Editorial
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A Revista do AviSite
Sumário
O frango no mundo em 2016
22 USDA Brasil é segundo maior
Turra 30 Francisco As turbulências e a prova
Zani 38 Ariovaldo Ração: Avicultura
Foods 39 GT Abate diário de 550 mil
Ferraz 42 Fausto Perspectivas positivas
32 Sindan Mercado de saúde avícola
Desouzart 36 Osler Feliz Ano Novo?
44 Associações As perdas e ganhos, na visão
produtor mundial de carne de frango
brasileira no cenário global
registra crescimento de 12,79%
Butland 34 Gordon A indústria
de força de 2015
avícola global
aves em 2016
18
70 anos da Agroceres Empresa avisa: Vem mais por aí
50
Informe Técnico I Dupont: O setor de aditivos para alimentação animal
52
Artigo Marcelo Paniago Influenza Aviária: O Brasil está preparado?
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Informe Técnico II Ilender: Uso de Glicerídeos de Butírico na dieta pré-inicial
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Informe Técnico III Theseo: Controle de roedores em aviários verticais
58
Aves industriais Recorrência de doença respiratória crônica (DCR)
64
Reportagem Empresarial I Biovet discute controle da coccidiose em reprodutoras, poedeiras e frangos
66
Informe Técnico IV Novus: Uso de protease na avicultura
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Reportagem Empresarial II Auster lança linha de premix Númia
para o segmento avícola
das entidades estaduais
69
AviGuia Ceva: nova vacina vetorizada para Gumboro e Marek
06 08 10
Eventos
82
Ponto Final por Roberto Rodrigues Ex-ministro da Agricultura, coordenador do Centro de Agronegócios da FGV Avicultura: um trabalho forte e eficaz
Painel do Leitor Noticias curtas Frango mantém posição na pauta de exportação; milho chama atenção
Estatísticas e preços 74 75 76 77 78 79 80
Produção e mercado em resumo Pintos de corte Produção de carne de frango Exportação de carne de frango Oferta Interna Desempenho do frango vivo em novembro Matérias-primas A Revista do AviSite
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Editorial
Brasil chega ao posto de vicelíder mundial na produção de carne de frango Como de costume, a edição de dezembro da Revista do AviSite se dedica a publicar uma série de textos com a retrospectiva de 2015 e a projeção para 2016. A reportagem principal dentro deste tema versa sobre as perspectivas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) e a sua previsão de que o Brasil alcança, em 2016, o posto de segundo maior produtor mundial de carne de frango, superando a China, atrás apenas dos EUA. Para o País, é estimado aumento de cerca de 3% sobre 2014, ano em que a produção chegou aos 12,692 milhões de toneladas, conforme números do próprio setor avícola brasileiro. Com isso, o volume brasileiro de 2015 chega aos 13,080 milhões de toneladas. Além das previsões do USDA, publicamos alguns artigos de especialistas e lideranças do setor avícola. Há comentários de Gordon Butland, Osler Desouzart, Francisco Turra e Ariovaldo Zani, entre outros. Importante lembrar que estas opiniões, assim como os Informes Técnico-Comerciais, são de responsabilidade de seus autores. Trazemos também uma entrevista com Rogério Wagner Gonçalves, da GT Foods. Ele conta que até 2020 a empresa pretende ser a terceira maior no setor de avicultura no Brasil e aposta: 2016 será um ano favorável para o setor avícola. Inauguramos neste mês uma seção com a assinatura de Marco Ibañez, diretor da Formato IB Comunicação Integrada, sobre marketing corporativo. É isso e muito mais. Assim, esperamos continuar nossa contribuição para trazer informação de qualidade, que permitam o planejamento da produção de frango em 2016. Em tempo: Nosso leitor confere na página 17 um anúncio do Centro Infantil Boldrini, sediado em Campinas, SP. Trata-se do maior hospital especializado na América Latina na área da onco-hematologia pediátrica, que há 37 anos cuida de crianças e adolescentes com câncer e doenças do sangue. O Boldrini está realizando a campanha Dê Uma Mãozinha pro Boldrini, através da qual tem o objetivo de arrecadar 1 milhão de reais, até o dia 17 de dezembro por meio do sistema 0500. O AviSite está apoiando esta iniciativa com a divulgação da campanha. Mais informações estão disponíveis no anúncio. Boa leitura um ótimo fim de ano!
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A Revista do AviSite
Mundo Agro Editora Ltda. Rua Erasmo Braga, 1153 13070-147 - Campinas, SP
ISSN 1983-0017 nº 99 | Ano VIII | Dezembro/2015
expediente Publisher Paulo Godoy paulogodoy@avisite.com.br Redação Érica Barros (MTB 49.030) Giovana de Paula (MTB 39.817) imprensa@avisite.com.br Comercial Karla Bordin comercial@avisite.com.br Diagramação e arte Mundo Agro e Innovativa Publicidade luciano.senise@innovativapp.com.br Internet Gustavo Cotrim webmaster@avisite.com.br Administrativo e circulação Caroline Esmi financeiro@avisite.com.br
Os informes técnicoempresariais publicados nas páginas da Revista do AviSite são de responsabilidade das empresas e dos autores que os assinam. Este conteúdo não reflete a opinião da Mundo Agro Editora.
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performance beyond phytase A Revista do AviSite
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Eventos Janeiro 26 a 28
International Production and Processing Expo (IPPE) Local: Georgia World Congress Center, Atlanta (EUA) Realização: American Feed Industry Association, American Meat Institute e U.S. Poultry & Egg Association Informações: www.ippexpo.com E-mail: info@uspoultry.org
Conferência Facta: abertas as inscrições e submissões ao Prêmio Lamas
Fevereiro 16 e 17
Curso Facta Nutrição: Matrizes e Frangos Local: Campinas, SP Realização: Facta Telefone: (19) 3243-8542 Informações: www.facta.org.br E-mail: facta@facta.org.br
Março 15 a 19
XIV Congresso APA Prod. e Comerc. de Ovos Local: Ribeirão Preto, SP Realização: APA Telefone: (11) 3832.1422 E-mail: diretoria@apa.com.br
Abril 5a7
XVII Simpósio Brasil Sul de Avicultura e VIII Poultry Fair Local: Chapecó, SC Realização: Nucleovet Informações: www.nucleovet.com.br
A Fundação Apinco de Ciência e Tecnologia Avícolas (Facta) já abriu as inscrições para a Conferência Facta 2016 e também para as submissões ao Prêmio Lamas Sempre na vanguarda dos eventos avícolas, a Conferência FACTA 2016 trará para discussão as questões relacionadas à sustentabilidade na avicultura. Palestrantes convidados irão discorrer sobre temas de grande relevância visando a compreensão dos desa-
Trabalhos para o Prêmio José Maria Lamas da Silva podem ser enviados até o dia 19/02/2016
13 a 15
I Poultry Nutrition and Production Conference e III Simpósio de Avicultura do Local: João Pessoa, PB Realização: Grupo de Estudos em Tecnologias Avícolas/UFPB Telefone: (83) 3362-2504 E-mail: contato@getaufpb.org.br Informações: www.getaufpb.org.br
Maio 17 a 19
Conferência Facta 2016 Local: Expo Dom Pedro, Campinas, SP Realização: Facta Contato: (19) 3243-8542 E- mail: facta@facta.org.br Informações: www.facta.org.br
Agosto 16 a 19
11º Simpósio Técnico Acav: Incubação, Matrizes de Corte e Nutrição Local: Balneário Camburiú, SC Realização: Acav (Associação Catarinense de Avicultura) Informações: www.acavsc.org.br/simposio
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fios e oportunidades para a avicultura brasileira. Também estará em sua 33ª versão o Prêmio José Maria Lamas da Silva, apresentado no primeiro dia do evento, com a meta de interagir de forma mais acentuada os interessados no conhecimento técnico-científico e sua aplicação para melhorar a produção no setor. Além disso, durante o evento haverá a tradicional premiação dos trabalhos orais e pôsteres, escolhidos por comissões formadas por técnicos e pesquisadores das diferentes áreas do conhecimento. O Prêmio FACTA – Mérito Técnico e Científico também será entregue durante a Conferência FACTA 2016, quando será reconhecido o profissional atuante na avicultura durante o período. Confira as normas e envie seu trabalho para o Prêmio José Maria Lamas da Silva, até o dia 19/02/2016. São esperados ao redor de 600 participantes como técnicos da agroindústria, consultores, empresários, pesquisadores, professores, pós-graduandos e graduandos envolvidos no setor avícola nacional e internacional. Mais informações: www.facta.org.br/ conferencia2016.
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Painel do Leitor Envie seus comentários e sugestões para o email imprensa@avisite.com.br, com nome completo, profissão e cidade, ou ainda participe de nossas redes sociais
Novas diretrizes para modernização do sistema de inspeção de produtos de origem animal As propostas do MAPA abrangem as particularidades dos serviços de inspeção federal, estadual, distrital e municipal. Muito propício esta atitude do mapa, em criar o macrotemas para todos os estados, em que precisamos urgentemente de uma lei severa contra os clandestinos. Prevenir é bem melhor. É mais segurança para toda a saúde brasileira. João Henrique Salomão Sobrinho, Teófilo Otoni, MG /avisite.portaldaavicultura Acesse nosso site @AviSite
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As sete notícias mais lidas no AviSite em 2015
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Ranking AviSite: As 10 maiores empresas no abate de frangos Pela ordem, as empresas que se destacam são BRF, JBS, Aurora, GT Foods, Copacol, C. Vale, São Salvador Alimentos, Zanchetta, Cooperativa Lar e Nutriza. Importante dizer que os números da JBS não incluem os abates de empresas adquiridas no decorrer de 2014.
Embarques in natura superam recorde mantido há mais de 3 anos O recorde nas exportações brasileiras de carne de frango in natura – 338.399 toneladas – de maio de 2012, foi superado pelos embarques de junho de 2015, com volume de 371.328 toneladas, representou incremento de praticamente 10%.
No Brasil, oito empresas detêm 63% da produção e abate de frango Em termos continentais, a liderança é do Brasil. O País detém pouco mais de 50% de um plantel de frangos, cujo total latino-americano é de 11,5 bilhões de cabeças. Na produção de ovos a liderança pertence ao México, com 152 milhões de poedeiras.
BRF e JBS: participação no mercado do frango em 2014 Em termos de cabeças abatidas e partindo do princípio de que em 2014 foram abatidas no Brasil 5,965 bilhões de cabeças de frango, a BRF respondeu por quase 28% do total, enquanto à JBS couberam outros 16%. O que significa que ambas foram responsáveis por mais de 40% dos abates.
Influenza aviária põe em xeque exportação de frango dos EUA México, Canadá, China, Coreia do Sul estão entre os países com restrição à carne de frango e a outros produtos dos EUA. É a resposta ao surgimento no país de novos focos de IA, nos estados sob influência da chamada “rota migratória do Mississipi”.
H5N1 da Influenza Aviária chega, agora, às Américas Em 2015 o H5N1 volta ao noticiário. E, desta vez, nas Américas. Sua presença foi confirmada no Canadá, na Columbia Britânica. A mesma província onde, em dezembro de 2014, as autoridades de saúde animal locais identificaram a presença do subtipo H5N2 da IA.
MAPA estabelece normas de inspeção para agroindústrias de pequeno porte A IN nº 16, de 23 de junho de 2015 definiu como “estabelecimento agroindustrial de pequeno porte de produtos de origem animal” a propriedade de agricultores familiares com área útil construída de até 250m2, para o abate ou industrialização de animais produtores de carnes.
A Revista do AviSite
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Notícias Curtas
Cuidado
EUA
Frango mantém posição na pauta de exportação; milho chama atenção
Muda o quadro dos 10 principais importadores
No acumulado dos 10 primeiros meses de 2015 a carne de frango in natura se mantém como o quarto principal produto exportado neste ano pelo Brasil, atrás apenas da soja em grão, do minério de ferro e do petróleo em bruto. O produto vem respondendo, em 2015, por 3,23% das divisas obtidas pelo País com a exportação. Mas quem mais chama a atenção no grupo dos 10 principais produtos da pauta – seja pelo aumento de participação, seja pelo incremento na receita cambial – é o milho. Que, a despeito da boa safra mundial, vem ganhando o mercado externo (inclusive os EUA) graças ao preço convidativo no mercado internacional. A avicultura já viu cenário parecido poucos anos atrás. E, infelizmente, os resultados não foram bons para o setor. Portanto, cuidado.
EXPORTAÇÃO BRASILEIRA
10 principais produtos da pauta - Janeiro-outubro de 2015 US$ BILHÕES FOB PRODUTO EXPORTADO
RECEITA CAMBIAL
VAR. ANUAL
IMPORTADOR
2014
2015
VARIAÇÃO
% DO TOTAL
México
532,1
501,0
-5,86%
22,89%
Taiwan
91,8
137,3
49,60%
6,27%
Canadá
116,6
137,2
17,69%
6,27%
Angola
156,4
106,9
-31,63%
4,88%
Hong Kong
79,0
101,4
28,28%
4,63%
Cuba
111,6
75,8
-32,07%
3,46%
PARTIC. NA PAUTA CAMBIAL
Guatemala
59,7
75,4
26,27%
3,45%
% DO TOTAL
Geórgia
67,1
59,6
-11,24%
2,72%
VAR. ANUAL
Iraque
65,0
59,5
-8,36%
2,72%
Vietnam
42,0
58,7
39,82%
2,68%
Subtotal (10 países)
1321,3
1312,8
-0,65%
59,97%
-9,59%
Demais (134 países)
1182,0
876,2
-25,87%
40,03%
3,23%
7,75%
Total (144)
2503,3
2189,0
-12,56%
100,00%
-18,35%
3,11%
-2,37%
4,684
-23,75%
2,92%
-8,82%
Café em grão (7)
4,644
-4,14%
2,89%
14,62%
8
Celulose (9)
4,626
4,00%
2,88%
24,36%
9
Carne Bovina* (8)
3,795
-21,61%
2,36%
-6,27%
10
MIlho em grão (11)
3,102
13,59%
1,93%
35,81%
1
Soja em grão (1)
20,151
-12,85%
12,55%
4,20%
2
Minério de ferro (2)
11,900
-46,51%
7,41%
-36,04%
3
Petróleo em bruto (3)
10,233
-24,39%
6,37%
4
Carne de frango* (6)
5,189
-9,88%
5
Farelo de soja (5)
4,999
6
Açúcar em bruto (4)
7
Subtotal 10
73,325
-21,82%
45,67%
-6,52%
Demais
87,220
-11,16%
54,33%
6,23%
TOTAL
160,545
-16,37%
100,00%
0,00%
Fonte dos dados básicos: SECEX/MDIC / Elaboração e análises: AVISITE - *Exclusivamente produto in natura
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EUA
10 principais importadores de carne de frango Janeiro-setembro de 2014 e 2015 MIL TONELADAS
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Fonte dos dados básicos: USDA Elaboração e análises: AVISITE Números entre parênteses indicam posição no mesmo período de 2014
Rápida análise dos atuais 10 principais importadores mostra que apenas dois deles (Guatemala, 12º lugar em 2014; e Vietnam, 17º) são novatos no grupo, ambos apresentando significativo aumento em suas importações. Os dois países substituídos por Guatemala e Vietnam tinham muito maior peso nas exportações dos EUA. O primeiro deles é a Rússia. Que, entre janeiro e setembro do ano passado, ocupou o posto de terceiro maior importador e, neste ano, permanece com suas compras zeradas. O outro país ausente da presente relação dos “10 mais” é a China. Que também zerou suas compras a partir do momento (fevereiro de 2015) em que se avolumaram os casos de Influenza Aviária nos EUA
Profissionalização da agropecuária
Nova política chinesa pode favorecer países exportadores de carnes Lançado recentemente, o novo Plano Quinquenal da China, que também trouxe a notícia do abandono oficial da “política do filho único”, estabelece os planos de governo para o quinquênio 2016-2020. O documento sinaliza futura adoção de novas estratégias no tocante ao abastecimento de alimentos para a população. E revela, por exemplo, a próxima introdução de uma política mais voltada para as importações do que para o aumento da capacidade de produção. Os focos serão a estabilidade da produção e a melhora qualitativa dos alimentos produzidos. A demanda chinesa por grãos deve passar de 600 milhões de toneladas em 2014 para cerca de 700 milhões de toneladas em 2020. Isso vai representar, provavelmente, déficit de 100 milhões de toneladas que será preenchido por importações. A meta é manter autossuficiência apenas com o arroz e o trigo. Professor da Universidade Renmin (Pequim), o economista agrícola Zheng Fengtian afirma que há uma grande chance de, nestes próximos cinco anos, o país aumentar as importações não
Demanda chinesa por grãos deve passar de 600 milhões de toneladas em 2014 para cerca de 700 milhões de toneladas em 2020 apenas de grãos como soja e milho, mas também de carnes e leite. E acrescenta que essa é a típica estratégia do tipo “ganha-ganha”, pois, internamente, haverá maior disponibilidade de áreas para o plantio de trigo e arroz e, do ponto de vista do abastecimento, o suprimento externo será não só abundante, mas também mais barato [que a produção interna]. O 13º Plano Quinquenal chinês também anuncia a intenção de alterar radicalmente a forma de produção dos alimentos consumidos internamente. E o que se busca, naturalmente, é a profissionalização da agropecuária.
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Notícias Curtas
Parceria
Operações em dólar
EUA e África do Sul firmam acordo de equivalência sanitária para o frango
Os grandes lucros do setor no terceiro trimestre de 2015
África do Sul concordou que, na eventualidade de um surto de IA nos EUA, as importações de carne de frango continuarão sendo realizadas a partir das regiões não afetadas pelo vírus
Independente de ganharem acesso a importantes mercados através do Acordo Transpacífico, os EUA buscam garantir outros mercados estranhos a esse tratado de livre comércio. Caso da África do Sul, com a qual acabam de firmar acordo de equivalência sanitária não só para a carne de frango, mas também para pintos de um dia. Há anos os EUA lutam para recuperar o mercado sul-africano, perdido nos anos 1990, após acusações de dumping. Em junho de 2015 (Paris), em amplo tratado de comércio e investimentos firmado com os sul-africanos, o governo norte-americano conseguiu inserir no texto aprovado a fixação de uma quota para fornecimento de carne de frango à África do Sul, processo que se iniciaria após a assinatura de acordo de equivalência sanitária. Mas, com o agravamento do problema sanitário da avicultura norte-americana pela Influenza Aviária (pelo menos era essa a justificativa), o governo da Repúbli-
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ca da África do Sul vinha protelando ao máximo a assinatura do acordo. Até que veio o ultimato: firma-se a equivalência sanitária ou todo o tratado de Paris será anulado. No tratado de equivalência sanitária que acaba de ser assinado, a África do Sul concordou com cláusula estipulando que, na eventualidade de um futuro surto de Influenza Aviária nos EUA, as importações de carne de frango continuarão sendo realizadas normalmente a partir daquelas regiões que não foram afetadas pelo vírus. Uma vez que, no mais recente surto, nenhuma área da avicultura de corte norte-americana registrou a presença do vírus da IA, as exportações dos EUA tendem a se desenvolver sem problemas. E tudo começa com uma quota de 60 mil toneladas de carne de frango – quase dois terços das 92 mil toneladas que o Brasil exportou para a África do Sul entre janeiro e outubro deste ano.
Levantamento da revista Exame, da Editora Abril, mostra que as duas líderes do setor avícola – JBS e BRF – estão entre as 20 empresas brasileiras que obtiveram maiores lucros no terceiro trimestre de 2015. Em ranking no qual os bancos aparecem com maior frequência, a JBS apresentou o terceiro maior lucro – R$3,44 bilhões, quase 215% a mais que no mesmo trimestre de 2014 – e a BRF o 13º R$877,1 milhões, aumento de 40,5%. A despeito desses bons desempenhos, é oportuno esclarecer que os ganhos no setor ficaram praticamente restritos às empresas exportadoras e graças às operações em dólar. Pois no mercado interno, enquanto o custo de produção do frango no trimestre aumentou 15,3% em relação ao mesmo trimestre de 2014 (dado extraído do levantamento mensal da Embrapa Suínos e Aves), o preço recebido pelos abatedouros (dados da Jox Assessoria Agropecuária para o frango abatido resfriado comercializado no Grande Atacado da cidade de São Paulo) valorizou-se apenas 8,2%. Ou seja: abaixo não só do custo, mas também da inflação acumulada no período.
Ganhos no setor ficaram praticamente restritos às empresas exportadoras
Um quinto da receita cambial
Cooperativas seguem com resultados positivos na exportação Crescentes no decorrer do ano, em outubro passado as exportações de carne de frango das cooperativas sofreram sensível queda – decorrência, sobretudo, das fortes chuvas no Sul do País. Comparativamente a outubro de 2014, os embarques de carne salgada caíram 11,5%, os de cortes de frango in natura 17,5% e os de frango inteiro mais de 50%. Ainda assim o setor completou os 10 primeiros meses de 2015 com um desempenho superior ao das exportações globais brasileiras de carne de frango. Isto, tanto em termos de volume como de receita cambial. A carne de frango responde por mais de um quinto da receita cambial obtida pelas cooperativas com as exportações. Por outro lado, considerada a receita cambial total obtida pelo Brasil com a exportação de carne de frango, a participação das cooperativas supera ligeiramente os 16%, índice 17,5% superior aos 13,7% de participação registrados no mesmo período do ano passado.
CARNE DE FRANGO
Exportação das cooperativas - JANEIRO-OUTUBRO DE 2015
ITEM EXPORTADO
VOLUME
RECEITA
ML/T
VAR.
486,015
29,19%
765,128
7,99%
Carne de frango salgada (11)
40,679
-6,38%
107,901
-19,43%
Industrializados de frango (13, 20, 92 e 103)
15,059
32,57%
51,368
21,59%
Frango inteiro (19)
12,442
8,91%
18,865
-0,80%
554,195
25,26%
943,262
4,38%
% da receita cambial total das cooperativas e variação anual
20,93%
4,73%
% da receita cambial total da carne de frango e variação anual
16,04%
17,56%
Cortes de frango (2)
TOTAL
US$ MI
VAR.
Fonte dos dados básicos: SECEX/MDIC - Elaboração e análises: AVISITE
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Notícias Curtas
Apetite
BRF amplia lista de aquisições no exterior
BRF aumenta sua presença no Reino Unido (Universal Meats), na Argentina (Campo Austral) e estreia na Tailândia (Golden Foods Siam) Principal objetivo dos executivos que assumiram a gestão da BRF com a chegada do empresário Abilio Diniz à presidência do conselho de administração da empresa, a internacionalização da companhia ganhou no início de dezembro seu principal capítulo - ao menos até aqui. Com investimentos em torno de US$ 500 milhões, a BRF anunciou a aquisição de três empresas no exterior, ampliando sua presença na Argentina e no Reino Unido e estreando na Tailândia, quarto maior país exportador de carne de frango. Essas aquisições devem elevar em US$ 600 milhões o faturamento da BRF em 2016. Em 2014, a receita líquida da empresa totalizou R$ 29 bilhões. Com o anúncio, a BRF mais do que duplicou o montante investido na internacionalização. Desde que Abilio assumiu o comando da empresa, em abril de 2013, a BRF anunciou investimentos de cerca de US$ 900 milhões, considerando aquisições de companhias ou de participações em joint ventures, bem como a compra de marcas de alimentos.
BRF mais do que duplicou o montante investido na internacionalização 14
A Revista do AviSite
A intensificação das aquisições no exterior também coincide com o período em que Pedro Faria está no cargo de CEO global da BRF. Antes de assumir a função, em 1º de janeiro deste ano, o executivo liderou área internacional da empresa, já prospectando potenciais alvos. A maior aquisição é justamente a da tailandesa Golden Foods Siam, por US$ 360 milhões. Fundada em 1991, a empresa é uma das maiores produtoras de carne de frango do país asiático e tem capacidade para produzir cerca de 200 mil toneladas de produtos por ano, conforme Simon Cheng, executivo responsável pelas operações da BRF na Ásia. A empresa anunciou que firmou um memorando de entendimentos com a Pampa Agribusiness para adquirir a Campo Austral, por US$ 85 milhões. Trata-se da segunda maior produtora de carne suína da Argentina - o país se tornou uma das prioridades na estratégia da BRF. Principal executivo da empresa para a América Latina, Alexandre Borges disse que a Campo Austral tem capacidade anual para produzir 25 mil toneladas. Por fim, a BRF também anunciou ontem um memorando de entendimentos vinculante para adquiri, por 34 milhões de libras esterlinas (ou cerca de US$ 50 milhões) a Universal Meats, distribuidora de alimentos do Reino Unido que tem foco no atendimento ao food service - basicamente, os restaurantes. “A BRF passa a ser a única empresa do planeta capaz de atender a [demanda] partir do Brasil e da Tailândia. A aquisição marca o deslocamento do eixo de gravidade da companhia para o Sudeste Asiático”, ressaltou Pedro Faria. Na região, a BRF já havia investido na área de distribuição, com a aquisição, por US$ 19 milhões, de um fatia de 49% em uma joint venture em Cingapura. As informações são do valor Econômico.
Exercício fiscal de 2015
Tyson alcança lucro líquido de US$ 1,2 bilhão Impulsionada pelo desempenho das divisões de carne de frango e de alimentos processados, a americana Tyson Foods, uma das maiores empresas de proteína animal dos EUA, fechou o exercício fiscal de 2015 (encerrado em 3 de outubro) com lucro líquido de US$ 1,120 bilhão, avanço de 31% ante o lucro de US$ 856 milhões do ano anterior. Segunda maior responsável pelo faturamento da Tyson, a divisão de carne de frango teve a melhor margem operacional no exercício fiscal de 2015. No período, a margem operacional do negócio de carne de frango foi de 12%, incremento de 4,1 pontos percentuais na comparação com os 7,9% do ano anterior. Na mesma base de comparação, a receita com as vendas de carne de frango cresceu 2,46%, atingindo US$ 11,390 bilhões. De acordo com a Tyson, o desempenho da divisão de carne de frango foi puxado pelo custos mais baixos na aquisição de grãos — a Tyson economizou US$ 440 milhões na comparação com o exercício fiscal de 2014. Mas também houve dificuldades. No período, a companhia foi afetada pelos embargos que diversos países impuseram à carne de frango dos EUA devido ao surto de gripe aviária que atingiu regiões do país, e a expectativa é que os embargos continuem em 2016. As informações são do valor Econômico.
S-70E
ALIMENTAÇÃO SIMULTÂNEA, RESULTADO COMPROVADO.
Divisão de carne de frango teve a melhor margem operacional no exercício fiscal de 2015. Receita com as vendas cresceu 2,46%, atingindo US$ 11,390 bilhões
COMEDOURO DE CORRENTE COM SUSPENSÃO
A CASP lança no mercado a solução para alimentação de matrizes S-70E. Projetado para que todas as aves tenham acesso simultâneo ao alimento, é fácil de montar, desmontar e limpar. Promove maior segurança operacional e precisão na hora de distribuir o volume da ração, garantindo maior controle, aumento da vida útil dos equipamentos e abastecimento uniforme do circuito quando está suspenso. COMEDOURO DE CORRENTE COM SUSPENSÃO S-70E, facilidade e produtividade de uma só vez.
www.casp.com.br A Revista do AviSite
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Notícias Curtas
60 anos
Cooperativa Languiru homenageia associados fundadores
Filho Elson Bayer representou o associado fundador Arnaldo Bayer, matrícula 04, a mais antiga com representante até os dias de hoje No dia 13 de novembro, durante a programação do 60º aniversário, a Cooperativa Languiru homenageou os associados fundadores, reconhecimento à dedicação, união de esforços e visão empreendedora dos 174 pequenos produtores que se reuniram no dia 13 de novembro de 1955 para constituir a cooperativa com sede em Teutônia. Hoje, presente em mais de 70 municípios nos Vales do Taquari, Caí, Rio Pardo e região da Serra, com unidades comerciais, industriais e administrativas em 13 cidades, a Languiru conta com
cerca de 6,1 mil associados. Sessenta anos depois, 19 associados fundadores ainda viviam até o dia 13 de novembro de 2015 e foram convidados para momento especial de reconhecimento. “Para a Cooperativa Languiru, é motivo de júbilo poder contar com esses associados fundadores em vida. Por esse motivo, eles foram convidados e, em nome deles, pudemos prestar a merecida homenagem a todos os fundadores e suas famílias”, frisou o presidente da Languiru, Dirceu Bayer.
Superação
Ad’oro, de SP, sai da recuperação judicial Três anos e meio após pedir recuperação judicial por uma dívida de R$ 140 milhões, a indústria de carne de frango Ad’oro, que tem sede em Várzea Paulista (SP), conseguiu superar a situação. A juíza Erica Midori Sanda, da 1ª Vara da Comarca de Várzea Paulista, acolheu o pedido da empresa para sair do processo de recuperação. “Declaro que o plano de recuperação judicial foi cumprido e, por consequência, decreto o encerramento da recuperação”, decidiu a juíza, em sentença em 11 de novembro. Pelos termos da lei, uma companhia pode deixar a condição de recuperanda dois anos após a aprovação de seu plano de recuperação judicial, se ele tiver sido cumprido. O plano da Ad’oro foi aprovado pelos credores em fevereiro de 2013 e estabeleceu, além de um ano e meio de carência, 12 anos para o total pagamento das dívidas. Fundada em 1989 pela família Lutfalla, a Ad’oro informa em seu site ter três unidades - um centro de processamento e distribuição em Várzea Paulista, uma fábrica de ração em São Carlos e um incubatório em Rio Claro. As informações são do valor Econômico.
Otimista
Aurora projeta crescimento de 10% com vendas de fim de ano As vendas de produtos para a ceia de Natal e as festas de fim de ano crescerão estimuladas pela tradição de mesa farta e terão a ajuda da taxa cambial: o dólar valorizado fará o consumidor brasileiro preferir os produtos nacionais. O encarecimento da carne bovina também contribuirá para fortalecer a opção por produtos à base de carnes de aves e de suínos. Com base nesse cenário, a Cooperativa Central Aurora Alimentos – terceiro grupo do segmento de carnes do País – prevê um crescimento de 10% no faturamento do final do ano.
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A programação das vendas de outubro e novembro confirma esse quadro otimista, de acordo com o diretor comercial Leomar Somensi. A afamada série de produtos Aurora será o “carros-chefe” de vendas natalinas neste ano nas linhas de carnes de aves e de carnes suínas. Em aves na marca Aurora, o carro-chefe será o Blesser com tempero exclusivo que enaltece o sabor da carne macia e suculenta. O portfólio contempla várias iguarias, como o Peito de Blesser.
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Comemoração
Agroceres completa 70 anos em pleno vigor econômico
Fachada da sede da Agroceres em Rio Claro, SP
Nos últimos cinco anos a empresa passou por grandes investimentos e avisa: vem mais por aí
A
Agroceres, uma das mais tradicionais, conceituadas e respeitadas empresas do agronegócio brasileiro completou em 2015 setenta anos de fundação. A empresa foi criada pelo agrônomo mineiro Antônio Secundino de São José, nascido em 1910 em Santa Rita de Patos, hoje Presidente Olegário (MG), na época um distrito de Patos de Minas. Aos 21 anos se formou na primeira turma de agronomia da ESAV, Escola Superior de Agricultura Viçosa (hoje Universidade Federal de Viçosa, UFV). Aos 27 anos, professor da ESAV, recebeu bolsa para estudar no Iowa State College, nos EUA.
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Lá passou os primeiros seis meses estudando melhoramento genético de plantas e os dois meses seguintes visitando escolas de agricultura e estações experimentais. Percorreu milhares de quilômetros por 21 estados norte-americanos e ficou impressionado com os resultados de uma tecnologia introduzida em 1926 e que naquele momento já se encontrava amplamente difundida no país: a semente de milho híbrido, resultado do cruzamento de linhagens puras, obtidas por autofecundação até que gerassem descendentes geneticamente homogêneos, ou puros. Com o cruzamento de linhagens puras obtinham-se sementes com vigor híbrido, capazes de gerar plantas com
produtividade muito acima das sementes convencionais da época, selecionadas a partir da safra anterior. Em sua volta ao Brasil, Secundino trouxe uma coleção de linhagens e cruzamentos de milho obtidos em universidades americanas e iniciou, com Gladstone Drummond, professor e pesquisador da ESAV, pesquisas para obter um milho híbrido adaptado às condições brasileiras. Os resultados mostraram, porém, que, com uma única exceção, as linhagens e variedades trazidas dos EUA não se adaptariam ao clima tropical e subtropical brasileiro. A exceção, a variedade Tuxpan Yellow Dent, daria origem a várias linhagens bem adaptadas, mas não seria suficiente para a obtenção de um híbrido brasileiro. Seria necessária a criação de outras linhagens a partir de variedades brasileiras Em 1941, Secundino aceitou convite para ser secretário de Agricultura, Transportes, Indústria e Comércio da
“Temos uma atividade diversificada. No geral, o ano de 2015 foi muito bom para a Agroceres, graças aos seus diferencias internos. Poderia, eventualmente, ser melhor caso o país estivesse em outro momento econômico e político. Infelizmente, ninguém está imune às dificuldades atuais. A Agroceres tem autoconfiança no que ela faz internamente para ser competitiva e isso nos diferencia. Uma empresa somente consegue se manter competitiva se ela cumpre seu papel, internamente, em vez de apenas contar com ciclos favoráveis do mercado. Tem que buscar constante evolução tecnológica nas suas atividades fins e na sua gestão. Não temos nada melhor a fazer a não ser fazer melhor, sempre.
Já para o ano de 2016, apesar de as projeções para o consumo interno não serem as mais otimistas, o fato de o câmbio estar favorável às exportações, torna ainda possível um cenário predominantemente positivo para o agronegócio. Temos muita força e competividade internacionalmente. Na Agroceres vamos manter nossos planos de investimento. Realmente não é fácil ser empresário no Brasil, com tanta imprevisibilidade, mudanças de regra por parte do governo e o já clássico ‘custo Brasil’. É neste contexto que temos de criar diferenciais no mercado que possibilitam o crescimento econômico dos nossos negócios”.
Paraíba. Ficou em João Pessoa até 1942, quando, com tifo, decidiu voltar. Trabalhou por dois anos na Comissão Brasileiro-Americana de Produção de Gêneros Alimentícios e em seguida foi contratado para trabalhar na General Mills, em Niterói (RJ). Lá conheceu o químico John Ware, que o incentivou a apresentar o seu projeto de milho híbrido à companhia. A apresentação foi feita, mas a empresa não aprovou o investimento. Secundino e Ware, porém, não desistiram do projeto. Com capital obtido junto ao sogro, Secundino convidou Gladstone Drummond e outro amigo, Adylio Vitarelli, enquanto Ware trouxe um conterrâneo, Dee William Jackson, para o grupo. Os cinco decidiram dar à empresa o nome de Ceres – deusa romana das colheitas, da qual vem a palavra cereal –, mas a marca já pertencia a outra companhia. Eles então acrescen-
taram a palavra “agro” ao nome “ceres” e daí surgiu, em 20 de setembro de 1945, a “Agroceres”. Secundino seria o primeiro presidente da empresa. O primeiro milho híbrido comercial do Brasil foi desenvolvido a partir de linhagens obtidas da variedade Tuxpan Yellow Dent, derivada da Tuxpeño mexicana, e das variedades brasileiras Catete, Xavier e Amarelão, testadas e melhoradas durante anos por Gladstone e Secundino. A produção começou na Fazenda São Fernando, de 65 hectares, adquirida em Goianá, distrito de Rio Novo (MG). No primeiro ano a empresa produziu e vendeu 3 mil quilos de sementes embaladas em saquinhos costurados na máquina de costura de Dona Memorina, esposa de Secundino Esses foram os primeiros passos de uma das maiores potências do agronegócio brasileiro. Hoje, passadas sete dé-
Fernando Pereira Presidente executivo da Agroceres
“Nos últimos cinco anos a Agroceres adquiriu três empresas: a Multimix (2010), Santa Helena Sementes (2011) e a GenetiPorc (2014). Estas aquisições fortaleceram os pilares de negócios da empresa. O resultado recorde da Agroceres em 2015 é reflexo dessa firme ação no mercado, com grande eficiência operacional”. Marcelo Ribeiral Vice-presidente administrativo da Agroceres
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cadas, a empresa mantém seu perfil visionário e trabalha com olhos voltados ao futuro. Hoje, com o amparo científico das pesquisas, a Agroceres atua em diferentes frentes de negócios: nutrição animal, genética de suínos, sementes de milho e sorgo, produção de formicidas e pesquisa, produção, processamento e comercialização de palmitos. De acordo com o vice-presidente administrativo da Agroceres, Marcelo Ribeiral - filho de Urbano Ribeiral, cunhado do Ney Bittencourt de Araújo e que atuou como presidente por muitos anos na Agroceres e é o atual presidente do conselho da empresa - a Agroceres mantém os resultados positivos economicamente, pois nunca abandonou ‘os pilares que a sustentam’: coordenação com todas as áreas, atendimento (com capacitação e treinamento), busca pela qualidade, constante avaliação e pesquisa. “Somente assim
Comemoração
podemos disponibilizar produtos que geram resultados de fato aos nossos clientes”, explicou. Ribeiral, que completará 25 anos de trabalho na Agroceres em 2016, afirma que todas as decisões da empresa são baseadas em dados e análises. “Temos toda uma estrutura de análise e pesquisa, com fontes de dados que contribuem para o sucesso da empresa”, destacou. “É bom saber que, mesmo assim,
“A Agroceres é uma empresa formadora de opinião, que tem a responsabilidade de gerar informação e conhecimento de forma consistente e confiável, para que os segmentos produtivos onde ela atua no agronegócio sejam cada vez mais produtivos, rentáveis e sustentáveis. Esta é uma função que requer grande conhecimento do nosso mercado e alto investimento em recursos na busca e desenvolvimento de novas tecnologias aplicáveis ao campo. Sabemos que o agronegócio tem se tornado cada vez mais competitivo e exigente, e somente diferenciaremos a nossa marca
com uma proposta de valor consistente e transparente. A proposta de valor da marca Agroceres está baseada em quatro pilares: Tecnologia & Inovação; Qualidade; Atendimento e, acima de tudo, Resultado. Foi desta forma que conseguimos conquistar a confiança dos nossos cliente nestes 70 anos de atuação e assim que pretendemos manter essa confiança pelos muitos anos que ainda virão”.
sempre há muito que ser feito em todas as frentes de negócios da Agroceres. Uma empresa não pode deixar de investir nunca em produtos, pesquisa e também no fator humano. Nossa equipe, é quem, de fato, constrói toda esta realidade. Somente nos sentimos realizados quando obtemos um aumento de produtividade e lucratividade aos nossos clientes. Isso é o que nos motiva e nos instiga, constantemente”, disse.
Ele ainda cita um fator de extrema importância para a Agroceres: o diálogo com os clientes. “É preciso saber dialogar com os clientes, entender sua demanda e adaptar os produtos exatamente à sua necessidade. Vivemos em um cenário setorial e macroeconômico no qual as margens de lucratividade são curtas e precisam ser sempre ajustadas. Isso somente é possível com um amplo entendimento da realidade de
“A Agroceres é uma empresa que ‘respira’ tecnologia e que transpõe as barreiras do conhecimento. Revolucionária, busca sempre atuar com sustentabilidade e que valoriza, acima de tudo, sua gente, por isso ela faz 70 anos com grande ‘vigor econômico’. A forma como a Agroceres lida com seus funcionários é fantástica! Fiquei fã da empresa desde os tempos de Ney Bittencourt de Araújo - agrônomo formado pela ESAV e filho de Antônio Secundino de São José, que assumiu a presidência da empresa em 1971. Ele, assim como o pai era um visionário. Ele tinha a convicção de que a empresa não poderia depender somente de semente de milho e precisava diversificar-se. Tive muito contato com a direção e os funcionários da empresa, atuei como conselheiro e estreitei muito minhas relações com a Agroceres, até por conta da minha proximidade com o Ney, uma das vozes mais respeitadas do agribusiness brasileiro. Esta é uma expressão inglesa que ele divulgou no país para se referir, sem precisar de tantas palavras, à cadeia de produção e venda de alimentos que se inicia
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Vítor Vanetti Diretor de marketing corporativo da Agroceres
no campo e termina na cidade. Sob seu comando, a Agroceres se transformou de uma produtora de sementes de milho num centro de desenvolvimento de genética vegetal e animal. E, assim, ganhou grande visibilidade. Em 1993 Ney liderou a criação da Abag, Associação Brasileira de Agribusiness (atual Associação Brasileira do Agronegócio). A Abag foi a primeira e é hoje uma das principais entidades a representar os interesses comuns dos diversos elos da cadeia do agronegócio brasileiro: insumos e equipamentos agrícolas; agricultura e pecuária; e alimentos, energia e fibras; ou como Ney preferia dizer: antes da porteira, dentro da porteira e depois da porteira. Desde os tempos da Fundação da Abag e da Frente Ampla da Agricultura nos aproximamos, ainda nos anos 80. Naquele tempo, almoçávamos pelo menos uma vez por semana para analisar questões ligadas ao agronegócio e como poderíamos desenvolver uma política que levasse ao seu desenvolvimento. Nosso objetivo era servir ao próximo, colocar a agricultura à disposição do país, para um bem comum. Ney trazia a visão acadêmica para o agronegócio. A Agroceres é uma empresa que reflete esse pensamento desenvolvimentista”. Roberto Rodrigues Ex-ministro da Agricultura, coordenador do Centro de Agronegócios da Fundação Getúlio Vargas e pesquisador do Instituto de Estudos Avançados da USP.
“A Agroceres está diretamente ligada à minha formação como profissional na área de nutrição. Logo no início de carreira iniciei meu trabalho na empresa. Tive a oportunidade de entrar em uma empresa formadora de excelentes profissionais, com um excelente ambiente de trabalho, de muito companheirismo, com isso tive a sorte de ter uma boa base na minha formação. Temos uma excelente equipe, que mesmo com as dificuldades do mercado está sempre motivada a fazer o melhor. A história da empresa nos inspira a trabalharmos para contribuirmos cada dia mais com nossos clientes. Pertencemos a um grupo de profissionais valorizados e reconhecidos pela empresa. Tenho orgulho de dizer que trabalho em uma empresa de confiança, que prima pela qualidade de seus produtos, pela inovação tecnológica e pelo atendimento e resultado dos seus clientes. Foram muitas conquistas ao longo destes anos, com muito trabalho e dedica-
nossos clientes que são, acima de tudo, empresários”, destacou. O atual presidente executivo da Agroceres, Fernando Pereira, há 32 anos na empresa e que lá iniciou seu trabalho como pesquisador da área de genética de suínos, relata que o
ção, trabalhamos com um excelente planejamento. Várias mudanças e conquistas marcaram nosso crescimento, porém uma de destaque foi a aquisição e incorporação da Multimix. Como trabalho com avicultura, sempre tive a Multimix como grande referência desde a época de estudante. O processo de fusão foi muito trabalhoso, porém de grande crescimento pessoal e profissional. Estava recém exercendo a função de gerente e a administração de culturas diferentes foi um enorme desafio. Com muito trabalho, persistência, apoio da equipe e dos gestores, conseguimos superar as diferenças e conseguimos excelentes resultados. Tivemos um crescimento considerável. Os clientes aprovaram e elogiaram nosso trabalho. O processo de fusão foi realmente uma grande oportunidade de aprendizado”. Flávio José de Araújo Ruiz Gerente Regional Vendas – Avicultura, há 13 anos na Agroceres
“Sempre vi a Agroceres como uma empresa presente na minha vida, pois meus avós já utilizavam as sementes de milho há um bom tempo. Quando passava na estrada Rio Claro – Piracicaba, pensava em trabalhar um dia na Agroceres e finalmente este dia chegou há aproximadamente dois anos e me senti literalmente em casa. Hoje a Agroceres se confunde com a minha própria vida, pois quase todo o tempo estamos envolvidos com a empresa, trabalhando, organizando as ações, nos desenvolvendo por ela, pensando no que podemos melhorar e principalmente olhando para o futuro, para os próximos 70 anos, levando uma marca que já é reconhecida pelo mercado como ‘excelência em confiança e bons produtos’, para alcançar novos patamares. O que mais me chamou atenção nos últimos tempos na Agroceres foi a imple-
mentação e a rápida absorção por toda a equipe de comercial de uma técnica de vendas que ajuda cliente e empresa a encontrar as melhores soluções. Aplicamos esta metodologia diariamente no campo, e por muitas vezes clientes que estão com dificuldades de enxergar suas fraquezas, as transformam em fortalezas após as modificações encontradas em conjunto com o nosso pessoal. Tenho 25 anos de experiência e posso relatar que a Agroceres é, sem dúvida nenhuma, a empresa hoje no mercado que mais está atenta na formação continuada dos seus colaboradores, através de treinamentos constantes, atualizações em cursos internos e externos, participação em eventos, motivando como um todo a empresa”.
que o fez criar tanta identidade com a empresa é o seu perfil de buscar e privilegiar o conhecimento. “Quando uma empresa atua sob bases firmes de tecnologia e inovação, além de primar pela qualidade e relacionamento com funcionários e clientes
fica mais fácil criar uma similaridade para atuação”, disse. “Nossa sustentabilidade vem do sentimento que temos quando atingimos um bom resultado para nossos clientes. Nosso maior objetivo é converter conhecimento em resultados”, disse.
Reginaldo Sérgio Teixeira Filho Gerente Regional de Vendas, há dois anos na Agroceres
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A Revista do AviSite
2016: O frango no mundo USDA
Brasil: segundo mundial de carne A indicação é do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA): em 2015 o Brasil supera a China, tornando-se o segundo maior produtor de carne de frango do mundo, atrás apenas dos EUA. Não chega a representar um resultado inesperado. Pois uma primeira indicação nesse sentido veio do próprio USDA exatamente um ano atrás, quando o órgão divulgou suas primeiras previsões sobre a produção mundial de carne de frango para o ano de 2015.
Ainda que por margem mínima – diferença inferior a meio por cento – em 2015 produção brasileira supera a da China 22
A Revista do AviSite
Naquela ocasião, o USDA previa que a produção brasileira de 2014, então estimada em 12,680 milhões de toneladas, registraria crescimento próximo de 3,5% no ano seguinte, com o que chegaria aos 13,115 milhões de toneladas. E como, paralelamente, era prevista expansão “zero” para a produção chinesa – na época estimada em 13 milhões de toneladas – ficava claro que, mesmo por pequena diferença, o Brasil passaria a ocupar, na produção, a vice-liderança mundial. Porém, tais previsões sofreram total reviravolta no estudo seguinte, divulgado em abril de 2015. Pois, nele, a produção brasileira, ainda que crescente em relação ao ano anterior, foi revista para baixo em relação à previsão (-0,78%). Enquanto isso, opostamente, passou-se a prever ligeira expansão (cerca de 0,85%) na produção da China que, dessa forma, continuaria ocupando seu tradicional segundo lugar. O dado mais recente do USDA - de outubro de 2015 e contendo, já, os resultados preliminares de todo o exercício – indica que a expansão chinesa não alcançou o nível previsto: deve atingir 13,025 milhões de toneladas e aumentar, portanto, pouco mais de meio por cento em relação a 2014. Para o Brasil, por sua vez, é estimado aumento de cerca de 3% sobre 2014, ano em que a produção chegou aos 12,692 milhões de toneladas, conforme números do próprio setor avícola brasileiro. Com isso, o volume
brasileiro de 2015 chega aos 13,080 milhões de toneladas e supera pela primeira vez, ainda que por margem mínima (0,42%), o volume produzido pela China. Notar, a respeito dos números divulgados, que em suas avaliações o USDA desconsidera a produção de patas de frango. Portanto, a produção efetiva é maior que a apontada. Em relação, particularmente, à China, é oportuno acrescentar que os números do USDA levam em conta, essencialmente, a produção industrial.
maior produtor de frango
Ou seja: se considerada também a produção nativa, desenvolvida por milhares (milhões?) de pequenos avicultores, é certo que a China se transforma no maior produtor mundial de carne de frango. Como, aliás, ocorre na produção de ovos e na de carne suína. Registrada a chegada do Brasil ao posto de vice-líder mundial na produção de carne de frango (posição que tende a ser mantida no ano que vem), veja, na sequência, as previsões do USDA para a produção, importação, exportação e consumo mundiais das três carnes e, com maior detalhamento, as previsões relacionadas à carne de frango. A Revista do AviSite
USDA
Entre 2005 e 2015 produção mundial aumentou pouco mais de 40%. Porém, no trio de produtores líderes – EUA, China e Brasil – só este último registrou expansão acima da média
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2016: O frango no mundo USDA
2016: mundo em dificuldade econômica restringe a expansão das carnes Definitivamente, os tempos de grande expansão ficaram para trás. Em 2016, as três principais carnes devem registrar crescimento apenas marginal, previsão que se aplica tanto à produção como às exportações e importações e, ainda, ao consumo. Reflexos de um mundo que permanece em crise econômica difícil de ser superada. Frente a esse panorama, a produção mundial das três carnes tende a aumentar não mais que 1%, a menor expansão recaindo sobre a carne suína (menos de meio por cento), situação que espelha o fraco desempenho do maior produtor mundial, a China. As importações – prevê o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) – terão índice de expansão idêntico ao da produção: pouco mais de 1%. E, neste caso, a demanda acima da média (+2%) recai sobre a carne bovina, as transações com as carnes suína e de frango permanecendo quase estáveis em relação a 2015, com incremento em torno de meio por cento. Teoricamente, o volume exportado deveria corresponder ao volume importado. Mas no comércio mundial as coisas não funcionam exatamente assim. Tanto que o USDA prevê, para as exportações, incremento superior a 3%. E embora aqui a carne bovina surja novamente com expansão acima da média, o maior incremento será o da carne de frango – quase 4,5% a mais. Em decorrência – afirma o USDA – do preço mais acessível. O consumo, enfim, não poderia apresentar quadro muito dife-
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A Revista do AviSite
rente: globalmente e consideradas as três carnes, cresce menos de 1%. Mas, outra vez, a carne bovina aparece com expansão acima da média (+0,96), o que não impede que o maior incremento – devido, claro, ao melhor preço – recaia sobre a carne de frango, cuja produção deve se expandir 1,27%.
Participação brasileira na produção e exportação das três carnes Consideradas as projeções do USDA para 2016, um décimo da produção mundial de carnes terá por origem o Brasil. O que puxa para baixo esse índice é a carne suína, visto que a produção prevista representa apenas 3% da produção mundial. Já as carnes brasileiras bovina e de frango têm participação mundial acima da média apontada. Mais exatamente – e respectivamente – de 16,22% e 15,09%. Por outro lado, nas exportações, a participação brasileira é bem mais significativa, ainda que a carne suína participe com apenas 8% das exportações mundiais (um índice que tende a ser ampliado no ano que vem com a abertura de novos mercados). Assim, o volume de carne bovina exportada tende a corresponder a cerca de 18% das exportações mundiais, enquanto o de carne de frango tende a ficar acima, novamente, de um terço do comércio mundial. A previsão do USDA é a de que supere a casa dos 36%.
USDA: CARNE DE FRANGO | PRODUÇÃO
Nas previsões do USDA, em 2016 o Brasil firma-se ainda mais como segundo maior produtor mundial
USDA
Se 2015 não foi um ano de resultados excepcionais – produção mundial aumentando apenas 1,61% pelos resultados preliminares do USDA – 2016 corre o risco de ser exatamente igual. Porque o sinalizado é uma expansão similar à de 2015, com uma diferença de apenas 0,03 ponto percentual. Para baixo, ou seja, 1,58%. Claro, porém, que esse desempenho não será homogêneo. Tanto que, entre os 10 maiores produtores mundiais, dois deles devem experimentar incremento abaixo da média (China e Turquia), enquanto um terceiro tende a uma expansão igual a zero (Tailândia). Já no grupo dos que tendem a uma expansão acima da média o maior destaque vai para a Índia. Que, além de estar registrando aumento de produção de quase 5% em 2015, promete para o ano que vem incremento superior a 7,5%. Assim, no atual passo, a produção indiana irá aumentar cerca de 13% em apenas um biênio Aliás, quem segue no mesmo ritmo é a produção da Rússia – que tende a crescer menos de 3% em 2016, mas que deve fechar 2015 com volume quase 9% maior. Com isso, a produção dos russos cresce 12% em dois anos. No tocante ao Brasil, agora segundo maior produtor mundial, o USDA parece ter simplificado: estima aumento de cerca de 3,06% para 2015 e repete o mesmo índice para 2016. Dessa forma, em dois anos, a produção brasileira aumentará pouco mais de 6%, mesmo índice de expansão previsto para a produção norte-americana. Independente, porém, de qual a futura expansão brasileira, um fato é certo: o incremento previsto para 2015 deve ser superado e a produção apontada – 13,080 milhões de toneladas, volume que não inclui as patas de frango – será naturalmente maior. A hipótese de um crescimento superior a 4% é a que mais prevalece. Para finalizar, uma curiosidade. Pelas previsões do USDA, em 2016 a produção mundial terá, em relação a 2014, um adicional de 2,787 milhões de toneladas de carne de frango. Pois bem: cerca de 60% desse volume sairão de quatro países integrantes dos BRICS – Brasil, Rússia, Índia e China. A Revista do AviSite
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2016: O frango no mundo USDA: CARNE DE FRANGO | EXPORTAÇÃO
Recuperação permite avanço de 4,5% nas compras internacionais em 2016; Brasil repete bons resultados Para o USDA, 2015 deve terminar com uma redução de mais de 2% nas exportações mundiais de carne de frango. Mas no ano que vem elas se recuperam e aumentam perto de 4,5% - o que não chega a ser muito estimulante, pois irá representar aumento de apenas 2% no biênio 2015/2016. Neste ano a maior perda, em volume, recai sobre os EUA. Já em valores relativos, as maiores reduções estão sendo verificadas na Argentina, Turquia e China. Ou seja: não foi só a Influenza Aviária que influenciou o ritmo dos negócios internacionais do produto. O Brasil, claro, é um dos países que vem correndo na contra mão desse processo e, pelas projeções do USDA (que, nunca é demais repetir, excluem as patas de frango), encerra 2015 com incremento anual superior a 5%, devendo repetir a dose em 2016, em índice ligeiramente menor (+3,74%). Notar que, otimista, o USDA prevê que as exportações norte-americanas aumentarão perto de 8% em 2016. Pode ser. De toda forma a previsão de um recuo inferior a 10% também é otimista visto que nos nove primeiros meses do ano já haviam caído mais de 12,5%. Mas o que não pode ser ignorado nas projeções do USDA é o avanço das exportações brasileiras frente às norte-americanas. Em 2014, o volume exportado pelo Brasil foi 7% maior que o dos EUA. Em 2015, em decorrência da Influenza Aviária naquele país, a diferença sobe para 25%. Como, no ano que vem, as exportações norte-americanas devem aumentar (o incremento ora previsto é de 7,73%), a diferença a favor do Brasil deve cair. Mesmo assim, o volume previsto é 20% maior que o dos EUA. Em suma, da parte do USDA, é visualizada a possibilidade de contínua expansão nas exportações brasileiras de carne de frango. E o setor produtivo brasileiro vem atuando para isso. Resta saber se o poder público garantirá a sustentabilidade necessária para que essas perspectivas se concretizem.
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USDA: CARNE DE FRANGO | IMPORTAÇÃO
Maiores importadores mundiais e principais clientes brasileiros, Japão e Arábia Saudita devem reduzir suas importações
USDA
Embora preveja que as exportações aumentarão cerca de 4,5%, o USDA estima que o comércio mundial de carne de frango de 2016 sob o aspecto importador ficará quase estagnado e não será muito diferente do registrado em 2015, já que a previsão é de um aumento de apenas 0,63%. Porém, pior (ao menos para o Brasil) é a visão que o USDA tem dos dois principais importadores mundiais, Japão e Arábia Saudita. Pois ambos tendem a reduzir suas compras externas. E ambos são os principais adquirentes da carne de frango brasileira. Em 2015 devem, juntos, importar 1,8 milhão de toneladas do produto (até outubro, haviam recebido do Brasil mais da metade disso – 970 mil toneladas). Mas, no ano que vem, tendem a importar volume total 4% menor. Nessa redução, o recuo do Japão (-2,78%) pode ser menor que o da Arábia Saudita (-5,56%). Mas o caso japonês é mais preocupante. De um lado, porque o Japão já vem comprando menos do Brasil neste ano. De outro, porque o Japão integra o Acordo (de livre comércio) Transpacífico, pelo qual se torna parceiro comercial, entre outros, dos EUA. Ou seja: para o exportador brasileiro o desafio aumenta. É verdade que, entre os 10 principais importadores, há outros países nos quais o USDA vislumbra potencial para aumentar significativamente as compras internas. Casos, por exemplo – só para citar clientes brasileiros de destaque – de China e África do Sul. Mas, neste último, o Brasil vai ter que compartilhar o mercado com os EUA, que já garantiu para 2016 uma quota de 60 mil toneladas. Já na China, a atual dominância brasileira pode enfrentar, a qualquer momento, a volta da concorrência norte-americana. Basta que o governo chinês suspenda, ainda que parcialmente, o embargo total que mantém sobre todos os produtos avícolas dos EUA desde o início de 2015, ou seja, há praticamente um ano. Finalizando, é oportuno considerar que,na qualidade de segundo maior produtor mundial e primeiro exportador mundial de carne de frango, só o Brasil tem condições de atender os eventuais aumentos da demanda internacional. Mas a concorrência é grande e os demais fornecedores tendem a ocupar os espaços surgidos “comendo pelas beiradas”. É preciso estar atento a isso e não deixar escapar as oportunidades. A Revista do AviSite
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2016: O frango no mundo USDA: CARNE DE FRANGO | CONSUMO
Brasileiros absorvem anualmente volume de carne de frango correspondente a quase quatro vezes a média mundial Entre os 11 países relacionados pelo USDA como maiores consumidores mundiais de carne de frango, apenas dois registrarão evolução real negativa, ou seja, inferior ao incremento da própria população: a Rússia – que, mesmo aumentando sua produção em cerca de 12% no biênio 2015/2016, tende a registrar redução de consumo no ano que vem; e a Argentina, cujo aumento de consumo apontado (+0,81%) é inferior ao índice de crescimento da população (próximo de 1%). (Abrindo breve parêntese: a população chinesa, forçada pela política do filho único, vem registrando incremento anual em torno de meio por cento e, portanto, o aumento de consumo previsto, embora modesto - +0,82% - tende a um aumento real. Mas, com a mudança da velha política de contenção da expansão populacional – a partir de 2016 serão permitidos dois filhos por casal – a taxa média de incremento anual deve subir, podendo superar o índice previsto para o aumento de consumo. Mas isso, por ora, não faz diferença, pois os “novos chineses” só influenciarão o consumo de carne de frango mais à frente).
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A Revista do AviSite
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USDA
A vacina que protege contra o desafio de todas as cepas virais da Doença de Gumboro e bloqueia a infecção da bursa.
Juntos, além da saúde animal
A Revista do AviSite
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2016: O frango no mundo Francisco Turra
As turbulências e a prova de força de 2015 Autor: Francisco Turra, Presidente-Executivo da ABPA, entidade máxima da avicultura brasileira
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inalmente chegamos ao final de um dos anos mais complexos de nossa história recente. O acirrado cenário político e a retração econômica de nossa economia impactaram praticamente todos os setores produtivos brasileiros. Relatório do IBGE aponta aumentos no nível do desemprego. Indústrias cortam turnos e algumas lojas em regiões valorizadíssimas para o comércio – como a 25 de março, na capital paulista – fecharam as portas. Por outro lado, vemos o brasileiro cada vez mais participativo e atuante, graças às redes sociais, nas questões que envolvem o país. O ano de 2015 foi atipicamente turbulento, isto é fato. Para a avicultura brasileira, não foi diferente. Em meio aos cortes orçamentários e redução dos incentivos, vimos a desoneração da folha de pagamento – conquistada a duras penas e com árdua negociação – em risco. Felizmente, graças ao forte trabalho junto ao poder execu-
tivo e legislativo, mantivemos esta conquista para o nosso setor. Ao mesmo tempo, fomos impactados por paralisações de duas categorias que são primordiais para o nosso setor: os caminhoneiros e os fiscais federais agropecuários. Outra vez, fortes negociações e a adoção de medidas duras – como liminares, no caso dos caminhoneiros – foram necessárias. Para enfrentar estas crises de forma articulada, instalamos grupos especiais de gestão e acompanhamento, que permitiram a tomada de ações rápidas, reduzindo prejuízos que poderiam ter sido maiores. A capacidade estratégica das empresas também foi posta à prova neste ano. Por um lado, vimos um câmbio altamente instável, atingindo patamares históricos de altas e de quedas sequenciais. Por outro, os custos de produção decorrentes da elevação de insumos fundamentais, como milho, soja, energia, combustíveis e outros, reduziram nossa capacidade competitiva. Em meio a esta tempestade, a avicultura brasileira tem mostrado ao país o “Brasil que dá certo”. Com profissionalismo e competência, nosso setor manteve ritmo de crescimento sustentável, avançando ainda mais como líder mundial nas exportações de carne de frango. No mercado interno, o consumo de frango voltou a crescer, acompanhado pelo setor de ovos, ocupando espaços deixados pela elevação dos preços da carne bovina. Neste sentido, deveremos crescer até 5% nas exportações de carne de frango, podendo chegar a 4,3 milhões de toneladas embarcadas. A produção do setor de frangos deve alcançar a casa de 13 milhões de toneladas, com um consumo per capita voltando para os 43 quilos por ano.
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Custos de produção e oscilações do câmbio serão desafios para 2016. Focar na demanda sustentável do mercado interno e nos mais de 150 países onde atuamos serão os maiores objetivos Em ovos, chegaremos a 39 bilhões de unidades produzidas ao longo do ano. No mercado externo, expandimos nossos negócios com os árabes. Internamente, graças às valiosas ações de marketing promovidas pela ABPA e o Instituto Ovos Brasil, assim como pelas entidades APA, ASGAV, AVES, AVIMIG, AVIPE, ACEAV, ABA e outras organizações estaduais, possibilitarão um consumo per capita de mais de 190 unidades de ovos por ano. Caminhamos para atingir a média mundial, que é de 220 unidades anuais. Manter a solidez e a sustentabilidade de nosso setor - que mostramos neste ano - estarão entre os grandes desafios do nosso setor em 2016. Os custos de produção e as oscilações do câmbio não darão trégua. Focar na demanda sustentável de nosso mercado interno e nos mais de 150 países onde atuamos serão nosso maior objetivo, sempre pensando na manutenção da saúde financeira das empresas e dos empregos gerados pelo nosso setor.
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2016: O frango no mundo SINDAN
Mercado de saúde avícola registra crescimento de 12,79% em 2015 Autor: Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (SINDAN)
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emos muitos motivos para comemorar e estamos orgulhosos em poder dividi-los. A indústria avícola demonstra mais uma vez um crescimento consistente e bastante resiliente em relação à crise financeira. O alojamento de frangos de corte registra crescimento de 4,59%, superior ao mesmo período do ano passado, graças principalmente ao aumento do consumo da carne de frango no mercado nacional. De acordo com os dados do Sindicato Nacional da Indústria de Produ-
Mercado de biológicos cresceu 9% em 2015 e assimilou a chegada de novas tecnologias na imunização das aves, além do uso de vacinas de imunocomplexo e de vacinas vetorizadas, que trouxe benefícios à avicultura profissional 32
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tos Para Saúde Animal (SINDAN), o mercado de saúde animal avícola registra um aumento de 12,79% de crescimento. Este crescimento advém em boa parte pela venda de produtos que possuem a sua comercialização associada à moeda americana. Em virtude da crise política e financeira que o nosso pais atravessa, a indústria sofre com a desvalorização da moeda local, aumento dos custos dos insumos nacionais e importados afetando a rentabilidade do setor. Os números do mercado de biológico são 9% superiores aos apresentados no ano de 2014. Bem como observado na última década, o mercado assimilou a chegada de novas tecnologias na imunização das aves. O uso de vacinas de imunocomplexo e de vacinas vetorizadas para a prevenção de diferentes enfermidades trouxe benefícios incomensuráveis à avicultura profissional. Uma novidade da indústria foi a comercialização de vacinas inativadas contra a Bronquite Infecciosa, variante brasileira que atualmente causa grandes prejuízos a avicultura profissional. Os produtores de ovos e de carne de frango também se deparam com aumento dos custos de produção e dificuldade de repassar estes aumentos de preço aos clientes finais. Procurando alavancar sua comercialização, muitos avicultores têm investido no lançamento de produtos customizados e estratégias de marketing que destaquem suas qualidades nutritivas.
Disponibilizar no mercado produtos mais saudáveis, embalagens mais modernas e explicativas, assim como criar novas marcas, têm sido algumas das estratégias utilizadas para aumentar o consumo entre os brasileiros de ovos e carne de frango. A cada ano, a participação brasileira no comércio internacional vem crescendo e observa-se uma boa tendência nos próximos meses em virtude do impacto da Influenza Aviária no México e EUA. Os desafios do setor são: melhoria contínua das medidas de biosseguridade e o atendimento de novas exigências dos principais mercados importadores que estão associadas ao bem estar animal, ao uso racional de antibióticos e ao maior controle das enterobactérias de interesse à saúde publica. Com a certeza de manter-se empenhado na missão de construir um Brasil mais produtivo, o SINDAN, conta com uma equipe especializada no atendimento do público-alvo da entidade. Esta foi constituída para fins de estudo, coordenação, defesa, proteção e representação legal da categoria econômica da Indústria de Produtos para Saúde Animal, envolvendo empresas registradas no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, com base em todo o Território Nacional, e com o intuito de colaboração com os poderes públicos e as demais associações, no sentido da solidariedade social e da sua subordinação aos interesses nacionais.
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2016: O frango no mundo Gordon Butland
A indústria avícola global em 2015/16 Autor: Gordon Butland, consultor para o mercado de aves na Global Poultry Strategies íses importadores como em exportadores; • Colapso do preço do petróleo, afetando a economia de importantes importadores; • Diminuição das taxas de crescimento da economia chinesa Todos os tópicos acima tiveram um impacto sobre os fluxos comerciais globais, a maioria dos quais foram benéficos para a indústria avícola brasileira, mesmo que ainda seja preciso identificar se os efeitos são apenas temporários ou vão se tornar permanentes após o retorno à “normalidade”.
Empresas
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ntre os eventos importantes, desde o inicio de 2014, que afetaram a indústria de aves, temos: • Proibição russa às importações dos Estados Unidos e União Europeia • Escândalo alimentar na China; • Surtos de Influenza Aviária nos EUA e Europa; • Significativo movimento das taxas de câmbio de moeda, tanto em pa-
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Também houve um intenso movimento de fusões e aquisições durante este mesmo período, entre eles: • Aquisição pela JBS da Moy Park na Irlanda, atividades da Tyson no México e no Brasil e a aquisição da operação de carne suína nos EUA da Cargill; • Aquisição pela BRF de uma empresa da Tailândia e a participação maioritária em empresas comerciais na Europa, Oriente Médio e Ásia; • Aquisição da Hillshire, uma empresa de alimentos, pela Tyson; • Charoen Pokphand Foods (CPF), da Tailândia, realizou a compra de uma grande integração da Rússia. Estas aquisições têm um condutor em comum: o crescimento orgânico em apenas um segmento ou uma região geográfica não pode fornecer um valor sustentável aos acionistas em longo prazo. Todas as empresas acima estão envolvidas na produção de todas as proteínas animais e a tailandesa CPF também tem destaque na produção de camarão. Todos eles têm marcas fortes, algumas globais, e as empresas conti-
Nos mercados da América e da Europa, principais supermercados e food service têm insistido no fornecimento de carne de frango produzido sem antibiótico
nuam a investir adquirindo novos negócios ou fortalecer marcas já existentes. Embora muito tenha sido dito sobre os 9 bilhões de habitantes do mundo até 2050 e a necessidade de produzir 70% mais alimentos, a taxa de crescimento anual composta (CAGR) para o consumo de proteína é ainda muito baixa, inferior a 2%, para satisfazer a) companhias cujas ações estão listadas em bolsas de valores e b) empresas menores, mas ambiciosas, que querem alcançar um crescimento anual de dois dígitos. Isso nos leva para a difícil questão de como irão sobreviver as pequenas empresas que concorrem contra os gigantes. No Brasil, com mais de 60% da produção e 70% das exportações nas mãos de apenas duas empresas, em conjunto com uma participação significativa de cinco principais cooperati-
vas, os independentes restantes estão encontrando cada vez mais dificuldades para encontrar oportunidades de mercado e financiamento adequado para a sobrevivência. Globalmente, a maioria das empresas exportadoras depende de “traders” para acessar mercados. Estes negociadores provavelmente estão enfrentando uma maior concorrência das grandes empresas que atendem a cadeias de food service e supermercados diretamente.
Mercados Dados de exportação dos 5 principais exportadores mundiais, Brasil, EUA, Tailândia, Turquia e EU, indicam que as importações mundiais totais caíram em 2015 cerca de 3% ,até setembro. Ganhos no Brasil (4% até outubro) e Tailândia (28% nas exportações de frango “in natura” até setembro) foram, em parte, resultado de grandes reduções nos embarques dos EUA e Turquia. A Tailândia voltou a acessar o mercado japonês e aumentou seu market share para perto de 20% em detrimento do Brasil. No entanto, como as importações japonesas de matéria-prima aumentaram, há pouco efeito sobre o volume embarcado pelo Brasil para o Japão. Além disso, a Tailândia aumentou o seu market share de produtos cozidos para o Japão para 57%, enquanto a China tem visto um declínio devido ao escândalo alimentar registrado em meados de 2014, afetando o mercado e a imagem das duas principais cadeias globais de fast food. A tendência de importação na UE continua a diminuir, em parte devido ao enfraquecimento do Euro. A Polônia está crescendo fortemente no âmbito da UE e o surgimento da Ucrânia, devido às motivações políticas para reduções tarifárias, também afetou as exportações tailandesas e brasileiras para a União Europeia. As exportações dos EUA caíram 14% até setembro e o mês de setembro foi ainda pior, com uma queda de 23% no período. O principal mercado turco é o Ira-
que e a logística é severamente afetada pela violência na região. Os preços de exportação caíram em todos os segmentos e regiões. O Euro caiu em 21% e o Iene em 16% desde janeiro de 2014. Com a desvalorização de 60% no Real, não é surpreendente que os preços médios em 2015 são muito inferiores aos de 2014. Os preços indicam que os valores atuais estão ainda abaixo da média dos níveis de 2015. Outro fator que está afetando os preços é o mercado interno dos EUA, com os preços da coxa e sobrecoxa (“leg quarter”) em queda de 50% desde o início do ano, e altos níveis de estoque. Isso está começando a afetar os preços globais, já que os valores de exportação da coxa e sobrecoxa refletem os preços internos dos EUA.
Recentes aquisições e fusões deixam clara a visão de que o crescimento orgânico em apenas um segmento ou região não fornece um valor sustentável aos acionistas em longo prazo
Rentabilidade Mesmo que os preços em dólar das matérias-primas tenham diminuído de forma consistente, os níveis muito elevados de rentabilidade nos EUA, Brasil e Tailândia foram atingidos no terceiro trimestre de 2015. Nos EUA, o período de julho de 2014 a junho de 2015 proporcionou margens excepcionais de lucro, e algumas pessoas viram como um “novo normal”. No entanto, estas margens foram rapidamente reduzidas com a volta das condições de mercado acima mencionadas. As previsões para 2016 indicam uma queda significativa nos lucros, que deve continuar em 2017, já que os preços das matérias-primas podem recuperar-se com a deterioração das condições climáticas, resultado do El-Niño.
Futuro Fortes fundamentos para frangos de corte continuarão a existir com o crescimento contínuo da classe média, especialmente na Índia, Ásia (especialmente na Indonésia) e África ajudando a impulsionar o crescimento do consumo. No entanto, cada país ou região se comportam de forma diferente, e as empresas precisam investir para entender melhor seus mercados-alvo e os consumidores.
Muitos países precisam desenvolver a logística de sua cadeia de frio e o maior desafio para as empresas será o de proporcionar aos seus potenciais consumidores um alimento seguro, confiável e acessível em pontos atrativos de venda. Em geral, as empresas não dão a mesma atenção pré-investimento para esta parte da cadeia como eles fazem com a produção. O crescimento do consumo brasileiro de carne de frango, de 12 para 45 quilos por pessoa ao longo dos últimos 25 anos é um excelente exemplo do que pode ser feito. O recado deixado por esta conquista é a importância de oferecer alimentos com preço acessível e em pontos de venda convenientes e atrativos. Nos mercados desenvolvidos da América e da Europa uma questão importante é o uso de antibióticos, com os principais supermercados e food service insistindo no fornecimento de carne de frango produzido sem antibiótico. Atualmente, discussões públicas entre a indústria e os distribuidores indicam que há tempos difíceis pela frente. A comunidade financeira verá este tópico ter um efeito potencial sobre os lucros. A Revista do AviSite
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2016: O frango no mundo Osler Desouzart
Feliz Ano Novo? Autor: Osler Desouzart, fundador da OD Consulting e membro do conselho consultivo do Fórum Mundial de Agricultura (World Agriculture Forum)
O
ano de 2015 trouxe aquilo que os melhor informados e educados, salvo os ideologicamente anestesiados ou tapados, já sabíamos: chegaria a conta de uma gestão inepta, populista e que para se perpetuar no poder não hesitou em lançar mão de um estelionato eleitoral, que hoje sabemos pago por meios subtraídos dos bens e empresas públicas. As consequências aí estão: recessão econômica, déficit público, maior inflação desde 1996, desemprego em alta, indústria apresentando quedas recordes na produção, moeda desvalorizada, consumo paralisado e isso
tudo sob a égide de uma crise política, ética e moral que para usar o bordão de um dos grandes milionários deste país “nunca antes...”. E com os três poderes aparelhados, ainda que com exceções, temos justificados motivos para desânimo e desesperança. Alguns economistas acreditam que a crise econômica durará até o segundo semestre de 2016, mas um leigo como eu acha-os muito otimistas e não vê uma reversão nos próximos dois anos, com o risco de perpetuação dependendo dos resultados da eleição de 2018. Não se esqueçam de que as coisas podem sempre piorar, e aí está a Venezuela a confirmar. E há alguma esperança? Responderei com silêncio e esperarei com ansie-
Carnes responderam por US$ 11,8 bilhões, 7,4% das exportações brasileiras entre janeiro e outubro de 2015 e 19,6% das exportações do agronegócio
dade que os jovens respondam a essa pergunta. Mas nesse oceano de corrupção, escândalos diários, impunidade garantida por leis que eles próprios fazem e julgadas em cortes onde eles nomeiam os juízes, reeditando a Versalhes de Luís XVI, está o agronegócio continuando a fazer seu papel, disponibilizando alimentos e sustentando a balança de pagamentos com o superávit que gera. Nos dez primeiros meses deste primeiro ano do quadriennium iste terribilis est as exportações brasileiras do agronegócio representaram 37,62% do que o Brasil envia ao exterior.
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A Revista do AviSite
Continuaremos a fazer nosso papel, disponibilizando alimentos e sustentando a balança de pagamentos com o superávit que geramos
As carnes e suas preparações responderam por US$ 11,8 bilhões, 7,4% das exportações brasileiras entre janeiro e outubro de 2015 e 19,6% das exportações do agronegócio brasileiro. Apesar da queda generalizada nos preços médios da maioria dos itens exportados pelo Brasil, e as exceções se contam nos dedos das mãos, é um desempenho de continuidade e de sedimentação do agronegócio brasileiro como um dos três principais fornecedores de alimentos do mundo. As carnes de aves ocuparam nesse período o quarto posto em importância nas exportações brasileiras, logo depois da soja em grão, minério de ferro e petróleo. Nos dez primeiros meses de 2015 exportamos 3,45 milhões de toneladas no valor US$ 5,9 bilhões, o que não é desprezível num ano de crise. Estamos diante de um ano de 2016 onde a única certeza reside na continuidade da crise econômica brasileira, onde fomos lançados por uma administração prepotente, inepta e populista que se orientou por um único norte – sua perpetuação no poder. É possível perceber que, infelizmente, não partilho do otimismo dos outros que anunciam a volta à normalidade econômica no segundo semestre do próximo ano. Não creio que possamos vislumbrar melhoras antes 2018 e aí fico com o temor que em ano de eleição essa gente que está aí faça o que já fizeram para não largar o poder. Esta é a nona crise que vivencio em minha vida profissional e não teria a menor dúvida de sua transitoriedade se agora não viesse acompanhada de uma crise de valores e de ética, com garantia de impunidade a prometer sua perpetuação. E aí, a solução estaria, então, em desistir do país? Não, pois eles passa-
rão e eu passarinho, já cantava o poeta maior Mario Quintana, que morreu pobre, honesto e é eterno. Apesar deles, o Brasil seguirá uma potência no agronegócio e expoente maior nas carnes. Nossa avicultura de carnes recebe prognósticos mui otimistas nos números do MAPA (+ 8,5% na produção, + 9,8% na exportação e + 6,8% no mercado interno). As projeções do USDA seguem uma trilha de otimismo, prevendo que nossa produção cresça 6,1% e que o consumo interno acompanhe esses patamares, enquanto que revela um crescimento de 5,2% para nossas exportações. Os prognósticos da OECD-FAO parecem-me de uma modéstia franciscana excessiva, situando todos os patamares de expansão abaixo de 1%. Como “virtus in medium est”, creio que o setor pode contemplar um crescimento inferior a 5% e superior a 3,5%, alavancado, sobretudo, por uma migração do consumo de carne bovina alta para uma maior ingesta de carnes de frango e suína. O mercado internacional poderá garantir que nossas exportações migrem para um patamar de até 4,3 milhões de toneladas, o que garantiria ao país seguir detendo ⅓ das exportações mundiais. Temo, entretanto, que um clima de maiores dificuldades no âmbito da situação interna possa fazer com que mais empresas busquem a via da exportação, não sendo, portanto, fora de propósito pensar em uma continuidade na redução nos preços médios de exportação. Há o ditado popular que “em rio de piranha, jacaré nada de costas”. Não acho que seja um mau conselho para 2016 à luz da crise que seguirá presente no país. E como adoraria estar errado nesse prognóstico. A Revista do AviSite
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2016: O frango no mundo Ariovaldo Zani
Ração: Avicultura brasileira no cenário global Autor: Ariovaldo Zani, Vice-presidente executivo do Sindirações
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m 2015 o produtor de frangos de corte demandou mais de 32 milhões de toneladas de rações, motivado pelo consumidor doméstico que perdeu capacidade de compra e substituiu crescentemente a carne bovina pelo frango. As exportações de carne de frango do Brasil foram impulsionadas por conta da desvalorização do real e pelos embargos dos tradicionais clientes dos Estados Unidos, onde vinte e um esta-
Supervalorização do dólar nos preços brasileiros encareceu as matérias-primas da avicultura, em contraste mundo afora 38
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dos sofreram com a Influenza Aviária que abateu mais de 48 milhões de aves e pela abertura de novas oportunidades e ampliação no comércio com a Rússia, Arábia Saudita, Emirados Árabes, União Europeia, China, África do Sul, Coréia do Sul, Egito, México, etc. Por sua vez, a produção de rações para galinhas de postura frustrou a expectativa e não superou a marca de 6 milhões de toneladas, por causa da deterioração da massa salarial do consumidor e da diminuição no alojamento de matrizes em produção, enquanto a rentabilidade do produtor deteriorou frente ao preço médio do ovo, que recuou substancialmente quando comparado ao praticado em anos anteriores. O efeito da supervalorização do dólar nos preços brasileiros encareceu as matérias-primas utilizadas na avicultura, incrementou os preços agropecuários no atacado e minou ainda mais o fôlego financeiro das empresas. É o caso dos aditivos importados e indexados à moeda de troca e, por exemplo, do milho, cujo preço/tonelada em reais, de janeiro a novembro/2015, avançou 26%, variando de R$ 472,00 em janeiro para 595,00 em novembro, enquanto o farelo de soja subiu 31%, ou seja, de R$ 998,00 para R$ 1.310,00 no mesmo período. É importante destacar, contudo, o contraste mundo afora, onde se observou, durante o ano, flagrante alívio no custo global da alimentação animal, em boa medida por causa do preço em dólares/tonelada do milho que retrocedeu quase 5%, de U$ 174,71 em janeiro para U$ 166,00 em setembro, e do farelo de soja que recuou 10% de U$ 379,04 em janeiro contra U$ 342,96 em setembro, de acordo com os dados do USDA Market News.
As razões sobre a pressão nesses preços recaem na generosa safra americana e as condições climáticas favoráveis ao plantio e produtividade na América do Sul, queda no preço do petróleo, desaceleração gradual chinesa, enxugamento monetário e alta dos juros nos Estados Unidos e a recuperação europeia ainda indefinida, embora continue firme a demanda global por proteína animal. As perspectivas para o ano de 2016 apontam para um cenário de real fraco e razoável volatilidade, fatores que continuarão preocupando bastante, já que podem expor cada vez mais as empresas brasileiras que comercializam predominante ou exclusivamente seus produtos internamente, caso dos muitos produtores independentes de frangos e ovos, ávidos por crédito e maior capital de giro, necessários ao pagamento daqueles insumos e da energia elétrica que já promete encarecimento. Positivamente, a Organização para o Desenvolvimento e Cooperação Econômica/ODCE/FAO, através do mais recente relatório “Agricultural Outlook”, estima que até 2024 a produção de carne de aves no Brasil superará a marca dos 15 milhões de toneladas, enquanto o Serviço de Observação Estratégica Europeia profetiza que nosso país será o único onde a produção de carne de frango aumentará mais rápido do que o consumo. É evidente que a evolução produtiva da avicultura tem se alinhado cada vez mais aos estoques e às demandas, já que a sustentabilidade dos empreendimentos depende de planejamento e estratégia, atributos considerados essenciais no combate à especulação, garantia da competitividade e orientação sobre o que, quando, como e quanto criar ou vender.
Rogério Wagner Gonçalves
ENTREVISTA Rogério Wagner Gonçalves
Diretor Administrativo do Grupo GT Foods conta que pretende fechar 2016 com o abate diário de 550 mil aves
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ogério Wagner Gonçalves lista uma série de dificuldades enfrentadas à frente da direção administrativa do Grupo GTFoods, sediado em Maringá, PR, ao longo
de 2015. Entre elas está a instabilidade por conta da inflação e a elevação nos custos de combustível, pedágio e a tarifa de energia elétrica. Mas nada muda a sua visão de que 2016 será um ano favorável para o setor avícola.
“Ano que entra será favorável para o setor de frangos, que continuará sendo a opção mais barata para o consumidor, um ponto positivo no mercado interno”
No mercado externo, a demanda continua em alta com a projeção de crescimento da população muçulmana a uma taxa de 3,1%
Revista do AviSite: Como foi o ano de 2015 para a empresa? Rogério Gonçalves: O ano de 2015 foi desafiador para o Grupo GTFoods, porém tivemos a elevação da perspectiva de crescimento de R$ 150 milhões para um valor superior a R$ 180 milhões, que representa 25% a 30% em comparação com o ano passado. Com isso, o faturamento de 2015 deve atingir R$ 1,8 bilhão contra R$ 1,3 bilhão no ano de 2014. Focamos o nosso investimento no crescimento orgânico e seguramos alguns planos que tínhamos para investimentos em logística e de algumas A Revista do AviSite
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2016: O frango no mundo
Sede da GTFoods em Maringá, PR: Até 2020, empresa pretende ser a terceira empresa no setor de avicultura no Brasil
“Esperamos que assim como no ano de 2015, tenhamos em 2016 um mercado aberto no ponto de vista da concessão de crédito e, portanto, vamos seguir abraçando nosso plano de investimento conforme a melhoria do quadro econômico” 40 A Revista do AviSite
áreas de suporte administrativo. Por outro lado, mantivemos projetos de consultoria na área de vendas, fazendo uma reformulação de todo nosso modelo de comercialização. Demos andamento também no projeto de governança para acessar a Bolsa de Valores de São Paulo em 2016. Como a empresa contornou as dificuldades? Nós tivemos muita instabilidade por conta da inflação, com a elevação nos custos de itens como combustível, pedágio e a tarifa de energia elétrica. Outra coisa foi uma forte pressão financeira por conta de uma desvalorização cambial. Porém, o mesmo câmbio que levou a essa pressão, rentabilizou as exportações do grupo. Além de ter auxiliado para uma dinâmica favorável no mercado externo com a redução da oferta em conjunto com outras empresas, permitindo uma reativação de preços no âmbito internacional, sobretudo no segundo semestre deste ano.
Porém, no ponto de vista global, a instabilidade monetária, ou seja, o fortalecimento do dólar levou a uma perda de cadência no primeiro semestre de exportações, quando todas as economias do mundo estavam com forte pressão. Então, isso levou a uma negociação de contrato a contrato, cliente a cliente, para repassar as moedas locais para eles, uma vez que a gente exporta em dólar. Foi um ano desafiador também no cenário internacional. Como projeta 2016 para a avicultura nacional? No nosso entender, o mercado continuará favorável para o setor de frangos. Ainda vai existir um período de queda de renda, assim como em 2015. Mas o frango continuará sendo a opção mais barata para o consumidor, sendo um ponto positivo no mercado interno. Como fica o mercado externo?
A demanda continua em alta com a projeção de crescimento da população muçulmana a uma taxa de 3,1%, enquanto as demais religiões cresceram 2,4%, portanto o crescimento vegetativo da população muçulmana acima das demais também é uma demanda interessante no mercado externo, do ponto de vista cultural. E existe uma posição muito competitiva, em relação ao nível de câmbio, da indústria brasileira frente aos demais países. O Brasil realmente se afirmou no mercado mundial avícola como um todo. Quais são os planos da GTFoods para 2016? Nós vamos continuar o plano de expansão da capacidade produtiva do grupo, isso implica num investimento de R$ 120 milhões, fora o capital de giro que é algo em torno de R$ 50 milhões. E projetamos fechar o ano com o abate diário de 550 mil aves e até o final de 2017 chegarmos a 720 mil aves/dia. Isso alinhado com a nossa Visão, de até o ano de 2020 de ser a terceira empresa no setor de avicultura no Brasil com diversificação e reconhecimento internacional. Como garantir a competitividade da avicultura? É continuar com os programas de certificação e qualificação de qualidade e compromisso sanitário. Vamos buscar ampliar os canais de distribuição dos produtos, pois em um ambiente de queda de venda no mercado interno, existe a preocupação com segmentos que possam ter fragilidade ao longo de 2016, como a inadimplência do varejo. Outro ponto importante é a questão do financiamento. Esperamos que assim como no ano de 2015, tenhamos em 2016, um mercado aberto no ponto de vista da concessão de crédito e, portanto, vamos seguir abraçando nosso plano de investimento conforme a melhoria do quadro econômico. Status sanitário, capacidade de produção e matéria-prima são fatores que auxiliam na sustentabilidade da avicultura. Qual sua análise a respeito?
GTFoods trabalha em projeto de governança para acessar a Bolsa de Valores de São Paulo em 2016
A integração e a verticalização garantem o florescimento para os abatedouros e ela garante também o controle sanitário. Portanto, a verticalização é o grande desafio. A integração se tornou um aspecto muito importante e uma barreira competitiva para entrada. Só quem tiver uma capacidade financeira, que possa trazer integrados, que possa desenvolver tecnologias novas de produção, consegue se destacar nesse mercado. Por isso, nosso investimento nesse sentido. A questão do financiamento agrícola é um ponto chave para o desenvolvimento da avicultura, pois é preciso o crédito rural para poder desenvolver as atividades no campo. Para 2016, qual é o ideal de negócios da GT Foods? O grande objetivo da GTFoods é a concepção da visão de longo prazo, ou seja, transformar o GTFoods na terceira produtora de frangos do Brasil, com foco em diversificação e internacionalização, que é a visão que queremos ter até 2020. A Revista do AviSite
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2016: O frango no mundo Fausto Ferraz
Perspectivas positivas para o segmento avícola Autor: Fausto Ferraz, Diretor de Negócios da Cobb-Vantress
A
avicultura brasileira foi marcada, em 2015, pela estabilidade. O volume total de alojamento de matrizes deve superar os 50 milhões, índice bastante próximo ao de 49 milhões, registrado no ano passado. O destaque ficou para os pintos de corte, que tiveram alojamento em torno de 4% superior. Por aqui, comemorou-se a alta dos preços do frango ao consumidor e também a abertura de novas oportunidades por meio das exportações, que cresceram cerca de 5%, ante 2014. Já para 2016, as perspectivas apontam para uma ligeira mudança de cenário. O setor deve iniciar o ano com aumento nos preços de matérias-primas. Os grãos, que já apresentam elevação de preços desde setembro, não têm perspectiva de baixa até os primeiros seis meses de 2016.
Enquanto em 2015 a expectativa é encerrar o ano com consumo de 46 kg per capta de frango no Brasil, para o próximo ano as perspectivas são mais otimistas, caso o volume de alojamentos se mantenha no mesmo patamar. Diante do cenário de encarecimento de preços de outras proteínas concorrentes do frango, o potencial para aumento do consumo é de 2 kg per capta, alcançando os 48 kg per capta até o final do ano. Este contexto dependerá ainda do desempenho das exportações. Para o próximo período, a luz amarela se acende para os preços ao consumidor, que talvez não se elevem à mesma proporção dos custos. Isso pode levar ao sacrifício de margens operacionais, contribuindo para o estreitamento dos lucros. Nossa lição de casa será seguir trabalhando com foco em custos. As exportações foram alavancadas em 2015, em especial no primeiro tri-
Fausto Ferraz: Empresas cada vez mais buscam pacotes de linhagens equilibradas, ao invés de uma única característica em particular, como rendimento ou matriz
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2014
2015
2016**
Consumo interno/ per capto
43 kg
46kg
48 kg
Exportações
+ 3%
+ 5%
+ 5%
** Projeção Cobb-Vantress
mestre do ano, com a disparada do dólar. A expectativa é encerrar o ano com cerca de 5% de crescimento, em comparação com o ano passado, chegando a quase 4,2 milhões de toneladas exportadas, em especial para regiões como Oriente Médio. O Brasil mantém-se como referência mundial em sanidade avícola, o que vem incentivando a manutenção de exportações e a abertura de novos mercados, como, mais recentemente, a Rússia. Na área genética, as empresas cada vez mais buscam pacotes de linhagens equilibradas, ao invés de uma única característica em particular, como rendimento ou matriz. Será preciso também continuar investindo em biosseguridade e no modelo de compartimentação, que nos confere um grande diferencial competitivo, principalmente se tivermos algum registro de Influenza Aviária no Brasil, tendo em vista que hoje exportamos mais de 25% de nossa produção. Temos um dos planteis mais saudáveis do mundo, com elevado grau de biosseguridade, equipes especializadas e um controle rigoroso de nossas aves. Assim, há perspectivas bastante positivas para seguirmos inaugurando novos mercados e consolidando nossa posição de vanguarda no setor avícola mundial.
A Revista do AviSite
A Revista do AviSite
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2016: O frango no mundo Perspectivas das Associações
As perdas e ganhos, na visão das entidades estaduais Dirigentes lembram incerteza econômica de 2015, eficiência produtiva e cuidados sanitários
A avicultura brasileira viveu um período bastante positivo em 2015. Consumo interno e exportações mantiveram os índices positivos. Diante de um cenário turbulento na economia e na política, a avicultura se ‘blinda’ com armas já conhecidas do setor: muita eficiência produtiva, competência para produzir mais e melhor, máximo cuidado aos aspectos sanitários e representatividade internacional, visando o aumento das exportações. Isso significa que já podemos ‘estourar as champagnes’? Sim e, diga-se de passagem, merecidamente! Nosso setor avícola realmente pode se gabar de ser um dos únicos atualmente que está nadando neste mar revolto da economia brasileira com o ‘nariz para fora’.
Para entender melhor este momento do setor, a Revista do AviSite foi ouvir a opinião de algumas associações representativas sobre ao ano que está se encerrando e quais são as projeções para 2016. Quais foram os maiores desafios e conquistas da avicultura? Como reagiram o mercado interno e o externo neste ano? Como ficaram os índices de consumo e o valor dos insumos? Acompanhe abaixo as opiniões do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar), Associação Gaúcha de Avicultura e do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas no Estado do RS (Asgav/Sipargs), Associação Paulista de Avicultura (APA), Associação Baiana de Avicultura (ABA) e Associação dos Avicultores do Estado do Espírito Santo (AVES).
DESAFIOS
Domingos Martins, Presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar)
“Acho que foi basicamente a incerteza que nós vivemos sobre o que poderia acontecer com a economia mundial. A exportação é muito importante para o contexto do nosso negócio”
Marcelo Plácido Corrêa, Vice-Presidente da Associação Baiana de Avicultura (ABA)
“Nosso maior desafio foi sem dúvida os preços reprimidos durante os 8 primeiros meses do ano. O mercado esteve muito difícil pela oferta muito grande de carne de frango”
44 A Revista do AviSite
Érico Pozzer, Presidente da Associação Paulista de Avicultura (APA)
“Nossos maiores desafios foram manter o nosso status sanitário, crescer nas exportações e ainda aumentar o consumo de carne de frango no mercado doméstico”
Nestor Freiberger, Presidente da Associação Gaúcha de Avicultura e do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas no Estado do RS (Asgav/Sipargs)
“As incertezas decorrentes do atual cenário econômico e político do país e do próprio Estado do RS, fizeram com que setores como a avicultura fossem impactados. O desafio ante a este cenário, é manter atividade e os compromissos e obrigações”
Oderli Schneider, Presidente do Conselho Deliberativo da Associação dos Avicultores do Estado do Espírito Santo (AVES)
“A avicultura capixaba vem se preparando e está apta a ter um desenvolvimento significativo para o Estado nos próximos anos. Podemos atribuir isso no setor de frango de corte ao surgimento de novas plantas industriais e a ampliação das existentes”
A Revista do AviSite
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2016: O frango no mundo Perspectivas das Associações
CONQUISTAS Sindiavipar
ABA
“O frango já é o segundo item de exportação do estado. Nos municípios em que a avicultura está inserida, o IDH é significativo. Cerca de 10% da população do Paraná, direta ou indiretamente, vive da avicultura ou convive com ela”
“A grande representatividade das entidades que muito têm lutado pela sanidade, pela regulação do mercado e defesa da atividade”
MERCADO INTERNO Sindiavipar
APA
ABA
“A avicultura manteve a produção em alta, teve um crescimento do consumo em torno de 5% e os preços permaneceram em patamares razoáveis”
“No segundo semestre, sofremos com um aumento significativo dos custos (em torno de 20%) mas o mercado interno reagiu bem devido ao maior consumo da carne de frango”
“A oferta sempre maior que a procura, reprimiu os preços. Este quadro mudou rapidamente após o mês de setembro, graças ao aumento dos volumes de exportação que impulsionaram os preços no mercado interno”
Asgav/Sipargs
“O mercado interno manteve-se estável com certo equilíbrio na oferta e procura, o mercado externo em decorrência do câmbio e constante procura por produtos avícolas, pode ser considerado como um impulso nos negócios do setor em 2015”
AVES
“O produto final foi prejudicado em nossa região em razão de baixos preços praticados, especialmente em épocas onde houve grande volume de produtos oriundos especialmente do sul do país. Apesar disso, o setor local teve um desempenho satisfatório, especialmente no contexto estrutural e de contínuos investimentos em tecnologia e modernização da produção”
MERCADO EXTERNO
46 A Revista do AviSite
Sindiavipar
APA
“Houve uma elevação do preço do dólar e a desvalorização do real, o que favoreceu a venda de produtos para países estrangeiros. Nós crescemos em vendas internacionais em torno de 5% e houve um ganho em reais significativo. Hoje, o Paraná responde por 35% das exportações brasileiras de frango”
“Este mercado reagiu positivamente à partir do segundo trimestre devido ao aumento das exportações provocado pela maior participação do Brasil em mercados que deixaram de ser atendidos por países atingidos pela Influenza Aviária e também pela valorização do dólar”
Asgav/Sipargs
AVES
“Uma de nossas maiores conquistas foi a continuidade da demanda externa da carne de frango brasileira, as ações inovadoras e criativas do Projeto Ovos RS que obteve destaque nacional e internacional”
“Vimos uma movimentação bastante intensa em relação ao mercado externo, o que garantiu a comercialização de significativos volumes”
A Revista do AviSite
47
2016: O frango no mundo Perspectivas das Associações
INSUMOS ABA
APA
“Existe uma grande preocupação com o aumento dos custos dos insumos como farelo de soja, aminoácidos e milho. O momento é de grande preocupação devido ao grande aumento do dólar que baliza os preços de praticamente todos os insumos utilizados na avicultura”
“Os preços dos insumos estiveram moderados durante o primeiro semestre, porém ainda elevados se compararmos com o ano anterior. Os estoques de passagem voltaram a se equalizar, deixando um sentimento de que os preços permanecerão estáveis até a próxima safra”
Asgav/Sipargs
“Alguns com alto custo dos grãos e também outros como embalagens, energia elétrica, combustíveis também impactaram no custo do setor”
AVES
Sindiavipar
“A energia elétrica possivelmente foi a grande vilã. Mesmo com uma elevação exagerada, de 78% no Paraná, nós conseguimos crescer.”
“Fatores como o custo de insumos, elevado tanto pelo câmbio, quanto pelo custo de frete, foram grandes vilões junto ao setor. Em nosso caso o milho e a soja tiveram uma elevação de em torno de 35%, considerando de 1º de janeiro até o fim de novembro. No caso do frete esse percentual foi maior, de 45%”
CONSUMO Asgav/Sipargs
Sindiavipar
“O consumo de carne de frango pode ter aumentado em decorrência da migração em função de preços de outras proteínas, mas deve estar dentro da média do consumo brasileiro, na casa de 44 kg per capita”
“Aumentou tanto no mercado interno quanto no mercado externo. Internamente, o crescimento vegetativo está em torno de 2% e isso ajuda na elevação do consumo, apesar da crise financeira”
SANIDADE
48 A Revista do AviSite
Sindiavipar
APA
AVES
“Não existe nenhum setor que tenha um controle sanitário mais relevante do que a avicultura do Paraná e do Brasil. Nós comercializamos para mais de 150 países”
“Este é o nosso maior patrimônio, uma vez que já se passaram dez anos sem casos de doenças significativas que causem impactos na exportação ou no consumo interno”
“É importante darmos condição de maior proteção ao país para garantir a integridade dos nossos lotes”
Asgav/Sipargs
ABA
“Intensificamos nossa comunicação e orientação aos produtores de aves e ovos para que priorizem e atendam cada vez mais os requisitos de biossegurança”
“Temos trabalhando incessantemente para manter o status sanitário conquistado e a interação entre os órgãos de defesa estaduais e federais, assim como as empresas e entidades do setor avícola”
EXPECTATIVA PARA 2016 Sindiavipar
APA
“Eu acredito que temos que ter competência e planejamento adequados. Ainda acho que o Paraná vai continuar crescendo. Dentro de mais ou menos cinco a sete anos, vai responder por 50% das exportações de frango do Brasil”
“Continuaremos trabalhando com custos elevados, bem acima dos anos anteriores e, devido a isso, teremos que vender nossos produtos para o mercado varejista e aos importadores a preços que remunerem a atividade”
ABA
“Teremos um ano melhor. Apesar da grave crise econômica que atravessamos, nossa atividade sempre superou os desafios. Temos certeza que a melhoria de produtividade, implantação de novos aviários com maior tecnologia, a constante aplicação de novas tecnologias na genética, nutrição, manejo, ambiência e sanidade continuará a trazer evolução ao setor” AVES
“Para que setores eficientes como o nosso possam continuar produzindo, é necessário haver segurança para que perdas não ocorram. A avicultura, junto com o agronegócio brasileiro, vem ‘segurando as pontas’ em relação a essa crise”
Asgav
“O mundo continuará a demandar os produtos avícolas brasileiros. No mercado interno, a carne de frango e ovos continuarão a ser alimentos essenciais para uma boa nutrição. As políticas de fomento, redução de carga tributária, devem ser cada vez mais direcionadas e de amplo atendimento para avicultura e outros setores do agronegócio que vem garantindo o lado positivo da balança comercial”
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Informe Técnico – Comercial
O setor de aditivos para alimentação animal Autor: Ricardo Joseph Khatchadourian, Líder de Nutrição Animal para a DuPont América Latina
E
stamos por terminar 2015 com um cenário muito diferente dos últimos anos, com importantes desafios na economia. Os principais índices macroeconômicos, como inflação, câmbio e emprego, apresentaram uma performance muito abaixo da prevista, resultando em uma recessão que deve se estender no próximo ano. Por outro lado, o setor agropecuário, um dos únicos a gerar saldos positivos importantes (US$ 80 bilhões de 2011 a 2014) em nossa balança comercial, vem mostrando sua capacidade de manter a geração de renda aos produtores, que fechará o ano com um aumento de 0,2%, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Este crescimento foi gerado pela pecuária, que contrabalançou o pequeno recuo da agricultura. Para o ano que vem, o MAPA mantém o mesmo índice de 0,2% de cresci-
mento na geração de renda no agronegócio, mais uma vez puxado pela pecuária, mas que terá como o grande responsável a avicultura, com um crescimento expressivo de 12,3% na renda do setor. Isto não significa que teremos um ano com menos desafios, pelo contrário. Os produtores precisam se planejar para o aumento dos custos em moeda local. Quanto maior for este aumento, em igual proporção deve ser a busca por tecnologias que tornem a produção mais econômica. Para esta demanda, a indústria de aditivos é uma das que pode dar respostas mais rápidas em função do seu alto grau de inovação. Na área de enzimas, este movimento já vem se desenhando e irá se intensificar no próximo ano, quer seja no uso mais intensivo de produtos consagrados ou com a adoção de outros que maximizam o aproveitamento da energia e aminoácidos presentes na dieta do animal.
Laboratório de aplicação da Dupont: Inaugurado no Brasil em 2015, traz uma capacidade inédita para o desenvolvimento de soluções locais e mais agilidade nos serviços de análise
Produtores precisam se planejar para o aumento dos custos em moeda local. Para atender esta demanda, indústria de aditivos pode dar respostas mais rápidas
Atenta a este movimento, a DuPont segue investindo para manter sua liderança global neste mercado. Recentemente, a empresa assinou um acordo para adquirir os ativos tecnológicos e enzimas da Dyadic International, Inc., entre eles a plataforma C1, uma tecnologia de expressão fúngica utilizada na produção de enzimas, permitindo mais opções de produtos na área de Nutrição Animal. Reforçando nossa presença regional, em 2015 inauguramos no Brasil um laboratório de aplicação conectado aos demais centros de desenvolvimento da DuPont no mundo, trazendo para o país uma capacidade inédita para o desenvolvimento de soluções locais e mais agilidade nos serviços de análise. É com esta confiança que a empresa pauta suas ações e investimentos no país, pois acredita na realização do potencial do mercado de avicultura não só no curto prazo, mas de forma sustentada para os próximos anos.
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A Revista do AviSite
mcamkt.com.br
Faz 100 anos que a gente estuda nutrição
Porque queremos mais 100 anos de progresso Fim de ano, hora de olhar o futuro e fazer um balanço. Temos mais de um século de tradição em ciência nutricional e produtos de qualidade para alimentação animal. Um diferencial que hoje permite à De Heus estar presente em mais de 50 países, com sucesso. Aqui no Brasil, estamos há cerca de três anos. Mas já dobramos de tamanho, inovamos em conceitos nutricionais e criamos novas alternativas para a eficiência zootécnica das criações, assim conquistando muitos clientes, parceiros e amigos. A todos eles queremos transmitir nosso otimismo com a produção animal brasileira em 2016 e nossa certeza de uma ação sempre assertiva para o progresso do setor. Pois temos um compromisso com você, com o seu crescimento. E também com os próximos 100 anos da De Heus.
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Saúde animal
O Brasil está preparado para a Influenza Aviária? Autor: Marcelo Paniago, Director Global Veterinary Services – Poultry, Ceva Santé Animale France
N
o dia 11 de abril de 2014, numa granja com aproximadamente 56 mil frangos de corte, a mortalidade de 1.100 aves, ou aproximadamente 2% do lote, fez com que o produtor notificasse o serviço de vigilância sanitária de sua região. Já no dia seguinte, os veterinários oficiais visitaram a granja e
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A Revista do AviSite
colheram material para o laboratório. A confirmação do resultado, Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP), veio em 13 de abril, dois dias após o início da mortalidade. Nessa mesma data, as aves restantes do lote afetado e outras 56 mil aves de outro aviário manejado pelo mesmo produtor, começaram a ser abatidas. Além disso, restrições de movi-
mento foram impostas a outras granjas localizadas num raio de 3 km. No dia 14 de abril, todas as aves das duas granjas já haviam sido descartadas. Em 16 de abril, apenas 5 dias após o início do surto, o caso foi oficialmente declarado como resolvido. Esse exemplo ilustra perfeitamente a importância da pronta notificação de casos suspeitos, rápido diagnóstico e imediato e adequado descarte dos lotes afetados. Sem dúvida, se esses procedimentos forem seguidos, a possibilidade de que esse vírus se espalhe e cause danos imensuráveis diminui exponencialmente. Não resta dúvida de que a indústria avícola brasileira é altamente desenvolvida, mas certamente há gargalos que dificultam a pronta adoção de tais medidas. A extensão territorial e a falta de rede laboratorial credenciada nas diversas regiões produtoras do país, por exemplo, complicam sobremaneira a rápida identificação de um surto e isso pode ter consequências dramáticas. Basta imaginar que, na indústria de corte, um assistente técnico, não raramente, visita diversas granjas por dia e isso pode contribuir para a rápida disseminação do vírus. Infelizmente, existem outros tantos exemplos de como o vírus causador da IAAP pode se espalhar caso não seja detectado prontamente. Além das dificuldades relacionadas ao aparato laboratorial e às distâncias continentais do país, se não houver a necessária transparência entre os diversos agentes envolvidos na cadeia produtiva e o total comprometimento de todo o setor, não se pode esperar que o pronto diagnóstico da doença seja obtido. Em outras palavras, se o produtor não comunicar imediatamente aos órgãos oficiais os casos suspeitos ou, em caso de comunicação, não houver imediata resposta dos agentes oficiais, o rápido diagnóstico da doença fica claramente comprometido. De fato, experiências de outros países mostram que a existência de fundos para compensação de perdas em decorrência da IAAP estimula produtores a notificar os casos suspeitos aos órgãos competentes.
Inegavelmente, se o caso índice não for prontamente identificado e as medidas necessárias rapidamente adotadas, as chances de que o vírus da IAAP se espalhe são muito grandes, principalmente se o surto ocorrer em áreas com alta densidade avícola. Nesse caso, os recentes surtos ocorridos nos Estados Unidos da América, em que cerca de 50 milhões de aves foram sacrificadas, mostraram que é necessário implementar vários outros procedimentos para erradicar a doença. De fato, dependendo da extensão do surto, sacrificar aves de lotes infectados, eliminar as carcaças contaminadas e dar o correto destino a camas desses aviários podem se tornar tarefas hercúleas, sobretudo se considerarmos que os surtos ocorrem num período de tempo muito curto. Esse
Implementação do zoneamento é importante para resguardar as exportações de regiões não afetadas pela doença em caso de um surto de IA
talvez seja o maior gargalo que os países enfrentam quando os surtos de IAAP se espalham, pois é muito difícil, impossível até, predizer a extensão do problema e consequentemente capacitar equipes e planejar as ações antecipadamente. Apesar de as discussões, em geral, girarem em torno do grau de preparo do país para identificar rapidamente um surto de IAAP e consequentemente adotar medidas que evitem que o vírus se espalhe, existem outras ações menos visíveis, mas não menos importantes, que devem ser consideradas. Por exemplo, todo o trabalho de implementação do conceito de zoneamento que tem sido desenvolvido ao longo da última década é de extrema importância para resguardar as exportações de regiões não afetadas pela doença em caso de um surto. Não menos importante é o trabalho preventivo que tem sido constantemente feito para conscientizar os produtores a respeito da importância da implementação de rigorosos procedimentos de biosseguridade e assim minimizar as chances de haver surtos dessa doença. Por fim, até mesmo detalhes tais como definir um porta-voz da indústria avícola para que se evitem mal-entendidos na comunicação com a imprensa e o público em geral têm de ser implementados. Mesmo que ainda haja pontos a melhorar, e sempre haverá, o trabalho desenvolvido por representantes do setor avícola brasileiro avançou bastante nesses aspectos. Enfim, não é fácil que um país com as dimensões territoriais do Brasil e com o tamanho e complexidade da indústria avícola nacional se considere adequadamente preparado para enfrentar uma doença como a IAAP. Ademais, há fatores imponderáveis que fazem com que os procedimentos variem caso a caso, como, por exemplo, a região afetada, a extensão do surto, a existência de pessoas infectadas ou, pior, a presença de fatalidades e a cobertura da imprensa, entre outros. Apesar de todas essas dificuldades, alguns pontos são fundamentais e exequíveis.
Produtor precisa comunicar imediatamente aos órgãos oficiais os casos suspeitos e a resposta dos agentes deve ser rápida, de forma a garantir o diagnóstico da doença
Implementar rede laboratorial que assegure o pronto diagnóstico dessa doença é, talvez, o mais importante deles. Além disso, assegurar programa de educação continuada a respeito dos necessários procedimentos de biosseguridade e, por fim, estimular a transparência entre todos os setores envolvidos na cadeia produtiva de aves. Sem esses procedimentos preventivos, o que resta serão apenas ações emergenciais que contribuam para diminuir o impacto da propagação da doença nos planteis brasileiros. Em tempo: O caso relatado no início desse texto aconteceu na província de Kumamoto, no Japão. Mais informações em: www.oie.int/wahis_2 public%5C..%5Ctemp%5Creports/ e n _ i m m _ 0 0 0 0 0 1 5 1 0 9 _20140418_161704.pdf.
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A Revista do AviSite
Informe Técnico-Comercial
Uso de Glicerídeos de Butírico na dieta pré-inicial Autor: Iesser D. Salah, médico veterinário e consultor internacional exclusivo da Ilender
A
nutrição da fase pré- inicial é um desafio. Sabemos que esta fase tem uma relação direta com o peso na fase final (willemsen 2008, Penz 2014), porém é onde o animal mais tem dificuldades, pois passa da alimentação do saco vitelino para uma dieta a base de milho e soja. Segundo Batal e Parsons, 2002 a digestibilidade destas dietas nos primeiros dias é muito baixa. Segundo Leeson, 2015 seria ideal encontrar um substituto para a soja, mantendo esta até 20-25% do total da dieta. A digestão de gorduras também é afetada nesta fase, não somente pela menor produção de sais biliares, mas principalmente pela falta de maturação do sistema entero- hepático. Segundo Maiorka et al, 1997 trabalhando com 2.900, 3.000 e 3.100 Kcal, não houve resposta de ganho de peso nos primeiros 7 dias. Viola et al, 2006 medindo altura de vilosidades duodenais encontrou um aumento superior a 250% entre o 1º e o 7º dias de vida. Posteriormente, o aumento de altura semanal foi de aproximadamente 10%. A produção muscular tem relação direta com a primeira semana. Vieira, 1999 Havely, 2000 e Moore, 2006 trabalhando com a relação entre a restrição alimentar nos primeiros dias e células satélites/rendimento de carcaça, encontraram perdas irreversíveis no peso vivo final, principalmente das células satélites e no rendimento de músculo do peito (M. pectorallis). Os Glicerídeos de Butírico (GB) são formados com um processo de esterificação forçada do glicerol com ácidos graxos de butírico, formando mono, di e tri glicerídeos. Esta ligação suporta 230º C e os ácidos butíricos são naturalmente protegidos frente ao PH do proventrículo, somente sendo liberados pela ação da lipase dentro do intestino. Já os mono glicerídeos têm seu efeito antimicrobiano e não sofrem ação da lipase, trabalhando desde o papo até o ceco. Leeson et al, 2005 trabalhando com GB encontrou uma melhoria estatística de vilosidade intestinal e rendimento de carca-
Os Glicerídeos de Butírico são formados com um processo de esterificação forçada do glicerol com ácidos graxos de butírico, formando mono, di e tri glicerídeos 54 A Revista do AviSite
ça no abatedouro, com dietas sem promotores de crescimento. O ganho em rendimento de peito foi de 40 gramas /ave.
Muita atenção é dada atualmente aos ácidos butíricos, pois como tem cadeia curta, atuam diretamente na nutrição dos enterócitos e não necessitam de sais biliares para absorção ou de carnitina para entrar na célula. Leeson trabalhando com glicerídeos de ácidos butírico em ensaio de energia metabolizável, encontrou ganhos estatísticos na fase inicial (9-12 dias), porém não na fase final (35-38 dias). Concluímos que o ganho é sinérgico principalmente devido a uma melhor absorção na fase inicial.
Leeson et al, também realizou um estudo para verificar o efeito da melhor vilosidade intestinal após 14 dias de uso de GB, desafiando com Coccidiose de 14 a 21 dias (sem o uso do produto) e verificando ganho de peso e escore de lesão. Os GB (Baby C4) reduziram o escore de lesão para Coccidiose, melhorando o ganho de peso, mesmo em um período sem uso do produto.
Também a fase inicial é importante para prevenir enterites e contaminações, já que nessa fase a flora não está bem formada (em quantidade e diversidade) e não há boa produção de ácidos butíricos pela fermentação dos PNA’s. Segundo Poppe, 1996 com 2 dias de idade um inóculo de 100 UFC/g de S. enteritidis é capaz de infectar 100% dos pintinhos, porém a medida que a idade avança, este número pode ser superior a 1 milhão de UFC/g. Paola Massi da Universidade de Forlí, trabalhando com GB e um desafio de 44 x 109 UFC de Salmonella Enteritidis, encontrou uma redução de contaminação estatística a nível do ceco das aves. Abaixo está o resultado de uma prova de MIC realizada no Laboratório Porto Belo de Porto Alegre, RS, para Salmonella Heidelberg (protocolo 2.15072304- 28/07/2015).
Alguns trabalhos na universidade de Milão demonstram que os glicerídeos de butírico, como as gorduras, são absorvidos ao longo de todo o trato intestinal e como são de cadeia curta, são auto- emulsificantes, facilitando a atuação. Abaixo, à esquerda, o controle e, à direita, o efeito do GB, a nível de divertículo de Meckel (Halouska,2008).
Concluindo, o uso de GB na dieta pré-inicial melhora a altura da vilosidade intestinal, deixando esta mais resistente para desafios futuros, reduzindo o alto risco de infecção nesta fase e melhorando o rendimento de carcaça, principalmente de peito à nível de abatedouro.
Informe Técnico - Comercial
Controle de roedores em aviários verticais Autor: Rildo Belarmino, Biólogo Entomólogo – Especialista em controle de Pragas pela Universidade Estadual Paulista/ UNESP Rio Claro
A
Theseo vem recebendo um grande volume de consulta técnica sobre controle de roedores e/ou desratização em aviários verticais. Os engenheiros industriais, arquitetos e outros profissionais, desenvolvem seus projetos visando aumento de produção, redução de custo, redução de mão de obra, redução de energia, reaproveitamento de água da chuva. As pragas nunca estão em seus projetos, e a sua chegada aumenta o risco de doenças associadas a elas (vírus, fungos, bactérias e outros) A Theseo vem implementando um controle de pragas contra os roedores, visando implementar a biossegurança na granja. Biossegurança é um conjunto de medidas cuja finalidade é proporcionar ao animal ótimas condições de saúde, a fim de que este possa desenvolver a
máxima produtividade de que é potencialmente capaz, segundo Sobertiansky J. e colaboradores 1985. Segundo Lagatta, a adequação à biosseguridade é economicamente factível. O custo é em média entre 1,61% e 2,09% do valor total dos gastos de produção. É um número relativamente pequeno frente aos possíveis riscos das enfermidades entrarem no plantel caso as medidas de biosseguridade não sejam adotadas. (fonte: www.avisite.com. br/cet). Por vezes, as granjas não dão conta do controle de roedores. Os ratos residentes trazem prejuízos nas estruturas, contaminando as rações e toda área por onde transitam e, além de tudo, manchando a imagem da granja. O primeiro passo para resolver essa situação é entender o controle de pragas como um investimento e não como um gasto.
Algumas informações sobre o rato do telhado e camundongos, os mais comuns nas estruturas verticais: • Rattus rattus (rato do telhado) – Está presente na parte aérea do galpão, mas já adaptado na parte baixa, inclusive em tocas. Daí sua adaptação entre as esteiras de estercos. É um exímio escalador. Pesa em média 200 gramas, com ciclo de vida 9 a 12 meses e ninhadas em média de 6 a 10 filhotes. • Mus musculus (camundongos) É mais social, vive próximo ao homem e em casal, geralmente não formam colônia e vivem em pequenas tocas. Estão adaptados entre as esteiras de estercos, fazem ninhos em fábricas de ração. Pesa em média 15 gramas, com ciclo de vida de 9 a 12 meses e ninhadas em média de 5 a 6 filhotes. A necessidade de roer está associada a seus dentes, que tem raízes abertas e crescem em média 3mm por semana. Sua urina é sua visão, eles andam urinando pelo seu trajeto, gotejando urina e marcando sua trilha e contaminando tudo a sua volta. Toda fonte de alimento está contaminada por urina, pois eles se alimentam e depois urinam para marcar seu retorno. Sempre falo nas minhas visitas que temos ratos residentes em nossas granjas. As estruturas novas de aviários verticais passaram a ser a preferida por eles. Se adaptaram entre as esteiras de esterco, danificando as esteiras e contaminando o lote nas bactérias. O rato, por sua natureza, tem uma capacidade sobrenatural para se adap-
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A Revista do AviSite
Modelo de PCR (Ponto de Controle de Roedores): Cano PVC 100mm, 30 cm com divisão a cada 10 cm e um furo central
tar ao meio e a toda forma de controle. Um ponto de iscagem que fica no mesmo local por meses, se torna para aquela população residente um ponto conhecido e pouco será visitado pelos roedores, é importante saber que eles gostam do novo.
Para iniciar a desratização precisamos seguir os 7 passos abaixo: 1. Inspeção 2. Croqui ou planta baixa da empresa 3. Índice de infestação e espécie infestante 4. Locais de trânsito dos ratos 5. Metodologias para os controles 6. Escolha do raticida para o controle 7. Uma pessoa responsável por controle de pragas em nossa unidade (Pragueiro). Após a inspeção em toda a granja, planificamos a taxa de infestação, os lo-
cais de infestações, as futuras medidas corretivas, as medidas preventivas e as medidas curativas. Avaliado o índice de infestação, planificamos na planta baixa e começamos o controle. Quando a infestação é baixa ou não temos infestação, fazemos a colocação dos “pontos de controle de roedores” (PCR). Todos os pontos devem estar numerados e identificados. Após identificar a espécie infestante, colocamos os PCR. Para o rato do telhado, o ideal é trabalhar com um PCR de 10 a 20 metros de distância e para caso de camundongos, um a cada 5 metros. Além disso, é preciso colocar iscas em pontos estratégicos nas granjas.
Desinsetização contra ectoparasitas pós desratização Temos que lev ar em conta que os roedores carregam consigo uma variada carga de ectoparasitas, (ácaros, pul-
gas, piolhos, carrapatos e outros), que irão abandonar o hospedeiro, após sua morte, podendo migrar para ambientes de produção e para o homem. Para evitar o risco epidemiológico que o controle acarreta, numa fase inicial de controle (desratização), onde haverá mortalidade de uma grande quantidade de roedores, uma desinsetização específica deverá ser realizada. Após a morte dos roedores deverá ser coletado seus cadáveres e dado o destino correto.
Possível fracasso de desratização: • Reinfestação passiva ou por áreas contíguas; • Iscagem insuficiente ou mal posicionamento; • Concentrações indevidas; • Isca não homogénea / não palatável/ não atrativa. Só teremos prevenção quando não tivermos infestação. A Revista do AviSite
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Artigo técnico
Recorrência ou novos casos de doença respiratória crônica (DCR) em lotes de aves industriais: Uma reflexão sobre o assunto
Fotos: Dr. Jaime Ruiz
Autor: Josiane Tavares de Abreu, Professora Adjunto IV Doenças das aves – PUC Minas Unidade Betim, Diretora e RT do laboratório CDMA (Centro de Diagnóstico e Monitoramento Animal), Presidente COESA-MG e membro do CTC- AVIMIG
A imagem mostra um macho de matrizes pesadas com edema de face e cianose da crista associados com infecção por Mycoplasma gallisepticum
A
s enfermidades que acometem o sistema respiratório são os distúrbios mais frequentemente observados na avicultura, sendo de suma importância em virtude de vários aspectos. O mais relevante é o fato de afetarem aves de qualquer idade, em todos os tipos de criação, funcionando como porta de entrada para inúmeros patógenos e envolvendo geralmente diversos agentes etiológicos e com grande variação na apresentação clínica, o quê dificulta o diagnóstico a campo. Sua importância econômica reside na queda de desempenho dos lotes associados ao aumento de mortalidade, da taxa de condenação em abatedouros, piora no ganho de peso, conversão alimentar, na uniformidade com refugagem, na produção e qualidade interna e externa dos ovos férteis ou de consumo, além do aumento dos custos com maior uso de insumos, principal-
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A Revista do AviSite
mente de antibióticos. Outro fator de importância nas doenças respiratórias é a possibilidade de reações pós vacinais decorrentes de erros no procedimento de vacinação, sendo estas mais severas ou não dependendo do status imune do lote, estado fisiológico, idade, genética, variação na patogenicidade do agente e carga ou dose do agente infectante. Definir se estes quadros clínicos estão mais recorrentes ou não dependeria de um maior conhecimento da prevalência das enfermidades respiratórias em nossos lotes. Primeiramente, para definirmos quais são as doenças de maior prevalência em nosso país deveríamos conceituar alguns termos, separando dois notoriamente confundidos por serem intrincadamente unidos, sendo estes incidência e prevalência. Ambas são medidas de frequência de ocorrência de doenças ou agravos, mas prevalência refere-se a quantos animais estão
doentes e incidência a quantos tornaram-se doentes, num determinado período de tempo e numa determinada população. Sendo assim, se considerarmos tempo e população, deveríamos dividir essa discussão também para tipos de criação e de acordo com a época do ano, visto que muitas enfermidades são sazonais. Entretanto, poucos dados oficiais estão disponíveis e a maioria dos relatos da literatura científica trabalha com um número de aves pequeno para poder dimensionar os mesmos para uma região maior, estado ou país. Além disso, as técnicas empregadas são variáveis quanto à amostra trabalhada, sensibilidade e especificidade do teste impedindo a comparação entre estudos. Reduzindo nosso universo de discussão, quando consideramos DCR em lotes de aves industriais o agente mais isolado e/ ou detectado é a Escherichia coli. Mas deve-se ressaltar que inúmeros outros patógenos estão envolvidos em maior ou menor severidade nas lesões dos sacos aéreos, sendo estes IBV, LTI, NDV, Influenza Aviária, Mycoplasma sp. com ênfase em M. gallisepticum e M. synoviae, Clamidiose, ORT e outras bactérias da família Pasteurellaceae. Diversos tipos de quadros de colibacilose localizada e sistêmica afetam as aves industriais, sendo o nome baseado geralmente nos tecidos afetados ou processo da doença. Uma destas apresentações é denominada de
Entender se quadros clínicos estão mais recorrentes depende de um maior conhecimento da prevalência das enfermidades respiratórias nos lotes
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Fotos: Dr. Jaime Ruiz
Artigo técnico
Aves com descarga nasal e ocular. Achados comuns em quadrosrespiratórios de origem viral como IBV e APV, principalmente em aves mais jovens. colisepticemia, apresentando diversas formas clínicas que podem ser distinguidas dependendo de como o organismo teve acesso à circulação sanguínea, a idade e o tipo de ave. A colisepticemia de origem respiratória é a forma mais comum, geralmente referida como doença dos sacos aéreos, DCR, complexo respiratório aviário ou doença respiratória multicausal. A severidade da doença resultante está relacionada diretamente ao número de agentes que estão envolvidos. Geralmente quando este patógeno está associado a outros, como o IBV, APV, A. paragallinarum e micoplasmas, são comuns períodos de maior susceptibilidade iniciarem mais cedo e os quadros serem mais longos ou persistentes. Na colisepticemia derivada de quadro respiratório, as lesões são proeminentes nos tecidos respiratórios (traquéia, pulmões e sacos aéreos), saco pericárdico e cavidades peritoneais e poliserosite subaguda. A presença de poliserosite (pericardite, perihepati-
Dificuldade em definir quais agentes estão envolvidos faz com que a rastreabilidade para definição do problema seja baixa e também a eficiência de seu controle
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te, peritonite e aerossaculite) ocorre como resultado de uma difusão sistêmica da E. coli. A forma de entrada deste patógeno nesta situação é aerógena, sendo a inalação do coliforme em poeira contaminada oriunda do ar da instalação considerada uma das fontes mais importantes para infecção dos sacos aéreos de aves susceptíveis. Estudos de infecções experimentais têm encontrado que regiões dos pulmões mais envolvidos na hematose e os sacos aéreos são sítios de entrada da E. coli na circulação sanguínea durante os estágios iniciais da infecção e que a resistência à fagocitose pode ter um importante mecanismo no desenvolvimento da doença. Esta maior invasividade dos tecidos e capacidade de persistir nos mesmos, é determinada pelo acúmulo de determinados fatores de virulência que são adquiridos entre as espécies bacterianas ou entre diferentes tipos de bactérias via elementos genéticos móveis – plasmídeos, integrons e transposons. Estes mesmos elementos genéticos também conferem à bactéria resistência a inúmeros antibióticos e desinfetantes, a respeito da cefadrina, tetraciclinas, cloranfenicol, sulfonamidas, estreptomicina, aminoglicosídeos, lactâmicos, fluorquinolonas e ceftiofur, dentre outros. Esta resistência aos antimicrobianos é diversificada e depende do sorovar ou sorovares que circulam numa determinada região, podendo ser desenvolvida para inúmeras drogas de forma simultânea quando estes fármacos são utilizados de forma indevida. O maior reservatório destes fatores de
resistência transferíveis entre as bactérias num ambiente avícola não está somente na E. coli e nem nas bactérias Gram negativas, mas sim nas Gram-positivas (cerca de 85%) comuns na cama aviária. Apesar de testes laboratoriais (antibiograma) auxiliarem na condução do tratamento e controle da doença, deve-se lembrar que os mesmos são testes in vitro e não simulam plenamente o hospedeiro e nem o ambiente ao qual este é criado (in vivo). Mesmo drogas altamente eficazes podem não resolver plenamente o problema em virtude de não alcançarem a dose terapêutica necessária no tecido infectado e, portanto, o controle com o uso somente de terapias é ineficaz, sendo imprescindível medidas mais rigorosas de biosseguridade. Entre os fatores de virulência descritos as adesinas (fímbrias) apresentam papel relevante na colonização dos tecidos, sendo demonstrado em isolados de APEC que a fímbria F1 é expressa quando a bactéria está presente no trato respiratório, enquanto a fímbria P é expressa em outros órgãos em aves infectadas (Dho-Moulin & Fairbrother, 1999; Ginns et al., 2000; Lutfur Kabir, 2010; Skyberg et al., 2006). Vandekerchove et al. (2005) encontraram diferenças significativas entre 80 isolados obtidos de lotes controles e com quadros de colibacilose em criações de poedeira comercial, sendo detectados 10 fatores em maior prevalência ou combinados (tsh, iss, iutA, irp2, fyuA, iroC, cvaC, produção de colicina e colicina V) em lotes com problemas clínicos. Outros genes relacionados à virulência tam-
bém foram relatados por autores a exemplo iroN, iucC, sitA, traT, feoB, ireA, hlyD, hlyF, ompT, papC e fliC (Achtman et al., 1997; Dho-Moulin & Fairbrother, 1999; Fields et al., 1997; Lorenzo et al., 1986; Lorenzo & Neilands, 1986; Moll et al., 1980; Rodriguez-Siek et al. 2005; Runyen-Janecky et al., 2003; Russo et al., 1999; 2001; Skyber et al., 2006). Outro fator que também pode auxiliar na manutenção deste patógeno (APEC) em lotes de aves industriais é a sua persistência por longos períodos na traquéia, cecos e ovidutos. Reprodutoras durante a postura que aparentemente se recuperaram do quadro clínico após inoculação da E. coli pela via oral ou pelos sacos aéreos, mantiveram a infecção nestes tecidos por no mínimo 21 semanas. Quando estendemos esta informação a outros patógenos respiratórios sabe-se que bactérias pertencentes à família Pasteurellaceae, entre elas o A. paragallinarum, e aos micoplasmas também podem permanecer em aves mesmo após o tratamento com antibióticos. Entre os agentes virais o VLTI também é notório por sua capacidade de entrar em latência e permanecer por longos períodos em alguns tecidos aviários, a exemplo da traquéia e gânglio trigêmeo, podendo ser reativado e reexcretado ativamente
A definição sobre se uma doença realmente é recorrente ou não, se inicia no adequado diagnóstico da situação quando o lote é apresentado a alguma situação de estresse, a respeito das mudas forçadas. O IBV pode ser eliminado pelas fezes por períodos tão longos quanto 20 semanas, mesmo após a remissão dos sinais clínicos. Esta persistência dos patógenos também já foi extensivamente trabalhada para o ambiente de alojamento, sendo encontradas altas contagens de E. coli em camas muito úmidas de forma persistente, principalmente se há baixa taxa de fluxo de ar ou velocidade do ar na superfície da mesma. Outro reservatório comprovado para diversos patógenos aviários tem sido os diferentes estágios de desenvolvimento da Musca domestica, demonstrando novamente a necessidade de um bom programa de biosseguridade. Associado a estes dados sabe-se que os principais fatores de risco para doenças respiratórias em lotes de aves industriais são a elevada densidade aviária e a proximidade entre os sistemas de criação. Vandekerchove et al. (2004) avaliaram 40 lotes de poedeiras comerciais em 25 diferentes empresas com e sem problemas clínicos de colibacilose e demonstraram dentre as 46 variáveis estudadas relacionadas ao manejo, biosseguridade e condições de alojamento, as que apresentaram maior significância estatística foram as distâncias entre as unidades de produção e densidade de aves por gaiola. Os autores encontraram uma redução em seis vezes do risco de colibacilose quando a distância entre unidades produtivas era de 1 km e um aumento no risco em 33% quando se aumentava uma ave por gaiola. Além destes fatores citados, outros problemas normalmente associados a fatores ambientais que podem atuar como predispo-
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nentes e / ou agravantes para enfermidades respiratórias são tipo de instalações e localização, clima (umidade, temperatura), taxa de oxigenação (ventilação) e qualidade do ar (poeira, amônia e outros gases), fatores de manejo estressantes (debicagem, seleção, transferência, muda forçada) e qualidade de água, além dos infecciosos como agentes imunossupressores. Nagi & Raggi (1972) correlacionaram maior incidência de aerossaculite, pericardite e perihepatite por Escherichia coli patogênica em sistemas de produção com baixa qualidade microbiológica da água de bebida do lote. No Brasil, Buchala (2008) também encontrou correlação positiva com cuidados precários no controle de entradas de pessoas e veículos estranhos à granja, e de higienização de trabalhadores e troca de roupas antes da entrada na rotina de trabalho com a presença ou não de lotes com Laringotraqueíte infecciosa (LTI) em São Paulo. Outro fator encontrado como estatisticamente relevante ou significativo foi a presença de intenso calor e a frequência de ocorrência de LTI, além de quadros mais comuns nas granjas mistas e de produção do que cria e recria. O mesmo autor também verificou que a distância entre granjas que apresentaram LTI era estatisticamente inferior àquelas que não tiveram LTI (358,2 m ± 622,7 contra 4.400 m ± 3.951, respectivamente). Além disso, para diversos patógenos respiratórios existe uma grande variedade de hospedeiros o quê também dificulta a com-
Fotos: Dr. Jaime Ruiz
Aerossaculite com sacos áereos opacos e espessados com aumento da vascularização e presença de exudato caseoso. Sem exames complementares não há como definir a (s) causa (s). Fonte: Cornell University
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pleta eliminação do agente do ambiente, a respeito das pasteureloses, micoplasmoses, colibaciloses, bouba aviária, vírus de Newcastle e Influenza aviária, principalmente (Swayne et al., 2013). Ressalta-se que para algumas destas enfermidades a imunidade homóloga é necessária para plena resistência das aves frente a um desafio e quando o mesmo não é verificado entre as estirpes ou sorovares utilizadas nas vacinas e o que existe no campo a imunidade é parcial ou nula. O exemplo mais nítido é o IBV, mas raciocínio análogo pode ser aplicado também às vacinas para E. coli e Coriza infecciosa, onde a proteção é ineficiente entre sorovares heterólogos. Considerando, então, que a maioria das enfermidades respiratórias apresentam os mesmos meios de transmissão (contato direto, aerossol, fezes, demais secreções e vias indiretas) os fatores de risco destes exemplos poderiam ser estendidos com certa tranquilidade para os demais patógenos respiratórios e podem ajudar a explicar a manutenção de alguns destes entre lotes e recorrência de doenças respiratórias pela reintrodução dos mesmos. Associa-se ao fato de os quadros clínicos e lesões serem pouco específicos e facilmente confundidos, de pouco diagnóstico diferencial ser realizado, e de se trabalhar mais pensando em diagnóstico do que monitoria a longo prazo e na construção de um histórico sanitário da empresa e região. A dificuldade em definir quais agentes estão envolvidos e a omissão de muitos outros que são pouco pesquisados, fazem com que a rastreabilidade para definição de quando e onde iniciou o problema seja baixa e também a eficiência de seu controle, baseando quase que exclusivamente em muitas situações em mudanças de programas vacinais (sem embasamento científico) e na hiper medicação dos lotes, dificultando e/ ou mascarando o agravo. Sendo assim, a definição sobre se uma doença realmente está recorrente ou não se inicia no adequado diagnóstico da situação. Ressalta-se que para a obtenção de um diagnóstico consistente para qualquer enfermidade, dados relativos ao histórico do lote, epidemiológicos, sinais clínicos encontrados e achados anatomo-patológicos são cruciais para a definição de quais são as suspeitas clínicas, em qual fase se encontra a enfermidade no lote e quais seriam as técnicas confirmatórias para
Fotos: Dr. Jaime Ruiz
Artigo técnico
Traqueíte moderada em ave com quadro respiratório de origem viral. Sem exames complementares não há como definir a (s) causa (s). Fonte: Cornell University
Alterações nas casca de aves infectadas com IBV. Fonte: Cornell University, 2015 aquele momento em que se encontra o problema Fazendo um apanhado geral de tudo o que foi dito, podemos destacar alguns pontos importantes para a ocorrência e recorrência de quadros respiratórios, entre eles: - Presença e aumento de fatores facilitadores ou predisponentes que aumentem a possibilidade de circulação dos patógenos entre os lotes, principalmente aqueles relacionados à densidade dos lotes e distância entre os mesmos; - Resolução dos problemas sem diagnóstico diferencial e diagnósticos parciais sem determinação da virulência dos patógenos, com ênfase em APEC; - Resolução dos problemas baseados no uso de antimicrobianos muitas vezes usados de forma indevida, sem saber com certeza contra quais patógenos estão sendo aplicados; - Falta de compilação dos dados dos lotes e o confrontamento destes com os resultados laboratoriais. Estamos “resolvendo” nossos problemas pelo quê vemos e não pelo que realmente temos. O achismo ainda é mais utilizado para a definição dos problemas e a gestão da sanidade respaldada em poucos dados, favorecendo a recirculação e manutenção dos agentes. As referências bibliográficas estão disponíveis mediante consulta.
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A Revista do AviSite
Reportagem empresarial
Em nova reunião, Biovet discute controle da coccidiose em reprodutoras, poedeiras e frangos O sucesso da vacinação
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ealizando a segunda etapa de sua comemoração pela marca de 500 milhões de doses aplicadas da Bio-Coccivet R, o Biovet recebeu produtores e veterinários em Campinas, SP, dia 24 de novembro, para discutir o controle da Coccidiose Aviária no Brasil. A Bio-Coccivet R é uma vacina contra esta enfermidade produzida em território nacional com cepas de Eimerias isoladas de diversas regiões brasileiras. É amplamente usada em reprodutoras pesadas, leves e também em lotes de aves de postura comercial. Nesta reunião, marcaram presença também o Diretor Presidente do laboratório, Roberto Corrêa, e o líder do Centro Técnico de Reprodução de Eimerias do Biovet, Juan Solis, além de outros profissionais do time de avicultura. Satisfeitos com a trajetória percorrida e os resultados alcançados pela ferramenta Bio-coccivet, a equipe Biovet fala com emoção sobre os seus feitos, mas não deixa de embasar cientificamente todos os seus argumentos. Roberto Corrêa ressaltou o desempenho dos colaboradores do Centro Técnico de Reprodução de Eimerias do Biovet. Dr Solis participa desde o início dos trabalhos de desenvolvimento da Bio-Coccivet R. Depois de 46 anos de início de sua carreira no campo, ele deve encerrá-la em 2016, no Brasil. “Viajei muitos países e fiz muitos amigos, mas os melhores são brasileiros. Recebi de vocês uma grande e sincera amizade e sou muito agradecido por isso”. Dividindo com o público dados atuali-
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zados em relação à 1ª Reunião Técnica realizada em junho, Alessandro Campos, Gerente da Unidade de Negócios Avicultura, conta que mais de 10 milhões de doses da Bio-coccivet R foram aplicadas no segmento de postura comercial. Ele também enfatiza que a marca de 500 milhões já ficou para trás e, atualmente, 540 milhões de doses foram aplicadas. Mauro Prata, Gerente de Produtos para Saúde Entérica, se concentrou em apresentar dados da Bio-Coccivet para frangos de corte, composta por cinco espécies de Eimerias totalmente atenuadas, que apresenta resultados promissores. Mais de 20 milhões de frangos de corte, de três diferentes integrações nacionais, já foram imunizados com a vacina do Biovet. Prata sugere trabalhar em dois lotes seguidos com a vacinação para Coccidiose Aviária, como parte do programa de rotação de anticoccidianos. Ele reforça o conceito de que a utilização da vacina “troca” os oocistos virulentos por oocistos vacinais, que são mais sensíveis aos químicos anticoccidianos, revitalizando os programas de controle. O Professor Paulo Lourenço, da Universidade de Uberlândia, falou sobre os avanços envolvendo a Coccidiose nos últimos anos. Ele também observou que nos anos 2000 nenhum novo químico foi lançado para o controle desta enfermidade e que nos Estados Unidos as vacinas têm desempenhado um papel importante no manejo da Coccidiose e tem sido responsável por 40% dos programas em algumas estações do ano.
Em conversa com a Revista do AviSite, Dr Solis falou sobre a importância de outros pontos envolvendo o controle da coccidiose por meio da vacina. Ele explica que o sucesso da vacinação, seja em matrizes/reprodutoras ou frangos de corte, é diretamente influenciado por vários fatores interligados entre si. Entre eles estão: 1) Grau de viabilidade dos antígenos vacinais (cepas de Eimeria spp. presentes na vacina); 2) A temperatura de manejo da vacina de coccidiose (sempre ente 40C e 80C); 3) O método ou via de vacinação dos pintinhos, que garante a uniformidade e rapidez na resposta imunitária de tipo celular (a vacinação individual das matrizes é a melhor via de aplicação para obter uma excelente uniformidade e rapidez da resposta imunitária); 4) Para que uma vacina contra a coccidiose seja eficaz na sua aplicação em frangos de corte por via spray, a formulação do produto deverá conter um grande número de oocistos esporulados. Quanto menos oocistos forem ingeridos, mais demorado será o desenvolvimento da imunidade celular; 5) É importante também usar conjuntamente com a vacina um produto ou princípio ativo que tenha um efeito sobre, principalmente, Clostridium spp, de modo a reduzir ou até evitar um início potencial de enterite necrótica.
Juan Solis: Bio-Coccivet é a única vacina no mercado mundial que contêm 3 cepas de E. máxima extremamente eficientes na proteção contra as cepas de E. máxima virulentas presentes no Brasil
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Informe Técnico - Empresarial
Uso de protease na avicultura Autor: Juan Hilario de Araujo Ruiz, Gerente de Serviços Técnicos Enzimas - LATAM - NOVUS
A tecnologia das enzimas como aditivos alimentares vem sendo utilizado de forma comercial na avicultura por mais de 20 anos, sendo a fitase a enzima pioneira e utilizada atualmente em mais de 90% das dietas de aves. Nos últimos anos, as proteases tem apresentado uso crescente. Isto se explica por diferentes razões, como a busca constante dos avicultores em aumentar o aproveitamento das rações e assim otimizar os custos de produção de carne e ovos. Existe uma tendência de aumento no custo dos principais ingredientes das rações como soja, milho, sorgo, trigo entre outros. Assim, perante um mercado exigente em qualidade de produtos e preços competitivos, a tecnologia das enzimas vem de encontro a esta demanda melhorando o aproveitamento das rações e consequentemente os custos de produção. Aproximadamente 85 à 90% da proteína da dieta é de fato aproveitada pelas aves, ou seja, em uma dieta com aproximadamente 18% de proteína temos entre 18 à 27 kg de proteína por tonelada de dieta, excretados e portanto, não utilizadas pelas aves. Isto é uma significativa quantidade de substrato que pode e deve ser aproveitado com a enzima protease (Gráfico1)
Ação da protease sobre ingredientes proteícos A enzima protease atua melhorando a digestibilidade dos aminoácidos (AA) e energia metabolizável (EM) de todos os ingredientes proteícos tanto de origem vegetal quanto animal. (Gráfico 2).
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Gráfico 1. Digestibilidade proteíca dos principais ingredientes utilizado nas dietas de aves
Gráfico 2. Aumento da digestibilidade em vários ingredientes de origem vegetal e animal utilizando duas diferentes proteases (Cibenza DP100 e Protease B) e uma dieta controle
Ação da protease sobre a proteína não digerida
Gráfico 3. Efeito da protease Cibenza DP100 reduzindo a contagem de E. Coli na digesta
Com a ação da protease sobre ingredientes proteícos ocorre uma redução da proteína não digerida, reduzindo o crescimento de microorganismos potencialmente causadores de doença no trato digestivo das aves, como por exemplo a Escherichia coli. (Gráfico 3)
Ação da protease sobre fatores anti-nutricionais
Gráfico 4. Relação entre Inibidores de Tripsina (IT) e digestibilidade de aminoácidos no farelo de soja
Outra ação importante da protease é a redução significativa de fatores anti-nutricionais proteícos como, por exemplo, os inibidores de tripsina presentes no farelo de soja . Estes fatores anti-tripsínicos em determinados níveis causam redução na digestibilidade dos aminoácidos. (Gráfico 4) . Recentes análises em várias amostras de farelos de soja no Brasil mostram que apesar do processamento térmico, são encontrados níveis de inbidores de tripsina capazes de reduzir expressivamente a digestibilidade dos aminoácidos (NOVUS Lab, 2015). A protease Cibenza DP100 é efetiva na redução significativa dos fatores anti-nutricionais proteícos e estudos indicam que seu efeito é gradualmente positivo quanto maior for a concentração destes fatores anti-nutricionais e menor a sua digestibilidade. (Gráfico 5).
Conclusões Grafico 5. Efeito da protease Cibenza DP100 na digestibilidade de aminoácidos (AAs) em farelo de soja (FS) com diferentes níveis de inibidores de tripsina (IT) em aves
- A enzima protease possui uma clara e consistente proposta de valor por incrementar a digestibilidade de aminoácidos (AA) e energia metabolizável (EM) e também pela melhoria da qualidade intestinal devido a redução de proteína não digerida e a redução da ação de fatores anti-nutricionais como por exemplo os inibidores de tripsina contidos no farelo de soja - A protease CIBENZA DP100 pode ser formulada para reduzir o custo da dieta mantendo o desempenho zootécnico e a qualidade da carne. - Os dados de morfometria indicam tendência de melhor desenvolvimento das vilosidades intestinais com o uso da protease CIBENZA DP100. A Revista do AviSite
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Reportagem Empresarial
Auster lança linha de premix Númia
A
Auster Nutrição Animal recebeu a imprensa no dia 11 de novembro, em sua sede na cidade de Hortolândia, SP, para apresentação de sua nova linha de produtos Númia. Criada a partir de pesquisas para cada fase de vida do plantel, a linha Númia pode ser utilizada para aves de corte e postura, com premixes para as diferentes fases da produção e também pode ser utilizada para suínos e bovinos de corte e leite. De acordo com Paulo Portilho, Diretor da Auster, a nova linha de premix apresenta grande padrão de qualidade e tecnologia. “Ela é adaptada a cada realidade de nossos parceiros, por isso, apresenta rápida resposta no campo. Trabalhamos com o máximo entendimento da cadeia de valor dos nossos clientes, com um a rede de informação aberta e transparente, com uma base técnica e científica para adequação específica do produto a cada realidade”, explica. Laureano Galeazzi, Gerente Técnico da Auster, também esteve presente à coletiva de imprensa. Ele explicou que o produto atua de forma única, pois a empresa possui a filosofia de trabalho baseada no conhecimento dos clientes. “Os clientes conhecem cada ingrediente composto em nosso premix. Se eles vierem até nossa sede, em nossa sala de reuniões, eles
Criada a partir de pesquisas para cada fase de vida do plantel, a linha Númia pode ser utilizada para aves de corte e postura 68 A Revista do AviSite
verão uma janela imensa na qual todos podem ver grande parte da fábrica”, conta. Na sede da Auster, impressiona a limpeza e a organização. “Nosso objetivo é reduzir ao máximo a possibilidade de contaminação. Nossa fábrica possui padrão farmacêutico, o que nos permite até produzir alimentos para a linha humana, se quiséssemos, tamanha é nossa pureza no tratamento com nossos produtos”, destaca Paulo Portilho. Rafael Morelato, Gerente de Produtos da Auster, diz que somente com este cuidado e rigor na produção, e transparência junto aos parceiros, é que a empresa pode primar pela máxima eficiência. “Do contrário não conseguiríamos atingir nosso padrão técnico de qualidade”, avalia.
Laureano Galeazzi: “Nossa fábrica possui padrão farmacêutico, o que nos permite até produzir alimentos para a linha humana”
Crescimento A Auster é uma empresa brasileira, fundada em 2008. A empresa atua com aditivos e enzimas, em parceria com a AB Vista. Ela possui especialidades energéticas e proteicas, com premix e núcleos concentrados e atua com serviços técnicos e industriais. “Partimos do zero em 2008. Enfrentamos três crises de grande porte (sub-prime 2008/09, custos de grãos em 2012, recessão e crise de confiança em 2015/16. No ano de nossa fundação, faturamos R$ 12,6 milhões, com uma margem bruta de R$ 2,5 milhões. Hoje, 2015, este é o nosso faturamento mensal. Queremos seguir com uma base de clientes e produtos diversificados. Mas sempre com distinção técnica. Vamos seguir contratando profissionais de alta competência e potencial. Queremos dobrar o lucro operacional da Auster até 2018, em relação à 2014. Se atingirmos este resultado, nossa intenção é listar a empresa em ‘small cap’ (abertura de capital na Bolsa de Valores)”, entrega o Diretor Paulo Portilho.
Paulo Portilho: “Linha Númia é adaptada a cada realidade de nossos parceiros, por isso, apresenta rápida resposta no campo”
Rafael Morelato: “Cuidado e rigor na produção e transparência junto aos parceiros nos permitem primar pela máxima eficiência”
AviGuia Lançamento da Ceva
Nova vacina vetorizada para Gumboro e Marek A Ceva Saúde Animal inova com o lançamento da vacina, Vectormune® IBD Rispens, que combina em uma vacina vetorizada de Gumboro em vetor Marek HVT e uma fração Marek Rispens em um único produto. Trata-se de uma formulação exclusiva que visa o máximo de e¬ficácia com segurança, baseados na seleção correta do vírus vacinal e passagens adequadas de atenuação. Segundo a empresa, o principal diferencial da vacina é sua eficácia diante dos desafios mais severos da doença de Marek, incluindo a Marek muito virulenta plus (vv+MDV). A enfermidade tem causado grandes perdas econômicas na avicultura brasileira, diretamente devido a tumores e paralisia e, indiretamente, pela imunossupressão causada. Já para a doença de Gumboro, os estudos comprovam a proteção de Vectormune IBD Rispens contra desafios por vírus clássicos e variantes da enfermidade, além da conveniência da vacinação em incubatório. Segundo Alberto Inoue, gerente de linha de avicultura, a conveniência de se ter a fração Gumboro em vetor HVT e a fração Rispens em um único produto é um grande diferencial, pois permite um menor manejo de preparo de vacinas e redução no número de botijões para armazenamento no incubatório. Sob o ponto de vista de campo, foram avaliadas mais de 1,7milhões de poedeiras vacinadas, sendo 37 lotes, 5 linhagens diferentes em 5 regiões diferentes do Brasil. Nesse estudo, não
houve nenhum caso de Gumboro ou Marek, mesmo em situações de desafio de campo pelas doenças.
Estados Unidos estocam vacina contra Influenza Aviária O Serviço de Inspeção Sanitária e Fitossanitária de Animais e Plantas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA/APHIS) anunciou a decisão de armazenar centenas de milhões de doses de vacina contra a Influenza Aviária (IA), estando a vacina da Ceva (Vectormune® AI) entre as duas selecionadas, segundo informações divulgadas pela própria Ceva. Essa medida ocorreu após o sacrifício de quase 50 milhões de aves domésticas este ano, devido à ocorrência de surtos em 15 estados. Este ano ocorreu no país a pior epizootia de IA altamente patogênica (HPAI) na história dos EUA e, apesar de o surto estar agora aparentemente sob controle, teme-se que a AI poderia reaparecer no início de 2016. Estima-se que o abate em massa de aves tenha custado mais de 500 milhões de dólares ao USDA. Mark Davidson, Deputado Administrador dos Serviços de Importação/Exportação do Departamento de Agricultura dos EUA, declarou recentemente em um congresso internacional de avicultura que o país fez todos os esforços para se prepararem diante da possibilidade de haver mais entradas (de IA) com o retorno das aves migratórias do norte. "Estaremos preparados para vacinar, se necessário", explica.
Alberto Inoue: Fração Gumboro em vetor HVT e a fração Rispens em um único produto é diferencial da Vectormune® IBD Rispens Yannick Gardin, Diretor de Ciência e Inovação da Ceva, uma das duas empresas que ganharam o contrato de fornecimento de vacinas, afirmou que: "Vem aumentando a quantidade de dogmas sobre o controle da IA. Os países que decidiram vacinar eram vistos como “maus”, porque acreditava-se que tinham problema com a doença. Mas isso já não está mais correto, dada a natureza mutante do vírus da IA, que agora é capaz de sobreviver em aves silvestres (migratórias) durante longos períodos de tempo”, explica. Para mais informações, acesse www.ceva.com.br.
A Revista do AviSite
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AviGuia Assuntos regulatórios
Merial avança com antecipação de farmacovigilância
Patrícia Schwarz Borchardt, Diretora de Assuntos Regulatórios da Merial: empresa investiu mais de um milhão de reais em plataforma de farmacovigilância
A Merial está investindo para reforçar a posição na plataforma global de exportações no país. Atuando de maneira mais intensa em questões regulatórias desde a chegada de Patrícia Schwarz Borchardt em 2014, para assumir a direção do setor, a empresa contabiliza importantes ganhos nas relações com os principais órgãos e entidades do setor. Com atuação alinhada com a LAPAC, braço da multinacional para negócios na América Latina e Pacífico, a área de assuntos regulatórios da Merial tem entre seus principais objetivos o foco na manutenção e ampliação das sólidas relações com o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) e entidades relacionadas. Uma das mais recentes conquistas da Merial, a antecipação nacional da oferta de uma plataforma eficiente e globalmente interligada de farmacovigilância foi fruto desse bom relacionamento conquistado
e também agilidade processual da área. “Temos atualmente mais de 600 funcionários conectados, com um canal único, e treinamentos anuais com a equipe completa, onde cada colaborador pode atuar como um agente, pois conhece toda a dinâmica da empresa. Hoje mantemos uma média de início de planos de ações aos questionamentos em até 24 horas, o que é um ganho muito importante para a resposta final ao cliente.”, informa Patrícia Schwarz Borchardt. A Merial investiu mais de um milhão de reais no projeto, incluindo treinamentos, sistemas e equipamentos. Na prática isso significa maior rapidez e segurança para identificar rapidamente informações, garantir qualidade dos produtos, fluxo de exportação para mercados altamente exigentes, entre outros. Saiba mais em www.merial.com.br.
Fatec
Cuidados adequados para bons resultados
Novo supervisor em Santa Catarina
Aviagen participa do Encontro Técnico na Aurora A Aviagen participou neste mês de novembro do “XII Evento Técnico sobre Matrizes”, organizado pela Aurora Alimentos, em Chapecó, SC. A cada edição, a Aurora convida profissionais para palestrarem aos seus técnicos e, principalmente, aos seus integrados. João Heron Ribeiro, supervisor regional de Serviços Técnicos da Aviagen, apresentou o tema "Manejo de Galos - da recria a produção". Segundo ele, a apresentação foi bastante proveitosa e focou na importância e nos cuidados adequados para a obtenção de bons resultados
A Fatec tem um novo responsável comercial pela região oeste de Santa Catarina. O médico veterinário especializado em nutrição animal, Nilson Sabino, assumiu a função em outubro. Com larga experiência, o profissional já atuou em funções técnicas e comerciais da produção animal de diversas companhias do setor. "Um dos meus objetivos é transferir conhecimentos e experiências", destaca Sabino. Saiba mais em www.fatec.com.br
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A Revista do AviSite
zootécnicos. “Os comentários foram bastante positivos, o que nos estimula a seguir trabalhando fortemente na Aurora com o produto Ross AP95”, completa.. Segundo Marco Aurélio Araújo, gerente de Serviços Técnicos da Aviagen no Brasil, a equipe da empresa tem feito um trabalho técnico bastante estruturado, tanto nas matrizes quanto nos frangos de corte. “E os resultados com o produto Ross AP95 tem sido bastante positivos", disse. Você encontra mais informações em www.aviagen.com.
Participantes do Encontro Técnico na Aurora: evento com participação da Aviagen levou conhecimento aos técnicos e integrados da agroindústria
Pesquisa e desenvolvimento técnico
Ilender anuncia acordo com a NCSU Rogério Iuspa, Country Manager da Ilender no Brasil: “Precisamos aproximar toda essa tecnologia disponibilizada pela Ilender e as que ainda virão, frutos de convênios como este, para o Brasil, assim prestaremos nossa contribuição para o fortalecimento ainda maior da avicultura brasileira”
A Ilender anuncia um acordo de cooperação e pesquisa com a Universidade da Carolina do Norte (NCSU), nos Estados Unidos. A medida representa um marco na história de união entre as missões acadêmica, da universidade, e corporativa, da multinacional peruana. O objetivo é a busca constante de inovação a fim de assegurar o crescimento e desenvolvimento da indústria avícola brasileira e de todos os outros países onde a empresa está presente. Este convênio marca uma nova etapa que vai beneficiar a indústria avícola e a pecuária em geral, disse o CEO da Ilender, Antonio Armejo. “Estamos entrando em uma nova etapa que beneficiará o setor avícola e a indústria pecuária em geral”, afirma o empresário. A assinatura do acordo aconteceu com a participação de catedráticos e
autoridades da universidade e representantes da Ilender, no State Club, durante um evento da Ilender na universidade americana, o III Symposium on Emerging Issues in Poultry Nutrition and Meat Production. O Country Manager da Ilender no Brasil, Rogério Iuspa, presente neste momento histórico, destaca que o acordo reafirma o compromisso da Ilender com a indústria avícola, demonstrando que o objetivo é crescer no campo da pesquisa e assegurar um futuro promissor para o desenvolvimento do setor. “Precisamos aproximar toda essa tecnologia disponibilizada pela Ilender e as que ainda virão, frutos de convênios como este, para o Brasil, assim prestaremos nossa contribuição para o fortalecimento ainda maior da avicultura brasileira”, diz. Saiba mais em www.ilendercorp.com.
Phibro Saúde Animal
União Europeia reconhece segurança da molécula virginiamicina A virginiamicina, molécula exclusiva da Phibro Saúde Animal que melhora a condição do trato digestivo, aumentando a absorção de nutrientes e elevando a produtividade animal, foi reconhecida pela União Europeia quanto à sua segurança. Com isso, as indústrias avícolas de todo o mundo, inclusive do Brasil, que utilizam virginiamicina para a manutenção da saúde, para o bem-estar e para a melhora de desempenho das aves de corte, passam a ter maior confiabilidade em suas exportações de carne de frangos para o continente europeu.
A virginiamicina está registrada para uso em 32 países e tem sido uma ferramenta eficaz para proteger a saúde animal há mais de 40 anos nos Estados Unidos e há 35 anos no Brasil. A Comissão Europeia, conhecida por sua abordagem rigorosa para a segurança alimentar, estabeleceu Limites Máximos de Resíduos (LMRs) para a virginiamicina, reconhecendo a segurança da carne de aves tratada com até 4 vezes as 20 gramas por tonelada normalmente utilizadas em mercados internacionais. Para mais informações, acesse www.phibro.com.br A Revista do AviSite
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AviGuia Vaccinar
Pesquisas para melhoria de processos e produtos
Geraldo Francisco, Gerente Comercial (Aves) e Juliana Batista, Especialista em Nutrição (Aves), da Vaccinar: busca pela melhoria contínua dos processos e produtos
Fortalecimento de parcerias no Brasil
Lubing do Brasil participa do 4th Agent Meeting na Alemanha
Entre os dias 29 de Setembro e 01 de Outubro foi realizado em Barnstorf, Alemanha, o 4th Agent Meeting - um importante evento da Lubing, promovido bienalmente na sede da Companhia. Reuniram-se 70 participantes, entre os executivos da Matriz, da afiliada Barku, das nove subsidiárias (Brasil, China, Espanha, Estados Unidos, França, Índia, Itália, México e Reino Unido) e de distribuidores internacionais. Os principais objetivos do evento foram reforçar a liderança e a vocação inovativa da companhia, apresentar novos produtos e o desenvolvimento de projetos para o médio prazo, avaliar os resultados de cada subsidiária e as oportunidades nos diferentes mercados, promovendo sinergia corporativa e reciclar produtos dos sistemas atuais (nipples, esteiras, climatização e suínos). Na avaliação dos organizadores o resultado superou todas as expectativas e já se preparam para colocar em prática os novos desafios. Para mais informações, acesse www.lubing.com.br
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A Revista do AviSite
A Vaccinar está investindo na revitalização dos seus produtos, preservando condições de qualidade similares às apresentadas pelas melhores indústrias nacionais e internacionais. Nesse contexto, seus produtos, entre os quais os da linha aves, têm como característica comum de fabricação, resultados amparados por pesquisas consistentes realizadas em parceria com grandes universidades, como a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Segundo Juliana Batista, Especialista em Nutrição (Aves), o investimento em pesquisa objetiva a conquista da melhoria contínua dos processos e produtos. Desse modo, a Vaccinar mantém em seu portfólio uma linha completa de Premixes; núcleos e suplementos. Também conta com a dieta Qualifeed Aves Pré-Inicial. Em síntese os produtos são desenvolvidos para atender clientes diferenciados e, para isso, a equipe Vaccinar apresenta, sempre que requisitada, soluções específicas. De acordo com Geraldo Francisco, Gerente Comercial (Aves), o forte da empresa “é atender à demanda de produtos customizados para grandes clientes” e seus principais diferenciais são: utilização de matéria-prima de origem conhecida e analisada previamente; fábricas modernas e com todas as certificações de qualidade necessárias para atender clientes com diferentes níveis de exigências; rastreabilidade de todo o processo produtivo; centros de pesquisas próprios; convênios com importantes universidades; formulação de nutrição de precisão, com unidades de produção abertas à visitação. Veja mais informações em www.vaccinar.com.br
Expansão de mercado
Casp participa da Agritechnica, na Alemanha Com o objetivo de expandir suas exportações, principalmente para os mercados europeu e africano, a Casp participou, pela primeira vez, da Agritechnica, a maior exposição do mundo de tecnologia agrícola, que ocorreu em novembro, em Hannover, na Alemanha. Os resultados alcançados pela Casp no evento superaram as expectativas da direção da empresa. "Estamos em busca de novos mercados e por isso optamos por investir na Agritechnica. Foi um decisão acertada, pois os resultados alcançados e os contatos adquiridos foram excelentes", comentou a Diretora de Armazenagem da empresa, Andrea Hollmann. A Casp já montou unidades de armazenagem na Zâmbia, Nigéria e em Angola e incubadoras no Egito e Senegal. "Queremos aumentar nossa participação no exterior e acreditamos que a África será um dos principais celeiros mundiais de alimentos. Por isso estamos focando neste mercado", concluiu a Diretora Executiva da companhia, Anelise Marques. Saiba mais em www.casp.com.br
Anelise Marques, Diretora Executiva da Casp: “Queremos aumentar nossa participação no exterior e acreditamos que a África será um dos principais celeiros mundiais de alimentos”
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Estatísticas e Preços
Produção e mercado em resumo Produção de pintos de corte Setembro/2015 555,216 Milhões | 4,52%
Produção de carne de frango* Outubro/2015 1.188,835 Mil toneladas | 4,75%
Exportação de carne de frango Outubro/2015 324,109 mil toneladas | -10,51%
Disponibilidade interna* Outubro/2015 864,726 Mil toneladas | 11,90%
Farelo de Soja Novembro/2015 R$/ton 1.314,00 | 14,16%
Milho Novembro/2015 R$/saca 35,38 | 22,38%
Desempenho do frango vivo Novembro/2015 R$/Kg 3,10 | 15,81%
Desempenho do ovo Novembro/2015 R$/caixa 65,08 | 53,14% *Os números referem-se ao potencial de produção de carne de frango e ao potencial de disponibilidade interna. Todas as porcentagens são variações anuais.
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Frangos e ovos seguem pressionados pelo crescente aumento dos custos
N
o cenário internacional, mesmo após ganharem acesso a mercados importantes através do Acordo Transpacífico, a avicultura norte-americana busca recuperar outros mercados, como a África do Sul, mercado que perderam nos anos 90, após acusações de dumping. E, após firmar acordo de equivalência sanitária, já tem garantido a exportação de 60 mil toneladas de carne de frango. O volume representa quase dois terços do que o Brasil exportou para a África do Sul até outubro. Ponto importante a destacar no cenário mundial é a informação contida em relatório do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) indicando que o Brasil deve assumir a posição de segundo maior produtor de carne de frango do mundo, ultrapassando a China. Embora sejam dados preliminares, tudo indica que os números serão efetivamente confirmados no início do próximo ano. Além disso, o USDA indica que a diferença entre os países deve se expandir favoravelmente ao Brasil, ficando próxima de 3% em 2016.
N
o cenário nacional, segundo a Embrapa, o custo do frango vivo em outubro atingiu novo recorde histórico alcançando o valor de R$2,65, aumentando quase 7% no mês e próximo de 30% em relação a outubro do ano passado. O grande índice de aumento se deve, principalmente, às matérias-primas, milho e farelo de soja. Em novembro, o mercado de frango vivo esteve pressionado pelo crescente aumento nos custos, mas as condições de comercialização foram favoráveis ao avicultor e contribuíram para que o mês fosse ultrapassado sem sobressaltos. No mercado de ovos as condições foram bem melhores que as alcançadas no ano anterior. Lá, o mercado foi bem difícil para o avicultor. O volume acumulado no ano demonstra que o aumento anual está próximo de 10%, mas, em relação ao mesmo período de 2013, representa ínfimos 0,15% de aumento.
Produção de pintos de corte
Volume produzido continua crescente em relação a 2014
D
Evolução mensal MILHÕES DE CABEÇAS
MÊS
2013/2014
2014/2015
VAR. %
Outubro
532,843
568,185
6,63%
Novembro
482,037
481,899
-0,03%
Dezembro
525,826
544,371
3,53%
Janeiro
525,441
539,803
2,73%
Fevereiro
482,746
495,889
2,72%
Março
497,620
523,159
5,13%
Abril
503,325
527,185
4,74%
Maio
521,531
535,525
2,68%
Junho
500,067
552,167
10,42%
Julho
542,827
573,266
5,61%
Agosto
532,452
551,897
3,65%
Setembro
531,201
555,216
4,52%
Em 9 meses
4.637,209
4.854,108
4,68%
Em 12 meses
6.177,916
6.448,563
4,38%
Fonte dos dados básicos: APINCO – Elaboração e análises: AVISITE
4,09%
4,39%
6,425
6,405
6,375
6,323
6,309
6,285
6,259
6,246
6,232
6,213
6,213
Setembro de 2014 a Setembro de 2015 Milhões de cabeças
4,59%
6,449
VOLUME ACUMULADO EM PERÍODO DE 12 MESES
6,178
ados da APINCO mostram que, após ter atingido seu recorde histórico em julho passado, a produção brasileira de pintos de corte retrocedeu, mas sem apresentar regressão em relação ao mesmo mês do ano passado. Em setembro, último dado divulgado, o volume produzido somou pouco mais de 555 milhões de cabeças, aumentando 4,5% sobre setembro de 2014 e 0,60% sobre o mês anterior, agosto de 2015. Esse foi, também, o terceiro maior volume já registrado pelo setor, sendo superado apenas pelos 573,3 milhões de julho e pelos 568,2 milhões de outubro do ano passado. Porém, é interessante notar que o volume mais recente se encontra menos de 1% acima dos 550,2 milhões de cabeças registrados quase quatro anos atrás, em dezembro de 2011. Completados nove dos doze meses do ano, a produção brasileira de pintos de corte soma 4,854 bilhões de cabeças, volume que representa aumento de 4,68% sobre idêntico período de 2014. Como esse é, também, aproximadamente, o índice de incremento acumulado nos 12 meses encerrados em outubro (+4,38%), supõe-se o que o aumento anual não seja muito diferente. Em outras palavras, mantidas as atuais médias, em 2015 a produção brasileira de pintos de corte deve superar os 6,5 bilhões de cabeças, volume que implica produzir pouco mais de 550 milhões de cabeças mensais no último trimestre do ano. Pelo comportamento habitual do setor, é bem provável que em novembro corrente o volume produzido fique abaixo dessa média. Mas a produção de outubro, com certeza, deve ter ficado bem acima. O que ressalta aos olhos e confirma a marcha ascendente do setor produtor de pintos de corte é o crescimento ininterrupto – gráfico - verificado no volume acumulado em períodos de 12 meses. Que deve continuar crescendo nos próximos meses.
4,38%
3,37% 3,02% 2,41%
1,09%
set
1,51% 1,54% 1,37% 1,42% 1,55%
out
nov
2014
dez
jan
fev
mar
abr
mai
2015
jun
jul
ago
set
A Revista do AviSite
75
Estatísticas e Preços Produção de carne de frango
Potencial de produção pode aumentar 5% no ano
B
Evolução Mensal MIL TONELADAS
MÊS
2013/2014
2014/2015
VAR. %
Novembro
1.044,799
1.137,652
8,89%
Dezembro
1.058,353
1.102,809
4,20%
Janeiro
1.081,553
1.116,600
3,24%
Fevereiro
995,862
1.033,528
3,78%
Março
1.105,187
1.144,505
3,56%
Abril
1.023,441
1.087,183
6,23%
Maio
1.053,420
1.134,876
7,73%
Junho
1.046,448
1.078,608
3,07%
Julho
1.070,758
1.142,342
6,69%
Agosto
1.115,527
1.192,926
6,94%
Setembro
1.078,243
1.140,389
5,76%
Outubro
1.134,968
1.188,835
4,75%
Em 10 meses
10.705,407
11.259,790
5,18%
Em 12 meses
12.808,559
13.500,252
5,40%
Fonte dos dados básicos: APINCO - Projeções e análises: AVISITE
POTENCIAL REAL Volume bruto mensal ajustado para mês de 30 dias Janeiro de 2014 a Outubro de 2015 Mil toneladas
1.180 1.160 1.140 1.120 1.100 1.080 1.060 1.040 1.020
76
A Revista do AviSite
DEZ
NOV
OUT
SET
AGO
JUL
JUN
MAI
ABR
MAR
FEV
JAN
1.000
aseada na produção anterior de pintos de corte e já levando em conta as exportações totais efetuadas no mês, a APINCO estimou para outubro passado um potencial de produção de carne de frango de, quase, 1,190 milhão de toneladas, volume que representa incrementos de 4,25% e 4,75% sobre o potencial estimado para, respectivamente, o mês anterior e o mesmo mês de 2014. Entretanto, em relação ao mês anterior, outubro é mês mais longo. Assim, o aumento mensal real em relação à setembro é inferior a 1%. Acompanhamento do potencial real – volume bruto mensal ajustado para mês de 30 dias, gráfico – mostra o crescimento verificado no decorrer do ano e a extrema importância da avicultura para a economia do país, principalmente no decorrer desse ano turbulento, contribuindo com alimento nobre e barato para a população brasileira e com divisas, aumentando as exportações do produto. Faltando agora apenas dois meses para o encerramento do exercício, o potencial acumulado, 5,18% maior que o de idêntico período de 2014, anda próximo dos 11,260 milhões de toneladas, projetando para a totalidade do ano volume da ordem de 13,512 milhões de toneladas, 4,37% a mais que no ano passado. Como, porém, há uma tendência natural de a produção de carne de frango alcançar seus maiores volumes no final do exercício (em 2014, o maior volume bimestral concentrou-se nos meses de novembro e dezembro), a atual projeção tende a ser superada. A hipótese de um potencial pelo menos 5% maior não deve ser descartada (não por coincidência, com certeza, esse deve ser também, aproximadamente, o índice de crescimento das exportações de carne de frango de 2015). Até agora, em 12 meses, o potencial de produção de carne de frango instalado mantém-se em 13,5 milhões de toneladas, sendo quase 5,5% superior ao de idêntico período anterior.
Exportação de carne de frango
Em outubro, embarque de carne de frango cai mais de 25% em relação ao recorde de julho
O
EVOLUÇÃO MENSAL MIL TONELADAS
MÊS
2013/2014
2014/2015
VAR. %
Novembro
347,689
327,410
-5,83%
Dezembro
323,995
340,753
5,17%
Janeiro
299,765
271,043
-9,58%
Fevereiro
289,529
296,390
2,37%
Março
318,068
343,023
7,85%
Abril
352,058
329,963
-6,28%
Maio
346,642
322,186
-7,06%
Junho
296,321
389,311
31,38%
Julho
371,175
440,476
18,67%
Agosto
332,083
375,247
13,00%
Setembro
359,176
360,974
0,50%
Outubro
362,181
324,109
-10,51%
Em 10 meses
3.326,998
3.452,722
3,78%
Em 12 meses
3.998,682
4.120,885
3,06%
Fonte dos dados básicos: SECEX/MDIC
EXPORTAÇÃO ACUMULADA EM PERÍODO DE 12 MESES
2014
Abr
4,121
4,159
3,29%
4,52%
4,157 5,65%
4,114 4,52%
4,045 3,60%
3,952
3,976
3,998 Mar
0,97%
Fev
1,68%
Jan
2,58%
3,973 1,89%
Dez
3,966
3,995 2,66%
3,978 Nov
1,68%
Out
1,83%
3,999
Outubro de 2014 a Outubro de 2015 Milhões de Toneladas
3,29%
s dados consolidados da SECEX/ MDIC confirmam que em outubro, pela primeira vez nos últimos cinco meses, as exportações brasileiras globais de carne de frango (isto é, além do produto in natura, também a carne salgada e os industrializados) apresentaram resultado negativo em relação ao mesmo mês do ano passado. Efeito, principalmente, da adversidade climática do período, mas também da paralisação das atividades oficiais de inspeção. A realidade é que, depois de atingirem volume excepcional na abertura do semestre – perto de 440,5 mil toneladas em julho passado – os embarques do produto passaram a regredir. Em outubro ficaram reduzidos – não por culpa do mercado internacional – a 324.109 toneladas, um quarto a menos que o registrado em julho. Também, volume cerca de 10% inferior aos alcançados em outubro do ano passado e em setembro de 2015. Com o último resultado, os bons índices de expansão observados desde o início do corrente semestre perderam o ritmo anterior. Assim, o volume acumulado no ano (que, por exemplo, registrava em agosto incremento de mais de 6%), agora apresenta variação anual inferior a 4%. A média mensal embarcada nos 10 primeiros meses de 2015 – pouco mais de 345 mil toneladas – sinaliza para o ano volume da ordem de 4,143 milhões de toneladas, 3,7% a mais que em 2014 (3,995 milhões de toneladas). Essa projeção indica que o resultado final do corrente exercício não será muito diferente do acumulado nos últimos 12 meses, entre novembro de 2014 e outubro de 2015 – perto de 4,121 milhões de toneladas. E, com certeza, serão os cortes que garantirão o aumento das exportações de carne de frango neste ano. Pelo menos foi isso que se viu nos dez primeiros meses, sendo mínimas as possibilidades de alguma virada no bimestre final de 2015.
Mai
Jun
Jul
Ago Set
Out
2015 A Revista do AviSite
77
Estatísticas e Preços Disponibilidade Interna de Carne de Frango
Queda na exportação em outubro aumentou disponibilidade interna de carne de frango
A
Evolução Mensal MIL TONELADAS
MÊS
2013/2014
2014/2015
VAR. %
Novembro
697,110
810,243
16,23%
Dezembro
734,358
762,056
3,77%
Janeiro
781,788
845,557
8,16%
Fevereiro
706,333
737,138
4,36%
Março
787,119
801,482
1,82%
Abril
671,383
757,220
12,79%
Maio
706,777
812,689
14,99%
Junho
750,127
689,297
-8,11%
Julho
699,583
701,866
0,33%
Agosto
783,444
817,678
4,37%
Setembro
719,067
779,415
8,39%
Outubro
772,787
864,726
11,90%
Em 10 meses
7.378,407
7.807,068
5,81%
Em 12 meses
8.809,875
9.379,366
6,46%
Fonte dos dados básicos: APINCO - Projeções e análises: AVISITE
6,46%
9.287
9.227 5,02%
4,67%
5,19%
6,10%
9.193 5,11%
A
3,46%
2,44%
2,05%
J
0,54%
2,00%
9.191
9.251
9.060 2,02%
9.145
9.045 2,18%
9.014
8.951
8.923
8.810
Outubro de 2014 a Outubro de 2015 Mil toneladas
9.379
DISPONIBILIDADE ACUMULADA EM PERÍODO DE 12 MESES
O
N
D
2014
78
A Revista do AviSite
J
F
M
A
M
J
2015
S
O
inda que o potencial de produção apontado pela APINCO tenha aumentado menos de 5% em relação ao mesmo mês do ano anterior, a oferta interna de carne de frango (consequente desse potencial e deduzidas as exportações) pode ter atingido em outubro o maior volume do ano. Apenas porque o volume exportado no mês recuou ao menor nível dos últimos cinco meses, cerca de 10% no mês e no ano. O fato é que, deduzidas do potencial estimado pela APINCO (aproximadamente 1,189 milhão de toneladas) as 324,1 mil toneladas exportadas, teriam permanecido no mercado interno perto de 865 mil toneladas de carne de frango, volume que representou aumentos de 10,95% sobre o mês anterior e de 11,90% sobre outubro de 2014. Porém, considerando a disponibilidade real – potencial de oferta interna ajustada para mês de 30 dias – o aumento em relação ao mês anterior retrocede para 7,4%. Com esse último resultado, o setor operou os 10 primeiros meses do ano com um potencial da ordem de 7,8 milhões de toneladas, volume estimativo que corresponde a um aumento de quase 6% em relação ao potencial dos mesmos 10 meses de 2014. Projetado para o ano, indica 9,368 milhões de toneladas, cerca de 4,7% acima do alcançado no ano passado. Por sua vez, o acumulado em 12 meses apresenta índice de evolução ainda próximo de 6,5%. Mas é o equivalente a, aproximadamente, 9,380 milhões de toneladas de carne de frango – cerca de 570 mil toneladas a mais que em idêntico período anterior. Se efetivamente produzido, esse volume (considerada uma população de 204,5 milhões de habitantes) teria proporcionado uma disponibilidade média anual próxima de 45,9 kg per capita de carne de frango.
Desempenho do frango vivo em novembro e nos 11 primeiros meses de 2015
No mês, a maior média de preço nominal já obtida pelo setor vai sendo encerrado com resultados bem acima das expectativas que prevaleciam no início do período e dos resultados que persistiram nos cinco primeiros meses do ano. Ou seja: só em junho é que vieram os primeiros sinais de reversão, intensificados no decorrer do segundo semestre. Com isso, e consideradas as médias de maio e novembro (R$2,17/kg e R$3,10/kg, respectivamente), o frango vivo obtém melhora de mais de 40% no seu preço no curto espaço de seis meses. Se parte desse ganho advém da forte valorização da carne bovina e do boi (comportamento típico da entressafra da carne), outra parte deve ser creditada à menor presença, no mercado internacional, do segundo maior “player” mundial da carne de frango – os EUA, afetados por inédito surto de Influenza Aviária, mas que já dão indícios de que devem se autodeclarar livres do problema. Ou seja: um dos fatores favorecedores do firme desempenho do frango vivo tende a perder força no curto ou médio prazos. Mas isso não vai impedir que 2015 seja encerrado com resultados senão ideais, ao menos satisfatórios.
FRANGO VIVO
Evolução de preços na granja, interior paulista – R$/KG Média mensal e variação anual e mensal em treze meses MÉDIA R$/KG
VARIAÇÃO % ANUAL MENSAL
2006 R$ 1,16
NOV/14
2,68
7,00%
-2,73%
2007
DEZ
2,37
-5,38%
-11,57%
2008
R$ 1,63
JAN/15
2,32
-5,14%
-1,90%
2,34
0,43%
0,90%
2009
R$ 1,63
FEV MAR
2,40
-4,81%
2,51%
2010
ABR
2,29
-3,51%
-4,60%
2011
MAI
2,17
-0,49%
-5,22%
JUN
2,47
14,29%
14,01%
JUL
2,65
19,51%
7,11%
AGO
2,70
12,68%
1,89%
SET
2,87
8,38%
6,37%
OUT
2,98
8,46%
3,85%
NOV
3,10
15,81%
3,86%
R$ 2,08
2012 2013
R$ 2,47
2014
R$ 2,42 R$ 2,57
2015
115,5
116,9
Ago
118,6
113,3 111,5
109,3
Jul
R$ 1,92
116,6
Jun
106,8
102,1
Mai
102,1
93,8
95,4
Abr
89,6
Mar
94,5
100,0 99,1
106,6 96,6
103,1 95,8
Fev
R$ 1,65
Média 1995/2014 (20 anos) 2015
Preço relativo em 2015 comparativamente à média de 20 anos (1995/2014) Média mensal do ano anterior = 100
Jan
R$ 1,55
Set
Out
Nov
119,4
MÊS.
Média anual em 10 anos R$/KG
127,9
isto que apenas no primeiro dia de negócios de novembro o frango vivo comercializado no interior paulista operou com preço diferenciado (R$3,05/kg, no dia 3), a média alcançada no mês ficou muito próxima dos R$3,10/kg, valor que prevaleceu pelos demais 23 dias de transações e proporcionou valorização de 3,86% sobre o mês anterior e de 15,81% sobre novembro do ano passado. O mês registrou, também, a maior média de preço nominal já obtida pelo setor. O que – ressalve-se – não contém nenhum mérito ou significado especial, porquanto dois anos atrás, entre setembro e boa parte de outubro de 2013, o frango vivo foi negociado por R$3,00/kg. Assim, a valorização nominal atual, pouco superior a 3% após mais de dois anos, continua representando forte perda em relação à inflação do período, superior a 17%. Está claro, no entanto, que todas as comparações a serem feitas levarão em conta o ano de 2014. Pois então é bom que fique claro que, a despeito da forte valorização – que é recente e só experimentou significativa aceleração nos últimos meses – o preço médio registrado nestes primeiros onze meses de 2015, da ordem de R$2,57/kg, se encontra apenas menos de 6% acima do que foi observado no mesmo período de 2014 (R$2,43/ kg). Quer dizer: o ganho real continua negativo (a inflação supera os 10%) e não será reposto neste dezembro, último mês do ano. De toda forma, é inegável que o ano
123,1
V
Dez
A Revista do AviSite
79
Estatísticas e Preços
Milho e Soja Preço do milho registra nova alta em novembro
Soja registra queda na valorização mensal
O preço do milho registrou nova alta em novembro de 2015. O preço médio do insumo saca de 60 kg, interior de SP, fechou o mês cotado a R$ 35,38 – valor 2,67% maior que a média de R$34,46 obtida pelo produto em outubro de 2015. A disparidade de preços do milho em relação ao ano anterior também foi positiva. O valor atual é 22,4% maior já que a média de novembro de 2014 foi de R$28,91 a saca.
O farelo de soja (FOB, interior de SP) registrou queda em seu valor mensal em novembro de 2015. O produto foi comercializado ao preço médio de R$1.314/t, valor 1,9% menor que o mês de outubro– R$1.340/t. Em comparação com novembro de 2014 – quando o preço médio era de R$1.151/t – a cotação atual registra aumento de 14,2%.
Valores de troca – Milho/Frango vivo
Valores de troca – Farelo/Frango vivo
O frango vivo (interior de SP) fechou o mês de novembro cotado a R$ 3,10/kg – valor 3,9% maior que a média de outubro de 2015 – R$2,98. A maior valorização do quilo do frango em relação ao milho contribuiu para o aumento no poder de compra do avicultor. Nesse mês, foram necessários 190,2 kg de frango vivo para se obter uma tonelada de milho, considerando-se a média mensal de ambos os produtos. Este valor representa um aumento no poder de compra de 1,3% em relação ao mês anterior, pois em agosto a tonelada do milho “custou” 192,7 kg de frango vivo.
A menor valorização no preço do farelo de soja em relação ao frango vivo em novembro garantiu que fossem necessários 423,9 kg de frango vivo para adquirir uma tonelada do insumo, significando aumento de 6,1% no poder de compra do avicultor em relação a outubro, quando foram necessários 449,7 kg de frango vivo para obter uma tonelada do produto.
Valores de troca – Farelo/Ovo
O preço do ovo, na granja (interior paulista, caixa com 30 dúzias), encerrou novembro cotado à média de R$59,08 valor 6,1% superior ao mês anterior, quando o produto foi negociado a R$55,69. Com o maior aumento no preço dos ovos em relação ao milho houve melhora no poder de compra do avicultor. Em novembro foram necessárias 10 caixas de ovos para adquirir uma tonelada do cereal. Em outubro, foram necessárias 10,3 caixas/t, um aumento de 3,3% na capacidade de compra do produtor.
De acordo com os preços médios dos produtos, em novembro de 2015, foram necessárias aproximadamente 22,2 caixas de ovos (valor na granja, interior paulista) para adquirir uma tonelada de farelo de soja. O poder de compra do avicultor de postura em relação ao farelo registra aumento de 8,2%, já que, em outubro, 24,1 caixas de ovos adquiriam uma tonelada de farelo. Em relação a novembro de 2014 houve um aumento no poder de compra de 41,8%, pois naquele período a tonelada de farelo de soja custou, em média, 31,5 caixas de ovos.
Preço Preço médio médio Milho Milho
Preço Preço médio médio Farelo Farelo de de soja soja
Média Novembro Mínimo Mínimo Média Novembro R$ 33,50 R$ R$ 33,50 R$
35,38
80 A Revista do AviSite
2014 2014
Máximo Máximo R$ 36,50 R$ 36,50
julho julho agosto agosto setembro setembro
abril abril maio maio junho junho
outubro outubro novembro novembro
julho julho agosto agosto setembro setembro
abril abril maio maio junho junho
2015 2015
R$/tonelada R$/tonelada FOB, FOB, interior interior de de SP SP
1300 1300 1200 1200 1100 1100 1000 1000 950 950 900 900 850 850 800 800 750 750 700 700 650 650 600 600 outubro outubro novembro novembro
2014 2014
janeiro janeiro fevereiro fevereiro março março
novembro novembro dezembro dezembro
35,00 35,00 33,00 33,00 31,00 31,00 29,00 29,00 27,00 27,00 25,00 25,00 23,00 23,00 21,00 21,00 19,00 19,00
janeiro janeiro fevereiro fevereiro março março
R$/saca R$/saca de de 60kg, 60kg, interior interior de de SP SP
novembro novembro dezembro dezembro
Valores de troca – Milho/Ovo
2015 2015
Média Média Novembro Novembro Máximo Mínimo Mínimo Máximo 1.300,00 R$ R$ R$ 1.340,00 R$ 1.300,00 R$ R$1.340,00
1.314,00
Fonte das informações: www.jox.com.br
Coluna | Marketing Corporativo
Você pratica relacionamento?
Networking e marketing pessoal em tempos de crise Autor: Marco Ibañez, diretor da Formato IB Comunicação Integrada é formado em comunicação social, pós-graduado em marketing e MBA em gestão estratégica de negócios
A
pesar de nos comunicarmos diariamente com nossa rede de contatos, exercitar o relacionamento entre estas conexões parece tarefa árdua e, para alguns, exige certo ‘dom natural’. Isso porque, para começar, geralmente cometemos um erro conceitual, que confunde as palavras ´relacionamento’ e ‘networking’. Networking nada mais é do que relacionamento em escala. Quando trabalhamos desta forma, ampliamos as chances de nossa mensagem chegar mais longe. Isto porque nos conectamos em diferentes esferas, independentemente do esforço corpo-a-corpo, que pode ser mais lento e trabalhoso quando temos a disponibilidade de agenda do outro como grande barreira.
Linkedin deve ser abastecido mesmo quando não se busca uma proposta de emprego Para tanto, dispomos de muitas ferramentas que podem nos auxiliar, desde a entrega de um cartão de visita a uma atualização com conteúdo relevante no Linkedin. Aliás, as mídias sociais estão aí para nos ajudar nesta tarefa, facilitando o follow up. Manter-se ativo nas redes é passo fundamental para ganharmos escala no networking 2.0. Para isso, não basta fazer um
‘copia e cola’ do currículo no Linkedin. Esta rede social vai muito além e, o melhor, deve ser abastecida mesmo quando não se está buscando uma proposta de emprego. Ela permite que participemos de grupos, recomendemos colegas de trabalho e possamos contribuir para discussões sobre nossa área de atuação, aumentando a chance de sermos vistos e ouvidos por nossos pares, afinal trata-se de um instrumento – essencialmente – de relacionamento. Um equívoco comum é quando confundimos o conceito de marketing pessoal e networking com atitudes inconvenientes de profissionais que se valem de técnicas de autopromoção apenas para se manterem lembrados, quando o ideal é comunicar-se de maneira direta e pontual, oferecendo informação de valor para o interlocutor. Quando assumimos esta atitude, transformamo-nos em um nó es-
sencial na rede de conexões entre pessoas dentro do mercado. É importante reforçar que tal prática exige planejamento e disciplina. Porém, de forma geral, é em tempos de crise que nos damos conta de quão essencial o networking pode ser. Em atos muitas vezes impensados, vemos muita gente sair por aí reativando contatos que não foram cultivados ao longo do tempo. Daí, corre-se o risco de passar a imagem de mais um oportunista em busca de um lugar ao sol. Por isso, fortaleça seu networking no dia a dia, estando presente – seja de forma online ou off-line - na vida de seus contatos de forma relevante. A melhor maneira de se promover relacionamento é quando o outro fala por nós e leva nossa mensagem adiante. Para isso, é preciso botar a boca no mundo. Com relevância, frequência e uma grande dose de bom senso! A Revista do AviSite
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Ponto Final
Roberto Rodrigues
Ex-ministro da Agricultura, coordenador do Centro de Agronegócios da Fundação Getúlio Vargas e pesquisador do Instituto de Estudos Avançados da USP.
Um trabalho forte e eficaz
2
015 foi um bom ano para a avicultura e para os setores de produção de proteína animal em geral. A força da avicultura no mercado internacional ofereceu um bom suporte ao segmento. Tenho convicção de que 2016 será também extremamente positivo. Podemos ter problemas com o recém-firmado acordo Transpacífico (TPP), do qual o Brasil ficou de fora e que poderá influenciar nas exportações, principalmente ao Japão. No setor de carnes, enfrentamos elevadas barreiras para avançar nas cadeias produtivas no exterior. Basta dizer que metade da população asiática
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A Revista do AviSite
vive em países que se encontram literalmente fechados para o Brasil, impossibilitando a integração na cadeia alimentar. Porém, o Brasil tem força para estabelecer novas parcerias internacionais para a avicultura e assim o fará. A avicultura terá de ter em mente a necessidade de novos acordos para seu produto e Turra (Francisco Turra, Presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal) está fazendo um excelente trabalho, com muito vigor, para ampliar os acordos bilaterais, avançar em novos mercados, agregar valor ao nosso produto e aumentando, assim, a representatividade do Brasil lá fora para os setores de carne de frango e também de suínos.
A história nos ensina que os países que mais se desenvolveram foram aqueles que conseguiram abrir as portas para o comércio e os investimentos, se integrando nas cadeias globais de valor e fazendo com que suas empresas crescessem enfrentando os melhores concorrentes globais. Vale lembrar que um dos aspectos mais interessantes da globalização é a integração das cadeias de suprimento e valor. Por isso, com o potencial brasileiro, vejo 2016 com excelentes perspectivas para a avicultura, com a manutenção de um câmbio competitivo ao mercado externo, o estabelecimento de novas parcerias internacionais e a manutenção de um trabalho forte e eficaz.
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A Revista do AviSite
Ponto Final
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