da «profissionalização» do furto e tráfico de carros por parte de grupos organizados. Aliás, à ausência de números relativos ao distrito, valerá a pena espreitar a realidade nacional, onde apenas uma em cada três viaturas roubadas são recuperadas pela GNR e PSP, embora se trate de um fenómeno que é transversal a toda a Europa.


SOCIEDADE

MUITA FLORESTA E POUCOS MORADORES

Arrábida entre as reservas com maior risco de incêndio O presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, Jaime Marta Soares pede celeridade na aplicação da lei do ordenamento do território florestal na semana em que a GNR começa a fiscalizar o processo de limpeza de terrenos e a notificar proprietários. TEXTO ROBERTO DORES IMAGEM SM

O

s municípios de Setúbal, Palmela e Sesimbra surgem na lista dos concelhos do país que exibem maior risco de incêndio florestal em torno do Parque Natural da Arrábida. Razão? Uma vasta área de 7720 hectares, caracterizada por densas manchas de floresta a perder de vista e cada vez com menos moradores que possam manter a limpeza. O Parque da Arrábida está assim entre as 14 reservas naturais do território nacional onde as autarquias vão unindo vozes para questionarem as regras de convívio entre o homem e a natureza, alegando que são «limitativas e improdutivas», conduzindo à

desertificação e abandono de culturas. «Sem pessoas por perto é mais difícil garantir a limpeza da floresta e impedir o aumento de biomassa. Por isso é tão preocupante assistir à desertificação e ao despovoamento destas zonas», diz o presidente da Liga dos Bombeiros, Jaime Marta Soares, para quem o diagnóstico está feito, mas «não se tem combatido a doença, porque a floresta continua por cadastrar», sublinha. Acrescentando que «tem de ser aplicada a lei do ordenamento do território florestal, para obrigar todos os proprietários e familiares a manter as áreas limpas». Recorde-se que a criação dos parques naturais surgiu há mais de 40 anos, com o objetivo de garantir a preservação do património cultural e natural de várias regiões. Uma

das apostas sublinhava a conciliação entre o homem e a natureza, mas essa convivência não tem sido fácil ao longo dos anos. As autarquias abrangidas falam numa legislação restritiva e demasiado severa, que tem prejudicado a dinâmica dos parques naturais, votando largas áreas de floresta ao abandono. Têm sido feitos alguns ajustamentos, mas a última revisão já foi há dez anos, enquanto os autarcas exigem um plano de ordenamento atualizado e menos exigente. Um dos exemplos que sublinha as dificuldades da convivência entre o homem e natureza aborda a questão das espécies vegetais que, sendo protegidas, não podem ser destruídas, o que impede a realização de culturas consideradas rentáveis e que, por essa via, poderiam gerar

atratividade em algumas regiões. Também os condicionalismos em torno das construções merecem reparo – mesmo nas zonas que admitem algumas casas são apenas permitidos determinados materiais bem mais caros – tal como as regras apertadas de pastoreio, atividades recreativas, desportivas e turismo de natureza. As restrições são transversais à abertura de acessos e estradas. Também o aproveitamento de energias renováveis nem sempre é uma opção. Para o Ministério do Ambiente, a perda de população nas áreas protegidas não diverge substancialmente daquela que se verifica nos territórios que lhes são envolventes, justificando que a perda demográfica é um fenómeno generalizado em todo o país. A tutela avança ainda que está a ser

pensado um novo modelo de gestão que assegure maior proximidade. GNR está no terreno GNR iniciou esta semana a fase de fiscalização da limpeza dos terrenos florestais, procedendo ao levantamento de autos de contraordenação, que podem ficar sem efeito se os proprietários assegurarem a limpeza até 31 de maio. «O auto de contraordenação é levantado, porque é a única forma que existe de notificar a pessoa para

a limpeza do terreno», explica o chefe da divisão de colocação e relações públicas da GNR, Bruno Marques. Se os proprietários não procederem à limpeza dos terrenos, as autarquias têm que se substituir e garantir a realização de todos os trabalhos de gestão de combustível previstos na lei, pelo que os autos de contraordenação são «a forma legal que existe para identificar todas as entidades», explicou o responsável da GNR.

OUTRORA MOINHOS DE VENTO HOJE UNIDADES DE ALOJAMENTO LOCAL

O Moinho do Marco é a escolha de milhares de Holandeses que visitam a região da Arrábida Laurent Maugé é um construtor francês que escolheu Setúbal para viver com a esposa Gadalupe Ramos. O empresário recupera e revende casas antigas e fez do Moinho do Marco uma unidade de alojamento local que é bastante procurada, particularmente, por Holandeses. TEXTO ELOÍSA SILVA IMAGEM SM

O

Moinho do Marco, em pleno parque natural da Arrábida, é hoje uma referência ao nível das unidades de alojamento local no distrito. A recuperação e transformação deste moinho de farinha num espaço «romântico e único» partiu da vontade de Laurent Maugé em «mostrar ao mundo a inigualável beleza desta região», segundo nos confidencia a esposa do empresário, que comprou o terreno onde está construído o moinho, Guadalupe Ramos. Apesar do sangue espanhol que lhe corre nas veias, Guadalupe fala da penín-

sula de Setúbal com tanto conhecimento, sabedoria e carinho como se tivesse raízes locais. E os elogios «à beleza e particularidades da região» estendem-se «à simplicidade, pureza e acolhimento das pessoas daqui», reconhece. A gestora do Moinho do Marco, cujas reservas estão praticamente esgotadas até

outubro próximo, admite que foi necessário «muitíssimo dinheiro» para recuperar o edifício, mantendo a traça original, mas «valeu muito a pena porque as pessoas ficam encantadas e impressionadas pela sobriedade e simplicidade do espaço». O moinho é composto por três pisos com o quarto de

casal no superior, «por baixo da engrenagem original da infraestrutura», a sala de estar para leitura e «sem televisão», no intermédio, e a casa de banho no inferior. Esta última divisão é a que recolhe mais elogios dos visitantes uma vez que «foi escavada na rocha». Uma cavidade cujo acesso se faz por uma escadaria em pedra estreita e iluminada naturalmente. Enquanto os Portugueses e os Espanhóis optam por visitar e pernoitar no moinho do Marco «em datas comemorativas como o dia dos namorados ou aniversários de casamento», os Holandeses (70% das estadias) não olham a datas nem comemorações e «durante todo o ano vêm muitas semanas para cá».

Guadalupe Ramos justifica a escolha com «o clima, a paisagem, a fauna e flora, a comida, a tranquilidade e os preços». Isto porque, explica a responsável, ficar uma semana fica sempre mais em conta que uma só noite». No moinho do Marco há lavandaria e churrasqueira, mas não há televisão. Guadalupe Ramos assume que a opção «tem sido valorizada por quem aqui fica alojado», sendo privilegiado o coxntacto com a natureza, a introspeção, o silêncio e «o namoro», realça Guadalupe Ramos para quem «estar aqui é como estar no céu porque é tudo lindo e nós proporcionamos uma experiência única». Facto que pode justificar a indisponibilidade de reservas para os

próximos seis meses. O investimento do empresário francês, que não se esgota na recuperação do moinho do Marco, permitiu manter a traça tradicional da construção original, à exceção do mastro exterior que «teve que ser retirado porque não apresentava condições de segurança e já não tinha recuperação», ressalva Gadalupe Ramos. Ainda assim, a partir dos 5 anos e até que a mobilidade permita descer e subir a escadaria, estreita, de pedra entre divisões, pernoitar no moinho do Marco, na serra da Arrábida é, para a gestora, «um privilégio de desfrutar de um momento mágico num local único que a memória guardará eternamente».

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LOCAL

PALMELA

Iguarias tradicionais em S. Gonçalo

SANTIAGO DO CACÉM

Moagem José Mateus Vilhena classificada como Monumento de Interesse Municipal A autarquia concluiu o processo de classificação do Museu da Farinha/ Casas da Moagem de São Domingos como monumento de interesse municipal. A decisão foi efetivada três anos depois da Associação Portuguesa de Museologia ter atribuído à Moagem o prémio de melhor Coleção Visitável.

Se quer passar um fim-de-semana diferente, em contato com a natureza, passe pelo Festival do Queijo, Pão e Vinho, em S. Gonçalo, e prove as delícias gastronómicas em destaque. Há atividades para todos os gostos.

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câmara de Santiago do Cacém atribuiu a classificação de Monumento de Interesse Municipal à Moagem José Mateus Vilhena – Museu da Farinha/ Casas da Moagem de São Domingos. A decisão final do procedimento para a classificação foi publicada no dia 28 de março, em Diário da República. A publicação termina o processo iniciado pela autarquia que, desta forma, reconhece a importância daquele edifício que integra o projeto museológico da antiga moagem de São Domingos. Esta classificação proporciona um conjunto de benefícios, entre eles a isenção do Imposto Municipal sobre Imóveis. O Museu, inaugurado em 2014, mantém a estrutura arquitetónica

da antiga moagem do início do século XX, em que todos os espaços são visitáveis para uma melhor compreensão da memória do monumento industrial e oferece ao visitante o percurso desde o cereal, à eira, à moagem, à panificação e à comercialização do pão. Com esta classificação, o Museu da Farinha junta-se a um conjunto de outros edifícios com a classificação de interesse municipal, como os pelourinhos de Santiago do Cacém e de Alvalade e a Ponte Medieval de Alvalade. Recorde-se que a Moagem José Mateus Vilhena / Museu da Farinha – Casas de Moagem recebeu o prémio da Associação Portuguesa de Museologia (APOM) para melhor Coleção Visitável, no ano de 2015.

SETÚBAL

ALCOCHETE

O ano passado foram constantes as queixas de automobilistas que se deslocavam pelos acessos às praias de Setúbal. Uns porque acabaram bloqueados e multados pela GNR, outros por não conseguirem circular em segurança pela ação abusiva dos primeiros. A Câmara de Setúbal vai «cortar o mal pela raiz” e vai proibir, a partir de 1 de junho, a circulação rodoviária nos acessos às praias da Arrábida, entre Figueirinha e Creiro. A presidente do município Maria das Dores Meira garante que, em alternativa, «vai estar disponível um autocarro vaivém» com o propósito de evitar o estacionamento caótico e abusivo. Para aqueles que pretenderem usar a alternativa do vaivém, a autarca aconselha a que os automóveis sejam deixados no parque do centro comercial Alegro ou na estação rodoviária da avenida 5 de outubro.

Com vista a adequar o regulamento à dimensão do parque habitacional, a câmara aprovou, na última reunião descentralizada, o início de procedimento para efeitos de submissão e participação dos interessados na nova proposta de regulamento da atribuição das habitações sociais do município. Adequar o regulamento à dimensão do parque habitacional, de forma a atribuir as habitações devolutas de uma forma mais célere e flexível é o principal intuito deste processo de alteração, tal como adiantou a vereador do Desenvolvimento Social: «O regulamento existente diz respeito apenas a um concurso já realizado e o que nós pretendemos é que o novo regulamento seja permanente, ou seja, à medida que vão vagando habitações, que as mesmas possam ser atribuídas mediante listagem de candidatos em constante atualização».

té este domingo, ainda pode provar os produtos tradicionais de Quinta do Anjo, no 24.º Festival Queijo, Pão e Vinho, que tem em destaque o queijo de Azeitão DOP, um dos mais afamados e requintados do país. Outros queijos e vinhos regionais, o pão tradicional, a doçaria, a fruta, o mel e as ostras do Sado também podem ser provadas, sem esquecer as tasquinhas. No sábado, o destaque vai para as corridas de ovelhas (17h30) e a atuação dos BONC, no espaço gastronomia. No domingo há demonstração de tosquia (16 horas), a atuação dos Modalentejo (18 horas) e a entrega de prémios do concurso “Queijo de Azeitão DOP” (19 horas). Além das corridas de ovelhas e de atividades equestres no picadeiro, as demonstrações de tosquia, os passeios pedestres e em bicicleta, os laboratórios do gosto e oficinas de degustação de produtos, o contacto direto com os animais do recinto de exposição e um amplo espaço ao ar livre, para a realização de piqueniques, contribuem para experiências únicas. Adultos e crianças podem, também, aprender a fazer queijo de ovelha no Museu do Ovelheiro. A animação musical, com grupos locais, e as demonstrações desportivas completam o programa. O festival sensibiliza os produtores a apostar na separação de resíduos valorizáveis. A Amarsul fará uma ação de sensibilização para os expositores, sensibilizando para a importância da separação dos resíduos, disponibilizará equipamentos para separação e fará a recolha no final. A par do festival, os restaurantes dedicam especial atenção ao queijo de ovelha, que surge, revisitado, em diversas propostas, doces e salgadas. Os Fins-de-Semana Gastronómicos do Queijo de Ovelha terminam este domingo, no âmbito do programa “Palmela, Experiências com Sabor!”.

SINES

ALCÁCER DO SAL

ALMADA

Durante uma audição da Comissão de Economia Inovação e Obras Públicas a ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, mostrou-se confiante de que até maio deverá estar concluído o estudo de impacte ambiental do novo terminal de contentores Vasco da Gama sendo que o concurso poderá ser lançado já este ano. A governante avançou que já está em curso «a elaboração das componentes do concurso» para que depois de uma emissão favorável da declaração ambiental seja «imediatamente lançado o concurso». Já quanto ao processo de expansão do terminal de contentores, o terminal XXI, Ana Paula Vitorino assumiu perante os deputados que o mesmo «está em fase de renegociação com a concessionária, PSA».

Largo dos Açougues, praça Pedro Nunes, posto de turismo e zona envolvente, pavilhão municipal e pavilhão Gracieta Baião, na cidade, e a praça Bernardim Ribeiro, no Torrão, são os seis pontos do concelho que têm agora rede wi-fi gratuita. Com a disponibilização de internet gratuita nestas zonas, o município pretende maximizar a experiência no concelho dentro do conceito ‘smart destinations’, estimulando, assim, as empresas a inovar na relação com o cliente, além de permitir a munícipes e turistas aceder, sem encargos, a toda a informação digital sobre o concelho. Este projeto representa um investimento de 54 550 euros financiados a 90 por cento, não reembolsáveis, através do orçamento do Instituto de Turismo de Portugal, pela Linha de Apoio à Disponibilização de Redes Wi-fi.

Cerca de nove mil utentes vão ser abrangidos pela nova unidade de cuidados de saúde primários, que foi inaugurada ontem, dia 6, pelas 10h30. A nova Unidade de Saúde Familiar (USF) de Almada vai dar resposta a utentes, das freguesias de Almada, Cova da Piedade, Pragal e Cacilhas. Nesta USF vão trabalhar cinco médicos, seis enfermeiros e quatro assistentes técnicas. Está localizada no piso 2 do edifício da Avenida D. Leonor n.º 2, em Almada. Funciona de segunda a sexta-feira, entre as 8 e as 18 horas. Na cerimónia marcou presença a edil Inês de Medeiros, a secretária de Estado da Saúde, Rosa Valente de Matos, o presidente do conselho diretivo da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, Luís Pisco, e o diretor executivo do Agrupamento dos Centros de Saúde Almada-Seixal, Luís Amaro.

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Proibido o Trânsito nos acessos às praias a partir de 1 de junho

Investimento de mil milhões no Terminal XXI estará para breve

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Município avança novo regulamento para habitações sociais

Centros historicos ganham ‘net’ gratuita

Nova unidade de saúde familiar foi inaugurada


POLÍTICA

PARTIDO PESSOAS-ANIMAIS-NATUREZA PEDE INTERVENÇÃO DO MINISTRO DA AGRICULTURA

PAN denuncia animais à fome no Seixal A situação agora denunciada pelo PAN já tinha sido reportada às autoridades que, em 2016, notificaram o proprietário para regularizar as contraordenações detetadas. Para o PAN trata-se de uma total ineficácia do sistema em fazer cumprir a legislação quanto ao cuidado e proteção dos animais. TEXTO ROBERTO DORES IMAGEM SM

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PAN – Pessoas Animais e Natureza – acaba de denunciar um caso de maus-tratos a cerca de uma centena de animais num terreno no concelho do Seixal, exibindo fotografias que mostram, sobretudo, cavalos em avançado estado de subnutrição em risco de morrerem à fome. O deputado André Silva já apresentou o assunto na Assembleia da República, pedindo a intervenção urgente do Ministério da Agricultura, alertando que além dos equídeos, a

propriedade ainda é habitada por porcos, vacas, touros, póneis, avestruzes e até lamas.

André Silva revela que têm sido recorrentes as denúncias, que chegaram ao PAN nos últimos

tempos, dando conta de maus-tratos aos vários animais, levando o parlamentar a contactar o ministro da Agricultura, Luís Capoulas Santos, pedindo-lhe que «intervenha junto da Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) para que a legislação sobre esta matéria seja cumprida.» O deputado diz que esta situação não é nova, sublinhando que o proprietário dos animais já foi notificado em 2016 pela GNR e pela DGAV para regularizar as várias contraordenações graves que haviam sido detetadas e a determinar o sequestro dos animais no local onde se encontravam.

«Dois anos depois a situação mantém-se igual ou pior do que estava em 2016, havendo animais a morrer à fome e um total desinteresse por parte da DAGV, após oficiar o proprietário que, até ao dia de hoje, se mantém impune e os animais em sofrimento», acrescenta o representante do PAN. Ainda segundo as denúncias, regista-se uma total ausência de cuidados médico-veterinários, falta de identificação e especialmente a omissão em prestar alimento a equídeos detidos pelo proprietário. Para que o ministro verifique a gravidade da situação, o PAN enviou imagens recolhidas no

local por uma associação zoófila e informou que existem associações disponíveis para se constituírem fiéis depositárias dos animais. “Esta situação revela a total ineficácia do sistema em fazer cumprir a legislação no que respeita ao cuidado básico de proteção e bem-estar dos animais. Dois anos depois das autoridades se deslocarem ao local e de notificarem inclusive o infrator, a situação piorou”, acrescenta André Silva, para quem são estes exemplos que «encorajam comportamentos de violência extrema para com os animais e um total desprezo pelo valor da sua vida.»

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NEGÓCIOS

INDUSTRIAS CRIATIVAS PRIVILEGIAM TERRITÓRIOS DA LISBON SOUTH BAY

Associação Ephemera é a mais recente cliente do Parque Empresarial da Baía do Tejo O acervo da Associação «Ephemera, Biblioteca e Arquivo de Pacheco Pereira» está acessível nos territórios da Baía do Tejo. As populações dos concelhos do Arco Ribeirinho Sul e da Grande Lisboa vão poder visitar o «arquivo privado mais público do país». TEXTO ELOÍSA SILVA IMAGEM SM

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Baía do Tejo, empresa que gere os terrenos da antiga Siderurgia Nacional no Seixal, e do Parque Industrial do Seixal, além dos estaleiros da Margueira em Almada, vê reforçada a sua intervenção, no âmbito da promoção de uma cultura acessível a todos, com a «chegada» de mais um cliente aos seus territórios. Depois de entidades e associações ligadas às mais variadas artes, inclusive o Vhils Studio de Alexandre Farto, se terem

instalado na área de gestão da empresa pública chega agora a vez de «receber a Ephemera, Biblioteca e Arquivo de José Pacheco Pereira». Segundo Jacinto Pereira, administrador da Baía do Tejo, é um “orgulho e uma honra” que a associação tenha escolhido o parque empresarial do Barreiro para «arquivamento, tratamento e exposição de todo o acervo que passa pelos livros e documentos oficiais, mas, também, por todo o tipo de artefactos que permitem contar histórias que marcaram a vida das populações», garante. Para a Baía do Tejo, «reconhecidamente

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A Ephemera fica num dos armazéns do Edifício Guadiana no Parque Empresarial da Baía do Tejo no Barreiro. Já no próximo dia 24 de abril vai ser inaugurada, nesse espaço, uma exposição inovadora em Portugal. A Exposição vai ser uma organização conjunta da Baía do Tejo, da Ephemera e da Porto Design Biennale 2019 (entidade que com Pacheco Pereira assume a curadoria). Este vai ser o primeiro momento da parceria Ephemera/ Baía do Tejo cujos pormenores só serão revelados daqui a duas semanas.

determinada em consolidar um cluster criativo» na região, este é «mais um passo nesse sentido, reafirmando a nossa estratégia de diversificação do perfil das empresas presentes nos parques empresariais». Jacinto Pereira realça que esse pressuposto assenta na junção de «empresas de cariz mais tradicional, (indústria, serviços e logística) com entidades que laboram nas áreas mais criativas e do conhecimento», como é o caso da Ephemera, assim «podemos dar mais alma aos parques e torná-los mais apelativos para clientes e comunidade envolvente», vinca.

De acordo com Pacheco Pereira, citado por Jacinto Pereira, «a Ephemera é o arquivo privado mais público de Portugal» e vai estar ao dispor da população através do desenvolvimento regular de várias iniciativas de índole cultural, abertas e disponíveis a toda a comunidade. Uma forma de garantir o compromisso da empresa na defesa de um papel «cada vez mais interventivo junto das comunidades» onde tem sediados os seus parques empresariais, nomeadamente, nos territórios Lisbon South Bay, que envolvem os concelhos de Almada, Barreiro e Seixal.

MISERICÓRDIA COM MELHOR RESULTADO EM VINTE ANOS

Relatório e contas da Santa Casa de Setúbal foi aprovado por unanimidade TEXTO ELOÍSA SILVA IMAGEM SM

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Santa Casa da Misericórdia de Setúbal (IPSS) fechou o ano de 2017 com um encaixe de 131 mil euros. O relatório e contas da instituição foi aprovado por unanimidade no final de abril e representa «o melhor resultado líquido dos últimos 20 anos». Em jeito de comparação, lembra Fernando Cardoso Ferreira, Provedor da Ipss, 2016 fechou com «um saldo de pouco mais de 1.700 euros». As contas do exercício revelam, também, uma subida do saldo de tesouraria «de 206 mil euros em 2016 para 343 mil em 2017», o que se poderá dever à «implementação de medidas estratégicas de reorganização de serviços e a

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uma utilização eficiente dos recursos». Apesar de alguns investimentos significativos, Cardoso Ferreira realça uma «contínua redução da dívida» em mais 7,69%, uma subida de 2% da receita e lucros operacionais a subir na ordem dos 46%.

Para 2018, a instituição particular de solidariedade social estima conseguir apostar na «requalificação e ampliação do Lar Acácio Barradas e investir na prestação de serviços de saúde, com o início das consultas para utentes sem médico de família».


NEGÓCIOS

TERMINAL ALCANÇA A MELHOR CLASSIFICAÇÃO DE SEMPRE NA MOVIMENTAÇÃO DE CONTENTORES

José Luís Cacho quer contentores do Porto de Sines no ‘top ten´ europeu O Porto de Sines continua a refletir «um crescimento sustentável». As palavras são do Presidente do C.A, José Luís Cacho, em reação aos dados da Alphaliner que colocam o Porto alentejano no 88.º lugar da lista dos cem portos mundiais com mais contentores movimentados. A nível europeu Sines é 15º. José Cacho quer chegar ao Top Ten. TEXTO ELOÍSA SILVA IMAGEM ZÉ LUIS

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m 2017 o Porto de Sines atingiu o mais alto volume de transações, com 1,67 milhões de TEU’s movimentadas, num crescimento de 10,3% face aos resultados de 2016, ano em que entrou na lista dos cem portos mundiais com mais contentores movimentados (1,51 milhões de TEU’s). José Luís Cacho, presidente do Conselho de Administração do Porto está «orgulhoso», mas

consciente de que «estes resultados obrigam a uma maior responsabilização da nossa parte». Ao Semmais o administrador enaltece que a base do sucesso, alcançado no último ano, está num crescimento «sustentável, sustentado e, acima de tudo, exponencial». A confirmá-lo está a «evolução dos últimos cinco anos durante os quais o volume de carga contentorizada movimentada triplicou», lembra. Além de apresentar o Porto Alentejano no 88º lugar na lista dos maiores do mundo, o ranking da Alphaliner permite,

também, constatar que a unidade portuária manteve o 15º lugar no ranking europeu dos portos com mais carga contentorizada, posição que já ocupava em 2016. Um lugar onde José Luís Cacho não tenciona permanecer muito tempo, admitindo querer «colocar o porto no Top Ten dos melhores da Europa». Para a prossecução desta meta o administrador portuário conta, também, com o contributo que advém «dos projetos de investimento previstos» quer para o alargamento do Terminal XXI quer com

construção do novo terminal Vasco Da Gama. «Vamos subir em ambos os rankings», afiança. O trabalho de toda a equipa da unidade portuária é enaltecido pelo presidente do Conselho de Administração do Porto ao garantir que «este estímulo proveniente dos resultados deste ranking, vem

corroborar que estamos no bom caminho e que o desafio, agora, é continuar a sustentar o crescimento e a posição respeitável que alcançamos no mundo e na europa», conclui. Para alcançar o almejado Top Ten Europeu, o Porto de Sines tem que superar os resultados de Roterdão (Holanda),

Antuérpia (Bélgica), Hamburgo (Alemanha), Bremerhaven (Alemanha), Valência (Espanha), Algeciras (Espanha), Pireu (Grécia), Felixstowe (Reino Unido), Marsaxlokk (Malta), Barcelona (Espanha), Le Havre (França), Génova (Itália), Gioia Tauro (Itália) e Southampton (Reino Unido).

Nuno Maia, da Secil, assume Adega de Palmela conquista duas medalhas direção-geral da Aiset sucedendo Óscar Arantes de Prata no Concurso Internacional de Lyon

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Adega de Palmela conquistou duas medalhas de Prata no Concurso Internacional de Lyon com os vinhos Adega de Palmela Reserva Branco 2015 e o Moscatel de Setúbal 10 anos. O Concurso Internacional de Lyon avaliou mais de 4.200 vinhos, cervejas e bebidas espirituosas, e evidenciou as características dos vinhos portugueses com prémios que são garantia de qualidade para muitos compradores. A Adega de Palmela é hoje uma cooperativa certificada que produz marcas reconhecidas a nível nacional e internacional. Brasil, China, Alemanha, França

e Angola são os principais países para onde a empresa exporta. O Adega de Palmela Reserva Branco fermenta em cubas de inox com temperatura controlada a 15ºC seguido de estágio de 10 a 12 meses em barricas com battonnage. Excelente para acompanhar pratos de peixe, caldeiradas, carnes brancas e alguns queijos. Enquanto que o Moscatel de Setúbal 10 anos, obtido a partir da fermentação de uvas Moscatel, interrompida através da adição de aguardente vínica, se caracteriza por uma complexidade aromática evidenciando notas de frutos secos, nozes, figos e mel.

uno Maia, em representação da Secil, é o novo director-geral da Associação da Indústria da Península de Setúbal (Aiset), que reúne as principais empresas empregadoras e exportadoras da região. O novo responsável, um dos principais rostos da cimenteira do Outão, com responsabilidades nas áreas da comunicação e institucional, sucede a Óscar Arantes, quadro da Navigator, ex-Portucel. Esta decisão foi tomada na assembleia-geral da Associação realizada quinta-feira passada, durante a qual Pedro Lagoa, em representação da Raporal, assumiu também um lugar no Conselho Diretivo, em substituição de Jaime Ribeiro.

António Saraiva, da CIP, ‘abrilhanta’ conferência Entretanto, num jantar-conferência realizado a seguir à reunião magna que ditou as alterações no Conselho Diretivo, o presidente da CIP, António Saraiva, aludiu ao facto de haver em Portugal «demasiadas» instituições representativas dos empresários e das empresas, o que não favorece, afirmou, «a unidade, o peso e a força do setor». O homem forte da indústria em Portugal criticou o facto de cerca de 80 por cento dos fundos comunitários estarem a ser «desviados para o setor público do Estado», deixando pouca margem de manobra para os privados. «Isto não é propriamente apoiar, dinamizar e incentivar as empresas portuguesas, e não é também resolver os

problemas de financiamento e de competitividade das mesmas», afiançou. António Saraiva, que falava para cerca de cinco centenas de empresários da região, reafirmou também as suas discordâncias sobre o que considerou ser um «retrocesso» das leis laborais. O dirigente aludia à proposta do governo em eliminar o banco de horas por negociações individuais, situação que, enfatizou, é um revés para a produtividade em Portugal.

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CULTURA

APÓS PROTESTOS E REUNIÕES EM LISBOA

Teatros Animação de Setúbal e Fonte Nova recuperam subsídios do Estado António Costa abriu esta semana os cordões à bolsa, após protestos, permitindo que duas companhias da região voltem a contar com as ajudas financeiras do Governo para desenvolver as suas atividades. TEXTO ANTÓNIO LUIS IMAGEM SM

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Teatro Animação de Setúbal (TAS) e o Teatro Estúdio Fontenova (TEF), também de Setúbal, estão entre as companhias que voltam a ter financiamento do Ministério da Cultura para o quadriénio 2018/2021, no âmbito do Programa de Apoio Sustentado da DGArtes. As duas entidades sadinas, que apresentaram candidaturas ao programa, estão elegíveis mas, por falta de orçamento, não lhes fora atribuída qualquer verba. Depois dos protestos e das reuniões com o ministro da Cultura, eis que o Sol brilhou para o teatro setubalense. Estes dois grupos da região

constam entre os 43 candidatos aos concursos da DGArtes que passam para o lado das entidades apoiadas após o reforço de 2,2 milhões de euros anunciados esta semana pelo Primeiro-Ministro António Costa. A lista final das 43 entidades que não teriam direito a financiamento, mas foram entretanto repescadas por este reforço, foi divulgada pouco antes das 18 horas da passada quinta-feira e nela já passam a constar o TAS e o TEF. Célia David, diretora do TAS, mostra-se satisfeita com a medida e classifica-a de «vitória». «Para o TAS, é uma vitória. Desde 2011 que se tenta recuperar o apoio que foi cortado depois de mais de 30 anos. É bom que o esforço que tem sido feito para recuperar a companhia, seja

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reconhecido». Todavia, Célia David sublinha: «A verba continua a ser insuficiente. Nada está resolvido». Na sua ótica, «Setúbal é sempre penalizada por concorrer na região de Lisboa e Vale do Tejo, onde existe uma oferta cultural muito distinta e onde as realidades são distintas. «O TAS é, por excelência, uma companhia que aposta na descentralização, desde a sua fundação. Não consigo compreender esta incoerência quando se falou tanto da descentralização», vinca. Já Graziela Dias, do Teatro Estúdio do Elefante, considera que se «repôs uma injustiça de muitos anos, porque nós estivemos sempre elegíveis para receber os apoios nos anteriores concursos mas o dinheiro nunca chegou a Setúbal».


CULTURA

RAIO

X

ALCOCHETE07ABRIL21H30

ANTÓNIO CHAÍNHO

«Quero gravar um novo CD e conhecer Las Vegas»

O mestre da guitarra portuguesa tem como grande sonho gravar o novo CD e conhecer Las Vegas. Natural de S. Francisco da Serra, tem 80 anos e pertence ao signo Aquário.

COMÉDIA “RABO DE SAIA” FORUM CULTURAL

A comédia “Rabo de Saia”, com texto de Roberto Pereira e interpretações de Almeno Gonçalves, Joaquim Nicolau, António Melo e Fernando Ferrão, prometem divertir o público com a história de Manel, que decidiu mudar de sexo.

Qual o seu maior vício? O maior e o único: tocar guitarra.

POR ANTÓNIO LUÍS IMAGEM SM

Que livro anda a ler ou leu ultimamente? “Seara de Vento”, de Manuel da Fonseca.

MONTIJO07ABRIL21H30 MARCO ALONSO GROUP

Qual o seu maior sonho profissional? Felizmente tenho concretizado todos. Gravar o novo disco é o novo sonho.

TEATRO JOAQUIM D´ALMEIDA

Tenha uma noite diferente, não perca o Showcase de Marco Alonso Group que apresenta uma abordagem a um estilo muito próprio de fusão contemporânea bebendo do flamenco moderno com influências jazzísticas e novas sonoridades no contexto da World Music.

E pessoal? Devolver ao moinho de vento da minha família toda a beleza que este merece. Cidade preferida? Conheço o mundo inteiro e Lisboa é a minha cidade preferida. E depois, o Rio de Janeiro, quase a par.

MOITA07ABRIL15H00

Qual o local que gostaria de conhecer e que ainda não visitou? Las Vegas. Andei pelo mundo e fiz uma digressão pelos EUA mas não conheço essa cidade cheia de luz.

METAL FEST AQUECE A MOITA

PAVILHÃO DE EXPOSIÇÕES/LARGO DA FEIRA Termina o Metal Fest, integrado na Quinzena da Juventude. Com as bandas Vader, Bizarra Locomotiva, Benighted, Iberia, Switchtense, For the Glory, Malevolence, Terror Empire, Equaleft, Dead Meat, Low Torque, Wells Valley e Toxikull.

Um desejo para 2018? Preparar e gravar um novo disco. Quem convidaria para um jantar a dois? A minha esposa, Deolinda Marante.

SEIXAL07ABRIL21H30

Quem é a mulher mais sexy do Mundo? De todos os tempos, talvez Marylin Monroe.

SOLISTAS DA METROPOLITANA FORUM CULTURAL

Complete: A minha vida é… Cheia, realizada e completa.

Concerto de música de câmara com os solistas da Metropolitana Ana Pereira e José Teixeira (violino), Joana Cipriano (viola) e Ana Cláudia Serrão (violoncelo), que interpretam obras de Schubert e Borodin.

O que não suporta no sexo oposto? Em ambos os sexos: a desonestidade. Comida e bebida preferida? Comida tradicional do meu Alentejo e um vinho bom tinto alentejano.

SESIMBRA07ABRIL16H00

Qual o último filme que viu no cinema? “Annie”. Melhor peça de teatro? Gostei muito da última que vi: “Atores”, encenado pelo Marco Martins, no S. Luiz. Melhor música de sempre? Ouço tanta música e tenho-a tanto dentro de mim que não consigo escolher uma só. Qual a sua maior virtude? A cordialidade, a amizade e orgulho em não ter inimizades em tão longo percurso. E defeito? Por vezes, confiar demais. Como se chama o seu animal de estimação? Adoro cães e atualmente não tenho nenhum mas tive um galgo chamado Rommel. O que levaria para uma ilha deserta? A guitarra. Dia ou noite? Noite. O que mais teme na vida? Perde alguém muito querido. A quem ofereceria um presente envenenado? A ninguém. O maior desgosto da sua vida? Ter perdido a minha mãe aos 16 anos. Eu tocava para ela, que cantava muito bem. E também a morte do meu pai aos 65 anos.

SACRO EM MÚSICA DE CÂMARA IGREJA DE N.ª SR.ª DO CABO ESPICHEL

No âmbito da Temporada de Música da Casa de Ópera do Cabo Espichel, não perca o concerto “O Sacro em Música de Câmara”, com Mariana Castello-Branco (soprano), Nuno Cardoso (violoncelo) e José Carlos Araújo (cravo).

SETÚBAL08ABRIL17H00 FADA ORIANA DESCOBRE FORUM FORUM LUÍSA TODI

“A Fada Oriana”, adaptação aos palcos pela II ACTO - Companhia de Teatro, da obra de Sophia de Mello Breyner Andresen, comemora os 60 anos do clássico da literatura infantil. Com encenação de João Frizza, também responsável pela cenografia e figurinos.

GANHE CONVITES PARA O TEATRO Temos para oferecer aos nossos leitores convites para o musical de Filipe La Feria “O Aladino”, que continua a fazer sucesso no palco do Politeama, e para a revista popular à portuguesa “Portugal em Revista”, em cena no Teatro Maria Vitória, no Parque Mayer, em Lisboa. Para se habilitar aos convites basta ligar 96 943 10 85 e solicitar os seus convites.

Bando estreia peça infantil baseada no imaginário de Paula Rego “

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aula de Papel” é o título da nova peça do Teatro O Bando, que estreia dia 14, às 21 horas, em Vale dos Barris, Palmela. Trata-se de um espetáculo para crianças a partir do imaginário de Paula Rego. Numa parceria com a Casa das Histórias Paula Rego, ”Paula de Papel”, «convoca a pintura para construir um objeto teatral onde o corpo e o movimento dão vida aos quadros da pintora. Em cena, todas as personagens são Paula e tudo começa com o papel em branco que é elemento central da construção plástica do espetáculo,

papel que é o instrumento principal para a sonoplastia, papel que está sempre presente no quotidiano das crianças convocando-as assim para interagir com o espaço cénico e a narrativa», refere a encenadora Juliana Pinho. Com música de Jorge Salgueiro, “Paula de Papel” conta com interpretações de Juliana Pinho, Margarida Mata e Rita Brito. Vai estar em cena em Vale de Barris até ao dia 22, podendo ser vista aos sábados às 17 e 21 horas, e aos domingos às 11 e 17 horas. A 18 e 19 de maio vai estar na Casa das Histórias Paula Rego, em Cascais. 2018 | 7 DE ABRIL | SÁBADO | SEMMAIS | 13


DESPORTO

METADE DA VIDA A PRATICAR KICKBOXING

Maria Inês Mariani sonha com Europeu e Mundial Os ringues têm feito parte da sua viva desde muito cedo. Aos dez anos pisou-os pela primeira vez e tem no kickboxing uma das suas maiores paixões. Com os pés bem assentes na terra sabe que só com disciplina e tenacidade se conquistam objetivos. TEXTO MARTA DAVID IMAGEM SM

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aria Inês Mariani tem 17 anos e conquistou recentemente o primeiro lugar no Yokoso Dutch Open em kickboxing, um marco na carreira desportiva da jovem setubalense que começou a praticar a modalidade quando tinha oito anos. As primeiras provas começaram aos dez anos e o desporto foi a forma encontrada para ganhar competências pessoais e fugir à insegurança própria da idade numa menina que começa a ter excesso de peso. «Eu era uma autêntica bolinha!», diz entre sorrisos, assumindo que era uma criança insegura e cheia de medos. «Os meus

pais acharam que o kickboxing iria proporcionar-me confiança, autoestima, autodomínio, disciplina e segurança em mim mesma. Desde então posso dizer que o kickboxing é uma das minhas maiores paixões». Treinada pelo mestre Henrique Diogo com o auxílio do pai, João Mariani, os títulos têm sido uma constante. É campeã Nacional e Regional desde de 2010 com oito títulos nacionais e regionais nas diversas modalidades de kickboxing: light contact e light kick, duas disciplinas onde são privilegiadas a rapidez e a técnica. Em 2015, com a passagem à categoria de júnior, iniciou-se nas disciplinas de pleno contacto, ou seja, ringue low kick e k1. O ano passado sagrou-se ainda

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nacional de Muay thai. Desde a entrada na competição nunca perdeu um título e diz com orgulho «Sou invicta!» Os objetivos para os próximos tempos estão definidos. «Esta época pretendo revalidar os títulos Nacional e Regional quer em k1 quer em Muay thai», afirma a atleta que espera «conseguir patrocínios para disputar os títulos Europeu e Mundial quer em k1 quer em Muay thai». No futuro gostaria de ser uma atleta reconhecida a nível internacional. A participação no torneio internacional que decorreu na Holanda partiu da parceria entre a sua equipa, a HD Team, e uma equipa de Lisboa, a KO Team. Os resultados no Torneio provam que a modalidade começa a ganhar cada vez

mais adeptos. «Ficámos em 3º lugar, entre cem equipas, e em 5º lugar entre as 20 nações que participaram nesta prova.» Maria Inês subiu ao lugar mais alto do pódio, um triunfo que a faz acreditar que «se cheguei onde estou hoje é porque eu consigo chegar mais longe e dar mais de mim. A partir deste Torneio Internacional o que antes chamava sonhos, comecei a chamar objetivos e realidade». Competições não interferem com resultados escolares O facto de ter começado a praticar a modalidade ainda criança, levou a que Maria Inês, desde sempre tivesse de conciliar os estudos com os treinos e as competições. As boas performances desportivas nunca a

levaram a negligenciar os estudos e a prova disso é que foi sempre uma excelente aluna. Atualmente a frequentar o 11º ano de desporto, a jovem sabe que o sucesso só se alcança com sacrifícios. «Como jovem não é fácil, ter que abdicar dos tempos livres para ter tempo para estudar e

para treinar», admite. No entanto, sabe que o mais importante é ser disciplinada. «Se queremos fazer diferença temos que ter objetivos, mas a atitude a autodisciplina é que determinam o que nós conquistamos e só com essa postura conseguimos chegar onde queremos».

SEGUNDA EDIÇÃO ANIMA CIDADE NO FIM DE SEMANA

Mais de 600 atletas à partida para o Setúbal Triathlon

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segunda edição da prova de triatlo longo de Setúbal, que se realiza este domingo, conta com mais de seis centenas de atletas nos vários escalões, o que representa um aumento de cerca de 50 por cento em relação ao ano passado. As inscrições esgotaram-se quase dois meses antes da competição, o que demonstra o interesse dos atletas e o crescimento da prova organizada pela HMS Sports e pela autarquia de Setúbal. «Esta prova tem tudo para ser uma referência no âmbito da programação de desporto da cidade» salientou Pedro Pina, o vereador do Desporto da Câmara Municipal de Setúbal, na conferência de imprensa de apresentação do evento. Hugo Sousa, diretor técnico da HMS Sports, diz que esta segunda edição da prova é o princípio do que pode ser um «evento de triatlo de grande qualidade no país» a avaliar pelo crescente interesse dos atletas que serão 608 à 14 | SEMMAIS | SÁBADO | 7 DE ABRIL | 2018

partida. O número de senhoras duplicou para 42 e a participação de atletas estrangeiros, que também aumentou, representa 11 por cento dos inscritos. Números considerados muito bons pelo presidente da Federação de Triatlo de Portugal, Vasco Rodrigues, «tendo em conta que o público triatleta é muito exigente e procura sempre as melhores competições». Com mais de cem quilómetros de distância, entre natação, ciclismo e atletismo, o Setúbal Triathlon 2018 tem um percurso centrado na zona ribeirinha e na Serra da Arrábida, com início às 08h00, nas águas do rio Sado, defronte do Parque Urbano de Albarquel, onde os atletas vão nadar 1900 metros. A competição prossegue com o ciclismo, com partida na Avenida José Mourinho, na distância de 90 quilómetros, que percorre toda a Avenida Jaime Rebelo, até à Cachofarra, junto da fábrica da Lallemand,

seguindo-se a Avenida Luísa Todi e a Arrábida, com passagens pela Figueirinha e pelo Portinho. De regresso a Setúbal, o percurso continua pela Avenida Luísa Todi, com destino à península da Mitrena e ao Alto da Guerra. De regresso à principal artéria da cidade, os atletas entram novamente na Arrábida para repetir o troço anterior e retornam para iniciarem a prova de corrida, com início junto do Auditório José Afonso, onde também está instalada a meta do Setúbal Triathlon. Já a prova de atletismo, composta por quatro voltas, na distância de 21,097 quilómetros, sempre por estrada, num percurso entre o Parque Urbano de Albarquel e a Avenida Luísa Todi. O Setúbal Triathlon divide-se em sete escalões etários, femininos e masculinos, de sub-23, seniores e veteranos I, II, III, IV e V, com prémios para os três primeiros classificados.


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