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UM RETRATO DE MIM
UM RETRATO DE MIM
Maria Beatriz Jurado
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Esse olhar de luz cristalizada, Suspenso da volumetria inconsistente De fiapos celestes em fuga, É o de hoje, Como o foi sendo, Muito embora.
Como outrora, Falo e calo Ainda e sempre Na proa do arrebatamento, Na agudíssima vibração Do desalento, Tolhida de espanto.
Canto O equilíbrio imprevisto e sublime Dos versos do Poeta, Repetindo-me no estremecimento Entre pausas e estâncias.
Declino As minhas circunstâncias, Em toada consoante, No ritmo persistente, De quem, de si, Mais não sabe, Nem compreende.
Tão sempre a mesma, Vaga, perplexa, insegura, Nem de si senhora, Não se vislumbrando serva; De tal sorte perdida,
Na vontade, contrafeita, Falhados os sonhos Que, agora, por fim, Enjeita; Espera na morte, que augura, O sentido que suspeita.