Produção Animal - ed.32

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Sumário Especial Projeções Automação Tecnologia no abate de frangos

O USDA e as perspectivas para a avicultura mundial

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O que esperar da avicultura brasileira em 2010

Especial Associações

Entidades comentam dificuldades e conquistas de 2009

Estimativas para a postura comercial

58

37

Ponto Final Roberto Kaefer faz uma análise da avicultura brasileira

expediente Produção Animal - Avicultura ISSN 1983-0017 Coordenador Editorial José Carlos Godoy jcgodoy@avisite.com.br MTB - 9782 Comercial Paulo Godoy Christiane Galusni publicidade@avisite.com.br Redação Érica Barros Thaís Façanha Maruoka imprensa@avisite.com.br Diagramação e arte Mundo Agro e Grupo WL luciano.senise@grupowl.com.br Internet Darcy Júnior webmaster@avisite.com.br Circulação e assinatura Cristiane dos Santos (19) 3241-9292 assinatura@avisite.com.br Fale com a redação! imprensa@avisite.com.br Tel: (19) 3241 9292 Mundo Agro Editora Ltda. Rua Erasmo Braga, 1153 13070-147 - Campinas, SP

16 40

Eventos................................................................. 04 Notícias Curtas..................................................... 06 AviGuia................................................................ 23 Classificados . ...................................................... 56 Portfólio Aviguia ................................................ 57 ESTATÍSTICAS E PREÇOS Produção e mercado em resumo........................................... 44 Alojamento de matrizes de corte.......................................... 45 Produção de pintos de corte................................................. 46 Produção de carne de frango.................................................47 Exportação de carne de frango............................................ 48 Disponibilidade interna de carne de frango........................ 49 Alojamento de matrizes de postura..................................... 50 Alojamento de pintainhas comerciais de postura................51 Desempenho do frango vivo no mês de novembro............ 52 Desempenho do ovo no mês de novembro......................... 53 Matérias-primas...................................................................... 54

eDITORIAL

Ano marcado pela crise chega ao fim Mais uma vez a edição de final de ano da Revista do AviSite oferece uma análise do relatório divulgado pelo Departamento de Agricultura dos EUA (página 26) com as expectativas para o próximo ano no que se refere à produção das três principais carnes. Entre outras projeções, o texto sugere que a recuperação econômica registrada no planeta se reflete diretamente no desempenho das carnes que, ao contrário do esperado, terminam o ano com produção ligeiramente maior que a de 2008. Para complementar este material, a equipe da publicação escutou também os Presidentes da UBA e da ABEF e o Diretor Executivo do Sindirações (página 32), além das lideranças estaduais da avicultura (página 37). Desta forma, acreditamos traçar um panorama importante do setor, com informações para o enfrentamento dos desafios do próximo ano.

É sempre bom reconhecer que, também graças à disponibilidade de informações contínuas sobre a evolução da produção, os prejuízos enfrentados pela indústria do frango foram menores que o das outras carnes – por exemplo, a suína, cujo setor produtivo não dispõe de dados consistentes relativos ao evoluir da produção. Nesta edição o leitor ainda pode conferir a terceira e última parte da seqüência de matérias que abordaram a automação na avicultura brasileira. Desta vez, o tema desenvolvido girou em torno do processamento de frangos, que está em evolução no país. No texto, o consultor Fábio Nunes conclama o setor de industrializados de frango a inovar e lançar novos produtos para os consumidores. Aproveitamos também para desejar a todos os leitores um feliz Natal e um ótimo 2010! Produção Animal | Avicultura 3


Eventos

2010 Janeiro 27 a 29 de janeiro 62ª International Poultry Feed Expo Local: Georgia World Congress Center - Atlanta, Geórgia – EUA Realização: US Poultry & Egg Association Contato: (770) 493-9401 Informações: www.internationalpoultryexposition.com

Fevereiro 1 a 3 de fevereiro VIV Índia 2010 Local: Bangalore International Exhibition Centre, Bangalore, Índia Informações: www.viv.net E-mail: viv.india@interads.in

Abril 6 a 8 de abril XI Simpósio Brasil Sul de Avicultura Local: Centro de Cultura e Eventos Plínio Arlindo de Nês, Chapecó, SC Realização: Núcleo Oeste de Médicos Veterinários E-mail: nucleovet@nucleovet.com.br 20 a 22 de abril VIV Europe Local: Utrecht, Holanda Informações: www.viv.net

25 a 28 de maio Feira Nacional do Frango (FENAFRANGO) Local: Passo Fundo, RS Realização: Associação Comercial, Industrial, de Serviços e Agropecuária e Sindicato Rural Informações: www.fenafrango.com.br 26 a 29 de maio II Conferência Nacional sobre Defesa Agropecuária Local: Belo Horizonte (MG) Realização: Universidade Federal de Viçosa, IMA e Secretaria de Defesa Agropecuária E-mail: nanogueira@gmail.com

Agosto 23 a 27 de agosto XIII European Poultry Conference Local: Tours, França Informações: www.epc2010.org E-mail: secretariat@epc2010.org

Setembro 14 a 17 de setembro 8ª Feira Internacional de Processamento e Industrialização da Carne (MercoAgro) Local: Parque de Exposições Tancredo Neves, Chapecó, SC Informações: www.btsmedia.biz

Outubro

20 a 23 de abril Global Feed & Food III Congress Mexico Local: Cancún, México Realização: IFIF, FAO e CONAFAB Informações: www.globalfeed-food.com

21 a 23 de outubro FIGAP/VIV América Latina 2010 Local: Expo Guadalajara, Guadalajara, México Realização: www.viv.net Informações: www.viv.net E-mail: figap-vivamericalatina@vnuexhibitions.com

Maio

Novembro

11 a 13 de maio Feira da Indústria Latino-Americana de Aves e Suínos (AveSui) Local: Centro de Convenções Centro Sul, Florianópolis, SC Realização: Gessulli Agribusiness Informações: www.avesui.com E-mail: avesui@gessulli.com.br

16 a 19 de novembro EuroTier 2010 Local: Hanover, Alemanha Informações: www.eurotier.de

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o t n e m a ç n La

CODIGO: J3403/ABR2009

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As mais lidas no AviSite em novembro do 1 Comportamento frango em novembro gera expectativa no setor

P

airava, no mercado de aves vivas, grande expectativa em relação ao comportamento do frango vivo na segunda quinzena de novembro, antevéspera do período de maior consumo do ano, o Natal: a cotação ainda experimentaria nova alta, se manteria ou correria o risco de retroceder nos 10 dias de negócios faltantes para o encerramento do mês? Leia mais na página 52.

de frango 3 Embarques têm o maior volume em 15 meses

D

ados da SECEX/MDIC, divulgados antes da ABEF apresentar os números consolidados do mês, apontaram que em outubro as exportações brasileiras de carne de frango chegaram às 335.445 toneladas, superando em mais de 6% o volume registrado no mesmo mês de 2008. Confira mais informações sobre exportação na página 48.

aumento da 2 Com exportação, cai oferta interna de frango

E

mbora os números consolidados ainda não houvessem sido divulgados, a notícia fez uma previsão do volume de carne de frango produzido em outubro, concluindo que a oferta interna do produto apresentou recuo. Isso, segundo a matéria, gerou maior equilíbrio entre oferta e procura e justificou a retomada do mercado. Leia mais sobre o mercado de frango em outubro a partir da página 44.

mostram 4 Números que excesso de oferta

atropelou valorização do frango

A

nalisando-se a relação entre oferta interna aparente de carne de frango e preço pago pelo consumidor (base: PROCON-SP para a cidade de São Paulo) nos últimos 12 meses, constata-se que a redução de oferta desencadeada pelo setor produtivo a partir da crise econômica não conseguiu neutralizar a queda dos preços do frango nos primeiros quatro meses deste ano.

fala dos 5 Procon-SP porquês da queda de

preço de frango e ovo

A

notícia comenta os resultados divulgados pelo Procon-SP da cesta básica dos paulistanos em outubro e revela quedas de 0,12% no mês, de 1,68% no ano e 4,79% nos últimos 12 meses. Naturalmente, essas quedas vêm tendo decisiva participação de frangos e ovos. 6 Produção Animal | Avicultura


Notícias | Brasil Embarques

Preço do frango exportado continua deprimido Valores ficaram novamente abaixo do mesmo mês de 2008

S

egundo o Valor Online, estatísticas da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram que, em outubro, os preços médios em dólar das carnes in natura bovina, suína e de frango exportadas pelo Brasil ficaram novamente abaixo do mesmo mês de 2008. Em relação a setembro deste ano, os preços em dólar da carne suína apresentaram reação, mas as carnes bovina e de frango voltaram a retroceder.

O volume exportado de carne de frango cresceu 15,5% em outubro em relação a setembro e garantiu receita mais elevada (13,5%), mas o preço médio caiu 1,9%. Na comparação com outubro de 2008, o preço médio da venda diminuiu 18,7%, o que derrubou as respectivas receitas apesar do salto de 11,2% do volume de carne de frango in natura exportado.

Matéria-prima

Embarques de milho ganham força com PEP Exportação alcança 5,44 milhões de toneladas entre janeiro e outubro

O

volume das exportações brasileiras de milho cresceu 27% de janeiro a outubro deste ano em relação ao mesmo período de 2008 e alcançou 5,44 milhões de toneladas. A informação foi divulgada pelo Valor Online, que cita como fonte dos dados a Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Esse incremento se deve principalmente a um programa governamen-

tal que subvenciona o transporte do produto, conhecido como Prêmio para Escoamento de Produtos (PEP). Com o

Ministério da Agricultura estima que exportações de milho chegarão a quase 7 milhões de toneladas em 2009 auxílio da ferramenta, a expectativa é que os embarques, que atingiram 817 mil toneladas em outubro, mantenham esse nível mensal até o fim de 2009. O Ministério da Agricultura, que garante que o PEP não é um subsídio considerado ilegal, estima que as exportações de milho do Brasil chegarão a quase 7 milhões de toneladas em todo o ano de 2009, ante 6,4 milhões em 2008. Produção Animal | Avicultura 7


Notícias | Brasil Publicação

Revista do MAPA aborda o mito dos hormônios Rápido crescimento de frangos não é milagre, afirma pesquisador

A

edição de setembro de 2009 da revista “Terra Brasil”, publicação do Ministério da Agricultura, traz reportagem em que enfoca “o mito da carne de frango com hormônios”. Base de um artigo que trata do Plano Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes (PNCRC), a matéria ouviu o chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Suínos e Aves, Gerson Scheuermann, que afirma: “Desde o início da avicultura de corte, a eficiência na produção de frango é questionada, inclusive, por médicos e nutricionistas, mas o rápido crescimento de frangos não é milagre”. A matéria também traz o depoimento do coordenador do PNCRC, médico veterinário Leandro Feijó. Ele

ressalta que o curto período de vida do frango até o abate inviabiliza qualquer tentativa de utilização de hormônios na espécie: “não há tempo suficiente para atuação [do hormônio] no organismo”. O coordenador do PNCRC também revela que nos últimos quatro anos foram realizadas mais de 2.800 análises em frangos, “não havendo indícios da utilização dessas substâncias nas carnes de aves consumidas pela população brasileira e exportadas para mais de cem países”. A publicação “Terra Brasil” pode ser solicitada ao MAPA através da Assessoria de Comunicação Social (acs-gm@ agricultura.gov.br) ou diretamente à Central de Relacionamentos pelo telefone 0800 704 1995.

Influenzas

Associação

Curso capacita profissionais em Brasília, DF

Comitê de sanidade é criado em Londrina, PR

Cerca de 1.400 técnicos da extensão rural serão capacitados até o fim de 2009

C

erca de 1.400 profissionais da extensão rural serão capacitados até o fim de 2009 para atuar e levar informação aos agricultores familiares sobre as influenzas aviária, suína e equina. O primeiro curso teve início no dia 03 de novembro e seguiu até o dia 07 do mesmo mês, em Brasília (DF).

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Nos cinco dias de curso foram tratados temas como características dos vírus de influenza H5N1 e H1N1, diagnóstico oficial de influenza em aves e suínos e Plano de Enfrentamento da Pandemia de Influenza, entre outros. Além disso, os participantes tiveram aulas práticas de necropsia e coleta de material. No total, serão realizados 54 cursos pelo país. Esta ação é promovida pela Secretaria de Agricultura Familiar do Ministério do Desenvolvimento Agrário SAF/MDA, por meio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), e conta com a parceria da Empresa Brasileira e Pesquisa Agropecuária e do Laboratório Cedisa na definição da programação, do material didático e na apresentação de palestras. As informações foram divulgadas pela assessoria de imprensa do Ministério da Agricultura.

Objetivo é debater, monitorar e orientar o setor

O

setor de avicultura de Londrina ganhou no dia 17 de novembro o Comitê Regional de Sanidade Avícola, uma câmara para debater, monitorar e orientar a atividade avícola no Paraná. Apenas em Londrina, mil produtores de aves são responsáveis por um plantel de quase 3 milhões de animais fornecidos para a Big Frango – 15% da produção total da empresa, maior do Paraná em empregos gerados. Entre diversas funções de controle, o Comitê deve monitorar os problemas causados por pombos em Londrina e região. As informações foram divulgadas pelo Jornal de Londrina.


Notícias | Panorama Internacional

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Mercado externo

Exportação de frango dos EUA segue positiva nos últimos 12 meses Total acumulado ultrapassa os 3,1 milhões de toneladas embarcadas

R

ecuando pelo sexto mês consecutivo, em setembro passado as exportações norteamericanas de carne de frango totalizaram 263.148 toneladas e ficaram 7,55% abaixo do exportado no mesmo mês de 2008. Agora, em nove meses, o volume embarcado pelos EUA anda próximo dos 2,326 milhões de toneladas e, portanto, se encontra abaixo (-1,50%) dos 2,361 milhões de toneladas exportadas entre janeiro e setembro de 2008. De toda forma, o total acumulado nos 12 meses completados em setembro de 2009 continua positivo, pois ultrapassa em 0,71% os 3,1 milhões de toneladas embarcadas entre outubro de 2007 e setembro de 2008.

EUA - Exportação de carne de frango (Mil toneladas) MÊS

2007/2008

2008/2009

VARIAÇÃO %

outubro

270,911

303,349

11,97

novembro

278,905

258,851

-7,19

dezembro

189,216

234,239

23,79

janeiro

206,637

275,695

33,42

fevereiro

230,030

254,392

10,59

março

246,810

265,148

7,43

abril

268,280

247,185

-7,86

maio

288,472

262,255

-9,09

junho

253,692

241,275

-4,89

julho

293,138

254,987

-13,01

agosto

289,671

261,769

-9,63

setembro

284,649

263,148

-7,55

em 9 meses

2.361,379

2.325,854

-1,50

em 12 meses

3.100,411

3.122,293

0,71

Fonte: USDA | Elaboração e análises: AviSite

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Notícias | Panorama Internacional Recuperação

Preocupada com China, Tailândia busca novos mercados Exportadores esperam alcançar embarques de 500 mil toneladas

E

mbora as últimas previsões do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) projetem que eles ficarão nas 385 mil toneladas, os exportadores tailandeses, otimistas, afirmam que os embarques de carne de frango do país para o exterior podem, neste ano, chegar às 500 mil toneladas. Se isso se confirmar, as exportações da Tailândia voltarão a se aproximar dos números alcançados em 2003, época em que o país foi afetado pela Influenza Aviária e perdeu a maior parte de seu mercado externo. Porém, no próprio setor, há quem tema que esse volume não seja atingido em função da concorrência chinesa, especialmente nos mercados da União Européia e do Japão. Mas quem aposta que as 500 mil toneladas serão alcançadas é a Presidente da Associação Tailandesa de Promoção da Avicultura, Chaweewan Kampa, para quem as exportações deste ano devem crescer cerca de 13% em relação a 2007. Um resultado excepcional se considerada a crise mundial, mas favorecido pela reabertura do mercado da União Européia – acontecimento que possibilitou neutralizar a queda de compras da parte do Japão. Contudo, se os resultados de 2009 vêm sendo ótimos, repeti-los em 2010 será desafiante. Pois a líder da avicultura tailandesa entende que a concorrência

estará mais ativa, especialmente da parte da China. O país vem atuando intensivamente na melhoria e no aumento de granjas e de plantas de processamento, com resultados excepcionais: “o produto chinês vem sendo bem aceito nos mercados europeus e japoneses”. Ela teme também a concorrência brasileira, cujos volumes adicionais “estão invadindo o mercado”. Chaweewan Kampa sugere que o caminho para os exportadores tailandeses é melhorar o sabor de seus produtos para diferenciá-lo do ofertado por outros países: “a exclusividade no sabor vai manter a fidelidade do cliente”. Acrescenta, porém, que o setor precisa buscar outros mercados. E indica o Oriente Médio, “onde a demanda é firme e os preços são mais favoráveis para o produtor de frango tailandês”.

País afirma estar livre da Influenza Aviária Na terceira semana de novembro, autoridades sanitárias da Tailândia ressaltaram que o país permanece livre da Influenza Aviária, status adquirido no final de fevereiro de 2009, quando – após três meses consecutivos sem detectar nenhum novo foco da doença no país – o governo tailandês declarou o país livre da Influenza Aviária de alta patogenicidade.

Aves comerciais e pombo

República Checa e Rússia detectam IA Casos envolvem vírus dos tipos H5N3 e H5N1

N

a primeira semana de novembro, a Rússia e a República Checa enviaram comunicado à Organização Mundial de Saúde (OIE) notificando a detecção de vírus da Influenza Aviária em seus territórios. O comunicado da República Checa deu conta do isolamento, em aves 10 Produção Animal | Avicultura

comerciais (espécie não informada), de vírus do tipo H5N3 da Influenza Aviária, considerado de baixa patogenicidade. Embora o plantel envolvido não apresentasse sinais clínicos da doença, todas as aves foram submetidas a sacrifício sanitário. O caso russo envolve a detecção

do H5N1, de altíssima patogenicidade, em um pombo comum (Columba lívia), presente em praticamente todas as áreas urbanas do mundo e, em alguns casos, verdadeira praga para a saúde pública. Como se vê, transformou-se em risco também para a saúde animal.


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Vírus

Novo surto

Suécia e Peru registram focos da Doença de Newcastle

França tem IA de baixa patogenicidade

Detecção aconteceu em granja de reprodutores e galos de briga

A

Suécia notificou em novembro, em comunicado à Organização Mundial de Saúde Animal, a detecção do vírus da doença de Newcastle em uma granja de reprodutores com plantel de 20 mil aves. O que levou os serviços veterinários locais a essa detecção foi o registro de uma sensível queda na produção de ovos do plantel. Nenhuma ave morreu ou apresentou sintomas da doença, mas, em cumprimento a recomendação da OIE, todas as aves da granja afetada foram submetidas a imediato sacrifí-

cio sanitário. Do lado de cá do Atlântico, no Peru, também foi detectada a presença do vírus da Doença de Newcastle. Embora o problema tenha envolvido 50 aves – o que faz supor que não seja uma simples criação doméstica ou de subsistência – o Ministério da Agricultura do Peru informou que o plantel afetado é composto por galos de briga criados em uma casa familiar de San Miguel, capital da província de La Mar, na região central do país.

Vietnã

Novo foco no norte do país Detecção ocorreu em nove granjas

D

e acordo com informações do Último Segundo, o Vietnã anunciou um novo foco de Influenza Aviária após seis meses sem o registro de novos casos do vírus H5N1, que provoca a doença.

“O foco foi detectado em nove granjas da província montanhosa de Dien Bien, norte do país, entre 21 e 23 de outubro. A descoberta obrigou as autoridades a sacrificar mais de 2.200 aves”, afirma a fonte.

Caso foi detectado em plantel de nove mil patos

D

atada de segunda-feira, 16 de novembro, “notificação imediata” expedida pelos serviços veterinários franceses à Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) dá conta da ocorrência de novo surto de Influenza Aviária no país, desta vez de baixa patogenicidade (LPAI, na sigla em inglês). A notificação descreve um caso de LPAI detectado em 13 de novembro em um plantel de nove mil patos de uma granja localizada em Saint Aubin Du Plain, departamento de Deux-Sèvres, região oeste da França. A identificação do caso se deu através de serviço de vigilância ativa sobre a Influenza Aviária, mantido permanentemente pelos serviços veterinários franceses em granjas de reprodução avícola. Não fosse isso, o surto não teria sido detectado em sua fase mais precoce, já que as aves não apresentavam qualquer sinal clínico da doença. O vírus circulante na granja – cujo plantel foi submetido a sacrifício sanitário imediato – pertence ao tipo H5, mas não apresenta o grau de patogenicidade típico do H5N1.

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Notícias / Panorama Internacional - Empresas Exportação

Rússia mantém inalterado sistema de quotas Idéia do governo era vender em bolsa 30% das quotas hoje existentes

S

egundo a agência noticiosa russa Itar-Tass, o governo russo irá prorrogar para 2010 o atual sistema de importação por alocação de quotas. Em vigor desde os primeiros anos da década, o atual sistema vence em 31 de dezembro de 2009. Conforme a Itar-Tass, o anúncio de prorrogação foi feito por Victor Zubkov, Primeiro Vice-Primeiro Ministro: “Em 2010, a alocação de quotas para importação de carnes será realizada de acordo com o chamado ‘princípio histórico’. Portanto, o mecanismo hoje existente será mantido”. Conforme nota expedida pelo próprio governo russo, ficou estabelecido que as quotas serão distribuídas entre as empresas que tiveram participação ativa na importação de carnes no decorrer de

Sustentabilidade

2009. Como já havia sido adiantado, a distribuição das quotas terá como base as importações realizadas no triênio 20072009. Na definição das quotas não serão levadas em conta as importações provenientes de países integrantes da Comunidade de Estados Independentes (CEI, composta por países da extinta URSS), bem como as de carne bovina extra-quota efetivadas com uma tarifa alfandegária de três mil euros por tonelada. A idéia original do governo era vender em bolsa, através de leilões em bolsa de mercadorias e já em 2010 nada menos que 30% das quotas hoje existentes. Mas essa proposta pedia longa e profunda avaliação, vem daí a proposta de prorrogar a vigência do atual sistema.

Agroindústria

Na Coasul, galeria de águas Brasil Foods pluviais captará água da chuva pode comprar Preservação da água faz parte do projeto da agroindústria Independência, diz site A

captação de água da chuva tem sido apontada por diversos estudiosos e instituições de preservação ambiental como uma das tendências mais fortes de aproveitamento sustentável do líquido mais precioso na terra. Tendo isso em vista, a Coasul, de São João, PR, implantará no abatedouro de aves uma galeria de águas pluviais que captará água da chuva dos telhados, calçadas e asfalto.

12 Produção Animal | Avicultura

Segundo Emerson Prestes, membro da empresa responsável pela obra, a água recolhida irá para uma lagoa e depois será bombeada para uma célula exclusiva no reservatório elevado de 100 mil litros. “Esta água vai ser utilizada em descargas de vasos sanitários, lavagem de calçadas e em jardinagem. Isso gerará uma economia flutuante de 25% a 35% no consumo geral de água”.

Construção da cisterna para água do poço

Objetivo é expandir atuação em bovinos

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aseado em dados do site IFR, da agência de notícias Thomson Reuters, o Portal Exame divulgou que a Brasil Foods (BRF) tem interesse em comprar o frigorífico Independência depois que este reestruturar sua dívida. O site diz que a BRF visa expandir a sua atuação na comercialização de carne bovina, já que em relação ao comércio de frango a empresa detém uma posição dominante. Tendo em vista essa estratégia, o Independência seria um alvo fundamental, já que é um dos maiores exportadores de carne bovina do Brasil, com atuação em sete Estados brasileiros e no Paraguai.


Empresas

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Expansão

Capacidade de abate de frangos da Marfrig cresce 78% Crescimento é consequência da aquisição da Seara MARFRIG Evolução da capacidade de abate após novas aquisições (Variação em relação ao 1º trimestre 2009) Cabeças/Dia

Crescimento

BOVINOS

30.150

+4,1%

FRANGOS

3.069.000

+78%

SUÍNOS

10.400

+148%

PERUS

30.000

-

OVINOS

9.400

-

Fonte: Balanço da empresa | Elaboração e análise: AviSite

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onforme o balanço (3º trimestre de 2009) da Marfrig, com a aquisição da Seara Alimentos a capacidade de abate diário de frangos da empresa será superior a três milhões de cabeças, o que representa aumento de 78% sobre a capacidade anterior. No relatório apresentado, a Marfrig destaca a importância da aquisição da Seara e inclui, entre outros, oito unidades industriais representando, aproximadamente, um adicional de mais 17 mil toneladas de produtos processados e industrializados de aves e suínos, um terminal portuário privativo em Itajaí (SC), subsidiárias na Europa e na Ásia e uma força de trabalho com cerca de 20 mil colaboradores. Daí a conclusão de que “com esta adição, que deverá ser concluída neste ano de 2009, a Marfrig estará consolidada como um dos maiores players globais no setor de alimentos”.

Novidade

Vigor, do Bertin, vai vender congelados de frango Idéia é manter os valores até 10% inferiores aos da Perdigão

A

IstoÉ Dinheiro divulgou que a marca Vigor, com 90 anos de história, começou a estender sua marca para outros produtos. Há um mês, ela iniciou a venda de massas frescas para pizza, ravióli e capeletes. Na seqüência, os supermercados receberam os primeiros lotes de hambúrgueres, almôndegas e quibes de carne. Ainda devem vir por aí produtos como pão de queijo e a linha de congelados de frango. Serão 50 lançamentos até o final de 2010. “Avaliamos todas as marcas que o grupo possui e a Vigor foi, disparada, a melhor opção para a entrada nessas áreas”, diz Marcos Scadelari, diretor de marketing da Bertin, dona da marca. Ele completa afirmando que a idéia é manter os valores até 10% inferiores aos da Perdigão. A produção acontecerá na unidade da Bertin localizada na cidade de Lins, no interior de São Paulo.

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Empresas Levantamento

Venda externa de aves in natura da BRF recuou 8% até setembro No mercado interno, volume disponibilizado foi 1,1% maior

O

primeiro balanço da Brasil Foods englobando a produção conjunta de Perdigão e Sadia mostra que a empresa colocou no mercado interno, nos primeiros nove meses de 2009, 180 mil toneladas de carne de aves in natura, volume 1,1% maior que o registrado no mesmo período de 2008. Nas vendas destinadas ao mercado externo ocorreu o inverso – uma queda de 8,4% - com o volume embarcado caindo de 1,325 milhão de toneladas para 1,214 milhão de toneladas neste ano. Em função desse desempenho, o volume total acumulado no período somou 1,394 milhão de toneladas, recuando 7,3% em relação ao milhão e meio de toneladas comercializadas entre janeiro e setembro de 2008. A despeito dos resultados negativos, o mix da empresa praticamente não se alterou: 12%-13% no mercado interno e 87%-88% no mercado externo. Notar que os dados referem-se apenas a produto in natura, não abrangendo os processados.

Matérias-primas

CBNA reúne profissionais em mais um evento Participantes discutiram alimentação animal

Palestrantes no painel sobre milho

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ais uma vez o Colégio Brasileiro de Nutrição Animal (CBNA) reuniu profissionais da área em um evento. Em novembro, os interessados tiveram a oportunidade de participar do Congresso Sobre Manejo e Nutrição de Aves e 14 Produção Animal | Avicultura

Suínos. Entre os destaques, dois painéis sobre soja e milho abordaram a qualidade das principais matérias-primas da avicultura. Sobre a soja, Eduardo Butolo, da Bunge e também membro do CBNA, sugeriu que a qualidade do grão produzido no Brasil não é tão boa quanto gostaria o setor de produção animal. Para ele, os envolvidos na alimentação poderiam exigir mais. Já Gustavo de Lima, pesquisador da Embrapa Suínos e Aves afirmou que se o produtor pretende avaliar a qualidade nutricional do milho, o mais correto seria analisar o teor de óleo, a densidade e parâmetros de classificação, mas sem

perder tempo e dinheiro com proteína bruta. Falando sobre as formas para melhorar o padrão de qualidade para o milho destinado à alimentação animal, o pesquisador sugere que a melhor alternativa é aumentar o número de classificações do grão, o que permite discriminar melhor a qualidade. “Dessa forma, é possível destinar a classe de milho de melhor qualidade para animais jovens e para as categorias de maior necessidade, como aves de postura. Outro parâmetro importantíssimo é a densidade da amostra do milho. Quanto maior a densidade, maior é o valor energético do grão e menor o custo de produção”.


Produção Animal | Avicultura 15


Automação / Processamento de frangos

Processamento de A frango está em evolução no Brasil Profissionais do setor adiantam que robótica estará à frente das novidades em equipamentos

indústria brasileira de processamento de frangos não fica para trás no quesito qualidade. O que já era de se esperar para o país que ocupa, desde 2004, a posição número um entre os maiores exportadores do produto. Mas, apesar disso, em termos de tecnologia e automação, o setor tem muito a progredir. A opinião é dividida por técnicos, empresários e consultores da área de abate de frangos. “Nosso nível de operação é elevadíssimo em termos de qualidade, higiene e eficiência. Mas, se compararmos o Brasil com os Estados Unidos e com a União Européia, estamos abaixo em nível de automação,” observa Fábio Nunes, consultor nas áreas de tecnologia e engenharia de processamento de aves. Ele explica que isso acontece por que a realidade brasileira é exatamente oposta àquela que deu origem ao desenvolvimento de tecnologias mais avançadas no processamento de frangos. A automação do processamento avícola nasceu em países onde a mão de obra tornou-se cara, rara e desinteressada por atividades como esta,

Empresas de médio porte juntam-se às grandes no esforço pela busca de maior produtividade nos abatedouros levando as empresas a buscar meios de substituí-la com vantagens. No Brasil, a realidade é distante desta e por isto há muitas etapas ainda realizadas manualmente no processamento avícola, mesmo nos mais modernos abatedouros. Há duas razões para isto. A primeira é a disponibilidade local de recursos humanos de boa qualidade, disciplinado e possível de ser contrata-

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Fotos: Meyn

le mercado. Dez anos se passaram até que as primeiras linhas de evisceração automática chegassem ao país para apoiar as crescentes velocidades de abate ditadas pelo aumento de demanda pelos mercados doméstico e de exportação. O final dos anos 90 e inicio dos anos 2000 deu a largada para a temporada de auto-

Realidade brasileira é oposta à de países onde a automação no abate teve início. Por aqui, mão-de-obra pode ser contratada a custo competitivo

Exemplo de evisceradora

Desossador de peito

do a um custo competitivo. A segunda, é o alto custo da automação tecnológica dos processos que, por ser maiormente importada inibe os investimentos nesta área. Fabiano Benvenutti, Responsável pela Área de Pós Vendas da América do Sul da Meyn, afirma que é possível reduzir a necessidade de mão de obra com a utilização de sistemas com alimentadores automáticos e outros. “Porém, alguns pontos devem permanecer manuais por muito tempo, como, por exemplo, os pontos de controle de PCC, SIF e também o processo de acabamento do produto, como o toalete e repasses finais. Por outro lado, é importante ressaltar que a redução de manuseio do produto reduz o risco de contaminação elevando a qualidade final do produto”. Benvenutti e Nunes concordam que, de toda forma, há ainda um bom espaço para melhorias e ganhos na automação do sistema de abate de frangos no Brasil.

mação dos processos de cortes com a incorporação de linhas automáticas, desossadoras, porcionadoras e classificadoras. Este movimento em direção à maior automação segue constante atualmente, ainda que não velozmente, com empresas de médio porte juntando-se às grandes neste esforço pela busca de maior produtividade nos abatedouros. O processo de automação da desossa, por exemplo, vem evoluindo no Brasil, apesar das linhas manuais ainda predominarem.

Processo de automação da desossa em evolução no Brasil Fábio Nunes conta que a tecnologia no processamento começou a evoluir quando o Brasil começou a exportar. Até então, os frangos destinados ao mercado interno não eram classificados por peso. Quando começou a vender seus frangos ao Oriente Médio, em 1975, o Brasil teve de incorporar balanças dinâmicas para classificar por faixa de peso os frangos destinados àque-

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Automação / Processamento de frangos

Exemplos de cortes de frango

Fábio Nunes explica: “A automação no processo de cortes cobre desde a classificação das carcaças por qualidade e peso antes da alimentação das linhas automáticas, passando pelo corte das carcaças nas mais diferentes combinações, a desossa das partes, o porcionamento dos cortes desossados e chegando à classificação dos cortes ou sub-porções destes por peso individual das peças, por peso das embalagens e, finalmente, o escaneamento destas por raio X para detecção de ossos, cartilagens ou materiais estranhos. Os fornecedores de tecnologia de processamento e cortes não são muitos e as soluções oferecidas por eles são variadas e algo semelhantes. Porém, o nível tecnológico destas empresas varia, com algumas sempre na dianteira tecnológica e, assim, ditando as tendências no segmento, e com outras alguns passos mais atrás”.

Qualidade do produto final não depende apenas do processamento

imagens cedidas pela Meyn

Processo compreendido entre a chegada das aves vivas ao abatedouro e a estocagem e despacho, o processamento de frangos não engloba apenas isso. A opinião é dividida por Fábio Nunes e Fabiano Benvenutti. Para Nunes, a qualidade da matéria-prima ou do produto final dentro do abatedouro deve começar a ser construída 45 dias antes da entrega das aves para o abate, ainda no momento de alojamento dos pintinhos. “Se não forem observados cuidados como a uniformidade dos pintinhos e dos alojamentos, a idade das matrizes de onde provieram os pintinhos, a sexagem dos lotes, o manejo inicial do lote e outros, fica mais difícil obter um bom grau de homogeneidade das aves no abatedouro. Em tempos de crescente automação de processos em dife-

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rentes frentes, a uniformidade das aves vivas joga um papel cada vez mais determinante na qualidade e rendimento do abate”, afirma o consultor Fábio Nunes. Benvenutti ressalta alguns pontos importantes na linha de abate: “Um frango que teve um processo de insensibilização ineficiente vai apresentar uma qualidade de peito e/ou ponta de asas inferior ao insensibilizado de forma correta. Os frangos escaldados com temperaturas muito elevadas e/ou por muito tempo podem apresentar uma colo-

Uniformidade das aves vivas tem um papel determinante na qualidade e rendimento do abate ração branca no peito e este produto será classificado de forma diferente. Estas perdas podem ser controladas quando utilizados equipamentos de boa qualidade em todo o processo. Também é importante que a linha de produção esteja corretamente configurada. Desta forma, os tempos de cada processo são predeterminados e sempre respeitados”. Nunes lembra também que a garantia da qualidade e do rendimento, ou a redução de perdas, passa pela necessidade da existência de um modelo de gerenciamento integrado das empresas avícolas. “Neste modelo, o negócio tem de ser visto e administrado como um todo e não por partes. Ao mesmo tempo, as empresas devem eleger o abatedouro como o centro estratégico do seu negócio e orientar todas as demais áreas para que dediquem o melhor de seu conhecimento e habilidades profissionais para atender as necessidades diárias do abatedouro através do fornecimento de


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Automação / Processamento de frangos

Exemplos de cortes de peito de frango

uma matéria-prima sempre dentro das especificações. O abatedouro, por sua vez, deve ter do gerente aos encarregados, uma equipe bem treinada, adequadamente capacitada tecnicamente e que deve trabalhar orientada por metas e indicadores”.

Novas tecnologias passam pela robótica

imagens cedidas pela Meyn

Os profissionais ouvidos pela reportagem apostam na robótica no desenvolvimento futuro de novas tecnologias. Ivonei Durigon, Gerente Industrial da Avícola Felipe afirma que já chegaram ao Brasil máquinas que fazem desossa de peito e coxa automaticamente. “Além disso, equipamentos de desossa automática de peito e coxa e porcionadora de coxa para a produção de cortes especiais para o mercado japonês são as últimas novidades”, completa. Fábio Nunes conta que, assim como os carros a hidrogênio são um conceito para a indústria automobilística hoje, o mesmo é a robótica em abatedouros avícolas. “Uma realidade para médio ou longo prazo lá fora e restrita a poucas aplicações, mas de futuro imprevisível por aqui. Atualmente há apenas experimentos em institutos de pesquisa e universidades dos Estados Unidos e União Européia que avaliam os potenciais de aplicações futuras nesta área.”, afirma. A robótica é um ramo da tecnologia que engloba mecânica, eletrônica e computação, e atualmente trata de sistemas compostos por máquinas e partes mecânicas automáticas e controladas por circuitos integrados, tornando sistemas mecânicos motorizados, controlados manualmente ou automaticamente por circuitos elétricos. Fabiano Benvenutti, da Meyn, ressalta que a empresa prevê o lançamento de um sistema de desossa de pernas de frango de alta capacidade. Segundo ele, o sistema pode

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processar anatomicamente pernas esquerdas e direitas, com ou sem pele, com capacidade de 3.000 peças por hora. Outra novidade citada por Benvenutti é uma central de filetagem de peito, com capacidade para 6.000 peitos por hora, que permite a produção de filé de peito com ou sem sassami (com ou sem a ponta do tendão) e peito do tipo borboleta, entre outros. Benvenutti explica que, atualmente, a alimentação e retirada de produtos deste sistema é manual, (utilizando seis pessoas no total) mas a empresa trabalha no desenvolvimento da automação também para estas funções, utilizando a robótica na sua concepção.

Mercado nacional precisa inovar no desenvolvimento de produtos Falando sobre os hábitos de consumo, Fábio Nunes afirma que a indústria avícola tem a característica de sempre levar ao consumidor “respostas aonde não havia perguntas”. “Não são os consumidores que vêm batendo à porta da indústria avícola ao longo dos anos pedindolhe este ou aquele produto. É a indústria avícola quem vem oferecendo uma enorme gama de produtos diferentes todos os dias. A indústria sabe tirar proveito da enorme plasticidade e flexibilidade que tem a carne de frango para criar os mais diferentes produtos.” Mesmo assim, ele concorda que a mudança de hábito dos consumidores ajuda a dar certa orientação aos desenvolvimentos e criações, ainda que isto não se traduza, exatamente, no desejo expresso por eles de comprar este ou aquele produto. No entanto, Fábio Nunes acredita que a indústria avícola nacional é muito conservadora e não inova na criação e desenvolvimento de produtos. “Se vamos ao supermercado, percebemos pela oferta de distintas empresas que temos muito


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Automação/ Processamento de frangos

a escolher... mas muito do mesmo”. Para ele, um bom exemplo são os famosos nuggets. “Sua fórmula básica é oferecida de distintas formas e nomes como se fossem produtos diferentes: nuggets, filé de frango isto, empanado de frango aquilo, cordon bleu prá lá, milaneza de frango prá cá e outros. Mas, na verdade, são apenas maquiagens do mesmo produto-base. As empresas novatas que entram no segmento de produtos de valor agregado, o que fazem para inovar? Exatamente mais do mesmo que já existe, numa saturação de oferta e clara demonstração de falta de inovação e criatividade. Para piorar, todos os produtos são para fritar”, critica ele, sugerindo que as indústrias poderiam inspirar-se na diversidade culinária presente no Brasil, um país com raízes multiétnicas. “Porque não inspirar-se nas culinárias destas etnias, uma onda há muito rolando solta mundo afora para inovar a oferta seja com produtos à base de músculo inteiro, reconstituído, com osso, sem osso, de carne branca ou escura, para fritar, assar, grelhar ou aquecer? Para ser comido no almoço, no jantar ou no lanche? Abaixo a ditadura do nuggets e seus travestis!” O consultor lembra que, ainda que primária, a venda de cortes representa um degrau na escala de agregação de valor no processamento avícola pela comodidade oferecida aos consumidores de poder escolher apenas a parte que lhe convém consumir sem ter que, em contrapartida, levar para casa partes que não são de seu agrado ou preferência, como no caso da compra do frango inteiro. Esta agregação de valor se traduz em maior preço de venda no varejo. Logo, o aumento do consumo de cortes está vinculado não apenas a hábitos alimentares e padrões culturais, mas também ao poder aquisitivo dos consumidores. Assim, quanto maior

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Nuggets são ofertados com nomes diferentes, mas são apenas maquiagens da mesma base o poder aquisitivo e a percepção sócio-cultural das vantagens das partes sobre o frango inteiro, maior seu consumo. “O mercado consumidor de carne de frango do Brasil está, certamente, neste caminho, ainda que a velocidade de mudança varie, proporcionalmente, à nossa dimensão geográfica e às grandes diferenças sócio-econômico-culturais da população”, afirma Fábio Nunes. Estima-se que a venda de produtos avícolas no mercado nacional esteja distribuída da seguinte maneira: entre 45% e 55% de frangos inteiros, entre 30 % e 40 % de cortes e entre 10 % e 20 % de produtos industrializados, de valor agregado. Nos Estados Unidos, por exemplo, a proporção era de 8% de frango inteiro, 42% de cortes e 50 % de produto de valor agregado, segundo dados de mercado de 2005 apresentados pelo consultor Fábio Nunes, que devem ter sofrido pequenas alterações. No que se refere ao volume de cortes exportado pelo Brasil, as estatísticas são mais precisas. Em 1990, do volume exportado pelo

Brasil, cerca de 70 % foi de frango inteiro e 30 % de cortes. De acordo com Nunes, no ano passado, esta proporção era, justamente, inversa. Ele lembra que esta inversão não deriva apenas de certo padrão mundial de consumo, mas também da estratégia nacional de migrar em direção aos cortes, que têm maior preço médio que o frango inteiro. Fábio Nunes finaliza afirmando que o processamento de frangos no Brasil, é, por vezes, relegado a segundo plano, no que se refere a informações técnicas e eventos e faz uma crítica: “Os eventos e a produção de trabalhos científicos avícolas nacionais têm uma visão segmentada da atividade, pois são todos voltados maciçamente aos temas relacionados à produção das aves, como se elas e não os produtos avícolas fossem o produto final desta pujante indústria. Não há nenhuma dúvida que a produção viva tem um peso econômico imenso dentro da atividade e, por isto, tem de estar em permanente atualização a fim de poder se manter eficaz técnica e economicamente. Todavia, o trabalho da avicultura não termina aí.


AviGuia: produtos, serviços e empresas Ciência

Novo profissional

Novartis pesquisa Espiroquetose Intestinal Aviária

Executivo de vendas para a Biorigin

Resultados sugerem que EIA está difundida nas criações brasileiras

Aparência típica das fezes em aves com EIA

N

o Brasil, ainda são escassas as informações sobre a presença das espiroquetas patogênicas na produção avícola comercial. A Espiroquetose Intestinal Aviária (EIA) é uma doença entérica causada por algumas formas patogênicas da Brachyspira sp. Neste sentido, a Novartis Saúde Animal em cooperação com o laboratório Simbios Biotecnologia iniciou a pesquisa de Brachyspira patogênicas em lotes de postura comercial e matrizes de corte. O objetivo deste trabalho é pesquisar a presença no Brasil das formas patogê-

nicas da Brachyspira em lotes de postura comercial e matrizes de corte. Até o momento, foram analisadas 37 amostras oriundas de 5 granjas de postura comercial localizadas no Sul do Brasil. Foram identificadas Brachyspiras patogênicas em 56,7% das amostras, o que sugere a presença do agente da EIA em níveis relativamente altos em nossos criatórios. Apesar da pequena amostragem, estes resultados são semelhantes aos encontrados na Holanda, Austrália e Inglaterra e sugerem que a Brachyspira possa estar amplamente difundida nas criações brasileiras. A Novartis continua a pesquisa da Brachyspira em outras regiões do Brasil e busca parceiros em Universidades, Centros de Pesquisas e laboratórios de diagnóstico para ampliar os estudos dos impactos deste agente nas nossas condições. Outras informações sobre a empresa em www.novartis.com.br.

Médico veterinário vai atuar com foco na região Sul

A

Biorigin aumenta a equipe de vendas com a contratação de um novo executivo para a área de Nutrição Animal. Ernani Iablonovski, médico veterinário formado pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) possui 21 anos de experiência profissional em indústrias multinacionais e nacionais, nas áreas comercial, marketing e técnica. Atuou também no gerenciamento de equipe de vendas, distribuidores e clientes finais. O novo executivo vai atuar com foco na região sul do país, fortalecendo a atuação da Biorigin nessa área através do fornecimento de soluções naturais inovadoras ao mercado de aves e suínos. Outras informações sobre a empresa em www.biorigin.com.br.

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AviGuia: produtos, serviços e empresas Inclusão social

Uniquímica em ação social Projeto prevê geração de renda com arte em casca de ovo

E

m conjunto com o Centro de Assistência Social Nossa Senhora Piedade (Caspiedade), a Uniquímica promoveu na quarta semana de outubro uma ação social com obra de arte em casca de ovo. A Uniquímica participou do encontro com a presença da Gerente de Produtos PUFA, Sonia Bazan, que aproveitou a oportunidade para falar da importância de uma alimentação saudável, levando informação sobre os ovos enriquecidos com Ômega 3. O Diretor Executivo da Ovos Brasil, entidade que promove o consumo do produto no Brasil, José Roberto Bottura, também esteve presente. Outras informações sobre a empresa em www.uniquimica.com.

Desafio

Paraná

Profissionais da Alltech assumem novos cargos

Fort Dodge realiza encontro de sanidade

Nomes são para gerência das linhas Allzyme Series e Bioplex

A

Christian Simões

Bianca Martins

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Alltech indicou Bianca Martins e Christian Simões, para assumirem os cargos de gerência das linhas Allzyme Series e Bioplex, respectivamente. Formada em Zootecnia pela UNESP de Botucatu e Mestre em Nutrição Animal pela USP, Bianca Martins está na Alltech desde Junho de 2007 e conta com a experiência de nove anos em vendas técnicas e pesquisa em nutrição animal. Já Christian Simões, também formado em Zootecnia pela UNESP de Botucatu, tem experiência de 10 anos em vendas técnicas na região nordeste e entrou na Alltech como gerente técnico e comercial no ano de 2006. Outras informações sobre a empresa em www.alltech.com/ brasil.

U

m Encontro de Atualização em Sanidade Avícola foi promovido pela Fort Dodge em de novembro, na Faculdade de Pato Branco, no PR. O evento reuniu profissionais das principais empresas de reprodutoras da região, além da equipe de especialistas da Fort Dodge. Voltado para profissionais de formação média ou superior, que buscam informações ou reciclagem em sanidade avícola para melhor desempenho de suas atividades, o curso abordou temas como a doença de Marek, Gumboro e Pneumovirose. Informações sobre a empresa em www.fortdodge.com.br.


Leia as últimas noticias sobre as empresas do setor em www.avisite.com.br

Equipamentos

CASP distribui exaustores Munters no Brasil Acordo entrou em vigor em 1º de novembro

A

CASP fechou acordo para distribuição dos exaustores Munters para o mercado de avicultura (matrizes e frangos de corte). O acordo atende as necessidades da CASP em expandir sua linha de exaustores, com equipamentos que mantenham o elevado nível de tecnologia e performance dos aviários de pressão negativa (tipo túnel), além do interesse da Munters em ampliar sua participação no mercado nacional com mais força através de uma qualificada rede de

agentes para distribuir, montar e dar assistência técnica permanente aos seus clientes. A parceria entrou em vigor em 1º de novembro e a CASP já está comercializando através de sua rede de agentes os exaustores CASP by Munters WF50, QD 50, WF54 e QD 54. Outras informações sobre a empresa em www.casp.com.br.

Pernambuco

Moçambique

Representantes da Casp

Merial Planalto marca presença e Alivet promovem A capacitação

A

Merial Saúde Animal, em parceria com a Alivet, promoveu nos dias 29 e 30 de outubro, em Recife, um palestra sobre doenças respiratórias em aves e aula prática sobre necropsia para 25 técnicos de granjas de corte e postura comercial. Com o objetivo de capacitar os profissionais para otimizar o atendimento aos avicultores, Nair Katayama Ito, do Laboratório Spave de SP, foi a responsável pela palestra. A profissional apresentou os mais recentes estudos realizados sobre a incidência de doenças respiratórias em aves no Brasil e as alternativas para manter a produtividade das granjas. Informações sobre a empresa em www.merial.com.br.

equipe da Planalto esteve presente na terceira edição do Fórum Nacional de Avicultura de Maputo, em Moçambique. Realizado nos dias 3 e 4 de novembro, o Fórum é um importante acontecimento que faz parte do calendário de eventos do país africano. Entre outros, o evento abordou os assuntos “Desenvolvimento do

mercado avícola nacional” e “Segurança e qualidade para produções rentáveis”, o evento contou com a presença do Ministro da Indústria e Comércio de Moçambique, Sr. Antônio Fernando e representantes de associações e organizações privadas ligados ao setor. Outras informações sobre a empresa em www.granjaplanalto.com.br.

Ceará

Poli-Nutri reúne empresários

N

o dia 12 de novembro a PoliNutri promoveu o II Encontro Empresarial Poli-Nutri de Avicultura do Nordeste, em Fortaleza (CE). O Encontro abordou assuntos de interesse do setor, como o crescimento do segmento avícola, cenário atual e perspectivas futuras para

os produtores. Os participantes do evento ainda debateram questões ligadas aos níveis de exigência do mercado consumidor moderno, além dos sistemas de criação sustentáveis. Outras informações sobre a empresa em www.polinutri.com.br. Produção Animal | Avicultura 25


Projeção

Primeiras previsões do USDA para 2010 contam com recuperação parcial das carnes Como sempre, maiores chances de recuperação são do frango. Mas somente na produção e no consumo, pois comércio internacional ainda pode continuar aquém dos recordes de 2008

S

urpreendente para muitos, a recuperação econômica registrada no planeta se reflete diretamente no desempenho das carnes que, ao contrário do esperado, terminam o ano com produção ligeiramente maior que a de 2008, mas, ainda assim, com uma expansão inferior à do crescimento vegetativo da população mundial. Porém, o vaticinado no primeiro momento da crise econômica (“vai perder menos a carne mais acessível”) não se cumpriu, já que o carrochefe da recuperação não foram as carnes avícolas (93,4% de frango;

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6,6% de peru), mas a suína. Que, pelas projeções do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), deve fechar 2009 com expansão de 1,73%, contra apenas 0,05% das aves. Já a carne bovina prossegue em sua trajetória (praticamente inexorável) de baixa e tende a fechar 2009 com queda superior a 2%. Em suas primeiras previsões para 2010, o USDA entende que a recuperação deve se intensificar. Mas, em alguns casos, o desempenho das carnes pode apresentar resultados ainda inferiores aos de 2008. Por exemplo, nas exportações, que tendem a ficar

quase 5% menores que as do “ano da crise” (2008). De toda forma – e como consolo e estímulo – no decorrer do tempo a carne avícola continua demonstrando que tem grande potencial. De 2005 para 2010 deve registrar incremento de 16% na produção e no consumo e de 20% nas exportações. Para a carne suína são apontados aumentos de 8% na produção e consumo e de 12% nas exportações. Por fim, a carne bovina tende a registrar evolução real negativa, com estagnação na produção e consumo e queda nas exportações.


Produção mundial de carne de frango cresce 3% em 2010. A brasileira, 4%

C

onsideradas todas as indicações de que, graças à sua maior acessibilidade, seria a carne de escolha mundial do consumidor e, portanto, a menos afetada pela crise econômica internacional, a carne de frango sofreu retrocesso em 2009: em relação ao ano passado, seu volume deve aumentar menos de meio por cento, enquanto na crise da Influenza Aviária, de 2006, a despeito do ritmo significativamente mais lento, apresentou variação positiva próxima de 2%. Mas no ano que vem deve retomar parte de seu dinamismo e se expandir pelo menos 3%, aproximando-se dos 74 milhões de toneladas. O crescimento é impulsionado, em grande parte, pelo novo histórico dos níveis de produção no Brasil e na China (4% e 3% mais elevados, respectivamente). O avanço do Brasil é estimulado pelas exportações fortes e pela demanda interna. Já o aumento da China é uma resposta à maior demanda interna decorrente da forte expansão econômica verificada naquele país. Contribuindo para a expansão da produção global, os Estados Unidos seguem como os maiores produtores do mundo, com crescimento de 2% em 2010, alcançando 16,2 milhões de toneladas. Praticamente todos os outros produtores, particularmente Argentina, Índia e Rússia também devem expandir a produção de carne de frango. Na União Européia, a produção de carne de frango deve registrar crescimento mínimo em 2009 e em 2010 – não só em decorrência da crise financeira mundial, mas sobretudo porque naquele bloco econômico produção e consumo tendem à estabilização. Mas no cenário exposto pelo USDA o que mais chama a atenção é o desempenho dos BRIC – Brasil, Rússia, Índia e China. Pois enquanto a produção mundial, em 2010, deve apresentar expansão próxima de 17% em relação a 2005, a produção dos BRIC deve crescer quase 28%. Ou, individualmente, +22% no Brasil e na China, +39% na Índia, +199% (!) na Rússia. Nesse meio tempo, a produção dos EUA não chega a crescer 1%. Produção Animal | Avicultura 27


Projeção

Importações crescem em mercados não tradicionais e em desenvolvimento

A

recuperação econômica global deve estimular o consumo e determinar o aumento das importações de carne de frango. Rússia, União Européia, Japão, Arábia Saudita e México, pela ordem, seguem como os maiores compradores no mercado internacional (o México, comprando do vizinho, os EUA). De toda forma, a participação desses países no comércio mundial tende, conforme o caso, a estagnar ou mesmo diminuir e assim, em 2010 se contará com uma menor concentração dos mercados importadores. Desta forma, os cinco maiores do setor, responsáveis, em 2005, por 55% das importações mundiais, no ano que vem deverão responder por não mais que 44% de todas as importações. Na ausência de um acordo multilateral para 2010, as previsões do USDA para as compras russas continuam baseadas no regime de cotas que, teoricamente, devem desaparecer ou tomar novo formato no ano que vem. Independente disso, porém, espera-se uma redução nas compras externas, especialmente porque a indústria avícola russa vem recebendo forte apoio governamental, inclusive financeiro, e registra índices de evolução superiores à evolução da demanda. Com isso, a autossuficiência deve ser alcançada com brevidade. Enquanto as maiores reduções vêm ocorrendo na Rússia, as importações do Oriente Médio permanecem em contínua ascensão, fazendo com que a participação da região nas importações globais se aproxime dos 24%, contra apenas 19,3% em 2008. Juntos, Oriente Médio e África Subsaariana passam, lentamente, a responder por uma parcela maior do comércio mundial de carne de frango. A demanda nestes mercados é estimulada pelo crescimento da população, pelo aumento da renda e, consequentemente, pelo incremento do consumo de proteínas de origem animal. A performance da carne de frango é particularmente boa nestes mercados em decorrência de seu preço mais acessível na comparação com as carnes de cordeiro e de boi. Além disso, é uma carne versátil e que não enfrenta tabus religiosos relativos ao consumo. A participação das três principais regiões importadoras, Oriente Médio, Leste Asiático e antiga União Soviética, da ordem de 60,5% do total em 2008, em 2009 deve recuar para 59,2% e cair em 2010 para 58,5%. Segundo o USDA, as importações da União Européia não devem aumentar em 2010, mantendo a mesma estabilidade observada em 2008 e 2009 (em torno de 710 mil toneladas anuais). 28 Produção Animal | Avicultura


Exportações mundiais voltam a crescer em 2010, mas níveis de 2008 permanecem como recorde histórico

A

s projeções sobre as exportações mundiais de carne de frango em 2010 sugerem recuperação em relação a 2009, mas sem ainda atingir os níveis registrados em 2008, os mais elevados de todos os tempos. Assim, após um recuo de 4% em 2006 (crise da Influenza Aviária), o volume vendido internacionalmente pelos países produtores teve dois anos excepcionais, com um aumento acumulado de quase 30% (+12,61% em 2007; +13,99% em 2008). Em 2009, com a crise econômica mundial, o total exportado deve apresentar um recuo da ordem de 2,79%, voltando a crescer 1,91% em 2010. E qual é o comportamento previsto pelo USDA para Brasil e EUA, os dois principais “players” do mercado mundial? Os dois permanecem como líderes isolados e responsáveis (2009) por 75% das exportações mundiais – o Brasil com 38,5% e os EUA com 36,6%. Mas diferentemente do que ocorreu na crise da Influenza Aviária (em 2006, só o Brasil perdeu mercado), desta vez os dois países terão exportações menores – as norte-americanas tendem a uma queda de mais de 5%; as brasileiras, de quase 3% (notar, aqui, que o USDA não considera as patas como carne de frango; daí seus números para o Brasil serem visivelmente menores que os apontados pela SECEX/MDIC e pela ABEF). Quanto a 2010, pode-se dizer que o USDA é otimista em relação ao Brasil e pessimista em relação ao próprio país, pois prevê aumento (de mais de 6%) nas exportações brasileiras e queda (de quase 5%) nas vendas externas norte-americanas. No caso do Brasil, o USDA se justifica dizendo que devem aumentar as exportações para diversos mercados do Oriente Médio e da Ásia e, ainda, para novos mercados. Já os EUA podem enfrentar queda nas exportações devido a compras menores por parte de Rússia e China e por conta de barreiras não-tarifárias. O USDA não diz, mas o fortalecimento interno do mercado norte-americano também pode conduzir a uma redução das exportações – porque o setor se preocupa em atender, primeiro, o mercado interno. Tanto, que exporta pouco mais de 15% do que produz, enquanto no Brasil esse índice chega ao dobro. Embora esteja claro, é sempre bom ressaltar que as perspectivas em relação ao avanço das vendas externas brasileiras são do USDA. Porque, por aqui, reina a sensação de que nosso País está em vias de perder a posição de líder nas exportações mundiais de carne de frango. Mas isso é assunto da reportagem que vem a seguir. Produção Animal | Avicultura 29


Projeção

Mesmo ampliando sua participação no consumo global de carnes, em 2009 frango registra evolução aquém da prevista

C

om certeza os resultados previstos para 2009 vão deixar frustrados aqueles que previam que, com a crise econômica mundial, haveria verdadeira corrida ao frango, devido à sua maior acessibilidade. Pois, o consumo mundial deve crescer, sim, mas em índice inferior à variação no consumo de carne suína. Que, mais exatamente, deve sofrer incremento de 1,7% , contra um aumento de apenas 0,6% da carne de frango.

Em resumo, o consumo médio (entre os países selecionados) aumentou 5,7% em 2008 e não deve retroceder nem aumentar em 2009 Mas é bom ressaltar que, mesmo assim, o frango aumenta sua participação no consumo global das quatro principais carnes – bovina, suína, de frango e de peru – sua parcela subindo de 30,54% no ano passado para 30,64% em 2009 e com perspectiva de chegar aos 31% em 2010. Tudo em decorrência, principalmente, de uma queda relativa constante no consumo de carne bovina, que em um qüinqüênio perdeu 7,74% de participação no consumo de carnes – perda que a carne de frango captou inteiramente. Nas projeções do USDA, em 2010 a carne de frango recupera parte do terreno perdido (ou não conquistado) neste ano e registra o maior aumento entre as quatro carnes – +2,8% , para uma expan30 Produção Animal | Avicultura

são de 2,2% no consumo da carne de peru, de 1,8% no consumo da carne suína e uma redução de 0,3% no consumo de carne bovina. Porém, mesmo a expansão do consumo da carne de frango sendo maior que a das demais carnes, ainda não reflete todo o potencial latente no setor, aberto a uma significativa expansão. E isso fica mais claro quando se contrapõe a distribuição do consumo previsto para 2010 pelo USDA com a população dos países listados pelo ór-

gão norte-americano. Assim, por exemplo, se EUA e China detêm praticamente a mesma participação no consumo mundial, absorvendo, cada um, cerca de 17% -18% do total previsto, a população chinesa é quase quatro vezes e meia maior que a dos EUA. Portanto, tem muito a crescer, situação que se repete na Índia, bem como entre os demais países não listados pelo USDA, detentores de 40 % da população mundial, mas com um consumo equivalente a 20 % do total.


Em 2009, per capita brasileiro sofre ligeiro retrocesso. Mas País se mantém entre os maiores consumidores de carne de frango do mundo

A

previsão de que, com a crise econômica mundial, o consumo mundial de carnes se voltaria para o produto mais acessível – a carne de frango – parece não ter se confirmado integralmente. Pois considerada a previsão de consumo per capita para 2009 em 21 países selecionados (quadro ao lado), constata-se que dois deles mantiveram o mesmo consumo de 2008, nove o elevaram e dez (quase a metade) devem apresentar redução. Entre eles o Brasil. Menos mal para a carne de frango, porém. Porque contrapondo-se o consumo médio previsto para esses 21 países com a média registrada no ano passado chega-se ao mesmo volume: 31,2 kg per capita. Menos mal, ainda, porque a média registrada em 2007 era inferior – de 29,5 kg. Assim, em resumo, o consumo médio (entre os países selecionados) aumentou 5,7% em 2008 e se não deve aumentar em 2009 pelo menos será maior que o de dois anos atrás. Analisadas mais cuidadosamente, essas projeções mostram que no topo da lista dos países com maior consumo per capita estão três nações árabes – Kuwait, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita. Mas o próprio USDA, que faz as projeções, ressalva: aparentemente, o consumo [nos países] do Oriente Médio está superestimado, devido à intensiva renegociação do produto na região e à existência de trabalhadores temporários não incluídos nas estatísticas populacionais. Portanto, o certo, mesmo, é que o país com maior consumo são os próprios EUA, com 42,6 kg per capita em 2009. E, mantida a mesma linha de raciocínio, o Brasil é quem vem na seqüência, com 39,4 kg per capita.

Na outra ponta da tabela, por sua vez, estão os dois países com a maior população do mundo, China e Índia, ambos com um nível de consumo per capita que sugere altíssimo potencial de expansão para o frango. Próximos aos dois e com um consumo maior – mas ainda bem abaixo da média geral – se encontram Rússia, os 27 países da União Européia e o Japão, três grandes importadores de carne de frango e, à primeira vista, também com grande potencial de expansão. O único senão nesses três casos é que o consumo na UE e no Japão tende à estabilização - em função, principalmente, de uma estagnação no crescimento vegetativo da população – enquanto um eventual aumento de consumo na Rússia pode ter como base o incremento da

produção interna, não a importação. A destacar, entre os países que em 2009 podem apresentar queda no consumo per capita, os 13% de redução da Venezuela e os 4% de queda nos EUA (no Brasil a queda pode ficar próxima, mas abaixo, de 1%). Destaque também para o fato de que EUA, Malásia, Venezuela, Canadá, Chile e Taiwan devem registrar o menor consumo per capita dos últimos três anos. Mas tudo o que foi dito até aqui refere-se a 2009. E 2010, como fica? A perspectiva, considerando-se apenas esses 21 países, é que a média de 31,2 kg per capita prevista para 2009 chegue aos 31,6 kg no ano que vem. Ou seja: o incremento médio não vai muito além de 1% no ano. Produção Animal | Avicultura 31


Projeção Nacional

Em 2010, avicultura ainda enfrenta rescaldos da crise internacional UBA e ABEF: Cenário para exportações de frango demora a melhorar

A

o longo de 2009, assistimos a breves retomadas nas exportações seguidas de quedas, uma sazonalidade nos números que variaram acima e abaixo das 300 mil toneladas. Essa sazonalidade aliada a um câmbio pouco confiável tem refletido diretamente nos ganhos da agroindústria. Há certo clima de ansiedade, já que um novo mercado se configura: grandes empresas anunciaram fusões ao mesmo tempo em que a estabilidade da moeda internacional frustra em parte a lucratividade com as vendas internacionais. Internamente, o padrão de consumo brasileiro segue firme e é possível que esteja ainda mais forte nos próximos meses, já que o frango nas gôndolas dos supermercados está mais competitivo, com preços mais baixos. Apesar disso, a crise persiste e segue afetando os ganhos da avicultura. É desta forma que Ariel Mendes, Presidente da entidade máxima da avicultura brasileira, define o atual momento vivido pelo setor avícola nacional. Ele afirma que, como todos os segmentos produtivos brasileiros, o setor avícola sofreu fortemente com a crise

32 Produção Animal | Avicultura

internacional desde o final de 2008. Para Ariel, as dificuldades só não foram piores porque as medidas tomadas pela agroindústria nacional para enfrentar a crise foram bem sucedidas. Isso a despeito da pouca sensibilidade governamental em relação à produção de alimentos do país. “A grande preocupação com itens de produção que geram números positi-

Ariel Mendes: Crise econômica deixou claro o nível de organização e planejamento da cadeia, que mesmo diante de problemas graves como queda nas exportações, nos preços e a falta de apoio governamental, conseguiu seguir firme com patamares de produção sólidos vos nos cálculos de crescimento de Produto Interno Bruto, como carros e eletrodomésticos, abonados com a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), não foi proporcional aos cuidados com o bem mais importante da população brasileira: a segurança alimentar. Em meio à crise, obtivemos expansão de limite de crédito, mas não tínhamos a liberação dos financiamentos. Ou seja: fomos nutridos com medidas que, na


prática, não geraram resultado algum” reclama Ariel. Em decorrência da grande dependência que a avicultura brasileira apresenta em relação ao mercado externo, a queda das exportações que estava por vir foi um dos pontos mais discutidos no final de 2008, quando a crise ainda dava seus primeiros sinais. Foram a redução dos embarques e o crescimento exagerado do alojamento de pintos de corte os principais responsável pela queda da lucratividade da cadeia produtiva. Mais um final de ano se aproxima e a expectativa se volta principalmente para as compras internacionais de carne de frango. Agora, as entidades temem que o Brasil possa perder o posto de maior exportador mundial de carne de frango. Ariel Mendes aposta que 2010 será um ano de recuperação. Isso porque, segundo o Presidente, a ABEF tem feito um excelente trabalho em prol da manutenção de mercados e da abertura de outros. “Lideranças mundiais defendem ostensivamente a retomada da economia internacional no próximo ano, e obviamente o setor avícola deve se beneficiar deste reaquecimento. No mercado interno, o consumo manteve o ritmo necessário para evitar super-estoques com a queda nas exportações. De forma ge-

ral, exceto pelas perdas cambiais que provavelmente não conseguiremos recuperar no curto prazo, é provável que o consumo internacional se restabeleça nos padrões de 2008”, defende Ariel.

cultura brasileira: “Segundo dados e informações passadas por consultores especializados em grãos, os estoques de passagem de milho deste ano deverão ser menores do que no ano passado, fi-

UBA recomenda que produtores de frango se planejem para uma possível alta nos preços do milho em decorrência do crescimento da demanda pelo grão na produção animal Ele acredita que este início de ano traz boas expectativas e menos incertezas na comparação com a entrada em 2009. Ariel completa: “O mundo vive outro cenário, bem diferente do que encontramos no início de 2009. Embora o protecionismo tenha se tornado mais forte, a retomada geral da produção e comercialização dos vários nichos econômicos trará mais confiança para as economias internacionais. Logicamente seremos beneficiados. Além disso, no mercado interno, ainda seguimos como a carne favorita do brasileiro, e os preços mais baixos nas gôndolas deverão favorecer este cenário”. Apesar do otimismo, o Presidente da UBA faz um alerta no que diz respeito ao abastecimento de milho para a avi-

cando em torno de 7,6 milhões de toneladas. A expectativa em relação à safra 2009/2010 de milho segue em padrão semelhante à das obtidas anteriormente, de 52 milhões de toneladas. No entanto, esta é uma aposta alta, considerando que vamos continuar a enfrentar adversidades climáticas por todo o país. Outro ponto: é provável que haja um crescimento na demanda por milho na produção animal, chegando a um consumo de até 38,1 milhões de toneladas, frente 36,5 milhões na safra anterior. Deste total, mais de 21 milhões refere-se à produção avícola. Por isso, temos recomendado aos produtores que se planejem para o próximo ano, para evitar prejuízos com eventuais altas no preço do milho”.

Câmbio espremeu receita das exportações em reais Ao contrário das boas perspectivas para o consumo no mercado interno, as projeções para a exportação de carne de frango são sombrias. As dificuldades enfrentadas ao longo de 2009 não foram poucas e a se confirmar as expectativas da UBA e também da entidade que reúne os exportadores de frango, a ABEF, o cenário demora a melhorar. Não apenas em decorrência da queda das compras internacionais devido à crise, mas também de outros fatores, como o câmbio desfavorável à agroindústria brasileira, crescimento do protecionismo europeu e política

de redução das exportações russas . De janeiro a outubro as quedas mais expressivas nos volumes exportados foram Japão, 32%, Rússia, 57%, Venezuela, 45% e Alemanha, 14%. Apesar da situação adversa, a ABEF e sua atuação na busca por novos mercados, conseguiu incorporar Índia, China e Argélia ao grupo de países importadores. Sobre o câmbio, Francisco Turra, Presidente da ABEF, lembra que, entre janeiro e outubro de 2009 o real se valorizou 24% em relação à moeda americana e a recuperação dos preços das Produção Animal | Avicultura 33


Projeção Nacional

exportações não apresentou o mesmo vigor, tardando a se recuperar e espremendo a receita em reais das empresas exportadoras. “A valorização do real não se restringe a sua relação com o dólar, estende-se também com relação às divisas dos principais mercados importadores da carne de frango brasileira. O setor avícola exportador tem seus custos em reais e boa parte

de suas receitas em divisas, assim, o perigo da diminuição do volume exportado, somado à queda de preços e a um câmbio sobrevalorizado, constituíram uma ameaça a toda estrutura produtiva do nosso produto”, explica ele. Na tentativa de contornar a situação, a ABEF esteve atenta à questão e, em novembro, entregou ao Presidente

da República, Luis Inácio Lula da Silva um documento onde expôs a questão e solicitou ao Governo que realize esforços no sentido de encontrar soluções para o problema. Além disso, s pleiteou também que o Governo avalie a possibilidade de uma desoneração tributária, especialmente em relação ao PIS/COFINS, o que daria mais competitividade às empresas.

Brasil pode perder posto de maior exportador de frango A avaliação da ABEF é de que 2010 será um ano difícil e mais difícil ainda no quesito projeções. Francisco Turra explica que a ABEF revisou suas estimativas para novembro e dezembro de 2009 e também refez os cálculos de crescimento para 2010. “O

Estados Unidos, que atualmente são o maior produtor e segundo maior exportador de carne de frango”. Os dados do USDA apontam que enquanto em 2000 as exportações brasileiras de carne de frango se encontravam 61% abaixo das norte-

conselho da entidade, formado pelas principais empresas do setor, prevê um cenário de pouca tranquilidade para o segmento exportador nos próximos meses, com expectativa de queda de 10% nos embarques, continuando o drama da supervalorização do real frente todas as moedas. A perspectiva é de que o espaço ocupado pelo Brasil seja preenchido pelos

americanas, quatro anos depois revertiam essa situação e se tornavam 11% maiores. O ano de 2004, pois, é a linha divisória que marca a chegada do Brasil à liderança mundial nas exportações de carne de frango. No ano seguinte, 2005, a diferença a favor do Brasil subiu ainda mais, chegando aos 16%. Mas a partir daí começa a reduzir-se e, no ano passa-

34 Produção Animal | Avicultura

do, ficou em apenas 3%. Nas projeções do USDA, pode subir para 5% neste ano, mas é pouco provável que isso ocorra, pois as vendas externas dos EUA seguem em crescimento, enquanto as brasileiras trilham caminho inverso. As primeiras previsões do USDA para 2010 propõem expansão de 6,2% nas exportações brasileiras e recuo de 4,6% nas norte-americanas, índices que elevariam a diferença a mais a favor do Brasil para 17% - um índice até hoje não registrado. Será? Fica a dúvida. Sobretudo se levados em conta, de um lado, os problemas relatados pela ABEF e, do outro lado, a disposição dos EUA em ampliar mercados e, por exemplo, retornar à União Européia. Sob esse aspecto, um fato está bem claro: não é o Brasil que está perdendo mercados, são os EUA que voltaram a ampliar os seus. Assim, embora em ritmo mais lento e exceto pelas crises internacionais de 2006 (Influenza Aviária) e 2009, as vendas externas brasileiras continuam em expansão. Já as dos EUA, estáveis até três anos atrás (em 2005 e 2006 estavam aquém das registradas em 2001), voltaram a apresentar um crescimento mais forte (tanto que, de 2005 para 2008, aumentaram quase 34%, enquanto o volume embarcado pelo Brasil apresentou incremento de 18% nesse período). A crise econômica mundial interrompeu esse processo. Mas a situação atual pode ser momentânea.


Protecionismo europeu segue se intensificando tentar sensibilizar este mercado, a ABEF, durante a Feira Anuga 2009, lançou a brochura “A presença européia na avicultura brasi-

ciente e até exportadora do produto se for possível, para o que vem propiciando fortes estímulos à produção interna. Turra lembra que o sistema de cotas determinado pelo Governo russo até 2008 já era desfavorável, incluin-

Para tentar sensibilizar o mercado europeu, a ABEF, durante a Feira Anuga 2009, lançou a brochura “A presença européia na avicultura brasileira”

A ampliação do protecionismo europeu atingiu duramente o setor exportador e, em especial, os frigoríficos brasileiros da cadeia do frango. Para

leira”, onde é apresentada a importância da presença de descendentes de europeus na produção e exportação de frangos no Brasil I n d e p e n d e nt e até da crise econômica mundial, a Rússia já vinha sinalizando que reduziria suas compras externas de carne de frango pois pretende ser auto-sufi-

do o Brasil em uma faixa de “outros países”, para os quais estavam disponíveis apenas 68 mil toneladas no total. Ele completa: “A partir de 1º de janeiro de 2009, porém, esse volume foi reduzido para 12 mil toneladas anuais e a tarifa extra-cota chegou a 95%. Este ano, entre janeiro e outubro, as exportações brasileiras de carne de frango para o mercado russo caíram 57% em relação ao mesmo período de 2008, totalizando 64 mil toneladas”.

Segmento de alimentação animal pode voltar a crescer em 2010 Segundo Ariovaldo Zanni, Diretor Executivo do Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações), o momento vivido pelo setor de alimentação “é uma mistura de cautela e expectativa, haja vista a experiência desafiadora a que o setor foi submetido, ou seja, a escassez e aumento explosivo dos preços de matérias-primas durante o primeiro semestre de 2008, seguida da falta de liquidez e demanda a partir de setembro de 2008, que tem ainda afetado o desempenho do setor, porém em escala menor nos últimos meses”. Falando sobe o desempenho do setor em 2009, Zanni afirma que até o terceiro trimestre de 2009, a indústria de alimentação animal no Brasil registrou queda de 1,6% em sua produção em re-

lação ao mesmo período do ano passado. “O ritmo de crescimento dos últimos anos foi negativamente influenciado pela crise financeira global no primeiro semestre, que fez com que a produção total recuasse para 43,3 milhões de toneladas nos primeiros nove meses de 2009. Houve queda no uso de prémisturas em toda a indústria, o que significa menor utilização de tecnologia para a fabricação de ração animal. Apurou-se queda ainda mais acentuada na produção de pré-misturas do que na produção de ração, o que comprova a

queda no uso de tecnologia, compensada pelo aumento no consumo de grãos. Os preços competitivos do milho fizeram com que os produtores comprassem mais grãos, compensando parte

Produção Animal | Avicultura 35


Projeção Nacional

dos nutrientes supridos pelos aditivos”. A avicultura de corte, que demanda quase 50% da produção nacional de ração, consumiu 20,4 milhões de toneladas nos primeiros nove meses do ano, quantidade semelhante ao mesmo período de 2008. Já a avicultura de postura apresentou crescimento de 1,4% no consumo de ração em relação ao mesmo período de 2008. Nos nove meses de 2009 foram consumidas 3,5 milhões

de toneladas de ração por este segmento. Para 2010, Ariovaldo Zanni acredita que, “uma vez que a economia global siga a tendência de recuperação, é possível que em 2010 voltemos a alcançar um crescimento da ordem de 10% na demanda total por alimentação animal, o que resultaria em uma produção em torno de 65 milhões de toneladas”. Em um cenário otimista, Zanni pre-

vê que a demanda da avicultura em 2010 fique em torno de 33 milhões de toneladas. No entanto, considerando que a competitividade das carnes brasileiras no cenário internacional tem sido comprometida em razão do câmbio, da pesada carga tributária e da alta taxa de juros para financiamento da produção, a previsão mais realista gira em torno do consumo de 28,9 milhões de toneladas de ração.

Potencial de produção de frangos recua paulatinamente Em janeiro próximo o setor avícola nacional estará com um potencial de produção ligeiramente menor que o registrado em setembro de 2008. E isso – sobretudo se considerado que há apenas seis meses dispunha-se do maior potencial de todos os tempos, quase 9% maior que o de setembro de 2008 – já é uma grande vitória. O potencial, neste caso, está sendo estimado a partir do volume de matrizes de corte em produção (até 68 semanas de idade) em um determinado mês. Assim, enquanto em setembro de 2008 o plantel em produção correspondia ao alojamento (total, sem levar em conta descartes ou mortalidade no decorrer da vida das aves) de 37,4 milhões de matrizes de corte, em maio de 2009 esse plantel havia subido para 40,6 milhões de cabeças, número que em janeiro próximo recuará para 37,3 milhões de cabeças. Por ora o plantel em produção ainda é maior e supera, em outubro corrente, a casa dos 39 milhões de matrizes de corte. Mas as perspectivas vindouras são auspiciosas. Espe36 Produção Animal | Avicultura

cialmente se levado em conta que plantel idêntico ao de janeiro próximo correspondeu, em setembro de 2008, a um potencial da ordem de 485,5 milhões de pintos de corte, naquela ocasião quase totalmente utilizado (então, produziram-se no mês 485,3 milhões de pintos de corte um índice de utilização de 99,96%). O único senão nessa história é que naquela época as exportações

brasileiras de carne de frango também atingiam o maior volume da história do setor, registrando no trimestre julho-setembro embarques médios próximos das 330 mil toneladas mensais. E como, no curto prazo, é quase impossível retornar a esses volumes, o setor terá que continuar operando com alguma ociosidade. Mas será, sem dúvida, bem menor que a presentemente registrada.


Projeção / Postura Comercial

Em 2009, margens apertadas para produtores de ovos Alojamento de pintainhas de postura não cresce há quatro anos

F

alando sobre o desempenho da avicultura de postura em 2009, o consultor José Carlos Teixeira afirma que o setor não tem muito a comemorar, no que se refere ao avanço da produção. Explica-se: A produção estimada de ovos para o ano em curso é de 61,622 milhões de caixas com 30 dúzias, 2,14% inferior a de 2008. O plantel médio estimado de poedeiras, de 77,910 milhões de cabeças é 0,44% menor do que o ano anterior. Teixeira completa: “O desenvolvimento do setor, que pode ser medido pelo alojamento de comerciais de postura demonstra que, após o pico de 2005 de 72,588 milhões de pintainhas alojadas, os alojamentos se mantêm num patamar de pouco mais de 60 milhões de cabeças nos anos de 2006, 2007, 2008 e o previsto para 2009, indicando ausência de crescimento há quatro anos”.

Quanto aos preços praticados no ano que termina, o consultor acrescenta que é importante notar a diferença nos decréscimos nos preços

zação ineficiente praticada pelo setor, que só não sofreu prejuízos maiores em razão dos baixos preços do milho.

PREÇOS MÉDIOS (janeiro – outubro) 2008

2009

Diferença 09/08

GRANJA*

41,25

36,58

-11,33%

ATACADO*

44,50

39,73

-10,72%

CUSTO*

38,50

39,35

+ 2,21%

CONSUMIDOR (2)

92,10

91,50

-0,65%

26,46

21,06

-20,41

0,72

0,84

+16,76

MILHO (R$/sc.60kg)

(3)

FARELO DE SOJA R$/kg (3)

*R$ por caixa de 30 dúzias tipo extra branco | (2) Fonte: FIPE - equivalente caixa de 30 dúzias | (3) Fonte: Jox

de ovos pagos ao produtor (-11,33%) e do atacado (-10,72%) e aquele pago pelo consumidor (-0,65%), que reforçam a tese de uma comerciali-

Teixeira afirma que, a despeito da política de redução no alojamento de pintainhas de postura, os preços no atacado apresentaram queda

BRASIL - EXPORTAÇÃO DE OVOS 2008

2009*

Produto

Volume (ton)

mil US$/FOB

Volume (ton)

mil US$/FOB

Ovo em casca

33.113

46.406

26.634

30.677

Ovo em pó

532

4.414

487

3.568

Ovo líquido

2.393

7.221

1.884

4.374

36.038

58.041

29.005

38.619

TOTAL:

*até outubro 2009 | Fonte: MDIC/Secex

Produção Animal | Avicultura 37


Projeção / Postura comercial

constante, o que poderia evidenciar também a ausência de iniciativas para aumentar a demanda. No entanto, os avicultores atribuem a redução dos preços ao excesso de ovos férteis oferecidos ao mercado de consumo, resultando em uma oferta adicional a preços reduzidos e concorrendo para nivelar o mercado para baixo. Assim como na exportação de frango, os embarques de ovos dificilmente alcançarão os mesmos volu-

mes e faturamento de 2008. Entre os motivos estão a crise internacional, a valorização do real, a falta de crédito e a demora em conseguir condições para exportar os produtos de ovos para o Mercado Comum Europeu. Outros dados não animadores dão conta de que o consumo de ovos neste ano deve ser de 118 unidades por habitante, considerando-se a população brasileira estimada pelo IB-

GE para 2009 em 192,026 milhões de habitantes. Segundo Teixeira, o cenário para 2010 é de manutenção dos atuais níveis de produção, preços não condizentes com a necessidade de recuperação da atividade, comércio exterior dependendo da adequação às exigências dos países exportadores e o consumo per capita de ovos não alcançando o aumento vegetativo da população.

Ovos Brasil tem mais projetos para 2010 Durante o ano de 2009, o Instituto Ovos Brasil esteve comprometido com o setor avícola. Entre as ações realizadas destaca-se a participação da entidade em eventos

íram com os baixos preços alcançados pelo ovo neste ano foi a dificuldade que o setor produtivo tem de comercializar o ovo com a sua devida valorização. O Instituto Ovos

Distribuição de folders com o endereço eletrônico da entidade para a classe médica, novos filmes voltados para crianças e o desenvolvimento de gibis estão entre os próximos passos voltados para nutricionistas. O secretário executivo José Roberto Bottura conta que, para 2010, a Ovos Brasil pretende continuar investindo na participação em eventos, principalmente da área de saúde humana. Ações nas próprias escolas de nutrição, medicina e enfermagem, como a distribuição de folders com o endereço eletrônico da entidade (www.ovosbrasil.com. br) também estão entre os próximos passos. O instituto pretende desenvolver ainda novos filmes, dessa vez voltados para as crianças. Também com foco nos pequenos, existe um projeto para a criação de gibis com histórias focadas no ovo. A distribuição deste material aconteceria nas escolas de diversas capitais. Uma das questões que contribu38 Produção Animal | Avicultura

Para concorrer na categoria premiada (Gestão em Relações Públicas), o Instituto Ovos Brasil apresentou os resultados do desenvolvimento de um relacionamento conciso e persistente com a imprensa, de setembro de 2008 a julho de 2009 com mais de 500 inserções gratuitas na mídia sobre o ovo, entre entrevistas em programas de TV, rádio, matérias em jornais, revistas e sites. As informações foram divulgadas pela União Brasileira de Avicultura. Leia mais sobre o concurso em www.ilhala.org.

Brasil trabalha para valorizar o ovo”, afirma Bottura, conclamando a classe produtora a contribuir com as doações voluntárias para que a entidade possa continuar com seu projeto de valorização deste alimento.

Entidade conquistou prêmio El Huevo de Oro

O Instituto Latinoamericano del Huevo (ILH) premiou a Ovos Brasil com o “El Huevo de Oro” (O ovo de ouro), durante o XXI Congresso Latinoamericano de Avicultura, em Cuba, no início de outubro. Trata-se do III Concurso El Huevo de Oro, promovido pelo ILH, com o intuito de reconhecer e difundir as campanhas promocionais realizadas pelas instituições filiadas à Associação Latinoamericana de Avicultura (ALA).

Entrega do Ovo de Ouro em Cuba


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Associações

Representações estaduais destacam efeitos da crise Entidades comentam o que marcou a atividade em 2009 e o que se espera para 2010

A

Revista do AviSite preparou mais uma edição especial de fim de ano. Pela terceira vez consecutiva, representantes das principais associações do Brasil foram entrevistados para discutir as dificuldades, iniciativas, reivindicações e conquistas que marcaram 2009.

De acordo com as associações, a crise financeira iniciada em setembro de 2008, que resultou em algumas perdas, na instabilidade dos preços e nas restrições da produção, foi a principal responsável pelas dificuldades enfrentadas pelo setor. Mas não foram apenas os pontos

negativos que marcaram a avicultura brasileira neste ano. Iniciativas, programas, eventos e algumas novidades também estiveram presentes. Confira abaixo o que os representantes de sete associações pensam e quais as expectativas para o próximo ano.

Minas Gerais

AVIMIG – Perdas não se restringiram apenas aos prejuízos financeiros

Marília Martha Ferreira, Superintendente da Avimig

O

mercado do frango e do ovo apresentou neste ano uma instabilidade gerada pela oscilação nas cotações. Segundo Marília Martha Ferreira, Superintendente da Associação dos Avicultores de Minas Gerais (Avimig), esse fator resultou em perdas acumuladas de até 13,50% do frango vivo posto granja e quase 30% na cotação do ovo posto atacado. As perdas dos avicultores de Minas Gerais não se restringiram apenas aos prejuízos financeiros. Segundo Marília Martha, os produtores enfrentaram “muitos problemas nas áreas de licenciamento ambiental, registro de granjas, 40 Produção Animal | Avicultura

problemas tributários e excesso de oferta dos produtos”. A Superintendente lembra que o setor sofreu quedas nos preços internacionais, tanto no frango quanto nos ovos e que a crise financeira e o episódio do H1N1 da Influenza A colaboraram para a insegurança no setor agropecuário. Quando questionada em relação às expectativas da avicultura para 2010, Marília diz apostar no aumento das exportações de

frango e ovos e conseguir uma melhor colocação na grade do Plano Nacional de Prevenção da Influenza Aviária e de Controle e Prevenção da Doença de Newcastle. Além disso, a Superintendente espera adquirir um registro de pelo menos 70% das granjas do estado, aumentar o consumo per capta de frangos e ovos e conseguir uma melhor e maior valorização dos avicultores mineiros em relação à Avimig.

Algumas conquistas do setor avícola de MG em 2009

Sanidade

– Criação do Grupo de Atenção Veterinária Especial em Avicultura (GAVEA) pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA). – Nova composição do Comitê Estadual de Sanidade Avícola de Minas Gerais (Coesa – MG), com sete representantes da Avimig.

Legislação

-Tributárias: Regime Especial para crédito presumido nas vendas interestaduais de frangos.

Política

- Criação da Associação dos Colaboradores do Fundo de Emergência Sanitária da Avicultura de Minas Gerais – Funamig. - Parceria com o Senar nos cursos de mão-de-obra sobre apanha de frangos. - Formação do Conselho Jurídico Contábil para estudo e discussão de assuntos legislativos e tributários do setor avícola.


Paraná

SINDIAVIPAR – Credenciamento de laboratório foi uma das conquistas

Domingos Martins, Presidente do Sindiavipar

D

omingos Martins, Presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar) comenta que uma das grandes conquistas em 2009 foi o credenciamento do laboratório Marcos Enrietti pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para a realização de testes e emissão de laudos em

casos de suspeitas de enfermidades avícolas. Outra conquista foi a elevação, pelo MAPA, do conceito de sanidade avícola do Paraná. O estado conquistou o conceito B no Plano Nacional de Prevenção da Influenza Aviária e de Controle e Prevenção da Doença de Newcastle, tendo a maior nota entre todos os estados brasileiros. O plano tem como objetivo fortalecer a estrutura de defesa sanitária e dar garantias aos consumidores sobre a qualidade dos produtos avícolas brasileiros. Além disso, o estado manteve a liderança nacional de produção de frango de corte, continuando como um dos maiores exportadores brasileiros do produto. Para Domingos Martins, a crise econômica já foi superada e, apesar das dificuldades externas, a estabili-

dade do volume de exportação de frangos de corte foi mantida. Já para 2010, o Presidente da entidade prevê um crescimento na exportação de até 10%. “É preciso destacar tam-

Otimista, Domingos Martins prevê aumento de 10% nas exportações de frangos. Para ele, crise econômica já foi superada bém a qualidade do frango de corte produzido no Paraná, fruto de investimentos em genética, manejo, ambiência e sanidade. Nosso desafio é manter essa posição de destaque nacional tanto na produção quanto nas vendas de aves”, finaliza.

AAVIOPAR – Expectativa é de afastamento da crise e retomada das exportações

Luiz Ari Bernartt, Presidente da Aaviopar

L

uiz Ari Bernartt, Presidente da associação que representa o setor avícola do oeste do Paraná (Aaviopar), comenta que a crise econômica foi a principal responsável pelo agravamento dos problemas da avicultura. Foi este o fator que forçou as autoridades a

recomendarem uma redução na produção de até 20%, o que dificultou os avicultores a alcançar renda suficiente para saldar as dívidas de investimentos. Para sanar este problema, a Aaviopar reivindicou que o BNDES autorizasse as instituições financeiras a prorrogar as dívidas de 2009 para o fim do contrato, mas ainda não obteve êxito. O Presidente da associação critica a chegada de uma multinacional, com três unidades frigoríficas nos estados do sul, com financiamento do BNDES. Para ele, a nova empresa pode atrapalhar os planos de redução na produção. “Ora minha gente, se estamos com super produção, a instalação de mais plantas só virá para agravar a

situação. Onde está a nossa política agropecuária brasileira que deixa criar uma situação dessas?”, questiona. Segundo ele, a garantia de recebimento de um preço médio da produção também foi conquistada. Em outras palavras, o produtor que atingir a conversão prevista em um galpão de 1200m2 tem que receber um pagamento médio entre R$ 5.900,00 e R$ 6.100,00 por lote. A AAVIOPAR conseguiu para o início de 2010, um grande passo com a principal integradora da região, onde a mesma passará a pagar o custo do carregamento do lote, que hoje fica em torno de 7 a 10% do valor bruto recebido. Produção Animal | Avicultura 41


Associações Ceará

ACEAV – Expectativa é regularização dos programas de abastecimento de milho

N

este ano, os programas governamentais de oferta de milho para o nordeste se apresentaram instáveis prejudicando o abastecimento da região. A opinião é do Presidente da Associação Cearense de Avicultura (ACEAV), João Jorge Reis. De toda forma, ele acredita que para 2010 estes programas alcancem uma melhor regularidade. O setor de postura do nordeste também sofreu com as levas constantes de ovos que são enviados para a região a preço baixo. Segundo João Jorge Reis, isso serve “como válvula de escape para manter os preços melhores no sudeste”. Isso, de acordo com o presidente, prejudica o mercado nordestino, pois a referência de preços

cai. Entrave parecido aconteceu com o setor de frango nordestino e a concorrência dos produtos industrializados do sudeste. “Além do custo de produção nessas outras regiões ser mais baixo, ainda tem o agravante de enviarem frango para o nordeste com maior teor de água do que é permitido pela legislação”, critica. Ao longo de 2009, a entidade atuou para a regularidade do fluxo do trânsito animal, com o objetivo de coibir a entrada de aves de descartes de outros estados destinadas a abatedouros inexistentes no estado, com a emissão de documentos “frios”. João Jorge faz uma análise sobre a atuação da avicultura do nordeste em 2009 e afirma que o desempenho não

Presidente da ACEAV, João Jorge Reis

foi dos melhores. “O balanço não será positivo, infelizmente, mas posso afirmar que vamos empatar. Diante de um quadro de crise e dificuldades de comercialização, posso afirmar que escapamos com muito sacrifício”, afirma o Presidente.

Espírito Santo

AVES – Obstáculo maior continua sendo abastecimento de milho

Argêo João Uliana, Presidente da AVES

P

ara Argêo João Uliana, Presidente da Associação dos Avicultores do Espírito Santo (AVES), o obstáculo de maior significância para o estado continua sendo o abastecimento de milho. O custo da matéria-prima na região é cerca de 20% mais alto que os de outros centros de produção

42 Produção Animal | Avicultura

avícola. “Considerando que o país terá um estoque de passagem de cerca de 10 milhões de toneladas, é um absurdo que estejamos ao mesmo tempo pagando tão caro pelo milho posto em nossas granjas”, afirma. O setor trabalhou no Espírito Santo para garantir preços competitivos no abastecimento e garantia de produtos avícolas. Outra preocupação durante o ano foram as ações relacionadas ao registro de granjas (IN nº56/07), que prevê procedimentos para registro, fiscalização e controle de estabelecimentos avícolas de reprodução e comerciais. Segundo o Presidente, várias granjas do estado estão procurando viabilizar os processos de registro, mesmo encontrando dificuldades como a burocracia. Quando questionado sobre o

desempenho da avicultura capixaba, o Presidente da associação afirma que o estado passou por momentos no “vermelho” e alerta que por este motivo, o setor pode perder muitos produtores, especialmente os de pequeno porte. Argêo acredita que a principal expectativa do setor nacional é uma mudança em relação ao mau momento vivido de uma maneira geral no segundo semestre de 2009. Ele garante que a atividade capixaba irá continuar trabalhando e melhorando suas particularidades para estar cada vez mais competitiva. Para finalizar, o Presidente da entidade afirma que todos os problemas poderiam ser trabalhados de forma mais acelerada se houvesse maior empenho, principalmente, do setor público.


São Paulo

APA – Teto de financiamento para granjas sobe para R$ 100 mil

N

ão diferente das declarações das outras associações, Érico Pozzer, Presidente da Associação Paulista de Avicultura (APA), afirmou que a principal dificuldade encontrada pelo setor em 2009 foram os preços deprimidos e as margens apertadas, resultados da exportação problemática agravada pela crise mundial. A conquista mais recente da associação é a adequação do teto do financiamento para investimento em granjas de frangos de corte feito principalmente pela Nossa Caixa e Banco do Brasil, através do Financiamento de Máquinas e Equipamentos (Finame). Esta novidade foi conquistada juntamente com a Câmara Setorial de Aves e Ovos, da Secretaria de Agricultura. Segundo o Presidente da APA, em outubro, o teto de financiamento passou de R$ 30.000

para R$ 100.000 para produtores com renda bruta de R$ 400.000 por ano, com prazo de pagamento de cinco anos com juros anual de 3,5%. Segundo o Presidente da associação, as maiores reivindicações do setor são em relação a impostos e tributos, como o PIS/COFINS. Essas iniciativas serviram de base para um projeto maior que a associação está desenvolvendo em conjunto com algumas entidades. O objetivo é mostrar para o governo que o imposto tem que ser reduzido a exemplo do que foi feito com a cadeia de carne bovina. Apesar do saldo negativo verificado em 2009, a expectativa para 2010 é de tempos melhores. O esperado é que a exportação reaja, os preços internacionais se recuperem e que a própria economia brasileira

Érico Pozzer, Presidente da APA

continue em recuperação, levando a um pequeno aumento de consumo de carne de frango e ovos. Outra expectativa é que a produção de grãos seja suficiente para manter os custos sob controle. “Esses fatores indicariam um ano de bastante equilíbrio e recuperação de margens”, conclui.

Goiás

AGA – Reivindicações visaram setor do milho, meio ambiente e sanidade

D

iante dos prejuízos causados pela crise mundial, a Associação Goiana de Avicultura (AGA) manteve seus associados informados sobre as ações que poderiam ser realizadas junto ao governo estadual e federal. As principais reivindicações foram relacionadas ao setor de milho, meio ambiente e sanidade avícola. Com relação ao milho, os diretores Altino Loyola e Uacir Bernardes afirmam ter feito uma solicitação ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para a não retirada de um volume maior que um milhão de toneladas de Goiás, principalmente com des-

tino ao nordeste, através dos mecanismos utilizados pelo governo. Além disso, a associação conquistou juntamente com a Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos a licença ambiental para 100% da atividade no estado, tornando a avicultura goiana sustentável. A AGA ainda iniciou um curso de capacitação de mão-de-obra para todos os setores da atividade avícola, intitulado GRITTA (Grupo de Inovação Tecnológica e Treinamento da AGA) e um trabalho de regularização junto aos pequenos produtores de ovos de postura, possibilitando o credenciamento

junto ao SIF (Serviço de Inspeção Federal). Apesar das dificuldades provocadas pela crise internacional, a direção da AGA afirma que o setor de frango de corte manteve as atividades, fazendo a adequação necessária no volume produzido e mantendo os projetos de crescimento para 2010. O Estado de Goiás continuará investindo no setor avícola, tanto no frango quanto no ovo. “Acreditamos ser a avicultura uma atividade com grande potencial de crescimento em Goiás, devido à suas potencialidades de produção de grãos”, finaliza. Produção Animal | Avicultura 43


Estatísticas e Preços

Produção e mercado em resumo Esconder o termômetro é o caminho correto para baixar a febre?

P

ela primeira vez após 32 edições consecutivas (foi lançada em maio de 2007), Produção Animal - Avicultura não apresenta parte dos dados oficiais sobre a produção do setor, restritos nesta edição apenas às exportações de carne de frango e às matrizes e pintainhas de postura. Os demais dados se resumem a projeções. A ausência não é exclusividade da revista. O Portal AviSite (com um tempo bem maior de “estrada” e lançado com o objetivo principal de manter o setor informado sobre a evolução da produção das aviculturas de corte e de postura) também fechou o mês de novembro com a mesma lacuna. A culpa, porém, não é dos dois veículos: no final de novembro, as entidades responsáveis pelos levantamentos do setor anunciaram a necessidade de aperfeiçoar os levantamentos até então realizados, daí a postergação da divulgação dos resultados mais recentes. Dessa forma, a divulgação da produção de pintos de corte (levantada pela APINCO), passa a ser feita noventa dias após a efetiva produção. Já os números referentes ao alojamento de matrizes de corte (responsabilidade da UBA) terão, doravante, divulgação anual, após o encerramento de cada exercício. Essa é a informação oficial. Pois as informações oficiosas acerca dessa “nova ordem” sugerem que ela extrapola a vontade das entidades de classe. Sabe-se apenas que uma “mente iluminada” – após ser 44 Produção Animal | Avicultura

pressionada por um importador e constatar que esse importador dispunha de informações sobre a avicultura brasileira a que ele próprio jamais teve acesso – concluiu ser possível acabar com pressões do gênero simplesmente ocultando os números habitualmente divulgados pelo setor. Para dar o exemplo, escondeu os próprios números, o que significa que, no momento, nem mesmo as entidades avícolas têm informações consistentes em que se basear. Apesar do imbróglio, Produção Animal - Avicultura e o AviSite torcem para que uma solução seja encontrada rapidamente. Porque entendem que a disponibilidade de informação é essencial para o equilíbrio à atividade. Pois se com todos os dados existentes muitas decisões são tomadas atabalhoadamente, não é difícil imaginar o que irá ocorrer sem elas. Produção Animal – Avicultura e o AviSite também esperam que o responsável (responsáveis?) por essa decisão se conscientize(m) de que ela é totalmente equivocada. Pois não é jogando o termômetro fora ou escondendo a balança que se vai eliminar a febre ou acabar com o sobrepeso do paciente. O Brasil – já foi dito, mas não custa repetir aos mais reticentes – é o único País do mundo com potencial suficiente para atender a demanda mundial de produtos agropecuários, inclusive de carne de frango. Mas se as possibilidades de mercado continuarem a ser ignoradas (ou seja, se a oferta permanecer acima da necessidade dos demandantes) não há como valorizar a produção interna. E, neste caso, os números não passam de meros hidrômetros - não podem ser responsabilizados pelo transbordamento da caixa d’água.


Alojamento de matrizes de corte Retrocesso de 2009 pode se tornar compulsório também em 2010

N

a ausência de dados oficiais sobre o alojamento de matrizes de corte registrado em outubro só resta especular em torno dos possíveis números alcançados no mês. Dentro desse objetivo, uma das possibilidades estaria na repetição da média alcançada no terceiro trimestre do ano, período em que foi registrado o maior alojamento dos últimos três trimestres. Isto daria volume da ordem de 3,9 milhões de cabeças. Torce-se, porém, para que esse número não tenha sido atingido. E tudo indica que não foi. Primeiro, porque o setor “assustou-se” com o desempenho do frango nos dois meses anteriores e desacelerou o ritmo produtivo, fato que, provavelmente, deve ter alcançado o alojamento de novas reprodutoras. Segundo, porque em decorrência dos preços onerosos do frango (vivo e abatido) no bimestre agosto-setembro, muitas empresas voltaram a enfrentar dificuldades para novos investimentos, mesmo para o alojamento de matrizes. Por tudo, isso, as projeções presentes levam em conta um alojamento, em outubro, correspondente à média dos nove primeiros meses do ano – quase 3,7 milhões de matrizes de corte. Se os números reais ficaram abaixo disso, ótimo – a atividade continua no bom caminho. Se ultrapassaram, pena – vai demorar mais para retornar aos trilhos. Independente, porém, de qual tenham sido os números de outubro, o alojamento de 2009 tende a ser entre 6% e 9% menor que o do ano passado. Cumpre-se, assim, a sina da atividade: a de se ver forçada a alojar menos reprodutoras de corte sempre que, no exercício anterior, os números forem exacerbados e não consideram um crescimento, senão lógico, pelo menos mais racional da demanda interna e externa. No ano passado foi assim, o volume alojado aumentou mais de 14%. E se vem sendo compulsório reduzi-lo em 2009, a crise econômica mundial ainda não superada pode fazer com que também em 2010 haja uma redução obrigatória.

EVOLUÇÃO MENSAL MILHÕES DE CABEÇAS

MÊS

2007/2008

2008/2009

VAR. %

Novembro

3,858

3,965

2,76%

Dezembro

3,766

3,999

6,18%

Janeiro

4,265

3,560

-16,53%

Fevereiro

3,852

3,496

-9,23%

Março

3,944

3,482

-11,71%

Abril

3,953

3,488

-11,77%

Maio

4,012

3,679

-8,30%

Junho

4,037

3,858

-4,45%

Julho

4,409

4,081

-7,46%

Agosto

4,348

3,977

-8,53%

Setembro

3,866

3,648

-5,64%

Outubro

3,915

3,696*

-5,58%*

EM 10 MESES

40,601

36,965*

-8,96%*

EM 12 MESES

48,225

44,928*

-6,84%*

Fonte dos dados básicos: UBA – Elaboração e análises: AVISITE - * Projeção ou resultado preliminar

Produção Animal | Avicultura 45


Estatísticas e Preços

Produção de pintos de corte Volume dos últimos 12 meses pode ter se igualado ao do mesmo período anterior

C

omo se fez com as matrizes de corte, também com os pintos de corte poderia ser adotada como referência para a produção de outubro passado a média do terceiro trimestre (483,6 milhões de cabeças), a média dos nove primeiros meses do ano (455,6 milhões de cabeças) ou, ainda, a média diária do trimestre julho-setembro (488,9 milhões de cabeças). Não nos enganemos, porém. Porque “nunca na história deste País” se deixou de produzir, em outubro, o maior volume de pintos de corte do ano, pois essa é a produção que vai ser consumida no Natal. Independente do equívoco existente nessa interpretação, o fato é que muito dificilmente o volume produzido no décimo mês de 2009 terá sido inferior ao alcançado em agosto deste ano, quando foi registrado o recorde histórico de 500,3 milhões de cabeças. É muito? Nem tanto, se considerado que há um ano - em pleno clímax da crise econômica de 2008 – a produção de outubro chegou aos 496,2 milhões de pintos de corte. O adicional, neste caso, seria inferior a 1%. De toda forma, tudo indica que até mesmo essa produção pode estar sendo excessiva para o momento econômico vivido pela avicultura, visto que o frango dela proveniente (segundo quinzena de novembro) continuou sendo remunerado a valores inferiores aos do final de 2008. Voltando à produção de pintos de corte, tudo indica que a reversão de comportamento observada a partir de julho – quando o volume produzido no ano tornou-se novamente superior ao do mesmo período do ano passado – tenha tido continuidade em outubro. O mais curioso, no entanto, é constatar que – aceito para outubro o mesmo volume registrado em julho – o total acumulado nos últimos 12 meses (novembro de 2008 a outubro de 2009) se iguala ao produzido em idêntico período anterior. Algo que, em última instância, significa crescimento “zero”. Esse comportamento se mantém até o final do ano? Esse é assunto para a próxima edição. 46 Produção Animal | Avicultura

Evolução mensal MILHÕES DE CABEÇAS

MÊS

2007/2008

2008/2009

VAR. %

Novembro

431,508

431,662

0,04%

Dezembro

451,775

443,854

-1,75%

Janeiro

460,687

417,755

-9,32%

Fevereiro

427,892

406,918

-4,90%

Março

441,119

425,628

-3,51%

Abril

429,048

455,711

6,21%

Maio

455,492

461,811

1,39%

Junho

437,041

482,089

10,31%

Julho

476,081

500,270

5,08%

Agosto

484,328

482,678

-0,34%

Setembro

485,261

467,938

-3,57%

Outubro

496,165

500,300*

0,83%*

EM 10 MESES

4.593,115

4.601,097*

0,17%*

EM 12 MESES

5.476,398

5.476,614*

0,00%*

Fonte dos dados básicos: UBA – Elaboração e análises: AVISITE - * Projeção ou resultado preliminar


Produção de carne de frango Volume acumulado em 12 meses registra expansão ao redor de 1%

E

stimar a produção de carne de frango de um determinado mês é menos desafiante que as estimativas, por exemplo, do alojamento de matrizes de corte ou da produção de pintos de corte. Porque, em essência, a produção de carne de frango é determinada pela produção de pintos de corte dos dois meses anteriores. Assim, pelo menos neste instante é possível projetar, ainda que aproximadamente, a produção total alcançada em outubro – perspectiva mais complexa nos meses vindouros, já que a APINCO só deve divulgar os dados relativos a pintos de corte a cada noventa dias. Mas, considerados os pintos alojados entre a segunda quinzena de agosto e a primeira quinzena de setembro (volume abatido no decorrer de outubro), a produção de carne de frango do décimo mês do ano deve ter ficado em torno das 950 mil toneladas. Isso significa que ficou cerca de 4% abaixo da produção registrada em outubro de 2008 – fato devido não tanto a uma redução neste ano, mas à exacerbação da produção no ano passado. Em decorrência, a produção de 2009 – faltando apenas dois meses para o encerramento do exercício – ultrapassa ligeiramente a marca dos 9 milhões de toneladas, o que significa que não está distante de repetir a marca recorde observada no ano passado, quando superou pela primeira vez os 11 milhões de toneladas. Aparentemente, porém, o setor deve apenas aproximar-se, sem conseguir chegar a essa marca. A menos que a produção de dezembro – normalmente a mais elevada do ano, devido, inclusive, aos frangos especiais de Natal – tenha, em decorrência de um alto volume de pintos de corte, ido além do milhão de toneladas. O mais provável, neste ano, é chegar-se a um volume entre 10,950 e 11,000 milhões de toneladas.

evolução mensal MIL TONELADAS

MÊS

2007/2008

2008/2009

VAR. %

Novembro

887,928

998,586

12,46%

Dezembro

945,515

975,672

3,19%

Janeiro

914,036

889,681

-2,66%

Fevereiro

866,302

780,499

-9,90%

Março

926,478

862,047

-6,95%

Abril

879,984

830,420

-5,63%

Maio

872,144

901,884

3,41%

Junho

861,759

892,223

3,54%

Julho

897,014

956,585

6,64%

Agosto

923,774

1.004,081

8,69%

Setembro

926,548

956,166

3,20%

Outubro

990,463

950,000*

-4,09%*

EM 10 MESES

9.058,502

9.023,586*

-0,39%*

EM 12 MESES

10.891,945

10.997,844*

0,97%*

Fonte dos dados básicos: UBA – Elaboração e análises: AVISITE - *Projeção ou resultado preliminar

Produção Animal | Avicultura 47


Estatísticas e Preços

Exportação de carne de frango Em outubro, os maiores embarques dos últimos 15 meses

D

ados da SECEX/MDIC apontam que em outubro passado as exportações brasileiras de carne de frango chegaram às 335.445 toneladas, superando em mais de 6% o volume registrado em outubro. O resultado positivo deve estender-se a novembro e dezembro, já que – devido à crise econômica mundial – os volumes embarcados nos dois meses finais de 2008 (235.061 e 265.598 toneladas) foram os menores do ano que passou. Aliás, comparativamente a novembro do ano passado, em outubro último exportaram-se 100 mil toneladas ou 42% a mais. Os resultados de outubro surpreenderam o setor, pois era generalizada a expectativa de que, repetindo o desempenho observado no mês anterior, setembro de 2009, os embarques do período voltassem a ficar aquém das 300 mil toneladas. O incremento, entretanto, não foi suficiente para reverter o processo de redução, já que o volume exportado nos 10 primeiros meses, totalizando 3,051 milhões de toneladas, permanece 2,95% aquém do alcançado no mesmo período de 2008. Porém, nada impede que o desempenho negativo seja neutralizado no bimestre final de 2009. Basta que os volumes embarcados em novembro e dezembro alcancem as 300 mil toneladas mensais. E se ficarem, exatamente, dentro dessa média, as exportações do ano somarão 3,651 milhões de toneladas, ultrapassando em 0,15% o que foi exportado em 2008. Os dados relativos aos 12 meses encerrados em outubro de 2009 permanecem aquém desse número, já que apenas ultrapassam ligeiramente os 3,552 milhões de toneladas, sendo 5% inferiores aos dos 12 meses imediatamente anteriores. Mas esses números estão fortemente influenciados pelo fraco desempenho de novembro e dezembro de 2008.

48 Produção Animal | Avicultura

Evolução Mensal MIL TONELADAS

2007/2008

2008/2009

VAR. %

Novembro

MÊS

298,903

235,061

-21,36%

Dezembro

299,929

266,598

-11,11%

Janeiro

274,897

274,781

-0,04%

Fevereiro

292,538

263,222

-10,02%

Março

313,233

306,539

-2,14%

Abril

270,022

329,922

22,18%

Maio

361,415

303,767

-15,95%

Junho

330,125

329,014

-0,34%

Julho

339,360

317,207

-6,53%

Agosto

322,698

301,257

-6,64%

Setembro

323,949

289,951

-10,49%

Outubro

315,632

335,445

6,28%

EM 10 MESES

3.143,870

3.051,104

-2,95%

EM 12 MESES

3.742,702

3.552,763

-5,07%

Fonte dos dados básicos: UBA – Elaboração e análises: AVISITE


Disponibilidade interna de carne de frango Volume ofertado em outubro pode ter sido o menor em quatro meses

C

omo a produção do mês foi estimada, a disponibilidade interna do produto está apenas projetada. É mais do que provável, no entanto, que em outubro se tenha registrado a menor oferta interna de carne de frango do segundo semestre. E a menos que os resultados efetivos tenham sido muito superiores àqueles apontados, é até possível que a oferta de outubro tenha sido, em termos reais (isto é, considerada a disponibilidade diária do produto), a menor registrada desde junho de 2009. O que se tem de mais palpável, por ora, é que o volume ofertado internamente em outubro de 2009 girou em torno das 615 mil toneladas, recuando mais de 8% em relação a outubro de 2008 – desempenho que rompe um ciclo de resultados positivos mantidos desde maio deste ano. Além disso, esse foi o segundo mais sensível recuo do ano, para o que contribuiu não apenas o retrocesso de produção (estimado, por ora, em cerca de 4%), mas também a significativa retomada dos embarques destinados ao mercado externo, que cresceram 15% no mês e 6% no ano. Em consequência do último resultado, a velocidade de recuperação da oferta interna sofreu ligeira desaceleração em outubro. No acumulado janeiro-setembro vinha apresentando expansão de 2,25%, apresentando, portanto, uma evolução real positiva (superior à do crescimento vegetativo da população). Agora, em 10 meses, esse índice, embora ainda positivo, recuou para cerca de 1%. Mesmo assim, o acumulado nos 12 meses encerrados em outubro de 2009 continua a apresentar significativo crescimento real, já que se encontra cerca de 4% acima do volume disponibilizado nos 12 meses imediatamente anteriores.

EVOLUÇÃO MENSAL MIL TONELADAS

MÊS

2007/2008

2008/2009

VAR. %

Novembro

589,025

763,525

29,63%

Dezembro

645,586

709,074

9,83%

Janeiro

639,139

614,900

-3,79%

Fevereiro

573,764

517,277

-9,84%

Março

613,245

555,508

-9,41%

Abril

609,962

500,498

-17,95%

Maio

510,729

598,117

17,11%

Junho

531,634

563,210

5,94%

Julho

557,654

639,378

14,65%

Agosto

601,076

702,824

16,93%

Setembro

602,599

666,215

10,56%

Outubro

674,830

614,555*

-8,93%*

EM 10 MESES

5.914,632

5.972,482*

0,98%*

EM 12 MESES

7.149,243

7.445,081*

4,14%*

Fonte dos dados básicos: UBA – Elaboração e análises: AVISITE - *Projeção ou resultado preliminar

Produção Animal | Avicultura 49


Estatísticas e Preços

Alojamento de matrizes de postura Em 10 meses, recuo de 11,5% em relação ao mesmo período de 2008

A

pós três meses consecutivos de altas significativas em relação ao mesmo mês do ano passado, o alojamento de reprodutoras destinadas à produção de poedeiras voltou a declinar. Fechou o décimo mês do ano com um recuo de 56,58% em relação a outubro de 2008 já que, conforme a UBA, o volume alojado ficou em 34.185 cabeças, contra quase 79 mil cabeças um ano antes. O último resultado faz com que o alojamento acumulado nos 10 primeiros meses de 2009 apresentem um recuo de 11,5% em relação ao mesmo período de 2008. Correspondendo a um alojamento médio mensal de 60,4 mil matrizes de postura (69,5% delas de linhagens produtoras de ovos brancos), o atual acumu-

Volume alojado de reprodutoras destinadas à produção de poedeiras ficou em 34.185 cabeças, contra quase 79 mil cabeças um ano antes lado projeta para a totalidade do ano volume da ordem de 725 mil reprodutoras, volume cerca de 6% menor que o registrado em 2008. No momento, porém, o índice de redução acumulado em um período de 12 meses é bem mais significativo. As matrizes de postura alojadas entre novembro de 2007 e outubro de 2008, 773.580 cabeças, recuaram, nos 12 meses seguintes, para 696.451 cabeças. E isso representa redução, de praticamente, 10%. 50 Produção Animal | Avicultura

Evolução Mensal

(ovos brancos e vermelhos) MILHARES DE CABEÇAS MATRIZES DE POSTURA

% OVO BRANCO

MÊS

2007/08

2008/09

VAR. %

Novembro

40,126

47,700

18,88%

91,92%

Dezembro

50,503

44,380

-12,12%

80,03%

71,16%

Janeiro

92,858

16,736

-81,98%

56,45%

87,23%

Fevereiro

98,130

29,311

-70,13%

85,95%

81,24%

Março

47,021

17,549

-62,68%

62,69%

59,22%

Abril

42,813

83,830

95,81%

69,68%

67,14%

Maio

83,202

82,784

-0,50%

81,46%

75,57%

Junho

104,611

89,356

-14,58%

68,73%

67,60%

Julho

58,108

84,867

46,05%

69,68%

68,64%

Agosto

45,253

100,270

121,58%

31,33%

61,16%

Setembro

32,233

65,483

103,16%

61,20%

84,73%

Outubro

78,722

34,185

-56,58%

69,35%

49,42%

EM 10 MESES

682,951

604,371

-11,51%

68,05%

69,49%

EM 12 MESES

773,580

696,451

-9,97%

70,07%

69,36%

2007/08

Fonte dos dados básicos: UBA – Elaboração e análises: AVISITE

2008/09

66,04%


Alojamento de pintainhas de postura Nada de novo; não, pelo menos, nos números oficiais do setor

D

ados atribuídos à UBA apontam que em outubro passado o alojamento brasileiro de pintainhas de postura permaneceu dentro dos mesmos padrões que vêm sendo registrados há mais de dois anos, ou seja, ficou pouco acima dos 5 milhões de cabeças, apresentando redução de 2,33% sobre os 5,145 milhões de setembro e aumento de 0,20% sobre os 5,015 milhões do mesmo mês do ano passado.

Alojamento ficou próximo dos 5,025 milhões de cabeças Do total alojado no mês quase 73% estiveram representados por aves pertencentes a linhagens produtoras de ovos brancos. Notar que o aumento em relação ao volume alojado um ano atrás foi de, exatamente, 10 mil cabeças. Com o resultado mais recente, o total acumulado em 10 meses soma 50,286 milhões de pintainhas de postura, apresentando variação de 0,13% sobre o mesmo período de 2008. Já o acumulado em 12 meses – 60,179 milhões de cabeças – é menos de meio por cento menor que o acumulado no mesmo período anterior. Aceitos esses números, cabe perguntar: porquê razão o setor de postura registrou, no últimos tempos, os piores resultados econômicos de muitos anos (eventualmente, de todos os tempos) se o plantel em produção permanece estável há mais de dois anos? As respostas incluem aumento de produtividade decorrente do melhoramento genético, do aperfeiçoamento da nutrição, do aumento dos cuidados sanitários e de um significativo incremento nos padrões de manejo. Mas há, também, sugestões de que os números oficiais estão sendo inflacionados pela muda forçada e por alojamentos não computados.

Evolução Mensal

(ovos brancos e vermelhos) MILHÕES DE CABEÇAS PINTAINHAS COMERCIAIS DE POSTURA

MÊS

% OVO BRANCO

2007/2008

2008/2009

VAR.%

Novembro

5,105

4,811

-5,77%

2007/08

73,80%

2008/09

73,22%

Dezembro

5,017

5,083

1,31%

75,79%

74,79%

Janeiro

4,897

4,990

1,90%

75,11%

74,87%

Fevereiro

5,048

4,790

-5,11%

73,17%

75,92%

Março

5,122

5,161

0,76%

72,51%

75,27%

Abril

5,127

4,951

-3,43%

71,79%

75,30%

Maio

4,788

4,797

0,18%

74,17%

72,92%

Junho

4,955

5,209

5,12%

74,39%

74,77%

Julho

5,237

5,173

-1,22%

74,30%

72,84%

Agosto

4,895

5,046

3,09%

74,48%

71,86%

Setembro

5,135

5,145

0,19%

72,28%

73,80%

Outubro

5,015

5,025

0,20%

73,26%

72,91%

EM 10 MESES

50,218

50,286

0,13%

73,13%

74,04%

EM 12 MESES

60,341

60,179

-0,27%

73,44%

74,04%

Fonte dos dados básicos: UBA – Elaboração e análises: AVISITE

Produção Animal | Avicultura 51


Estatísticas e Preços

Desempenho do frango vivo em novembro de 2009 Recuperação foi insuficiente para repor perdas dos últimos meses

E

m novembro, pelo segundo mês consecutivo, o frango vivo comercializado no interior paulista apresentou breve recuperação de preços em relação ao mês anterior. Desta vez, porém, o nível de evolução foi mais lento que o observado em outubro (+9,05% sobre setembro/09), ficando em apenas 2,76%. Assim, não alcançou valor suficiente para repor as perdas acumuladas a partir de agosto, o que significa dizer que a média registrada em novembro, de R$1,54/kg, se encontra 14% abaixo da média observada em julho último, R$1,80/kg - até aqui a melhor do semestre e, sem dúvida, difícil de ser batida no decorrer de dezembro. Modesto frente às perdas anteriores, o ganho de novembro último foi também insuficiente para reverter as perdas em relação a novembro do ano passado. Assim, embora naquela ocasião o setor já vivesse os duros efeitos da crise econômica mundial, o preço médio então registrado, de R$1,74/kg, acabou sendo cerca de 13% superior ao de novembro de 2009, momento em que, supostamente, a maior parte da crise já teria sido superada. Com crise ou sem crise e a despeito de todos os esforços desenvolvidos para se chegar a um ponto de equilíbrio entre produção e demanda, o fato é que o frango vivo completa o décimo mês do ano registrando o mesmo valor nominal do ano passado, R$1,63/kg (a diferença, no momento, é de apenas 0,1%). No primeiro semestre de 2009, o preço médio obtido pelo frango vivo foi 4,76% superior à média anual registrada no ano anterior, alcançando R$1,71/kg. Ou seja: todo o ganho de seis meses foi por água abaixo nos últimos cinco meses e tende a se tornar negativo até o fechamento do ano.

52 Produção Animal | Avicultura

FRANGO VIVO

Evolução de preços na granja, interior paulista – R$/Kg MÊS

MÉDIA R$/KG

VARIAÇÃO % ANUAL MENSAL

NOV/2008

1,74

12,25%

6,75%

DEZ/2008

1,62

-1,82%

-6,90%

JAN/2009

1,68

10,52%

3,70%

FEV/2009

1,80

30,43%

7,14%

MAR/2009

1,68

35,48%

-6,66%

ABR/2009

1,60

20,30%

-4,76%

MAI/2009

1,61

0,00%

0,63%

JUN/2009

1,88

5,62%

16,77%

JUL/2009

1,80

-4,56%

-4,05%

AGO/2009

1,49

-23,07%

-17,16%

SET/2009

1,37

-25,84%

-8,18%

OUT/2009

1,50

-8,21%

9,05%

NOV/2009

1,54

-11,64%

2,76%

Médias Anuais entre 2000 e 2009 ANO

R$/KG

VAR. %

ANO

R$/KG

2000

0,91

2001

0,97

2002

1,13

16,49%

2003

1,45

28,31%

VAR. %

14,57%

2005

1,35

-8,72%

6,47%

2006

1,16

-14,70%

2007

1,55

33,62%

2008

1,63

5,16%

2004

1,49 2,75% 2009* 1,63 0,10% Fonte dos dados básicos: JOX - Elaboração e análises: AVISITE Obs.: valores finais arredondados, daí eventuais diferenças nos percentuais * Até 30 de novembro de 2009

Frango vivo - preços históricos e preço efetivo em 2009 PREÇO HISTÓRICO (MÉDIA 1998/2008): preço em dezembro do ano anterior igual a 100 PREÇO MÉDIO EFETIVO EM 2009: (R$/KG, granja, interior paulista)


Desempenho do ovo em novembro de 2009 Provavelmente, as piores cotações dos anos 2000 OVO BRANCO EXTRA

Evolução de preços no atacado paulista – R$/caixa de 30 dúzias MÊS

MÉDIA R$/CXA

VARIAÇÃO % ANUAL MENSAL

NOV/2008

39,36

5,78%

3,80%

DEZ/2008

39,69

-12,38%

0,84%

JAN/2009

37,40

-3,33%

-5,76%

FEV/2009

43,54

-14,14%

16,41%

MAR/2009

46,94

-6,68%

7,80%

ABR/2009

45,46

14,71%

-3,15%

MAI/2009

41,84

-6,19%

-7,96%

JUN/2009

43,12

-5,89%

3,06%

JUL/2009

36,92

-22,27%

-14,37%

AGO/2009

37,40

-18,65%

1,30%

SET/2009

33,88

-21,66%

-9,42%

OUT/2009

31,35

-17,34%

-7,48%

NOV/2009

31,00

-21,24%

-1,10%

Médias Anuais entre 2000 e 2009 ANO

R$/CXA

VAR. %

ANO

R$/CXA

VAR. %

2000

23,12

16,89%

2005

33,48

-2,87%

2001

24,07

4,11%

2006

27,48

-17,92%

2002

27,88

15,83%

2007

39,42

43,45%

2003

39,67

42,29%

2008

43,62

10,65%

2004

34,47 -13,11% 2009* 38,89 -10,84% Fonte dos dados básicos: JOX - Elaboração e análises: AVISITE Obs.: valores finais arredondados, daí eventuais diferenças nos percentuais * Até 30 de novembro de 2009

Ovo Extra branco - preços históricos e preço efetivo em 2009 PREÇO HISTÓRICO (MÉDIA 1998/2008): preço em dezembro do ano anterior igual a 100 PREÇO MÉDIO EFETIVO EM 2009: (R$/caixa, no atacado paulista)

E

stava enganado quem imaginava que a violenta queda de preços do ovo registrada a partir de setembro estancasse em novembro, mês em que a indústria de alimentos acelera a preparação dos pratos natalinos (panetones, por exemplo) e - pelo menos na teoria – começa a demandar volume bem maior do produto que em meses anteriores. Mas se isso efetivamente aconteceu, então a demanda crescente foi totalmente neutralizada por uma oferta proporcionalmente maior, já que em novembro o ovo atingiu seu menor preço – não apenas de 2009, mas dos últimos 34 meses ou, praticamente, três anos. Em suma, o valor pago pela caixa de ovos em novembro de 2009 só não foi menor que o registrado em janeiro de 2007, mês em que a caixa do produto foi negociada por R$30,30. Ressalve-se, porém, que a pequena diferença ocorre apenas em valores nominais. Pois, se considerada a inflação acumulada desde então, o preço real do ovo neste instante é inferior ao registrado no decorrer de 2006, um período marcado pelas piores cotações dos anos 2000. Em relação ao mês anterior, a redução de preços do ovo em novembro foi de apenas 1,10%, já que em outubro havia sido registrado o menor (até então) preço do corrente exercício. Mas em comparação ao mesmo mês do ano passado a redução sobe para 21,24%, o que significa que o produto entrou no último mês do ano valendo menos de 80% do que valia um ano atrás. E se, há um mês, o preço médio do ovo no ano ainda registrava pequeno ganho em relação ao ano retrasado, 2007, agora esse ganho se esvaiu, pois a média alcançada nos 11 primeiros meses de 2009, de R$39,12/caixa, se encontra 1,3% abaixo dos R$38,89 caixa de 2007. Isso sem contar que ficou 10,84% aquém da média anual de R$43,62/caixa, registrada no decorrer de 2008. Produção Animal | Avicultura 53


Estatísticas e Preços

Matérias-Primas Preços do milho ficam estáveis em novembro

Farelo de soja continua em queda

O

O

Valores de troca – Milho/Frango vivo O frango vivo (interior de SP) apresentou pequena variação em novembro: a média mensal de R$1,54 foi 2,66% maior em relação aos R$1,50 obtidos em outubro. Dessa forma, foram necessários 218,4 kg de frango vivo para comprar uma tonelada de milho, considerados os valores médios dos dois produtos. Este valor sofreu pequena variação na comparação mensal: queda de 4,40%, o que representa um leve aumento no poder de compra do avicultor, que precisou de 228,4 kg de frango para comprar uma tonelada de milho em outubro de 2009.

Valores de troca – Farelo/Frango vivo Considerado o preço médio do farelo de soja em novembro, foram necessários 481,8 kg de frango vivo (na granja, interior de SP) para adquirir uma tonelada do insumo, o que representa melhora no poder de compra da avicultura. Como em outubro passado essa relação foi de 514,6 kg para obtenção de 1 tonelada de farelo, o volume de frango para adquirir mesma quantidade do produto caiu 6,38%. Em relação aos valores de um ano atrás, houve redução na capacidade de compra: -11,85%, posto que em novembro de 2008 eram necessários 424,7 kg de frango vivo para adquirir uma tonelada de farelo de soja.

Valores de troca – Milho/Ovo De acordo com os preços médios dos produtos, a relação de troca entre o ovo (granja, interior paulista) e o milho em novembro de 2009 foi de 14,01 caixas de ovos para uma tonelada do grão. Em outubro foram necessárias 14,01 caixas/t, o que significa 0,42% menos ovos para obter a mesma quantidade de milho. A relativa estabilidade nos preços do milho e do ovo foi determinante na pequena variação da capacidade de compra da postura comercial: o preço médio da caixa de 30 dúzias caiu 1,43% em novembro, ficando em R$24,00 - no mês anterior a média havia sido de R$24,35.

Valores de troca – Farelo/Ovo Em novembro, considerados os preços médios de um e outro produto, foram necessárias 30,91 caixas de ovos (valor na granja, interior paulista) para adquirir uma tonelada de farelo de soja. Após dois meses de quedas, O poder de compra do avicultor de postura subiu 2,55%, já que em outubro passado 31,7 caixas de ovos adquiriram uma tonelada de farelo. Em relação a novembro de 2008, a queda no poder de compra é bastante acentuada - 27,19% - já que naquele período uma tonelada de farelo de soja custava, em média, 22,51 caixas de ovos.

preço médio do milho, saca de 60 kg, interior de SP, se manteve estável, fechando novembro de 2009 com média de R$20,18 - leve recuo de -1,85% sobre outubro deste ano, R$20,56/saca. Em relação ao valor da saca um ano atrás, a redução é de 0,35%, pois o milho foi registrou média de R$20,25/saca em novembro de 2008.

54 Produção Animal | Avicultura

farelo de soja (FOB, interior de SP) foi comercializado em novembro ao preço médio de R$742/tonelada, valor 3,89% menor que o de outubro de 2009 – R$772/t. Na comparação com novembro de 2008 – R$739/t – a cotação média atual foi 0,41% maior.

Fonte das informações: www.jox.com.br


Produção Animal | Avicultura 55


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Ponto Final

O futuro ao setor pertence Parte da crise de rentabilidade que afeta a avicultura foi constituída pelo próprio setor

A

economia mundial deu de presen-

É preciso entender que a avicultura

te para o setor avícola parte da

gera um PIB importante no agronegócio,

crise de rentabilidade, que se ini-

oferecendo muitas oportunidades de em-

ciou no fim de 2008. A outra parte foi

pregos e impulsionando altos investimen-

constituída pelo próprio setor avícola e

tos. O setor não pode continuar produzin-

pelo excesso de produção. O otimismo e o

do grandes excedentes fazendo com que os

dinamismo que o setor requer para sempre

supermercados e os intermediários ga-

estar buscando melho-

nhem verdadeiras for-

res resultados de pro-

tunas enquanto o se-

dução, tanto no campo como na indústria, também contribuíram para a crise. Roberto Kaefer é Diretor Presidente da Globoaves

Se estamos ainda às voltas com a crise, qual é a expectativa para

2010?

Existem

saídas? O que esperar? De quem esperar? Todas estas respostas estão dentro do próprio setor. Este é o momento em que o setor deve

Setor avícola não pode continuar produzindo grandes excedentes fazendo com que os supermercados e os intermediários ganhem verdadeiras fortunas enquanto o produtor perde

se organizar com números

confiáveis

ses de resultados pífios.

que o outro está ganhando. Quando fatores externos não favorecem o setor, como o dólar, os custos tributários ou as novas leis de trabalho, como a redução de

carga

horária,

e

tantos outros, obrigatoriamente

precisa-

mos valorizar o nosso produto para custear e poder

de

produção ou então terá ainda muitos me-

tor produtivo perde o

rentabilizar

nossos ativos. Neste ano, grandes empresas se incorporaram a outras e se transformaram em

A avicultura já sofre restrições de crédi-

mega companhias. Em outros casos, mui-

to, tanto bancário como de fornecedores.

tas quebraram ou pediram recuperação ju-

Situação que precisa ser revertida em con-

dicial. Este é o espelho e o resultado do

junto com a UBA e as associações estadu-

descompasso da avicultura. Estas mega

ais, assumindo um papel de coordenação e

companhias se tornam altamente compe-

planejamento orquestrado com o envolvi-

titivas, forçando as médias e pequenas a

mento de todas as empresas da cadeia pro-

encontrarem formas para se manterem no

dutiva. É preciso o compromisso e o enga-

mercado, formando um outro desafio, que

jamento de todos para valorizar o nosso

só pode ser vencido com a valorização real

frango de cada dia. Essa organização passa

do setor.

pela redução do volume ofertado interna e

O futuro a nós pertence, basta cada um

externamente, ou seja, a palavra de ordem,

agir de maneira pró-ativa em ações de ade-

é reduzir a produção.

quação da produção. Feliz 2010 a todos!

58 Produção Animal | Avicultura


Produção Animal | Avicultura 59


Ponto Final

60 Produção Animal | Avicultura


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