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José Lopes da Nave
AS TRINDADES
Ao cair da noite, tocam as Trindades na Igreja Paroquial o homem benze-se e larga o trabalho, e, de enxada ao ombro para casa se encaminha, onde, já, a mulher cozinha a ceia, na lareira crepitante. Fatigado, após um dia invernoso, descalça as botas e os pés doridos aquece e com as mãos afaga o rosto, volvendo o olhar meigo para o cônjuge que lhe devolve o sorriso de amor. Bem depressa, os filhos se aproximam, sentando-se no colo, aguardando pelo mimo e, alguma guloseima, habitualmente escondida, circunstância que se transforma em jogo e risadas. __ Então, amor, essa comida, estou cheio de fome. __ Está pronta, podem sentar-se. Dando graças, ceiam, cada um contando os acontecimentos do dia.
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PARTICIPAÇÃO ESPECIAL
DIMENSÃO DO TEMPO
Mas, porque o sol continua a brilhar, o mar tão calmo, as aves cantam, as estrelas brilham no espaço, o meu coração até bate, sou a vontade e o desejo em meu olhar, mas, eles não sabem que é o termo do meu mundo. Nesta negrura assustadora de ser consumido, o silêncio apodera-me e torna-se parte de algo que aparenta um sonho mau e, às vezes tem sido mesmo, uma consumação. Desperto, tudo parece o mesmo, mas sem ti não compreendo como a vida começa, caminhando pensativo no meu universo com as curvas do tempo decorrendo, olho para cima, nas minhas noites frias e as estrelas brilham pelo infinito, ainda que não possa tocar-lhes, visto não existirem em mim, mas elas insistem e a esperança permanece. Os dias são confusos e solitários e, mesmo que as nuvens me perturbem elas regressam mais belas e uma sensação de renovação invade-me no vazio que me apavorava, pois percebi a importância de observar a dimensão da vida, de eterna compreensão que me acompanha. A lucidez, por vezes, confunde-me e o imaginário desfila em mim e tão próximo que parece existir! Inquietação!