Semmais 24 setembro 2016

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semmais PRAIAS NATURISTAS DO LITORAL ALENTEJANO APAIXONAM ESPANHÓIS Os turistas do país vizinho estão vidrados com as praias de nudismo que o nosso litoral alentejano oferece. O número de turistas espanhóis a frequentá-las é cada vez maior. O jornal “El País” dá conta disso no suplemento “O Viajante”, onde destaca o estado selvagem de algumas delas, da Praia do Salto, Sines, à Comporta, Grândola.

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PAPA FRANCISCO DÁ BÊNÇÃO À EMPRESÁRIA LEONOR FREITAS A líder da “Casa Ermelinda Freitas” teve a honra de receber a Bênção do Santo Padre, em plena Praça de São Pedro, no Vaticano. E ofereceu ao Papa uma garrafa de “Leo d’Honor”, o seu vinho topo de gama.

Sábado 24 | Setembro | 2016

Diretor Raul Tavares Semanário | Edição 918 | 9ª série Região de Setúbal Distribuído com o Expresso Venda interdita

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REGIÃO JÁ PERDEU ESTE ANO UMA DEZENA DE MÉDICOS São dados do Sistema de Saúde da Administração Central e referem que no primeiro semestre deste ano aposentaram-se uma dezena de clínicos que exerciam atividade exclusiva no distrito. Também vários enfermeiros optaram pelo mesmo caminho.

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MORTES POR ATROPELAMENTO DUPLICAM NA DISTRITO O distrito somou no primeiro semestre deste ano 88 atropelamentos, dos quais resultaram quatro mortes. Segundo dados da GNR, no conjunto deste tipo de incidentes, registaram-se mais treze atropelamentos e mais duas vítimas mortais que em igual período do ano passado.

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GOVERNO ANUNCIA LIMPEZA DO PASSIVO AMBIENTAL NA BAIA DO TEJO O secretário de Estado do Ambiente, Carlos Martins, anunciou esta semana o avanço de intervenções na ex-Quimiparque, Barreiro, e Siderurgia Nacional, Seixal, para limpar de vez lamas e pirites que fazem parte do passivo ambiental. Em causa, 13,3 milhões de euros.

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A SEMANA SETÚBAL DÁ A PROVAR OSTRA DELICIOSA EM FESTIVAL O FESTIVAL DA OSTRA REGRESSA A SETÚBAL ENTRE 24 DE SETEMBRO E 9 DE OUTUBRO, CERTAME QUE CONTA A PARTICIPAÇÃO DE DEZENA E MEIA DE RESTAURANTES E INCLUI, NO ÚLTIMO DIA, UM WORKSHOP NA CASA DA BAÍA. OS ESTABELECIMENTOS DE RESTAURAÇÃO PARTICIPANTES NO FESTIVAL APRESENTAM EMENTAS COM RECEITAS DESTE MOLUSCO BIVALVE, SERVIDO AO NATURAL OU EM PRATOS MAIS CRIATIVOS. ANTÓNIU’S, BALUARTE DA AVENIDA, CANTINHO DOS PETISCOS, CASA DO MAR, CONVÉS, COPA D’OURO, ESTUÁRIO DO SADO, FERRIBOTE, NOVO 10, PETISQUEIRA O MANUEL, RIUS VIP, SOLAR DO MARQUÊS II, TABERNA TÍPICA “O PESCADOR II”, TASCA DO XICO DA CANA, TASCA KEFISH E VERDE E BRANCO SÃO OS 16 RESTAURANTES ADERENTES. ALÉM DAS PROPOSTAS GASTRONÓMICAS APRESENTADAS, O FESTIVAL CONTA, NO ÚLTIMO DIA, A 9 DE OUTUBRO, COM O WORKSHOP “OSTRA FELIZ NÃO FAZ PÉROLA”, DINAMIZADO PELA EMPRESA SETUBALENSE DE PRODUÇÃO DE OSTRAS NEPTUNO AQUACULTURA, CONDUZIDA POR CÉLIA RODRIGUES.

Santiago do Cacém reduz IMI

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Autarcas de Alcácer do Sal e de Grândola pedem reunião de urgência ao Governo sobre obras IC1

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s presidentes das Câmaras de Grândola e de Alcácer querem saber para quando o início da intervenção no troço do IC1 que liga Grândola a Alcácer do Sal. Em ofício enviado no passado dia 21, ao ministro Pedro Marques, os autarcas manifestam, uma vez mais, a sua preocupação com o avançado estado de degradação desta via e afirmam que “não podem existir quaisquer razões de ordem burocrática que justifiquem o adiamento de anos, para a solução deste problema”, lembrando que “o troço do IC1 entre Alcácer do Sal e Grândola encontra-se em elevado estado de degradação colocando em risco, diariamente, a vida de mais de 9000 utiliza-

dores.” Por isso, reafirmam que “Esta é uma situação insustentável, que se arrasta há vários anos e que se agrava de dia para dia, afetando negativamente esta região e a sua população”. No mesmo documento, Figueira Mendes e Vítor Proença referem ainda o aumento dos índices de sinistralidade com vítimas mortais, recordando o grave acidente de viação que no passado dia 2 vitimou mortalmente dois utentes daquele troço residentes no concelho de Grândola e afirmam que “ por todas estas razões as autarquias, comunidade intermunicipal do Alentejo Litoral, comissões utentes, empresas, forças de segurança e população em geral, têm apelado de diversas formas, pela urgen-

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te reparação deste troço, contudo, esta intervenção tem sido sucessivamente adiada” As últimas declarações do ministro, em audição no Parlamento, deixaram os autarcas ainda mais preocupados, tendo em conta que as negociações das PPP ainda não estão concluídas e não há previsão para a sua conclusão e subsequente lançamento do concurso para requalificação do troço. Recorde-se que recentemente a Assembleia Municipal de Grândola e a comissão de utentes voltaram também a exigir a urgente reparação deste troço e a apelar ao governo que o Orçamento de Estado para 2017 – em fase de preparação – inclua, com carácter de prioridade, esta intervenção.

redução do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) para 0,375 «irá fazer com que 250 a 300 mil euros da receita municipal fiquem nos bolsos das famílias», sublinha Álvaro Beijinha, edil local, que abre a porta à possibilidade de reduzir ainda mais o imposto, de uma forma gradual, nos próximos anos. A proposta apresentada pelo município foi aprovada, por maioria (com os votos a favor da CDU e do BE, e com as abstenções do PS e do PSD), na Assembleia Municipal realizada no dia 15. «Já estávamos a estudar, há algum tempo, a possibilidade de vir a reduzir uma taxa que, no caso de Santiago do Cacém, era, desde a criação deste imposto, de 0,40». Álvaro Beijinha recorda que «as Câmaras têm vindo a sofrer fortes restrições orçamentais». No caso de Santiago, isso significou «uma

redução de cerca de 2 milhões de euros por ano, relativamente aos orçamentos de 2010 e anteriores. Esta redução à realidade financeira da Câmara, fez com que não estivessem reunidas as condições, nos anos anteriores, para baixar a taxa». Contudo, os últimos tempos trouxeram alterações significativas. «Este ano, com a nova conjuntura política nacional, houve uma alteração relativamente ao intervalo das taxas que se aplicam, ou seja, aquilo que se situava entre os 0,3 e os 0,5 agora situa-se entre os 0,3 e os 0,45».

A esta mudança, junta-se «uma situação financeira absolutamente consolidada, sem dívidas a fornecedores a mais de 90 dias, com um prazo médio de pagamento, no final de junho, de 45 dias. E, não obstante as receitas não terem aumentado - nem se vislumbra que aumentem a curto prazo - a Câmara entendeu que há condições para podermos prescindir de uma parte da receita do IMI, neste caso com uma proposta de passarmos de 0,40 para 0,375, acompanhando também aquilo que foi uma medida de âmbito nacional».

Ex-inspetor da PJ de Setúbal condenado a 5 anos e meio de prisão efetiva

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tribunal do Seixal deu como provada, esta semana, que o ex-inspetor da Policia Judiciária de Setúbal consultava a base de dados da PJ e passava informações ao amigo Paulo Martinho para que não surgis-

sem entraves ao esquema ilegal de ouro que o ourives e cúmplices praticavam na margem sul. O grupo escoava o material precioso para o estrangeiro sem ser tributado. João de Sousa foi assim condenado a 5 anos e meio

de prisão efetiva, pelos crimes de corrupção passiva, recebimento indevido de vantagem e violação de segredo de funcionário. João de Sousa cumpre prisão preventiva há 2 anos e meio. João Martinho apanhou 10 anos.


SOCIEDADE

JORNAL DO PAÍS VIZINHO FAZ ABORDAGEM ÁS INÚMERAS PRAIAS PARA NUDISTAS E DESTACA ASPECTO SELVAGEM DAS MESMAS

Espanhóis do El País espreitam praias naturistas do nosso litoral alentejano Os turistas do país vizinho estão encantados com as praias do nosso litoral alentejano. O jornal “El País” dá conta disso numa reportagem incluída no suplemento “O Viajante”. E nada escapa ao olhar do jornalista Javier Martin, que destaca as zonas paradisíacas para nudistas. Muito menos o “estado selvagem” que ainda pontifica em muitas áreas do litoral. TEXTO ROBERTO DORES IMAGEM SM

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s melhores praias para fazer nudismo no Litoral Alentejano estão em foco numa reportagem sobre o verão na costa portuguesa publicada no principal jornal espanhol, o El País, no suplemento «O Viajante». O trabalho de Javier Martín faz uma abordagem em torno das duas praias oficialmente reservadas ao naturismo (praia do Salto e Alteirinhos), mas concluiu que existe um rol de zonas balneares na região onde a nudez é um «uso e costume». Este verão prolongado que se estende por setembro, com praias mais vazias, tem trazido muitos espanhóis às praias da região. O El País selecionou as dez melhores praias portuguesas oficializadas para o naturismo, não em função da qualidade,

mas da localização, estando todas abaixo e Sintra, destacando precisamente as praias do Salto (Sines) e Alteirinhos (Odemira). A primeira fica em Porto Covo, entre as praias do Serro da Águia e Cerca Nova. O acesso faz-se por uma estrada estreita mas em bom estado de conservação. A praia do Salto constitui há vários anos um oásis para os naturistas. Uma bica de água doce, que ali corre da falésia, permite um «duche» libertador do sal do mar. Tem uma escadinha de acesso. Quando a maré está baixa é possível aceder à praia da Cerca Nova. A segunda está próxima da Zambujeira do Mar, disponibilizando um parque de estacionamento no alto da falésia, enquanto o acesso à praia se faz por uma escadaria. Sem infraestruturas para o veraneante tem-se mantido no seu estado selvagem, permitindo apreciar uma praia de beleza única, pela

imponente falésia que a contorna e pelas rochas que aparecem e desaparecem consoante a maré sobe ou baixa. Mas o naturismo vai ganhando espaço nas praias do Litoral Alentejano, não só nos areais oficialmente habilitados a receber nudistas, mas também noutras consideradas autênticos paraísos a descobrir para o contacto direto com a natureza, longe das designadas «zonas têxteis». Quem conhece o melhor da região para o mais puro naturismo até arrisca a fugir por instantes das praias oficiais para a modalidade, para «mergulhar» na praia do Monte Velho, lá para os lados de Santo André (Santiago do Cacém), a sul da célebre Lagoa. Basta caminhar para sul

da zona concessionada que encontra um areal dourado. Com acessos muito fáceis. A MULTIFACETADA PRAIA DA COMPORTA COM MUITOS PRATICANTES Mais a norte, eis que se ergue a praia da Comporta, mas faz-se nudismo a sul da zona a que os nudistas chamam de «têxtil». Sem ser tão discreta como o Monte Velho, depois da procura dos últimos anos, continua a ter muitos praticantes, até porque não falta nada, já que se situa próxima da zona concessionada. Já mais sul, a praia da Aberta Nova, tem sido palco de nudez para muitos espanhóis, que descobriram este destino há quase uma década, apesar da

oferta hoteleira não ser generosa. O percurso não é o seu maior atributo, mas a praia exibe um extenso areal, com poucas pessoas. A praia está quase no seu estado selvagem, por entre uma paisagem que combina mar, dunas e pinhal. Há por ali um simpático parque de merendas, que convida a levar um «lanche» de casa. Continuando para sul, rumo a Porto Covo, há um espaço para a nudez na praia que em frente a Ilha do Pessegueiro, a tal que Rui Veloso cantou e que proporciona uma paisagem singular. Mas atenção: à direita fica a «praia têxtil», pelo que é preciso subir o morro à esquerda e chegar a um lajeado com pequenas praias de areia entre os cortes na rocha.

CONCELHO CONTINUA A SOMAR COM MAIS DE 65 MIL DORMIDAS NO PRIMEIRO SEMESTRE DESTE ANO

Sesimbra ganha fôlego como destino turístico

O concelho de Sesimbra é um dos que mais tem crescido em termos turísticos na região, com o primeiro semestre deste ano a suplantar os 18 por cento, comparando período homólogo do ano passado. Só em dormidas foram ultrapassadas as 65 mil. TEXTO ANABELA VENTURA IMAGEM SM

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esimbra está em alta, acompanhando as zonas mais turísticas do distrito. Depois de um primeiro trimestre em que os resultados demonstraram um crescimento de 25 por cento das dormidas em unidades hoteleiras, uma subida relevante por se dar fora da época balnear, os números relativos ao primeiro semestre apontam para uma subida de 18 por cento, em comparação com igual período de 2015, segundo a Entidade Regional de Turismo da Região de Lisboa. Em termos quantitativos registaram-se 65 211 dormidas nos primeiros seis meses deste ano, con-

APS: Troca de foto e erro de número

tra as 55 203 em 2015. Este resultado deve-se às dormidas de estrangeiros, que passaram de 30 660 para 39 062, uma variação de 27 por cento. As dormidas de portugueses passaram de 24 543 para 26 149, um aumento de 7 por cento. ALEMANHA, ESPANHA E REINO UNIDO NO TOPO DE TURISTAS Quanto aos turistas estrangeiros, os principais mercados continuam a ser a Alemanha, com 6 870 dormidas, Espanha, com 5 843, França, com 3 848, Reino Unido, com 3 835, e Suécia, com 2 690. Em termos percentuais, em relação ao primeiro semestre de 2015, os turistas provenientes do Reino Unido cresceram 50 por cento, e os suecos, 47 por cento, seguidos

da Espanha, com 31, França, com 26, e Alemanha, com 7 por cento. Apesar de não serem apontados fatores concretos para esta subida, a requalificação urbana da vila de Sesimbra e das frentes marítimas da Lagoa e Meco, a

aposta no património edificado e natural e na oferta cultural, as campanhas de promoção do território e a forte dinâmica do tecido empresarial do concelho são, certamente, fatores tidos em conta por quem visita o concelho.

Por lapso, na última edição, na caixa sobre substituição da presidência da Administração do Porto de Setúbal, foi erradamente publicada uma foto que não corresponde à de José Luís Cacho, o novo presidente indigitado. Publicamos, desta feita, a imagem correcta. Entretanto, também foi erradamente referido que a movimentação de carga no Porto de Sines era de 18 milhões de toneladas, quando o valor correto é de 48 milhões. Pelos dois lapsos, pedimos as devidas desculpas aos leitores.

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SOCIEDADE

UMA DEZENA DE MÉDICOS E ENFERMEIROS NA REGIÃO APOSENTARAM-SE NO PRIMEIRO SEMESTRE DESTE ANO

Distrito já perdeu uma dezena de médicos este ano

Os dados são do Sistema de Saúde da Administração Central, que lançou outros números curiosos sobre o Serviço Nacional de Saúde no distrito, nomeadamente a relação entre profissionais masculinos e femininos entre enfermeiros, médicos, técnicos de saúde, de diagnóstico e terapêutica. TEXTO ROBERTO DORES IMAGEM SM

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o primeiro semestre de 2016 aposentaram-se cerca de dez médicos e vários enfermeiros no distrito de Setúbal, a que se juntaram outros profissionais de saúde. Caso dos assistentes operacionais, por exemplo. Os dados dos recursos humanos do Serviço Nacional de Saúde (SNS) foram divulgados pela Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS). Ainda segundo os dados agora disponibilizados pela Administração Central, as mulheres estão em maioria em várias áreas da saúde da nossa região, à semelhança do que acontece, de resto, na generalidade do país, onde

representam 62% dos médicos, 83% dos enfermeiros, 86% dos técnicos superiores de saúde e 79% dos técnicos de diagnóstico e terapêutica. No que levamos decorrido deste ano, os assistentes operacionais foram o grupo que mais recorreu à aposentação nos hospitais e centros de saúde do distrito, logo seguidos pelos médicos e assistentes técnicos. Uma situação que, segundo as organizações do setor, veio naturalmente agravar a carência de profissionais que já existia na região, como denuncia a própria Ordem dos Médicos, que continua a pedir medidas especiais capazes de atraírem clínicos ao interior do país. BENESSES DO ESTADO NÃO ESTÃO A RESULTAR Mas nem as vantagens

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que recentemente foram oferecidas num projeto do anterior Governo para captar médicos logrou convencer os profissionais a mudarem-se de malas e bagagens para esta região. Os mil euros a mais no ordenado durante seis meses, mais dois dias de férias por cada um dos cinco anos de contrato e a ajuda na colocação do filho na escola foram ainda insuficientes para tornarem alguns hospitais do distrito mais apelativos. Aliás, para o Hospital do Litoral Alentejo (Santiago do Cacém), o balanço final é mesmo desanimador já que os incentivos não lograram atrair nem um dos 16 internistas que fazem falta naquela unidade da saúde da região, que se continua a debater com falta de clínicos.


SOCIEDADE

EMPRESÁRIA DA REGIÃO «MUITO HONRADA» POR TER ESTADO COM O PASTOR DE ROMA, OFERECEU VINHO DE TOP

Casa Ermelinda Freitas recebeu a Bênção do Papa Francisco Leonor Freitas, responsável da “Casa Ermelinda Freitas”, recebeu a bênção do Papa esta quarta-feira, no Vaticano. A empresária, cuja atividade se dedica também à responsabilidade social, fala em «retribuir o que a sociedade lhe tem dado». Um bom exemplo. TEXTO RAUL TAVARES IMAGEM SM

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empresária Leonor Freitas, líder e responsável pela ascensão da “Casa Ermelinda Freitas”, uma das empresas vitivinícolas com maior pujança da nossa região, recebeu quarta-feira a bênção do Papa Francisco, em plena Praça de São Pedro, no Vaticano, a quem oferece uma garrafa do seu vinho de top “Leo d’Honor”. Leonor Freitas, que é considerada uma das mulheres empresárias de maior prestígio do país, e detentora de uma Comenda atribuída pelo anterior presidente da República, Cavaco Silva, mostrou-se ao Semmais «muito honrada» pelo contato «tão especial com Sua Santidade», e revelou ter sentido da parte do Pastor de Roma «uma simplicidade e uma proxi-

midade muito genuínas». Empresária de Fernando Pó, concelho de Palmela, reafirmou ainda que todo o trabalho e desenvolvimento da “Casa Ermelinda Freitas” obedece a uma responsabilidade social muito vincada: «Gostamos de retribuir à sociedade aquilo que ela nos tem dado». “A VIDA DE UM VINHO” E O PROJETO DA VINHA SOCIAL Nessa medida, a “Casa Ermelinda Freitas” tem vindo a desenvolver um constante trabalho na área social com os seus projetos “A Vida de Um Vinho”, sendo que os montantes angariados têm sido revertidos totalmente para projetos da Cáritas Diocesana de Setúbal, de apoio a idosos, e para a União Social Sol Crescente”, da Marateca, que se dedica a apoiar crianças carenciadas. Outra instituição que a empresa de Leonor Freitas

tem apoiado é o Centro Jovem Tabor, em Setúbal, com a plantação de uma vinha, a qual serve para o ensinamento de jovens para o trabalho, de modo a que ganhem auto-estima e encontrem um futuro mais risonho. «Fazemos tudo para que estes jovens voltem a acreditar em si e na sociedade», explica a empresária. Esta iniciativa com o Papa Francisco não deixa de ser mais um reconhecimento da atividade da empresa na produção de vinhos de excelência, bem como a sua vincada participação Estamos perante mais um reconhecimento, que serve para revalidar o trabalho levado a cabo pela Casa Ermelinda Freitas, na produção de vinhos de qualidade reconhecida, bem como a sua participação na responsabilidade social.

Outra chuva de prémios na China A “Casa Ermelinda Freitas” continua, entretanto, a conquistar mercados na China. Na participação deste ano na competição “China Wine & Spirits Awards” a empresa de Fernando Pó seis medalhas duplo ouro, seis medalhas de ouro, cinco de prata e uma de bronze, num total de dezoito distinções. As duplo ouro foram conquistas com os vinhos “Valoroso Reserva 2013”, “Valoroso 2013”, Sauvignon Blanc & Verdelho 2014”, Dona Ermelinda Reserva 2013”, “Touriga Nacional Reserva 2013” e Cabernet Sauvignon Reserva 2013”. Sendo que as de ouro foram atribuídas aos seguintes vinhos: “Terras do Pó Rosé 2015”; “Dona Ermelinda Branco 2015”; “Quinta da Mimosa 2013”; “Syrah Reserva 2013”; “Merlot Reserva 2013” e “Moscatel de Setúbal Não Datado”.

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Adega Cooperativa de Palmela conquista prémios na Alemanha e Áustria Colégio do Vale comemora 24 anos de atividade

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uma viagem até ao dia 21 de setembro de 1992, o Colégio do Vale celebrou os seus 24 anos de existência recordando o dia em que abriu as suas portas. A manhã começou com a receção aos novos alunos e a entrega de uma lembrança simbólica na presença dos familiares. Seguiu-se a entrega dos diplomas dos exames de inglês da University of Cambridge – ESOL, tendo como convidados os representantes da Cambridge e da United School. As comemorações culminaram com a sessão solene de entrega de diplomas aos alunos dos quadros de honra e entrega de medalhas aos funcionários com 20 anos de serviço.

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Adega Cooperativa de Palmela acrescentou ao seu portfólio de conquistas internacionais mais cinco medalhas, uma de ouro e duas de prata no concurso “Mundus Vini 2016 – Sommerverkostung”, que decorreu em Neustadt, Alemanha, e duas de prata, no concurso “AWC”, que decorreu em Viena, Áustria. No concurso da Alemanha, o vinho “Villa Palma Tinto Colheita Seleccionada” foi chancelado com o ouro, enquanto que os vinhos “Villa Palma Branco Colheita Seleccionada 2015” e “Vale dos Barris Castelão 2015”, ganharam prata. Este concurso contou com um painel de 150 jurados de 38 países que degustou e avaliou 4.300 vinhos. Todos os anos os prémios atribuídos são uma referência e garantia de qualidade para muitos compradores. Já no concurso de Viena, foram os vinhos “Vale dos Barris Rosé 2015” e “Villa Palma Tinto 2015”a ser galardoados com medalhas de

prata. Este certame, que contou com 12.826 vinhos a concurso, em representação de 41 países, soma já 13 anos de atividade, o que torna líder internacional entre concursos que atribuem prémios de qualidade. Com mais de 60 anos de história, a Adega Cooperativa de Palmela, empresa vitivinícola da península de Setúbal conta hoje com cerca de 300 associados e produz mais de 8 milhões de litros de vinho.

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SOCIEDADE

SECRETÁRIO DE ESTADO DA EDUCAÇÃO, joão costa, MOSTRou-SE AGRADADO COM COLÉGIO S. FILIPE

«Esta equipa tem vontade de trabalhar e está empenhada na construção de um projeto educativo próprio» A apostar numa rigorosa gestão financeira e num ensino de qualidade, o colégio S. Filipe, em Setúbal, sonha com a valência de educação e formação de adultos, por forma a reforçar o seu papel de abertura à comunidade, e com autonomia em termos de eficiência energética. TEXTO antónio luis IMAGEM SM

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secretário de Estado da Educação, João Lopes, visitou, no passado dia 20, o colégio S. Filipe, em Setúbal, no âmbito do périplo que está a fazer no País alusivo ao arranque do novo ano escolar. João Costa realçou ao Semmais que leva uma opinião positiva da visita que efetuou ao colégio setubalense. «Levo uma opinião positiva deste colégio. É uma equipa que tem vontade de trabalhar e que está empenhada na construção de um projeto educativo próprio. Encontrei aqui crianças com um ar feliz e esse é o melhor indicador de que uma escola estava a funcionar bem». Na sua opinião, o ensino em Portugal está no bom caminho. «Tanto o setor público como o privado estão no bom caminho. Estamos todos a aprender uns com os outros. Há dimensões em que uns respondem melhor e outros pior, mas temos de trabalhar em conjunto. Da parte do

Ministério da Educação, conta-mos com todos os setores, tal como todos os setores contam connosco», sublinha. Já Sílvia Bernardo, presidente do conselho de administração, reconheceu que o colégio S. Filipe reúne todas as condições «físicas e humanas» para conseguir alcançar um bom futuro. «Ambicionamos colocar este colégio muito estável, com qualidade de ensino. Não queremos que o colégio seja muito grande. Quero que este colégio tenha apenas um máximo de 220 alunos», refere Sílvia Bernardo, que esclarece que tem autorização do Ministério da Educação para aceitar 320 crianças. «A quantidade não é qualidade. Podemos garantir uma maior qualidade de ensino aos meninos se este colégio tiver um máximo de 220 alunos», vinca. Nova valência em perspetiva Sílvia Bernardo não tem dúvidas de que o colégio S. Filipe está, cada vez mais, «aberto à comunidade», mas sempre a apostar numa «boa gestão» financeira. No

futuro, é intenção desta instituição implementar um centro de qualificação e orientação e encaminhamento de adultos. «Queremos colocar essa valência no colégio, em horário pós-laboral. Isso vai aproximar-nos mais da comunidade setubalense onde estamos inseridos», revela, confirmando que o colégio aguarda pela resposta à candidatura já apresentada. «O dossier está bem encaminhado e, para o próximo ano letivo, espero implementar esse projeto no colégio». A responsável adianta que em termos de instalações do colégio, nos últimos 4 anos, sob a sua alçada, têm sido efetuadas «muitas melhorias», mas, outras estão na manga. «Quero dotar este colégio autónomo em termos de eficiência energética, com painéis fotovoltaicos. Na nossa piscina, quero retirar o gaz e apostar na energia natural. São boas opções para a gestão financeira e também para o ambiente. Somos uma eco-escola e temos de fazer tudo para ela respeite esse galardão».

Novas atividades e funcionamento até às 20 horas Com cerca de 160 alunos, o colégio S. Filipe, ministra o ensino desde a creche ao 9.º ano do ensino secundário. Ali trabalham cerca de 45 funcionários, incluindo os docentes. Tem 9 anos de atividade e, no presente ano letivo de 2016/2017, foram introduzidas novas atividades, ao nível do pré-escolar e do 1.º ciclo, como língua espanhola, hidroginástica, mandarim, golfe, equitação, robótica e ciências experimentais e lúdicas. O colégio abre às 7h30 e encerra por volta das 20 horas, garantindo aos alunos atividades extra-curriculares. «Temos uma abrangência muito grande de horário e isso satisfaz bastante os pais das crianças», realça Sílvia Bernardo.

GNR contabilizou durante o primeiro semestre deste ano 88 atropelamentos e quatro vítimas mortais

Região aumentou atropelamentos e duplicou vítimas mortais Durante o primeiro semestre deste ano registaram-se mais treze atropelamentos do que em igual período do ano passado. E mais duas mortes. Para além de mais feridos graves e ligeiros. TEXTO ROBERTO DORES IMAGEM SM

O distrito de Setúbal soma um total de 88 atropelamentos no primeiro semestre de 2016, dos quais resultaram quatro pessoas mortas, segundo dados revelados pela GNR, traduzindo mais 13 pessoas atropeladas face ao mesmo período do ano passado e mais duas vítimas mortais. Segundo os mesmos registos agora disponibilizados pela Guarda, a região contabilizou ainda nove feridos graves e 52 ligeiros, superando também os valores de 2015, quando se registaram sete feridos graves e 44 ligeiros. Segundo fonte da GNR, os atropelamentos ocorrem muitas vezes por distração, tanto do condutor como do peão. «De salientar que as crianças e os idosos constituem os grupos mais vulneráveis, sendo por isso as principais víti-

mas de atropelamentos», destaca fonte da Guarda, que alerta para a importância de condutores e peões redobrarem a atenção nas vias habitualmente utilizados pelos peões para passagem, mesmo fora das zonas definidas para esse efeito. «Em zonas urbanas ou residenciais, reduzir a velocidade para um nível que permita imobilizar o veículo no caso de necessidade», insiste a GNR, acrescentando que quando se aproximar de uma passadeira, existindo qualquer peão próximo, mesmo que este ainda não esteja a atravessar, o automobilista deve «reduzir a velocidade e preparar-se para parar». «Ao parar junto de uma passadeira, imobilizar o veículo suficientemente afastado desta por forma a facilitar a visão do peão para outros condutores e a facilitar a visão dos condutores para o peão», acrescenta.

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Conselhos para peões acautelarem perigos Outro dos conselhos recorda que durante a condução, não devem ser realizadas atividades que provoquem distração, a exemplo da utilização do telemóvel. Já os peões são aconselhados a caminhar pelos passeios ou, na sua ausência, pelas bermas, seguindo no sentido contrário ao dos veículos e o mais afastado possível da faixa de rodagem. Atravessar nas passagens para peões sempre que existam, mas no caso de não existirem os peões devem atravessar pelo lugar mais seguro, a direito, depressa mas sem correr. Não se deve atravessar entre viaturas estacionadas, pois os condutores não estão à espera que apareça um peão. Mesmo assim, os valores continuam a ser muito mais baixos do que há dez anos atrás, por exemplo, com Manuel João Ra-

mos, presidente da Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados, a avançar ao Sem Mais que a crise económica e financeira tem estado na origem na redução da sinistralidade. «Os automobilistas passaram a andar muito menos de carro, também nas zonas do Interior e já não se conduz à velocidade de outros tempos, por ser

uma forma de se poupar combustível», sustentava o dirigente, recusando acreditar no argumento da «maior sensibilização os automobilistas», apresentada pelas autoridades. Alega que «o país nem tem feito sensibilização nenhuma, porque não há campanhas de segurança rodoviária há muito tempo».


LOCAL

BARREIRO Quinzena da educação apresenta projetos muncipais

MOITA Tarde do Fogareiro juntou 25 mil pessoas A Tarde do Fogareiro, que decorreu durante as festas da Moita, foi um sucesso. Juntou nas ruas das largadas cerca de 25 mil pessoas para petiscar e ouvir boa música depois de assistirem às largadas tradicionais. O edil local diz que a tradição voltou a fazer sucesso. «Esta festa do Fogareiro é o corolário das festas que decorreram muito bem».«Estamos a viver um ambiente muito genuíno e único, este tipo de convívio, antes e depois das largadas, já era algo que se fazia há algum tempo, de forma mais esporádica, com as famílias e pessoas que residiam na Moita. Aproveitámos isso e decidimos alargar esta festa a toda a gente. A adesão é excelente. As pessoas sentem-se bem e, em clima de festa, divertem-se». Para já, está fora de questão o alargamento do espaço da Tarde do Fogareiro, pois «não seria fácil ultrapassar dificuldades em termos de acessos e de condicionamento do trânsito».

ALCOCHETE Básica do Samouco assegura prolongamento de horário A escola básica do 1.º ciclo de Samouco vai disponibilizar no ano letivo de 2016/17 o serviço da Componente de Apoio à Família (CAF). A câmara aprovou por unanimidade, na reunião do dia 14, a proposta de acordo de colaboração com o CENSA – Centro Social de S. Brás para implementação do referido serviço. A CAF assegura o acompanhamento dos alunos de segunda a sexta-feira antes (7h30 -9h00) e/ou depois (17h00 -19h00) das atividades curriculares e de enriquecimento e/ou durante os períodos de interrupção das atividades letivas (carnaval, páscoa, natal e do final do ano letivo até 31 de julho). Para a vereadora da Educação, Susana Custódio, «reforçar as capacidades, as competências e as respostas daquele estabelecimento é defender a escola pública, é oferecer condições e respostas às famílias e é dar garantias de continuidade daquela escola e consequentemente dos postos de trabalho de docentes e não docentes».

SANTIAGO DO CACÉM Câmara distribui agendas aos docentes A Câmara presenteou a comunidade docente com a Agenda do Professor 2016/7, num total de 450 exemplares. A entrega decorreu dia 19 e é já uma prática corrente da autarquia no início dos anos letivos, no âmbito das boas-vindas aos docentes dos estabelecimentos de educação e ensino no município. O vereador da educação, Norberto Barradas, saúda os docentes e deseja que 2016/17 se traduza num ano letivo «repleto de bons projetos e trabalho, e que os mesmos contribuam para a realização pessoal e profissional de cada um» .

SEIXAL Prensa de Gutenberg para ver no espaço memória Desde ontem, dia 23, que pode ser vista uma réplica da prensa de Gutenberg que irá integrar o património do Espaço Memória – Tipografia Popular do Seixal. Trata-se de uma réplica perfeita, da dita prensa de há quase 600 anos, executada numa marcenaria do concelho e que estará à disposição de todos para visita. Johannes Gutenberg desenvolveu e criou, em meados do séc. XV, as técnicas e os engenhos que moldaram o mundo moderno. Concebeu os tipos móveis metálicos e construiu a prensa de imprimir texto – a tipografia: uma forma de fazer livros, mais rápida e mais perfeita. Essas técnicas permitiram preservar o conhecimento, fixar os textos que se queriam imorredouros, estimular a troca de ideias e divulgar a informação.

MONTIJO Centro de apoio à vida recebe apoio do Governo A secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, Catarina Marcelino, esteve no Montijo, dia 20, para assinar uma Carta de Compromisso com a Misericórdia local para financiamento do Centro de Apoio à Vida. «Um projeto que promove a cidadania, a igualdade, o empoderamento e a emancipação das mulheres», afirmou a secretária, ressalvando que o projeto encerra uma característica que o distingue a nível nacional, pois «faz apoio social e encontra formação e/ou emprego para as mulheres que apoia, por forma a promover a autonomização das suas vidas». O provedor José Forte, fez balanço do trabalho desenvolvido até ao momento pelo CAV. A funcionar desde fevereiro de 2015, já proporcionou resposta a 59 processos de acompanhamento a mulheres grávidas do Montijo e de outros concelhos vizinhos.

De 4 a 14 de outubro tem lugar a Quinzena da Educação – “A Escola Somos Todos Nós” com uma programação variada para toda a comunidade educativa, em diversos estabelecimentos de ensino e espaços culturais do concelho. A apresentação de projetos municipais do ano letivo 2016/2017, visitas institucionais às escolas, receção à comunidade educativa, reunião com as associações de pais e encarregados de educação do concelho, atividades inter-geracionais para os alunos, visitas guiadas ao auditório municipal Augusto Cabrita, são algumas das atividades programadas pela Câmara Municipal do Barreiro.

PALMELA Viagem no tempo até à época medieval A vila de Palmela convida a população a viajar no tempo até à época medieval. Palmela está a ser, este fim-de-semana, palco de lutas entre cristãos e mouros. A história regressou ao imponente Castelo para três dias de animação, cultura e aventura. Entre o castelo e o centro histórico há bailes e danças populares, jogos tradicionais, demonstrações de armas e torneios, desfiles temáticos, artes de rua e mercado medieval. Trata-se de uma organização da Câmara Municipal de Palmela e da Alius Vetus.

GRÂNDOLA Município ofereceu livros aos alunos do básico O início do ano letivo 2016/2017, no concelho de Grândola, ficou marcado, este ano, pela oferta dos livros escolares a todos os alunos do 2.º, 3.º, e 4.º ano de escolaridade do 1.º ciclo de ensino básico e respetivas fichas do 1.º ano. Os manuais e os respetivos livros de fichas de trabalho foram entregues em todo o concelho de Grândola, pelo executivo municipal e por técnicos da área da educação, durante as sessões de apresentação que decorreram no dia de hoje. Trata-se de um investimento da Câmara Municipal de Grândola superior a 30 mil euros e abrange cerca de quinhentos alunos de todo o concelho.

SINES Vinhos alentejanos colocados no mar

SETÚBAL Jornadas europeias divulgam património arqueológico

No âmbito de protocolo celebrado, entre o município e a Associação de Produtores de Vinho da Costa Alentejana, foram colocadas, dia 16, nas águas do porto de recreio cerca de 700 garrafas de vinho dos produtores da região. O pretexto imediato da iniciativa é a realização da Regata dos Grandes Veleiros que passará por Sines de 28 de abril a 1 de maio de 2017. O objetivo, no entanto, é que passe a constituir um evento anual, destinado à promoção dos vinhos da Costa Alentejana, associada à promoção de Sines como destino turístico. Nesta primeira experiência, o município pretende, com a colaboração dos produtores da APVCA, que oferecem os vinhos, e do IEFP, que construiu os “cestos” para a colocação do vinho no mar, criar um presente original para oferecer às tripulações dos grandes veleiros que aportarão em Sines em 2017.

A participação no tratamento dos materiais arqueológicos do Convento de Jesus é uma das atividades promovidas pelo município no âmbito das Jornadas Europeias do Património, a decorrer até este domingo. A iniciativa “Um dia com... o Setor de Património e Arqueologia”, a realizar este sábado, às 10 horas, no Convento de Jesus, é dirigida às famílias, que têm a oportunidade de participar no tratamento dos materiais arqueológicos encontrados durante intervenções no monumento. Ainda este sábado, decorrem visitas guiadas do Museu Michel Giacometti à lota de Setúbal e ao mercado do Livramento, para divulgar o património local. As jornadas acabam este domingo, com a palestra sobre o Retábulo do Convento de Jesus, na galeria municipal, às 16 horas. São oradores os autores do livro sobre o retábulo.

SESIMBRA Festejos em honra de N.ª Sr.ª do Cabo Espichel No último fim de semana do mês tem lugar a mais antiga celebração do concelho. Trata-se da Festa da Nossa Senhora do Cabo Espichel, com mais de 600 anos. A festividade continua a atrair centenas de romeiros que aproveitam estes dias para um tempo de reflexão espiritual, num lugar singular. Este sábado, às 9 horas, há Jogos Populares e às 22 horas, o baile é animado pelo grupo Nostalgia. No dia 25, às 10 horas, há Jogos Matinais, na Casa da Água, e das 15 às 16h30, baile popular com Júlio Panão. Às 16 horas, celebra-se missa seguida de procissão. Das 18 às 20 horas, prossegue o baile, com Júlio Panão. Dia 26, às 10 horas, há missa de sufrágio aos antigos romeiros, e às 10h30, encerram os festejos.

ALMADA Município investe milhares no parque escolar O município promoveu obras de beneficiação do parque escolar durante a interrupção letiva. No regresso às aulas alunos, professores e auxiliares de ação educativa encontram melhores condições para trabalhar e estudar. Mais de 700 mil euros foi quanto o município investiu nas escolas básicas do concelho para que, depois das merecidas “férias grandes”, todos encontrassem espaços renovados e mais razões para acreditar numa escola pública de qualidade. Logradouros com mais condições, mais acessibilidades entre espaços, casas de banho adaptadas para alunos com mobilidade reduzida, recreios com zonas de ensombramento e proteção para os dias de chuva, hortas pedagógicas, edifícios pintados, foram muitas as intervenções promovidas pela autarquia.

ALCÁCER DO SAL Feira nova de outubro já tem programa A cidade de Alcácer do Sal prepara-se para receber mais uma edição da Feira Nova de Outubro. Entre os dias 30 de setembro e 2 de outubro, o parque de feiras e exposições da cidade enche-se das tradicionais tasquinhas, artesanato, vestuário, calçado, produtos regionais, frutos secos e muita animação, dança e música.Quanto a concertos, este ano a grande atração é o cantor Toy e a sua banda, que abrilhantam a feira no dia 1 de outubro, às 22h30. O público também pode assistir aos concertos de Kris Rosa, com um tributo a Daniela Mercury, e de Rafa & Beltran, a abrir e a fechar o certame. Os finais de noites são animados pelos Dj´s Orkar e Grouse, bem como por Salacian Mafia e convidados.

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CULTURA

“PARQUE À VISTA” É UM ESPETÁCULO CHEIO DE MODERNIDADE A QUE O PÚBLICO ESTÁ A ADERIR MUITO BEM

Teatro Maria Vitória estreia nova revista com equipa rejuvenescida

Com a finalidade de não deixar morrer a revista, o Teatro Maria Vitória apostou, em “Parque à Vista”, numa nova equipa para continuar a divertir o público no Parque Mayer e mostrar novos talentos. TEXTO ANTÓNIO LUIS IMAGEM SM

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É

um espetáculo cheio de modernidade, com o público a aderir muito bem. O sentimento é geral… êxito», é assim que o ator Paulo Vasco avalia a nova revista “Parque à Vista”, do Teatro Maria Vitória, no Parque Mayer, em Lisboa. Esta produção, de Hélder Freire Costa, com muita piada política e social, que estreou dia 15, aposta em «novas equipas, a todos os níveis, numa modernização das estruturas, com a chegada de muita gente jovem. Queremos renovar sem deixar de res-

peitar a tradicional revista à portuguesa». O empresário sublinha que a intenção é «lançar novas equipas e muitos jovens, para que o teatro não morra e a revista se rejuvenesça a si própria, por forma a que possa enfrentar um futuro que nos é incerto», realça Hélder Freire Costa, que não tem dúvidas de que «nasceu aqui uma nova equipa». “Parque à Vista” traz, também, «a esperança de um futuro melhor para este recinto de tanta tradição teatral. E porque a esperança é a última a morrer, «insistimos e lutamos para que tenhamos o novo parque à vista», frisa Hélder Freire Costa, que não poupa elogios à sua nova

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equipa: «São todos fabulosos. Tenho uma equipa acima da média». A produção tem como cabeça de cartaz a cantora Adelaide Ferreira, que arrepia numa soberba interpretação no quadro da Nova Emigração. Completam o elenco Flávio Gil, Paulo Vasco, Filipa Godinho, Diogo Martins, Maria Giestas, Pedro Silva e Patrícia Teixeira. Foi escrita por Flávio Gil, Renato Pino e Miguel Dias, que se estreia no Teatro Maria Vitória. A encenação é de Flávio Gil e os autores das músicas são Eugénio Pepe e Miguel Dias. Carlos Pires assina a orquestração e o grupo MV Dancers baila no palco, com 8 bailarinos.


CULTURA

AGENDA

SESIMBRA24SETEMBRO21H30

AS MELOPDIAS DE PAULO GONZO TEATRO JOÃO MOTA

Paulo Gonzo comemora 40 anos de carreira com um ciclo de concertos íntimos por todo o país. Este espetáculo é dedicado aos grandes êxitos. Ao longo das 4 décadas de carreira, Paulo Gonzo colaborou com os maiores músicos nacionais e tornou-se referência obrigatória da música portuguesa.

ALMADA24SETEMBRO21H00

SONS DE ALMADA VELHA

IGREJA DE N.ª SR.ª DO BOM SUCESSO, EM CACILHAS O festival de música erudita Os Sons de Almada Velha propõe uma Viagem Musical pela Europa Mediterrânica dos Séculos XVII e XVIII, através de obras musicais dos alguns dos mais importantes compositores estrangeiros radicados em terras lusitanas, como é o caso de Domenico Scarlatti e Antonio Rodil.

MONTIJO24SETEMBRO21H30

REVISTA À PORTUGUESA

TEATRO JOAQUIM D´ALMEIDA “Bagunçada à Portuguesa” é um teatro de comédia dirigido e encenado por Natalina José, que interpreta também vários quadros humorísticos ao lado de atores como Luís Mascarenhas, Paulo Oliveira, Paulo Oliveira, Ana Paula Mota, Luís Viegas, Filipa Giovanni e a fadista Maria Mendes.

SEIXAL24SETEMBRO21H30

SONS DA ALDEIA PROMOVEM BANDAS SOCIEDADE MUSICAL 5 DE OUTUBRO

O concerto “Sons na Aldeia” apresenta a atuação das bandas A Jigsaw & The Great Moonshiners Band e Recanto. Trata-se de uma iniciativa da associação cultural fundada em fevereiro de 2016 que visa a promoção da arte e de artistas menos conhecidos do público, dando assim a conhecer novos talentos na área cultural.

Companhia de Teatro de Almada estreia uma parábola moderna sobre a identidade e a sociedade de consumo

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Companhia de Teatro de Almada estreia no dia 28, às 21h30, “O Feio”, de Marius Von Mayenburg, com encenação de Toni Cafiero. O espetáculo estará em cena até 16 de Outubro, de quarta a sábado, às 21h30, e domingos às 16 horas. O texto de Marius Von Mayenburg retrata uma sociedade onde ressaem as premissas absurdas do mundo contemporâneo, no qual a forma prevalece sobre a qualidade. Em “O Feio”, um cientista de sucesso não é autorizado pelo patrão a apresentar a sua descoberta porque não é bonito. O cientista não tinha consciência

de que era feio, e dirige-se à sua mulher, que lhe confirma a sua suspeita. Resolve então fazer uma operação plástica, que acaba por ser um sucesso não só para ele como também para o cirurgião plástico que o opera, que resolve repetir a operação noutras pessoas. Os duplos sucedem-se e acabam por confundir a mulher do cientista, que vê o seu marido em vários outros indivíduos. Ao mesmo tempo, a beleza do marido vê-se desvalorizada à medida que o número de duplos aumenta. Javier Villan, crítico de teatro do “El Mundo”, de passagem pelo Festival de Almada, aquando da antestreia do espetáculo, escre-

veu: «”O Feio” tem o ritmo de um vaudeville agradável, de uma alta comédia inclinada para o absurdo mais puro, contaminada pelo absurdo existencialista. Um diálogo agilíssimo, arguto e muito humor. E excelentes intérpretes que se desdobram em várias personagens».

No dia 1 de Outubro haverá uma Conversa com o Público, às 18 horas, com a participação dos atores e do encenador Toni Cafiero, no Foyer do teatro Joaquim Benite. Com André Pardal, João Farraia, João Tempera e Maria João Falcão.

Luís Eira estreia-se no mundo literário com o livro “Rutura”

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setubalense Luís Eira, de 43 anos, técnico na Autoridade Tributária, lança este domingo, pelas 17 horas, na Casa da Baía, em Setúbal, o seu livro de estreia “Rutura”. Com a chancela da Sinapis Editores, a obra, com cerca de 300 páginas, tem como enfoque principal uma narrativa que tem por cenário a cidade do Porto e

Sigmund Eberhard, um arquiteto alemão rendido a Portugal, como personagem principal. «A obra fala de Sigmund a preparar uma exposição temporária de diamantes e joias da coroa francesa, pertencentes ao acervo do Louvre e a inaugurar no Palácio da Bolsa, ao mesmo tempo que descobre que um grupo de criminosos de diversas nacionalidades chegando a

Portugal a pretende assaltar. O leitor é convidado a entrar na realidade que o personagem vive intensamente à medida que a trama se desenrola», desvenda o autor, que foi incentivado pela esposa a escrever a obra. A primeira edição contou com 200 exemplares e está à venda nas livrarias Hemus e Culsete, de Setúbal, bem como noutras livrarias em Lisboa, Porto e

online, através da Sinapsis. pt e da Bulhosa.pt. «Há boas perspetivas da primeira edição se esgotar até outubro», prevê o novo autor, que conta que a oportunidade de lançar o livro surgiu «de forma gradual, na medida em que foi ultrapassando, passo a passo, cada uma das etapas que todos os aspirantes a novos autores têm de percorrer», vaticina Luís Eira.

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SETÚBAL24SETEMBRO22H00

SALIM APRESENTA CD ESTREIA CASA DA CULTURA

A compositora e intérprete Francisca Salema, conhecida no mundo artístico por Salim, apresenta em Setúbal o primeiro trabalho de originais, intitulado “Isula”, num concerto do ciclo Emergências.

ALCOCHETE30SETEMBRO21H30

TU QUERES É REVISTA

FORUM CULTURAL DE ALCOCHETE “Tu queres é revista” é uma produção da Aplaude Sucesso, que leva o público até ao quotidiano dos portugueses, onde não faltam críticas sociais e políticas mas sempre com muitas gargalhadas. Com direção de Tozé Martinho, encenação de Flávio Gil e textos de Flávio Gil e Renato Pino. Com Tozé Martinho, Rita Simões, João Paulo Sousa, entre outros.

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POLÍTICA

PSD DO DISTRITO ATACA GOVERNO POR SUBSTITUIR ADMINISTRAÇÃO DO PORTO DE SINES

«Nomeação de boys socialistas é mau serviço para a região»

Os dois deputados mais proeminentes do PSD distrital, Bruno Vitorino e Pedro do Ó Ramos acusam o governo de ter substituído no porto de Sines uma administração ganhadora e com estratégia. E dizem tratar-se de «boys». Agora querem saber que estratégia vão estes seguir. porto da Península Ibérica, à frente de Barcelona», destaca o líder distrital do PSD Vitorino destaca ainda que, para além destes números, «importa realçar que esta administração conseguiu ainda atingir uma quota de mercado em Portugal superior a 55%, consolidando a sua posição de referência a nível internacional».

TEXTO ANABELA VENTURA IMAGEM SM

O

s social-democratas do distrito acusam o governo de “prestar um mau serviço” à região, ao decidir substituir a “competente” administração do porto de Sines, a qual, dizem, “apostou fortemente numa estratégia de crescimento e investimento, com resultados à vista”. O deputado e presidente da distrital do PSD, Bruno Vitorino, afirma mesmo que a administra-

ção liderada por João Franco vai ser substituída por «boys do PS». E defendeu que a administração do porto deu, nos últimos anos, «um contributo para que o Porto de Sines fosse um importante motor de desenvolvimento não só para o distrito, como para o país». Trata-se, afirma o deputado, de uma «substituição forçada, ao estilo do quero, posso e mando». E acrescenta: «Mais uma vez, para o PS, a competência e os resultados não interessam nada. Primeiro estão os boys e os tachos, depois está o país».

OS NÚMEROS DE UMA GESTÃO COM RESULTADOS O social-democrata defende que a administração cessante apostou fortemente numa estratégia clara de crescimento e investimento, garantido ano após ano um número recorde de movimentação de contentores e, consequentemente, do aumento da importância do porto no panorama europeu e mundial. «O porto de Sines vai atingir um número recorde de 48,5 milhões de toneladas de carga movimentada este ano, que vai fazer com que passe a terceiro maior

PEDRO DO Ó QUER «DEFINIÇÃO DE ESTRATÉGIA» NO PORTO Por seu turno, o deputado Pedro do Ó, ex-líder distrital, diz que atendendo à capacidade demonstrada pelo Porto de Sines para cada vez mais aumentar a movimentação de contentores «é necessária uma definição muito concreta, numa matéria que é essencial para o país». O deputado do PSD recorda que todos os anos são batidos recordes de movimentação de contentores naquele porto, mas que para que o desenvolvimento possa ser ainda maior é necessário uma de duas coisas, ou o Governo avança com uma nova expansão do Terminal XXI ou avança para a construção do novo terminal Vasco da Gama. «Até agora o Governo PS só tomou uma decisão em relação ao Porto de Sines. Foi trocar a administração. Em relação ao que é verdadeiramente essencial para o futuro nada fez», conclui.

PCP denuncia contratos ilegais no bairro Rosa, em Almada

O

Grupo Parlamentar do PCP quer saber do Governo qual a justificação para que o Instituto de Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU) tenha insistido, em agosto deste ano, com a assinatura de um novo contrato de arrendamento aos inquilinos do Bairro Rosa, em Almada, quando este foi elaborado com base numa lei alterada pela Assembleia da República e promulgada pelo Presidente da República. Para o PCP, os moradores já têm um contrato de arrendamento desde 1985, ao qual o novo contrato não faz qualquer referência, ignorando que os inquilinos residem na habitação há mais de 30 anos. E considera “inaceitável que o IHRU ameace com despejo os inquilinos que ainda não tenham assinado um contrato de arrendamento com base numa lei, cuja alteração (à data do ofício do IHRU, 23 de agosto de 2016) já tinha sido aprovada na Assembleia da República, promulgada pelo Presidente da República e que aguardava somente a publicação em Diário da República” Os deputados do PCP não tem dúvida de que “esta atitude por parte do IHRU gera ansiedade e instabilidade na vida dos inquilinos, que poderia e deveria ter sido evitada”. E exigem que o governo suspenda este procedimento e crie “as condições para a aplicação efetiva do novo quadro legal de acordo com as normas de entrada em vigor previstas.”

OPINIÃO

O dever de resistir ao protagonismo

E

m 2013, um juiz de instrução criminal deixou-se filmar no interior de um elevador da Assembleia da República quando se dirigiu a este órgão de soberania para notificar um conhecido deputado, da eventual ocorrência de situações de índole criminal que poderia vir a determinar a sua prisão. Sendo certo que nem o mais ingénuo dos cidadãos concluiria pelo encontro casual entre o juiz e a televisão, até pela natureza da notícia, prontamente divulgada, perece óbvio que o juiz não poderia desconhecer a razão da presença da televisão. Ao tempo, o juiz foi referido pela quase generalidade da comunicação social como um homem corajoso, não faltando a divulgação de factos da sua vida pessoal, como o de ser motard, reforçando a qualidade de

condutor que corre riscos. Um órgão de comunicação social chegou mesmo a classificá-lo como o “superman”, conquistador do mundo. Sendo juiz de instrução, como era, estranhei nunca ter antes sabido que tivesse feito uma deslocação que fosse a um bairro problemático de Lisboa, associado a forte criminalidade para notificar um eventual arguido de prisão. Nunca duvidei, face às funções exercidas, que deveria ter tido muitas oportunidades. É que a deslocação a um órgão de soberania para notificar um deputado, com a televisão atrelada, é inaceitável e condenável, sabendo que, com eficácia poderia fazer a notificação por meios discretos, respeitando a presunção de inocência e evitando o julgamento imediato pela opinião pública.

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Passados treze anos, o que se sabe é que o ex-deputado não foi julgado, logo não foi condenado, pelo que quer que fosse, o que não invalidou que tivesse sofrido danos materiais e imateriais intraduzíveis pelos procedimentos adotados com a sua prisão. Não foi por acaso que Napoleão disse um dia que o homem mais poderoso de França era o juiz de instrução que tinha o poder de mandar prender. Acrescentou, porém, que esse poder deveria ser exercido com discrição e respeito pelos direitos dos visados. Recentemente, outro juiz de instrução entendeu por bem dar uma extensa entrevista a um canal generalista de televisão e outra a um semanário. Fê-lo a uma semana de terminar o prazo da instrução de um processo mediático que dura há mais de

POLÍTICA MESMO VITOR RAMALHO

ADVOGADO

três anos., como se fosse uma telenovela. Este processo teve, após as entrevistas, mais uma prorrogação do prazo de instrução de seis meses. Caracterizando-se a justiça por dever ser cega, surda e muda e pautar-se pela prudência, isenção e discrição, fica também, neste caso, por não se entender se á justiça que aproveita o desejo de protagonismo do juiz que não resistiu à tentação de fazer juízos de valor sobre o processo que tem em mãos. Acresce, ao contrário do que pode ajuizar a opinião pública, que o inquérito e a

acusação são competência do Ministério Público e não do juiz de instrução. Certa comunicação social, ávida de a qualquer preço vender papel, tem dado causa a que o recato com que a justiça deve atuar seja estimulada a ter procedimentos contrários. Felizmente a esmagadora maioria dos magistrados não entra no jogo da mediatização e do protagonismo, consciente do papel que cabe à justiça Mas há sempre quem não resista, como o génio de Napoleão fez notar, há duzentos anos.


DESPORTO

Clube Náutico minicipal de Setúbal avança para a segunda fase do projecto

Médio criativo Costinha seguro até 2019

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Conselho de Administração da Vitória FC – S.A.D. e o médio criativo de 24 anos, Costinha, chegaram a acordo para a renovação de contrato, que terminava no final da presente época, até 30 de junho de 2019, culminando com sucesso as negociações que se vinham desenvolvendo nos últimos tempos. Costinha – contratado na época passada ao Lus. Vildemoinhos do CPP – cumpre agora a segunda temporada ao serviço do Vitória de Setúbal, tendo sido uma das revelações

da Liga NOS, na sua época de estreia no patamar mais alto do futebol português, tendo realizado 31 partidas e marcado quatro golos. Esta época foi titular nas cinco jornadas já disputadas. Em declarações exclusivas ao site oficial do VFC, o jogador nascido em Coimbra referiu ser este um desfecho «natural, considerando o trabalho efetuado quer por mim, quer pelo Vitória. Foi fácil chegar a acordo e nesse sentido realço a postura do presidente Fernando Oliveira e do meu representante, pessoas que

muito estimo, durante o processo negocial. Quando se está num clube que se gosta e numa cidade como Setúbal, em que me sinto muito bem, tudo se torna mais fácil e não equacionava outro cenário que não este. Resta-me prometer muito trabalho e respeitar o ADN do Vitória, que é deixar tudo em campo e lutar sempre pelos três pontos em cada jogo que disputemos», concluiu. João Costa, conhecido no mundo do futebol por Costinha, fica assim vinculado ao Vitória até 30 de junho de 2019.

O

município aprovou quarta-feira, em reunião pública, a celebração de protocolo com o Clube Amadores de Pesca de Setúbal, no âmbito da dinamização da 2.ª fase do Centro Náutico Municipal de Setúbal. Com esta parceria, a 2.ª fase deste projeto, a funcionar temporariamente no antigo edifício da Sadonaval, zona para a qual está projetado o Terminal 7, passa a disponibilizar

aos munícipes e utilizadores daquele serviço a modalidade de pesca. «Da criação desta sinergia beneficiará o desporto em geral e a população, uma vez que se pretende aliar ao conhecimento e experiência na modalidade possuído pelo Clube Amadores de Pesca de Setúbal os recursos sob gestão do município», destaca a deliberação camarária. O protocolo inclui a cedência de espaços no

antigo edifício da Sadonaval ao referido clube por um ano, renovável por iguais períodos, que assegura o desenvolvimento de um conjunto de atividades relacionadas com a modalidade da pesca. O centro náutico, atualmente com as valências de canoagem e vela, dinamizadas em parceria com o CCS e com o Clube de Vela do Sado, funciona no Parque de Albarquel, 1.ª fase, e no antigo edifício da Sadonaval, 2.ª fase.

III Jogos “Associativismo Palmelense procura novos talentos em infantis B Move-te” de Almada acolhem

22 coletividades e 220 pessoas

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Palmelense Futebol Clube, fundado a 8 de Abril de 1924, continua à procura de novos talentos no escalão de infantis B. Esta captação desportiva destina-se a jovens nascidos nos anos de 2004, 2005 e 2006. Se gostas de jogar futebol, de conviver e de ganhar, junta-te àquele clube da nossa região. Os treinos são às segundas e quintas-feiras no relvado, e às quartas-feiras no sintético, sempre às 19 horas. Para mais informações, os interessados devem ligar para o número de telemóvel 964 674 496.

O

parque da Paz, em Almada, recebe a 3.ª edição dos Jogos Associativismo Move-te, este domingo, a partir das 9h30. O evento marca o encerramento do programa municipal Troféu Almada 2016. O “Associativismo Move-te” visa promover o convívio entre dirigentes e técnicos do movimento associativo do concelho, através da participação em jogos lúdico-desportivos. Estima-se a participação de 20 a 25 equipas. Em 2015, participaram na 2.ª edição do Associativismo Move-te, 22 coletividades e representantes

das autarquias locais do concelho, num total de cerca de 220 pessoas. O Troféu Almada procura proporcionar aos munícipes a prática de atividade física e desportiva através da participação

em encontros das diversas modalidades. Decorre em parceria com o associativismo desportivo, Junta e Uniões de Freguesia e outras instituições do concelho. A organização é do município almadense.

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NEGÓCIOS

CARLOS MARTINS VISITOU PARQUES EMPRESARIAIS DA BAÍA DO TEJO DO BARREIRO E SEIXAL

Secretário de Estado do Ambiente confirma 13,3 milhões de euros para requalificação ambiental nos territórios da Baía do Tejo

As intervenções previstas vão resolver problemas de lamas de Aciaria e pós de goela, na Siderurgia Nacional, e pirites verdes e lamas de zinco, na ex-Quimiparque. O governante afirma que a progressiva eliminação dos passivos ambientais históricos vai permitir a devolução dos territórios às populações. TEXTO ANTÓNIO LUIS IMAGEM SM

N

a presença dos presidentes das Câmaras Municipais do Barreiro e Seixal, o Secretário de Estado do Ambiente, Carlos Martins, confirmou, no passado dia 19, à administração da Baía do Tejo a aprovação das candidaturas a fundos europeus para ações de requalificação ambiental e eliminação dos passivos ambientais históricos existentes nos territórios geridos pela Baía do Tejo (BT). Foram confirmados 4 milhões de euros para o Barreiro e 6 milhões de euros para o Seixal. Valores que acrescem aos 3 milhões de euros já aprovados em Maio deste ano para intervenção no Parque Empresarial do Barreiro. As candidaturas vão «permitir a continuidade do trabalho da Baía do Tejo, consagrando a re-

U

qualificação ambiental dos territórios». De salientar que a eliminação dos passivos históricos ambientais já implicou 18 milhões de euros em trabalhos de descontaminação desde 2009 até à presente data. ANÚNCIO FOI FEITO PELO GOVERNANTE NO ‘LOCAL DO CRIME’ O anúncio da aprovação das candidaturas foi feito pelo membro do Governo nos locais alvo de intervenção. No Parque Empresarial do Seixal, território da antiga Siderurgia Nacional, estão previstos trabalhos de eliminação de Lamas de Aciaria e de Pós de Goela. No caso do Barreiro, a intervenção de requalificação ambiental vai incidir na remoção de Pirites Verdes e Lamas de Zinco. «A progressiva eliminação dos passivos ambientais históricos vai permitir a devolução dos territórios às populações e a sua utilização para novos usos», refere fonte da BT.

BlueBiz recebeu missão da indústria Aeroespacial francesa

Presidente da câmara do Seixal diz que ainda há um longo caminho a percorrer Joaquim Santos, presidente do município do Seixal, mostrou-se satisfeito com mais este passo dado na descontaminação dos solos do concelho, referindo que «é uma notícia de extrema importância para o Seixal, pois permitirá a continuidade da nossa estratégica de desenvolvimento, a rentabilização da economia e crescimento do emprego, uma vez que poderá significar o aparecimento de novas empresas neste local». O autarca referiu ainda que «passo a passo este processo está a avançar, embora saiba que temos ainda um longo caminho a percorrer».

ma importante Missão do setor Aeronáutico, Espaço e Defesa organizada pela Associação francesa GIFAS conheceu, quarta-feira, a oferta do parque industrial BlueBiz, em Setúbal, e as suas vantagens para a localização de empresas do setor aeronáutico. O parque, localizado na Mitrena, em Setúbal, conta já com empresas do sector, como a Lauak e a Mecachrome, e tem vindo continuamente a afirmar-se como uma localização adequada para esta atividade. Às características físicas do Parque, associam-se a disponibilidade de recursos humanos, com formação adequada, e a cooperação entre as entidades regionais para o acolhimento de novos projetos. A aicep Global Parques tem vindo a promover a cooperação dos diversos atores regionais de forma a apresentar aos investidores uma oferta completa, de elevado valor.

OPINIÃO

O Aeroporto Lisboa Sul

A

hipótese de deslocar a componente militar para o Montijo e expandir o Aeroporto da Portela para Figo Maduro, foi inicialmente colocada “na mesa” mas logo eliminada, porque se teve – sensatamente - em atenção o inconveniente de que seria um retrocesso, aumentando os voos sobre Lisboa potenciando a probabilidade de eventuais riscos de segurança e ambientais. O processo de análise para a melhor localização de um Novo Aeroporto na Região de Lisboa vulgo NAL, iniciou-se em 1969, onde foram consideradas hipóteses: Alcochete, Fonte da Telha, Montijo, Porto Alto, Rio Frio (não constando Alverca que só aparece depois, uma só vez, mas mesmo assim, como hipótese remota). Em 1994: Montijo é contemplado com 2 cenários alternativos, Rio Frio e OTA. Mais tarde, João Soares insurge-se contra a hipótese OTA e refere preferir defender a Margem Sul (vulgo Península de Setúbal). Mais tarde, quando era Presidente da Autarquia de

Lisboa - em defesa do Turismo de Lisboa - faz lóbi, conseguindo que o Aeroporto da Portela não seja encerrado, “liquidando” assim a viabilidade de Alcochete. Complementarmente, e face à crise financeira, o anterior Governo decide avançar para um Aeroporto Complementar de Lisboa – Portela + 1 - aproveitando, à imagem das práticas de outros países mais desenvolvidos e protegidos financeiramente, o racional aproveitamento de antigas Bases Aéreas Militares, para as companhias aéreas “low-Cost”, por razões de menores custos: financeiros e ambientais. Tendo conhecimento do processo de análise para o futuro Aeroporto da Região de Lisboa e das excepcionais condições da BA6, face à concorrência das Bases Aéreas de: Sintra, Alverca e Monte Real (Beja era demasiado longe) em 2012 reuni e coordenei uma equipa de especialistas aeronáuticos, nomeadamente: ANA (Infraestruturas Aeroportuárias), INAC (regulador, sendo o seu representante oriundo da Força Aérea Portuguesa), NAV

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(controle aéreo), APPLA (Pilotos) e TAP(operadora aérea nacional). Deste trabalho, no que se refere à concorrente que se aproximava mais – Alverca – (residualmente considerada, uma só uma vez) enquanto o Montijo foi desde o início considerada hipótese para NAL, tendo até sido considerado com 2 cenários alternativos. Chegámos, às seguintes conclusões: Alverca comparativamente ao Montijo : Em relação às Plataformas Aeroportuárias - menor comprimento e largura de pista. Total incompatibilidade por pistas alinhadas e próximas, desperdiçando o aproveitamento das capacidades de cada pista. Principalmente por isto, Alverca nunca foi real hipótese. Com a agora única pista - 03/21 - do Aeroporto que João Soares tanto defendeu quando Presidente da Autarquia de Lisboa (hoje Aeroporto Humberto Delgado) a pista 01/19 da BA6 é praticamente paralela e bem mais distante, garantindo total compatibilidade, permitindo assim rentabilizar as capacidades de operação – em simultâ-

ATUALIDADES CALDEIRA LUCAS CONSULTOR

neo - dos dois aeroportos. Em relação às Acessibilidades (médias Ponte Vasco da Gama + Fluvial): Alverca tem: Distância pouco menor (só residuais 500 metros). Tempo de percurso menor (só 5 minutos, sendo pouco significativo) e Custo de transporte ligeiramente superior ao Montijo. Em termos Ambientais – Em Alverca, as aeronaves terão de sobrevoar a Reserva Natural do Estuário do Tejo, enquanto Montijo encontra-se fora desta Zona Protegida. Complementarmente, é em Alverca que estão instaladas as OGMA, geridas pela EMBRAER, o que complicaria ainda mais os aspectos referidos anteriormente. Face ao descrito, é – SURPREENDENTE – que agora João

Soares venha querer recuperar Alverca, incoerente com a sua anterior posição de defesa da Margem Sul - vulgo Península de Setúbal ? Que com a ajuda da ex-Presidente da Autarquia de Vila Franca de Xira – parece - estarem a conseguir influenciar o Governo, o que seria - infelizmente - uma desastrosa decisão puramente política, sem qualquer critério técnico. Ainda hoje, a ANA/VINCI insistem que a BA6 no Montijo é, de longe, a melhor opção. Certamente, que o actual Presidente da Autarquia do Montijo, do mesmo Partido do Governo, que inteligentemente agarrou a oportunidade, quererá flexibilizar as suas exigências, para não se perder a Oportunidade de Desenvolvimento da “Nossa Sacrificada Região” ?!


ENTRE O GESTO E A ESCRITA JOÃO JACINTO EXPÕE NA GALERIA DO TEATRO DA POLITÉCNICA | ARTISTAS UNIDOS

Da vontade sem representação João Jacinto constrói objectos artísticos. Explico melhor: o artista não alinha no bom comportamento do óleo sobre a tela. Deixa que a matéria se envolva com o suporte. A tela recebe assim camadas de tinta que se vão comportando como se tivesem vida própria. À lucidez da representação diz não. Surgem assim telas que se transformam em objectos pouco identificáveis. Quadros que não respeitam grade nem moldura. Expressões artísticas de grande intensidade, mas sem formalismos nem regras. João Jacinto expõs em Setúbal, na galeria da Casa da Cultura, em fevereiro deste ano. Agora tem trabalhos seus na galeria dos Artistas Unidos, no Teatro da Politécnica, em Lisboa. Duas grandes exposições que reafirmam o artista como um dos nomes mais salientes do panorama artístico actual. INTERROGAÇÕES JOSÉ TEÓFILO DUARTE FOTOGRAFIAS CÂMARA ARDENTE

A exposição na galeria dos Artistas Unidos mostra trabalhos de desenho. São esboços para algum projecto específico ou ficou completo ali? Não me reconheço na concepção, mais ou menos clássica, do desenho como “esboço” de um “definitivo”, pintura ou outro. Também não confundo a vocação prospectiva do desenho com esboço. Mas são esboços, sim. Nada completo, porque como escreveram e.e.cummings e Rilke: “não podemos nunca nascer o suficiente” e “terminamos sempre em algum lugar do inacabado”. Aqui estão desenhos. Na galeria da casa da Cultura estiveram pinturas. São coisas diferentes. Onde se encontram? Antes da inauguração um meu amigo perguntou-me: “Então hoje é o Dr. Jekyll ou o Mr. Hyde?” Ao que eu respondi: “É o Mr. Hyde.” Anedótico à parte, a “coisa” é muito “assim”. Percebo, mas será um lúcido desencontro que convoca alguma ideia específica? Desenhos de cabeças. Pedro Cabrita Reis disse um dia que a cabeça pensa de uma maneira e o corpo pensa de outra. A arte pode resolver este desentendimento? São as pinturas da Casa da Cultura o corpo da tua pintura? Chamas-lhe “lúcido”, tu, eu não estou tão certo disso. Não sou budista, mas, ainda que a compreenda, ou o julgue conseguir, não

A tua pintura é, na minha opinião, completamente independente. Pouco classificável. Encontras uma identificação para o teu trabalho? Ou uma referência? A identificação que reconheço é aquela que me liga a cada uma das marcas que não “elimino”.

Mudas de caminho, após uma exposição, ou procuras atalhos que te mantenham um pulsar? Nunca fiz nenhuma exposição, no sentido em que a modernidade e a contemporaneidade nos habituaram a pensar, o de haver uma intenção e um agir em conformidade, um “querer dizer” que se estende muito para além de cada uma das obras, que determina o conjunto a mostrar, o próprio espaço expositivo e o modo de o usar e por aí adiante. Uma certa ideia de discurso. Eu vou para o atelier, um dia depois do outro, e faço desenhos, e faço pinturas, uns depois das outras, umas depois dos outros, para nada. E há vezes em que o mundo tem lugar para o “para nada” que tu fizeste. Não pode ser muito mais que isto.

José Teófilo Duarte Designer | Art director

Já o tempo se habitua

FOTOGRAFIA CRISTINA MESTRE

Quem se habituou a ter os livros como companhia, dificilmente imagina o que será viver sem eles. Os livros proporcionam-nos momentos únicos. É nos livros que está dito tudo o que aconteceu e é nos livros que se conjecturam futuros. O ser humano criou o livro para poder guardar o seu passado e para registar o que pensa do mundo e das coisas que o rodeam. Os livros são concebidos por um punhado de grupos profissionais. Escritores, à cabeça, logo seguidos de editores, consultores editorias, revisores, designers, distribuidores e livreiros. Viver sem livros era uma impossibilidade até à pouco tempo. O surgimento da comunicação em rede, através de computadores e mais recentemente tablets e smartphones, ditou outras regras. Agora também não podemos viver sem estes novos objectos. Há mesmo quem não consiga viver sem estes últimos e que dispense os primeiros — os livros. Os livros fazem parte de muitas das memórias do que nos aconteceu. Há livros que deram filmes. Geralmente isso não nos descansa. Um livro de que gostámos muito nunca dá um filme que nos agrade por aí além. É raro. É que o livro é assim como um grande amor. Um bom romance. E um bom romance vive-se com uma intensidade irrepetível.

partilho dessa opinião. Ainda que o mundo possa ser, essencialmente, vontade, nem toda pode ter representação. Talvez o lugar da arte possa ser esse: o da vontade sem representação.

Que artistas dialogam contigo, no panorama da arte actual? Todos. Os que conheço e admiro, os que conheço e não me interessam, e todos, todos os que ignoro. Todo o trabalho é feito de encontro ao mundo.

DAS COISAS NASCEM COISAS

NOITE, NOITE MAIS DO QUE HOJE. Exposição na galeria do Teatro da Politécnica | Artistas Unidos

À SUPERFÍCIE DAS COISAS O PÓ. Exposição na galeria da Casa da Cultura | Setúbal

JOÃO JACINTO (Mafra, 1966) Em 1985 iniciou os seus estudos artísticos na E.S.B.A.L. Leccionou entre 1989 e 1992 no Ar.co em Lisboa. É, desde 2001, professor na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa. Expõe, individualmente, desde 1987. Tendo participado em inúmeras exposições individuais e colectivas. A sua obra encontra-se representada em várias colecções: CAM – Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, Portugal, Caixa Geral de Depósitos, Lisboa, Portugal, Colecção António Cachola –MACE – Elvas, Portugal, Fundação PLMJ, Lisboa, Portugal, Museu do Chiado (Deposito Isabel Vaz Lopes), Lisboa, Portugal, Museo Extremeño Iberoamericano de Arte Contemporaneo, Badajoz, Espanha, Veranneman Foundation, Kruishoutem, Bélgica, Art Collectors, Genève, Suíça, Fine Arts Gallery, Brussels, Bélgica, Renate Schröder Gallery, Cologne, Mönchengadbach, Alemanha, Gallery Catherine Clerc, Lausanne, Suíça, Collection Kierbaum & Partner, Colónia, Alemanha, Fundação Carmona e Costa, Lisboa, Portugal, entre outras.

Para quem vive os livros com a alegria da descoberta permanente, é sempre uma má notícia o encerramento de uma livraria. No passado dia 13 de setembro participei em uma das sessões que regularmente acontecem na livraria Culsete. Tratava-se da apresentação da obra Por Uma Sociedade Decente, de Eduardo Paz Ferreira. Tive muito gosto em dizer o que acho que representa para a sociedade portuguesa a personalidade de Eduardo Paz Ferreira. Um gosto e um privilégio. Acontece que no final do encontro deu-se o inesperado. Fátima Ribeiro de Medeiros, a anfitriã, anunciou, em emocionada intervenção, o encerramento da livraria. A Culsete foi fundada, há mais de quarenta anos, pelo professor e livreiro Manuel Medeiros, falecido há poucos anos, e pela sua mulher, Fátima, que fizeram daquele espaço um lugar de encontro entre quem tem o livro como utensílio indispensável. Isto num tempo em que o livro se encontrava menos acompanhado na missão de fornecer conhecimento e lazer cultural. Foi entre a surpresa e o choque que ouvimos as palavras de Fátima Medeiros. Motivos relacionados com a sua saúde ditam este fim. Voltaremos à conversa sobre este lugar de muitos saborosos encontros em Setúbal. Entretanto, quem quiser ainda pode visitar a livraria. Este fim-de-semana, os livros existentes estarão com preços bastante generosos. A campanha prolonga-se até ao dia 2 de outubro. Podemos aproveitar para rechear bibliotecas pessoais e para agradecer à Fátima este longo percurso ao serviço do livro, esse objecto simultâneamente tão amado e mal tratado que dita tantos princípios e tantos fins das nossas vidas. Já o tempo se habitua, como diria José Afonso. LIVRARIA CULSETE AVENIDA 22 DE DEZEMBRO, 23, SETÚBAL | 265 526 698

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EDITORIAL

OPINIÃO

AV

O dilema da dívida autárquica Raul Tavares Diretor

O “lixo de José António Saraiva

E

stou ainda com a cabeça

a tilintar se vou ou não comprar a obra-prima de José António Saraiva “Eu e os políticos”, que tanta celeuma tem levantado no país. Ao que parece, Passos Coelho já não apresenta o livro. Diz-se por aí que a sua decisão nada tem a ver com as críticas à obra e ao seu autor, mas sim porque deu-se ao trabalho de a ler e não gostou do conteúdo abusivo. Privei com José António Saraiva, à época excelso diretor do semanário Expresso, numa altura em que fazia parte da direcção da “Rede Expresso”, liderada por Afonso Camões, hoje diretor do Jornal de Notícias e muito acarinhada pelo próprio Francisco Balsemão. Quando saiu para fundar o “Sol”, Saraiva tinha o ensejo de destronar o semanário que geriu durante quase duas décadas. Falhou! Hoje o “Sol” não é mais que uma miragem no panorama da imprensa nacional e só os dinheiros angolanos o mantêm agarrado à máquina da vida. Mas isso é outra história. Saraiva é um jornalista/ arquitecto, senhor do seu nariz, com toques de arrogância, que ao longo da sua carreira contatou e privou com inúmeros políticos e homens de negócios. Agora, julgou-se no direito de tornar público episódios mais ou menos sórdidos sobre quem confiou nele, ao abrigo de uma condição cine-qua-nom da atividade jornalística: a defesa das fontes. Fez mal. E comete o erro crasso de lesar uma profissão tão nobre como a que lhe deu de comer durante os seus melhores anos e que é garante maior da democracia. E lesou a classe, toda ela. O lixo do seu escrito, que está quase nas bancas, lesa a condição do jornalista enquanto “gatekeeper” – guarda-do-portão, e aproxima-se dos conteúdos sacrossantos do tablóide português intitulado “Correio da Manhã”. Uma mácula de quem devia, em primeira e última instância, estar ao serviço do público e não ao serviço da covardia, maledicência, mexerico e invasão da vida privada. Mas Saraiva já ganhou! Não tenho dúvidas de que, em fim de carreira, vai embolsar uma boa maquia em vendas, porque os portugueses gostam de espreitar pelas frestas das janelas. Porque o livro já é um sucesso antes de estampado nas bancas. Porque a polémica já o investiu do protagonismo intencional e o seu nome vai ficar nos anais da história livreira no país, mesmo pelas más razões. Simplesmente lamentável.

P

or todo o país sucedem-se os sinais de partidos e de pessoas que prenunciam a peleja autárquica a ter lugar no próximo ano de 2017. Em muitos lados já há listas feitas e anunciadas, listas de apoio a determinadas candidaturas para condicionar o voto dos munícipes e guerras desencadeadas procurando desgastar os putativos adversários, mesmo aqueles que ainda não se assumiram ou anunciaram. Os partidos clássicos, em estratégias concertadas, preparam-se para divulgar as suas apostas autárquicas lá para tempos de outubro. Tudo isto seria normal, num quadro de funcionamento democrático das organizações e instituições, não fosse muitos dos ditos democratas andarem a “vender gato por lebre”. Isto é fazerem-se passar pelo que nunca foram, habituados a pouco conviverem com a opinião dos outros. Daí que se antevê o lavar de muita roupa suja, muitos truques e maldades no reino do vale tudo. Mas a opinião que aqui se

pretende despender não tem propriamente a ver com escolhas e lutas internas ou externas, tanto mais que o que mais interessa é que, passado o ato eleitoral, possam os munícipes beneficiar das políticas postas em prática pelos vencedores. E a este respeito, pela experiência acumulada como vereador e deputado municipal de concelhos diferentes, gostaríamos de dar contributo a partir duma reflexão que vimos aprimorando. A reflexão em causa tem a ver com o dilema da dívida autárquica, que apesar dos seus efeitos tão pouco motiva os eleitores no seu voto à boca das urnas. Não poucas vezes temos vindo a alertar para a inconsequência prática de quem leva o tempo a lamentar-se pela dívida herdada e nada faz para acorrer aos problemas quotidianos dos munícipes. Até porque no panorama geral dos municípios portugueses se foi generalizando o “calote” e as acostumadas culpas dos antecessores. Tantas vezes, sendo mesmo situações de mau governo, deixam consigo obras tidas como

A VERDADE DAS COISAS SIMPLES JOSÉ ANTÓNIO CONTRADANÇAS

ECONOMISTA

megalómanas que não merecem de todo a reprovação dos munícipes. Neste contexto é vulgar ouvir-se: -“Deixou muitas dívidas mas deixou obra”; - “São todos iguais! Vão para lá para se amanhar! Pelo menos (fulano) amanhou-se mas fez obra que está à vista.” Por outro lado, não é menos verdade que poucos resultados são tidos pelos que sendo oposição têm centrado as suas campanhas na denúncia das dívidas. E ainda que se anteveem resultados pouco abonatórios para quem estando no poder tem descurado a utilidade da pequena obra e repetidamente repete, que não tem recursos para solver as suas promessas eleitorais por via da elevada dívida que lhes deixaram. Não sabemos se terá cabimento como conselho mas que se

tome a título de opinião, pode ser que alguns ainda vão a tempo de satisfazer as reais expetativas e necessidades dos seus munícipes. Cuide-se do buraco aberto pelas últimas chuvas, da tampa do esgoto que levantou, do poste da eletricidade que foi derrubado em acidente de há um ano, do logradouro onde a erva cresce, da rotunda árida que há três anos está por decorar, da rua que foi tomada pelo matagal, das casas abandonadas onde se amontoam ruínas. E não se tome o povo por tolo a quem se alegra em alturas de festas e arraiais, de tasquinhas e festivais. Acima de tudo não se esqueçam do dilema da dívida autárquica. Até pode doer e causar muitas dores de cabeça, mas não vale a pena fazer dela e da sua denúncia o objetivo dum mandato.

Aquela velha opinião formada sobre tudo

T

er opinião é humano. Ter opinião sobre tudo é extraterrestre. Ter opinião é refletir. Faz parte do respirar. Ter opinião sobre tudo é um vício. Uma forma de atrapalhação que afasta a lucidez. A opinião é assim fronteira. Entre o saber e a adivinhação. Aparentemente a adivinhação está a ganhar. Está aliás a dar goleada. Porque por ignorância ou preguiça raramente refletimos sobre o que dizemos. É assim um dizer inconsciente. Falar por falar. Um alinhar de dizeres sem consistência nem sentido. A alternativa é fundamentar. Fundamentar pode assim ser a palavra-chave. E mais do que a palavra a atitude. Preferível, preferível, é mais silêncio e menos ruído. Até porque não existe nada mais audível do que o silêncio. De facto estar calado não é vergonha. Na maior parte das

vezes, aliás, é aconselhável o silêncio que mantém em dúvida a nossa eventual sabedoria em contraste com a conversa (quando abrimos a boca) que irremediavelmente revela a nossa ignorância. Com mais silêncio as reuniões de duas horas passariam a reuniões de uma hora. E as de uma hora a reuniões de meia hora. Quanto tempo não poupávamos? A nós e (particularmente) aos outros. A intervenção, a conversa e a opinião, por tudo e por nada, acaba por ser o contrário da opinião. Porque não tem nem reflexão nem densidade. Apenas superficialidade e arrogante ignorância. É o que chamamos conversa de café. Pobres conversas. Tristes cafés. O futebol da conversa é disso um bom exemplo. Depois de 90 minutos de jogo temos infindáveis programas de comentários imbecis. Uma jogada de 30 segundos é repetida até à exaustão e comentada como se

TURISMO SEMMAIS JORGE HUMBERTO SILVA COLABORADOR

não houvesse amanhã. Para, precisamente, amanhã não recordar. A opinião não pode ser assim um desporto nacional. Antes um contributo. Até porque as ideias, e também as opiniões, têm uma antiga força. A força da persuasão que é a raiz de toda a mudança. Mas para a opinião ter efeito não basta querer. É preciso ser. Ser consistente. Ser coerente. Fazer sentido. E convencer. As ideias são de facto o princípio de toda a diferença. De tudo o que faz diferença. As opiniões, pelo contrário, são frequentemente a passagem das ideias para o terreno da irrelevância. Qualquer coisa a caminho de nada. Sinais de impotência em

forma de palavras. Palavras destinadas ao vento. Não ao futuro. Aproveite então o princípio do outono para ter ideias e opiniões. Mas não as divulgue de imediato. Confronte-as com o saber da sua vida e da sua experiência. Duvide dessas ideias. Duvide muito. Se contudo resistirem à dúvida aí não hesite. Compre um megafone. Espalhe a ideia. E prepare-se para o confronto. Então sim vai valer a pena. PS: o título desta crónica é escandalosamente roubado a parte da letra da música metamorfose ambulante de Raul Seixas. Editada no longínquo ano de 1973. Está no YouTube. E é imperdível.

Diretor Raul Tavares | Redação Anabela Ventura, António Luís, Bernardo Lourenço, Cristina Martins, Marta David, Rita Perdigão, Roberto Dores | Departamento Comercial Cristina Almeida – coordenação | Direção de arte e design de comunicação DDLX – www.ddlx.pt | Serviços Administrativos e Financeiros Mila Oliveira | Distribuição José Ricardo e Carlos Lóio | Propriedade e Editor Maiscom, Lda; NIPC 506 806 537 | Concessão Produto Maiscom, Lda NIPC 506 806 537 | Redação: Largo José Joaquim Cabecinha nº8-D, (traseiras da Av. Bento Jesus Caraça) 2910-564 Setúbal. E-mail: redaccao.semmais@mediasado.pt; publicidade.semmais@ mediasado.pt. | Telefone: 93 53 88 102 | Impressão: Empresa Gráfica Funchalense, SA. Rua Capela Nossa Senhora Conceição, 50 – Moralena 2715-029 – Pêro Pinheiro. Tiragem: 45.000 (média semanal). Distribuição: VASP e Maiscom, Lda. Reg. ICS: 123090. Depósito Legal; 123227/98

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conferência “As Universidades Populares e a Cultura”. E nove quando, em Lisboa, o mesmo matemático e homem igualmente de papéis pesados dissertou sobre “A Cultura integral do indivíduo - um problema do nosso tempo” (1933): “Época em que se verifica um tão grande desprezo pela existência alheia que na sombra se prepara, metodicamente, sistematicamente, cientificamente, a destruição do homem; mas em que ao mesmo tempo existe uma tal admiração pelo corpo humano que, num vasto movimento de cultura física, ele se enaltece e glorifica no que tem de belo e nobre – antítese simbólica do nosso tempo: preparação da guerra química e salão do nu fotográfico”. “Em terras de rio feito mar” é então esse outro livro de 2006 editado pela Universidade Popular de Setúbal Bento de Jesus Caraça, já impresso em Exposição por iniciativa da Câmara Municipal de Setúbal (ao dispor, não é verdade?),

POLITICA E CULTURA VALDEMAR SANTOS MILITANTE DO PCP

onde Álvaro assina em “primeira pessoa”, reportando-se à década de 40: “… por essa razão” (fácil de adivinhar) “tinha um pensamento, uma determinação: se não acabasse na valeta, atacado por tuberculose galopante, participaria no combate por um mundo melhor. Ainda não sensibilizado para acções colectivas, é na imagem que corporizo a denúncia do viver das gentes que nada têm”. Trata-se do acervo do nú fotográfico do rapazito Álvaro sobre gentes de Setúbal predominantemente à beira mar, em bairros de lata ou na Rua João Galo, “onde se vendia o amor”, predominantemente entre crianças, trabalhadores, “escravos” Foi “fichado”, segundo o seu

termo: “contrariar o poder acarreteria custos, que “chegaram. Longas noites nos curros do Aljube, - cubículos de 2,00 m x 1,5 m - o segredo em Caxias, dias e noites torturado na Rua António Maria Cardoso”. Não podendo conformar-se, termina na assunção de um desígnio e de um projecto que atravessam já três séculos, o da verdade, da esperança e do futuro: “Novos retrocessos se perspectivam, impostos por poderosos senhores. Hoje” (sempre 2006) “divulgam-se grandes mentiras para justificar grandes males, por isso subscrevo: Homens honrados de todo o mundo, uni-vos”. Estavam dezenas de pessoas, a família, Helena, nos olhares via-se a partilha de um orgulho comum.

Não vou por aí “

A

minha vida é um vendaval que se soltou / É uma onda que se alevantou / É um átomo a mais que se animou... / Não sei por onde vou / Não sei para onde vou / Sei que não vou por aí!”. Excerto de Cântico Negro, de José Régio. Desde muito cedo que somos pressionados a aceitar regras, pertencer a grupos, alinhar, encarreirar, mudar de ideias não por mudarmos de ideias mas por ser suposto mudarmos de ideias. E tantas são as vezes que nos calamos, ainda crianças, por receio das consequências de continuarmos a falar. Assim vamos crescendo, numa tentativa permanente de negociação entre aquilo em que acreditamos e aquilo que sentimos que esperam de nós. Nem sempre conseguindo identificar se o que sentimos é causado por algum motivo verdadeiro, ou se

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simplesmente temos medo. Um medo que nos faz imaginar expectativas que provavelmente os outros não têm. Talvez metade da acção humana se baseie nesta projecção que fazemos dos outros. Numa incorrecta interpretação de uma espécie de ambiente social que nos rodeia por todos os lados, que se manifesta nos discursos que ouvimos e lemos, nos olhares e gestos que tentamos interpretar. Nem sempre acertamos. Pensamos que é connosco, mesmo quando não é. Quando alguém decide enveredar por um caminho inexplorado, o medo aumenta. Não só existe o risco de esse caminho levar a lugares perigosos, como também o de ter de voltar atrás e ser julgado por quem avisou que era melhor não o percorrermos. Mas será que quem faz esse aviso não o faz, verdadeiramente, por não ter a coragem

À PARTE

Irrevogável

A

palavra «irrevogável» ficou no ouvido dos portugueses há uns anitos, quando o então responsável máximo do CDS tomou a “decisão irrevogável” de abandonar o Governo, o que na altura deixou muita gente contente pois adivinhava-se algo de novo e é coisa que estamos sempre à espera. Mas tal não aconteceu, o que também não causou muita estranheza, porque quantas vezes nos dizem uma coisa e fazem o seu contrário. E assim aconteceu. Paulo Portas lá continuou no Governo com a particularidade de ter ficado com um cargo considerado com mais poder, mesmo sem o ter reivindicado. Os dias passam e as estratégias vão sendo alteradas. Quem estava no Poder foi afastado e os conteúdos das comunicações dessas pessoas passam a ser diferentes, o que se compreende, pois os abjectivos foram alterados.

Os dias passam e as estratégias vão sendo alteradas.

LEVI MARTINS

DIRETOR DA COMPANHIA MASCARENHAS-MARTINS de procurar o seu risco? Em ditadura, institucionaliza-se esta tendência. Não se deixa à sociedade a possibilidade de lidar com os conflitos inerentes. Opta-se pela integração forçada de todos, a partir de regras criadas por poucos. Acontece o mesmo quando se promove uma sociedade sem cultura. Sem consciência do outro, das suas particularidades, das suas diferenças, o mais provável é uma uniformização dos discursos, dos gostos, dos comportamentos, dos caminhos a percorrer. Penso nos percursos que

JORNALISTA

F

az hoje oito dias que o nome de Álvaro Dias foi atribuído a uma Praceta de Setúbal, nos Pinheirinhos, Rua António José Baptista alguns passos acima e à esquerda. Iniciativa da Junta de Freguesia de São Sebastião e do Município, está na confluência do Alentejo, decerto, tão radicado “em terras de rio feito mar”, não longe (por ali começa, à direita) da Praça de Toiros Carlos Relvas, lavrador abastado e toureiro amador ribatejano, fotógrafo que foi membro da Sociedade Francesa de Fotografia e pai de José Relvas, o republicano proclamador da República a 5 de Outubro de 1910 das varandas da Câmara de Lisboa. Lá onde está um Parque Infantil e o Centro de uma Associação de Pais e Amigos de Crianças que se chama como o nosso setubalense. Tinha seis anos, Álvaro Dias, o futuro empresário e comunista, futuro autarca e vereador de Abril, quando Bento de Jesus Caraça veio a Setúbal fazer a

FIO DE PRUMO

Álvaro Dias desta feita entre crianças

JORGE SANTOS

OPINIÃO

fazemos todos os dias. Em casa, sempre o mesmo corredor, as mesmas portas, a mesma distância percorrida entre o despertar e o fechar da porta. Lá fora, as mesmas ruas, estradas, os mesmos carris ou rotas. O que seria de nós se não houvesse um momento, uma vez por dia, por semana, por mês, por ano, por década, em que conseguimos imaginar que é possível construirmos outra vida? Mesmo que decidamos nunca a construir. A cultura é a janela de onde podemos olhar o mundo. E no reflexo da qual nos encontramos.

ARESTAURANTE CASA SETÚBAL DO PEIXE PORTUGAL

RUA GENERAL GOMES FREIRE 138 | 960331167

Por vezes surgem protagonistas inesperados e desta vez foi anunciado por José António Saraiva, director do semanário «SOL» o lançamento de um livro que iria revelar pormenores da vida privada de muitas figuras públicas. E a “bomba” surgiu de imediato quando se soube que seria o ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho a apresentar o livro, mesmo com a polémica levantada quanto ao seu conteúdo. Passos Coelho já anunciou que afinal não irá apresentar o livro do seu amigo Saraiva, decisão que contribuiu para que tivesse sido anulada a sua apresentação pública. Mais uma vez alguém com responsabilidade quanto ao que diz e faz, recua na palavra dada, mas desta vez evitando maior desastre porque muitos dos seus apoiantes não lhe perdoariam.

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