Semmais 27 julho 2019

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PRÓXIMA SEMANA

Edição Alentejo

Região

Diretor Raul Tavares

Semanário Região de Setúbal

Edição n.º 1046 9.ª série

Distribuído com o

Sábado 27 julho

2019

Voltamos a 31 de agosto

As dores e as cores do nosso ambiente Pedimos aos presidentes da Quercus e da Zero, ambos naturais da região, que apontassem os maiores problemas ambientais da atualidade no distrito, e a vários municípios que nos dessem boas práticas e projetos em curso. É essa agenda que fica declarada no caderno especial desta edição. págs. 5 a 12

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PARAGEM TÉCNICA

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As edições normais do Semmais vão ter uma paragem técnica até ao último sábado de agosto, altura em que retomamos o contato regular com os leitores. Setembro será mês de novidades. Boas férias!


atualidade

Baia do Tejo alberga arquivos dos portos de Lisboa, Setúbal e Sesimbra

editorial

Um arquivo que resgata a história dos portos e da Península raul tavares diretor

Fogos do nosso (des) contentamento Os incêndios voltaram a contaminar a excitação e o histerismo nacional, aproveitado, até ao tutano, pela turba da net, pela gincana política e pela voracidade da comunicação social. É verdade que o flagelo merece uma atenção apropriada e, sobretudo, medidas para evitar o caos que, não raramente, atinge pessoas e bens e devasta a nossa floresta. Mas isso tem sido feito: coimas e multas pesadas para a não limpeza de aceiros e dos limites que a lei exige junto a bermas e habitações, urbanas ou rurais; mais meios, muitos mais meios, e mais vigilância. Nunca quis seguir a perfídia de que os fogos florestais são obra de negociatas, de pequenos, médios e grandes madeireiros, ou das grandes celuloses, que usam e abusam do eucalipto e afins. Mas sabe-se, hoje, à exaustão, que a mão humana é presença assídua em grande parte das ignições que acicatam labaredas e gigantescos fogos de imparável controlo. Tudo isto é verdade, mas é preciso por alguma ‘água na fervura’, sob pena de acabarmos todos loucos. Há um bombeiro, ao que parece não muito recomendável, que incendeia as redes sociais, porque lança um “post” dando a entender que os soldados da paz quase não comem durante o combate aos fogos. Vê-se o Presidente da República a ser bombardeado por um popular revoltado, lançando fogo sobre tudo e todos, calando o Chefe de Estado, ofendendo o ministro que o ladeia, e vociferando técnicas de combate e outros mimos capazes, na sua verborreia, de eliminar qualquer tragédia, quiçá as temperaturas que a natureza, por estas alturas, injeta no meio dos humanos. Lê-se que a polícia dá voz de prisão a chefe de bombeiros - ambos na labuta do mesmo combate – não se sabe bem porquê. E assiste-se a novelas contínuas de frames, atrás de frames, compondo imagens televisivas ‘non stop’ que devem fazer as delícias dos pirómanos, sentados em poltronas, bebericando cerveja e gozando o prato, quase, em êxtase. Ninguém apaga este delírio, nem a justiça acorda do marasmo, tal é o espasmo nacional que tolda a chusma de peritos, especialistas, jornalistas sem freio, políticos sem responsabilidade. Se isto não é o mau começo da ‘silly season’ não sei o que será. Também me perco neste enredo, esperando que estes fogos se vão apagando, sem mácula, e que a razão dê tempero a todas estas alminhas. E que se deixe os operacionais pensarem como extinguir labareda a labareda.

Ainda agora arrancou e já conta com cerca de 4 quilómetros de papel, quase 7 mil fotografias e muito outro espólio, num acervo agora reunido e salvaguardo na Baia do Tejo. E muita história para revisitar. texto raul tavares Imagem DR

Marca de modernidade e aproximação aos cidadãos Na inauguração da “Cidade dos Arquivos”, a ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, lembrou a importância do Barreiro na industrialização do país e a ligação ao mar, nomeadamente à atividade portuária. Ana Paula Vitorino referiu, mesmo, que «foi nesta área do Barreiro, e também de Lisboa, que foram construídas as naus que foram utilizadas nos Descobrimentos», sendo que desde

essa altura foram produzidos «projetos, monografias, fotografias notáveis, que estavam escondidas». A ministra acentuou ainda o que considerou ser «uma marca de modernidade e de aproximação aos cidadãos». Já a ministra da Cultura, Graça Fonseca, destacou na mesma cerimónia, a ligação que existe «entre a cultura portuguesa e o mar».

Ricardo Medeiros, administrador da APSS, com Sara Charneca

Não é um acervo qualquer aquele que se pode, agora, consultar e visitar na Cidade dos Arquivos, Baia do Tejo, no Barreiro, porque representa, minuciosamente, a história da atividade portuária da Cintura Industrial da Península de Setúbal, da Área Metropolitana de Lisboa, e das suas frentes ribeirinhas. Quatro mil metros lineares de documentação em papel, entre os quais 16.800 desenhos e plantas, mais de seis mil fotografias, algumas delas preciosas pérolas a preto-e-branco, antigas, muito vetustas, que espelham a ligação dos portos de Lisboa, Setúbal e Sesimbra, ao desenvolvimento das frentes ribeirinhas do Tejo e do Sado. «Este espaço é imprescindível para quem quiser conhecer e estudar os polos portuários e a construção naval ao longo do século XX», explica ao Semmais, Ricardo Medeiros, administrador da APSS – Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra. O investimento de 300 mil euros, em estantes, equipamentos diversos, “hardware” e “software” apropriados para a função arquivista, é resultado da necessidade de «concentrar documentação, cuja concentração e conservação se revela essencial», diz o responsável. Sobretudo, adianta, porque «havia o risco de muito deste espólio poder perder-se e degradar-se». Ricardo Medeiros, recorda que «já se descobriram projetos e documentos que se julgavam perdidos há décadas». Por outro lado, só funcionários zelosos, com muitos anos de casa, sabiam o paradeiro de muitos dos documentos, uma situação que não se justifica nos dias de hoje. «As instituições públicas não podem estar dependentes deste tipo de voluntarismo, pelo que este projeto encerra um ciclo e abre-se à modernidade», aduz o administrador que ficou com a tutela do Centro de Documentação. Só de Lisboa vieram 5000 caixas com material A visita-guiada feita pelo Semmais testemunhou que a grande parte da documentação dispersa em salas, arrecadações, garagens e outros locais dos edifícios dos portos, em Lisboa, Setúbal e Sesimbra, já se encontra acondicionada na “Cidade dos Arquivos”, agora às mãos da equipa chefiada por Sara Charneca, especialista em arquivo e documentação. «Só de Lisboa trouxemos mais de 5 mil caixas com diverso mate-

rial», lembra a coordenadora. Este processo, segundo Ricardo Medeiros, levou também a que se «libertasse espaço» das estruturas portuárias para outros fins, que não os de armazenamento deste tipo de material. A fase atual é de tratamento e delicada digitalização deste acervo, de modo a colocá-lo disponível ao usufruto público, em especial de professores, investigadores e todos quantos precisem de repassar e compreender a história portuária e do desenvolvimento destas frentes ribeirinhas e dos territórios que ajudam a potenciar. Outro objetivo é tornar mais funcional o processo administrativo, uma vez que, segundo os responsáveis dos portos, é agora mais fácil «responder às solicitações dos diversos serviços da administração portuária», porque os documentos vão ser reclassificados e sabemos onde os podemos encontrar em tempo útil». Relacionar a história dos portos com a comunidade No novo espaço, que não está vedado ao público em geral, haverá lugar a conferências, debates, apresentação de livros, com um local mais reservado a consultas mais técnicas e mais intimistas. «Só assim faz sentido, foi essa a intenção de relacionar a história dos portos com a comunidade, ao serviço das pessoas, sejam escolas ou investigadores», afirma Ricardo Medeiros. Recorde-se que o Centro de Documentação que reúne o espólio dos três portos foi inaugurado a meio de junho, e integra a “Cidade dos Arquivos” conjuntamente com outros arquivos, nomeadamente do Museu Industrial da Baía do Tejo, Ephemera, Espaço Memória do Barreiro e Fundação Amélia de Mello. Para além dos milhares de documentos do acervo agora ali acondicionado, que será plasmado numa plataforma digital via internet, podem encontrar-se as séries documentais ‘Atas do Conselho de Administração (1907-2014)’, uma gigantesca coleção de cartografia antiga, e coleções de fotografias datadas da primeira metade do século XX e outras das décadas de 60,70, 80, e 90 do mesmo século.

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atualidade

Bruno Vitorino não é candidato e pode abandonar liderança da distrital

Turras no PSD aumentam expetativa no PS A CPN do PSD avocou a lista de Setúbal e iniciou uma “guerra aberta”. As consequências são imprevisíveis. A lista do PS está fechada e mantém o núcleo duro de deputados. texto raul tavares Imagem DR

A decisão da Comissão Política Nacional (CPN) do PSD de ter avocado a elaboração da lista de candidatos a deputados por Setúbal, pode deixar o partido «completamente de pantanas» na região, disse ao Semmais um reputado dirigente social-democrata, indefetível do líder distrital, Bruno Vitorino. Ontem Bruno Vitorino, que tem a maior parte das concelhias ao seu lado, garantiu ao Semmais que não será candidato e deixou antever que a distrital pode também cair. «A CPN tomou esta decisão de forma unilateral, num jogo de divisões e intrigas que não honra o partido, nem os seus dirigentes. É lamentável que não se tenham respeitado as estruturas do partido, os seus eleitos e muito menos os estatutos», afirmou o presidente da distrital. Para além de ter chumbado o nome da ex-ministra Maria Luís Albuquerque, para segundo

exemplo, que o terceiro lugar será ocupado por Fernanda Velez, da Moita, e o quarto, por Bruno Vasconcelos, do Seixal. «A lista de Setúbal que apresentarem no Conselho Nacional será da exclusiva responsabilidade do Dr. Fernando Negrão, do cabeça de lista e do Dr. Rui Rio», afirmou Bruno Vitorino. PS mantém núcleo duro e soma expetativas

Bruno Vitorino, líder da distrital do PSD garante que não será candidato

lugar na lista, a CPN impôs os nomes de Nuno Carvalho, vereador na câmara de Setúbal, e Fernando Negrão, líder da bancada parlamentar social-democrata, como primeiro e segundo da lista de candidatos.

Aliás, apesar de Bruno Vitorino ter exortado as concelhias a aceitar lugares na lista final, caso estes sejam indicados, será o cabeça de lista, Nuno Carvalho, a escolher os nomes que se seguem. O Semmais sabe, por

Mais calma é a situação no seio socialista. A lista final já foi sufragada pelas cúpulas distrital e nacional, e volta a ser liderada por Ana Catarina Mendes, secretária-geral adjunta, seguida do atual ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, e da deputada Eurídice Pereira. O quarto lugar foi uma escolha nacional e recaiu sobre João Galamba, secretário de Estado da Energia, sendo que o quinto e

sexto lugares vão ser ocupados pelo secretário de Estado Adjunto do ministro das Finanças, Ricardo Mourinho, e pela atual deputada Catarina Marcelino. Os socialistas apostam forte no Círculo Eleitoral de Setúbal, confiando na eleição de nove deputados. Nesta zona elegível, surgem o nome da segunda escolha nacional, Maria Antónia Almeida Santos, porta-voz do PS, em sétimo, Filipe Pacheco, líder distrital da JS, em oitavo, e André Pinotes, deputado e presidente da Assembleia Municipal do Barreiro, em nono. Caso os socialistas venham a formar governo é crível que alguns destes nomes possam exercer funções governativas, pelo que a deputada Sofia Araújo, Fernando José (Setúbal), Clarisse Campos (Alcácer do Sal) e Ivan Gonçalves (Almada), que se seguem na lista, possam acalentar chegar, também, a São Bento.

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atualidade

Em Grândola, Palmela e Almada já foram designados os Oficiais de Segurança

Programa “Aldeia Segura Pessoas Seguras” implementado no distrito de Setúbal O distrito de Setúbal está a desenvolver os Programas de Proteção a Pessoas e Aglomerados Populacionais, no âmbito dos quais já foram designados Oficiais de Segurança Local e definidos os abrigos a utilizar pela população. texto eloísa silva Imagem DR No âmbito do programa “Aldeia Segura, Pessoas Seguras” que visa a proteção aos aglomerados, através da gestão de zonas de proteção e da criação de mecanismos de autodefesa, no âmbito do combate aos incêndios rurais, a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) continua a promover ações de sensibilização sobre medidas de autoproteção , em parceria com as Câmaras Municipais através dos serviços Municipais de Proteção Civil, Juntas de Freguesia, Bombeiros e outros agentes de proteção civil . Cinco aglomerados do distrito de Setúbal já têm definidos os abrigos a utilizar, em caso de incêndio, bem como o oficial responsável por transmitir avisos e organizar a evacuação da população. A medida, já operacional

Por todo o distrito estão a ser realizadas reuniões com a população local

nas localidades de Vale Figueira (Grândola), Vale de Barris (Palmela) e Vale do Alcube (Setúbal), Pinhal do Inglês (Almada) e Aldeia do Parral (Sesimbra), tem como objetivo incentivar “a

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consciência coletiva de que a proteção é uma responsabilidade de todos”, sensibilizando para “a necessidade de implementação de estratégias de proteção dos aglomerados populacionais

e informação às populações sobre os comportamentos a adotar em caso de ocorrência de incêndios rurais”. O Comandante Elísio Lázaro de Oliveira, do Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Setúbal, afirma que além destas cinco localidades em que os programas já começaram a ser implementados, com exercícios teste de evacuação, e a identificação dos locais de abrigo e a designação dos respetivos Oficiais de Segurança Local, a iniciativa está a ser promovida na maioria dos concelhos do distrito. «Santiago do Cacém, Alcochete e Sines já realizaram algumas reuniões e estarão prestes a agendar os respetivos exercícios de teste». Santiago do Cacém que integra, com Sesimbra, Palmela, Setúbal, Almada e Grân-

dola, a lista dos seis municípios do distrito «com áreas consideradas de prevenção prioritária», já iniciou o processo, mas «ainda não agendou o exercício que permitirá conferir se o dispositivo está operacional». A nível nacional já existem 1909 aldeias onde os programas “Aldeia Segura” e “Pessoas Seguras” estão implementados e já estão identificados 1507 Oficiais de Segurança Local e 1466 locais de abrigo. O ano passado o programa foi desenvolvido em pouco mais de setecentas aldeias. A execução dos programas “Aldeias Seguras” e “Pessoas Seguras” resulta de um protocolo entre a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), a Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) e a Associação Nacional de Freguesias (ANAFRE).


ambiente

Especial Ambiente

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Lançamos os principais problemas ambientais da região, pela batuta dos presidentes das associações ambientalistas “Zero” e Quercus. Um retrato que aponta soluções mas também elege causas.

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ambiente

Líderes da Zero e da Quercus traçam rumo do ambiente na região

Da pressão urbana na Península, à ameaça mineira no Litoral Alentejano Os presidentes das duas maiores e mais importantes, Francisco Ferreira, da Zero, e Paulo do Carmo, da Quercus, fazem uma resenha dos problemas que mais afetam a região em termos ambientais. Apontam soluções e comentam os grandes investimentos. texto anabela ventura Imagem DR

avançar». Sobretudo porque, para além da dimensão dos impactos, «seria um contra senso numa região que se está a afirmar de modo próprio como um destino internacional de ambiente e turismo. Relativamente à questão da água no sul do distrito, Paulo do Carmo diz ser «imprescindível avançar com políticas de monitorização, sensibilização e informação para o seu uso de forma eficiente».

Quais são atualmente os maiores problemas ambientais da região O facto de a dinâmica das cidades estar concentrada nos centros comerciais e não nos centros históricos das nossas urbes, é uma das questões apontadas como «problemáticas» por Francisco Ferreira, que lidera a associação ambientalista “Zero”. Também no topo surgem projetos que, na ótica do especialista, «comprometem os valores naturais e a qualidade de vida das populações», como a expansão do porto de Setúbal (ver caixa), a ameaça das alterações climáticas onde se inclui a progressiva erosão costeira, e a existência de grandes e pequenas indústrias «ainda com impacte significativo no ambiente e na saúde, dando como exemplo a Ex Siderurgia. Paulo do Carmo, presidente da Quercus, elege três outros problemas. Uma rede de transportes «completamente degradada, desajustada, ineficaz e com reflexos na qualidade de vida de centenas de milhares de pessoas», com impacto na qualidade do ar, com emissões atmosféricas e com níveis elevadíssimos de ruído. Outro dos pontos assinalados, é a falta de medidas concretas no combate à seca e à falta de água, sendo que, neste aspeto, o líder da Quercus, afirma que o sul do distrito debate-se todos os anos, com problemas de água para a Agricultura, em especial na bacia

Eleja uma causa para o distrito em termos ambientais

Os especialistas acreditam haver projetos que comprometem valores naturais e a qualidade de vida das populações da região

do rio sado. «Com as alterações climáticas, e a diminuição da precipitação no território, o sul do distrito vai ter muitas dificuldades na atividade agrícola», afiança o ambientalista. Mas a maior preocupação para a Quercus neste momento é o possível avanço da exploração de uma mina de cobre e zinco que apanha o ‘coração’ de Grândola e Alcácer. «Será um grande desastre ambiental», afirma o ambientalista. Se avançar, os cerca de 8 mil hectares inseridos na atividade farão cair milhares de sobrei-

ros e serão contaminados lençóis freáticos. De que forma podem ser atenuados ou resolvidos Os dois ambientalistas, naturais do distrito, Francisco Ferreira, de Setúbal, e Paulo do Carmo, de Grândola, apontam algumas soluções para problemas recorrentes. O timoneiro da “Zero” afirma que «os erros do desvio do comércio tradicional para as grandes superfícies é quase irreversível e tem um impacte sério

na vivência e sustentabilidade das cidades». Quanto aos projetos que constituem ameaças, é necessário, nuns casos, pará-los definitivamente e noutros reequacioná-los de forma integrada. Na erosão costeira, Ferreira afirma serem necessárias «decisões mais estruturantes para evitar gastos contínuos e, no caso da indústria, «mais informação, estudos e exigência de medidas de redução das emissões». Paulo do Carmo, por seu turno, refere que no caso do projeto mineiro é preciso «não o deixar

Três grandes projetos em cima da mesa Paulo do Carmo Terminal contentores no Barreiro

Francisco Ferreira Presidente da Zero

Dragagens no Sado

Parar o projeto – todo o Estuário do Sado e a Costa de Setúbal são zonas que deveriam estar classificadas como Rede Natura 2000 o que inviabilizaria o projeto para proteger os golfinhos, o boto, outras espécies e habitats como as pradarias marinhas.

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Curiosamente as dragagens foram neste caso um dos principais argumentos para, pelo menos, adiar uma decisão. É preciso analisar de forma integrada a oferta portuária de Lisboa/Margem Sul, Setúbal e a enorme expansão de Sines para se decidir como prosseguir.

Novo Aeroporto do Montijo

É preciso pensá-lo em conjunto com o futuro do aeroporto Humberto Delgado em Lisboa e só uma avaliação ambiental estratégica, como a ZERO defende, o permitirá fazer.

Presidente da Quercus

Dragagens no Sado

Não sou contra as dragagens a qualquer preço. Não podemos nem devemos ter posições extremistas de fechar as portas. Existe uma enorme aposta no desenvolvimento do turismo em Setúbal, com destaque para as atividades do rio Sado, e que se deve manter e desenvolver. Mas também é preciso desenvolver e aumentar a competitividade do Porto de Setúbal, todos nós temos que ter a capacidade de compreender e resolver. Já reuni com a Administração do Porto

No caso da mobilidade no eixo norte da região são necessários, explica, mais investimentos nos transportes públicos, amigos do ambiente, «capazes de substituir o uso do transporte individual», gabando a medida do passe social Navegante. Ambos têm causas prioritárias, no que concerne ao ambiente na região. Francisco Ferreira elege «estender e salvaguardar as áreas naturais únicas existentes no distrito e fazer um fortíssimo esforço para reduzir as emissões de carbono face á emergência climática em que vivemos». Enquanto Paulo do Carmo elege salvar o montado. «O sul do distrito e o Alentejo debatem-se com uma redução drástica do montado. O Sobreiro é a árvore nacional, as alterações climáticas estão a afetar de forma intensa o montado».

de Lisboa e Setúbal e vi vontade e diálogo para em conjunto se ultrapassar esta questão. A Quercus está disponível para ser parte da solução.

Terminal contentores no Barreiro

Não sou favorável ao terminal de contentores no Barreiro. Os portos de Lisboa e de Setúbal estão aqui ao lado. Por outro lado, e aqui sim, os impactos ambientais seriam enormes com as dragagens.

Novo Aeroporto do Montijo

Quanto à questão do Aeroporto do Montijo não somos contra esta solução somos, sim, contra a hipótese de Alcochete, em que seriam abatidos milhares de sobreiros, com enormes impactos no solo, água, qualidade do ar e biodiversidade. No Montijo já existe uma infraestrutura Aeroportuária, se forem salvaguardadas as questões das aves e do ruído, não nos iremos opor.



ambiente

Autarcas da REGião de setúbal não abrem mão de uma paisagem ambientalmente sustentável

Paraíso ambiental na mente dos municípios Os municípios estão empenhados em lutar por um território saudável do ponto de vista ambiental. Ações de sensibilização e projetos para que o ambiente seja protegido e proporcione qualidade avançam. texto antónio luís Imagem DR O trabalho dos municípios tem contribuído para um território bonito e amigo do ambiente. No Montijo, o presidente Nuno Canta reconhece que o ambiente tem melhorado com a construção de corredores verdes e linhas de água, que «evitam a construção nos melhores solos agrícolas e as cheias urbanas». A construção de ciclovias e de espaços naturais, o desaparecimento de «muitas fábricas» de cortiça e a aposta nas ETAR´s dão publicidade

novo alento ao ambiente, evitando as descargas poluentes no Rio Tejo. O autarca, que defende um aeroporto «amigo do ambiente», reconhece que o projeto poderá contribuir para a requalificação das salinas, com a construção de passadiços, mas, sem antes estar garantida uma «melhoria significativa» na rede de transportes. «Já exigimos estas melhorias a quem de direito e estou em crer que o ae-

roporto do Montijo será um projeto-padrão de futuros aeroportos, onde não faltarão ciclovias que ligarão a cidade ao aeroporto». No Seixal, o vereador Joaquim Tavares destaca que o município tem estado «a trabalhar no abastecimento de água de qualidade, numa boa recolha de resíduos sólidos urbanos, num bom saneamento de águas residuais, numa rede de hortas urbanas e numa boa recolha seletiva da fração orgânica dos RSU». Realça a aposta na «primeira praia estuarina classificada» no Rio Tejo - a praia da Ponta dos Corvos -, e numa «boa frota municipal equipada com veículos elétricos, sem emissões de C02; no aplicativo móvel Seixal APPé, para promoções dos trilhos ambientais; e a implementação do Laboratório Vivo para a Descarbonização». O passivo ambiental da ex-Siderurgia Nacional; a contaminação originada pela deposição de hidrocarbonetos em dois antigos areeiros, e a contaminação nos terrenos da SPEL são alguns problemas que gostaria de ver resolvidos pelo Governo. Bruno Vitorino, vereador barreirense, realça que o município tem vindo a «mudar mentalidades e a preparar os futuros homens do amanhã». «A Divisão de Sustentabilidade Ambiental e Eficiência Energética da autarquia, o Centro de Educação Ambiental da Mata da Machada e o Sapal de Coina têm contribuído para a implementação de projetos de educação, valorização e preservação ambiental». Em marcha está a substituição da iluminação pública por LED´s, para uma «maior qualidade de vida e mais segurança», bem como nas escolas do 1.º ciclo, o que contribui para «melhor iluminação e menos custos de luz». Bruno Vitorino destaca ainda o projeto “Eu sou o meu Bairro”, que visa «a sensibilização ambiental e a alteração de comportamentos na gestão diária de poupança de recursos naturais». Reforço e fiscalização na limpeza urbana Em Palmela, é preocupante o aumento das quantidades de «monos e verdes» depositados de «forma ilegal». A vereadora Fernanda Pésinho fala da falta de «consciência ambiental e cívica», que tem agravado um problema que tem sido combatido com «mais circuitos, mais lavagens dos contentores, reforço da contentorização e aquisição de mais viaturas», não esquecendo o reforço na fiscalização». Dos projetos em curso com vista a um melhor ambiente, a autarca enaltece o Plano de Ação para a Energia Sustentável, com vista à redução das emissões de gases com efeito de estufa em mais de 20 por cento até 2020; o Plano de Adaptação às Alterações Climáticas; a construção de ciclovias; o investimento na regularização do troço da Salgueirinha; a Rota dos Óleos Alimentares e as Hortas Comunitárias. Mas também está em curso o Eco Famílias e Empresas, que apoiam cidadãos/empresários, em ações e projetos ambientais. Em Alcácer do Sal, avançam em marcha medidas para «reduzir a poluição e as descargas de esgotos» para o Rio Sado, com a construção de importantes ETAR´s. O presidente queixa-se da «falta de água nos açudes, barragens e no próprio Sado, que em algumas partes apresenta assoreamento significativo», devido às alterações climáticas. Além disso, Vítor Proença aposta o dedo à utilização de pesticidas nos arrozais, onde é recolhido 30 por cento do arroz nacional. «É uma cultura de grande importância económica mas, do ponto de vista ambiental, é dos casos mais graves que temos». Em colaboração com associações ambientais, a autarquia apoia a recolha de plástico, nas zonas pesqueiras de Comporta e Carrasqueira. Com forte componente ecológica, o município irá realizar no dia 10 de agosto, o 1.º Sal Fest, que inclui ecologia, música e desporto, para «sensibilizar os jovens para os cuidados ecológicos».

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Ministra na reabertura da rampa das Baleias texto eloísa silva Imagem SM Ana Paula Vitorino, ministra do Mar, esteve na inauguração da rampa das Baleias que a Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra (APSS) requalificou, por 46 mil euros. O evento contou, ainda, com as presenças de Lídia Sequeira, administradora da APSS, e Maria das Dores Meira, presidente da câmara sadina. Perante as reivindicações de alguns utilizadores, que esperavam que «a rampa e o esporão ficassem mais compridos», a ministra não descartou a possibilidade de uma «nova intervenção» nesta infraestrutura marítima, pública, de apoio às atividades náuticas e de recreio. «Esta pode não ser a obra perfeita, mas responde às necessidades da população». Lídia Sequeira, presidente de administração da APSS, também garantiu que o trabalho de melhoria «é para continuar» e enalteceu o «empenho das autarquias locais» na defesa das pequenas obras que «fazem a diferença na vida das pessoas e que devem ser valorizadas».

Maria das Dores Meira com a ministra Ana Paula Vitorino e Lídia Sequeira (APSS)

A empreitada de reabilitação da rampa de acesso de embarcações ao rio Sado incluiu a extensão do molhe, a melhoria da ligação à estrada 10/4 e o melhoramento do esporão adjacente. Para os próximos dias prevê-se que seja colocada a respetiva sinalética informativa. Os frequentadores habituais da rampa, que há mais de dois

anos lutam pela sua requalificação, e através de um grupo na rede social Facebook chegaram a lançar uma petição para a recuperação do espaço, parecem concordar que «o que foi feito nestas três semanas é pouco, mas melhor que nada». Com a utilização regular, antecipam, «perceber-se-á que há muito a melhorar aqui».

Grupo Pestana apela a um ambiente sustentável Sob a forma de “10 mandamentos”, o Pestana Hotel Group está a desafiar hóspedes, proprietários de villas e restantes stakeholders do Pestana Tróia Eco-Resorts & Residences a assinarem o Compromisso de Tróia, assumindo a missão do grupo com a sustentabilidade e reduzindo a sua pegada. José Roquette, administrador do Grupo Pestana, realçou que os “10 mandamentos” são «recomendações práticas e algumas regras que todos podemos e devemos implementar. Estas recomendações devem ser partilhadas com os mais novos para que façam parte da vida deles e não apenas aqui no Eco -Resort». O responsável falava no Pestana Tróia Eco-Resort & Residences, um condomínio privado que ocupa 100 hectares, dos quais 50 % são reserva natural, na presença de hóspedes e donos da unidade hoteleira. «O Pestana Tróia foi o primeiro e é, ainda, o único verdadeiro eco -resort concebido como tal desde a sua génese. A construção deste condomínio durou cerca de 8 anos e é com muito orgulho que conseguimos ficar fiéis aos princípios fundamentais de sustentabilidade que definimos inicialmente».

Reduzir o consumo de tudo o que tiver impacto ambiental negativo; conservar a energia e adotar o uso controlado da água; reciclar sempre que possível; não perturbar animais nem plantas; optar pela bicicleta, por ser um transporte ecologicamente correto; e plantar espécies autóctones que consumam menos água são alguns dos “10 mandamentos”. A campanha de sensibilização inclui ainda a adoção da mascote Raposa Duna, sinalética específica, nas áreas comuns, a apelar ao consumo consciente dos recursos naturais e um exemplar do Compromisso Tróia, pronto a assinar nas várias villas do resort. O Pestana Hotel Group adota os valores da sustentabilidade como elementos essenciais da sua atividade, tanto nos projetos que desenvolve como na gestão diária dos estabelecimentos. Estes valores têm expressão no programa “Planet Guest – Somos apenas Hóspedes do Planeta” no âmbito do qual o grupo reforçou recentemente o compromisso de reduzir o uso de objetos de plástico nas suas mais de 90 unidades. Com esta política, o PHG prevê a redução de 50% de plástico não reutilizável até 2020. AL

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ambiente

maletas da sustentabilidade contribuem para agenda 2030

Maletas que protegem o Planeta Através de jogos, a ENA prepara a população escolar para uma viagem de transição entre o atual modelo de utilização dos recursos e o equilíbrio entre os diversos modos de interação com a natureza. texto Agência de energia e ambiente da arrábida Imagem DR efetuada entre as Bibliotecas Municipais, a Rede de Bibliotecas Escolares (RBE) e os Professores Bibliotecários. Uma nova maleta sobre a água Recentemente, e também com o apoio do Fundo Ambiental, foi criada uma nova maleta pedagógica sobre a Água: a Maleta “Água para Todos”, com o objetivo de contribuir para a promoção da eficiência hídrica e para a adoção de práticas mais sustentáveis no uso eficiente da água, com especial enfoque para a redução dos consumos. Os conteúdos desta maleta pretendem dotar a população escolar, e a comunidade em geral, de novos conhecimentos que visam a mudança de comportamentos, promovendo um diálogo aberto, crítico e reflexivo sobre os novos desafios associados à valorização do recurso água. Esta maleta incluirá, no próximo ano letivo, o livro infantil “Aguarela” (texto de Pedro Soromenho e ilustração de César Peixoto), que terá também uma componente de audiobook. De forma a dar vida ao livro, a ENA

coloca à disposição das escolas um teatro de fantoches, criado com as personagens da história e que permite a recriação quer deste conto, quer de novas histórias criadas pelo imaginário das crianças. A maleta tem ainda uma sugestão para o 2º e 3º ciclos: o Concurso Escolar “Água para Todos”, que visa promover a eficiência hídrica na escola bem como a sensibilização da comunidade escolar para a adoção de práticas e comportamentos mais sustentáveis no uso eficiente da água. Foi também criado o jogo gigante “Missão Sustentabilidade”, que realça o papel dos jovens na gestão eficiente da água e surge como uma ferramenta de educação ambiental que procura responder à seguinte questão: como podemos contribuir para uma comunidade que valoriza a água? Sem pretender salvar o mundo, estas Maletas colaboram sem dúvida para a urgente mudança de mentalidades e atitudes que o mundo precisa, incentivando alterações de comportamento geradoras de um futuro ambientalmente íntegro, economicamente viável e socialmente justo.

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Maletas da ENA colaboram para a urgente mudança de mentalidades ao nível ambiental

A Educação contribui para mudar a forma como pensamos e agimos para um futuro sustentável. Na ENA, Agência de Energia e Ambiente da Arrábida, incluir o desenvolvimento sustentável em ações educativas é essencial para alcançar a mudança desejada. É por isso que a ENA criou, com o apoio do Fundo Ambiental, as Maletas da Sustentabilidade, uma ferramenta pedagógica apelativa e eficaz que permite aos professores trabalhar com os alunos os eixos temáticos orientadores da Estratégia Nacional de Educação Ambiental para o período 2017-2020, contribuindo para a prossecução dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030. As Maletas da Sustentabilidade são um recurso pedagógico constituído por um conjunto de ferramentas (físicas e virtuais) que permitem trabalhar com crianças e jovens os temas chave necessários à transição para a sustentabilidade. A ideia subjacente é a de preparar os seus utilizadores para uma viagem de transição entre o atual modelo de utilização dos recursos e o equilíbrio entre os diversos modos de atuação e interação com a natureza. Dirigidas à população escolar (pré-escolar, 1º, 2º e 3º ciclos), visam contribuir para a promoção da literacia energética e ambiental, abordando temáticas relacionadas com o clima, a pegada de carbono, a eficiência energética, a mobilidade sustentável, o consumo, a economia circular, o oceano e o património natural da Arrábida. As maletas físicas são disponibilizadas, de forma gratuita, às escolas dos Municípios de Setúbal, Palmela e Sesimbra atra-

vés da Rede de Bibliotecas Escolares, por intermédio dos professores bibliotecários, estando as maletas virtuais disponíveis em www.maletas.ena.com.pt para acesso livre. A estratégia de educação utilizada no projeto das Maletas da Sustentabilidade assenta na “gamificação” do conhecimento como forma de induzir crianças e jovens a atingir um objetivo. Como tal, promove o interesse, a participação, o desenvolvimento da criatividade e da autonomia, a promoção do diálogo e a resolução de questões específicas. O conteúdo das maletas da sustentabilidade inclui fichas de atividades para professores e alunos (uso em sala e no exterior) e diversos jogos pedagógicos, diferenciados por tema e faixa etária. Adicionalmente existe o jogo gigante (5,5 x 4m) “As Metas do Planeta”, que aborda os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 das Nações Unidas (ONU). Este jogo procura ajudar os jovens a perceber, de forma divertida e simples, o impacto que os ODS’s podem ter nas suas vidas e como podem contribuir para a sua concretização até 2030. Durante o ano letivo de 2017/2018, a ENA trabalhou o projeto das Maletas com cerca de 60 estabelecimentos de ensino, envolvendo aproximadamente 12.000 alunos. Foram envolvidos os Departamentos de Ambiente e Educação dos três Municípios, contando com o apoio do ICNF. Impar e diferenciadora na agilização da disseminação das maletas nas diversas escolas de cada município foi a coordenação

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cultura

CIDADE DA AREIA DÁ A VOLTA AO MUNDO E MUDA DE LOCAL

Sandcity dá a conhecer tradições internacionais Há 80 esculturas em areia, sob o lema “A Volta ao Mundo em Areia”, para apreciar no SandCity, que se mudou para Lagoa. Temos convites para oferecer aos leitores para admirarem esta criatividade.

Franito vence Convites duplos Festival de Almada para “Good Boys” “Franito”, com encenação de Patrice Thibaud e Jean-Marc Bihour, pelo Théâtre de Nîmes, venceu o prémio do público do 36.º Festival de Almada. O Grande Prémio de Jornalismo Carlos Porto, de 3 mil euros, foi para o espanhol José Gabriel Antuñano, da revista ADE. Foram também atribuídos os prémios Carlos Porto, a Gonçalo Frota, do Público, e a Leonor Nunes, do JL.

O Semmais, em parceria com o cinema City, tem para oferecer aos leitores, 10 convites duplos para a comédia “Good Boys”, realizada por Gene Stupnitsky e com interpretação de Jacob Tremblay, Molly Gordon, Retta e Will Forte, cuja ante -estreia está marcada para 21 de agosto, às 21 horas, no City de Setúbal. Para se habilitar basta ligar: 96 943 10 85 ou 918 047 918.

texto antónio luís Imagem DR

O Festival Internacional de Esculturas na Areia, da Prosandart, que está a decorrer até 15 de setembro, das 10 à meia-noite, e de 16 de setembro a 8 de novembro, das 10 às 19 horas, em Lagoa, no Algarve, tem como lema “A Volta ao Mundo em Areia”. A edição conta com duas novidades. Passou a designarse SandCity, ao invés de FIESA, e decorre em Lagoa, junto à EN 125, em frente à Escola Internacional do Algarve. No SandCity é possível “viajar” pelos vários continentes e conhecer através das esculturas alguns dos temas mais importantes dos vários países. As 80 esculturas, divididas pelos vários continentes, foram elaboradas por 57 artistas de várias nacionalidades, durante três

cinema Rastejantes

As esculturas, divididas pelos vários continentes, foram construídas por 57 artistas

semanas. O jogador Cristiano Ronaldo; o poeta Fernando Pessoa; o Galo de Barcelos e a Torre de Belém são algumas das esculturas para apreciar no recinto, que dispõe de bar e de casas de banho. O SandCity oferece aos visitantes a habitual visita guiada,

os workshops de escultura em areia, os jogos do Mikado, Berlinde e “Game of Thrones”, e o mini-golf. Há visitas guiadas em português e em inglês, das 10h30 às 12 horas e das 17 às 18h30, respetivamente. Para ganhar convites para o festival ligue: 969 431 085/918 047 918.

Data de lançamento: 11/07/2019 Nacionalidade: Estados Unidos Género: Terror Elenco: Kaya Scodelario, Barry Pepper, Ross Anderson Realizador: Alexandre Aja Duração: 87 minutos

Quando um furação se encaminha em direção à Flórida, as autoridades aconselham os habitantes a abandonar o local antes que seja demasiado tarde. Sem saber do paradeiro do pai, Haley ignora os avisos dos especialistas e dirige-se à casa de

família, situada em Coral Lake. Quando finalmente encontra o pai ferido na cave da casa, a jovem depara-se com jacarés gigantes que, trazidos pela subida da água, se deslocam livremente pelos destroços da cidade em busca de alimento. Para ver no moderno cinema City do Alegro de Setúbal.

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opinião

PORTUGAL - Com (a) Costa em chamas, um Rio a arder um café e dois dedos de conversa paulo edson cunha advogado HÁ COISAS que não batem certo na minha cabeça. Se Portugal está a arder, descoordenado, sem capacidade de resposta, aliás infelizmente uma tónica deste desgoverno, se os hospitais estão em rutura completa, com os médicos e enfermeiros a revezarem-se sobre quem faz mais greves, tal como os professores, os tribunais, onde juízes, procuradores e funcionários judiciais competem para ver quem mais reclama os seus direitos, se os motoristas de pesados já parali-

saram o País uma vez e ameaçam paralisar outra, se os militares estão desconfortáveis, os polícias também, o MP igualmente, o ex-ministro da defesa é arguido num escândalo já neste governo, pergunto, quem votará neste PS? Eis quando somos surpreendidos com a notícia de que este PS, que não agrada a ninguém, está à beira da maioria absoluta. Pergunto, quem vota assim tanto neste PS para além da família socialista? Não, não me refiro aos socialistas, mas sim à grande

família que está no governo. Eles são muitos, entre maridos, mulheres, tios e sobrinhos, mas não os suficientes para ganharem, a não ser que… A não ser que ninguém vote no PSD. Um PSD dividido e que faz questão de se auto mutilar diariamente. Para Rio o exercício é dar cabo da família. Não dos seus tios, primos e afins, mas sim da família social-democrata. Se a ideia de Rui Rio é colocar a estrutura do partido contra o próprio partido, então parece-

me que está a conseguir. Veja-se o que está a acontecer, por exemplo em Setúbal. Eu até poderia concordar, se o País estivesse com o partido, mas pelo que se vê, apesar de o País estar em chamas, Rio solidariamente com o seu amigo Costa, prefere colocar também o PSD em chamas. Vamos ver quem sai chamuscado. É daqueles palpites que não precisamos de dar no fim do jogo. Já todos o sabemos.

Fim da temporada à parte levi martins Diretor da Companhia Mascarenhas-Martins TEMOS tão pouco tempo para reflectir sobre o que fazemos, nós que andamos sempre tão atarefados, divididos entre as múltiplas tarefas necessárias para que o público possa passar aquelas curtas horas connosco – a duração de um espectáculo, de uma conversa, etc. É impossível parar não só pelo facto de o trabalho ser potencialmente viciante quando o apreciamos, mas também por continuar a ser tão frágil e precário que precisa de cuidados intensivos, diários, fora de horas, tantas vezes contrários ao direito do trabalho ou a regras mínimas de razoabilidade. Há actividades cuja urgência justifica tudo, mas talvez não devesse ser esse o caso daquele que, pomposamente, cada vez mais é denominado “sector cultural e criativo”. Esta voracidade está relacionada com a

necessidade de se ser produtivo, de produzir em quantidade, de mostrar o máximo possível de resultados – independentemente das condições em que se está a produzir e, até, da qualidade do trabalho. É a lógica dominante a dominar um sector que deveria ser insubmisso, sem regras, dado a luxos não necessariamente materiais mas sim de outra ordem: o luxo, por exemplo, de passar algum tempo a pensar. O da lentidão, também, do tempo só aparentemente perdido em discussões colectivas que não levam a decisões mas sim a mais dúvidas e interrogações. O papel deste sector na sociedade deveria ser o de ocupar uma posição que nenhum outro sector de actividade poderá alguma vez ocupar. Não é por acaso que, quando se fala de inovação e criatividade, todos os olhos es-

tão postos nos artistas, aqueles que mesmo quando parece que não estão a produzir grande coisa, acabam por inventar outras formas de ver o mundo ao escrever, pintar, representar, dançar, filmar, esculpir – formas que abrem caminho, que criam referências, que inspiram outras acções e pensamentos. Mas não se pode esperar essa capacidade de invenção sem garantir, primeiro, que as condições estão criadas para que essa procura seja possível sem se transformar na mera procura por condições de sobrevivência. Este é um problema complexo, porque para criar condições é preciso que exista confiança nestas actividades, e para existir confiança é preciso, de acordo com a lógica dominante, produzir e apresentar resultados. Deste círculo vicioso só saímos, parece-me, com uma

abertura que é difícil ter, uma franqueza perante o público, a comunidade, que deve passar pela explicitação do problema, pelo envolvimento cúmplice de todos: artistas, público, decisores. É que a questão é mesmo colectiva, geral, relacionando-se com uma vontade de sociedade do futuro, que funcione de acordo com uma lógica assente na conjugação das verdadeiras necessidades dos indivíduos e dos grupos – entre as quais estão, como é evidente, a necessidade de expressão, de criatividade, de reflexão –, por oposição a uma rendição a esta ditadura da irracionalidade que nos está a conduzir, e tudo assim o indica mesmo que não o queiramos aceitar, à possível extinção da espécie, rejeitada pelo planeta pelos danos irreversíveis que lhe está a causar.

Divinalmente humano crónicas disto e daquilo Catarina Tavares dirigente sindical CONFESSO, que nesta altura do ano não foi difícil encontrar um bom tema para uma crónica de Verão. Apesar do tempo incerto as férias parecem um tema seguro. Por esta altura alguém pensa noutra coisa? Férias são o tema que se impõe. Férias no campo, na praia, no estrangeiro ou, simplesmente, em casa. Férias para descontrair, longe da labuta do dia-a-dia. Férias para descansar o corpo e a mente. Palavras para quê? ... Férias! As férias, isto é, os dias de descanso não são coisas novas. Os gregos e os romanos associavam estes dias de quebra das obrigações laborais e até sociais, à devoção das divindades, eram dias de festa religiosa antes de serem dias “livres”. Se o Senhor Deus descansou ao sétimo dia, também ao Homem/Mulher foi concedida a graça de um descanso. Assim é, com os muçulma-

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nos que descansam à sexta-feira; assim é, com os judeus que descansam ao sábado e com os cristãos que descansam ao domingo (dei dominicus, dia do senhor). Na Europa medieval os dias dos Santos – festas religiosas – eram amiúde celebrados com “feriados” que permitiam o descanso e a interrupção das rotinas diárias. Bem mais recentemente, no século XIX, as famílias nobres e a alta-burguesia concederam-se férias de praia ou campo, em busca dos bons ares que as cidades - poluídas pelos fumos das chaminés domésticas e pelos das fábricas e oficinas -, não tinham. Ao mesmo tempo, o desenvolvimento dos transportes normalizou as viagens em busca de paisagens, conhecimento, diversão mas estas as férias, mantinham-se um privilégio para grupos restritos. As férias remuneradas são

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uma conquista dos trabalhadores. Foi preciso esperar pela 20ª reunião da Conferência Internacional do Trabalho, que decorreu em Genebra, em 1936, para que se adoptasse a Convenção C052 relativa a férias anuais remuneradas. De facto, só após a sua ratificação (1939) começou a ser implementada e, mesmo nos países que a ratificaram a sua implementação não foi imediata ou, universal. Em Portugal, até 1974, a grande maioria dos trabalhadores não gozava deste direito apesar de Portugal se encontrar entre os primeiros países a ratificar a convenção. Hoje, mais de oitenta anos depois da sua ratificação, as férias ainda são uma miragem para muitos trabalhadores por esse mundo fora. O número de dias de férias remuneradas é variável de país para país e, entre sectores de

actividade, em alguns casos, mesmo nos países desenvolvidos, é necessário trabalhar vários anos para finalmente se ter direito gozar umas merecidíssimas férias remuneradas. Está, então, justificado que embora podendo parecer um tema típico da silly season, as férias são um tema muito sério. Hoje, mais do que nunca se reconhece explicitamente a importância dos períodos de descanso na saúde física e mental dos trabalhadores. Ao mesmo tempo, que se reconhece a necessidade de estabelecer mecanismos de regulação da conciliação de vida privada coma vida profissional ou, o direito a desconectar. Tudo isto são faces de uma necessidade muito humana – a necessidade de introduzir pausas, tempos de descanso. Porque descanso é divinalmente humano... Boas férias!

fio de prumo jorge santos jornalista

Sondagem COMEÇAMOS por dizer que não vamos aqui proceder a nenhuma sondagem até porque, segundo se tem ouvido “é coisa que não interessa” … Quem terá dito tal coisa? É verdade que faltam pouco mais de dois meses para que todos nós possamos cumprir o nosso dever e com esta “obrigação” contribuir para que o número de abstencionistas diminua, pois não é por não se votar que aqueles de quem não gostamos não sejam deputados. E é quando se aproxima o acto eleitoral que surgem as sondagens que normalmente arrasam uns e deixam outros contentes embora “não passem de meros números que raramente coincidem com a realidade” e fornecem tema para muitos debates, quer televisivos, quer enquanto se toma a bica com os amigos. Curioso que o período pré-eleitoral coincide com o início das competições futebolísticas, mas neste capítulo a sondagem não tem mesmo relevância e como dizia um exjogador “prognósticos só no final do jogo”. Contudo, no capítulo futebolístico, os “grandes” são sempre os mesmos e para os programas de televisão só existem três equipas e só se fala dos “pequenos” porque o campeonato tem dezoito clubes e todos têm de jogar com todos. Aqui, se houvesse sondagens as perguntas seriam: Quem vence? Quem vai à Europa? Quem desce de Divisão? e também quem será o melhor marcador. Regressando aos partidos não fugimos à verdade se dissermos que depois do sufrágio todos damos uma olhadela às sondagens quanto mais não seja para ver se falharam por muito ou por pouco. Uma coisa é certa. Segundo a Constituição votamos para eleger deputados e do resultado final o Presidente da República nomeará o primeiro-ministro. Tenhamos, pois, a serenidade suficiente para escolher o que a nossa sabedoria considere os melhores não só para os nossos mas para a comunidade.


opinião

O elogio da dita “Geringonça”

Nos 90 anos de José Afonso

a verdade das coisas simples

política e cultura

josé antónio contradanças economista E gestor

valdemar santos militante do pcp

SE NOUTRAS circunstâncias é difícil procurar emitir opinião que mereça interesse por parte dos leitores – que, infelizmente, cada vez mais vão sendo menos e mau grado, está à vista a crise da imprensa escrita – o que dizer nesta altura em que estamos em plena Silly Season. A tal época do ano em que é preciso descansar e que se passou a designar com este estrangeirismo para dar mais brilho à tolice que a caracteriza. Pois bem, que não seja por falta de assunto, mesmo que, possa ser aquele que é mais recorrente nas colunas deste jornal, em que vulgarmente cada fazedor de opinião puxa a brasa à sua sardinha. Leia-se que, cada um procura enaltecer as virtudes da força partidária a que se encontra vinculado ou comprometido. Logo, não ficará mal e desde já apresento desculpas, por desta vez ser mais explícito e abordar matéria que respeita ao atual Governo, liderado por partido a que me encontro ligado há quase quatro décadas. E estando em período de prestar contas aos portugueses, pode ter lugar o registo da satisfação de ver concluída uma legislatura muito difícil, que hoje é vista como um caso de estudo ao nível da Europa. Parece, pois, ser esse motivo de regozijo que irá nortear a campanha eleitoral do Partido Socialista, que escolheu para frase identificativa de balanço de governação, “4 Anos, Cumprimos”. Realçandose que se cumpriram todas as promessas eleitorais em matéria de melhores serviços públicos, melhor emprego, maior igualdade e mais crescimento. E acima de tudo, evidenciando o que foi a cereja em cima do bolo deste mandato, conseguiram-se contas certas em termos económicos e financeiros, ainda sob o efeito duma crise bancária e financeira a nível

internacional. Mas, a meu ver, a maior evidência e motivo de realce está no plano da política pura-e-dura, em que, pela primeira vez se consegue governar e concluir uma legislatura numa gestão pautada pelo equilíbrio dinâmico, séria e muito cuidada, tendo como parceiras duas forças partidárias distintas na ação e nos objetivos, mesmo assim permitindo um apoio parlamentar que trouxe benefícios vários à vida dos portugueses. Tanto o Bloco de Esquerda como o Partido Comunista, com mais ou menos arrufos e tática de circunstância, souberam ser responsáveis e levar em frente a solução encontrada. Não me agradando o epíteto (vindo de quem vem, o político mais ziguezagueante e com mais sorte na política portuguesa), a chamada “Geringonça”, é sem dúvida a grande vencedora deste ciclo que agora se encerra. Daí, que não me deixo toldar pelas notícias dos resultados previstos e anunciados por recentes sondagens, dando a entender que o PS estará próximo de uma possível maioria absoluta. Pela experiência de muitos anos, em vários palcos da política partidária e pelo conhecimento como cidadão, não sou dos que reconhecem muitas virtudes às ditas maiorias absolutas. Vulgarmente, descambam em arrogância e petulância, em vez de conservarem a humildade democrática de reconhecerem o voto e o mandato que lhes foi dado. A vaidade nunca foi boa conselheira. Daí que prefiro uma boa votação, expressiva da vontade dos eleitores, que possa ou não levar a compromissos com outras forças político-partidárias, mas que tenha como consequência o exercício de uma boa governação. Daí que, não vem mal ao mundo se tivermos outra “Geringonça”.

O Futuro do Distrito de Setúbal atualidade bruno ribeiro barata - autarca do ps no seixal candidato a deputado pelo distrito de setúbal “A melhor forma de prever o futuro é criá-lo.”

Drucker , Peter

NO MEU último artigo, escrevi-vos sobre a correlação entre os resultados eleitorais das eleições europeias e o facto do país estar muito melhor. Hoje pretendo focar-me no nosso Distrito de Setúbal e no impacto das medidas do Governo do Partido Socialista. O Distrito de Setúbal é o quarto Distrito mais populoso do país, apenas atrás de Lisboa, Porto e Braga. A reboque deste indicador de dimensão vem a população jovem e a produtividade do Distrito alavancada pelo Porto de Sines e as fábricas do aglomerado industrial da Autoeuropa. Quero salientar que quanto mais Portugal melhora mais diretamente e proporcionalmente beneficia o Distrito de Setúbal. Como exemplos mais significativos temos a queda do desemprego que no Distrito baixou 35% em relação a 2015 e a redução dos preços dos passes sociais que permite às famílias do Distrito aumentar o rendimento disponível de forma acentuada – para os residentes na cidade de Setúbal que se deslocam para Lisboa o rendimento mensal aumenta 400€. Os indicadores do país têm impacto relevante e cintilante no nosso Distrito. O país real e atual quando comparado com 2015, temos: Redução da taxa de abandono escolar de 14% para 10%; Redução da

taxa de risco de pobreza ou exclusão social de 26% para 22%; mais 5.000 médicos; défice orçamental de 4,4% para 0,2%; mais 318 mil empregos; de 18.º de lugar (em 2014) como país mais seguro do mundo para o atual 3.º lugar. Paralela e adicionalmente, os investimentos estratégicos no Distrito como a construção da linha ferroviária de mercadorias que liga o Porto de Sines a Espanha, o Novo Aeroporto no Montijo, a Cidade da Água de Almada, o Projeto de Requalificação do Arco Ribeirinho Sul, o melhoramento das infraestruturas da Saúde, Educação e Habitação, são uma autêntica revolução nas infraestruturas do Distrito e que conduzirá à criação de milhares de postos de trabalho qualificados e melhoria da nossa qualidade de vida. Temos fortes motivos para olhar para o Futuro com muita confiança e expectativa positiva. O trabalho desenvolvido pelo Governo no País, e com especial incidência no Distrito, e o trabalho dos autarcas Socialistas no Distrito, são um fator fundamental para a afirmação da ambição de termos um Distrito moderno e cosmopolita, com mais coesão social e maior coesão territorial. Fontes: Fonte: Instituto Nacional de Estatística, Pordata; Fundo de Compensação do Trabalho, Organização Internacional do Trabalho; ACSS; ERS; Conselho Finanças Publicas

TRIBUTO a José Afonso foi o tema de um suplemento do Avante! de 23 de Fevereiro de 2012, onde foi recordação a de alguém que o ouviu exclamar, ao subir ao Palco da Festa do Avante! de 1980, no Alto da Ajuda: - «Nunca vi uma coisa assim!...» Valia o que valia, mas o Avante! reproduzia a foto desse enorme palco, tendo como fundo a Ponte 25 de Abril e a Margem Esquerda almadense, onde ele actuou ladeado por Carlos Paredes, Sérgio Godinho, Júlio Pereira, Adriano Correia de Oliveira, Janita Salomé, Henri Tabot, Guilherme Inês, sem dúvida com mais alguns e certo, certo, também no palco, com o seu filho Pedro, então com 11 anos, que haveria de não estar calado. Sobre ele ainda e em particular Setúbal, página abaixo relatava-se: «Foi um dos fundadores e animadores do Círculo Cultural de Setúbal, como é sabido. «Mas um dos locais privilegiados da sua actuação, assim como de muitos outros cantores e fadistas amadores, catedral da “conspiração” comunista, era a “Academia Sapec”, a taberna do nosso militante Jerónimo Bárbara, o “Sapec”, aberta há 43 anos, e que hoje, desde o seu falecimento, é o Restaurante “O Egas”, onde há fado. «Não é por acaso que “O Egas” é fiel depositário de uma fidedigna reprodução do Avante! nº 48, de Agosto de 1937

(mil novecentos e trinta e sete), onde há um texto “O FADO E O FASCISMO”. Curiosamente, na noite de 15 de Fevereiro de 2012, quando o Avante! perfazia 81 anos, a neta do Sapec, Carolina, lia entre acordes “A morte saiu à rua”, grito de José Afonso contra o assassinato de José Dias Coelho, a 19 de Dezembro de 1961». Mas nestas páginas Adriano Correia de Oliveira é sem falta também figura central. Narra-se a noite de 11 de Novembro de 1967, no Luso Futebol Clube do Barreiro, «memorável espectáculo da iniciativa do Cine-Clube do Barreiro e da Comissão Cultural do Luso, momento em que a casa cheia tomava em mãos a procura da liberdade que o poder fascista nos negava». Entre a multidão estava Adriano, mas então militar. Os chamamentos ao palco («Adriano, Adriano…») caíram sobre ele que se conteve, e logo o sentido de responsabilidade por todos foi ali compreensivelmente assumido - o da salvaguarda de um daqueles que viria a fazer o 25 de Abril, Militar de Abril já, entendase -, mas dedicando-lhe todas as atenções ao som dos «Vampiros» e das outras armas de luta do rol do cancioneiro. Nos 90 anos do nascimento de José Afonso, a comemorar a 2 de Agosto próximo, está o PCP a dar força à memória, à luta. É o Partido dos maiores Palcos

O Tejo. Entre o Potencial (adiado) e o Real. turismo semmais jorge humberto colaborador QUANDO olhamos para o Tejo não vimos rio mas apenas Lisboa. Por isso o Tejo continua a ser um perfeito desconhecido. E no turismo esse desconhecimento é uma evidência. Um facto consumado. Até hoje. Este facto e esta visão a um tempo “esmagadora” e a um tempo “redutora” impede-nos de olhar para onde, verdadeiramente, interessa: para quem tem problemas e ambições em comum. Na Península de Setúbal temos seis municípios que pouco dialogam e pouco se conhecem. Perto no território. Longe na estratégia. De facto, Almada, Seixal, Barreiro, Moita, Montijo e Alcochete têm, cada um, mais relações, mais projetos e mais afinidades com Lisboa do que uns com os outros. A “relação”, seja isso o que for, é sempre com Lisboa. A comparação é ainda com Lisboa. Mesmo que a comparação não faça qualquer sentido nem cumpra qualquer propósito. Perguntem a alguém do Montijo o que acha sobre o Seixal ou a alguém de Almada o que acha sobre Alcochete e retenham o vazio da resposta. Esse vazio precisa de ser preenchido. Esse vazio precisa urgentemente de ser preenchido. Preenchido com ideias e, essencialmente, preenchido com projetos comuns. O “arco ribeirinho sul” tem de ser mais do que um vago posicionamento geográfico. Tem de ser uma “comunhão” de interesses. E esse roteiro comum precisa de ser construído. Não tendo como base esse sempre adiado potencial. Mas sim com esse tão presente real. Alguma esperança ecoa no horizonte, com o Tejo em fundo. O protagonismo do Seixal na ideia de “Lisboa produto turístico náutico”; o papel da Moita na preservação das embarcações tradicionais

e na valorização dos estaleiros do Mestre Jaime; o reencontro do Barreiro com as suas muitas memórias industriais e com um percurso de arte de rua; a identificação de Alcochete com o turismo de natureza e com a “paisagem do sal”; o orgulho do Montijo com a sua dimensão rural e o sucesso dos seus vinhos; a afirmação da melhor Cacilhas na melhor Almada. Todos tão diferentes. Todos, porém, tão iguais. Iguais pelo Tejo. Iguais como parte do futuro do Tejo. E, ainda, esse novo aeroporto que pode fazer que Lisboa comece no “arco ribeirinho sul”. O Tejo (mesmo que tantas vezes não pareça) é assim identidade. Identidade que atravessa o rio e chega a Vila Franca ou a Loures. E também a Oeiras. E, naturalmente, a Lisboa. Essa identidade é um desafio comum. Um desafio particularmente relevante para a Península de Setúbal, onde um mundo marítimo aguarda valor, reconhecimento, emprego e criação de riqueza. Pescadores, mariscadores, marítimos, salineiros, surfistas da onda do Barreiro, birdwatchers e todos os que não conseguem olhar o Tejo com indiferença sejam o rio e não a margem. Porque a margem não tem sul nem norte. É apenas margem ou ausência de centro. Quando na verdade não existe maior centralidade do que o Tejo. Um dia talvez tenhamos os barcos de que precisamos. A cumprirem horários (infelizmente não é “coisa” de somenos). Com as ligações que o Tejo precisa e apela. Então nesse dia teremos um Tejo real a unir e a assumir uma centralidade metropolitana. Senão, mais do mesmo, e teremos um qualquer “potencial” que, na verdade, é a marca da nossa impotência em estar à altura do Tejo. Projetos precisam-se.

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