7 Leituras Setembro

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13o ano

77 7diretores autores

teatrodoabsurdo

Leituras

Piquenique no front Fernando Arrabal Concepção e Direção Geral Eugênia Thereza de Andrade Direção Oswaldo Mendes



Teatrodoabsurdo*

O

termo Teatro do Absurdo foi criado pelo crítico Martin Esslin (1918/2002), que assim intitulou seu livro de 1961. A intenção era agrupar, sob esta designação, as obras dramáticas do pós-guerra que colocavam em evidência o nonsense da vida cotidiana, a incomunicabilidade generalizada e, em suma, o absurdo da vida contemporânea, que se caracteriza pela fragmentação da personalidade e a busca inútil e incessante de algum sentido na existência. O Teatro do Absurdo teve muita repercussão no Brasil, até porque, em muitos aspectos, a realidade brasileira em muito se aproxima do mundo sem nexo e sem saída retratado por esta corrente a cada dia mais contemporânea. Frederico Barbosa Poeta e Professor SP, 30/1/2019

* O Teatro do Absurdo de Martin Esslin. Edição atualizada (2018) – Zahar Editores


Guerra de Espelhos Sobre Piquenique no Front, de Fernando Arrabal

D

ois supostos inimigos se encontram no front: os combatentes Zapo e Zepo. Suas ações e suas falas desprovidas de sentido lembram em muito os clowns Vladmir e Estragon da peça Esperando Godot de Samuel Beckett. Zapo faz tricô e não sabe o que fazer com as granadas. A chegada dos pais de Zapo ao front rompe o equilíbrio entediante da guerra. Os Tépan vêm fazer um piquenique com o filho. É assim que Fernando Arrabal retrata o absurdo da guerra, qualquer guerra, revelando-a sem sentido e inútil. Os dois lados do conflito se espelham, pois são iguais, apresentando combatentes que não têm a menor ideia do que estão fazendo lá... Até o desfecho, que, nesse caso... fica para ser descoberto no final desta peça tragicamente cômica e profundamente reveladora do absurdo das relações humanas na modernidade. Frederico Barbosa Poeta e Professor SP, Setembro de 2019


Quando a Inglaterra estava em guerra alguém do governo sugeriu ao Primeiro-ministro cortar o financiamento das artes ao que Winston Churchill apenas respondeu:

“Se cortarmos o financiamento das artes, então estamos lutando para quê?”.


O Fantástico nem sempre é o show da vida...

S

emana passada na televisão, nesses programas que quase milhões assistem, uma adolescente, quase menina ainda, moradora da zona rural, aparecia tão desolada que seus cabelos muito longos junto à sua magreza aumentavam-lhe o desconsolo. A face pálida dizia da sua decepção ao saber que lhe tiraram a esperança de uma bolsa de R$100,00 mensais. Era difícil entender o porquê de terem lhe cortado esse tão pouco que para ela era tão muito. Logo ela, tão esforçada e que ao receber uma medalha, por ter se distinguindo em matemática, adquirira a esperança de entrar na Universidade!? Durante anos percorria sob o sol inclemente do Nordeste, léguas e léguas para chegar até a escola; ao cansar as pernas pela lonjura do caminho esquecia-se do esforço quando pensava na alegria de se formar e poder tirar os pais da miséria.


O Governo cortou por quatro anos todas as bolsas de estudos e pesquisas do país em todos os níveis. É difícil acreditar. Deu no Fantástico que nem sempre é o show da Vida. Vivemos agora o show da Morte da Ciência e da Cultura. Não há outra coisa a fazer se não RESISTIR. O teatro é nossa trincheira.

SP, 5 de setembro de 2019


Foto: Fernando Arrabal

f e r n a n d o a r r a b a l

N

ascido em Melilla, cidade autônoma espanhola em Marrocos, Fernando Arrabal mora em Paris desde 1955 e se diz ter sido a vida inteira um “desterrado”. Nas primeiras horas da Guerra Civil Espanhola, em 1936, o seu pai foi preso e condenado à morte. Após ter a pena reduzida a 30 anos, perambulou por diversos presídios e hospitais psiquiátricos até fugir da prisão e desparecer para todo o sempre. O garoto Arrabal logo se destacou pela inteligência. Em 1941 receberia um prêmio nacional dedicado a jovens prodígios. Foi durante os anos de faculdade, no início da década de 1950, que começou a escrever peças de teatro, muito influenciado por Bertolt Brecht. Desde então, escreveu mais de 100 peças, 14 romances e cerca de 800 obras


A r r a b a l

de poesia. Suas obras completas, publicadas em 2000 páginas, retratam um dos escritores mais importantes da contemporaneidade em todo o mundo. A sua obra dramática selvagem e provocativa levou a crítica a considerá-lo um herdeiro da lucidez de Kafka e do humor de Jarry, salpicado com pitadas da violência de Sade e Artaud. Em suma, uma obra que é, em si, uma revolução teatral permanente. Arrabal esteves no Brasil três vezes. A última vez em julho de 2009, convidado pelo Instituto Cervantes. Jogo Estúdio SP, setembro de 2019


7 L EI T UR A S ,7A U T ORE S ,7 DIRE T ORE S 13º Ano – Teatro do Absurdo

CONCEPÇÃO E DIREÇÃO GERAL EUGÊNIA THEREZA DE ANDRADE SELEÇÃO DE TEXTOS Eugênia de Andrade, Mika Lins, Marco Antônio Pâmio e Frederico Barbosa PIQUENIQUE NO FRONT Fernando Arrabal TRADUÇÃO Jacqueline Laurence DIREÇÃO Oswaldo Mendes AMBIENTAÇÃO CENOGRÁFICA Mika Lins TEXTOS PARA O PROGRAMA Frederico Barbosa FIGURINO E OBJETOS CÊNICOS Jorge Luiz Alves

ELENCO Atílio Bari Delurdes Moraes Francisco Gaspar Fúlvio Filho Riba Carlovich Tadeu Menezes ILUMINAÇÃO Vitória Pamplona FOTOS Edson Kumasaka PRODUÇÃO Messias Lima Jogo Estúdio


Rinoceronte Eugène Ionesco Direção: Caetano Vilela 28/maio

Piquenique no Front Fernando Arrabal Direção: Oswaldo Mendes 24/setembro

Pastiches Tom Stoppard Direção: Nelson Baskerville 25/junho

PRÓXIMAS LEITURAS:

Coração Partido Caryl Churchill Direção: Marco Antônio Pâmio 30/julho Esperando Godot Samuel Beckett Direção: Eugênia Thereza de Andrade 27/agosto

O Zelador Harold Pinter Direção: Kiko Marques 29/outubro Ping Pong Arthur Adamov Direção: Eric Lenate 26/novembro


7 Leituras 7 Autores 7 Diretores Teatro do Absurdo Piquenique no Front – Fernando Arrabal 24/9/2019, terça, 19h30. Teatro Anchieta Duração: 80 min.

Sesc Consolação Rua Dr. Vila Nova, 245 01222-020 São Paulo - SP Higienópolis-Mackenzie Tel: (11) 3234-3000 / sescconsolacao

sescsp.org.br/consolacao


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