AQUI NÃO TEM.
AQUI TEM.
MAIOR MAIOR FLEXIBILIDADE MAIORFLEXIBILIDADE FLEXIBILIDADE
NO NO MANEJO DE NOMANEJO MANEJODE DE PLANTAS PLANTAS DANINHAS PLANTASDANINHAS DANINHAS
MAIOR MAIOR FLEXIBILIDADE MAIORFLEXIBILIDADE FLEXIBILIDADE
NO NO MANEJO DE NOMANEJO MANEJODE DE PLANTAS PLANTAS DANINHAS PLANTASDANINHAS DANINHAS
PROTEÇÃO DA RAIZ À ESPIGA.
PALAVRA DO PRESIDENTE
CAMPO A revista Campo é uma publicação da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (FAEG) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR Goiás), produzida pela
Eficiência, pesquisa e lucratividade
Gerência de Comunicação Integrada do Sistema FAEG com distribuição gratuita aos seus associados. Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores.
e Eurípedes Bassamurfo da Costa Editor: Fernando Dantas (1495/GO) Reportagem: Diene Batista, Fernando Dantas, Francis Telles, Juliana Barros, Nayara Pereira, Paulo Eduardo Prado Fotografia: Capture Studios Revisão: Gerência de Comunicação Diagramação: Isabele Barbosa, Rui Benevides Impressão: Gráfica Formato Tiragem: 15.000 exemplares Comercial: (62) 3096-2124 revistacampo@faeg.com.br
DIRETORIA FAEG Presidente: José Mário Schreiner Vice-presidentes: Bartolomeu Braz Pereira e Luciano Jayme Guimarães
A meta de todo produtor rural é aumentar a produtividade em campo e melhorar o desempenho econômico, social e ambiental de sua propriedade. Mas para que isso aconteça é preciso adotar estratégias e investir em tecnologias, técnicas, manejo, gestão, genética e tantas outras características que podem otimizar recursos e aumentar o lucro. No caso da pecuária, essa tem sido a realidade, porque os pecuaristas querem expandir os negócios no meio rural, aumentar o número de animais por área, o peso das carcaças, massificar a qualidade genética, evitando assim riscos, prejuízos e perdas na atividade. Nesta edição da Revista Campo, trazemos ao leitor informações sobre ‘pecuária mais lucrativa’, mostrando que, realmente, os produtores estão inves-
Vice-presidentes Institucionais: Eduardo Veras de Araújo e Gustavo Castro Dourado Souza Paiva Vice-presidentes Administrativos: Eurípedes Bassamurfo da Costa e Ailton José Vilela
tindo para garantir produtividade, emprego, renda e sustentabilidade para
Suplentes: José Vitor Caixeta Ramos, Eduardo de Souza Iwasse, Viviani Silva Dourado Guerra, Oziris Ribeiro Silva, Valério Teles Pires, Gilson Pereira da Silva e Silomar Cabral Faria
com destaque para bovinos, ovinos e suínos, além de abordar os cursos do
Conselho Fiscal: Dermison Ferreira da Silva, Elson Freitas, Geovando Vieira Pereira, Oswaldo Augusto Curado Fleury Filho e Rômulo Pereira da Costa Suplentes: Ian George Carvalho Wanderley, José Pereira Caetano de Almeida, Carlos Tadeu Rocha Vieira, Abel Ribeiro dos Santos e Orion Caetano Rodrigues Delegados Representantes: Walter Vieira de Rezende e Leonardo Ribeiro Suplentes: Alécio Maróstica e Wagner Marchesi
CONSELHO ADMINISTRATIVO SENAR Presidente: José Mário Schreiner Titulares: Daniel Klüppel Carrara, Alair Luiz dos Santos, Osvaldo Moreira Guimarães e Tiago Freitas de Mendonça Suplentes: Wanderley Rodrigues de Siqueira, Flávio Roberto de Arruda Costa, Eleandro Borges da Silva, Marcos Epaminondas Roriz de Moraes e Rogério Azeredo Cardoso D’Avila Conselho Fiscal: Marcus Vinicius Rodrigues Souza Lino, Maria das Graças Borges Silva e Sandra Pereira de Faria Suplentes: Rômulo Divino Gonzaga de Menezes, Olímpio Tavares de Oliveira e Sueli Pereira e Silva Conselho Consultivo: Cacildo Alves da Silva, Degmar Jacinto Pereira, João Pedro Fiorini, Lineu Alberto Domit, Juarez Patrício de Oliveira Júnior e Antônio da Silva Marcelino Suplentes: Arno Bruno Weis, Pedro Henrique Machado Paim, Sandra Barison Roma, Luiz Otávio Martins Moreira, Robson Maia Geraldine e Luciane Aparecida de Oliveira Rodrigues
os negócios. A publicação também revela dados sobre a pecuária goiana, Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Goiás (Senar Goiás) na área de pecuária e a Expopec 2017 – Exposição das tecnologias voltadas ao desenvolvimento da pecuária, que vai ocorrer neste mês de março, em Porangatu. Até como forma de complemento à matéria de capa da revista, a Prosa Rural traz uma entrevista com o zootecnista e superintendente técnico da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), Luiz Antonio Josahkian. Ele aborda um pouco mais sobre a genética como ferramenta de lucratividade para a pecuária. Para orientar sobre inovação, eficiência e produtividade é preciso também conhecer mais sobre pesquisa na agropecuária. Por isso, as páginas da Campo mostram como está o diálogo entre setor produtivo e a academia, com o intuito de intensificar os estudos científicos e, assim, permitir ganhos para o segmento. Conteúdo complementar e diversificado, rico em informações. Aproveite a leitura!
Superintendente: Antônio Carlos de Souza Lima Neto
FAEG - SENAR Rua 87 nº 662, Setor Sul CEP: 74.093-300 Goiânia - Goiás Fone: (62) 3096-2200 Fax: (62) 3096-2222 Site: www.sistemafaeg.com.br E-mail: faeg@faeg.com.br Fone: (62) 3412-2700 e Fax: (62) 3412-2702 Site: www.senargo.org.br E-mail: senar@senargo.org.br Para receber a Revista Campo envie o endereço da entrega com nome do destinatário para o e-mail: revistacampo@faeg.com.br. Para falar com a redação, ligue: (62) 3096-2208 – (62) 3412-2795.
José Mário Schreiner Presidente do Sistema Faeg
Fredox Carvalho
CONSELHO EDITORIAL Claudinei Rigonatto, Eduardo Veras de Araújo
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Caso de Sucesso De Ipameri, Marla Lorraine encontrou no Senar Goiás a possibilidade de sonhar e hoje colhe bons resultados
Fredox Carvalho
Arquivo pessoal
PAINEL CENTRAL
Prosa Rural
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Larissa Melo
Apostando na genética como ferramenta de lucratividade e sendo enfático ao afirmar que a tarefa exige dedicação, o superintendente técnico da ABCZ, Luiz Antonio Josahkian, é o entrevistado deste mês
Dentro e fora da porteira
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Cada vez mais pecuaristas goianos aumentam a produtividade por meio da pesquisa, genética, manejo de pastagens e suplementação de qualidade
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Fredox Carvalho
Muares
Arquivo pessoal
Fortes e resistentes, esses animais próprios para cavalgadas e provas de laço e marchas vêm ganhando espaço próprio
Aposta na inovação
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Setor produtivo e instituições de ensino e pesquisa investem em ciência para impulsionar agropecuária do estado
Agenda Rural
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Efeito global
Fique Sabendo
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Especialistas e autoridades do agro avaliam cenário político internacional e as decisões que interferem no Brasil
Delícias do Campo
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Treinamentos e cursos do Senar
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Campo Aberto
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Mudança de estrutura
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Fredox Carvalho
Senar Goiás investe na melhoria dos trabalhos para qualificar a atuação no estado
Pecuaristas apostam em negócio mais lucrativo e sustentável Fotos: Larissa Melo e Fredox Carvalho Arte: Isabele Barbosa
Fórum de grãos
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Evento aborda os desafios da comercialização e a importância de buscar informações sobre o mercado
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AGENDA RURAL
Exposição de tecnologias, máquinas, equipamentos, animais
23 a 26 de março de 2017 Porangatu-GO Mais informações:
www.expopec.com.br
Leilão de bovinos
Palestras
Vitrine da carne
Demonstrações
Feira de touros
e outras programações
Realização:
Patrocínio diamante:
Parceria:
16 e 17 de março Expotec Embrapa 2017 Local: Fazenda Capivara/Embrapa Arroz e Feijão Santo Antônio de Goiás-Goiás Informações: (62) 3533 2108 E-mail: arroz-e-feijao.imprensa@embrapa.br
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3 a 7 de abril Tecnoshow Comigo 2017 Local: Centro Tecnológico Comigo (CTC) Rio Verde-Goiás Informações: www.tecnoshowcomigo.com.br
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FIQUE SABENDO ARMAZÉM
REGISTRO
Larissa Melo
Divulgação
Faeg, Senar Goiás e Sebrae renovam e ampliam parceria
Pergunte ao solo e às raízes De autoria de Ana Primavesi, o livro reforça os conhecimentos agroecológicos fundamentais para que se possam conduzir sistemas de produção eficazes, produtivos e lucrativos e procura chamar a atenção para os pontos ecológicos estratégicos que necessitam ser considerados tanto pela agricultura conservacionista como pela agricultura orgânica. Alerta ainda sobre o problema do uso de pacotes tecnológicos prontos, recomendando que se estudem as estruturas - solo, raízes e biodiversidade agrícola e natural que precisam ser bem conhecidas, avaliadas, corrigidas, combinadas, conservadas ou melhoradas para se obter êxito na atividade agrícola. O livro responde bem ao problema abordado do aumento da complexidade das estruturas e processos dos ecossistemas antropizados, resultante da evolução da sociedade e da atividade humana.
O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), José Mário Schreiner, assinou convênio que renova e amplia as ações que serão realizadas entre Faeg, Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar Goiás) e Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae Goiás). Desde 2006 as instituições desenvolvem cursos e treinamentos para a população rural, com o objetivo de proporcionar aos produtores e trabalhadores mais eficiência na gestão de suas atividades, no planejamento do negócio, na definição de metas e previsão de resultados, além de levar capacitação e qualificação para tornar o empreendedor rural cada vez mais forte dentro do agronegócio. Para José Mário, as instituições já entenderam que trabalhando juntas podem alcançar um público maior, gerando economia e praticidade. Segundo ele, com o estreitamento das
ações entre as entidades foi possível o desenvolvimento dos programas e projetos ‘Negócio Certo Rural e Empreendedor Sindical - que originou o Índice de Desenvolvimento Rural (IDS)’. Com a renovação do convênio, a Faeg, o Senar Goiás e o Sebrae irão ampliar os programas, inclusive as instituições pretendem dar mais atenção para os programas Jovem Empreendedor Rural, com o intuito de fomentar a sucessão familiar e a gestão rural. O diretor superintendente do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae Goiás), Igor Montenegro, ressaltou a conexão entre as instituições. “Para esse ano vamos unir ainda mais nossos técnicos, promover integração e estreitar relacionamento entre as instituições. Unir as ações na busca constante de levar informação e tecnológica para o produtor rural”, pontuou.
PESQUISA O Brasil conta agora com uma forma de controle biológico para o percevejobronzeado, Thaumastocoris peregrinus, praga de origem australiana que causa prejuízos aos plantios de eucalipto. Esse percevejo está presente em todo o território brasileiro, causando problemas especialmente no Rio Grande do Sul, São Paulo e Minas Gerais. Após oito anos de pesquisa, foi escolhido o parasitoide Clerucoides noackae, uma vespa de aproximadamente 0,5 mm de comprimento, como agente para uso em controle biológico clássico, que utiliwww.senargo.org.br
za inimigos naturais da mesma região de origem da praga, oferecendo baixo risco ambiental. O principal desafio da pesquisa foi multiplicar o percevejo em laboratório, uma vez que o parasitóide precisa de seus ovos para se reproduzir. “No entanto, devido à inexistência de técnicas para a criação da praga em laboratório, o desenvolvimento de uma metodologia viável tornou-se imprescindível”, explica Leonardo Barbosa, pesquisador da Embrapa Florestas e responsável pela pesquisa sobre criação massal do parasitóide.
Francisco Santana
Controle biológico para praga exótica do eucalipto
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PROSA RURAL
Em busca da eficiência genética e produtiva Fernando Dantas | fernando.dantas@senar-go.com.br
Utilizar tecnologias, pesquisas e inovações com o intuito de promover medidas preventivas e melhorar o desempenho econômico, social e ambiental da propriedade rural são metas da maioria dos pecuaristas para o desenvolvimento de suas atividades no campo. É a busca da eficiência e do aumento da produtividade. Hoje, o desafio tem sido produzir mais, usando menos recursos em uma área cada vez menor. Quando se trata de pecuária, principalmente de raças zebuínas,
a otimização genética tem sido o caminho para ampliar essa produtividade e melhorar o rendimento do animal. Mas, claro, sem esquecer sanidade e nutrição, que juntos da genética formam o tripé da produção animal. Nesta entrevista para a Revista Campo, o zootecnista e superintendente técnico da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), Luiz Antonio Josahkian, aborda assuntos que mostram como a genética pode ser uma ferramenta de lucratividade. Confira!
Revista Campo: Quais foram
tos na sua prática de seleção. Isso
os avanços em genética na área de
passou a ser uma rotina e faz par-
pecuária nos últimos anos?
te hoje da vida do produtor, que é
Luiz Antonio Josahkian: Para
olhar para essa produção científica
responder essa questão, é preciso
e para esses valores na hora de es-
dividir o uso da genética no me-
colher seu próximo reprodutor e no
lhoramento clássico e tradicional,
momento de descartar o rebanho.
tanto das espécies vegetais quanto animais, e na questão da genômica, que é uma outra fronteira que nós estamos tentando incorporar agora. No melhoramento genético clássico, diria que o principal avanço foi a consolidação do estudo do melhoramento genético no campo prático. Hoje, todas as raças, efetivamente, passaram a ter programas com escopo amplo que permitem estimar os valores genéticos dos animais. O
Revista Campo: Mas esse in-
vestimento na genética ocorreu por quais fatores? Luiz Antonio Josahkian: Na
Hoje, todas as
verdade, é uma necessidade, por-
raças, efetivamente,
que o pecuarista precisa sobreviver
passaram a ter
no negócio. E hoje o desafio dele é produzir mais, usando menos re-
programas com escopo
cursos numa área cada vez menor. E
amplo que permitem
zação da genética. O outro lado é a
forçosamente isso passa pela otimi-
estimar os valores
questão de uma melhoria da cultura
genéticos dos animais.
da facilidade de acesso, da reorga-
geral, das formas de comunicação,
mais importante é que os criadores
nização do mercado via centrais de
passaram a incorporar esses concei-
inseminação, além de leilões mais
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Divulgação ABCZ
Luiz Antonio Josahkian é zootecnista e superintendente técnico da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ)
tecnificados. Isso tudo faz com que
dos métodos, até chegar na conso-
res genéticos dos indivíduos. A ge-
o criador, desde o pequeno até o
lidação na década de 80, quando foi
nômica é uma ferramenta que vai
grande, comece a ouvir falar, passe
possível produzir isso. Agora, 30
acelerar muito os processos. Isso
a discutir o assunto e incorpore em
anos depois, a gente tem isso bem
vai contribuir para suprir cada vez
sua propriedade. Há também uma
maduro. Não estamos bem, mas
mais a pecuária. Quem não fizer
outra pressão, ao lado disso, que é
pelo menos quebramos a inércia.
isso vai ficar sempre para trás.
a agricultura, que está muito mais
Estamos nos movimentando nesse
avançada que a pecuária nesse as-
sentido.
Revista Campo: Mas é uma prática recente na pecuária?
pecto. Muito mais técnica e expres-
Revista Campo: E o que seria
Luiz Antonio Josahkian: A
siva. Na verdade você acaba trans-
a genômica e os benefícios dela
parte genômica é muito recente.
ferindo um pouco desse conceito,
para o pecuarista?
Do ponto de vista efetivo, não tem
da agricultura de precisão, para a
Luiz Antonio Josahkian: É
mais do que cinco anos. Porque é
pecuária de precisão. Esse seria o
o estudo das tecnologias do DNA.
uma tecnologia ainda nova, que tem
melhoramento clássico. Começou
Essa área tem permitido uma maior
o custo relativamente alto. E que
na década de 40, com a evolução
velocidade na estimação dos valo-
está tomando for ma. A ABCZ co-
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meçou a investir agora nessa parte
mais porque o intervalo de gera-
felizmente, não é algo que a gente
genômica. A maior parte das raças
ção em bovinos, esp ecificamen-
possa transportar. Tipo, está pron-
começou a investir há pouco mais
te, é longo. Então você toma uma
to, então vou trazer para o Brasil.
de três anos, a exemplo de holan-
decisão hoje e só terá o impacto
Nosso sistema de produção é ou-
dês e angus, que já estão um pouco
concreto daqui a cinco anos. Isso
tro, nossos fatores de restrição são
mais adiantados. Mas sem dúvida
p ensando numa decisão pontual.
outros. Então não dá para transfe-
a genômica vai dar uma guinada na
Agora quando você p ensa que isso
rir tecnologia só por transferir de
história.
precisa fluir para todos os reba-
outros países. É preciso avaliar as
nhos – produtor de genética, para
condições locais. Agora, em ter-
depois chegar no rebanho multipli-
mos de zebuínos, o Brasil é refe-
cador e lá na base que vai produzir
rência mundial.
Então você toma uma decisão hoje e só terá o impacto concreto daqui a cinco anos. Isso pensando numa decisão pontual. Revista Campo: É uma tecnologia nova. Porém, é possível já perceber resultados práticos? Luiz
Antonio
Josahkian:
leite ou car ne -, demora, em média,
Revista Campo: Para con-
15 anos para ter um efeito global.
cluir, genética é realmente uma
Isso imaginando um cenário otimi-
ferramenta de lucratividade na
zado, no qual todos estão fazendo
pecuária?
e tomando as decisões corretas. É um processo lento.
Luiz Antonio Josahkian: É engraçado que tem algumas verdades que são tão absolutas que não
Não adianta você
mudam através dos séculos. Essa
ter um rebanho
questão de que a produção animal
com profilaxia
trição e genética é inquestionável.
100% perfeita, uma pastagem perfeita, com uma
é resultado do trip é sanidade, nuNão adianta você ter um rebanho com
profila xia
100%
p er feita,
uma pastagem p er feita, com uma genética r uim. Assim como não adianta investir em genética e não
genética ruim. Assim
melhorar zootecnicamente os ou-
como auxiliar no processo de qual
como não adianta
desses três pontos para a produção
é o touro cujas filhas produzem
investir em genética
caminhar. A genética possui al-
ca te auxiliando nisso. Em vez de
e não melhorar
pode chamar de vantagens -, que
esp erar o touro ter filhas e essas
zootecnicamente os
é a questão dos ganhos genéticos
outros fatores.
você usa uma boa genética neste
Existem alguns programas já nessa área, desde o uso da genômica
mais leite. Aí você tem a genômi-
filhas crescerem, entrarem em reprodução e produzirem leite, a genômica antecipa isso. Já tem coisas
tros fatores. É preciso a interação
gumas caracter ísticas - não sei se
acumulativos e p er manentes. Se ano e foi um ano r uim de chuva,
Revista Campo: O Brasil é re-
uma seca extrema, a genética está
ferência em genética na pecuária?
lá. Na hora que você propiciar os
Revista Campo: Na agricul-
Luiz Antonio Josahkian: De
fatores, ela vai se manifestar. Não
tura, às vezes, uma pesquisa leva
zebuinocultura, sim. Nas outras ra-
se p erde como uma pastagem ou
até 10 anos para ter resultados
ças não. Na verdade quando você
uma vacinação, que possuem tem-
práticos. Na pecuária isso tam-
p ensa no holandês, é a raça mais
po. Então tem esse asp ecto positi-
bém acontece?
estudada do mundo, a mais antiga.
vo da genética que é acumulativo e
Luiz Antonio Josahkian: Na
Está muito mais evoluída nesse as-
p er manente. Mas vale para o bem
p ecuária também, às vezes até
p ecto no sistema de produção. In-
quanto para o mal.
nesses sentido de fato acontecendo, inclusive no zebu.
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MERCADO E PRODUTO
Larissa Melo
Produção de Grãos – Entre Riscos e Recordes José Mário Schreiner | presidencia@faeg.com.br obtidas com a soja neste ano. Porém a conclusão desta expectativa ainda depende muito do clima, já que o milho safrinha ainda está em fase final de plantio e os volumes de chuvas nos meses de março e abril serão fundamentais para a garantia de uma boa produtividade. E os desafios nos campos e lavouras são apenas os primeiros riscos enfrentados pelo homem do campo. Ao sair da porteira, toda esta pujante produção ainda enfrenta os problemas de infraestrutura nacional, evidenciada principalmente pelas condições de nossas rodovias. Só em Goiás, segundo dados do mais recente levantamento da Faeg, são mais de 37 trechos de rodovias estaduais em estado completamente precário, justamente nos principais corredores de escoamento de nossa produção. Fato é que o otimismo das notícias que a agropecuária nos apresenta a cada dia são um alento em meio a maré de fatos negativos em nosso país. Porém é preciso observar que por trás dos recordes de produção e da sustentação da economia do país existem riscos e perdas constantes, que dia após dia exigem maior profissionalismo do setor e infelizmente ainda tiram muitos produtores de sua atividade.
José Mário Schreiner é presidente da Faeg, do Senar Goiás e vicepresidente da CNA
iStockphotos
Sabemos que Goiás é um grande ator da produção agropecuária nacional, destacando-se, principalmente, por sua forte pecuária e safra de grãos, que ano após ano contribui para a evolução da economia e da sociedade goiana. Mas por trás do sucesso obtido ao longo do tempo, o setor enfrenta desafios contínuos e os riscos de se produzir nesta indústria a céu aberto crescem a cada dia, tirando a renda e o sono dos produtores rurais. Ao analisarmos o histórico de produção dos últimos anos, percebemos o quanto os riscos estão presentes em nossa agropecuária. Das últimas seis safras de grãos colhidas em Goiás, quatro apresentaram quebras de produção. Desde a safra 2011/12 o estado já atingiu a marca dos 18 milhões de toneladas produzidas, porém, mesmo com o crescimento de 16% na área plantada, até agora não conseguimos superar este patamar. Porém, a safra atual vem se mostrando bastante positiva e se o clima continuar colaborando poderemos superar esta marca. As expectativas atuais apontam uma produção total de grãos de cerca de 21 milhões de toneladas, resultado propiciado pelas boas produtividades
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AÇÃO SINDICAL JATAÍ
RUBIATABA Rafael Antônio Rosa
Samir Machado - Comigo
Visita técnica
Proteção de Nascentes
No município de Morro Agudo, região do Vale do São Patrício, alunos participaram do curso ‘Proteção de Nascentes’, desenvolvido pelo Senar Goiás. O curso teve a parceira do Sindicato Rural (SR) de Rubiataba. As aulas foram realizadas no mês de fevereiro, por meio de teoria e prática, envolvendo temas como a importância de cuidar do meio ambiente. Além do conteúdo, os alunos plantaram mudas às margens do rio que abastece o município de Morro Agudo. O curso tem o objetivo de capacitar multiplicadores para trabalhar ações socioambientais, colaborando com a preservação de córregos, rios e nascentes do Vale do São Patrício. O encerramento do evento teve a presença do presidente do SR de Rubiataba, Antônio Carlos Sobrinho, do instrutor do Senar Roberto Tosta, do mobilizador Deusimar Mateus de Faria e de autoridades políticas dos municípios. (Colaborou com a nota: coordenador regional Rafael Antônio Rosa)
Mais de 60 jovens participaram da apresentação do Programa ‘Faeg Jovem’, no município de Varjão. O evento foi realizado em fevereiro, no auditório da Cooperativa Mista Agro Pastoril de Varjão (Coval), pelo Senar Goiás, em parceria com Sindicado Rural (SR) de Varjão. O coordenador regional do Senar, Renildo Marques Teixeira, fez a apresentação do programa para o público de jovens. O evento teve a participação de integrantes do Faeg Jovem do município de Rio Verde, Isaque Teixeira e Maxwell Silva, que trocaram experiências sobre empreendedorismo jovem. O programa piloto, desenvolvido em Rio Verde, tem sido referência para outros municípios. A expectativa para 2017 é expandir o programa para 100 municípios, com o objetivo de despertar o espírito empreendedor e promover novas lideranças para o meio rural. Os grupos buscam ainda estimular os jovens na participação de tomada de decisões relevantes ao agronegócio, além de estreitar relacionamento com os sindicatos e cooperativas. Atualmente, a Faeg Jovem conta com 12 tutores e 12 coordenadores distribuídos nas 12 regionais. (Colaborou com a nota: coordenador regional Renildo Marques)
Nilson Pequeno
Renildo Marques
Programa Faeg Jovem
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SANTA HELENA
Nova Diretoria do Sindicato Rural
VARJÃO
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O Sindicato Rural (SR) de Jataí, em parceria com a Secretaria da Agricultura e Pecuária do município, organizou em fevereiro uma visita técnica ao Centro Tecnológico (CTC) da Cooperativa Agroindustrial dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano (Comigo), em Rio Verde. O intuito foi apresentar novas tecnologias para produtores rurais e técnicos ligados à pecuária de corte. Cerca de 50 pessoas participaram da programação, inclusive o secretário do município de Jataí, Solimar Cabral. O veterinário da Comigo, Ubirajara Bilego, falou aos participantes sobre a importância de manter o pasto bem adubado e uma dieta balanceada para o gado, visando produzir o máximo de arrobas por hectare, mantendo uma pecuária mais lucrativa. (Colaborou com a nota: assessora técnica do SR de Jataí Aline Vilela)
A nova diretoria do Sindicato Rural (SR) de Santa Helena de Goiás foi empossada no final do mês de janeiro de 2017. O agropecuarista, Arcino Braz Vieira, continua à frente da instituição por mais quatro anos, juntamente com novos e antigos membros da diretoria. A solenidade de posse ocorreu no Parque de Exposições Serafim Azevedo e teve a presença do presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) e Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar Goias), José Mário Schreiner, do vice-presidente da Faeg, Bartolomeu Braz Pereira, do superintendente da Faeg, Claudinei Antônio Rigonatto, do superintendente do Senar Goiás, Antônio Carlos de Souza Lima Neto, autoridades, convidados e presidentes de outros sindicatos, como Luciano Guimarães do SR de Rio Verde. (Colaborou com a nota: instrutor do Senar Goiás Nilson Pequeno da Silva) www.sistemafaeg.com.br
MUNICÍPIOS GOIANOS
ITAPURANGA
Laiana Borges
Arquivo Faeg
Programa Equoterapia
Parceria consolidada
Em Itapuranga, a fazenda Santa Rosa - dos proprietários Sebastião e Adalina Ferraz - recebeu a primeira turma de 2017 do curso de ‘Produtos de Limpeza e Higiene’, com a instrutora e química Acdalma Oliveira. O outro treinamento foi o de ‘Produção Caseira de Alimentos – Leite’, realizado pelo instrutor Antônio Freire na fazenda Guará, município de Guaraíta, na propriedade de Regina Coelho. O Sindicato Rural (SR) de Itapuranga é responsável também pelas ações em Guaraíta, em parceria com o Senar Goiás. Diversos alunos participaram dos cursos e treinamentos de início de ano. A prefeita de Guaraíta, Adna Ferreira, que esteve no encerramento do curso de ‘Produção Caseira de Alimentos’, aproveitou a oportunidade para consolidar a parceria entre SR e Senar Goiás no município. (Colaborou com a nota: mobilizadora Laiana Borges)
VICENTINÓPOLIS
Treinamento de Solda Elétrica
Com o intuito de ampliar, aprimorar e dar continuidade ao atendimento do ‘Programa de Equoterapia’, a fim de estabelecer parcerias com os municípios goianos, o Sistema Faeg Senar iniciou em fevereiro uma rodada de visitas em Goiás. Em Itaberaí, Catalão e Cristalina o intuito da visita foi fortalecer parcerias, para a manutenção das atividades. Já nas cidades de Santo Antônio Descoberto e Campo Alegre, que ainda não possuem o programa, o objetivo foi o de implantar ainda neste ano um Centro de Equoterapia. Atualmente, o programa possui 28 centros ativos em todos Estado, e seis aguardam o processo de transição para retornarem às atividades. (Colaborou com a nota o gerente de Promoção Social Flávio Henrique Silva).
PARAÚNA
Bruna Lara Oliviera
Fredox Carvalho
Faeg Senar em Ação
O Senar Goiás, em parceria com o Sindicato Rural (SR) de Vicentinópolis, realizou o treinamento de Solda Elétrica na Fazenda Pombas, do proprietário Edson Lopes. Ministrado pelo instrutor Fernando Vicente Fonseca, o treinamento foi direcionado para alunos da zona rural, que receberam orientações práticas sobre técnicas de segurança de trabalho, uso correto de equipamentos de proteção individuais, preparação, montagem e revisão de peças com solda elétrica, e os cuidados com o meio ambiente. A pretensão é desenvolver novos cursos e treinamentos para a população rural da região. (Colaborou com a nota: representante do SR de Vicentinópolis Bruna Lara) www.senargo.org.br
O município de Paraúna, localizado a 131 quilômetros de Goiânia, receberá no sábado, 18 de março, mais uma edição do Programa Faeg/Senar em Ação. Promovido pelo Sistema Faeg Senar, o programa contará com o apoio do Sindicato Rural (SR), a Secretaria de Saúde e Educação e a prefeitura de Paraúna. O local escolhido para realização do evento será o CMEI Dª Ronan da Silva. Serão realizados serviços nas áreas de clínica geral, cardiologia, pediatria, dermatologia, odontologia; exames de Papanicolau, PSA e Eletrocardiograma; e ainda teste de glicemia, aferição de pressão e cálculo de IMC. Na parte da cidadania, haverá cadastro de CPF, fotografia, xerox e emissão da carteira de identidade para os maiores de 15 anos. A expectativa é que três mil pessoas sejam beneficiadas pelo programa. (Colaborou com a nota o coordenador regional Renildo Teixeira).
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Fredox Carvalho
FÓRUM DE GRÃOS
Para José Mário Schreiner, encontros permitem apresentar novidades voltadas para o setor
Encontros movimentam municípios em Goiás Eventos foram realizados em 10 cidades, discutindo diversos assuntos e traçando cenários para o estado Nayara Pereira | nayara.pereira@faeg.com.br Juliana Barros | juliana.barros@faeg.com.br Comercialização, plantio e colheita, logística de escoamento, fatores e condições climáticas, relevos, custos de produção, competitividade, seguro rural, custeio e exportação foram assuntos discutidos durante o Fórum de Comercialização e Mercado Agrícola 2017. Realizado pela Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), em parceria com os Sindicatos Rurais, o fórum percorreu 10 municípios goianos produtores de grãos, com a proposta de debater a atual situação do mercado e as perspectivas para as próximas safras de grãos em Goiás, além de esclarecer dúvidas dos produtores a respeito da melhor forma e do momento mais oportuno para comercializar a produção. De acordo com o presidente da Faeg, José Mário Schreiner, o fórum é 14 | CAMPO
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importante para discutir e apresentar as novidades voltadas para o setor, além de fomentar soluções em torno dos problemas atuais, como a chuva e o seguro rural. “O objetivo foi de mostrar aos produtores qual cenário os espera nesse momento de vender a safra e deixá-los mais preparados para executar suas negociações ao longo de todo o processo”, explicou. Ele enfatizou que o Fórum de Comercialização já é uma tradição e sempre realizado pouco antes dos produtores darem início à colheita ou durante a plantação da segunda safra ou da safra de verão, justamente para que as informações de mercado sejam as mais atuais. “Temos que aproveitar cada minuto para debater os gargalos do seguro rural, a questão de custeio para a safra, escoamento da produção e muitos tan-
tos outros temas que são importantes dentro da realidade de gente que faz a economia desse país girar”, destacou. Informação De acordo com o consultor de mercado agrícola Ênio Fernandes, que palestrou durante o fórum, o produtor, de forma geral, tem se preocupado em se atualizar, em comercializar seu produto de maneira correta, a fim de obter sucesso e lucro em seus negócios. Por isso, ele acrescentou que o produtor tem buscado participar de eventos, como o fórum, para se manter informado sobre cenários. “O produtor tem melhorado a forma de vender. Ele tem buscado informações de qualidade. Ele investe em conhecimento, se profissionaliza. Antigamente, por exemplo, o comprador da trade, da cooperativa, tinha que ter amizade com o produtor, mas hoje é www.sistemafaeg.com.br
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Vlamir Brandalizze, que também palestrou durante os encontros, reforçou que o produtor precisa estar informado sobre o mercado e se preparar para eventuais gargalos como os efeitos do clima na produção. “Em Mineiros, por exemplo, as propriedades são menores quando comparadas com as de Chapadão do Céu. Então, automaticamente, obriga o produtor a acompanhar melhor o mercado. O que é importante para o produtor é que ele busque se informar e se preparar para o que pode vir da porteira para fora”, disse. Consultor Vlamir Brandalizze ressalta que produtor precisa estar informado sobre o mercado
diferente, porque muitos deles são empresários, então, ele quer informação de confiança, de qualidade”, explicou. O vice-presidente institucional da Faeg, Eduardo Veras, ressaltou que a proposta do fórum é justamente a de fazer com que os participantes desenvolvam novas ferramentas, para que eles tomem importantes decisões durante o plantio. “Sabemos que o produtor precisa obter sustentabilidade em
seu negócio. Agora, por exemplo, demos início à safra de soja, em seguida será a vez da safrinha, então, o produtor tem que estar atento às oportunidades no que tange o mercado de milho. Ele precisa também se preparar para a próxima safra de soja, tanto na aquisição de insumos, como na oportunidade de negócio para a safra 2017/18”, detalhou. O consultor de mercado agrícola,
Municípios que sediaram o Fórum de Comercialização de Grãos
Chapadão do Céu Mineiros Jataí Rio Verde Itumbiara Vicentinópolis Ipameri Formosa Silvânia Porangatu
GEOPOLÍTICA
Entre muros e pontes Agronegócio brasileiro sofre efeitos do jogo político global e pode se beneficiar com mudanças Diene Batista, especial para a Revista Campo de produto agrícola para o México, que compra dos Estados Unidos, por causa do mercado livre. Essa política vai abrir as portas para nós para milho e carne”, prevê. Outra decisão do presidente norte-americano pode evitar prejuízos ao agronegócio brasileiro. Ele anunciou a saída do país do Tratado de Associação Transpacífico (TPP, na sigla em inglês), cujo objetivo era reduzir barreiras comerciais em algumas das economias com o crescimento mais rápido da Ásia. Sem os Estados Unidos, o acordo não pode entrar em vigor. “O Brasil exporta para os países que faziam parte do TPP. Se o tratado desse certo, poderia criar uma tarifa comum e esse mercado se
deslocaria. Era uma ameaça que pode ter acabado”, define. O presidente da Faeg, José Mário Schreiner, reconhece que o imbróglio envolvendo o México e a suspensão do TPP pode abrir oportunidades para o Brasil. “Claro, a gente vai ter que aguardar para saber a dimensão, a repercussão dessas medidas. O TPP envolvia países que são responsáveis por 40% do comércio global e o Brasil estava completamente fora. Então, com isso, reabre a oportunidade para o Brasil poder buscar esses espaços nesses países”, avalia. A coordenadora do programa de pós-graduação em Agronegócio da Universidade Federal de Goiás (UFG),
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Vista com desconfiança por diversos setores, a chegada de Donald Trump à Casa Branca pode render bons frutos para o agronegócio do Brasil. As relações estremecidas com México – o novo presidente norte-americano quer construir um muro ao longo da fronteira para barrar imigrantes – podem significar uma maior aproximação do país com o Mercosul. O muro de Trump talvez seja a ponte que faltava entre os produtores brasileiros de milho e de carne e o mercado mexicano. Para o consultor técnico da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Goiás (Faeg), Pedro Arantes, o cenário que se desenha é mais positivo do que negativo. “O Brasil exporta pouco
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Consultor técnico da Faeg, Pedro Arantes, avalia como positivo o cenário internacional para a agropecuária
Sônia Milagres Teixeira, alerta que o fechamento de fronteiras, como propõe Trump, significa também menor mobilidade de mão de obra. A queda na taxa de câmbio, aponta, também pode se transformar em um problema obrigando o Brasil a vender mais produtos para ter atual receita. “No mercado in-
ternacional, a mobilidade é uma variável muito importante, porque uma mão de obra pode ser menos produtiva em seu país de origem e melhor em outro, ter mais vantagem comparativa. Isso, fechamento de fronteiras, prejudica o mercado como um todo”, afirma, considerando que os ganhos em relação à
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venda de grãos e carne para o México não devem ser imediatos. Política externa Pedro Arantes vislumbra para a gestão do presidente Michel Temer (PMDB) uma maior disposição para acordos bilaterais do que nos governos Lula (PT) e Dilma Rousseff (PT). “O Brasil ficou muito preso ao Mercosul e à OMC (Organização Mundial do Comércio), que são acordos multilaterais, enquanto os outros países foram fazendo acordos bilaterais. Com essa nova estrutura política externa, é o que vai acontecer. E é uma grande vantagem”, avalia. Já José Mário acredita que o Brasil pode “recuperar o tempo perdido” e avançar em novas parcerias. Ele cita a saída do Reino Unido da União Europeia – o Brexit – como uma chance para a revisão de acordos comerciais. “É um momento de avaliar blocos como o Mercosul, para que o comércio extrabloco flua e possamos buscar mais oportunidades”, opina.
PESQUISA
Diálogo entre setor produtivo e academia garante trabalho científico que pode melhorar produtividade e qualidade de vida Estudos científicos permitem ganhos Diene Batista, especial para a Revista Campo
O prazo para um estudo sair do papel e se transformar em uma solução para os problemas enfrentados pelo campo varia, em média, entre seis e oito anos. Apesar da espera, as pesquisas desenvolvidas por universidades e por institutos são fundamentais para resolver os gargalos vivenciados pelo produtor rural, melhorar sua qualidade de vida, os produtos desenvolvidos e garantir a sustentabilidade dos negócios. O grande desafio é aproximar cada vez mais a academia do campo, para que as instituições possam atender às demandas de quem ajuda o Brasil a crescer, mesmo em tempos de crise.
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São trabalhos como o do doutorando em Química Lucas Oliveira Gomes, do Laboratório de Métodos de Extração e Separação (Lames) da Universidade Federal de Goiás (UFG), que podem fazer a diferença para o setor produtivo. Iniciada em 2014, a pesquisa visa desenvolver um inédito processo para extração em larga escala de licopeno a partir do resíduo da indústria de tomate. O pigmento antioxidante está disponível em grande quantidade na casca do tomate e pode ajudar na prevenção de doenças, como câncer, além do envelhecimento precoce. “O resíduo é considerado um passivo
para a agropecuária e ajudam a superar desafios no meio rural
ambiental com baixo ou nenhum valor agregado. É valioso, mas descartado em geral de maneira incorreta, geralmente encaminhado para aterros sanitários, aumentando a poluição ambiental”, explica. Hoje, a extração do licopeno é feita principalmente por meio de processos sintéticos – o que acarreta na presença de outros compostos em meio ao produto - e de extração o próprio tomate, com fluido supercrítico e com solventes, considerados caros pela indústria de atomatados. No processo desenvolvido pelo doutorando, há a separação da casca e das sementes presentes no resíduo, por meio de um
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Inovação para o campo
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Doutorando em Química pela UFG, Lucas Oliveira Gomes desenvolve pesquisa para extração de licopeno a partir do resíduo da indústria de tomate
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sistema de peneiramento. Depois, é feita a extração do pigmento presente na casca com solvente. Além da extração do licopeno, o trabalho também abrange outras
vertentes, como a produção de uma barra de cereais rica em fibras e proteínas oriundas da casca e das sementes, respectivamente. Também foi desenvolvido um óleo das sementes do tomate, que apresenta propriedades valiosas para a indústria de cosméticos. “Temos como foco inserir esses produtos no mercado o mais breve possível e estamos buscando empresas para fazermos parcerias comerciais”, diz o doutorando. A pesquisa de Gomes recebe fomento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg) e, mesmo antes de ser concluída, já foi premiada. No ano passado, foi considerada a segunda melhor das Américas pelo Prêmio NoDiretor Científico da Fapeg, Albenones vos Talentos para o AlimenJosé de Mesquita enfatiza que o campo to Sustentável, iniciativa do tem demandado pesquisas Fórum do Futuro. O projeto
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deve ser finalizado no próximo ano. No topo Segundo o diretor Científico da Fapeg, Albenones José de Mesquita, pesquisas voltadas para o setor agro são as que mais demandam recursos nos editais lançados pela entidade. O fomento, diz ele, se dá também por meio das demandas do próprio campo. Foi o que aconteceu com os estudos sobre a Helicoverpa armigera, lagarta que atinge várias culturas, entre elas a soja. “A UFG propôs um projeto para nós, que financiamos por meio do chamado financiamento de balcão. Era uma praga emergente, que precisava ser estudada”, recorda. Além do trabalho das universidades e dos institutos tecnológicos, Albenones aponta também a contribuição da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), criada na década de 1970, na geração de novas tecnologias. Ele também cita o trabalho da Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater) no repasse do conheciMARÇO / 2017 CAMPO
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Adriana Silva
O pesquisador da Escola de Agronomia da UFG, Celso José de Moura, destaca a importância da integração entre a agropecuária e a universidade para resultados positivos
como a textura e o tamanho das fibras de carne. Mais de uma década depois do invento, Moura se dedica a uma pesquisa junto a produtores de leite goianos para verificar como a qualidade da água afeta a do produto. O estudo engloba 15 fazendas, nas cidades de Nerópolis, Bela Vista, região de Varjão e Morrinhos. Cada família recebe um kit de cloração, uma cartilha que ensina a fazer o procedimento e orientação para
a análise. Mês a mês, a equipe de pesquisadores faz visitas para conferir o andamento do trabalho. “Começamos com água contaminada, hoje tem água potável. Nossa hipótese, é que temos uma melhoria na qualidade do leite e também na vida das pessoas”, comenta. As análises devem terminar em novembro deste ano, quando as amostras de leite produzidos com água tratada serão comparadas com a do ano anterior, sem cloração. iStockphoto
mento ao produtor rural. “As agências de fomento são as grandes irrigadoras desses sistemas, por meio dos recursos que disponibilizam”, pontua. Em média, de acordo com ele, os projetos são desenvolvidos em três ou quatro anos. Para chegar ao campo, a tecnologia leva de seis a oito anos. Mesmo com a necessidade deste tempo, para o diretor “é um investimento que não pode deixar de ser feito, se não (o setor) nunca avança”. Albenones cita ainda a crescente multidisciplinaridade entre a área de agronomia e outras, como a computação. “É esse trabalho em conjunto que fortalece a pesquisa e temos estimulado isso”, define. Sob medida Pesquisador da Escola de Agronomia da UFG, Celso José de Moura prega uma maior integração entre a universidade e o setor agropecuário para o desenvolvimento de pesquisas aplicadas para a área. Em 2001, ele criou um pilão mecânico para a fabricação de paçoca, hoje bastante utilizado no Tocantins. O principal desafio, diz o professor, era conseguir, na produção em larga escala, as mesmas características do produto artesanal,
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Vice-presidente institucional da Faeg, Eduardo Veras avalia que as pesquisas contribuem para o campo
O vice-presidente institucional da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Goiás (Faeg), Eduardo Veras, reconhece o papel fundamental dos estudos científicos para o desenvolvimento do agronegócio, o motor da economia brasileira. “Sempre fomos norteados pelas pesquisas”, frisa. No caso de Goiás, ele cita os trabalhos para a correção do solo do Cerrado, conhecidos pela sua acidez. O resultado é uma produtividade com os mesmos patamares, a nível mundial, de soja e de milho.
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Veras destaca ainda os avanços na área de mecanização agrícola - com máquinas cada vez mais inteligentes e com recursos como piloto automático e GPS -, além da agricultura de precisão. “Ainda temos que avançar na questão da informação, do negócio. Temos um produtor mais tecnificado na gestão da propriedade. E são as pesquisas que podem indicar esses caminhos”, pondera. O resultado da tecnologia desenvolvida se materializa numa maior produção e em mais facilidade para o dia a dia do produtor. “Um exemplo é a irrigação. O produtor já consegue acompanhar a umidade do solo, por meio da internet, e programar uma lâmina determinada para atender à demanda”, afirma. Em outra ponta, há o desenvolvimento de pesquisas na área de genética, com a criação de variedades mais resistentes à doença, exemplifica o vice-presidente da Faeg. “Trabalhos para desenvolver variedades com mais tolerância a fenômenos climáticos, à seca, às doenças que vão surgindo são um incremento interessante”, considera.
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Contribuição histórica
PECUÁRIA
Negócio mais lucrativo e sustentável Segmento aposta em tecnologia e na qualificação dentro e fora da porteira para vencer desafios
Pecuarista goiana Ana Miranda investe em melhoramento genético para garantir bons resultados
Ancorada no trabalho científico, a produtora goiana Ana Miranda tem conseguido bons resultados com o tabanel, gado de corte fruto do cruzamento dos zebuínos tabapuã e nelore. Além dos estudos genéticos, ela também aposta na diversificação dos negócios e dos manejos, com produção de mogno africano e Integração 22 | CAMPO
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Lavoura-Pecuária, em fazendas nos municípios de Inhumas, Caturaí e Paraúna. Para chegar à união do macho do tabapuã com a fêmea do nelore, ela conta que foram feitos processos pilotos com 20 casais, realizando cruzamentos trocados. “Nós começamos a trabalhar com o tabanel com a pu-
blicação de um paper, porque acreditamos que a programação, o planejamento, são a alavanca para o trabalho do produtor rural”, pontua ela, que é presidente da Associação Brasileira do Tabanel (ABTnel). O melhoramento genético se traduz em um efeito dominó positivo: melhor qualidade da carne, mais facilidade www.sistemafaeg.com.br
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Diene Batista, especial para a Revista Campo
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para ganhar peso, antecipação do abate, por causa da rápida terminação do animal. “No F1 (filhos da primeira geração), são animais pesados. Eles desmamam com duas arrobas a mais, são vendidos com um preço superior e são mais precoces para o abate”, descreve. Hoje, a entidade que Ana preside luta para que o tabanel vire uma raça. Para ela, motivos não faltam. “Estamos muito satisfeitos com o produto de F1 e F2 (filhos da segunda geração)”, diz, defendendo que “se fizer a lição de casa bem feita, o pecuarista tem rentabilidade do bolso.” Garantir renda e produtividade é justamente um dos desafios dos pecuaristas. Assuntos como estes estarão na pauta da Expopec 2017 - Exposição das tecnologias voltadas ao desenvolvimento da pecuária -, que ocorre de 23 a 26 de março, em Porangatu (GO), a capital goiana do bezerro de qualidade. O objetivo é divulgar as tecnologias voltadas ao aprimoramento da produção de carne bovina, ovina e suína no Centro-Oeste, além de discutir e apresentar as novidades no mercado nacional e internacional. A exposição terá palestras, demonstrações e oficinas, feiras de touros, espaço para negócios, exposição de animais, shopping de cavalos, visitas técnicas, vitrine da carne, leilão, festival gastronômico e outras atividades (veja programação na página 26). A realização é da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), do Sindicato Rural de Porangatu e do Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (Ifag). Produtividade Hoje, Goiás ocupa a 3ª posição no ranking de maior rebanho bovino do Brasil com mais de 21,5 milhões de cabeças de gado. Já o estado do Tocantins conta com quase 8,5 milhões de cabeças de gado, ocupando a 10ª posição. Juntos, Goiás e Tocantins são responsáveis por 14% do rebanho nacional. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Maurício Velloso avalia que a produtividade na pecuária tem crescido por fatores que envolvem genética, pastagens e suplementação
O presidente da Comissão de Pecuária de Corte da Faeg, Maurício Velloso, explica que, nos últimos anos, o produtor goiano viu a produtividade crescer a partir do desenvolvimento de fatores como a pesquisa genética, o manejo de pastagens e a suplementação. “Aumentamos o número de animais por área, o peso do bezerro a desmama, o peso das carcaças de animais abatidos e diminuímos a idade desses animais. Tudo isso é produtividade, fruto da aplicação de tecnologia ao sistema de produção”, enumera. Segundo Velloso, a utilização da chamada Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) tornou possível a realização do procedimento em escala industrial, possibilitando a massificação da qualidade genética. “Esses animais com maior potencial genético respondem melhor à tecnologia de manejo de pastagem associada a uma suplementação mais inteligente e mais adequada a cada momento da situação agrometeorológica”, descreve. Com isso, há um melhoramento da terminação a pasto e o ganho de peso é acelerado. Além de apostar na tecnologia, o pecuarista também precisa focar em uma “gestão profissional e rigorosa”, como conceitua o presidente da Comissão de Pecuária de Corte da Faeg. Velloso diz que o produtor não pode
descuidar de aspectos como o sanitário e os mecanismos de comercialização dos animais. “´É um conjunto de medidas que conferem o bom resultado. Se faltar uma, você põe a perder todo o resto. O negócio não é dissociado do conteúdo. É o conteúdo que permite que ele consiga fazer mais e melhores negócios”, alerta. Gestão Para a assessora técnica da Faeg, Christiane Rossi, tornar a gestão da pecuária de corte mais eficiente é fundamental. O conhecimento que o pecuarista já adquiriu com a prática pode ganhar o incremento de parcerias voltadas para a área técnica, que podem chegar ao campo por meio de associações e de sindicatos, como os cursos ofertados pelo sistema Faeg Senar (ver quadro na página 25). A profissionalização também abrange outras áreas, como a de legislação e a adoção de tecnologias. Outro ponto diz respeito à comercialização dos animais. Saber o momento certo para comprar e para fazer uma excelente venda é fundamental, diz a assessora da Faeg. “Ao conhecer o custo de produção, o pecuarista pode recorrer a ferramentas e planejar as vendas de acordo com a engorda. Se ele sabe o peso que os animais ganham por dia, poderá mapear quando será o abate”, exemplifica. MARÇO / 2017 CAMPO
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“Tesouro” oculto
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Com um plantel de aproximadamente 2,3 milhões de animais, Goiás é o 5º maior produtor de suínos do Brasil, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para este ano, depois de um 2016 de dificuldades por causa da crise política econômica que afetou o Brasil, a perspectiva é de boas notícias. “Temos um cenário completamente diferente do ano passado, em que enfrentamos o aumento do custo de produção, com a alta do preço do milho e do farelo de soja”, justifica o presidente da Associação Goiana de Suinocultura (AGS), Fernando Cordeiro de Barros. As dificuldades de 2016 acarretaram na diminuição do plantel, o que, neste ano, alavancou o preço dos animais. Os bons preços estão animando os suinocultores, segundo Cordeiro, que podem colher os resultados do fortalecimento de diferentes elos da cadeia, nos últimos anos. “Nos preocupamos mais com o bem-estar animal, por isso melhoramos instalações. A parte genética também tem evoluído gradativamente”, aponta. Com as melhorias, houve uma padronização dos espaços para os animais, com comedouros e bebedouros automatizados que disponibilizam alimento em quantidades adequadas tanto para a matriz quanto para engorda. A melhora afeta positivamente o ganho de peso. Por outro lado, as melhorias genéticas potencializam uma melhor conversão alimentar e qualidade para a carne.
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Elos fortalecidos
Médico veterinário André Rocha recomenda a consorciação com a bovinocultura para mais rentabilidade
Com uma carne mais saudável, mas ainda pouco consumida, os ovinos são um verdadeiro “tesouro” oculto na pecuária. Hoje, Goiás tem um rebanho, aproximado, de 156.000 ovinos, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em todo o Brasil, são 14 milhões de cabeças. Mas o consumo interno da carne é pouco expressivo: entre 0,7 e 1,0 quilo por pessoa ao ano. Para o médico-veterinário e especialista em biotecnologia de reprodução, André Rocha, a difusão de informações sobre a criação do animal pode mudar esse quadro. “A carne é mais saudável, com baixo teor de gordura e fácil digestão. Mas é mais cara para o consumidor, porque a produção ainda é baixa. O Brasil ainda importa mais do que exporta. Toda a nossa produção alimenta apenas a cidade de São Paulo”, diz. As vantagens para quem decide se arriscar pela ovinocultura são muitas. Segundo ele, os animais podem ser criados tanto em propriedades médias, grandes e pequenas, pois não necessitam de muito espa-
ço. Além disso, é recomendado a consorciação com a bovinocultura para trazer maior rentabilidade para o criador. “No hectare, pode ter um bovino e alguns ovinos. Então, o pecuarista pensa em carne por hectare e não em produção por hectare”, explica, citando a facilidade da integração com a agricultura, inclusive. Mas é preciso lembrar, por exemplo, que o ovino não é um “boi pequeno”. Por isso, as instalações para alimentação devem ser separadas. “O sal mineral de um não pode ser consumido pelo outro. Assim, o produtor faz um ‘cercadinho’ apenas para o ovino ter acesso”, exemplifica. Nas diferenças, eles se complementam: a verminose de uma espécie se alimenta da verminose do outro. O ciclo rápido é outro ponto forte dos ovinos. A gestão da fêmea dura seis meses. O cordeiro pode ser abatido com apenas quatro meses, quando estará pesando entre 32 e 35 quilos. “O retorno para o produtor é mais rápido. Um boi precisa de 11, 12 quilos de alimentos para produzir um quilo de carne. Um carneiro precisa de três, quatro quilos”, compara. www.sistemafaeg.com.br
3º maior rebanho do Brasil:
5º maior:
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2,3 milhões de suínos
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Qualificação para o pecuarista
De olho na maior produtividade e rentabilidade para o pecuarista, o Sistema Faeg Senar promove capacitações específicas para quem atua no segmento.
De acordo com o gerente de Pedagogia do Senar Goiás, Marcelo Penha, para a pecuária de corte são realizadas ações para formação profissional rural e assistência técnica gerencial, com a participação da Comissão de Pecuária de Corte. A programação de cursos é agendada pelos Sindicatos Rurais (SR), por meio do site da entidade, onde cursos e programas estão disponibilizados. Entre as opções, detalha Penha, estão formações para administração rural, bovinocultura de corte, confinamento, semi-confinamento, manejo racional de bovino de corte, inseminação artificial e manejo de pastagens. Realizados presencialmente, os cur-
sos e treinamentos têm entre 24 horas e 40 horas de duração. O gestor explica ainda que existem formações voltadas para o cavalo, animal importante para o manejo na pecuária. “Temos todos os eventos ligados, como doma, rédea, casqueamento, ferrageamento e selaria”, cita. Já na modalidade assistência técnica, desde o ano passado, é desenvolvido um projeto piloto em que um técnico vai acompanhar, por 24 meses, um grupo de 25 a 30 produtores. O profissional deve fazer o diagnóstico e implementar ações para o crescimento da produção de gado de corte. “Ele trabalha em duas vertentes: com gestão e planejamento e com a assistência técnica propriamente dita, que é analisar o manejo de pastagem, o número de animais do rebanho e a produção de arrobas por hectares”, explica.
Cursos ofertados -
Administração rural Bovinocultura de corte Confinamen to Semi-confin amento Manejo racional de bovino de corte
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- Inseminação artificial - Manejo de pastagens - Cavalo: doma, rédea, casqueamen to, ferrageamen to e selaria
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Palestrantes já confirmados Drauzio Varella - A carne vermelha e seus benefícios - sem ideologia André Bartocci - Manejo: a fórmula para ganhar produtividade sem gastar dinheiro Antônio Chaker - A verdadeira gestão: conta sofisticada ou ‘arroz com feijão?’ Francisco Vila – Mulher, inevitavelmente herdeira, desejavelmente sucessora Flávio Dutra – Ganho do rendimento ou rendimento do ganho? O que devemos saber sobre isso Kellen Severo – Macro desafios, micro soluções André Rocha – Ovinocultura: ovinos X bovinos ou ovinos + bovinos? Nilo Chaves de Sá – Suinocultura: de volta aos negócios e à mesa Fernando Sampaio – Pecuária moderna Luiz Antonio Josahkian – Seleção genética como fator de produtividade e lucro Teka Vendramini – A minha, a sua, a nossa história de superação permanente Marcelo Penha – Não é opção, é obrigação. A pecuária lucrativa em ação! Marcelo Bolinha e Elisabeth Schreiner – Vitrine da Carne Rowena Petröl e Mariane Crespoline – Casos de experiências femininas com gestão no agronegócio Paulo Leonel – Parceria Adir, Fazenda Conforto e Você Adriane Zart – Manejo bovino sem stress – Nada nas mãos Alcides Torres – Mediador dos painéis (Programação sujeita a alteração)
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MUAR
Muares de fino trato Aprimoramento genético, resistência e características desejáveis vêm ganhando espaço no cenário equestre e na lida do campo Nayara Pereira | nayara.pereira@faeg.com.br
Arquivo Faeg
De pequeno a médio porte, com boa musculatura, aprumos regulares e orelhas grandes. Esses são os muares, produto do cruzamento de jumentos e éguas ou de cavalos e jumentas. A mula é o indivíduo fêmea, resultante do cruzamento de um jumento com uma égua. O macho, resultante desse cruzamento, é chamado de burro. Ambos pertencem à espécie denominada muar. Ao contrário de um animal somente para a lida no campo, por causa de sua resistência, os muares estão entrando cada vez mais em cena – próprios para cavalgadas, provas de andamento de marchas e funcionais – como de laço e tambor. Outras qualidades também foram somadas à medida que se passou a investir
no aprimoramento genético desses animais, possibilitando, inclusive, que pudessem participar com mais frequência e qualidade em cavalgadas e até serem usados na prática de esportes equestres. “O cruzamento com éguas das raças mangalarga machador, campolina e quarto de milha atribuiu ao muar características que antes não se via nesses animais, como trote macio, docilidade, rusticidade e força”, explica o presidente da Comissão de Equideocultura da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), Hélio Fábio Guerra. Para Hélio, o grande diferencial do muar é de um animal rústico, com manejo alimentar muito simples e longevidade, o que viabiliza o uso do mesmo
nas atividades diárias da fazenda. “Apesar de já existirem muitos criadores que vem tratando seus muares em baias, à base de ração concentrada para equinos, esse tipo de animal pode muito bem ser criado a pasto, o manejo alimentar dele é muito simples. Outra vantagem é que eles sofrem poucas lesões, quase não ficam doentes e tem uma vida longa na lida, o que significa menos gastos com tratamentos e mais segurança no trabalho”, enumera. Mudança de comportamento Hélio também revela que o muar era um animal de doma difícil e por isso o contato com o homem era, na grande maioria das vezes, medido pela hostilidade. “Não era comum ver crianças se
Ao contrário de um animal somente para a lida no campo, os muares têm conquistado mais espaço no campo 28 | CAMPO
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Arquivo Faeg
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Para Hélio, os diferenciais do muar são rusticidade, força e docilidade
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De acordo com o presidente da Comissão, preço médio do muar para trabalho varia entre 3 e 5 mil reais
animais e por isso acabam cuidando melhor deles”, afirma. Em se tratando de colocação no cenário nacional, Hélio Fábio destaca que o número de muares em Goiás, como em outros Estados da região Centro-Oeste, é expressivo e está em expansão, mas lamenta não existir dados oficiais. “Não podemos expressar o volume já que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) retirou os muares e asininos da última contagem, mas estamos trabalhando para fazer esse cadastro”, afirma. Paixão que vem de berço Criador, o médico mastologista, Antônio Eduardo Rezende Carvalho, é apaixonado por muares. “Venho de uma família rural. Meus avós e tios foram criadores de muares”, conta. Ele explica que os animais eram usados para serviços na fazenda por conta da resistência. “Em relação à continuidade no serviço, eles resistem muito mais que os cavalos”, diz. Ele utiliza as ‘mulas de patrão’, filhos de animais selecionados, de acordo com a preferência morfológica. “A seleção da matriz vai depender de cada um. Eu prefiro animais mais altos, mas há quem prefira mais baixo”, relata. A pelagem ruana (cor vermelho fogo) é valorizada, mas a busca é sempre por um animal dócil e de bom andamento. Ele ressalta que essas características são mais evidentes nas mulas se comparado aos burros, o que as deixam até 30% mais valorizada no mercado. “A percepção física são as
orelhas, mas pelagem e agilidade com os cavalos são semelhantes. A diferença é que os cavalos são mais fortes, mas os muares são muitos mais resistentes”, observa. Entretanto o criador começou a observar que o muar não ficou restrito somente para a lida no campo, mas também para o lazer e cavalgadas. Ele participa há 10 anos em uma comitiva que sai de Iporá, Sudoeste do Estado, para Trindade, na Festa do Divino Pai Eterno. “Este universo me fez adquirir mais conhecimento e interesse nestes animais”, ressalta. Arquivo pessoal
relacionando com o muar na fazenda. Até ferrador para muar era difícil de encontrar”, exemplifica. Isso também mudou. Parte por conta da genética, que acabou favorecendo o desenvolvimento de características que facilitam a relação entre homem e animal, e parte por conta da mudança de mentalidade dos criadores, que passaram a entender melhor como conduzir esses animais. Independente do imbróglio, os criadores perceberam a necessidade da consultoria técnica para a criação de muares de qualidade. Atualmente já existem profissionais e treinamentos como o de Doma Racional de Equídeos, oferecido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Goiás (Senar Goiás), por exemplo, que trabalha com a doma desses animais. “O que temos percebido é que na verdade o muar é um animal de fácil aprendizado, mais sensível até que alguns cavalos, mas que demanda uma doma específica”, revela Hélio. Além das diferenças no trato e na condução, os muares também utilizam equipamentos específicos. “Afinal são animais com mais potência e força e isso requer ferramentas mais aprimoradas”, diz. Mercado Outro aspecto que vem mudando com o tempo é o mercado de muares, que atualmente não envolve apenas a compra de animais, mas também de todos os apetrechos e ferramentas específicas para ele. De acordo com o presidente da Comissão, o preço médio do muar para trabalho varia entre 3 e 5 mil reais. “Mas já existem animais de alto valor genético, normalmente usados em prova, que chegam a custar entre 50 e 150 mil reais”, revela. Ele afirma que o mercado de selaria para esse tipo de animal também vem crescendo e que um conjunto completo para montaria em muar pode custar, em média, R$ 5 mil. “Os criadores estão investindo em seus
Criador utiliza mulas de patrão, filhos de animais selecionados, de acordo com a preferência morfológica
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SENAR GOIÁS
Desafios da nova estrutura Ampliar a educação profissional e promoção social voltadas aos trabalhadores e produtores rurais são metas da entidade, assim como a assistência técnica e gerencial
Fredox Carvalho
Juliana Barros | juliana.barros@faeg.com.br
José Mário Schreiner diz que mudança na estrutura é baseada no crescimento constante que a instituição tem conquistado nos últimos anos
Aprimorar a atuação do Serviço Na-
manter a nossa assistência técnica e ge-
produtores qualificados, com melhor efe-
cional de Aprendizagem Rural em Goiás
rencial, dar continuidade aos nossos pro-
tivação de todas as ações, como treina-
(Senar Goiás) é um dos desafios que a
gramas sociais, aprimorando o que vem
mento e formação profissional rural, pro-
nova estrutura da entidade tem buscado
dando certo, ajustando o que podemos
moção social, além de outros programas
alcançar. A intenção é qualificar ainda
melhorar, com o objetivo de transformar
especiais que o Senar Goiás tem desen-
mais o trabalho voltado para os produ-
a vida das pessoas”, destaca o presidente
volvido”, sinaliza.
tores e trabalhadores rurais em todo o
da Federação da Agricultura e Pecuária
O superintendente do Senar Goiás,
estado, por meio de assistência técnica
em Goiás (Faeg) e também presidente do
Antônio Carlos de Souza Lima Neto,
e gerencial, educação profissional e pro-
Conselho Administrativo do Senar Goiás,
reforça que a assistência técnica e ge-
moção social. A mudança de estrutura,
José Mário Schreiner.
rencial é sim, um dos principais focos
realizada no início de 2017, é baseada no
José Mário enfatiza ainda a impor-
da entidade. Atualmente, o programa
crescimento constante que a instituição
tância da assistência técnica para o meio
conta com sete cadeias produtivas - bo-
tem conquistado nos últimos anos. “A
rural. “Um dos grandes projetos que im-
vinocultura de leite, bovinocultura de
ideia é envolver um público ainda maior,
plementamos a partir de agora é a as-
corte, fruticultura, horticultura, apicul-
que tenha condições de se qualificar, a
sistência técnica gerencial, desenvolvida
tura, piscicultura e ovinocaprinocultura.
fim de observar a qualidade das ações
por meio do Senar Mais. Esse programa
Para o desenvolvimento deste progra-
oferecidas ao meio rural. Precisamos
com certeza garantirá maior número de
ma, será feito um trabalho permanente
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Fredox Carvalho
trutura técnica e administrativa”, pontua. Para o cumprimento dos objetivos, ele explica que algumas alterações nas áreas técnica e administrativa serão necessárias. “Contamos hoje com um departamento técnico e administrativo financeiro, num viés recente, de mapeamento de processos, gerando a oportunidade de consolidar uma melhoria na efetividade operacional”, elucida. Estrutura das regionais Em relação às regionais, o gestor da Assessoria da Coordenação das Regionais e de Planejamento do Senar Goiás, Dirceu Borges, informa que o projeto permanecerá com 12 Coordenadorias
Superintendente do Senar Goiás, Antônio Carlos de Souza Lima Neto, elucida que todos os programas terão metas audaciosas
Regionais, responsáveis pelos seus respectivos municípios e parceiros, de acordo com a região atendida. Em destaque,
nas propriedades. “Um grupo de 20 a
Metas e objetivos
ele reforça que as regionais contarão com
30 produtores vão se organizar e serão
Segundo Antônio Carlos, todos os
o trabalho da assessoria regional, que
assistidos por este técnico, por meio de
programas do Senar Goiás terão metas
orientará e coordenará todas as ações,
metodologia de assistência técnica e ge-
audaciosas, sendo que o foco agora do
juntamente com os Sindicatos Rurais
rencial preconizada e gerida pelo Senar
Senar Goiás é qualidade e resultado fi-
(SRs). “Vamos desenvolver trabalhos na
Goiás”, explica Antônio.
nal, com trabalho desenvolvido pelas
área de capacitação, supervisão, repre-
Educação
regionais que acompanharão de perto
sentação institucional e acompanhamen-
Outra mudança sinalizada por Antô-
todas as ações. “Pretendemos medir es-
to das ações do Sistema Faeg e Senar
nio Carlos na estrutura do Senar Goiás
tes resultados, principalmente com os re-
Goiás, dando respaldos aos parceiros e
é a expansão dos polos da Rede e-Tec,
gionais na ponta, com a implantação de
Sindicatos”, explica. De acordo com ele,
que oferece educação rural por meio do
uma central de relacionamento, que dará
a intenção é buscar o planejamento da
‘Curso Técnico em Agronegócio’. “Ofe-
um feedback dos cursos, fazendo uma
demanda da ‘ponta para dentro da casa
recemos um curso de excelência, com
avaliação periódica durante a realização
e não da casa para ponta’. “Os regionais
um público diferenciado. Em Goiás, tí-
dos cursos. Nosso foco é aprimorar a
têm esta missão de buscar todas as de-
nhamos seis polos, mas agora teremos
qualidade das nossas ações e em parale-
mandas dos parceiros e municípios para
mais três. O diferencial é que temos a
lo termos uma expectativa de crescimen-
fazer o planejamento estratégico da casa,
oferta deste curso em nosso Estado”,
to, com ações direcionadas à nossa es-
apresentando no decorrer do ano”. Fredox Carvalho
afirma o superintendente. Antônio Carlos destaca também a criação de uma estrutura específica na área de Pedagogia, que vai contribuir para a qualificação de instrutores e facilitadores. “Além de capacitar e avaliar todo conteúdo programático, os trabalhos e ações são voltados para aprimorar e avaliar qualitativamente todos os treinamentos oferecidos. Esta é uma área que nos trará uma segurança e uma qualificação ainda maior em
Coordenador das regionais do Senar Goiás, Dirceu Borges, destaca que o projeto permanecerá o mesmo, com doze regionais e seus respectivos coordenadores
todas as nossas ações”, sinalizou. MARÇO / 2017 CAMPO
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DELÍCIAS DO CAMPO
Frango com Milho e Quiabo Ingredientes 01 Frango Caipira 500 g de Quiabo Verde 06 Espigas de Milho Verde 100 g Sal 02 dentes de Alho 300 ml Banha Suína 02 Cebolas 02 l de Água 02 Colheres de Manteiga de Leite Pimenta Verde, Cebola de Folha Verde e Salsa a gosto.
Nélio Castro Lima
Modo de fazer Corte o frango em pedaços e coloque em uma tigela acrescentando 01 litro de água com 03 colheres de vinagre e deixe descansar por 10 minutos.
Enquanto o frango descansa bata no liquidificador o sal, o alho e 01 cebola de cabeça. Em seguida tempere o frango e leve para fritar na banha quente, vá pingando água para dourar. Escorra a gordura e acrescente meio litro de água e deixe ferver. Em outra panela refogue o milho na manteiga de leite e quando pronto acrescente na panela com o frango em fervura. Pique o quiabo em cubos com 01 cebola e coloque para fritar na gordura que fritou o frango. Junte o quiabo frito ao frango, acerte o sal, acrescente a pimenta e o cheiro verde e deixe ferver até encorpar o caldo. Dica da Terezinha: Servir com arroz branco e feijão.
Receita de Terezinha de J. Andrade, de Itarumã - GO
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Envie sua sugest ão de receita para revistacampo@ faeg.com.br ou ligue (62) 3096 -2200 MARÇO / 2017 CAMPO
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CASO DE SUCESSO
Dando um couro na crise Por meio de treinamento do Senar Goiás, acadêmica de Direito exerce atividade econômica com couro animal para custear os estudos
Marla Lorraine já desenvolve o trançado em couro após incentivo dos instrutores do Senar Goiás
Poderia ser mais uma daquelas famosas histórias de vida em que a maternidade precoce interrompe os sonhos de uma jovem. Mas não foi o caso de Marla Lorraine, 23 anos, moradora da cidade de Ipameri, região sudeste de Goiás. Filha única da lavourista Valdeci Borges, 44, Marla se via estimulada a vencer na vida por meio do exemplo da mãe. Aos 7 anos, viu Valdeci casar-se com o trabalhador rural Valdivino Oliveira. Para a jovem, Valdivino é mais que um pa-
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drasto. O homem é visto como pai e grande estimulador de seus sonhos. No auge da adolescência, Marla se viu diante de uma gravidez precoce, aos 15 anos. Em 2009, interrompeu os estudos para se dedicar à filha recém-nascida. Quatro anos depois, retomou os estudos e graças ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), concluiu o ensino médio. Ela também conseguiu uma bolsa de estudos no Centro de Ensino Superior de Catalão (Cesuc). “Iniciei minha vida acadêmi-
ca no curso de Administração, porém, como sempre fui apaixonada pelo meio rural, transferi para o curso de Direito, no intuito de me especializar em Direito Agrário”, diz. A estudante nem imaginava que sua vida ganharia outro estímulo graças à Exposição Agropecuária de Ipameri, em julho de 2016, e ao Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Goiás (Senar Goiás). “Conheci os instrutores do Senar, Luiz e Antônio, que me apresentaram a faquinha giratória,
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Fredox Carvalho
Paulo Eduardo Prado, especial para a Revista Campo
Fredox Carvalho
Os produtos fabricados por Marla já são comercializados para o público
instrumento utilizado para o bordado em couro. Comprei-a sem saber desenhar”, conta ela, que começou a treinar o trançado e o curtimento de couro com o auxílio dos instrutores. Com o namorado, Marla começou a fabricar e vender peças a partir do couro pela internet e feiras. “Minha família me incentivou para atuar no ramo do couro com a aquisição de equipamentos e na divulgação e comercialização desse trabalho”, explica. A página oficial da empresa de Marla está nas redes sociais com o nome “Selaria O Sertanejo”. Basta curtir e desfrutar dos produtos artesanais tais como cinto, capa de celular, bainha, traias em geral, sela, cases, entre outros. Reconhecimento Com produtos personalizados e de qualidade, as vendas foram sucesso
na internet. Com a renda que acumula junto ao estágio no Fórum da cidade, Marla já faz planos para a expansão do negócio. “É gratificante ver o reconhecimento do povo diante do meu trabalho. Pretendo, em breve, abrir uma selaria e expandir meu mix de produtos a serem comercializados”, finaliza. Marla continua aprimorando seus conhecimentos por meio de cursos oferecidos pelo Senar. Muito além do ganho financeiro, ela enfatiza que descobriu uma paixão: a arte em couro. Treinamento Luiz Rodrigues, 63, instrutor de artesanato em couro, diz que o treinamento aproveita a matéria prima local para resgatar uma atividade cultural bastante antiga - que estava caindo no esquecimento - e aumentar a renda do produtor. “Para os interessados,
eles só precisam de habilidade e boa vontade para aprender”, diz. Ele ressalta, ainda, que o curso é gratuito e dura cinco dias. Segundo o instrutor, o maior benefício desse treinamento é a economia para os fazendeiros. Eles aproveitam da matéria prima para a fabricação de acessórios como rédea, cabresto e demais equipamentos para equinos, sem a necessidade de comprar no mercado. “Ao longo desse tempo, já tivemos muitos casos de sucesso de pessoas que abriram suas próprias selarias após o curso do Senar Goiás” finaliza. Ele afirma que a parceria Faeg/ Senar Goiás, com o Sindicato Rural de Ipameri, ocorre desde 2009, graças ao esforço e apoio do presidente da Federação, José Mário Schreiner, que tem levado desenvolvimento para o município.
Para fazer o treinamento e outros cursos do Senar Goiás, entre em contato com o Sindicato Rural de Curso de Artesanato em Couro em Ipameri - Telefone: (64) 3491-1215 www.senargo.org.br
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CURSOS E TREINAMENTOS
EM FEVEREIRO, O SENAR GOIÁS PROMOVEU CURSOS E TREINAMENTOS DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL RURAL*
32 Na área de agricultura
112
6
Em atividade Na área de de apoio silvicultura agrossilvipastoril
1 Na área de extrativismo
7
2
Em Na área de agroindústria aquicultura
66
26
Na área de pecuária
Em atividades relativas à prestação de serviços
Banana gera novas perspectivas no campo Juliana Barros | juliana.barros@senar-go.com.br mercado, principalmente externo. Considerando o potencial econômico da fruta, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Goiás (Senar Goiás) oferece capacitação em ‘Fruticultura Banana’, com o intuito de melhorar a produtividade e a rentabilidade no cultivo da banana, aperfeiçoando as técnicas de produção para se obter uma melhor qualidade e sinalizando os produtores quanto aos erros em seu cultivo. O treinamento, destinado para produtores e trabalhadores rurais em geral, oferece práticas culturais adequadas para melhorar a produção da cultura, reforça as técnicas de controle fitossanitário para obter boa produção e produtividade, utilizando práticas próprias para cada região, técnicas adequadas no processo de colheita e condições de aperfeiçoar regras de
comercialização de mercado. Segundo a técnica adjunta de Agronomia do Senar Goiás, Sílvia Romano, o objetivo do treinamento é o produtor aprender a conduzir corretamente seu bananal, porque é abordado também cuidados com o meio ambiente e o uso correto de agrotóxicos. Entre os assuntos abordados estão tratos culturais, irrigação, preparo e tratamento das mudas de banana, escolhas dos tipos de mudas de banana, espaçamento correto entre as plantas, adubação e o coviamento, adubação de plantio, calagem, controle de pragas e doenças, colheita, tratamento do cacho e comercialização. O treinamento possui carga horária de 24 horas, com turmas de até 16 participantes. Ao todo, já foram realizados 24 treinamentos em Goiás. Fredox Carvalho
A banana é, com certeza, uma das frutas que mais proporciona benefícios à saúde da mente e do corpo. Prova disso, é que ela é conhecida como ‘alimento dos atletas’. Isso porque é fonte de energia muscular, possui alto teor de cálcio e potássio, evita insônia, combate a anemia e prolonga a sensação de saciedade. Também é rica em fibras, que normaliza as funções intestinais, acalma o sistema nervoso, controla a compulsão por doces, alivia a TPM, reduz o nível de colesterol, melhora a capacidade mental, contém magnésio, que previne câimbras e dores musculares. Com todas estas qualidades, produzir banana pode ser uma ótima opção para quem queira ter rentabilidade nos negócios, já que a qualidade da fruta e a demanda firme oferecem boas perspectivas para o
Os interessados em obter mais informações podem acessar o site: www.senargo.org.br
*Cursos promovidos entre os dias 26 de janeiro e 24 de fevereiro.
CURSOS E TREINAMENTOS NA ÁREA DE PROMOÇÃO SOCIAL*
28
4
16
15
Alimentação e nutrição
Organização comunitária
Saúde e alimentação
Artesanato
6 Educação para consumo
3.531 PRODUTORES E TRABALHADORES RURAIS CAPACITADOS
CAMPO ABERTO Fredox Carvalho
Abgeato e abacto! Furto e roubo de “gado” Priscila S. Balestra | priscila.balestra@senar-go.com.br Priscila S. Balestra é adjunto de assessora jurídica
iStockphotos
do Senar Goiás
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Juridicamente, Abgeato conceitua-se como furto (subtração sem violência) e Abacto como roubo (subtração mediante violência) de animal semovente. Por bens semoventes o direito entende ser aqueles que possuem movimento próprio, ou melhor, que podem movimentar-se sozinhos, diferentemente dos bens considerados móveis (podem ser movimentados) e imóveis (que não podem ser transportados). Duas “coisas” podem se movimentar sozinhas: os homens e os animais! O homem é ser humano, logo a terminologia “semovente” é sinônimo apenas de animal! Existem espécies de semoventes, que são animais selvagens, animais domesticados, ou domesticáveis, e animais domésticos. A Lei 13.330/16 trata principalmente do animal tido por semovente domesticável de produção, ao passo que altera as penas de furto e de receptação de animais que foram domesticados ou que podem ser domesticados para serem utilizados como rebanho e/ou produção, como os bovinos, ovinos, suínos e também os cães, gatos e aves. Isso desde que tenham a finalidade essencial de produção para gerar retorno econômico, já que em relação aos três últimos o legislador não fez qualquer restrição. Chama a atenção o acréscimo que a Lei 13.330/16 fez ao art. 155 do Có-
digo Penal - CP, através da inclusão do parágrafo 6º, que informa que: “a pena é de dois a cinco anos se a subtração for de semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local de subtração”. Importante dizer que haverá a incidência da qualificadora mesmo que o ladrão mate o animal ou o divida em partes no local da subtração. Pouco importará que o animal considerado semovente de produção seja subtraído vivo ou morto, inteiro ou somente em partes, pois em qualquer situação haverá a incidência da qualificadora prevista no parágrafo 6º. A Lei 13.330/16 alterou, ainda, o crime de receptação, incluindo o art. 180-A ao Código Penal - CP, que dispõe nos seguintes termos: adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito ou vender, com a finalidade de produção ou de comercialização, semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes, que deve saber ser produto de crime. Deste modo, a prática de qualquer das condutas supracitadas, já configura o delito em sua forma consumada. A pena é a mesma aplicada ao ‘ladrão’ que enquadrar-se no parágrafo 6º do art. 155 do CP, qual seja, de dois a cinco anos de reclusão, e multa. Vale esclarecer que, conforme prevê ainda o parágrafo 1º do art. 155 do CP, se o crime de furto for cometido durante o horário de repouso noturno, deverá ter a pena aumentada em um terço! Tendo em vista o aumento do comércio clandestino de carne e de produtos de procedência ilícita - pois estes são um grave problema de saúde pública no país, já que a comercialização de alimentos oriundos de animais furtados tem impactos negativos tanto do ponto de vista da sonegação de impostos, como em relação à saúde da população -, o legislador não teve outra saída senão a de agir, instituindo a Lei 13.330/2016!
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