A IDADE DA PESTE COM CÁCIA GOULART
[ SINOPSE ] O que aconteceria se uma mulher branca de classe média alta realmente se descobrisse branca? A que custo isso se daria, e qual o discurso possível dessa constatação? Foi a partir dessa provocação que o dramaturgo Reni Adriano e a atriz Cácia Goulart conceberam o solo “A idade da peste”. Escrita por um dramaturgo negro para atuação de uma atriz branca, a peça mobiliza e tensiona os marcadores identitários raciais de modo a evidenciar que, antes de ser um “problema de negros”, o racismo é um flagelo de brancos. Em cena, Senhora C. assiste ao assassinato do filho da empregada, encurralado pela polícia, dentro da sua casa de classe média alta. O episódio desencadeia um profundo exame de consciência em que os desejos inconfessados da branquitude emergem como um marcador racial aterrorizante, questionando a própria possibilidade de justiça em um mundo feito à imagem e semelhança dos brancos.
[ CONSCIÊNCIA BRANCA ] A escolha por dissecar o mal-estar da branquitude no circuito do mainstream teatral — espaço majoritariamente frequentado pela classe média branca — desloca o tema do racismo do falso entendimento de que se trata de um “problema de preto”, diante do qual restaria a contemplação condescendente que relega espetáculos do gênero a um “nicho étnico”, quando não a um gueto. Tal deslocamento toca pelo menos duas frentes sensíveis do debate contemporâneo. Primeiro, o entendimento distorcido — às vezes propositalmente distorcido — da noção de “lugar de fala”, em que brancos saem pela tangente à hora do debate, incapazes de posicionaremse responsavelmente em seus lugares de brancos. Segundo, a crescente acusação aos grupos subalternizados de serem por demais “identitários”, quando identitária por excelência é a branquitude que, supondo-se universal, submete a totalidade do mundo a seu parâmetro.
Ao focar não o corpo negro supliciado, mas o crime, o espetáculo põe em cena a ambivalência de um discurso incapaz de nomear a si nos mesmos termos em que nomeia o outro, vocalizando uma condição aniquilante e a falência de marcos civilizatórios minados de segregação racial disfarçados de universais. O exercício de franqueza de uma mulher branca sobre a perversão de seu próprio status identitário torna “A idade da peste” um profundo exame de consciência em que a reflexão sobre o racismo aos poucos vai se revelando um debate sobre o mal — da mesma forma que o é o Holocausto judeu e outras atrocidades que, para se efetivarem, tiveram de ser banalizadas desde o cotidiano. Reni Adriano/Cácia Goulart
Texto RENI ADRIANO Direção e Atuação CÁCIA GOULART Voz OFF SAMUEL DE ASSIS Assistente de Direção INÊS ARANHA Desenho de Luz WAGNER PINTO Assistente de Iluminação GABRIEL GREGHI Música original MARCELO PELLEGRINI Cenário e Figurino CÁCIA GOULART Colaboradores JOSÉ GERALDO JR./EDMILSON CORDEIRO Captação Imagens Vídeo NELSON KAO Edição Vídeo para a cena e Videomapping ANDRÉ GRYNWASK/PRI ARGOUD (Um Cafofo)
Fotos CACÁ BERNARDES Operador de Luz FELIPE MIRANDA Operador de Som e Vídeo MARCELA KATZIN Produção Musical SURDINA Música adicional Sonata para piano número 12 em fá maior (W. A. MOZART) Assessoria de Imprensa MÁRCIA MARQUES (Canal Aberto) Produção executiva ZÉ GERALDO JR. Direção de Produção CÁCIA GOULART Produção NÚCLEO CAIXA PRETA da Cooperativa Paulista de Teatro
[ AGRADECIMENTOS ]
Donizeti Mazonas, Marília de Santis, Carol Buceck, Karina Tavares, Joaquim Goulart, André Cortez, Alexandra Viana, Rosana Baú Rabello, Roberto Goulart, Jeanne de Castro, Márcio Medina, Valdir Rivaben, Rudinei Borges, Marco Antonio Pamio, Adriana Dhan, Bruna Lessa, Valmir Santos, Allan da Rosa, Bruno Perel, Fabiana Moraes, Gisele Paes.
9 de junho a 2 de julho de 2022 Quinta a sábado, às 21h Auditório, 3º andar
Sesc Pinheiros Rua Paes Leme, 195 Tel. 3095 9400 Faria Lima /sescpinheiros sescsp.org.br/pinheiros