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Jorge Chichorro Rodrigues

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JackMichel

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Os livros, de capa dura, têm diversas ilustrações, verdadeiras obras de arte de José Ribeirinho, e em destaque encontram-se ideias-chave do mestre contemplado”

ENTREVISTA ESCRITOR JORGE CHICHORRO RODRIGUES

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Jorge Chichorro Rodrigues nasceu em Lisboa, em 19 de março de 1958. Depois de terminar a licenciatura como Tradutor-Intérprete, no ISLA (Instituto Superior de Línguas e Administração), fez o serviço militar e começou a dar aulas de Português, em Portugal. Passou depois pela Guiné-Bissau, também como professor de Português, e esteve no Brasil (São Paulo, Rio de Janeiro e Foz do Iguaçu) onde foi professor e guia turístico. De regresso a Portugal, voltou ao ensino público, licenciou-se em Línguas e Literaturas Modernas e fez um curso de mestrado defendendo a tese “Da Comunidade LusoBrasileira à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa”, publicada pela Sociedade de Geografia de Lisboa. Tem vários livros publicados, de poesia, ficção e na forma de ensaio. Atualmente, está a publicar a coleção “Mestres da Língua Portuguesa”.

Boa leitura!

Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Escritor Jorge Chichorro Rodrigues, é um prazer contarmos com a sua participação na Revista Divulga Escritor. Conte-nos o que o motivou a escrever a coleção “Mestres da Língua Portuguesa”?

Jorge Chichorro – A coleção “Mestres da Língua Portuguesa” nasceu graças ao mestre dos mestres, Fernando Pessoa. Eu estava a apresentar o livro “Era uma vez... Fernando Pessoa”, e ouvi-o perguntar, a partir do além, “por que não fazes com outros autores de língua portuguesa o mesmo que estás a fazer comigo, ou seja, por que não lhes dedicas um li-

vro começado por ‘Era uma vez’? A princípio fiquei atordoado com esta proposta, estranhei-a, depois ela entranhou-se e comecei efetivamente a escrever uma sucessão de títulos que compõem a coleção. Como disse o próprio Pessoa: ‘Primeiro estranha-se, depois entranha-se’.” Neste momento a coleção está entranhada em mim e vai já para o 11º título. Tenho de agradecer ao meu “irmão” Pessoa, que me tem dado muito trabalho. Mas faço-o por amor, a ele e à língua portuguesa, que tem um carácter universalista.

Quais os “Mestres” homenageados?

Jorge Chichorro – Até agora estão publicados mestres de Portugal, do Brasil e dos países africanos de língua oficial portuguesa. São eles: Cecília Meireles, Eça de Queiroz, Fernando Pessoa, Luís de Camões, o Pe. António Vieira, Eugénio Tavares, José Craveirinha, Sophia de Mello Breyner Andresen, Almeida Garrett e Cesário Verde. Na gráfica está Bocage. Já escritos, mas não publicados, estão Machado de Assis, José de Alencar, Carlos Drummond de Andrade, Alda Lara, Antero de Quental, Agostinho da Silva, Florbela Espanca, Pêro Vaz de Caminha e Fernão Mendes Pinto. Se tudo correr bem, acrescentarei à coleção Fernão Lopes, Gil Vicente, D. Dinis e José Saramago; outros autores não estão fora de questão, mas estou envolvido noutros projetos literários e não sou imortal, infelizmente.

Qual a estrutura temática de cada coleção? Existe um padrão ou a temática se diferencia de acordo com o autor a ser publicado?

Jorge Chichorro – Existe um padrão bem definido. Conta-se a vida e a obra de cada mestre, desde que nasce até que morre. Interligado com isto, fica a conhecer-se a época e o espaço geográfico em que viveu, e a estética literária sua contemporânea. O texto narrativo está escrito em prosa poética. Os livros, de capa dura, têm diversas ilustrações, verdadeiras obras de arte de José Ribeirinho, e em destaque encontram-se ideias-chave do mestre contemplado. O que eu pretendo é pôr diferentes autores a dialogarem entre si através dos séculos, tendo por base a nossa comunidade da língua, aberta ao mundo e universalista.

Quais os principais objetivos a serem alcançados com a coleção “Mestres da Língua Portuguesa”?

Jorge Chichorro – O objectivo é dar a conhecer a todos, e aos mais jovens em particular, a riqueza da produção literária em língua portuguesa. Insere-se na ideia de Bernardo Soares, semi-heterónimo de Fernando Pessoa, que diz: “A minha Pátria é a língua portuguesa”. Outro objectivo é sensibilizar os falantes do Português, espalhados pelos cinco continentes, para a ideia de uma comunidade cultural e linguística baseada em muitos séculos de história. A coleção tem muitos rostos, muitas almas, unidos pelo que nos é comum: o mar.

Soube que um dos seus livros abordando Fernando Pessoa foi adaptado para o teatro. Conte-nos como foi a experiência de atuar como ator em um livro escrito por você?

Jorge Chichorro – Foi uma experiência única, uma vez que não tenho formação em teatro nem sou ator. Uma amiga levou-me ao Teatro Passagem de Nível, apresentou-me o encenador Porfírio Lopes, e sem nenhuma premeditação ofereci-lhe um exemplar do livro “Era uma vez... Fernando Pessoa”, e passado pouco tempo ele apareceu com o livro adaptado para texto dramático. Fiz o papel de Alberto Caeiro, foi mais uma ironia do destino e uma dádiva dos deuses que veio ao meu encontro. Pessoa sorriu lá de cima... Um ano depois, em 2016, já eu não estava integrado no elenco, a peça, com o título “Pessoa”, ganhou o prémio nacional de melhor espetáculo no Concurso Nacional de Teatro Rui de Carvalho.

Apresente-nos melhor esta obra adaptada para o teatro.

Jorge Chichorro – O leitor (espectador) acompanha Fernando Pessoa do nascimento até a morte, sendo a sua vida uma metáfora. Ele nasce em Lisboa, passa na juventude pela África do Sul, regressa à capital portuguesa, vai-se enredando O objectivo é dar a conhecer a todos, e aos mais jovens em particular, a riqueza da produção literária em língua portuguesa”

com os seus heterónimos principais (Alberto Caeiro, Álvaro de Campos, Ricardo Reis), tem vários projetos práticos falhados, envolve- -se com o modernismo, é uma sombra que percorre as ruas da Baixa de Lisboa, um génio que só mais tarde será reconhecido. Tudo é símbolo, disse ele, e este livro, como a peça adaptada a partir dele, é um símbolo. Um símbolo do sonho e do génio, que se sobrepõem sempre à crua realidade.

Além da coleção “Mestres da Língua Portuguesa”, você tem uma compilação de crônicas com caráter autobiográfico no livro “Malhas que o Destino Tece”. Apresente-nos esta obra literária.

Jorge Chichorro – É um livro talvez prematuro em que apresento várias vivências que tive nos três continentes onde já vivi e trabalhei: primeiro, na Europa, Portugal, o meu país; depois em África, na Guiné- -Bissau; e depois nas Américas, no Brasil, de onde voltei há pouco mais de vinte anos. Estas vivências são

uma espécie de homenagem a pessoas que conheci e com quem convivi nesses três países. Gostaria aqui de destacar o meu grande amigo, embaixador do Brasil em Portugal, Dário de Castro Alves, que escreveu gentis palavras para o meu livro “O Princípio do Mundo”, romance histórico que nos transporta para a viagem de Pedro Álvares Cabral e para o início da colonização do Brasil. O embaixador, já falecido, também me apresentou este livro no Centro Nacional de Cultura, em Lisboa, em 2000.

Já que mencionou o seu livro “O Princípio do Mundo”, agradeceria se me falasse um pouco dele.

Jorge Chichorro – Como disse, é um romance histórico. O leitor acompanha a viagem de Pedro Álvares Cabral desde Belém, em Lisboa, até Porto Seguro, onde há um extraordinário encontro de culturas, único na história da humanidade, relatado de forma sublime na carta a El-Rei D. Manuel sobre o Achamento do Brasil, de Pêro Vaz de Caminha, o escrivão-mor que seguia a bordo da frota descobridora. Antão, um excêntrico filósofo que embarcou nas naus, voluntariamente fica em terras de Vera Cruz e vai acasalar com índias, sendo um exemplo do português aventureiro que esteve na origem da grande nação brasileira. O romance mistura ficção e realidade, havendo personagens reais e outras fictícias. Ao ler-se este romance é-se levado nas asas do sonho, mas também se aprende muita história.

O que mais o atrai nas autobiografias?

Jorge Chichorro – Os livros autobiográficos não me atraem especialmente. Nunca se consegue ser um bom juiz em causa própria. Escrevi “Malhas que o Destino Tece” menos para falar de mim do que para falar de pessoas que passaram na minha vida, em três continentes, todas falantes do Português, a língua que nos une.

Onde podemos comprar seus livros?

Jorge Chichorro – Até há pouco estiveram fisicamente à venda na FNAC, a maior rede livreira de Portugal. Neste momento alguns estão à venda na Wook. Uma ou outra livraria do centro de Lisboa tem livros meus à venda. Em breve eles estarão à venda na livraria do meu site, que é www.jorgechichorrorodrigues.net Tenciono também vir a vendê-los no Facebook.

Você divulga os seus livros por meio de palestras? Quem desejar como deve fazer para entrar em contato?

Jorge Chichorro – Sim, já tenho feito palestras para divulgar os meus livros, e estou disponível para dar mais, desde que a minha agenda o permita. Posso ser contactado pelo meu e-mail, que é jorgechichorro@hotmail.com. Também posso ser seguido no facebook, na página “Mestres da Língua Portuguesa”. Diariamente deixo um poema ou um pensamento na minha página do facebook, a que se pode aceder pelo nome Jorge Manuel Rodrigues.

Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom conhecer melhor o escritor Jorge Chichorro Rodrigues. Agradecemos sua participação na Revista Divulga Escritor. Que mensagem você deixa para nossos leitores?

Jorge Chichorro – A minha mensagem é simples: leiam, leiam sempre, porque a leitura faz-nos crescer e torna-nos realmente livres. Não há verdadeira liberdade sem cultura.

_________________ Divulga Escritor: Unindo Você ao

Mundo através da Literatura. https://www.facebook.com/ DivulgaEscritor/ www.divulgaescritor.com

PARTICIPAÇÃO ESPECIAL

Escritor José Lopes da Nave

O POETA

Opoeta, o artífice da palavra, que escreve com a alma, por vezes sofrida, procurando se libertar das mágoas sentidas e vividas ou, simultaneamente, relatando situações observáveis ou subordinadas à inspiração, imaginação, devaneios, comportando-se, como um idealista.

Por vezes, um “fingidor”, no dizer de Fernando Pessoa.

Compreendo esta concepção de fingidor, como a capacidade e susceptibilidade que o poeta em si desfruta na apreciação das circunstâncias que vive ou presencia, lhe dando o argumento para a exposição das suas emoções e sensações relativas ao ambiente que o envolve.

A linguagem é utilizada com fins estéticos ou críticos, ou seja, ela retrata algo em que tudo pode acontecer dependendo, tanto da análise da escrita, como da imaginação do autor e do leitor, no sentido da compreensão da mensagem transmitida, por vezes, transcendendo a realidade factual, aliás o ambiente em que o poeta, verdadeiramente interage.

Cultiva a extrapolação da prática da norma culta da língua, enfrentando a liberdade necessária para recorrer a recursos, como o uso de palavras de baixo-calão, desvios da regra ortográfica que se aproximam mais da linguagem falada ou a utilização de figuras de estilo.

A palavra é a essência da obra, e o poeta utiliza-a livremente para a manipular, mesmo que isso signifique o infringir as normas tradicionais da gramática, cabendo-lhe valorizar a volatilidade das falas.

Presentemente, a plataforma Web dá corpo a uma nova corrente literária, a poesia digital, em que a palavra se conjuga de recursos musicais e de imagem, a corporizar o poema, assim lhe acrescentando o efeito de criação artístico, bem como o aspecto apelativo de leitura.

Contudo, esta “poesia contemporânea” não se subordina à tecnologia, pois suporta a intervenção determinante do poeta para fazer dela nova forma de comunicação.

(Nota: alguns conceitos descritos foram induzidos pela leitura de texto do Google).

PARTICIPAÇÃO ESPECIAL

Escritora Helena Santos

O POETA

Ele era poeta de alma e coração! Escrevia como ninguém e eu sentia tanta alegria, que o lia com emoção. Para ele tudo era poesia, de tudo fazia um poema. Nunca lhe faltava tema, nem inspiração. E tantas vezes eu pensava: como gostaria de escrever assim. Ele até me incentivava, mas como tinha quem escrevesse para mim e por mim, não me preocupava. Lia e isso bastava-me. Eram tantas as viagens que me proporcionava e se calhar nem se apercebia de nada. Os poetas são poderosos, são mágicos…mas é um dom, sem dúvida. Tantas são as sensações que nos provocam e as energias que até nós transportam, que mesmo inconscientemente nos envolvemos numa nevoa encantada e acaba por se transformar num vício. Quem ama a poesia, vicia-se. E o poeta ensinou-me a amar a poesia, logo, viciou-me, tão prazerosos eram os momentos saboreados com o que dele lia. Mas a curiosidade era tanta, em saber o que o poeta sentia quando uma obra sua criava, que chegou o dia em que de papel e caneta na mão, apelei à imaginação, ou à inspiração e o resultado encheu-me a alma como um balão. Mas que doce sensação! Li e reli o que acabara de escrever e rendi-me orgulhosa, à minha primeira e humilde criação. Mesmo não sendo poeta, passei a entender melhor a paixão de quem escrevia com sabedoria e conseguia transmitir tantos sentimentos em poucas e simples palavras. As palavras voam, espalham-se pelo Universo e nunca sabemos aonde aterram. Mas seja em que coração for, fazem muitas mudanças a quem tem a sorte de as agarrar, de com elas vibrar e no seu peito guardar. Feliz de quem consegue serenar olhares, apenas com a maciez das palavras. É muito gratificante sabermos que algo a que nós demos vida, ajuda a matar a solidão, a viajar sem fronteiras, a adocicar a vida de alguém, num qualquer recanto onde menos esperamos. São os milagres da vida….e neste caso, dos poetas, que se dão por prazer, em prosa ou versos. A ti, amante das palavras, que sempre tiveste o dom da escrita e a sensibilidade para afagar corações e espalhar as tuas emoções, os meus parabéns e muito obrigada por me dares a conhecer um mundo até então completamente desconhecido e agora vital…o meu vicio. Tu, ainda és poeta, arrumador de palavras, pintor de emoções, arquiteto de sonhos, respiras poesia e mostraste isso desde o início!

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