CAMISA 10
GUIA
LEONARDO BERTOZZI
COPA FEDERACIÓN
A REVISTA DO FUTEBOL ALTERNATIVO NOV. 2019 -- N.31
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LONGE! Três federações estaduais nunca disputaram uma penúltima divisão nacional. Qual a razão para isso ocorrer com Amapá, Rondônia e Roraima?
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NOSSO TIME EDITOR, PROJETO GRÁFICO e DIAGRAMAÇÃO, REVISÃO, REDAÇÃO E PESQUISA Felipe Augusto
REDAÇÃO Luis de Sá Perles AGRADECIMENTO Celso Unzelte
onde estamos revistaseriez.org issuu.com/seriezrevista cdf/revistaseriez catarse.me/revistaseriez
E S C A L A Ç Ã O
8 CAMISA 10 Entrevista: Leonardo Bertozzi
18 APITO INICIAL A busca de AP, RO e RR
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LADO B Toró na Finlândia
BOLA DE CAPOTÃO Duque na Série B 2009
CONTEXTO Quinta Divisão Escocesa
42 GUIA Semifinal Copa Federación 2019
54 ESCUDINHOS Os Quinzes do Brasil
QQQ
CONFIRA NOSSA SÉRIE SOBRE O ANUÁRIO PLACAR 2004
CAMISA 10
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LEONARDO
BERTOZZI: “EU GOSTO DE FUTEBOL!
EU GOSTO DE IR EM JOGO” Quando a cobertura de futebol internacional ainda não era tão ampla como está atualmente, Leonardo Bertozzi resolveu criar o Futebol Europeu, o pontapé na reviravolta que sua carreira alcançou. Simultaneamente, ele era um aficionado por Futebol Alternativo, sendo um dos primeiros membros da comunidade do Orkut de mesmo nome, onde também criou a “Amaral marcando Zidane”. O jornalista da ESPN Brasil e do Bola pra Frente, no Portal Uai, falou sobre jornalismo, futebol alternativo e... Carnaval!!!
dlAMbU L Instagram/Leonardo Bertozzi
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O que o futebol representa para você? Futebol é uma paixão. Te prende, te cativa. Desde pequeno assim, como competição, entretenimento, algo que faz as pessoas se juntarem, O futebol para mim é isso. Principalmente paixão. Não só por time, mas pelo jogo, pois você desde os principais estádios do mundo até o campinho de várzea da esquina é o mesmo jogo. Eu acho isso é muito legal. Você não precisa de muita coisa para jogar futebol. Dá para ‘marcar um gol’ ali, ter uma coisa para chutar, que já está jogando. Você fez (faz) parte da comunidade Futebol Alternativo no Orkut. Como o grupo te ajudou nessa aptidão e como conheceu o termo? Sobre a comunidade acho que é natural, né? No Orkut, você tinha essa facilidade de procurar comunidade por interesses comuns e isso rapidamente junta os loucos também. A Futebol Alternativo era muito legal nesse sentido, porque você percebe que por mais que você goste do do Lado B, tem gente que gosta do C, do D, então você fica ainda mais pilhado por coisas que saiam do mainstream, por coisas que a mídia não dá tanto destaque, mas que é legal você conhecer. É bacana que você conhece muita gente boa. Gente que conseguiu uma trajetória muito legal na vida, enfim... Valeu muito, porque me abriu muitas portas como conhecimento, principalmente.
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“Uma coisa que eu sempre faço questão no começo do ano é ir em jogos da Copinha, ir no Nacional, na Javari. Eu gosto de levar minha filha, já é meio tradição e sempre que possível, eu vou” Bertozzi sobre conferir partidas alternativas in loco
O quanto o Futebol Alternativo te ajuda enquanto jornalista esportivo? Eu acho que assim o jornalista ele tem que ter a noção da boa história e nem sempre a boa história vai ser a mais óbvia, nem sempre vai ser nas principais competições. Às vezes vai ter uma história muito interessante que acontece no interior, que acontece num país onde o futebol é menos divulgado. Então aos poucos você vai desenvolvendo essa habilidade de procurar a informação interessante fora das principais ligas. Então tem muitas histórias futebol conta que às vezes estão fora dos holofotes. O jornalismo esportivo (e o jornalismo geral) enfrenta um problema em que parte do público não espera a informação, mas ouvir/ler aquilo que quer. Você conta com mais de meio milhão de pessoas te seguindo no Twitter, onde isso fica mais visível. Vivemos uma crise na profissão? É algo passageiro dessa era da Pós-verdade? Eu não chamaria de crise. Eu acho que a gente tem que se adaptar aos tempos, as diferentes maneiras de se comunicar, ao fato de hoje a comunicação ser muito mais uma via de mão dupla. Antigamente, (para) você consumia a informação e o feedback para quem não para quem estava dando informação era mínimo. Você tinha que, sei lá, mandar uma carta, ligar para a redação e tal. Hoje em dia na
L Instagram/Leonardo Bertozzi | Divulgação/THE360
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“E não vai falar que a vida do pequeno depende do grande. Poxa, quantos clássicos no interior sobrevivem por tanto tempo, com times que até muito tempo não estavam na primeira divisão e tem rivalidades locais?” Sobre a necessidade da mudança do calendário do futebol nacional
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rede social esse contato é frequente. Assim, como você disse tem gente que não quer ouvir o que você pensa, tem gente que quer ouvir apenas algo que conforte e o papel do jornalismo não é de dar conforto às pessoas, é trazer a verdade trazer, opiniões que sejam embasadas, que não sejam apenas achismos. Então, eu não diria que se trata de crise. A profissão está se adaptando aos novos tempos e isso vai ser algo frequente, pois sempre estão aparecendo novas maneiras de se comunicar e você receber de volta essa resposta do público. Você faz parte de uma geração de jornalistas que se sabe para qual clube torce. Isso nunca foi um problema para você? Foi algo natural? Primeiro que na minha cabeça, eu não conheço ninguém que vá trabalhar com futebol sem ter uma ligação com o clube, sem ter uma paixão por um clube. Eu acho que isso faz muita parte da nossa formação de caráter, sabe? Eu nunca encarei como, porque eu penso o seguinte: se a pessoa quer conhecer a minha opinião, ela tem que
L Instagram/Leonardo Bertozzi
ela tem que avaliar meus argumentos, o meu conhecimento e não o fato de eu torcer para um time A ou B. Claro que eu vou conhecer muito bem meu time, talvez muito mais do que quem não torça, mas isso não vai fazer com que eu alivie, que eu pese menos uma crítica. Às vezes é até o contrário, a minha crítica é até mais pesada não por ser passional, mas por ter um conhecimento maior do que acontece, entendeu? Então para mim, nunca foi um problema, acho que não tem que ser pra ninguém. Não deixo de frequentar estádio, nunca vou deixar. É uma coisa fundamental para mim. Desligou a câmera sabe, eu estou no meu meu período de lazer e o meu período de lazer, também, é futebol. Eu lembro de certa vez, no BB Debate, você falar que um dos primeiros jogos que viu em São Paulo foi um Barueri x Remo, no Parque Antárctica. Você lembra como foi esse jogo? Cara, eu trabalhava na Trivela, com o Ricardo Espina que é um desses caras que vão a todos os jogos. Eu vejo, ele sempre com o pessoal dos
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Jogos Perdidos e ele aproveitava bem a carteirinha da imprensa. Então, sei lá, um dia ele falou que ia ver esse Barueri x Remo, “comecinho” da Série B no antigo Palestra Itália, eu morava na Zona Leste e falei: “Bom, termina o jogo eu pego o metrô na Barra Funda, vou direto, e legal”. Então fui ver o jogo. Eu gosto de futebol, cara! Eu gosto de ir em jogo. Foi muito bacana. É um outro tipo de jogo. Às vezes não tão brilhante, mas mais genuíno. Você continua conferindo partidas alternativas in loco? Menos do que eu gostaria! A gente já vai ficando mais velho e vai tendo menos tempo. Mas uma coisa que eu sempre faço questão no começo do ano é ir em jogos da Copinha, ir no Nacional, na Javari, jogos que tem aqui na capital. Eu gosto de levar minha filha, já é meio tradição e sempre que possível, eu vou. Não vou em mais porque não dá, mas quando alguma competição legal, tipo Olimpíadas aqui, teve feminino. Eu fui agora nos jogos mais recentes da seleção brasileira feminina e é legal. Todo tipo de jogo é jogo.
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Quando o assunto são os Campeonatos Estaduais, eu percebo que há dois lados que se sobressaem. De um, se vê apenas o lado do grande clube sem propostas para o todo. Do outro, uma coisa meio “egoísta-nostálgica” de querer que permaneça como está pelo simples fato de gostar dos regionais. Com espaço na grande mídia, você é um que consegue analisar o todo, olhando do time pequeno ao grande. Como você analisa essa discussão de extremos, caso concorde que haja, e o que pensa do assunto? A gente entende muito estadual como ter o grande versus pequeno. Mas assim: é justo com o pequeno? Você pode falar financeiramente, que é porque tem a cota e tudo mais, mas beleza, ele tem a cota pra quanto tempo? Ele tem a cota para jogar até abril e entrar de férias ou no máximo jogar uma competição precária da federação estadual no segundo semestre, mas também com pouca perspectiva ou todo mundo deveria jogar de fevereiro a novembro pelo menos. Para mim, é lógico: se o time grande joga o ano inteiro porque
L Instagram/Leonardo Bertozzi
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que o time pequeno tem que ficar muito tempo sem jogar. É justo com essa torcida? Você acha que esse cara prefere jogar uma vez por ano com um time grande ou jogar o ano inteiro? Eu acho que a gente tem que ter uma proposta de calendário que abrangesse todo mundo. Hoje em dia, ela não está boa nem para o grande que joga muito, nem para o pequeno que joga de menos. E não vai falar que a vida do pequeno depende do grande. Poxa, quantos clássicos no interior sobrevivem por tanto tempo, com times que até muito tempo não estavam na primeira divisão e tem rivalidades locais? Eu vejo de maneira diferente. Você foi o criador do site Futebol Europeu. Qual era a ideia do veículo quando criado? Qual foi a importância na sua formação? Eu criei o Futebol Europeu em 2004. Era uma época que, ainda, os portais aqui não tinham uma cobertura tão ampla de futebol internacional e isso me incomodava bastante. Como eu
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sempre gostei, eu pensei em tocar o projeto, sozinho mesmo. Embora muita gente tenha me ajudado e foi legal que abriu muitas portas. Eu conheci muita gente através do site, através da comunidade no Orkut, como o Mauro Beting, uma figura espetacular, que era seguidor do site, me deu muitas oportunidades. Para mim foi legal, assim, principalmente, foi que abriu a porta da Trivela, que tinha tudo a ver com a minha visão e a minha maneira de me relacionar com o futebol. Então acho que era um casamento que tinha que acontecer mesmo. Qual a sua relação com outros esportes? Quais acompanha? Eu acompanho tudo o que eu posso. Eu adoro esporte desde pequeno, sabe? De pegar página de esportes do jornal, primeiro que qualquer outra coisa. Eu gosto muito. Olimpíadas, para mim, é um parque de diversões. Acordar pra ver e não deixar de assistir em hora alguma. Não posso falar que tenho conhecimento profundo, mas tento me aprofundar em tudo.
A Revista Série Z conta com alguns braços, como a Grupo Z, especializada em Carnaval Alternativo. Você é um grande admirador dos desfiles de escolas de samba. Desde quando você acompanha? Quais são os desfiles (incluindo das escolas mais alternativas) que você não esquece? Eu me lembro de ver desfile de escola de samba desde sete, oito anos e ficar encantado. Como muita gente, me interessei primeiro pelo lado da competição, aquela coisa apuração que é dramática e tal, mas aí você não quer assistir por assistir. Ah, por que que é dez, por que que é nove? Você quer entender um pouco mais, acompanhar os desfiles. Eu sempre fui muito ligado em letra samba-enredo. Então, saiu disco, eu já comprava, já ouvia até decorar todos e aí ficava ansioso para ver os desfiles, para ver como é que ia ser aquilo na avenida,
a diferença da toada do samba, se ia pegar ou se não ia pegar. Então, os desfiles que eu lembro são os que muita gente lembra, né: “Liberdade, Liberdade” da Imperatriz; a Estácio em 1992; o “Peguei um Ita no Norte”, do Salgueiro, em 1993, que foram desfiles muito marcantes. Mas para mim, assim, um grande desfile é o da Mangueira 2019! Pelo simbolismo histórico que ele tem, pela ferida que ele tocou, pela emoção que ele provocou nas pessoas. Não me lembro de chorar vendo desfile, mas foi a primeira vez que aconteceu, assim de emoção mesmo, pela beleza, pelo significado daquilo. Eu acho que o Carnaval como expressão culturalartística é uma coisa espetacular, eu acho demais. Hoje eu não consigo decorar doze sambas-enredo. A gente vai ficando velho e como eu falei tem menos tempo, mas eu ainda estou muito ligado.
d/GrupoZCarnaval 17
APITO INICIAL
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ESTADO
BINOCULAR Amapá, Rondônia e Roraima nunca tiveram a chance de disputar uma penúltima divisão nacional! Qual razão para que um “binóculo” aproxime e afaste-os de um acesso nacional?
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ia 22 de março de 1992, primeira rodada da Série C. A competição marcava o início da história dos clubes amapaenses e rondonienses no Brasileirão, sendo que logo de início, Macapá e Ji-Paraná se enfrentaram no Zerão. O clube da capital do Amapá fez 2 a 0 no rival. Dos cinco clubes da chave, apenas um passava, e não foi nenhum da dupla. Em 1995, Roraima teve o Baré, Progresso e Atlético Roraima pela primeira vez na disputa, mas sem sucesso. Desde então, se iniciou uma busca: subir de divisão nacional. Até 2008, Amapá, Rondônia, Roraima, Acre e Tocantins eram os únicos estados sem participação em uma penúltima divisão nacional, ou seja, a Série B nos anos em que a Série C foi disputada como última divisão nacional (1981, 1988, 1990, 1992 e entre 1994 e 2008) e a Série C a partir de 2009.
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Durante esses quase 30 anos, poucas participações de clubes do trio chamaram atenção. Em 1995, o Ji-Paraná viveu uma situação curiosa ao chegar nas quartas de final da Série C. O detalhe amargo dessa conquista foi que os seis melhores da edição subiram para a Série B 1996 (os dois finalistas que teriam vaga garantida e os quatro subsequentes assumiram espaços de desistentes) e o Ji-Paraná foi o sétimo, ou seja, uma posição abaixo do “acesso”. Em 2001, o Ypiranga, do Amapá, chegou na penúltima fase, e só não se classificou para o quadrangular final pelo saldo de gols pior que o Guarany de Sobral, classificado e que depois subiu para a Série B 2002 pela desistência do Malutrom. O último caso é na Série D 2009, quando o Cristal, do Amapá, perdeu a vaga na terceira divisão nas quartas, para o São Raimundo (PA), que foi campeão da edição. Roraima não chegou perto em nenhuma das participações nacionais que teve. A aposta atual é o São Raimundo, que representa o estado na Copa São Paulo
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Junior desde 2013 e chegou a passar de fase em 2016, mas não conseguiu fazer uma campanha de “quase acesso” para o estado que ocupa o último lugar no Ranking das Federações da CBF. O que poderia explicar o insucesso desses três estados nos campeonatos nacionais? Economia, perpetuação de poder dos presidentes ou a jovialidade dos estados. Essas são perguntas que pretendemos responder. Entre 22 de setembro e 5 de outubro de 1988, o Brasil vivenciou o êxtase da história recente da nação, com a Assembleia Nacional Constituinte e a promulgação da Constituição. Amapá e Roraima fizeram parte desse momento deixando de ser território federal para serem elevados a unidade federativa. Sete anos antes, Rondônia já conquistava tal posto. Juntando os anos dos três estados chegamos ao número de cem, metade dos anos em que São Paulo, estado com maior número de títulos nacionais, é considerada uma província, que posteriormente passou a ser considerada estado.
Em 2020, o Vilhenense será o único clube debutante do trio na Série D. A equipe foi campeã estadual em 2019 e busca o espaço deixado pelo licenciado Vilhena (Foto: ASCOM/VIlhenense EC)
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Time do Cristal, em 2009, que fez ótima campanha na Série D (Foto: Reprodução/Facebook)
AMAPÁ
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AMAPÁ
CRISTAL
MACAPÁ
2006, 2007 (Série C)
2008 (Série C), 2009, 2010 (Série D)
1992 (Série C), 2018 (Série D)
SANTOS
SÃO JOSÉ
TREM
YPIRANGA
1998 (Série C), 2012, 2014, 2015, 2016, 2017, 2018, 2019 (Série D)
2005 (Série C)
2004 (Série C), 2011, 2016, 2017 (Série D)
1999, 2000, 2001, 2002, 2003 (Série C), 2013, 2019 (Série D)
A jovialidade do trio não fez com que os campeonatos estaduais fossem relegados e disputados apenas partir da “independência”, mas a profissionalização demorou e dependeu, consequentemente, das transformações dos territórios. Os primeiros campeonatos estaduais profissionais do Amapá e Rondônia foram disputados em 1991 e quatro anos depois foi a vez de Roraima elevar o certame local. Isso acabou retardando o desenvolvimento do desporto local, que pode ser visto até hoje. Dos dois últimos estados a conseguirem chegar em uma penúltima divisão nacional, o Acre é quem tem história mais longeva como unidade federativa, pois foi elevado em 1962, ao contrário do Tocantins, que teve tal processo analisado durante a Constituinte. Os acreanos Rio Branco e Atlético são os clubes que conseguiram chegar nesse status, mas sem causar tanta surpresa, pois o Estrelão fez parte da primeira edição da Série C remodelada
e chegou a lutar pelo acesso e o Galo bateu na trave na Série D 2016, mas subiu no ano seguinte, com uma base formada por uma década por Álvaro Miguéis, treinador do clube. No caso de Tocantins, o acesso do Araguaína passou uma sensação de “opa, subimos e agora?”. O Touro disputou a Série C 2011, mas fez apenas um ponto, porém marcou o nome na história do futebol local por ser o único a chegar em uma penúltima divisão nacional, algo que os tradicionais Gurupi, Tocantinópolis e Palmas não conseguiram. Pois bem, para esses três estados chegarem à Série C, a única forma seria o acaso, a surpresa, um ano bom? Para Matheus Silva, administrador do Twitter da Copa Verde, a estrutura é o ponto principal para que isso nunca tenha ocorrido. Na visão dele, apenas um clube do trio tem capacidade para pensar em acesso de uma maneira real e organizada, o macapaense Santos. “A única perspectiva é no Santos do Amapá, que tem uma boa estrutura e boas campanhas nos últimos anos”.
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O contexto econômico ajuda a explicar, também. Segundo o Sistema de Contas Regionais 2016, do IBGE, os três estados estão entre os seis piores PIBs por estado do Brasil, com Rondônia, em 22° lugar; Amapá, em 25°, e Roraima com o menor, com pouco mais de 11 bilhões de reais. Considerando o PIB per capita, a situação melhora, com os estados entre 13° e 16° lugar. Os salários dos Estaduais têm média de R$ 2 mil, o que não chama atenção de jogadores de grandes centros. O Peixe da Amazônia chegou a ter folha salarial de R$ 100 mil para um elenco de 30 jogadores em temporadas anteriores, um ponto fora da curva. Sem dinheiro, planejamento inexiste para as equipes, que não conseguem se firmar durante temporadas. Um caso é o Rondoniense Social Clube, de Porto Velho, que se profissionalizou em 2016 e, de primeira, conquistou o título estadual. A ideia da equipe de mesclar a base com a experiência o tornava um clube com mais propensão a sucesso nacional, mas no ano seguinte (2017), quando estava prestes a disputar a segunda Série D, decidiu pela
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desistência como precaução financeira. Na última edição do Estadual lutou para não cair para a segunda divisão. Se por um lado, os clubes não conseguem se firmar, não se pode dizer o mesmo de quem preside as federações. A perpetuação no poder e o esfacelamento da oposição nos últimos anos faz com que Roberto Góes, Heitor Costa e Zeca Xaud comandem o futebol local por mais de uma década. O primeiro caso, de Roberto Góes, presidente da Federação Amapaense de Futebol, é até pequeno comparado com os outros dois citados. Ele é mandatário da FAF desde 2006 e no ano passado foi proclamado, novamente, para mandato até 2022. Simultaneamente, é deputado federal pelo estado. Foi deputado estadual, e prefeito e vereador de Macapá. Esteve preso por dois meses entre o fim de 2010 e começo de 2011 por acusação de participar de esquema de desvio de verbas federais no estado nortista, foi condenado por peculato em 2016 e ainda responde, no momento, em processos por corrupção passiva e licitação fraudulenta.
Tricampeã estadual (2006-2008), a Ulbra Ji-Paraná foi mais uma esperança que Rondônia teve, mas sem sucesso, com apenas uma participação em Brasileiros (Foto: Reprodução/Revista Placar)
RONDÔNIA
SE ARIQUEMES
BARCELONA
CFA
GENUS
JARUENSE
1995 (Série C)
2018, 2019 (Série D)
2003 (Série C)
2000, 2001 (Série C), 2009, 2013, 2014, 2016, 2017 (Série D)
2007 (Série C)
JI-PARANÁ
REAL ARIQUEMES
RONDONIENSE
ULBRA
VILHENA
1992, 1995, 1996, 1997, 1999, 2002, 2004, 2005 (Série C)
2017, 2018, 2019 (Série D)
2016 (Série D)
2006 (Série C)
2010, 2012, 2015 (Série D)
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Baré e São Raimundo são dois dos clubes roraimenses com mais participações em Campeonatos Brasileiros (Foto:Tércio Neto)
RORAIMA
ATLÉTICO RORAIMA
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BARÉ
GAS
1995, 1997, 2002, 2003, 2004 (Série C), 2009, 2019 (Série D)
1995, 1996, 1997, 1998, 2000 (Série C), 2016, 2017, 2018 (Série D)
1996 (Série C)
NÁUTICO
PROGRESSO
RIO NEGRO
SÃO RAIMUNDO
2012, 2013, 2015, 2016 (Série D)
1995, 2008 (Série C)
2001 (Série C)
2005, 2006, 2007 (Série C), 2014, 2017, 2018, 2019 (Série D)
A Federação de Futebol do Estado de Rondônia foi fundada em 1989 e teve apenas um presidente na história: Heitor Costa. São 30 anos de mandato, sendo “eleito por unanimidade” em 2016 para o atual que se encerra nesse ano. Em 2015, Costa foi chamado para participar da CPI do Futebol e não conseguiu explicar a razão da FFER nunca ter mudado de comando. Teve quatro mandatos como deputado estadual, sendo a primeira em 1982. No ano passado, ele foi um dos homenageados no enredo da escola de samba Os Diplomatas, agremiação na qual já presidiu. Pois então!? Aliás, a escola foi rebaixada na temporada passada. O caso de Roraima é mais absurdo: Zeca Xaud é presidente da Federação Roraimense de Futebol desde 1974, com a alegação de que os clubes desejam que “ele fique”. São 45 anos no poder e 13 mandatos. Foi reeleito no começo de 2019 para ficar até 2023. Desde 2008, ele não tem concorrentes nos pleitos da federação mais mal ranqueada pela CBF. Em 2015, em
entrevista ao jornalista Silvio Barsetti, do portal Terra, foi perguntado duas vezes sobre o legado da gestão e a resposta foi: “Comecei meu novo mandato agora, em abril. Em 2019, ainda vou ter direito a uma reeleição. Não parei para fazer o balanço. Mas posso adiantar que os clubes de Roraima já têm feito bonito em jogos contra equipes do Nordeste”. Uma resposta que explica muita coisa... Entramos em contato com as três federações com as mesmas perguntas, mas até o fechamento dessa edição nenhuma nos respondeu. Todos os presidentes de federações estaduais recebem uma mesada mensal da CBF de R$ 25 mil por meio do Programa de Assistência à Federações (PAF), sem contar os mimos, como a ida de todos para acompanhar a Copa do Mundo 2018 com despesas pagas. A alegação de que é um trabalho que requer tempo e uma remuneração seria perfeitamente cabível ocorre paralelamente ao fato das federações terem peso maior de voto do que os clubes da Série A.
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GUIA
CAMPO GELADO f
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O calendário do futebol finlandês é “igual” ao brasileiro, com os campeonatos sendo disputados durante o decorrer de ano completo. O frio rigoroso do começo de ano faz com que se termine bem antes, o que significa férias! Cinco jogadores famosos viveram a Veikkausliiga esse ano, com dois brasileiros que surgiram como promessa e três africanos com passagem pelos grandes centros da Europa. No campeonato que deu o título ao KuPS, a Série Z mostra o lado B desse quinteto
TORÓ Helsingfors IFK
33 anos | Volante L ASCOM/HIFK
Ele é mais um dos jogadores que apareceram nessa editoria mais de uma vez. Na nossa primeira edição, ele esatava aqui como jogador do Sagamihara, da terceira divisão do Japão e, agora, retorna como um dos jogadores famosos que disputaram a Veikkausliiga nessa temporada. Revelado no Fluminense como grande promessa e transformado em volante no Flamengo, ele esteve em campo pelo HIFK por apenas 14 vezes na campanha para se livrar do rebaixamento.
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LUÍS HENRIQUE Helsingfors IFK
21 anos | Atacante 30
Na décima rodada da Série B 2015, o Botafogo fez 5 a 0 no Sampaio Corrêa, com dois gols de Luís Henrique. Era a primeira partida da carreira do centroavante que fez os holofotes brilharem para mais um jogador dessa posição para se depositar confiança. Fez mais dois gols no ano e em 2016 não decolou como esperava. Foi contratado pelo Athetico, ainda com expectativa, mas continuou mal. Passou por Feirense (POR), Nacional (SP), Grêmio (sub-23) e Oeste desde o ano passado, até chegar no HIFK, onde fez boa temporada, com oito gols em 14 partidas.
ELDERSON ECHIÉJILÉ HJK Helsinki
31 anos | Lateral L Niklas Gunsberg/HIFK | ASCOM/HJK Helsinki
De qualidade duvidosa, o nigeriano Elderson tem duas Copas no currículo, incluindo a última, e passagens por Rennes, Braga e Monaco, onde teve a última experiência de mais de uma temporada. De 2016 para cá são cinco clubes em quatro países diferentes. No maior campeão finlandês, ele teve passagem bem curta, com cinco jogos e dois gols. O lateral-esquerdo foi contratado em março desse ano, mas saiu no final de junho. Está sem clube, mas entra na lista por ter disputado a elite nacional.
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ANTHONY ANNAN Inter Turku
33 anos | Volante 32
Annan pode se considerar um dos jogadores ganeses mais vitoriosos do futebol europeu, com dez títulos na carreira, incluindo três campeonatos da Finlândia pelo HJK, onde passou em 2014 e entre 2016 e 2018. Nesse ano, ele foi jogar em Israel, mas acabou voltando ao país para defender o Inter Turku, onde fez seis partidas. O ponto alto da carreira do volante foi em 2010, quando disputou a Copa do Mundo, e conseguiu uma transferência do Rosenborg para o Schalke 04.
TAYE TAIWO RoPS
34 anos | Lateral L ASCOM/Inter Turku | ASCOM/RoPS
Foram sete anos de Olympique de Marseille, onde era capitão e se tornou ídolo da torcida, quando levantou quatro taças, incluindo uma Ligue 1. Após essa passagem, ele deu um pulo na carreira para jogar no Milan, onde não é muito lembrado. Passou a ser um nômade da bola há sete anos, incluindo quatro temporadas na Finlândia, sendo duas no HJK Helsinki (2015 e 2016) e outras duas no RoPS, atual equipe do nigeriano que disputou a Copa do Mundo 2010. O lateral-esquerdo ez 29 jogos e um gol na temporada finlandesa.
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BOLA DE CAPOTÃO
UMA DÉCADA DO TOUR FLUMINENSE
Relembre os incríveis públicos do Duque de Caxias na Série B 2009
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2009 | DUQUE DE CAXIAS
O
ano era 2009. Ano de estreia do Duque de Caxias no Campeonato Brasileiro Série B. A equipe se manteve na divisão, com uma boa arrancada no segundo turno, comandada por Gilson Kleina. O que chamou muita atenção foram os públicos do Gigante Tricolor como mandante. Entre os dez menores públicos da Série B 2009, sete foram do clube da Baixada Fluminense. Um deles foi o de menor público na história da divisão, com apenas cinco pagantes e renda de R$ 50, na vitória de 4 a 1 sobre a Ponte Preta na última rodada. O Duque foi impossibilitado de disputar os jogos no seu estádio, o Marrentão, que tem capacidade para sete mil pessoas. A capacidade exigida
pela CBF era (é) de 10 mil lugares. Apenas duas vezes, o clube jogou em Duque de Caxias, no Los Larios, estádio do “rival” Tigres do Brasil, onde a equipe teve o segundo e quarto melhor público. O estádio que “acabou” com a média de público do Duque foi o Raulino de Olveira, de Volta Redonda, que abrigou os quatro piores públicos da equipe na divisão. No Giulite Coutinho, foram 11 partidas, o estádio com mais jogos do Duque em 2009. O Maracanã foi o estádio que “salvou” o Duque de Caxias, já que a equipe pediu junto à CBF a alteração do local da partida contra o Vasco, que possivelmente seria no Raulino de Oliveira. Sendo assim, 25.554 pessoas viram o confronto, que teve (mais que) ampla maioria de vascaínos.
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duq OS PÚBLICOS do DUQUE DE CAXIAS na SÉRIE B 2009 PARTIDA
ESTÁDIO
PÚBLICO
Juventude (4x2)
Giulite Coutinho
201
Vila Nova (1x2)
Giulite Coutinho
172
América-RN (4x1)
Giulite Coutinho
186
Bahia (0x0)
Giulite Coutinho
602
Guarani (1x1)
Giulite Coutinho
483
Ceará (1x2)
Giulite Coutinho
284
Paraná (2x1)
Giulite Coutinho
203
Portuguesa (2x1)
Giulite Coutinho
245
Figueirense (2x3)
Giulite Coutinho
75
Campinense (1x4)
Giulite Coutinho
243
Bragantino (0x1)
Giulite Coutinho
125
Fortaleza (4x3)
Raulino de Oliveira
25
Vasco (0x1)
Maracanã
25.554
Brasiliense (0x0)
Raulino de Oliveira
48
Ipatinga (3x1)
Raulino de Oliveira
22
São Caetano (2x1)
Los Larios
508
Atlético-GO (5x1)
Raulino de Oliveira
125
ABC (2x1)
Los Larios
632
Ponte Preta (4x1)
Raulino de Oliveira
5
cai 36
A MÉDIA POR ESTÁDIO ESTÁDIO O público total como mandante foi de 29.738 pessoas, com média de 1.565. Sem o Maracanã, o público despenca, com os 4.184 espectadores que viram o Duque no Los Larios, Raulino de Oliveira e Giulite Coutinho para uma média de 232 torcedores. Sem os números do Maracanã, o Duque de Caxias teria que disputar seis edições da Série B para atingir aquele público. E chegaria a 19 edições quando falamos no maior público daquela edição: 78.609 pessoas viram o jogo do acesso do Vasco, na vitória de 2 a 1 sobre o Juventude, no Maracanã. Pela alternatividade, a campanha do Duque de Caxias foi bem marcante. Após o debute, o Tricolor da Baixada teve mais dois anos de Série B sempre jogando fora do Marrentão. A realidade atual, dez anos depois, é bem diferente, com a equipe penando para sair do Carioca Série B, longe de um holofote que nem mesmo o mais fanático torcedor sonhou em ter quando a equipe subiu na Série C 2008.
NÚMEROS Onze jogos; Público total: 2.819 pessoas; Média: 256 pessoas.
GIULITE COUTINHO Cinco jogos; Público total: 225 pessoas; Média: 45 pessoas. RAULINO DE OLIVEIRA Dois jogos; Público total: 1.140 pessoas; Média: 570 pessoas. LOS LARIOS
Um jogo; Público total: 25.554 pessoas. MARACANÃ
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CONTEXTO
QUINTA DIVISÃO ESCOCESA E O MODELO REGIONALIZADO por LUIS DE SÁ PERLES editor do Scottish Football
Competição “divide” o país britânico em Centro-Norte e Centro-Sul
38
D
esde 2013-2014 o futebol da Escócia adotou o modelo profissional com quatro campeonatos que levam o mesmo patrocinador e seguem calendários próximos, estando vinculadas a liga de clubes do país, a SPFL (Premiership, Championship, League One e League Two). A quinta divisão, porém, é vinculada a Associação de Futebol da Escócia, sendo jogada em dois grupos regionalizados e independentes, com organização própria de calendário e estrutura, o CentroNorte (Highland League, mais tradicional, disputada desde 189394) e o Centro-Sul (Lowland League que teve início apenas em 2013-14). Na primeira divisão são 12 clubes, na segunda, terceira e quarta dez equipes cada, já na quinta são 17 clubes na Highland e 16 na Lowland, totalizando 33 times. As divisões inferiores a esta, são todas ligas ainda mais regionalizadas e amadoras do futebol escocês, como acontece na Inglaterra e Alemanha, por exemplo.
L East Kilbride News
O regulamento das duas ligas, embora independentes, são os mesmos. Todos jogam contra todos em turno e returno, sendo apenas os campeões de cada chave, classificados para a grande final. A decisão em dois jogos garante ao vencedor a chance de enfrentar o décimo colocado (lanterna) da quarta divisão. Novamente em dois jogos, definindo ou o acesso e rebaixamento, por meio da vitória do time que conquistou a quinta divisão, ou a manutenção dos mesmos em suas divisões (caso o lanterna da quarta vença). No ano passado, por exemplo, o Cove Rangers, atual líder da League Two (vindo da Highland) venceu o East Kilbride (da Lowland) na decisão pela quinta divisão e depois, derrotou o Berwick Rangers (último colocado da League Two) em dois jogos, garantindo o acesso. Além da possibilidade de subir, os campeões das ligas norte e sul garantem vaga na Copa da Liga do próximo ano, na sua fase inicial de grupos.
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CAMPEÕES HIGHLAND LEAGUE Longe dos holofotes da TV e grande mídia escocesa, estas competições escondem a paixão pelo futebol. Afinal reúnem clubes de pequenas cidades, distritos e até bairros, equipes universitárias e com grandes ideais por trás de sua fundação. Até por isso, resistentes, estes clubes ainda existem e muitos deles tradicionalíssimos, campeões, com torcida pequena, mas apaixonada, que se motiva sonhando com o dia em que poderão cruzar com um gigante numa copa, ou mesmo irão galgar posições nas ligas superiores. Os campeonatos da quinta divisão da Escócia são a prova que embora o esporte tenha se tornado um negócio lucrativo e perdido muito da paixão, essa mesma palavra segue fazendo parte do cotidiano, da vida de muitas pessoas, instituições que pelo simples prazer de atuar, competir, de entrar em campo, se doam e aguardam ansiosamente cada jogo, cada campeonato, cada minuto das partidas. A quinta divisão escocesa é uma das representações de que por mais que se mude, modernize o futebol, ela sempre será capaz de mostrar sua essência democrática e surpreendente.
CLUBES Caledonian FC (atual Inverness CT) Clachnacuddin
18
Elgin City
14
Buckie Thistle
11
Inverness Thistle
8
Keith Cove Rangers
7
Huntly Peterhead Fraserburgh Ross Country
5 3
Deveronvale Brora Rangers Aberdeen ‘A’
2
Forres Mechanics Nairn County Inverness Citadel
1
Rothes
CAMPEÕES LOWLAND LEAGUE CLUBES
TÍTULOS
Spartans East Kilbride Edinburgh City
40
TÍTULOS
2
PARTICIPANTES DA
HIGHLAND LEAGUE 2019/20
FORMARTINE UNITED FORRES MECHANICS
KEITH
LOSSIEMOUTH
BRORA RANGERS
BUCKIE THISTLE
CLACHNACUDDIN
DEVERONVALE
FORT WILLIAM
FRASERBURGH
HUNTLY
INVERURIE LOCO WORKS
NAIRN COUNTY
ROTHES
STRATHSPEY THISTLE
TURRIFF UNITED
BERWICK RANGERS
BONNYRIGG ROSE ATHLETIC
BSC GLASGOW
CALEDONIAN BRAVES
PARTICIPANTES DA
LOWLAND LEAGUE 2019/20
WICK ACADEMY
CIVIL SERVICE STROLLERS
CUMBERNAULD COLTS
DALBEATTIE STAR
EAST KILBRIDE
EAST STIRLINGSHIRE
EDINBURGH UNIVERSITY
GALA FAIRYDEAN ROVERS
GRETNA 2008
KELTY HEARTS
SPARTANS
STIRLING UNIVERSITY
VALE OF LEITHEN
41
GUIA
COPA FEDERACIÓN GUIA
SEMIFINAIS a
s
i
a
2019
a copa dos
menores I
magine clubes da Série D e sem divisão do futebol brasileiro sendo reunidos em uma copa! Uma final entre um clube do Norte contra um do Sul! É mais ou menos essa a ideia da Copa da Real Federación Espanola de Fútbol, mais conhecida como Copa Federación, que reúne os clubes da terceira e quarta divisão espanhola. Desde 1993 com esse formato, a Copa movimenta os clubes que não conseguem ou são eliminados previamente da Copa do Rei, fazendo que tenham uma possibilidade de calendário maior! Um sonho para o futebol brasileiro, não é? Para 2019, há uma certeza: um campeão inédito! Castellón, Coruxo, Real Murcia e Tudelano são os semifinalistas, sendo que cada um disputa um grupo diferente da Segunda División B, a terceirona espanhola, ou seja, nenhum uma equipe da Tercera División chegou nesta fase. Das quatro equipes, apenas uma
vem fazendo boa campanha na liga nacional, o Castellón, que pode ser tratado como favorito ao título, por esse status. Lutará pelo acesso à La Liga 2 pelo que vem demonstrando. O tradicional Real Murcia continua no calvário. Maior campeão da segunda divisão, com oito taças, luta para não cair nessa temporada após tentativas frustradas de acesso recentemente. O tamanho do time não é capaz de colocá-lo como favorito no confronto contra o Castellón. Do outro lado, Tudelano e Coruxo vivem o maior momento da história de cada um. Com mais participações nas divisões abaixo que na Segunda B, buscam a maior glória, com a taça da competição nacional. Um destes estará na final da alternativa disputa. Nesse guia, você confere todas as informações dos clubes, a história da competição e a tabela dos jogos que ocorrem em 21 de novembro e 5 de dezembro, dando ao campeão um prêmio de 90 mil euros.
43
TUDELANO
CLUB DEPORTIVO TUDELANO FUNDAÇÃO
29 de novembro de 1935
Pitada mexicana
CIDADE
Tudela (Navarra) SITE
cdtudelano.com REDES SOCIAIS
c/C.D.Tudelano d/cdtudelano f/cdtudelano ESTÁDIO
Ciudad de Tudela (11.000) TÍTULOS
Espanhol 4ª Divisão (1954/55, 1983/84, 1990/91, 2009/10 e 2010/11) DIVISÃO ATUAL
Segunda B - Grupo II TÉCNICO
Txema Lumbreras
44
t
P
restes a completar 84 anos de fundação, o Tudelano vive nas últimas cinco temporadas, o melhor momento de tua história. São cinco temporadas seguidas na Segunda División B, com participações na Copa do Rei e a chegada na semifinal da Copa da Federação. Parece pouco, mas trata-se de um time que nunca disputou primeira e segunda divisão nacional, tem apenas 14 temporadas no atual escalão e mais de 60 anos do quarto nível para baixo. De Tudela, cidade de Navarra, segunda maior da comunidade autônoma, vive a margem do Osasuna, que vive sem concorrência na região. Agora tem a chance de fazer algo a mais que os cinco títulos da Tercera División, da qual luta para não voltar essa temporada, pois está mal na classificação do Grupo II. Se não fosse uma parceria firmada com o Chivas Guadalajara, o elenco seria composto apenas por espanhóis. A equipe tem quatro jovens mexicanos que vieram por meio do acordo: Luis Olivas (zagueiro), Ángel López (meia), Edson Torres (meiocampo) e Diego Cortés (meio-campo). Entre os locais, a dupla de ataque Koldo Obieta e Diego Suárez, que fizeram dois gols, cada, nas quartas são as melhores apostas. A Copa da Federación é a chance do Tudelano continuar construindo a década de ouro alvinegra.
TIME-BASE (4-4-2) Pagola; Olivas, Zabaleta. Lalaguna, Delgado; A. López, Torres, Azkue, Soto; Obieta e Diego Suárez
Koldo Obieta
26 anos | Atacante Último clube: CD Vitoria - 2019
Ángel LÓPEZ
23 anos | Meio-campo Último clube: Zacatepec (México) - 2019
PARTICIPAÇÕES 14 55 13
PRIMEIRA DIVISÃO --SEGUNDA DIVISÃO --TERCEIRA DIVISÃO 1977/78, 1991-1996 e 2012-2020 QUARTA DIVISÃO 1943-1951, 1953-1960, 1966-1977, 1978-1991 e 1996-2012 DIVISÕES REGIONAIS 1935/36, 1939-1943, 1951-1953 e 1960-1966
1/2/3/4 ASCOM/CD Tudelano
Mikel Pagola
37 anos | Goleiro Último clube: El Palo - 2014
45
CORUXO
CORUXO FÚTBOL CLUB FUNDAÇÃO
1930
Cinco mil expectativas
CIDADE
Vigo (Galícia) SITE
www.coruxofc.com REDES SOCIAIS
c/CORUXO-
FC-121841837859798 d/CoruxoFCoficial f/coruxo_fc_oficial ESTÁDIO
Campo do Vao (1.500) DIVISÃO ATUAL
Segunda B - Grupo II TÉCNICO
Michel Alonso
46
o
S
em dúvidas, o Coruxo vive o teu maior feito. Sem títulos em toda história, o clube vislumbra a primeira taça na Copa Federación. São duas passagens pela terceira divisão espanhola, sendo a primeira entre 1959 e 1967 e a atual que começou em 2010. A melhor posição que chegou foi o oitavo lugar em 2014/15 e 2016/17. Está acostumado a lutar para não cair, o que não é diferente na atual temporada. A maior surpresa das semifinais da competição espanhola tem um elenco com apenas dois estrangeiros, mas que tem se destacado no comando de ataque: o marroquino Youssef Al-Watani e o senegalês Alassane Sylla. O porém é que se destacar no ataque não é difícil ou fácil. Explicando: são apenas sete gols na Segunda División B em onze partidas (até o fechamento da edição), com três gols de Watani e um de Sylla. A equipe tem dois jogadores que passaram por La Liga: Vila, meia que jogou por três vezes com o Celta de Vigo, e David Añón, que teve quatro aparições pelo La Coruña em 2009/10. O elenco experiente, com média de 27 anos, ainda tem o goleiro Alberto (31), o meia Mateo Míguez (32) e o lateral Manu (35) como alguns dos trintões que servem ao time de Michel Alonso. De Vigo, a equipe busca dar a maior alegria aos pouco mais de cinco mil habitantes da paróquia civil de Coruxo.
TIME-BASE (4-4-1-1) Alberto; Carlos, Puime, Vila, Manu; Barril, Antón, Mateo e Jacobo Trigo; Youssef; Sylla (Añón)
Jonathan Vila
33 anos | Zagueiro Último clube: Pune City (Índia) - 2019
MANU RODRÍGUEZ
35 anos | Lateral-esquerdo Último clube: Elche - 2019
PARTICIPAÇÕES 10 23 -
PRIMEIRA DIVISÃO --SEGUNDA DIVISÃO --TERCEIRA DIVISÃO 1959-1967, 2010-2020 QUARTA DIVISÃO 1957-1959, 1967/68, 1984-1990, 1991/92, 1995/96, 2003-2010 DIVISÕES REGIONAIS 1930-1957, 1968-1984, 1990/91, 1992-1995, 1996-2003
1/2/3/4 ASCOM/Coruxo CF
Youssef Al-Watani
24 anos | Meia-atacante Último clube: Rápido Bouzas - 2019
47
CASTELLÓN
CLUB DEPORTIVO CASTELLÓN FUNDAÇÃO
20 de julho de 1922
Ponto fora da curva
CIDADE
Castellón de la Plana (Comunidade Valenciana) ALCUNHA
Glorioso SITE
cdcastellon.com REDES SOCIAIS
c/ ClubDeportivoCastellon d/CD_Castellon f/cd_castellon ESTÁDIO
Nuevo Castalia (15.500) TÍTULOS
Espanhol 2ª Divisão (1980/81 e 1988/89) Espanhol 3ª Divisão (2002/03) Espanhol 4ª Divisão (1929,30, 1952/53, 1963/64, 1964/65, 1965/66, 1968/69, 2014/15) DIVISÃO ATUAL
Segunda B - Grupo III TÉCNICO
Óscar Cano
48
c
T
radicional clube de segunda divisão espanhola, o Castellón é o único dos semifinalistas da Copa Federación que está fazendo boa campanha na Segunda División B, com a segunda colocação no Grupo III, lutando pelo acesso. Apesar da história na divisão acima, o clube está em processo de reconstrução, pois está ficou sete anos seguidos no quarto nível, após passar por uma turbulenta década. O interessante é que jogadores formados no clube como Angel Dealbert (aposentado) e Pablo Hernández (Leeds United) fazem parte da gestão que remonta a estrutura do clube. Quase rebaixado na temporada passada, o alvinegro da Comunidade Valenciana não fez uma grande reformulação no elenco, que foi assumido por Óscar Cano na reta final, conquistando sete vitórias em 21 partidas. Para se ter ideia, em 12 partidas na atual temporada, o clube tem seis vitórias, duas a menos dos que as conquistadas em 2018/19 em 38 partidas. Cano tem um elenco formado apenas por espanhóis, com destaque para César Díaz, único representante da equipe com passagem pelas seleções de base entre 2004 e 2006, quando surgiu no Albacete Balompié. Sendo o ponto fora da curva positivo dos semifinalistas, o Castellón carrega o favoritismo para conquistar a primeira Copa Federación.
TIME-BASE (4-4-2) Campos; Muguruza, V. García, Verdés, Satrústegui; Salvador, J. Fernández, Rubén Díez, Calavera; Cubillas e Díaz
ENEKO SATRÚSTEGUI
29 anos | Lateral-esquerdo Último clube: Lleida Esportiu - 2018
CÉSAR DÍAZ
32 anos | Atacante Último clube: Racing Santander - 2018
PARTICIPAÇÕES 11
40
28 7
PRIMEIRA DIVISÃO 1941-1947, 1972-1974, 1981/82, 1989-1991 SEGUNDA DIVISÃO 1930-1933, 1939-1941, 1947-1950, 1953-1957, 1960/61, 1966-1968, 1969-1972, 1974-1981, 1982-1989, 1991-1994, 2005-2010 TERCEIRA DIVISÃO 1929-1930, 50-53, 57-60, 61-66, 68/69, 94-2005, 2010/11, 18-20 QUARTA DIVISÃO 2011-2018
1/2/3/4 ASCOM/CD Castellón
Joseba Muguruza
25 anos | Lateral-direito Último clube: Real Sociedad “B” - 2018
49
REAL MURCIA
REAL MURCIA CLUB DE FÚTBOL FUNDAÇÃO
6 de fevereiro de 1908
Não se confunda!
CIDADE
Murcia (Região de Múrcia) ALCUNHA
Pimentoneros SITE
realmurcia.es REDES SOCIAIS
c/realmurciacfsad d/realmurciacfsad f/realmurciacf_oficial ESTÁDIO
Nueva Condomina (31.179) TÍTULOS
Espanhol 2ª Divisão (1939/40, 1954/55, 1962/63, 1972/73, 1979/80, 1982/83, 1985/86 e 2002/03) DIVISÃO ATUAL
Segunda B - Grupo IV TÉCNICO
Adrián Hernández
50
m
O
Real Murcia é o mais conhecido dos quatro clubes desse guia. Com 18 participações em La Liga, incluindo a última na temporada 2007/08, a tradição dos Pimentoneros não leva a equipe ao favoritismo na Copa Federación. No Grupo IV da Segunda División B, a equipe luta para não cair, com campanha aquém do que a apaixonada e sofrida torcida, que viveu recentemente um rebaixamento forçado por problemas financeiros, após sonhar com a volta ao Campeonato Espanhol em 2014. O time que já teve Cícero Ramalho, Marcinho Guerreiro, Rosinei e Fernando Baiano - a contratação mais cara da história do clube - vive o oposto atualmente. Há seis temporadas na terceira divisão, a equipe lutou pelo acesso nas quatro primeiras oportunidades, mas em 2018/19 ficou longe da disputa, o que continua na atual temporada, com um 15° lugar, até o fechamento da edição. O elenco conta com média de 26 anos, com jogadores veteranos, como Victor Curto (37) e Manolo (34), passando por Lejárraga, 24 anos, goleiro da equipe até o jovem Bravo (21). A Copa Federación parece ser tratada como a única chance de alegria na temporada, pois se salvar do rebaixamento pela tradição da equipe é tratado como obrigação. O Real Murcia busca a reconstrução, apesar de não demonstrar isso.
TIME-BASE (4-4-2) Lejárraga; Álvaro, Edu Luna, Antonio, Iván; Peque, Bravo, Armando, Manolo; Curto e Chumbi
ÁLVARO RODRÍGUEZ
25 anos | Lateral-direito Último clube: La Hoya Lorca - 2019
Manolo
33 anos | Meio-campo Último clube: Jumilla - 2019
PARTICIPAÇÕES 18
53 17 1
PRIMEIRA DIVISÃO 1940/41, 1944-1947, 1950/51, 1955/56, 1963-1965, 1973-1975, 1980/81, 1983-1985, 1986-1989, 2003/04, 2007/08 SEGUNDA DIVISÃO 1929-40, 41-44, 47-50, 51-55, 56-63, 65-70, 72/73, 75/76, 77-80, 81-83, 85/86, 89-92, 93/94, 2000-03, 04-07, 08-10, 11-14 TERCEIRA DIVISÃO 1928/29, 70-72, 76/77, 92/93, 94/95, 96-2000, 10/11, 14-2020 QUARTA DIVISÃO 1995/96
1/2/3/4 ASCOM/Real Murcia CF
Peque
26 anos | Meia-atacante Último clube: Jumilla - 2019
51
TABELA TUDELANO
1
CALAHORRA
0 TUDELANO
5
IZARRA
1 21/11
CORUXO
2
TUDELANO
COMPOSTELA
1
CORUXO CORUXO
2
SALAMANCA
2
PRAT
0
CASTELLÓN
0
05/12
21/11
JOVE ESPAÑOL
0
CASTELLÓN
CASTELLÓN
2
REAL MURCIA
TALAVERA
0
REAL MURCIA
1
52
LINENSE
1
REAL MURCIA
2
1993/94
1994/95
PUERTOLLANO
LAS PALMAS “B”
CAMPEÕES 1995/96
1996/97
1997/98
1998/99
1999/00
2000/01
MALLORCA “B”
BURGOS
BINÉFAR
RACING SANTANDER “B”
SABADELL
MARINO LUANCO
2001/02
2002/03
2003/04
2004/05
2005/06
2006/07
CELTA “B”
REAL AVILÉS
BADALONA
MATARÓ
PUERTOLLANO
PONTEVEDRA
2007/08
2008/09
2009/10
2010/11
2011/12
2012/13
OURENSE
REAL JAÉN
SAN ROQUE DE LEPE
PUERTOLLANO
BINISSALEM
SANT ANDREU
2013/14
2014/15
2015/16
2016/17
2017/18
2018/19
OURENSE
REAL UNIÓN
PONTEVEDRA
MIRANDÉS
ATLÉTICO BALEARES ATLÉTICO SAGUNTINO
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ESCUDINHOS
15 E XV! 15 de novembro é uma das datas mais importantes da história do Brasil, quando se proclamou a República.Tornando-se feriado e um dia para relembrar, muitos clubes acabaram surgindo na data (ou a homenageando). Do Centro-Oeste ao Sul, seja com 15 ou XV no nome, muitos passaram pela história. Quando fizemos a pesquisa, tivemos uma surpresa: encontramos apenas 11 Quinzes espalhados pelo Brasil com passagem no futebol profissional. Um número baixo para uma sensação que tínhamos de um verdadeiro campeonato brasileiro que poderia ser criado com esses times. Há muitos amadores ou que disputaram os antigos campeonatos municipais, mas não os consideramos. Agora, você poderá conferir todas as equipes que carregam a data histórica no nome, incluindo o XV de Caraguá que tem esse nome, mas não foi fundado no que é hoje feriado nacional. São três informações disponíveis nas legendas: a primeira linha tem o nome completo da equipe, com o nome principal em maiúsculo; a cidade da equipe e, por último, o ano em que foi fundado.
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Registro de 2017, quando os XVs de Piracicaba e de Jaú se enfrentaram pelo Paulista Sub-15
Esporte Clube XV DE NOVEMBRO Jacarezinho ou Santo Antônio da Platina (PR) antes de 1964 Associação Esportiva XV DE NOVEMBRO Araruama (RJ) 1954
Clube 15 DE NOVEMBRO Campo Bom (RS) 1911
15 DE NOVEMBRO Foot-Ball Club Dom Pedrito (RS) Anos 1910 Clube Atlético XV DE NOVEMBRO Rio do Sul (SC) antes de 1960
L Eduardo Castelari
Esporte Clube XV DE NOVEMBRO Cuiabá (MT) antes de 1956
Esporte Clube XV DE Novembro (CARAGUATATUBA) Caraguatatuba 1934
XV DE NOVEMBRO Esporte Clube Uberlândia (MG) 1956
Esporte Clube XV DE Novembro (JAÚ) Jaú 1924
ESPORTE CLUBE XV DE NOVEMBRO Colombo (PR) 1979
Esporte Clube XV DE Novembro (PIRACICABA) Piracicaba 1913
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