Semmais 25 abril 2015

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Refinaria de Sines Apoiamos o desenvolvimento da atividade cultural, desportiva e social, por um futuro mais positivo para os concelhos de Sines e Santiago do Cacém.

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Sábado 25 | Abril | 2015

Diretor Raul Tavares Semanário | Edição 852 | 9ª série Região de Setúbal Distribuído com o Expresso Venda interdita

Esta é a madrugada que eu esperava O dia inicial inteiro e limpo Onde emergimos da noite e do silêncio E livres habitamos a substância do tempo Sophia de Mello Breyner Andresen

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1974 | 2015

Abril 41 anos a comunicar em liberdade

ENTREVISTA

CARLOS BEATO Pela segunda vez consecutiva, o universo Montepio vai assentar arraiais em Tróia, em mais uma jornada de convívio. O administrador Carlos Beato antecipa a jornada e fala de mutualismo.

SOCIEDADE

REGIÃO DEIXA ESCAPAR 40% DA FATURA DA ÁGUA

A situação vem expressa num relatório da ERSAR e deixa claro uma enoeme insuficiência da cobrança. Alcácer do Sal surge à cabeça, com 65,8 por cento de consumo de água não faturado.

SOCIEDADE

CONCESSIONÁRIOS DA COSTA GANHAM APOIOS

Os concessionários da Costa da Caparica vão ver as suas rendas reduzidas e outras benesses para atenuar os prejuízos dos últimos anos. A promessa foi dexiada esta semana pelo secretário de Estado Castro Guerra.


EDITORIAL

SOCIEDADE O relatório da ERSAR diz que a situação é «insatisfatória» e revela que o município de Alcácer surge à cabeça, com 65,8 por cento de consumo de água não faturado. Almada é o sistema mais rigoroso, com apenas 26,7 por cento de ‘fugas’.

Raul Tavares Diretor

O novo visto prévio na comunicação social

AUDITORIA DA ERSAR

Quase 40% da água escapa à fatura na região TEXTO ROBERTO DORES

Uma média de 38,8% da água captada tratada e distribuída pelos sistemas de abastecimento nos vários concelhos da região não é faturada, segundo os dados revelados pela Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR), o que corresponde a uma situação «claramente insatisfatória», segundo a avaliação da própria ERSAR, após ter realizado uma auditoria aos serviços de abastecimento de água. O município de Alcácer do Sal surge à cabeça da lista, com 65,8% de água não faturada, enquanto Almada merece «nota mais» com apenas 26,7%. A entidade reguladora adianta que a água não faturada inclui

perdas reais através de fissuras, roturas e extravasamentos de água e ainda perdas aparentes devido a imprecisões nas medições, furto ou uso ilícito de água. Há ainda perdas correspondentes a consumos autorizados mas não faturados, que correspondem a água para lavagem de ruas, rega de espaços verdes municipais, alimentação de fonte e fontanários, lavagem de condutas e coletores de esgotos e combate a incêndios. Por concelhos, logo a seguir a Alcácer do Sal, surge Odemira (52,4%), Palmela (43,3), Grândola (42,6). Montijo (42,5) e Sesimbra (40,1). Entre os melhores, surge Setúbal logo a seguir a Almada, com 27% da água não faturada, Alcochete (29,9), Sines (32,5), Seixal (33,1)

Moita (34,2), Santiago do Cacém (36) e Barreiro (37,9). Tendência para casos mais gravosos em zonas rurais Tal como há um ano, também hoje a entidade reguladora concluiu que além das perdas reais e as restantes perdas aparentes, há ainda os consumos autorizados mas não faturados, sendo que a região segue a tendência dos casos mais gravosos nas áreas rurais. Porém, a região fica, ainda assim, uns furos abaixo da região Norte, onde há muitos municípios que não faturam mais de 70% da água, como é o caso de Macedo de Cavaleiros no topo da lista. Segundo o presidente da ERSAR, Jaime Melo Baptista, «as perdas comerciais deviam ser

tratadas rapidamente, porque são fáceis de resolver». As receitas seriam usadas para combater as perdas reais, nas roturas, que exigem investimentos preventivos na rede. «Tudo isso é mais caro e mais difícil», explica o presidente da ERSAR. Jaime Melo Baptista adianta, ainda, que não utilizar a rede pública de abastecimento pode ser ilegal. «O que a lei diz é que quando uma habitação tem rede disponível a menos de 20 metros, é obrigatória a ligação», sublinha. Ainda assim, os baixos índices, per-capita, de alguns concelhos revelam problemas económicos, em vez de esquemas de poupança, como seria de prever. A «água não faturada» é um dos indicadores utilizados nas estatísticas da ERSAR.

FESTIVAL DA FLOR

Homenagem ao que de melhor se faz na região O Festival da Flor, que termina

este domingo no Forum Montijo, está a ser um sucesso em termos de visitantes e de promoção da região. «Estamos a promover a região e o que de melhor ela apresenta. Sempre que possível, iremos oferecer o nosso espaço para eventos que dinamizem a região», realça

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Os partidos da governação têm sido férteis em parir ideias peregrinas e, não raramente, gostam do confronto. Provoca-o mesmo. É um sentido político, uma forma de estar. E nesta nova cruzada contam até com o novo PS de Costa. Lembraram-se agora, como se nada mais houvesse a importunar os seus ideólogos, de entrar nas comportas da comunicação social e policiá-las previamente. A ideia de obrigar os jornais, as rádios e as televisões a entregar um plano de tratamento jornalístico antes do início da pré-campanha eleitoral para as próximas legislativas, para além de ser uma aberração é repugnante. Uma comissão (mais uma) avaliará, com a chancela de um visto prévio (que coisa do passado) as decisões editoriais de como os órgãos de comunicação social se aprestam para levar aos portugueses a forma como acompanharão os partidos e seus candidatos. Presumese, entre arruadas, comícios, debates, conferências e, quem sabe, as verborreias mentais que sempre marcam os ciclos eleitorais. As exigências na cobertura das Legislativas são radicais e penetram naquilo que para a comunicação social é inegociável: a gestão editorial. E por ser tão radical, perde-se a oportunidade de acertar algumas regras que poderiam melhorar a proporcionalidade de acesso aos ‘media’ de todos os partidos nesta desdita eleitoral. Há, neste plano tripartido, um cerceamento das liberdades e da autonomia dos órgãos de comunicação social, garante maior do Estado democrático, e um desvirtuamento do papel do quem legisla e de quem tem por missão informar de forma livre, em nome dos seus leitores e demais destinatários. Esperamos, neste caso, que possa haver bom-senso entre as partes e que a classe jornalística saiba responder à letra. A avançar, abre-se um perigoso precedente que não mais terá fim. Afinal os guardas-do-portão são os jornalistas e não os políticos.

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Sara Santos, a diretora do Forum. Segundo a mesma fonte, foram disponibilizadas mais de 50 mil flores de corte e mais de 2 mil envasadas em todas as peças florais. «Conseguimos promover as flores do Montijo e demonstrar a importância que têm as estufas e que empregam mais de mil pessoas na re-

gião», vinca. Devido à receção «fantástica» da iniciativa, Sara Santos revela que «já temos pedidos para dar continuidade a este evento», sublinhando que os workshops de arte floral foram o ponto alto do festival. «As pessoas tiveram gosto em aprender arte floral e em manusear a flor com o

cuidado que ela necessita».O Festival da Flor, que nasceu da parceria do Forum Montijo com a marca Flores do Montijo e com a Associação de Produtores de Plantas e Flores Naturais, visou dar a conhecer o Montijo como capital da flor e como a cidade que «mais flores de corte produz».

Diretor Raul Tavares | Editor-Chefe Roberto Dores | Redação: Anabela Ventura, António Luís, Bernardo Lourenço, Cristina Martins, Marta David, Rita Perdigão, Roberto Dores | Departamento Comercial Cristina Almeida - coordenação | Direção de arte e design de comunicação José Teófilo Duarte com João Silva DDLX Serviços Administrativos e Financeiros Mila Oliveira | Distribuição José Ricardo e Carlos Lóio | Propriedade e Editor Mediasado, Lda; NIPC 506 806 537 Concessão Produto Mediasado, Lda NIPC 506 806 537 | Redação: Largo José Joaquim Cabecinha nº8-D, (traseiras da Av. Bento Jesus Caraça) 2910-564 Setúbal. E-mail: redaccao.semmais@mediasado.pt; publicidade.semmais@mediasado.pt. | Telefone: 93 53 88 102; Impressão: Empresa Gráfica Funchalense, SA. Rua Capela Nossa Senhora Conceição, 50 – Moralena 2715-029 – Pêro Pinheiro. Tiragem: 45.000 (média semanal). Distribuição: VASP e Maiscom, Lda. Reg. ICS: 123090. Depósito Legal; 123227/98


SOCIEDADE O projeto vai reunir percursos escolares dos 3 aos 21 anos de idade, o primeiro do país com esta dimensão. Um retrato estatístico que permite abordar o fenómeno do abandono escolar e a ajudar a perceber a pressão à violência que condiciona a escola e o ensino.

SETÚBAL ESCOLA LANÇA PROJETO-PILOTO A NÍVEL NACIONAL PARA DIAGNÓSTICO DE ABANDONO ESCOLAR E VIOLÊNCIA

Escola Lima de Freitas lança plano para a igualdade entre os alunos TEXTO ROBERTO DORES IMAGEM SM

É um projeto-piloto nos estabelecimentos de ensino do país. O Agrupamento de Escolas Lima de Freitas tem em marcha um plano para a igualdade, que ambiciona fazer um diagnóstico detalhado entre alunos e alunas, dos 3 aos 21 anos. Ou seja, do jardim-de-infância até ao 12º, o plano deverá reunir uma série de dados estatísticos para abordar, por exemplo, o fenómeno do abandono escolar, mas também ajudar a perceber se há grupos de pressão relativamente à violência que possam estar a condicionar a escola.

«A ideia é ter um retrato, o mais fiel possível, dos nossos alunos para podermos intervir nas mais variadas situações», revelou ao Semmais Natividade Coelho, coordenadora do designado Plano para a Igualdade do Agrupamento de Escolas Lima de Freitas. O caso do abandono escolar está entre as prioridades. «Vamos querer saber quem abandona mais. Rapazes ou raparigas? Em que idades?», avança a coordenadora, enquanto o “sucesso e insucesso» escolar também estão na linha da frente. «Onde é que as raparigas são fortes ou claudicam? Onde é que os rapazes são fortes ou claudicam? Depois, queremos cruzar uma série de dados estatísticos para que quando formos intervir possamos conhecer a realidade». O plano de que se fala não perde de vista a questão da violência entre as quatro paredes da escola. «Queremos saber se existem grupos de pressão relativamente à violência que condicionem o estabelecimento escolar, perceber se começam logo no jardim-de-infância, para podermos atuar o mais cedo possível junto dos alunos e famílias. Já temos professores a trabalhar nisso», acrescentou Natividade Coelho. A coordenadora do plano falava à margem de uma conferência que decorreu na escola, inserida no projeto «Juventude de Setúbal diz Não à Violência no Namoro», inserida na iniciativa Março Mulher, promovida pela SEIES, com o objetivo de dar visibilidade a dinâmicas locais que aprofundem o exercício da cidadania pelas mulheres. A campanha realizou-se entre os dias 16 e 20 de Março nas Escolas Secundárias Sebastião da Gama, Lima de Freitas e D. João II, em Setúbal, segundo explicou a presidente da SEIES, Patrícia Patrício, através de seis sessões de prevenção da violência no

namoro. Há ainda 180 fotografias nas quais os jovens dão a cara contra esta problemática, que continua a somar preocupações. Ciúme no namoro não é sinal de amor. Aliás, os dados revelados no encontro por Sofia Neves, do Instituto Universitário da Maia, falam por si. Quatro em cada dez namoros são marcados por episódios de violência em Portugal, segundo concluiu um recente estudo. Alguns casos assumem particular gravidade com ameaça de armas e estrangulamento. Ciúmes e tentativa de controlo do parceiro estão na origem das agressões, que muitos casais consideram «normais». E é aqui que reside a maior preocupação de Balbina Silva, representante do núcleo de Setúbal da Associação de Apoio à Vítima (APAV). «Quando vamos às escolas vemos que este comportamento, com alguma agressividade, é encarado com naturalidade pelos alunos. Acham

que o ciúme é um sinal de amor, isso começa a ficar enraizado e as pessoas não reagem», descreveu a dirigente, para quem são estes comportamentos que também explicam o flagelo da violência doméstica. Balbina Silva acrescentou que não há uma solução infalível, justificando que os casos variam segundo as pessoas, mas não

dúvida que quanto mais prematura for a intervenção, maiores serão as possibilidades de êxito. «Há professores muito empenhados, mas a escola, no seu todo, deixa passar estes problemas. É preciso que todos, escola, professores, pais, se juntem para trabalhar neste assunto, porque as várias campanhas não chegam a todos», resumiu.

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SOCIEDADE

Concessionários da Costa da Caparica ganham fôlego com redução de rendas Os concessionários das praias da Costa da Caparica vão beneficiar de uma redução de rendas de 47% e da extensão do prazo de contratos por mais cinco anos, anunciou esta semana o secretário de Estado do Ordenamento do Território e Conservação da Natureza, Miguel de Castro Neto. O anúncio foi feito, terça-feira, no âmbito da assinatura de um protocolo entre o Estado e o conjunto de empresários que ocupam a frente urbana dos apoios de praia daquela localidade, que conta ainda com a chancela da Câmara de Almada, Comissão Liquidatária da Costapolis e Agência Portuguesa do Ambiente.

Esta decisão vem no sentido de garantir aos concessionários a minimização de prejuízos por via dos atrasos do Programa Polis da Caparica, que não chegou a ser concluído, e das últimas investidas do mar na frente ribeirinha. «Com esta decisão, estes empresários passam a ter condições de continuar a sua atividade em igualdade de circunstâncias com outros que operam na mesma área», afirmou Paulo Edson Cunha, o advogado dos concessionários. Segundo o representante dos empresários, o protocolo permite assegurar, entre outras correções, «as justas reivindicações» dos lesados, que passa por refletir «o investimento

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que cada empresário realizou nos seus estabelecimentos», incluindo prazo e preço, a suportar por cada um. «É uma luta que começa a ter agora reflexos, iniciada há alguns anos, quando os concessionários se juntaram na sequência dos prejuízos causados pela devastação que os seus estabelecimentos sofreram», afirmou Paulo Edson Cunha. Entretanto, o membro do Governo anunciou ainda que o Governo vai avaliar a possibilidade de incluir algumas obras que estavam previstas para a Caparica no novo Quadro Comunitário de Apoio, de forma «a garantir o financiamento necessário».

Setúbal ganha dois novos espaços de lazer Com um investimento de 18 mil euros, é inaugurado este sábado, às 12h30, o Espaço de Lazer do Bairro 25 de Abril, com a presença dos presidentes da Câmara de Setúbal, Dores Meira, e da Junta de Freguesia de S. Sebastião, Nuno Costa. A obra, uma iniciativa da Junta de Freguesia de S. Sebastião, em parceria com o município sadino, destina-se, sobretudo, ao lazer e atividade física da população sénior do bairro e zonas envolventes. «Este novo espaço vem eliminar um problema de insalubridade, que, após a remoção do areal e das grades, foi todo pavimentado», realça Nuno Costa. Além da pavimentação, o espa-

ço ganhou quatro equipamentos geriátricos, duas mesas, rodeadas de quatro cadeiras, e 8 novas árvores. «Este recinto, onde funcionou um parque infantil, tinha muitas reclamações e, com base no diálogo com os moradores, quisemos dar-lhe uma nova utilidade que pensamos que vai ao encontro das suas expetativas», diz Nuno Costa. Mas antes, às 12 horas, no mesmo dia, é inaugurada a pista BMX, junto ao Parque Verde da Bela Vista, uma iniciativa do município, com o apoio da Junta de Freguesia de S. Sebastião. «Esta pista reúne todas as caraterísticas para acolher provas regionais, nacionais e internacionais», frisou o autarca.


INICIATIVA

Mercado Gourmet abre colégio à comunidade TEXTO RITA MATOS

No dia 9 de Maio, os produtos regionais e biológicos vão estar em destaque no Mercado Gourmet do Colégio S. Filipe. Para além das delícias gastronómicas, o dia promete muita animação.

Dia 9 de Maio é uma data a sublinhar no calendário. Quem quiser passar um dia “saboroso” e recheado de muita animação não deve perder o mercado gourmet do Colégio S. Filipe. Com um vasto e diversificado programa de actividades, o dia, aberto à população, promete ser inesquecível. O mercado gourmet vai colocar à disposição do público, para venda e degustação, os melhores produtos regionais e biológicos, desde os queijos de azeitão, às tortas, ao azeite, passando pelo mel, e não deixando de parte os morangos, os vinhos e toda a doçaria conventual. Para além de apresentar o que de melhor se faz na região, no que diz respeito à gastronomia, o mercado gourmet tem outro objetivo: dar a conhecer à população o Colégio S. Filipe, as suas instalações, os seus profissionais e todo o trabalho que realiza ao longo do ano. Susana Alves, responsável de imagem e comunicação da intituição, explica como surgiu a

ideia de promover um mercado gourmet dentro da escola. «Nós temos um espaço exterior muito apelativo onde fazemos muitas iniciativas com as nossas crianças, com os pais e com toda a comunidade escolar. Numa reunião pensámos: por que não fazer aqui um mercado gourmet e abrir o colégio ao público, em geral, para que este possa conhecer a nossa instituição e a nossa atividade? Resolvemos juntar o útil ao agradável. Será uma espécie de open day». Neste dia, todas as pessoas terão a oportunidade de visitar o colégio e de ficar a conhecer todo o espaço envolvente. «Queremos que vejam o colégio de outra perspetiva. Temos as salas de aula, o ginásio, a piscina, a quinta pedagógica, o campo aventura. Temos muito para mostrar!». Tendo sempre como pano de fundo as delícias gastronómicas da região e os produtos biológicos, vão ser diversas as atividades à disposição da população. Há iniciativas para todos os gostos e idades, tal como

explica Susana Alves. «Vamos ter vários espetáculos realizados por alunos e professores, muitas atividades desportivas no campo aventura, insufláveis, workshops, esculturas». Contudo, a oferta não se esgota por aqui, salienta Susana Alves, acrescentando que haverá ainda um almoço convívio. «Vamos ter porco assado no espeto e feijoada. Quem quiser, pode aparecer a partir das 11 horas». Parentalidade positiva, para pais de crianças entre os 3 e os 10 anos, música para bebés e comida vegetariana são temas dos workshops agendados para o “dia aberto” (os dois primeiros requerem inscrição através do nº 927551805). Para além destes, destaque ainda para o Workshop de Sumos Detox, promovido pela autora do livro “Sumos Detox – Um Copo Por Dia Vai Mudar A Sua Vida”. O Mercado Gormet vai contar com cerca de duas dezenas de expositores. À frente de uma das bancas vão estar alguns “pupilos” do S. Filipe. «Numa das bar-

raquinhas serão apresentados produtos nascidos e criados no próprio colégio. Nós temos uma quinta biológica e são as crianças que plantam, semeiam e colhem. Neste dia, elas próprias vão mostrar e vender as suas produções», refere a responsável pela imagem e comunicação do colégio. Para além divulgar a gastronomia típica da região e de dar a conhecer o colégio, enquanto instituição escolar, o mercado gourmet assume ainda outro intuito. «Queremos contribuir para a promoção dos produtores da região. Temos essa sensibilidade. Estes eventos, tal como as pequenas feiras, são uma boa forma que os produtores encontram para promoverem e divulgarem os seus produtos e a atividade que desenvolvem», realça Susana Alves. O Mercado Gourmet terá lugar no dia 9 de Maio, das 12 às 19 horas, no Colégio S. Filipe, Estrada Vale de Mulatas, nº 5, Setúbal.

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LOCAL

BREVÍSSIMAS

ALCÁCER DO SAL

Arcebispo de Évora elogia dinamismo de Alcácer

ALCOCHETE

aprova contas e Relatório de Gestão de 2014

ALMADA

premeia cantigas de abril

O executivo aprovou, por maioria, com abstenção do PS e do CDS-PP, na sessão de Câmara do dia 15, nos paços do concelho, a Prestação de Contas e Relatório de Gestão de 2014. Luís Franco caracterizou o ano em análise como um exercício de contenção e que traduz alguma recuperação financeira do município, ou seja, «uma redução da dívida global de 850 mil euros». «Mas o que é significativo é que a maior redução incida sobre a dívida de médio e longo prazos ao invés de incidir sobre a dívida de curto prazo», enfatizou Luís Franco, que acrescentou que neste contexto se verifica uma maior necessidade no que diz respeito à aprovação do Plano de Saneamento Financeiro, para de forma estruturada, convertendo a dívida de curto prazo em dívida de médio e longo prazo, permitir maior desafogo financeiro».

A grande final do 5.º Festival Cantar Abril terá lugar no dia 30, às 21h30, na Academia Almadense. Nesta noite, além de serem conhecidos os vencedores dos prémios Adriano Correia de Oliveira (Recriação), Ary dos Santos (Poesia), José Afonso (Tema Original), Carlos Paredes (Prémio Carreira), a cantautora galega Uxía, uma das vozes mais populares de Espanha, apresenta “Meu Canto”, o seu mais recente trabalho. O evento é um concurso bienal que pretende valorizar a música de intervenção e o seu papel na luta pela liberdade, através da recriação de canções da resistência de autores tão importantes como Zeca Afonso, Fausto, Sérgio Godinho e José Mário Branco, entre outros, ou da criação de temas inéditos. O júri é constituído por José Manuel David, Amélia Muge, João Afonso, Samuel e André Santos

BARREIRO

O Dia B ficou entre os 10 vencedores do prémio “Todos queremos o melhor para o nosso bairro”, organizado pela Comunidade EDP e a “Visão”, com o alto patrocínio da Presidência da República. O prémio, de 5 mil euros, reverterá para material a utilizar no DIA B, que terá lugar a 5 (nas escolas) e 6 (espaço público) de junho. O resultado do concurso foi divulgado dia 17, no mesmo dia em que foi apresentada publicamente a 4.ª edição deste projeto de voluntariado urbano. Carlos Humberto referiu que os cidadãos podem e devem construir soluções para o Barreiro. «O DIA B é uma forma de dar um contributo e corresponsabilizar todos pelo concelho que vamos construindo», salientando a importância do «ato de participar, em que todos damos um pouco de nós para que todos em conjunto possamos receber algo melhor».

GRÂNDOLA

O executivo aprovou, dia 14, em reunião de Câmara, o Relatório e Contas 2014. O documento, com abstenções do PS e do MIG, espelha o esforço realizado pela autarquia liderada por Figueira Mendes para equilibrar contas, reduzir dívida e o prazo médio de pagamentos a fornecedores, e desta forma, cumprir com a lei dos compromissos e pagamentos em atraso e garantir capacidade de investimento, principalmente, para o novo QCA Portugal 2020. No documento constata-se as muitas ações e atividades implementadas, mesmo com a afetação de verbas para abatimento da dívida e para o pagamento de compromissos assumidos pelo anterior executivo, que rondou 1 milhão de euros, só para obras. O documento refere as muitas “ações de valorização e dinamização das potencialidades do território, e a estimulação da economia local”.

MOITA

O Fórum Cultural José Manuel Figueiredo, na Baixa da Banheira, vai acolher o debate “Municipalização da Educação?”, promovido pelos Conselhos Municipais de Educação da Moita e do Barreiro e pelo Grupo de Professores em Defesa da Educação Pública e Universal. É já no dia 29, às 16 horas. Mário Nogueira, secretário-geral da Fenprof, José Calçada, presidente do Sindicato dos Inspetores da Educação e do Ensino, e os presidentes dos municípios da Moita e do Barreiro, Rui Garcia e Carlos Humberto, respetivamente, são os oradores deste debate, aberto à população. A Municipalização da Educação pode colocar em causa a autonomia das escolas e a Escola Pública e é neste âmbito que surge a necessidade de promover um amplo debate sobre este tema, bem como a petição pública “Municipalização da Educação?”.

premiado em projeto de voluntariado urbano

diminui dívida em mais de 1,6 milhões de euros

Moita debate municipalização da educação

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O arcebispo de Évora, D. José Alves, foi recebido esta semana nos Paços do Concelho pelo edil Vítor Proença, e manifestou «abertura e cooperação com o município, em função da melhoria da qualidade de vida das pessoas, porque afinal é isso que a igreja e a autarquia defendem sem perderem a sua identidade». D. José Alves, que iniciou em março uma visita às paróquias do concelho, já visitou Palma e Vale de Guizo. A visita termina este domingo. O edil agradeceu a presença do arcebispo em Alcácer, sublinhando ser de «grande importância a sua visita ao terreno, porque a autarquia e a paróquia querem ambas a melhoria da qualidade de vida da sua população, inteirando-se dos seus problemas e das suas dificuldades». O arcebispo frisou que a visita proporcionou um «conhecimento realista» do município.


LOCAL MONTIJO

inaugura requalificação do mercado

A inauguração da requalificação do mercado municipal, este sábado, às 11 horas, representa investimento de 800 mil euros. O edil Nuno Canta, que «gosta da obra final», considera que o projeto requalifica um edifício de 1957, que foi alvo de profundas obras, com vista a adequar o espaço às exigências comerciais, higino-sanitárias e funcionais, permitindo a sua valorização funcional e potenciando a sua frequência e utilização. «O projeto, apoiado pela UE, requalifica o edifício, dando-lhe um caráter patrimonial e cultural mais elevado», sublinha. A zona das frutas e legumes foi reabilitada; foram criadas novos espaços para as bancas de charcutaria; repavimentado o espaço da peixaria; reformulados os acessos pedonais; renovada a rede de telecomunicações, abastecimento de água e eletricidade e a pintura.

PALMELA

No âmbito da semana da freguesia de Quinta do Anjo, o município realizou, no dia 15, a reunião pública descentralizada numa coletividade local, tendo o município distribuído, pelo movimento associativo local, apoios que ascendem a mais de 106 mil euros. Bastante participada pela população, que aproveitou a presença do executivo para partilhar necessidades e preocupações, e ficou a conhecer o ponto de situação sobre vários projetos em curso para a freguesia, a reunião foi marcada pela unanimidade gerada em torno das oito propostas que integraram a ordem do dia. Além da aprovação do relatório de resultados do período de discussão pública do Plano de Pormenor de Bacelos e da ratificação da proposta de trabalhos a menos na rotunda da EN 379, que reduziu o valor da empreitada em mais de 24 mil euros.

SANTIAGO DO CACÉM

O dia 18 marcou a história da freguesia de Ermidas-Sado com a inauguração do Centro Cultural de Ermidas. «Uma mais-valia para a freguesia, sublinhou Carlos Parreira, presidente da Junta de Ermidas- Sado, que esteve acompanhado na cerimónia pelo edil Álvaro Beijinha. O presidente da Junta de Freguesia reforçou que o equipamento é «uma obra muito desejada pela população». Num investimento de 38 mil euros, o projeto foi candidatado ao Programa de Desenvolvimento Rural (ProDer) e teve a comparticipação da Junta e da Câmara. O novo espaço cultural está instalado no edifício, já existente, no jardim local, que foi agora requalificado, engloba uma sala polivalente que está equipada com sistema de som, projetor e tela elétrica, servirá para exposições, espetáculos, cinema e outras atividades; e um bar.

distribui mais de 106 mil euros pelo movimento associativo

investe 38 mil euros em novo espaço cultural

SEIXAL

Marta Hugon celebra no Seixal o Dia Internacional do Jazz SESIMBRA

venera Senhor Jesus das Chagas

SETÚBAL

Setúbal investe na área da mobilidade

SINES

Sines premeia qualidade de produtos de design sustentáveis

O Dia Internacional do Jazz, que se celebra no próximo dia 30 de abril, é comemorado na mesma data com um concerto que marca o regresso de Marta Hugon ao concelho do Seixal, desta vez para apresentar o seu último trabalho discográfico no palco do auditório municipal, pelas 21.30 horas. A cantora e compositora apresenta “Off the Record”, ainda em fase de finalização, onde aparece acompanhada pelos seus companheiros do costume, nomeadamente Filipe Melo, no piano, Mário Delgado, na guitarra, Nelson Cascais, no contrabaixo e baixo elétrico, e Luís Candeias, na bateria. Um disco que reflete a personalidade da vocalista que, para além do jazz, encontrou em Paul Simon, Joni Mitchell e Tom Waits a inspiração para esta nova aventura musical. A entrada para o concerto tem um custo de cinco euros. Jéssica Portugal, Karllos, Micaela e Sérgio Rossi vão animar a Festa em Honra do Senhor Jesus das Chagas, padroeiro dos pescadores de Sesimbra, dia 30, às 22 horas, no teatro João Mota, em Sesimbra. O espetáculo, organizado pela Irmandade do Senhor Jesus das Chagas pretende criar um momento de convívio entre a população local. O certame conta com os habituais divertimentos e vendedores ambulantes. A feira insere-se nas festividades em Honra do Senhor Jesus das Chagas, padroeiro dos pescadores de Sesimbra, que tem o seu momento alto dia 4 de maio, feriado municipal, com a procissão. O culto ao Senhor Jesus das Chagas, cujo início a tradição oral coloca em 1534, é a festividade mais importante para a comunidade marítima

A visão estratégica do município para a criação de uma cidade acessível a todos foi destacada quarta-feira, à noite, numa conferência que deu a conhecer os projetos em curso e planeados no setor da mobilidade. O vereador André Martins clarificou que as obras em curso ou já concretizadas «obedecem a uma visão estratégica integrada dinamizada pela autarquia e devidamente enquadrada na revisão do PDM». Na área dos transportes/mobilidade sustentável foi anunciada a aprovação da candidatura comunitária promovida pelo município, com investimentos assegurados de 100 mil euros. A deslocalização da estação rodoviária da Av.ª 5 de Outubro para a Praça do Brasil, com a criação de um interface modal nas proximidades da estação ferroviária, num investimento de 2,8 milhões de euros, foi igualmente abordado. Um projeto focado em produtos de design sustentáveis e 100 por cento portugueses conquistou o 1.º lugar no Concurso de Ideias do Sines Tecnopolo – CriAtividade. O projeto Matter, desenvolvido por Ana Lima, quer apostar no aproveitamento de desperdícios da indústria agroalimentar para criação de objetos de design sustentáveis. A arquiteta de 34 anos, responsável pelo projeto, referiu que a participação no CriAtividade foi «uma mais-valia, sendo muito importante para a adaptação da ideia ao mercado» e a viagem ao Dubai, prémio que ganhou, «está a gerar enorme entusiasmo», nomeadamente com a possibilidade de «trabalhar a ideia numa das maiores incubadoras do mundo». Em 2.º lugar ficou o Adamastor Smartwind, «um Barco Eco Gerador que transforma a marina num polo distribuidor de energia renovável».

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CULTURA SANTIAGO DO CACÉM ESCOLA DA GUITARRA DO MESTRE ENSINA 16 JOVENS A TOCAR

Chainho celebra 50 anos de carreira com álbum “Cumplicidades” TEXTO ANTÓNIO LUÍS

O novo álbum de António Chai-

nho, “Cumplicidades”, que assinala os 50 anos de carreira do guitarrista e compositor de Santiago do Cacém, já chegou ao mercado e conta com a participação, entre outros, de Ana Bacalhau, Sara Tavares e Pedro Abrunhosa. O CD, editado pela Sony Music, foi produzido por António Chainho e pelo seu diretor musical Ciro Bertini, com a assistência de Tiago Oliveira, e contém mais de uma dezena de novas canções originais e vários temas instrumentais para guitarra portuguesa, em que o músico é acompanhado, entre outros, pelo acordeonista Kepa Junquera e o trompetista Raul D’Oliveira. “Cumplicidades” sucede ao CD “LisGoa”, e conta ainda com as participações de Rui Veloso, Paulo de Carvalho, Fernando Ribeiro, Hélder Moutinho, Paulo Flores, Filipa Pais e Ana Vieira. António Chainho deposita expetativas «elevadas» no álbum, que na semana de saída atingiu

António Chainho mantém em atividade uma escola de guitarra portuguesa em Santiago do Cacém, onde se encontram a estudar 16 jovens. o 2.º posto do top de vendas da AFP. Neste CD, o artista pretende transmitir que «a versatilidade da guitarra em termos gerais» e deixar, também, «uma marca forte» do Alentejo que o viu nascer e que tanto ama. Ao fazer o balanço dos 50 anos de carreira, António Chainho confessa que «está feliz», pois a

guitarra portuguesa está a ter «a atenção que merece e, cada vez mais, os jovens estão a aprender a tocar este instrumento, e homens e mulheres a integrarem este instrumento nos seus concertos». E reconhece que está no bom caminho. «A reação do público tem sido muito calorosa que até já me emocionei nos concertos. Por todo o carinho e palavras de incentivo, julgo que estou no bom caminho». A digressão de “Cumplicidades”, que arrancou em Évora, já passou por Beja, Santa Maria da Feira, Estarreja, Loulé, Torres Vedras, Lisboa e Arcos de Valdevez, sendo que ainda vai passar por Santiago do Cacém, Coimbra e Lisboa. No estrangeiro estão agendados concertos nos Balcãs, Benelux e, talvez, Brasil e Argentina. A tour dos 50 anos terminará nos coliseus de Lisboa e do Porto, em finais de Janeiro de 2016. António Chainho mantém em atividade uma escola de guitarra portuguesa em Santiago do Cacém, onde se encontram a estudar 16 jovens.

Texto de Natália Correia que a PIDE proibiu em cena em Setúbal Nos dias 25 e 26 de Abril o Teatro Estúdio Fontenova levará à cena “O Homún-

culo” de Natália Correia, 50 anos depois da apreensão do texto pela PIDE, no Fórum Municipal Luísa Todi em Setúbal. Uma tragédia jocosa de Natália que subiu ao palco pela primeira vez no Portugal pós-ditadura pelas mãos da companhia. O encenador José Maria Dias diz-nos que “a sátira inspirada na figura de Salazar, não se circunscreve somente ao contexto de época, mental e sociopolítico que a motivou, a sua intemporalidade está na linguagem inventiva e ágil com que convoca o fazer teatral, bem como, na denúncia inteligente do despotismo repressor do pensamento livre e plural”. Salienta o texto como “uma raridade do teatro português que se situa no cruzamento entre a estética surrealista, o teatro do absurdo e a sátira política”. A coragem cívica da voz poética de Natália, e o seu singular talento como dramaturga, encontra-se bem patente nesta peça em que o reino da Mortocália é a metáfora grotesca de um país onde reina Salarim, uma espécie de novo rei Ubu e seus acólitos, representantes dos poderes eclesial (o Bispo), militar (o General), académico e corporativo (o Bobo Mnemésicus). Para José Maria Dias “fazer este espectáculo no dia 25 de Abril é colocar o Teatro ao serviço da memória colectiva, contribuindo para que esta não se apague e muito concretamente estes tempos nunca mais se repitam”. “O Homúnculo” é uma aliciante encenação contemporânea que realça o humor mordaz de Natália, com as interpretações de Bruno Moraes, Eduardo Dias, Ricardo Campos e Sara Costa que o encenador nos diz “à altura das exigências de um ritmo a que a estética da comédia d’el arte não é estranha”. O espectáculo é provocatório e convida-nos à reflexão sobre o abuso dos poderes do estado face ao exercício da cidadania activa de cada indivíduo. Nos dias 2 e 3 de Maio, o TEF levará ao Teatro Joaquim Benite em Almada o seu espectáculo baseado na “Saudação a Walt Whitman” de Àlvaro de Campos.

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CULTURA

Das coisas nascem coisas José Teófilo Duarte Designer | Art director

Os passos em volta Academia de dança com aulas abertas

AGENDA ALMADA

26DOMINGO16H00 NO ALVO

A Academia de Dança Contem-

porânea de Setúbal, no âmbito da 15.ª Semana da Dança, está a realizar, nas suas instalações, aulas abertas para crianças, jovens, pais e filhos. Dia 29, das 10h30 às 14h30, no Forum Luísa Todi, tem lugar o espetáculo da Pequena Companhia “Histórias de Mábi”, para miúdos e graúdos, e no dia 30, às 21h30, no mesmo palco, há espetáculo para o público em geral.

Teatro Joaquim Benite

“No alvo”, de Thomas Bernhard, com encenação de Rui Madeira, é a peça que conta a história de uma mãe e filha, que convidam um jovem dramaturgo para as acompanhar durante as férias. A mãe procura encontrar um sentido para o seu passado, recordando a sua relação com o marido falecido.

MONTIJO

26DOMINGO17H00 CANTO D’AQUI MÚSICA TRADICIONAL PORTUGUESA Teatro Joaquim D´Almeida

O grupo de música tradicional Canto D´Aqui, de Braga, volta ao Montijo para a apresentação de um espetáculo comemorativo da ‘Revolução dos Cravos’, num tributo aos principais nomes da música que marcaram a sua posição contra o regime.

ALCÁCER DO SAL

26DOMINGO16H30 CONCERTO COM GRUPO VOCAL ARSIS Auditório de Alcácer do Sal

O grupo vocal Arsis dá um concerto único de música vocal ‘a capella´. Constituído em 1978 pelo maestro Francisco d’Orey e alguns membros do Coro da Universidade de Lisboa, é dirigido pelo maestro Paulo Brandão. O Arsis é composto por 35 coralistas das mais variadas origens que têm em comum o gosto pela música.

SEIXAL

26DOMINGO16H00 O PALÁCIO DO NÃO TE RALES Cinema S. Vicente

“O Palácio do Não Te Rales” é a peça infantil, inspirada no conto “O Príncipe Feliz”, de Oscar Wild, que estreia este domingo e que nos fala do amor e da amizade entre uma andorinha e uma estátua, a de um príncipe que outrora que vivia no Palácio do Não te Rales.

PALMELA

26DOMINGO16H00 DUOVIDOSO - DANÇAS TRADICIONAIS Biblioteca de Palmela

O duo Duovidoso, além de duvidosos, são um duo muito novinho que levam na mochila mais de uma dezena de instrumentos junto de diferentes influências e experiências que permitem criar, interpretar e compor sonoridades.

ASA com revista de luxo A revista popular “Vivá Revista, em Santo Amaro, claro!”, de autoria e encenação de João Braga, continua em cena, na Academia de Santo Amaro, em Lisboa, com música e orquestração de Jorge Magalhães, coreografia de Fernanda Dias e figurinos de Joaquim Castelo. Os bombeiros, o parque Mayer, os polícias da Assembleia da República, os idosos, os investidores chineses e o panteão nacional são alguns dos quadros desta divertida revista que tem como revelações João Amiano (dança, canção e interpretação) e Marta Abreu (fado). Carlos Fonseca, o presidente da ASA, realça que o espetáculo a ter uma «muito boa» adesão do público e que João Braga foi uma «agradável surpresa» na primeira revista que escreve e encena para a ASA, embora seja ator da casa há vários anos. «As críticas têm sido muito favoráveis ao espetáculo, estamos muito contentes», refere, com orgulho. A revista fica em cena até aos arraiais dos santos populares, depois faz pausa em agosto e volta em setembro para ficar até haver público.

Quando alguém diz “isto também eu sei fazer”, quer dizer que o sabe refazer, se não tê-lo-ia já feito antes.

Bruno Munari, Da Cosa Nasce Cosa, Laterza, Itália, 1981. Publicado em Portugal, pelas Edições 70, com o título Das Coisas Nascem Coisas.

Bruno Munari escreveu este livro. Aqui explica para que servem os objectos e como se devem projectar. Para se conceber algo de novo deve-se entender antes o que já foi feito. Depois devemos perceber todas as envolventes técnicas, capacidades e limitações, e a que público se destina o utensílio ou o produto de comunicação. Quando o director deste jornal me lançou o desafio de projectar um novo rosto para o objecto em causa, fui pela enésima vez vasculhar o tratado do mestre. Esta obra acompanha-me sempre. Até a casa onde habito lhe deve muito. Um manual útil e interventivo. O design contra o luxo e a estupidez. Por culpa do folhear frequente e do tempo, esse grande escultor, como escreveu Yourcenar, as páginas já caem de maduras. Comprei uma edição mais recente — capa redesenhada pela FBA — para o poder usar de novo com toda a eficácia. E pronto. É inevitável. Sempre que lá volto deparo com qualquer coisa nova. As lições de mestre Munari adaptam-se naturalmente aos desafios contemporâneos. A cabeça de página destas minhas colaborações aqui no jornal são uma homenagem. Este jornal, o nosso caríssimo semmais, foi desenhado em tempos por Edgar Militão, entretanto residente algures na Nova Zelândia, mas responsável, à distância, por um desenho gráfico que funcionou. Acontece que a distância dita normas. Torna-se difícil a coerência inicial. Percebe-se. Percebendo isso, agarrei no passado tentando conciliar aspectos do trajecto que envolveram este projecto. Não se vive bem o presente sem se perceber o passado. Na DDLX, empresa que por circunstâncias várias dirigo, pegámos em exemplares anteriores da publicação e decretámos: está visto. O redesign vai ter em conta este histórico. Refizemos manchas, reordenámos colunas, desenhámos caixas e secções fixas, enfileirámos traçados. Mantivemos a fonte tipográfica. Aliás, promovemo-la à prestigiada categoria de titulo. Acima de tudo refrescámos e disciplinámos o desfile dos caracteres. Acho que a coisa faz-se. E acho que é assim que se faz. Dialogando. O Designer trabalha em grupo, insistia Bruno Munari. Espero que os estimados leitores não tropecem em alaridos visuais inúteis. O novo semmais está aí. Rejuvenescido e atento. Como se quer um jornal contemporâneo.

PASSATEMPOS Ganhe convites para o teatro Temos convites para oferecer

aos nossos leitores para assistirem à representação da peça “O Homúnculo”, de Natália Correia, pelo Teatro Fontenova, este domingo, às 21h30, no Forum Luísa Todi, em Setúbal, e, também, para a revista popular “Vivá Revista”, em cena na Academia de Santo Amaro, em Lisboa. Para se habilitarem aos convites, os nossos leitores só terão de ligar 969 431 0 85.

Muito cá de casa

As iniciativas Muito Cá de Casa, na Casa da Cultura, em Setúbal, continuarão a estar em destaque nesta minha participação. aqui no jornal. A próxima será a exposição de João de Azevedo, autor da capa do disco de José Afonso Com as Minhas Tamanquinhas. O artista aceitou o desafio de desenvolver esse trabalho. Chamámos-lhe, precisamente Com as minhas Tamanquinhas. Abre no dia 6 de Maio. Voltaremos a falar deste assunto.

SEMMAIS | SÁBADO | 25 DE ABRIL | 2015 | 9


POLÍTICA As notícias do golpe militar que ocorria em Lisboa estalaram em Setúbal bem cedo, como se os ecos dos capitães amotinados se ouvissem nesta margem. A cidade ansiosa e tensa seguia a par e passo todos os acontecimentos. Logo no dia 25 surgem pequenas manifestações em vários locais. São promovidas por grupos de jovens que saboreiam pela primeira vez a liberdade, testando a passividade das forças policiais.

Quando Setúbal acordou em Abril A primeira grande manifestação de apoio à revolução ocorrerá no dia 26. Será preparada e liderada pelos jovens que então militavam no Círculo Cultural de Setúbal. Será também aqui que se

Já antes do 25 de Abril, o Círculo se havia imposto como um espaço central de intervenção cívica.

Distrito tem novo sindicato fundado por dissidentes da UGT 10 | SEMMAIS | SÁBADO | 25 DE ABRIL | 2015

fazem os primeiros cartazes que nessa tarde serão empunhados na rua a exigir “O FIM à Guerra” e a reivindicar o fim da polícia política - “O Povo quer o julgamento dos crimes da PIDE”. O Círculo Cultural de Setúbal vai ser o epicentro de todos os acontecimentos. Já antes do 25 de Abril, o Círculo se havia imposto como um espaço central de intervenção cívica. Aí se organizavam numa teia informal de sociabilidades várias, jovens operários, estudantes universitários, estudantes liceais e da escola técnica, e outras figuras da elite intelectual setubalense. Politicamente a maioria destes jovens situava-se na orla do Partido Comunista Português, apesar de uma só pequena minoria fazer parte das suas estruturas organizativas. Alguns destes jovens estavam organizados no Movimento da Juventude Trabalhadora (MJT), estrutura semi-legal do PC para os jovens trabalhadores. Mas não só. A paisagem política do Círculo propiciava uma verdadeira mostra da esquerda destes anos. Aí compareciam militantes socialistas, do PRP, da LUAR, e também dos designados grupos de extração marxista-leninista.

HISTÓRIAS COM HISTÓRIA Albérico Afonso Costa

Historiador. Professor da Escola Superior de Educação do IPS José Afonso vai ser, sem dúvida, um dos animadores desta tertúlia político-cultural e uma referência fundamental e inigualável para estes jovens. Na noite de 25 e nas que se seguiram, o Círculo Cultural será pequeno para albergar todos os que queriam discutir e fazer o futuro. O jornal O Setubalense, de 29 de Abril, relata assim a primeira reunião ocorrida em liberdade: “A velha casa quase veio abaixo com a entrada de tantos os que queriam escutar, participar. Na rua em frente da Moagem, uma massa de gente, já sem lugar na sala, esperava notícias, enfim, tudo o que se pudesse saber”. Uma das primeiras decisões tomadas nessa reunião foi a ocupação da sede da polícia política e da Legião Portuguesa. A ocupação da sede da PIDE/ DGS ocorrerá no dia 27 de Abril. Uma delegação de cidadãos de Setúbal desloca-se ao Quartel de Vale de Zebro, no sentido de pedir ajuda dos fuzileiros para ocupar a sede da polícia política

em Setúbal. Nesta altura, os militares do Quartel do 11 haviamse declarado “neutrais” face à revolução em marcha. Estes, serão dias de ardência libertadora. Para coordenar todas as acções será criado o “Movimento Democrático de Setúbal”, um espaço frentista, que albergará todas as forças políticas de esquerda. Apesar das diferenças partidárias havia um passado recentíssimo de amizades e cumplicidades que não se desfaziam. Será, mais uma vez, no Círculo que este movimento funcionará. A memória destes dias, dias carregados de toneladas de presságios, esperanças e urgências, em que aquilo que se sonhava ficou aquém do que aconteceu, deve ser preservada e divulgada. Preservada, como um património, um tesouro de valor absoluto; divulgada, como a notícia feliz de uma utopia que se cumpriu e ao cumprir-se nos devolveu a liberdade.

Dissidentes da UGT na região avançaram para a criação de uma nova estrutura sindical. Chama-se Sindicato dos Trabalhadores do Concelho de Almada (STCA) e já foi apresentado com o objetivo de poder abranger todos os trabalhadores do município. Aníbal Moreira, um dos fundadores do STCA, explica que em 2013 vários elementos da UGT e SINTAP (Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública) decidiram abandonar a atividade sindical, devido às alegadas ligações partidárias, que «desacreditam os trabalhadores», sublinham, lançado este novo projeto, que pretende ser distante das forças políticas, visando alcançar uma «maior proximidade», através do slogan «Um sindicalismo de utilidade». Assumir causas com as quais não concordavam Ou seja, os dissidentes da UGT assumem que há dois anos atrás se deixaram de rever na central sindical, após uma participação ativa de vários anos, justificando terem chegado a «defender posições que não eram aquelas que melhor defendiam os trabalhadores». Daí que o STCA ambicione agora representar todos os trabalhadores independentemente das profissões e dos sectores de atividade, assumindo ser «o único sindicato que existe no distrito de Setúbal que representa todas as mulheres e homens», estando mesmo aberto aos trabalhadores precários, que «aqui poderão encontrar quem os represente e acompanhe», garante Aníbal Moreira.


DESPORTO CENTRO SOCIAL DE S. PEDRO

Mais de 39 mil euros dão novo rosto ao polidesportivo do Afonsoeiro

do V. Setúbal, já gravou a sua cena na telenovela da SIC “Mar Salgado”, líder de audiências televisivas em Portugal. Os fãs poderão ver a participação do

Colaborador

Pais e Filhos

Com a frequente citação popular de que “filhos de peixe sabem nadar” não pode constituir novidade de vulto o relembrar situações de futebolistas de qualidade descendentes directos de progenitores também famosos tais como João Vieira Pinto, Domingos Paciência, Pedro Venâncio e André, a actuarem em Portugal e os filhos de António Veloso, Arnaldo Silva, Nelson Moutinho e Washington, ao serviço de Clubes estrangeiros de reconhecida nomeada. atividades desportivas. A instituição gostaria também que o município instalasse no espaço um serviço na área desportiva e tenciona abrir uma oficina comunitária de bicicletas e um skate-park amovível, projetos estes que não foram aprovadas pela Segurança Social, mas que a instituição não desiste de procurar novos parceiros. O Centro Social de S. Pedro, que trabalha na área do combate à exclusão social, envolve 120 crianças do Afonsoeiro, Esteval e Pegões, e 100 famílias em várias atividades. «No espaço de um ano já passaram pelo nosso projeto social, cerca de 1 200 pessoas, sendo que 20 delas foram colocadas em estágio e emprego, o que mostra o sucesso deste projeto e a situação grave de desemprego que estamos a viver», vinca Catarina Marcelino, que no âmbito do novo Quadro Comunitário tenciona candidatar a institui-

ção para dar continuidade ao projeto social de instituição que acaba em junho. «Não vamos fechar portas em junho e dentro das nossas possibilidades manteremos algumas valências a funcionar». Já o edil montijense Nuno Canta considera que o projeto é de «grande importância» para a população do Afonsoeiro, uma vez que «permite a prática do desporto mas, também, estabelecer laços de amizade e de solidariedade para o futuro» na comunidade. Por seu turno, o presidente da União de Freguesias do Montijo e Afonsoeiro, Fernando Caria, agradeceu o trabalho da instituição em prol do desenvolvimento da freguesia e dos mais carenciados. «O vosso trabalho é tão importante e necessário aos jovens, crianças e famílias para que minimizem os problemas que encontram no dia-adia».

Frederico Venâncio vai entrar na telenovela “Mar Salgado”

Frederico Venâncio, defesa

DAVID SEQUERRA

Uma boa série

TEXTO ANTÓNIO LUÍS

Com um investimento superior a 39 mil euros, foi inaugurada a obra de recuperação do polidesportivo do Centro Social de S. Pedro, no Afonsoeiro, na manhã do passado sábado. Contou com financiado do programa CLDS+, da Segurança Social. O equipamento, que estava devoluto, foi totalmente recuperado desde o pavimento, às estruturas, como os balneários, tendo sido sujeito também a pinturas interiores e exteriores. Catarina Marcelino, diretora do referido centro, reconheceu que o espaço, que esteve fechado durante alguns anos, teve de aguardar financiamento, resultando numa obra de 40 mil euros. «Não queremos que este espaço seja apenas dos utentes do Centro Social de S. Pedro, mas sim de toda a comunidade porque o seu investimento tem de ser rentabilizado e utilizado em prol dos jovens, das crianças e da população, com vista à inclusão social e ao combate à pobreza», frisou. Nesse sentido, foi assinado um protocolo com o Estrela Futebol Clube Afonsoeiro, que envolve centenas de jovens, na aprendizagem do futebol, e tem um campo desportivo em terra batida, para que «os jovens possam utilizar o nosso recinto para treinar quando estiver a chover». Foi estabelecido também diálogo com a Escola Profissional do Montijo para que a celebração de um protocolo para utilização do mesmo espaço na área das

QUATRO LINHAS

futebolista na telenovela durante o mês de Julho. O atleta, irmão do nadador Tiago Venâncio e filho de Pedro Venâncio, ex-jogador do Sporting, trocou os relvados do Estádio

do Bonfim pelos estúdios de gravação da SP Televisão. O futebolista aproveitou a pausa nos trabalhos da equipa orientada por Bruno Ribeiro para fazer uma participação especial em “Mar Salgado”, cujas gravações têm estado a decorrer, na sua maioria, na cidade de Setúbal e em Troia. «Correu tudo bem, foi uma experiência engraçada e deu-me um gozo enorme», contou o craque ao jornal “Record”, afirmando que está ansioso por ver o resultado final. Venâncio teve, assim, a oportunidade de contracenar com diversos rostos conhecidos da ficção nacional, como Débora Monteiro, João Ricardo, Gonçalo Diniz e Tiago T. Pereira.

A série é boa e deu-nos o mote para a crónica de hoje. Compõem-na Tiago Pinto (Rio Ave), Gonçalo Paciência (F.C. Porto), André André (V. Guimarães), Frederico Venâncio (V. Setúbal), Afonso Taira (Estoril Praia) e Rui Correia (Nacional), todos na 1ª Divisão, além do muito cotado Bruno Alves a actuar na Turquia, sendo ainda possível citar alguns casos de boa transição familiar no âmbito da Divisão secundária de tão bom nível competitivo. Sem garantias de alcance total de memória quanto a progenitores que conheci melhor ainda cito os caos de Roderick (Rio Ave) e de João Novais (Leixões). Estou convicto de que há mais casos de sequência geracional. Da omissão involuntária antecipo desculpas. Também nos escalões dos mais jovens vão aparecendo promessas dignas de antecipada atenção. Apenas alguns exemplos para aguçar curiosidades: Bruno Wilson (filho e neto dos dois Wilson bem conhecidos) e os muito “miúdos” Folha (12 anos), ainda infantil do F.C. Porto, filho do treinador dos juniores “azuis e brancos”, António Folha, campeão mundial de 1989 e Conceição (11 anos), também infantil e filho de Sérgio Conceição, treinador do Sp. Braga. Estou certo que nas camadas jovens haverá outros valores a despontar para natural orgulho de seus pais. Daí que vos prometa que daqui a algum tempo voltemos a este tema, em jeito de mera curiosidade. Além fronteiras, ao mais alto nível competitivo, também há exemplos a referir, tais como Thiago Alcântara (Bayern de Munique), J. Cruiff (na Holanda) e Schmeichel (Inglaterra). Há mais, certamente, sem registado acesso a primeiríssimas figuras, nestes últimos tempos. Uma referência final bem pouco agradável: a de Edinho, filho de “Rei Pelé”, que falhou uma desejável carreira e enveredou por maus caminhos, torturando seu Pai. Preso, julgado, condenado a 33 anos de prisão efectiva, voltou à liberdade por concessão especial (o poder das “cunhas” do seu progenitor) e ressurgiu em diversos “media” porque através de Rivaldo, o “craque” da última década, vai ter uma recuperante oportunidade como treinador-adjunto de uma boa equipa. Será desta a recuperação. Talvez…

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NEGÓCIOS ENTREVISTA EM VÉSPERA DE MAIS UMA REUNIÃO DA “FAMÍLIA MONTEPIO”EM TRÓIA

Carlos Beato

Geramos confiança, promovemos crescimento e praticamos cidadania ativa TEXTO ROBERTO DORES IMAGEM DR

Em vésperas de mais uma ‘reunião’ da família Montepio, que ocorre pela segunda vez em Tróia, numa iniciativa dos Serviços Sociais da instituição, o responsável da tutela mutualista, Carlos Beato, explica como tem crescido o número de associados, a dimensão solidária e os projetos futuros. Sem esquecer as ligações à região.

Que balanço genérico é possível fazer agora no quadro das suas competências e tutelas da Associação Mutualista?

O Montepio Geral – Associação Mutualista, que comemora, este ano, os seus 175 anos de atividade, tem por missão responder às necessidades dos seus associados, aprofundar a economia social, a solidariedade, o associativismo e a cidadania, promovendo um crescimento sustentado e coeso e colocando a economia ao serviço das pessoas. A missão que tenho empreendido nesta que é a maior associação portuguesa definese, fundamentalmente, pelo aprofundamento do quadro de serviço, benefício e bem-estar de uma comunidade que se aproxima dos 650 mil associados e que usufrui de vantagens, descontos, condições especiais de utilização de um sem número de produtos, serviços e dinâmicas só possíveis a partir de uma gestão dedicada e atenta, mas também de uma rede sólida de parcerias, que tem vindo a ser alargada e consolidada. Há um crescimento notório do número de associados. Isso deve-se a quê?

Diria, antes de mais, que se deve ao reconhecimento do valor, da importância e da dimensão

de resposta que a Associação Mutualista garante aos seus membros, correspondendo às suas expectativas, necessidades e ambições. A Associação Mutualista Montepio, com os seus 650 mil associados, é a maior associação do país e uma das maiores da Europa. Não é provável que todas estas pessoas tenham decidido associar-se a este projeto, se a diferença, pertinência e os resultados do trabalho realizado não fossem notórios. Somos uma instituição do setor social da economia, disponibilizamos soluções de poupança e proteção e é o reconhecimento da diferença que geramos e afirmamos que tem contribuído também para promover o crescimento. Para além das questões de apoio social, que outras iniciativas quer destacar na decorrência das suas funções e competências?

Lembro a abertura do Espaço m, em Lisboa... Além das mais de mil parcerias que temos ativas e que proporcionam vantagens aos associados na aquisição de bens e serviços, da área da saúde à cultura, das telecomunicações aos combustíveis, destacaria os projetos que concretizamos – os espaços atmosfera m, instalados nas cidades de Lisboa e Porto, são disso exemplo – e que têm por objetivo promover, ainda mais, a cidadania ativa, a intervenção cívica, a solidariedade, a partilha e o estreitamente de laços com a comunidade de associados. Temos desenvolvido uma aposta forte na dinamização associativa, em projetos na área da comunicação associativa, na participação dos associados na vida da Associação. Naturalmente, que há sempre muito a fazer, mas penso estarmos no bom caminho. Em que medida as ações sociais, que são a base da existência da Associação, têm

ciação Mutualista disponibiliza vão ao encontro das necessidades das famílias, protegendo o imprevisto e preparando o futuro. Por outro lado, enquanto instituição do setor social da economia construímos, com as pessoas e para as pessoas, uma economia de dimensão humana, ajudando a fortalecer as estruturas que se dedicam à ação social e solidária. Depois de um período de crise que atingiu o movimento associativo, os últimos anos foram marcados por uma renovada confiança da população nas suas associações e nas instituições da economia social.

Serviços Sociais do Montepio, organizaram o seu encontro convívio anual em Tróia, com mais de um milhar de colaboradores, o que significou um grande êxito para a iniciativa. Este ano, vão voltar de novo a Tróia. Haverá aqui um dedo do ex-Presidente da Câmara de

no âmbito das suas tutelas?

Grândola, que guindou o ‘Novo Ciclo’, actual Administrador com a tutela da

É objetivo da Associação Mutualista Montepio, reforçar e alargar as parcerias que firmamos com entidades e que, sob essa perspetiva, possam vir a beneficiar os nossos associados. Nesta região, que é a terceira maior em termos de expressão associativa do Montepio, temos vindo a firmar parcerias que beneficiam os associados e de que, entre outros, constituem exemplos o acesso gratuito às Ruínas Romanas da Península de Tróia ou a aplicação de preços diferenciados na utilização dos ferries. Para o futuro, gostaria de destacar, por exemplo, uma outra parceria que estamos em vias de estabelecer com a Santa Casa da Misericórdia de Azeitão, cujos espaços visitei recentemente a convite do seu Provedor e da Mesa Administrativa, parceria essa destinada a assegurar vantagens aos associados Montepio, quer no novo e moderno Hospital da Misericórdia de Azeitão, quer nas valências de âmbito residencial, ou, um outro exemplo, o Campo de Férias que estamos a construir em Silves e que se destina a acolher as crianças filhas de associados ou de colaboradores Montepio.

fase de crise financeira e económica das

Do ponto de vista da coesão do mundo

famílias e das instituições que operam

Montepio quais foram as apostas e o

no mercado da beneficência e do volun-

que espera em termos de futuro?

tariado?

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O ano passado, e pela primeira vez, os

Que projetos novos podemos antecipar

concorrido para auxiliar o país nesta

Quando desenvolvemos trabalho orientado para uma comunidade tão significativa de pessoas e famílias, estamos naturalmente a contribuir para impactar o País. As soluções que o Montepio Geral – Asso-

instituição com mais de um milhão de associados, com intervenções nas áreas nas quais já opera, mas com aprofundamentos na área da saúde, por exemplo, e em novas áreas de intervenção, como o turismo, indo ao encontro das necessidades das pessoas, de um modo cada vez mais alargado e em termos complementares à oferta do Estado Social.

O crescimento do “mundo” Montepio, seja em termos associativos seja da contínua adequação das soluções que garantimos a quantos se juntam a nós, são apostas claras – o Montepio tem todas as condições para poder vir a ser uma

Associação Mutualista?

Os Serviços Sociais do Montepio procuravam um local que permitisse acolher mais de mil pessoas no seu Encontro Anual de Colaboradores e vieram falar-me porque entenderam que eu reunia condições para agregar parcerias e soluções que pudessem garantir resposta a esta necessidade. Conhecendo a região como conheço e tendo tido o papel que tive na sua afirmação e desenvolvimento, não seria compreensível não respondesse afirmativamente ao solicitado. Assim, em 2014 reuniram-se no Complexo de Tróia os colaboradores e famílias e, este ano, os Serviços Sociais do Montepio preparam-se para repetir a iniciativa, o que naturalmente me deixa muito satisfeito. Todos reconheceram a localização privilegiada, riqueza e beleza desta região e, no fundo, a região também beneficia da presença de um número tão significativo de famílias. Pode dizer-se, então, que nunca perdeu o contacto com ‘Grândola Vila Morena’, nem com a nossa região...

Naturalmente que não podia esquecer-me de uma região que tanto contribuiu para a minha vida, para as minhas memórias. Entendo que a memória curta não é boa conselheira. Sou um homem do Ribatejo, com mais de 40 anos de ligação a Grândola, à região de Setúbal e ao Alentejo. Não poderia ter perdido o contacto. Muito da minha vida, da minha carreira e dos projetos de que me orgulho está nesta região.

Relações com o distrito passam pela dimensão cultural, solidariedade e parcerias. A Instituição tem relações de parceria muito ativas na região, com um forte incremento nos últimos anos. Carlos Beato, que foi presidente da Câmara de Grândola em três mandatos, destaca «além das dimensões culturais, com realce para as Ruínas Romanas que já referi ou para o transporte nos ferries para Tróia», a parceria e o acordo, que está a ser ultimado com a Santa Casa da Misericórdia de Azeitão. «Trata-se de uma parceira que visa a utilização do seu hospital, um equipamento social de elevada e reconhecida qualidade que em muito poderá beneficiar os associados deste distrito que é, aliás, o terceiro do país em número de associados e, como tal, ainda mais relevante para o Montepio». Uma comunidade igualitária e com marca de futuro A comunidade associativa do Montepio tem, na sua maioria, idades compreendidas entre os 20 e os 60 anos, sendo preponderante a faixa entre os 20 e os 40, representando 35,5% dos associados. Sob os ideais de pertença, da partilha e da solidariedade, o Montepio afirma-se, ainda, como associação igualitária no que toca ao género dos seus associados, com a percentagem de homens e mulheres a diferir muito pouco: 50,7% associadas e 49,3% associados.


NEGÓCIOS

O 2.º Festival Ibérico do Vinho, mostra com os melhores produtos vinícolas e gastronómicos portugueses e espanhóis, realiza-se de 30 de abril e 3 de maio, na Escola de Hotelaria e Turismo de Setúbal. SETÚBAL 2.º FESTIVAL IBÉRICO DO VINHO

Programa

Promove néctares de qualidade A iniciativa, organizada pelo município, em parceria com a Associação da Baía de Setúbal com o objetivo de promover atividades destinadas à participação, envolvimento e troca de experiências dos profissionais do setor, é aberta ao público em geral e de entrada paga com oferta de um copo. O festival dispõe de feira de exposição e venda consti-

tuída por 34 expositores, a maioria de produtores de vinho da Península de Setúbal, de Reguengos de Monsaraz e das cidades espanholas de Cáceres e Almendralejo, mas também dedicados a licores, ostras, queijos, enchidos, doçaria e editoras da especialidade No evento são desenvolvidas diversas atividades, algumas mediante inscrição prévia e

pagamento, como provas de vinhos, sessões de cozinha ao vivo, workshops e apresentações, a par de musica e dança. A internacionalização dos produtos vinícolas é um dos principais objetivos traçados para o festival, assim como a expansão comercial dos produtores vinícolas de Portugal e Espanha. Nesta edição é dado espe-

Dia

cial destaque a Reguengos de Monsaraz, eleita Cidade Europeia do Vinho 2015, e a Cáceres, nomeada também para este ano cidade espanhola da gastronomia. Os bilhetes custam 3,5 euros para um dia, e 12 para os quatro dias. Há ainda entradas duplas, com direito e dois copos, a 6 euros para um dia, e a 20 para os quatro. Até aos 16 anos não pagam.

McDonald´s leva clientes a jantar com os D.A.M.A. A McDonald’s e os D.A.M.A. juntaram vários clientes e fãs, no dia 18, ao jantar, no restaurante McDonald’s do Barreiro Retail Planet, para a realização do terceiro concerto da “D.A.M.A. Road Trip”, que irá passar por dez restaurantes nacionais. Estes concertos, que decorrem entre 16 de abril e 30 de maio, inserem-se na mais recente campanha da McDonald’s, que visa dar a conhecer a nova oferta da McBox, direcionada ao público jovem, promovendo momentos de confraternização em torno da hora do jantar. Inês Lima, diretora de Marketing da McDonald´s, afirmou que o objetivo da iniciativa é o de «surpreender e promover eventos de proximidade junto dos nossos clientes». Por outro lado, acrescentou, «queremos que as pessoas vejam os nossos restaurantes como um destino para estar com os amigos e para o convívio». A ação está a «superar as nossas expetativas e estamos a conseguir momentos de grande emoção aos nossos clientes». Já Damásio Nogueira, o franquiado da McDonald´s no Seixal e Barreiro, realçou que a iniciativa foi «acarinhada de início», na medida em que envolve «um target jovem muito importante para a marca», e que «deve ser repetida» em anos vindouros. No Barreiro, o grupo esteve sempre bem disposto e interagiu bastante com os admiradores, tendo os fãs cantado e acompanhado os êxitos “Às Vezes”, “Luísa” e “Balada do Desajeitado” com aplausos. Um dos elementos da banda confessou: «Geralmente, escrevemos, nas nossas canções, coisas que já vivemos». O álbum de estreia “Uma questão de princípio”, dos D.A.M.A., constituídos por Francisco Pereira, Miguel Coimbra e Miguel Cristovinho, tem estado no top das vendas nacionais e já é disco de ouro.

30 ABRIL

17 horas - Inauguração oficial; 18 horas - Momento musical; 19 horas - O chef Vasco Alves inaugura o espaço dedicado à apresentação de cozinha ao vivo; 21 horas - O enólogo Nuno Rodrigues divulga os vinhos Tripé; 24 horas – Encerramento.

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1 MAIO

10h30 - O enólogo Mário Louro desenvolver uma prova de vinhos; 11 horas - Momento gastronómico dedicado a Cáceres, pelo chef Pedro Galan; 15 horas – Atuação do coral de Reguengos de Monsaraz; 16 horas - O chef António Latas dá a conhecer criações de autor; 17 horas – Apresentação dos vinhos de Reguengos de Monsaraz; 18 horas - Divulgação do livro “Óbvio”, de três participantes no “MasterChef 2014”; 19 horas - Cozinha dedicada a Cáceres chega pelo chef José Manuel Galan; 20 horas – Promoção dos vinhos da região da Extremadura espanhola; 22 horas – Fados com Deolinda de Jesus.

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2 MAIO

14 horas - Abertura do recinto; 16 horas - Cozinha ao vivo, com o chef Rita Neto, vencedora do “Masterchef 2014”; 17 horas - Mostra vitivinícola da Península de Setúbal, com o enólogo João Palhoça a apresentar vinhos da Adega Fernão Pó; 17h30 - Cozinha ao vivo, pelo chef Osvaldo Piuza; 18 horas - Prova de vinhos ibéricos; 20 horas - O enólogo António Saramago e o chef Nuno Gil apresentam “Harmonização de Sabores – Dueto Moscatel de Setúbal e Pastel D. Filipe”; 22 horas - Sevilhanas da Humanitária, de Palmela.

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3 MAIO

14 horas – Abertura do recinto; 15 horas – Atuação do Grupo de Danças e Cantares do Faralhão; 15h30 - Cozinha ao vivo com a chef Cristina Alves. 16 horas - O enólogo António Saramago divulga os vinhos da Casa António Saramago; 17 horas - O chef Blanquet dinamiza uma criação de autor. 19h30 – Encerramento.

SEMMAIS | SÁBADO | 25 DE ABRIL | 2015 | 13


ARCO RIBEIRINHO SUL VALORIZA

Área Metropolitana de Lisboa O projecto do Arco Ribeirinho Sul que abrange os territórios de Alcochete a Almada, na Península de Setúbal; já conheceu mais entusiasmo no passado recente do que no presente.

A ligação Barreiro Seixal e a ligação Barreiro Montijo com acesso à Ponte Vasco da Gama, permitirá melhorar as acessibilidades, o serviço de transportes e a mobilidade não só na Península de Setúbal mas também entre as duas margens do Tejo, Lisboa, bem como novo acesso, uma nova entrada, na cidade do Montijo. Esta melhoria na acessibilidade e transporte está indissociavelmente ligada a projectos e acções de qualificação e regeneração urbana ,ao aumento do emprego, bem como à melhoria do transporte de mercadorias de forma a garantir e proporcionar o acesso a um conjunto de bens e serviços às populações. Cuidar dos espaços do Arco Ribeirinho Sul significa potenciar o seu desenvolvimento no plano económico, social e cultural; investir, empregar

distribuir, de forma sustentável, equilibrada e justa permitirá a coesão social e territorial, a igualdade de oportunidades. Valoriza e defende os recursos naturais, o Estuário do Tejo, contribui decisivamente para a Valorização da AML. O Arco Ribeirinho Sul é um espaço privilegiado para desenvolver a estratégia da Politica Urbana da União Europeia, no Horizonte 2020. De facto, a melhoria das acessibilidades numa perspectiva integrada de ordenamento do território, permite um trabalho em rede e complementaridade entre as diversas áreas, assegura um desenvolvimento mais equilibrado e a sua competitividade com equidade, segurança e justiça, valoriza e salvaguarda os recursos naturais, ambientais, culturais, paisagísticos, mas principalmente os Recursos Humanos, as pessoas, como a mais importante riqueza da comunidade. É neste quadro que o Arco Ribeirinho Sul pode desempenhar um papel de catalisador, de valorização da Área Metropolitana de Lisboa.

Durante o Estado Novo, a doutrinação nos princípios ideológicos do regime foi evidente. À escola confiava-se a formatação das crianças e jovens para que se ajustassem aos esquemas de funcionamento e relações de poder gerados pelo salazarismo. O ensino era largamente elitizado, espelhando e perpetuando as desigualdades existentes. Vigorava uma política de livro único, sendo os manuais escolares autênticos missais, que prescreviam um ensino ritualizado destinado a consagrar o ditador e o regime. A implantação da democracia trouxe modificações assinaláveis em muitos setores da sociedade portuguesa. Entre as portas que Abril abriu contamse as do sistema educativo. Nestas instituições as transformações foram profundas. Hoje, a escola continua permeável às disfunções que existem fora dela, mas os seus benefícios democratizaram-se. Entre as grandes conquistas realizadas pela revolução de Abril surge a assinalável diminuição das taxas de analfabetismo. Com efeito, no início da década de setenta, o número de analfabetos ultrapassava os 25%. Hoje esse valor é residual. No Estado Novo a maioria dos que estudavam ficavam-se pelo ensino primário. Hoje o ensino obrigatório é de 12 anos e cresceu exponencialmente o número de portugueses com formação superior. Desde 1974 que os valores que

norteiam a organização e as finalidades da educação pública passam pelo desenvolvimento da capacidade de pensar e agir sobre o quotidiano, com vista à construção de uma cidadania ativa, no quadro de uma democracia participativa. Não obstante, é evidente o divórcio entre as pessoas e o sistema político, estando distante a realização da sua cidadania plena. Muitos portugueses estão descontentes com o regime democrático, não se sentem representados, desconfiam dos políticos, sentem que o governo traiu a sua confiança, quebrou as suas promessas e não explicou as suas decisões. Segundo dados do European Social Survey, em comparação com os outros europeus, os portugueses são os que revelam menos interesse pela política. São também os que apresentam menor confiança nas instituições. Estes sentimentos e este descrédito, constituem ameaças que podem colocar em causa o regime. A escola, a organização política e a sociedade têm de se continuar a transformar, para se tornarem realidades mais justas e coerentes; para ganharem sentido e serem entendidos pelos portugueses como instrumentos ao serviço da liberdade, da democracia e do desenvolvimento integral. Têm de continuar a trabalhar para que se cumpra Abril. Têm de continuar a trabalhar para que se cumpra Portugal.

OUTRA MARGEM Maria Amélia Antunes

Advogada, Presidente da Assembleia Municipal do Montijo À excepção do Terminal de Contentores, inicialmente previsto para a Trafaria e agora tudo indica poder vir a ser construído no Barreiro, com o apoio unânime das forças politicas representadas nos órgãos municipais (CDU, PS, PSD, BE, Movimento de Cidadãos Independente Palhais e Coina) não se conhecem outros projectos. No espaço territorial do Arco Ribeirinho Sul, o espaço público propriedade do Estado, de enorme potencial para a instalação de empresas e múltiplas actividades, destacam-se os terrenos da Margueira em Almada, da Siderurgia Nacional no Seixal, Quimiparque no Barreiro. Para estes terrenos abrem-se potencialidades de captação de investimento susceptíveis de promover a sua reconversão económica para novos usos, bem assim a sua regeneração e qualificação urbanística.

EDUCAÇÃO & CIDADANIA João Couvaneiro

Professor do Ensino Superior

Transformar a Escola, a Democracia e a Sociedade para construir a Terra da Fraternidade As instituições de educação e formação têm a responsabilidade de preparar os seus alunos para os diversos papéis e funções sociais. Pelo menos desde a Antiguidade Clássica que à escola foi confiada a missão de formar os cidadãos para a participação na vida pública, o exercício dos seus direitos e o cumprimento dos seus deveres.

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FIO DE PRUMO

OPINIÃO

Jorge Santos Jornalista

Abril Vivíamos numa escuridão de quase meio século, agravada com uma guerra colonial que nos últimos treze anos nos matou uma dezena de milhar de jovens de pouco mais de vinte anos de idade e fez também um sem número de estropiados, mas na madrugada de Abril foi-nos dada a luz que nos haveria de possibilitar viver sem as correntes que nos limitavam a esperança de construir um futuro baseado no constante polir da pedra bruta, seguindo a experiência dos mestres pedreiros. Um ano volvido sobre o fim do obscurantismo, passouse ao grau seguinte, com a realização das primeiras

É natural que no nosso dia-a-dia nem sempre consigamos caminhar em frente e com os passos adequados eleições livres e a Assembleia Constituinte reflectia a vontade de um povo que, nas urnas, dava mostras de ter força para ir construindo uma sociedade mais justa. A Constituição, aprovada em 2 de Abril de 1976, era o reflexo da força de um povo que continuava a dar mostras de que sabia e queria ser livre. É natural que no nosso dia-a-dia nem sempre consigamos caminhar em frente e com os passos adequados, mas é necessário que saibamos, quando nos é exigido, parar e, algumas vezes dar um passo atrás, para podermos criar condições para, de modo firme, retomar o caminho do futuro. Quatro décadas volvidas da conquista da Liberdade, é necessário que tenhamos a sabedoria de escolher quem consiga ter a força de vontade de acabar com a fome que cada vez mais assola as camadas mais desprotegidas da nossa população e, em simultâneo a criação de postos de trabalho, para podermos continuar a dizer Viva a Liberdade!


OPINIÃO

E Sines aqui tão perto Muitas têm sido as opiniões manifestadas acerca dum novo terminal de contentores a construir na margem esquerda do rio Tejo, antes num local da Trafaria e agora previsto para as antigas instalações da Quimigal, no Barreiro. Umas mais técnicas, outras mais políticas e até aquelas de índole estratégica que olham para Portugal num contexto mais vasto do que existe e pode existir nos portos do Mediterrâneo e da Europa do sul, ao nível de terminais de contentores, interpretando qualquer escolha neste domínio como sendo difícil num quadro de racionalidade de investimento num projeto desta envergadura. Como disse os argumentos repartem-se e todos eles procuram fundamento e legitimidade. Tanto aqueles que do lado da defesa do projeto mostram os benefícios decorrentes para uma região que é, naturalmente, o maior centro produtor e consumidor de Portugal, com escala e dimensão na procura de serviços a serem prestados por uma infraestrutura desta natureza, essencial às grandes cadeias de abastecimento, num mundo global e interdependente; como os que pensam que será um erro avançar para um projeto complexo, tecnicamente difícil e caro, com custos associados imprevisíveis e dificilmente explicável à luz dum retorno financeiro desejável para o futuro concessionário. E ainda, outros, que tentarão mostrar os benefícios de conciliar a necessidade dum terminal de contentores que satisfaça a região na importação e exportação dos seus produtos, com o aproveitamento de facilidades portuárias já disponíveis e subaproveitadas. A meu ver muita água correrá sob a ponte até que haja matéria palpável e se tenha uma decisão definitiva concretizada. Outro tanto não direi dos efeitos que parecem fazer-se sentir em decisões que se vão tomando, tipo remendos, em muito condicionados por esta saga do dito terminal de contentores de Lisboa a construir na margem sul, ao que se sabe no Barreiro. Atrevo-me até a pensar que o recente anúncio, feito com pompa e circunstância, duma pequena obra para operacionalizar um pequeno cais para feeder no Terminal de Contentores de Sines, possa estar relacionado com as indecisões do atual governo, uma vez que estava previsto e anunciado no PETI, um investimento de cerca de 139 milhões de euros, correspondentes à 3ª fase de expansão do Terminal XXI, que o colocaria num patamar de quase 3 milhões de TEU’s, contribuindo decisivamente para a sua afirmação na concorrência e competição com terminais congéneres. Não me querendo intrometer nesta discussão que traz à tona muito lodo e muita necessidade de dragar fundos e almas confusas, gostaria apenas de fazer alguma reflexão sobre a discussão que deveria merecernos atenção no que respeita à oportunidade de se construírem outros terminais de contentores em Portugal. Sendo esta uma questão impor-

A VERDADE DAS COISAS SIMPLES José António Contradanças Economista

tante, que não poderá apenas encontrar resposta na oportunidade de ter interessados em investir, assumindo todos os custos associados à construção e operacionalização duma infraestrutura portuária de grandes dimensões. Fazendo-se crer que, por ser um investimento totalmente privado, tem que ser forçosamente interessante e bom para o país. Como se não houvesse investimento privado motivado por outros interesses ou que nos confronte com o abandono de projetos que se venham a revelar pouco rentáveis no futuro. Recentemente, interessei-me pelo tema e conhecendo o trabalho duma especialista portuguesa a lecionar numa universidade de Antuérpia, avancei para a pesquisa e coligi dados sobre terminais de contentores na Europa & Mediterrâneo, tomando o pulso à sua localização, capacidade instalada e principais operadores/concessionários, bem como as linhas de navegação que lhe estão associadas ou que consigo trabalham. Mesmo considerando a intensificação dos fluxos do comércio internacional e uma crescente procura no transporte contentorizado de mercadorias na bacia do mediterrâneo, ambos concordamos que um novo terminal de contentores em Portugal é uma escolha difícil e que acarreta riscos significativos, tendo em conta a elevada oferta existente e a prevista, o que levará a uma concorrência feita através de custos portuários baixos, caso contrário corre-se o risco de perder mercado para portos com taxas mais baixas e capacidade disponível. É uma escolha difícil para qualquer das opções, seja ela privilegiando o transhipment ou querendo satisfazer tráfegos de origem/destino local. Se uma se confronta com uma estratégia competitiva agressiva de portos como Algeciras, Tanger, Gioia Tauro, Malta ou FOS/ Marselha, a outra é colocada perante a realidade dum país pequeno sem dimensão nas suas trocas comerciais que justifiquem tráfegos de import – export, incapaz de alargar o seu hinterland por falta duma boa

conetividade com locais mais distantes da vizinha Espanha. A par disto tudo acresce que, como sempre, partimos com alguns anos de atraso, verificando-se que em termos de Península Ibérica, os grandes operadores portuários de terminais de contentores (Hutchison Port Holdings; APM Terminals; NOATUM e Dubai Port World) têm efetiva presença nos principais portos espanhóis e o governo espanhol está, neste momento, decidido a investir largas somas através dum fundo de conetividade que vai permitir melhores e mais rápidas ligações rodoferroviárias, diminuindo os custos logísticos associados ao trânsito das mercadorias. Assumindo contornos de grande dificuldade a construção dum novo terminal de contentores em Portugal, seria avisado que no plano interno se procurassem alternativas sustentadas para melhorar a oferta de serviços portuários na área metropolitana de Lisboa, procurando aproveitar a capacidade instalada no Porto de Setúbal e por outro lado, decididamente continuar a apostar no Porto de Sines para tráfegos de transhipment. Penso que ainda se irá a tempo se quisermos ser ambiciosos e projetarmos para Sines um grande hub portuário na movimentação de contentores, porque contamos com o maior operador mundial de carga contentorizada, a PSA – Port Singapore Authority International, com um investimento total realizado na infraestrutura existente, à volta dos 329,9 milhões de euros e com projetos firmes para mais 200 milhões de euros de investimento, projetando o Terminal XXI para uma categoria igual à dos seus principais concorrentes na bacia do mediterrâneo. E como, neste caso, a ambição é legítima, podemos mesmo prepararmos para atrair os grandes players internacionais e criar oportunidade para a concretização de outros investimentos, que nos posicionem no ranking dos maiores terminais transhipment de contentores no Mediterrâneo e na Europa.

UM CAFÉ E DOIS DEDOS DE CONVERSA Edson Cunha

Economista

SEIXAL

A propósito do Relatório e Contas de 2014 Votar o exercício camarário de um ano civil é um acto aparentemente simples e ao mesmo tempo demasiado complexo. Aliás, deveria ser simples, porque deveria ser a simples confirmação de que as contas que nos são apresentadas são correctas e de que a taxa de execução seja, ou não aceitável. Mas todos sabemos que não é assim tão simples e que o que está em causa, em primeiro lugar não é um exercício puramente matemático, senão limitar-nos-íamos a ter uma tabela, com determinados valores, a partir dos quais aprovaríamos determinado exercício e outros em que não o aprovaríamos. A verdade é que aferirmos se um orçamento é bom ou mau, está dependente de critérios subjectivos – políticos e de critérios objectivos – os números finais e a obra realizada. Está igualmente dependente de factores como a realização do que o executivo inicialmente se propõe e também da obra realizada, da sua qualidade, da sua mais-valia para a população, do acerto nas prioridades definidas, de factores externos, como receitas e despesas extraordinárias e imprevistas, da conjuntura nacional, etc, etc. Ora, no caso concreto da Câmara Municipal do Seixal, num período de transição, onde vigora um Plano de Consolidação, fruto de um empréstimo concedido por um sindicato bancário, que impõe um conjunto de regras muito especificas e igualmente fortemente controlado pelas regras impostas pelo Governo, muitas delas reflexo da presença em Portugal da Troika com o seu famoso Memorando de Entendimento, levaram a uma alteração do paradigma da gestão comunistaapanágio de anos e anos de despesismo e escolhas erradas. Mais, com a nova postura, o executivo comunista, viu-se num dilema de praticar, no seu dia a dia, tudo aquilo que critica na política do governo central. Investiu pouco ou nada, aumentou impostos, veja-se o caso do IMI, onde a apesar da receita ter sido superior ao previsto em quase dois milhões de euros, a política castigadora da população não permitiu baixar esse imposto, bem pelo contrário, ou o que se passou em relação à derrama, ao não ter reduzido o imposto, conforme o PSD tão veementemente pugnou e como se impunha e como os resultados agora demonstram, pois a mesma proporcionou um encaixe superior a 100%, mais do que dobrando o valor orçamentado que era, recorde-se de € 800.000,00, quando o resultado final ficou a escassos cinquenta mil euros dos dois milhões de euros). Um executivo que se diz de esquerda, da esquerda mais amiga dos trabalhadores e que critica duramente um governo de direita e apelidado de liberal, mas que na prática não baixa os impostos, mesmo quando eles são positivos e permitiam essa redução, não pode nunca merecer o nosso aplauso. Assim como não pode merecer o nosso aplauso que esse mesmo executivo que enche a boca para falar mal da política do governo e das reduções das transferências orçamentais, seja o mesmo que nas suas previsões e nas receitas onde tem uma responsabilidade directa, onde lhe cabe ser o impulsionador da economia local, falha redondamente, perdendo quatro milhões de euros na receita de loteamento e obras e um milhão e duzentos e cinquenta mil euros no saneamento. Naturalmente que estou a falar de previsões do próprio executivo, portanto, ou eram irrealistas e isso se deve a sua responsabilidade directa o que é mau, ou foram mal executadas o que mau é. Já se referiu aqui o nível quase nulo de investimento e de obra visível que este executivo apresentou em 2014.

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