7leituras maio

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12º ano

García Lorca

Bodas de Sangue

Concepção e Direção Geral Eugênia Thereza de Andrade Direção Aimar Labaki



Bodas de sangue García Lorca

Leonardo é a única personagem com nome próprio em Bodas de Sangue. À primeira vista, o texto se estrutura a partir de um triângulo amoroso formado por ele, a Noiva e o Noivo. Mas a teia que envolve as outras personagens – Mãe, Mulher, Pai da Noiva, Criada, Mendiga, Lua, Lenhadores e um côro de Mulheres – , na pequena aldeia andaluza onde vivem, revela ainda outra trama: a da Tragédia que acompanha toda e qualquer vida. Por meio de símbolos, numa estrutura dramática, mas com linguagem poética, uma história de amor, paixão e morte serve como metáfora para a vida em si. Aimar Labaki Escritor, Dramaturgo, Diretor de Teatro SP, maio de 2018


Federico García Lorca

(1898/1936)

Nasceu numa pequena localidade da Andaluzia, em 5/6/1898; ingressou na faculdade de Direito de Granada em 1914; transferiu-se para Madrid, onde conviveu com grandes artistas e intelectuais, dentre eles Luis Buñuel, Salvador Dali e são dessa época seus primeiros poemas. Lorca foi um jovem de grande vigor, alegria e entusiasmo pela cultura do seu país; logo revelou evidente talento para a música e poesia vindo a ter total apoio da família. Seus primeiros trabalhos são inspirados nas terras da Andaluzia (Impressões e Paisagens, 1918), à música e ao folclore regionais (Poemas do Canto Fundo, 19211922) e aos ciganos (Romancero Gitano, 1928). O poeta esteve nos Estados Unidos e em Cuba, período de seus poemas surrealistas. Sua obra “Poeta em Nova Iorque”, de 1940, Lorca expressa profunda crítica ao “modus vivendi” do norte-americano e a brutalidade daquela civilização. Foi criador do La Barraca, grupo de teatro com o qual percorreu o país apresentando-se com sucesso. Durante sua curta vida jamais escondeu suas ideias libertárias e socialistas.


Lorca foi compositor precoce, excelente pintor e pianista. Sua música se refl ete no ritmo e sonoridade de sua obra poética. Como dramaturgo escreveu três tragédias passadas na Andaluzia: Bodas de Sangue (1933), Yerma (1934) e A Casa de Bernarda Alba (1936). Assegurou assim sua posição como grande dramaturgo. García Lorca foi assassinado pelos franquistas em 1936, inicio da Guerra civil espanhola. Ian Gibson, intelectual irlandês, estudioso da vida e obra do poeta, escreveu: “o assassinato de Lorca foi parte de uma campanha de assassinatos em massa que visava eliminar apoiadores da Frente Popular Marxista”. O assassinato do poeta imprimiu uma mancha negra sobre o regime de Franco, sobre a Espanha ferida. Eugênia de Andrade SP, maio de 2018.



3 de maio em Madri "Os Fuzilamentos" 1814 Francisco de Goya Museu do Prado


Declaração de Amor Criança, na caatinga, meu desejo era ser professora. Imaginava-me de vestido justo, sapatos altos, passando entre carteiras, dizendo de cor a tabuada de multiplicar: 9x7 sempre me impressionou! Com o salário, ajudaria meu pai e compraria muitos doces de goiaba. Em Salvador, década de 1960, descobri a Escola de Teatro da Universidade da Bahia e encontrei os maravilhosos comunistas. Passávamos tardes no jardim da Escola, ouvindo conversas sobre cinema novo, teatro, música e teses marxistas. Risadas sempre, e muitas. Como éramos felizes! Àquela altura, eu já preferia cocadas do Elevador Lacerda, isso tudo entre dialéticas mil. O futuro do País seria o socialismo; e eu, claro, teria um papel importantíssimo: seria atriz brechtiana e me casaria com um dos dois companheiros pelos quais estava apaixonada. O amor seria livre; naquela etapa da luta, fazer amor exigia, de nós, truques, expedientes, astúcias de alta clandestinidade; sem contar os telefonemas cifrados, falados em voz alta, dada a precariedade dos telefones da época e a fila dos colegas de pensão, ouvindo tudo com olhares maliciosos.


Devo confessar que tudo isso era de um erotismo enorme. Defender reformas de base e condenar preconceitos burgueses eram tarefas políticas. O bom é que os companheiros, justiça lhes seja feita, mesmo com essa luta renhida, contra a direita, que já era unida, não negavam fogo. Sim, de todos os amores, e foram muitos, o mais leal, sincero, sensual e apaixonado: o teatro. Esse companheiro ficará comigo até eu ficar velhinha, já que goiabada, comer, não mais, porque engordei. Sim, uso sapatos altos, continuo socialista e ainda sei tabuada para surpresa das filhas, “geração calculadora”. Numa sociedade onde somos submetidos à frustração e vergonha constantes, tenho comigo o contentamento e o privilégio da paixão e amor pelo meu ofício. Ainda hoje quando vejo atores talentosos no palco penso: isso é mais que 9x7.

SP, 16 de maio de 2018.


7 LEITURAS, 7 AUTORES, 7 DIRETORES 12º Ano GARCIA LORCA (1898/1936) – TEATRO E POESIA

CONCEPÇÃO E DIREÇÃO GERAL EUGÊNIA THEREZA DE ANDRADE SELEÇÃO DE TEXTOS Eugênia de Andrade e Mika Lins BODAS DE SANGUE Garcia Lorca

SELEÇÃO DE POESIAS Frederico Barbosa

TRADUCÃO Antonio Mercado

MÚSICOS CONVIDADOS Beto Angerosa Tomas Howard

DIREÇÃO Aimar Labaki ELENCO Adriana Londoño Ana Negraes Angelo Coimbra Carlos Baldim Cristina Vilaça Clovys Torres Diogo Cintra Jorge Neto Maíra Dvorek Steffi Braucks Thaia Perez LORCA Diego Machado

AMBIENTAÇÃO CENOGRÁFICA Mika Lins AQUARELAS DO CENÁRIO Danielle Noronha ADEREÇOS E FIGURINOS Jorge Luiz Alves FOTOS Edson Kumasaka PRODUÇÃO Messias Lima Jogo Estúdio

Agradecimentos a Eron Silva, professor Michel Chaia e Nani Oliveira


GarcĂ­a Lorca

Teatro e Poesia


7 Leituras 7 Autores 7 Diretores García Lorca 22/5/2018, terça, 19h30. Teatro Anchieta Duração: 80 min.

Sesc Consolação Rua Dr. Vila Nova, 245 01222-020 São Paulo - SP Tel: (11) 3234-3000 email@consolacao.sescsp.org.br / sescconsolacao

sescsp.org.br/consolacao


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