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VENDA INTERDITA Sábado | 26 julho 2014
Diretor: Raul Tavares
semanário - edição n.º 821 • 7.ª série - 0,50 € • região de setúbal
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voltamos no dia 16 c o nova ediç m ão do semm ais
AMBIENTE & ENERGIA Pub.
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AMBIENTE & ENERGIA | OPINIÃO
A Guerra dos Lixos promete aquecer o Ambiente
N EDITORIAL
Raul Tavares
É preciso continuar a trilhar caminho
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as duas últimas décadas as preocupações ambientais têm ganho um interesse vital, com resultados muito significativos na melhoria da qualidade de vida das populações. O distrito de Setúbal é dos exemplos paradigmáticos deste avanço, mercê de um combate e influência decisivas pela luta dos ambientalistas nos anos 90 e das políticas empresariais e autárquicas que colocaram nas suas agendas essas preocupações. A região passou a ter uma indústria mais cautelosa no que concerne aos impactos das suas atividades e uma grelha de instrumentos e regras por parte da administração central e autarquias que foram fazendo caminho. Na verdade nem tudo está ainda resolvido. Há um elevado passivo ambiental a ‘apagar’ e ações que estão longe de estar concluídas. Mas o caminho está traçado e sem retrocesso. Concorre também para este novo desígnio a maior consciência das populações e uma ação cívica mais consistente nos diversos patamares da intervenção pública. E numa região como a nossa, com áreas protegidas de encher o olho, uma biodiversidade cada vez mais notória e um território ecológico com bastas singularidades, é preciso continuar a arrepiar caminho. Porque cuidar, acautelar e preservar estas riquezas, numa coabitação sem mácula com a atividade económica, é também acrescentar peso e valor ao crescimento e ao desenvolvimento.
o início, em tempos idos, havia a recolha dos lixos que a cidade produz. Estes entretanto foram promovidos linguisticamente a “resíduos sólidos urbanos”. Dantes quem tratava geralmente desses assuntos era o departamento camarário responsável. Depois a CEE/União Europeia começou a enviar maquias gordas para tratar dessas matérias, antes pouco dignificantes (mas o dinheiro, o maganão, dá logo outro lustro às coisas…) e logo aparece um novo tipo de empresas, as multimunicipais, para gerir os sistemas “em alta” (outro eufemismo), quer dizer as infraestruturas onde depositar os lixos. O regime jurídico era o das PPP (não soa bem, pois não?...). Cada uma destas empresas gere, em regime de concessão, um sistema multimunicipal e intervêm num determinado território, compreendido pelos municípios que deliberaram integrar cada uma delas, enquanto accionistas (no modelo criado, uma empresa pública do Estado - no caso dos resíduos sólidos urbanos a EGF – Empresa Geral de Fomento - detém sempre 51% do capital, os municípios normalmente 49%) e enquanto utilizadores do sistema, com quem a entidade con-
Arlindo Mota Politólogo
“ Mas agora o governo de Passos Coelho decidiu privatizar a EGF, o que está a constituir um grande imbróglio pois que os accionistas são a EGF e as Câmaras Municipais e estas não estão de acordo com a privatização. E elas são os únicos clientes da EGF. Como fazer? ” cessionária celebra contratos de fornecimento. Deste modo, os municípios têm a posição ambígua de accionistas e clientes, o que tem produzido reparos do Tribunal de Contas. Os diversos concelhos da Península de Se-
túbal, constituíram a empresa AMARSUL, em cujo capital entra a EGF (a sub-holding do Grupo Águas de Portugal, uma empresa pública) e cada um dos municípios com a seguinte relação acionista: 51% do capital detido pelo Estado através da EGF, os restantes distribuídos pelos municípios. A AMARSUL passou assim a gerir o tal sistema de resíduos sólidos em regime de concessão. Em 1997, era então ministro do ambiente José Sócrates é implementado o PERSU I – Plano Estratégico Sectorial de Gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos (1997-2006) e, em 2007, o PERSU II. Deve-se ter em consideração que os investimentos em causa destas parcerias público-privadas são consideráveis para o nível de financiamento dos municípios. No sistema multimunicipal da Península de Setúbal gerido pela AMARSUL para um universo de 775 000 habitantes foi previsto um investimento, entre 1997 e 2020, de 70 100,0 (milhões de euros). Mas agora o governo de Passos Coelho decidiu privatizar a EGF, o que está a constituir um grande imbróglio pois que os accionistas são a EGF e as Câma-
ras Municipais e estas não estão de acordo com a privatização. E elas são os únicos clientes da EGF. Como fazer? A “Guerra dos Lixos”, como já está cognominada, está no auge, mas o governo não dá mostras de recuar. E o que se privatiza são as infraestruturas (aterros sanitários, etc…)? Não, esclarece o ministro da presidência “o que vai ser privatizado é a empresa que faz a gestão das infra-estruturas” e não as infraestruturas que “são públicas e continuarão públicas”.(Uma treta, diz Alice, é preciso é satisfazer a gula dos interesses privados…) O novo regime jurídico da concessão da exploração e gestão do sector dos resíduos urbanos define objetivos de serviço público que devem ser observados pelos sistemas multimunicipais. As palavras soam bem, mas escondem frequentemente a realidade, como se tem visto noutros países: garante-se a universalidade de acesso, a qualidade de serviço, a eficiência e equidade dos preços, bem como as metas (ambiciosas) inscritas no PERSU 2020. E ainda o lucro (recorda Alice)… Quadratura do círculo ou ainda vai dar muito que falar, durante muito tempo, esta “guerra dos lixos”?
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co e -18ºC para congelador) irá aumentar o consumo em 5%.
Poupar na Cozinha
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erca de 40% do total de consumo de energia de uma casa é feito na cozinha. Os números são assustadores, mas esta percentagem pode deixar de ser um fantasma na fatura mensal de eletricidade, bastando seguir, com atenção, algumas dicas de poupança. É importante optar pelos eletrodomésticos mais adequados para refrigerar e cozinhar – sem esquecer que os eletrodomésticos em fim de vida devem ser entregues para reciclagem. Devemos optar por eletrodomésticos de classe energética A ou A+, que gastam menos energia. Um equipamento de classe C gasta três vezes mais energia que um de classe A. Utilize torneiras que tenham a função para diminuir o caudal de água sem reduzir a pressão – poupando água e energia.
Se possível, equipe a sua cozinha com placas de indução, que são muito mais rápidas e eficientes que as placas elétricas ou vitrocerâmica. É que elas aquecem apenas os tachos, enquanto o resto da placa permanece fria para que não existam praticamente perdas de calor. No que toca a iluminação se possível use lâmpadas LED, lâmpadas de baixo consumo que têm uma vida útil 8 a 10 vezes mais longa que a das lâmpadas comuns, poupando até 80% da energia.
SABIA QUE:
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A tampa do tacho evita perdas de calor. Por isso, ao aquecer água ou ao cozinhar, tape sempre a panela. Se assim o fizer, irá poupar cerca de 20 a 30% de energia.
Pode poupar até 6 litros de água por minuto se simplesmente desligar a torneira ao lavar as mãos ou loiça. Além disso, ao substituir o vedante gasto irá poupar cerca de 15 litros de água por dia, ou seja, 5.500 litros por ano que se desperdiçam sempre que há uma torneira a pingar.
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O transporte da fruta por via aérea e fora de época implica um consumo de combustível 10 a 20 vezes superior do que se comprar a fruta da época localmente. Também gera muitas emissões de gases com efeito de estufa. Ou seja, os produtos da época são mais baratos mas também respeitam mais o ambiente.
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O arrefecimento é um processo que gasta muita energia. Cada grau acima da temperatura recomendada (5ºC para frigorífi-
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O frigorífico gasta menos energia se o descongelador for limpo regularmente, sobretudo o pó da parte de trás.
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Cerca de 15% do consumo mundial de água é usado em ambiente doméstico. Ao controlar o fluxo de água, a utilização poderá ser reduzida sem decréscimo da funcionalidade, sobretudo quando a água é usada para enxaguar, lavar e para higiene pessoal.
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Beber água da torneira ajuda a reduzir as emissões de CO2, poupando muitos recursos naturais usados no fabrico do vidro e do plástico. Para além da poupança na carteira. ENA
Ficha técnica Diretor: Raul Tavares; Editor-Chefe: Roberto Dores; Redação: Anabela Ventura, António Luís, Cristina Martins, Marta David, Rita Perdigão, Roberto Dores; Dep. Comercial: Cristina Almeida (coordenação). Projeto Gráfico: Edgar Melitão/”The Kitchen Media” – Nova Zelândia. Departamento Gráfico: Natália Mendes. Serviços Administrativos e Financeiros: Mila Oliveira. Distribuição: José Ricardo e Carlos Lóio. Propriedade e Editor: Mediasado, Lda; NIPC 506806537 Concessão Produto: Mediasado, Lda NIPC 506806537. Redação: Largo José Joaquim Cabecinha nº8-D, (traseiras da Av. Bento Jesus Caraça) 2910-564 Setúbal. Tel.: 265 538 819 (geral); Fax.: 265 538 819. E-mail: redaccao.semmais@mediasado.pt; publicidade.semmais@mediasado.pt. Administração e Comercial: Telem.: 93 53 88 102; Impressão: Empresa Gráfica Funchalense, SA – Rua Capela Nossa Senhora Conceição, 50 – Moralena 2715-029 – Pêro Pinheiro. Tiragem: 45.000 (média semanal). Distribuição: VASP e Mediasado, Lda. Reg. ICS: 123090. Depósito Legal; 123227/98
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AMBIENTE & ENERGIA | BIODIVERSIDADE
Parque Luís Saldanha, no Portinho da Arrábida é zona de investigação
Peixes falam lá entre eles para seduzirem as fêmeas Revelação de biólogos ao largo da costa entre Sesimbra e o Portinho da Arrábida, zona marinha considerada de grande biodiversidade, com o parque Luís Saldanha em grande destaque. tes a um charroco. «Depois as fêmeas escolhem os parceiros consoante os sons», s biólogos fazem a reveexplica Maria Gouveia, aluna de lação ao largo da costa do mestrado na Faculdade de Ciêndistrito entre Sesimbra e cias da Universidade de Lisboa no dia em que o MARE - Centro o Portinho da Arrábida. Os peixes também têm «voz» e o seu charme de Ciências do Mar e do Ambienvocal conta, e muito, à hora de te - chamou a atenção para as procurar acasalar. Por exemplo, pressões humanas no Oceano e para exemplares como o charroco, para a necessidade da sua conservação, que promoveu várias a corvina, o caboz ou o imenso grupo de ciclídeos – exemplares de atividades no Parque Marinho da corpo comprimido lateralmente Arrábida, em Sesimbra. e apenas uma narina. Mesmo a Entre as curiosidades sobre dezenas de metros de profundidade a vocalização dos peixes, os iné a «voz» que vale aos machos para vestigadores recuaram aos tematraírem as fêmeas. Porque não pos da segunda Guerra Munsão todas as «vozes» que dial, em que os pescatêm poder de sedução. dores da Califórnia que Sons das corvinas testado tinham as barracas nos E percebe que as no Parque Luís tonalidades variam nas próprios barcos onde Saldanha profundezas com redormiam, acordavam curso ao computador em pânico ao ouvirem que revela um pouco do que se motores julgando que iriam ser passa a mais de cem metros. O atacados por submarinos. Até resultado dos sons captados via ao dia que perceberam que era hidrofone permitem perceber apenas o som das corvinas que que aquele ruído de motor que tinham o habitat debaixo das suas casas. sai das colunas é, afinal, uma corvina e que o intenso coaxar «Quiseram tirá-las de lá pornão pertence a uma rã, mas anque não conseguiam dormir, mas Roberto Dores
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O Parque Marinho tem aumentado as espécies, mercê das intervenções dos investigadores
não foram autorizados porque isso seria condenar a espécie», explica Maria Gouveia, enquanto o investigador Manuel Eduardo do Santos explica que a falta de visão no fundo dos oceanos levou os peixes a desenvolver vários tipos de sons. «Como não veem bem os animais desenvolveram melhores capacidades acústicas, como de orientação e informação durante a noite», explica a bordo do galeão onde se tenta mostrar como se chega a essa espécie de diálogos entre os peixes ao largo do parque natural Luiz Saldanha, os mesmos que já estavam gravados de outras missões.
CSI pela preservação da biodiversidade Cortar uma pequena parte da cauda de um peixe vivo pode arrepiar? Pode, mas é o mesmo que um humano cortar as unhas ou o cabelo, sendo este um passo decisivo para perceber o estado de conservação das espécies. A investigadora Sara Francisco calça as luvas e entra em acção num laboratório improvisado na marina de Sesimbra. Qual CSI em nome da preservação da biodiversidade, demonstra como é trabalhar de genética até extrair o ADN a um pequeno sargo que vai ficar conservado em álcool. «Cortamos a cauda, por ser uma barbatana central, para que possa nadar equilibrado», explica, avançando que uma pequena porção é suficiente para várias análises, como a genética das populações, conservação, filogeografia e até gestão de stocks.
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AMBIENTE & ENERGIA | DISTINÇÕES AMBIENTAIS
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Praia do Carvalhal, uma das melhores do país e da Europa
O REPUTADO jornal “The Guardian” considerou numa das suas edições recentes as praias alentejanas como as melhores da Europa e aconselhou os seus leitores a esquecerem Ibiza ou a Riviera, e a partirem à descoberta de uma região «pouco explorada e com fantásticas zonas balneares». No artigo, em formato de guia, assinado pela jornalista Isabel Pub.
Chaut, são referidas aquelas que são consideradas as melhores praias da região, entre as quais “Vila Nova de Milfontes”, “Odeceixe”, “Almograve” ou “Carvalhal”, direcionadas para diferentes segmentos e motivações. De acordo com as escolhas do segundo jornal de língua inglesa mais lido em todo o mundo, o “Monte Costa Oeste”, em Odeceixe; a “Casa da Dina”, em
Malavado; a “Cerca do Sul”, no Brejão; a “Herdade da Matinha”, no Cercal; o “Três Marias”, entre Porto Covo e Vila Nova de Milfontes; ou a “Herdade da Nespereira”, em Odemira são unidades de referência na Costa Alentejana. Ao longo da reportagem, o The Guardian indica ainda algumas das atividades que os turistas podem desfrutar em cada destino, como por exemplo as caminhadas da Rota Vicentina, surf, caiaque e Donkey trekking, e destaca os campos de trigo e as aldeias pintadas de branco. Para a jornalista britânica, o Alentejo «distingue-se pelo seu charme, mais subtil do que o da Provença ou da Toscânia, os postais turísticos de França e Itália». Recorde-se que, este ano, é a segunda vez que o The Guardian sugere o Alentejo como destino turístico, uma recomendação também já feita pelo AOL Travel e pelo National Geographic.
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Praias do Alentejo eleitas as melhores da Europa pelo The Guardian
O galardoado com o presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas
Sines distingue Francisco Riem com prémio da Biodiversidade FRANCISCO Riem, um dos fundadores da Quercus foi galardoado em Sines, no âmbito do Festival “Terras Sem Sombra”, com o prémio internacional na área da Biodiversidade. O ex-dirigente da Quercus é licenciado em Economia pela Universidade do porto, Mestre em Gestão e Conservação da Fauna Selvagem Euromediterrânea, obtido pela Universidade de Leon, em Espanha e detém ainda uma Pós-Graduação em Arboricultura Urbana, pelo Instituto Superior de Agronomia da UTL. Para além da sua formação académica, ressalta a riqueza de participação na sociedade civil a ní-
vel da proteção do ambiente. Participou na fundação da Quercus, foi o segundo presidente da mesma, participou na fundação de outras ONG’s, nomeadamente a FAPAS – Fundo para a Protecção de Animais Selvagens e outras ligadas à defesa da Biodiversidade. A cerimónia, que também distinguiu Teresa de Berganza, na área da Música, e o presidente do Instituto Brasileiro de Museus, na área do Património Cultural, contou com a presença do ministro-Adjunto e do Desenvolvimento Regional, Poiares Maduro, Bispo da Diocese de Beja e outras personalidades. Pub.
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AMBIENTE & ENERGIA | EMPRESA Empresa com raízes na Serra da Arrábida mostrou atividade e valores ambietais
População setubalense tem aderido com grande entusiasmo ao Portas Abertas A iniciativa Portas Abertas da fábrica Secil-Outão, que este ano celebrou 10 anos de existência, voltou a ter grande entusiasmo da população de Setúbal. Este ano foram realizadas três sessões que envolveram cerca de cem pessoas. Na mesma altura, a Secil distribuiu 140 mil euros a 80 associações e colectividades sadinas. Apesar da quebra no volume de negócios, a empresa garante que até ao limite tudo fará para continuar a apoiar a causa associativa. António Luís
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acção Portas Abertas tem permitido à Secil uma relação mais próxima entre a comunidade e esta importante indústria da região. Ao longo destes 10 anos foi possível mostrar a história, a evolução e as actividades que asseguram uma produção sustentável. No Portas Abertas, os visitantes, que são transportados até à fábrica da Secil-Outão em autocarro cedido gratuitamente pela empresa, têm oportunidade de assistir a uma apresentação em sala sobre a actividade da Secil, a cargo de Victor Vermelhudo, do Centro de Desenvolvimento de Aplicações de Cimento da Secil. Os grupos de visitantes passam, depois, pela pedreira e pelos viveiros para tomarem contacto com todo o trabalho que é feito em termos de recuperação e requalificação, em especial nas pedreiras. Os visitantes têm ainda oportunidade de ver a antiga fábrica (de via húmida) da Secil-Outão e assistir ao processo de fabrico do cimento, bem como passar pela sala de comando. Nuno Maia, director de comuOs participantes nas ‘Portas abernicação institucional, fez um batas’ numa sessão com responsáveis da empresa lanço «claramente positivo» de uma iniciativa que já envolveu mais de 5 mil pessoas na visita à fábrica da Secil, sublinhando que se trata de da. Os visitantes puderam testeuma acção que pauta pela «transmunhar a evolução ocorrida na anparência e proximidade» com a cotiga fábrica, cujo investimento ronmunidade onde a empresa está indou os 22 milhões de euros. Em 2006 os visitantes conheceram o serida. «Quanto mais as pessoas processo de valorização de resípossuírem informações sobre as duos e visitaram os locais de arorganizações, mais confiam nelas. Estamos conscientes do bom tramazenagem dos combustíveis albalho que aqui fazemos e gostaternativos. “Recuperação Paisagísmos de receber as pestica e Biodiversidade” foi Historial do soas para que vejam e o tema de 2007, onde foi Portas Abertas possam apreciar, por si, celebrado um memoranregista iniciativa do de entendimento com o esforço da Secil em prol de sucesso do desenvolvimento suso Instituto Nacional de tentável da nossa comunidade», Conservação da Natureza e da Biovinca, Nuno Maia. diversidade para a realização de esO Portas Abertas arrancou em tudos científicos para a manuten2004, tendo como ponto alto a vição e desenvolvimento da biodiversidade em pedreiras. Em 2008 sita às pedreiras para mostrar o processo de reflorestação em curo tema escolhido foi “Energia e Amso, que deu os primeiros passos em biente”, onde os visitantes ficaram 1982, com a colocação de um mia conhecer as medidas da emprelhão de plantas mediterrânicas. Em sa em termos de eficiência energé2005, foi apresentado o projecto tica e de minimização dos impacde requalificação visual e paisagístes ambientais. Em 2009, a “Bioditico da antiga fábrica de via húmiversidade na Arrábida”, foi o lema
Secil distribui 140 mil euros ao movimento associativo A SECIL entregou este ano a 80 colectividades e associações de Setúbal cerca de 140 mil euros, numa cerimónia que decorreu na antiga fábrica. Na última década, a empresa, que produz cimento de qualidade, há mais de 80 anos, já doou mais de 2 milhões de euros à causa associativa. Gonçalo Leite, presidente da Comissão Executiva da Secil, afirmou que é um orgulho para a Secul «poder ajudar a cidade e a região a incluir os excluídos, a fomentar a cultura e a prática desportiva, a manter viva a identidade cultural sadina e azeitonense». O responsável reconhece que, nos últimos tempos, não tem sido fácil a Secil assumir estas ajudas, devido à quebra do volume de negócios da Secil em Portugal. «O consumo de cimento baixou em 2013 em Portugal, para níveis
que realçou a importância das práticas promotoras da biodiversidade paisagística e a promoção da vida animal. No ano seguinte, o tema foi “Uma homenagem ao passado, a olhar sobre o futuro”, onde se deu enfoque à evolução das diferentes
verificados em 1972. Até ao limite, tudo faremos para manter esta linha de actuação, porque as associações também atravessam um momento difícil e, por isso, precisam da nossa ajuda». Todavia, a Secil, com fábricas no Líbano, na Tunísia, em Angola e no Brasil, orgulha-se de «em 2013 ter sido o maior carregador do porto de Setúbal». Entre as colectividades e associações apoiadas, destacamos o Banco Alimentar Contra a Fome, a Cruz Vermelha, a Associação “Meninos de Oiro”, a Associação de Dadores de Sangue de Setúbal, o Coral Luísa Todi, o Clube Naval Setubalense, o Núcleo dos Amigos do Bairro Santos Nicolau, a Sociedade Perpétua Azeitonense, os Pelézinhos, o Conservatório Regional de Setúbal e o Rancho das Praias do Sado.
vertentes da empresa durante os mais de 80 anos da fábrica. A edição de 2011 foi dedicada à “Ciência”, tendo os visitantes tomado contacto com o trabalho científico desenvolvido na Secil no âmbito da identificação e mitigação de
impactes. Em 2012 deu-se destaque ao Prémio de Inovação para a Sustentabilidade alcançado pela Secil e, em 2013, o Portas Abertas foi interrompido, uma vez que a empresa fez-se representar na Feira de Sant´Iago, com um stand.
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AMBIENTE & ENERGIA | ÁREAS PROTEGIDAS
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Serra da Arrábida, com a sua sumptuosidade e beleza, dimensão florestal, biodiversidade e segredos, é um dos principais ícones ambientais da região. Apesar de não ter sido ainda classificada como Património Mundial da Humanidade, num processo moroso e muito complicado, a serra arrabina, localizada na margem norte do rio Sado, apresenta uma flora rica em espécies mediterrânicas, tais como a azinheira, o sobreiro e o carvalho. Outrora pejado de habitações clandestinas, devido a ser banhada pela costa, a Parque Natural da Arrábida (PNA), criado em 1976, dispõe de matas protegidas e esconde múltiplos segredos, nomeadamente no Conventinho da Arrábida, erigido por monges. Na serra viveram Frei AgosPub.
tinho da Cruz e o poeta Sebastião da Gama, que fizeram da serra um motivo recorrente das suas obras. A criação do PNA, que se estende por uma área de 10.800 hectares, é a salvaguarda de uma vegetação ‘maquis’, de tipo mediterrânica, nascida deste tão singular microclima com semelhanças a regiões adriáticas, como a Dalcácia. E possui uma fauna bastante diversificada, apesar de ter sofrido grandes alterações desde o século XIX. Segundo a literatura sobre a Arrábida e a sua serra, até ao início do século XX era possível observar lobos, javalis e veados. Da fauna atual fazem parte, entre outros, o gato-bravo, a raposa, a lebre, a perdiz, o morcego, a águia de bonelli, o bufo-real e o andorinhão.
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Majestosa serra da Arrábida protegida por parque natural
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AMBIENTE & ENERGIA | ÁREAS PROTEGIDAS
Mata Nacional da Machada
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Mata encontra-se hoje, sob a gestão da Direcção Regional de Agricultura do Ribatejo e Oeste e ocupa uma área com cerca de 385,7 hectares. Sendo a única área florestal de razoável dimensão do Concelho, a Mata é considerada o “Pulmão da Cidade” e um local privilegiado para actividades de recreio e lazer, dispõe de um parque de merendas e diversos fontanários, além de um Centro Ambiental e de uma rede de estradas e caminhos frequentemente utilizados para práticas desportivas, permitindo à população uma melhor qualidade de vida.
A PAISAGEM Protegida da Arriba Fóssil da Costa de Caparica é uma área protegida criada em 1984 e abrange uma área total de 1570 hectares ao longo da arriba litoral Oeste da Península de Setúbal, estendendo-se pelo concelho de Almada e o de Sesimbra. É denominada arriba fóssil não por serem fossilíferas as camadas de idade miocénica que compõem a sua maior parte, mas por já não se encontrar em contacto directo com o oceano, não sofrendo erosão marinha. As arribas activas são as que se encontram sob influência directa da ero-
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DESIGNA-SE Mata Nacional da Machada, a propriedade constituída pelo antigo Pinhal de Vale de Zebro e pela Quinta da Machada. A Quinta da Machada pertencia ao “Convento de Nossa Senhora da Luz da Ordem de Cristo”, mas quando foram extintas as Ordens Religiosas em 1834 foi adquirida por um particular, sendo mais tarde aforada ao Estado que a anexou ao Pinhal de Vale de Zebro. Encontra-se situada no centro da Península de Setúbal, entre as povoações de Coina, Palhais e Santo António da Charneca. Sujeita a Regime Florestal esta
Arriba Fóssil da Costa de Caparica
são marinha, apresentando o perfil anguloso e o recuo típico deste tipo de arribas. Nos estratos geológicos de idade miocénica que constituem a Arriba Fóssil podem encontrar-se vários exemplares de fósseis, sobretudo fósseis de organismos invertebrados marinhos, predominando os fósseis de bivalves, degastrópodes e de equinodermes. A área de Paisagem Protegida da Arriba Fóssil, como seu nome indica, é uma zona protegida, onde a captura de animais e a recolha de plantas e de fósseis é proibida, sob pena de aplicação de sanções. Pub.
As lagoas naturais de Albufeira, Melides e Santo André A LAGOA de Albufeira localiza-se no concelho de Sesimbra. É alimentada pela água doce das ribeiras da Apostiça, Ferraria e Aiana, e pela água salgada do mar, quando o cordão dunar é aberto oficialmente na Primavera, com menor ou maior dificuldade, como acontece esta época, com três tentativas de ligação ao oceano. É constituída por três lagoas: a Grande, a Pequena e a da Estacada. Ao atingir 15 metros de profundidade máxima, a Lagoa de Albufeira, é considerada a mais funda de Portugal. Integra desde 1987, a Reserva Ecológica Nacional, sendo uma zona de proteção especial de aves. Localizada na Costa Alentejana, junto à praia com o mesmo nome, a Lagoa de Meli-
des estende-se para o interior através de vários quilómetros de arrozais e tem a norte uma falésia de arenito. É um dos locais mais interessantes para observação de aves, como patos, rapinas e limícolas. A Reserva Natural das Lagoas de Santo André e Sancha (Santiago do Cacém), criada em Agosto de 2000, insere-se em dois sistemas lagunares costeiros de grande importância biológica, nomeadamente em termos ecológicos, ictiológicos, botânicos e ornitológicos. As duas envolventes desempenham um papel fundamental na proteção das lagoas e apresentam uma vegetação característica, incluindo algumas espécies endémicas. A faixa litoral constitui uma zona de passagem de golfinhos e aves.
Valor ambiental do Sapal de Coina O SAPAL de Coina é uma zona húmida e lodosa, que alaga temporariamente com a subida das marés. As plantas que aqui se encontram, como o junco-marítimo, o caniço, o limónio ou a morraça, estão adaptadas a estas condições, apresentando resistência às inundações e tolerância ao sal. As suas águas pouco movimentadas, ricas em nutrientes, funcionam como viveiro natural. São locais de grande variedade biológica muito procuradas para alimentação e reprodução de várias es-
pécies aquáticas. A generalidade das aves que aqui nidifica, como os flamingos, alfaiates ou garças, apresenta pernas altas e bicos longos com que procuram alimento no lodo. Para os peixes, o sapal é eleito como local de desova, assemelhando-se a um “berçário” nas primeiras fases do seu ciclo de vida. Adicionalmente, o sapal apresenta um importante valor natural, desempenhando diferentes funções do ponto de vista ecológico e de protecção do ambiente.
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AMBIENTE & ENERGIA | ZONAS ESTUARINAS
Os encantos que navegam nos nossos estuários do Tejo e do Sado em constantes equilíbrios
Estuário do Tejo: as suas embarcações tradicionais são ex-libris
O Tejo e o Sado são as bases de um cultura estuarina rica de biodiversidade, trabalho e de gentes. Preservar é a aposta.
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m comum têm o facto de estarem entre os maiores santuários de vida selvagem de Portugal. Estuário do Tejo de um lado. Estuário do Sado do outro. Separados por escassos quilómetros, já viveram dias piores, mas vêm conhecendo tempos de alguma mudança. Lenta, ainda assim, mas vai-se processando. As águas surgem menos contaminadas, numa altura em que persiste a aposta na construção de infra-estruturas habilitadas a deixar o ambiente cada vez mais subtraído dos agressores. O fim da indústria pesada também ajudou. A classificação da praia da
Estuário do Sado: Piscicultura entre as suas riquezas
Ponta dos Corvos (Seixal) com A Estação de Tratamento de o estatuto de balnear – tendo sido Águas Residuais (ETAR) do Bara primeira vez que uma zona flureiro e Moita, da responsabilivial do Estuário do Tejo alcandade da empresa Simarsul, funça tal distinção – é o sinal “mais ciona em pleno, tratando cerca de 90% dos esgotos do Barreiclaro de que as coisas estão a mudar”, segundo Francisco Ferro e 92% do concelho da Moita. reira, da Quercus, para quem a A conclusão deste trabalho vai contribuir decisivamente para aposta das autarquias no tratamento de esgotos já está a dar a melhoria da qualidade da água frutos. “É provável que venhae da sua atractividade, permimos a ter mais praias do estuátindo até trabalhar a reintrodurio que se destaquem pela quação de espécies, diz a tutela, lidade das suas águas em breexemplificando os casos da osve”, admite, sustentando ser esta tra ou as culturas regionais de uma das melhores noarroz, ou mesmo a criaEstuário do Tejo ção de troços navegátícias que o Tejo pode é o maior receber. veis no rio, com circuida Europa O Ministério do Amtos turísticos e a criaocidental biente acredita mesmo ção de portos náuticos que em breve o estuário deverá e marinas. Recorde-se que o estuário ficar completamente despoluído, porque o rio deixa de recedo Tejo é o maior da Europa ociber descargas directas de esgodental, com uma área molhada tos. Ou seja, os sistemas de invariando entre os 300 e os 350 tercepção e tratamento de águas quilómetros quadrados, em funresiduais já existentes nas duas ção da maré, estendendo-se por margens do rio passaram a tramais de 14 mil hectares entre a tar os esgotos de mais de três Lezíria, as águas do Tejo, salimilhões de habitantes. nas e três ilhotas, conhecidas
por «mouchões». tras espécies com maior notoriedade em termos de populaJá o estuário do Sado, conheção nacional ou até europeu. É cido, sobretudo, pela célebre poo caso da população invernanpulação residente de golfinhos, te dos Alfaiates (que represenexibe inúmeros argumentos de tam 10 a 20% da população inpeso com os quais se está a provernante na Europa) e o Ganso mover pelos quatro cantos de – Bravo (cuja colónia está prómundo. Criada em 1980, a reserva naxima dos 99% da população natural oferece uma variedade de cional). Também no inverno, sopopulações de espécies de aves, bretudo nos invernos mais rigorosos, é na Reserva caso do flamingo e do Salvaguardar milherango, sendo que do Estuário do Sado que espécies e a acção do ICNB (Inshabitats tem sido se instala parte importituto de Conservação tante da população despreocupação da Natureza e Biodiverta espécie avícola. A prioridade rumo ao futusidade) passa, essencialmente, ro aponta a salvaguardar das pela gestão do espaço físico. O objectivo é a salvaguarda áreas de sapal e de espraiado de de espécies e habitats, assegumaré, assegurando que nas áreas rando ainda a vigilância sobre de antigas salinas as actividaeventuais actividades prejudides aí instaladas sejam compaciais à conservação da naturetíveis com as necessidades ecoza. Um dos exemplos é a degralógicas das espécies avifaunísticas. dação de sapais entre marés ou O estuário do Sado prolonoutros biótopos, pesca e caça ilegais. ga-se entre Alcácer do Sal, GrânPor “terras” onde os flamindola, Palmela e Setúbal, estengos também acabam por ser a dendo-se ao longo de 50 quilóimagem de marca, existem oumetros.
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AMBIENTE & ENERGIA | ENTREVISTA
Francisco Ferreira em entrevista faz balanço da situação no distrito
Região tem vindo a melhorar a sua situação ambiental
O ex-presidente da Quercus dá nota favorável à melhoria do ambiente no distrito, fala de autarquias bipolares e lembra ‘sustos’ do passado e antevê apostas para o futuro. Semmais - Como podemos atualmente classificar a situação ambiental e ecológica do distrito? Francisco Ferreira - O distrito de Setúbal tem vindo a melhorar a sua situação ambiental, quer porque as exigências da legislação europeia e nacional têm aumentado, nomeadamente no que á indústria diz respeito, quer porque alguns dos investimentos fundamentais de primeira geração foram concretizados, como
é o caso do tratamento das águas residuais domésticas ou o encaminhamento adequado dos resíduos sólidos. É Adequado dizer que os grandes problemas das décadas de 80 e 90 estão dissipados? Lembro a poluição suinícola, os esgotos e valas a céu aberto, a contaminação dos solos, as sucatas a cada beira da estrada, os resíduos urbanos sem controlo, entre
Francisco Ferreira (ao centro) numa cerimónia de entrega de prémios
muitos outros? Se há realmente áreas onde é legítimo falar-se de problemas que foram ultrapassados, esses são alguns deles. Porém, há outros estruturais que continuam a afetar o ambiente a qualidade de vida no distrito, como sejam as deficiências grandes em termos de ordenamento do território (desde a excessiva construção em locais sensíveis – solos produtivos, zonas costeiras), até atividades cujo impacte paisagístico
ainda se faz sentir muito como as pedreiras. Essa inversão ficou a dever-se as políticas das tutelas, à ação dos ambientalistas ou a uma maior consciencialização das populações? A inversão foi resultado de muitos fatores, entre eles as politicas a que o governo e os municípios tiveram de seguir - por convicção, ou em muitos casos, por obrigação, por uma população mais consciente dos riscos que uma má política de ambiente tem para sua vida e para a sua envolvente, e onde os alertas dos ambientalistas também contribuíram para esse despertar.
A ação tomada em 1986 por Carlos Pimenta na sequência do trabalho preparatório do Projeto Setúbal Verde que em 1987 seria integrado na Quercus foi decisiva para a Arrábida e para o país. Ao longo das últimas décadas pouca tem sido a coragem para fazer o mesmo tipo de ações que de certeza agora quem visite a Serra e a conhecesse na altura não terá dúvidas em valorizar.
Podemos dizer que apesar da evolução tecnológica industrial, com os filtros de manga, os pressupostos do poluidor-pagador nunca funcionaram assim tão bem? O grande problema é que continuamos a valorizar muito a atuaAinda se lembra da luta contra ção no chamado fim-de-linha e as escórias da metalimex? menos a prevenção e uma visão Já passaram 20 anos desde esse global do uso dos recursos. Mais ano de 1994 em que a Quercus do que resolver os problemas no em conjunto com a final de um processo Valorizamos Greenpeace transporindustrial, temos que mais o ‘fim-detaram até à Suíça um nos questionar de for-linha’ e menos camião de resíduos pema integrada se o proa prevenção rigosos da Metalimex, duto ou serviço que esmostrando que a falta de fiscali- tamos a proporcionar não pode zação era dramática na Europa. ser gerado com menores impacAinda temos alguns passivos am- tes para o ambiente, e se consebientais, apesar de menores, e a guimos resolver os problemas fiscalização infelizmente conti- pelo tratamento das águas resinua a ser um aspeto crítico a me- duais, pro exemplo, temos de ter lhorar. a certeza que não estamos a prejudicar mais os solos. Um verdaE da reconversão urbana da cos- deiro desenvolvimento sustenta arrabina, à época de Carlos tável é aquele que integra e rePimenta? solve as preocupações económi-
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cas, sociais e ambientais tão a montante quanto possível. No essencial, quais são ainda os maiores pontos de conflitualidade? Se quisermos ir ao fundo da questão, a conflitualidade prende-se com os ideais consumistas da sociedade e esses são muito difíceis de ultrapassar.
este governo tem tido uma visão estruturante e ambiciosa, a nova legislação relativa solos, ordenamento do território e urbanismo, vai ter impactes muito negativos no futuro por falhar nalguns princípios fundamentais em termos de responsabilidades do planeamento, dos níveis nacional ao local, preservando devidamente valores ecológicos fundamentais.
Que papel têm tido as autarquias Não concorda que do ponto de na forma de gerir as questões vista das energias renováveis tem ambientais? havido um certo retrocesso? Na minha opinião as autarquias Sem dúvida. Apesar de o Govertêm um comportamenno ter prometido noComportamento to bipolar – um bom vidades para breve, por bipolar das exemplo é ver como ao exemplo no fomento autarquias tem mesmo tempo valorimuitos exemplos do chamado autoconzam e bem parte do consumo, estimulando facelho ser uma área protegida e ao cilmente a produção de eletrimesmo tempo queixarem-se e lu- cidade em nossas casas a partar em contra as limitações im- tir de painéis fotovoltaicos, granpostas para a preservar. de parte dos investimentos que foram decisivos para atingirE o atual governo, que análise mos a menor percentagem de podemos fazer destes últimos dependência energética do extrês anos? terior nas últimas décadas esBoas e más notícias – se na área tão bloqueados. É evidente que da energia e alterações climáticas, era fundamental reduzir os áreas que coordeno na Quercus, apoios à implementação de muiPub.
tas centrais, nomeadamente eólicas, mas era possível e desejável continuar a apoiar um sector tão decisivo para a nossa economia e também ambiente. Nesse domínio, como podemos classificar a situação do distrito? Setúbal tem muitas oportunidades, onde mais do que a construção de novos parques (eólicos ou fotovoltaicos), o aproveitamento descentralizado da área construída (por exemplo para instalação de painéis fotovoltaicos), é um caminho a seguir. Como tem acompanhado o desenvolvimento turístico da nossa costa alentejana? A crise obrigou à paragem dos projetos turísticos mais problemáticos e infelizmente não se tem aproveitado esta oportunidade para desenvolver uma avaliação ambiental estratégica e definir a gestão das áreas mais sensíveis em termos naturais. Tem ideia como estamos no processo de descontaminação dos solos industriais? Houve
uma época de investimento sério, mas estaremos ainda longe de resolver de vez o problema, ou nem por isso… Ainda temos algumas situações pontuais por resolver mas todas estão identificadas e muitas delas resolvidas. Houve-se hoje falar muito de reindustrialização. O que pensa sobre isto e que papel pode desempenhar a região? Só tem sentido para o futuro falar de uma reindustrialização que seja sustentável do ponto de vista também social e ambiental, pelo que se esta nova vaga cumprir princípios de uma economia mais “verde”, sem dúvida que faz sentido. Já tem ideia formada sobre o projeto de expansão do porto de Lisboa para a margem sul. Trafaria era um erro crasso e a opção Barreiro? Tem sido um processo precipitado e amador que só envergonha o nosso processo de decisão. Precisamos de saber muito mais antes de decidir.
Como vê atualmente a gestão das nossas áreas protegidas. Reservas estuarinas, parque natural da arrábida, arriba fóssil da Caparica, mata da Machada… Deram-se passos importantes? As Áreas Protegidas da nossa região são uma enorme mais-valia. Infelizmente, as pressões continuam a ser muitas e os meios para gerir e fiscalizar muitos escassos. E os problemas da nossa Costa. Temos praias de excelência, mas estamos a perder areia e a titubieza política parece não encontrar as respostas adequadas. O que preconiza para sanar de vez este fenómeno. As alterações climáticas (desde tempestades a milhares de quilómetros que afetam a nossa costa) até à própria subida do nível do mar devido ao aumento da temperatura e ao degelo são infelizmente inevitáveis. A própria natureza tem a sua dinâmica que não é fácil contrariar. Os custos de repor sistematicamente areia é demasiado e se nalgumas praias urbanas isso tem sentido, noutras temos que aceitar que elas possam desaparecer.
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AMBIENTE & ENERGIA
LIMPERSADO Mais de vinte anos ao serviço do meio ambiente
A empresa tem filial em Setúbal e está apta para as exigências de um setor cada vez mais exigente. Com larga experiência no mercado, carteira de certificações e pessoal especializado, a Limpersado é garantia de qualidade.
A
través de uma constante atualização dos seus equipamentos, da diversificação de serviços que compõem a sua gama de oferta, e da experiência dos seus técnicos e profissionais, a LIMPERSADO posiciona-se atualmente como uma empresa apta a corresponder às mais elevadas exigências do mercado, tanto profissional, como para
particulares. Trata-se de uma das empresas mais especializados do setor e o seu grau de exigência e competitividade garantem um elevado grau de satisfação do cliente. «Somos uma empresa com larga experiência no mercado, que procura constantemente ir ao encontro das necessidades dos seus clientes, procurando a inovação tecno-
lógica, no que se refere aos equipamentos com que trabalha, e apostando numa relação de proximidade e confiança com os seus clientes», explica Óscar Pereira, da administração da empresa. Com mais de 20 anos ao serviço do meio ambiente na área das Limpezas Industrias e Urbanas, a LIMPERSADO é uma empresa que desenvolve a sua
atividade de acordo com os mais elevados parâmetros de Qualidade, resultante do processo de certificação de Qualidade, Ambiente e Segurança. «São certificações que atestam a qualidade dos nossos serviços e a nossa política de fazer sempre mais e melhor, como provam a fidelização de um conjunto de empresas e particulares que connosco têm trabalhado», afir-
ma o responsável. Reforçando a sua presença no mercado, a LIMPERSADO possui a sua Sede em Lisboa e filiais em Setúbal e no Algarve, de modo a corresponder com maior eficácia às constantes solicitações, um pouco por todo o País. E o processo de internacionalização está neste momento a dar passos muito significativos.
Portflólio de serviços
A LIMPERSADO desenvolve a sua atividade nas seguintes áreas: ● Limpeza e desassoreamento
de coletores ● Inspeção vídeo de tubagens ● Reabilitação pontual em
coletores, sem abertura de vala
● Sucção e limpeza de fossas ● Desentupimentos Domésticos
– Serviço 24h ● Aluguer de máquinas
e terraplanagens
● Limpeza de ETA’s, EE e ETAR’s
● Construção civil
● Limpeza de caixas separadoras
● Limpezas Urbanas
de gordura ● Limpeza de separadores
de hidrocarbonetos
● Limpezas Industriais ● Limpezas Domésticas
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AMBIENTE & ENERGIA Em 2009 cada habitante produzia 662 quilos e em 2012 esse índice baixou para 514 quilos
Produção de lixo no distrito caiu 110 quilos por habitante apenas em quatro anos O produção de lixo doméstico aumentou drasticamente desde 2000 e só foi travada pela crise iniciada em 2010. Nenhum concelho do distrito escapa à ‘boa’ diminuição de resíduos.
Os concelhos alentejanos do distrito
DR
A
té no lixo a crise tem um impacto significativo na Península de Setúbal. Os dados oficiais agora revelados não enganam. Cada habitante da região está a produzir menos 110 quilos de resíduos urbanos por ano, segundo o Pordata, comparando 2009 (quando cada pessoa produzia 662 quilos) e 2012 (ano em que baixou para os 514 quilos). «Menos consumo gera menos lixo. As pessoas passaram a aproveitar melhor a comida, por exemplo, e o efeito é este», explica ao Semmais Rui Berkmeier, especialista da Quercus em resíduos urbanos, assumindo que a significativa redução de lixo «é uma questão social, devido aos cortes no consumo». O dirigente alerta ainda que se previa um aumento exponencial da produção de lixo na região há alguns anos atrás, mas a curva ascendente iniciada em 2000 acabou por ser interrompida a partir de
Ajustamento do país também tem concorrido para diminuição dos trablhadores do setor na região
2010. «Esta alteração da economia resíduos. Alcochete produzia 660 ditou outro tipo de regras, mas tamquilos em 2009, baixando para 484 bém é natural que quando a crise em 2012, enquanto Almada caiu de passar volte a aumentar a produ639 para 580. No mesmo período o ção de resíduos», acresBarreiro passou de 560 Quebra registada para 415 e a Moita de 590 centa Rui Berkmeier, para em todos quem nessa altura devepara 459. Já o Montijo asos concelhos rão ser tomadas «medisistiu à redução de 564 da península das de prevenção». para 431. Palmela produA evolução do distrito mostra zia 622 em 2009 e ainda aumentou uma subida transversal a todos os para 657 em 2010, mas viria a cair concelhos ao nível da produção de para 564 em 2012, tal como o Seixal
que baixou de 595 para 445. Sesimbra aumentou a produção de lixo de 2009 para 2010, de 782 quilos para 809, mas em 2011 baixou para 718, chegando aos 651 em 2012, ao passo que Setúbal passou de 661 em 2009 para 754 em 2010, mas os últimos resultados também refletem a queda de para 565 quilos.
Já no Alentejo Litoral cada pessoa atirava fora 617 quilos de lixo em 2010, passando para 543 em 2012. Os números da região relativos a 2012 chegam a aproximar-se do registo de 2002, quando se atingiu os 493 quilos de lixo por habitante, tendo o Alentejo Litoral chegado aos 499. «O caso dos concelhos do Alentejo é mais específico, porque não tinham zonas comerciais há alguns anos, o que evitava que se fizesse tanto lixo. Mais recentemente aproximaram-se das zonas do litoral, com grandes comércios por todo o lado e isso fez aumentar os resíduos», explica Berkmeier. De resto, comparando 2002 com 2012 em termos concelhios, o Litoral Alentejano é onde se regista a subida mais significativa. Alcácer do Sal aumentou a sua produção de lixo por pessoa de 458 para 527 quilos, Grândola de 630 para 701, Odemira de 445 para 477, Santiago do Cacém de 434 para 495 e Sines de 544 para 611.
Roberto Dores
CARTÓRIO NOTARIAL DE SETÚBAL
Sempre com a região, sempre pela região...
NOTÁRIA MARIA TERESA OLIVEIRA Sito na Avenida 22 de Dezembro nº 21-D em Setúbal Certifico, para efeitos de publicação que no dia dezoito de Julho de dois mil e catorze, neste Cartório, foi lavrada uma escritura de justificação, a folhas 2 do livro 270-A, de escrituras de diversas, na qual: António Maria Rosa Martinho e mulher, Maria Luísa Gil Sobral Martinho, casados sob o regime da comunhão de adquiridos, residentes em Barreirinha da Terça Parte, Porto Covo, em Sines contribuintes números 105215422 e 114693536, justificaram a posse, invocando a usucapião, do seguinte prédio: Prédio urbano sito na Sonega, freguesia do Cercal do Alentejo, concelho de Santiago do Cacém, composto de morada de casas de rés do chão, com logradouro, destinado a habitação e comércio, com a área coberta de cento e sessenta e sete virgula vinte metros quadrados e a descoberta de duzentos e setenta e um virgula quinze metros quadrados, que confronta do norte com Francisco Gonçalves da Cruz, do sul com Estrada Nacional, do nascente com Francisco Gonçalves da Cruz e do poente com Sebastião Joaquim Silvestre, descrito na Conservatória do Registo Predial de Santiago do Cacém sob o número dois mil setecentos e oitenta e seis, da freguesia de Cercal do Alentejo, e inscrito na respectiva matriz predial urbana sob o artigo 2011, da referida freguesia (anteriormente 1699 da freguesia do Cercal). Está conforme. Cartório Notarial sito na Avenida 22 de Dezembro número 21-D em Setúbal, 18 de Julho de 2014. A Notária, Maria Teresa Oliveira Conta registada sob o número 1150
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AMBIENTE & ENERGIA | RESÍDUOS Estudo refere que o desfiladeiro submarino de Setúbal é dos mais poluídos da Europa
Lixo no mar da região merece alerta vermelho Detritos humanos, em grandes quantidades, foram encontrados no chamado desfiladeiro submarino de Setúbal, a grandes profundidades, colocando a região como uma das zonas marinhas mais poluídas da Europa. O estudo refere-se aos últimos dez anos. Roberto Dores
H
á de tudo no fundo do mar que banha a costa do distrito. Desde as redes de pesca, a garrafas, de sacos de plástico a latas, de roupas a sombrinhas. São apenas exemplos de tipos de lixo humano encontrado ao largo da região num recente estudo, que coloca Setúbal como uma das zonas mais poluídas da Europa. Os cientistas e os ambientalistas da Quercus apelam à promoção de ações que travem o aumento dos detritos nos ambientes marinhos. De acordo com o levantamento realizado por um grupo de investigadores de 15 organizações europeias, liderados pelo centro IMAR da Universidade dos Açores, a preocupação é ainda maior na medida em que mesmo as zonas de maior profundidade já exibem claros sinais de poluição. E uma curiosidade: o lixo invadiu alguns destes lugares ainda antes da presença humana. É o que diz o relatório elaborado pelos especialistas, após um trabalho de investigação que decorreu ao longo de dez anos e foi agora publicado, onde se lê que entre quatro regiões europeias com concentração de lixo particularmente elevada - tendo sido descobertos mais de 20 objetos - está o desfiladeiro submarino de Setúbal, a que se junta Lisboa. Para comprovarem a existência de resíduos, os investigadores usaram redes de arrasto e robots subaquáticos não tripula-
Costa maritima da região pejada de lixos é uma preocupação constante e tem sido objecto de várias intervenções
mar», diz a dirigente, a quem basdos que permitiram recolher as ta recuar à década de 90 para reamostras. «Concluímos que o cordar os tempos em que enconplástico foi o item de lixo mais trava regularmente quantidades comum no fundo marinho, enelevadas de cotonetes. quanto o lixo associado às ativi«Isso hoje está quase resolvidades da pesca são particularmente comuns em montes subdo, mas significava que havia muimarinos, bancos e cristas oceâto esgoto humano que ia dar ao nicas», disse Christopher Pham, mar», sublinha, alertando que atualtambém investigador da Univermente os casos mais significativos sidade dos Açores, acrescentanna região se prendem com lixo redo mesmo que o lixo humano sultante da atividade piscatória, «está presente em todos os ha«mas também com os navios de bitats marinhos, das praias às zogrande porte que deitam resíduos nas mais profundas e para o oceano, sendo que Mais lixo remotas dos oceanos». depois as correntes traresultante tam de o aglomerar em Nada que surpreenda atividade determinadas zonas de da Carla Graça, do núcleo piscatória acumulação». da Quercus de Setúbal. Carla Graça recorda «Principalmente na última década ficámos a saber que exisque há materiais que nunca se dete muito lixo no Oceano, mas tamgradam, mas que há outros que o bém já sabemos há muito tempo fazem, chegando a entrar na cadeia que existe muito lixo a ir para o trófica, como acontece com o plás-
A investigação, receios e conselhos Apesar de a acumulação de lixo no mar ser um dos grandes problemas ambientais - podendo afetar a cadeia alimentar (ver texto secundário) -, chegar às profundezas dos oceanos é tarefa que implica não só grandes capacidades técnicas, mas também enormes custos financeiros. O que explica o facto de só agora ter sido possível traçar um mapa dos lugares e dos diferentes tipos de lixo nos mares. Mas estas dificuldades, alertam os cientistas, não podem levar os governos a ignorar o problema, avisando que é preciso agir rapidamente no sentido de impedir que mais lixo vá parar ao fundo do mar. O estudo beneficiou de uma colaboração entre dois projetos de investigação - HERMIONE, financiado pela União Europeia e coordenado pelo Centro Nacional de Oceanografia em Southampton e o Mapping the Deep, liderado pela Universidade de Plymouth.
tico. «Ao se degradar e ficar em micro-plástico, vai servir de alimento aos peixes que nós comemos. Era importante fazer um estudo
● Sempre com a região, sempre pela região...
exaustivo do que existe e perceber como é que se pode minimizar o impacto deste grave problema», resume a ambientalista.
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AMBIENTE & ENERGIA | ENTREVISTA Projetos da APSS preparam plataforma portuária para o futuro
Porto de Setúbal assume compromisso ambiental
O Vítor Caldeirinha, o presidente da admnistração dos portos de Setúbal e Sesimbra.
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Porto de Setúbal, com uma gam diretamente desde o interior área de jurisdição de cerca dos terminais às principais redes de 17 mil hectares, está locanacionais e a Espanha, sem conslizado em áreas de elevada sensitrangimentos de tráfego e fora da bilidade ecológica, como o Parque cidade de Setúbal. Natural da Arrábida, Reserva Natural Atualmente, como complemendo Estuário do Sado e Rede Natura to com a atividade portuária comercial, o porto está a desenvol2000. Uma parte significativa da área sob jurisdição portuária é consver uma aposta virada para a potituída por sapais de grande valor pulação e para o turismo, incluinecológico, habitats subaquáticos e do o Turismo Náutico. A requaliterrestres para diversas espécies ficação gradual da frente ribeirida flora e da fauna, que precisam nha do porto está a “devolver o rio ser protegidos. aos setubalenses”, com Modernos Como infraestrutuzonas de lazer, restauterminais gozam ra portuária, os seus moração, atividades ligadas de localização dernos terminais gozam ao mar e à náutica de reprivilegiada de uma localização pricreio, com um retorno vilegiada, nos abrigados Estuário muito positivo por parte da popudo Sado e Baía de Setúbal, que perlação. Pretende-se, em colaboração tence ao restrito Clube das Baías Mais Belas do Mundo. A barra está com a CMS, desenvolver projetos aberta todo o ano a qualquer hora na zona ribeirinha da cidade de See possui acessos, tanto rodoviátúbal com o principal objetivo de rios como ferroviários, que o lidinamizar e devolver à população
o usufruto de toda uma orla de acesso ao rio Sado e, igualmente, promover a oferta de espaços para o desenvolvimento de atividades de lazer, restauração e ligadas ao mar. O compromisso ambiental está sempre presente no desenvolvimento das atividades exercidas no Porto de Setúbal, que incluem as operações portuárias e logísticas, a aquicultura, a náutica de recreio, as atividades marítimo-turísticas e a pesca. A política de ambiente da APSS é influenciada por esses valores numa continuada procura de utilização racional dos recursos naturais. Nos seus variados procedimentos, enquanto Autoridade Portuária, são considerados os objetivos ambientais, seja no ordenamento e planeamento da utilização do domínio público marítimo, seja na gestão portuária.
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Possui um Sistema de Gestão Ambiental certificado pela Lloyd´s Register Quality Assurance LRQA, de acordo com a NP EN ISO 14001:2004, a mais abrangente certificação na matéria no panorama marítimo-portuário nacional, com acompanhamento dos aspetos e impactos ambientais dos diversos processos do Porto de Setúbal e está a preparar-se para a Certificação do Sistema da Gestão da Segurança. O porto é reconhecido pela European Sea Port Organization (ESPO) pela excelência da qualidade ambiental na Baía de Setúbal e passou a integrar a rede europeia de ECOPORTS, sendo o único nacional e o terceiro Pub.
ibérico com esta atribuição. sibilidades marítimas, em quarto O Porto de Setúbal posicionalugar nas prioridades nacionais definidas para os portos, que vai -se como um porto competitivo e permitir manter o porto na catecom potencialidades acrescidas nomeadamente no Shortsea, o que goria de Shortsea Panamax, recepermite alargar o seu hinterland bendo navios de linha regular de até Espanha, ganhando média dimensão com 13 Porto aposta nas importância como solumetros de calado em potencialidades ção ibérica. Para garanqualquer maré; a expando ‘Shortsea’ tir o desenvolvimento são do terrapleno do Tercomo alavanca sustentável do porto vão minal Roll-on Roll-off ser concretizados quatro investipara mais 5 hectares, que melhomentos, incluídos numa lista de rará o serviço de importação e exprojetos prioritários a nível nacioportação de automóveis; a requanal, e os seus potenciais efeitos nas lificação do acesso ferroviário do infraestruturas portuárias e suas porto às Praias do Sado, que inacessibilidades. crementará a operacionalidade O projeto de melhoria das acesdas composições; a ligação ferro-
viária ao Terminal Termitrena, que introduzirá nessa parte do porto o movimento de cargas por ferrovia até cerca de 2 milhões de toneladas/ano, reduzindo igualmente o tráfego rodoviário e os seus constrangimentos de circulação e o impacto ambiental. Também no funcionamento das suas infraestruturas tem sido feito um esforço de reduzir a pegada de carbono do porto. A APSS cumpre o Programa de Eficiência Energética na Administração Pública – ECO.AP, que visa obter, até 2020, um nível de eficiência energética na ordem dos 30%. A APSS tem um programa de cinquenta
medidas de melhoria nesta vertente. Desde a sua implementação, registou-se uma poupança superior a 8% no consumo de energia. Tem instalados sistemas fotovoltaicos para produção de energia e substituiu a tecnologia dos equipamentos de iluminação pública, possuindo um sistema que permite a monotorização e gestão de todas as suas instalações. Por sua vez, o Terminal Roll-on Roll-off do Porto de Setúbal disponibiliza aos seus clientes um serviço de abastecimento de energia para os veículos elétricos movimentados por aquela infraestrutura portuária.
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AMBIENTE & ENERGIA | PLATAFORMAS PORTUÁRIAS
Administração reforça compromissos com áreas sensíveis da gestão portuária
Porto de Sines renovou certificação de Ambiente e Segurança
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Porto de Sines realizou em Maio com sucesso a auditoria de renovação da certificação de ambiente e segurança, de acordo com os referenciais ISO 14001:2004 e OHSAS 18001:2007. As normas, aplicáveis à movimentação de navios no porto, pilotagem, gestão de contratos de concessão e de licenciamentos, gestão do Porto de Recreio e gestão da ZALSINES – Zona intraportuária, demonstraram a conformidade com os requisitos
exigidos, na política ambiental e biental e de segurança em geral. «Esta renovação reforça os de segurança, prevenção de poluição, prevenção de riscos con- compromissos assumidos publiformidade legal e melhoria con- camente pela APS de integrar, tínua. avaliar e acompanhar os aspetos A Lloyd’s Register Quality As- ambientais e de segurança nos processos, bem como surance recomendou a Monitorizar promover a melhoria renovação da certificaambientes ção ambiental e de saúcontínua», salientou a e controlar águas de e segurança pelo facadministração portuáresiduais to de considerar ter sido ria. Este processo baseia-se em evidenciada a consolidação do sistema de gestão integrado nas ver- princípios que têm como finalitentes de ambiente e segurança, dade melhorar a qualidade e efiassim como do desempenho am- cácia dos serviços fornecidos; pre-
venir, controlar e minimizar a poluição gerada pelos resíduos provenientes das atividades, investindo em novas tecnologias e utilizando processos menos poluentes; assegurar que os colaboradores, quer os próprios, quer os contratados, possuem formação adequada, promovendo a importância da melhoria contínua e o cumprimento dos requisitos legais regulamentados que se aplicam aos serviços, às questões ambientais e à segurança e saúde no trabalho.
Em relação à estratégia ambiental do porto, esta baseia-se não só no combate à poluição, mas também na aplicação de medidas de prevenção, que possam minimizar as emissões para o ar, água e solo; na monitorização dos ambientes marinhos do porto, no controlo da qualidade das águas residuais, balneares e na monitorização dos efluentes gasosos da central de produção de vapor, efetuada por entidades ligadas à investigação.
ENERGIAS RENOVÁVEIS
Energias renováveis têm já grande peso na região Distrito apresenta um enorme potencial neste cluster e com projetos no terreno começa a tirar proveitos. A biomassa e as energias eólica e solar são os trunfos. Falta a energia do mar para dar corpo ao futuro.
PARECE não haver dúvidas de se natural – e solar, capazes de geque a região de Setúbal apresenrar já uma capacidade significatita um manancial enorme para o va de energias nestes dois nichos. aproveitamento das energias reNo caso da energia eólica, genováveis e está a dar passos larrada a partir da força do vento, é já hoje uma imagem gos nas questões relaAproveitamento cionadas com a eficiênde marca do nosso Alenflorestal cia energética, um tratejo litoral, com dezetransforma nas de aerogeradores balho sistematizado resíduos verdes pela Agência de Enerentre Sines e Porto Covo gia e Ambiente da Arrábida (ENA). a produzirem energia capaz de A região tem um grande pomilhares de famílias. E na solar, tencial eólico - embora no caso da através da energia fotovoltaica, Península de Setúbal conflituansão dezenas os projetos espalhado com algumas áreas de interesdos por toda a região, com a Rep-
sol e a EDP no topo da tabela. E cresce a tendência de uma aplicação na hotelaria e em muitas empresas do distrito, apostando na quase auto-suficiência. Outra energia renovável não despicienda é a biomassa florestal, tendo em conta a enorme dimensão do parque florestal privado e público de que dispõe. Pode dizer-se que é uma das apostas mais bem conseguidas no que diz respeito à racionalização de meios provenientes da floresta do distrito. É o aprovei-
tamento dos resíduos verdes para a produção de vapor a transformar em energia para aproveitamento nas unidades industriais. Mas a produção de biomassa passa também, já de forma exponencial, pelo aproveitamento dos resíduos da atividade agrícola, sem esquecer os resíduos gerados pelas populações, como é exemplo os óleos alimentares usados. E num futuro próximo o potencial da energia do mar apresenta também uma fonte de esperança.
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Sábado • 26 julho 2014 • www.semmaisjornal.com
AMBIENTE & ENERGIA Cidade regista 30558 metros cúbicos por habitante enquanto a média nacional não vai além dos 226,4 per capita
Sines lidera consumo de gás natural e península duplica média do país É a força do complexo industrial de Sines a ditar estes números, muito acima da média nacional. Mas na Península há muito mais poupança.
S
ines é o concelho do país onde se consome mais gás natural por habitante, atingindo valores muito acima da média nacional. Empurrada pelo seu complexo industrial, a cidade do Litoral Alentejano chegou aos 30558 metros cúbicos por pessoa em 2012 – os dados mais recentes revelados na atualização feita em finais de Junho – enquanto a média nacional não vai além dos 226,4 percapita. Os municípios da Figueira da Foz e Abrantes surgem na segunda e terceira posições, mas com valores muito abaixo dos exibidos por Sines, com um gasto médio anual de 7425 e 6975 metros cúbicos, respetivamente. Quanto aos restantes concelhos da região, os dados oficiais compilados pelo Instituto Nacional de Estatística colocam a península com um consumo que já duplica a média do país, chegando aos 450 metros cú-
bicos, mas já foi de 554 em 2011. O distrito regista mesmo um salto significativo comparando a realidade de 2012 com 2001, quando o gás natural era quase um «ilustre desconhecido». Eram tempos em que o fornecimento ainda não chegava a todos os concelhos, sendo que cada habitante gastava uma média de 93 metros cúbicos. Havia de aumentar para 231 em 2009, disparando para 418 no ano seguinte e batendo o recorde com os 554 de 2011. «A queda para os 450 no ano seguinte acompanhou a tendência do país, justificada com os efeitos da crise económica», como explica AntóSetúbal», relata. nio Ferreira Matos, especialista Por concelhos, a capital de disem combustíveis, alertando que trito é líder no consumo de gás na«as pessoas começaram a poutural, chegando aos 1315 metros cúbicos por habitante, par em tudo e até arranSetúbal é líder no baixando dos 1394 no jaram esquemas para consumo, aproveitar melhor o gás. ano anterior. Alcochete chegando aos 1315 Há quem faça duas e três tem um registo de 678, metros cúbitos Almada 238, Barreiro refeições utilizando o 866, Moita 42, Montijo 221, Palforno uma só vez. Isto é algo commela 253, Seixal 264 e Sesimbra pletamente novo, que depois dá 21. Setúbal consumia 39 metros estes resultados em distrito como DR
Roberto Dores
Porto de Sines é a alavanca da distribuição de gás natural.
cúbicos em 2001. Segundo os especialistas nem tudo são vantagens a sublinhar o consumo de gás natural. Se alguns estudiosos apontam o seu baixo impacto ambiental, facilidade de transporte e manuseamento, vetor de atração de investimentos e maior segurança, também há quem aponte para o facto de se tratar de um combustível fóssil, o que se traduz numa energia não
renovável, sendo, desde logo, finita. O gás natural apresenta ainda riscos de asfixia, incêndio e explosão. Por ser mais leve do que o ar, o gás natural tende a acumular-se nas partes mais elevadas quando se encontra em ambientes fechados. Em caso de fogo em locais com insuficiência de oxigénio, poderá ser gerado monóxido de carbono, altamente tóxico.
Indústria de Setúbal consome 40 por cento da energia
F
alar de ambiente não é uma tarefa simples pelas múltiplas dimensões que se interrelacionam. Falar de ambiente em Setúbal é ainda mais difícil pela riqueza e diversidade dos recursos naturais, que se confrontam com a presença humana e a procura da valorização destes recursos. O equilíbrio destas dimensões é complexo mas é um desafio ao qual todos somos chamados. A indústria sendo responsável por 57% das emissões de CO2 do concelho (da matriz de emissões para 2011) bem como pela utilização intensiva de recursos, é também responsável pela geração de emprego, riqueza e permite-nos o acesso a bens que a nossa sociedade não dispensa, importa sim assegurar que estas atividades industriais sejam realizadas com o menor impacto possível e que sejam tomadas medidas para mitigar os impactos inevitáveis. Quando olhamos para os consumos de energia do concelho de
18.663 4% 24.875 6%
4.024 1%
1.341 59 0% 0%
62.260 14%
153.406 35%
Setúbal, verificamos que o sector que mais energia consome é a indústria. Olhando o sector industrial do concelho, identificam-se um punhado de grandes indústrias responsáveis pela generalidade do consumo de energia. Acontece que estas grandes empresas, sendo consumidoras intensivas de energia, por uma questão de susten-
Consumo de energia, por setor de economia, no concelho de Setúbal em 2011 176.456 40%
Indústria Prod. Transp. Energia Transportes Comércio e Serviços Consumo Doméstico Agricultura e Pescas Construção e Eng. Cívil Consumo próprio
tabilidade económica, encaram com grande seriedade o consumo de energia e procuram ativamente reduzi-lo ao mínimo. Por outro lado atualmente a central termoelétrica de Setúbal está desativada, pelo que a energia consumida no sector “Produção e transporte de energia” é agora significativamente menor, ou seja, a grande margem de redução do consumo de
energia no concelho de Setúbal está nos restantes sectores apresentados, em que todos nós cidadãos temos responsabilidades acrescidas. Para além da energia, que hoje já assume um custo muito significativo, importa preservar a água potável para que esta num futuro próximo não se assuma como um problema ainda maior, temos à nossa disposição um muito grande aquífero mas será que o estamos preservar da melhor forma? O município, por maioria de razões, tem um papel fundamental na promoção da sustentabilidade do concelho, recentemente estas responsabilidades foram inequivocamente assumidas ao aprovar em Assembleia Municipal a adesão ao Pacto de Autarcas. O Pacto de Autarcas é um compromisso voluntário assumido pelos autarcas, em que estes se comprometem a desenvolver um conjunto de políticas capazes de promover a redução das emissões de CO2
em mais de 20% até 2020 em relação a um determinado ano de referência (2011 no caso de Setúbal). Mas o ambiente é também uma oportunidade para Setúbal, pela sua capacidade de atrair visitantes (ou não seja esta uma das mais belas baias do mundo), pelo bem-estar que pode proporcionar às populações residentes, mas também como vetor de desenvolvimento da atividade industrial, a título de exemplo, os equipamentos para aproveitamento das energias do mar estão já em fase pré-industrial, a tradição industrial de Setúbal, aliada à sua condição geográfica podem constituir os ingredientes fundamentais para o desenvolvimento económico associado ao ambiente e sua preservação, assim haja a arte e o engenho para estabelecer equilíbrios e aproveitar o que de melhor tem o ambiente. Orlando Paraíba (Director da ENA)