Semmais 12 marco 2016

Page 1

semmais

Sábado 12 | Março | 2016

Diretor Raul Tavares Semanário | Edição 893 | 9ª série Região de Setúbal Distribuído com o Expresso Venda interdita

MINISTRA DO MAR ABRE PORTAS DE SINES A PAQUISTANESES Dias antes de Ana Paula Vitorino ter-se deslocado ao porto de Sines para inaugurar o novo entreposto frigorífico da Friopuerto Investment, instalado na Zona de Atividades Logísticas daquela plataforma portuária, e de ter garantido que tudo irá fazer para a expansão do Terminal XXI, ficou a saber-se do interesse paquistanês de investir em Sines. A ministra escancarou as portas. © D.R.

NEGÓCIOS PÁGINA 12

SOCIEDADE PÁGINA 4

SOCIEDADE PÁGINA 5

NEGÓCIOS PÁGINA 13

O documento que explica as razões pelas quais Jorge Espírito Santo, diretor do serviço de Oncologia do Centro Hospitar do Barreiro, bateu com a porta, fala em falta de apoio da administração e práticas clínicas desajustadas. O Semmais teve acesso ao documento.

Menos dinheiro angariado, menos paróquias envolvidas e alguma desmotivação dos que normalmente são solidários, são o resultado do peditório deste ano da Cáritas Diocesana de Setúbal. A ação rendeu cerca de 19 mil euros, menos quase 9 mil que o do ano transato.

A unidade da The Navigator Company, na Mitrena, em Setúbal, antiga Portucel, vai receber a maior central solar fotovoltaica do país. São 8800 painéis solares a instalar em cerca de 13 mil metros quadrados. A central vai produzir cerca de 3 mil e cem kwh por ano.

PEDITÓRIO DA CÁRITAS RENDEU MENOS QUE O DO ANO PASSADO

CARTA DO ONCOLOGISTA DEMISSIONÁRIO NO BARREIRO É ARRASADORA

PUBLICIDADE

FÁBRICA DA NAVIGATOR EM SETÚBAL VAI TER MEGA CENTRAL SOLAR

ARESTAURANTE CASA SETÚBAL DO PEIXE PORTUGAL

RUA GENERAL GOMES FREIRE 138 | 960331167


SEMANA DUAS CRIANÇAS RESGATADAS DE PEDREIRA ABANDONADA EM SINES

DUAS CRIANÇAS, COM 12 E 13 ANOS DE IDADE FORAM RESGATADAS PELOS BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DE SINES NA PASSADA TERÇA-FEIRA, 8 DE MARÇO, NUMA PEDREIRA ABANDONADA, NO COMPLEXO INDUSTRIAL DE SINES. OS MENORES, ESTUDANTES DA ESCOLA SECUNDÁRIA AL BERTO, EM SINES, APROVEITARAM O FIM DAS AULAS PARA IREM BRINCAR PARA O LOCAL, QUANDO UM DELES ACABOU POR CAIR DE UMA ALTURA DE 25 METROS. O AMIGO TENTOU AJUDÁ-LO, MAS NÃO CONSEGUIU. OS BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DE SINES RECEBERAM O ALERTA POR VOLTA DAS 17H00. DEPOIS DE RESGATADAS, AS CRIANÇAS FORAM ENTREGUES AOS PAIS, SEM QUE HOUVESSE A NECESSIDADE DE IREM PARA O HOSPITAL. NO LOCAL ESTIVERAM NOVE ELEMENTOS DOS BOMBEIROS DE SINES APOIADOS POR TRÊS VIATURAS, APS E GNR.

Detido junto a um estabelecimento comercial na Cruz de Pau por posse de arma branca

A

PSP deteve um homem de 22 anos, na madrugada da passada quarta-feira, por posse de uma arma branca. A detenção ocorreu em Corroios, no concelho do Seixal, após o veículo onde o suspeito se encontrava ter sido intercetado pelos agentes. Junto a um estabelecimento na Cruz de Pau, onde o veículo foi intercetado graças a uma perseguição ao longo de várias artérias, os agentes consideraram suspeito o comportamento do jovem, que seguia com mais três indivíduos na viatura. Foi nessa altura encontrada uma navalha ponto e mola com o suspeito, o que resultou na sua detenção.

Jovem de Fátima desaparecido há 15 meses foi encontrado em Palmela

A

Polícia Judiciária de Setúbal (PJ) já localizou o jovem de 15 anos que desapareceu há 5 meses de uma instituição de Fátima, o seu desaparecimento ocorreu em outubro do ano passado e nunca mais foi visto. Esta sexta-feira a PJ localizou o jovem em Palmela que já fugiu das instituições onde frequentou pelo menos três vezes, em comunicado a PJ revela que “é já a terceira vez que este departamento da Polícia Judiciária localiza a criança, entretanto institucionalizada, após o seu

desaparecimento ou fuga”. O adolescente encontra-se bem e já foi encaminhada para a instituição de onde fugiu.

Detido em Corroios com 1244 doses individuais de haxixe

Suinicultores da região exigem mais ajudas do Governo

D

ezenas de suinicultores da região manifestaram-se ontem, sexta-feira, em Lisboa, contra aquilo que rotulam de situação «insustentável». Dizem que o setor atravessa uma crise sem precedentes e que, dentro de um ano «estaremos praticamente dependentes do estrangeiro». Em carta aberta ao ministro da Agricultura, Capoulas Santos, os suinicultores queixam-se que em Portugal é produzida a melhor carne de porco da Europa, mas as ajudas não existem e os prejuízos diários dos suinicultores são «insuportáveis, pelo que a não serem tomadas quaisquer medidas, o desaparecimento do sector é uma realidade, pondo em causa milhares de postos de trabalho e o fim da carne de porco portuguesa». E recordam que recente-

O mente, Bruxelas atribuiu uma ajuda de 500 milhões de euros para o sector do leite e da suinicultura. A este montante, cada país podia adicionar igual valor. A Portugal coube 4,3 milhões de

2 | SEMMAIS | SÁBADO | 12 DE MARÇO | 2016

euros e a suinicultura recebeu «zero». E questionam: «Os nossos colegas europeus receberam dezenas de milhões de euros. Como podemos competir com eles?».

Comando Distrital de Setúbal da PSP informa em comunicado que em Corroios, pelas 12h00 do passado dia 9 de Março, foi detido um indivíduo do sexo masculino, com 21 anos de idade, por tráfico de droga. Os agentes da esquadra de Investigação Criminal no decorrer de um processo em in-

vestigação, lograram intercetar em flagrante delito o suspeito, o qual detinha na sua posse 1244 doses individuais de haxixe, 5310 euros em notas do Banco Central Europeu e uma munição calibre 38 special”. O detido é reincidente neste ilícito criminal e foi , no próprio dia, presente a tribunal.


SOCIEDADE ESTE TIPO DE DOR DE CABEÇA É UMA DAS DOENÇAS NEUROLÓGICAS COM MAIOR PREVALÊNCIA ENTRE A POPULAÇÃO DA REGIÃO

Cem mil sofrem de enxaqueca no distrito mas só dez mil vão ao médico Cada doente com esta tipologia faltará em média três a quatro dias por ano ao trabalho ou à escola. No distrito apenas 10 por cento das pessoas recorre a ajuda dos profissionais. TEXTO ROBERTO DORES IMAGEM SM

S

erão cerca de cem mil os habitantes da região afetados por enxaqueca, sabendo-se que cada doente com este diagnóstico faltará em média três a quatro dias por ano ao trabalho ou à escola. A enxaqueca é uma das doenças neurológicas com maior prevalência na região, mas que, segundo os especialistas é, simultaneamente, das mais subdiagnosticadas patologias entre os três distritos, tratando-se de uma doença onde prevalece a auto-medicação, com recurso a medicamentos de venda livre, nomeadamente na sua fase mais primária, onde a patologia se assemelha a uma «normal» dor de cabeça, segundo a

Sociedade Portuguesa de Cefaleias. De acordo com os médicos, o único estudo epidemiológico realizado em Portugal, mostra que apenas dez por cento da população que sofre de enxaqueca - ou seja, no caso do distrito são cerca de dez mil pessoas - procura ajuda médica. Sabe-se, entretanto, que as mulheres são mais atingidas do que os homens. Em alguns indivíduos a dor de cabeça motivada pela enxaqueca traduz-se em perturbações visuais conhecidas como aura, náuseas e vómitos, sendo a causa da doença ainda desconhecida, admitindo os especialistas que poderá envolver um funcionamento anormal dos componentes das células nervosas dentro do cérebro.

O neurologista Jorge Machado descreve que os principais sintomas são as dores intensas de apenas um dos lados da cabeça, podendo também haver náuseas e intolerância à luz e ao ruído. As crises podem durar entre quatro e 72 horas, alertando o especialista que a melhor forma de se distinguir uma enxaqueca de uma dor de cabeça simples, é o facto de a enxaqueca provocar dores mais intensas. Pequena enxaqueca já é uma doença «Quando as pessoas têm uma crise até costumam pedir para que não lhes toquem na cabeça e sentem agravamentos quando se baixa», refere, sublinhando tratar-se a enxaqueca de uma «dor de

SOCRABINE COOPERATIVA DOS CAMIONISTAS FORNECEDORES DE MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO DE RESPONSABILIDADE, LDA SEDE: R. Almirante Reis, 294 – Telef. 212148890 2830-461 PALHAIS BRR AREEIRO: Santa Marta de Corroios – Telef. 212538328 POSTO DE COMBUSTÍVEIS: Coina – Telef. 212102662

Assembleia Geral Ordinária Nos termos do n.º 2 do artigo 45.º do Código Cooperativo e do n.º 2, alínea a), do artigo 20.º dos Estatutos, convoco a Assembleia Geral da SOCRABINE – Cooperativa dos Camionistas Fornecedores de Materiais de Construção de Responsabilidade Limitada, para reunir, em sessão ordinária, na nova sede na Estrada Nacional 10 em Coina, (Bombas) no dia 24 de Março de 2016 (Quinta-feira), pelas 19.00 horas, com a seguinte ORDEM DE TRABALHOS: 1.º - Apreciar e votar o relatório de gestão e as contas do exercício de 2015, bem como o parecer do concelho fiscal; 2.º - Outros assuntos de interesse. NOTA: Se, à hora marcada para a reunião, não estiver presente mais de metade dos cooperadores com direito de voto ou seus representantes devidamente credenciados, a assembleia reunirá, às 19.30 horas, com qualquer número de cooperadores, no mesmo local, em conformidade com o disposto no n.º 3 do artigo 22.º dos Estatutos. Palhais, 3 de Março de 2016 O Presidente da Mesa da Assembleia Geral Francisco Simões Mateus

cabeça primária». Quer isto dizer, que, só por si, já é uma doença, pelo que as pessoas não devem ir à procura de alguma outra patologia que justifique essa mesma dor. As investigações realizadas mostram ainda que são as mulheres quem mais sofre com a doença, à ordem de três mulheres para um homem, admitindo os especialistas que os fatores hormonais sejam determinantes. As enxaquecas aparecem, sobretudo, no período fértil da vida, entre a primeira e última menstruação, sendo curioso que nas gravidezes não há enxaquecas a partir dos três meses de gestação. Os especialistas alertam que a forma como cada um

faz o tratamento é também fundamental para analisar a sua eficácia. Por exemplo, um paciente que espere muito tempo para tomar a medicação corre o risco de a vomitar. Aconselha-se, por isso, iniciar o tratamento com antecipação (ou seja, logo que surjam os primeiros sinais) e na menor dose possível. Os médicos garantem que é impossível impedir as crises, mas a enxaqueca pode ser adiada, suavizada e o seu impacto pode até ser reduzido. Para as enxaquecas moderadas ou ligeiras, os analgésicos comuns, como por exemplo, o paracetamol, o ácido acetilsalicílico e o ibuprofeno poderão ser suficientes. Outros medicamentos uti-

lizados são os antieméticos, que evitam os vómitos e diminuem as náuseas. Quando os analgésicos tradicionais não são suficientes, deve encarar-se a possibilidade de tomar medicação específica para a enxaqueca. Ainda segundo os neurologistas, tomar medicamentos regularmente contra a dor, sejam analgésicos simples ou medicamentos para as enxaquecas, pode causar o efeito contrário. Em vez de impedir as dores de cabeça, podem acabar por provocá-las. O organismo habitua-se à medicação e a dor de cabeça acaba por ser causada pelo próprio tratamento: é o chamado “efeito rebound”.

Prémios “Turismo do Alentejo” revelados este domingo em Sines

O

Auditório do Centro de Artes de Sines vai ser palco, este ano, da sexta edição dos prémios “Turismo do Alentejo, cujos vencedores vão ser conhecidos este domingo durante uma gala organizada pela Entidade Regional de Turismo do Alentejo/Ribatejo. Segundo nota de imprensa da ERT do Alentejo/Ribatejo, para além dos galardões, vão ser também entregues algumas distinções e várias menções honrosas, assim como conhecidas as enti-

dades e personalidades que a Turismo do Alentejo / Ribatejo e a Agência Regional de Promoção Turística decidiram, extra concurso, galardoar pelo trabalho desenvolvido em prol da promoção turística do território. Este ano, concorreram à iniciativa 102 projetos do Alentejo e 20 do Ribatejo, num total de 122 candidaturas, mais 43 que no ano passado. O júri é presidido por José Manuel Simões (Centro de Estudos Geo-

gráficos/ Universidade de Lisboa), e conta também com António Lacerda (Agência Regional de Promoção Turística); José Manuel Santos (Turismo do Alentejo / Ribatejo) Armando Rocha (Neoturis); Carina Monteiro (Publituris); José Luís Elias (Turisver); Pedro Chenrin (Ambitur); Joana Emídio (O Mirante); José Miguel Piçarra (Diário do Sul); Jaime Serra (Universidade de Évora); e Teresa Ferreira (Turismo de Portugal).

SEMMAIS | SÁBADO | 12 DE MARÇO | 2016 | 3


SOCIEDADE POSIÇÃO DE JORGE ESPÍRITO SANTO, DIRETOR DO SERVIÇO DE ONCOLOGIA DO CENTRO HOSPITALAR DO BARREIRO, DESENCADEOU “TEMPESTADE” JUNTO DO SETOR DA SAÚDE NA REGIÃO

Carta de demissão do diretor de oncologia no Barreiro arrasa administração e procedimentos possível, nas atuais circunstâncias, desenvolver a prática da oncologia no Centro Hospitalar nas suas várias dimensões, quer organizativas quer no que respeita à qualidade clínica e formativa, acompanhando o estado da arte e em condições que lhe garantam a credibilidade e a idoneidade», acrescenta a missiva.

O documento a que o Semmais teve acesso levanta problemas graves que, segundo sublinha, comprometem aquele importante serviço clínico. Jorge Espírito Santo afirma que a prática da Oncologia na Instituição, «há muito discutida e aparentemente consensualizada, está cada vez mais longe de ser aplicada». TEXTO ROBERTO DORES IMAGEM SM

O

diretor do serviço de Oncologia do Centro Hospitalar do Barreiro-Montijo, Jorge Espírito Santo, bateu com a porta, tendo deixado revelações sobre o que se passa naquela unidade de referência que se transformaram no acontecimento da semana, levando a Ordem dos Médicos a pedir uma investigação junto do hospital. O pedido de demissão já foi aceite. Mas, afinal, o que es-

Doentes afastados para outros hospitais

creveu Jorge Espírito Santo de tão relevante na carta para ter desencadeado uma espécie de tempestade no setor da saúde no distrito? Vamos por partes. O médico oncologista, que ocupou o cargo de diretor do serviço durante 20 anos, garantiu que a sua intenção de se demitir «não é revogável». Fica no cargo até 30 de março, após a realização da visita de auditoria e com a qual afirma estar «comprometido». A demissão produzirá efeitos no dia 31 de março, regressando nessa

data à vaga de assistente graduado sénior de Medicina Interna do mapa de pessoal deste Hospital. «Este meu pedido é fundamentado pela recente perda de um especialista de Oncologia Médica, cuja diferenciação e experiência era fundamental para reequilibrar e diferenciar a equipa médica da unidade» começa por explicar, alertando que este especialista foi contratado em menos de duas semanas por outro hospital (Setúbal), quando nesta instituição aguardava há

cerca de três meses pela autorização para efetivar o contrato de trabalho. Acrescenta que este episódio contribuiu para «tornar claro o nível de envolvimento do Conselho de Administração no apoio e na promoção desta valência», sublinha, continuando a justificar a saída com o facto de apesar de ter procurado garantir condições mínimas para a prestação de cuidados de qualidade aos doentes, não sentiu apoio dos gestores. «Considero não ser

O documento reconhece que a organização da prática da Oncologia na Instituição, «há muito discutida e aparentemente consensualizada, «está cada vez mais longe de ser aplicada, persistindo a inobservância de alguns preceitos e critérios básicos da boa prática oncológica». Depois Jorge Espírito Santo pega na desorganização de procedimentos, desagregação de circuitos e aumento de crispação entre profissionais «pondo em causa a manutenção dos níveis mínimos de qualidade exigíveis. Cada vez mais doentes são tratados sem terem sido avaliados em sede de consulta de decisão terapêutica multidisciplinar». Alega que estas reuniões «têm vindo progressivamente a transformar-se em fóruns

de desencontro de perspetivas em vez de espaço privilegiado para a decisão em equipa». O médico diz mesmo que «cada vez mais doentes são afastados da prestação de cuidados e remetidos a outras instituições sem que sejam avaliados e discutidos em sede de consulta multidisciplinar de decisão terapêutica». O diretor demissionário recorda ainda que apesar do parecer favorável da Comissão Oncológica e do interesse manifestado pelos gestores do hospital, “não foram até agora definidas ou implementadas medidas que permitam ao Centro Hospitalar assumir a tipologia pretendida na nova estrutura da Rede de Referenciação de Oncologia. Pelo contrário, o que se tem registado é a perda de competências, de capacidades e o aumento dos constrangimentos no acesso a cuidados. O médico diz também que se está a perder a oportunidades de transformar o Centro Hospitalar numa referência para a área da Oncologia, pelo que não quer pôr em causa os seus princípios e as perspetivas sobre a prática da Oncologia. «Para além de que não pretendo contribuir para defraudar os doentes».

DIA ABERTO NA INSTITUIÇÃO JUNTOU PERTO DE DUAS CENTENAS DE PESSOAS

Conservatório de Artes sensibiliza público para aprendizagem da música

O

Coral Luísa Todi (CLT), de Setúbal, viveu um dia muito intenso, no dia 5 de março. O Dia Aberto, organizado pelo Conservatório de Artes do CLT, destinado a todos os que quiseram ter um primeiro contato com um instrumento musical, apresenta um balanço «bastante positivo» e contou com a envolvência de «duas centenas» de pessoas. Luís Filipe Fernandes, o presidente do CLT, revelou que a boa adesão de pessoas ao evento é bem demonstrativa da «vitalidade do coral e do desenvolvimento de atividades em várias áreas».

O Conservatório de Artes do CLT, que possui autorização de funcionamento concedida pelo Ministério da Educação e Ciência, ministra vários cursos, oficiais e livres, de bateria, canto, clarinete, guitarra portuguesa, piano, viola, violino e saxofone. Isto sem falar na formação musical e nas classes de conjunto. A funcionar desde 2011/12, o Conservatório reúne maior número de alunos nas classes de bateria, canto e guitarra portuguesa. É seu objetivo dar formação na área da música, «não só para quem queira fazer um curso oficial ou carreira nessa área,

4 | SEMMAIS | SÁBADO | 12 DE MARÇO | 2016

NOITES DO CORAL LUÍSA TODI DINAMIZAM ESPAÇO Durante o Dia Aberto foi apresentada a iniciativa “Noites do Coral” que visa dinamizar a sede social do CLT, na Reboreda. «Queremos que a nossa sede se torne num verdadeiro polo de atividade cultural e, ao mesmo tempo, que seja palco de apresentação de algumas das atividades desenvolvidas no coral, mostrando o seu ecletismo, num ambiente descontraído, diferente do apresentado nos grandes palcos. Poderão ter a periodicidade de dois em dois meses». Vincou o líder da instituição sadina.

mas, também, para quem queira aprender música de uma forma lúdica, servindo igualmente para criar públicos mais conhecedores», sublinha Luís Filipe

Fernandes, que acrescenta que, por outro lado, pretende, também, «fomentar a interdisciplinaridade entre várias formas de expressão artística».


Peditório da Cáritas de Setúbal Carlos Beato exorta rendeu menos cerca de 9 mil à resiliência na responsabilidade social euros este ano Dois dias de mau tempo, menos paróquias envolvidas e uma das motivação da população, são as causas apontadas para a quebra de donativos.

O

peditório anual da Caritas Diocesana de Setúbal registou uma diminuição de 32,60 por cento, num total de 19 mil euros, arrecadados, contra 28.000 conseguidos no ano anterior. Esta angariação de verbas para auxiliar as diversas ações de solidariedade daquela instituição da Igreja, decorreu no âmbito da Semana Diocesana de Solidariedade e em 37

das 57 paróquias da Diocese, quando o ano passado participaram 42 paróquias. «A diminuição do número de paróquias envolvidas este ano, a par de dois dias de mau tempo, acabou por ser um dos motivos para a redução das verbas angariadas», explicou ao Semmais Eugénio Fonseca, presidente da Cáritas. Segundo o relatório da instituição, apesar de

tudo, a iniciativa envolveu 405 pessoas destacadas pelas diversas paróquias, tendo as mesmas conseguido donativos junto de 31 mil pessoas, menos 3.800 do ano anterior. A par do menor número de paróquias envolvidas, o líder da Cáritas considera que se notou, este ano, «uma falta de expectativas das pessoas porque, afiançou, «começa a haver uma desconfiança sobre os efeitos das suas ofertas e pela proximidade de casos que conhecem, com situações de carência que continuam». O presidente da Cáritas não esquece, porém, o trabalho dos voluntários e de quem se prestou a contribuir. «Quem aceitou a difícil tarefa de sair à rua para solicitar as dádivas dos seus concidadãos e todos os que contribuíram, o nosso penhorado agradecimento», disse Eugénio Fonseca.

SOCIEDADE

O

administrador da Associação Mutualista Montepio Geral, Carlos Beato, ex-presidente da câmara de Grândola, foi um dos principais oradores da conferência comemorativa dos “20 anos de Intervenção Social em Portugal” da Fundação Montepio. Na ocasião, o dirigente deixou “palavra de enorme apreço” às entidades que têm vindo a trabalhar com a Fundação Montepio e também “uma palavra de agradecimento aos voluntários sem cujo trabalho não era possível ter feito tanto daquilo que foi possível fazer ao longo dos últimos 20 anos”. Com o auditório do Montepio, em Lisboa, repleto de convidados, Carlos Beato afirmou ser importante “aprofundar, aprender a refletir sobre uma área em que, durante as duas últimas décadas a Fundação tem tido uma grande intervenção”. Dirigindo-se à plateia,

Carlos Beato exortou os participantes a saírem desta importante conferência «mais entusiasmados e mais resilientes para as tarefas que se colocam à responsabilidade social”. O auditório do Montepio acolhe hoje a conferência do 20º aniversário da Fundação Montepio, que conta com a participação de intervenientes e especialistas da área da economia social, entre eles, Rogério Roque Amaro, professor associado do ISCTE, o primeiro orador da iniciativa.

Na conferência “20 Anos de Intervenção Social em Portugal”, o debate foi promovido através de três painéis: “A Visão dos Protagonistas”, “A Visão dos Parceiros da Fundação Montepio” e “A visão das Entidades que a Fundação Montepio Integra”, dando assim a conhecer as reflexões dos principais intervenientes do setor social. O encerramento da iniciativa foi da responsabilidade de António Tomás Correia, Presidente do Conselho de Administração da Fundação Montepio.

PUBLICIDADE

SEMMAIS | SÁBADO | 12 DE MARÇO | 2016 | 5


LOCAL BARREIRO SECUNDÁRIA DE CASQUILHOS PARTICIPA EM CONCURSO INTERESCOLAS

ALCÁCER DO SAL MÊS DA POESIA NA BIBLIOTECA MUNICIPAL A biblioteca local dedica março à poesia e irá assinalar com poemas as efemérides relativas a este mês, nomeadamente o Dia Internacional da Mulher, Dia do Pai, Dia Mundial da Poesia, Dia Mundial da Árvore e Páscoa. Através da animação das férias da Páscoa, a par de exposições bibliográficas/temáticas, animação de histórias, ateliês de escrita criativa e trabalhos de expressão plástica comemorativos de dias especiais, a biblioteca pretende sensibilizar os alunos e o público em geral para a utilidade do espaço, desenvolver e consolidar o hábito e o prazer da leitura e dar a conhecer novos autores e obras literárias.

GRÂNDOLA EXCELÊNCIA DO TURISMO RURAL DISTINGUIDA NA BTL O Sublime Comporta Country House Retreat venceu esta semana os prémios “Publituris Portugal Trade Awards 2016” na categoria “Melhor Turismo em Espaço Rural”. Na edição deste ano dos prémios da conceituada revista de turismo Publituris, estiveram em votação mais de 90 nomeados para as 14 categorias, escolhidos pela redação da publicação que teve em consideração o trabalho desenvolvido ao longo de 2015, a capacidade de inovação, visibilidade mediática, distinções nacionais e/ou internacionais, dados estatísticos oficiais, entre outros. A cerimónia da entrega de prémios decorreu durante a BTL – Feira Internacional de Turismo de Lisboa.

SANTIAGO DO CACÉM LAGOA DE SANTO ANDRÉ JÁ ABRIU AO MAR A abertura da Lagoa de St.º André ao mar aconteceu na tarde do passado dia 8. Anualmente, a ocasião traz a esta lagoa, centenas de pessoas, que não querem perder um espetáculo de rara beleza. Recorde-se que a abertura da lagoa é feita todos os anos numa altura sempre próxima do equinócio da Primavera, um processo que está a cargo da Agência Portuguesa do Ambiente e que outrora foi da responsabilidade do município e, depois, da Reserva Natural das Lagoas de St.º André da Sancha. A abertura da lagoa ao mar visa a renovação da água da lagoa, a limpeza e lavagem do seu fundo e a entrada de algumas espécies piscícolas.

6 | SEMMAIS | SÁBADO | 12 DE MARÇO | 2016

A Secundária de Casquilhos vai apresentar um projeto no IV Concurso Interescolas, no evento “Canstruction Portugal 2016”, de 29 de março a 2 de abril, em Gondomar. Trata-se do único agrupamento do distrito de Setúbal que irá estar representado no evento. Designado de “É Preciso Ter Lata!”, é organizado pela Associação com o mesmo nome. Em foco está a luta contra a fome e, ao mesmo tempo, um concurso, que dá origem a uma exposição. É este desafio à criatividade e à capacidade de trabalho e engenho, que despertou a atenção e a motivação da turma do 12.º E - Artes Visuais, para participar com uma escultura construída integralmente com latas de comida.

SETÚBAL MUNICÍPIO DESAFIA POPULAÇÃO A EMBELEZAR A CIDADE As inscrições para os cidadãos apresentarem propostas de intervenções ou participarem como voluntários na 6.ª “Setúbal Mais Bonita”, já estão a decorrer. A iniciativa, com apoios mecenáticos, desenvolvida no espírito de participação cidadã, que contou com o contributo de mais de 1500 voluntários em 2015, realiza-se de 20 a 22 de maio, com a concretização de dezenas de ações de requalificação do espaço público. Os cidadãos ou entidades que desejem entregar sugestões de intervenções a realizar no concelho durante a campanha, como pintura de fachadas, recuperação de mobiliário urbano, arranjo e plantação de espaços verdes e recolha de detritos e lixos, podem fazê-lo até 31 de março.

MONTIJO SEMANA VERDE APELA À PROTEÇÃO DA NATUREZA De 16 a 21, decorre a Semana Verde. Trata-se de uma oportunidade de redescobrir as potencialidades da região num programa com atividades, amigas do ambiente, dirigidas à população em geral. Na zona ribeirinha, a 16 e 17, alunos do 1.º ciclo vão plantar árvores e ficar a conhecer as suas características. No dia 18, os alunos de 2.º ciclo, foram convidados para uma visita guiada ao Moinho de Maré e à zona ribeirinha, onde serão abordadas questões sobre o rio, o estuário do Tejo, bem como a fauna e flora típicas. O evento pretende dar as boas vindas à primavera e é uma forma de assinalar a importância do papel das árvores no equilíbrio dos nossos ecossistemas.

ALMADA FÉRIAS DA PÁSCOA PARA JOVENS DO CONCELHO O município vai levar a cabo, à semelhança de anos anteriores, o programa “Férias Jovens – Páscoa 2016”, destinado a jovens dos 6 aos 17 anos de idade. A iniciativa decorre entre 21 de março e 1 de abril, entre as 9 e as 17 horas, e proporciona aos jovens que estudem, residam e/ou cujos pais, encarregados de educação ou representantes legais que trabalhem no concelho, um conjunto de atividades, passeios e visitas dentro e fora do concelho. Para esta edição, a Câmara dá prioridade de participação a crianças e jovens de famílias em comprovada situação de carência económica. A participação no programa é gratuita, mediante a inscrição prévia.

MOITA MUNICÍPIO QUER VALORIZAR ANTIGO ESPAÇO DOS BOMBEIROS O município vai voltar a reunir com o Ministério da Administração Interna para que seja encontrada uma solução para as antigas instalações dos bombeiros. O antigo quartel foi adquirido, em 2009, pelo MAI, com a intenção de ali instalar o quartel da GNR, e ao longo dos anos, foram feitos contactos com o MAI perante a degradação do equipamento e a necessidade de criar condições dignas aos profissionais. «No início deste mandato, tentámos junto do MAI resolver o problema, discutindo a permuta do antigo quartel por um terreno cedido pelo município, para que o quartel da GNR fosse construído de raiz. A proposta foi bem acolhida, mas o processo ficou parado», refe fonte da autarquia.

ALCOCHETE SEMANA DA LEITURA INCENTIVA À PAZ No Ano Internacional do Entendimento Global decretado pela UNESCO, a biblioteca de Alcochete vai às escolas com “Elos de Leitura” para apresentar a obra de Anais Vaugelade “A Guerra”, uma história de coragem, de inteligência e de esperança na luta desarmada pela paz. Esta iniciativa da Semana da Leitura, que se realiza pelo décimo ano consecutivo, vai abranger um total de 1259 crianças do pré-escolar e 1.º ciclo do básico e da Fundação João Gonçalves Júnior, em 53 sessões, que decorrem de 1 de março a 8 de abril. Após a dramatização, em cada sessão segue-se um diálogo entre a técnica da biblioteca e as crianças, com muitas perguntas e respostas.

SEIXAL CAMPANHA DE SENSIBILIZAÇÃO PARA A LIMPEZA EM PAIO PIRES A campanha “Paio Pires Limpa” já está nas ruas com vista a alertar a população para a importância de colocar o lixo nos locais certos. Para reforçar a capacidade de resposta dos serviços, o município e a União de Freguesias do Seixal, Arrentela e de Paio Pires abriram ao público o novo ecocentro de Paio Pires.Neste local podem ser depositados resíduos de construção, monos e resíduos de jardins. “Paio Pires Limpa” integra a campanha “Seixal Limpo”, que teve início em Corroios e irá chegar em 2016 às restantes freguesias. A ideia que nasceu em 2014 durante uma iniciativa semelhante em Fernão Ferro, uma das zonas do concelho onde este problema se faz sentir com maior intensidade.

SESIMBRA VELHAS EMBARCAÇÕES RETIRADAS DO PORTO DE ABRIGO Várias embarcações em fim de vida que se encontravam na rampa do Instituto de Socorros a Náufragos, no Porto de Abrigo, foram removidas recentemente. Na ação de limpeza esteve envolvida uma escavadora giratória e camiões, que transportaram os destroços para o aterro sanitário da Moita. «Além de estarem a ocupar a rampa há muitos anos, o que causava transtornos a outros pescadores que utilizam aquele espaço, estas embarcações, pelo seu estado de degradação, não contribuíam para a imagem do porto e eram um risco para a segurança», referiu João Pólvora, diretor da Docapesca, para quem foi «fundamental a colaboração entre as entidades envolvidas neste processo».

PALMELA IAPMEI FAZ NOVO ATENDIMENTO DESCENTRALIZADO Devido à forte procura registada e ao sucesso da primeira edição, realizada em fevereiro, o município e o IAPMEI - Agência para a Competitividade e Inovação, promovem, dia 16, no Espaço Cidadão, junto ao mercado municipal, mais um Atendimento Descentralizado. Uma equipa técnica do IAPMEI vai estar disponível para responder às dúvidas e apoiar nas melhores soluções de investimento e candidaturas, através de um atendimento personalizado, à medida das necessidades dos agentes económicos. Em fevereiro, foram recebidas uma associação local e sete empresas do concelho, interessadas em diversificar a atividade ou na internacionalização e a conhecer apoios para investimento em modernização tecnológica.

SINES TERRAS SEM SOMBRA TRAZ ÓPERA AO LITORAL ALENTEJANO O Centro de Artes acolhe este sábado, a partir das 21h30, a “ópera sem vozes” intitulada “Sempre/Ainda”, no âmbito do festival Terras Sem Sombra. Trata-se de um espetáculo singular em que a música para piano solo e as imagens projetadas num ecrã nos vão revelando, pouco a pouco, um texto. A sua matéria-prima resulta de umas anotações, tiradas dos seus cadernos de viagem, pelo autor do texto, durante uma transcendental estadia em Damasco antes da tragédia que a assola. Com música de Alfredo Aracil, e realização multimédia de Simón Escudero, o espetáculo tem entrada gratuita sujeita à capacidade da sala.


EDUCAÇÃO COMANDANTE EDUARDO VENTURA, LÍDER DO COLÉGIO DO VALE, NA CHARNECA DA CAPARICA, FALA DOS ATUAIS E DOS NOVOS DESAFIOS

«Temos uma preocupação constante pela inovação do nosso plano pedagógico»

O Colégio do Vale, localizado na Charneca da Caparica, é um Projeto Educativo com mais de duas décadas de existência, com quase 500 alunos e que abrange os concelhos de Almada, Seixal, Sesimbra e Setúbal. Posicionado no ranking de escolas como um dos melhores do distrito de Setúbal e sustentado pelos planos especiais de cada nível de ensino, o Projeto Educativo global do Colégio envolve Creche, Jardim-de-Infância e os três Ciclos do Ensino Básico. O que diferencia o Colégio do Vale de outros projetos educativos? O Colégio do Vale faz uma grande aposta no ensino de línguas estrangeiras, desde os primeiros anos de idade, e na atividade desportiva, através de uma grande oferta de atividades extracurriculares. Para além do curriculum padronizado pelo Ministério da Educação e Ciência, existe frequência obrigatória de várias áreas escolares complementares, a partir dos 3 anos: iniciação à Língua Inglesa e Oficinas de Línguas Estrangeiras; Tecnologias de Informação-TIC; Ténis; Expressão Artística em Língua Inglesa no Jardim-de-Infância, Natação, Geometria Descritiva (no 9.º Ano), para dar alguns exemplos. Apostamos ainda no desenvolvimento da Educação para a Cidadania, com os projetos de Educação para o Risco, Educação Financeira, Educação Literária e outros. São várias atividades que consideramos fundamentais para o desenvolvimento das crianças e dos jovens. Para isso, temos parcerias de relevo no Plano Pedagógico, nomeadamente com a Cambridge University e o Instituto Cervantes e, na área desportiva, as nossas instalações estão preparadas para as diferentes práticas desportivas. No próximo dia 15 de março o Colégio do Vale vai lançar um livro totalmente elaborado pelos alunos do 9.º ano com o apoio de vários professores. Como surgiu esta ideia? Ao longo deste ano letivo seis professores, de Português, Espanhol, Francês, Inglês, Educação Visual e Sistemas de Informação e Multimédia, lançaram um desafio aos alunos do 9.º ano: Fazer um livro (de A a Z, incluindo a paginação) em que todos participam com textos individuais e coletivos. Os primeiros surgem da ati-

vidade de escrita criativa “O texto do mês” numa ação que decorreu a bordo de um cacilheiro entre a Trafaria e Belém e os outros resultam da atividade em sala de aula. Cada aluno conta uma história e as melhores foram selecionadas para publicar neste livro. As ilustrações são coletivas e feitas nas aulas de Educação Visual. O livro chama-se “Entre a terra, o céu e o rio” e envolveu 26 alunos e 6 professores e realço que alguns dos textos são também em inglês, francês e espanhol. É uma iniciativa para repetir? É possível, os alunos gostaram da iniciativa, aderiram bem e atingiu o seu principal objetivo: estimular a escrita e a criatividade. Mas aproveito para referir que o Colégio do Vale, em parceria com a editora Grafitexto, participou também no projeto “Pequenos Grandes Escritores” dinamizado com os alunos de 3.º e 4.º anos do 1º Ciclo, com idades entre os 8 e os 10 anos. Através de um atelier ministrado por Escritores de livros infantojuvenis, os alunos aprenderam a criar num prazo pré-definido as suas histórias, com critérios como: a ideia, a linha da história, as personagens e o enredo. Este livro foi lançado também este ano, no passado mês de fevereiro. O Projeto CLIL é outro projeto inovador. Em que consiste? O Colégio do Vale incluiu no seu plano pedagógico um projeto para ensino de vários conteúdos do 1.º Ciclo, transmitidos aos alunos em inglês, de acordo com a abordagem CLIL, que significa Content and Language Integrated Learning. Investimos primeiro na formação dos Professores de Inglês, que fizeram a formação CLIL - Essentials do British Council exatamente com o objetivo de dar alguns conteúdos, dos

que o Colégio do Vale integra em parceria com a FCT- NOVA, iniciado em dezembro de 2013, e no ano letivo 2014/2015 contou com a participação de alunos portugueses do 1.º Ciclo, com idades compreendidas entre os 8 e os 10 anos e respetivos professores das 12 escolas nacionais. Envolveu cerca de 750 estudantes e 40 professores do 1.º Ciclo do Ensino Básico, que participaram no curso de formação MiMa. O MiMa centra-se na ideia de que a matemática pode ser ensinada aos mais novos de uma forma não-convencional, recorrendo a novas metodologias, capazes de transformar esta disciplina em algo atrativo, sedutor e potenciador de autoconfiança. Construções e projetos complexos mas divertidos, coloridos e que contribuíram de forma simples e enriquecedora para a aprendizagem da matemática a estas crianças. programas dos 1.º ao 4.º anos, em língua inglesa e sempre em articulação com a professora titular de turma. Na abordagem CLIL a aprendizagem de uma língua estrangeira é feita a partir do estudo dos diferentes conteúdos programáticos, focando primordialmente o domínio do conteúdo em questão, ao contrário das estruturas linguísticas. Qual a vantagem desta abordagem ao ensino da língua estrangeira? O CLIL constitui uma metodologia bastante implícita de ensino da língua, visto que dá pouco ou nenhum foco explícito ou intencional às estruturas da língua-alvo. Podemos afirmar que a língua-alvo funciona como um meio para atingir determinados conteúdos, através do desenvolvimento de competências cog-

nitivas específicas e de estratégias de aprendizagem, conteúdos esses direcionados para as necessidades dos alunos. Acreditamos no sucesso deste tipo de abordagem e começámos progressivamente a introduzir o ensino baseado em CLIL nas nossas turmas de 1.º Ciclo. A título de exemplo, têm sido trabalhados conteúdos das diferentes áreas do currículo do 1.º Ciclo nas aulas de Inglês, em conjunto com as professoras titulares das turmas. Tem sido assim possível desenvolver projetos que envolvem conteúdos específicos de Estudo do Meio ou de Matemática, tais como o estudo dos habitats dos animais, a árvore genealógica ou as somas e as subtrações. E o Projeto MiMA, como surgiu esta parceria com a FCT Nova? O Projeto MiMa é uma iniciativa

Já há resultados alcançados no sentido de incentivar o estudo da Matemática? Globalmente os benefícios foram óbvios para a maioria das escolas participantes e por isso as atividades MiMa estão a ser repetidas neste ano letivo. Os estudantes manifestaram um enorme entusiasmo durante a implementação de todas as atividades. Em algumas escolas, os alunos pediram para passar o recreio dentro da sala de aula para continuar a atividade que estava a ser desenvolvida. Para além de todos os comentários positivos, os resultados indicam que as atividades MiMa mudaram a atitude dos alunos relativamente à Matemática e melhoraram as suas competências. Efetivamente, cerca de 80% dos professores reportou melhorias ao nível da atenção e concentração dos alunos durante e/ou depois das atividades.

Privados são os que mais contribuem na taxa de empregabilidade do Instituto Politécnico de Setúbal

A

secretária de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Maria Fernanda Rollo, confirmou segunda-feira, durante a abertura da II Semana da Empregabilidade do Instituto Politécnico de Se-

túbal que “as empresas privadas que têm até cem trabalhadores são as que mais contribuem para a taxa de empregabilidade de 85% dos diplomados” daquele Instituto. Trata-se de um estudo que

sublinha também que houve um decréscimo do emprego público, apesar de ainda absorver cerca de 30% dos licenciados nos cursos de engenharia da Escola de Tecnologia do Barreiro e nos cursos da Escola

Superior de Saúde, em Setúbal. Na ocasião, a membro do governo destacou o papel da instituição na promoção da empregabilidade. E considerou a instituição “como uma referência, um exemplo e um

estímulo”. Recorde-se que a II Semana da Empregabilidade do Instituto Politécnico de Setúbal contou com a presença de 70 empresas e foi visitado por cerca de 3000 pessoas.

SEMMAIS | SÁBADO | 12 DE MARÇO | 2016 | 7


CULTURA

FMM e Flower Power distinguidos no Iberian Festival Awards Dois festivais do sul do distrito acabam de ser distinguidos na 1.ª edição dos Iberian Festival Awards: o FMM de Sines e o Flower Power Fest. Os concelhos de Sines e de Santiago do Cacém marcam pontos em termos de festivais de música. TEXTO ANTÓNIO LUIS IMAGEM SM

O

FMM Sines - Festival Músicas do Mundo foi considerado o festival com o melhor alinhamento de artistas (Best Line-Up) realizado na Península Ibérica em 2015. A qualidade do programa do festival de Sines foi reconhecida nos Iberian Festival Awards, cujos vencedores foram anunciados ontem, 3 de março, no auditório da FIL, em Lisboa. Além deste prémio a nível ibérico, o FMM Sines foi o vencedor nacional em duas categorias: melhor grande festival (Best Major Festival) e melhor programa cultural (Best Cultural Programme). O festival de Sines assumiu desta forma uma posição de destaque na edição inaugural dos Iberian Festival Awards, prémio organizado pela Asso-

PUBLICIDADE

ciação Portuguesa de Festivais de Música, que pela primeira vez abordou de forma integrada o panorama de festivais em Portugal e Espanha. Organizado pelo município e programado pelo diretor artístico e de produção, Carlos Seixas, desde a primeira edição, em 1999, o evento tem procurado oferecer, de forma consistente, uma programação de qualidade, atenta às dinâmicas musicais, culturais e sociais do nosso tempo. A 18.ª edição do FMM Sines realiza-se este ano,

8 | SEMMAIS | SÁBADO | 12 DE MARÇO | 2016

de 22 a 30 de julho, em Porto Covo e Sines. Ambiente woodstock E o Flower Power Fest esteve em evidência na gala da 1.ª edição dos Iberian Music Awards, ao arrecadar vitórias nas duas categorias para as quais estava nomeado: Best New Festival (em Portugal) e Best Small Festival (na Península Ibérica). A Associação Lus’Alma, entidade organizadora do festival, já está a preparar a edição deste ano do Flower Power Fest (11 a 13 de agos-

to), que pela 3.ª vez consecutiva se realizará no parque central, em Vila Nova de Santo André. O evento convida os seus visitantes a recriar um ambiente a fazer lembrar o marcante woodstock, que celebra este ano 47 anos e desafia pais, filhos e netos a juntarem-se no mesmo espaço, numa festa “da e para a família”. Música, artesanato, artes plásticas e performativas, exposições, workshops, jogos tradicionais, insufláveis e gastronomia foram o mote da última edição do Flower Power Fest, recheada de intensidade e surpresas no recinto. O regresso a Portugal dos lendários Fischer-Z, que foram a primeira banda a esgotar um estádio de futebol em Portugal, foi o principal atrativo da 2.ª edição do evento, que se realizou em Santo André, de 13 a 16 de agosto de 2015.

Almada lança prémio literário na área do romance

O

município almadense está a promover a 28.ª edição do Prémio Literário Cidade de Almada, cujas candidaturas decorrem até 31 deste mês. Este ano o género literário a concurso é o romance. O concurso, cujo prémio para o vencedor é de 5 mil euros, é destinado a autores portugueses que queiram submeter a concurso obras originais, inéditas e em língua por-

tuguesa. Em 2015 estiveram em concurso 114 obras literárias, tendo sido vencedor o escritor José Jorge Letria com a obra “É Tudo Uma Questão de Tempo”, obra que reúne 50 poemas originais. O Prémio Literário Cidade de Almada, promovido pelo município desde 1989, tem como objetivo incentivar e promover a criatividade literária e o gosto pela escrita.

Comédia musical faz rir no Independente

A

comédia musical “A coisa aqui tá preta”, uma produção da ACTAS, regressa ao Grupo Desportivo Independente, em Setúbal, este domingo, às 16 horas, para divertir o público durante cerca de uma hora. Bruno Frazão, ator e encenador, realça que as músicas, «muito giras», são da autoria de Artur Jordão, enquanto um elenco de dez pessoas, incluindo bailari-

nas, dá corpo a um espetáculo «muito engraçado» que conta a vida de um bairro de lata, onde só existem estrangeiros subsidiados pelo Governo. «É um bairro onde tudo acontece, onde se misturam as línguas, a confusão aumenta e onde o orgulho de ser português está quase esquecido, porque foi mandado para o estrangeiro trabalhar», sublinha Bruno Frazão.


Maria Rueff leva “António e Maria” ao palco de Almada AGENDA SESIMBRA12SÁBADO21H30

JOÃO PEDRO PAIS PERTO DE ESSÊNCIA TEATRO JOÃO MOTA

A segunda edição dos Concertos de Inverno encerra com João Pedro Pais. O cantautor vai estar acompanhado por alguns dos músicos com quem tem trabalhado nos últimos anos e com quem preparou especialmente este espetáculo intimista, intitulado Improviso. Não perca este espetáculo, onde João Pedro Pais vai abordar as suas canções (os grandes êxitos e as novas músicas) de uma forma simples, perto da essência.

SETÚBAL12SÁBADO21H30

TUNAS ACADÉMICAS DÃO ESPETÁCULO FORUM LUÍSA TODI

“Acordes” é a designação da XV edição do Festival de Tunas Femininas da Escola Superior de Educação de Setúbal. Organizado pela Tuna Sadina, trata-se do único e o mais antigo evento dedicado ao universo das tunas femininas. Conta com a presença de quatro tunas de diferentes cantos do País.

MONTIJO12SÁBADO17H00

CONCERTO DE PÁSCOA DO CONSERVATÓRIO TEATRO JOAQUIM D´ALMEIDA

Com entrada livre, o Conservatório Regional de Artes do Montijo oferece à população o seu concerto da Páscoa, onde interpreta temas do “Fantasma da Ópera”, Johan de Meij; do musical “Mamma Mia”, dos, Abba ; o melhor dos Beatles, um tributo a Michael Jackson; o melhor dos Queen e Thank you for the Music.

PALMELA13DOMINGO18H00

HISTÓRIA DE UM HOMEM PERDIDO E REVOLTADO

AUDITÓRIO MUNICIPAL DE PINHAL NOVO O Teatro Sem Dono apresenta “Refúgio”, uma produção da companhia de teatro pinhalnovense, a partir de um texto de criação coletiva, com encenação e direção de cena de Carla Castro, que nos conta a história de um homem perdido e revoltado, que se exila do mundo exterior para encontrar proteção dentro de casa, o seu pequeno paraíso, sem pessoas, sem vozes, sem barulho.

SESIMBRA5SÀBADO16H00

CONCERTO COMENTADO DA TEMPORADA DE MÚSICA FORTALEZA DE SANTIAGO

A Casa de Ópera do Cabo Espichel inspira, pelo nono ano consecutivo, uma temporada de música, que começou a 21 de fevereiro e termina a 9 de abril. O concerto comentado conta com as participações de Filipa Lopes (soprano), Ana Ferro (meio-soprano) e João Paulo Santos (piano e comentários).

“A

ntónio e Maria”, a partir das crónicas e dos romances de António Lobo Antunes, com Maria Rueff e encenação de Miguel Seabra, está em cena, este sábado, às 21h30, no Teatro Joaquim Benite, em Almada, numa co-produção do Teatro Meridional e da Fundação Centro Cultural de Belém. António é o primeiro nome de um dos principais vultos da Literatura Portuguesa Contemporânea; Maria o da actriz que, neste es-

petáculo, dá vida às personagens femininas que povoam as suas crónicas e os seus romances. No entanto, António e Maria são também os nomes de outros tantos portugueses e portuguesas que agora po-

dem descobrir pedaços das suas vidas retratados em palco. Para Maria Rueff, principal impulsionadora deste projeto, esta é a oportunidade de agradecer as “frases extraordinárias” com que Lobo Antunes descreveu, «não tanto a Guerra Colonial, mas os heróis do quotidiano, os simples, os normais, nos quais tantas vezes se inspirou para construir as diferentes personagens que marcaram a sua poética».

Musical “Bocage nos lábios de uma mulher” passa por Palmela

“B

ocage nos lábios de uma mulher” é o musical de Florbela de Oliveira, com músicas originais de Sandro Morgado, que sobe ao palco do cine-teatro S. João, em Palmela, este sábado, às 21h30. Trata-se de um espetáculo onde «as mulheres é que vestem o fato e assumem o protagonismo». “Bocage nos lábios de uma mulher” presta tributo à

vida e obra literária do poeta sadino. A par do texto e dos poemas bocagianos, também a música e a dança têm lugar de destaque no espetáculo, apresentado pela encenadora e atriz Florbela de Oliveira, com um elenco constituído por Miguel Assis, Rute Moreira, João Albuquerque, Andreia Trindade, Margarida Serra, e os bailarinos David Silva e Ivanoel Tavares.

Musical “O Principezinho” está nomeado para quatro categorias de concurso de teatro nacional de Póvoa de Lanhoso

O

musical “O Principezinho”, do Grupo de Animação e Teatro Espelho Mágico, de Setúbal, está nomeado para quatro categorias do XII Edição do Concurso Nacional de Teatro de Póvoa de Lanhoso (CONTE), que são anunciados este sába-

do, às 21 horas, no Theatro Club de Póvoa de Lanhoso. “O Principezinho” está nomeado para os prémios de Melhor Cenografia, Melhor Guarda-Roupa, Melhor Interpretação Principal Masculina (Diogo Leiria) e Melhor Interpretação Secundária Femini-

na (Céu Campos). O espetáculo “Mulheres”, do Grupo Dramático e Recreativo da Retorta, do concelho de Valongo, lidera o número de nomeações com um total de 8, incluindo Prémio de Melhor Espetáculo “Ruy de Carvalho”.

CULTURA

Carlão é cabeça de cartaz no Festival da Liberdade

O

Barreiro recebe, a 10 e 11 de junho, na Quinta Braamcamp, mais uma edição do Festival da Liberdade, promovido pela Associação de Municípios da Região de Setúbal. Carlão, Gabriel o Pensador, Kumpania Algazarra, Dengaz, Richie Campbell e Dead Combo são os artistas convidados deste ano do festival que tem entrada livre. «Um Cartaz que é, também, fruto dos contributos recolhidos nas diversas reuniões realizadas até agora, construído com as opiniões da juventude e que certamente vai atrair muitos e muitos milhares de jovens ao Barreiro», refere fonte da AMRS relativamente ao festival. «O Festival Liberdade está em construção com o envolvimento e participação ativa do movimento associativo juvenil. Este será o espaço de comemoração do que a Revolução de Abril de 1974 representou para a juventude portuguesa, espaço de festa, de convívio, de discussão, de proposta e de luta, que comemorará os valores da Paz, da Liberdade e os 40 anos da Constituição da República Portuguesa», refere a mesma fonte.

GANHE CONVITES PARA O TEATRO EM SETÚBAL, BARREIRO E LISBOA Esta semana temos convites para oferecer aos nossos leitores para a revista popular do Parque Mayer, em Lisboa, “Revista quer… é Parque Mayer”, do empresário Hélder Freire Costa, com Mariema, Paulo Vasco, Alice Pires e Flávio Gil. E para a comédia “Hotel da Bela Vista”, da companhia ArteViva, no Barreiro, também temos convites para sextas-feiras e sábados, às 21h30. E também para a comédia musical de Bruno Frazão “A coisa aqui tá preta” temos convites para a sessão deste domingo, às 16 horas, no Grupo Desportivo Independente. Para se habilitar aos convites, basta ligar 918 047 918 ou 969 431 085.

PUBLICIDADE

SEIXAL13DOMINGO16H00

EL REI TADINHO

CINEMA S. VICENTE DE PAIO PIRES “El Rei Tadinho no Reino das Cem Janelas”, baseado na obra de Alice Vieira, é o nome do espetáculo produzido pela Companhia do Teatro Bocage, de Lisboa, apresentado no Seixal pela Animateatro. A interpretação está a cargo de Pedro Oliveira e convidados.

SEMMAIS | SÁBADO | 12 DE MARÇO | 2016 | 9


POLITICA NOVO PRESIDENTE DA DISTRITAL DE SETÚBAL DO PS, ANTÓNIO MENDES, E OS DESAFIOS DO SEU MANDATO

«Queremos afirmar um distrito líder, moderno, cosmopolita e com qualidade de vida» António Mendes foi eleito no último fim-de-semana, com uma larga margem de votantes. Recusa «discursos de geração», manter Montijo e Sines sob a alçada socialista nas autárquicas e tem a ambição de tornar o distrito líder, moderno, cosmopolita e com qualidade de vida. Alude ao peso que os socialistas do distrito ganharam a nível nacional e quer fazer dessa força um trunfo para o desenvolvimento da região. TEXTO RAUL TAVARES IMAGEM SM

Com uma vitória tão expressiva, o partido no distrito não corre o risco de um certo “unanimismo”, ou vai apostar numa gestão aberta a todos? A vitória expressiva que alcançámos constitui uma opção clara por parte do PS em trabalhar unido. Mas, em termos orgânicos, o que vai fazer com essa vitória tão robusta. É espectável um rejuvenescimento dos quadros? Vou fazer aquilo com que me comprometi: trabalhar com os militantes e com as estruturas do PS, procurando ser útil à ação política do partido no distrito de Setúbal. O PS tem quadros muito jovens que já hoje ocupam cargos partidários de grande responsabilidade e eu sou muito avesso a fazer qualquer “discurso de geração”. Todos são necessários à afirmação do nosso proje-

to, dos mais jovens aos menos jovens. Quais são os principais objetivos do mandato, nomeadamente no que se refere às próximas eleições autárquicas? A Moção de Orientação Política que apresentamos ao Congresso coloca, em primeiro lugar, o objetivo de manutenção e reforço das maiorias em Montijo e Sines. Em segundo lugar, e em paralelo, o objetivo de termos mais votos, maior percentagem de votos e mais mandatos.

Não lhe parece pouco ambiciosa a estratégia autárquica. Não tem a ambição de ganhar outros municípios? Não. Tenho a ambição de posicionar o PS nos 13 Concelhos como o motor de uma estratégia que afirme o conjunto do distrito de Setúbal como um distrito líder, moderno, cosmopolita e com qualidade de vida. E estou muito confiante na qualidade dos projetos e das candidaturas que o PS vai gerar para as Autárquicas de 2017.

E não sente a responsabilidade de consolidar o capital eleitoral obtido nas últimas legislativas, onde foram eleitos sete deputados? Sinto a responsabilidade de toda a história do partido socialista no distrito. Nas últimas legislativas o PS afirmou-se, de forma clara, como a força política mais votada em cada um dos concelhos do distrito. Isso confere-nos uma responsabilidade adicional de corresponder no Governo à expetativa que os eleitores depositaram em nós. E eu estou convencido que tal será decisivo para a afirmação dos projetos autárquicos do PS em cada um dos concelhos. Uma vez estando o seu partido no Governo, como tem sido feita a articulação no que se refere à defesa dos interesses da região? Nós consagramos, pela primeira vez, na Moção de Orientação Política o papel do grupo de deputados (são 7 os eleitos pelo distri-

OPOSIÇÃO CHUMBA ORÇAMENTO DA UNIÃO DE FREGUESIAS DE SETÚBAL E FALA DE VERBAS EXCESSIVAS PARA FESTAS E PUBLICIDADE

PCP acusa eleitos do PS e PSD de boicotar gestão e obras da Junta

O

PCP está a acusar a oposição de boicotar a gestão da União de Freguesias de Setúbal ao chumbar o Orçamento para 2016, mas PS e PSD/ CDS-PP argumentam que o documento tinha erros e verbas excessivas para festas e publicidade. «PS e PSD/CDS, nas declarações de voto que apresentaram, referem `erros técnicos crassos´, que nunca explicam quais, o empolamento da receita que já foi explicado não existir, mas sim aumentos fundamentados -, ou até a falta de investimento na área social», disse, em conferência de imprensa, o presidente da União de Freguesias de Setúbal, Rui Canas. O autarca da CDU, que tem apenas maioria rela-

tiva na União de Freguesias de Setúbal, argumentou, ainda, que a atitude dos partidos da oposição põe em causa obras e projetos, como a requalificação do mercado da lota e a construção de um parque lúdico na zona do Casal das Figueiras. O PS e a coligação PSD/ CDS-PP justificam o voto contra com alegados «erros técnicos crassos» no orçamento, mas também com as despesas excessivas em determinadas rubricas, designadamente no que respeita a festas e publicidade, e deixam claro que não irão aprovar o documento tal como está. «Na primeira apresentação do orçamento, a maioria CDU tomou a iniciativa de retirar o documento devido a falhas

10 | SEMMAIS | SÁBADO | 12 DE MARÇO | 2016

graves», disse à Lusa Ana Pereira, eleita do PS na assembleia da União de Freguesias de Setúbal. “Guerra” dura desde as eleições autárquicas A proposta que apresentaram «não previa sequer a atualização do salário mínimo na rubrica de despesas», acrescentou a autarca socialista, acrescentando que «algumas receitas também estavam empoladas», porque eram contabilizadas verbas dos primeiros meses deste ano que, entretanto, já foram realizadas, acrescentou Ana Pereira. O coordenador do PSD na União de Freguesias de Setúbal, Ricardo Pereira, acusa o presidente da Junta de Freguesia de seguir

uma estratégia de «vitimização» e lembra que, além dos erros técnicos que entretanto já terão sido corrigidos, no Orçamento para 2016 há também questões políticas que não foram ainda resolvidas. «O orçamento para 2016 que nos foi proposto previa um total de 80 mil euros para festas e publicidade, que consideramos excessivo, quando tem apenas cerca de 15 mil euros para apoios sociais. Consideramos que se trata de um orçamento eleitoralista», disse Ricardo Pereira, defendendo que o executivo da Junta de Freguesia faria melhor se encaminhasse parte destas verbas para apoios sociais e para o movimento associativo.

to de Setúbal), deixando claro o objetivo de articulação do seu trabalho com as estruturas do partido, valorizando de forma muito significativa e, se quiser, orgânica, o papel do grupo de deputados. Mas existem também 5 destacados militantes do PS do distrito a ocupar pastas, e pastas importantes, no Governo. Acresce que o cargo de Secretária-Geral adjunta do PS é também ocupado por uma destacada militante do PS de Setúbal. Tenho falado com todos e estamos todos muito empenhados em utilizar esta força ao serviço do desenvolvimento do distrito, porque todos concordamos no potencial do distrito como motor do desenvolvimento do país, como aliás afirmámos no documento “A Década para Setúbal” que enquadrou o nosso Manifesto Eleitoral Distrital às últimas eleições legislativas. Em suma. vamos articular partido, deputados e membros do Governo, todos a trabalhar pelo nosso distrito.

A agenda para a década, aprovada durante a gestão da sua antecessora, é para cumprir? Quer destacar os pontos mais centrais da mesma... Obviamente que sim. Estamos a falar de um documento que enquadra a estratégia política para o distrito nos próximos 10 anos, e que resultou de um trabalho muito sério desenvolvido pelo Gabinete de Estudos e que envolveu largas dezenas de militantes e simpatizantes. “A Década para Setúbal” é o reflexo da nossa ambição para o desenvolvimento sócio-económico para o distrito, apostando na economia do mar, na consolidação da Península de Setúbal como o motor de desenvolvimento da Grande Lisboa como base de fixação de empresas inovadoras, indústrias limpas e de ligação de Portugal à Europa por via aérea, ferroviária e marítima - apostando ainda no potencial do Alentejo Litoral para desenvolvimento económico nos planos portuário, turístico, agro-florestal e industrial.

DEPUTADO E LIDER DISTRITAL

Bruno Vitorino reeleito líder da concelhia do PSD do Barreiro

O

deputado e presidente da distrital do PSD, Bruno Vitorino, foi reeleito, sábado passado, líder da concelhia social-democrata do Barreiro, eleição a que concorreu com lista única. O candidato foi eleito com 98 por cento dos votos e vai agora ter que enfrentar a estratégica para as próximas eleições autárquicas. Segundo, o seu plano de ação, o social-democrata pretende apostar ainda mais no contato com a população, com o tecido empresarial e com as instituições sociais, procurando contributos e soluções para desenvolver um concelho que tem estado estagnado e cada vez

mais empobrecido. «O Barreiro tem vindo a perder ao longo dos últimos tempos população, principalmente a mais jovem, atividade económica e emprego. Não tem havido capacidade da CDU de inverter esta tendência. O PSD quer continuar a ter um papel ativo na cidade pois temos que dar futuro ao Barreiro», disse ao Semmais Bruno Vitorino. A Comissão Política do PSD Barreiro tem ainda como vice-presidentes, a atual vereadora social-democrata na autarquia, Teresa Costa, e o autarca Álvaro Ferreira. A presidir a Mesa da Assembleia de Secção, está o deputado municipal, Hugo Cruz.


DESPORTO INICIATIVA COMEÇA A GANHAR GRANDE DIMENSÃO EM TERMOS INTERNACIONAIS E ESTÁ CADA VEZ MAIS ABERTA AO GRANDE PÚBLICO

Caparica primavera surf fest promete mais provas e demostrações São doze iniciativas que decorrem de 17 a 26 de Março na praia do Paraíso, na Costa da Caparica. O evento vai envolver cerca de 700 atletas de várias modalidades. E vai ainda contemplar provas e demonstrações. ano existe um «leque muito maior de provas e acontecimentos e destaca, por exemplo, a sessão de ‘tow-out’ promovida por Hugo Pinheiro & Friends, que está agendada para os dias 19 e 20 de março, entre outras iniciativas.

TEXTO ANTÓNIO LUIS IMAGEM SM

A

praia do Paraíso, na Costa de Caparica, volta a acolher o Caparica Primavera Surf Fest, de 17 a 26 de março. O evento inclui 12 iniciativas de modalidades e envolve cerca de 700 atletas. Bodyboard, surf, longboard, SUP, kitesurf, windsurf, bodysurf e kayaksurf são as propostas da organização para esta edição, que garante mais provas e demonstrações. Miguel Inácio, da organização, realça que este

Os melhores surfistas juniores do mundo Dentro do plano competitivo, além do nacional de bodyboard, decorrerá ainda a 4.ª etapa do regional de surf esperanças da Grande Lisboa, as etapas inaugurais dos nacionais de long-

AUTARCA DE SESIMBRA CONSIDERADA UMA DAS GRANDES REFERÊNCIAS DA INTERVENÇÃO CÍVICA PELO DESPORTO

Odete Graça distinguida pelo Comité Olímpico de Portugal com o “Prémio Carreira”

O

dete Graça, presidente da assembleia municipal de Sesimbra, ex-vereadora durante vários mandatos sob a liderança do antigo presidente Ezequiel Lino, foi distinguida com o “Prémio Carreira”, pelo Comité Olímpico de Portugal, por ocasião do “Dia Internacional da Mulher”. O Comité considerou a intervenção cívica e política pela valorização do papel da mulher no desporto “encontra em Odete Graça uma das suas maiores referências” pois, refere o Comité, tratou-se

de um tema recorrente que conduziu “o seu percurso profissional e político que datam ao inicio dos anos 70”. À ação pioneira enquanto autarca de Odete Graça, com o pelouro do desporto em Sesimbra, até chegar a presidente da assembleia municipal, juntou funções dirigentes na Confederação do Desporto de Portugal e na Associação “A Mulher e o Desporto” onde assumiu um papel preponderante em mobilizar, de forma sagaz e competente, diversas sensibilidades

para as questões da igualdade de género. Mestre em Gestão do Desporto, teve na participação das mulheres na

dinâmica desportiva local um objeto de estudo permanente no seu trabalho enquanto autarca, dirigente e investigadora.

Momento histórico para a natação do GD Sesimbra, com Susana Narciso a arrecadar 4 medalhas de prata

M

omento histórico para a natação do Grupo Desportivo de Sesimbra, com a atleta SUSANA NARCISO, a conquistar 4 medalhas de prata - Vice Campeã Regional em 4 estilos, uma vez que subiu ao pódio por quatro vezes, no total das cinco provas em que brilhantemente participou, no âmbito do Campeonato Regional de

Infantis de Natação. Para além da Susana Narciso ter conquistado para si, para o clube e para Sesimbra as 4 medalhas de prata, ainda conseguiu apurar-se em todas as provas para o Campeonato Zonal, que irá realizar-se em Tomar daqui a duas semanas. Sem medalhas mas de Parabéns, também estão a

Alice Amigo que não deixou escapar o seu apura-

mento para os Zonais nos 200 e 100 metros costas, e a Carolina Luz que, já apurada para os 200 metros estilos, ficou a uma décima de conseguir o apuramento na prova dos 200 metros bruços, sendo no entanto de enaltecer o espírito de dever e de responsabilidade que estas briosas atletas demonstram todos os dias nos seus treinos.

board e SUP (variante ondas) e a etapa do Junior Qualifying Series da World Surfing League, que traz à Caparica, entre 23 e 26 de março, os melhores surfistas juniores do Mundo. «Não que as pessoas venham cá só ver, mas que participem. Temos aulas de windsurf, surf, bodysurf. Podem experimentar pranchas», diz, relembrando os «dias primaveris» que se fizeram sentir em 2015 e que deixaram «o pontão ao rubro». «Esperamos que esteja bom tempo, porque o resto já está preparado», sublinha.

Kayak-polo traz a ‘nata das natas’ à piscina das Manteigadas

A

1.ª fase do Campeonato Nacional de Kayak-Polo realiza-se a 19 e 20, na piscina das Manteigadas, em Setúbal, competição na qual é esperada a participação de mais de dez equipas. Equipas de vários pontos do país marcam presença na competição com início às 8h30, sendo que no primeiro dia, a 19, os jogos prolongam-se até às 20h30, enquanto no seguinte os desafios decorrem previsivelmente até às 18 horas. O Campeonato Nacional de Kayak-Polo é composto por quatro fases e duas ligas, com um total de 13 equipas a competir em simultâneo. No final da quarta fase, o último classificado da 1.ª divisão desce à 2.ª e o vencedor do 2.º escalão sobe ao 1.º. Na divisão principal

competem as cinco equipas com a melhor classificação obtida na época anterior, enquanto os restantes conjuntos disputam a segunda liga. Este campeonato conta ainda com uma categoria específica, no escalão de sub-16, com competição à parte. O campeonato Kayak-Polo é composto por quatro fases, autónomas, que se realizam entre março e abril e entre julho e julho. Depois de Setúbal, a competição segue para Coimbra, nos dias 16 e 17 de abril, Fronteira, a 25 e 26 de junho, e Arcos de Valdevez, a 23 e 24 de julho. Em maio, as equipas disputam a Taça de Portugal da modalidade, competição que junta as formações de ambas as divisões em sorteios aleatórios. Este ano a prova decorre nos dias 21 e 22, em Oeiras.

SEMMAIS | SÁBADO | 12 DE MARÇO | 2016 | 11


NEGÓCIOS MINISTRA DO MAR, ANA PAULA VITORINO, GARANTIU DESBLOQUEAR INVESTIMENTOS NECESSÁRIOS NO TERMINAL XXI

O que leva o Paquistão a estar interessado em investir no porto de Sines? Ana Paula Vitorino reuniu esta semana com congénere paquistanês e a porta ficou escancarada. Esta quarta-feira, a ministra inaugurou uma unidade de frio no porto de Sines e visitou o Terminal XXI. TEXTO ROBERTO DORES IMAGEM SM

O

interesse paquistanês no porto de Sines foi conhecido esta semana, após uma reunião entre a ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, com Kamran Michael, senador e ministro federal dos portos de navegação do Paquistão. Garantia dada à governante: há empresários paquistaneses dispostos a investir no porto de águas profundas alentejano, mas, para já, não são revelados os montantes em «jogo», segundo fontes ligadas ao processo. Mas a que se deve agora este entusiasmo daquele país asiático em Sines? A explicação é fácil. Desde logo porque o Paquistão tem uma posição geográfica coincidente com a passagem da rota marítima que se inicia no Japão (Extremo Oriente) e que atravessa grandes potências económicas mundiais, como são os casos da Índia, Coreia do Sul, China, Taiwan ou Singapura. Depois a rota avança pelo Canal do Suez, rumo aos mercados europeus. Na origem do interesse paquistanês está ainda a vantagem geoestratégica desta rota em sentido inverso.

Outra característica relevante no interesse que chega do Paquistão prende-se com o facto de Sines ter o porto de águas profundas, o que viabiliza a recessão de navios porta-contentores de última geração, tendo a infraestrutura ainda espaço para alargar as áreas de terminais de contentores. O interesse dos investidores paquistaneses incidirá nas infraestruturas de terminais para carga contentorizada, um segmento de mercadorias que segue uma curva ascendente há vários anos, perspetivando-se que mantenha a tendência para o futuro. A notícia da prioridade dada pelos investidores paquistaneses a Sines foi conhecida durante uma visita de Ana Paula Vitorino ao porto do Litoral Alentejano, estando a ser preparado um memorando de entendimento, com vista a fomentar as relações e explorar novas oportunidades entre os dois países. A governante garantiu, por seu lado, que tenciona desbloquear os investimentos necessários para a expansão do terminal de contentores do porto de Sines, que poderá ocorrer não só através da ampliação do atual Terminal XXI, que está conces-

sionado à PSA (empresa estatal de Singapura) mas também com a possibilidade paralela de se lançar um concurso público internacional para a concessão de um novo terminal de contentores no porto alentejano. Inauguração de entreposto frigorífico da Friopuerto Na mesma visita a Sines, Ana Paula Vitorino inaugurou o novo entreposto frigorífico do Porto de Sines, instalações que pertencem à FP Sines Lda, empresa do grupo espanhol Friopuerto Investment. Um investimento da ordem dos dois milhões de euros, que se localiza na ZALSINES – Zona de Atividades Logísticas de Sines – e que permite alargar a oferta para a movimentação de produtos perecíveis, permitindo ao entreposto manter a cadeia de frio e a rastreabilidade do produto. A operação do novo armazém vai ser suportada por processos e tecnologia de última geração em gestão de câmaras frigoríficas, segundo os responsáveis da empresa, permitindo disponibilizar todo o tipo de serviços de transbordos, cross-docking e serviços de valor acrescentado, como armazenamento e temperatura

controlada, serviços logísticos de transporte e soluções empresariais, entre outros. A primeira fase de desenvolvimento deste projeto envolveu a construção de um armazém de 3100 metros quadrados com duas câmaras refrigeradas, principalmente para fruta fresca (entre 0ºC e 18ºC), um cais de movimentação de 750 metros quadrados e um total de oito cais de carga e descarga, tendo capacidade para mais de mil paletes. No arranque são criados cerca de 10 postos de trabalho diretos. A segunda fase do projeto, que deverá ser concretizada dentro de alguns meses, duplicará a capacidade das instalações, incluindo também câmaras bi-temperatura para produtos congelados. Manuel Cabrera, diretor-geral da empresa, considerou ter culminado «uma fase de mais de dois anos de projeto», que se junta aos projetos de Valência, Tânger e Veracruz. O responsável avançou que, em Junho, junta-se a Friopuerto Montevideu e, no próximo ano, a Friopuerto

Leixões. «O crescimento sustentado da carga contentorizada, a oferta de serviços regulares diretos a todos os continentes, associados a elevados índices de produtividade portuária e à existência de espaço disponível» determinaram a escolha do porto de Sines para a localização deste investimento. Ana Paula Vitorino reforçou a «importância estratégica» do porto, apontando melhoria das condições de negócios para breve à boleia da conclusão das obras de expansão do terminal de contentores prevista para maio. Sublinhou a ministra que «este novo incremento aumentará a capacidade do terminal em pelo menos 30%, podendo este valor ainda ser aumentado em função da sua taxa de ocupação». O investimento de 35 milhões de euros é totalmente suportado pela PSA, acrescentando ainda a governantes que neste novo cais, «serão movimentados navios de menor porte, libertando-se o cais principal para a operação dos grandes navios que escalam o terminal».

SETÚBAL, SESIMBRA E LISBOA COM DUAS ADMINISTRAÇÕES Ana Paula Vitorino recusou-se a prestar esclarecimento sobre a futura mudança das administrações portuárias. Relativamente ao diploma que estipula que o porto de Lisboa e os portos de Setúbal e Sesimbra passam a ter um Conselho de Administração comum, a governante salienta que «vamos continuar a ter duas administrações portuárias. Não se trata de uma fusão, mas de uma gestão estratégica conjunta, isto é, o planeamento estratégico e instrumentos de gestão têm de ser feitos de forma conjunta, e existirá um representante na administração nomeado na Área Metropolitana de Lisboa que inclui toda a região de Lisboa e Vale do Tejo». Ana Paula Vitorino destacou a importância da realização de reuniões semanais do Conselho de Administração, alternadas entre Lisboa e Setúbal, considerando ser «condição fundamental para que no início seja feita uma boa gestão partilhada dos recursos», acrescentando que «não pode haver uma supremacia de um porto relativamente a outro».

“Casa Ermelinda Freitas” é Prémio Excelência pelo quarto ano consecutivo

P

elo quarto ano consecutivo a gestão da empresa vitivinícola de Palmela “Casa Ermelinda Freitas” foi distinguida com o prémio de PME Excelência, revelador da sustentabilidade, consolidação e crescimento da unidade instalada em Fernando Pó, concelho de Palmela. «Este trabalho vem revalidar o trabalho que temos levado a cabo durante todos estes ano», disse ao Semmais Leonor Freitas, a gerente da empresa.

E o ano não podia ter começado da melhor maneira, já que Leonor Freitas foi eleita personalidade do ano pelos prémios W, da responsabilidade do famoso crítico de vinhos Aníbal Coutinho. A atual responsável da Casa Ermelinda Freitas, a grande impulsionadora das transformações operadas desde há uma década, recebeu assim mais uma importante distinção, de entre as muitas outras distinções no âmbito da sua atividade empresarial.

12 | SEMMAIS | SÁBADO | 12 DE MARÇO | 2016

Chuva de prémios em mais um ano em cheio De referir que o inicio do ano de 2016 para a Casa Ermelinda Freitas tem sido igualmente rico em prémios alcançados em importantes concursos nacionais e internacionais. Nos primeiros três meses do ano, a “Casa Ermelinda Freitas” já recebeu seis medalhas de Ouro, na “Mundus Vini - Edição Primavera”, 6 medalhas de

ouro na “China Wine & Spirits Awards 2016”, sendo que o vinho Quinta da Mimosa obteve a Medalha de Ouro no “Vinalies Internationales- 2016” em Paris. O vinho Touriga Franca recebeu uma pontuação de 90 em 100 na prova Tasted 100% Blind. Na Prodexpo 2016, a “Casa” recebeu oito medalhas de Ouro, com grande destaque para a Estrela Prodexpo que distingiu o vinho Syrah Reserva 2013 e na Wein-

messe Berlin obteve um total de quatro medalhas de ouro. Em Portugal a Casa Ermelinda Freitas foi distinguida com o prémio da Revista de Vinhos a distinção de “Melhores de Portugal” para o seu Leo D’Honor de 2009.


NEGÓCIOS AUGUSTO MATEUS DEIXOU O ALERTA AOS EMPRESÀRIOS EM JANTAR- DEBATE DA ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL DE SETÚBAL

«Região de Setúbal ainda tem um longo caminho a percorrer» ção visa tornar a zona industrial da Península de Setúbal, «uma zona de referência». E, para isso, «não basta trazer investimento, mas temos, primeiro, que criar condições para atrair o investimento. Nesse sentido, realizámos visitas e workshops com as empresas». E, para o presente ano, a AISET tenciona prosseguir com iniciativas semelhantes e, também, divulgar a associação junto dos municípios e entidades. «Os empresários da região, com as indústrias já instaladas, lutam com algumas dificuldades a nível logístico e do custo da energia. Mas a AISET também luta pela atração de novos investimentos e, para isso, temos de ser competitivos, ter boas escolas de formação e entidades públicas disponíveis e abertas ao investimento estrangeiro para que as empresas se possam instalar», vinca.

A convite da AISET, o economista e exministro da Economia, do Governo de António Guterres, diz que a região de Setúbal tem de continuar a crescer e a afirmar-se como um polo de criação de valor. Os empresários têm de ser criativos e unidos, pois só assim a região será competitiva e internacional.

TEXTO ANTÓNIO LUÍS IMAGEM SM

A

região de Setúbal é, no nosso País, a única que ainda não é uma região. Fez um longo caminho mas ainda tem muito que andar. Isto é, esta região nasceu para a indústria como dormitório. Não tinha empresas mas sim estabelecimentos. As decisões eram tomadas fora da região e a mão-de-obra vinha de fora», argumentou o ex-ministro da Economia, Augusto Mateus, que falava no jantar-debate promovido pela AISET (Associação da Indústria da Península de Setúbal),que decorreu no dia 10, no Novotel, em Setúbal, alusivo

ao tema da indústria na Península de Setúbal. Nesse jantar, que antecedeu a assembleia-geral anual da associação, onde participaram os seus associados, Augusto Mateus afirmou que a região tem de ser «criativa, à maneira das pessoas que aqui vivem. Tem que haver jovens que crescem a pensar na indústria, com capacidade de satisfazer eficientemente a procura. E perceberem como é que se cria valor, com escolas que se centrem nisto». O ex-governante reconheceu que a região tem capacidade para resolver problemas e para crescer ainda mais. «Temos uma especialização que pode ser desenvolvida, temos um porto e uma cidade de Setúbal que po-

dem ser melhorados e temos ainda a possibilidade de ser um polo dinâmico na Europa. Mas para que tudo isto seja realidade, é preciso que os empresários se unam e sejam parceiros muito relevantes neste processo». A região, a seu ver, tem «importantes recursos endógenos e um nível de vida superior à média da União Europeia», sublinhado que «a maior dos europeus vive pior do que quem vive na região de Setúbal». Nós temos, segundo Augusto Mateus, de ter capacidade para «criar mais valor e de nos internacionalizarmos». «Indústria de referência» Já António Velge, presidente da AISET, realça que o papel da associa-

AISET JÁ TEM 52 EMPRESAS ASSOCIADAS A AISET é uma associação com um ano e poucos meses de vida, tem neste momento 52 sócios, pelo que já começa a ser uma associação com «um certo peso», onde se incluem as grandes empresas da região, como a Autoeuropa, Portucel e Lisnave, entre outras. Com um orçamento anual de cerca de «60 mil euros», a AISET tem unido esforços para que as «várias empresas da região se conheçam, foram feitas visitas a uns e a outros associados e temos vindo a desenvolver a divulgação das melhores práticas de cada associado», argumenta António Velge.

The Navigator Company instala em Setúbal maior central solar fotovoltaica em Portugal São 8800 painéis solares a instalar em cerca de 13 mil metros quadrados. Estima-se que a produção de energia eléctrica por ano atinja cerca de 3 mil e cem kwh. Será a maior central fotovoltaica do país. TEXTO ANTÓNIO LUÍS IMAGEM SM

T

he Navigator Company vai instalar 8 800 painéis solares fotovoltaicos na cobertura da máquina de papel que está instalada em Setúbal, e que é uma das duas maiores e mais

eficientes máquinas do género existentes em todo o mundo, de forma a produzir uma parte da energia elétrica necessária ao seu funcionamento. A viabilidade do projeto em termos técnicos e económicos, aliada às condições solares favoráveis da região de Setúbal

onde está instalada a ATF, levou a Companhia a inovar na forma como produz a sua energia, aprofundando assim a sua estratégia corporativa de promoção da eficiência energética. Frederico Pisco, responsável pela avaliação do projeto, considera que «é essencial que a

empresa analise todas as oportunidades de desenvolver projetos na área de produção de energia renovável e de eficiência energética, sempre que exista um racional técnico-económico subjacente». «A energia solar fotovoltaica é hoje uma tecnologia relativamente madura, que registou nos últimos anos uma redução significativa de custo de investimento associado a um aumento de eficiência, e que está presentemente apta a dar resposta às preocupações de natureza técnica, económica e de sustentabilidade da Companhia». Central teria capacidade para energia de 850 casas Os 8 800 painéis solares a instalar em cerca de 13 mil metros quadrados, vão permitir produzir por ano, cerca de 3 mil e cem

kWh. Tendo em conta que uma habitação em Portugal consome em média 3 700 kWh/ano, é possível concluir que a central solar fotovoltaica da ATF teria capacidade para fornecer anualmente energia elétrica a cerca de 850 casas. Claramente enquadrado nos valores da Companhia, nomeadamente: Excelência, Inovação e Sustentabilidade, o projeto vai permitir a produção de energia elétrica renovável com emissões de Dióxido de Carbono nulas, para alimentar parcialmente a máquina de papel 4 da ATF, evitando desta forma a aquisição dessa mesma quantidade à rede elétrica. O projeto no terreno já arrancou, com a montagem do estaleiro de apoio à instalação dos painéis solares fotovoltaicos e equipamento associados, devendo entrar em produção no decurso do mês de Junho.

SEMMAIS | SÁBADO | 12 DE MARÇO | 2016 | 13


EDITORIAL

OPINIÃO

P Raul Tavares Diretor

Já temos Presidente

J

O primado à política

á temos Presidente da República. O eleito, o mais escolhido e provavelmente o mais doce dos candidatos nas últimas presidenciais. Marcelo Rebelo de Sousa gera confiança nos afetos, muita proximidade junto de grande parte dos portugueses e acalenta algum optimismo. Percebo agora melhor a sua eleição. Ainda pensei que do ponto de vista político, a agregação de esquerdas pudesse ter vincado no eleitorado a ideia de que seria mais adequado – como aconteceu em várias outras eleições presidenciais – um presidente contra-ponto, sendo ele um homem de direita. Parece mais notório, porém, o sentimento de que este povo cansado de tanto desprezo pela sua dignidade e fustigado pela política austeritária da anterior coligação e dos senhores da Europa, quisesse um líder que pudesse perceber as suas dores. Apesar da sua veia ideológica, percebe-se que Marcelo lutou muito para chegar à cadeira presidencial e, por via dessa meta, mudou. Sendo um homem de confiança, pode fazer a diferença e anichar a esperança que tanto tem faltado aos portugueses. Sou, convém dizer, suspeito. Não votei Marcelo Rebelo de Sousa e continuo a ter algumas incertezas sobre o que fará em determinados planos da nossa vida política. Mas, nesta fase, estou a ofertar ao seu mandato um largo período de graças. No essencial, desejo, profundamente, que Marcelo rompa com o plasticismo de Cavaco e ganhe um certo lugar na história.

arece ser intenção do próximo Presidente da República de Portugal dar a primazia à política em relação às finanças, a qual tem dominado a vida da nação e dos portugueses. Julgo que, em boa hora, mas talvez já tarde para recuperar dos danos causados, esta intenção possa tornar-se uma realidade e contribuir para uma melhoria da vida de todos nós, que temos vivido intoxicados por uma linguagem e por uma prática, que tem desmaterializado as nossas relações individuais e coletivas, como se mais nada houvesse e tudo convergisse nos mercados financeiros, na dívida e nas agências de notação, que a seu belo prazer e com interesses diversos, nos infernizam a vida. As expectativas no mandato de Marcelo Rebelo de Sousa são elevadas. E tanto mais positivas quanto de negativo tiveram estes últimos anos de exercício de Cavaco Silva. Em consonância com as suas múltiplas vivências e experiência política, pode, na verdade, arejar o ambiente geral do país, que tem vivido sob o jugo das finanças. E pode contribuir para um discurso e uma prática mais focados na emergência da política e menos nos partidos e no exercício dos jogos partidários. Antes de mais fazer compreender que a política deve ser vista como necessária, sendo a arte de governar, e os partidos devem estar ao serviço

da política, emprestando-lhe a vontade das pessoas que se revêm numa determinada ideologia, capaz de oferecer soluções diferentes para a governação da coisa pública. Se é verdade que, muitos dos políticos têm facilitado esta ideia que se tem da política, sem dúvida que um dos máximos contributos veio de quem se dizia um economista que não era político. Isto, quando se sabe, ter sido o cidadão Aníbal Cavaco Silva, um dos políticos há mais tempo em funções e com maiores responsabilidades na governação do país. Responsabilidades que, têm sido aligeiradas no que respeita às dificuldades atidas na sustentabilidade da Segurança Social, que em muito radicam nos desmandos da sua governação em princípios dos anos 90 em que se permitiram “truques” e se incentivaram reformas antecipadas a pessoas na casa dos quarenta e tal anos de idade. Cavalgando a onda e a moda, foi Cavaco Silva um dos grandes alimentadores da proscrição da política e dos políticos, em parte pelas suas limitações, refugiando-se na sua pretensa idoneidade em matéria de finanças, e em parte por se querer afirmar como o mais honesto e rigoroso, imune aos malefícios dos corredores partidários e da maldade da política. Ao folhear as páginas do Caderno de Economia dum jornal sema-

A VERDADE DAS COISAS SIMPLES JOSÉ ANTÓNIO CONTRADANÇAS

ECONOMISTA

nário de grande dimensão, tenho a amarga sensação de que mais nada existe para além da dívida pública, tanto mais agravada pelo endividamento das famílias e das empresas. E outrossim, antever-se da impossibilidade de vir a ser paga por mais que se cresça e se imponha austeridade. (O problema da dívida não é exclusivo dos países periféricos e recomenda-se que se encontrem soluções que vão muito além da clássica e intempestiva austeridade). Discorre-se também sobre a inflação, que já não se quer baixa mas que suba para animar a economia e evitar taxas de juros baixas ou mesmo negativas. (Coisa esta que, não antevejo como explicar a quem na sua simplicidade de vida foi tentando amealhar uns dinheiros e que, agora, tem que pagar para os emprestar ou colocar à guarda num banco.) Exibe-se a fortuna dos mais ricos, cada vez menos e mais ricos, em contraponto com os pobres cada vez mais pobres. Fala-se de falências astronómicas de bancos, que todos temos que pagar, de produtos financeiros derivados e de off shores, etc.. Mas não se fala das pessoas, do que fazem, dos que não têm emprego, dos que vêm os filhos

partir, das regiões do interior cada vez mais empobrecidas, do médico que não existe, da escola, dos correios, do posto da GNR que fecharam, enfim deste círculo vicioso que vive da sua própria contradição. E muito menos se fala na urgência em se encontrarem políticas adequadas mais viradas para a resolução de problemas económicos e menos centradas nos instrumentos e mecanismos financeiros que deviam ser postos ao serviço da economia, polo centralizador de todos os esforços para a satisfação de necessidades individuais e coletivas das pessoas. Esperemos que se inaugure um tempo novo em que a política seja reconhecida como necessária e na sua bondade. Só valorizando a política se poderá exigir mais aos políticos. E decerto poderemos constatar que, bem pior que todos os males que possam advir da política, são os que tomaram conta das nossas vidas, numa linguagem complexa, hermética e enviesada, dos tais financeiros sem alma, que tudo sabem mas que em primeiro lugar fazem prevalecer os seus próprios interesses. Sines, 7 de Março de 2016

Três Enganos e Uma Certeza

T

rês enganos e uma certeza. O turismo tem destas coisas. O que parece nem sempre é. O primeiro engano é o império da imagem. A ideia de que uma boa foto, por si só, faz alguém viajar. A ideia de que uma feira de vaidades enche um (um que seja) quarto de hotel. Os hotéis ficam vazios. Mas os egos cheios. Cheios de ilusões. Normalmente pagas com os seus impostos. Por isso o primeiro engano é achar que pode existir imagem sem conteúdo. E pode. Mas por um dia. Sem consequência nem amanhã. O segundo engano é a agitação do momento. Festas, festinhas e festarolas. Eventos a toda a hora e a qualquer momento. Um país remediado a fingir que é rico. Milhares de pessoas que passam. Nenhuma que fica. Nem um hotel programa estas festas. Nenhuma empresa de animação vende programas

para lá ir. E ainda assim, no meio de tanta agitação que não sobrevive à circunstância do momento, existem exceções. Exceções que vale a pena mencionar. Exceções porque são manifestações de identidade. Eventos que são mais do que a espuma dos dias. E nesses casos, tantas vezes, o turismo não o percebe. E perde uma oportunidade. Por turismo, e para que fique claro, entenda-se aqui as empresas do setor. Precisamente aquelas que deveriam estar atentas a tudo o que é único. Porque o único é o mais turístico. Mesmo que seja no outro lado da rua. O terceiro engano é a promoção do nada. Afirmar que temos o céu mais azul e o mar mais verde. Mas não sabemos o horário dos transportes, o preço dos hotéis ou a que horas começa o tour pela cidade. Promoção sem empresas, pelo menos no turismo, é uma meia

TURISMO SEMMAIS JORGE HUMBERTO SILVA COLABORADOR

promoção. Informa pela metade. Representa um serviço mínimo de divulgação. E deixa o potencial cliente (turista) entregue a si próprio. Pronto a escolher outro destino. A ir para outro lugar. Finalmente a certeza. A certeza é que temos de trabalhar em conjunto. Tudo no turismo é público. As praias, os monumentos, as ruas e as praças, as paisagens e a natureza. A cultura dos lugares. E a cultura das pessoas. Mas (tem sempre um mas) para ser turismo apenas e só se uma empresa aparecer do nada e construir um produto. E depois comercializar. E depois, ainda, vender. Só aí surge esse tal de turista. O tal

que comprou um voo, uma noite num alojamento, uma refeição ou, como agora se diz, uma experiência. Logo enquanto não inventarem o turismo sem turistas esqueçam a promoção e os eventos. Concentrem-se no produto. Simples? Não, complexo! O futuro nunca foi construído com o que é fácil. E o turismo não será exceção, antes regra. Por isso turismo será sempre mais verdade do que comédia de enganos. Ah, é verdade, de 2 a 6 de março decorreu a BTL. Bolsa de Turismo de Lisboa. Onde, precisamente, o melhor e o pior do turismo se encontram.

Diretor Raul Tavares | Redação: Anabela Ventura, António Luís, Bernardo Lourenço, Cristina Martins, Marta David, Rita Perdigão, Roberto Dores | Departamento Comercial Cristina Almeida - coordenação | Direção de arte e design de comunicação DDLX – www.ddlx.pt | Serviços Administrativos e Financeiros Mila Oliveira | Distribuição José Ricardo e Carlos Lóio | Propriedade e Editor Mediasado, Lda; NIPC

506 806 537 Concessão Produto Mediasado, Lda NIPC 506 806 537 | Redação: Largo José Joaquim Cabecinha nº8-D, (traseiras da Av. Bento Jesus Caraça) 2910-564 Setúbal. E-mail: redaccao.semmais@ mediasado.pt; publicidade.semmais@mediasado.pt. | Telefone: 93 53 88 102 | Impressão: Empresa Gráfica Funchalense, SA. Rua Capela Nossa Senhora Conceição, 50 – Moralena 2715-029 – Pêro Pinheiro. Tiragem: 45.000 (média semanal). Distribuição: VASP e Maiscom, Lda. Reg. ICS: 123090. Depósito Legal; 123227/98

14 | SEMMAIS | SÁBADO | 12 DE MARÇO | 2016


OPINIÃO

António Lobo Antunes

E

sta noite apresentamos no Teatro Municipal Joaquim Benite “António e Maria”: o resultado do encontro, no palco, da actriz Maria Rueff com o escritor António Lobo Antunes (dramaturgia de Rui Cardoso Martins), com encenação de Miguel Seabra. Se a sessão (única) não esgotar, andará lá perto. Maria Rueff tem consolidado, no teatro e na televisão, uma assinalável carreira no registo cómico, que neste espectáculo aflora a amargura de se ser português, tão querida a Lobo Antunes. E Lobo Antunes é, do meu ponto de vista, o mais interessante escritor português da segunda metade do século XX – passando ao lado das discussões de capela literária sobre quem é o maior escritor português vivo, querelas essas mais próprias de um concurso

de misses, como uma vez ouvi o Carlos Reis num colóquio sobre Lobo Antunes em que se falou (imagine-se…) de Saramago. Cometi a imprudência de, no início deste século, ter lido de seguida tudo o que Lobo Antunes publicara – mais de dez romances, de “Memória de Elefante” até “Não entres tão depressa nessa noite escura”, que não é bem um romance mas uma catedral em cujas naves se cruzam vozes filtradas por vitrais coloridos. Para quem, como eu, nasceu no início da década de 80 – a quem a História da ditadura, da guerra colonial, e do período pós-revolucionário tinha sido contada por meias-palavras –, a descoberta de António Lobo Antunes significou a revelação de um País triste, suburbano, a preto e branco, no qual as diferenças sociais teimavam em impor-se,

apesar de estarmos todos mais ou menos falidos. Era este o esplendor de Portugal que Lobo Antunes me contou: das dores do divórcio, de uma Hburguesia que reclama de novo o direito de existir, na literatura e não só (“Memória de Elefante”, 1979); dos horrores da guerra colonial (“Os cus de Judas”, 1979) e da psiquiatria (“Conhecimento do inferno”, 1981); da vergonha da descolonização (“As naus”, 1988); por aí fora até à descrição do Portugal dos que regressavam do Brasil para enriquecerem com os fundos da Europa (“Exortação dos crocodilos”, 1999), e ao romance cujo título rouba a Dylan Thomas (“Don’t go so gentle into that good night”), que não é mais do que a história de uma menina que está sozinha no sótão de uma casa fechada a falar consigo mesma - e é porventura o livro em que o

BOCA DE CENA RODRIGO FRANCISCO

DIRETOR DA CTA

autor mais se expõe, tirando as crónicas que foi publicando no “Público” e na “Visão”. A Lobo Antunes alguns não perdoaram a “origem burguesa”, outros a antipatia, outros a arrogância, outros a megalomania – e tudo o mais que, não constituindo benefícios para a sã convivência social, não são impeditivos para o génio literário. A Lobo Antunes (eu e vários da minha geração) idolatrei-o, imitei-o, coleccionei-o – e gostei dele como quem gosta do Eusébio. Quando adoeceu a primeira vez escrevi-

-lhe isso tudo, e que se “aguentasse nas canetas”. Agradeceu uma vez, numa entrevista, a “um miúdo de Almada” que lhe tinha enviado uma mensagem. Vi-o ao vivo duas vezes – e foi tudo. Nunca falámos: a importância que ele teve para mim é demasiado íntima para que lho diga. No Sábado, a Maria Rueff poderá talvez exprimir melhor, no espectáculo, aquilo que às vezes temos tanta dificuldade em dizer. Quanto a “António e Maria” propriamente dito, consta que não o viu, o escritor.

A vingança serve-se fria como o “vichyssoise?

C

aros leitores, todos concordarão que a semana ficará indelevelmente marcada por 3 nomes: Marcelo Rebelo de Sousa, Rui Vitória e Mitroglou. Claro que podia sempre voltar a falar do Centeno e as promessas que anda a fazer no Eurogrupo de mais austeridade, mas a Centeno já lá vamos. Temos tempo. Centeno vai ser queimado em lume brando pela Sra. Merkel, pela Sra. Catarina e pelo Sr. Jerónimo e vai ser o bode expiatório de António Costa. Mas esta foi a semana da vingança (que se serve fria), tal

e qual Rui Vitória, Mitroglou e, vá lá, LFV serviram a Jorge Jesus e Bruno de Carvalho, ainda por cima com um jogador que ambos queriam e depois vieram publicamente dizer que só não ficaram com ele porque tinham melhor. Se foi por opção deles (e alguém acredita nisso?) então foi uma péssima opção. A juntar ao balde de água fria que foi a derrota com o eterno rival, num Estádio a bater o recorde de assistência num só jogo, ainda assistiram a meio da semana ao triunfo desses mesmos rivais sobre os milionários Russos do Zenit. Há semanas perfeitas.

Quanto a MRS ainda há muito para dizer, mas que ele chega ao mais alto cargo da nação em estado de completa graça com o seu bom e obediente povo, lá isso chega. Perspectivo tempos bem diferentes daqui a uns meses e o espírito irreverente do Professor, a somar à sua ideologia política e necessidade de intervir, fará dele o árbitro da nossa política. Será um árbitro mega-pressionado por uma direita que nele votou e não se revê na “geringonça” e que cobrará ao “seu” presidente esse frete, enquanto que do outro lado tem uma esquerda

UM CAFÉ E DOIS DEDOS DE CONVERSA PAULO EDSON CUNHA

VEREADOR PSD CÂMARA DO SEIXAL que com ele andou de mãos dadas na campanha e que não se resignará se for arredada do poder por um Marcelo presidencialista. Estão a ver como os árbitros este ano entram num jogo decisivo, completamente condicionados? Pois bem, é assim que Marcelo se sentirá. Só que tem

mais poder. Muito mais. Mas votei nele, acredito nele e desejo-lhe um excelente mandato, apesar de saber que Marcelo adora pregar uma boa partida e não esquece os seus adversários. É caso para perguntar: A vingança serve-se fria como o vichyssoise? Vitória acha que sim.

Caiu-me uma mulher em risco no colo

C

omemorou-se recentemente o Dia Internacional da Mulher, e eu enquanto indivíduo do sexo feminino pergunto-me se ainda faz sentido este dia? Reza a história que se deve assinar o dia 8 de março em memória do grupo de mulheres operárias americanas que, heroicamente perderam a vida num episódio criminoso, em prol da igualdade de tratamento entre homens e mulheres. A questão do género condicionará o nosso percurso de vida? A desigualdade intensifica-se devido a critérios geográficos? Sem dúvida que nascer mulher na Europa, não é o mesmo que nascer mulher na Arábia Saudita. Mas será só isso? Serão as mulheres europeias umas privilegiadas, ou esta ideia é ela própria uma forma camuflada de ocultar a violência sobre as mulheres? Ultima-

mente, somos inundados pelos media, com o velho e sempre atual, problema da violência doméstica, que e apesar dos números dizerem que não é um crime exclusivo contra a mulher, estas continuam a representar em 85% dos casos (APAV; 2014) a vitima predominante. Em 2009, demos um passo de gigante, ao passar o crime de violência doméstica para crime público, no entanto do ponto de vista funcional e das medidas imediatas pouco mais se fez. Ousem fazer o percurso de uma vitima de violência doméstica e facilmente se aperceberão, que se a vitima não tiver condições socioeconómicas e ou suporte familiar, poucas alternativas lhe restam. Vejamos, após a ida ou internamento na unidade hospitalar, seguindo da queixa ao balção do serviço policial, resta à vitima regressar a casa

onde terá que saber lidar com o agressor. Pior é, nos casos onde existem vitimas das vitimas, isto é as crianças. Os pequenos seres, são então encurralados para o cenário familiar de agressões de todos os tipos, onde para além das sequelas psicológicas e físicas têm em muitos dos casos, que salvar as suas pequenas vidas. A mãe que se entrega a si e aos seus filhos, às águas do Tejo num último gesto de desespero, a mulher que é levada para casa abrigo deixando para traz as suas raízes e pertences, aquelas que vezes sem conta, dormem no medo, na angústia de um possível acordar, até às companheiras que num dia fartas de tanta violência acabam elas próprias por matar o agressor. O país fica chocado, colocam-se fotos nos murais das redes socias, deitam-se flores ao mar e

CIDADANIAS ELISABETE CAVALEIRO

COORDENADORA PEDAGÓGICA

depois? Depois, voltamos às nossas vidinhas até um novo caso e lá recomeça o dito debate publico. E as instituições e entidades como agem? Fazem discursos, daqueles do politicamente correto, apontam as culpas e responsabilidades umas para as outras, usando o obsoleto discurso dos meios, e há outras ainda, que instrumentalizam a questão da violência doméstica como arma política, como meio para a percussão de interesse pessoais, numa espécie de carreirismos ou ainda ao serviço do poder

politico. Estarão os meios prontos e serão eficientes para evitar e poupar essas vidas? Está de facto toda a sociedade envolvida neste combate e empenhada em salvar as vítimas ? Em 2014 só 16% dos casos sinalizados pela APAV é que tiveram a cooperação da segurança social, enquanto que na maioria dos casos (30,4%) recorreu-se à intervenção e participação das entidades polícias. Pois é, se nos cair uma vítima de violência doméstica no colo, lá vamos nós à Polícia…. e depois?

SEMMAIS | SÁBADO | 12 DE MARÇO | 2016 | 15



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.