semmais
Sábado 27 | Fevereiro | 2016
Diretor Raul Tavares Semanário | Edição 891 | 9ª série Região de Setúbal Distribuído com o Expresso Venda interdita
Novo mapa coloca região no centro do arco metropolitano
O projeto está a ser ensaiado pela câmara de Lisboa e pretende abranger 40 por cento da população nacional. O distrito de Setúbal ganha posição relevante e pode colher dividendos. A ideia central é a de que tal mega região ganha conquistará uma posição atlântica privilegiada e acabará por ser uma ferramenta de enorme competição internacional.
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O salário médio no distrito é de 833 euros mensais. Mas nos concelhos de Alcochete e Sines assumem outra dimensão, com 1379 e 1280, respetivamente. No top nacional, Alcochete ocupa a segunda posição e Sines a quarta.
Bárbara Guimarães, Sílvia Rizzo, Paula Neves e Fátima Lopes, são as mais recentes embaixadoras do turismo do Alentejo. A cerimónia de entrega da chancela decorreu no passado sábado. Agora vão lutar pelos encantos alentejanos.
A interrupção da atividade da unidade de Palmela, que ocorrerá entre 17 e 24 de Março, vai permitir a continuidade dos trabalhos decorrentes da nova fábrica, com investimento de 677 milhões de euros. E também por falta de produção.
Alcochete e Sines lideram salários a nível nacional
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Turismo do Alentejo conta com novas embaixadoras
Unidade da Autoeuropa vai parar seis dias em Março
ARESTAURANTE CASA SETÚBAL DO PEIXE PORTUGAL
RUA GENERAL GOMES FREIRE 138 | 960331167
SEMANA Bodyboarder da Caparica salva banhista em praia no Panamá O atual campeão nacional de bodyboard Hugo Pinheiro, natural da Costa de Caparica, protagonizou um ato heroico quando, esta semana, salvou uma jovem turista sueca de se afogar nas perigosas águas da praia Bocas del Toro, no Panamá. O atleta, que já foi 3 vezes campeão europeu da modalidade, encontrava-se na altura a treinar naquela praia quando se apercebeu que uma jovem se aproximava perigosamente da zona de rebentação, acabando por ser arrastada pelo mar. O sangue-frio e a experiência de Hugo Pinheiro impeliu-o a atuar rapidamente, conseguindo alcançar a vítima, levando-a a salvo para a areia. «Foi um grande susto», desabafou o atleta na sua página de Facebook.
Polícia Marítima resgata corpo de mariscador em maé baixa na zona de Palhais
Detectados dezasseis casos de sarna na esvola primária nº7 da Baixa da Banheira
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oram detetados dezasseis casos de sarna na Escola Primária N.º 7 da Baixa da Banheira, na Moita, o que está a deixar os pais dos alunos à beira de um ataque de nervos. O delegado de saúde deslocou-se à escola, esta semana, e disse que não se justificava o seu encerramento. Quem também esteve no local a inteirar-se da situação foi a equipa de saúde escolar mas, fonte daquela escola, revelou que «os pais têm sido informados pelos professores de tudo o que se está a passar».
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Polícia Marítima resgatou na quinta-feira o corpo do mariscador, de 50 anos, que estava desaparecido desde quarta-feira, à tarde,
quando apanhava amêijoas na maré baixa, na zona de Palhais, no concelho do Barreiro. As buscas da Polícia Marítima, que tinham começado pouco de-
pois do alerta do desaparecimento, deram resultados durante a manhã da passada quinta-feira. A vítima terá sido surpreendida pela subida da maré.
Além dos alunos, três professores estão infestados. Segundo a mesma fonte, «temos apostado na limpeza da escola utilizando maior quantidade de lixívia».
Jovem de 16 anos detido por tráfico de droga
PJ na mira de abuso de menores
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m reformado, de 66 anos de idade, foi detido na quarta-feira pela Polícia Judiciária de Setúbal, em Almada, por suspeita de abuso sexual de menores. Nos últimos três anos, o suspeito está indiciado de ter forçado vários rapazes, com menos de 14 anos, à prática de atos sexuais. Por ser impotente não conseguiu consumar a penetração. O predador escolhia as vítimas num ringue próximo de sua casa e seduzia-as com doces e dinheiro. Depois, caso denunciassem os abusos, ameaçava agredi-las. A Polícia Judiciária deteve ainda, na quarta-feira, um ho-
U mem de 48 anos por abuso de crianças e pornografia de me-
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nores. A vítima era uma menina de 10 anos de idade.
m jovem com 16 anos de idade foi detido pela PSP de Setúbal na passada terça-feira, no Montijo, por tráfico de droga. O suspeito “encontrava-se integrado num grupo de indi-
víduos quando foi intercetado pelos agentes policiais, tendo-lhe sido apreendido 678 doses individuais de haxixe e 250 euros”, revelou o Comando Distrital de Setúbal da PSP em comunicado.
SOCIEDADE Projecto é da Câmara de Lisboa e pretende gerar uma mega região capaz de competir além-fronteiras
O novo mapa que põe a região no arco metropolitano de Lisboa O projeto visa conquista uma posição atlântica, abrangendo 40 por cento da população nacional. E é também uma ferramenta para garantir a competição internacional no sentido de promover esta mega região além-fronteiras. O distrito pode colher fortes dividendos.
TEXTO ROBERTO DORES IMAGEM SM
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m mapa elaborado pela equipa da Iniciativa Cidades da Fundação Calouste Gulbenkian coloca todos os concelhos do distrito numa região enorme, polarizada por Lisboa. De Almada a Sines. Se-
gundo a equipa liderada por Félix Ribeiro, Joana Chorincas e Francisca Moura, o novo mapa ambiciona conquistar projeção atlântica, abrangendo 40% da população do país. Estende-se a Leiria e Évora, sendo apresentado com uma ferramenta para garantir competição internacional com o objetivo de pro-
mover esta grande região além-fronteiras. Foi a Câmara de Lisboa que se empenhou neste projeto, estando previsto que seja a própria autarquia da capital a procurar agora meios e parceiros para responder às orientações deste novo estudo, que foi agora elaborado à boleia de uma ideia,
segundo a qual, na opinião dos seus autores, «uma macrorregião constitui o potencial de internacionalização mais relevante do território nacional». E tem o mar como espaço geoestratégico privilegiado para potenciar este futuro arco metropolitano de Lisboa, onde o distrito de Setúbal pode colher dividendos. Artur Santos Silva, presidente da Fundação Gulbenkian, sustenta que esta proposta «faz todo o sentido», justificando que esta macrorregião exibe «atributos especiais para encarar esse desafio», acrescentando que este mesmo conceito está a ser «partilhado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros», que propõe «melhorar as relações transatlânticas». Mas em que medida a região pode tirar partido deste novo mapa, onde Lisboa está «no centro» do mundo Atlântico e, pelo seu passado, tem condições para «rentabilizar a sua imagem histórica» de cidade voltada para além-mar, como dizem os autores do projeto? Simples. Pelo menos, segundo a vertente teórica exibida pelo estudo. Porto de Sines é o centrifugador de investimento O arco metropolitano polarizado pela capital tem um forte po-
der para competir e para atrair investimento. E se atendermos ao retrato da nova região em números, não restam dúvidas: 4,1 milhões de habitantes, 42,2% da população com menos de 15 anos do país, 49% da população portuguesa com o ensino superior (3,9% no Noroeste); 42,5% da população empregada, 44% das exportações. Nas atividades da nova economia, que de alguma forma apontam para o futuro, o arco de Lisboa reforça ainda mais a sua hegemonia, representando 66% do valor produzido pelas indústrias de tecnologia de informação e comunicação do país e 63% das indústrias criativas. O porto de Sines é citado no estudo como o maior equipamento para o tráfego marítimo do país e uma série de plataformas logísticas. A ligação destes equipamentos à Europa vai obrigar a novos investimentos nas ligações ferroviárias com Espanha, de resto já previstos para o próximo ciclo de investimento, como o Semmais já avançou. Insiste o estudo que isoladamente Lisboa teria menor capacidade de competir, mas como «região urbana funcional» que se estende pelo Oeste, pelo vale do Tejo, pelo eixo rodoviário até Alentejo Litoral a projeção será mais óbvia.
Imóvel é um ícone da Arrábida e foi projetado como casa de veraneio em 1903
Câmara de Setúbal diz que Palácio da Comenda vai ser classificado de interesse municipal
A
Casa da Quinta da Comenda, na Serra da Arrábida, vai entrar em fase de classificação, após o município ter aprovado esta semana, em reunião pública ordinária, a abertura de um processo nesse sentido. A deliberação esclarece que se trata da abertura de procedimento para classificação do edifício, conhecido como Palácio da Comenda, como Imóvel de Interesse Municipal. O texto sublinha, porém, existir a “expectativa de que a entidade da Administração Central competente, neste caso a Direção-Geral do Património Cultural, no âmbito da apreciação a que será chamada a fazer por força do enquadramento legal deste procedimento, venha a considerar a Casa da Quinta da Comenda
como bem cultural com interesse supramunicipal e, como tal, suscetível de merecer uma classificação superior”. O imóvel foi projetado como casa de veraneio em 1903 após encomenda do conde Abel Henri Armand, e, destaca a proposta aprovada, é “um edifício de características artísticas e arquitetónicas notáveis, com um enquadramento paisagístico único no conjunto da obra concebida pelo arquiteto Raul Lino”. Além da qualidade estilista, a casa, atualmente em estado devoluto, motiva o processo de classificação igualmente pelos materiais e sistemas construtivos empregues, assim como pelos jogos volumétricos e códigos formais de expressão tradicionalmente portuguesa.
“Esta perspetiva e forma de projetar constitui-se, à época, profundamente inovadora, na medida em que contrariava o quadro cultural vigente, com modelos revivalistas e ‘afrancesados”, realça a resolução camarária. Painéis azulejares da autoria do ceramista José António Jorge Pinto, muitos deles em estado de degradação, decoram diferentes áreas do edifício. A proposta alerta que a Casa da Quinta da Comenda, além de obras “descaracterizadoras, mas completamente reversíveis”, após a transferência da propriedade nos anos 80 da família Armand para António Xavier de Lima, entrou, desde a morte deste, num “processo de abandono e degradação que se considera urgente reverter”.
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SOCIEDADE Entidade regional elegeu Bárbara Guimarães, Sílvia Rizzo, Paula Neves e Fátima Lopes, para ajudar promoção do turismo alentejano
Embaixadoras de ‘peso’ prometem andar com o Alentejo no coração O Alentejo tem quatro novas embaixadoras. São duas atrizes e duas apresentadoras. Confessam-se grandes admiradoras da região e tencionam andar, durante a sua missão, com o Alentejo no coração. Ceia da Silva, líder do Turismo do Alentejo, pediu-lhes humildade, trabalho e paixão por uma região que discute a sua estratégia com os empresários e autarcas.
TEXTO ANTÓNIO LUÍS IMAGEM SM
B
árbara Guimarães, Sílvia Rizzo, Paula Neves e Fátima Lopes são as novas embaixadoras do Alentejo. Receberam os seus diplomas, bonecos de Estremoz e capotes alentejanos no passado dia 20, no hotel Marmóris, em Vila Viçosa, durante uma jornada de convívio que inclui passeios e visitas a vários locais de Vila Viçosa e Estremoz, e degustação de gastronomia. Estes cargos são uma «ideia pessoal» de Ceia da Silva, presidente da Entidade Regional de Turismo do Alentejo/Ribatejo, que surgiu há cerca de 4 anos e que tem como compromisso, a presença destas quatro figuras em vários eventos locais e nacionais para promover o nosso querido Alentejo. «Além das nossas ações de marketing, é importante termos figuras pú-
blicas que pudessem dar notoriedade ao destino Alentejo. As figuras públicas com notoriedade em Portugal, da televisão e das telenovelas, têm uma força enorme junto dos cidadãos. Nenhum dos nossos embaixadores recebe verbas e estão aqui para ajudar a promover o destino Alentejo. Têm de ser do Alentejo ou gostarem do Alentejo. As figuras públicas fazem isto por amor e dedicação ao Alentejo. É marketing direto e objetivo e isso tem resultado. É uma honra tê-las como embaixadoras do Alentejo. Peço-lhes humildade, trabalho e paixão». Ceia da Silva, por outro lado, afirmou que só é possível afirmar uma zona como destino turístico se houver uma «boa relação» entre autarcas e empresários. «No Alentejo somos um bom exemplo dessa grande coordenação. Depois, é também importante existir um
forte valor de identidade, como existe aqui. A estratégia da Entidade Regional de Turismo do Alentejo/Ribatejo é discutida, refletida e aprovada até 2020. Não há nenhuma região com essa estratégia tão bem definida». Ceia da Silva regozija-se de o Alentejo ser a «única» região do Mundo a conseguir duas classificações consecutivas de Património Cultural Imaterial da Humanidade, como aconteceu com o cante alentejano e os chocalhos, pela UNESCO. Além disso, revelou que o Alentejo é «um dos 15 destinos turísticos do Mundo em processo de certificação» como destino turístico. «Não há turismo sem produto. Temos muitos recursos que têm de ser vendidos. Estamos a tentar criar uma empresa para dimensionar o produto desta região, sempre em discussão com os empresários e autarcas».
Encantadas com as maravilhas do Alentejo Bárbara Guimarães, que sempre foi uma «apaixonada» pelo Alentejo, con-
sidera «maravilhosa» esta sua nova missão. «Agora vou poder conhecer melhor a região. Gosto de partir à descoberta dos sítios, como turismo
BONECOS DE ESTREMOZ A CAMINHO DA UNESCO Ceia da Silva regozija-se de o Alentejo ser a «única» região do Mundo a conseguir duas classificações consecutivas de Património Cultural Imaterial da Humanidade, pela UNESCO, como aconteceu com o cante alentejano e o fabrico de chocalhos. Ainda este ano, a Entidade Regional de Turismo do Alentejo/Ribatejo deslocar-se-á à Etiópia para acompanhar e saber o resultado da candidatura dos Bonecos de Estremoz a património mundial da Unesco.
rural ou um bom hotel como o Marmóris. Adorei visitar a feira de antiguidades de Estremoz e, além disso, sou uma adepta desta boa gastronomia e acho a paisagem magnífica». Já a apresentadora Fátima Lopes, diz que conhece «relativamente bem» o Alentejo, uma vez que viaja com frequência com a família para esta região. «Sei como o Alentejo me recebe, sei as belas paisagens e as riquezas que tem. Sinto-me muito honrada por ser embaixadora do Alentejo. Tem gastronomia maravilhosa, paisagens esplendorosas, o bem receber e riquezas culturais. Para mim, o Alentejo tem tudo de bom». A atriz Paula Neves confessa que já sente embaixadora do Alentejo «há muito tempo». E desabafa: «Finalmente, consegui oficializar esta relação. Fiquei muito contente. Costumo andar em auto-caravana no Alentejo. Costumo passar férias um mês em terras alentejanas». A nova embaixadora do Alentejo diz que gosta do «ritmo do Alentejo, das cores, da gastronomia, da arquitetura, das pessoas e da boa relação preço-qualidade que existe em termos de alojamento e outras coisas». Sílvia Rizzo, também atriz, considera o Alentejo «maravilhoso», destacando o vinho, a gastronomia, os cheiros e as pessoas, que são muito simpáticas e acolhedoras. «Este título de embaixadora do Alentejo contribui para que passe a vir mais vezes ao Alentejo», vinca.
Presidente da câmara, Álvaro Beijinha, «totalmente solidário» com população descontente
Santiago do Cacém desespera por arranjo de estrada nacional
O
município de Santiago do Cacém mostra-se «totalmente solidário» com o descontentamento da população em relação ao estado de degradação em que se encontra o acesso à A26, no sentido de Santiago do Cacém/Sines. «É uma situação inaceitável e estará,
como sempre tem estado, na linha da frente para exigir a sua resolução com a maior brevidade possível», vinca o edil Álvaro Beijinha. O autarca realça que o troço em questão é o quilómetro 5 da Estrada Nacional 261-3, da responsabilidade da Infraestruturas de Portugal. «Como é uma
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estrada nacional, a Câmara não está autorizada a efetuar reparações no troço em causa», vinca o edil. Obras na A26 foram oportunidade perdida Álvaro Beijinha recorda que «aquando das obras que finalizaram o troço da
A26, entre Relvas Verdes e Sines, a autarquia solicitou que fosse aproveitada a ocasião para repavimentar o referido troço». Apesar das várias audiências solicitadas ao Governo e à Infraestruturas de Portugal, para resolução do caso, o município ainda não obteve nenhu-
ma resposta positiva. No entanto, para dia 4 de março está agendada uma reunião com o presidente da Infraestruturas de Por-
tugal, de onde se espera que «haja um compromisso por parte daquela empresa para a resolução definitiva do problema».
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SOCIEDADE
Escolas de Montijo, Pinhal Novo e Setúbal lideram recolha de resíduos
A
primeira fase da 8.ª edição da Geração Depositrão da ERP Portugal, que acaba de terminar, permitiu a recolha de cerca de 5 500 quilos de REEE (resíduos de equipamentos elétricos e eletrónicos) e RP&A (resíduos de pilhas e acumuladores), nas Eco-Escolas do distrito de Setúbal que integram o projeto neste ano letivo. No distrito de Setúbal, as escolas que ocupam as primeiras
posições são Escola S/3 de Jorge Peixinho (Montijo) com mais de 800 quilos, fazendo-se seguir pelo Escola S/3 de Pinhal Novo (Palmela), que reuniu mais de 650 quilos e a EB23 Luísa Todi (Setúbal) com o total aproximado de 550 quilos de resíduos encaminhados para reciclagem. No que respeita à recolha de pilhas em fim de vida, em particular, será premiada a EBI da Boa Água (Quinta do Con-
de), que reuniu o total de 231 quilos, 2.ª posição a nível nacional. A atestar o sucesso desta iniciativa, que é já uma referência na comunidade escolar, está o número de pontos de recolha que vieram juntar-se ao desafio nesta segunda fase (mais 72 escolas e 24 entidades geminadas). No total, estão em funcionamento mais de 800 pontos de recolha em todo o país. Para
além dos prémios a atribuir ao longo do ano letivo, terá lugar o balanço final, em que serão premiadas 10 escolas, distribuídas por 2 categorias: peso absoluto e peso por aluno de resíduos recolhidos. As escolas serão reconhecidas, também, pela elaboração de trabalhos criativos dedicados ao tema da correta gestão de equipamentos e pilhas em fim de vida, segmentados por níveis de escolaridade.
Os contaminados
E
de repente o mundo acordou para esta realidade. Como se num ápice a indústria metalúrgica instalada no Seixal tivesse desatado a mandar ar impuro e a poluir a bonita Baía e o Rio Judeu que banha e encanta o nosso Seixal Se há coisa que me orgulha na política, tem sido a circunstância de ter acompanhado (de perto) as maiores questões que dizem respeito à vida da população que me elegeu – O Seixal. E neste caso, tal como noutros, a minha intervenção anterior não me envergonha. Nem pela acção – posições públicas que tomei (em nome do PSD), nem por omissão (ter, eu ou o partido, ficado calados perante os factos). Agora que parece que certas forças políticas e que alguma população estão a acordar para este problema (da qualidade do ar - ou falta dela – qualidade que se respira em Paio Pires) presenteio-vos com a intervenção que fiz, em nome do PSD e na Assembleia Municipal, quando a Câmara (através da sua força política, CDU, recordo, queria fazer uma urbanização precisamente na zona da siderurgia. O tempo é sempre o melhor juiz. Ora vejam (e tirem as vossas conclusões): “Intervenção sobre o ESTUDO DE ORDENAMENTO URBANO E PAISAGÍSTICO DA ÁREA DA SIDERURGIA NACIONAL (SN) - Estamos a discutir, a debater e a questionar um estudo de ordenamento urbano e paisagístico da SN, que hoje nos é trazido a esta A.M. para votação ( embora na O.T. se diga “aprovação” ). Nós, eleitos pelo PSD, não estamos esclarecidos, temos muitas e importantes questões que ainda não nos foram respondidas. Neste momento chegamos mesmo a duvidar que haja resposta ara elas, apesar de ter sido nessa esperança, convictos de que o aprofundar dos debates em Comissão seria esclarecedor,
que os nossos Vereadores deram a este estudo o benefício da dúvida, quando ele foi presente ao executivo camarário. Requalificar numa conjuntura ambiental este espaço industrial como modelo de fomento à instalação de novas unidades industriais e ao desenvolvimento das já existentes, sujeitando toda esta zona a uma intervenção com novos eixos viários ( ferroviários, rodoviários e até portuários ), a uma reconversão de toda a extensa zona ribeirinha, à criação de uma zona cultural museológica e recreativa…é fazer Obra, é Governo e Câmara a apostarem em qualidade para o Seixal. Acontece que o estudo que aqui hoje nos é apresentado, ao contemplar uma área habitacional, implica necessariamente uma autorização da alteração de uso dos solos. E é esta autorização, é precisamente a fundamentação sólida para esta autorização que nós entendemos que ainda não existe, nem existirá, enquanto não forem respondidas as nossas questões. É que uma coisa são padrões de qualidade em zona industrial, outra coisa completamente diferente são padrões de qualidade para zona residencial! A nossa decisão é política! Este debate tem de ser mais extenso e mais profundo, porque ele reside, sobretudo, em saber se o custo de apoiarmos este estudo compensa a visão estratégica sobre um Concelho a crescer em volume de construção, a criar novas centralidades urbanas, quando é chegado o tempo de atenuar a velha máxima “mais construção, maior receita”! Aliás nós, nesta matéria, nem temos que acrescentar nada àquilo que está escrito com todas as letras na Carta Educativa do Seixal: (e cito) “as taxas de variação demográfica nos próximos 5/10 anos estão bastante acima das da GAML e das do próprio País”. A população residente no Seixal cresceu 9% em 3 anos (2001-2004) e estima-se que cresça 33% (mais 1/3…)
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até 2021! Tudo isto depois de uma realidade de 40 anos em que a variação populacional foi de 634% (1961-2000). Estes números já nos deviam ter ensinado tudo o que tínhamos É isto que queremos? Queremos que população e mais população venha cá dormir mas não tenha nada a ver com a terra? Ou queremos que quem cá mora, cá trabalhe, cá viva, cá crie raízes, vocação, gosto e amizade pelo Seixal? Construímos mais e mais na esperança de que o mercado funcione e o preço das casas baixe? Nesse raciocínio, sem sentido num ponto de equilíbrio, até poderíamos chegar ao absurdo de ter casas…grátis! A nossa opção aqui e hoje é, de facto, política. Mas, a particularidade desta plataforma de intervenção, coloca-nos preocupantes questões técnicas que, tal como as políticas, temos de ver respondidas, porque só se decide em plena consciência e só em plena consciência é que cumprimos o mandato que os Seixalenses depositaram em nossas mãos. A Câmara, a Siderurgia e a Urbindústria definiram um conjunto de acções que se propõem realizar e que são conducentes a um modelo de ocupação deste território, no entanto, essas acções não tiveram correspondência com as preocupações que seriam necessárias para o local em questão. Este local foi alvo de um conjunto de acções de contaminação quer directamente, pelo espalhamento de resíduos sem qualquer cuidado, quer de forma indirecta pela laboração do complexo industrial que, à altura, não integrava preocupações ambientais nem de controlo da poluição. O cenário daqui resultante está descrito no trabalho elaborado em 1997 e citado a páginas 41 e seguintes da Fase I ( constante do CD que nos foi distribuído).
UM CAFÉ E DOIS DEDOS DE CONVERSA
Paulo Edson Cunha
Vereador PSD Câmara do Seixal E esse cenário é profundamente preocupante: Aponta a presença de poluentes perigosos espalhados de forma generalizada e em quantidade que constitui um sério desafio económico ao processo de requalificação ambiental do espaço em Estamos, essencialmente, perante um problema de contaminação de solos e, não havendo legislação nacional de referência que enquadre estas questões, o Instituto de Resíduos aconselha a utilização de normas Canadianas para aferir esta contaminação. E nós perguntamos (porque não vimos em lado nenhum referidos, apesar da caracterização da contaminação de solos, feita em 1997, foi feita qualquer comparação com a referência aconselhada pela tutela para proceder a esta proposta de ordenamento? Ou será que se propôs uma tipologia de ocupação, sem se atender verdadeiramente às reais capacidades de recepção? Não só não se sabe se os espaços propostos podem receber este tipo de ocupação, como também, e genericamente, não foi feita qualquer estimativa do valor para o custo da descontaminação, em função dos usos propostos e em função das possibilidades Pode ser tecnicamente possível descontaminar um determinado solo para lhe conferir capacidade de uso para habitação ou espaço público, pode é esse trabalho ser tão caro que não seja economicamente viável. É em sede de ordenamento e antes da fase final que estas decisões Este estudo considera ainda ser possível atender apenas à contaminação por contaminantes móveis, mas isto não é consentâneo com as recomenda-
ções do Instituto de Resíduos, em função do tipo de solos em causa e de todos os contaminantes em Em lado nenhum está esclarecida esta questão da descontaminação, nem no que respeita à necessidade de tempo para conseguir atingir os níveis de sucesso no tratamento dos solos, nem na previsão financeira, que é feita na FaseIII, mas sem referência a custos de descontaminação. E também perguntamos: É tecnicamente viável e economicamente possível vir a descontaminar estes solos, para que eles venham a ter o tal uso que aqui se propõe? E quanto custa, afinal? Em conclusão, que poluentes se vão remover? Só os móveis? Só se tiram os resíduos que se vêm? E para esta alteração de uso de solos, afinal, que quadro de valores de referência foi usado? Aproveito para chamar a atenção de todos, este assunto é muito sério, reparem como do próprio parecer da Comissão de Acompanhamento da Câmara ressalta que os próprios técnicos se protegem, quanto ao que escrevem. Posto isto e para terminar, o PSD estará futuramente com a Câmara se estas nossas evidentes preocupações forem respondidas, se não forem, o PSD estará contra a Câmara porque quer estar a favor da população deste Concelho. Partido Social Democrata Seixal, 29 de Novembro de 2006 Como viram, esta tomada de posição foi escrita em 2006 e apesar do estudo nunca ter sido implementado, à excepção de acções de descontaminação das águas efectuadas pelo Estado, as preocupações continuam todas elas a apirar sobre nós. Tal como o ar. O mau ar…
LOCAL SEIXAL Autarquia exige Loja do Cidadão O município solicitou o pedido de uma reunião à Ministra da Presidência e da Modernização Administrativa, Maria Marques, para se retomar o processo de instalação da loja do cidadão no Seixal. Recorde-se que em 2009, o edil local e a secretária de estado da Modernização Administrativa, Maria Marques, celebraram um acordo para a instalação dessa loja no concelho. Desde essa data, e junto dos vários governos, a Câmara tem reafirmado a sua disponibilidade para o cumprimento do acordo e efetuado diligências para a concretização do mesmo face à necessidade e urgência de um equipamento público com estas características no concelho.
SESIMBRA Autarquia insiste na construção da variante ao porto de abrigo
ALCÁCER DO SAL Município revê PDM com população O município aposta em melhorar a qualidade de vida dos seus cidadãos e em promover a qualificação, atratividade e desenvolvimento do concelho, preconizando, neste sentido, a elaboração do Plano Estratégico de Ação para o Desenvolvimento Sustentável. Contando com todos, o município está a convidar a população a participar no 5.º Fórum de auscultação pública sobre o desenvolvimento sustentável do concelho, que terá lugar este sábado, às 15 horas, na Sociedade 1.º de Janeiro Torranense. Também este sábado, à mesma hora, em Santa Susana, decorre o 6.º Fórum, para o qual a autarquia convida igualmente toda a população a participar.
SETÚBAL Teatro em festa durante um mês Setúbal comemora o Dia do Teatro, com vários espetáculos, de 1 de março a 2 de abril. A apresentação da peça “Doce Pássaro da Juventude”, dia 5, às 21h30, no Fórum Luísa Todi, é um dos destaques do programa. A encenação da companhia Artistas Unidos apresenta a obra de Tennessee Williams em que o autor faz um retrato da corrupção e do mal. Igualmente no dia 5, à tarde, a Casa da Cultura recebe o teatro-musical infantojuvenil “Letras Perambulantes”. S. Domingos e das Fontainhas servem de palco à iniciativa “A rua que me leva, como um rio, desagua na memória”, do Teatro do Elefante, companhia que, entre 1 e 15, leva o público num passeio-viagem a lugares e recantos da cidade.
ALCOCHETE Luís Franco troca ideias com estudantes
SINES Sul-americanos em peso no 18.º FMM
ALMADA Cristo-Rei já tem pavilhão multisusos
O 18.º Festival Músicas do Mundo, que se realiza de 22 e 30 de julho, em Porto Covo e Sines, vai ter no seu programa sete espetáculos que representam os caminhos alternativos da nova música sul-americana. Alibombo, dupla colombiana; Bixiga 70, banda brasileira; BNegão, um dos nomes de vanguarda da música urbana brasileira; Graveola, uma das bandas brasileiras mais viajadas; a argentina Juana Molina, uma das maiores estrelas da música alternativa da América Latina; Los Pirañas, outro projeto com origem na Colômbia, é uma banda alternativa; e Systema Solar, um coletivo músico-visual especializado nas vibrações afrocaribenhas da Colômbia.
O pavilhão multiusos do Rosário já foi inaugurado. Trata-se de uma ideia do padre Sezinando Alberto, reitor do Santuário do Cristo Rei, que pediu ajuda ao arquiteto Luís Cunha, para lhe dar um carácter mais acolhedor. É uma resposta pastoral aos vários grupos de peregrinos que escolhem o Santuário como lugar de encontro, reflexão, formação e de oração. «O Santuário tem feito grande esforço para que o local se torne cada vez mais um centro de peregrinações, um local de formação espiritual, onde os cristãos sintam uma atmosfera mais religiosa e menos turística. O espaço envolvente é aprazível ao turismo, porém o santuário leva o turista a tornar-se peregrino», vinca fonte paroquial.
O edil Luís Franco recebeu, dia 18, nos paços do concelho, uma turma de 9.º ano da Básica El Rei D. Manuel I, num encontro informal de partilha de experiências e perspetivas para o seu futuro. Os jovens questionaram o autarca sobre o seu percurso de vida e as suas opções que o conduziram a presidente da câmara. O autarca falou das suas origens e da forte ligação que tem a Alcochete, das opções académicas e profissionais, do seu primeiro emprego, do curso de direito e do início da sua carreira política. «Aos 32 anos convidaram-me para ser candidato à presidência da câmara, que considerei um desafio interessante, disse Luís Franco.
O edil Augusto Pólvora entregou à Ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, numa visita recente a Sesimbra, um dossiê sobre a variante ao porto de abrigo, via essencial para o desenvolvimento das atividades marítimas e da economia local. O autarca mostrou-se apreensivo com a baixa classificação desta variante no conjunto das Infraestruturas de Elevado Valor Acrescentado (IEVA), face aos critérios utilizados, e teme que isso possa inviabilizar a concretização da via. No dossiê, a CMS afirma a sua disponibilidade para colaborar numa solução, tendo inclusivamente apresentado um traçado alternativo que reduz substancialmente o investimento considerado no IEVA, no valor de 6,8 milhões de euros.
BARREIRO Centro de recolha de animais pronto em março Deverá estar pronto em março, o Centro Intermunicipal de Recolha de Animais Errantes do Barreiro- Moita. O espaço localiza-se junto ao mercado abastecedor do Barreiro, na Quinta das Rebelas. A vereadora Sofia Martins salienta «a qualidade de conforto» que será proporcionada aos animais quando este equipamento estiver em pleno funcionamento, para além de vir a permitir renovadas condições para os seus visitantes e de trabalho para os seus funcionários. A obra, que orça em mais de 267 mil euros, inclui 33 boxes para cães, três celas de quarentena, um gatil, três gabinetes de trabalho, copa, sala de tosquias e eutanásias, instalações sanitárias e armazém.
GRÂNDOLA Edil local defende manutenção e reforço dos meios aéreos O edil Figueira Mendes defende a manutenção no concelho do Centro de Meios Aéreos, com recurso a helicóptero de combate a incêndios, destacando também o papel fundamental que este poderá ter no futuro, contribuindo para melhorar a resposta do INEM. A mensagem foi transmitida a Jorge Gomes, secretário de estado da Administração Interna, aquando da deslocação recente à vila com vista a inteirar-se dos principais problemas da Proteção Civil. No encontro foi ainda abordada a possibilidade de alargamento da permanência da Força Especial de Bombeiros, que garantirá «uma maior e melhor resposta ao nível da Proteção Civil, em articulação com a corporação de bombeiros mistos».
SANTIAGO DO CACÉM em Madrid ao ritmo do Alentejo O edil Álvaro Beijinha foi um dos autarcas alentejanos que marcou presença em Madrid, dia 13, no Teatro do Círculo de Bellas Artes, na marcante estreia do cante alentejano na capital espanhola, a cargo dos cantadores de Vila Nova de São Bento (Serpa) d’Os Ganhões de Castro Verde e dos Moços D`uma Cana. À saída, as cerca de 600 pessoas que enchiam a sala tiveram a oportunidade de provar os sabores do Alentejo, com a degustação de produtos regionais de Santiago do Cacém, como as suas alcomonias, os seus rebuçados de pinhão e o seu mel, tendo também mostrado o seu artesanato para acondicionamento e decoração de mesa.
MONTIJO Academia sénior celebrou 2.º aniversário A Academia Sénior da Atalaia do Alto Estanqueiro Jardia festejou o seu 2.º ano de vida no dia 23, no edifício da antiga Junta de Freguesia do Alto-Estanqueiro/Jardia. Na ocasião foi apresentada a Agenda Sénior. O edil Nuno Canta recordou que os espaços rurais «pelo afastamento que têm das aglomerações urbanas apresentam um maior risco de exclusão social e isolamento das pessoas idosas. A academia, com mais de 100 alunos, proporciona uma resposta aos problemas dos idosos desta freguesia e revela–se essencial no combate ao isolamento das pessoas mais idosas», disse. O autarca sublinhou que «a Academia representa o que de melhor se faz nas respostas sociais para os idosos do concelho».
PALMELA Município repavimenta troço da Estrada Municipal 533-1 A Câmara Municipal de Palmela vai repavimentar a Estrada Municipal 533-1. Trata-se de uma intervenção faseada, encontrando-se em audiência prévia a adjudicação de um troço de cerca de 300 metros, na zona de Lagameças, freguesia de Poceirão. Com um prazo de execução de 50 dias, esta obra representa um investimento municipal de cerca de 40.500 euros. Entretanto, foi concluída, esta semana, a repavimentação alargada do cruzamento da Estrada Municipal 533-1 com a Estrada Municipal 575, também conhecido como cruzamento da Palhota.
MOITA Rumo ganha espaço para acolher pessoas sem-abrigo O município celebrou, recentemente, um contrato de comodato com a Rumo, para cedência de uma habitação, no Vale da Amoreira, destinada ao Acolhimento de Emergência para Pessoas Sem-Abrigo. A Rumo é a entidade que, em articulação com vários parceiros, tem respondido às situações de pessoas sem-abrigo no concelho. «Tendo em conta que se trata de uma problemática complexa e multifacetada, carecendo por isso de uma intervenção multidisciplinar para concretizar um trabalho efetivo junto das pessoas nesta situação, é essencial a existência de uma resposta que permita prover um local de acolhimento temporário, local esse que não existia até agora no concelho», diz o município.
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CULTURA JOVEM SINEENSE ESTREIA-SE COMO ESCRITOR AOS 19 ANOS
Gonçalo Naves denúncia em livro situações anormais da sociedade O sineense Gonçalo Naves, aos 19 anos, faz a sua estreia no espaço público das letras, depois de ter brilhado como jogador de basquetebol nos escalões jovens. Arranca agora a sua aventura como escritor atento à realidade e aos dramas humanos à sua volta. TEXTO ANTÓNIO LUIS IMAGEM SM
O
jovem autor de Sines, Gonçalo Naves, de 19 anos, acaba de lançar o seu livro de estreia. Intitula-se “Bem-vindos a esta noite branca” e conta-nos a história de como uma família portuguesa reage face a um problema de saúde de um rapaz acabado de nascer. «Aquilo que quis fazer foi denunciar algumas situações com que me vou deparando, e fazer, dentro do possível, um retrato e, consequentemente, uma crítica a essas mesmas situações. É um livro com muito de mim», realça. Gonçalo Naves relembra que o gosto pela escrita surgiu atra-
vés da leitura. «Quanto mais leio, mais cresce a vontade e necessidade de escrever. A minha família e os meus professores sempre me mostraram a importância de encontrar uma forma de expressão pessoal, dando especial ênfase à escrita e aos livros. Além desta combinação de realidades também tive muita sorte», vinca. «Este livro, como quase todos que escrevo, tem por base de trabalho e de inspiração algumas situações reais que tenho vindo a observar na minha vida. Os personagens não são reais mas o livro tem por base factos verídicos», conta Gonçalo Naves, que sublinha que a obra demorou cerca de um ano a ser escrita.
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«Gostaria de ser escritor ou professor» António Lobo Antunes e José Saramago são as suas «grandes influências a nível literário». Mas há também outros nomes incontornáveis que aprecia bastante, nomeadamente Fernando Pessoa, Cesário Verde, Manuel da Fonseca e Eugénio
de Andrade, entre outros. A frequentar o 1.º ano da Licenciatura em Direito, na Faculdade de Direito de Lisboa, o jovem autor sineense confessa que gostaria de ser escritor a tempo inteiro ou professor. «Não sendo possível, penso que o meu futuro passará pelo exercício de alguma profissão na área do Direito, que também me é muito querida, ou como docente, mas se pudesse viver apenas dos livros ficaria muito contente». Gonçalo Naves praticou basquetebol durante cerca de 7 anos, em Grândola e no Benfica. «O basquetebol sempre será o meu desporto favorito, tanto para praticar, como para assistir. Continuo a acompanhar a modalidade de perto, mas agora apenas como espetador», recorda.
APRESENTAÇÕES EM SINES E EM LISBOA “Bem-vindos a esta noite branca” já foi apresentada, publicamente, na A das Artes, em Sines, no passado dia 23 de janeiro, e, também em Lisboa, estando previsto para breve outras apresentações. O livro pode ser adquirido na A das Artes Livraria ou por encomenda dirigida ao próprio autor. Pode ainda ser comprada nas apresentações públicas que vão acontecendo e que serão divulgadas no facebook do jovem autor.
Io Appolloni homenageia poetas que mais a marcaram
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o Appolloni sobe ao palco do auditório municipal de Pinhal Novo a 11 de março, às 21h30, com o espetáculo “Poemas na minha vida”. Integrada nas comemorações do Dia Internacional da Mulher no concelho de Palmela, esta produção conduz o público através da vida da atriz italiana, radicada em Portugal, utilizando a poesia e os poetas que mais a marcaram para identificar momentos e memórias especiais. Jorge de Sena, Eugénio de Andrade, António Gedeão, Inês Pedrosa, Edmondo de Amicis, Ezio Valecchi, Totó, Fernando Pessoa e Alda Merini são os poetas representados neste espetáculo multidisciplinar, onde a música, a palavra e a imagem se cruzam.
AGENDA ALMADA27SÁBADO21H30
TIAGO BETTENCOURT APRESENTA NOVO CD Teatro Joaquim Benite
Tiago Bettencourt dá um concerto para dar a conhecer o álbum “Do princípio”, o mais recente trabalho do cantor e compositor, e temas de um passado mais longínquo com referências aos projetos Toranja e Mantha.
PALMELA27SÁBADO18H00
NILTON EM DOSE DUPLA Teatro S.JOÃO
A Sociedade Filarmónica Humanitária, com o apoio do município, organiza uma noite divertida de humor com Nilton. Depois de esgotada a sessão das 22 horas, foi disponibilizado um novo horário, às 18 horas, para desfrutar do mais recente espetáculo do humorista.
GRÂNDOLA27SÁBADO21H30
BLACK MAMBA EM TOUR ACÚSTICA Cine-Granadeiro
The Black Mamba, a banda de Pedro Tatanka apresenta em Grândola a tour acústica com os temas do segundo álbum de originais “Dirty Little Brother” e os grandes êxitos como “I’ll Meet You There”,“It Ain’t You” ou o mais recente “Wonder Why”.
BARREIRO27SÁBADO21H30
RIR COM “HOTEL DA BELA VISTA” Teatro Municipal
A Companhia de Teatro do Barreiro ArteViva mantém em cena a comédia “Hotel da Bela Vista”, com sucessivas casas esgotadas. Esta comédia de Ödön von Horváth, com encenação de Jorge Cardoso e Carina Silva, está em cena às sextas e sábados.
CULTURA
Companhia Mascarenhas-Martins estreia produção que retrata a vida contemporânea
O
primeiro espetáculo da companhia Mascarenhas-Martins, “Toda a gente e ninguém”, estreia no cine-teatro Joaquim d’Almeida a 3 de março, às 21h30. Trata-se de um retrato da vida contemporânea, escrito a partir de observações do quotidiano, com encenação de Levi Martins. Ficará em cena entre 3 e 5 de março e os seus intérpretes são João Jacinto e Maria Mascarenhas. Levi Martins realça que quando Gil Vicente escreveu o “Auto da Lusitânia” (1532), imaginou as personagens “Todo o Mundo e Ninguém”. «A sua interação revelava, de forma simples, a oposição que existe entre estes dois conceitos gerais: “toda a gente” e “ninguém”. Foi a partir dessa mesma oposição que surgiu “Toda a gente e ninguém”, uma criação que
coloca em cena três pares de personagens que se confrontam com aquilo que acontece no decorrer de um só dia». O espetáculo de estreia da companhia Mascarenhas-Martins, nova estrutura sediada no Montijo, parte da preocupação dos seus criadores em pensar que «teatro pode fazer-se na atualidade, que consiga dialogar com as inquietações e o quotidiano dos espectadores». E prossegue: «Queremos fazer teatro que tenha uma relação clara com a atualidade. Queremos começar com um espetáculo que parta dos nossos pontos de vista e não de uma escolha de repertório. Temos como objetivo contribuir para uma renovação do panorama artístico, acreditando que é urgente trabalhar para que não exista, da parte dos especta-
dores, qualquer tipo de desconfiança quanto àquilo que é a criação artística honesta. Acreditamos ainda que é necessário libertar a arte de qualquer tipo de instrumentalização. Entendemos a criação artística como um gesto de liberdade». A companhia Mascarenhas-Martins foi fundada a 6 de Janeiro de 2015 por Maria Mascarenhas, Levi Martins e Adelino Lourenço. A 16 de Janeiro de 2016
fez a sua apresentação pública na Casa Mora, Montijo, numa conversa que contou com a participação de Luís Miguel Cintra, João Brites, João Lourenço e Vera San Payo de Lemos. No presente ano conta apresentar dois espetáculos de teatro, produzir um documentário, e organizar mais reflexões sobre teatro, complementadas com concertos em parceria com artistas do Montijo.
Setúbal promove bandas de garagem
MONTIJO27SÀBADO21H30
DOCUMENTÀRIO SOBRE O MONTIJO Teatro Joaquim D´Almeida
A partir de testemunhos de músicos, maestros, dirigentes, amigos e outras pessoas ligadas à Sociedade Filarmónica 1.º de Dezembro, conta-se a história da banda e da sua influência, de Aldegalega a Montijo. A produção e investigação é de Duarte Crispim e a realização é assinada por Levi Martins.
SETÚBAL28DOMINGO17H00
ENSEMBLE JUVENIL DÃO CONCERTO Secundária Sebastião da Gama
O Ensemble Juvenil de Setúbal, grupo composto por duas dezenas de músicos locais, dá um concerto, de entrada livre. Inclui interpretações de “Música para Peças de Madeira”, de Steve Reich, “DivertiMente”, de António Laertes, compositor setubalense, e “Carnaval dos Animais”, de Saint-Saens.
SETÚBAL4sexta-feira22H00
HELENA VASCONCELOS NA CASA DA CULTURA CASA DA CULTURA DE SETÚBAL
O
12.º Concurso de Bandas de Garagem de Setúbal já tem os oito conjuntos selecionados para disputar as diferentes etapas do certame, que decorre entre 27 de fe-
vereiro e 12 de março, na Capricho Setubalense. A prova, organizada numa parceria entre o município e a Capricho Setubalense, apresenta-se com o formato com que já habi-
concurso que conta já com 12 anos de história. Para a primeira eliminatória, a 5 de março, estão já selecionados os Margem Soul, do Seixal, e Peter Strange, de Algés, enquanto a segunda, a 12 de março, tem garantida a participação de Persona 77, do Montijo, e Fear The Lord, do Seixal. A final, a 19 de março, conta com a atuação de quatro bandas. Ao grupo de Setúbal selecionado na pré-eliminatória, juntam-se os vencedores das eliminatórias e o melhor segundo classificado dessa fase.
Susana Silva vence concurso de fado de Setúbal
Apresentação do livro Não há Tantos Homens Ricos como Mulheres Bonitas que os Mereçam. Conversa com a autora Helena Vasconcelos. Apresentação por Alice Brito e moderação por Rosa Azevedo
Ganhe convites para o teatro Esta semana temos convites para oferecer aos nossos leitores para a revista popular do Teatro Mayer, em Lisboa, “Revista quer… é Parque Mayer”, do empresário Hélder Freire Costa, com Mariema, Paulo Vasco, Alice Pires e Flávio Gil. Para “A República das Bananas”, em cena no Teatro Politeama, um musical de Filipe La Feria, também há convites duplos para ofertar. E para a comédia “Hotel da Bela Vista”, do ArteViva, no Barreiro, também temos convites para sextas-feiras e sábados, às 21h30. Para se habilitar aos convites, basta ligar 918 047 918 ou 969 431 085.
tuou o público, realizando-se uma pré-eliminatória para bandas setubalenses, a que se seguem duas eliminatórias e a final, sempre com início a partir das 22 horas e de entrada gratuita. No total, apresentam-se quatro grupos de Setúbal a disputar a pré-eliminatória, este sábado, dia 27, dos quais um ganha entrada direta na final e dois são selecionados para cada uma das eliminatórias posteriores. Loosense, To All My Friends, Hotkin e Los Empty Heads são as formações sadinas a tocar pela conquista da fama no
S
usana Silva venceu, no passado sábado, a final do 8.º Concurso de Fado de Setúbal, numa noite em que a Capricho Setubalense também aplaudiu de pé Simone de Oliveira.
A fadista de 41 anos, Susana Silva, foi a eleita do júri do evento, composto por Amílcar Caetano, Joaquim Maralhas, e pela cantora/ atriz Simone de Oliveira. Natural do Seixal e habi-
tuada a atuar perante o grande público, Susana Silva sublinhou ao final da noite que o 1.º lugar conquistado, graças às interpretações de “Fria Claridade” e “Conta Errada”, pode voltar a impulsionar a carreira de fadista. «Já cantei em muitos locais, desde casas de fado no Bairro Alto a concursos na televisão. Ultimamente, a minha carreira tem andado mais tranquila, se calhar porque tenho tido menos visibilidade. É normal. Concursos como este e, sem dúvida, o primeiro lugar são um importante contributo para que volte a
cantar mais», apontou. Já a cantora Ana Rita caleiro, de 34 anos, natural de Setúbal, interpretou “Saudades do Brasil em Portugal” e “Estranha Forma de Vida” e ficou no 2.º lugar, arrecadando, ainda, os prémios de Melhor Fadista do Concelho e do Público. «Quem me conhece sabe que sou uma rapariga de sorte. Descobri o fado, mais a sério, há apenas uns dois anos. Ter uma noite como esta, perante o carinho deste público tão especial e ao pé de tantas caras que me são queridas, acaba por ser muito bom», sublinhou.
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POLITICA Eleições para presidente e delegados ao congresso federativo dos socialistas
Opositores de Mendes vão disputar apenas 41 dos 186 delegados O atual líder da distrital conseguiu listas em todas as secções para o ato eleitoral da próxima sexta-feira, os apoiantes de José Carlos Dias concorrem apenas a seis secções. Contas feitas, vão estar em disputa menos de um terço do número de delegados.
TEXTO RAUL TAVARES IMAGEM SM
A
candidatura de António Mendes à presidência da federação distrital do PS vai apresentar listas em todas as secções do distrito, disputando, já na próxima sexta-feira, 4 de Março, um total de 186 delegados a eleger para o congresso agendado para 19 de Março, no Montijo. Segundo fontes contactadas pelo Semmais, a lista liderada por José Carlos Dias, militante de Sesimbra, candidata delegados às secções de Almada, Arrentela, Moita, Baixa da Banheira, Sesimbra e Palmela. «Significa que, à partida, a lista B, liderada por António Mendes, parte com 145 delegados eleitos e vai disputar 41 delegados nas secções onde se apresentam duas listas opositoras», explicou uma fonte socialista. Na próxima sexta-feira, porém, para além da escolha dos
delegados ao congresso, está igualmente em jogo a eleição direta do presidente da Federação Distrital do PS, entre António Mendes e José Carlos Dias, e da presidente do Departamento Federativo das Mulheres Socialistas, que conta com a candidatura de Ana Santos. Ascensão nacional de Catarina Mendes abriu hiato Recorde-se que António Mendes está a assumir atualmente as
funções de presidente da federação socialista, desde que Ana Catarina Mendes, a presidente eleita assumiu o lugar de secretária-geral adjunta a nível nacional, após António Costa ter tomado posse como primeiro-ministro. José Carlos Dias, por seu turno, lidera o chamado grupo dos “descontentes”, que inclui ainda o ex-deputado Ventura Leita e o ex-vereador da Câmara do Barreiro, Amílcar Romano, ambos ligados à anterior presidente federativa Madalena Alves Pereira.
CGTP leva Congresso a Almada para preparar próximos 4 anos
Terminal de contentores no Barreiro ainda precisa de mais um estudo
A
ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, revelou que o Governo vai fazer mais um estudo económico-financeiro ao projeto do terminal de contentores do Barreiro e um outro à área de dragagens, através de técnicos do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC). A governante falava quinta-feira na audição conjunta da Comissão de Orçamento e Finanças com a Comissão de Agricultura e Mar, justificando que «apenas foi realizado um estudo prévio e baseado num estudo que uma empresa privada tinha desenvolvido». Segundo admitiu a ministra, o porto de Lisboa «merece ter decisões bem fundamentadas, que invertam o ciclo de decréscimo da procura», enquanto também na área de dragagens, atendendo às reservas colocadas publicamente por especialistas, será solicitado ao LNEC «um estudo aprofundado sobre o assunto», anunciou. Orçamento deste ano sugere “entendimento” com PSA/Sines Recorde-se que há cerca de um ano o Governo liderado por Pedro Passos Coelho admitia que o Barreiro era a única localização em cima da mesa para a instalação do terminal de con-
tentores, mas já esta semana o Diário Económico tinha a avançado que o projeto de investimento no terminal de contentores no Barreiro teria deixado de estar na linha das prioridades do Governo, pelo menos, para o ano em curso, encarando como melhor solução a articulação entre os portos de Lisboa e Setúbal. Por outro lado, a última versão do Orçamento de Estado para 2016 dá a entender que poderá ser acelerada a concretização do memorando de entendimento entre o Estado português e a concessionária PSA para expansão do terminal de contentores de Sines e até mesmo o lançamento de estudos para uma segunda concessão do terminal no porto alentejano. Esta hipótese, recorde-se, já tinha sido levantada há uns anos por Ana Paula Vitorino, atual ministra do Mar, quando era secretária de Estado dos Transportes.
Bruno Vitorino exige clarificação sobre terminal de contentores
A
CGTP quer intensificar a luta reivindicativa nos próximos quatro anos, segundo avançou o secretário-geral Arménio Carlos. Objetivo? «Ajudar a resolver os problemas dos trabalhadores e tentar repor o poder de compra e direitos perdidos durante a governação do PSD e CDS, acompanhada pelas politicas europeias e a presença da troika», sublinhou. Arménio Carlos falava sexta-feira em Almada durante o 13º Congresso da CGTP, que teve muita música e convívio, garantindo que os trabalhadores até «estão satisfeitos com a solução governativa, mas vai ser preciso estar atento às decisões», alertou o dirigente durante a reunião magna que juntou cerca de mil pessoas no Complexo Desportivo do Feijó, valorizando para já as medidas aprovadas pelo PS, PCP, BE, PEV, PAN «que eliminaram os cortes nos salários» O XIII Congresso da CGTP discute um documento programático que define a estratégia sindical para o próximo quadriénio e que, entre outros aspetos, se propõe intensificar a
luta reivindicativa, devendo ser aprovado este sábado pela esmagadora maioria dos 740 delegados. Reforçar ação dos sindicatos no local de trabalho Para atingir os objetivos, Arménio Carlos considera que «é necessário reforçar o papel e a ação dos sindicatos nos locais de trabalho, de forma a alargar a sua influência dinamizando e intensificando a luta dos trabalhadores em defesa da valorização do trabalho e dos salários», diz, dando prioridade à reposi-
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ção do direito de contratação coletiva, a revogação das alterações legislativas que agravaram as leis laborais, a redução do horário de trabalho e a redução da carga fiscal. Subordinado ao lema “Organização, Unidade e Luta - A Força dos Trabalhadores! Emprego com Direitos, Soberania, Progresso Social”, o programa aponta ainda para a necessidade de criar emprego de qualidade para assegurar o futuro do país, e por isso considera urgente a definição de um programa de desenvolvimento dirigido à revitalização do tecido produtivo.
O
deputado do PSD do distrito, Bruno Vitorino, no âmbito da audição da Ministra do Mar na Assembleia da República, em discussão da especialidade do Orçamento de Estado para 2016, exigiu uma posição clara do Governo sobre esta matéria, até porque «as declarações atabalhoadas e apressadas por parte de dirigentes socialistas locais, que já disseram uma coisa e o seu contrário, nada esclarecem». «É um projeto demasiado importante para o Barreiro e exige uma clarificação. Este ziguezaguear contante do PS e do Governo, não deixando clara esta matéria, pode afastar eventuais investidores, para
além de não deixar descansadas as populações e as autarquias envolvidas», sublinha. «Eventuais atrasos nos estudos não justificam a retirada do projeto do plano de investimentos», acrescenta. Bruno Vitorino lembra que o PSD sempre defendeu que o terminal de contentores «é fundamental para o Barreiro e para a região, criando muitos postos de trabalho diretos e atraindo muito mais investimento». «Este projeto, aliado ao trabalho concreto que se tem feito na Baia do Tejo, de requalificação de todo o espaço e aposta na economia, é que é verdadeiramente uma estratégia para o arco ribeirinho sul», conclui.
DESPORTO VELHO AUTOCARRO PASSA A SER UTILIZADO PELAS CAMADAS DE FORMAÇÃO
V. Setúbal compra autocarro de luxo para os atletas seniores do clube O novo autocarro do V. Setúbal, que foi comprado ao Villarreal, permite que o velho veículo seja colocado ao serviço das camadas jovens do clube. Dentro de quinze dias, o líder vitoriano promete anunciar outras apostas que contribuem para melhores condições de trabalho das classes de formação de futebol. Fernando Oliveira queixa-se da falta de ajudas. de de oferecer uma assistência maior à nossa formação. Queremos que os atletas deixem de ser transportados nos carros dos pais dos jogadores. Por isso, estamos a beneficiá-los com este autocarro com 30 anos de vida. Sentimo-nos honrados por sabermos que as nossas camadas jovens vão estar muito melhor protegidas nas deslocações grandes que fazem, sobretudo na zona do Algarve.
TEXTO ANTONIO LUÍS IMAGEM ANTÓNIO LUÍS
O
V. Setúbal acaba de adquirir um novo autocarro para o seu plantel sénior de futebol. Trata-se de um veículo semiusado (novo custa cerca de 300 mil euros) que pertencia ao Villarreal Club de Fútbol, da Província de Castellón, que ocupa a 4.ª posição na 1.ª liga espanhola. Foi um «negócio de oportunidade que tanta falta nos fazia e que vai proporcionar melhores condições aos nossos jogadores», sublinhou o presidente Fernando Oliveira, em conferência de imprensa, na passada sexta-feira, no estádio do Bonfim. «É uma aposta importante. É mais um património que entra no clube», vincou. Fernando Oliveira afirmou que o investimento do novo autocarro foi bem pensado. «Vitória não nada em dinheiro, é um clube com dificuldades, mas, não queremos ser os coitadinhos cá do sítio. Temos orgulho naquilo que temos feito, cada vez mais, e dentro de pouco tempo vamos
Isso era uma das nossas grandes preocupações». O novo autocarro da equipa sénior do VFC foi apresentado na sexta-feira, ao meio dia, junto à capela do Senhor do Bonfim. A cerimónia contou com a presença da equipa técnica e de todo o plantel profissional do Vitória, tendo a tradicional bênção do novo veículo, sido feita pelo Diácono Evangelino Ribeiro.
Maior conforto e comodidade para todo o plantel
anunciar outras apostas que garantem melhores condições de trabalho às categorias jovens», argumentou. «Todos nos vamos orgulhar dessas novidades que outros clubes já têm. Os outros clubes têm mais ajudas do que nós. Nós, infelizmente, temos poucas ou nenhumas ajudas, mas, cá vamos no nosso passo, a conseguir e a adquirir coisas que
vão engrandecer muito a nossa formação», sublinhou. «Atletas jovens vão deixar de viajar nos carros dos pais» «O outro autocarro, que já tem 30 anos, foi comprado por mim. Depois desta direção cá chegar, já comprámos mais dois autocarros e dá-nos a possibilida-
O novo autocarro oferece maior conforto e comodidade aos atletas. Os assentos são mais confortáveis e na parte traseira existe uma zona de lazer, com mesas para jogar às cartas e casa de banho. Tem televisão, acesso a sistema HI-FI e está dotado de fichas para a ligação de vários aparelhos, como os telemóveis e os iPads, que os jogadores utilizam muito. «Este autocarro permite outro tipo de conforto adequado às necessidades de uma equipa profissional de futebol, que faz imensas viagens ao norte. Somos a equipa mais a sul do País e isso acarreta sempre viagens de longa distância. Este veículo vem minimizar o desgaste físico dos jogadores nessas longas viagens», revelou Marco Santos, relações públicas do clube.
Seixal vai estar ao rubro com o campeonato nacional de judo em juniores
O
tas alegrias têm dado aos portugueses, com vários títulos olímpicos e mundiais conquistados nos últimos anos. As II Jornadas da Juventude irão contar com a presença de judocas com idades compreendidas entre os 6 e os 12 anos, de todo o território nacional. O encontro é promovido pela ADJS e CCRAM, com o apoio da autarquia.
pavilhão municipal do Alto do Moinho recebe este sábado, dia 27, o Campeonato Nacional de Judo em juniores e no dia 28, domingo, a 2.ª edição das Jornadas da Juventude nesta modalidade. Um fim de semana onde o judo vai estar em destaque, com a participação de centenas de atletas, oriundos de todo o continente e ilhas, na segunda mais
importante prova do calendário nacional. A organização é da responsabilidade da Federação Nacional de Judo e da Associação Distrital de Judo de Setúbal (ADJS), com o apoio do Centro Cultural e Recreativo do Alto do Moinho (CCRAM) e da Câmara Municipal do Seixal. O campeonato irá contar com os melhores atletas nacionais, numa modalidade que tan-
Setúbal acolhe Forum dos treinadores de futebol e futsal
Grândola recebe Volta ao Alentejo em bicicleta
S
etúbal acolhe o Fórum do Treinador de Futebol e Futsal, a 21 e 22 de março, no Fórum Luísa Todi, onde marcam presença «os mais importantes agentes nacionais e internacionais no treino de futebol». A iniciativa, organizada pela Associação Nacional dos Treinadores de Futebol, inclui palestras, workshops práticos das
modalidades de futebol e de futsal, e constitui um ponto de
encontro para o debate e partilha de algumas das mais atuais temáticas na área do treino desportivo. A iniciativa integra o calendário de eventos de Setúbal Cidade Europeia do Desporto 2016, programa que «pretende colocar o concelho no centro dos acontecimentos desportivos em Portugal e na Europa».
A
34.ª edição daquele que é considerado um dos eventos desportivos mais importantes do Alentejo decorre entre os dias 16 e 20 de março, com início em Portalegre e chegada à cidade de Évora. Grândola recebe, no dia de 19 de março a partir das 15h30, a 4.ª etapa que começa em Aljustrel e tem um percurso total de 184,7 km. A edição 2016 da Volta ao Alentejo em bicicleta, contará
com a participação de 12 equipas portuguesas e 10 estrangeiras. Com um total de cinco etapas e 907 quilómetros, a prova vai ser disputada por um pelotão de 175 ciclistas.
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NEGÓCIOS As médias de remuneração mensal nos dois concelhos atingim os 1730 e 1312 euros, respetivamente.
Alcochete e Sines lideram salários e região recebe em média 833 mensais Seixal aos 1001. Já Setúbal fica-se pelos 972, enquanto Almada chega aos 875 e Barreiro aos 857. Montijo (807), Moita (797) e Sesimbra (766) são os concelhos que vêm a seguir, sendo nos restantes quatro municípios do Litoral Alentejano que estão os rendimentos mais baixos: Santiago do Cacém (764), Alcácer do Sal (762), Grândola (709) e Odemira (688).
Os números foram divulgados pelo Gabinete de Estratégia e Estudos do Ministério da Economia e indicam que os dois concelhos do distrito ocupam o “top 4” do ranking nacional, Alcochete no 2.º lugar e Sines no 4.º. TEXTO ROBERTO DORES IMAGEM SM
J
á sabíamos que as remunerações não são iguais em todo o lado. Mas, afinal, quanto ganham os habitantes do distrito ao fim de cada mês? A média regional chega aos 833 euros, segundo o Gabinete de Estratégia e Estudos do Ministério da Economia, muito pela
Portugueses ganham pouco mais de 10 euros por hora
influência de Alcochete e Sines, que se encontram no “top 4” do ranking nacional. Alcochete ocupa a segunda posição (1379 euros mensais) apenas atrás de Oeiras, enquanto Sines surge no quarto lugar (com uma média de 1289 euros). Segundo o mapa dos salários na região, tem vindo a registar-se uma quebra de rendimentos nos últimos anos. Por exemplo,
em 2012 a média salarial atingia os 940 euros, traduzindo uma redução superior a cem euros. Uma situação onde a influência de Alcochete se fez notar. Nesse ano o concelho exibia um rendimento de 1730 euros, enquanto Sines também chegava aos 1312. Por concelhos, além dos dois líderes, apenas Palmela e Seixal ultrapassam a barreira dos mil euros. Palmela chega aos 1054 e
Dados do Observatório RACIUS foram tratados pela IGNIOS que fala em “ciclos viciosos”
Insolvências aumentaram na região em 2015
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umentaram as insolvências de empresas no distrito de Setúbal em 2015, traduzindo uma quebra da economia regional. Segundo o observatório RACIUS, o distrito registava no final do ano um total de 529 insolvências, quando em 2014 se tinha fixado nas 498 e em 2013 nas 446 de acordo com os dados compilados. Uma tendência de subida que se arrasta desde 2012, quando na região fecharam 361 unidades empresariais. De acordo com a IGNIOS, outro observatório deste fenómeno, o aumento de insolvên-
Autoeuropa vai parar seis dias úteis no mês de março
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Desde 2012 que o nível de insolvências não para de aumentar. O ano passado fechou com 529 encerramento de empresas, quando no ano anterior foram extintas 498.
TEXTO ROBERTO DORES IMAGEM SM
Recorde-se que os salários na União Europeia subiram 1,4% entre 2013 e 2014, mas em Portugal a tendência foi a contrária: os vencimentos caíram 0,8%. Os portugueses ganham em média pouco mais de 10 euros por hora, atrás de Espanha e Grécia e muito distante dos 35 euros por hora auferido pelos dinamarqueses. Portugal está quase no fim da tabela, segundo dados atualizados pelo Eurostat, o gabinete
de estatística da União Europeia. Com 10,4 euros pagos por hora de trabalho, está no 17º lugar, atrás da própria Grécia, com 11,5 euros por hora e da Espanha, que paga 15,8 euros. A média da UE a 28 está nos 18,5 euros, com o último lugar da tabela reservado aos 3,2 euros por hora auferidos na Bulgária. Comparando com os dinamarqueses, uma semana de trabalho em Copenhaga rende 1400 euros, ao passo que em Lisboa esse montante não vai além dos 416 euros. A emigração terá sido uma das consequências. Portugal perdeu 5% da população em 2015, face a 2014, tendo passado de 10,4 milhões para 10,3 milhões de habitantes e representando 2,5% dos habitantes da União Europeia (UE), abaixo dos 2,0% do ano passado. O recuo populacional português contraria a média da UE, cuja população cresceu 2,6 em cada mil (%) entre 1 de janeiro de 2014 e 1 de janeiro de 2015, segundo o Eurostat.
cias foi «influenciado sobretudo pelo crescimento de 56,2% no número de empresas cujo processo de insolvência foi finalizado e mesmo a queda de 20,4% nas insolvências requeridas pelos credores não foi suficiente para compensar este aumento». Uma situação transversal à maioria das regiões do resto do país. E 2016 também já ameaça com resultados preocupantes. Ainda nem terminou fevereiro e a região já contabiliza 106 insolvências. O comércio a retalho, exceto de veículos automóveis e motociclos, domina a crise, com 19 casos, segue-se o comércio por grosso (inclui agentes), exceto de veículos automóveis e mo-
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tociclos, com 13. 12 insolvências afetam a promoção imobiliária (desenvolvimento de projetos de edifícios), construção de edifícios e nove as atividades especializadas de construção. Os economistas mantêm que o agravamento das dificuldades das empresas se tem traduzido na formação de verdadeiros «ciclos viciosos», caracterizados pelo «atraso nos pagamentos a fornecedores, redução do fundo de maneio, incumprimento de obrigações e pressão crescente dos credores com execução de garantias reais». Quanto às novas empresas criadas na região em 2015, o observatório da IGNIOS dá conta de um total de 2325.
produção da fábrica da Autoeuropa, em Palmela, vai parar entre 17 e 24 de março, ou seja, durante seis dias úteis. Segundo fonte da empresa, trata-se de um recurso previsto no contrato de trabalhadores e visa adequar turnos às necessidades de produção da Volkswagen. «Manter a estabilidade do sistema de produção da Volkswagen Autoeuropa, é a principal finalidade destes seis dias de paragem que iremos concretizar em março», esclarece a mesma fonte, que acrescenta que a fábrica está «a adaptar-se para acolher a nova plataforma, que permitirá a produção de um novo modelo em Palmela». Por outro lado, acrescentou, esta interrupção, permite «prosseguir com os trabalhos decorrentes do investimento de 677 milhões de euros em curso». De salientar que Portugal foi um dos países que escaparam à redução de investimentos decididos pela casa-mãe na sequência do escândalo das emissões de CO2. A Autoeuropa tenciona produzir este ano 460 carros por dia, o que representa uma redução face ao ano passado, devido à retração do consumo de alguns mercados internacionais, nome-
adamente o chinês, e aos problemas com o software fraudulento. António Chora, líder dos trabalhadores da Autoeuropa, revelou ao Semmais que não está preocupado esta paragem, uma vez que a mesma é necessária. «Não temos produtos suficientes e, além disso, é fundamental parar a produção para que seja preparada a fábrica para a vinda do novo produto que ainda não sabemos qual é. O que interessa é que seja um produto de grandes vendas», sublinhou, acrescentando que as regalias e os salários dos trabalhadores não serão atingidos.
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SEMMAIS | Sテ。ADO | 27 DE FEVEREIRO | 2016 | 13
EDITORIAL
OPINIÃO
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Raul Tavares Diretor
Não havia necessidade…
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Vá lá a gente entender
ão sou fundamentalista, antes pelo contrário. Mas sou Católico Apostólico Romano, uma crença cultural que não bafeja o espírito e até cimenta a fraternidade, na chancela de “Pedro”, que a edificou para consumar a união de Deus com os homens. Dito isto, a campanha lançada pelo Bloco de Esquerda com a imagem de Jesus Cristo sob a frase “Jesus também tinha dois pais”, procurando assinalar o dia em que o Parlamento terminou com a discriminação na lei da adopção, é apenas de mau gosto. Não é caso, por isso, para a torrente de protestos que inundou as redes sociais, situação que pode até germinar noutros conflitos e rupturas. Os criativos bloquistas fizeram o pleno, nomeadamente atingindo os objetivos de marketing a que se haviam proposto. A campanha certamente chegou a uma largueza de público inesperada. Parabéns! Mas não foi elegante, nomeadamente para uma sociedade maioritariamente católica. Nem parece ter sido assertiva pelo facto que pretende relevar, retirando-lhe nobreza. E foi até anacrónica, por mais analogias que se possam estabelecer. Por isso, digo eu, não havia necessidade. Mas lembremo-nos do recente atentado de Paris ao “Charles Hebdo” devido à publicação de uns quantos cartoons com a mesma carga simbólica. Levou a um atentado fanático, morreram pessoas, e o mundo civilizado fez um levantamento de rancho. Por outras palavras, há coisas com as quais não se justifica brincar, tendo em conta o respeito que os outros nos merecem. Mas é igualmente importante revelar a tolerância que empreendeu o mundo moderno. Por mim, a campanha passaria em claro; com algum desprezo até. Mas esta sociedade em rede não dá ponto sem nó.
m dia destes, um amigo confidenciava-me que tinha feito um jejum de notícias a bem da sua sanidade mental. Fui forçado a dar-lhe alguma razão dada a intoxicação contínua e costumeira dos chamados media neste retângulo à beira mar plantado. A bem dizer, os tais media são injustamente culpados, porque na verdade, os verdadeiros culpados pela desdita são pretensos jornalistas e comentadores que sabem de tudo e não sabem de nada, a não ser especularem, suspeitarem ou terem alguma fonte anónima, que a coberto lhe passou uma informação que é preciso difundirem, até à exaustão, para criarem convencimento de que assim é e outra coisa não pode ser. E para ajudar à festa, os principais atores da vida política e decisores da esfera económica e social, a que se juntam com particular interesse os especuladores financeiros, já não passam sem serem acolitados por profissionais da comunicação e imagem que dão um jeito no boato e na notícia que mais lhes convém. Vem isto a propósito da dificuldade em conservarmos alguma independência e consciência para não nos deixarmos levar pelo que nos querem impingir. Desde logo a notícia que toma tempo de antena e nos parece tão pertinente e que tendo correspondido a uma atuação condenável no passado nos querem fazer crer ser uma boa medida no presente. Ultimamente têm-se assistido a uma ação concertada no sentido de ser descredibilizado o Orça-
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mento de Estado para 2016 apresentado pelo atual governo. Todos os argumentos têm servido, desde ser um documento irresponsável, mal elaborado, cheio de erros e experimentalista. E também um regresso ao passado: ao investimento público leviano, com o regresso de mais estado e inibidor do investimento privado. Bem, no que se refere aos erros e à errata apresentada, julgo que é mais fruto dos tempos em que abundam os que mostram muitas dificuldades na gramática. E aí as vírgulas são um problema. Porque outros erros com impacto nas contas não se revelaram significativos. Já no que respeita à irresponsabilidade e às ditas experiências do governo “apoiado pelo partido mais à esquerda na Europa”, como gostam de dizer com ênfase os líderes da oposição (PSD/CDS), não consigo entender o alcance da crítica quando é reconhecido que o elemento central deste OE está na intenção de repor parcial ou totalmente as regalias remuneratórias ou os apoios sociais retirados aos trabalhadores e pensionistas, aos portugueses em geral, quando foi preciso implementar o Plano de Austeridade apoiado pela Troika. Para além disso surge novas áreas (Cultura, Investigação e Ciência, Modernização do Estado, entre outras) que bem merecem voltar a ser priorizadas, depois do governo anterior as ter devotado ao abandono e esquecimento. Isto não levando em conta as necessidades acrescidas de se voltar a investir na educação e garantir a saúde.
A VERDADE DAS COISAS SIMPLES José António Contradanças economista
Depois daquele episódio em que foi revelado que, muitas das interrogações de Bruxelas em relação às principais medidas de contenção revertidas, se devia ao entendimento “negociado” com o governo PSD/CDS, de que as mesmas tinham carater definito e não conjuntural, vem agora Passos Coelho reconhecer que, “o governo de coligação PSD/ CDS tomou decisões erradas durante o período de assistência financeira, mas foi o executivo por si liderado que deu os primeiros passos para sair da austeridade”. Aproveitou mesmo, o líder do PSD, na apresentação em Bruxelas da sua candidatura à liderança do PSD, para sublinhar que “a reversão da austeridade, agora apresentada pelo atual Governo, não é ideia do Partido Socialista.” Dito assim, configura-se uma nova fase na estratégia e no discurso, já não tanto pela denúncia dos desvarios cometidos, mas pela colagem sobre a oportunidade e a justeza de se devolver a quem de direito, o que havia sido retirado sob contributo essencial para resolução dum problema de endividamento e desequilíbrio das Contas Públicas, o qual, afinal, acabou por não se resolver, antes se ter agravado. Por último, duma forma mais geral, não dá para entender que rumo e que políticas económicas
se pretendem para os países que integram a UE ou mais restritamente para os países da zona Euro. Ainda ontem ouvimos Mario Draghi, presidente do BCE apelar a que “todos os países devem pôr em prática políticas orçamentais propícias ao crescimento”, sendo feito mais investimento público por parte dos estados, para que se dinamize a economia e consequentemente, se crie emprego, principal preocupação nos tempos que correm. Mas afinal não foi isto que se pediu nos idos anos de 2008, quando da brutal crise à escala mundial? E não foi isto que fez o governo de Portugal à altura e que depois se veio condenar? Agora, já não serve a receita dum Estado mínimo, sem intervir e deixando a livre iniciativa para os privados, sendo essa atividade a verdadeira reguladora do funcionamento dos mercados? Aquilo que devia ser entendimento comum e pôr de acordo, é que a atual crise nada teve a ver com a dita Economia, circunscrevendo-se, essencialmente, à esfera da especulação do capital financeiro e mais restritamente, aos bancos que para tudo serviam menos para a sua vocação essencial e inicial, a de sustentarem e ajudarem a economia real a crescer com usufruto dos cidadãos.
OPINIÃO
Um milhão a Mais
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m milhão a mais. Um milhão a mais será sempre um milhão a mais. E um milhão a menos será sempre uma desilusão mais. Entre o mais e o menos ficam as nossas expectativas. Expectativas sempre desesperadas à procura de uma boa notícia. Mesmo que uma boa noticia seja um número. No turismo também é assim. E, em 2015, tivemos quase mais um milhão de dormidas de turistas. Na verdade mais 800.000 em relação a 2014. Atentem nestes números: em 2013 a Região de Lisboa ultrapassou, pela primeira vez, os 10 milhões de dormidas no alojamento turístico; em 2014 os 11 milhões; e em 2015 os 12 milhões. Muitos milhões para tão
pouco tempo (3 anos). Foi assim. Muitos perguntam: e daí? Outros perguntam: como foi possível? Os primeiros duvidam. Os segundos questionam. Existem ainda os que se sentem responsáveis pelo que aconteceu. Na euforia de egos são quem, na verdade, nada fez para que acontecesse o que aconteceu. Não acredito em heróis. Renego figuras (cromos) providenciais. E cada autoelogio não passa de uma chamada de atenção. Quem está por detrás dos números é quem está por detrás da gestão e do trabalho dos hotéis, dos hostels, das empresas de animação turística e dos restaurantes. E está tão ocupado que não tem tempo sequer para comemorar. No final do dia tem salários para pagar. E
durante o dia sorrisos (dos clientes) para conquistar. Este sucesso. O sucesso do turismo deve-se ao trabalho. Sim ao trabalho! E também ao talento e ao que o país, em larga medida, ainda conserva: hospitalidade (devo dizer calor humano?) e o genuíno sempre próximo. Pronto, agora vamos crescer como se isso fosse o nosso destino (pensam alguns). São aqueles que preferem o destino (e outras balelas) ao trabalho. “Deixem-nos rir”. “Rir para não chorar”. Convictos de que o que conta é a iniciativa. Assim os 12,3 milhões de dormidas em 2015 revelam uma região que já vale 25% do turismo português. Em 2010 valia 23%. Mas tão importante como as quantidades são as
TURISMO SEMMAIS JORGE HUMBERTO SILVA COLABORADOR
qualidades. Comparando os proveitos, ou seja o que o turismo deixa na economia, a Região de Lisboa foi a primeira do país. E também o é pela primeira vez. 772 milhões de euros (apenas o valor referente ao alojamento) ficaram nas nossas cidades e nas nossas comunidades. Um verdadeiro ímpeto renovador dos centros históricos. Assim como um estímulo para muitos novos serviços e atividades. Surf e
observação de golfinhos; mergulho e birdwatching; novas comidas do mundo e as mesmas excelentes comidas de cá; até o golfe (agora totalmente fora de moda) e o turismo de natureza. Tanto de tudo isto a gravitar em volta do turismo. A gravitar de facto em torno do que nós somos. E que pode ser um contributo a sermos diferentes. Para melhor. Para mais universal. Sem deixarmos de ser o que somos. Precisamente aqui.
Victor Hugo Pontes
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ia 4 de Março acolhemos na Sala Principal do Teatro Municipal Joaquim Benite a mais recente criação de Victor Hugo Pontes: “Se alguma vez precisares da minha vida, vem e toma-a”, a partir d’A gaivota, de Tchecov. Assisti ao espectáculo há duas semanas no Teatro Nacional São João, no Porto, após a estreia no Festival Guidance, de Guimarães. Até ao ano passado o público de Almada nunca tinha assistido a um espectáculo deste jovem (acho que posso dizê-lo…) coreógrafo. Em Março de 2015, Victor Hugo Pontes trouxe a Almada Zoo, um belíssimo espectáculo com
cenografia de F. Ribeiro, no qual sete magníficos intérpretes/bailarinos nos mostravam o quão próximos ainda estamos nós, humanos, de uma animalidade que nos habita e que pode surgir nalguns dos nossos comportamentos quando menos esperamos. Em “Se alguma vez precisares da minha vida, vem e toma-a”, o caso é outro. Os intérpretes partem dos dramas das personagens da célebre peça de Tchecov para criarem uma teia de emoções expressas em movimentos que ora revelam, ora ocultam. Uma bancada montada no palco, à direita de cena, anuncia o cariz do espectáculo-dentro-do-espec-
táculo que o autor russo estabeleceu para nos falar de Treplev – que, aparentemente sem motivo, mata uma gaivota. A evolução dos bailarinos no palco, aparentemente sem sentido, também esconde uma tensão, para logo se apaziguar na vida quotidiana. Em Tchecov, como neste espectáculo de Victor Hugo Pontes, vamos do nada ao absoluto num par de segundos. (E, já agora, aproveita-se mais uma oportunidade para ver em palco aquela que, do meu ponto de vista, é a melhor bailarina de dança contemporânea portuguesa: Leonor Keil). Victor Hugo Pontes dirigirá em breve um espectáculo na
BOCA DE CENA Rodrigo Francisco
Diretor da CTA
Companhia Nacional de Bailado: um bom exemplo de como o reconhecimento do mérito pode chegar quando os criadores se encontram num trajectória ascendente das suas carreiras. Numa recente entrevista ao Expresso, este vimaranense, que começou por actuar num rancho folclórico, afirma que: “A situação em si, neste espectáculo, é clara para cada um dos
bailarinos, mas cada um tem a sua história. Apeteceu-me falar da ideia de ficção, e que esta fosse partilhada por todos os intérpretes. O subtexto, nesta peça, é o que Tchecov escreveu. Em palco, todos partilham um segredo, mas na plateia cada um é desafiado a encontrar a sua forma de se relacionar com isso – sem perceber na totalidade o que é esse segredo”.
Menos Estado? Não, obrigado!
A
implosão que a partir de 1989 ocorreu num dos blocos da bipolaridade, no caso a ex-URSS, veio introduzir mudanças vertiginosas no mundo. De imediato surgiu a unipolaridade, com uma superpotência, os E.U.A. a exercer uma influência hegemónica nos domínios militar, financeiro, económico, tecnológico e outros suportados num modelo político liberal, valorativo das liberdades individuais e endeusador dos mercados. Hoje prevalece uma realidade multipolar integrada por países e por espaços económicos e políticos superacionais que procuram salvaguardar as
respetivas influências tendo consciência que o mundo tem fronteiras instáveis, com as funções tradicionais de soberania dos Estados limitadas e em muitos casos desarmadas, colocando de forma crescente as pessoas com sentimentos de que não há instituições que as defendam e encontrando-se à mercê de um futuro incerto. Este quadro aprofunda o modelo neoliberal, como se não houvesse alternativa, fazendo convergir interesses poderosos, internos e externos, que geram nas pessoas essa própria convicção, conduzindo a reações e comportamentos de resignação que afetam princí-
pios e valores em que era suposto as sociedades assentarem. Daí também a procura do refúgio crescente nas religiões mesmo com as que apresentam um grande grau de extremismo, como se vê no chamado Estado Islâmico e nas gravíssimas consequências que arrasta. Este estado de coisas gera perplexidades e não é de todo sustentável por muito tempo, Todos o sentimos. Daí à urgência da reposição das funções soberanas dos Estados que respondam à proteção e defesa real dos cidadãos e em que estes sintam que os Estados não são realidades iniquas e
POLÍTICA MESMO VITOR RAMALHO
ADVOGADO
injustas, que dão causa à bancarrota do sistema bancário, onde confiaram os seus valores, que não acautelam uma justiça atempada e digna desse nome, que não fomentam politicas de emprego, que encorajam a emigração e não sabem como reagir perante a onda de refugiados e tudo o mais que se sabe e não é pouco.
Há que repor a importância do papel Estado. O princípio de que a menos Estado corresponde a melhor Estado conduziu a situação em que hoje o mundo vive. O reforço desse papel deve ser e é compatível com espaços políticos e económicos em que os países se integram como é o caso da própria EU. Menos Estado? Não, obrigado!
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