Percurso Tipográfico

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NACULAR R E V N G I S RTALEZA TO DO DE UM RETRA DO CENTRO DE FO

Recife 2017


© 2017 SERIFAFINA Lia Alcântara Rodrigues (Presidente), Leonardo Araújo da Costa Buggy (ViceComissão Editorial Serifa Fina

Presidente), André Maya, Bruno Porto, Cláudio Rocha, Delano Rodrigues, Elias Bitencourt, Fábio Caparica, Fabiana Moraes, Fernanda Martins, José Marconi Bezerra, Lia Mônica Rossi, Mário de Faria Carvalho, Mauro Pinheiro, Patrícia Amorim, Patrícia Araújo, Rafael Dietzsch, Rafael Neder, Rosângela Vieira, Solange Coutinho e Verônica Freire

Edição Capa Projeto Gráfico Diagramação

Lia Alcântara e Buggy Buggy Nilo Macena e Buggy Nilo Macena, Sabrina Helen, Cleilton Pereira, Lícia Braga, Adson Queiroz, Victor Furtado, Mariana Araújo e Ulysses Falcão

Revisão Textos Fotos

Nilo Macena e Lia Alcântara Buggy, Lia Alcântara, Paulo Alcobia e Eugênio Moreira Adson Pinheiro Queiroz, Alessandra N. Pereira, Amanda Finger R. de Oliveira, Artur Elisiario Carleial, Camila Rodrigues de Lima, Carlos Eugenio Moreira de Sousa, Cleilton Pereira dos Santos, Erik Santos Lima, Francisco Lucas Castro de Almeida Junior, Gleyce Lopes Rolim, João Paulo Uchôa Lopes, Leonardo Araújo da Costa Buggy, Leonardo Bezerra Luciano, Mariana Araújo Cardoso, Pedro Henrique Teodoro Xavier, Sabrina Helen Mariano dos Santos, Uoston Ricardo da Silva e Weuller dos Santos Leite

BUGGY, Leonardo Araújo da Costa, 1976 Percurso Tipográfico: um retrato do design vernacular do centro de Fortaleza / organização, Leonardo Araújo da Costa Buggy; Recife: Serifa Fina, 2017. 100 p. ; e-book. ISBN 978-85-66599-07-7 1. Design gráfico. 2. Tipografia. 3. Fortaleza. I. Leonardo Araújo da Costa Buggy. II. Título.

Todos os direitos desta edição reservados à Serifa Fina Rua Dr. Atualpa Barbosa Lima, 840/1404 CEP 60115-015, Fortaleza-CE www.serifafina.com.br


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PREFÁCIO

BUGGY é mestre em design pela UFPE, especialista em gestão de empresas pela Fundação Dom Cabral. Atualmente é professor do Curso de Design da UFC, coordenador do LTC e vice-presidente da Comissão Editorial da Serifa Fina. LIA ALCÂNTARA é mestre em design e especialista em ergonomia pela UFPE. Atualmente é professora do Curso de Design da UFC, colaboradora do LTC e presidente da Comissão Editorial da Serifa Fina.

O olhar estrangeiro é realmente sempre mais fresco que o autóctone? Diversas pessoas perceberão os mesmos fenômenos ao ver uma mesma paisagem? Quantas formas de reter tais leituras em imagens são possíveis antes que o interesse por elas se esgote? Entendemos estes questionamentos como provocações. Desafios que nos motivaram a traçar um percurso no qual diversas vivências pudessem averiguar um conjunto de manifestações planejadas e espontâneas de letras que se prestam aos mais diversos fins. Um modo diferente de se relacionar com o espaço urbano e, quem sabe, de se apaixonar por uma Fortaleza que muitas vezes parece transparente. Uma vez pronto, é fácil perceber que fazer este livro a várias mãos, do conteúdo à diagramação, produziu uma amplificação da capacidade de apreciação, empatia e percepção em cada sujeito que participou da sua produção. A construção colaborativa de saberes é uma constante no trabalho do Laboratório de Tipografia do Ceará (LTC) e, com o Percurso Tipográfico, foi possível exercitar esta característica dentro e fora dos muros da Universidade. O ‘Percurso’ foi idealizado por Paulo Alcobia, nascido em Portugal e atualmente professor do Curso de Design da UFC. Sua vivência em outro continente encontrou-se com sua extrema sensibilidade, com seu gosto pelas letras e intrigou-se com as ruas do Centro de Fortaleza. O bairro foi escolhido por suas particularidades arquitetônicas, por sua ocupação caótica, por sua efervescência. O professor Eugênio Moreira foi convidado a contribuir com sua amistosa, curiosa e profunda leitura sobre nossa cidade. A partir daí, o projeto ganhou fôlego com o empenho de toda a equipe do LTC: foi traçado um percurso, escolhida a data e aberta a chamada a todos que quisessem caminhar conosco em busca de letras e números com formas interessantes.


Liderados pelo Professor Paulo, um heterogêneo grupo reuniu-se na manhã do dia 15 de julho de 2017. Eram alunos, professores, profissionais liberais, designers, não designers, curiosos que ouviram sobre o evento no rádio. O ponto de convergência entre essas pessoas não era necessariamente a tipografia em si, mas o seu apreço pela cidade em que moram e a busca de uma nova forma de relacionar-se com ela. A alegria no rosto de todos enquanto caminhavam pelas ruas do Centro com suas câmeras em punho, a troca generosa de descobertas e a interação com os transeuntes e comerciantes marcou todo o trajeto. Por vezes pudemos observar olhares surpresos, alguns deslumbramentos, saudades, reencontros. O ponto de vista do carro ou do ônibus unido à pressa do dia a dia nos cega para tantas possibilidades tipográficas! Naquele sábado, estávamos atentos. Algumas das nossas descobertas daquele dia estão compartilhadas nas próximas páginas mas ainda há tanto por ver! Que venham outros olhares, outros lugares, outros percursos!

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UMA INTRODUÇÃO

PAULO ALCOBIA é doutor em design de comunicação pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa e mestre em ciências empresariais pela INDEG-IUL/ISCTE. Atualmente é professor do Curso de Design da UFC.

Vivemos e pensamos e mudamos de acordo com as revoluções do nosso tempo e o nosso meio ambiente. Somos expostos a quantidades imensas de informação que as gerações anteriores, durante milhares de anos, não foram foram confrontadas. Arquivamos, apagamos, traduzimos e disseminamos informação. Porém, como extrair conhecimento útil destes valiosos recursos disponibilizados? Diariamente ficamos reféns de emails, horários, notícias, contas e claro, das redes sociais. Temos acesso a bibliotecas inteiras, museus e fotografias, músicas e vídeos como nunca anteriormente. Podemos comparar preços, comprar e vender coisas com recurso aos meios digitais e a um sistema de correio altamente eficaz. Atualmente podemos imprimir objetos tridimensionais. Devido a diversos fatores, nomeadamente a segurança, nunca os estados tiveram tanta necessidade de controlar e compreender os movimentos individuais. A necessidade de traduzir de forma clara e rápida enormes quantidades de informação tornou fértil o território do desenvolvimento do design da informação. A sua principal tarefa é, desde o seu início, arrumar, descomplexificar e valorizar o âmago das mensagens inerentes e entender que elas dependem do conhecimento apriorístico dos públicos hipotéticos a quem se destinam, o que em muitas situações é contraditório, pois as formas


de pensar de cada grupo podem ser quase antagônicas. Se uns desejam funcionalidade e depuração, outros querem ver expressividade e poética, apenas a título de exemplo. Já sem nos preocuparmos com outro tipo de requisitos perceptivos e mesmo cognitivos ou comportamentais. O objetivo deste projeto tem por base um desejo, o de querer ver. Ver em simultâneo, em paralelo, ver o ruído e ver o nivelado, ver através da transparência das camadas de informação sobrepostas, criadas por gentes diferentes em momentos históricos por vezes distantes. Os percursos e achados tipográficos na cidade de Fortaleza foram a denominação encontrada para se oferecer um pretexto de experimentação e exploração, através de um percurso previamente determinado, na cidade de Fortaleza, realizado por um grupo de pessoas que de alguma forma estabelecem com a cidade uma relação afetiva mais ou menos identitária, e cujo objetivo comum é o de colher referências ou elementos tipográficos possibilitados pela escala urbana, desse mesmo percurso, realizado a pé. Concorda-se com Guy Debord quando nos alerta para “A primeira fase da dominação da economia sobre a vida social levou, na definição de toda a realização humana, a uma evidente degradação do ser em ter.” Porém, esta aquisição de elementos visuais tem como propósito não o desejo de posse, mas tão somente a busca da evidência de gramáticas generativas, cuja formalização tem por base o texto, a expressão da mensagem, mesmo que esta seja paradoxalmente um diálogo com outras, que a confrontam e contrariam no mesmo espaço do enquadramento da câmera fotográfica. Faz parte deste processo uma divulgação. Em nosso entender, permitirá estruturar-se como um suporte. Anuirá interpretar e realçar formas, cenários que desloquem o entendimento mais restrito da tipografia enquanto meio de expressão do conteúdo de mensagem, para o campo onde se elencam características, onde é possível reforçar um conhecimento histórico, técnico, cultural e social destes lugares. O valor intrínseco deste trabalho será induzir novas recolhas, em outros caminhos e lugares. Demonstrará a importância da qualidade de competências neste domínio do design gráfico e estabelecerá práticas de atuação neste território onde é ainda difícil declarar fronteiras, entre design ambiental, de informação e da comunicação.

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O MESMO TEXTO, UMA OUTRA LEITURA

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11 EUGÊNIO MOREIRA é mestrando em arquitetura, urbanismo e design e graduado em arquitetura e urbanismo pela UFC. Atualmente é fotógrafo amador e garimpeiro de memórias nas horas vagas.

O processo pelo qual o bairro do Centro de Fortaleza passou não difere muito de outros bairros centrais das grandes cidades brasileiras. Ele representa o núcleo inicial da aglomeração urbana que começa, oficialmente, a partir da instauração do povoado do Forte de Nossa Senhora da Assunção como sede da vila em meados do século XVIII. Passa por um período de grande ascensão, estabelecendo-se como centro exportador de algodão. Na passagem para o século XIX, “embeleza-se”, ganha edificações mais imponentes com influências europeias, sobretudo francesas. Neste momento, aquilo que hoje é o núcleo do bairro era o limite da própria cidade. Nele estavam localizados cinemas, sedes de clubes e associações, residências das famílias mais abastadas. Porém, nas décadas de 1920 e 1930 uma grande afluência de retirantes do interior do estado, fugidos da grande seca que assolava a região, influencia (senão provoca) o movimento das elites para bairros vizinhos como o Jacarecanga e, futuramente, a Aldeota. A cidade cresce, os usos residenciais do bairro vão dando lugar ao comércio varejista e muitas edificações são demolidas ou descaracterizadas. Hoje, avaliando a paisagem arquitetônica do bairro, muitos não concordam em caracterizá-la como um conjunto, uma vez que grandes extensões, homogêneas em estilo, deram lugar a um grande mosaico, um entrelaçamento de tempos e vontades. Nesse contexto, passear pela região pode parecer, à primeira vista, uma experiência um tanto hostil. Kits de sobrevivência doméstica disputam acirradamente com aparelhos eletrônicos de procedência duvidosa, as últimas tendências da moda verão, promoções das mais imperdíveis e cavalos


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de potência pela hegemonia dos nossos sistemas perceptivos. Engenhos publicitários de grande escala recobrem muitos dos sobreviventes edificados, escondendo suas feições, quando não destruindo-as, proporcionando uma leitura fragmentada, que pode induzir à percepção de que não há mais nada de interesse, mais nada a ser apreciado e preservado. Na contramão disso, propõe-se uma outra leitura. E se, ao invés de concentrarse nessa busca por uma suposta homogeneidade perdida, abraça-se a ideia do mosaico? Afinal, é possível argumentar que o processo de criação cultural dos povos latinoamericanos, assimétrico em sua condição de colônias, se desenvolve a partir da agregação de elementos de diversas culturas. Essa miscigenação cria algo único para cada lugar, adaptado ao meio, produto de suas condições sociais e econômicas. As permanências arquitetônicas que podemos encontrar no Centro de Fortaleza, embora caracterizadas como sendo do estilo Eclético em alusão ao movimento europeu do qual sofreu inspiração, são elas próprias um amálgama de culturas diversas. A influência francesa foi reinterpretada pela mão de obra de descendência indígena, negra e portuguesa, que à sua maneira produziu elementos ornamentais que vão da flor-de-lis ao busto indígena, passando por motivos fitomórficos de inspiração na flora local, animais de regiões exóticas e seres fantásticos. Cada edificação é ela própria um mosaico, colocando-se como um agregado complexo dentro de um sistema maior. Nessa ideia de sistema, a arquitetura não figura como algo isolado, mas como um dos nós de uma grande rede de criação dinâmica, agregadora, cujas filigranas podem ser percebidas em diversas outras manifestações culturais, como as danças, as festas, a música, os utensílios, a culinária, as peças gráficas. O Centro Fortaleza é um grande exemplo disso e tomar essa consciência pode transformar a experiência de lê-lo e vivê-lo.


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Este livro foi composto com as fontes Tahoma, Terrorista Dilma e Terrorista Lamarca. Arquivo .pdf finalizado em outubro de 2018.



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