Lamartine Babo Musical Dramático texto de Antunes Filho direção Emerson Danesi direção musical Fernanda Maia
Lamartine Babo Musical Dramático texto de Antunes Filho direção Emerson Danesi direção musical Fernanda Maia
8 de junho a 27 de julho de 2018 Espaço CPT - 7o andar Sextas, às 20h Duração: 70 min.
Lamartine Babo O trabalho que o Centro de Pesquisa Teatral (CPT), sob a coordenação do diretor Antunes Filho, desempenha e enriquece, a cada espetáculo, os caminhos do teatro brasileiro. Um dos motivos disso se deve ao fato de concentrar seus esforços no real desenvolvimento do ator, experimentando, buscando nas ciências humanas e na sensibilidade das expressões artísticas um degrau a mais para sua evolução. Personagens que passaram pelas cenas de nossa história são revistos nas propostas de montagens teatrais com maestria. Sendo arte, não necessariamente se pretende à fidelidade das biografias – nem esperamos que assim o seja. Desta feita, quem ressurge no palco e nos gestos dos discípulos de Antunes é Lamartine Babo: figura instigante cuja trajetória de vida fascina pela leveza em meio à dura realidade que o envolveu. Ao cantarolar uma marcha de carnaval ou o hino de um time de futebol, podemos não saber que seu autor é Lamartine Babo. Porém, talvez seja esta a glória do artista: diluir-se nas palavras de seu povo, poder explodir em átomos de melodias e cair como uma fina garoa por sobre as cabeças descobertas dos que, despretensiosamente, caminham pelas ruas, levando seu canto como um inseto carrega a vida nos polens que espalha pelos campos. Nos dias de hoje, o mundo parece nos apresentar uma infinidade de novidades; no entanto, quando olhamos para trás, podemos perceber o quanto ainda não aprendemos com as genialidades dos tempos idos. Para o Sesc São Paulo, trazer à luz a memória de um artista como Lamartine Babo no espaço do CPT, no Sesc Consolação, é alargar, com os olhos renovados pela experiência, os horizontes de nossa história.
Danilo Santos de Miranda Diretor Regional do Sesc São Paulo
foto_Emidio Luisi
O CPT - Centro de Pesquisa Teatral
Santoro, autor de “Canto para Gregório”, e com um dos nomes mais aplaudidos, reverenciados e consagrados da literatura brasileira: Ariano Suassuna com “A Pedra do Reino”.
Os processos criativos desenvolvidos no CPT, abrangendo os diferentes aspectos da manifestação cênica, provocam a desconstrução de velhos códigos e sua posterior transformação em novos códigos. A pesquisa se move não visando a constituição de novas formas, mas de meios que possibilitem o surgimento de novas formas. Os instrumentos teóricos da linguagem são colhidos em áreas influentes do pensamento contemporâneo, como a nova física (particularizando a mecânica quântica); a psicologia profunda; correntes filosóficas orientais (taoísmo, hinduísmo). Obras-primas do cinema, o trabalho de grandes intérpretes, imagens cênicas dos mais importantes encenadores contemporâneos são metodicamente estudados pelos atores, assim como artes plásticas e literatura.
Em 1982, face à seriedade da proposta do Grupo de Teatro Macunaíma, sob o comando de Antunes Filho, o SescSP criou o CPT - Centro de Pesquisa Teatral, promovendo a continuidade tanto das pesquisas estéticas do Grupo Macunaíma quanto das suas atividades no campo da formação de atores, de técnicos e de outros criadores cênicos. Centenas de jovens atores estagiaram no CPT, desde então, aprendendo novas técnicas interpretativas, contribuindo para a pesquisa de meios que, sistematizados, resultam agora em um novo método para o ator. Também cenografia, figurino, iluminação e design sonoro têm no CPT núcleos, que unem a pesquisa de meios e de materiais à formação de artistas e técnicos dessas áreas. A dramaturgia é, igualmente, objeto de pesquisas e estudos no CPT. O repertório do Grupo de Teatro Macunaíma (que mantém sua autonomia de empresa), constituído a partir de 1982, foi totalmente elaborado a partir das pesquisas efetivadas no CPT do Sesc. Obras de Nelson Rodrigues (“Eterno Retorno”, “Paraíso, Zona Norte” ou “Nelson 2 Rodrigues”), de Jorge Andrade (“Vereda da Salvação”) e de William Shakespeare (“Romeu e Julieta”; “Macbeth - Trono de Sangue”) compõem esse repertório, que inclui a adaptação de obras literárias (“A Hora e Vez de Augusto Matraga”, de Guimarães Rosa; “Gilgamesh”, baseado no poema sumério) ou de fábulas universais (“Nova Velha Estória”, baseada no conto do “Chapeuzinho Vermelho”; “Drácula e Outros Vampiros”, inspirado nas histórias em quadrinhos e na literatura de terror) e de episódios históricos (“Xica da Silva”). Depois de sistematizado o método para o ator, o repertório recebeu importantes acréscimos: três tragédias gregas, duas de Eurípedes – “Fragmentos Troianos” (adaptação de “As Troianas”) e “Medeia” –, uma de Sófocles – “Antígona”. Enriqueceu-se também com o nome do jovem dramaturgo Paulo
Depois de diferentes etapas, evidenciando de uma montagem para outra a evolução da pesquisa, o CPT realizou demonstração pública do método sistematizado, em 1998, com as jornadas de “Prêt-à-Porter”, nas quais a dramaturgia elaborada pelos intérpretes compõe o quadro dos procedimentos e técnicas desenvolvidos pelo CPT e Grupo de Teatro Macunaíma na busca de novos horizontes do teatro. Desde então, até hoje, realizam-se as jornadas de “Prêt-à-Porter”, aos sábados, na sala de ensaio, com espetáculos formados por três peças curtas, criadas pelos atores no processo de trabalho. A cada ano substituem-se as três peças, mantendo o mesmo formato. A continuidade da pesquisa por mais de duas décadas, de um trabalho em permanente transformação; as técnicas descobertas e aprimoradas; o fato de funcionar como escola de teatro, são fatores que tornam o CPT - Centro de Pesquisa Teatral do Sesc - o principal núcleo de investigação teatral da América Latina na atualidade. Fato que a Casa das Américas, de Cuba, reconheceu, premiando Antunes Filho, CPT e Grupo de Teatro Macunaíma com o “Gallo de Habana” (2005) – honraria só concedida a personalidades, instituições ou grupos artísticos que tenham contribuído com relevância para a evolução estética do teatro na América Latina.
Senhoras e senhores, o dramaturgo Antunes Filho Pessoas vestidas de um outro tempo cantam e celebram o talento de Lamartine Babo na festa inventada por Antunes Filho em folhas avulsas de papel almaço. Se para ele escrever é contar um pouco de si mesmo, não deixa de ser também um voto de coragem. Coragem para dizer nesta montagem de um outro lado, o Antunes dos dias de sol e alegria, o garoto na fila do circo imaginando os personagens que ainda vai conhecer. Coragem também para estar sempre começando, de novo e de novo. Agora, como dramaturgo. Não é bem um novato: quase 60 anos de carreira o precedem desde que fez suas primeiras direções de teleteatros ao vivo para a TV Tupi, na década de 1950. Depois vieram inúmeras adaptações de grandes textos ou peças com palavras inventadas, como “Nova Velha História”, de 1991. Tudo feito de pura dramaturgia, ofício que ele tenta desvendar sem um manual de regras no Círculo de Dramaturgia do CPT. Fórmulas? Ele não as tem, quer descobrir. Talvez Lamartine nos diga alguma coisa, eis o mistério.
Silvia Gomez Jornalista e integrante do Círculo de Dramaturgia - CPT/Sesc
- Bravo! Bravo! (etc) Os senhores são maravilhosos! Uns capetas, uns capetas!... E Lamartine então?... Demônio com suas músicas infernais! Ele é o próprio Belzebu...Belzebu! ú!...ú!...ú!... - Está claro que o senhor gosta mesmo dele! - Ele me faz cócegas por dentro, me faz delirar como louco!” (fragmento do texto)
- E, de repente, como vindos de uma camada celestial, mágica, cujo portal é o próprio arco-íris, surgem os senhores – inacreditável, com esses instrumentos de música! Há dois dias, desde anteontem, quando chegaram e ocuparam este sobrado com vossas melodias, sentimo-nos realmente, no Paraíso reencontrado. Os senhores são um passe de mágica, caíram do céu!” (fragmento do texto)
- O senhor sabe o que estamos tocando? - Claro. Cantores do Rádio! - O autor? - Lamartine Babo, o grande Lamartine Babo! - Como sabe que é dele? Quase ninguém sabe quem é Lamartine Babo. - Esse é um dos mistérios que os senhores hão de me permitir ter.” (fragmento do texto)
Texto Antunes Filho Direção Emerson Danesi Direção Musical Fernanda Maia Corpo e Voz Antunes Filho Figurinos e Adereços Rosângela Ribeiro Assistentes de Figurinos e Adereços Carla Massa, Daniel Maeda, Eliane Pincov e Rober Caligari Costureira Noeme Costa Produção Executiva e fotos Emerson Danesi Secretaria CPT Flávia Dziersk Agradecimentos Centro Experimental de Música do Sesc Consolação
Elenco Silveirinha | Marcos de Andrade Catarina | Sady Medeiros Bernardo | Adriano Bolshi Constância | Natalie Pascoal Dália | Domingas Person Romualdo | Tony Germano Rita | Flávia Strongolli Gerrárd | Ivo Leme Loretta | Patrícia Rita Lorival | Leonardo Santiago Maestro Heve | Ricardo Venturin
No dia 10 de Janeiro de 1904 nasci num berço todo doirado e na rua mais bonita do Rio de Janeiro. Daí, comecei a engatinhar, a caminhar para frente. Com intuição da música, de tão precoce que eu era, nem maestro Pixinguinha, com seus lindos choros de flauta, poderia competir comigo... Eu chorava demais.” L.B
Assim começava Lamartine de Azeredo Babo, Lalá para os amigos, a contar sua própria vida em um dos tantos programas de rádio que comandava. Sempre com muita alegria e um humor inconfundível, o compositor carioca, mesmo sem ter sido músico de formação, criou melodias maravilhosas devido ao seu espírito inventivo, criativo e altamente versátil. Além de suas próprias composições teve como parceiros musicais Noel Rosa, Ari Barroso, Braguinha e João de Barro, indo do samba, valsa, maxixe, cateretê, marcha, fox-trote às operetas, tangos e charleston. Mas foi com as marchinhas carnavalescas que se consagrou. Compôs os hinos dos mais tradicionais clubes de futebol carioca, além do “Ameriquinha” do qual era torcedor fanático. Suas músicas foram interpretadas por Carmen Miranda, Francisco Alves, Mario Reis entre tantos outros “famosos” da época. Como Rei do Carnaval, assim intitulado, deixava sempre um rastro de alegria por onde quer que passasse.
Serviço Social do Comércio - Sesc Administração Regional no Estado de São Paulo Presidente do Conselho Regional Abram Szajman Diretor Regional Danilo Santos de Miranda Superintendentes Técnico-Social Joel Naimayer Padula Comunicação Social Ivan Giannini Administração Luiz Deoclécio Massaro Galina Gerentes Ação Cultural Rosana Paulo da Cunha / Adjunta Kelly Adriano / Assistentes Sérgio Luís V. Oliveira / Estudos e Desenvolvimento Marta Colabone / Adjunta Iã Paulo Ribeiro / Artes Gráficas Hélcio Magalhães / Adjunta Karina Musumeci / Consolação Mariângela Abbatepaulo / Adjunta Vania Rangel dos Santos
Coordenador do Centro de Pesquisa Teatral Antunes Filho
Fotos: Emidio Luisi Foto (capa): Lenise Pinheiro - originalmente publicada no livro “Prêt-à-porter 1, 2, 3, 4, 5...” Ricardo Muniz Fernandes (org.) Sesc SP, 2004
Sesc Consolação R. Dr. Vila Nova, 245 CEP 01222-020 São Paulo - SP TEL.: +55 11 3234 3000 email@consolacao.sescsp.org.br sescsp.org.br