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AUSÊNCIA

AUSÊNCIA

Luanda Julião São Carlos – SP

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A sua ausência em mim pesa Se mescla ao silêncio das horas Delonga a demora do agora Mitiga o sorriso em meu rosto Tira o meu sono, Dói os meus ombros Gera em mim engodo, desgosto Sabor rancoroso Em minha face estampa o malogro Que não me deixa por nada

Sangrei com tua partida Pelas veredas dessa vida Perdida, cá estou A beleza se amargou Retraída, em mim secou

O vazio que você deixou Ninguém, nada preencheu O amor que era só seu Em mim, não se abateu Continua abafado, delgado, calado, contido, Em estufa, num abrigo, protegendo-se do frio,

Do cinza que ficou

As coisas que em mim você deixou Estão no mesmo lugar Não mexi, nem mexeram Ficaram marcadas, guardadas no tempo A espera do dono que não vai voltar A saudade se alonga, Espera antídoto, asilo, exílio tranquilo, fim do martírio Não vem, me retém, faz refém Minhas lágrimas Vertidas sem reprimendas Clamam teu fogo, tua chama Sozinha, não inflama Por ti reclama Em zanga, não te encontra não.

Nas ondas da memória quero ficar, navegar São nelas que ainda posso te encontrar Encontrar forças e levantar O verão esperar E no sol te encontrar No luar te contemplar Nas estrelas te buscar

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