Semmais 15 fevereiro

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2013

Sábado | 15. Fevereiro.2014

Director: Raul Tavares

FIGURAS E FACTOS

semanário - edição n.º 798 • 6.ª série - 0,50 € • região de setúbal

www.semmaisjornal.com

Distribuído com o

Desporto PER dá novo alento ao Vitória

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Cultura Berg vence Factor X e realiza sonho antigo

Actual Caldeiradas voltam a reinar na Caparica

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Estaleiros da Lisnave fecharam ano com actividade estável NEGÓCIOS A empresa de Setúbal reparou o ano passado 107 navios, um ligeiro aumento em relação a 1012., embora com redução de volume de trabalho. 103 barcos foram docados e apenas quatro foram intervencionados no cais. PÁG. 12

Judiciária deteve suspeito do roubo de arte sacra em Alcácer ÚLTIMA Um indivíduo, de 38 anos, foi detido esta semana pela PJ, suspeito de ter sido o autor dos roubos de arte sacra, ocorridos em Agosto do ano passado em igrejas da área de Alcácer do Sal. O arguido ficou em prisão preventiva.

42 pessoas em cada mil cometeram crime na região

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Chef com estrela Michelin ‘aporta’ na cozinha do ‘Xica Bia’

Socialistas contestam mapa judiciário para Litoral Alentejano

Almada unida reclama linha de muito alta tensão

NEGÓCIOS O restaurante ‘Le Chef Xica Bia’, em Setúbal, vai passar a contar na sua cozinha regional com a liderança de Paulo Rocha, chef já distinguido com uma ‘Estrela Michelin’. O cozinheiro promete uma gastronomia «surpreendente».

POLÍTICA O deputado Eduardo Cabrita aponta o encerramento do tribunal de Sines e a passagem do de Alcácer do Sal a Secção de Proximidade, como um «gravíssimo erro», que põe em causa o direito à justiça.

LOCAL A população de Almada e os seus autarcas exigem que a Linha de Muito Alta Tensão, entre Fernão Ferro e a Trafaria, seja enterrada em todo o seu traçado no concelho. Numa reunião realizada esta semana prometeram luta.

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Fotos: DR

VENDA INTERDITA


O militar de elite que aterrorizou Pinhal Novo

ABERTURA Sábado // 15 . Fev . 2014 // www.semmaisjornal.com

DR

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42 pessoas em cada mil habitantes cometeram um crime no distrito Os dados a que o Semmais teve acesso revelam que nos últimos trinta anos a criminalidade aumentou de forma abrupta. Em termos médios, a Costa Alentejana é onde o fenómeno mais cresceu. Alcochete e Seixal estão no ranking dos mais pacíficos. Roberto Dores

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lcochete e Seixal lideram o ranking regional dos municípios com menos criminalidade registada por cada mil habitantes. A média do distrito indica que em 2012 foram cometidos 42,2 crimes por cada mil pessoas, o que significa um total de 36372 ocorrências, mas Alcochete, com 31 e o Seixal (36,3) escaparam à tendência de crescimento que vem marcando os últimos 20 anos. Os dados estatísticos são reve-

lados pelo Pordata e têm por base os registos policiais. Os mesmos que mostram como em 1993 a região não ia além dos 33,1 crimes por cada mil residentes. Já em 2001, o distrito assistia a um aumento abrupto para os 41,6 casos, atingindo os 42,2 em 2012, sendo este o último registo agora revelado. Foi no Alentejo Litoral que o fenómeno mais cresceu. Os concelhos de Alcácer do Sal, Grândola, Sines, Santiago do Cacém tinham 18,5 crimes em 1993, passando a 34,5 em 2012. Mas é em Sines onde a criminalidade mais aperta para um total de 42,3, o que traduz uns furos bem acima da média regional. Palmela passa do menos ao mais perigoso Entre os concelhos da península, é Palmela que regista a maior taxa, atingido 52,6 crimes registados pelas polícias para cada mil habitantes, embora já tenha sido o concelho do distrito com o índice mais baixo, quando em 1993 se ficou pelos 17,5. É Sesimbra que vem atrás, com 48,2, enquanto Setúbal também supera a média regional (46,6 em 2012, depois dos 49,8 em 2011).

Enquanto o concelho da Moita também aparece abaixo dos 40 registos – com 39 ocorrência por cada mil habitantes – Montijo chega aos 40,2, Barreiro 40,6 e Almada 42. O agravamento da crise é uma das causas encontradas pelo Observatório de Segurança para explicar, por exemplo, fenómenos como o aumento da violência, que, cada vez mais, afecta as próprias famílias. A Cáritas tem vindo a alertar para o aumento do consumo de álcool e de droga na região «de forma muito preocupante», o que estará a ter repercussões ao nível do aumento da violência doméstica e das agressões a idosos. Como já alertou ao Semmais o presidente Eugénio Fonseca, as famílias estão a «viver um período muito difícil, em que os valores estão a ser colocados em causa, tal como acontece com a sobrevivência das famílias», admitindo que «tudo isso gera problemas que fazem com que algumas pessoas se sintam perdidas». Ou seja, na opinião do presidente da Cáritas, há hoje cada vez mais pessoas que encontram no consumo de álcool e de droga uma espécie de «bengala».

O cidadão moldavo que atacou o restaurante “O Refúgio”, no Pinhal Novo (Palmela), utilizando um autêntico arsenal de guerra, vindo a matar um militar da GNR, protagonizou um episódio nunca visto na região. A noite de 23 de Novembro de 2013 ficou manchada pela violência ao nível do que apenas conhecemos através dos filmes de acção, onde chega a ser caso para aplicar a frase batida segundo a qual a realidade excedeu a ficção. A GNR foi obrigada a abater o assaltante que recusou render-se. Miguel, como lhe chamavam na terra, era conhecido como um simples pintor no desemprego, há mais de 11 anos em Portugal, mas tratava-se de um militar de elite, que esteve ao serviço das forças especiais da União Soviética na guerra do Afeganistão. Um dado que ajuda a explicar o armamento que exibiu naquela noite de sábado, com o qual matou um GNR - quando tentava salvar uma família sequestrada– sendo que além de uma pistola, aquele homem «baixo e magro» tinha os bolsos cheios de munições e transportava um cinto de granadas de mão, além de um engenho explosivo artesanal, que podia ser accionado à distância, que as autoridades adjectivaram de complexo. Sequestrados em momentos de grande pânico «Nunca imaginei que ia sair

daqui com vida, quando vi o arsenal que o Miguel tinha à cintura», desabafava horas depois Gaspar Veloso, o proprietário do restaurante que o cidadão moldavo, de 58 anos, escolheu para se barricar e sequestrar quatro pessoas, reclamando 50 mil euros para «resolver um problema de saúde». O pesadelo da família de Gaspar Veloso começou pelas 22.00 horas, quando o restaurante se preparava para encerrar. Miguel era o único cliente. Viu a ementa, bebeu dois uísques, comeu um pudim e pagou. Mas no momento em que pediu o terceiro uísque revelou ao que ia. Apontou a pistola e mostrou o cinto de granadas. A filha conseguiu contactar o 112 via telemóvel. Cinco minutos depois, a GNR estava a bater à porta. O militar Bruno Chainho, de Vila Nova de Santo André (Santiago do Cacém) conseguiu salvar mãe e filha, mas quando entrou no restaurante para tentar salvar os restantes dois sequestrados, foi alvejado na cara. Teve morte imediata. Enquanto Gaspar e o filho também conseguiram fugir depois de lutarem no homem, Miguel lançou mais duas granadas contra a GNR, cujos estilhaços feriram quatro militares e destruíram viaturas. As negociações duraram até às 05.00. Miguel dizia que queria morrer ali. Após as manobras de diversão, que resultaram na morte de um cão, seguiu-se uma troca de tiros. Miguel seria abatido.

640 vítimas pediram apoio à APAV na região em 2013 O distrito de Setúbal voltou a estar entre as quatro regiões que mais recorreram à Associação de Apoio à Vitima (APAV), apenas atrás de Lisboa, Porto e Faro. Em 2013, foram elaborados 620 processos na península na sequência de 640 pedidos de auxílio, o que representa 7,3% do total dos 8733 vítimas directas de um ou mais crimes em todo o país. Tal como em ano anteriores, são os crimes praticados no

âmbito da violência doméstica os que representam mais de 80% dos registos da APAV. A Associação realça ainda que os crimes contra as pessoas, designadamente os contra a integridade física e liberdade pessoal, entre outros, somaram um total de 12,3% dos crimes em 2013. De acordo com a APAV Setúbal não escapou à tendência dos anos anteriores, onde são os grandes centros urbanos que têm mais casos assinalados.

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Editorial // Raul Tavares

Incerteza política no burgo partidário O ano que passou marcou uma nova era na política autárquica da região ainda que sem se poder vislumbrar os seus novos paradigmas. A saída, por impedimento legal de recandidatura, de grande parte dos presidentes de câmara com mais de uma década de mandatos não é um mero facto. Muitos admitiam uma mudança de cena partidária, num distrito onde o domínio da CDU tem sido constante. No final, apesar da quebra de votos, transversal a todas as forças partidárias, esse domínio da Coligação Unitária (PCP/OS Verdes) voltou a ser avassaladora. Estamos agora perante um novo desafio, embora se reconheça que a CDU não refrescou totalmente os seus quadros, como seria de antever, em função desta inevitável mudança de lugares. Mas é preciso confiar nesta nova geração de autarcas, mais jovens, eventualmente mais preparados para o tempo presente. Há, contudo, uma nova dimensão que também pouco se pode medir na actualidade: a luta política na região está em banhomaria. Há um grau de incerteza que ‘apaga’, que ameniza, a truculência, mas também a disputa e a discussão. Eliminar a fútil controvérsia partidária parece ser positivo, mas a ausência de debate e de reivindicação pode ser fatal. Parece ser a paz podre que estamos a viver.

Relatório Salazar Salazar não era apenas o representante de uma ideologia e o defensor de um modelo de sociedade. Salazar, no seu íntimo, pretendia ser o pai de todos os portugueses. Descansar os portugueses quanto às incertezas do futuro, “carregar” as preocupações de todos, tomar as decisões difíceis, colocar pacatamente a mão no ombro de cada um de nós e aconselhar, corrigir e por fim compensar os bons comportamentos. Para os maus comportamentos tinha também uma solução: a tortura. Salazar fez do Estado uma casa portuguesa. O Estado pensava. O Estado decidia. O Estado proibia. O Estado distribuía, em particular pelos amigos, por acaso ricos e poderosos. Os portugueses tiveram assim, por meio século, um pai “caridoso”. Um pai que reprimiu a desnecessária iniciativa e censurou a inaceitável independência. Como resultado produziu a mediocridade geral, a dependência congénita e o atraso económico. No entanto como qualquer pai, mesmo tirano, tinha os seus momentos de condescendência e então distribuía apoios, subsídios e condicionamentos industriais. Os efeitos estão à vista: o conformismo do povo, o elogio do cacique e o apelo permanente e universal ao Estado e aos seus “generosos” subsídios. No “hoje” democrático, 40 anos depois (e atenção que 40 anos não são dois dias), temos vindo a assistir ao impensável regresso de uma mentalidade que tem muito de “salazarista”. Primeiro eliminámos minuciosamente

Igreja de Setúbal sai de ti mesma Ao celebrar os 25 anos de ordenação episcopal de D. Gilberto Canavarro dos Reis, Bispo da Diocese de Setúbal, nos últimos 15 anos, celebramos também a entrega à Igreja que representa este serviço. Em entrevista à Agência Ecclesia, D. Gilberto lamenta uma “pastoral de manutenção”, lembrando que não se poderá fazer um retrato da Diocese a “régua e esquadro” pela sua imensa diversidade. Ora é precisamente esta a missão do Bispo, na Diocese que lhe é confiada, por ser observador atento e pertinente, até “inoportuno”, nas palavras do papa Francisco, quando se refere à missão do Bispo. D. Gilberto Canavarro dos Reis é um homem de Deus que procurou, sempre, estar próximo dos seus padres e fiéis. Está em Setúbal há 15 anos e acredito que fez tudo o que estava ao seu alcance para se sentir um “homem do

Eugénio Fonseca Presidente da Cáritas Sul”, apesar de ter as suas raízes natais bem presas nas terras de Trás-osMontes. A esta terra, essencialmente feita de classe operária, este “homem da Igreja” trouxe as marcas de uma fé vivida ao serviço dos homens, em louvor a Deus. Mas, este seu serviço, vive-o quase que na sombra, procurando que os outros tomassem a dianteira e colocassem em prática as suas ideias. Isto, claro, que lhe trouxe momentos bons e outros mais sombrios. Momentos em que terá faltado a voz firme do pastor, mas momentos, também, em que a sua oração fervorosa foi apaziguadora e frutuosa. Na reta final do seu serviço à Igreja, enquanto Bispo Diocesano de Setúbal,

Vítor Ramalho Advogado

Turismo Semmais // Jorge Humberto Silva a iniciativa. Pagámos para abater barcos, cortar vinhas e fazer desaparecer oliveiras (curiosamente parte do nome do ditador). Ficámos assim com (momentaneamente) mais dinheiro no bolso e mais pobreza no futuro. Mais dependentes portanto. Depois temos vindo a observar, impávidos e serenos (como é de bom tom), ao regresso de alguns dos tiques do Salazarismo. Assistimos ao reforço do Estado e à diminuição do cidadão. Os subsídios, os apoios, as comparticipações, as ajudas, as bonificações, os donativos, elevaramse à categoria de política do Estado. As corporações, afinal um dos pilares do Salazarismo, saem a ganhar e os cidadãos pagam generosos impostos. Do Chinquilho subsidiado pela Junta de Freguesia, à parceria público-privada comparticipada pelo Governo da República, tudo pode ser graciosamente apoiado, dependendo de quem pede o apoio e das influências que tem. A proliferação dos subsídios representa a desistência da sociedade civil e a construção de um verdadeiro império de dependências. Num país em que tanto do Estado Social está ainda por concretizar, na educação, na saúde, no apoio social, distribuir benesses a hobbys privados e a divertimentos particulares é construir a anti solidariedade. Por cada euro distribuído a quem não precisa fica um euro por dar a quem realmente precisa. Num país levado ao resgate, e ao tão salazarista empobrecimento, apoiar gostos pessoais e subvencionar corporações é desmentir qualquer esforço de modernidade. Ao melhor estilo de

um personagem do Tintin, tantos dos nossos Governantes e muitos dos nossos Autarcas facilmente se desfazem em generosidade e então tudo, rigorosamente tudo, é passível de ser apoiado: estradas sem carros e cineteatros sem públicos, estádios inúteis e jogadores da República da Macedónia (indiretamente claro), aeroportos vazios e aviões (ou melhor turistas em aviões) meio cheios, passeios da terceira idade frequentados por todas as idades além de piqueniques temáticos, jantares volantes e almoços sentados, eventos desportivos e desportistas sem desporto conhecido, turismo sem turistas e comemorações de factos que já não nos lembramos. “Tudo” pode ser apoiado e “todos” têm direito ao apoio. Todos, não é bem assim, porque a imensa maioria nem sequer sabe como pedir ou a quem pedir. A pedinchice afinal parece compensar. Salazar feito Sebastião aí está. O país parece escolher a sombra protetora do Estado ao risco da exposição solar da independência e da dignidade. E agora não se esqueça: precisa de construir uma sede para a sua organização; um apoio para um intercâmbio com a República do Tadjiquistão; uma ajudinha para um jantar de homenagem à turma de 1935 dos alunos do Apolo; uma viatura para combater as pragas da batateira; uma ligeiríssima comparticipação para a festa de homenagem ao Doutor Felisberto. Não hesite. Peça um subsídio. Alguém lhe dará. E esse alguém um dia algo lhe pedirá.

D. Gilberto conhece bem a sua Diocese, as suas fragilidades, o caminho e desafios que tem pela frente. Refere isso mesmo numa entrevista recente à Agência Ecclesia: “Quanto à saída das sacristias infelizmente não consegui ir mais longe. Sinto que a diocese continua muito fechada dentro em si. Apesar dos esforços, que me agradam muito, que louvo os leigos e o clero, continua fechada. Continua a gastar muitas energias com o que está dentro em vez de ir para fora.” Como presidente da Cáritas Diocesana de Setúbal tive a oportunidade de estar ao seu lado durante os últimos 15 anos do seu episcopado. Tive, por isso, a oportunidade de testemunhar o seu desejo de ir mais longe na sua missão e de ir sempre ao encontro dos outros, das suas necessidades. Ainda que, com muitas dificuldades, este caminho foi traçado e outro deixado, claramente, em aberto para uma ação pastoral que saiba acolher e estar ao lado de todos os que precisam da ação da Igreja na nossa Diocese. Esta seara é muito grande. Assim haja quem a queira trabalhar,

dentro e fora, das paredes do Templo. Pela entrevista a que aludi, fiquei com a sensação que D. Gilberto gostaria de ver maior protagonismo missionário por parte dos leigos. Teremos, agora, a excelente oportunidade, aproveitando as orientações que foram dadas pelo grande Profeta do dealbar deste século, o Papa Francisco, na recente Exortação Apostólica a Alegria do Evangelho. É urgente que a Igreja de Setúbal saia de si mesma, que se assuma como verdadeiro Povo de Deus. Que o traje eclesiástico não se distinga do fato do operário, nem o báculo da enxada do agricultor, mas que todos nos esforcemos para que seja apenas - e só - o testemunho da fraternidade a distinguir-nos, porque somos todos filhos do mesmo e único Deus e, em Jesus Cristo, irmãos uns dos outros, sem qualquer tipo de exceção. Pelas respostas dadas à Ecclesia estou convicto de que a melhor prenda que poderemos dar a D. Gilberto, pelos seus 25 anos de Bispo, será uma Diocese muito mais aberta a todos os que fazem parte dela e à sociedade em geral.

Para quando o Ministério da Cooperação? Visitei recentemente três países africanos de expressão oficial portuguesa, Angola, Cabo Verde e Moçambique. Cada um com a sua especificidade, é certo, mas todos partilhando realidades seculares comuns, forjadas em encontros e desencontros de culturas. Sinto-me sempre como se estivesse com familiares e não apenas por falarmos uma fala oficial comum, quando estou num país de língua oficial portuguesa. Foi Amílcar Cabral quem disse e apropriadamente que mais do que falarmos português pensamos em português, o que é uma outra realidade, que nos aproxima de forma mais racional. Sob o regime anterior, que durou mais de cinquenta anos, fomos sujeitos a uma iniquidade ditatorial comum, o que não ocorreu com nenhum outro país europeu que descolonizou territórios africanos, a partir dos anos sessenta do século passado. Houve por isso cumplicidades forjadas em comum na luta em prol das independências e da liberdade durante esses mais de cinquenta anos. Que mais nos aproximou uns dos outros, como disse. Nessa luta comum era o mesmo regime opressor que estava em causa. No 25 de Abril a libertação, com todas as contradições que entretanto se geraram, foi cantada em comum. Esta é a realidade. Neste ano de 2014, em que se comemora o quadragésimo aniversário da revolução dos cravos é muito útil e proveitoso termos a consciência dos esforços solidários que povos oprimidos, incluindo o povo português, desenvolveram contra a ditadura. Hoje todos os Estados de Língua Oficial Portuguesa integram a CPLP. Num mundo crescentemente globalizado e sem fronteiras isso é uma mais valia de enorme alcance. A crise e as suas consequências vieram evidenciá-la. Desde logo pelos milhares de portugueses que tiveram de emigrar e foram acolhidos por esses países africanos mas também pelo Brasil. Continuo a não entender por isso a deficiente visão com que encaramos, do ponto de vista estratégico, as nossas relações com a lusofonia. Acircunstânciadenãotermos,desde avigênciadaatualconstituiçãodaRepúblicaumMinistériodeCooperaçãoque de corpo a uma política integrada e não dispersadecooperação,particularmente comospaíseslusófonos,éabsolutamente incompreensível. Não é adequado tratarmos por igual o que é diferente. Por isso pergunto-me para quando um ministério de Cooperação entre nós. As recentes visitas que fiz a três dos países africanos lusófonos fizeram-me evidenciar ainda mais essa necessidade.


“O Setubalense” volta às bancas

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A apresentação oficial do relançamento de “O Setubalense” é no dia 22, às 15 horas, no Hotel do Sado. O evento marca uma nova fase na vida do jornal que completa o seu 159.º

“Crónica um Café e dois dedos de conversa

// Paulo Edson Cunha Em pequeno gostava da Princesa Stefanie do Mónaco. Lembro-me de ouvir dizer que era uma estouvada, que tinha ombros largos, etc, mas não sei explicar porquê, ela alimentava o meu imaginário. Esta semana, anos depois de desconstruído o mito da Princesa enjeitada, sou confrontado com uma outra “Stephanie”. Mais uma vez é um furacão, mas já não é um furacão de mulher, mas um verdadeiro furacão. Houve também o Furacão Rute, mais suave, pelo menos em Portugal e já se ouve falar na vinda do “El Niño”. Estará Portugal estruturalmente preparado? Fui, como muitos sabem, vereador da Protecção Civil no concelho do Seixal até às últimas eleições e durante quatro anos. E uma vez ligado à Protecção Civil, toda a vida ligado à Protecção Civil, assim como ainda hoje me sinto ligado ao emprego. Sou muito apegado a tudo, por viver os trabalhos, empregos ou tarefas a que me proponho com total entrega e, não é por acaso que, como disse, temas como o emprego (ligado á minha passagem pelo Centro de Emprego do Seixal) ou P.C. me sejam bastante caros. E foi esse “bichinho” que no Domingo passado me deixou inquieto a reflectir. Se eu fosse o responsável da Protecção Civil que estivesse ligado à responsabilidade de permitir que o jogo “BenficaSporting” avançasse ou não, eu permitiria? Antes de dar a resposta, deixo nota prévia, pois fazer previsões ou prognósticos depois do acontecimento só mesmo o João Pinto do Porto e neste momento, sabendo nós como o estado do tempo progrediu e qual o seu efeito na cobertura do Estádio da Luz, claro que diríamos que o jogo não se devia ter realizado. Mas antes do jogo os dados conhecidos eram que a tempestade ia atingir o seu ponto mais alto precisamente às 18:00 e que o Alerta Vermelho para a população

(não é exactamente a mesma escala para os Agentes de Protecção Civil e neste caso, creio que era laranja) indiciava uma cautela extrema. Claro que sabemos também os interesses que envolvem um jogo desta dimensão, desde logo os cerca de 60 mil bilhetes vendidos, muitos deles com espectadores vindos de partes distantes de Portugal e até de fora de Portugal, mais as televisões, os compromissos publicitários, os regulamentos, a gestão das equipas, entre muitos outros argumentos; Mas do outro lado estava a segurança dos espectadores. E eu, com os meus dois filhos, sentado naquele estádio durante todo o tempo, até cerca de 45 minutos após o período em que o jogo deveria ter começado, quando cheguei a casa e vi as notícias das vigas metálicas que caíram, pensei primeiro como homem, como pai e como um simples cidadão que me tinham exposto desnecessariamente a um risco desnecessário. E não gostei de o saber. Porque confiei nas autoridades. Porque se os entendidos me tinham garantido que não havia problema, para além do frio e da chuva, eu isso estava disposto a suportar, em prol do meu Benfica. Mas depois, mesmo sabendo que houve factos que ocorreram muito em cima da hora do jogo e que os responsáveis tentaram evitar sobretudo o pânico, ainda assim, o técnico da Protecção Civil que nunca fui, mas que estive muito próximo deles ao longo dos últimos quatro anos, jamais teria arriscado a vida de 60 mil pessoas e teria adiado o jogo, porque, conforme já dizia a minha avó... “O Seguro (não, não é esse que estão a pensar...lol) morreu de velho” e eu também quero morrer de velho e mais ainda os meus filhos. E permitam-me terminar a brincar, mas acrescentando “Mesmo que o Seguro ainda venha a ser Primeiro-Ministro do nosso país”

aniversário este ano e cuja publicação foi suspensa em Maio de 2013. “O Setubalense” regressa às bancas a 24, com nova imagem e periodicidade trissemanal.

LASA organiza concurso literário A Liga dos Amigos de Setúbal e Azeitão realiza o XVI Concurso Literário Manuel Maria Barbosa du Bocage, na modalidade de Poesia, com um prémio de 2 mil euros, e nas modali-

dades de Revelação e Conto, com prémios de 1 500 euros cada. A entrega dos prémios integra as cerimónias da celebração do dia da Cidade de Setúbal e de Bocage.

Caldeiradas da Caparica ‘caçam’ turistas em época baixa Roberto Dores

Capote quer criar Confraria da Caldeirada à Pescador

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10.º Concurso da Caldeirada à Pescador vai decorrer entre 15 de Fevereiro e 16 de Março em onze restaurantes do concelho de Almada, numa organização da Junta de Freguesia da Costa de Caparica. O certame foi apresentado na quarta-feira, num restaurante daquela cidade, onde foi servida uma deliciosa caldeirada confeccionada por Carlos Capote. O presidente da Junta de Freguesia, José Martins, afirmou que o concurso gastronómico, o segundo mais antigo do país, visa mostrar a «riqueza da gastronomia da Costa de Caparica, evidenciar o peixe fresco da nossa costa e chamar pessoas à cidade em época baixa». A edição deste ano, orçada em 12 mil euros, vai homenagear Francisco Pinto, mais conhecido por “Chico Bóia”, pescador, banheiro e o último dos sobreviventes do naufrágio do “Pensativo”, barco meia-lua de 18 metros, que naufragou na Costa de Caparica quando aproava a terra, na crista de um vagalhão, em Dezembro de 1929. Com algumas alterações no regulamento, José Martins destacou que os restaurantes vão aconselhar vinhos da região com a caldeirada a

DR

ACTUAL

A caldeirada continua a ser uma especialidade local

concurso, relembrando anda o envolvimento da Entidade Regional de Turismo da Região de Lisboa e o município. Outro aspecto a destacar vai ser a presença do presidente da Escola de Formação da Pontinha no júri. «São pessoas entendidas que vão estar à frente do júri», sublinha. «Grande oportunidade» em época baixa Joaquim Judas, presidente do município, reconhece que o concurso de caldeiradas faz todo o sentido na Costa de Caparica, «uma terra de pecadores onde são produzidas excelentes caldeiradas». Na sua opinião, este concurso é uma «grande oportunidade, em época baixa, para atrair turistas e, assim, incluir a Costa de Caparica no roteiro de fimde-semana e no dia-a-dia das pessoas porque tem

muita coisa para oferecer na época baixa». Já Henrique Soares, da Comissão Vitivinícola Regional da Península de Setúbal, realçou que o concurso das caldeiradas da Costa de Caparica já tem «tradição e é perfeitamente natural que ao evento se associem os grandes vinhos da Península de Setúbal», porque é «muito importante» que os vinhos da região se afirmem «dentro da sua própria região numa boa relação com a restauração». Atlântico, Barbas – A Tertúlia, Camões, Carolina do Aires, Horizonte, Marreta, OHHHTC, Praia do Castelo, Pipo, Tarquínio e Tasca da Caparica são os restaurantes que estão envolvidos na edição deste ano do concurso, que, tal como em edições anteriores, irá igualmente avaliar a melhor sobremesa, na perspectiva de evolução gastronómica do evento.

Carlos Capote, conhecido chefe de cozinha, mais do que nunca, parece estar agora interessado em avançar com a criação da Confraria da Caldeirada à Pescador da Costa de Caparica, cuja patente foi registada «há cerca de 20 anos». E realça que as coisas não avançaram «graças a alguns ilustres de Almada» que boicotaram o projecto. «Vamos tentar avançar com o projecto, já temos os estatutos e andamos agora à procura de apoios», sublinha Carlos Capote, que já está ligado a seis outras confrarias.

Pub.

O seu a seu dono Na última edição do “Semmais”, na secção da Cultura, demos a notícia de que a banda de Setúbal Radiophone tem um novo tema a rolar na telenovela da TVI “O Beijo do Escorpião”, intitulado “Freedom”. Só que em vez de tratarmos o projecto pelo seu nome verdadeiro, utilizámos o nome Radiohead, pelo que pedimos, desde já, as mais sinceras desculpas aos elementos da banda e aos leitores por esta troca de nomes.

Número: 12/2014 Data: 04/02/2014

CARLOS RABAÇAL, VEREADOR DA CÂMARA MUNICIPAL DO CONCELHO DE SETÚBAL:-----------------------------------------------------------------------------------------------------------FAZ PUBLICO QUE, no uso de competência delegada pela Presidente da Câmara, nos termos do artº 70º do CPA, procede à notificação edital, nos seguintes termos:---------------------------------------Foi celebrado contrato promessa de compra e venda do imóvel em regime de propriedade resolúvel, sito na Rua Dr. Álvaro Gomes, 11-1º Esq, em Setúbal, a favor de Raúl José dos Santos Junior, o qual veio a falecer a 09 de abril de 1994.----------------------------------------------------------------------Os seus herdeiros têm o direito de adquirirem o referido imóvel, pois já foi pago a totalidade do preço do mesmo.----------------------------------------------------------------------------------------------------Face ao exposto, consideram-se os mesmos devidamente notificados, para no prazo máximo de 15 dias (úteis) manifestarem o seu interesse na aquisição do referido imóvel. Caso contrário e na ausência de resposta, considera-se que não têm interesse na respetiva aquisição.------------------------- Para constar se publica o presente edital num jornal de âmbito local e vai ser afixado edital de idêntico teor nos lugares públicos do costume. O VEREADOR, Carlos Rabaçal


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Presidente da Câmara, Joaquim Judas, garante apoio aos prejuízos da intempérie

O PRESIDENTE da Câmara de Almada, Joaquim Judas, garante que o município vai investir nos arranjos provocados pelo mau tempo dos últimos dias na frente urbana de praia da Costa de Caparica. Nesse sentido, vão ser contratados 88 trabalhadores para reforçar as equipas que vão estar no terreno a reparar os danos causados e a prevenir novas situações decorrentes de perturbações climáticas. O mau tempo atingiu os concessionários de apoio de praia e algumas estruturas de defesa, como o paredão, as escadas de acesso, e os próprios restaurantes e bares. Também os parques de campismo na zona norte foram atingidos pelas ondas fortes do mar. Joaquim Judas considera que a forma «precipitada e sem alternativas» com que o Governo liquidou a Costapolis, é responsável pela demora nas intervenções de reparação dos danos e Pub.

DR

Município contrata 88 trabalhadores para recuperar estragos na Caparica

Estragos do mau tempo deixaram concessionários desesperados

de prevenção de riscos que ameaçam aquele território. Além de disponibilizar recursos humanos e máquinas para protecção de pessoas e bens ameaçados pela intempérie, o município decidiu lançar um programa de promoção turística da Costa de Caparica, que terá

como iniciativa âncora um festival realizar em Agosto deste ano, bem como antecipar a contratação de trabalhadores e ampliar o prazo de intervenção das equipas de limpeza das praias. Presidente da Junta defende colocação de areias

Já o presidente da Junta de Freguesia da Costa de Caparica defende a colocação urgente de uma terceira quantidade de areia nas praias, sobretudo na zona norte. José Martins diz que tanto a forte ventania, como o mar revolto fizeram «vários estragos» na Costa de Caparica. «Duas árvores de grande porte, que caíram, fizeram um ferido, e o mar causou prejuízos em quatro bares, na zona norte», conta. O autarca conta que já exigiu ao Ministério do Ambiente a requalificação dos quatro bares, do paredão e das escadas de acesso à praia, bem como o reparo de quatro fissuras na zona norte das praias, não esquecendo o enchimento de um milhão de metros cúbicos de areia nas praias para evitar que a água do mar se aproxime demasiado dos bares e restaurantes. António Luís

Vinhos da região distinguidos em Maio pela CVR A CERIMÓNIA de entrega de prémios do 14.º Concurso de Vinhos da Comissão Vitivinícola Regional da Península de Setúbal deverá acontecer no dia 15 de Maio, na Igreja de Santiago, localizada no Castelo de Palmela, à semelhança do ano anterior. Henrique Soares, presidente da CVRPS, deposita «muito boas» perspectivas na edição deste ano, dado que «nos últimos dois anos o sector voltou a crescer na região, o que só é comparável aos anos de 1998 e 1999», tendo contribuído para isso o volume de negócios relacionados com a exportação que é «altamente competitiva». Nesse sentido, o líder da CVRPS valoriza o trabalho das empresas de vinhos da Península na capacidade que demonstraram nestes últimos dois anos, que investiram na exportação e na produção de um maior volume de vinhos. Deverão apresentar-se a concurso, tal como em anos anteriores, 100 vinhos e a envolvência de mais de 20 empresas do sector. As inscrições do concurso abrem em Março e o júri prova os vinhos a concurso em Abril.


PSD defende Setúbal em congresso

POLÍTICA

A distrital do PSD vai apresentar uma moção no 25.º Congresso Nacional do PSD em que defende que a região tem todas as condições para ser o motor do desenvolvimento do País. Paulo Ribeiro, que vai apre-

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sentar a moção, destaca o Arco Ribeirinho Sul, os portos, as ligações terrestres rodoviárias e ferroviárias à região de Lisboa e a Espanha, tendo como nó de ligação principal a plataforma do Poceirão.

PS contra novo mapa judiciário

Pub.

DR

O

novo Mapa Judiciário, que aponta para o fecho do Tribunal de Sines e a passagem do de Alcácer a secção de Proximidade, corresponde a um exemplo «gravíssimo como o Governo põe em causa o direito à Justiça e viola o entendimento com a Troika», refere Eduardo Cabrita, presidente da Comissão de Orçamento de Finanças e Administração Pública. O deputado recorda que o memorando com a Troika previa que fosse acelerada a concretização, a nível nacional, de experiências como aquela que estava a ser aplicada no Litoral Alentejano. «No Litoral tinha sido criado um novo modelo de funcionamento do sistema de Justiça que levou à candidatura do Tribunal de Sines como Tribunal de Trabalho e de Família, localizado num dos maiores polos empresariais do País. A criação de um Tribunal de Trabalho era uma velha aspiração das popu-

Eduardo Cabrita, deputado PS

lações», argumenta. «O novo Mapa Judiciário criou as comarcas distritais, que são um total absurdo e têm como consequência grave fechar o novo Tribunal de Sines, o que significa que a contestação de um despedimento passa a ser feita a 129 quilómetros de distância, em Setúbal, ou a resolução de um conflito relacionado com o poder paternal, além disso fecha o Tribunal de Alcácer, que passa a ser uma mera dependência administra-

tiva, e também reduz competências na Península», nomeadamente na Moita, Montijo e Sesimbra. Cabrita defende que o Governo deveria «avaliar e alargar» as experiências como a do Litoral Alentejano, e não criar as comarcas distritais, que «nunca existiram e não fazem qualquer sentido». Eduardo Cabrita constata que o Governo decidiu avançar para um novo Mapa Judiciário depois da realização das eleições autárquicas. «No centro e no norte do PSD há muitas Câmaras do PSD que são afectadas e que se sentem enganadas, e em Sines o município já tomou posição», sublinha. Os deputados do PS de Setúbal vão tomar uma posição conjunta na Assembleia da República, que passa pela denúncia do «escândalo» de Sines e a forma como o Governo está a afectar a as populações no que concerne à área da justiça.

O bom rival entre os jornais

H

á quem recorde a experiência da entrega de um documento de propaganda do PCP a um homem de idade, quando numa manhã bem cedo o recebeu das mãos de uma brigada de militantes comunistas, a qual ao entardecer do dia, de regresso das zonas rurais a Setúbal, o reencontrou no mesmo local teimosamente a percorrer com a vista já cansada o texto que permanecia intemporal. Se há sempre alguém que resiste, ali estava a prova de que, recortado por um magnífico sol poente, igualmente há sempre alguém - decididamente o mesmo sujeito - que lê. Vem isto a propósito da expressão: “Vocês vêm adiantados, só sai amanhã!”, datada da quartafeira passada, logo que um trabalhador da Gestnave, na Mitrena também matinal, ao sair do autocarro nos viu a alguma distância. O bom hábito induzira-o em erro, não estavamos a vender o Avante! O nosso inimigo tem de se conformar: já acontecera na Autoeuropa, no caudal da entrada e saída do turno da tarde de centenas e centenas de trabalhadores, particularmente de jovens trabalhadores (a

Valdemar Santos Militante do PCP

Se há sempre alguém que resiste, ali estava a prova de que, recortado por um magnífico sol poente... quem a Administração chama “colaboradores”), que um deles, com o órgão central do PCP na mão mas com o passo corrido para casa, exclamava em jeito de desafio e comprometimento: “Vocês apostam, diabo!” Porque temos uma praxe, naqueles sítios, e com algum humor, a de fazer uma determinada outra prova provada (“E não há eleições!”), o homem que lia sentado, se as houvesse, poderia aparentar ser indiferente aos resultados, mas não por demissionismo, tão só, adivinha-se, por tenaz tenacidade, e o rapaz a correr com o Avante! oferecia-nos a garantia de usá-lo o melhor possível. É a outra dimensão dos gestos os mais “simples” da existência. Simples, mas mais complicados, noutros tempos. Porque o jornal que dá nome à Festa faz hoje, dia 15, 83 anos.


2013 FIGURAS E PROTAGONISTAS .

Vítor Proença

Maria Luís Albuquerque

Eugénio Fonseca

Luís Senica

Presidente da Câmara de Alcácer

Ministra de Estado e das Finanças

Presidente da Cáritas Diocesana Portuguesa

Treinador de Hóquei em Patins

Proença é dos poucos autarcas do país que se podem dar ao luxo de terem concorrido a duas autarquias (no caso, Santiago do Cacém e Alcácer do Sal) e as ter ganho de forma irrepreensível. Passou a ser um dos autarcas-modelo da CDU e a liderar várias instituições ligadas à administração regional. Um ano para recordar na sua já extensa folha de serviço público.

Quem esperaria que a cabeça de lista do PSD pelo circulo eleitoral no distrito chegasse ao topo do Governo? Talvez a própria, devido à fama que lhe atribuem de ser ‘teimosa e determinada’. A verdade é que Maria Luís Albuquerque, após a saída de Vítor Gaspar, ‘aguentou’ tudo e todos, numa onda de contestação que foi acalmando, como acalmaram as taxas de juro...

O conhecido professor de Setúbal, presidente da Cáritas Diocesana Portuguesa e principal rosto do serviço social da Diocese Sadina, foi obrigado, em função do recrudescer da crise, a bater a muitas portas. Mas para além de liderar a organização no apoio às famílias carenciadas, empreendeu vários fóruns de discussão sobre o póscrise.

Foi um ano em cheio para este técnico de eleição, natural de Sesimbra, que foi um dos primeiros universitários a formar-se em Hóquei em Patins. Sagrou-se campeão europeu ao serviço do Benfica e, já como seleccionador nacional, chegou às meias-finais no Mundial da modalidade realizado em Angola.

Vítor Costa

Foi eleito presidente da Entidade Regional de Turismo de Lisboa e passou a ser o líder do sector na península.

Carlos Beato

OBITUÁRIO

Fernando Guerreiro Actor

Álvaro Felix Actor

Foi eleito administrador do Montepio, com o pelouro do Mutualismo. Foi também tornado Comendador pelo Presidente da República.

Vítor Ramalho

Carlos Mourinho Presidente da Junta do Pragal

Manuel Medeiros Livreiro

Após a saída da presidência do Inatel, foi escolhido para secretário-geral da União das Cidades Capitais da Língua Portuguesa.

Marcos Leonardo Empresário

Orlando

Pedro Curto Dominguinhos Ex-presidente da Numa luta renhida, o reputado professor universitário venceu a eleição para presidente do Instituto Politécnico de Setúbal. Pub.

As soluções técnicas GESTÃO GLOBAL DE RESÍDUOS (perigosos, não-perigosos) REPARAÇÃO AMBIENTAL (descontaminação de solos, sinistros, contenção de derrames de hidrocarbonetos) LIMPEZAS INDUSTRIAIS (ETAR, tanques, separadores, remoção de amianto, outros) UNIDADES DE TRATAMENTO DE HIDROCARBONETOS (capacidade de tratamento internalizada) GESTÃO DE RESÍDUOS MARÍTIMOS - MARPOL LAVAGEM DE CISTERNAS E VIATURAS

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Câm. de Setúbal

Fernando Marques Veterano do atletismo


2013 ACONTECIMENTO DO ANO Tragédia do Meco enluta ‘praxes’ Em noite de breu, nas falsas ondas do Meco, seis jovens estudantes perderam a vida, num dos acontecimentos mais mediáticos do ano passado, que ainda hoje está na ordem do dia. A tragédia, com múltiplos contornos por explicar, fez levantar uma onda de protestos em relação às praxes académicas. As famílias das vítimas lutam agora por saber o que se terá passado exactamente naquele fim-de-semana fatídico.


2013 OUTROS CASOS Sequestro violento em restaurante do Pinhal Novo Em Novembro um ex-militar de élite das forças especiais da ex-União Soviética, natural da Moldávia, sequestrou, de forma violenta, a família proprietária do restaurante “O Refúgio”, no Pinhal Novo. Um militar da GNR acabaria por ser atingido mortalmente. Um caso nunca visto na região, que gerou pânico na vizinhança e arrastou a comunicação social até à pacata vila do concelho de Palmela. O próprio sequestrador foi abatido, não sem antes lançar um arsenal de granadas ferindo outros quatro elementos da força policial.

Mapa autárquico ainda mais vermelho As autárquicas de 5 de Outubro ditaram na região uma cada vez mais crescente mancha vermelha no mapa camarário. A CDU reconquistou os municípios de Grândola e Alcácer do Sal ao PS e segurou todas as suas maiorias absolutas, mesmo com a debandada dos seus autarcas-dinossauros. A compensação dos socialistas ocorreu em Sines, com a retirada do poder ao Movimento SIM.

O adeus ‘oficial’ dos autarcas dinossauros As eleições autárquicas de Outubro do ano passado ditaram a saída de sete presidentes de câmaras da região, entre eles, Emília de Sousa (Almada), Alfredo Monteiro (Seixal), Amélia Antunes

(Montijo), Manuel Coelho (Sines), Carlos Beato (Grândola, Teresa Vicente (Palmela) e João Lobo (Moita). A região autárquica nunca mais será a mesma, mas é um adeus ou um até já? Pub.



de Alma” em Grândola Ed etur milis“Pó aliae. Ut dicillit

LOCAL

O teatro grandolense recebe fuga. no dia 21, às 21h30 Adis imus. Mos maxim laborer iorehen ihiciunt o concerto “Pó de Alma”, protagonizado por Paulo facepel inctaesci blant inimus Lo exeribus est, consequaes Sábado e Jorge Canções, valsas, marchivenda et//magnita tquibusRibeiro aut est, simil Moniz. id maionsent, qui nhas, fados turvos, modas e lonjuras constituem oditiiscia am alianis apidus qui intibero volorrum 15 . Fev . 2014 sitem // a base fugit do universo musical do espectáculo. Serão sequi nos audissit quiandis velestrum faceatem www.semmaisjornal.com interpretados temasexceaqui originaisdebis incluídos em alguns idendandis maxim eossit alique im dus. álbuns já editados. doloreped quis doluptas Nonsecearum es nem lias ut 11

População e autarcas unidos

Almada pede alta tensão enterrada Toda a linha deve ser subterrânea e não parte dela POPULAÇÃO e autarcas exigem que a Linha de Muito Alta Tensão (LMAT), entre Fernão Ferro e a Trafaria, seja enterrada em todo o seu traçado no concelho. A posição foi expressa durante uma reunião pública promovida pelo município na sede da União de Freguesias da Charneca de Caparica e Sobreda. Neste encontro participaram, além da população, agentes económicos e

Linha de Alta Tensão

autarcas. Na altura foi transmitida a proposta da Rede Eléctrica Nacional-REN, que aponta para o enterramento de parte da linha, entre a Quinta da Saudade, na Charneca de

Caparica, e o Lazarim. Os participantes presentes na reunião reconheceram o progresso da proposta da REN, ao admitir enterrar parte da LMAT, continuando a defender que toda a linha deve ser subterrânea. Esta posição foi comunicada à REN, pelo município, prevendo-se novas conversações. «Caso venha a existir acordo quanto ao traçado da LMAT, a REN propõe a anulação de todos os processos judiciais em curso», refere fonte da autarquia almadense.

Palmela contesta corte de carreiras O MUNICÍPIO está contra a supressão de autocarros dos TST no concelho. O protesto já chegou à Autoridade Metropolitana de Lisboa. Os cortes atingem, entre outras, as ligações à estação de caminho-de-ferro de Palmela. A autarquia considera que a escassa procura, em alguns períodos, não pode ser argumento para a supressão de um serviço público essencial.

Alcochete empossa Fundação A direcção da Fundação João Gonçalves Júnior, agora presidida por Susana Custódio, tomou posse dia 7. Criada em 1953, apoia os pobres e dispõe de creche, préescolar e centro de tempos livres. Em 2007 recebeu a medalha de Mérito do município.

Sines dá 345 mil euros para Carnaval O MUNICÍPIO aprovou 45 mil euros para a Siga a Festa para a realização dos festejos carnavalescos. A decisão foi tomada por unanimidade na reunião do dia 6. Com este apoio a autarquia assume-se como parceira na concretização de um dos eventos de maior interesse para Sines, factor de coesão da população, projecção da imagem do concelho e atracção de visitantes.

Sesimbra limpa Lagoa Pequena

Bandeira Verde Sopas aquecem em escola gentes de do Montijo Santiago

O ESPAÇO interpretativo da Lagoa Pequena e a associação Eleva-te promovem uma acção de remoção de plantas infestantes, como o chorão e a acácia naquela lagoa. A iniciativa, que decorre este sábado, enquadra-se no conjunto de acções de voluntariado que o referido espaço tem vindo a desenvolver desde a sua abertura ao público em 2012.

A ESCOLA D. Pedro Varela já ostenta a Bandeira Verde. O director da escola, Nuno Peres, afirmou ser orgulho «hastear a bandeira, porque temos práticas com vista a reduzir a pegada ecológica». Para o docente, «é necessário formar alunos, professores e funcionários para que respeitem o ambiente e possam viver num ambiente mais saudável».

COM 28 variedades para degustar, o II Festival de Sopas promete combater o frio que se faz sentir. É já este sábado, a partir das 18h30, nos pavilhões de feiras e exposições, uma organização da paróquia local e dos escuteiros. No ano passado esteve no certame mais de meio milhar de visitantes, número que superou as expectativas. Pub.

Grândola avança com plano de acessibilidade O PLANO de Promoção da Acessibilidade do Alentejo Litoral, promovido pela Comunidade Intermunicipal do Alentejo Litoral, é apresentado dia 17, às 15 horas, no

Alcácer acolhe provas equestres A HERDADE de Vale Sabroso é palco este sábado, às 8 horas, de uma jornada do Concurso Completo de Equitação, que conta com a participação de 60 atletas nacionais. De 20 a 23 decorre a 5.ª Harley-Davidson Horse Trials, na qual se prevê a participação de 90 atletas de doze países. Nos dias 22 e 23 é a vez do Cross e do Salto de Obstáculos.

teatro local. A sua concretização visa favorecer os portadores de deficiência ou mobilidade reduzida e contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos.

Seixal promove encontro intercultural no Alto do Moinho O VII Encontro Saberes e Sabores decorre de 19 a 23, no Alto do Moinho, para promover o respeito pelas culturas e a integração dos imigrantes. O programa inclui encontros literários, noites temáticas, artesanato, exposições, gastronomia, dança, música e teatro.

Festival do Choco chama turistas à restauração de Setúbal O FESTIVAL do Choco decorre de 22 de Fevereiro a 9 de Março, com vários tipos de confecção. Os 57 restaurantes envolvidos apostam em ementas especiais. O evento culmina na Casa da Baía, com um ‘live cooking’ por Fernanda Amaro.

Programa de Apoio à investigação avança na Moita

Trilhos é êxito no Barreiro

ESTÁ a decorrer, até ao dia 28 deste mês, o prazo para a entrega de candidaturas ao programa de apoio à Investigação e divulgação “Moita Património” que o município lançou, no âmbito das Comemorações dos 500 Anos do Foral de Alhos Vedros. Este programa visa incentivar o estudo e a divulgação do

O PROJECTO TrilhosE5G apoiou 477 indivíduos e 75 famílias do Alto do Seixalinho. Na opinião do edil Carlos Humberto, «o facto de juntarmos muitas vontades para procurarmos de forma mais sustentada dar contributos, é uma maisvalia. As respostas têm de ser conjuntas e integradas» defendeu.

Património e da História Local, criando um mecanismo de apoio, no valor total de 10 mil euros, que estimule a investigação, criação e edição, fomentando, desta forma, o aparecimento de novos trabalhos e projectos nestas áreas, com ênfase na história local, arqueologia e etnografia do concelho.


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Adega de Palmela vai à SISAB A Adega Cooperativa de Palmela, uma das empresas vitivinicolas mais importantes da região, vai estar presente na 19.ª edição do SISAB Portugal, a maior Convenção Mundial de Negócios do Sector Alimentar e Bebidas

para Exportação, que decorre, de 17 a 19, no Meo Arena, em Lisboa. No evento estarão presentes as 500 maiores empresas portuguesas do sector, entidades que representam mais de 5 mil produtos.

Lisnave com actividade estável em 2013

Estaleiros da Mitrena continuam a manter uma forte competitividade no mercado internacional

A empresa de Setúbal fechou o ano com um ligeiro aumento de navios

A

Lisnave reparou 107 navios durante 2013, dos quais 103 foram docados e só quatro foram reparados no cais, concluindo-se que houve ligeiro aumento do número de navios reparados em relação ao ano transacto e um menor volume de trabalho por navio. Os navios alvo de manutenção e reparação foram provenientes de 60 diferentes clientes, oriundos de 23 países, dos quais se destacam Singapura com 29 unidades, Grécia

(20), Inglaterra (8), Noruega e Dinamarca (7) e Alemanha (6). Continuando a beneficiar de um alto valor percentual de “Repeat Business”, 2013 viu a AP Moller-Maersk (Singapura e Dinamarca) efectuar o maior número de reparações (14), seguida pela Teekay (Glasgow, Oslo e Singapura) com 7 navios e a Eagle American Tankers com 6, o que atesta, uma vez mais, a avaliação muito positiva que o mercado faz do estaleiro da Lisnave. Com um adequado conjunto de docas e equipamentos de apoio, complementado com um elevado know-how acumulado ao longo da sua já longa existência, a Lisnave

reparou no último ano os mais variados tipos de navios, com os pretoleiros (61) em maior número, seguidos pelos porta-contentores (19) e graneleiros (7). Em termos de exigência e volume de trabalho, as reparações mais emblemáticas, foram as da plataforma de off-shore Lewek Leader de Singapura, com a manufactura e montagem de uma sapata de assentamento; a do porta-contentores ex-Maersk Browsneville, com a substituição completa do ‘bolbo’; a do navio químico dinamarquês Harbour Krystal, com a reparação de uma avaria na proa, entre outras.

DESPORTO

Simone com apoios A Adega Cooperativa de Palmela vai patrocinar Simone Fragoso, a atleta paralímpica que está a preparar-se para os Jogos Paralímpicos de 2016, no Rio de Janeiro. A atleta deverá representar Portugal em várias provas de natação.

“O Independente” sonha com ringue para futebol

O

Grupo Desportivo “O Independente”, de Setúbal, pretende construir um ringue de futebol no centro da sua pista de atletismo, localizada junto ao Bairro 25 de Abril, e avançar com a reactivação da secção de futebol. O projecto já foi apresentado à presidente Maria das Dores e Meira e entregue no município. Madalena Lopes, a actual líder da colectividade, afirmou ao Semmais que o ringue para a prática de futebol é fundamental, uma vez que o novo espaço poderá trazer «mais-valias» para o clube. «Sem dúvida nenhuma que irá ser uma fonte de rendimento para o clube, porque estamos a pensar alugar o recinto a outras colectividades». A nossa pista de atletismo, que é utilizada em alternância com a do complexo de atletismo de Vale da Rosa, vai continuar a funcionar». A líder do clube revelou ao Semmais que apenas solicitou os materiais ao município, enquanto a mão-de-obra fica por conta de “O Independente”. «Nos tempos que correm, darem-nos os materiais já é muito bom. Em tempos de crise, temos de unir para trabalhar de forma diferente», frisa. É graças ao André ----, um antigo atleta do clube, que “O Independente” tenciona reactivar a secção de futebol que foi suspensa em finais dos anos 80. «Ele já praticou futebol no nosso clube e

DR

NEGÓCIOS

Madalena Lopes lidera colectividade

em vários outros clubes e, agora, veio oferecer a sua colaboração para formar uma equipa de futebol e reactivarmos o futebol», sublinha. Madalena Lopes foi reeleita, no passado dia 25 de Janeiro, para um segundo mandato à frente dos destinos desta colectividade do Bairro Afonso Costa. Do seu primeiro mandato destaca o investimento de 25 mil euros que foi efectuado numa «profunda» requalificação das instalações do clube, tudo com verbas da colectividade. Com 700 sócios, “O Independente” conta sair este ano à rua com a sua marcha ensaiada por Bruno Frazão. Além disso, o clube vai continuar a desenvolver as actividades de taekwondo, kickboxing, atletismo, grupo coral, pesca e malha corrida.

O RESTAURANTE Le Chef*Xica Bia, em Setúbal, conta com a nova gestão “takeover” e residência permanente do chef executivo Paulo Rocha. Depois de largos anos em posições por todo o mundo, o chef Paulo Rocha escolhe Setúbal como sua casa e estabelece a sua marca com este recente investimento. Com várias e honrosas distinções nacionais e internacionais, incluindo uma estrela Michelin, e uma paixão para oferecer aos clientes uma notável experiência culinária em todas as ocasiões, o chef Paulo expõe agora o seu “know-how” ao criar uma atmosfera e uma oferta gastronómica, que surpreende pela vasta gama de sabores e de ingredientes frescos, apelativo até no valor acessível a todas as bolsas. Situado onde outrora funcionou

Paulo Rocha

uma fábrica/armazém de gelo em Setúbal, o Le Chef*Xica Bia encontrase numa das melhores localizações da cidade, com estacionamento e uma decoração acolhedora para este antigo espaço de armazenamento donde se destaca o ainda original tecto abobadado de tijolo.

A CASA Assis Lobo, de Palmela, acaba de receber mais dois prémios no concurso Premium Selection Wine Challenge para a Prowein 2014, na Alemanha. Desta vez, os vinhos contemplados foram o Regional 2012 Lobo Tinto, com 86/100 pontos, e o Lobo Mau, Reserva Tinto 2010, com 87/100 pontos, sendo que este último néctar estará em breve disponível no mercado. A entrega de prémios decorrerá num certame internacional de vinhos Prowein, em Dusseldorf. Ana Maria Lobo, directora financeira, realça que «é sempre bom sermos reconhecidos internacionalmente, num concurso com vinhos de concorrentes de todo o mundo».

OS NADADORES Hugo Correia, Nélson Malheiros e Gil Gonçalves, do Clube de Natação do Litoral Alentejano apresentaram-se em bom plano no VI Meeting Internacional de Lisboa, primeira prova da época em piscina longa, disputado no Complexo Olímpico do Jamor. Apesar de ainda denotarem falta de rotina na piscina de 50 metros, o saldo foi bastante positivo tendo os três atletas conquistado várias melhores marcas pessoais e um recorde regional, o que deixa boas perspectivas para o principal objectivo nesta fase da temporada que são os Campeonatos Nacionais a disputar em Coimbra no início do mês de Abril. Para este fim-de-semana, o

DR

Paulo Rocha chefia Xica Bia Assis Lobo Falta de rotina não retira ganha prata ânimo a nadadores do CNLA na Alemanha

O trio de atletas do CNLA

calendário da natação no distrito conta com o Torneio do Nadador Completo, nas categorias de infantis e juvenis, a decorrer na Piscina das Palmeiras, em Setúbal.



CULTURA Sábado // 15 . Fev . 2014 // www.semmaisjornal.com 14

Capricho recebe estrelas do fado A 2.ª semi final do VI Concurso de Fado Amador de Setúbal Sénior tem lugar este sábado, às 21h30, na Capricho Setubalense, e vai envolver André Gomes (Sintra), Cecília Silva (Setúbal), Elvira Roldão (Abrantes), João Maga-

lhães (Setúbal), Joaquim Grilo (Montemor-o-Novo), Marília Pais (Setúbal), Raúl Fernandes (Costa de Caparica), Sara Pacheco (Barreiro) e Sónia Colaço (Setúbal). A final está agendada para o dia 22, às 22 horas, no mesmo local.

O evento é considerado um caso exemplar no teatro nacional

Festival de Almada distinguido pelos críticos Rodrigo Francisco, director da CTA, dedica o Prémio da Crítica ao caloroso público que tem passado pelos eventos do Festival .

A OS NOSSOS PRATOS DO DIA (TERÇA A SEXTA)

SOPA DA PEDRA (terça feira)

ARROZ DE PATO (quarta feira)

COZIDO À PORTUGUESA (quinta feira)

FEIJOADA À TRANSMONTANA (sexta feira)

INFORMAMOS QUE A SOPA DA PEDRA IRÁ ESTAR A VOSSO DISPOR AOS FINS DE SEMANA.

Esta sexta comemorou-se o Dia dos Namorados ao som de João da Ilha Versons Duo. Informamos os nossos clientes que continua ao seu dispor de terça a sexta o prato do dia (menu completo:7.50€) Consulte a nossa página de facebook todos os dias. FACEBOOK.COM/ACASADOPEIXE

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Associação de Críticos de Teatro atribuiu o Prémio da Crítica ao Festival de Teatro de Almada por se tratar de “caso exemplar do teatro português”. De acordo com o júri, o Festival “reuniu muito daquilo que de melhor e de mais interessante foi sendo produzido em Portugal e fora dele”. Além disso, “A qualidade tem estado em incessante progressão, e a relação com o público é um modelo de funcionamento social das práticas artísticas”, acrescentando, ainda, que “tudo tem sido feito, contudo, sem concessões a populismo e gigantismo megalómano, e sem recurso à legitimação social e política que, em muitas das actuais políticas culturais, assenta essencialmente em pressupostos mercantilistas e quantitativos”. Rodrigo Francisco, director da CTA, realça que é uma «grande honra» receber este prémio, uma vez que é oriundo da «crítica especializada».

DR

António Luís

Grandes produções têm passado pelos palcos do Festival de Almada

Na sua opinião, representa «o fruto de 30 anos de trabalho continuado e que permitiu manter um certo cariz artesanal que todos reconhecem». O líder do grupo faz questão de dedicar o prémio ao público, porque sem a sua «dedicação e paixão não seria possível brilhar tão alto» e sublinha que é a primeira vez que o Prémio da Crítica distingue «não um espectáculo a solo mas sim um festival no seu global», o que representa uma «maior honra e estimulo». Já o vereador da Cultura, António Matos, considera que este reconhecimento vem confirmar que Almada tem «um festival de topo no panorama cultural português», relembrando que o certame já era reconhecido por «todos nós como um

evento de relevância nacional e internacional». E conclui: «O prémio é um incentivo e uma responsabilidade para o município, que é parceiro, continuar a trabalhar para que o mesmo continue a afirmar-se e a crescer». Este ano, o Festival, que já vai na 31.ª edição, realiza-se de 4 a 18 de Julho, numa organização da CTA, e vai homenagear um actor/encenador português. O município e a Secretaria de Estado da Cultura apoiam com 200 mil euros cada, segundo apurámos. Rodrigo Francisco deixa a garantia de que o Festival de Almada vai continuar a apostar numa programação de «qualidade» e a confrontar o público com «as novas tendências do teatro mundial».

Berg vence “Factor X” e mostra que nunca é tarde para sonhar Berg, de 41 anos, a residir na Costa de Caparica, venceu o “Factor X”, concurso de talentos da SIC. Além de conquistar júri e público, levou para casa 100 mil euros, um automóvel e um contrato com a Sony Music. Tell Me”, o seu primeiro single, já está disponível no iTunes. O músico faz parte do Rui Veloso Trio, há 12 anos, e vai subir aos palcos dos Coliseus com o seu músico no final de Março. Profissional há duas décadas, Berg toca guitarra, bateria baixo e harmónica, é compositor, tendo já actuado no Rock in Rio e colaborado nos álbuns de Rita Guerra e Boss Ac. Participou em bandas sonoras de desenhos animados e era a voz dele

que se ouvia no genérico da primeira temporada da série juvenil “Morangos com Açúcar”. Foi ‘back vocal’ de muitos cantores e quis aproveitar o “Factor X” para mostrar o seu talento e lançar-se numa carreira a solo. Berg relembra que já fez dois discos mas que as editoras puseramnos na gaveta. Por isso, considera esta vitória no “Factor X” é «uma luva branca para algumas pessoas». E garante que não se sente frustrado por ter de recorrer a um programa de caça-talentos para mostrar o seu valor. «É emocionante. Foi a melhor forma de mostrar às pessoas que existo. O meu último disco tinha colaborações de Rui Veloso e

Pedro Abrunhosa e ninguém me ajudou. Provavelmente tinham outras prioridades», acrescenta.


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Sábado // 15 . Fev . 2014 // www.semmaisjornal.com

Cartaz...

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FF lança CD de estreia

Comédia sobre os Morgasmo

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A comédia “Vou já Bazar Daqui!”, protagonizada por Natalina José, Paulo Mota, Paulo Oliveira, Vítor Emanuel e Ana Catarina, retrata o quotidiano do casal Morgasmo. O desassossego neste lar vai instalar-se com a nova empregada doméstica que chega à residência depois de ter sido contratada pelo elemento masculino da casa. Forum Cultural de Alcochete | 21h30.

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Marçano apresenta livro A socióloga Isabel Marçano apresenta o livro “Filhos de engano - amor, sexualidade e grupos sociais no Alentejo”. A sessão é seguida de animação musical a cargo de um grupo de jovens da Sociedade Filarmónica Amizade Visconde de Alcácer. Biblioteca de Alcácer do Sal | 16h30.

Do convento para o palco

Camões, o poeta soldado

A companhia Animateatro apresenta a peça “Camões – o Poeta Soldado”, que conta a história de um homem da manutenção que encontra uma mala perdida e desconfia do seu conteúdo. A sua curiosidade desencadeia uma epopeia de descobertas perdidas no tempo. Espaço Animateatro, Amora | 21h30.

Sábado

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Sábado

Sábado

Fernando Ferreira, um artista que nos últimos 20 anos se tem dividido entre a música e o teatro, aproveita para lançar o seu CD de estreia “Mestiço”. Auditório Fernando Lopes-Graça, Almada | 21h30.

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Filipe La Féria continua a apresentar, para miúdos e graúdos, no teatro Politeama, “Robin dos Bosques”, a célebre obra da literatura de aventuras. Nesta nova viagem de Filipe La Féria ao imaginário mundo dos heróis da literatura de aventuras, o director artístico

do Politeama aposta no mítico Príncipe dos Ladrões, Robin dos Bosques, um nobre fora-da-lei, acompanhado por João Pequeno, Trovador, Pastelão, Pulga e Pitosga, o seu bando, que conta também com Frade Feijão numa luta sem tréguas contra o terrível Xerife de Nottingham, a Bruxa Camafeu e o maléfico Príncipe João, que roubou o trono ao seu irmão Ricardo Coração de Leão. Entre emboscadas e batalhas contra os ricos corruptos, Robin dos Bosques luta ainda pelo amor de Lady Marian, a sobrinha do Rei Ricardo, um amor que conta com a cumplicidade da Aia Briolanja, que suspira pelo casamento de Lady Marian com Robin. Este belo espectáculo é representado de terça a sexta às 11 da manhã e às 14 horas para as escolas, e às 15 horas de sábado e domingo para o público em geral.

“Viva o Casamento” “Viva o Casamento”, uma comédia dramática, romântica e musical de Fernando Gomes, continua em cena no Teatro Municipal do Barreiro, às sextas e sábados às 21h30, pela companhia local ArteViva. Fernando Gomes inspirou-se na novela de Eça de Queirós “Alves & Cia” ao (re) escrever “Viva o Casamento”. No triângulo amoroso desta novela reencontramos as demissões e ambiguidades do quotidiano. A acção decorre em Lisboa, no início dos anos 60.

A Academia Dance Fusion conta a história de uma menina que é colocada num convento por gostar de dançar um estilo diferente dos pais. Não perca esta revolução num convento, contada de uma forma dançada e teatral. Teatro Joaquim D´Almeida, Montijo | 21h30.

“Grande Revista” Temos convites duplos para oferecer aos nossos leitores para assistirem à popular revista “Grande Revista à Portuguesa”, de Filipe La Feria, em cena no Teatro Politeama, em Lisboa, que continua a ser um sucesso de bilheteira. Este espectáculo protagonizado por Marina Mota, João Baião e Maria Vieira, vive sobretudo da sátira política e social, não esquecendo os cenários e os figurinos de luxo.

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UMA EMPRESA DIFERENTE PARA CLIENTES DE SUCESSO • CONTABILIDADE

20 anos de actividade no mercado da contabilidade e fiscalidade, garantem uma marca de profissionalismo e qualidade à empresa Sport Média, Gestão e Projectos, Lda na lista das empresas de contabilidade na Região de Setúbal.

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Carlos Mendonça e Alfredo Lopes, rostos desta empresa, desde o início que apostaram numa política de proximidade aos seus clientes, sustentada num crescimento dinâmico e progressivo onde fazem questão que todos se sintam em família. O percurso tem sido lento mas firme, constituindo como ponto de honra que a empresa estivesse sempre apetrechada com as melhores condições logísticas e adequadas a um serviço de qualidade, que pode fazer a diferença entre o fracasso e o sucesso de qualquer empresa. Apesar de terem na sua carteira clientes de diversas áreas de trabalho, têm vindo a adquirir ao longo dos anos uma especialização em empresas do sector da construção, muito pelos laços afectivos das suas actividades profissionais complementares, que tornam esta indústria especial com características e requisitos muito próprios e algo diferentes das outras actividades. Para o futuro, esta empresa quer continuar a crescer com uma mensagem aos seus clientes, de que a contabilidade é mais do que contabilizar documentos. No mercado actual os empresários têm obrigatoriamente de se envolver no processo de gestão e manter-se permanentemente informados da situação da sua empresa e das alterações legais que vão ocorrendo, pois esse é o único caminho do sucesso.

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ÚLTIMA Sábado // 15 . Fev . 2014 // www.semmaisjornal.com

PJ detém suspeito de roubo de arte sacra

A

Polícia Judiciária de Setúbal deteve um homem de 36 anos de idade pela presumível prática, em coautoria, dos assaltos a duas igrejas na área de Alcácer do Sal, nos meses de Julho e Agosto do ano passado. Após a detenção, o arguido foi presente às autoridades judiciais e vai aguardar julgamento em prisão preventiva. Os assaltos às igrejas de Santiago e de Palma, no concelho de Alcácer, permitiram a subtração, entre outros

objetos, de diversas peças de arte sacra do século XVII e XVIII, devidamente classificadas e catalogadas. Para além disso foram registados actos de vandalismo e de destruição dos templos, conforme disse ao Semmais, na altura, o pároco Ricardo Lameiras. O último assalto ocorreu na noite de 5 para 6 de Agosto e já anteriormente a igreja de Palma tinha sido assaltada por duas vezes, tendo-se admitido na altura que o autor dos roubos fosse alguém conhe-

Dicionário Íntimo // Maria Teresa Meireles

DR

Farol cedor da igreja uma vez que teria ido directamente ao cofre buscar todo o dinheiro. Para além do dinheiro e das diversas peças de arte sacra, os assaltantes levaram ainda objectos em bronze e cobre por serem mais fáceis de destruir do que a prata. As diligências investigatórias realizadas pela PJ culminaram com a realização de duas buscas domiciliárias, bem como com a localização e interpelação de um dos presumíveis autores dos referidos

crimes. A investigação e a detenção contaram com a colaboração de elementos da GNR de Grândola, tendo sido apreendidos «objetos de valor probatório relevante», segundo o comunicado da PJ, que adianta ainda que estão a ser levadas a cabo diligências com vista à identificação dos receptadores de grande parte dos objectos roubados, bem como a localização e interpelação do outro autor dos furtos. Marta David

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Plano de Revitalização dá novo fôlego à SAD do Vitória O Tribunal do Comércio de Lisboa homologou, no final do passado mês, o Plano de Revitalização apresentado pela SAD do Vitória Futebol Clube, sendo que quase a totalidade dos credores do clube ficam incluídos neste plano, informou o clube em comunicado. A aprovação do PER permite assim à direcção do Vitória e à SAD cumprir com pagamentos faseados aos credores ultrapassando assim as dificuldades financeiras do clube que tinha um passivo de quase 30 Milhões de Euros. O comunicado do clube revela o empenho pessoal de alguns dirigentes que «deram a cara junto dos credores» e assumiram pessoalmente algumas dívidas de forma a ser possível «negociar e apresentar um projeto com dimensão, com futuro, em que os próprios credores acreditassem, realmente, na viabilização da S.A.D. e consequentemente aprovar o Plano de Revitalização».

Farol, torre, projector, aviso, rumo, luz. O farol orienta, é cilíndrico, circular, luminoso, iluminado(r), focado, vertical; é um cume que junta a montanha (pela altura) ao vulcão (pela luz/fogo). O farol agrada-me como ideia, conceito e espaço. Gostaria de ser faroleira; de viver num farol como num moinho, numa floresta, num convento ou noutro qualquer espaço arquetipal e austero. O farol ascende e, ao contrário da torre, não é defesa do próprio, mas dos outros; não existe para nos escudar, proteger, fechar, mas antes para iluminar, orientar e salvar (outras) vidas. O farol move-se como um relógio, como um mecanismo programado que é – varre de luz o breu; faz um «scanner» dos mares; mostra o que lá está escondido, ocultado e é (ou pode ser) perigoso. O farol – a luz na sua altivez de pescoço gigante, de torre iluminada e iluminadora - «faz ver», torna visível, põe a descoberto, por isso o podemos associar à figura do Mestre, ao conhecimento ou à tomada de consciência. O farol fascina como local, como foco (ele próprio) do olhar: um olho que mostra; um olho que se vê; um olho que nos atrai – fototropismos. Farol, «the lighthouse» (a «casa-da-luz»); «le phare», memória da ilha de Faro, Pharu. Construído no ano 280 a.C. pelo grego Sóstrato, o Farol de Alexandria (uma das Sete Maravilhas da Antiguidade) era uma torre de mármore na qual, através de espelhos, uma chama/fogo iluminava cerca de 50 km em redor. N’ «A Mensagem», Fernando Pessoa descreve o relâmpago como «o farol de Deus». Miguel Torga, no seu Diário de 1948, esclarece: «A humanidade parece uma lebre encadeada pelo farol dum automóvel apocalíptico. De um lado, sombra; do outro lado, sombra; e no meio da estrada, inexorável, o mortal foco de luz. Nada que guie, esclareça, ilumina.» Para Miguel Torga, a luz ofusca mais do que esclarece; a luz impede a própria visibilidade. «O Farol do Fim do Mundo», de Júlio Verne, um livro sobre o medo; «Diário do Farol», de João Ubaldo Ribeiro, um livro sobre o Mal; «Rumo ao Farol», de Virginia Woolf, um livro sobre (o) desejo (s). «A chover e a fazer sol, e as bruxas no farol a comer pão mole.» - questões de rima e som, não de sentido. O farol é uno, apesar de bi- construído: a fixidez do seu corpo-torre, a mobilidade do seu topo-olho. O farol é a síntese perfeita do feminino e do masculino, o edifício andrógino: visto do exterior, o farol é masculino, fálico; por dentro, o farol é curvo, redondo como um colo ou um útero, aconchegante e maternal. Distinto, altivo, afectivo na sua protecção, o farol eleva-se e torna-se um elemento humano e humanizado entre os elementos naturais – é fogo porque luz; água porque mergulhado no mar; ar porque vento e altura, e terra porque fixo e alicerçado. dicionariointimo@gmail.com


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