•IESA SESC NO COMBATE À FOME • ALTAMII
1ILHO • SESC VERÃO • TEATRO INFANTIL • PAISAGEM ZERO • DIANA CAÇADORA • DIOGO PACHECO •
LUIZ NUNES DE OLIVEIRA • ODED GRAJEW
MATTAR • ELISABETH GRIMBERG • HÉLIO SILVA • ESTANISLAU DA SILVA SALLES • VALÊNCIO XAVIER
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Quando o assunto é atividade física toda hora é hora, todo lugar é lugar. Esta é a proposta do Sesc Verão 2003. Este ano, além da programação de verão, o Sesc vai trazer muitas idéias para colocar mais ação no seu dia-a-dia. Prepare-se para escolher seu corpo. Afinal de contas, uma vida saudável só depende de você.
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Informações: 0800 H 82 20 • www.sescsp.org.b
A Ú L T I M A MENSAGEM DO COSMONAUTA_ De 10a 16 Sextas e sábados, 21 h Domingos, 19h
CONSOLAÇÃO
De David Greig. Direção de Felipe Hirsch Com Sutil Companhia de Teatro (P R )
ja n e iro de 2003 • n° 7 • ano 9
I Mesa Sesc no combate à fome
Alimentação e cidadania A cidadania empresarial, concepção tão em voga em nossos dias, fez sua aparição no Brasil há mais de meio século, através da criação de órgãos como o Sesc e o Senac, iniciativa das classes produtoras. Por meio dessas instituições, daquilo que elas têm feito no âmbito da promoção do bem-estar e da for mação de mão-de-obra profissional, o empresariado vem conseguindo concretizar seu propósito de prestar à coletividade uma contribuição que vai além da geração de empregos e do estímulo à atividade econômica. Nesse sentido, a fome que atinge expressiva parcela da população brasileira constitui uma urgência visível e concreta, um desafio a ser enfrentado por toda a sociedade. Não podemos ignorar a importância de assegu rarmos às pessoas, em todos os momentos e em todos os lugares, acesso a alimentos de qualidade em quan tidades suficientes para suprir suas necessidades nutricionais - requisito indispensável para a conquista de uma vida digna e saudável. Imbuído desse compromisso, o Sesc implantou o programa Mesa Sesc São Paulo, cuja estratégia é o com bate permanente ao desperdício de alimentos, com vistas ao atendimento de segmentos carentes da popuPor contemplar alternativas que se combinam e complementam entre si, como doação, coleta e dis tribuição de alimentos, orientação sobre seu manuseio e conservação e criação de cardápios balanceados, entre outros aspectos, o Mesa Sesc São Paulo foi citado como exemplar pelo novo governo federal.
A b ram S z a j m a n P residente do C onselho Regional do S esc no Estado de S ão Paulo
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Paisagem Zero
E mais Teatro In fa til Música Encontros Em Pauta Ficção Inédita Programação Humor P. S.
Da redação A questão da fome tomou-se um assunto oficial desde a consagração de Luiz Inácio Lula da Silva como presidente do Brasil. Em uma de suas primeiras manifestações, Lula tratou de lançar o Fome Zero, um projeto de governo para a erradicação da fome entre os brasileiros. E elogiou nominalmente o programa Mesa Sesc São Paulo como sendo uma iniciativa criativa que auxilia a minorar o grande problema da miséria entre nosso povo. A capa desta edição faz um mergulho na história do Mesa que, nasci do no Sesc São Paulo, ganha a partir de agora um alcance nacional, ao ser assumido pelo Departamento Nacional do Sesc. A reportagem mostra como o Sesc São Paulo coordena centenas de doadores e os liga a entidades que distribuem a comida a m il hares de necessitados, colaborando para tornar menos dolorida essa situação de desamparo. No Em Pauta, especialistas comentam em artigos exclusivos como a sociedade participa cada vez mais fortemente na busca de soluções dos grandes problemas através das organizações não-governamentais (ONGs), mostrando como caminhamos, através dessas ações, para uma democracia participativa. Na Entrevista, uma conversa exclusiva com um dos ícones da música popular brasileira: o chorão Altamiro Carrilho, que em novembro passado completou 60 anos de carreira. Entre as reportagens, destaque para a atual produção do teatro infantil e os projetos Sesc Verão, Paisagem Zero e Diana Caçadora. Nos Depoimentos, um panorama da pesquisa científica no Brasil, com o pró-reitor de Pesquisa da Universidade de São Paulo, o físico Luiz Nunes de Oliveira, e um apanhado da música erudita com o maestro Diogo Pacheco. Na Ficção Inédita, uma história de Valêncio Xavier.
D a n il o S a n t o s de M ir a n d a D iretor Regional do S esc de S ão Paulo
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oisa Em dezembro, esteve em cartaz no Teatro Sesc Anchieta a primeira peça do Ateliê de Criação Teatral (ACT), fundado por Luis Melo em Curitiba. Cãocoisa e a Coisa Homem traz no elenco, além do ator, mais nove integrantes. Segundo Aderbal Freire-Filho, responsável pela direção e dramatur gia do espetáculo, a montagem é “ uma das infinitas pos sibilidades de abordar a história do homem, olhando para sua relação com o cão e confrontando-o com ele” .
"Na peça existem referências e pontos de identificação com a mitologia. Todos nós temos essa dimensão heróica, sendo conscientes disso ou não" Luis Melo, que esteve em cartaz no Teatro Sesc Anchieta com a peça Cão coisa e a Coisa Homem
Paulicéia O Sesc Vila Mariana abrigou em dezembro o lança mento dos primeiros livros da coleção Paulicéia, que trata de temas ligados à história de São Paulo. Entre os autores, figuras como Lourenço Diaféria, escre vendo sobre o Brás, e Sócrates, sobre a Democracia Corintiana. A idéia do projeto é do sociólogo Emir Sader. Os próximos lançamentos da coleção in cluem temas como a história do centro velho pau listano, por Heródoto Barbeiro, e a saga dos nordes tinos na cidade, por Marilene Felinto.
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homenageia
A Câmara Municipal de Jaboticabal, por iniciativa do vereador Dawson Miranda, outorgou em 20 de novem bro o títu lo de Cidadão Jaboticabalense ao presidente da Federação do Comércio e dos Conselhos Regionais do Sesc e do Senac, Abram Szajman, pelos relevantes serviços prestados à comunidade. |
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Bienal Naifs Segue até março a sexta edição da Bienal Naifs do Brasil, no Sesc Piracicaba. A exposição, inau gurada em novembro, apresenta 160 obras de artistas de vários lugares do País. Além das obras selecionadas, o evento homenageia os artistas José Antonio da Silva e Eliza Mello, fa lecidos em 1996, e apresenta trabalhos de im portantes nomes na arte ingênua, como Heitor dos Prazeres, Chico da Silva e Ivonaldo. "A arte existirá enquanto houver humanidade, e esta existe em função do amor. Se este amor não existir mais entre nós, aí então a arte deixará de ser. E com ela a própria humanidade" Ivonaldo, autor de Copos de Leite (ao lado), presente na Bienal Naifs do Brasil, do Sesc Piracicaba Divulgação
Desenhos O Sesc Pompéia promoveu nos meses de novembro e dezembro o projeto O Dese nho e seus Papéis, organizado pelas artistas plásticas Edith Derdyk e Patricia Furlong. O evento ofereceu ao público uma variada gama de atividades, abor dando o desenho de forma m ultidisciplinar. Além de oficinas de diversas técnicas, a programação incluiu palestras e relatos de experiências de artistas como Gal Oppido, Ary Perez e Geórgia Kyriakakis.
Prêmios No último dia 10 de dezembro ocorreu, na sede do Instituto dos Arquitetos do Brasil - Departamento São Paulo, a Premiação IAB-SP 2002. Na ocasião, três projetos arquitetônicos do Sesc São Paulo foram premiados: na categoria Edificação para Fins Culturais e Esportivos, a nova unidade do Sesc Pinheiros, de autoria do arquiteto Miguel Juliano; na categoria Comunicação Visual/Objeto, as salas Internet Livre, do arquiteto Francisco Spadoni; e, na categoria Edificação para Fins Esportivos, o ginásio do Sesc Piracicaba, do arquiteto Euclides de Oliveira.
Cinema 2002 O Cinesesc apresentou em dezembro a 3a Retrospectiva Sesc de Cinema Brasileiro. Em 13 dias, foram apresentados 26 dos filmes que entraram no circuito em 2002. Além de ser uma chance extra para quem perdeu alguns dos filmes, a mostra representa também a possibilidade de ter uma visão mais ampla sobre a produção nacional do ano. Na pro gramação, filmes tão diversos como Rocha que Voa, de Erik Rocha, Surf Adventures, de Arthur Fontes, e 0 Invasor, de Beto Brant.
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DOSSIÊ O Lugar do Escritor
"Queria contar uma história sobre contadores de Fazer do escritor o personagem. Mas o personagem escritor também é invenção. Quando fala de si, pode estar falando de várias pessoas, pode ser a soma dos personagens que inventou" Eder
Chiodetto. autor d e V
O jornalista Eder Chiodetto lançou em dezembro, no Sesc Vila Mariana, o livro e a exposição 0 Lugar do Escri tor. Fascinado por literatura, o editor de fotografia da Folha de S. Paulo reu niu retratos de alguns dos nossos maiores escritores em seus locais de trabalho. Além das fotos, o livro apre senta também entrevistas realizadas pelo autor. Na exposição, em cartaz até 3 de janeiro, Eder apresenta 24 das 73 fotos presentes no livro.
Lugar do Escritor
Divulgação/ Eder Chiodetto
Palhaçada Dia 10 de dezembro é o Dia do Palhaço, e, para comemorar a data, o Sesc Santo André promoveu diversas atividades dentro do projeto Que Palhaçada!. A programação incluiu apresentações de grupos, como a Cia. Circo Navegador, de palhaços da nova geração, como Clerouak, e também de mestres como Seu Roger Avanzi. Um acervo com mais de 44 livros relacionados ao tema ficou à disposição dos visitantes. Além disso, houve tam bém oficinas, bate-papos e apresentação de vídeos cômicos. "Decidi ser palhaço depois da experiência de estar preso, que detonou minha cabeça e me transformou em um artista com um desejo profundo de exorcizar minha impotência diante do mundo" Clerouak, um dos participantes do Que Palhaçada!, no Sesc Santo André Divulgaçao
Um só Pecado O CineSesc apresentou em dezembro o ciclo de filmes Um só Pecado, trazen do produções de figuras tão diversas como Jô Soares, Caetano Veloso, Henfil e Roberto Freire. Em comum, o fato de terem realizado um só filme. Mas o grupo completa-se não só com profissionais de outras áreas que se aven turaram com os rolos de película. A mostra apresentou também o cultuado Limite, de Mário Peixoto, e o menos comentado, porém, extremamente sig nificativo Anjos da Noite, do diretor paulista Wilson Barros, m orto prematu ramente. "Meu Deus! Estávamos esperando coisas escandalosas, política, orgias... Esse é o filme mais casto que já vi!" Jorge Mautner, reproduzindo a reação de Cacá Diegues, ao ver pela primei ra vez seu único filme, 0 Demiurgo, de 1972
Upload O Sesc Pompéia abrigou em dezembro o Festival Upload, que, em sua segunda edição, já se firma como um dos mais im portantes eventos dedicados aos fãs do pop e rock na cionais. O objetivo dos realizadores é arejar a produção nacional através do trabalho de bandas muitas vezes esquecidas pela mídia. Além da apresentação de grupos como Ci dadão Instigado, Los Hermanos e Pipodélica, o evento promoveu também uma expo sição e exibições de videoclipes.
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C id a d a n ia
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® Fórum da Cidadania de Santos, com coordenação técnica do Sesc da cidade, realizou em dezembro a quinta edição da Semana Integrada de Cidadania. Dentro da programação do evento, aconteceram palestras, debates, atividades artísticas, oficinas, manifestações públicas e um ato inter-religioso. A intenção dos realizadores é ressaltar a im portância da interação entre as entidades da so ciedade civil e a população, de m odo a propiciar e ga rantir o exercício pleno da cidadania.
São Luiz Gonzaga Luiz Gonzaga, que faria 90 anos em dezem bro, ainda não é santo reconhecido. No en tanto, possui milhares de seguidores. Além de ter sido o maior divulgador da música nordestina, foi também criador do baião e responsável pelo formato instrumental do forró, adotado desde então nos arrasta-pés de todo o País. E para relembrar um dos mais importantes músicos da história brasileira, o Sesc Pompéia promoveu o evento São Luiz Gonzaga, reunindo, em apresentações gra tuitas, trios como Virgulino, Sabiá e Araripe.
p 0 p U [3 f dezembro aconteceu a última edi ção de Quando 0 Erudito Encontra 0 Po pular, promovido pelo Sesc Ipiranga. Segundo a pianista Ma rina Brandão, curadora do projeto, a intenção foi demons trar a riqueza desses dois estilos musicais, a capacidade dos músicos brasileiros e sua versatilidade. “Além disso, foi tam bém deixar claro como a música clássica pode andar de mãos dadas com a popular” , completa. O último concerto da série foi executado pela Orquestra de Câmara Collegium Academicum Paulista, sob a regência de Henrique Müller.
"Artista do gênio forte com proteção soberana era do sul e do norte do palácio e da choupana vivia trovando a raça desde 0 campo até a praça na vida do sanfoneiro era forte, firme e humano artista pernambucano que soube ser brasileiro" Trecho de Ao Rei do Baião, de Patativa do Assaré, registrado pelo Projeto Brasil da Sanfona - realizado em parceria com o Sesc São Paulo - e lançado em CD no Sesc Pompéia
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INSTITUCIONAL
BBp ra w TRIBUNAL~REGIONAL FEDERAL -
KMtMoofi
3.a REGIÃO DECIDE: EMPRESAS DENOMINADAS PRESTADORAS DE SERVIÇOS DEVEM CONTRIBUIR PARA O SESC
Na última Sessão de Julgamentos do ano de 2002, o Tribunal Regional Federal - 3.aRegião reconheceu, por unanimidade, que as empresas prestadoras de serviços são sujeitos passivos da con tribuição destinada ao SESC e SENAC. Nessa Sessão, realizada em 18 de dezembro, foram julgadas 4 Apelações que envolveram as seguintes empresas: Hospital Metropolitano SA (Apelação n.° 2000.61.00.050481-7); Vertical Empreendimentos Esportivos Ltda. (Apelação n.° 1999.61.00.016427-3); Emprodata Processamento e Sistemas S/C Ltda. (Apelação n.° 2000.61.02.002966-5) e Panalpina Ltda. (Apelação n.° 2000.61.00.042313-1). Em seu voto, o Relator Desembargador Federal dessas quatro apelações, Dr. Mairan Maia, após traçar todo o quadro legislativo que envolve a questão, tais como os Decretos-Leis instituidores de SESC e SENAC e a constitudonalização das contribuições desti nadas a estas entidades, por meio dos artigos 149 e 240 da Constituição Federal de 1988, passou a discutir o alcance da expressão "estabelecimentos comerciais", para que pudesse ser respondida a seguinte questão: as empresas prestadoras de serviços podem ser enquadradas neste conceito? Inicialmente, trouxe a questão do Regulamento n.° 737, de 1850, que, em seu art. 19, estabelecia quais seriam os atos de comércio, afirmando que, em razão dessa anterior definição legal, as empresas prestadoras de serviços não se enquadravam como empresas comerciais. No entanto, com o advento da teoria da empresa, atualmente adotada pelo Novo Código Civil, introduzido em nosso ordenamento jurídico pela Lei n.° 10.406, de 10 de janeiro de 2002, conceitua-se comerciante agora como empresário e este, por sua vez, é conceituado no art. 966 do mencionado Código como sendo aquele que exerce profissionalmente ativi dade econômica para a produção organizada ou a circulação de bens ou de serviços.
E é nesse contexto hoje mais amplo do entendimento da expressão "estabelecimento comercial" que se enquadram as empresas prestadoras de serviços. Afirmou esse mesmo Relator que não há como desobrigar estas empresas da contribuição destinada ao SESC e SENAC, dando-se um tratamento diferen ciado, e impedir o acesso de seus empregados a mesma qualidade da formação profissional posta à disposição para as empresas anteriormente denominadas como comerciais. Para complementar sua decisão, trouxe os seguintes artigos de nossa Constituição Federal, que fundamentam a exigibili dade dessa contribuição às sociedades empresárias: artigos 193 e 195 que veiculam os princípios da sociabilidade e da univer salidade, determinando que toda a sociedade contribua para o bem-estar e justiça sociais; e artigo 3.°, que em seus incisos 1, II e III, estabelece que constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil a construção de uma sociedade livre, justa e solidária, a garantia do desenvolvimento nacional e a erradicação da pobreza e da marginalização e a redução das desigualdades sociais e regionais. E, ao citar este último artigo, reconheceu a importância das atividades desenvolvidas pelo SESC e SENAC para o desenvolvimento econômico e humano do País. Mencionou, por fim, que sua decisão foi no mesmo sentido das decisões proferidas pelo Superior Tribunal de Justiça, nos Recursos Especiais de n.° 326.491 e 431.347, e pelo próprio Tribunal Regional Federal - 3.a Região que, em novembro de 2002, julgou apelação que envolvia a mesma tese. E esse voto foi seguido pelas Desembargadoras Federais Marli Ferreira e Salette Nascimento, tendo sido reconhecida a exigibilidade das contribuições destinadas ao SESC e SENAC por parte das empresas denominadas prestadoras de serviços por unanimidade.
0 MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA E ASSISTÊNCIA SOCIAL REAFIRMA : PRESTADORAS DE SERVIÇOS DEVEM PAGAR CONTRIBUIÇÃO A0 SESC/SENAC O MPAS reafirma a tese do Superior Tribunal deJustiça de que as empre
to, e passando a reafirmar a tese do SUPERIORTRIBUNAL DEJUSTIÇA, aama
sas prestadoras de serviços são contribuintes de SESOSENAC, pelo Parecer n° 2911/2002, publicado no Diário Oficial da União de 13 de dezembro p.p.
A vitória representada por essas dedsões e por esse parecer não são apenas
Em síntese, aquele Ministério utilizou os mesmos argumentos do Acórdão
do SESCe SENAC, como Entidades, mas de todos os trabalhadores, como bem ressaltaram os 10 Ministros do Superior Tribunal deJustiça em sua citada últi
do Superior Tribunal de Justiça, que julgou o Recurso Especial n° 431347, acima mencionado, que pacificou o entendimento daquele Corte a respeito da
ma decisão. Decidiram que a pretensão dos empregadores em não contribuir
questão. Este novo parecer do MPAS afastou todos os argumentos e fundamentos
ao SESOSENAC foram recepcionadas constitucionalmente em beneficio dos
contrários, revogando o anterior parecer n° 1.861/99, sobre o mesmo assun
pela via judicial pretendem dispor daquilo que pertence aos empregados.
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empregados, encerra arbítrio patronal, gerando privilégio abominável aos que
Prpséoio do Mestre Molina * P
____ _ . . . . renresentam a tratetória da paiaao de Jesus Cns e.
Instalação com 410 bonecos çue representam
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Quarta a domingo • até o dia 6 Interlagos
ENTREVISTA
0 flautista e compositor completa 60 anos de carreira Aos 77 anos, com 60 de carreira comple tados em novembro passado, Altamiro Carri lho é mais um verbete e tanto de qualquer enciclopédia de música popular brasileira. Flautista, é um estilista à semelhança de seu mestre e amigo Benedito Lacerda; compo sitor, é autor de canções quefazem parte do imaginário musical brasileiro; instrumentis ta, tocou com alguns dos nomes capitais da MPB, de Pixinguinha a Jacob do Bandolim. Incansável, já gravou mais de 130 CDs, entre solos e participações especiais com outros ar tistas. Artista popular, também consagrou-se
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no erudito ao registrar vários clássicos em trabalhos de grande sucesso. Em entrevista exclusiva, pouco antes de uma apresentação no Sesc Belenzinho, Altamirofala das origens do choro, de sua amizade e aprendizado com Benedito Lacerda e da importância do chorinho na música popular brasileira. A seguir, os principais trechos. O senhor está completando 60 anos de carreira. Há exatos 60 anos, eu entrei no estú dio da Odeon com Moreira da Silva, o ve lho Kid Morengueira, para gravar com
ele. Fui escolhido pelo próprio. Toquei com o conjunto de Benedito Lacerda que já era meu ídolo e depois se tomou meu amigo. Na época eu trabalhava numa far mácia e estavam precisando de uma flau ta para acompanhar o Moreira da Silva, ou um clarinete. E não encontravam nem uma coisa nem outra. Aí o dono do con junto ouviu falar que numa farmácia ali perto tinha um garoto que tocava flauta. Eu tremi, disse que não era profissional e tal. Eles disseram “ não, a gente ouviu di zer que você toca muito bem” . Eu fui
para o show que iria acontecer, sem en saio. 0 Moreira falou “ não posso gastar o gogó não, não tem ensaio” . Eu ouvia muito rádio e sabia tocar todos os suces sos e o velho ouvido ajudou, toquei tudo. 0 Moreira olhava para trás e sor ria. Quando acabou o show qual não foi minha surpresa quando ele bateu nas minhas costas e disse “ meu filho, vais gravar comigo quarta-feira que vem” . Era sábado. Eu disse “ ah, seu Moreira, isso é demais” . Mas ele disse que gostou da maneira que eu tinha tocado e queria que eu gravasse com ele. Eu fui e foi muito bom. A gente tem de ter coragem e apertar o gatilho. Se sair, saiu; se não, pelo menos a gente tentou. O senhor viu o choro ser tirado da marginalidade e ser colocado no Municipal... 0
eruditas. Das sonatas de Bach, de Mozart, Beethoven, dessa gente toda. Ago ra, começaram a ensaiar um desenho musical de forma que pudesse ser iden tificada a música brasileira. Não havia nenhuma popular brasileira na época. Só se tocava música importada. Então se formou um pequeno grupo, liderado por Joaquim Antônio da Silva Calado, grande flautista e professor de música; Henrique Alves de Mesquita, um músico excepcional que aos 14 anos já tocava concerto para trompete com orquestra sinfônica e que teve de ir para a França porque não tinha campo para ele no Bra sil; na mesma época surge Chiquinha
"Alguns u
quatro. Então, Calado, fazendo o ritmo com a própria mão - reproduzindo oito semicolcheias em dois tempos, no com passo binário - , fez surgir o ritmo do choro. Agora, era preciso encaixar uma melodia dentro dessa matemática. Na verdade, primeiro nasceu o ritmo, a base, depois veio a melodia. O choro é uma música extremamen te sofisticada. Logo, não tem como querer enganar: se o músico não for bom, não toca choro. Esse tipo de re quisito ao mesmo tempo, digamos, não atrapalha a sua popularização? Tem a ver. O choro é o seguinte: em primeiro lugar é uma música que dá oportunidade ao virtuose de mostrar a u t o r e s a c h a v a m m u itO f o r t e tudo o que ele sabe. Você pode fazer , , . , . , variações sobre o tema do cho-
choro, dizendo que determinava tnsteza ro>porque existe umencadea_
0 choro já teve uma fase muito y y yppg s it u a ç ã o d e a n q Ú S tía . mento lógico, bonito, bom e boa, dos anos de 1940 a 1950. Duranbem-feito. O choro é a música mais te 20 anos o choro veio à tona com M as a g e n te c h o r a d e a le g r ia t a m b é m " elaborada que existe. Mesmo com uma força relativamente boa. Mas toda a bossa nova de Tom Jobim, o não continuou porque veio logo a seguir Gonzaga, a primeira maestrina brasilei choro continua único. Ele tem um pou um gênero de música americana com ra; surgiram também Viriato Figueira e co de sonata, um pouco de sinfonia, um peso muito forte de dólar em cima, que outros músicos que estavam todos inte pouco de tudo... Isso para falar só em foi o rock and roll, que ficou até hoje. Não ressados em criar um ritmo típico brasi harmonia. Agora, e a melodia? Essa en teve jeito, nós lutamos muito, mas não leiro. O primeiro a se arriscar foi Henri tão favorece uma quantidade enorme de deu. Eu digo nós me referindo também que Alves de Mesquita, que compôs o estilos. Nazareth veio com uma mentali a Abel Ferreira, Lupércio Miranda, Wallundu, um gênero que na linguagem afri dade dentro do choro, que ele chamava dir Azevedo, Jacob do Bandolin... Só cana chama-se lundum, mas abrasileirade tanguinho brasileiro. Ele nunca quis gente de primeiríssima linha. Eles esma ram. Era um ritmo tocado acompanhado usar a palavra choro, porque dizia que gavam a gente. Compravam os horários de tambores, mas havia ainda uma in lembrava coisa triste. Aí vem o poetinha das rádios para tocar a música deles. Es fluência de várias habaneiras, incluindo Vinicius de Morais e chama o choro de tão sempre ocupando mais espaço que a mais famosa delas, Carmem, de Bizet. chorinho, carinhosamente “ai, quem me nós. Agora, aconteceu uma coisa curio O lundu tinha um acompanhamento rít dera esse chorinho...” . Ou seja, já é uma sa: a música deles ficou tão ruim a pon mico da habaneira. E não era isso que o forma carinhosa de tratar o gênero cho to de o próprio jovem brasileiro não Calado queria, nem Chiquinha, nem o ro que alguns autores achavam muito querer ouvir mais. E quando eles toma Mesquita. Assim, começaram a ensaiar forte e que determinava tristeza ou uma ram conhecimento do chorinho, por outras coisas, outros ritmos, sempre ba situação de angústia. Mas a gente chora meio de alguns abnegados daquela épo seados nos tambores dos negros, dos de alegria também. O choro é isso, o ca - eu, Jacob e os demais que acabei de escravos - olha o detalhe. E como se choro é alegria, o choro requer muita citar - eles viram que tinha coisa boa. sabe, Calado era mestiço: filho de escra virtuosidade. Você não pode tocar choro Hoje em dia, qualquer show que você vá va com senhor. A Chiquinha Gonzaga se não for um bom músico. Ou melhor, tem mais de 80% de jovens. É raro ver também, Henrique idem. Quase todos pode até tocar, mas mal-tocado. Ele re uma pessoa muito idosa assistindo. Isso tinham sangue negro na veia e aprecia quer muita sensibilidade, criatividade e mostra que eles já estavam querendo há vam muito a percussão. Até que Calado, bom gosto. Se você tocar um choro muito tempo uma coisa melhor e isso escrevendo um lundu, resolveu colocar a como Carinhoso e tocar, assim, pura e não lhes era dado. parte rítmica de quatro semicolcheias simplesmente, ah, meu amigo... não diz Se a gente fizesse uma genealogia do para cada tempo. O choro é uma música choro, da onde vem a maternidade e a Sobre os arranjos. Por exemplo, você de compasso binário por excelência. paternidade do gênero? Pode-se escrevê-lo em qualquer outro pega o chorinho e o compara com coi O choro é uma mistura de músicas compasso, mas ele nasceu com dois por sas mais recentes da música brasileira e revista 6
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ENTREVISTA trechos de músicas na cabeça, mas percebe que além de ter uma rica melo sem fazer plágio. Ele aproveitava o es dia e harmonia, ele possui um cuidado pírito da frase musical. grande com os arranjos. Isso o distin Tem umas coisas do Pixinguinha que gue do restante da música brasileira lembram mesmo Mozart. que, na maior parte das vezes, parece Exatamente. Tem um choro do Pixin vir nua. O senhor sente isso? Eu vou dar um exemplo que o sau guinha que se chama Cuidado Colega doso Vinicius de Morais nos deixou: eu sei as músicas dele de cor, porque já toquei praticamente todas e sabe “ que me perdoem as feias, mas bele za é fundamental". Ou seja, a música onde ele foi pegar uma frase bonita para que não é bonita por si, que não é ins essa música? Em Vivaldi. E é perfeito o pirada, que não nasceu bonita dificil intervalo. Aquilo é o inconsciente dele. mente poderá se tornar mais bonita. Talvez ele nem soubesse de onde estaria Isso pode acontecer à custa de m uito vindo aquilo, agora ele sabia colocar no esforço, mas ela não te dá subsídios lugar certo. Ele era daqueles composito para isso. O problema é esse. Tom Jores que sabiam pegar um trechinho de bim, por exemplo, um dos maiores uma música de outro compositor... Al gênios da composição, ao meu ver, fa guns fazem isso. Eu sou assim. Eu ouvi zia o seguinte: três acordes, prim eiro um sinal de chamada no aeroporto do ele buscava uma linha harmônica, Galeão, uma chamada para um vôo inpara depois buscar a melódica. Garota de Ipanema é assim, ele foi ' Você não pode tocar choro vendo o que dava para embelezar se não for um bom músico. aquela harmonia, depois vinha a me lodia. A cama já estava arrumada, , > u melhor, pode até tocar, era só colocar a melodia em cima, tranqüilamente. E assim é com gran mas mal tocado" des autores do mundo inteiro. Eles pensavam prim eiro na harmonia. Ago ternacional, eu peguei as quatro notira, havia também naquela época auto nhas, anotei num papel e dentro do res que eram essencialmente melodisavião escrevi um chorinho chamado Ae tas. A própria melodia já era tão boni roporto Galeão. Quando cheguei no hotel ta que mesmo mal harmonizada a coi em Fortaleza, o chorinho estava pratica sa soava bem. mente pronto. Só faltava o arremate. Na E o Pixinguinha nessa estrutura da mesma noite eu toquei. qual o senhor está falando? Quais pessoas ensinaram ao senhor Ah, fantástico. Pixinguinha foi gê alguma coisa? nio duas vezes: gênio tocando flauta Foram várias. Entre elas, cito um ao e gênio compondo. Ele usava uma lin qual devo muito da minha carreira, o guagem diferente de todo o mundo. maestro Alceu Bochino. Esse homem é Ele fazia choro improvisando na roda, fantástico. Vive lá no Rio, está com mais ele dava o tom e a coisa saía. Ao ter de 80 anos, lúcido, está regendo ainda a m inar a roda de choro é que ele es orquestra. Ele me deu um incentivo mui crevia. Tinha uma memória ótim a, ele to grande. Eu tinha medo de tocar músi gravava todas as notas que ele im pro ca erudita. Eu sabia que podia tocar, mas visava. Pixinguinha lembrava um pou faltava me convencer disso. Aí ele che co Mozart, ele era m uito rápido para gou e disse “ por que você não toca mú com por e harmonizar. Certa vez, sica erudita, garoto?” . Eu falei para ele quando garoto, um professor tocou que era um flautista de choro, um músi para ele um trecho de uma sinfonia co popular. Ele rebateu me dizendo que de Beethoven. Ele ficou com aquilo na eu tinha uma maneira de pronunciar a cabeça e depois de adulto compôs In nota como se fosse um flautista erudito. gênuo e Ainda me Recordo - que era o Aí ele me convidou para ir a casa dele final de uma sinfonia. Ele guardava ensaiar algumas coisas. Eu nunca iria re
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cusar um convite daqueles e fui. Che gando lá, ele pegou um concerto de Mozart e disse para gente tocar. Eu to quei e ele disse “ está perfeito” . Aí ele me deu aquela injeção de ânimo. Foi quan do eu comecei a tocar sonatas de Bach e alguma coisa de Beethoven, cheguei até a fazer dois CDs de clássicos em choro. E quem mais o influenciou? Pixinguinha, Lupércio Miranda - gran de bandolinista, Jacob do Bandolim e Benedito Lacerda. Além deles, Dante Santoro e Patápio Silva - embora não te nha convivido com ele, porque quando eu nasci ele tinha morrido. Mas Pixingui nha eu tive o prazer... Tocou com ele? Cheguei a gravar com ele. Só que ele não queria gravar de jeito nenhum. Quando chegaram com o instrumento ele disse “ só vou tocar porque é com o Carrilho” . Mas nessa época quem estava no apogeu era Benedito Lacerda. Ele gravava em todas as partes, acompa nhando todos os cantores, fez dupla com o Pixinguinha. Outro que me in fluenciou muito foi Dante Santoro, um flautista gaúcho que morava no Rio de Janeiro e que tinha um estilo muito par ticular, muito dele, muito especial. Ele tinha um estilo alemão, assim, digamos, bem matemático. Mas tocava bonito, ti nha uma sonoridade muito bela que su perava aquela certa falta de balanço. O que o senhor acha que o Benedito Lacerda tinha de bom? O estilo que ele criou. Eu adoro esti listas, seja de moda, cabeleireiros... Criou uma coisa nova, para mim, o su je ito tem valor. E o Benedito criou uma maneira de tocar flauta, que todos os flautistas pós-Benedito procuraram se aproximar dele. E eu, talvez, tenha sido o que melhor aproveitou esse ensina mento. Eu convivi com ele, eu ia à casa dele, tocava flauta com ele. Ele criou uma maneira de tocar flauta mais leve que os outros, eram notas mais curtas e com mais graça e brilho. E com Jacob do Bandolim eu também aprendi muito e por que não dizer que o próprio Ja cob aprendeu com Benedito também. Waldir Azevedo também me ensinou bastante.
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agora novos dias e horários de exibição. Para conhecer o conteúdo de cada faixa e obter mais detalhes sobre a programação, ligue (11) 3236-2295 ou utilize a internet: www.redestv.com.br
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Sexta-feira Mundo da Ecologia Gerações Viva Vida Brasil Solidário Visões do Mundo Intercâmbio Instrumental Sesc Brasil STV na Dança Visões do Mundo Em Rede Trampolim Oficina de Vídeo Perspectiva Modernidade Diálogos Impertinentes Programa de Palavra Literatura Visões do Mundo Mundo da Alimentação O Mundo da Fotografia Fragmentos Estúdio Brasil Brasiliana Panorâmica O Mundo da Arte Balaio Brasil Museus e Castelos Visões do Mundo Documentário Visões do Mundo / Cine STV Cine STV Visões do Mundo
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Por Silvia Basílio
A partir de fevereiro, o programa extensão nacional. A meta do novo
ganha é ampliar
para 4 mil toneladas a arrecadação de alimentos em 2003
lhar calmo, chinelos desgastados, passos lentos. É pre ciso inclinar-se para escutar sua história, narrada em sotaque arrastado. Do alto de seus 63 anos, o baiano wJoão Vieira de Souza ainda migra. Todos os dias. João deixou a terra natal há cerca de 30 anos sedento por oportunidades em ; São Paulo. Sorrindo, recorda os tempos em que atuava como segurança em empresas da capital paulista. Hoje, sem filhos, o baiano vive em dois albergues na região central da cidade. Esi sas entidades abrigam pessoas que tiveram seus direitos às ! condições básicas de sobrevivência, garantidos em Constitui1 ção, ceifados pela crise socioeconômica que assola o País. João j dorme num abrigo do Brás. Mas, logo cedo, caminha até o I bairro do Glicério, onde há outro albergue. É neste último, o I Centro de Acolhida São Francisco, que João passa seus dias, rei tomando pendularmente ao Brás com o cair da noite. | O motivo? “Vim aqui para facilitar mais o bolso” , argumenta, i No albergue noturno, é obrigado a desembolsar R$ 1 pelo pra, to de comida, enquanto no Glicério ganha o almoço de graça. ; Com um livro de fotos da Bahia nas mãos, João diz que é ruim ; ter fome. “Você nunca sentiu?", indagou à queima-roupa, para, . em seguida, surpreender-se com a possibilidade de alguém I nunca ter vivido a experiência da fome.
O
Divulgaçáos
A história de privações e sacrifícios desse nor destino não é única. No Brasil, 54 milhões de pes soas são consideradas “ pobres” , segundo relató rio divulgado em dezembro passado pelas Nações Unidas e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Desse contingente, cerca de 49 milhões de pessoas (quase um terço da popula ção) sobrevivem com até meio salário mínimo percapita, enquanto 5 milhões não possuem nem mesmo fonte de renda. Aliado a isso, o fantasma da inflação voltou à baila nos últimos meses, al çando os preços da cesta básica - que na cidade de São Paulo valia, em dezembro, mais do que um salário mínimo. M esa Sã o Pa u l o , M esa B rasil
Há tempos, a responsabilidade pela garantia do direito social à alimentação deixou de ser exclusi vidade do poder público e passou a ser partilhada com a sociedade. Na tentativa de aliviar o cenário de miséria, o chamado terceiro setor tem amplia do cada vez mais sua atuação. Nesse bojo de ini ciativas de combate à fome, encontra-se o Mesa São Paulo, programa do Serviço Social do Comér cio que coleta alimentos excedentes ou sem valor comercial ju nto a empresas e os distribui a insti tuições beneficentes. Ao implantar esse sistema, denominado “ colheita urbana” , o Sesc busca atar duas pontas que muitas vezes podem parecer dis tantes: o setor produtivo e a população carente. Criado em 1994, o Mesa São Paulo já atinge cerca de 35 mil pessoas somente na capital paulista. No 18 revista e
Estado de São Paulo, o número de atendidos salta para aproximadamente 55 mil. Foi tendo em vista o sucesso do programa que o Departamento Nacional do Sesc decidiu am pliar sua atuação contra a fome. E a mesa cres ceu. Com pievisão de lançamento para o próxi mo mês, o Mesa Brasil - programa de abrangên cia nacional contra o desperdício de alimentos e combate à fome - tem como meta chegar a todas as capitais brasileiras até 16 de outubro de 2003, com atenção prioritária às áreas mais necessita das. A data foi escolhida em virtude da comemo ração do Dia Mundial da Alimentação. A propos ta é ampliar o trabalho desenvolvido pelos já bem-sucedidos projetos dos Departamentos Re gionais do Sesc: Mesa São Paulo, Banco Rio de Ali mentos, Banco de Alimentos, de Pernambuco, e Amigos do Prato, do Ceará. A Gerência de Esporte e Saúde do Departa mento Nacional do Sesc coordena o grupo de trabalho do Mesa Brasil, com a colaboração das equipes do Mesa São Paulo e do Banco Rio de Ali mentos. O prim eiro passo será treinar equipes es tratégicas nos Estados para a implantação do programa. Cada área a ser trabalhada será avalia da quanto às suas especificidades socioeconômicas e culturais. Para 2003, a estimativa do Mesa Brasil é arreca dar 4 mil toneladas de alimentos. Isto é, elevar em um terço a arrecadação aproximada do ano passa do referente aos Estados de São Paulo, Rio de Ja neiro, Ceará e Pernambuco, de 3 mil toneladas.
C o m b a t e a o d e s p e r d íc io
Há oito anos nascia o Mesa São Paulo. A Vigília Musical Contra a Fome, campanha de arrecadação de alimentos realizada pelo Sesc em parceria com a Ação da Cidadania Contra a Fome, capita neada por Betinho, deu origem à idéia. O evento oferecia 24 horas ininterruptas de atrações musi cais e o ingresso eram alimentos não-perecíveis. O Sesc São Paulo, que já lidava com programa de alimentação subsidiada à população de baixa renda na unidade do Carmo, passou a discutir uma forma de ação permanente de combate à fome. “Aquilo foi uma ação pontual, no bojo de uma Campanha, mas entendemos que deveria haver um programa de caráter permanente” , re corda Estanislau da Silva Sales, gerente de pro gramas socioeducativos do Sesc São Paulo. Num prim eiro momento, eram fornecidas às entidades beneficentes refeições prontas. Em se guida, o modelo foi substituído pelo atual siste ma de “ colheita urbana” , baseado em programas dos Estados Unidos e Portugal. Além de proporcionar à população carente uma alimentação mais nutritiva com a complementação de refeições, o Mesa SP ataca outro pro blema recorrente no Brasil: o desperdício de ali mentos. São recebidos produtos fora do padrão usual de venda, como tomates pequenos; com de feitos de embalagem; e ainda com prazos de vali dade próximos ao vencimento, fato que dificulta a comercialização. Sob a responsabilidade do Sesc São Paulo, os alimentos são examinados por uma equipe de nu tricionistas e, quando necessário, submetidos a análises laboratoriais que garantem segurança aos futuros consumidores. Exemplo curioso de doa ção é a praticada pela cadeia defast food Habib’s. Ao preparar um prato, a lanchonete despreza a ponta e o miolo da abobrinha que, mais tarde, passam a compor o almoço de João em seu alber gue diurno. “ Em termos de conceito, é simples: pegar onde sobra e levar onde falta. Mas a logística é complexa” , nota Estanislau, chamando a atenção para a eficiência com que os alimentos devem ser vistoriados e entregues às entidades. Entre as 369 instituições carentes beneficiadas pelos núcleos de Santos, São José dos Campos e pelos dois implantados em São Paulo (Sesc Car-
Mesa Sesc São Paulo; cenas dos estágios p e rc o rrid o s n o com bate ao desperdício. C uidados na m anip uiaçã o e rapidez no transporte,
mo e Itaquera), está uma das moradas de João, o Centro de Acolhida São Francisco, que prepara diariamente cerca de 1.180 refeições. No Estado de São Paulo, as doações provêm de 461 empresas, que vão desde supermercados e indústrias até companhias que prestam serviço de transporte e bancas do Ceagesp. Bens de consumo, como equipamentos de cozinha, também são bem-vindos. Importante parceira do Mesa SP, a Vigor tem um histórico de mais de 30 anos de colaboração com projetos sociais. Segundo estimativa de seu vice-presidente de controle, Vinícius Ramos, no ano passado, a empresa doou cerca de 60 tone ladas de alimentos ao Mesa SP. Além de seu caráter social, que foge do assistencialismo e paternalismo, o programa tem for te cunho educativo - o que também será repro duzido no Mesa Brasil. Mensalmente, são realiza-
Disposto a colaborar que hoje considera o terceiro setor “ desapoiadas oficinas destinadas a voluntários e profissio c om o doa d o r ou do e sem incentivo” . nais das instituições atendidas pelo programa e v o lu n tá rio ? Para Disposto a trabalhar pela aprovação do Esta empresas doadoras. O objetivo é possibilitar o m aiores tuto, Oded Grajew, presidente do In s titu to acesso a informações básicas na área de alimen in form ações sobre o Ethos, deseja ver em 2003 a votação dos pro tação, garantindo a qualidade nas refeições e Mesa SP, basta je to s de lei. “ Vamos começar a trabalhar para promovendo a mudança de hábitos alimentares. c h a m a r o pressionar o Congresso” , prom ete Grajew, Entre os assuntos tratados, estão dicas culinárias 0800 177 772. para quem a in icia tiva do Sesc é de extrema para o aproveitamento integral dos alimentos. A ligação é gratuita. im portância. Há, entretan to, os que defen Os cursos são ministrados por microbiologistas, Também é possível dem que as colaborações ocorram indepen nutricionistas, médicos e culinaristas que colabo o b te r in form ações nas dente de incentivos fiscais. A idéia é p a rtilh a ram como voluntários. unidades do Sesc São da por Vinícius Ramos, da Vigor. Ele avalia Paulo. que o em presário tem de ser guiado por um I ncentiv o fiscal Ao ser mencionado no Fome Zero, projeto “ espírito hum anitá rio e societá rio” . Para o social prio ritá rio do governo de Luiz Inácio executivo, trata-se de uma “ obrigação da so Lula da Silva, o Mesa São Paulo firm a seu status ciedade para resgatar a população dessa ma de programa m odelo de combate à fome. “ O zela que é a fom e” . C o ntrário a formas de in centivo fiscal pelo governo, ele argumenta Mesa SP é exemplar. Seu resultado mostra que que as medidas reduziriam verbas. “ O gover ele é extremamente eficiente” , aplaude Walter Belik, um dos coordenadores do Fome Zero. O no não tem de dar incentivo. As empresas é sociólogo ju stifica que o programa do Sesc que devem te r in icia tivas” , defende. concilia a participação da sociedade com a Do outro lado, Belik e Grajew apostam que ação efetiva contra a fome. Apesar do reconhe as doações ganhariam im pulso com os incenti cimento, Belik, avalia que o Mesa SP ainda pode vos fiscais. O presidente do Ethos também nota ser aprim orado. “ Propomos que ele seja aper que as parcelas de im postos a serem deduzidas feiçoado através de legislação” , diz o coorde representam pouca receita para o governo nador. Tendo em vista o impulso que ganharia diante dos benefícios proporcionados. ■ ju n to à classe empresarial, o Fome Zero reco menda explicitam ente que o Estatuto do Bom S il v ia Ba s íl io é j o r n a l is t a Samaritano seja tratado pelo Congresso Nacional. Iniciativa do Sesc, o docu mento é um conjunto de qua tro anteprojetos de lei e um anteprojeto de convênio rela tivo ao ICMS que visa proteger o doador quanto à responsabi lidade civil e crim inal, além de conceder isenções e in centi vos fiscais a quem faz doa ções. O Estatuto foi entregue ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em setem bro de 1996, mas ainda não foi aprovado integralm ente. “A f i lantropia vai até determ inado p onto para algumas empresas. Outras precisam de um empurrãozinho a mais", afirma Belik 20 revista e
Cartilha contr,
I n t i t u t o E th o s c n a m a n u a l p a ra o r ie n t a r e m p re s a n o s 0 diretor regional do Sesc São Paulo, Danilo Santos de Miranda, chama a atenção para a mobilização da sociedade em projetos de com bate à fome e ao desperdício, como o Mesa São Paulo. "0 Sesc desempenha um papel articulador e alavancador. A comunidade tem de estar envolvida", ressalta. Confirmando essa tendência, estimativas do Instituto Ethos apontam que, ao cabo dos pró ximos quatro anos, mais 3 milhões de empre sas irão se unir à ofensiva de combate à fome. Engajada na conscientização do empresariado no que diz respeito à problemática da pobre za, a entidade faz parte do time de mobiliza ção social do Fome Zero, programa prioritário do governo Lula. Oded Grajew, presidente do Ethos, acredita que na esteira do Fome Zero a participação dos em presários crescerá de maneira significativa. Para fomentar as colaborações, o Ethos deve lançar em janeiro um manual para orientar a participação das empresas em projetos de in clusão social. Intitulado "0 que as Empresas Podem Fazer pelo Combate à Fome", a idéia do
documento é driblar a falta de informação sobre o tema. E a ofensiva não pára por aí. 0 Ethos prevê ainda a criação de um website que, além de enfocar o combate à pobreza, relatará expe riências bem-sucedidas na área. Também é planejada uma grande campanha de mídia e uma exposição, no mês de outubro, que mos trará a participação de empresas em questões sociais. Acredita-se que, ao jogar luz sobre a situação dos excluídos, o Fome Zero desencadeie maior integração nacional no que se refere à questão da pobreza. "Acho uma iniciativa importante. Está atacando um problema crônico no Brasil", elogia o vice-presidente de Controle da Vigor, Vinícius Ramos. Ele nota, contudo, que apenas doações não resolvem o problema. "As ações têm de ser mais profundas, como a criação de oportunidades de renda, cooperativas de tra balho e pequenos negócios", avalia, reconhe cendo, porém, que hoje não há alternativa que atenda melhor ao tema com a urgência que o País necessita.
revista 6
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A nona edição do Sesc Verão, que acontece em todas as unidades da capital e do interior, divulga a importância da atividade física e demonstra .atieeta
inalmente é chegada a estação do ano mais aguardada por todos. Na praia, nas, piscinas, nos par ques ou mesmo na rotina do trabalho, o calor do verão acaba exigindo um pouco menos de roupa. Ne^sa épcuca, a prática de exercícios físicostoma as páginas de jornais e revistas, a programação çla te levisão e até mesmo os papos entre ami gos, enchendo, por conseqüência, clu bes, parques e academias de gente disposta a perder os quilinhos adquiri dos ao longo do ano. Aproveitando essl maior inclinação das pessoas, o Sesc São Paulo promove o Sesc Verão, um grande projeto que en volve todas as unidades da capital e do interior para estimular a prática de exer cícios físicos e orientar a população quanto à sua importância. Além de uma vasta programação de aulas e eventos esportivos, as atividades incluem tam bém palestras, vivências, eventos cultu rais, bate-papos e uma grande campa nha de comunicação que toma as ruas das cidades envolvidas. Em 2001, o slogan do projeto foi “ Seu corpo não vem com instruções” . Ativi dade física só com orientação. A idéia era conscientizar a população de que se movimentar é preciso, mas não de qualquer maneira. No ano passado, a proposta foi incentivar as pessoas a buscarem uma atividade que se adap tasse ao seu próprio gosto, sob o slogan “Atividade física tem que dar prazer. En contre a sua” . Este ano, a campanha e a programa ção do Sesc Verão - que se iniciou no dia 2 de janeiro e se estende até 4 de março - tratam de demonstrar que as atividades físicas estão ao alcance de todos. E que sempre é tempo de co-
F
meçar. Outdoors, jingles nas de rádio e propagandas nos pontos^e ônibus e jornais já veiculam a mensa gem dessa edição: “ Escolha seu cor po” . A atividade física está onde você está. É só querer. “ Nosso objetivo principal é atingir as pessoas que ainda não se convenceram da importância da prática de atividades físicas” , afirma Érika Mourão T. Dutra, assistente da Gerência de Desenvolvi mento Físico-Esportivo do Sesc São Paulo. “ Neste ano, nossa proposta é desmistificar as dificuldades em se exer citar” , prossegue. “ Queremos propor atividades que estão ao alcance de to dos em seu cotidiano e, também, cha mar a atenção para o fato de que as es colhas que fazemos no dia-a-dia podem modificar nossas vidas, aumentando nosso bem-estar.” Entre os destaques da programação do Sesc Verão 2003, está a instalação interativa Labirinto das Escolhas, abri gada pela futura unidade do Sesc 24 de Maio. De maneira lúdica, os visitantes são convidados a refletir sobre deci sões cotidianas que poderiam trazer benefícios à sua saúde, como uma ali mentação mais adequada, um sono mais equilibrado e a prática de ativida des físicas. Além disso, há também um site na Internet repleto de informações, que pode ser visitado no endereço httpyAwvw.sescsp.org.br. R esistência
Segundo a psicoterapeuta Helena Martins, que participará de um dos ci clos de palestras realizados no projeto, as pessoas que não praticam atividades físicas costumam se justificar alegando uma série de dificuldades muitas vezes
nce de todos
lucionaveis. lano arranjar desculpas para questões qúe, na verdade, sãp reflexos de outros problemas. Não po norar que pode haver faltaae tempo, de dinheiro, mas isso pode ser conton A questão é saber qual é a capacidade de cada um para encarar as suas dificulda des” , argumenta. Helena acredita que hoje em dia to dos sabem que o exercício físico é mui to importante, mas defende que, em muitos casos, as pessoas não iniciam as atividades por questões emocionais. “ Nossas frustrações e dificuldades se re fletem em todos os aspectos da vida: no trabalho, nas relações afetivas e tam bém em nossa relação com nosso pró prio corpo.” Segundo ela, começar a fa zer exercícios pode contribuir também para a solução dos outros problemas. “ Se a pessoa tem consciência de que ne cessita se exercitar, tem dificuldades e as supera, ela pode encarar a vida de outra maneira.” No entanto, uma questão essencial quando se trata de atividades físicas é superar uma série de conceitos que se difundiram ao longo do tempo. É o que defende o especialista em medicina es portiva e fisiologia do exercício e pro fessor da Escola Paulista de Medicina, dr. Paulo Zogaib. “As pessoas não de vem ficar preocupadas em seguir pro gramas rígidos de treinamento, que de fendem grandes cargas horárias semanais. Se o sujeito não faz nada e passa a dar uma caminhada de dez mi nutos, duas vezes por semana, ele já terá algum ganho. E quando ele se acostumar com essa atividade, segura mente vai buscar aprofundá-la gradativamente” , explica. revista Q
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tem 20°ó de gordura em seu corpo é saudável. Em termos de saúde, é uma medida absolutamente aceita. No en tanto, segundo os padrões estéticos, esse indivíduo está completamente fora de forma.” Uma das recomendações do dr. Paulo e uma das principais frentes de ação da campanha do Sesc Verão deste ano é a mudança de hábitos cotidianos. “ Optar pela escada convencional em vez da es cada rolante ou do elevador, parar o car ro mais distante do destino ou descer do
E stét ic a e saúde
Nos últimos anos, o culto a um corpo malhado e bem definido acabou sendo responsável por um grande aumento do número de pessoas que praticam exercícios nos clubes, parques e, sobre tudo, nas academias. Mas, quando se trata de atividade física como promo tora de saúde, as exigências são dife rentes. “A mídia acaba veiculando a im portância do exercício físico como tendo uma finalidade meramente esté tica” , afirma dr. Paulo. “ O indivíduo que
Fâ.Çâ. VOCe seu (3.13.
ônibus no ponto anterior para caminhar | um pouco mais são pequenas atitudes que podem trazer grandes benefícios à saúde” , explica o médico. “ E se esses há-3 bitos forem adotados pela pessoa de I maneira mais regular, essas podem pas sar a ser suas atividades físicas diárias nem precisaria se engajar em um progra ma de condicionamento” , defende. “ Po rém, o que acontece é que, além de acu mular benefícios, a pessoa passa a se sentir melhor e acaba se interessando por atividades mais intensas.”
Escac|a rolante, automóvel, telefone sem fio. São tantas as comodidades da vida mo
derna que, aos poucos, sem nem mesmo percebermos, nos movimentamos cada vez menos. Porém, é bom ressaltar, especialistas apontam que simples atividades - como estender um pouco mais a caminhada para o trabalho, ou deixar de lado o elevador - po dem, por si só, trazer benefícios à nossa saúde, desde que realizadas de maneira regular. Um corpo saudável não se conquista ape nas nas academias. Ele é definido a cada momento, a partir de nossas escolhas. A seguir, algumas com as quais nos deparamos em nosso dia-a-dia. Experimente perceber o que você poderia mudar em seu cotidiano. E bom verão!
Que tal uma alimentação mais balanceada? Por que não substituir os alimentos mais
Ha muitas opçoes de atividades físicas:
no clube, no parque, nas
rv s i
unidades do Sesc ou mesmo nas ruas. Escolha a sua
o que lhe proporcionara mais disposição para o trabalho.
Depois das primeiras horas de trabalho, é importante também um almoço adequado.
Mas se hoje bateu aquela vontade de algo bem calórico... ... feijoada, refrigerante, bolo de chocolate, às vezes é realmente
Na correria, não dá tempo nem de preparar um café da manhã com ais cuidado...
difícil resistir. Não é preciso radicalismo. Adotando uma alimentação balanceada na maior parte dos dias e praticando atividades físicas regularmente, você eventualmente poderá sucumbir a estas tentações. Afinal, ninguém é de
Mas nada como um dia depois do outro. Sempre é tempo
ferro. O importante é tentar manter o
de hábitos mais saudáveis. Acordando mais cedo, irá lhe
equilíbrio, procurando evitar excessos.
sobrar mais tempo para cuidar de si mesmo.
24 revista e
Ah! Esta cansado? Tudo bem, mas quando
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não estiver, não custa fazer um esforcinho extra, né?
Por que nao descer do onibus no ponto anterior e caminhar \®3E!3i um pouquinho mais? Se está de carro, você também pode aproveitar a lentidão do trânsito para um exercício simples de alongamento...
0 Mas, se ainda estiver cansado comece a se perguntar se uma atividade física não Ja em casa? Alem das opções convencionais de
poderia ajudá-lo a enfrentar
atividades físicas, como academias
melhor o dia...
parques e centros esportivos, você pode conciliar o desejo de se exercitar com simples atividades
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A vida e assim mesmo: ter hábitos saudáveis é uma questão de escolha. Só você pode decidir o caminho que quer tomar. Mas deve ter clareza em relação às conseqüências ou benefícios que suas opções podem trazer para sua vida.
revista e
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mbora haja muita gente talentosa fazendo teatro infantil atual-
mente - nomes que vão desde os veteranos Vladimir Capella e Ilo Knigli até novatos como Claudia Vasconcelos e Carlinhos Rodrigues - o estilo ainda perde com o amadorismo mostrado em algumas produções. “ É um círculo vicioso” , começa explicando Dib Carneiro Neto, jornalista e crítico. “ De fato, há produções fracas, improvisadas demais, que acabam por aumentar o estigma de ‘teatrinho’." 0 jornalista analisa que esses espetáculos pouco compromissados com a qualidade e o profissionalismo acabam por afastar o público. Isso torna as produções não-rentáveis - “ pobres, deficitárias e deficientes” , categoriza Dib. Assim, as produções continuam ruins, num crescendo que, por sua vez, afasta a mídia. “Se a imprensa dá menos espaço, as peças também não se viabilizam, pois elas precisam de divulgação” , retoma. “Sem divulgação, não há público. Sem público, não há dinheiro. Sem 26 r e v i s t a
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dinheiro, não há um mínimo de cuidado com a qualidade técnica e visual. En-
Cristina optou pela delicadeza e pelo respeito ao universo infantil em seu es-
fim, é mesmo um círculo vicioso.” Ainda segundo o crítico, a solução nos leva ao início da discussão: “ É preciso elim inar o preconceito, não só do píiblico que tacha injustamente o teatro infantil de ‘teatrinho’, mas também dos produtores com relação aos temas a serem abordados, da imprensa com relação aos espetáculos e dos adultos com relação às crianças” , afirma. Para a diretora Cristina Lozano, que montou o espetáculo infantil As Roupas do Rei, a partir de texto de Claudia Vasconcelos, a categoria ainda sofre de mais um mal: a visão estritamente comercial que parece reinar na produção infantil, seja no teatro ou na televisão. “ Muitas vezes, a coisa vem absolutamente pronta e a criança simplesmente deseja um produto” , explica. “ Não há um questionamento se aquilo lhe serve, se lhe é bom.” Procurando uma abordagem que apontasse para um caminho inverso,
petáculo. Resultado: seus esforços foram reconhecidos. As Roupas do Rei foi escolhida a melhor peça infantil pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), em 2002. “Tudo começa quando o texto consegue ser abrangente em to dos os sentidos” , retoma referindo-se ao elogiado trabalho realizado pela autora, Claudia Vasconcelos. “ Quando ele (o texto) trata a criança a partir do ponto de vista da observação, como a criança observa as coisas, como ela recebe as informações externas." S en sib ilida de e escolha
As Roupas do Rei não se identifica com didatismos ao lidar com sua platéia, mas interessa-se, sim, por sugerir o caminho que leva ao exercício da reflexão, “A peça vem para fazer a criança questionar, mas de uma forma muito delicada. Eu acho que é assim que a criança deve ser tratada. Essa peça fala basicamente de sensibilidade e escolha.” Clau-
Cada vez mais a produção de teatro para crianças é pautada por alto profissionalismo e muito talento - da dramaturgia às montagens
dia Vasconcelos completa ressaltando a responsabilidade de escrever para os pe quenos e o poder que o adulto tem ao falar com a criança. “ É preciso prestar atenção naquilo que é adequado para a criança” , enxerga a autora. “ E o adequa do é apresentar um universo de imagi nário m uito aberto, um lugar onde a imaginação funcione, trabalhar com a criatividade e nunca se valer de nenhum moralismo, mas sim fazer as coisas de maneira acolhedora.” Em texto escrito para o catálogo do espetáculo, Claudia confessa: “ (...) foi a criança em m im que escreveu essa peça (...)” . Sentimento que, embora soe o contrário para alguns, é m uito mais sé rio e necessário do que se imagina. “ Pa rece piegas, mas é decisivo estimular seu lado criança se você quer ser um adulto melhor” , concorda Dib. “A fanta sia é fundamental. Estimula a inteligên cia, a criatividade. Faz pensar. Quem não fantasia é pobre de espírito, mata sua sensibilidade e sua capacidade de ser to lerante neste mundo cada vez mais into lerante.” ■
A/as fotos, os b on ecos cria d o s p e la ^Cia. Truks
Os tr u q u e s
da T ru k s
"0 Sesc São Paulo tem, na verdade, uma preocupação constante com a qualidade em tudo o que realiza. Não poderia ser diferente com a programação de teatro in fa n til", começa esclarecendo Adolfo Mazzarini, coordenador de programação da uni dade Belenzinho do Sesc, que irá receber quatro espetáculos da companhia de tea tro de animação Truks, de São Paulo. "As crianças de hoje são o público de ama nhã", enxerga. "E certamente um público in fa n til bem formado será um bom públi co de teatro." A companhia é destaque, na verdade, num gênero que ultrapassa a divisão teatro adulto/teatro in fa n til. Mas é inegável o apelo que a manipulação de bonecos exer ce sobre as crianças. "Costumo dizer que a nossa opção primeira é trabalhar para crianças", explica Henrique Sitchin, que divide com Verônica Gerchman a batuta da Truks. "Admiramos muito o universo in fa n til. Há um aspecto da infância que sem pre me atraiu de forma mais intensa e sempre me intrigou no que se refere aos pró prios caminhos da humanidade: creio que construi na criança a imagem do ser hu mano, digamos, natural, o ser humano em estado mais prim itivo, mas ao mesmo tempo mais purificado." Henrique completa ainda que é preciso sempre ter em mente que teatro, antes de tudo, é arte e deve ser fe ito com arte, seja voltado para crianças ou adultos. "0 teatro in fa n til tem o vício, infelizmente, de querer ser excessivamente didático", conta. "Creio que ele deve conter sempre uma inspiração artística. Acho que os se res humanos são feitos por aspectos objetivos e subjetivos. Aos artistas foi reser vado expressar-se no subjetivo: intrigar, instigar, emocionar, divertir." Quanto ao preconceito que o gênero sofre, Henrique dá a dica: talvez a mudança comece por deixar velhos conceitos e enxergar a realidade atual. Será que a reação a isso não está aí, diante dos nossos olhos? "Tive a oportunidade de ver muita coisa em outros países, e digo com muita certeza que a N :&>■ produção brasileira é certamente uma das melhores do mundo", responde Henrique. "Seria realizar um ' sonho assistir a uma potencialização cada vez maior desta nossa capacidade. Acho que as criani ▼ wP ças agradeceriam." A Truks apresenta 0 S e n h o r d o s S o n h o s nos dias ^ 11 e 12 de janeiro e 1 e 2 de fevereiro; C id a d e A z u l, dias 18 e 19 de janeiro e 8 e 9 de fevereiro; C o n ta r a té 1 0 , dias 25 e 26 de janeiro e 15 e 16 de feve reiro; e l/ovô, dias 22 e 23 de fevereiro. Todos os espetáculos no Sesc Belenzinho. Confira a progra£ mação de Teatro In fa n til das unidades do Sesc São a ____ Paulo no C a d e rn o d e P ro g ra m a ç ã o desta edição.
révis.ta e
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Todo 0 Nordeste e suas múltiplas referências culturais são o grande foco do projeto Paisagem
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e 30 de novembro a 6 de de zembro, a área de convivência do Sesc Pompéia abrigou um projeto cujo objetivo era mostrar o Nor deste para o Sul. Porém, ao contrário do que se pode esperar de eventos como esse, a Experiência 01 do projeto Paisa gem Zero - Nordeste é Todo Lugar não es tava interessada em bater na tecla do folclore para mostrar a cultura nordesti-
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Coerente com o título, o evento quis provar que antes de qualquer coisa “ nordeste” é uma referência geográfica e que os costumes que o dividem do sul e sudeste do País não representam - ou, na verdade, não deveriam representar muros tão altos, a ponto de nos impedir de enxergar. “ Existe um preconceito em relação ao Nordeste” , começa a explicar Ricardo Muniz, curador-geral da exposi ção. “ Numa cidade como São Paulo exis te uma noção de diferença entre o Sul e o Nordeste, algo como um ‘Sul Maravi lha’. Por isso, a gente resolveu trabalhar em cima da idéia de como se estabelece a relação entre Norte e Sul, Leste e Oes
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Norde
te, como o Nordeste existe na cabeça das pessoas.” Com este projeto, o Sesc de São Paulo e a Fundação Joaquim Nabuco dão con tinuidade a uma parceria que teve início em 1999, com o projeto Nordestes. Na ocasião, no mesmo Sesc Pompéia foi apresentado um grande panorama da cultura contemporânea produzida na região do Nordeste. “ O projeto Paisagem Zero nasce sob a inspiração de diversas figuras emblemáticas da cultura brasilei ra e nordestina” , explica o diretor regio nal do Sesc São Paulo, Danilo Santos de Miranda. “A primeira delas é Gilberto Freyre, um homem polêmico e inquieto, criador da Fundação Joaquim Nabuco, um daqueles intelectuais que Antonio Cândido demonstrou serem verdadeiros revolucionários do pensamento social brasileiro, junto de Sérgio Buarque de Hollanda e Caio Prado Júnior." Dentro desse espírito que propõe uma reflexão sem fronteiras e sobre elas, a curadoria concluiu que, na verdade, o nordeste pode existir em todo lugar. “ Ele é uma referência geográfica” , reto
ma o curador. “ Percebemos também que a questão dos estigmas e preconcei tos poderia ser elaborada de outra for ma.” A solução encontrada coloca em xeque a própria noção de obra-de-arte. Um conceito sofisticado que demandou muitas discussões da equipe até que to dos tivessem certeza que a mensagem seria passada com o mínimo de ruído possível. “ Foram inúmeras discussões em torno de temas como arte contem porânea” , explica Silvana Meireles, su perintendente do Instituto Cultura, Fundação Joaquim Nabuco. “ Discussões organizadas em dois seminários realiza dos nas cidades de Recife e de Fortale za, contando com a participação de pesquisadores e artistas, até optar-se por trabalhar com estratégias de cria ção.” Isso explica o modelo escolhido para a grade de programação. A preocu pação foi a de não mostrar produtos tí picos nordestinos, mas sim analisar como se concretizam os processos de criação da arte contemporânea. “A gen te não trouxe um espetáculo de maracatu, mas trouxe a mulher que é a rainha
EXPERIENCIA 01-SAj
do maracatu para contar a história do ritm o e da dança ju n to com um único dançarino que ilustrou como ele, pes soa, existe dentro dessa manifestação” , exemplifica o curador. Paisag en s
Essa negação do folclore nordestino pasteurizado se reproduziu em outros momentos do final de semana dedicado às performances. O sergipano, radicado em Recife, DJ Dolores colocou adultos e crianças para dançar numa rave que mis turou ritmos nordestinos com batidas eletrônicas - bem ao estilo de Dolores. Além disso, o bailarino dinamarquês (que mora no Nordeste) Peter Dietz improvi sou uma dança ao som de Fred Zero 04, do Mundo Livre S/A; o professor de Filo sofia e tradutor de Gilles Deleuze no Bra sil, Peter Pal Pélbart, junto com a atriz Ondina, fez uma performance com a pre sença de porcos vivos, numa referência à Deleuze - segundo o qual a filosofia se ria destinada a crianças e porcos; e blo cos e cordões em sessões de carnaval fora de época passaram pela rua princi
pal da unidade, terminando na boca da Cobra Grande, de Márcia Benevento, ex posta no evento. A parte visual contou também com um penetrável de Hélio Oiticica, o PN16 - Nada. Mas, numa exposição que se propõe a refletir o Nordeste, como se explica a presença desses artistas? “ O espaço onde aconteceu o projeto no Sesc foi concebido por Lina Bo Bardi” , começa respondendo Ricardo. “ Ela chamava aquele laguinho que corta a área de con vivência do Pompéia de Rio São Francis co. Além disso, ela fez um espaço aberto para a criação do espectador. Por isso que a gente trabalhou com a Cobra Gran de. Aquela cobra jogada lá é simplesmen te um túnel de metal, mas o espectador
constrói um imaginário em cima daquilo. Já o Hélio Oiticica é outro criador que com seu PNÍ6 - Nada também coloca, teoricamente até, a questão do especta dor como co-criador.” A obra de Oiticica consiste num labirinto escuro onde o es pectador/criador/participante entra e mergulha num blecaute total. Em meio a essa sensação, o visitante é instigado a dar a sua opinião sobre o nada. “ Ou seja, você desaparece e se toma o artista, você cria o seu espaço e a sua imagem” , reto ma o curador. “ Por isso Hélio Oiticica e Lina Bo Bardi. São pessoas que trabalha ram com essa idéia de processo de cria ção e de valorização de discursos comuns, ou seja, do homem comum e não somente do artista.” ■
0 projeto continua em plena efervescência. No final de janeiro segue para Recife e fica na internet com um site que pode ser acessado pela página do Sesc São Paulo (http://www.sescsp.org.br), no qual cada um pode criar sua paisagem Nordeste. revista e
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Uma c a ç a Exposição mapeia as estátuas de Diana Caçadora espalhadas por São Paulo ituada na Rua Bom Pastor, esqui na com a Rua dos Patriotas, no bairro do Ipiranga, a casa onde residia a família Jafet teve seu jardim projetado pelo modernista John Graz, na década de 1930. Como parte da com posição de um espelho d'água, encontrava-se ali, na época, uma estátua da deusa Diana, a caçadora. A casa foi adquirida pelo Sesc no final da década de 1980 e demolida para que se iniciasse a construção da unidade Ipi ranga, inaugurada em 1992. Por conta disso, a escultura foi removida e perma neceu até então em preservação em ou tra unidade do Sesc Sã Paulo. As comemorações dos 80 anos da Se mana de Arte Moderna, em 2002, evento do qual participou John Graz, trouxeram Diana de volta a seu jardim, onde será instalada definitivamente e exposta à apreciação. “ Muito do patrimônio esta belecido em ruas, praças e outros locais de São Paulo fora dos museus carece não somente de conservação, mas, principal mente, de reconhecimento” , justifica Denise Bemuzzi de SantAnna, professora de História da Puc-SP. Reconhecimento este que, ainda segundo a professora,
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tem por base uma noção de compromis so que deve partir do cidadão em relação à cidade. A reinauguração da escultura, que acontecerá no dia 25 de janeiro, promo veu também um levantamento de outras estátuas da deusa na cidade de São Paulo. O resultado poderá ser descober to pelo público nos jardins do Sesc Ipi ranga, que colocará em exposição repre sentações fotográficas das outras seis esculturas que podem ser encontradas em diversos lugares da cidade. A pesqui sa, realizada pela Casa da História, ren deu ainda a publicação de um abrangen te catálogo que, além de apresentar as estátuas, envolve temas pertinentes como patrimônio cultural e, claro, o mito da deusa. Para Sérgio José da Silva, um dos pes quisadores, esta é uma forma de reapresentar à cidade os seus patrimônios. “As pessoas estão acostumadas a andar por São Paulo sem prestar atenção aos diver sos monumentos e obras de arte que nela estão espalhados, enquanto que, quando se fala das obras que estão no Louvre, por exemplo, parece que a obra adquire uma aura de respeito maior” , diz Sérgio. A condição dessas obras, além de
expostas, podendo ser agredida ou bem acolhida, ou recebendo apenas a pura in diferença dos moradores e passantes, ga nha, segundo Denise, “ densidade históri ca, funcionando de maneiras antes impensáveis, referenciando trajetórias e participando do fluxo urbano. Em outras palavras, a obra é colocada em ação” . Os Ja r d in s d e D ia n a Assim como os deuses gregos foram integrados no imaginário de inúmeras ci vilizações antigas, principalmente na civi lização romana, o mito de Diana serviu de inspiração para artistas de diversas épocas e escolas. Em São Paulo é possível encontrar exemplares que vão desde a cópia de uma estátua em bronze do original per tencente ao Museu do Louvre, Paris, con feccionada por Jean-Antoine Houdon, entre os anos de 1777/1790, até um exemplar em mármore do século 5, que já viajou pela Itália e Inglaterra antes de chegar ao Brasil. A grande diferença entre elas vai além da liberdade de criação dos autores e suas épocas. A primeira foi “adotada" por Pietro Maria Bardi em 1947 e hoje encon^. tra-se no Instituto Li na Bo e
ao t e s o u r o P.M. Bardi junto com outras obras do acervo particular do casal. A segunda está localizada na Pra ça do Correio, no centro da cidade. O original em bronze, pertencente ao Museu do Louvre, foi copiado e fundido pelo Liceu de Artes e Ofí cios de São Paulo e implantada na Praça do Correio na gestão do pre feito Prestes Maia, entre 1940 a 1945. Com a reurbanização do Vale do Anhangabaú, a escultu ra ganhou nova colocação, em meio a um jardim. Mas, vi vendo em um núcleo tão agitado e estando cons tantemente exposta à “ intervenções” variadas, pode-se dizer que a Diana de Houdon aproxima-se de um
modelo da Vênus de Milo dos anos de 1990: falta-lhe um braço e seu corpo está totalmente “tatuado” . Certamen te, os mortais dos dias de hoje, em es pecial os responsáveis por esse tipo de vandalismo e mesmo descaso às obras, desconhecem a furia de Júpiter, pai da incansável Diana. Em meio ao frescor de jardins mais calmos, as estátuas do Parque da Luz e a do jardim das Escultu- j ras do MAM, no Par- i que do Ibirapuera, À apresentam es-
tados de conservação um pouco melho res. As outras duas estátuas podem ser vistas bem preservadas no Hall do Teatro Municipal, no Museu de Arte de São Paulo (MASP) e no Liceu de Artes e Ofí cios, cuja cópia está no Parque da Luz. Para a professora Denise, Diana teria, talvez, alguma coisa a ensinar. “ Não so mente para os que cultuam o seu mito no passado” , diz ela, “ mas para aqueles que tentam religar o passado de nossos antigos caça dores à possibilidade de construir um futuro à esta São Paulo do ter ceiro milênio".
Estátua da deusa Diana que pode ser vista no Sesc Ipiranga
llefferson
MÚSICA
A Lodo3 0 0 Em artigo inédito, o maestro Diogo Pacheco, que participou do projeto
Divinacomentaa
questão da difusão da música clássica no País e a formação dos instrumentistas brasileiros
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ostei m u ito de partic ip a r com o Divina Caffé do pro grama de conferências sobre música realizadas no Sesc-SP em quatro oportunidades. Conside ro-me especialista nessa área. Explijá regi mais de mil concertos ao livre, com orquestra sinfônica; [trabalhei durante 18 anos na Rádio 'Eldorado num programa apenas de música clássica e apresentei na Rede Globo e na TV Cultura cente nas de programas do gênero. Semfazendo com entários leves, a música e seus autores. Quando me perguntam se o brasigosta de música clássica, digo que só poderei responder essa per gunta quando o brasileiro souber o que é música clássica. As televisões não divulgam, as rádios não tocam e os concertos realizados em tea tros são quase sempre inacessíveis ao grande púb lico . Sempre me emociono quando sou parado na rua, até por mendigos, que me d i zem: “ que bonita aquela música que o senhor toca de madrugada na TV” . Ou quando dou autógrafos no meio da rua. A boa música sempre atinge a sensibilidade das pessoas, mesmo que elas não tenham grande conta to com ela. Acredito piamente nis so. 0 problema no Brasil também é
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a falta de boas escolas de música. A m aior parte dos músicos brasileiros que fizeram carreira in ternacional estudou fora. Cito sempre o exem plo do teatro brasileiro como com paração. Na época do TBC, de Franco Zampari, contratava-se knowhow no exterior. Na época, vieram ao Brasil Ziembinsky, Aldolfo Celi, Gianni Ratto, Ruggero Jacobi e tan tos outros homens de teatro que f i zeram nossos Antunes Filho, Flávio Rangel, Cacilda Becker, Sérgio Car doso, Paulo Autran, Raul Cortez... Sempre achei que, m elhor do que dar bolsas de estudos aos nossos talentos para estudarem fora, seria c o n tra ta r bons professores que viessem para cá de modo a form ar bons músicos. Com as bolsas de es tudo concedidas, se o aluno for realm ente bom, provavelmente não voltará ao Brasil. Se bons professo res ficassem aqui, descobririam ta lentos que form ariam nossas orquestras, conjuntos instrum en tais e até o público que freqüenta ria nossos teatros. Sempre que tenho uma o p o rtu n i dade como a que o Sesc me propor cionou, aceito com grande prazer, porque acho que estou contribuin do para o desenvolvimento cultural do brasileiro, tão pobre neste tipo de atividades. -
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m dos locais mais agradáveis da Cidade Universitária é a Pra ça do Relógio, com seus tijolos vermelhos em contraste com o verde das árvores. No seu piso, lê-se uma fra se do Professor Miguel Reale: "No Uni verso da Cultura, o centro está em toda parte." Ao longo do tempo, as centenas de milhares de pessoas para ram frente à inscrição para encontra rem nela a expressão de um espírito visionário. Nos últimos anos, porém, o vigoroso crescimento da pesquisa em nossas universidades agregou outro significado àquela máxima: aos pou cos, a aventura da descoberta científi ca se espalha e invade todos os setores da sociedade brasileira. O crescimento de nossa atividade de pesquisa aparece em diferentes in dicadores. Um deles está na base de dados do Institute for Scientific Knowledge, instituição que cataloga a produção publicada nas principais re vistas científicas internacionais. Essa base registrou, em 1990,4.000 artigos assinados por autores brasileiros; em 2002, esse número está chegando a 15.000. Triplicamos nossa produção em uma década, e a qualidade da nos sa ciência evoluiu ainda mais: cresce ram o número de nossas publicações nas revistas mais seletivas e o desta que dado a trabalhos brasileiros nas
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capas de tais revistas. Nossa ciência toma espaço antes ocupado por ou tros países. É comum dividir-se a pesquisa em básica e aplicada, mas os melhores tra balhos aplicados produzem conheci m ento científico enquanto geram resultados práticos. Há abundantes ilustrações dessa combinação, e vale a pena examinarmos alguns exemplos. O primeiro é um estudo publicado em uma das mais importantes revistas in ternacionais de Medicina Forense. O professor Daniel Munoz, docente da Faculdade de Medicina da USP, foi con sultado por uma empresa de seguros: alguns meses antes, ela havia vendido uma apólice de seguro de vida para um rapaz, que poucas semanas depois de saparecera. Depois disso, a polícia en contrara em uma lagoa o corpo de um jovem m orto a tiros. No IML, a família beneficiária fizera o reconhecimento, antes de procurar a seguradora. Como o corpo tinha sido cremado, a compa nhia tinha dúvidas sobre a identifica ção. Consultado, o professor Munoz recuperou dos arquivos do IML as ba las extraídas na autópsia e encontrou nelas vestígios de sangue em quanti dade suficiente para que uma compa ração com o DNA dos pais do assegurado pudesse ser feita. O resul tado negativo comprovou fraude.
Editoria de Arte
Outro exemplo provém de Piracica ba. Um trabalho em colaboração com uma cooperativa agrícola perm itiu que, a cada ano, se identifique a épo ca ideal para pulverização dos laran jais contra uma lagarta conhecida como bicho-furão. O professor José Roberto Parra, docente da Escola Su perior de Agricultura Luiz de Queiroz, conduziu um estudo de que resultou uma armadilha à base de feromônios que atrai o macho da mariposa que gera a lagarta. Instaladas em diferen tes pontos de observação no Estado de São Paulo, as armadilhas são moni toradas pelos agricultores, que man têm informada uma central de controle. Quando a taxa de aprisionamento de insetos atinge nível crítico, a central recomenda a aplicação do defensivo. O sistema economiza re cursos e minimiza os danos ambien tais da aplicação incontrolada do agrotóxico. O trabalho foi descrito em três publicações em revistas interna cionais. Uma terceira ilustração pode ser en contrada na Santa Casa de São Carlos. O tomógrafo de ressonância magnéti-
Luiz Nunes de O liveira, pró-reitor de Pesquisa da Universidade de São Paulo - USP, esteve presente na reunião do Conselho Editorial da Revista E
ca daquele hospital foi desenvolvido de um docente. Esse programa é tão pelo grupo do professor Horacio Pavigoroso que universidades america nepucci, docente do Instituto de Físi nas de prestígio têm procurado a USP ca de São Carlos, da USP. Com isso, para copiar esse m odelo. um equipamento com valor comercial O surgim ento de pequenas em pre de aproximadamente 1 milhão de dó sas constituídas por pesquisadores lares foi entregue a custo praticamen provindos da Universidade é uma no te nulo: o hospital só teve de arcar vidade que cresce continuam ente em com o preço da construção das salas im portância. Há uma década, havia que abrigam o instrum ento. Desse tra poucas empresas, e nenhuma delas balho, além de diversas publicações em revistas internacionais, re sultou uma parceria de longo prazo entre o hospital e o gru- d e S C O b e ita C i e n t í f i c a S6 G S p a lh a 6 po de pesquisa. Há uma década, tais sinais de vitali dade inexistiam. Os benefícios da ex pansão da pesquisa alcançam a sociedade de diferentes formas. Eles tinha peso expressivo na economia. aprimoram a formação dos estudantes Hoje, elas começam a nuclear cin tu que freqüentam a Universidade, dão rões em torn o dos campi, estim ulam origem a novas empresas e ajudam a pesquisa tecnológica na Universida empresas já estabelecidas a consoli de, oferecem número substancial de dar a sua base tecnológica. Entre as empregos e despontam nos indicado frentes de aprimoramento do ensino res econômicos. O faturam ento de se destaca o programa de Iniciação tais empresas em São Carlos, por Científica, que oferece ao estudante exemplo, é hoje comparável ao inves a oportunidade de participar de um tim ento que o governo estadual faz projeto de pesquisa sob a orientação no campus da USP daquela cidade.
"Aos poucos, a aventura da
invade todos os setores da sociedade brasileira"
O crescimento da pesquisa im põe desafios. A Universidade de São Paulo, responsável por 25% dos resul tados de pesquisa produzidos no País, preocupa-se não só com a con solidação dessa conquista, mas tam bém com a organização das forças responsáveis pela expansão. Um es forço está sendo fe ito para nuclear atividades de pesquisa em to rn o de problemas im portantes para nossa sociedade. Uma ilustração é a recente criação do In s titu to de Ciência e Tec nologia de Resíduos e Desenvolvi m ento Sustentável (1CTR), uma organização virtual constituída por uma centena de pesquisadores de to das as universidades paulistas que trabalha para se converter em centro de referências sobre as questões am bientais associadas à produção de re síduos. O escopo do ICTR in c lu i desde projetos educacionais até pla nos para reorganização de empresas. Várias outras iniciativas estão sen do tomadas com objetivo semelhan te. A organização de uma rede perm ite que pesquisadores da área básica trabalhem om bro a om bro com os de áreas aplicadas, com mais m o ti vação e m elhor disseminação do co nhecim ento. Notícias dos resultados desse trabalho não tardarão a chegar à sociedade. H revista e
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B5LDLA
VDN3y3d3Ãl 36 revista e
Bemocracia participativa
o governo deve dividir com a sociedade
Oded Grajew________________ é diretor-presidente do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social e conselheiro da Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança e do Adolescente
Há vários anos todos os estudos dos departamentos de segurança dos países mais ricos apontam para a escassez de recursos naturais e o imenso contingente de pessoas desesperadas e desesperançadas, vivendo na miséria sem praticamente nada a perder, sentindo-se excluídas e injustiçadas. Os riscos dessas situações para a humanidade são enormes. Neste cenário, o papel do setor empresarial está mudando rapidamente. Até há poucas décadas as empre sas se preocupavam apenas em produzir e oferecer serviços. O dono da empresa fazia filantropia de forma individual, dependendo de sua visão social e de seus recursos. Posteriormente, as empresas também passaram a empreender ações sociais na comunidade. Atualmente, a responsabilidade social empresarial incorpora-se à gestão e abrange todas as relações da empresa com funcionários, clientes, fornecedores, investidores, governo, concorrentes, acionistas, sindi catos, meio ambiente e a sociedade em geral. Esta evolução tem acompanhado as expectativas que as pes soas têm sobre as empresas. Na pesquisa 2002, Responsabilidade Social das Empresas - Percepção do Consumidor Brasileiro, realizada pelo Instituto Ethos e pela Indicator Pesquisa de Mercado, 39% dos entrevista
dos revelaram que esperam, principalmente, que as empresas estabeleçam padrões éticos mais elevados e ajudem a construir uma sociedade melhor. O setor empresarial é o mais poderoso da sociedade. Possui imensos recursos financeiros, tecnológicos e econômicos. A mídia, a indústria cultural e o setor de propaganda são controlados na sua quase totalidade pelo setor privado. Formam valores culturais e influenciam o comportamento da maior parte da nossa população, além de exercerem uma grande influência política por meio do financiamento a campanhas eleitorais e do aces so privilegiado junto aos governantes. Mas o grande poder do setor empresarial implica uma grande responsabilidade. Apenas a responsabilidade social é capaz de promover uma drástica transformação no quadro humano e ambiental brasileiro e mundial. É fundamental que haja essa grande mudança nas priori dades da agenda de nossa sociedade, colocando em primeiro lugar os temas sociais e ambientais, não no dis curso e sim nas ações. Ao longo do tempo as empresas, mesmo concorrentes, organizaram-se em associações de forma corporativa na defesa dos seus interesses setoriais e regionais. Procuraram construir um ambiente favorável para as suas atividades. Agora, essas mesmas empresas estão percebendo que a deterioração ambiental e social é uma grande ameaça para a sociedade e para as suas atividades. É possível antever que elas, além de incorporar cada vez mais a responsabilidade social na sua gestão, responden do às expectativas crescentes da sociedade, irão se revista &
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