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Concertina Australiana, a encadernação com recortes e encaixes

Fábio Batista Silva Barboza

Cauâne Jin Costa Porto

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Conceição Borges Domingos da Costa

Concertina Australiana, a encadernação sem cola e sem costura amiga do meio ambiente

A encadernação é uma das mais antigas práticas de conservação preventiva, sua origem está na razão direta do aparecimento do livro como o compreendemos hoje. Atualmente, existem vários métodos e tipos de encadernação de modo industrial, aplicados sobretudo em livros, revistas e catálogos, com o intuito de facilitar o manuseio e de unir as páginas com a finalidade de proteger e embelezar o editorial.

Neste artigo vamos falar sobre uma encadernação diferenciada, desenvolvida pelos alunos do curso de pré-impressão gráfica do 4NP (4 0 semestre do período noturno) do primeiro semestre de 2019 da Escola Senai Theobaldo de Nigris, baseada numa encadernação pouquíssimo conhecida chamada de Concertina Australiana. Ela consiste na construção e desenvolvimento de uma técnica de produção de editoriais de forma diferenciada e fora dos padrões, sendo objetivamente feita em recortes e encaixes visando diminuir custos e agregar valor ao produto final. Por se tratar de um processo de encadernação que não utiliza cola, costura, grampos, espirais ou presilhas, a Concertina Australiana também reduz o impacto ambiental do produto.

Pensando em um público leitor que ainda valoriza o livro físico, essa encadernação, além de ter um apelo ao movimento vintage e de sustentabilidade, é feita para aqueles que gostam da experiência tátil e visual e que fazem questão de ter e guardar um exemplar na estante.

Características • Sem costura, sem cola • Dobraduras, pequenos cortes e encaixes

• Permite a utilização de papéis de diferentes gramaturas • Abertura 360° A Concertina baseia-se no método de encadernação desenvolvido na Austrália no livro Viva e Aprenda: Revistas da vida real por Gwen Diehn sob o nome flat-style. O processo de encadernação faz uso do mecanismo de uma dobradiça de piano que fica por dentro das páginas de forma invertida. O desenvolvimento estrutural consiste em fazer uma dobradura em formato de sanfona para encaixar no dorso dos cadernos e prendê-los com um recorte de papel. Esse estilo de encadernação pode ser utilizado de muitas maneiras inteligentes. Tradicionalmente empregado em livros pop-up (para que todos os mecanismos subjacentes e elementos colados sejam escondidos), também pode ser aplicado de forma eficiente em trabalhos de arquitetura, álbuns fotográficos, scrapbooks, portfólios etc.

DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO DE ENCADERNAÇÃO SEM COLA E SEM COSTURA

Para a construção de um livro com a estrutura da Concertina Australiana é fundamental que o número de páginas seja pré-definido sempre em números múltiplos de quatro, e que para cada dobra

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Primeira e última capa com a sanfona no meio encaixe na capa sanfonada da sanfona seja intercalado no máximo quatro cadernos, pensando na compensação das páginas. Desse modo, para que haja mais resistência, preferencialmente a capa deve ter uma gramatura superior a 250 g/m² e o miolo acima de 150 g/m². Também deve-se levar em consideração que esse tipo de encadernação não é indicado para grandes volumes, pois o número de dobras na sanfona determina o número de páginas. O formato do livro estabelece a quantidade de dobras que serão feitas para a sanfona que recebe o recorte de travamento, que pode variar de 1,5cm até 2 cm de acordo com a gramatura estabelecida.

A estrutura da capa sanfonada é composta pela primeira e última capa com a sanfona entre elas (1). Cada dobra da sanfona receberá um caderno, seja ele de 4, 8, 12 ou 16 páginas. É recomendado intercalar até quatro cadernos de quatro páginas por dobra da sanfona, dando importância à gramatura do papel utilizado para a capa e miolo.

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Recorte no vinco central das páginas as páginas Cadernos com corte no meio da dobra encaixados na sanfona Após a impressão, o miolo recebe um corte na vertical na parte do vinco central, onde ele é preso no processo de encadernação, deixando um limite de segurança para a fixação das páginas à capa sanfonada (2). Logo após o corte no vinco, as páginas são intercaladas assim como no processo de encadernação para uma lombada grampeada (3). O sistema de travamento das páginas é composto por uma estrutura de papel rígido (que servirá como capa), com a parte central vincada projetando uma sanfona para dentro do livro, onde será a lombada. Os cadernos são encaixados nas dobras da sanfona e presos pelo recorte que fica entre as páginas, passando por dentro da dobra da sanfona que fica aparente entre as páginas na qual estão encaixados os cadernos pela parte central da capa (4 e 5). O resultado é um livro com um dorso diferente de estrutura firme e abertura de quase 60° (6)

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Cadernos com recorte,

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Cadernos intercalados para

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Recorte de papel para travar múltiplos de 4 intercalados

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Encadernação firme e livro

com abertura de 360 o

Assista o vídeo para saber mais detalhes da encardenação concertina australiana e o produto gráfico final. Livro com abertura de 360 o

Apesar de ser considerada uma técnica artesanal, pensando em produção de alta tiragem, a metodologia de encadernar sem o uso de cola ou costura pode ser em grande parte automatizada. Assim como em um processo normal da construção de um livro, o miolo e capa sanfonada podem ser impressos no processo offset. E, após a impressão, podem ser cortados e vincados na máquina de corte e vinco por meio de uma faca especial. Os cadernos podem ser alceados, dobrados e refilados numa máquina automática, como um editorial comum de lombada canoa. A última etapa do processo consiste em juntar a capa sanfonada com os cadernos intercalados, fazendo o travamento das páginas com recortes de papel. Essa é a única etapa que não pode ser automatizada.

Uma das características principais desse método, composto em sua maioria de papel, é diminuir o impacto ao meio ambiente através da redução de materiais mais nocivos como cola, grampos, presilhas, espirais e linha.

Desse modo, o método de encadernar as páginas inspirado na Concertina Australiana, realizado por meio de dobraduras, recortes e encaixes de papel, torna-se eficiente e proporciona um acabamento diferenciado e visualmente mais bonito e interessante. Além de colaborar para a conservação das folhas que, por meio das características do processo de encadernação, deixa em aberto a possibilidade de retirar ou acrescentar páginas sem danificá-las ou até mesmo a troca da capa. Porém, comparado a outros métodos de encadernação (lombada quadrada, capa dura, colada ou costurada) a sua estrutura/integridade é um pouco inferior às demais encadernações convencionais e necessita de maior cuidado ao ser manuseado.

CAUÂNE JIN COSTA PORTO, CONCEIÇÃO BORGES DOMINGOS DA COSTA E FABIO BATISTA SILVA

BARBOZA são ex-alunos do Curso Técnico em PréImpressão pela Escola Senai Theobaldo De Nigris. Este artigo é resultado de estudos para o trabalho de conclusão de curso “Livro com encadernação alternativa: Encadernação sem costura, grampos, espirais ou presilhas e com o mínimo de cola”, orientado pelo instrutor de Pré-Impressão Thiago Justo.

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