SÉRIE Z 14

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MULHERES EM CAMPO

A REVISTA DO FUTEBOL ALTERNATIVO NOV. 2017 -- N.14

UM RETRATO DO FUTEBOL FEMININO NO BRASIL EM 2017


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AVANTE, FUTEBOL FEMININO

Em 2016, nós fizemos uma grande matéria com a situação do futebol feminino em cada estado. Era parte de uma revista com várias pautas, mas dessa vez resolvemos mudar, fazer uma edição exclusiva sobre o tema, para trazer a situação da modalidade no país em 2017, com textos maiores para dar detalhes mais específicos de cada trabalho desenvolvido. A grande mudança na temporada foi a entrada da Série A-2 no calendário. Mesmo com um formato ainda inadequado, a competição dá chance a mais clubes terem um calendário. A primeira disputa foi experimental, mas a partir de 2018, a competição será definida com uma seletiva, o fator preponderante para as federações se mexerem esse ano. Houve uma diminuição no número de estados sem campeonato feminino, mas poucos estados apresentarão uma preocupação além do curto prazo. Aproveite esse especial para ter uma noção de quantos passos o futebol feminino andou em relação ao ano passado. Valorize o futebol feminino do seu estado. Vá ao estádio, grite, torça e avante, Futebol Feminino Felipe Augusto Criador e editor da Revista Série Z

EDITOR Felipe Augusto (@felipeseriez) PROJETO GRÁFICO e DIAGRAMAÇÃO Felipe Augusto

REVISÃO Felipe Augusto COLABORADORES Gian Nascimento (Arquibancada MS) Lucas Gabriel Cardoso (O Cancheiro) Marcos Barcelos (Temos Futebol)


L Divulgação/EC Iranduba A


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E S C A L A Ç Ã O


FATOR SÉRIE A-2

O que foi feito em cada estado pelo futebol feminino em 2017? Um ano depois do nosso primeiro levantamento, voltamos com um especial exclusivo sobre o tema


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ano de 2017 para o futebol feminino brasileiro seria histórico pela realização da primeira edição de uma segunda divisão nacional e por ter uma mulher no comando da seleção brasileira, com Emily Lima assumindo como treinadora. Se antes as federações organizavam campeonatos estaduais apenas para indicar algum clube para a Copa do Brasil, nem mesmo mudança do calendário com a criação da Série A-2 fez com que o pensamento não mudasse: a preocupação com o curto prazo. Cada federação a partir de 2018 terá que indicar uma equipe para a seletiva da disputa. O ponto positivo com esse contexto é que o número de estados sem estadual diminuiu em relação a 2016: seis para dois. Goiás, Piauí, Paraná, Rio Grande do Norte, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul não tiveram estadual ano passado, mas apenas os dois últimos continuam com esse cenário. Nos estados que voltaram a ter

o torneio, a preocupação foi com o momento, com a obrigação de indicar um clube para o Nacional. Há trabalhos avançados no país. Foram registradas disputas de categorias de base no Ceará, São Paulo e Rio Grande do Sul (no Amapá houve um chamado, mas não temos informações sobre a realização ou não da disputa). Porém, as chamadas seletivas continuam existindo, sem calendário adequado para as mulheres que jogam. Esse especial tem como foco o trabalho desenvolvido em cada estado, um olhar de “dentro para fora”, pois o Brasileiro e a Libertadores da modalidade têm uma cobertura adequada, diferente dos estaduais. Cada estado tem duas páginas para melhorar o levantamento desenvolvido em 2016, com textos maiores, para explicar melhor cada situação. Alguns estaduais ainda não terminaram, mas postergamos a publicação desse número, o máximo possível para ter uma melhor ideia do retrato do futebol feminino no Brasil em 2017.


ACRE

A COROAÇÃO DO GALO

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o futebol masculino, o Atlético Acreano teve um ano memorável, com o bicampeonato estadual e o acesso à Série C 2018, mas tudo o que é bom pode melhorar. Isso, pois a equipe feminina retomou a taça estadual, após o vice em 2016. Sem dificuldades, as mulheres do Galo Carijó conquistaram de forma antecipada, o Acreano 2017. A competição tinha previsão para outubro e novembro, mas foi adiantada para agosto devido ao calendário do próximo ano. Quatro equipes se inscreveram para a disputa: Assermurb (campeã em 2016), Atlético Acreano, Unidos da Baixada e Acrelândia. O campeonato teve formato simples, com pontos corridos em dois turnos, com jogos às quartas na Arena da Floresta e

L Manoel Façanha

entrada gratuita. Logo na primeira rodada, o Acrelândia não compareceu, dando vitória por WO para o Atlético, e foi desclassificada da disputa. As três equipes continuaram o certame que começou em 2 de agosto, mas com duas rodas de antecedência, o Galo levantou a taça sem sustos. Na relação histórica, o Atlético fica com duas taças, mas a três da Assemurb, maior campeã do estado. O título em 2017 dá a chance da equipe disputar a seletiva do Brasileiro Série A-2 2018, para conseguir um calendário mais adequado, para cada dia mais se desenvolver a modalidade, que aos poucos vai evoluindo no estado, apesar da queda de equipes na disputa em relação ao ano passado, quando o estadual teve quatro equipes até o fim da disputa, incluindo o Rio Branco.

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ATLÉTICO ACREANO

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AMAPÁ

RITA E KEILA

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m fevereiro, a CBF organizou em Macapá um encontro de jogadoras sub20 para uma fase de treinamentos. Em julho, foi feita uma convocação para a seleção da categoria e lá estava Keila Soares, lateral do Oratório, a primeira oportunidade da jogadora que participou da seletiva no Rio de Janeiro. Anteriormente, ainda em fevereiro, Rita Almondes, meia do Oratório, também participou de um período de treinamentos. As duas servem como grande inspiração para as meninas do estado. Em 2016, o Amapá organizou o único estadual sub-20 da modalidade no Norte e parece que a consequência foi positiva, com as duas convocações. O torneio teve inscrições abertas em agosto, para esse

L Rosivaldo Nascimento

ano, mas não encontramos informações posteriores sobre a realização ou não do campeonato. No Estadual adulto, as selecionáveis do Oratório deixaram a equipe como favorita no certame, mas o final não foi o esperado. Santana, São Paulo, Renovação, Liga de Porto Grande e o Atlético Amapaense fizeram companhia ao clube apontado como candidato a campeão. Na primeira fase, as equipes se enfrentaram em turno único, passando quatro clubes. O Santana e o Oratório se classificaram à final ao eliminarem Porto Grande (3 a 2) e São Paulo (5 a 1), respectivamente. Na final, o clube santanense foi melhor e venceu por 3 a 1, garantindo a vaga na seletiva do Brasileiro Série A-2 2018 e o terceiro título estadual (2013 e 2014).

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SANTANA

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AMAZONAS

O TIME DO ANO

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Iranduba é o maior clube brasileiro de 2017 no futebol feminino para a Revista Série Z! Mesmo não sendo campeão nacional, o Iranduba demonstrou o quanto que a modalidade tem força. Localizado em uma região sem representatividade nacional atual no futebol masculino, a agremiação contou com um apoio enorme durante a disputa do Brasileiro. Nas quartas, 15.107 pessoas foram à Arena Amazônia para ver o jogo contra o Flamengo e na fase seguinte, 25.371 torcedores compareceram, contra o Santos, o maior público registrado em um jogo entre clubes de futebol feminino no Brasil em toda história. A vaga na final não veio, porém, junto com o apoio local, o planejamento para 2018 é bem claro: ser campeão brasileiro. Para isso, a equipe contratou a

L Michel Dantas/ALLSPORTS

meio-campo Andressinha e a zagueira Bruna Benites, que vieram do Houston Dash e são jogadoras da seleção, para a disputa do Amazonense. O Estadual Feminino foi marcado pela rivalidade entre Iranduba e 3B da Amazônia. De um lado, um projeto consistente e vencedor e do outro, um clube novo, mas que vislumbra o sucesso rápido. Dentro e fora de campo, as duas equipes protagonizaram bons embates. Nas três partidas que se enfrentaram, o 3B levou vantagem, com uma vitória e dois empates, porém, os resultados iguais foram na final onde o Hulk tinha a vantagem do empate, para se sagrar heptacampeão. Penarol, São Raimundo e Rio Negro foram os outros participantes. Um caso inusitado foi o São Raimundo, que tomou 60 gols em quatro jogos, mas passou às semifinais, pois venceu o Rio Negro, por 1 a 0.

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IRANDUBA

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PARÁ

O TÍTULO NACIONAL

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Pinheirense colocou seu nome na história do futebol feminino brasileiro, pois se tornou o primeiro campeão do Brasileiro Série A-2, ao derrotar a Portuguesa na final. A campanha na primeira fase foi equilibrada nos números, mas dentro de campo, o time teve a melhor defesa – ao lado da conterrânea Tuna Luso -, com quatro gols sofridos, e um ataque potente, com 24 gols, com o trio Irley, Pingo e Cassia sendo o principal destaque. Na semifinal, o acesso veio com tranquilidade sobre o Caucaia: 8 a 1 agregado. Na final, a taça nacional chegou, se tornando a sétima conquista de liga nacional do Pará. O Pinheirense mudará de nível, mas tem experiência para ficar na elite. O acesso faz com que o

L Cezar Magalhães/ALLSPORTS

Pará possa ter, novamente, dois clubes nos escalões nacionais, já que em 2017, a Tuna Luso fez companhia ao Pinheirense. Três clubes lutam por essa vaga, pois as semifinais do Paraense Feminino começam no dia seguinte a publicação dessa edição. O Estadual teve nove clubes (um a mais que 2016): Bandeirante, Cabanos, Carajás, ESMAC, Estrela, Paysandu, Pinheirense, Remo e Tuna Luso. Mesmo assim, a competição teve oito classificadas às quartas. ESMAC, Paysandu, Tuna Luso e Pinheirense chegaram às semifinais, com os dois primeiros chegando a final. O ESMAC garantiu a vaga na seletiva da Série A-2, clube que tem um trabalho avançado no futebol feminino e com capacidade para disputa do Brasileiro. Resta esperar quem fica com a vaga.

PINHEIRENSE

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RONDÔNIA

NÚMEROS PEQUENOS

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rês jogos, quatro equipes e dois dias. Foi esse o número de mais uma edição da Seletiva Rondoniense de Futebol Feminino, realizada nos dias 25 e 26 de agosto. A disputa não foi nem de longe um campeonato estadual. Em 2016, a competição teve três equipes, três jogos e três dias. Nem mesmo a disputa da vaga na seletiva do Brasileiro Série A-2 2018 possibilitou um projeto a longo prazo, apenas factual. Na primeira fase, Barcelona e Porto Club golearam, por 5 a 0 e 6 a 0, respectivamente, o Genus e o Real Ariquemes, em jogos realizados no Aluizão, em Porto Velho. No dia seguinte, a final foi realizada. O equilíbrio tomou conta da partida que terminou empatada sem gols. Nos

L Alexandre Almeida/Futebol do Norte

pênaltis, Leila, Kamila e Angelia marcaram para o Porto, mas apenas Regininha e Dê converteram para o Catalão. Em relação aos participantes, as novidades foram a presença de Barcelona e Real Ariquemes, que “entraram” no lugar do Espigão. Este foi o terceiro título consecutivo do Porto na seletiva, que foi campeão em 2016 e tem vaga na classificatória da segunda divisão nacional em 2018. O Porto, agora, terá que se preocupar com esse desafio para tentar o épico de conquistar uma vaga na Série A-2. No ano passado, a equipe disputou a Copa do Brasil e quase passou de fase, quando enfrentou o Atlético Acreano. Que se preparem para fazer bonito na volta a uma divisão nacional.

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PORTO CLUB

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RORAIMA

ORGANIZAÇÃO NOVA

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m Roraima, o Estadual Feminino começará apenas no meio de novembro. O arbitral da competição ocorreu em setembro, ou seja, serão dois meses de preparação intensa e seguindo o que se pede no Estatuto do Torcedor. Dos nove filiados, seis demonstraram interesse, mas serão cinco clubes na disputa: Atlético Roraima, Baré, Rio Negro, River e São Raimundo. O Real tinha intenção de participar, mas recuou na decisão. Entre os participantes, o que chama atenção é o retorno do River para competições adultas, sendo que a última vez foi em 2008 no campeonato masculino, onde ficou com a penúltima colocação entre oito agremiações. Náutico, Grêmio Atlético Sampaio e Progresso não demonstraram interesse por não desenvolverem o futebol

L Tércio Neto

feminino nos clubes. O formato da competição é simples, mas bizarro. As cinco equipes se enfrentam em turno único na primeira fase e das cinco equipes, quatro passam às semifinais e depois final. Serão apenas 28 dias de calendário de futebol feminino, com começo em 19 de novembro e encerramento no dia 16 do mês seguinte. A grande novidade para essa temporada é que a organização do estadual passou a ser feita pela Federação Roraimense de Futebol, ao contrário da “edição” passada que a Liga de Futebol Amador de Roraima promoveu, o que deve ter (dificultado e) tirado da disputa, as equipes do União e Valência, que disputaram em 2016, mas não são filiados à FRF. O fator Seletiva da Série A-2 2018 foi crucial nessa reorganização do futebol feminino do estado. Que cresça!

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TOCANTINS

TRÊS MUDANÇAS

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m 2016, o futebol feminino tocantinense teve apenas cinco dias de calendário (quatro do Estadual e um da Copa do Brasil) e a organização do Estadual não era da Federação Tocantinense de Futebol. Para 2017, três mudanças. Ao invés de cinco dias, foram apenas quatro dias. O “estadual” foi novamente disputado em meio ao tradicional Torneio Interestadual de Futebol. Paraíso e Gurupi continuaram na disputa, que teve a entrada do Embuguaçuano e Primavera. Foram quatro dias de disputa, com um clube a mais. O torneio foi realizado entre 15 e 18 de junho. Na primeira fase, o Paraíso ficou com a liderança, com nove pontos; seguido por Gurupi, seis; Embuguaçuano, três e o Primavera ficou zerado.

L Reprodução/Alô Esporte

A final foi disputada no Rezendão, em Gurupi, mas as donas de casa não conseguiram parar o Paraíso, que novamente ficou com o título. No tempo regulamentar, empate sem gols e nas penalidades, vitória por 4 a 2. A última mudança foi a entrada da FTF como uma das organizadoras do torneio, pois até o ano passado, a entidade apenas chancelava a disputa. O fator classificação a uma divisão nacional deve ter provocado essa mudança, mas o trabalho tem que melhorar. O Paraíso foi pleno na disputa, com a melhor campanha, artilheira (Alane, três gols), a goleira menos vazada (Valéria, um gol) e a melhor jogadora, Nycole. O Paraíso será o representante do Tocantins na Seletiva da Série A-2 2018.

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PARAÍSO

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ALAGOAS

HEGEMONIA ESTADUAL

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m 2010, o União Desportiva Alagoana (UDA) foi fundado e desde então, participou de todas as finais do Alagoano Feminino. Em oito decisões, o clube conquistou seis taças, incluindo a edição 2017. O hexacampeonato garantiu a chance de a equipe tentar o retorno à Série A-2 2018. O projeto teve consistência desde o início e a equipe participou da primeira edição da segunda divisão nacional. Não fez uma boa campanha. Em sete jogos foram duas vitórias e cinco empates, terminando na penúltima colocação do grupo 2 e 13º lugar geral entre 16 clubes. No Estadual, o UDA não teve dificuldades para chegar à fase final. Oito equipes começaram a disputa: Agrimaq, CEO, CRB, CSA,

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Desportivo Aliança, Ipanema, Santa Cruz e UDA. Não encontramos informações mais esclarecedoras sobre alguns times que tiveram menos jogos que o restante. CRB e CEO perderam seis e três pontos no campeonato, respectivamente, por escalação irregular. Em turno único, UDA, Agrimaq, CSA e Desportivo Aliança se classificaram às semifinais. UDA e CSA golearam por 10 a 0 e 7 a 0 e passaram para a decisão. No dia 10 de setembro, as duas equipes empataram, por 1 a 1, no tempo regulamentar e nos pênaltis, o União fez 5 a 4. A final não teve o equilíbrio da primeira fase, quando o União meteu 10 a 0 no CSA. A equipe agora se prepara para a seletiva, fazendo novas “peneiras” para ter novas atletas, sonhando com a elite feminina.

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UDA

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BAHIA

MAIOR DO BRASIL

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em da Bahia, o campeonato estadual feminino com mais participantes em 2017: 18 clubes. Em período realizado, o Paulista ainda foi maior, pois o formato do Baiano minou essa possibilidade. Na primeira fase foram seis grupos com três clubes, onde passavam os dois primeiros. Nas quartas, a competição contava com os seis vencedores do matamata e os dois melhores perdedores da fase anterior. O campeonato não foi finalizado até o fechamento dessa edição, estava na semifinal. O grande número de clubes recupera um status anterior (em 2015, a competição teve 16 clubes, mas perdeu seis na temporada anterior, que era disputada no formato 2016/17), porém mantém uma certeira tentativa ao

L Reprodução/GBEsporte.com

reunir ligas desportivas na disputa, sendo que para essa edição metade dos participantes tiveram essa característica. Leônico, Lusaca, Conquista, Vitória, Flamengo de Feira, Galícia, Jacobina, Juventude, São Francisco, (e as ligas desportivas de) Catú, Jequié, Lauro de Freitas, Vera Cruz, Euclides da Cunha, Quijingue, Terra Nova, Feira de Santana e Ribeira do Pombal iniciaram a disputa. A final será surpreendente: Jequié x Lusaca, um dia depois da publicação dessa revista. No âmbito nacional, São Francisco e Vitória participaram do Brasileiro, onde as equipes não fizeram boas campanhas, sendo que o rubro-negro foi rebaixado. Dessa forma, o Baiano vai classificar uma terceira equipe para uma disputa nacional, com a vaga na seletiva da Série A-2 2018, o que significará muito.

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CEARÁ

A INÉDITA DISPUTA

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ma das notícias mais comemoradas pelos adeptos do futebol feminino no início de 2017 foi a implementação do inédito Campeonato Cearense Sub-20, uma oportunidade para novas atletas surgirem no estado. Anjos do Céu, Fortaleza, Menina Olímpica, Terra e Mar Clube, Itarema, Pindoretama, ONG Miguel Vicente Neto-MVN e São Gonçalo lutaram pelo título. Foram dois meses de disputa que premiaram o belo trabalho feito pelo Menina Olímpica, que ficou com a primeira taça. No segundo semestre, o Estadual Adulto foi iniciado. Foram pouco mais de dois meses de campeonato, com seis equipes: Anjos do Céu, Caucaia, Menina Olímpica, Pindoretama, Rio Branco e São Gonçalo. A competição teve dois turnos. No primeiro,

L Kely Pereira/Canal da Bola

o Caucaia derrotou o São Gonçalo na final, por 1 a 0. No segundo turno, as duas equipes chegaram a final, mas que será realizada após a publicação desse texto. Caso o Caucaia fique com o título do returno, volta a conquistar o Estadual. O Caucaia viveu uma crise financeira em 2016, que tirou a equipe do Estadual, mesmo com a disputa da Copa do Brasil. Para esse ano, o clube voltou aos trilhos. Disputou a Série A-2, onde chegou na semifinal, mas não conseguiu o acesso. Foi eliminado pelo Pinheirense na disputa final. Com seis taças estaduais, a intenção é retornar a divisão nacional. Mais uma vez, a FCFTV, no Youtube, transmitiu algumas partidas do campeonato local, trabalho pioneiro no Brasil, tendo em vista que em nenhum outro estado, as federações fizeram uma cobertura desse tipo.

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{ SUB-20

MENINA OLÍMPICA

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MARANHÃO

REVIRAVOLTA

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futebol feminino no estado terá um curto espaço no calendário, com apenas um mês de disputa. Sampaio Corrêa, Comercial, Expressinho, Santa Quitéria e Babaçu participarão do Maranhense que começou no primeiro fim de semana de novembro e se finaliza no mesmo mês, em uma primeira fase em turno único e os dois melhores se classificando à final. A grande reviravolta é que os dois representantes do estado na Série A-2 2018, com bons trabalhos recentes, JV Lideral e Viana não participarão do campeonato. O primeiro participou das primeiras reuniões, enquanto o segundo saiu após a FMF aceitar inscrições de clubes depois do período solicitado. Sem as duas equipes, o estado perde representatividade, pois

L Biaman Prado/ALLSPORTS

caso um dos dois vencesse, entraria como favorito na seletiva. Na disputa da Série A-2 2017, o Viana ficou a frente do JV Lideral no grupo 1. Dentro de campo, o primeiro fez 13 pontos, mas perdeu três por escalação irregular, enquanto o Lideral fez oito pontos, terminando no 5° lugar, uma posição abaixo do Viana. No confronto estadual, o Viana venceu por 2 a 0. Se os dois acima fazem trabalhos de anos na modalidade, o Sampaio Corrêa demonstra que é o futuro da modalidade no Maranhão, com as categorias sub-14 e sub16. As meninas da Bolívia Querida chegaram a ter divulgada a participação no Torneio de Desenvolvimento de Futebol da CBF, mas não conseguimos informação sobre a não ida para a disputa, mas é para ficar de olho no trabalho do Tubarão.

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PARAÍBA

O BELO É O CENTRO

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m 2016, o Botafogo esteve no meio de duas situações marcantes no futebol feminino paraibano. Primeiramente, uma briga judicial entre Santa Cruz e Kashima na edição 2015 do torneio atrasou a final do Estadual, fazendo com que as mulheres do Belo tivessem que entrar em campo em abril. No final do ano, uma outra situação: com risco de não ter o Paraibano Feminino, Botafogo e Kashima tiveram que emprestar jogadoras para outras equipes, afim de ter o estadual, que foi vencido pelo Xerife. Antes de ser o centro das atenções no Paraibano 2017, o Botafogo foi representante do estado na Série A-2 2017, mas não fez boa campanha: uma vitória, uma empate e cinco derrotas. Terminou na lanterna do grupo. Para voltar a disputa, o clube terá

LA

que vencer mais um regional, onde, novamente, é favorito, mesmo com uma ideia de perseguição inicial por parte da FPF, isso devido ao formato da nova edição do torneio. Seis equipes participam do estadual: Auto Esporte, Botafogo, Desportiva Guarabira, Internacional, Kashima e Serrano. Os times jogam em turno único na primeira fase, onde quatro passam de fase e aqui vem a questão. Originalmente, os times de melhor campanha não teriam vantagem de empate nas semifinais, como queria o Botafogo, mas quando se definiu tudo, a intenção da comissão técnica foi colocada no regulamento. Essa ideia não foi apoiada pelas outras equipes, devido a qualidade superior do Belo, que teria um benefício a mais na disputa. O campeonato será disputada entre 29 de outubro e 26 de novembro.

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PERNAMBUCO

O RETRATO DO ERRO

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utebol feminino brasileiro passou por uma “profissionalização brusca” em 2017, onde se forçou que clubes filiados à CBF devem disputar os estaduais, para que não se tenha risco de uma equipe “amadora” se classificar para a seletiva da Série A-2 2018. Pernambuco é o maior exemplo do quanto é equivocada tal mudança repentina, sem preparo e abrupta. Clubes que desenvolviam o futebol feminino não puderam voltar a disputa estadual, pois não tem filiação nacional, como o Joias Raras, que foi vicecampeão em 2016 e teve que fazer parcerias para manter as jogadoras em atividade, assim como o Revelação, que representou o Ferroviário. Dessa forma, oito equipes profissionais entraram, mas apenas seis cumpriram as exigências e disputaram “todo” o campeonato:

L Léo Caldas / ALLSPORT

Ferroviário, Flamengo de Arcoverde, Náutico, Porto, Sport e Vitória. Sete de Setembro e Ipojuca saíram do campeonato por pendência financeira e não comparecimento a partidas, respectivamente. Sport e Vitória, representantes do estado no Brasileirão, não tiveram dificuldades para chegar à final. Nas semifinais, o rubronegro eliminou o Porto (24 a 0 no agregado) e o time das Tabocas tirou o Náutico (4 a 0 agregado). Na final, o Sport venceu o Vitória e reconquistou o título, após voltar a disputa estadual. O Náutico ficou em terceiro e será o representante pernambucano na seletiva da Série A-2 2018. No Brasileiro, o Sport quase se classificou à segunda fase, enquanto o Vitória lutou para não cair. Vale ficar de olho no futuro das Leoas.

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SPORT

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PIAUÍ

A VOLTA DO ESTADUAL

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m 2016, a Federação de Futebol do Piauí não organizou o Estadual. Apenas duas equipes se mostraram aptas a competição: Tiradentes e Abelhas Rainhas. Dessa forma, os clubes que tinham categoria participaram da tradicional Copa Batom, organizado pela Secretaria Municipal de Esporte e Lazer de Teresina. Para esse ano, a FFP retomou a ideia, impulsionado (e obrigado) pela vaga na seletiva da Série A-2 2018. O Tiradentes, um dos grandes projetos do futebol feminino nordestino e brasileiro, e campeão estadual em 2015, ainda se incomoda com os métodos utilizados na formulação do Brasileiro 2017, mas na segunda divisão, chegou na fase semifinal, e ficou por um gol do acesso à elite.

L Benonias Cardoso/ALLSPORTS

Venceu a primeira partida contra a Portuguesa, por 1 a 0, mas tomou a virada no segundo jogo, com um 3 a 1, fora de casa. Voltar a disputa nacional é tratado como obrigação pelo bom desempenho na primeira edição da A-2. O Piauiense Feminino começará no dia 11 de novembro, com a presença de oito equipes: Marathaoan, Flamengo, Abelhas Rainhas, Tiradentes, São Paulo, Timon, Campo Maior e Teresina Atlético Clube. Na primeira fase, as equipes estão divididas em duas chaves com quatro equipes, que se enfrentam em turno único, passando duas equipes para a semifinal, onde lutam pela vaga na decisão. O campeonato tem início previsto para 11 de novembro e todas as partidas serão realizadas no estádio Lindolfo Monteiro.

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RIO GRANDE DO NORTE

A FORÇA DE MACAÍBA

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o leste potiguar, como parte da Região Metropolitana de Natal se encontra Macaíba, com aproximadamente 80 mil habitantes, quinta maior cidade do estado, a capital do futebol feminino do Rio Grande do Norte, graças a dupla União e Cruzeiro, as duas principais equipes da modalidade atualmente. O estado potiguar não teve campeonato estadual em 2016. Foram apenas duas partidas de um clube local durante o ano, com o União participando da extinta Copa do Brasil. Novamente, o fator Série A-2 2018 foi a motivação para o retorno do torneio que teve um ano de hiato. Cinco equipes participaram da edição: Alecrim (Natal), Cruzeiro, União (Macaíba), Globo

L Anthony Medeiros/FNF

(Ceará Mirim) e Parnamirim (Parnamirim). Dessas, apenas o União e o Parnamirim disputaram em 2015, ano que teve o mesmo número de clubes. Ponto positivo de 2017: o aumento no número de jogos, com dez partidas, para todas as equipes. O campeonato foi disputado no formato de pontos corridos, em turno e returno. Como era esperado, a dupla de Macaíba reinou na competição com sete vitórias e uma derrota, em cada campanha, sendo que as derrotas foram para o rival. No primeiro turno, o União fez 5 a 0 e no reencontro, o Cruzeiro fez 1 a 0. Essa disparidade fez diferença na definição do título, pois o União ficou à frente no saldo de gols: 45 a 38. O União fez 47 gols e tomou dois, enquanto o Cruzeiro teve 45 feitos e sete gols contra. No detalhe, o União venceu mais um Potiguar.

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UNIÃO

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SERGIPE

A TROCA DE DEGRAU

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m 2016, Canindé e Boca Júnior disputaram a final do Sergipano Feminino, com vitória para o Boca, após dois jogos, mas as posições no pódio mudaram para essa temporada. Na final, o Canindé goleou o time de Carmópolis, por 7 a 2, e garantiu o primeiro título estadual e a vaga na seletiva da Série A-2 2018. O campeonato foi disputado por nove clubes, um a mais em relação a 2016. Aquidabã, Boca Júnior, Canindé, Coritiba, Desportiva Barra, Força Jovem, Real Sergipe, Rosário Central e Santos Dumont foram os participantes. Além dos finalistas, Coritiba, Força Jovem e Santos Dumont (este bicampeão em 2004 e 2005) estavam no torneio do ano

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passado. Na primeira fase, as nove equipes foram divididas em três grupos de três, que se enfrentaram dentro em dois turnos. Boca Júnior, Canindé e Força Jovem se classificaram como primeiros colocados e o Santos Dumont passou como melhor segundo. Nas semifinais, o Canindé tirou o Força Jovem e o Boca eliminou o Coritiba. A missão do Canindé na seletiva da Série A-2 2018 é fazer o que ninguém do estado conseguiu nacionalmente: uma boa campanha, mesmo que seja apenas se classificar para o campeonato em si. Em 2011, o time participou da extinta Copa do Brasil, quando enfrentou o São Francisco, da Bahia. Perdeu pelo mesmo placar que venceu o Sergipano 2017: 7 a 2.

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CANINDÉ

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DISTRITO FEDERAL

POR QUE, CRESSPOM?

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CRESSPOM é, atualmente, o melhor projeto de futebol feminino do Distrito Federal, mas por uma escolha, o projeto pode ter um rumo diferente. Confiante que faria um bom papel na primeira Série A-2, o clube decidiu por não disputar o Estadual 2017, mas por uma escalação irregular na disputa nacional, a equipe não conseguiu avançar às semifinais e se tudo ocorrer como esperado, não disputará nenhuma competição brasileira no ano que vem, pois o Candangão serviu como classificatória para a seletiva da segunda divisão. O arrependimento deve ser grande, pois a equipe teria capacidade para disputar as duas competições. Sem o maior campeão estadual, o caminho ficou aberto para o bicampeonato do Minas/ICESP, que se

L Divulgação/Faculdade ICESP

coloca como representante do Distrito Federal na primeira seletiva do segundo nível do Brasil. O Minas já havia se colocado em uma condição de “futuro”, quando derrotou o próprio CRESSPOM na final brasiliense passada. O campeonato estadual foi o primeiro finalizado neste ano. Cinco equipes participaram: Minas/ICESP, Gama, Ceilândia, São Sebastião e Taguatinga. Na primeira fase, Minas e Ceilândia passaram tranquilamente pelos adversários, como por exemplo, pelo Taguatinga, que foi derrotado por 20 a 0 e 22 a 2, respectivamente. Na semifinal, as duas equipes não tiveram dificuldades para chegar a final, com o Minas/ICESP fazendo 9 a 2 (agregado) no Gama e o Ceilândia 14 a 2 (agregado) no São Sebastião. Na final, o Minas fez 6 a 0 no Ceilândia e levantou a taça.

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MINAS/ICESP

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GOIÁS

RETOMADA E INVERSÃO

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oiás viveu uma situação contraditória em 2016. O estado de onde vem um dos projetos mais interessantes do futebol feminino brasileiro, no caso, o Aliança Futebol Clube, não teve um campeonato estadual no ano passado. O Aliança desenvolve a modalidade em mais de uma categoria, tendo inclusive participado do Torneio de Desenvolvimento de Futebol da CBF na faixa sub-16, onde a equipe ficou com o quarto lugar após perder para o Internacional. Além disso, a agremiação participou da Série A-2 2017, onde fez uma campanha fraca, com duas vitórias, um empate e cinco derrotas. Com um projeto estabilizado ficar fora da edição 2018 seria um desastre, mas é isso o que ocorreu...

L Aparecido Beraldo

A federação local voltou a organizar o Goiano Feminino, após um ano, com a participação de três equipes: Aliança, Clube Jaó e Campineira. O campeonato teve dois turnos, onde os campeões de cada se enfrentariam em uma final, mas não foi necessário. No primeiro turno, o Campineira perdeu as duas partidas e no confronto direto, Jaó e Aliança ficaram no empate, por 2 a 2. O título ficou com o primeiro por ter levado menos cartões que o Aliança. No segundo turno, o título veio de forma antecipada, incluindo do returno, com o Clube Jaó vencendo as duas partidas da disputa, 6 a 0 no Campineira e 4 a 2 no Aliança. O Clube Jaó ergueu a quarta taça estadual (desde 2013 não vencia), “desbancou” o ótimo projeto rival e se classificou à seletiva da Série A-2 2018.

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CLUBE JAÓ

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MATO GROSSO

O PIOR CENÁRIO

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N

em mesmo a participação do Mixto na segunda divisão nacional faz com que o Mato Grosso não carregue o título de pior cenário estadual do futebol feminino em 2017. A campanha alvinegra na Série A-2 foi horrível, a pior. Nenhum ponto marcado nos sete jogos, com o ataque menos eficiente, com quatro gols, e a defesa mais vazada, com 27 tentos dentro da rede. Das sete derrotas, quatro foram por goleadas: 5 a 0 para a Tuna Luso, 4 a 0 para o Pinheirense, 5 a 1 para o Tiradentes e 5 a 0 para o Duque de Caxias. Em 2016, não houve campeonato estadual feminino e a situação já se sabia que seria pior, pois ao divulgar o calendário de competições de 2017, a Federação Mato-grossense de Futebol, o Estadual

L Cezar Magalhães/ALLSPORTS

Feminino não era previsto. E foi assim que ocorreu. Não encontramos nenhum registro sobre uma possível disputa que ocorreria esse ano. O mais provável é que o Mixto seja o representante do estado na seletiva da segunda divisão nacional em 2018. Ainda não identificamos, se o Estadual Feminino pode retornar na próxima temporada, pois o calendário geral não foi divulgado. Ao Mixto resta esperar pela próxima temporada, mas com uma preparação totalmente prejudicada. Serão meses entre a última partida até o retorno aos gramados, o que pode dificultar a classificação de um dos clubes que mais participou de competições nacionais femininas desde a Copa do Brasil de 2007. As meninas do Mixto e do Mato Grosso vivem um cenário de tiro no escuro, onde o alvo não se sabe em que lugar está...

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MIXTO

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MATO GROSSO DO SUL

A ESPERANÇA DE ROMILDA por GIAN NASCIMENTO editor do Arquibancada MS

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O

futebol feminino de Mato Grosso do Sul passa, quase que exclusivamente, pelo nome de Romilda Campos. Seis meses após a federação local anunciar o cancelamento do Estadual pelo terceiro ano consecutivo, a diretora e técnica do Comercial na modalidade ainda luta com suas próprias forças para ‘impor’ um calendário às meninas do Comercial. Há dez anos como grande incentivadora do esporte no Estado, Romilda foi a única a atender à reportagem da Revista Série Z para falar sobre um tema que parece tabu. Professora de um projeto social promovido pela prefeitura de Campo Grande e que atende 35 meninas entre 13 e 27 anos, ela é a grande incentivadora para que ainda em 2017 ocorra uma competição estadual para definir o representante na seletiva da Série A-2 de 2018. As perspectivas, no entanto, não são nada animadoras. Último time campeão estadual, a Serc se recusa a retomar as atividades na modalidade, assim como Urso e Operário, que chegaram a esboçar uma intenção de investimento,

L Nelson Corrales

porém recuaram ao serem convidadas para o estadual em março deste ano. “Entrei em contato diretamente com a diretoria do Operário, com o [João] Félix (presidente da Serc) e propus eu mesma montar a equipe deles, para que ao menos disputássemos uma competição, porém não quiseram”, conta Romilda, que afirma ter sofrido prejuízo de R$ 1,6 mil reais com a inscrição das atletas para o estadual que acabou não acontecendo. Sem jogos oficiais desde o dia 8 de setembro de 2016, quando foi eliminado da Copa do Brasil, o time colorado mantém o ritmo e a motivação em partidas amistosas e competições amadoras na região e até em São Paulo. Conforme a técnica, as dificuldades apenas a motiva mais ainda para consolidar a modalidade no estado. Em contato com a FFMS, a reportagem foi informada que apenas o presidente Francisco Cesário responde pela modalidade, porém o dirigente não respondeu até a conclusão deste texto. Caso se confirme a não realização do estadual, o Comercial deverá ser indicado para as competições nacionais.

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COMERCIAL

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ESPÍRITO SANTO

100% VILA NOVA por MARCOS BARCELOS editor do Temos Futebol

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elo terceiro ano consecutivo, as meninas do Vila Nova, de Vila Velha, foram as campeãs estaduais. A equipe treinada por Luciano Tadino ainda fez história ao se tornar a primeira equipe feminina do Espírito Santo a conquistar o torneio com 100% de aproveitamento e a primeira a garantir vaga na Série A-2 do Brasileiro. Foram sete vitórias em sete jogos, com 48 gols marcados e apenas três sofridos. O Vila ainda emplacou Thaís Ribeiro como artilheira do campeonato, com 17 gols. No calendário de 2018, já está definida a exclusão da Copa Espírito Santo Feminina, por conta da mínima procura pelo torneio desde 2013, quando foi sua última edição. Inicialmente, o Capixabão Feminino ia contar com sete equipes. No entanto, o São Pedro Feminino acabou desistindo da competição. O formato do campeonato, curiosamente,

L Divulgação/Vila Nova FC

continuou como se o time ainda estivesse presente. O Vilavelhense, por exemplo, estreou apenas na terceira rodada, pois havia folgado na primeira e jogaria com o São Pedro na segunda. Ao final das sete rodadas, Vila Nova, Prosperidade, Boa Esperança e João Neiva se classificaram para as semifinais, eliminando Vilavelhense e Galácticas. Nas semifinais, as meninas do Vila, fora de casa, fizeram 10 a 0 no João Neiva, que não fez questão do jogo de volta. Já na outra semifinal, o Boa venceu por 4 a 2 na ida. Na volta, veio o troco: 5 a 1 para as meninas do Prospê. Na final, o favoritismo da equipe do Vila Nova foi mantido e elas venceram os dois jogos: na partida de ida, na cidade de Vargem Alta, terminou 2 a 1. No Kleber Andrade, as meninas do Vila bateram novamente, desta vez por 2 a 0, e se tornaram as maiores campeãs da história, com quatro títulos, sendo três taças consecutivas.

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VILA NOVA

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MINAS GERAIS

O PRÓXIMO PASSO

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N

ovamente, duas competições movimentaram o futebol feminino mineiro em 2017: o Estadual e a Taça BH. Mesmo com esse calendário, a sensação é de que o estado pode mais. A profissionalização do departamento de futebol feminino do América Mineiro em 2016 deu um sopro de esperança ao estado, mas o primeiro baque foi ter ficado fora da primeira divisão nacional. Assim, a equipe era cotada como uma das grandes favoritas da Série A-2, onde, até certo ponto, decepcionou, devido a expectativa. Lutou até o final para chegar a segunda fase, mas não conseguiu. O ponto positivo é que a ideia não foi destruída, mas foi visto apenas como um erro de percurso. No primeiro semestre, o Coelho conquistou a Taça BH sem dificuldades, com 12 vitórias

L Mourão Panda/América FC

em 12 jogos, com incríveis 69 gols marcados. No segundo semestre, o Estadual foi realizado, com nove equipes, três a mais que o certame passado. América, Frigoarnaldo, Carlense, Ipatinga, Internacional, Nacional, Athletic Club, Manchester e Prointer disputaram. As equipes foram divididas em três grupos de três. Os campeões de cada grupo e o melhor segundo foram para as semifinais. O América e Frigoarnaldo que fizeram parte do mesmo grupo chegaram a final, vencendo Ipatinga, por 3 a 1, e Athletic, por 5 a 0, respectivamente. A decisão será disputada no dia 19 de novembro. Entre as equipes tradicionais do estado, o Cruzeiro começou a formulação do projeto para o time feminino, enquanto o Atlético que descontinuou a equipe em 2013, ainda não demonstrou interesse na volta.

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RIO DE JANEIRO

QUIETO E PREOCUPANTE

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futebol feminino do Rio de Janeiro viveu um ano sem protagonismo, após o título brasileiro do Flamengo em 2016. O primeiro ato foi a saída do Vasco na modalidade. Originalmente, o clube da Colina foi colocado na Série A-2 2018, mas desistiu da disputa e, consequentemente, também, do estadual. Em um momento onde o clássico contra o Flamengo poderia crescer, o futebol feminino local é quem perde muito, apesar de continuarmos com a ideia de que ter times grandes não significa uma mudança (brusca e repentina) de patamar da categoria. No Brasileiro, o Flamengo chegou as quartas de final da Série A-1 e o Duque de Caxias ficou ainda na primeira fase da segunda

L Divulgação/Flamengo-Marinha do Brasil

divisão. As duas equipes eram as favoritas no Carioca Feminino. O Estadual teve um formato bizarro, talvez para dar uma emoção na disputa pela vaga na seletiva da Série A-2 2018. As sete equipes (America, Barcelona, Brasileirinho, Cruzeiro, Duque de Caxias, Flamengo e Portuguesa) disputaram uma primeira fase em turno único, onde três equipes passaram para a fase final. No triangular decisivo, o Flamengo atropelou Duque e America, por 10 a 3 e 12 a 0, respectivamente. O Tricolor da Baixada conseguiu a vaga na qualificatória, pois venceu o America por 4 a 2. O ponto positivo foi o aumento em dois clubes em relação a edição anterior. Em compensação, das sete equipes, seis têm sede na capital do estado.

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FLAMENGO

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SÃO PAULO

ERA PELLEGRINO 2.0

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m setembro de 2016, Aline Pellegrino, exzagueira da seleção brasileira, assumiu o departamento de futebol feminino da Federação Paulista de Futebol, com o primeiro foco em mapear a situação da modalidade para implantar a partir desse ano uma inédita competição de base no estado. Foi isso que ocorreu, com a primeira disputa do Paulista Sub-17 Feminino, que contou com 16 clubes, três meses decorridos e coroou as meninas do São Paulo como campeãs. Venceram o São José na final. Pensando a longo prazo, o ponto mais positivo do ano no estado. Melhor ranqueado entre os estados, São Paulo teve sete equipes na Série A-1 2017 e contará com uma oitava equipe, pois a Portuguesa subiu de divisão. Santos e Audax conquistaram

os maiores títulos possíveis no país e no continente. Embalado por Sole Jaimes, o Santos conquistou o primeiro título do Brasileiro, para voltar a erguer taça como na época de Marta. O Audax, junto com o Corinthians, ficou com o título da Libertadores. O Estadual Feminino foi o de maior período no Brasil, com seis meses de disputa. Dezesseis clubes participaram do campeonato: Rio Preto, Ponte Preta, Botafogo, XV de Piracicaba, Ferroviária, Francana, Audax, Rio Branco, Corinthians, Santos, Juventus, São José, Centro Olímpico, Taubaté, Portuguesa e Embu das Artes. Cada equipe teve o mínimo de 14 jogos e o máximo de 22. O Rio Preto conquistou o segundo título consecutivo, ao derrotar o Santos. O XV foi o melhor não divisionado e deve ser o representante do estado na Série A-2 2018.

SANTOS

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RIO PRETO { SUB-17

SÃO PAULO

L Marcelo Pereira/ALLSPORTS

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PARANÁ

DEPOIS DA CONFUSÃO...

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F

oram idas e vindas, mas após dois anos sem disputa, o Paranaense Feminino voltará a ser realizado, mas antes da bola rolar, no dia 11 de novembro, muita coisa aconteceu. O primeiro arbitral deveria ser realizado no meio de agosto, mas não houve inscrições hábeis. Depois disso, em outubro, um novo arbitral seria feito com o Foz Cataratas, Foz do Iguaçu FC, Toledo e Imperial, mas a equipe do Foz FC desistiu da disputa, alegando problemas financeiros, pois um dos patrocinadores se retirou. Assim, a FPF teve que consultar a CBF para promover a disputa com apenas três equipes, o que não seria aceitável anteriormente, mas foi aberta uma exceção, pois o torneio serve como classificatória para a seletiva da segunda divisão. Foz Cataratas, Imperial

d L Christian Rizzi / ALLSPORTS

(Curitiba) e Toledo serão os participantes da disputa. O campeonato está sendo disputado no formato de pontos corridos, com as três equipes se enfrentando em turno e returno, sendo campeã, obviamente, a que fizer mais pontos nesta fase única. O campeão paranaense garante vaga na seletiva do Brasileiro Série A-2 2018. Caso o Foz seja campeão, o vice assume o posto para a disputa, pois a equipe da fronteira disputará a primeira divisão nacional. O Foz Cataratas, participou da Série A-1, onde fez boa campanha. Lutou até a última rodada para conseguir a vaga na segunda fase. Por um ponto, a classificação não veio. A equipe para esse ano firmou parceria com o Coritiba para fortalecer o projeto e incluir o clube da capital no cenário da modalidade.

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FOZ CATARATAS

FutFemininoPR 57


RIO GRANDE DO SUL

O GRENAL E O ENEM

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E

m 2017, o futebol feminino do Rio Grande do Sul continuou com a evolução dos últimos anos, impulsionada pela Associação Gaúcha de Futebol Feminino (AGFF), responsável direta pelo desenvolvimento da modalidade, com a federação local chancelando a disputa, devido a “pressão” da CBF pelas vagas na Série A-2. O grande ponto positivo foi a criação de dois campeonatos de base no estado, com o Gaúcho Sub-17 e Sub-15. Estrela, Black Show e Internacional participaram das duas categorias, enquanto o Mundo Novo disputou o sub-15. Inter e Mundo Novo conquistaram os títulos. O Colorado e o Grêmio abriram departamento de futebol feminino nesse ano. O Grêmio conseguiu criar em tempo de disputar o Brasileiro, mas fez péssima

{ campanha, sendo rebaixado à Série A-2. O Internacional criou posteriormente, apostando em peneiras para formular o elenco e se deu bem. O Estadual Feminino conta com a presença de 13 clubes: Grêmio, João Emílio, Palestra, Rio Grande, Black Show, Santaritense, Sapucaiense, Oriente, Mundo Novo, Internacional, Ijuí, Estrela e Guarani (Lajeado). Um caso curioso ocorreu com o Ijuí, que desistiu da disputa das quartas de final, pois seis jogadoras optaram por realizar a prova do ENEM, que foi marcada no mesmo dia da partida contra o Grêmio. A vaga foi repassada ao Rio Grande que não assumiu pela mesma razão. A definição do título virá após a publicação dessa edição. O Grêmio enfrenta o Guarani e o Internacional encara o Black Show, atual vice-campeão pelas semifinais.

{ SUB-17

INTERNACIONAL { SUB-15

MUNDO NOVO

L Divulgação/LT Other Vision

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SANTA CATARINA

A FORÇA DO CONTESTADO por LUCAS GABRIEL CARDOSO editor do O Cancheiro

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C

açador é a capital do futebol feminino em Santa Catarina. Ao contrário do que é visto no masculino, com o domínio quase que total das equipes litorâneas, no feminino é a pequena cidade de 80 mil habitantes, no meio-oeste, que faz o melhor trabalho na modalidade. A capital do Contestado já contava com o Kindermann, uma das maiores forças à nível nacional e campeão da Copa do Brasil 2015. Para o Campeonato Catarinense 2017, outra agremiação caçadorense deu início às suas atividades no feminino: a Associação Atlética Napoli. E ambas simplesmente sobraram. Depois de oito anos de disputas consecutivas, o estadual foi interrompido em 2016, devido à tragédia da Chapecoense. O próprio Verdão do Oeste era uma das equipes que disputariam

L Andrielli Zambonin/AE Kindermann

o torneio. O torneio também marcaria a volta do Kindermann, que chegou a encerrar as atividades devido a outra tragédia, o assassinato de seu treinador Josué Kaercher. Além de Kindermann e Napoli, o estadual desse ano contou com o Fluminense, de Joinville, e o Pé na Bola Cabeça na Escola, de Araranguá, numa parceria com o Criciúma. O domínio do Contestado foi tamanho que as duas equipes dividiram a liderança da primeira fase com 15 pontos, 11 a mais que as joinvilenses. Na final, o Kindermann fez valer toda sua história no futebol feminino e atropelou as adversárias. Na ida, disputada em Fraiburgo, um 4 a 0 encaminhou o título. Na volta, no Estádio Carlos Alberto Costa Neves, outra goleada, 5 a 0, confirmou o eneacampeonato e a supremacia da agremiação tida como o orgulho de Caçador.

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KINDERMANN

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L Marcelo Pereira/AllSports


O Santos ficou com o tĂ­tulo Brasileiro de 2017


revistaseriez.org

O futebol longe dos holofotes, uma paixĂŁo pelo alternativo


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