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Ministério da Cultura e Petrobras apresentam

Direção Marcio Abreu


TODOS OS (N)ÓS QUE UNEM

A arte possui a capacidade de representar a realidade e, nesse ínterim, coloca à frente do público uma série de elementos que unificam a experiência por meio de um processo de identificação. Esse estímulo da linguagem pode ocorrer no mais amplo leque de manifestações artísticas, mas em artes de espetáculo, como o teatro, a capacidade de simulacro se enriquece pela volatilidade do momento presente, que borra os limites que separam o real do representado. Ao romper com a chamada quarta parede, seja por meio do trabalho do ator, ou mesmo pela extrapolação do espaço físico do palco em si, a evolução da linguagem teatral trouxe outros elementos que potencializaram esta propriedade. Um pouco mais recentemente, as próprias costuras dramatúrgicas passaram a alternar ficção e fato, esgarçando ainda mais o limiar da encenação. Conhecendo estas propriedades após 30 anos do fazer teatral, o Grupo Galpão comemora o aniversário da companhia com a montagem Nós, convidando Márcio Abreu (Companhia Brasileira de Teatro) à direção, justamente para elaborar um trabalho

diferente daqueles que os tornaram conhecidos. O que é possível construir coletivamente? De que forma este processo se dá? Como se entrelaçam estes nós na mesma teia? Qual é a amálgama capaz de unir as diferenças entre todos os nós? Partindo do ritual de compartilhar uma refeição, os personagens-atores dividem angústias e esperanças permeados por um contexto político que lhes demanda escolhas. Ao tomar temas emergentes como a intolerância e a violência, a montagem inclui o público e a própria realidade na trama. É uma honra para o Sesc, em sua missão de difusão cultural, acolher a comemoração dessa marca de longevidade para um grupo de teatro que se tornou referência no país. Ao trazer uma reflexão sobre a convivência que almeja transbordar os limites do palco, contribui com o trabalho de educação permanente que a instituição fomenta em torno da coexistência harmônica na diversidade. Danilo Santos de Miranda Diretor Regional do Sesc São Paulo




“(...) a democracia, diziam os relatores, significa o aumento irresistível de demandas que pressiona os governos, acarreta o declínio da autoridade e torna os indivíduos e os grupos rebeldes à disciplina e aos sacrifícios exigidos pelo interesse comum.”

O Ódio à Democracia Jacques Rancière


GRUPO GALPÃO

Fiel ao seu propósito de viver a experiência do teatro em seus aspectos mais diversificados, relevantes e radicais, o Grupo Galpão procurou, em meados de 2014, o diretor Marcio Abreu, a fim de sondá-lo sobre uma possível parceria. Na ocasião, os atores do grupo se entregavam a exercícios solo, cujo objetivo era contemplar os desejos individuais e criar alternativas para um projeto coletivo. O diálogo e o confronto entre o coletivo e os anseios de cada artista se manifestavam de maneira incisiva, num grupo de atores com mais de três décadas de convivência artística diária. Depois de uma série de trocas de impressões e opiniões, acompanhamento mútuo de trabalhos que vinham sendo desenvolvidos por cada parte e o complicado ajuste de agendas, finalmente, em maio de 2015, sentamo-nos em volta de uma mesa com o diretor, em nossa sede, na Rua Pitangui. Indagado sobre que tipo de espetáculo vislumbrava construir em parceria com o Galpão, Marcio foi direto e preciso: um trabalho político. Político porque nascido e gerado de um mergulho radical na experiência de um coletivo com mais de trinta anos. Um trabalho feito para e com o público que nos acompanha e que sedimenta e justifica a nossa trajetória. Foi esse o desejo essencial que norteou a elaboração de uma dramaturgia própria, criada a partir de improvisos, tomando como tema nossa reação diante das pressões exercidas pelo

mundo sobre cada um de nós. Observaríamos o significado de estar dentro e ser colocado para fora e vice-versa, situações intimamente conectadas à utopia de conviver com as diferenças. Essas experiências se apresentariam através do ato comum de celebrar a vida a partir do preparo de uma refeição e de um manifesto pessoal de cada ator diante dos embates com a sociedade. Todos esses temas vivenciados em um ato teatral em que não se emitem juízos de valor, mas em que vozes múltiplas e dilaceradas se manifestam numa espécie de caleidoscópio. Ecos de um mundo partido em que simplesmente dizer é mais importante que dizer qualquer coisa. Nesse contexto, a criação teatral seria um ato de pura incompletude, em que se faz necessário recomeçar sempre, mesmo que não se saiba nem como nem por quê. Obstinado como o próprio “fazer teatro”, ofício de que não desistimos nunca e continuamos em frente, mesmo que os tempos pareçam demasiado sombrios. Ato pelo qual esperamos sempre reafirmar que seguimos vivos, ato de reinvenção. Este espetáculo somos nós, esse coletivo que caminha para seus 34 anos de existência e nós, seres humanos e artistas de teatro para lá dos cinquenta, com suas perplexidades, questões, angústias, algumas esperanças e muitos nós. www.grupogalpao.com.br



NÓS AQUI

Acompanho o Galpão desde os momentos mais fundamentais para a formação da minha sensibilidade artística. Na minha memória uma coleção de imagens e emoções ligadas ao encantamento, à excitação, ao espanto, à grande poesia do teatro. A primeira vez que vi o grupo foi numa apresentação de “A Comédia da Esposa Muda” durante o Festival de Teatro de Curitiba, no Largo da Ordem, no início dos anos 90, numa juventude vivenciada intensamente no caldo cultural desta cidade, onde mais tarde eu criaria junto com meus companheiros a companhia brasileira, com sede no mesmo Largo.

ideia da profissão e da dignidade do ofício. Um dos primeiros grupos de trabalho continuado, com patrocínio em longo prazo, repertório, planejamento, turnês internacionais e circulação pelos interiores desse nosso enorme país, que ainda hoje carece de políticas públicas consistentes para as artes. E, de certa maneira, o Galpão assumiu sua dimensão pública, criou um centro cultural, o Galpão Cine Horto, onde muita gente se forma e se recicla, onde festivais acontecem, espetáculos de toda parte se apresentam, artistas se encontram, ideias são fomentadas e reverberam na cidade de Belo Horizonte e pelo país afora. O grupo é um norte. Está no imaginário teatral brasileiro.

Sempre os vi como exemplo de vida no teatro. Uma espécie de utopia realizada. Eles abriram caminho para muitos que vieram depois, fortalecendo a

Há sempre grande expectativa sobre qual será o próximo trabalho do Galpão. Muitos importantes diretores criaram peças e também filme para e


com o grupo. Impossível não citar Gabriel Villela e Paulo José, Cacá Carvalho e Paulo de Moraes, Eduardo Coutinho e Enrique Diaz, Yara de Novaes e alguns dos atores que também dirigiram, como Eduardo Moreira, Julio Maciel, Chico Pelúcio e, mais recentemente, Lydia Del Picchia e Simone Ordones. Agora, junto-me a eles no desafio de continuar. A primeira pergunta que propus para o nosso encontro – “o que podemos fazer juntos?” – foi determinante para entender que tipo de trabalho faríamos. Entendi que o risco maior seria o de criar uma peça desde o início, sem partir de um texto preexistente, mas urdindo também a sua dramaturgia. Assim encontraríamos uma zona de diálogo mais intenso entre nós e entre nós e o mundo lá fora. A segunda pergunta – “de que maneira respondemos ou reagimos ao mundo como

ele nos chega hoje?” – agiu de forma estruturante, como princípio e conceito. Durante todo o processo de criação retornamos a ela. A peça articula noções de proximidade e convivência. Proximidade entre ator e espectador, cena e plateia, ator e personagem, ser-social e ser-poético, realidade e ficção. Convivência entre diferenças. Entre teatro, performance, música e literatura. E, ainda, entre as dimensões do privado e do público, do dentro e do fora. Afirma a convivência das pessoas, no momento da apresentação, como elemento dramatúrgico e a presença como ato criativo. Marcio Abreu Diretor


PETROBRAS

Entramos em cena, mais uma vez, com o Grupo Galpão para apresentar um novo espetáculo, que reedita uma parceria de sucesso renovada, a cada temporada, desde 2001. Genuinamente brasileiros, temos em comum nossa origem, motivo de orgulho. Detemos um saber fazer próprio, que alia a tradição e a modernidade, o rigor e a descontração, o regional e o nacional, a inventividade pautada nas constantes pesquisas, a reinvenção incessante. Buscamos manter um diálogo fácil com nossos públicos, formar públicos e talentos. Difundir cultura e arte no Brasil de norte a sul como um direito básico. E estimular a reflexão.

Buscamos, assim, relevância no cenário brasileiro e para a sociedade em geral. Agora, juntos, por intermédio do espetáculo NÓS, dirigido por Marcio Abreu, encaramos o desafio de propor à plateia uma nova experiência. Você será instigado a pensar as grandes questões do mundo – a intolerância, a violência, a harmonização das diferenças, o que é público e o que é privado, o que é realidade ou ficção. Como conviver com o outro e diante de tudo isso? Nesse espetáculo, você encontra alguns insumos, pontos de vista, olhares a considerar. As respostas também podemos buscar e construir juntos.


“O processo democrático é o processo desse perpétuo pôr em jogo, dessa invenção de formas de subjetivação e de casos de verificação que contrariam a perpétua privatização da vida pública. A democracia significa, nesse sentido, a impureza da política, a rejeição da pretensão dos governos de encarnar um princípio uno da vida pública e, com isso, circunscrever a

O Ódio à Democracia Jacques Rancière



“O bom do governo é o governo daqueles que não desejam governar. Se há uma categoria que deve ser excluída da lista dos que são aptos a governar, é a dos que intrigam para obter o poder.”

O Ódio à Democracia Jacques Rancière



FICHA TÉCNICA Elenco: Antonio Edson Chico Pelúcio Eduardo Moreira Júlio Maciel Lydia Del Picchia Paulo André Teuda Bara Direção: Marcio Abreu Dramaturgia: Marcio Abreu e Eduardo Moreira Cenografia: Play Arquitetura – Marcelo Alvarenga Figurino: Paulo André Iluminação: Nadja Naira Trilha e efeitos sonoros: Felipe Storino Assistência de direção: Martim Dinis e Simone Ordones Preparação musical e arranjos vocais/ instrumentais: Ernani Maletta Preparação vocal e direção de texto: Babaya Colaboração artística: Nadja Naira e João Santos Assistência de figurino: Gilma Oliveira Assistência de cenografia: Thays Canuto Cenotécnica e construção de objetos: Joaquim Pereira e Helvécio Izabel Operação e assistência de luz: Rodrigo Marçal Operação de som: Fábio Santos Assistente técnico: William Teles Assistente de produção: Cleo Magalhães Confecção de figurino: Brenda Vaz Técnica de Pilates: Waneska Torres Fotos de divulgação: Guto Muniz Fotos do programa: Fernando Lara, Gustavo Pessoa e Guto Muniz

Imagens escaneadas: Tibério França e Lápis Raro Registro e cobertura audiovisual: Alicate Projeto gráfico: Lápis Raro Design web: Laranjo Design – Igor Laranjo Mídias sociais: Variável 5 e João Santos Direção de produção: Gilma Oliveira Produção executiva: Beatriz Radicchi Produção: Grupo Galpão

AGRADECIMENTOS Acely Hovelacque Ana Regis da Luz Black Boots Carla Madeira Carlos Del Picchia CBMM companhia brasileira de teatro Dib Carneiro Dona Nivea Equipe Galpão Cine Horto FEA – Fundação de Educação Artística Guilherme Horta Joanna Andrade Juliana Martins Madame Teatro Miwa Yanagizawa Neuza Gonçalves Newton Bignotto Ormimáquinas Petrobras RF Produção e Eventos Ronaldo Gomes Royal Golden Hotéis SVOA Audiodescrição Tadeu Carneiro Thomas Quillardet Vera da Luz Moreira Em especial, a Arildo de Barros


“O bom governo democrático é aquele capaz de controlar um mal que se chama simplesmente vida democrática (...) o que provoca a crise do governo democrático nada mais é que a intensidade da vida democrática.”

O Ódio à Democracia Jacques Rancière



GRUPO GALPÃO – 34 ANOS AT O R E S Antonio Edson Arildo de Barros Beto Franco Chico Pelúcio Eduardo Moreira Fernanda Vianna Inês Peixoto Júlio Maciel Lydia Del Picchia Paulo André Simone Ordones Teuda Bara 1 9 8 2 “ E A NOIVA NÃO QUER CASAR...” Direção: Fernando Linares 1 9 8 3 “ DE OLHOS FECHADOS” Direção: Fernando Linares 1 9 8 4 “ Ó PRÔ CÊ VÊ NA PONTA DO PÉ” Direção: Fernando Linares 1 9 8 5 “ ARLEQUIM, SERVIDOR DE TANTOS AMORES” Direção: Fernando Linares 1 9 8 6 “ A COMÉDIA DA ESPOSA MUDA” Direção: Paulinho Polika 1986 “ TRIUNFO – UM DELÍRIO BARROCO” Direção: Carmen Paternostro 1987 “ FOI POR AMOR...” Direção: Antonio Edson 1988 “ CORRA ENQUANTO É TEMPO” Direção: Eid Ribeiro 1990 “ ÁLBUM DE FAMÍLIA” Direção: Eid Ribeiro 1992 “ ROMEU & JULIETA” Concepção e direção: Gabriel Villela 1994 “ A RUA DA AMARGURA” Concepção e direção: Gabriel Villela 1 9 9 7 “ UM MOLIÈRE IMAGINÁRIO” Direção: Eduardo Moreira 1 9 9 9 “PARTIDO” Direção: Cacá Carvalho 2 0 0 0 “ UM TREM CHAMADO DESEJO” Direção: Chico Pelúcio 2 0 0 3 “ O INSPETOR GERAL” Direção: Paulo José 2 0 0 5 “ UM HOMEM É UM HOMEM” Direção: Paulo José 2 0 0 7 “ PEQUENOS MILAGRES” Direção: Paulo de Moraes 2 0 0 9 “ TILL, A SAGA DE UM HERÓI TORTO” Direção: Júlio Maciel 2 0 1 1 “ TIO VÂNIA (aos que vierem depois de nós)” Direção: Yara de Novaes 2 0 1 1 “ ECLIPSE” Direção: Jurij Alschitz 2 0 1 3 “ OS GIGANTES DA MONTANHA” Direção: Gabriel Villela 2 0 1 4 “ DE TEMPOS SOMOS – UM SARAU DO GRUPO GALPÃO” Direção: Lydia Del Picchia e Simone Ordones E m 2 0 0 8 “ MOSCOU” Documentário dirigido por Eduardo Coutinho


CONSELHO EXECUTIVO Beto Franco, Eduardo Moreira, Fernando Lara e Gilma Oliveira EQUIPE Gerência executiva: Fernando Lara Coordenação de produção: Gilma Oliveira Coordenação de planejamento: Aline Pereira Coordenação de comunicação: Beatriz França Coordenação administrativa: Wanilda D´Artagnan Coordenação técnica e iluminação: Rodrigo Marçal Produção executiva: Beatriz Radicchi Cenotécnico: Helvécio Izabel Sonorização: Fábio Santos Analista de comunicação: Ana Carolina Diniz Assistente de planejamento: Soraya Monteiro Assistente financeiro: Cláudio Augusto Assistente administrativa: Andréia Oliveira Auxiliar técnico: William Teles Auxiliar administrativo: Jonathas Santos Recepção: Cídia Santos Serviços gerais: Sandra Bacelar Gestão financeira de projetos: Artmanagers Assessoria jurídica: Drummond & Neumayr Advocacia Assessoria contábil: Maurício Silva

A Petrobras é patrocinadora do Grupo Galpão.


SESC – SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO A D M I N I S T R A Ç Ã O R E G I O N A L D O E S TA D O D E S Ã O PA U L O Presidente do Conselho Regional Abram Szajman Diretor do Departamento Regional Danilo Santos de Miranda SUPERINTENDENTES Técnico Social Joel Naimayer Padula Comunicação Social Ivan Paulo Giannini Administração Luiz Deoclécio Massaro Galina Assessoria Técnica e de Planejamento Sérgio José Battistelli GERENTES Ação Cultural Rosana Paulo da Cunha Adjunta Kelly Adriano Estudos e Desenvolvimento Marta Colabone Adjunto Iã Paulo Ribeiro Artes Gráficas Hélcio Magalhães Adjunta Karina Musumeci Sesc Consolação Felipe Mancebo Adjunta Simone Avancini SESC CONSOLAÇÃO Coordenações Programação Tiago de Souza Comunicação Elaine de Sousa Administrativo Marco Antonio da Silva Alimentação Edna Ribeiro da Silva Fachetti Manutenção e Serviços Antonio Zacarias de Carvalho

NÓS Adriana Souza, Emerson Pirola, Priscila Sayuri Oliveira Fukuda, Rodrigo Eloi, Sabrina Popp Marin, Sérgio Luis, Tayná Guimarães





Direção: Marcio Abreu

18 de AGOSTO a 11 de SETEMBRO QUARTA a SÁBADO - 21h | DOMINGO E FERIADOS - 18h Duração: 1h30 minutos

SESC CONSOLAÇÃO Rua Dr. Vila Nova, 245 01222-020 São Paulo - SP TEL.: 11 3234 3000 /sescconsolacao

sescsp.org.br/consolacao

Patrocínio:


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