7 leituras Novembro

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12º ano

García Lorca

Teatro e poesia

Concepção e Direção Geral Eugênia Thereza de Andrade

A Casa de Bernarda Alba Co-Direção Eugênia de Andrade e Mika Lins



A Casa de Bernarda Alba Última peça escrita por Federico Garcia Lorca, A Casa de Bernarda Alba (1936) foi a única a ser escrita em prosa. A obra compõe, com Bodas de Sangue e Yerma, a “trilogia rural” do poeta, reunindo peças que se passam no ambiente campestre de sua Andaluzia natal. Inspirada na história real de Frasquita Alba e suas filhas, já no título a peça enfatiza o ambiente em que vivem a tirânica Bernarda e suas filhas de nomes bem sugestivos: Angústias, Madalena, Amélia, Martírio e Adela. Segundo Ian Gibson, “pode-se dizer que a casa de Bernarda Alba, que mais parece convento ou cárcere do que casa, bem pode representar a Espanha inquisitorial e repressora que odeia a República e planeja sua destruição” em que Lorca vivia. Composta exclusivamente por personagens femininas, a peça revela o papel opressor da imagem masculina, que, representada por Pepe, nunca aparece em cena, mas domina as ações, medos e desejos das filhas de Bernarda. A Casa de Bernarda Alba é uma das peças de Lorca mais representadas em todo o mundo. No Brasil é constantemente reencenada, talvez porque vivamos constantemente ameaçados pela tirania e a opressão. Em 1984, quando saíamos de uma ditadura de certa forma semelhante à enfrentada por Lorca, deu-se uma das suas montagens mais memoráveis, sob a primorosa direção da idealizadora deste ciclo e diretora desta última leitura, Eugênia Thereza de Andrade. Como Lorca, sempre na luta pelo teatro, a poesia e a liberdade. Frederico Barbosa Poeta e Professor Nov/2018



“O teatro é a expressão maior do poeta García Lorca” "........A peça toda é uma metáfora da sociedade – e da sociedade onde a mulher é a cúmplice do machismo, repressora de si mesma, vítima e carrasco ao mesmo tempo; mas é claramente muito mais a metáfora de uma Espanha obscura, repressora do indivíduo e de sua liberdade, fundada na salvaguarda do parecer, negadora da realidade em função do dogma, a qual, em 1936, estava prestes a – mais uma vez – fechar as portas da casa para impedir a entrada da luz e a procura da liberdade. A Casa de Bernarda Alba foi assim a trágica profecia do imediato devir histórico; e a morte da vital Adela – que Lorca jamais veria representada – não era senão o prenúncio da morte do poeta, assassinado no inicio da brutal repressão que se destinava a impor em toda Espanha o silencio ordenado por Bernarda”. Mario Miguel González São Paulo, abril de 1984.

Mario Miguel González (1937/2013) foi professor de Literatura Espanhola na USP, onde defendeu tese de doutoramento sobre Federíco García Lorca.



26 de Abril em Paris "Guernica" 1937 Pablo Picasso Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia


Federico García Lorca

(1898/1936)

Nasceu numa pequena localidade da Andaluzia, em 5/6/1898; ingressou na faculdade de Direito de Granada em 1914; transferiu-se para Madrid, onde conviveu com grandes artistas e intelectuais, dentre eles Luis Buñuel, Salvador Dali e são dessa época seus primeiros poemas. Lorca foi um jovem de grande vigor, alegria e entusiasmo pela cultura do seu país; logo revelou evidente talento para a música e poesia vindo a ter total apoio da família. Seus primeiros trabalhos são inspirados nas terras da Andaluzia (Impressões e Paisagens, 1918), à música e ao folclore regionais (Poemas do Canto Fundo, 1921-1922) e aos ciganos (Romancero Gitano, 1928). O poeta esteve nos Estados Unidos e em Cuba, período de seus poemas surrealistas. Sua obra “Poeta em Nova Iorque”, de 1940, Lorca expressa profunda crítica ao “modus vivendi” do norte-americano e a brutalidade daquela civilização. Foi criador do La Barraca, grupo de teatro com o qual percorreu o país apresentando-se com sucesso. Durante sua curta vida jamais escondeu suas ideias libertárias e socialistas. Lorca foi compositor precoce, excelente pintor e pianista. Sua música se reflete no ritmo e sonoridade de sua obra poética. Como dramaturgo escreveu três tragédias passadas na Andaluzia: Bodas de


Sangue (1933), Yerma (1934) e A Casa de Bernarda Alba (1936). Assegurou assim sua posição como grande dramaturgo. García Lorca foi assassinado pelos franquistas em 1936, início da Guerra Civil Espanhola. Ian Gibson, intelectual irlandês, estudioso da vida e obra do poeta, escreveu: “o assassinato de Lorca foi parte de uma campanha de assassinatos em massa que visava eliminar apoiadores da Frente Popular Marxista”. O assassinato do poeta imprimiu uma mancha negra sobre o regime de Franco, sobre a Espanha ferida. Eugênia de Andrade SP, maio de 2018.


7 LEITURAS, 7 AUTORES, 7 DIRETORES 12º Ano CONCEPÇÃO E DIREÇÃO GERAL Eugênia Thereza de Andrade SELEÇÃO DE TEXTOS Eugênia de Andrade e Mika Lins A CASA DE BERNARDA ALBA Federico Garcia Lorca CO-DIREÇÃO Eugênia de Andrade e Mika Lins ATORES / PERSONAGENS Amazyles de Almeida / Madalena (Criada) Cynthia Falabella / Amélia Débora Duboc / Poncia Ella Bellissoni / Angústias Maíra Dvorek / Maria Josefa (Mãe de Bernarda) Mariana Muniz / Bernarda Alba Paula Cohen / Martírio ...................... / Adela LORCA Diego Machado

SELEÇÃO DE POESIAS Frederico Barbosa MÚSICOS CONVIDADOS Emiliano Castro Luciano Khatib AMBIENTAÇÃO CENOGRÁFICA Mika Lins DANÇARINA Isadora Nefussi ADEREÇOS e FIGURINOS Jorge Luiz Alves FOTOS Edson Kumasaka PRODUÇÃO Messias Lima Jogo Estúdio


PROGRAMAÇÃO 2018 BODAS DE SANGUE Direção: Aimar Labaki Maio. Dia 22, às 19h30 – Terça-feira AMOR DE DOM PERLIMPLIM Direção: Eugênia Thereza de Andrade Junho. Dia 26, às 19h30 – Terça-feira DONA ROSITA, A SOLTEIRONA Direção: Roberto Alvim Julho. Dia 24, às 19h30 – Terça-feira YERMA Direção: Kiko Marques Agosto. Dia 28, às 19h30 – Terça-feira A SAPATEIRA PRODIGIOSA Direção: Marco Antônio Pâmio Setembro. Dia 25, às 19h30 – Terça-feira O PÚBLICO Direção: Roberto Alvim Outubro. Dia 30, às 19h30 – Terça-feira A CASA DE BERNARDA ALBA Co-Direção: Eugênia de Andrade e Mika Lins Novembro. Dia 27, às 19h30 – Terça-feira

García Lorca

Teatro e Poesia


7 Leituras 7 Autores 7 Diretores García Lorca 27/11/2018, terça, 19h30. Teatro Anchieta Duração: 80 min.

Sesc Consolação Rua Dr. Vila Nova, 245 01222-020 São Paulo - SP Tel: (11) 3234-3000 Higienópolis-Mackenzie / sescconsolacao

sescsp.org.br/consolacao


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