REVISTA SÉRIE Z #48 | GUIA da SÉRIE B 1971 (Especial 50 Anos)

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A REVISTA DO FUTEBOL ALTERNATIVO JUL.2021 | #48

GUIA

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SÉRIE B 1971

+ 17 CLUBES DAS SELETIVAS ESTADUAIS

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quem fez EDITOR, PROJETO GRÁFICO e DIAGRAMAÇÃO, REVISÃO, REDAÇÃO E PESQUISA Felipe Augusto

e s c a l a ç ã o

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INTRODUÇÃO

OS 37 CLUBES 10

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58 REFERÊNCIAS

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o espelho

modificado Esse especial serve para vermos se um espelho de 50 anos tem mais diferenças ou semelhanças. Ou se muitas semelhanças apenas mudaram de divisão

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Q

uando imaginamos esse guia especial, nossa ideia era simular como se estivéssemos em 1971 para relatar como seria a primeira competição de segundo nível do país – como parte da “pirâmide” do futebol –, como fazemos com a Série D, Feminino Série A2 e Série C. Porém, é necessário lembrar que na época, o Brasil vivia a Ditadura Militar, um momento tortuoso da história, que devemos sempre lembrar para ficar apenas no passado. As relações da política e futebol eram claras e expostas sem nenhum tipo de pudor. Atualmente, essas existem ainda, mesmo que você tape os olhos para não ver. Dois pontos são muito importantes para expressar o motivo da remodelação do futebol nacional naquele momento, com a criação do Campeonato Brasileiro: o Plano de Integração Nacional e a conquista do Tricampeonato Mundial um ano antes. O primeiro utilizou o futebol para demonstrar que toda estrutura mais moderna poderia chegar a todo canto do país. Enquanto o título fez com que houvesse uma pressão para se melhorar a elite do futebol brasileiro, com um sistema mais sólido.

L Divulgação/Revista Placar

A ideia de que as cidades ficavam longe uma da outra é uma falácia, de certa forma, pois a aviação nacional era bem integrada no momento, onde possibilitava as viagens. O que acontecia é que os custos eram altos e não havia quem pagar: o governo federal resolveu intervir e garantiu toda logística. Porém, a Confederação Brasileira de Desportos não garantiu nenhuma passagem aérea para os clubes, o que provocou muitas negativas para a disputa, como de clubes da Bahia, Rio Grande do Sul e Guanabara (Rio de Janeiro capital atualmente). Nas fases regionalizadas, o transporte era feito por ônibus ou trem. Muitas vezes, chegavam em cima da hora das partidas por algum problema nos veículos. A Série B 1971, que foi nomeada como Campeonato Nacional de Clubes da Primeira Divisão, surgiu para dar espaço aos demais estados que não foram contemplados na primeira divisão. A confusão foi feita logo nesse momento. Goiás foi o estado que mais se sentiu desprestigiado por não ter vaga na elite, assim, se recusou a participar da primeira Série B - que chamaremos assim para facilitar a identificação. Em 1971, a

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primeira divisão teve oito de 22 estados representados. Isso causou a revolta, que criou uma competição paralela, o Torneio da Integração Nacional, que tem esse nome claramente em alusão ao plano econômico da época, que reuniria clubes insatisfeitos ou sem vaga nos dois campeonatos nacionais da CBD. O que nasceu como revolta, acabou tendo chancela da entidade e foi disputada toda em Goiás. Simultaneamente a isso, a confederação manteve a Série B, mas sem vários clubes originais, como Goiás, Vila Nova, Atlético Goianiense, Fortaleza, Fast Clube e União Bandeirante, que teriam vaga pela classificação do Estadual do ano anterior ou vigente. A competição teria ao final, o encontro entre os campeões da “conferência” Norte-Nordeste e Centro-Sul. Assim, 37 clubes de 16 estados estiveram em certo momento da disputa, que teve uma fase estadual (ou preliminar) inicialmente em Alagoas, Ceará, Pará (a Revista Placar considerava como parte da Primeira Fase, onde ocorria confrontos interestaduais), Maranhão, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco e Sergipe. Nesse especial, nosso foco será

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nos clubes que tiveram confrontos interestaduais, por isso, o Remo será o único com uma página especial no “Guia”. Outro grande problema da competição é que não havia garantia de acesso, pois o regulamento apenas previa se “levará em conta a situação do campeão da Primeira quando convidar os clubes para a Especial” de 1972, o que não aconteceu, pois o campeão Villa Nova não participou. A Primeira Fase (ou fase média ou chamada por nós, como interestadual) teve cinco grupos, sendo dois com quatro (incluindo o Pará), dois com três e um com cinco clubes. Três desses grupos eram formados por nordestinos. Segundo a Revista Placar, na “Primeira Divisão - Acesso - do Campeonato Nacional”, a parte Nordeste da competição seria o Nordestão, mesmo sem a presença de Bahia, Ceará, Sport e Santa Cruz. Tanto que o Itabaiana venceu a disputa, mas até hoje não tem reconhecimento oficial e igual aos títulos atuais do torneio regional. Cada campeão de chave se juntou a outros quatro clubes que entraram na segunda fase de maneira direta: Mixto, Central de Barra do Piraí, Rodoviária e Villa Nova. Os mato-grossenses foram


os únicos a se inscrever na região CentroOeste (que era considerada como parte do Centro). O Central foi direto, pois não houve inscrições de estados como Guanabara e Espírito Santo - Desportiva e Rio Branco reclamaram da falta de convite, mas não tiveram nem resposta. A suposição seria a falta de um estádio de grande capacidade. A Rodoviária se beneficiou da desistência do Fast Clube, pois o Norte na época era considerado como Amazonas e Pará, mesmo que o Acre já tivesse reconhecimento e campeonato de futebol. O Villa Nova conseguiu a vaga após um triangular mineiro. Depois, semifinal e final, onde a taça acabou ficando para o Villa Nova, clube mineiro que fez 12 partidas na competição, uma a menos que o adversário na final, o Remo. Foi assim, que a Série B nasceu! Durante o tempo, sofreu com hiatos, asteriscos, falta de acesso, subidas no mesmo ano, vários formatos, até chegar no modelo atual, com os pontos corridos. Esse guia vai falar de futebol, de um lado alternativo de 50 anos atrás, mas era necessário lembrar com qual viés surgiu e o quanto que pode explicar todas as falhas do futebol brasileiro apresentou durante o tempo.

L Divulgação/Revista Placar

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