Jornal Arquitecturas

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arquitectura . arquitectura paisagista . espaços verdes . equipamento . urbanismo . mobilidade www.jornalarquitecturas.com / Novembro 2013 / N.º 82 / Mensal / €6

entrevista

Fátima Jardim

Angola quer cidades mais sustentáveis pág. 13

mercado Por dia são vendidas 278 casas pág. 7

empresas Taguspark tem sistema de partilha de carros pág. 10

Autarquias PDM de Lisboa considerado inovador pág. 11

Arquitectura precisa-se mesmo em tempo de crise w

PUB

› DOSSIER Domótica

Inteligência, conforto e eficiência energética à distância de um toque



Editorial

Índice

Eduardo Ramalho

O mercado da Arquitectura em mudança A edição n.º 82 do Jornal Arquitecturas (JA) dedica o tema de capa a uma avaliação da situação do mercado da Arquitectura em Portugal. Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística, o mercado terá perdido, entre 2008 e 2010 (os primeiros mas não os mais acentuados anos da crise...), 100 milhões de euros de obra. A grande encomenda pública praticamente desapareceu, a pequena encomenda pública é muito limitada, o grande investimento privado parou e o pequeno investimento privado, embora mais reduzido, não teve até hoje uma cultura de forte ligação aos arquitectos - ou estes não se orientaram muito para esse mercado. O urbanismo tem sido uma área progre s sivame nte abandonada, em particular pelos arquite c tos mais novos, fruto de um sistema universitário que tende a formar mais e mais «designers de edifícios» (usando a expressão com direitos de autor de um grande arquitecto e amigo), salvo excepções. O arquitecto de obra, também com pouca expressão no ensino, tem-se «feito» muito com base na experiência e, também aqui, os mais novos não têm encontrado o seu espaço, por contraponto com outras profissões de origem. Com nuances variadas, a formação do arquitecto no sul da Europa tem as suas especificidades. São arquitectos criativamente superiores, com grande capacidade de improviso e de imaginação, mas, em contrapartida, são mais frágeis na sua componente tecnológica e empresarial. Cultiva-se ainda a visão do arquitecto-criativo e menos do arquitecto-tecnológico ou do arquitecto-empreendedor, embora se vislumbrem sinais de mudança progressiva em núcleos de elite. Deste modo, áreas de trabalho como a investigação científica aplicada e associada ao mercado empresarial, por exemplo, no desenvolvimento de novos materiais, na aplicação das novas tecnologias a sectores como o da (re) construção, ou da cultura ou no trilhar de novos caminhos

em áreas de fronteira, como o ordenamento do território e o ambiente, apresentam ainda grande capacidade de desenvolvimento. Todavia, este é um passo que dificilmente se dá sem formação complementar, em particular ao nível do 3º ciclo (os doutoramentos), ou integrando equipas de investigação universitárias, normalmente de perfil interdisciplinar; e a crise chegou também à Fundação para a Ciência e Tecnologia ao mesmo tempo que as empresas dispõem de menor disponibilidade para investimentos de futuro. Felizmente que, em particular nas universidades públicas, a nossa formação em Arquitectura tem reconhecimento internacional. Mesmo com alguns mercados localizados também afectados pela crise, como o espanhol ou o holandês, os nossos arquitectos vão encontrando espaço na Europa, América do Norte e do Sul e Ásia, em particular os mais novos, situação em que se encontravam 7,3 por cento dos inscritos na Ordem dos Arquitectos, segundo dados de 2012. Este é, porém, um processo destrutivo para a sociedade, pois são os jovens mais qualificados, talentosos e habilitados que emigram, deixando um vazio geracional, tal como acontece com várias outras profissões. O mercado da Arquitetura é hoje inequivocamente internacional. Já não se esgota no atelier português de excelência que tem alguma encomenda no exterior, mas abre agora gabinetes competitivos fora de portas, da Europa ao Médio Oriente ou Brasil - em paralelo, diga-se, com igual fenómeno na Arquitectura Paisagista. Internacional também quando as novas gerações, recebendo durante a formação a cultura comunitária de cidadãos europeus pelo muito forte Programa Erasmus ou através de outras mobilidades mais alargadas, percebem que o seu mercado é o mundo. Mundo novo de que faz parte também Portugal, mesmo com a crise, mas aqui reinventando a profissão e os modos de fazer: novas formas de angariação de trabalho, chegando junto das comunidades; novos mercados, até aqui considerados «menores» mas também mais perto do dia-a-dia dos cidadãos, como a pequena reabilitação; empreendendo, em vez de simplesmente projectando; alargando áreas de trabalho para sectores como o urbanismo ou a cultura, em vez de estreitar sobre a edificação; ou desenvolvendo nichos de mercado especializados e associados a um investimento suplementar de formação. O mercado da Arquitectura está a mudar e fá-lo a uma velocidade muito acelerada.

João Pedro Costa | Director joaopedrocosta@about.pt

› Capa Os arquitectos são mais do que nunca úteis à sociedade

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«É preciso desfazer estigma de que arquitectos encarecem obras»

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Mercado Cortiça é material em destaque na Trienal de Arquitectura de Lisboa

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Designer português desenvolve projecto de cidade sustentável

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Por dia são vendidas 278 casas em Portugal

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Central Station é o melhor exemplo de reabilitação urbana de escritórios

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Dossier

A domótica também pode ajudar a automatizar a poupança

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› Produtos e Serviços

Inteligência + eficiência energética + conforto = domótica

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Janelas que fecham quando chove e que regulam calor

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› Empresas

Partilha de carros já funciona no Taguspark Oeiras Golf & Residence vai ter novo campo de golfe de nove buracos

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Liberdade 225 é novo espaço empresarial na Avenida da Liberdade

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› Autarquias PDM de Lisboa considerado inovador por associação internacional de urbanistas

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Baixa do Porto vai ser monitorizada em projecto de cidades inteligentes

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Vila Franca de Xira vai realizar estudo para estratégia de reabilitação urbana

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› Internacional Grupo Promovalor reforça internacionalização

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Novo portal de arquitectura quer alavancar exportação

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› Ficha Técnica AboutGreen, Comunicação, Lda. E n t i d a d e P r o p r i e tá r i a e E d i t o r : A b o u t G r e e n , C o m u n i c a ç ã o , L d a . | NI P C : 5 0 51 91 6 9 5 | S e d e : R u a d a M a d a l e n a , 1 91 , 4 .º – 1 1 0 0 - 3 1 9 L i s b o a Conselho de Gerência: João Belo | Director Geral: João Belo | Recursos Humanos: Tel.: 21 880 61 20 - recursoshumanos@about.pt) | Coordenadora Administrativa e Financeira: Marisol Vidal (Tel.: 21 880 61 21 ▪ marisolvidal@about.pt)

› Entrevista A mobilidade é uma prioridade do Governo angolano

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Como construir cidades mais verdes e saudáveis

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› Perspectivas

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› Pergunta & Resposta PAG. 15

Director: João Pedro Costa (joaopedrocosta@about.pt) | Colaboradores 2013: São José Sousa (jornalista) | Design: Sérgio Correia | Fotografia: Pedro M. Nunes S e d e d a r e d acç ã o : R ua da M a da l e n a , 1 91 , 4 .º – 110 0 - 31 9 L i s b o a | Co o r d e n a d o r a d a U n i d a d e d e N e g ó c i o s d as C i d a d e s : M a r g a r i da C a b r a l ( Te l . : 21 8 8 4 41 4 8 | ma r g a r i da c a b r a l @a b o u t . p t) | G e s tã o Co m e r c i al : co m e r c ia l @a b o u t . p t | Ma r k e t i n g : Te l : 21 8 8 0 61 2 3 ▪ ma r ke t ing @a b o u t . p t

› Agenda PAG. 15

Pré-impressão e Impressão: OndaGrafe - Ar tes Gráficas lda - Rua Serra 1, À-Das-Lebres - 2660-202 Santo Antão do Tojal | Tir agem Média: 2 000 exemplares P e r i o d i c i d a d e : M e n s a l | N .º d e r e ­g i s t o n o I C S s o b o n º 1 24 6 74 | D e p ó s i t o L e gal : 2 27411 /0 5 | A ss i n at u r a a n u al : (1 2 n ú m e r o s) 6 0 e u r o s A ssinatur a bianual: (24 números) 100 euros | A ssinatur a estudantes: (12 números) 31 euros | Preço avulso: 6 euros (preço com 6% IVA incluído) Assinaturas: Ligue 21 880 61 39 (assinaturas@about.pt)

› Sugestão PAG. 15


Capa

ARQUITECTURA

Os arquitectos são mais úteis do que nunca

Câmara não tem condições para realojar moradores do bairro

4 . Novembro. N.º 82

Tiago Mota Saraiva acredia que os arquitectos nunca foram tão úteis à sociedade rareado cada vez mais a sua participação em concursos, não só pela exigência de detalhes burocráticos «absurdos», mas também pelo risco financeiro que representam, explica José Mateus: «Sem grande esforço, investe-se nos concursos 20 000 euros ou mais. Como é fácil perder-se vários concursos, facilmente chegamos aos 100 000 euros de perdas.» A juntar ao desinvestimento público, pr o b l e m a t i z a o a rq u i t e c t o , t o d a a complex id ade dos processos de obtenção de licenças de construção e de utilização tem afastado do país os poucos promotores privados com capacidade para investir. Resultado: «Inúmeros arquitectos fecharam o atelier e os que conheço com trabalho são pouquíssimos. Muitos tentaram a sor te fora do pa ís ma s con heço pouquíssimos casos de sucesso. Os mais

têm a ver com as condições de vida básicas. Que não vão tornar o bairro mais sedimentado no território, mas têm a ver com a sua existência.» De acordo com os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), presentes no Relatório da Cultura 2012, entre 2007 e 2010 cerca de 750 empresas de arquitectura fecharam portas no país e o volume de negócios, entre 2008 e 2010, decresceu mais de 19 por cento, perdendo mais de 100 milhões de euros (de 584,6 para 472,9 milhões). E, ao que tudo indica, a tendência ter-se-á agravado desde então, empurrando muitos profissionais para a emigração. Significa isto que não há arquitectura a fazer no país? «Dizer que não há trabalho de arquitectura e que é melhor emigrar é dizer que nós, arquitectos, em contexto de crise, não temos nenhum papel socia l. Nós não ser v imos só para alindar uma sociedade cheia de dinheiro, não servimos só para fazer “dubais”. Nós somos agora muito mais úteis para a generalidade das pessoas do que éramos há uns anos. E acho que essa mensagem está a passar», analisa Tiago Mota Saraiva. Na escassez de concursos públicos Para muitos ateliers que tinham na participação em concursos públicos o seu sustentáculo, os últimos anos têm sido pouco melhores que uma travessia no deserto. «Praticamente não existem concursos interessantes em Portugal», observa José Mateus, do atelier ARX. Vencedor em Setembro passado do concurso de a rquitectura do novo edifício do Conservatório de Música de Sintra, cuja construção tem final previsto para 2017, o atelier tem porém

Pedro M. Nunes

Pedro M. Nunes

Nas Terras de Lelo Martins, bairro autoconstruído na Costa da Caparica, às portas de Lisboa, está prestes a chegar ao terreno um projecto que levará, pela primeira vez, água até às cerca de 500 pessoas que ali habitam. A ideia de criar uma cozinha comunitária «foi deles, foi da senhora Vitória», conta Tiago Mota Saraiva, arquitecto sócio do ateliermob. A trabalhar no bairro há já mais de um ano, inicialmente no âmbito do workshop “Noutra Costa”, da Universidade Autónoma de Lisboa (UAL), os arquitectos tornaram-se entretanto mediadores num processo pa r t ic ipado que , c om o ap oio d a associação local Fronteiras Urbanas, fez sentar à mesma mesa representantes das diferentes comunidades do bairro, caboverdiana e cigana, para em conjunto definirem prioridades de intervenção. E a prioridade, concordaram, era a água. A cozinha será agora construída reutilizando os materiais resultantes do desmantelamento da Casa do Vapor, associação comunitária da vizinha Cova do Vapor, e poderá contar com o apoio da Gulbenkian. «As Terras do Lelo é um bairro de barracas, em zona de REN [Reserva Ecológica Nacional], por isso o que fomos dizer à Câmara [Municipal de Almada] foi que concordamos que seja para demolir. Mas a Câmara não tem condições para realojar aquelas pessoas nos próximos oito anos, nem sequer condições legais, porque a maioria está ilegal no país», comenta Tiago Mota Saraiva. «Então», propôs, «vamos pensar que nos próximos oito anos aquelas pessoas vão continuar a viver ali e não podem deixar de ter água. Vamos tentar construir elementos que são temporários e que podem ser feitos por lei, mas que

FG+SG

Entre 2008 e 2010 o mercado de arquitectura em Portugal perdeu mais de 100 milhões de euros, segundo dados do INE. Actualmente, apesar de haver grandes projectos a dar que falar, como o Museu dos Coches ou o Terminal de Cruzeiros de Lisboa, um em fase final de construção, o outro prestes a entrar em obra, facto é que estes são a excepção. Os concursos públicos para território nacional são cada vez mais raros e menos interessantes e promotores com capacidade de investimento estão a sair do país. Mas significa isto que Portugal não precisa de arquitectura? Que, em tempo de crise, não há lugar para os arquitectos? «Nós somos agora muito mais úteis para a generalidade das pessoas do que éramos há uns anos», responde Tiago Mota Saraiva.

Água vai chegar em breve a Terras de Lelo Martins

novos, abaixo dos 30 anos, emigraram ou mudara m de prof issão. A lg uns ficaram por cá a trabalhar com salários baixíssimos. Outra coisa não seria de esperar, já que até a este nível os nossos políticos fizeram mais uma operação de desmantelamento da profissão, ao acabarem com as tabelas de honorários. Descontos de 50-60 por cento passaram a ser normais, ser arquitecto tornou-se insustentável para a grande maioria.» Em Portugal, apenas o mercado da recuperação se apresenta como viável, afirma José Mateus, «particularmente em cidades com condições fiscais para este tipo de projectos». No ateliermob, a emigração foi também discussão em cima da mesa, logo em 2008. «Mas depois começámos a olhar em volta e a perceber que há trabalho de arquitectura para fazer, mas na maioria dos casos para pessoas que não têm dinheiro para o pagar», expõe Tiago Mota Saraiva. Enquadraram o atelier sob o mote «trabalhar com os 99 por cento» e desde então têm vindo crescentemente a ser contactados por mu nicípios pa ra apoia r processos bottom-up. «O que fazemos é ir junto das comunidades em que encontramos uma preocupação que os arquitectos podem resolver e a partir daí falamos com a associação de moradores, se houver, ju nta mos as comu nidades para decidirem sobre o que deve ser feito e depois criam-se modelos de candidatura a financiamento», explica. Ou seja, os clientes são os moradores, mas o financiamento não passa por eles. Foi o que aconteceu, por exemplo, no processo de legalização de 72 das 88 casas auto-construídas do bairro PRODAC Norte, em Marvila, Lisboa,


Capa

Arquitectos tornaram-se mediadores da intervenção no bairro

Pedro M. Nunes

contemplado com 50 mi l euros no âmbito do programa BIP/ZIP da Câmara Municipal de Lisboa. Neste momento, além de estarem ainda a intervir no espaço público do bairro, o atelier prepara-se para replicar o processo de legalização nas casas do PRODAC Sul. No entanto, salienta Tiago Mota Saraiva, «não há uma comunidade igual à outra e o processo de trabalho participado tem sido sempre diferente». Por outro lado, nem todas as comunidades o querem: no concurso para o Bairro da Boavista, em Lisboa, o ateliermob propôs um

Desocupação dos pisos térreos comerciais é problema grave

processo participado, definindo apenas as infra-estruturas, a partir das quais os cidadãos iriam decidir o que construir; a proposta acabou classificada em último lugar. O atelier continua no entanto a fazer projectos de arquitectura «tradicionais», sublinha o arquitecto, além de estarem a preparar para Março a exposição «Tanto Mar», no CCB, e, apesar da crise, nos últimos dois anos aumentaram a estrutura de cinco para nove pessoas – e já têm vaga aberta para uma décima. Quanto à participação em concursos, exceptuando o do Bairro da Boavista, «só às vezes e para fora», até por uma questão de tempo. Além disso, destaca Tiago Mota Saraiva, «a sorte já não é ganhar um concurso público; é que ele seja executado». Reabilitar e reutilizar para reanimar a cidade Apesar de três das quatro arquitectas que compõem a equ ipa autora do projecto Rés-do-Chão fazerem parte da lista de profissionais que emigraram nos últimos anos (e que, de acordo com os dados da Ordem dos Arquitectos, triplicaram em 2012, atingindo os 7,3 por cento), nem por isso quiseram deixar de fazer a sua proposta de reacção aos tempos de crise do país, que se espelha também no rosto das cidades. O seu projecto, um dos três vencedores d o p r o g r a m a FA Z – I d e i a s d e Origem Portuguesa, promovido pela

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Gu lben k ia n, assu me como missão dar resposta ao problema da crescente desocupação dos pisos térreos comercia is u rba nos , promovendo o encont ro ent re proprietá rios de espaços desqualificados, arrendatários i nteressados em d i na miz á-los, poder autárquico e outros eventuais parceiros empenhados na reabilitação e dinamização da cidade. Em Novembro, o Rés-do-Chão será apresentado na Trienal de Arquitectura de Lisboa. «Em breve teremos uma imagem e um site, que irá ser uma primeira plataforma entre os vários interessados», adianta ainda Sara Brandão, a arquitecta que está em Portugal, e que de cá trabalha com Ma ria na Pa isa na (na Índ ia), Margarida Marques e Marta Pavão (ambas no Brasil). Não estando a desenvolver nenhum outro projecto para Portugal, enquanto colectivo, a equipa revela-se consciente de que o seu futuro profissional poderá não ficar limitado às fronteiras do país. «No entanto, isso não significa que não continuemos a ref lectir e a reagir às interrogações que nos coloca a sociedade portuguesa e o actual contexto social», af irma Sara Brandão, frisando que este é um projecto que é também um «exercício de cidadania». «Creio que cada geração tem de enfrentar os seus demónios. A de quem tem 30 anos é a mais afectada por esta crise e por isso reage em “low cost”, mas não abdica de viver a cidade e de fazer coisas distinguindo essencial de acessório», comenta João Cassiano Santos, do atelier ArteTectónica, responsável pelo projecto de arquitectura da Village Underground Lisboa, outra nova e

José Mateus lamenta que a burocracia afaste investidores

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ARQUITECTURA

Quatro arquitectas querem acabar com desocupações

inovadora iniciativa a surgir em Lisboa, pelas mãos de Mariana Duarte Silva, da agência da comunicação Madame M a n a ge m e nt , q u e a q u i pr e t e nd e reproduzir o conceito cultural Village Underground fundado em Londres em 2007. A ideia passa por reutilizar e d i f íc io s , m e io s d e t r a n s p or t e e contentores desactivados, recolocandoos como escritórios e espaços criativos a baixos preços. «Do ponto de vista da arquitectura, o desafio foi (e ainda é) o de conseguir a reutilização significante e útil da matéria-prima recebida», assinala o arquitecto, juntando a esta a dificuldade de fazer tudo «em orçamento minimal». Salientando que o projecto «nasce da necessidade de ter a custo acessível e ecologicamente sustentável locais de trabalho em Lisboa, centrais e “com onda”», João Cassiano Santos recusa o rót u lo de « proje c to ma rg i na l », considerando-o antes um «sinal dos tempos». «Com contentores, com casas pré-fabricadas ou em cortiça há cada vez mais oportunidades de mercado para projectos que conciliam identidade, tempo e custo acessível, em alternativa quer à estafada massificação barata quer à “alta costura” que muito pouca gente pode pagar.» Apesar da crise, adaptada a ela, reagindo a ela, afinal ainda se faz arquitectura em Portugal e não é «legítimo» deixar de fazê-la, sintetiza o arquitecto. A construção (ou montagem) da Village Underground já arrancou, no final de Setembro, e deverá estar concluída no início de 2014. São José Sousa

«É preciso desfazer estigma de que arquitectos encarecem as obras» A Ordem dos Arquitectos, nas suas secções regionais Sul (OA-SRS) e Norte (OA-SRN), acaba de lançar, a 15 de Outubro, a campanha “Trabalhar com Arquitectos”, concebida para explicar, de forma simples, a todos os cidadãos, tudo o que estes precisam de saber para trabalhar com um profissional da área. «A campanha está pensada para dar visibilidade ao papel do arquitecto em termos sociais e é um gesto em contraciclo que pretende aproximar a profissão

dos cidadãos», destaca a OA-SRS. «É preciso desfazer o estigma de que os a rquitectos enca recem as obras», sublinha Tiago Mota Saraiva, esclarecendo que esse é um preconceito que se esforçam por contrariar desde início, nomeadamente em processos de reabilitação. «Fizemos agora uma reabilitação cujo primeiro orçamento que nos chegou era de 250 mil euros; acabou por ser adjudicada por 125 mil», exemplifica, explicando que a grande

vantagem de contratar um arquitecto e de o ter presente no processo negocial é que ele vai ajudar a encontrar o melhor empreiteiro, ao preço mais justo (mesmo que não o imediatamente mais barato). Tendo identificado um mercado de cerca de nove milhões de euros em projectos de arquitectura para famílias obrigadas a mudar para uma casa mais pequena devido ao contexto de crise, o Ateliermob defende ainda a garantia de serviços mínimos de arquitectura

pelo Estado. Esta iniciativa, de que se fala «há muitos anos», assinala, passaria por identificar as pessoas que precisam de um arquitecto e assegurar o pagamento dos serviços, trazendo algum dinamismo ao mercado e receitas (sob forma de impostos) para o Estado. «Foi um dos projectos que candidatámos com a Junta de Freguesia de Carnide às Crisis Busters [concurso promovido pela Trienal de Arquitectura]. Ainda haveremos de o conseguir fazer.»

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Mercado

DESIGN

Cortiça é material em destaque na cidade do futuro da Trienal de Arquitectura de Lisboa A exposição «Futuro Perfeito», com curadoria de Liam Young, apresenta o resultado da pesquisa colectiva sobre espaços, objectos, culturas e narrativas de uma cidade do futuro – «um urbanismo imaginário, as paisagens que o rodeiam e as histórias que este contém». No Museu da Eletricidade foi construída u ma topog r a f ia em cor t iç a nu ma modelação similar a um terreno e floresta com elevações e um túnel de acesso. Os espaços foram integralmente revestidos com aglomerados e isolamentos de c or t iç a , s ele c c ionados p el a s su a s múltiplas características e carácter sustentável. Segundo o curador, Liam Young, a ex posição foi concebida como u m fragmento de uma paisagem da cidade do futuro. O seu elemento central para conectar e enquadrar a obra é um grande e espectacular terraço, inteiramente revestido a cortiça. «Ao contrário de outros materiais, o chão de cortiça é uma forma da natureza. Permite evocar uma atmosfera radicalmente diferente e um território que absorve os sons das f lorestas e que protege do frio. A cortiça foi seleccionada para permitir ao visitante imaginar que o terraço se desenvolveu naturalmente naquele lugar,

em vez de ter sido construído ou alvo de engenharia», explica. Pelo papel importante que a cortiça tem a desempenhar na construção do futuro a Corticeira Amorim estabeleceu uma parceria com a Trienal de Arquitectura, evento que a empresa considera uma «excelente oportunidade para difundir, promover e afirmar as soluções de cortiça para a construção sustentável». Carlos de Jesus, director de comunicação e marketing da empresa, destaca a analogia entre a ampla utilização de cortiça e o mote da iniciativa «Futuro Perfeito»: «A cor tiça natura l é um material de futuro, muito valorizado pelas suas inúmeras potencialidades e inigualável sustentabilidade. Com esta participação na Trienal de Arquitectura de Lisboa a Corticeira Amorim pretende reforçar a ideia que a cortiça não deve ser dissociada da reinvenção e do futuro da construção e da arquitectura». Na edição de 2013 a Trienal continua a apontar modos alternativos de pensar a arquitectura, respondendo ao clima económico e social em transformação nu ma a ltu ra em que os modos tradicionais de produção estão a mudar e a inovação prolifera. A cortiça, tratando-se de um material

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A cortiça é um dos materiais que está em destaque na Trienal de Arquitectura de Lisboa, evento ao qual a Corticeira Amorim se associa pela segunda vez consecutiva. As múltiplas potencialidades deste material natural são evidenciadas na exposição «Futuro Perfeito», um dos principais pólos expositivos do programa «Close, Closer», que está patente até 15 de Dezembro, no Museu da Eletricidade, em Lisboa.

No Museu da Electricidade foi construída uma modelação em cortiça n at u r a l e e c o ló g ic o , re c ic l áve l e reutilizável, apresenta um conjunto de benefícios para a construção sustentável. A Corticeira Amorim lembra que os seus produtos são matéria-prima renovável e 100% natural, material orgânico e biodegradável com baixa energia de produção incorporada. A utilização de materiais de cortiça na construção apresenta assim vantagens ao nível da qualidade do edificado, qualidade do ar interior e do conforto t é r m ic o e a c ú s t ic o. P romove e m simultâneo «um sector de actividade

com inúmeros benefícios ambientais de onde se destaca o seu importante papel na fixação de carbono, na conservação da biod iversidade e no combate à desertificação», destaca a empresa. Os materiais de construção e de design de interiores representam actualmente c erc a d e u m t erç o do volu me d e negócios da Corticeira Amorim, que se mostra interessada em continuar a desenvolver soluções de cortiça para a construção e a promover os benefícios de utilização da cortiça na arquitectura e no design de interiores.

Um a luno do IADE projectou uma cidade completamente sustentável. A Eco-Village Community, projecto que valeu a Rui Vasques, 25 anos, o prémio de melhor aluno do instituto em 2012, tem sido apresentado não só em Portugal como também em mercados internacionais. Trata-se de um modelo baseado em princípios de construção e produção local, auto-suficiência e cooperação, aproveitando as melhores soluções tecnológicas. A permacultura – método para planear e ma nter sistemas como ja rd i ns e aldeias ambientalmente sustentáveis –, a bioconstrução – construções onde a preocupação ecológica está presente da concepção à ocupação – e a bushcraft – arte de sobreviver no mato, ou seja, de aplicar a longo prazo as técnicas de sobrevivência mais primitivas – são três dos conceitos associados ao projecto. Rui Vasques criou «um modelo de comunidade que responde aos desafios sociais, económicos e ambientais actuais

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contribuindo para a transição para a era do desenvolvimento sustentável», divulga o instituto em comunicado. Em termos energéticos, a comunidade concebida pelo designer utiliza energia solar, eólica, produção de biomassa e biocombustíveis, energia cinética e, se necessário, energia geotérmica, dependendo das cond ições loca is. As estruturas da Eco-Village estão projectadas para ser construídas em superadobe – técnica de construção a partir de sacos com terra criada nos anos 80 –, pelo que teriam elevada resistência, ba i xo custo e mí ni mo i mpac to ecológ ico pela ut i l i z aç ão d e m at er i a i s lo c a i s . E s t e mo d e lo pode ser aplicado em todo o mundo, mediante estudo prévio das condições climatéricas e potencial energético do local. O IADE foi fundado, em Lisboa, em 1969, tendo sido pioneiro do ensino do design em Portugal. É, actualmente, a instituição que mais alunos forma nesta

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Designer português desenvolve projecto de cidade completamente sustentável

Modelo é baseado em princípios de construção e produção local área, com uma taxa de empregabilidade de 97 por cento. Em 2012, o Conselho de Ministros reconheceu o seu interesse público e concedeu ao IADE o estatuto de Instituto Universitário, título que permitiu a criação de um moderno programa de Doutoramento em Design, com especial enfoque na criatividade e internacionalização. O IADE confere graus académicos para

todos os ciclos de estudo do ensino superior, bem como CET’s – Cursos de Especialização Tecnológica e PósGraduações, em áreas de formação relacionad a s com Desig n, A r tes e Comunicação, Marketing, Publicidade e Fotografia. O instituto académico faz parte da rede Talent que concentra a maioria da sua oferta formativa na área das indústrias criativas.


IMOBILIÁRIO

Mercado

Por dia são vendidas 278 casas em Portugal «É imperioso continuar a trabalhar afincadamente para que Portugal possa cont inua r, de forma sustentada, a percorrer uma trajectória de recuperação económica que seja compatível c om o pro c e s s o d e c on s ol id a ç ã o das contas públicas. O nosso pa ís precisa de mais investimento, seja ele nacional ou estrangeiro, para inverter, definitivamente, o ciclo recessivo que tantos sacrifícios exigiu às famílias e às empresas», referiu o governante na sessão de abertura. O secretário de Estado salientou ainda que a banca, sector intimamente ligado ao imobiliário, está a facilitar os mecanismos de pagamento de dívida no crédito à habitação. «Consequência dessa atitude é a quebra de 58 por cento na entrega de imóveis, face ao mesmo período do ano passado, que se registou entre Janeiro e Setembro deste ano». Portugal é o país da União Europeia que tem mais proprietários de habitações adquiridas sem recurso a empréstimos bancários. Segundo dados de 2011, 41 por cento do total de habitações em Portugal foi comprado com capitais próprios enquanto que apenas 34 por cento foi adquirido com recurso a hipoteca. No universo dos 27 países da União Europeia a realidade é outra. Em média apenas 27,6 por cento das casas estão na posse de famílias que não tiveram que pedir empréstimo bancário para as adquirir enquanto que 43 por cento foi comprado mediante hipoteca. Apenas uma pequena

parte da população vive em habitações arrendadas. L e ona rdo Mat h i a s c on sider a que atendendo ao difícil contexto económico, tanto ao nível europeu como ao nível interno, o mercado imobiliário deve não só apostar na potencialidade do mercado interno mas também dar prioridade à «internacionalização e à captação de investimento estrangeiro com especial en fo que no s merc a do s d e l í ng u a portuguesa e dos países asiáticos». A reabi litação urba na tem sido preponderante assumindo-se como o novo paradigma para o sector do imobiliário. No primeiro semestre de 2013 foram vendidos a investidores chineses, russos e angolanos diversos edifícios para reabilitação, situados na zona de Lisboa, cujo montante atinge cerca de 90 milhões. O governante, que encara estes números como sinal de recuperação, sublinha que o mercado imobiliário português apresenta uma «boa qualidade de oferta e uma relativa estabilidade ao nível de preços» surgindo como opção de investimento firme, nomeadamente no segmento do turismo residencial. «Vários mercados, maduros e emergentes, perspectivam Portugal como um local agradável e rentável para aquisição de segunda habitação – um elemento relevante para a atracção de investimento directo estrangeiro em Portugal». Uma opinião partilhada pelo presidente da com issão orga n i z adora do SIL

Pedro M. Nunes

Entre Julho e Setembro de 2013 foram vendidas, em média, 278 casas por dia em Portugal. Em três meses foram comercializados, no total, 25 mil imóveis, o que corresponde a um aumento de 8,7 por cento face ao trimestre anterior. Este ligeiro crescimento do sector imobiliário foi realçado pelo secretário de Estado adjunto e da economia, Leonardo Mathias, no arranque de mais uma edição do SIL Salão Imobiliário de Portugal, que decorreu de 9 a 13 de Outubro, na FIL, no Parque das Nações, em Lisboa.

2013, Luís Lima, que considera que é necessário «satisfazer as necessidades das populações residentes em matéria de habitação, seja pelo arrendamento urbano seja pela aquisição de casa própria, reservando uma parte significativa, em algumas localizações, para segundas habitações, para turismo residencial e outras procuras especializadas». Também para Luís Lima «o grande comboio deste sector a caminho da recuperação é o da reabilitação das cidades num permanente diálogo com o mercado de arrendamento e olhando com olhos de ver para o turismo residencial de qualidade e para ofertas específicas destinadas a públicos da terceira idade mais exigentes». «Esta vocação, que parece simples, complica-se muitas vezes, seja por problem a s i nter no s ou e x ter no s .

Estou no entanto esperançado que o Salão Imobiliário de Portugal, nas várias iniciativas que promove e pelo contributo de quem nelas participa, contribua de forma eficaz para promover as potencialidades desta nossa riqueza», frisou na sessão de abertura. O SIL é uma marca prestigiada em Portugal e no Estrangeiro, também vocacionada para promover a internacionalização do imobiliário português, «seja no espaço da lusofonia, seja nos mercados tradicionais, como os do Reino Unido ou da França, ou até em economias emergentes como é o caso da China», concluiu Luís Lima também presidente da Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa e da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal.

O edifício Central Station, localizado na Praça D. Luís I, em Lisboa, foi distinguido como a «Melhor Reabilitação Urbana de Escritórios» no âmbito dos Prémios SIL do Imobiliário 2013, galardões entregues todos os anos em reconhecimento dos melhores projectos do mercado imobiliário nacional. O Salão Imobiliário de Portugal decorreu de 9 a 13 de Outubro em Lisboa. O edifício, que acolheu a antiga estação central dos CTT em Lisboa, está actualmente preparado para receber empresas e profissionais nas áreas criativas, inovação e empreendedorismo, oferecendo ainda espaços para show rooms de moda e design. A Jones Lang LaSalle foi incumbida pela Habitat Vitae, proprietária do imóvel, de definir este novo posicionamento, gerir o projecto de reutilização do espaço, a comercialização dos escritórios e também a gestão do edifício. Localizado junto ao Mercado da Ribeira,

o Central Station tem uma área bruta de construção de 12 mil metros quadrados. O imóvel, datado das décadas de 40 a 50, dispõe ainda de um pátio interior para o qual está prevista a instalação de serviços de bar e cafetaria. Os prémios SIL do Imobiliário 2013 distinguiram ainda o Mercado Social de Arrendamento da Norfin e a Câmara Municipal de Guimarães. O Pestana Tróia Eco-Resort foi considerado o melhor exemplo de «Construção sustentável e eficiência energética». O FundBox foi o eleito entre os Fundos de Investimento Imobiliário. Já o prémio do Investimento estrangeiro em Portugal coube à Embaixada da República Popular da China em Portugal. Como melhor empreendimento imobiliário, na categoria comércio e serviços, foi escolhida a Unidade de Cuidados Continuados Maria José Nogueira Pinto. República 25 foi considerado o melhor empreendimento

imobiliário na categoria de escritórios. O Palácio Alagoas venceu o prémio do melhor empreendimento na categoria de habitação e o galardão de melhor empreendimento imobiliário, categoria turismo, coube ao Epic Sana Algarve. O novo armazém da Continental surge como o melhor empreendimento imobiliário, na categoria de indústria e logística. Na reabilitação urbana, categoria comércio, o Liberdade 240 – Edifício Cartier foi o eleito. O atelier - Museu Júlio Pomar foi considerado o melhor exemplo de reabilitação urbana, na categoria equipamentos culturais e sociais, e Vila Moura venceu o prémio de reabilitação urbana na categoria de espaços públicos, tal como a Ribeira das Naus, em Lisboa. O SIL entregou ainda o prémio expositor 2013 à Adene – Agência para a Energia. O prémio de participação internacional coube à Cofeci, Creci, no Brasil. A Sonae Turismo foi galardoada com o prémio de promotor

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Central Station é o melhor exemplo de reabilitação urbana de escritórios

internacional e a Assembleia Nacional de Luanda recebeu com o prémio excelência. João Paciência teve as honras do prémio carreira Arquitecto SIL 2013 enquanto que o prémio personalidade foi entregue a Paulo Alexandre de Sousa. N.º 82 . Novembro .

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Dossier

DOMÓTICA

A domótica também pode ajudar a automatizar a poupança O investimento em domótica é uma boa aposta mesmo em tempo de contenção orça menta l. Os equipa mentos inteligentes para a casa trazem mais valias para as habitações não só em termos de conforto mas sobretudo em termos de poupança, o que se reflecte ao final do mês. A empresa Isa, por exemplo, tem uma solução residencial que per mite fa z er u m cont rolo automatizado dos consumos de energia. «Os nossos estudos mostram que este cont rolo permite obter poupa nças até 25 por cento na factura mensal de energia», garante Nuno Martins, gestor de produto da empresa que comercializa o Cloogy (ver produtos e serviços na página ao lado). Quando se associa o controlo da iluminação à climatização o potencial de poupança é enorme, realça. No mesmo sentido a Lisboa E-Nova, no âmbito do projecto «Contadores Inteligentes para Decisores Eficientes», disponibilizou um meio para efectuar o diagnóstico que ajuda a reduzir o consumo de electricidade. O projecto está a ser realizado no âmbito do PPEC - Plano de Promoção da Ef iciência no Consumo de Energia Eléctrica, pr o m o v i d o p e l a E R S E , E nt i d a d e Reguladora dos Serviços Energéticos. Durante o período em que o sector da const r ução apostou for temente na construção de novos edifícios a domótica acabou por ficar associada a um luxo quando na realidade «é um auxiliar importantíssimo em vários domínios da casa e não um simples g a d g e t », a n a l i s a J o s é C o r d e i r o , administrador da MKTi. A domótica deve ser encarada como um potenciador de sustentabilidade actuando em vários domínios. « O pr i mei ro é a su stent abi l id ade ecológ ic a com a opt i m i z aç ão dos recursos energéticos e a gestão do funcionamento dos electrodomésticos. O segundo será a sustentabilidade social em que se enquadram as necessidades dos grupos mais vulneráveis, como p e s s o a s c om d e f ic iê nc i a motor a , idosas ou com necessidades especiais. E um terceiro, que não é dissociável dos dois anteriores, a sustentabilidade económ ic a que per m ite enc a ra r a domótica como um auxiliar ao alcance de um maior grupo de indivíduos e não apenas como um luxo». José Cordeiro ressalva que o investimento em sistemas de domótica pode hoje ser planeado de forma a ser efectuado faseadamente e incorporado gradualmente nos edifícios. Existe já no mercado uma vasta oferta de sistemas vocacionados a instalar em edifícios já const r u ídos ou em processo de requalificação. O empresário alerta por outro lado

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Mesmo em tempo de contenção financeira compensa investir em domótica. Os equipamentos inteligentes para a casa estão longe de ser objectos de luxo e ajudam a potenciar a eficiência energética trazendo ainda conforto e segurança às famílias.

Soluções de domótica são boas ferramentas para garantir eficiência energética nas habitações que a ex per iência demonst ra que, nem sempre o menor investimento representa a melhor e mais económica s oluç ão a mé d io ou longo pr a z o. «Não se justif ica insta lar sistemas cuja exploração venha a precisar de meios técnicos ou humanos que não se encontram previstos ou que coloquem em causa a viabilidade ou a qualidade dos equipa mentos ou prestação de serviços anunciados». Os valores de investimento variam de acordo com as f u nciona lidades pretendidas para cada espaço pelo que se deve tentar encontrar sempre «um equilíbrio adequado às necessidades e expectativas do investidor», continua José Cordeiro. A tipologia do espaço, os serviços a oferecer e a tecnologia a adoptar são determinantes na definição do valor a investir num sistema. «No entanto a incorporação da domótica na edificação não representa um aumento si g n i f ic at i vo do pre ç o do e s p a ç o habitável, garantindo em contrapartida a diminuição dos custos de exploração ao longo da v ida úti l do edifício», sublinha. Os equipa mentos de domótica são s obre t udo « u m a fer r a ment a pa r a u m r a c ion a l u s o d a e ne r g i a . Um investimento de hoje com payback a m a n h ã », r e s u m e P au l o B r a n c o , engen heiro elect rotécnico da A BB Niessen. A domótica tem um vasto leque de aplicações, dependo das necessidades de cada espaço e dos seus utilizadores, que pode ir desde a monitorização e controlo sobre os consumos energéticos até à utilização de energias alternativas. Para o administrador da Central Casa, Carlos Silva, «o segredo é escolher

soluções versáteis, sem necessidade de pré infra-estrutura e que possam ser ampliadas à medida das crescentes nece s sid ade s de quem ut i l i z a ». A escolha de standards de domótica, sugere, é sempre preferível face às soluções proprietárias de apenas uma marca ou fabricante.

É o utilizador quem mais investe

Enquanto se registou crescimento no segmento da construção de habitação para venda os maiores investidores em domótica foram os promotores imobiliários, analisa José Cordeiro. «Pretendiam assim diferenciar os seus imóveis através da incorporação de tecnologia por forma a obter vantagem competitiva que tornasse mais apelativos os seus imóveis colocandoos num patamar de oferta superior, obtendo desse investimento o retorno financeiro espectável». Mesmo com a diminuição exponencial da quantidade de novos empre end i mentos em c on s t r uç ão ma ntém-se a tendênc ia por pa r te dos i nve s t idore s i mobi l i á r ios em incorporar sistemas de domótica nos seus empreendimentos já que o mercado continua a reconhecer a mais valia dos edifícios dotados de sistemas evoluídos de automação controlo e segurança, admite o responsável. Ver i f ic a-se no enta nto que são os utilizadores dos imóveis os principais investidores em sistemas de domótica na medida em que valorizam a gestão eficiente dos edifícios. «Quer em novas edificações quer em edifícios existentes é neste momento o utilizador do edifício

que se envolve na escolha dos sistemas qu e c on s id e r a m a i s a d e qu a do s à utilização que irá ser dada à edificação», sublinha. Quer no caso de particulares, quer no caso de investidores empresariais, verifica-se uma grande preocupação com os «custos futuros de exploração dos edifícios, bem como com os níveis de segurança e conforto que podem v ir a proporciona r os sistemas de automação e controlo». A domótica é procurada pelos mais diversos motivos, que normalmente surgem associados à seg ura nça, com soluções de alarme e vigilância, mas que passam também por outras soluções, como «o controlo dos estores através de agendamentos que ao longo do dia vão mantendo a temperatura i nter na pre ven i ndo ne c e s sid ad e s de aqueci mento ou a r refeci mento externos», salienta Carlos Silva. O utilizador é alguém que procura c l a r a me nt e u m a s oluç ã o qu e l he proporcione «informação e controlo, de forma a garantir um aumento do seu nível de conforto e conveniência», esclarece Nuno Martins. Os clientes que procuram a solução da Isa para gestão de consumos de energia (casais entre os 30 e os 50 anos, com um ou mais filhos, residentes em zonas urbanas, com consumos de electricidade médio/ altos, internet e sensíveis à problemática da eficiência energética e da poupança) querem uma solução que seja simples sem abdicar dos níveis de conforto a que estão habituados. Quem aposta em domótica quer sobretudo diferenciação, soluções amigas do ambiente, intuitivas, estéticas e que garantam segurança, conforto e poupança.


Produtos e Serviços

DOMÓTICA

Inteligência + eficiência energética + conforto = domótica A inovação na área da domótica é sinónimo de eficiência energética. A possibilidade de verificar, ao sair de casa, que todo o sistema de iluminação está «off» significa tempo e poupança para as famílias. A domótica pode permitir ainda conforto e segurança na medida em que possibilita que se accione um comando, via wireless, por exemplo, na eventualidade de ser necessário pedir ajuda em caso de emergência.

MKTi Interruptores com pré-iluminação A nova gama de interruptores eléctricos Ave Touch é distribuída em Portugal pela empresa MKTi – Sistemas de Domótica e Iluminação, Lda. Os novos produtos em vidro de várias cores, com possibilidade de personalização serigrafada e com o distintivo toque da pré-iluminação em Led, são a solução ideal de controlo touch para os modernos sistemas de domótica. Todos os produtos têm uma garantia especial de cinco anos. A Ave é uma marca italiana, líder no mercado internacional de fabricantes de equipamentos eléctricos e electrónicos de qualidade e design. Mi l ha res de produtos da empresa

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CENTRAL CASA Controlar a casa à distância A Central Casa comercializa uma gama de produtos para domótica «Home Center 2» do fabricante Polaco «Fibaro» que permite controlar à distância a casa, começando nos estores, passando pela iluminação e acabando na climatização. O sistema tem uma componente de vigilância já que permite detectar intrusão. A solução comercializada inclui um controlador Z-Wave a que são associados diversos actuadores e sensores sem f ios. Os interfaces de controlo e configuração existem para iPhone/iPad, Android ou PC. Tanto funcionam localmente via Wi-Fi como controlam à distância através de 3G. É um sistema modular e expansível conforme as necessidades do espaço e os utilizadores. O equipamento Z-Wave é um standard internacional que reconhecidamente responde às exigências actuais do mercado. É possível associar equipamentos de outros fabricantes, desde que tenham o selo «Z-Wave». No total são mais de 700 equipamentos de 200 fabricantes diferentes. O cliente tem garantias já que não depende de uma só marca.

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SIEMENS Ajustar luz e temperatura O novo controlador de ambiente Contouch UP204 permite o ajuste automático de iluminação, persianas e climatização. O produto desenvolvido pela Siemens é baseado num conceito inovador que permite uma operação intuitiva através de um display táctil de 2.8 polegadas e de um botão rotativo. Para ajustar a temperatura ou movimentar as persianas, por exemplo, o utilizador carrega nos símbolos que surgem no ecrã. O Contouch é inspirado nos sistemas de navegação aplicados na tecnologia automóvel e oferece diversas funções de operação e visualização. Possibilita ainda outras funções, como comando horário ou alarmística. Pode ser instalado tanto numa sala de reuniões como num quarto de um apartamento.

Reguladores para lâmpadas Led As lâmpadas Led, comparativamente com a s lâ mpad a s i nc a ndescentes, permitem uma poupança de energia que pode chegar aos 80 por cento. A ABB Niessen lançou no mercado reguladores electrónicos que possibilitam poupanças ainda maiores já que estes dispositivos proporcionam o nível de iluminação estritamente necessário para cada local. O regulador giratório é adequado para se utilizar numa remodelação em que são substituídas as lâmpadas incandescentes por lâmpadas LED permitido ajustar a iluminação ao ambiente desejado. O

regulador também se pode utilizar com lâmpadas incandescentes convencionais cont r ibu i ndo pa ra a ef iciência energética. Os reguladores, fabricados com a tecnologia mais avançada, estão disponíveis para as séries Olas, Arco e Tacto da Niessen. Contam com desenho adaptado às tendências actuais de arquitectura de interiores. Não aquecem, não geram ruído, nem zumbido. D.R.

ABB NIESSEN Comandar a habitação via wireless Monitor i z a r a rega do ja rd i m e a iluminação da piscina à distância já é possível com a nova gama wireless da ABB Niessen. Os novos produtos oferecem soluções inovadoras quer para instalações eléctricas novas, quer para instalações existentes, o que implica apenas converter um interruptor convencional num sistema wireless sem cabos nem obras. O novo sistema permite que, ao sair de casa, possa certificar-se a partir da porta da rua se todos os estores estão fechados ao visualizar toda a iluminação em «off». O sistema inclui ainda um detector de movimento wireless que sinaliza qualquer imprevisto em áreas onde a cablagem não chega. Uma pessoa idosa ou incapacitada pode au menta r a sua con f ia nç a e tranquilidade se utilizar um sistema de chamada de auxílio wireless. Existe um botão de pressão de alarme que permite pedir ajuda em caso de emergência. O sistema permite por exemplo abrir as portas de serviço de um estabelecimento público, sem ser necessário a utilização de chave. A porta é accionada à distância desde o comando.

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centenária estão instalados em mais de 60 países, em locais tão simbólicos como o Parlamento Europeu, em Estrasburgo, e o novo Centro de Exposições de Milão.

ISA Monitorizar para poupar O pr i mei ro pa s s o pa r a p oupa r é conhecer em detalhe quanto se gasta. Essa é a certeza que levou a empresa Isa a desenvolver o Cloogy, uma solução residencial de monitorização e gestão de energia. O Cloogy mostra ao utilizador o consumo total da sua casa e de cada aparelho eléctrico individualmente evidenciando onde se encontram as ineficiências, os desperdícios de energia elétrica e as potenciais poupanças. «Através do Cloogy é possível aceder ao consumo de nossa casa, a partir de qualquer local, e ligar e desligar equipamentos em tempo real, ou de forma agendada», explica o gestor de produto da Isa, Nuno Martins. O controlo de cada equipamento eléctrico individualizado é possível através das tomadas inteligentes, i nclu ídas nos d i ferentes k its, que permitem medir e controlar o consumo de cada equipamento elétrico que lhe esteja conectado. É possível assim monitorizar com o Cloogy tantos aparelhos quantas as tomadas inteligentes que se tiver. «Por 199 euros o utilizador consegue instalar em sua casa uma solução com funcionalidades muito próximas daquelas permitidas por soluções de domótica de custos muito superiores», conclui.

Janelas que fecham quando chove e que regulam calor Imagine que a partir de agora, sempre que chover, as ja nelas de sua casa fechar-se-ão automatica mente. No Verão poderá programá-las para abrir durante a madrugada, refrescando a casa. No Inverno fechar-se-ão quando detectarem uma temperatura mais elevada lá fora. Tudo isto já é possível g r aç a s a u m s en s or pa r a i n s t a la r

na s ja nela s cr iado pela equ ipa do engenheiro Klaus-Dieter Taschka, do Instituto de Circuitos Integrados da A lemanha. A tecnologia é baseada num sensor de campo magnético 3D produzido em escala industrial para uso em máquinas de lavar. O módulo comunica com uma estação central, que pode ser um PC, tablet ou telemóvel.

Já foi também inventada uma janela que permite regular a luz e o calor. Um novo revestimento para janelas, feito c om na no c r i s t a i s aju s t ávei s eletricamente, possibilita o controlo da passagem da luz e do calor do sol de forma independente. Os moradores de uma casa poderão selecionar se querem o aquecimento do sol - no Inverno -

ou apenas a luz, deixando o calor de fora - no Verão. A solução permite a poupança de energia, tanto com o ar condicionado como com a iluminação. A i novaç ão, f r uto do t r aba l ho de Anna Llordés e dos seus colegas do L aboratór io Naciona l L aw rence Berkeley, nos Estados Unidos, foi capa da revista Nature. N.º 82 . Novembro .

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Empresas

MOBILIDADE

Partilha de carros já funciona no Taguspark permitindo aos seus clientes reservar os veículos no momento em que necessitam. Para isso basta indicar o período da reserva, o veículo e parque pretendido. Depois de reservar, o cliente dirige-se ao parque e veículo marcado previamente, coloca o seu cartão de acesso no leitor e a viatura abre automaticamente. A partir deste momento, o cliente pode usufruir da sua viagem durante o período indicado e no fim devolve o veículo ao parque de origem. O Mob Carsharing está disponível em nove parques: Alexandre Herculano, C a i s do S o d ré , C a mp o Pe qu e no, Campolide, Entrecampos, Parque das Nações, Saldanha, Sete Rios e agora no Taguspark. O Mob C a r sh a r i ng i n ic iou a su a actividade em 2008 em Lisboa, conta actualmente com 320 clientes, entre empresas e particulares, portugueses e estrangeiros residentes em Portugal, e tem protocolos com 27 entidades. Neste serviço de partilha de carros foram já percorridos mais de 500 mil

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Um sistema de partilha de carros da Mob C a rsha r i ng est á a f u nciona r deste Outubro no Taguspark, junto ao edifício Poente. A iniciativa partiu de um protocolo entre a Carristur e a empresa que gere o Parque da Ciência e Tecnologia de Oeiras. Este acordo permite uma «nova solução de mobilidade, mais sustentável, para empresas e colaboradores do Taguspark» possibilitando ao mesmo tempo «o aumento da oferta de todos os clientes do serviço Mob Carsharing, que desta forma passam a ter mais um parque à sua disposição», divulga a empresa. Para a Taguspark esta iniciativa inserese na estratégia que tem em marcha de renovação do parque com a consolidação de uma nova centralidade e de aposta n a d i s p on ibi l i z a ç ão d e me l hore s serviços, nomeadamente em termos de mobilidade. O Mob Carsharing, serviço de aluguer de carros à hora, está disponível 365 dias por ano, sete dias por semana e 24 horas por dia, através do telefone e da internet,

quilómetros, que permitiram aos seus clientes poupar até 72 por cento de custos relativamente à utilização e manutenção de um veículo próprio e retirar da estrada entre quatro a 10 veículos próprios. Através de um estudo realizado pelo

Instituto Superior Técnico verificou-se que oito por cento dos clientes venderam os seus veículos particulares, 25 por cento começaram a fazer uma melhor gestão das viagens e 21 por cento começaram a utilizar os transportes públicos.

Oeiras Golf & Residence vai ter novo campo de golfe O campo de golfe de nove buracos da autoria do arquitecto Jorge Santana da Silva é a última novidade do Oeiras Golf & Residence, o projecto residencial com mais de 112 hectares e cerca de 500 habitações que a empresa Espart está a relançar em Oeiras. O percurso pretende promover a oferta residencial de alta qualidade da zona da grande Lisboa, associando-lhe uma componente paisagística, ambiental, de lazer e desporto. Para isso a Espart está a dar um novo rosto ao campo de golfe e a todas as infra-estruturas de apoio ao percurso, preparando-o para ser «um campo de golfe de referência na região», divulga a empresa. Para que os adeptos da modalidade possam conhecer o Oeiras Golf & Residence estará em funcionamento, numa primeira fase, o driving-range e o clubhouse. A área de

Uma das grandes apostas da Espart neste projeto é a academia de golfe, que vai levar em breve crianças e jovens de Oeiras a iniciarem-se no golfe, através de um protocolo firmado com a Câmara Municipal de Oeiras, numa clara aposta em contribuir para a democratização da modalidade. Para Joaquim Paiva Chaves, presidenteexecutivo da Espart, «a abertura deste percurso assinala um novo período para o empreendimento Oeiras Golf & Residence. Concretiza a ambição de ter um projecto residencial de elevada qualidade complementado com um campo de golfe de nove buracos». O Oeiras Golf & Residence vai também ao encontro da aposta da empresa em promover a oferta residencial na zona de Lisboa. «O campo de golfe vai ser um importante factor de atractividade

prática e de ensino de golfe do Oeiras Golf & Residence vai ganhar novos espaços, tornando-se em breve numa academia com todas as condições para ser um espaço de ensino e de treino de alto nível. O campo de golfe, que abriu no final de Outubro, tem a gestão a ca rgo d a Gre end r a ive . O perc u rs o vem complementar os campos já existentes na zona de Lisboa e Cascais, que são muito procurados para a prática da modalidade. O objectivo é cativar novos praticantes e recém-iniciados na modalidade. Loca lizado numa zona de carácter residencial, mas também com forte implantação de empresas, hotéis e atracções turísticas, o novo campo de golfe vai ser conveniente ta nto para praticantes nacionais, que ali traba l hem ou habitem, como para estrangeiros de visita ao nosso país.

de novos negócios, dando um cunho diferenciador ao empreendimento face ao actual panorama do sector imobiliário», acrescenta o responsável. Para Nuno Mimoso, vogal da direcção da Federação Portuguesa de Golfe, «o Oeiras Golf & Residence vem reforçar a oferta de campos de golfe que têm como objectivo o fomento e desenvolvimento da moda lidade. A sua loca lização pr iv i leg iad a , i nser id a nu ma z ona residencial e de escritórios, garante um enorme potencial ao campo de golfe». O Oeiras Golf & Residence, localizado em Oeiras, junto ao Tagus Park, oferece paralelamente soluções imobiliárias desde apartamentos (277), a lotes de moradias em banda (56), moradias geminadas (42) e lotes de moradias unifamiliares (123). O projecto terá ainda uma unidade hoteleira e um edifício de apartamentos turísticos.

O Edifício Liberdade 225 é o novo espaço empresarial na Avenida da Liberdade, em Lisboa. Depois de ter sido alvo de uma profunda remodelação, quer a nível exterior quer a nível interior, o imóvel voltou ao mercado no final de Setembro com uma oferta de escritórios qualificada, modernizada e sustentável. O projecto de arquitectura foi realizado pela empresa 3G Office enquanto que a obra de ficou a cargo da firma San José. O edifício foi sujeito a uma intervenção de fundo na fachada. A modernização interior, quer a nível estético quer a nível técnico, também foi assegurada no edifício que possui a certificação Energética Classe A, o que garante redução de custos de ocupação, especialmente a nível de

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Liberdade 225 é novo espaço empresarial em Lisboa

consumo energético. «Estas características, bem como as áreas disponíveis, tornam o edifício propício para empresas de média

e grande dimensão», realça Pedro Salema Garção, Head of Agency da Worx Real Estate Consultants. Mariana Seabra, Directora do Depar tamento de Of f ice Agenc y e Corporate Solutions da Jones Lang LaSalle, acredita que o edifício, «moderno, eficiente e com boas condições técnicas», é um importante contributo para a dinamização do mercado de escritórios que tem níveis de qualidade muito exigentes. «A Avenida da Liberdade continua a registar uma procura consistente, sobretudo por empresas que pretendem associar localização, visibilidade e prestígio às condicionantes actuais de racionalização de custos, ocupação eficiente e contemporaneidade», analisa.

O Edifício Liberdade 225 tem uma área bruta de construção de aproximadamente 6.142 metros, integrando nove pisos acima do solo, além de estacionamento privativo em cave para 44 viaturas. A componente de escritórios, com áreas disponíveis a partir de 312 metros quadrados, totaliza os 4.988 metros quadrados, incluindo os terraços dos 7º e 9º pisos. De forma complementar, o edifício oferece também áreas comerciais nos pisos 0 e 1. O Liberdade 225 beneficia ainda de excelentes acessibilidades viárias, bem como de uma completa rede de transportes públicos. Destaca-se ainda a oferta de serviços na envolvente, sendo a Avenida da Liberdade a localização consolidada para o retalho de luxo em Portugal.


PLANEAMENTO

Autarquias

PDM de Lisboa considerado inovador por associação internacional de urbanistas

O Plano Director Municipal de Lisboa foi premiado por uma associação internacional de urbanistas profissionais pelo seu carácter inovador. A International Society of City and Regional Planners – ISOCARP – distinguiu ainda as cidades de Xangai e Changxing, na China. Os prémios foram anunciados no Congresso Anual da ISOCARP, que se realizou em Brisbane, na Austrália, entre 1 e 4 de Outubro. Pedro M. Nunes

Os prémios ISOCARP de excelência são atribuídos em reconhecimento de «excepcional inovação urbana e de iniciativas regionais ou locais que melhor expressem o tema anual do congresso» que este ano se centrou nas «fronteiras do planeamento» das cidades. «É um prémio da maior relevância por se tratar de uma organização nãogovernamental reconhecida pelas Nações Unidas e pelo Conselho da Europa e com estatuto consultivo na UNESCO», informa a Câmara Municipal de Lisboa na página oficial. A ISOCARP foi fundada em 1965 e a sua visão é reunir os urbanistas mais reconhecidos e altamente qualificados

numa rede de nível internacional. A associação tem membros de mais de 80 países. Em 2012 foram vencedores os projectos «Shantou Strategic Development Plan» e «Beichuan New Town Reconstruction P l a n n i n g a n d I m p l e m e n t a t i o n », ambos na China, e «Dubai 2020 Urban Masterplan», nos Emirados Árabes Unidos. Recorde-se que a proposta f inal de revisão do Plano Director Municipal foi publicada no Diário da República, 2ª série – N.º 168 de 30 de Agosto de 2012, tendo entrado em vigor no dia 31 de Agosto de 2012. O vice-presidente da Câmara Municipal

de Lisboa e vereador do urbanismo, Manuel Salgado, refere-se ao Plano Director Municipal como o PDM dos três R’s que se destina a reutilizar, reabilitar e regenerar. «Queremos transformar Lisboa numa cidade de oportunidades e mais sustentável», garante o autarca. A reabilitação de Lisboa é uma das prioridades do município que tem vários projectos em curso nesse sentido, como é o caso da Estratégia Lisboa 2020, BIPZIP, o «Reabilita Primeiro Paga Depois, o Programa de Segurança Sísmica e Aumento da Eficiência Energética ou o Re-habita Lisboa. O município de Lisboa quer «mais pessoas, mais empresas e melhor cidade».

Baixa do Porto vai ser monitorizada no âmbito do projecto das cidades inteligentes via pública ou limpeza urbana». A pr i me i r a f a s e do s t r a b a l ho s já s e enc ont r a c onc lu íd a . C on si s t iu na rea lização de um diagnóstico à estratégia e aos desafios da autarquia, na identificação dos indicadores de monitorização da cidade e, a inda, na apresentação de sugestões sobre as áreas suscetíveis de serem alvo do projecto-piloto. A actua l fase dos traba l hos incide sobre a implementação da soluçãopiloto e a integração com os sistemas d e i n f o r m a ç ã o d o mu n i c í p i o d o Porto, o que implicará a activação de por tais, criação de documentação, formação dos utilizadores, partilha de informação e disseminação do projecto pelos serviços municipais. Este projecto-piloto terá uma duração de apenas três meses e ser virá para efectuar a respectiva prova do conceito, após o que será efectuada uma avaliação final, conclui a autarquia.

Pedro M. Nunes

O Centro de Operações Integrado (COI) da cidade do Porto, criado no âmbito do projecto «Cidades inteligentes», através do protocolo de cooperação assinado entre a Câmara Municipal do Porto e a IBM, vai monitorizar em tempo real a actividade da baixa portuense, local privilegiado de diversão nocturna da invicta, informa a câmara municipal. O objec t ivo deste projec to-pi loto, seg u ndo informação que consta n a p á g i n a o f i c i a l d o mu n i c í p i o , é «c onc e b er u m a fer r a ment a que permita mel hora r a ef iciência e operacionalidade da gestão da cidade, por via da monitorização e visualização dos serviços e actividades da autarquia de uma forma integrada». O processo passa por obter informação que possibi lite «detectar situações de emergência e m i n i m i z a r o seu impacto naquele loca l densa mente frequentado à noite, por exemplo, no que diz respeito à segurança, ruído,

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Vila Franca vai realizar estudo para reabilitação urbana A Câ ma ra Mu nicipa l de Vi la Franca de Xira vai estabelecer uma parceria com o Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, pa ra a elaboração de u m estudo técnico de apoio à criação de u ma e s t r até g i a de re a bi l it aç ão u rba na para o concel ho de Vi la Fra nca de Xira tendo como horizonte temporal o per íodo que va i de 2014 a 2020. O investimento deverá rondar os 52 mil euros (mais IVA). O principal objectivo deste trabalho é a «elaboração de um

diagnóstico estratégico da dinâmica e x i s t e nt e e t e n d ê n c i a s n a s á r e a s u rba na s do concel ho, com v ist a à listagem das respectivas necessidades e p otenc i a l id ade s de re a bi l it aç ão urbana, def inindo a sua natureza e âmbito». Por outro lado, pretende-se também identif icar «mecanismos e inst r u mentos f ina nceiros e f isca is relevantes para a concretização da estratégia de reabilitação urbana», divulga o município. N.º 82 . Novembro .

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Internacional

INOVAÇÃO

O Gr upo Promova lor, especia lista em promoção imobiliária, acaba de apresentar o seu primeiro investimento em Moçambique. Depois da entrada no mercado brasileiro, o grupo português reforça a sua aposta nos mercados internacionais, investindo 30 milhões de euros no Edifício Platinum, projectado pelo arquitecto Frederico Valsassina, na Avenida Julius Nyerere, na zona nobre de Maputo. O grupo anuncia assim o início oficial da comercialização do Edifício Platinum, um projecto desenvolvido em parceria com a R iofor te, uma sociedade de investimentos do Grupo Espírito Santo, e o parceiro estratégico local, o Grupo MMD. Residências, escritórios e lojas ficarão fundidas num só edifício na Avenida Julius Nyerere. É o ideal para quem privilegia poder viver e trabalhar no centro da cidade. «O Grupo Promovalor está atento aos novos desafios e às novas oportunidades no mercado global. Além da aposta em projectos em Portugal e no Brasil, continuamos a identificar países e mercados que se enquadrem na nossa estratégia de internacionalização. O Platinum marca a entrada do Grupo Promovalor no mercado moçambicano. Estamos convictos que este projecto

será considerado um ícone na Avenida Julius Nyerere em Maputo. O Platinum traduz, de forma clara, o compromisso do grupo em trazer uma nova perspectiva a cada projecto, ou seja, um pensar e fazer diferente, mas sempre adaptado à realidade local», refere Tiago Vieira, administrador do Grupo Promovalor. Para o Arquitecto Frederico Valsassina trata-se de um «edifício multifuncional, flexível e sustentável do ponto de vista a mbienta l, cu mpr i ndo os pad rões internacionais de qualidade». A obra teve início no dia 16 de Agosto de s te a no e a su a c onc lu s ão e s t á prev ista pa ra o primeiro semestre de 2016. A arquitectura do Edifício Platinum combina duas linguagens distintas. A componente residencial, Platinum Residences, com entrada independente e portaria, oferece seis tipos de apartamentos todos diferentes entre si, com tipologias T1, T2, alguns com jardim, T3 e T4 Penthouse, todos com estacionamento. Na cobertura, e exclusiva mente dest i nado aos seus residentes, encontra-se o Club Platinum, uma área de lazer com piscina panorâmica. A componente escritórios, Platinum Corporate, com entrada independente e portaria oferece soluções de espaço

D.R.

Grupo Promovalor reforça internacionalização com entrada em Moçambique

flexíveis para arrendamento a partir de 184 metros quadrados até 12.370 metros quadrados. No mesmo edifício é possível encontrar ainda espaços comerciais, Platinum Shops, entre 192 e 214 metros quadrados,

nu m a l o c a l i z a ç ã o d e e x c e l ê n c i a com v isibi lidade incontornável na emblemática avenida Julius Nyerere. O Edifício Platinum dispõe de um parque de estacionamento privativo com um total de 267 lugares.

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Jovens portugueses criam portal de arquitectura para alavancar exportação

Um grupo de jovens empreendedores p or t u g u e s e s c r iou u m p or t a l d e arquitectura, de utilização gratuita, que tem como objectivo permitir aos arquitectos divulgar e vender os seus projectos on line para qualquer parte

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do mundo. O ArchReady, apresentado em Setembro, em Lisboa, foi criado por profissionais das áreas da gestão, informática e arquitectura. O projecto disponibiliza um directório interactivo que permite que profissionais

e empresas do sector divulguem os seus serviços. Além da componente comercial existe «um trabalho de divulgação de novas tendências, notícias relevantes e d icas úteis pa ra o d ia-a-d ia dos utilizadores», divulgam os promotores do projecto. A «consciência da realidade de uma cr ise económ ica » foi a mot ivaç ão necessária para que o grupo se juntasse e concretizasse um projecto que pudesse responder a muitas necessidades actuais. « Mu i t o s a rq u i t e c t o s v ê e m c o m o única solução emigrar para conseguir trabalhar e cada vez mais ateliês são obrigados a fechar as suas portas. Além de todo o contexto de crise que se vive, a arquitectura foi desde sempre conotada como algo elitista e pouco acessível à generalidade das pessoas, uma ideia errada que precisa de ser desmistificada», argumentam os promotores do projecto que pretendem ainda dar resposta «à falta de dinamismo e empreendedorismo no sector». A interacção e a proximidade entre utilizadores e profissionais é o pontochave de todo este projecto que pretende funcionar como ponto de encontro entre

clientes e profissionais nas áreas ligadas à arquitectura e construção. No ArchReady é possível encontrar soluções para construir, remodelar ou decorar, ideias originais, designs i nspi radores , mater ia is , produtos i nov adore s e ú lt i ma s tendênc ia s . «Queremos ajudar a mostrar como a arquitectura pode melhorar a vida das pessoas, trazer mais conforto e qualidade às suas casas, de uma forma ma is sustentável». Os utilizadores que se registem numa “conta normal” podem guardar como favoritos os conteúdos ou projectos que lhes interessam, assim como interagir com profissionais que se encontram registados. Os profissionais e empresas apenas necessitam de fazer o registo numa “conta profissional” para constarem no directório do ArchReady, onde poderão ainda ser recomendados pelos seus clientes. O projecto permite, por exemplo, que seja possível ver antes de comprar um projecto (em vez de encomendar e esperar para ver), saber quanto custa cada projecto e qual o resultado final e ter referências e conhecer o trabalho de um determinado arquitecto antes de contratar.


Entrevista

TERRITÓRIO FÁTIMA JARDIM

A mobilidade é prioridade de Angola

Em Angola, mais precisamente em Luanda, discutiu-se em Outubro a «Eco-Eficiência do Espaço Público: Rumo à Eficiência e Boas Práticas no Espaço Urbano». O Jornal Arquitecturas esteve presente neste seminário, que decorreu no Centro de Convenções Talatona, e falou com a ministra do Ambiente do Governo angolano, Fátima Jardim.

Quais os objectivos, a longo prazo, em matéria de eco-eficiência? Nós fizemos aqui várias abordagens. Um dos painéis mais discutido, e em que estamos empenhados em resolver, é sobretudo a questão da mobilidade. Mas

pensamos que, a nível de espaços verdes, ainda estamos com algumas insuficiências. Temos, em Angola, grandes áreas de conservação praticamente intactas que esperamos que possam ser consolidadas, sobretudo onde queremos ter uma cidade humana, com indústria, agricultura, com práticas melhores e mais sustentadas. Esta nossa visão do ordenamento era essencial. O objectivo foi atingido e tão bem atingido que até queremos repetilo. Estamos, portanto, a fazer o repto para que, em outros espaços, em outras cidades, possamos ver de que forma é que a eco-eficiência do espaço urbano pode ser concretizada. Com conhecimento, transferência de experiências e organização podemos fazer um «bom casamento» entre empresários, governos, associações e todos os que envolvemos neste importante repto.

mais facilmente e mais rapidamente as políticas se integrem. É fazer com que a sustentabilidade a nível de desenvolvimento nos sectores apresentados possa ser assegurada e que os objectivos que nós todos traçámos, sobretudo a nível nacional, possam ser assegurados para o bem-estar dos nossos cidadãos e, cada vez mais, para o progresso de Angola.

Que papel pode ter o Ministério do Ambiente na articulação das perspectivas multidisciplinares da eco-eficiência? O papel do Ministério do Ambiente é um papel de coordenação, fazer com que

Que ideias principais retira dos trabalhos? Precisamos de realizar mais trabalhos como estes. Uma das principais ideias que colhemos é a de que precisamos também de formar mais especialistas para as diferentes

D.R.

O que determinou a organização desta iniciativa pelo Ministério do Ambiente? Estamos em amplo crescimento e temos índices de desenvolvimento na área económica e na área social bastante favoráveis que nos animam. A ecoeficiência do espaço público urbano é, de facto, uma questão que o governo tem como prioridade. A partir deste diálogo podemos auscultar as preocupações, mas também transmitir o esforço do executivo para a solução dos inúmeros problemas. Temos zonas adequadas, estamos a requalificar, temos exemplos de novas cidades. Está na hora de melhor ordenar as nossas intervenções, mas também as nossas responsabilidades a nível de todo o percurso que temos como cidadãos nesta nossa querida Angola.

áreas, precisamos de inovar, mas também precisamos de cooperar. O desafio da ecoeficiência é de uma abrangência tão larga que pensamos que a questão energética e a da mobilidade deverão ser os temas dos próximos seminários a desenvolver em Angola. O nosso ministério, por ser transversal, envolve-se com todos os outros, mas aqui foi referido que é isso que o cidadão angolano quer. O cidadão angolano quer mais mobilidade, quer ver resolvidos os problemas de tráfego, quer mais tranquilidade, quer mais espaços verdes, quer mais lazer. Mas quer sobretudo juntar o lazer à preservação dos seus valores culturais e paisagísticos. Queremos casar tudo isto não esquecendo a eco-eficiência. Agradecemos a cobertura, especialmente ao grupo About Media, que nos ajudou a realizar este seminário com êxito, procurando excelentes prelectores de várias especialidades que vieram de Portugal, que se combinaram com excelentes prelectores aqui de Angola. Este tipo de energia e sinergia é essencial para a nossa colaboração e cooperação.

Como construir cidades mais verdes e saudáveis A construção de cidades mais verdes e mais saudáveis passa pelos decisores polít icos, prof issiona is ligados ao território mas também pelos cidadãos. A ecoeficiência deve ser prioridade para os dirigentes, figurando como ideia-chave em todas as estratégias de planeamento, mas os profissionais das várias áreas do planeamento da cidade, numa perspectiva transversal, têm de desenvolver projectos pro c u r a ndo s empre s oluç õ e s que garantam melhores comportamentos a m bie nt a i s e me nore s c on s u mo s energéticos. Esta foi uma das conclusões do seminário sobre «Eco-eficiência do Espaço Público – Rumo à Eficiência e Boas Práticas no Espaço Urbano » realizado em Angola, a 2 de Outubro, no Centro de Convenções de Talatona, em Luanda. O seminário foi organizado pelo Ministério do Ambiente de Angola com o apoio do Grupo About Media. O seminário, que teve a participação de especialistas reconhecidos e de altos representantes do Governo angolano como moderadores, permitiu concluir ainda que cabe também aos cidadãos assumir um comportamento de maior responsabilidade ambiental, procurando a redução do uso de energia eléctrica, a adopção de meios de transporte com menor impacte no ambiente urbano e o contributo para uma deposição de resíduos mais regrada, garantia de cidades mais limpas. O primeiro painel do seminário foi ded icado aos «Projec tos e Gestão dos Espaços Verdes Para Paisagens

Sustentáveis». O arquitecto paisagista Tiago Martins, da Vibeiras VBT Angola, falou sobre os conceitos diferenciados no projecto e na gestão de espaços verdes, perante uma realidade tão específica como a angolana. A moderação coube ao Ministro da Administração do Território. O arquitecto Manuel Zangi abordou a temática dos «Planos Municipais como Instrumento de Organização do Espaço Verde», salientando a importância do planeamento para uma gestão eficaz do território. Foi moderador o Ministro da Administração do Território. A arquitectura Carla Ribeiro de Sousa focou a questão dos «Planos Sustentáveis e a Ecoeficiência no Espaço Público», referindo-se especificamente «ao ambiente nas áreas urbanas como prioridade para a ecoeficiência». A moderadora foi a secretária de Estado para Biodiversidade. A «Tr a n s f o r m a ç ã o E c o l ó g i c a d a Paisagem» não foi esquecida. A arquitecta paisagista Inês Norton de Matos ajudou a compreender as relações existentes entre as questões ambientes em meio urbano e o planeamento e construção de espaços verdes, em Angola. O moderador foi o Ministro da Construção. O s eg u ndo pa i nel foi ded ic ado à «Ef iciência e Sustentabi lidade: do E d i f ício à Cidade». A rqu itec t u ra , Urbanismo e Sustentabilidade são três disciplinas que se casam para promover a qualidade de vida. O coordenador do Núcleo de Investigação de Arquitectura, Departamento de Engenharia Civil e Arquitectura, Instituto Superior Técnico,

Manuel Correia Guedes, deu a conhecer as melhores soluções sustentáveis ao nível do projecto e do planeamento urbano com vista a uma melhoria da qualidade de vida em Angola. Foi moderador o secretário de Estado do Urbanismo. O tema da «Eficiência Energética nos Edifícios e Espaços Públicos: Conceitos Básicos e Prioritários» foi abordado pelo administrador da AuraLight, Alberto Van Zeller, que explicou como pode ser optimizada a eficiência energética nos edifícios e na iluminação pública, quer numa perspectiva global quer numa perspectiva local, pelo conhecimento e spec í f ico do c a s o de Lu a nd a . O moderador foi o secretário de Estado do Ambiente para Novas Tecnologias e Qualidade Ambiental. No terceiro painel debateu-se «Transporte e Mobilidade», sobretudo no que diz respeito à gestão eficaz de sistemas optimizados como oportunidade para promoção de qualidade de vida nos centros urbanos. O painel foi conduzido por Noélia Costa, Directora Nacional dos Transportes Rodoviários tendo como moderador o Ministro dos Transportes. A coordenadora de Núcleo de Planeamento de Transportes da empresa Tis.pt, Susana Castelo, falou sobre como a mobilidade e controlo de ruído promovem a qualidade de vida e a sustentabilidade. A especialista analisou a problemática da mobilidade urbana sustentável, nomeadamente na redução de ruído, e a sua relação com o planeamento, com base na análise de projectos a decorrerem em

Luanda. Foi moderador o Ministro dos Transportes O quarto e último painel foi dedicado à «Recolha de Resíduos para a Qualidade de Vida no Território Urba no». O Inspector Geral de Saúde, Miguel dos Santos Oliveira, focou a importância da higiene urbana como factor promotor da saúde pública, tendo como moderador o Ministro da Saúde. A «Optimização de Custos na Recolha de Resíduos: Modelos Testados», tema apresentado pela Directora Nacional do Ambiente, Kamia de Carvalho, e moderado pela Ministra do Ambiente, Fátima Jardim, permitiu conhecer os mais recentes sistemas de gestão de resíduos urbanos e compreender como podem contribuir para uma optimização da qualidade de vida das cidades angolanas. A Ministra do Ambiente, Fátima Jardim, salientou, no discurso de encerramento, a importância da participação da sociedade civil na construção de cidades mais sustentáveis. No final do seminário foram ainda distinguidas quatro províncias de Angola – Cabinda, Huambo, Kuando Kubango e Namibe – por se terem destacado no esforço para a construção de uma cidade sustentável rumo à eficiência. O presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos, foi ainda homenageado com um certificado de mérito. O Ministro de Estado e Chefe da Casa Civil, Edeltrudes Costa, que assegurou o discurso de abertura, foi igualmente reconhecido, bem como a associação Rede Ambiental Maiombe. N.º 82 . Novembro .

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Perspectivas

CArmen Lemos Directora de Planeamento Urbano - CM Sintra

Crescimento inteligente, sustentável e inclusivo A E st ratég ia d a Eu ropa 2020 e d a Pol ít ic a de C oe s ão foc a l i z a três prioridades que se reforçam mutuamente - crescimento inteligente, crescimento sustentável e crescimento inclusivo - e define cinco metas, cinco grandes objectivos: emprego, investigação e inovação, alterações climáticas e energia, educação e luta contra a pobreza. No âmbito da preparação do próximo Quadro Comunitário de Apoio, QEC (Quadro Estratégico Comum) duas entidades promovem a elaboração de planos de acção. A CCDR iniciou em Abril a proposta do PARLisboa (Plano de Acção Regional de Lisboa 2014 e 2020) com vista à definição da visão da região 2020 e das prioridades estratégicas. A Área Metropolitana de Lisboa (AML) está a promover igualmente a construção do «Programa Territorial para a Área Metropolitana de Lisboa no horizonte 2014-2020» com o objectivo de introduzir as principais questões a debater para a definição das linhas estratégicas de desenvolvimento da A ML e respect ivo prog ra ma de acção no horizonte 2014-2020 identificando as iniciativas e projectos de dimensão metropolitana. Os documentos a cargo da CCDR e A M L e s t ã o e s t r ut u r a do s e m metodologias diferentes mas têm o mesmo objectivo. Em ambos as opções estratégicas do território devem protagoni z a r decisão de implementação de grandes projectos infra-estruturais alinhados com a Estratégia Europa 2020. Além da qualidade e do esforço envolvido na elaboração destes documentos, que se reconhece, o que nos parece pertinente nesta fase é saber como as partes se irão unir num todo, para a sustentação das decisões que envolvem um território tão vasto, diversificado e estratégico. Denota-se em ambos os documentos a ausência de suporte em Planos Regionais que norteiem as linhas e s t r at é g ic a s d e a c t u a ç ão e em particular com os estudos, diagnóstico e proposta constantes da revisão do PROT [Pla nos Reg iona is de Ordenamento do Território], em 2010. Coloca-se a questão se deverão estas linhas estratégicas informar o Plano Regional de Ordenamento do Território da AML ou o contrário. Coloca-se a questão se não será a ltura de f ina lizar a rev isão do

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PROT de acordo com o contexto actual de significativas alterações em relação à economia e demografia previstas em 2010, bem como com as estratégias previstas (e revistas) em PDM dos concelhos da AML. Coloca-se a questão se não será em sede de PROT que se deveriam assumir regionalmente os critérios e metodologia técnica para a delimitação dos ecossistemas abrangendo a defesa dos valores relevantes referentes à biodiversidade (fauna e f lora), à delimitação da REN, onde se clarifique a multiplicidade das jurisdições dos organismos da Administração Central e se estruture uma actuação eficaz e eficiente ponderando o exemplo da DRAPLVT [Direcção Regional de Agricultura e Pescas de Lisboa e Vale do Tejo] para a demarcação da RAN e se objective uma estrutura ecológica metropolitana mais «suportada e agarrada» à realidade. Releva ta mbém na a ná lise da atractiv idade e competitiv idade da AML o importante papel dos s e u s P a rq u e s Na t u r a i s . A s u a potencialidade e atractividade são muito específicas e a estratégia de desenvolvimento passa um pouco à margem das estratégias que se preconizam para outras áreas da AML. Impõe-se por isso a consideração e avaliação do desempenho efectuado pela Administração Central dado o peso da sua tutela. Também aqui se aguarda a revisão do POOC [Plano de Ordenamento da Orla Costeira] Sintra Sado. São igualmente estratégicas as actuações previstas no Plano de Acção de Protecção e Valorização do Litoral 2012-2015 ou documento que lhe suceda pois está em causa a prevenção do risco, tema tratado pela CCDR no PARLIsboa no domínio Crescimento Sustentável. Das parcerias administração central/ auta rqu ia s depende for temente o sucesso do seu desempenho no for ta leci mento da A M L . Ma s é ne c e s s á r io que os do c u mentos estruturantes e balizadores estejam concretizados. Estando presentes perante uma reforma do Estado convém esclarecer e integrar no modelo de governança as acções est ratég icas da sua exclusiva competência e as que estão dependentes e ao alcance da estratégia dos Municípios e da Sociedade Civil e constituem parcerias desejáveis.

Eurico Neves Administrador da Inovamais

Cooperação para uma melhor mobilidade urbana Decorreu nos primeiros dias de Outubro em Brest, França, o evento anual do programa europeu CIVITAS dedicado à mobilidade urbana sustentável. A cooperação para uma melhor mobilidade urbana é um campo de trabalho com muito por desbravar para arquitetos e responsáveis pela política de cidades. As políticas de mobi lidade e os desafios colocados às cidades a este nível em termos de desenvolvimento sustentável são uma das grandes prioridades atuais em termos de gestão urbana, oferecendo um amplo campo de manobra para melhorias e novas práticas. A gestão das comutações diárias entre a casa e o emprego, ou o transporte dos f i l hos, é i ndubitavel mente, um dos fatores que mais afetam a qualidade de vida dos habitantes das cidades e em simultâneo uma das práticas diárias com maior impacto a mbienta l. Conci l ia r estes dois aspetos – maximizar a qualidade de vida dos cidadãos minimizando o impacto ambiental – é uma charada de difícil resolução para arquitetos, engenheiros, políticos e todos os responsáveis pelo planeamento e implementação de novas estratégias de desenvolvimento urbano. O problema, mais do que nacional, é europeu senão mesmo g loba l, e a Comissão Europeia dedica-lhe par ticu lar atenção, f inanciando desde há vários anos um programa inteiramente dedicado às questões da inovação em temas de mobilidade urbana sustentável: o progra ma C I V I TA S , e m c u j o s p r o j e t o s

participam várias cidades nacionais tais como Coimbra, Funchal, Lisboa ou Porto. Os temas cobertos por este programa são vários desde a promoção de meios t ra nspor tes, colet ivos ou individuais, “limpos”, estratégias de gestão da procura e de custeio, i nt e r m o d a l i d a d e , s i s t e m a s d e transporte inteligente, entre outros. Os projetos reúnem normalmente várias cidades europeias e as suas agências ou sociedades de transporte, financiando a experimentação de novos processos - por exemplo, os autocarros movidos a hidrogénio que os STCP puseram a circular no Porto desde há alguns anos – ou a partilha de experiências. Muitos dos resultados já obtidos ou em de s envolv i mento for a m apresentados no evento anual do programa que decorreu em Brest, na Normandia. Este evento, organizado pelo consórcio que gere as ações ditas “ horizontais” do programa CIVITAS – tais como a promoção e disseminação de resultados - e que inclui uma empresa portuguesa, a INOVA+ S.A., é também um ponto de encontro importante entre gestores de políticas urbanas para a conceção e promoção de novas ideias de projetos. Os resultados do evento deste ano estão disponíveis no site do programa - www.civitas-initiative.org. Vale a pena desde já colocar na agenda o evento do próximo ano, a decorrer novamente em início de Outubro numa cidade europeia a designar. O autor escreve, por opção, ao abrigo do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.

Eduardo Ramalho

Mobilidade Eduardo Ramalho

Planeamento


Pergunta & Resposta › Pergunta Por que é que ainda não foi publicado o projeto de revisão do Decreto-Lei nº 119/2009, de 19 de Maio - que altera o regulamento que estabelece as condições de segurança a observar na localização, implantação, conceção e organização funcional dos espaços de jogo e recreio, respetivo equipamento e superfícies de impacto – cujo processo de notificação à Comunidade Europeia terminou a 3 de Dezembro de 2012? D.R.

Presidente da APSI - Associação para a Promoção da Segurança Infantil, Sandra Nascimento

«Processo legislativo implicou múltiplas consultas a várias entidades» jurídico português pelo Decreto-Lei n.º 58/2000, de 18 de Abril. A esta notificação seguiu-se ainda uma última consulta adicional, junto das entidades fiscalizadoras do diploma para assegurar o seu rigor técnico. Estando agora concluído o processo legislativo, a Secretaria de Estado prevê que a sua aprovação ocorra em breve.

D.R.

Tratou-se de um processo legislativo complexo que i mpl icou mú lt ipla s consultas sobre este diploma, designadamente à própria Associação para a Promoção da Seg ura nça Infantil, que suscita esta pergunta, e à Associação Portuguesa dos Arquitetos Paisagistas, dada a tecnicidade do tema em causa. Por este mesmo mot ivo, ou seja, a existência de normas técnicas, o projeto foi notificado à Comissão Europeia, ao abrigo da Diretiva 98/34/CE, de 22 de Junho, transposta para o ordenamento

Secretário de Estado adjunto e da economia, Leonardo Mathias

Em cada edição, o Jornal Arquitecturas desafia o diálogo entre duas personalidades do sector. Desta vez a presidente da APSI – Associação para a Promoção da Segurança Infantil, Sandra Nascimento, faz a pergunta e o secretário de Estado adjunto e da economia, Leonardo Mathias, responde. A autora da pergunta, bem como o autor da resposta, escrevem, por opção, ao abrigo do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.

Agenda 1 de Novembro de 2013 Jovens arquitectos portugueses e espanhóis em debate Colóquio Ibéria Crítica Museu Nacional Soares dos Reis - Porto www.oasrn.org/cultura.php?id=324 4 a 8 de Novembro de 2013 Batimat Interclima+Elec - Home and Building e Idéo Bain Inovações para construção e arquitectura Paris Nord Villepinte - França Tel.: 213 241 995/97 portugal@promosalons.com www.batimat.com 4 a 6, 11 a 13 de Novembro de 2013 Formação: Curso Revit Architecture 2013 Porto formacao.continua@oasrn.org www.oasrn.org/formacao.php 5 de Novembro de 2013 Seminário: Vulnerabilidade Sísmica no Contexto da Reabilitação Urbana Sede Nacional Ordem dos Arquitectos – Lisboa Tel.: 213 241 110 www.arquitectos.pt

5 de Novembro de 2013 Palestra com arquitecto João Pedro Serôdio Auditório Rainha Sonja (Cubo), Faculdade de Arquitectura – Lisboa Tel.: 213 615 801 gec@fa.utl.pt www.fa.utl.pt www.serodiofurtado.com 8 e 9 de Novembro de 2013 Formação: A economia em obras de reabilitação de pequena dimensão Espaço de formação da OA-SRN – Porto formacao.continua@oasrn.org www.oasrn.org/formacao.php 9 e 10 de Novembro de 2013 Conferência: Sustentabilidade na Arquitectura. Um caso real na Índia. É possível em Portugal? Universidade Lusófona – Porto formacao.continua@oasrn.org www.oasrn.org/formacao.php 19 de Novembro de 2013 Palestra com arquitecto John Peponis Auditório Rainha Sonja (Cubo), Faculdade de Arquitectura – Lisboa Tel.: 213 615 801

gec@fa.utl.pt www.fa.utl.pt www.arch.gatech.edu/people/john-peponis 26 de Novembro de 2013 Sessão Técnica: Fórum de Auditores de Segurança Rodoviária Ordem dos Engenheiros – Lisboa Tel.: 213 132 662/3/4 www.ordemengenheiros.pt colegios@ordemdosengenheiros.pt 26 e 27 de Novembro de 2013 8.ª Expo Conferência da Água Tel.: 218 844 146 Lagoas Park Hotel – Oeiras conferencias@about.pt www.expoagua.about.pt 29 e 30 de Novembro de 2013 Formação: Construir em metal Ciclo «Constuir em» - 2013-2014 Casa das Artes – Porto www.oasrn.org/construirem 3 de Dezembro de 2013 Palestra com designer de moda Rickard Lindqvist Auditório Rainha Sonja (Cubo), Faculdade de

Arquitectura – Lisboa Tel.: 213 615 801 gec@fa.utl.pt www.fa.utl.pt www.rickardlindqvist.com 3 a 6 de Dezembro de 2013 Pollutec Horizons 2013 Salão das Eco-Tecnologias, da Energia e do Desenvolvimento Sustentável Paris Nord Villepinte - França Tel.: 213 241 995/ 97 portugal@promosalons.com www.pollutec.com Até 15 de Dezembro de 2013 Close, closer Trienal de Arquitectura de Lisboa Tel.: 213 469 366 trienal@trienaldelisboa.com www.trienaldelisboa.com/pt Agosto de 2014 Congresso Mundial de Arquitectura Durban 2014 Durban – África do Sul alene.naidoo@uia2014durban.org uia2014durban.org

Sugestão

Guia de Arquitectura de Lisboa 1948 - 2013 O «Guia de Arquitectura de Lisboa 19482013» é uma viagem pela cidade através do património. No livro são ilustrados 200 projectos emblemáticos da cidade com recurso a esquissos, plantas, fotografias e textos. A obra abarca o Movimento Moderno em Lisboa, a cidade do final do Estado Novo e do 25 de Abril, passando pela

estabilidade democrática e Pós-Modernidade até à transição e abertura para o século XXI. A edição foi considerada de manifesto interesse cultural pela Secretaria de Estado da Cultura. O livro tem coordenação editorial de Michel Toussaint e Maria Melo. A edição, bilingue (português/ inglês), é da A+A Books e contou com o apoio da

Câmara Municipal de Lisboa. A Fundação EDP é mecenas do livro. «A arquitectura é talvez o bem imóvel mais caracterizador da história de uma cidade, revelando ao mesmo tempo grandes vultos da cultura merecedores de uma divulgação que engrandece a história de um povo», divulga a editora. N.º 82 . Novembro .

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