ELE JOGOU LÁ! A história de 15 jogadores famosos em 12 clubes menores. Dos anos 1980 até este século. Do Brasil à San Marino! De campeões do mundo à Libertadores. #35
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RAFAEL LUIS AZEVEDO Editor do Verminosos por Futebol
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FELIPE ROLIM Comentarista do DAZN | Twitter @BRFeminino | LiveFC | Revista Corner
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SÉRGIO OLIVEIRA Apresentador da FATV
NOSSO TIME EDITOR, PROJETO GRÁFICO e DIAGRAMAÇÃO, REVISÃO, REDAÇÃO E PESQUISA Felipe Augusto
REDAÇÃO Felipe Teixeira Mabilia Jhon Willian Tedeschi João Pedro Soldera Victor de Andrade
onde estamos revistaseriez.org issuu.com/seriezrevista /revistaseriez catarse.me/revistaseriez
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PAULO CÉSAR CAJU no AIX
CARLOS, ÉDER e CHULAPA no MALATYASPOR
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POLOZZI no GRÊMIO GOIOERÊ
MACEDO no CÁDIZ
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MARCELINHO CARIOCA no AJACCIO
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CARECA no SÃO JOSÉ-RS
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ROMÁRIO no TUPI
GIL no GIMNÁSTIC
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ALDAIR no MURATA
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RONALDINHO GAÚCHO no QUERÉTARO
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JARDEL no ANORTHOSIS FAMAGUSTA
AMARAL e EDÍLSON no FLAMENGO-PI
CAJU NA TERCEIRONA FRANCESA Muito escondida! Assim podemos definir o que foi a passagem do campeão mundial Paulo César Caju pelo Aix, da França, antes de conquistar o mundo com o Grêmio
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1982 | AIX
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ia 3 de julho de 1974, aos 61 minutos da partida contra a Holanda, última rodada da segunda fase da Copa do Mundo, Paulo César Caju sai de campo em sua última partida em um Mundial, após disputar a competição por duas vezes, com um título no currículo. Jogador do Flamengo na época, ele deixaria o Brasil para ir a França, onde defenderia o Olympique Marseille, ao lado de Jairzinho. Na Ligue 1 daquela temporada, o Marseille ficou com o vice-campeonato francês longe da disputa do título com o Saint-Etienne. Paulo César fechou a temporada com 31 jogos e 16 gols, artilheiro da equipe. Depois dessa passagem, a França virou passado. Ele retornou ao Rio de Janeiro para defender Fluminense e Botafogo e em 1979 chegou ao Grêmio para a primeira passagem. Ficou
uma temporada e depois passou por Vasco, Corinthians e California Surf, dos Estados Unidos. A carreira estava “nômade” e eis que uma proposta totalmente alternativa aparece em 1982: o Aix, da terceira divisão francesa. Fundado em 1947, o clube francês tem apenas uma participação na primeira divisão, quando foi 20º colocado e lanterna em 1967/68. Até a chegada de Caju, o clube era tradicionalmente visto na segunda divisão, mas em 1982, o clube se encontrava na Division 3 Sud, sendo que vinha de um acesso do quarto nível. A passagem de Caju foi controversa segundo poucos relatos que se têm. Segundo nota publicada pela Revista Placar, na editoria Mundial, em 6 de outubro de 1982, a impressão inicial se desvaneceu e deu lugar a uma cruel realidade. “Barrigudo,
aiq L Luz Bittar/Gazeta Press
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mais interessado em curtir os prazeres da linda Aix-enProvance, Paulo César Caju não tem rendido o que esperavam dele. ‘Paulo mostra muitos períodos neutros durante a partida’, avaliou o técnico da equipe, oitava classificada na chave sul da 3ª Divisão.” Não se tem relatos de quando ele deixou a equipe que ao final da temporada terminou duas posições abaixo do que citamos anteriormente. Mesmo com essa escolha, ele foi escolhido pelo Grêmio para ser um dos reforços da equipe visando o Mundial de Clubes de 1983. Foi campeão e encerrou a carreira. Não há registros fotográficos da passagem escondida e alternativa pela equipe da cidade do sul francês, que atualmente tem 143 mil habitantes. O Aix
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passou por mudanças. Quando Caju jogou lá, tinha um escudo simples, azul e branco, e se chamava Association Sportive Aixoise. Atualmente, passou a se chamar Pays d’Aix Football Club, com as cores vermelha, amarela (duas cores da bandeira do município) e preta. Os anos dourados passaram, também, com a equipe atualmente na décima divisão francesa, mais exatamente no campeonato Departamental 3 da Provence (Bouches-duRhône). A ligação com a França rendeu a Caju, a condecoração com a medalha de cavaleiro da Ordem Nacional da Legião de Honra da França em 2016, mesmo título dado a Raí, três anos antes. Muito pelo que fez no Marseille, mas com uma participação minúscula do Aix.
L Daniel Planel
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O TRIO DE 1982 EM MALATYA Você sabia que Serginho Chulapa, Carlos e Éder Aleixo jogaram juntos? Pela seleção, sim, mas a pergunta é mais sobre a passagem deles pela Turquia para jogar pelo Malatyaspor no melhor momento do clube até então
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1988 | MALATYASPOR
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amos fantasiar: escanteio para uma seleção sulamericana, adversária do Brasil. A bola vai para a área e Carlos sai da meta para ficar com a posse. Sem pestanejar, ele lança a bola na ponta esquerda, onde Éder Aleixo domina, sai em disparada e no meio, encontra Serginho Chulapa para anotar um gol. Não temos ideia se esse lance ocorreu em alguma partida, mas o que chama atenção é que isso poderia ocorrer em um clube, também. Em 1988, após o auge de suas carreiras, os três embarcaram para uma aventura: defender o Malatyaspor, da Turquia. O trio que participou do elenco da mágica seleção de 1982 chegou a equipe, por meio do presidente Nurettin Güven, que assumiu a gestão do clube no final da temporada 1987/88, a melhor da história da equipe, quando terminou no 3º lugar e teve a façanha de se tornar o primeiro clube turco a vencer os três
gigantes na mesma temporada. Carlos era goleiro do Corinthians por quatro anos; Éder estava fora do Brasil, onde defendeu o Cerro Porteño e Serginho Chulapa estava na terceira passagem pelo Santos, sendo que teve duas experiências no exterior antes da Turquia, onde jogou em Portugal e Egito. Na época, a Turquia focava os nomes internacionais vindos da Iugoslávia e Alemanha, com brasileiros sendo difíceis de se transferir ao país devido a logística e custo financeiro. A contratação de três estrangeiros foi feita em meio ao regulamento da competição que previa que apenas dois jogadores desse tipo poderiam atuar, ou seja, um brasileiro seria reserva. A cronologia da passagem do trio juntos, segundo Bülent Korkmaz, do MalatyaHaber, teve oito dias. Em 20 de julho de 1988, as contratações de Éder e Serginho são anunciadas pelo clube. Dois dias depois,
mal L ASCOM/
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a dupla encontra Carlos em Istambul e disputa um amistoso contra o Boluspor, onde os dois atacantes atuam por 17 minutos. A empolgação da torcida contrastava com as manchetes vindas de Istambul, que puxavam a corda para o trio de ferro e relataram que o regulamento não permitia três estrangeiros entre os 11 jogadores em campo. No dia seguinte ao jogo preparatório, Ramazan Kölük, arbitro nascido em Malatya confirmou a informação do regulamento. Cinco dias depois do balde de água fria, a equipe entra com recurso para mudar as regras. Ainda sem resposta, o Malatyaspor volta a enfrentar o Boluspor em um amistoso no dia 29 de julho, com os três brasileiros, com gol de Serginho após jogada de Éder. No dia seguinte, a ilusão tomou conta: Éder retornou ao Brasil após saber por um advogado que não seria possível que os três atuassem juntos. A ideia era que voltasse,
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mas não voltou. Ainda em 1988, ele volta a jogar no Atlético Mineiro. Carlos e Serginho Chulapa permaneceram em Malatya para uma temporada que se avistava histórica, com expectativa de título, mesmo sem Éder. Serginho teve uma temporada muito boa, com nove gols em 28 jogos, com o adendo de que há gols dessa passagem no Youtube. O atacante fez apenas uma temporada, retornando ao Santos em 1989, mas ficou marcado na história do clube, como um dos ídolos. O goleiro teve uma temporada e meia, mas sem registros de quantas partidas. Na temporada 1988/89, o Malatyaspor ficou com um modesto 12º lugar. A última participação do clube na primeira divisão (das 11 que teve) foi em 2006. O clube passou por uma grave crise financeira nos últimos e perdeu o posto de número 1 da cidade para o Yeni Malatyaspor, que está na SuperLig atualmente.
L ASCOM/
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DA COPA AO GRÊMIO GOIOERÊ De carreira estável na Ponte Preta e Palmeiras, Polozzi não conseguiu taças no auge da carreira. Ele disputou uma Copa, mas foi ser campeão da Segunda Divisão do Paranaense, pelo Grêmio Goioerê
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1990 | GRÊMIO GOIOERÊ
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uando cheguei nele no final de 2018, em um amistoso do Palmeiras Master, contra o EC Operário, clube de Maringá (PR), eu disse: “Então Polozzi, nós queremos falar do outro lado da sua carreira, as passagens alternativas”. Ele respondeu: “Ah, você quer algo diferente? Legal, vamos lá”. Dá para ter noção de quão legal foi o papo. Zagueiro de qualidade, lembrado por muitos torcedores da Ponte Preta e Palmeiras. Esteve em campo na marcante final do Campeonato Paulista de 1977 e teve quatro anos no Palestra. Pela Macaca foi convocado para a Copa do Mundo 1978, oito anos depois de ver o primeiro Mundial pela TV, e tem uma Bola de Prata conquistada em 1977. O primeiro feito alternativo, apesar do momento de destaque que a Macaca vivia, foi ser chamado para a Copa do Mundo jogando pelo alvinegro de
Campinas. “Jogar na Ponte Preta naquela época e ser convocado para a seleção era uma coisa assim, quase que impossível, mas o clube foi crescendo se encorpando na época que eu comecei a jogar e fez aquele campeonato de 1977 muito bom, teve toda polêmica. A Ponte ficou muito conhecida por causa desse jogo. Isso nos levou à Copa do Mundo, pois foram três jogadores do time, outra coisa inacreditável. Uma coisa inédita.” Com todo esse currículo é difícil acreditar que tenha apenas um título na carreira de jogador, mesmo passando por outros dez clubes após marcar seu nome na dupla citada. O título em questão é o Paranaense da Segunda Divisão de 1990, quando foi contratado pelo Grêmio Goioerê. Mal sabiam os dirigentes que ao oferecer um contrato por jogo disputado, a equipe chegaria tão longe. Polozzi saiu de lá com um bom dinheiro,
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mas acima de tudo, uma taça para chamar de sua. “Eu já estava em final de carreira, com uns 34 anos, quando recebi um convite. Eu fiz um contrato por jogo, eu ia ganhar por jogo. Eu acho que o pessoal do Goioerê não acreditava muito que o time ia chegar tão longe. Daí, na verdade, eu cheguei lá e o time não perdeu mais. Eu gostei muito de ter vindo para o Paraná. Eu ganhei um bom dinheiro. Vim para jogar sete partidas, mas acabei jogando ‘vinte e poucas’ (risos). Foi o meu primeiro título! Eu não tive oportunidade de ganhar pela Ponte e no Palmeiras, eu peguei uma fase ‘meia brava’.” A campanha na divisão teve 12 vitórias, 12 empates e oito derrotas em seis fases. O acesso à primeira divisão veio em cima do Flamengo de Foz do Iguaçu. A final foi contra o União Operário, de Laranjeiras do
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Sul. Teve emoção. Na primeira partida, vitória por 1 a 0 do time de Polozzi e na volta, a equipe perdeu por 2 a 0, mas a decisão foi para os pênaltis (!?), o que acreditamos ter a ver com o regulamento prever que pontuação igual na disputa iria para as penalidades, que no caso, terminaram com vitória por 9 a 8. A parte alternativa da carreira como jogador continuou como treinador, pois não teve chances em divisões maiores do Brasil. “Ganhei título como treinador! Foi lá no Piauí com o River (2007). Treinei o River, Flamengo e o Comercial. Na verdade, como treinador, não cresci. Aqui no Brasil é diferente. No Brasil é meio esquisito como se escolhe treinador. Quem começa por baixo, continua por baixo até o resto da vida dele, infelizmente”. O futebol continua na mente dele jogando pelos masters do Palmeiras, viajando pelo Brasil.
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Duas fotos históricas do clube paranaense. A foto acima é do título do Paranaense da Segunda Divisão 1990. Polozzi é o quarto em pé, da esquerda para a direita. A foto ao lado é de um dos uniformes do clube nos anos 1990
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MACEDO CADISTA por VICTOR DE ANDRADE editor d’O Curioso do Futebol
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1993 | CÁDIZ
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atanael dos Santos Macedo, ou simplesmente Macedo, foi um dos atacantes mais conhecidos no futebol brasileiro na década de 90. Rápido dentro de campo, mas problemático fora dele, começou no Rio Branco de Americana, time de sua cidade natal, e marcou com as camisas do São Paulo e Santos, além de ter defendido outros clubes como Cruzeiro, Vasco, Grêmio e Ponte Preta. Porém, ele teve uma rápida passagem no futebol europeu, mais precisamente na Espanha, defendendo o Cadiz. Nascido no dia 16 de dezembro de 1969, o atacante começou no futebol no time da sua cidade, o Rio Branco de Americana, estreando no profissional em 1988. Dois
anos depois, chamou a atenção do São Paulo e foi para o time do Morumbi. Se destacava pela velocidade, mas seu extracampo incomodava o técnico Telê Santana. Isto fez com que os dois entrassem em conflito muitas vezes. Então, o São Paulo acabou o emprestando em 1993 e ele foi aportar no Cadiz. Ele chega no Cadiz para o segundo turno do Campeonato Espanhol. Em 11 de abril de 1993 faz sua estreia, saindo como titular, no jogo contra a Real Sociedad, onde sua equipe vence por 2 a 1. Na partida seguinte, contra o poderoso Real Madrid, fora de casa, o Cadiz perde por 3 a 1, mas Macedo faz o gol de honra, marcado o primeiro em sua passagem por terras espanholas.
cad L Reprodução/Terceiro Tempo
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Nos dois jogos seguintes, o Cadiz perdeu: o primeiro, por 3 a 1, em casa, para o Tenerife, e o segundo, fora, contra o Barcelona, por 4 a 1. Neste jogo no Camp Nou, Macedo (o primeiro agachado na foto da página ao lado) é substituído no intervalo e, a partir de então, ele não teria vida fácil na equipes espanhola. Na vitória sobre o Real Burgos, em casa, por 3 a 2, Macedo ainda seria titular, mas foi substituído na segunda etapa. Já na partida seguinte, derrota para o Sporting Gijón, Macedo foi para o banco, entrando aos 23’ da segunda etapa. Já em 30 de maio, Macedo volta a ser titular na partida do Albacete e marca o único gol do Cadiz no empate em 1 a 1. Este também seria
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seu último jogo pela equipe. Macedo, após o fim do Espanhol, foi devolvido ao São Paulo, que logo o emprestou para o Cruzeiro, onde jogou o Brasileiro e a Supercopa da Libertadores de 1993. Voltou novamente ao Tricolor, que o envolveu, junto com o goleiro Gilberto e volante Dinho, em uma negociação com o Santos, que cedeu Axel. No Santos, teria algumas boas fases e outras nem tanto. O atacante rodou depois. Foi para o Vasco, voltou para o Santos, jogou no Coritiba, Grêmio, Ponte Preta, Fortaleza, Taubaté, Atlético Sorocaba, Comercial de Ribeirão Preto, Itabaiana de Sergipe, Operário de Campo Grande e encerrou a carreira no União Mogi, em 2009.
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UM COMETA NA ZONA NORTE por JHON WILLIAN TEDESCHI narrador da CBF TV
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1999 | SÃO JOSÉ-RS
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ano de 1999 foi muito especial para o São José. A equipe de Porto Alegre retornou para a elite do futebol gaúcho, contando com a presença de um tal Antônio de Oliveira Filho no elenco. Não reconheceu? Claro, poucos o conhecem pelo nome completo, mas quase todos se lembram do apelido: Careca, um dos maiores centroavantes da história do Brasil. Tudo começou em 22 de abril daquele ano. O São José disputava o equivalente à Segunda Divisão do campeonato estadual e surpreendeu o mundo do futebol ao anunciar a contratação de uma estrela do futebol mundial. Mesmo tendo anunciado sua aposentadoria, com direito a amistoso do adeus em Nápoles e tudo mais, Careca chegou em Porto Alegre para voltar a calçar suas chuteiras, aos 38 anos de idade.
A principal condição para o acerto de Careca com a equipe porto-alegrense era a classificação para a fase final da competição regional e, segundo publicações da época, a amizade do atacante com o então técnico do São José, Francisco Neto, o Chiquinho, também contribuiu na negociação. Outro Francisco Neto, mas o Noveletto, então mecenas do clube, afirmava que os salários “quase simbólicos” seriam pagos por uma empresa responsável pelo bingo televisionado na Argentina, “a um custo bastante inferior ao valor do atleta”. Dentro de campo a aventura começou duas semanas depois do acerto com o São José, na estreia do time na fase final da Série B gaúcha. A estreia de Careca foi em 6 de maio, na vitória do Zeca por 2 a 0 sobre o Lajeadense, no estádio Passo D’Areia. Segundo o jornal Correio
sjo L Fernando Dantas/Gazeta Press
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do Povo do dia seguinte, “mesmo muito marcado, Careca protagonizou alguns lances de elevada qualidade” e saiu de campo aplaudido pelos pouco mais de mil torcedores que acompanharam a partida. No jogo seguinte, vida difícil para Careca. Em Farroupilha, na Serra Gaúcha, o São José enfrentaria o Brasil. Atenções voltadas para o veterano, que não pode fazer muito no empate em 1 a 1, em mais um jogo onde ele não completava os 90 minutos. A bem da verdade, as condições físicas de Careca estavam longe das ideais, sobretudo para a exigência de um torneio como a Segunda Divisão gaúcha. Careca não voltou a entrar em campo na repescagem do campeonato estadual, onde o São José encaminhou sua volta para a Primeira Divisão.
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O time também descolou uma vaga nas quartas de final do Estadual, graças a um regulamento maluco, e o adversário foi o Internacional. No jogo de volta, no Beira-Rio, o centroavante voltou a entrar em campo, atuando por mais alguns minutos, os últimos da passagem do astro por Porto Alegre. Ao todo, em pouco mais de um mês, foram 3 jogos oficiais, nenhum gol marcado, mas um registro importante para a história do São José, que ficou conhecido em todo o mundo por contar com um “World Class” em seu elenco, e do próprio Careca, que até então havia escolhido o clube gaúcho para sua despedida dos gramados – ele ainda voltaria a campo em outras oportunidades, mas isso é outra história.
L Mauro Vieira/Pioneiro
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“PIED D’ANGE” NA CÓRSEGA Marcelinho Carioca e Europa não tiveram uma boa relação. Depois de decepcionar no Valencia, ele tentou refazer a imagem na França, mas durou pouco
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2004 | AC AJACCIO
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AC Ajaccio é um dos sobe e desce entre a primeira e segunda divisão francesa. A última aparição na Ligue 1 foi em 2013/14. Até o fechamento desse texto, a equipe não voltou à elite e nesse período viuo jogo virar na temporada 2015/16, quando o Gazélec Ajaccio, rival de cidade, subiu para a elite. As últimas temporadas foram de luta para não cair para a National, terceiro nível local. Em uma das suas participações, em 2004/05, o clube da Córsega foi até o Brasil para reforçar o elenco. Não foi qualquer jogador contratado. Era Marcelinho Carioca, que inegavelmente teve sucesso, no geral, em suas passagens por clubes brasileiros, o que não foi o caso na Europa, onde havia passado pelo Valencia. Em 2004, o Pé de Anjo havia retornado ao Vasco, depois de
passagem pela Arábia Saudita, no Al-Nassr. Ficou um semestre, mas teve apenas lesões que prejudicaram o meio-campo. Daí então acertou com o AC Ajaccio, para a segunda passagem no Velho Continente. A ida para a França, segundo alguns sites franceses, foi por meio de um VHS, que por pouco não foi visto. O mandatário do clube, Rolland Courbis, já havia se arrependido de outros três “jogadores de VHS” que foram contratados, mas ao ver as cobranças de falta do brasileiro decidiu arriscar novamente. São as histórias que dizem! Antes de treinar com bola, Marcelinho passou um tempo se preparando fisicamente para atingir uma melhor condição física. Conseguiu estar apto para a estreia da equipe no início de agosto. Foram apenas 10 jogos pela equipe, sendo os oito
ajc L Eddy Lemaistre/Getty Images
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primeiros como titular, entre a 1ª e 12ª rodada, exceto a 7ª e 9ª jornada. Nesse período, o clube conquistou uma vitória, seis empates e cinco derrotas, sendo que com Marcelinho em campo foram cinco empates e cinco derrotas. Mesmo com poucas partidas, Marcelinho impressionou em certos momentos, fez dois gols, porém nem de longe lembrou o camisa 7 do Corinthians. Sua última partida foi no fim de outubro, quando foi relacionado no empate contra o Nantes. Vídeos dos gols não foram encontrados, uma pena! Passado o tempo, em janeiro de 2005, ele foi anunciado como reforço do Brasiliense, no ano que a equipe do Distrito Federal fez sua estreia e única participação na Série A do Brasileirão, onde teve
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bom papel, mas sem evitar o descenso. O final da história foi do AC Ajaccio foi diferente, com a equipe conseguindo se recuperar na tabela, terminando na 14ª colocação, três pontos acima do primeiro rebaixado. O primeiro turno da equipe teve apenas duas vitórias, mas no returno foram oito vitórias, com a ajuda de quatro brasileiros que foram companheiros de Marcelinho: o lateral-esquerdo André Luiz, o meia Ferrugem e os atacantes Lucas Pereira e Marcelo Tamandaré. Depois disso, o Pé de Anjo ainda teve sucesso com o Santo André, quando subiu a equipe em 2008 para a Série A do ano seguinte. A passagem pela França ficou escondida em meio ao currículo vitorioso que teve no Brasil.
L Reprodução/AC Ajaccio
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A “PASSAGEMTREINO” DO PEIXE Em campo, ele não foi visto, mas em um treino, sim. Os anos passaram e o vínculo foi mantido, pois o filho, Romarinho, teve passagem pelo alvinegro de Juiz de Fora
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TUPI | 2006
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omário tem o nome registrado na história do futebol brasileiro, mas possui alternatividades no currículo. Muitos podem se lembrar da passagem dele pelo Miami e Adelaide United, em 2006, na busca pelos mil gols, porém entre a troca entre os clubes o atual senador teve uma “passagem” pelo Tupi, clube de Juiz de Fora. O atacante estava sem clube após ser artilheiro de uma liga americana que o Miami disputava. No Brasil, a Série A já passava do primeiro turno, ele se viu com 985 gols e sem uma equipe para alcançar a marca. Foi aí que o Tupi apareceu como clube interessado. A negociação foi tratada pelos dirigentes do Tupi e a empresa que administrava a equipe. As tratativas foram
rápidas. Em 9 de outubro, uma reunião ocorreu, a imprensa noticiou e ele se apresentou. No dia seguinte, Romário começava os treinos com os novos companheiros. Vitor Lima Gualberto, editor do site Segundona Mineira, é torcedor do Tupi e na época tinha 14 anos. “Quando anunciado, foi a melhor coisa do mundo. Na época o Tupi não tinha visibilidade alguma, tinha acabado de conquistar o acesso do Módulo II. Foi um rebuliço danado em todos os tipos de mídias, até no Jornal Nacional, fiquei muito feliz devido ao fato do meu time estar sendo muito falado”, conta Vitor que concedeu entrevista para a SporTV no dia da apresentação do Peixe. Ainda sem se apresentar, o tetracampeão desconversou sobre a intenção dos mil gols,
tup L Divulgação/Gazeta Press
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como em entrevista à TV Panorama, na época. “Acertei com o Tupi para poder ajudar o time na Taça Minas. Tenho o sonho de marcar o milésimo gol, mas não foi por isso que vim para cá”. Toda expectativa, porém, foi por “água abaixo”. Romário não pôde atuar pela equipe juiz-forana, após a CBF proibir a transferência. A janela internacional foi fechada em 31 de agosto daquele ano e o Baixinho ainda atuava pelo Miami na data, ou seja, seu contrato ainda estava em vigor. Após aquela data, mesmo com o atacante livre, ele estava impossibilitado de atuar por uma equipe brasileira. “Eu sempre fui muito pés no chão com tudo na minha vida. Quando o anunciaram, comentaram sobre isso, que
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muito possivelmente ele não poderia atuar. Então eu me preparei muito para não ter decepção. E não tive. Ainda vi o Baixinho, coisa que nunca foi do costume dele (risos), treinar aqui no Tupi. Foi tudo muito bom”, cita o torcedor do clube. O Tupi entrou com uma representação à CBF para tentar validar a transferência, mas Romário fez um treino, não fez os 15 gols restantes e não ajudou o Tupi na Taça Minas. Para a torcida restou a foto do craque com a camisa alvinegra… A Taça Minas continuou e o Tupi parou ainda na primeira fase, terminando na quinta colocação de oito equipes. Romário ficou um período sem clube até acertar com o Adelaide United para atuar em seis partidas.
L Rogério Caetano/Toque de Bola | 2 Instagram/Romário
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“TODO VALE”, GIL? Enquanto o Real Madrid vivia a era dos galácticos e o Barcelona reinava com Ronaldinho Gaúcho, Gil foi atuar pelo ascendente Gimnástic, mas sem demonstrar o que se esperava
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2006 | GIMNÁSTIC
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m 2 de abril de 2006, logo após a conquistar o Campeonato Mineiro com o Cruzeiro, Gil concedeu uma entrevista, ao vivo, para a Rádio Itatiaia, que rendeu um dos mais lembrados momentos do rádio esportivo nacional: — Vale tudo, Gil? Até o torcedor invadindo o campo, tirando a roupa de vocês? – perguntou o repórter Amaral Junior, da rádio Divinópolis. Gil respondeu: — Só não vale dar o c*, mas o resto vale tudo! Surpreso, assustado e indignado, o repórter completou: — Nossa Senhora. Tá legal. Brincadeira, né? Um jogador
profissional, numa rádio CATÓLICA, falar uma besteira dessa! Quatro meses depois dessa fala após a decisão contra o Ipatinga, o atacante acertou a ida para o Gimnástic, clube que disputava a primeira divisão espanhola. A equipe da Catalunha pagou cerca de 800 mil euros (2,2 milhões de reais na época) por 50% dos direitos federativos junto ao Cruzeiro. O Nástic voltava à elite 56 anos após inúmeras temporadas se intercalando na segunda e terceira divisão. No elenco, se destacavam o goleiro Bizzarri, o zagueiro César Navas e os atacantes Makukula e Javier Portillo, dois dos quais Gil teve que brigar por posição.
gim L Divulgação/CA Juventus
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Quando saiu do Cruzeiro, o atacante disse: “A diretoria me deu a chance para que eu jogasse em um grande clube, que acabou me abrindo as portas para jogar na Europa”. Porém, a experiência duraria apenas uma temporada, com 19 jogos, nenhum gol e a lanterna da competição. Dos 19 jogos que participou, 12 foram como titular. Em outras cinco partidas, foi relacionado, mas não entrou. Em dez momentos não foi relacionado e assim perdeu os dois jogos contra o Barcelona e um com o Real Madrid. Apesar de não ter marcado, há alguns lances do atacante que a Revista Série Z separou e você pode conferir clicando na caixa abaixo. Muitos dos jogos não foram encontrados no Youtube. Até mesmo fotos da passagem são raras. Após a estadia curta na Europa, o atacante, em agosto de 2007, acertou o retorno ao Brasil para jogar pelo Internacional, onde chegou para ser o substituto de Iarley, que havia sofrido uma lesão no ombro. Muitos podem não se lembrar, mas Gil jogou na Espanha.
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Os lances de Gil pelo Gimnástic
L Reprodução/SC Internacional | ASCOM/Cruzeiro EC | Divulgação/Mundicromo
+ SOBRE O GIMNÁSTIC A participação do Gimnástic em 2006/07 foi apenas a quarta na história do clube em La Liga. Antes, havia disputado a elite espanhol apenas entre 1947/48 e 1949/50. A equipe subiu como vice-campeã da segunda divisão espanhola. Após a passagem pela La Liga, a equipe teve nove temporadas na Liga Adelante e quatro na Segunda División B, onde se encontra atualmente. O mais perto que teve de retornar à primeira divisão foi em 2015/16, quando terminou a temporada regular em 3º lugar, mas logo em seguida, perdeu a semifinal do playoff para o Osasuna. Gil foi o segundo brasileiro a atuar pelo clube tarraconense. Antes dele, o zagueiro Marcelão, em 2001/02, que veio do Barcelona B, onde passou por testes vindo do Guaratinguetá, que disputava a quinta divisão. Depois de Gil, três brasileiros passaram pelo time catalão: o zagueiro Gabriel Atz (ex-Grêmio e Rubin Kazan), em 2008/09; o meia central Pablo (atualmente no São Bento), em 2009/10 e Bruno Perone, zagueiro, que esteve na equipe em 2017 e retornou ao clube nesse ano, onde tem quase 40 jogos no currículo.
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A PROMESSA
NÃO CUMPRIDA Em 2007, Jardel era anunciado pelo Anorthosis Famagusta, do Chipre, como a grande contratação da história do futebol local. Não saiu como esperava!
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2007 | ANORTHOSIS
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ode parecer estranho, mas é a pura verdade: Mário Jardel jogou no Chipre. Foram cinco meses escondidos e sem demonstrar o futebol que lhe foi depositado. Ídolo do Grêmio e do Porto, o atacante vivia uma fase decadente quando acertou sua ida para o Anorthosis Famagusta, em 2007. Seu clube anterior era o BeiraMar, que ocupava a lanterna da liga portuguesa. Em uma segunda-feira, mais exatamente, dia 15 de janeiro de 2007 que o seu contrato com o clube português foi rescindido e quatro dias depois já era apresentado como novo jogador do Anorthosis, que segundo o site do clube se tratava da “maior transferência de sempre no futebol cipriota”. Ao chegar no Chipre, Jardel foi tratado como estrela e pela transferência inusitada, concedeu uma entrevista ao site da UEFA. A animação e expectativa eram
altas. “Vim aqui jogar futebol, dar tudo pelo Anorthosis, fazer gols e satisfazer as expectativas que todos têm de mim. Espero fazer pelo menos fez gols”, disse. Ele, também, deu uma resposta padrão sobre a história do clube e como estava na temporada. “O Anorhosis é uma equipe ofensiva que concorre pelo título e essa é a principal razão pela qual estou aqui”. O contrato firmado tinha duração de cinco meses, com opção de renovar por mais uma temporada, mas não houve renovação, cumprindo o que havia firmado. Foram semanas escondidos e os registros desta passagem são pequenos, segundo o site 24sports.com, o Super Mário, como era chamado em Portugal, fez três gols, em jogos contra o Nea Salamis, AEP e AEL Limassol. Assim, o número de gols, caso tenham sido apenas esses, foi abaixo do prometido na metade final da liga cipriota.
afg L ASCOM/
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2006 BEIRA-MAR
2007 NEWCASTLE JETS
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O Anorthosis era terceiro colocado quando anunciou Jardel e de lá não saiu até o final do campeonato. Na mesma temporada, porém, o brasileiro fez parte do grupo campeão da Copa do Chipre. Infelizmente, ele não escreveu seu nome na história do futebol local como queria e poderia. Foi apenas isso, após o contrato de cinco meses. Depois da passagem pela ilha do Mediterrâneo Oriental, Jardel foi jogar no futebol australiano para atuar no Newcastle Jets. Entre 2008 e 2011, atuou no Criciúma, Ferroviário, América-CE, FlamengoPI, Cherno More (BUL), Rio Negro e Al-Taawon (SAU). Três anos depois, foi eleito deputado estadual no Rio Grande do Sul, com 41 mil votos, porém se envolveu em casos de corrupção, quando no ano seguinte foi denunciado por extorsão de funcionários, nomeação de servidores-fantasmas e desvio verbas em benefício próprio. Em 2016, foi cassado.
L 1 Reprodução/Desporto Aveiro | 2 Getty Images | 3 Xandy Rodrigues/Ferroviário AC
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CLASSE EM SAN MARINO Imagina ter uma carreira de tanto sucesso e após se “aposentar” continuar jogando, mas por clubes de países periféricos? Foi isso que Aldair fez quando foi jogar em San Marino
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2007 | MURATA
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se eu te dissesse que Aldair disputou a Liga dos Campeões da Europa por três clubes diferentes? A Roma, obviamente, é o mais claro, pois lá fez maior parte da carreira com 441 jogos pela equipe da capital italiana. Antes de ir para a Itália, ele teve uma temporada pelo Benfica. Depois de toda carreira de sucesso, com títulos da Copa do Mundo, Copa das Confederações, duas Copas América, um Brasileiro e um Italiano, o zagueiro de muita classe, apontado por muitos como um dos melhores da história do futebol nacional, partiu para o lado B do futebol, com a passagem pelo Murata, do San Marino. Primeiramente, ele acertou com o Genoa para disputar a segunda divisão italiana, onde jogou ao lado de Zé Elias e de Diego Milito. A campanha na Serie B 2003/04 foi aquém da esperada, ficando mais perto da
zona de rebaixamento que do grupo de acesso. Ele decidiu se aposentar, mas resolveu voltar aos gramados por amor a esposa, que é capixaba, e por isso vestiu a camisa do Rio Branco, que na época estava na segunda divisão do estado. Fez apenas dois jogos, incluindo a final, e ajudou a conquistar o título do Capixaba Série B 2005. Não parou por aí! No caso, chegamos ao nosso foco central, a passagem do defensor pelo Murata, do San Marino, para defender a equipe nas partidas preliminares de Liga dos Campeões. O convite surgiu a partir de Massimo Agostini, contemporâneo dele como jogador e que iniciava a curta trajetória como treinador, com o adendo que foi comandante da seleção italiana no Mundial de Futebol de Areia de 2006. A passagem do zagueiro, aos 41 anos, contou com duas partidas pela Liga dos Campeões
mur L ASCOM/SS Murata
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em temporadas diferentes. Em 17 de junho de 2007, ele entrou no segundo tempo do embate contra o Tampere United, da Finlândia, quando perderam por 2 a 1. Segundo sites pesquisados, como Wikipedia e oGol, consta que ele fez mais partidas durante a temporada, quando o Murata conquistou o título do campeonato e da copa de San Marino. Com isso, nova vaga para a Liga dos Campeões. Antes do início da segunda temporada, o Murata partiu para um sonho: tentar a contratação de Romário e... Michael Schumacher. Como sabemos, nenhuma das negociações teve o desfecho positivo. Convidado por Aldair, Romário estava pendendo a aceitar o convite, mas a morte do pai fez com que mudasse de planos. O caso de Schumacher surgiu como interesse futebolístico, mas foi desmentido pelo diretor do
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clube, Denis Casadei, que alegou que o convite era apenas para um evento do clube, nada de jogar futebol. Assim, a segunda partida continental de Aldair pela agremiação sanmarinense foi em 15 de julho de 2008, quando em Serravalle, o tricampeão nacional (únicos três títulos nacionais da história do “alvinegro) recebeu o sueco IFK Goteborg. Aldair esteve em campo durante 90 minutos, mas não evitou a goleada por 5 a 0. Na partida de volta, ele não atuou e assim encerrou a carreira definitivamente. A passagem de Aldair pelo Murata é cercada de alguns mistérios como dissemos, pois não temos registros de quais os outros campeonatos ele participou, mas fica a história da terceira passagem por um clube de Liga dos Campeões da Europa: Benfica, Roma e Murata!
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JUNTOS NO FLAMENGO? por JOÃO PEDRO SOLDERA e FELIPE TEIXEIRA MABILIA administradores do Jogadores que Jogaram Juntos
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2014 | FLAMENGO-PI
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maral e Edílson são companheiros de longa data. Chegaram a morar e jogar juntos no começo da carreira de Amaral, no Palmeiras, em 1993 e passaram também pelo Corinthians, no final dos anos 90. São amigos até hoje. Uma simples busca na internet revela dezenas de vídeos dos causos contados por um e por outro, sempre com muito bom humor. Após o título Paulista de 1999, seus caminhos se separaram. Amaral foi para o Vasco e o Capetinha seguiu no Corinthians, com tudo indicando que encerrariam suas carreiras sem dividir o campo como companheiros novamente. Mas, em 2014, seus caminhos voltaram a se cruzar em Teresina, no Piauí. Para o lançamento do novo uniforme, o Esporte Clube
Flamengo, também conhecido como Flamengo do Piauí, marcou um amistoso contra a Seleção de Duque Bacelar, uma cidade do interior do Maranhão. Além de apresentar a nova vestimenta e os novos jogadores da equipe para o ano, buscaram adicionar mais um atrativo à partida, trazendo Amaral (que negociava com a equipe um contrato de três meses) e Edílson. O jogo no estádio Lindolfo Monteiro correu bem para os donos da casa. Vitória por 5 a 1, com direito a gol do Capetinha ainda no primeiro tempo. Apesar de colocar em campo um pentacampeão pela Seleção Brasileira e um multicampeão por onde passou, o público foi baixo, menos de 100 pessoas conforme reportagens da época. Juntos, Amaral e Edílson tinham que acrescentar mais
fla L Renan Morais
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uma história ao seu repertório. Ao longo das semanas seguintes, a equipe iniciou o campeonato estadual com uma curiosidade: não havia jogadores com os números 5 ou 10 em campo. O motivo disso é que os dois convidados acabaram levando as camisas que utilizaram como recordação e a equipe não possuía outras para utilizar nos jogos seguintes. Apenas na 5ª rodada do primeiro turno do estadual o time voltou a ter os números em campo. O Flamengo acabou eliminado na semifinal do primeiro turno após derrota em casa por 3 a 1 para o Parnahyba. No segundo turno, nova eliminação na semifinal, dessa vez para o 4 de julho. Amaral, que chegou a dizer que só faltava assinar para disputar o Piauiense no
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ano anterior, também não concretizou a negociação em 2014. Acabou ficando parado até 2015, quando assinou com o Capivariano, clube da sua cidade, onde encerrou a carreira. Já o Capetinha, que estava aposentado desde 2010, manteve-se fora dos gramados até 2016, quando assinou com o Taboão da Serra, onde fez apenas duas partidas, perdendo um pênalti na estreia. Após a breve passagem, aposentou-se definitivamente. O Flamengo, por sua vez, amarga um longo jejum, sem ser campeão estadual desde 2009. Hoje, afundado em dívidas e sem sequer um campo próprio para treinar, parece impossível para o Mais Querido contar com craques como Amaral e Edílson, restando apenas a lembrança da goleada em 2014.
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“LOS OCHO GOLES DEL BRUJO” O único capítulo alternativo da história de Ronaldinho foi no México, quando acertou com um clube longe do topo histórico dos astecas. Assim como o Atlético, se tratava de um Galo
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2014 | QUERÉTARO
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ntre setembro de 2014 e maio de 2015, Ronaldinho Gaúcho teve seu momento futebol alternativo, quando defendeu o Querétaro, do México, no maior momento da história do clube que surpreendeu a todos com a contratação do atleta duas vezes melhor do mundo. Nesse período, Ronaldinho fez 29 jogos (25 pelo campeonato e quatro pela copa) e oito gols. O Querétaro ficou conhecido nesse período como o “time mais brasileiro” do México, pois chegou a ter cinco jogadores daqui no elenco, além do craque: o goleiro Tiago Volpi, os meias Danilinho e William e os atacantes Camilo Sanvezzo e Ricardo Jesús. Não demorou para o jogador fazer seu primeiro gol.
Logo na segunda partida, na goleada por 4 a 1, de pênalti, ele abriu o placar contra o Chivas Guadalajara. O próximo tento veio na quarta partida, quando nos acréscimos, de falta, fez o de honra na derrota para o Atlas, por 2 a 1. O mesmo placar com gol dele foi visto na sexta partida, quando perderam para o Pachuca. Depois dos três gols em seis partidas, Ronaldinho viveu a maior seca, com 13 jogos sem marcar. A volta às redes foi em uma das mais emblemáticas vitórias da história do clube, talvez a maior, quando no Azteca fez 4 a 0 no América, com os dois últimos gols dele, sendo que entrou aos 39 minutos do segundo tempo. Ronaldinho fez mais dois gols nas duas rodadas finais da primeira fase do Clausura
que L ASCOM/Querétaro FC
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nas vitórias contra o Morelia (2x1) e o Chiapas (1x0). Classificado às quartas de final, Ronaldinho passou a ser menos utilizado, pois começou a cair de produção. Ele foi titular nas duas partidas contra o Veracruz, que abriram a segunda fase. No jogo de volta, ele fez o gol que decretou a classificação às semifinais, e que foi bem parecido com aquele da Copa do Mundo de 2002 em cima de Seaman nas quartas de final contra a Inglaterra. Foi o último gol dele com a camisa do clube. Na semifinal, ele foi titular nos primeiros 45 minutos iniciais do confronto contra o Pachuca e não entrou mais. Na final, então maior feito da
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equipe na história, ele entrou no decorrer das duas partidas contra o Santos Laguna, quando perdeu por 8 a 0 no placar agregado. Depois disso, o distrato foi feito e os caminhos foram distintos. Ronaldinho ficou três meses parado, até acertar com o Fluminense, onde fez nove participações e nenhum gol. Os Gallos Blancos partiram para a única conquista grande da equipe, que veio em novembro de 2016 com o título da Copa México Apertura. A diferença do que ocorreu não deixou a lembrança menor, mesmo que o Bruxo não seja o maior brasileiro da história do clube... Os gols de ronaldinho no querétaro
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