CATÁLOGO 2022 - MIRADA - FESTIVAL IBEROr publication

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FESTIVAL IBEROAMERICANO DE ARTES CÊNICAS

9 – 18 setembro 2022 MIRADA

9 – 18 setembro 2022

MIRADA

ESPETÁCULOS, ATIVIDADES FORMATIVAS E REFLEXÕES DA CENA CONTEMPORÂNEA DE PAÍSES DA AMÉRICA LATINA, PORTUGAL E ESPANHA.

WWW.SESCSP.ORG.BR/MIRADA

FESTIVAL IBEROAMERICANO DE ARTES CÊNICAS

TRANSPOSIÇÕES CRIATIVAS

DANILO SANTOS DE MIRANDA DIRETOR DO SESC SÃO PAULO

Avistar horizontes tem o potencial de despertar sentimentos que, quando esperançosos, permitem vislumbrar tantas possibilidades quanto a vastidão do olhar puder preencher. Se partilhados, os horizontes comuns tendem a estabelecer conexões e reconhecimentos reverberantes, com encontros e aprendizados multilaterais. Para tanto, disposição e senso crítico são fundamentais, tornando esse descortinar uma experiência transformadora, de percepção de assimetrias e estreitamento mútuo de laços. Essa experiência foi possível graças às colaborações de Isabel Ortega, Pepe Bablé e Ramiro Osorio, companheiros prestimosos nos últimos 12 anos, desde a primeira edição do Mirada. Meu agradecimento especial pela bonita jornada que completamos juntos!

Nesse caminhar, as expressões artísticas têm sido canais privilegiados para se pensar realidades – passadas, presentes e futuras. Pois, ao apresentarem tanto indicadores da diversidade histórica, cultural e social quanto elementos para sua compreensão, tais manifestações convidam-nos a experimentar perspectivas alternativas, ficcionais ou não, de maneira a visualizar, muitas vezes, panoramas antes impensados.

A fim de propiciar semelhantes trocas, refletindo sobre heranças comuns e identidades particulares, o MIRADA – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas mantém o objetivo de apresentar experiências cênicas dos países da América Latina, Portugal e Espanha, favorecendo diálogos entre seus criadores e apresentando ao público suas produções. Em 2022, após interrupção ocasionada pela pandemia, o evento retorna ao âmbito presencial, compartilhando espetáculos, encontros e atividades formativas. No ano do Bicentenário da Independência do Brasil, o MIRADA tem Portugal como país homenageado, ensejando reflexões alinhadas às críticas decoloniais acerca das relações históricas e socioculturais entre os países envolvidos, cujas consequências repercutem até os dias atuais.

A cidade que abriga o festival, Santos, além do caráter simbólico de uma região portuária, de trânsitos e conexões, integra também a rede de Cidades Criativas da Unesco. Nesse ponto de confluência, que remete a dois pilares do Sesc – as trocas comerciais e os intercâmbios culturais –, vejo na ocupação artística de variados espaços citadinos, em parceria com agentes locais, a oportunidade de reduzir fronteiras e fortalecer diálogos entre povos diversos.

3 PORTUGUÊS

CREATIVE TRANSPOSITIONS

Sighting horizons have the potential to awaken feelings that, when they are of hope, allow us to glimpse as many possibilities as the breadth of the gaze can reach. When shared, common horizons tend to establish connections and reverberating recognitions, with multilateral encounters and learning. For this, willingness and a critical sense are fundamental, because this revelation becomes something transforming, of perception of asymmetries and a mutual strengthening of ties. This experience was made possible thanks to the collaboration of Isabel Ortega, Pepe Bablé and Ramiro Osorio, prestigious partners in the last 12 years, since the first edition of the Mirada festival. My special thanks for the beautiful journey we have completed together!

During this journey, artistic expressions have been privileged channels to think about realities - past, present and future. Since, by presenting both indicators of historical, cultural and social diversity and elements for its understanding, such manifestations invite us to experience alternative perspectives, fictional or not, in such a way that we often visualize panoramas previously unthinkable.

With the aim of sponsoring such exchanges, which lead us to reflect on common heritages and particular identities, MIRADA - The Ibero-American Festival of Performing Arts maintains the purpose of presenting stage experiences from Latin American countries, Portugal and Spain, which favor dialogues between their creators and present their productions to the public. In 2022, after the interruption caused by the pandemic, the event returns to the on-site environment, sharing performances, meetings and training activities. In the year of the Bicentennial of Brazil's Independence, MIRADA has Portugal as the country of homage, giving rise to reflections aligned with decolonial critiques on the historical and socio-cultural relations between the participating countries, whose consequences have repercussions up to the present day.

The city hosting the festival, Santos, in addition to the symbolic character of a port region, of transits and connections, is also part of the UNESCO Creative Cities network. At this point of confluence, which refers to two pillars of Sesc - commercial and cultural exchanges - I see in the artistic occupation of various city spaces, in partnership with local agents, the opportunity to reduce borders and strengthen dialogues between different peoples.

4 ENGLISH
DANILO SANTOS DE MIRANDA DIRECTOR OF SESC SÃO PAULO

TRANSPOSICIONES CREATIVAS

SANTOS DE MIRANDA DIRECTOR DEL SESC SÃO PAULO

Avistar horizontes tiene el potencial de despertar sentimientos que, cuando son de esperanza, permiten vislumbrar tantas posibilidades cuanto la amplitud de la mirada pueda alcanzar. Al ser compartidos, los horizontes comunes tienden a establecer conexiones y reconocimientos reverberantes, con encuentros y aprendizajes multilaterales. Para eso, disposición y un sentido crítico son fundamentales, pues esa revelación se torna algo transformador, de percepción de asimetrías y un estrechar mutuo de vínculos. Esa experiencia fue posible gracias a las colaboraciones de Isabel Ortega, Pepe Bablé y Ramiro Osorio, compañeros prestigiosos en los últimos 12 años, desde la primera edición del festival Mirada. ¡Mi agradecimiento especial por la bonita jornada que hemos completado juntos!

Durante este camino, las expresiones artísticas han sido canales privilegiados para pensar realidades – pasadas, presentes y futuras. Pues, al presentar tanto indicadores de la diversidad histórica, cultural y social como elementos para su comprensión, tales manifestaciones nos invitan a experimentar perspectivas alternativas, ficcionales o no, de manera que muchas veces, visualizamos panoramas antes impensados..

Con el objetivo de patrocinar semejantes intercambios, que nos llevan a reflexionar sobre herencias comunes e identidades particulares, MIRADA – Festival Ibero-Americano de Artes Escénicas mantiene el propósito de presentar experiencias escénicas de países de América Latina, Portugal y España, que favorecen diálogos entre sus creadores y presentan al público sus producciones. En 2022, después de la interrupción ocasionada por la pandemia, el evento retorna al ámbito presencial, compartiendo espectáculos, encuentros y actividades formativas. En el año del Bicentenario de la Independencia del Brasil, MIRADA tiene a Portugal como país homenajeado, dando lugar a reflexiones alineadas con críticas decoloniales sobre las relaciones históricas y socioculturales entre los países participantes, cuyas consecuencias repercuten hasta los días actuales.

La ciudad que recibe al festival, Santos, además del carácter simbólico de una región portuaria, de tránsitos y conexiones, integra también la red de Ciudades Creativas de la Unesco. En ese punto de confluencia, que remite a dos pilares del Sesc – los intercambios comerciales y culturales –, veo en la ocupación artística de variados espacios citadinos, en asociación con agentes locales, la oportunidad de achicar fronteras y fortalecer diálogos entre pueblos diversos.

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DANILO

SUMÁRIO / TABLE OF CONTENTS / RESUMEN

TRANSPOSIÇÕES CRIATIVAS

/ CREATIVE TRANSPOSITIONS

/ TRANSPOSICIONES CREATIVAS

VIAGEM AO OUTRO

/ JOURNEY TO THE OTHER

/ VIAJE AL OTRO

TECIDOS DE UMA OBRA ABERTA

/ FABRICS OF AN OPENWORK

/ TEJIDOS DE UNA OBRA ABIERTA

CAMPOS DE CONFLITO –

A DECOLONIALIDADE NO CENTRO DA FORMAÇÃO

/ FIELDS OF CONFLICT – DECOLONIALITY AT THE HEART OF EDUCATION

/ CAMPOS DE CONFLICTO –LA DECOLONIALIDAD EN EL CENTRO DE LA FORMACIÓN

11 14 17 21 25 29 34 36 38 03 04 05

CÁRCERE ou Porque as Mulheres Viram Búfalos

COMPANHIA DE TEATRO HELIÓPOLIS

ERUPÇÃO – O LEVANTE AINDA NÃO TERMINOU coletivA ocupação

FESTA DE INAUGURAÇÃO TEATRO DO CONCRETO LÍNGUA BRASILEIRA

E TOM ZÉ | DIREÇÃO GERAL FELIPE HIRSCH

MAR DE FITAS NAU DE ILUSÃO GRUPO IMBUAÇA

O QUE MEU CORPO NU TE CONTA?

COLETIVO IMPERMANENTE

TEBAS

CIA. ELEVADOR DE TEATRO PANORÂMICO

UM INIMIGO DO POVO BACCAN E KAVANÁ PRODUÇÕES ARTÍSTICAS

BRASIL/ARGENTINA

MARCELA LEVI & LUCÍA RUSSO | IMPROVÁVEL

43 45 46 50 54 59 60 65 66 70 74 78 82 ESPETÁCULOS / PERFORMANCES / ESPECTÁCULOS ARGENTINA ERASE GUSTAVO TARRÍO FUCK ME MARINA OTERO LA MUJER QUE SOY TEATRO BOMBÓN BOLÍVIA/BRASIL FRONTE[I]RA | FRACAS[S]O TEATRO DE LOS ANDES E GRUPO DE TEATRO CLOWNS DE SHAKESPEARE BRASIL anonimATO
CIA. MUNGUNZÁ DE TEATRO
ULTRALÍRICOS
PARISI
VILA
COLETIVO 302
c h ãO
PRODUÇÕES CHILE DRAGON GUILLERMO CALDERÓN REMINISCENCIA COMPAÑÍA LE INSOLENTE TEATRE COLÔMBIA LA LUNA EN EL AMAZONAS MAPA TEATRO CUBA BaqueStriBois OSIKÁN – VIVERO DE CREACIÓN 86 90 94 98 102 107 108 113 114 118 123 124 129 130

ENSAIO

OS

SOU

CALLE
PARA UMA CARTOGRAFIA MÓNICA
NACIONAL
ORGIA, PASOLINI TEATRO
21
EUROPA
FILHOS DO MAL HOTEL
UMA ÓPERA, UM TUMULTO, UMA AMEAÇA CAUSAS COMUNS
PORTUGAL, ÚLTIMA PARAGEM OU O QUE NÓS ANDÁMOS
AQUI CHEGAR TEATRO DO VESTIDO PORTUGAL/CHILE ESTREITO/ESTRECHO TEATRO EXPERIMENTAL DO PORTO (TEP) E TEATRO LA MARÍA URUGUAI CUANDO PASES SOBRE MI TUMBA SERGIO BLANCO VENEZUELA/ESPANHA/BRASIL
QUE TIRAR LAS VACAS POR EL BARRANCO LA CAJA DE FÓSFOROS, LA MÁQUINA TEATRO E CIRCUITO DE ARTE CONTRAJUEGO 180 184 188 192 196 201 202 207 208 213 214 135 136 141 142 146 151 152 157 158 162 167 168 172 176 EQUADOR QUIMERA GRUPO DE TEATRO LA TRINCHERA ESPANHA ...i les idees volen ANIMAL RELIGION TEATRO AMAZONAS AZKONA&TOLOZA MÉXICO TIJUANA LAGARTIJAS TIRADAS AL SOL PERU DISCURSO DE PROMOCIÓN GRUPO CULTURAL YUYACHKANI HAMLET TEATRO LA PLAZA PORTUGAL A CAMINHADA DOS ELEFANTES FORMIGA ATÓMICA BRASA TIAGO CADETE/CO-PACABANA COSMOS CLEO DIÁRA, ISABÉL ZUAA E NÁDIA YRACEMA (PAÍS HOMENAGEADO / HONORED COUNTRY / PAÍS HONRADO)
VIAGEM A
PARA
HAY

ATIVIDADES FORMATIVAS, INSTALAÇÃO E PONTO DE ENCONTRO

/ COMPLEMENTARY ACTIVITIES, INSTALLATION AND MEETING POUNT

/ ACTIVIDADES DE FORMACIÓN, INSTALACÍON Y PUNTO DE ENCUENTRO

INFORMAÇÕES

/ INFORMATIONS / INFORMACIONES

GRADE DE PROGRAMAÇÃO

/ PROGRAM SCHEDULE

/ GRILLA DE PROGRAMACIÓN

ATIVIDADES FORMATIVAS, INSTALAÇÃO E PONTO DE ENCONTRO

/ COMPLEMENTARY ACTIVITIES, INSTALLATION AND MEETING POINT

/ ACTIVIDADES DE FORMACIÓN, INSTALACIÓN Y PUNTO DE ENCUENTRO

PROGRAMAÇÃO DIA A DIA

/ DAILY SCHEDULE / PROGRAMACIÓN DIARIA

FORMATIVAS / COMPLEMENTARY ACTIVITIES / ACTIVIDADES DE FORMACIÓN INSTALAÇÃO / INSTALLATION / INSTALACIÓN PONTO DE ENCONTRO / MEETING POINT / PUNTO DE ENCUENTRO 219 220 223 226 230 232 234 236 236 236
ATIVIDADES
ENDEREÇOS / ADDRESSES / DIRECCIONES CONTATOS DOS ARTISTAS / ARTIST CONTACTS / CONTACTOS DE LOS ARTISTAS SOBRE O SESC / ABOUT SESC / SOBRE EL SESC 239 240 242 244 253 254 257 258 259

VIAGEM AO OUTRO

ADRIELE DURAN SILVA EMERSON PIROLA RANI BACIL FUZETTO TOMMY FERRARI DELLA PIETRA

CURADORES E ASSISTENTES PARA ARTES CÊNICAS DO SESC SÃO PAULO

Quatro anos se passaram desde a última edição do MIRADA, adiado em 2020 por causa da pandemia da covid-19, que restringiu a circulação e a aglomeração de pessoas em todo o mundo, desafiando as artes cênicas a permanecerem ativas e encontrarem outras formas e meios de expressão e veiculação.

Esse intervalo singular, com tamanhas consequências nas formas teatrais decantadas a partir de processos de reinvenção e sobrevivência, redescobertas e resiliência fez com que artistas, companhias, diretoras e diretores de teatro se deslocassem para um novo lugar de criação. Peças-filmes e experiências digitais em diferentes plataformas foram criadas e cenas ao vivo foram transmitidas via internet para aqueles que puderam se resguardar em suas casas, garantindo uma copresença temporal de artistas e público, parte fundamental da experiência teatral.

Com todas as dificuldades que se somaram àquelas já enfrentadas desde antes da pandemia no Brasil, quando editais e programas de fomento e incentivo à produção das artes cênicas diminuíam, o teatro permaneceu vivo e relevante. Filha de deuses que morrem e renascem, a arte do teatro sempre encontra modos de existir.

O que o festival apresenta agora está marcado pelos tempos complexos em que vivemos e, sem dúvida, foi amplificado e ganhou novas cores e vozes. A interrupção de 2020, mais do que uma ruptura, foi um ponto de parada para vislumbrar novos percursos necessários.

As desigualdades sociais e econômicas, o legado e as implicações do passado colonial e escravista, as relações de alteridades que atravessam histórias pessoais e familiares, com a pandemia, ganharam uma lente de aumento entre os palcos e as plateias. Peças e dramaturgias que tocavam em pontos nevrálgicos da realidade nacional e de muitos países foram montadas ou reencenadas e pareceram, muitas vezes, premonitórias.

Os festivais no mundo todo, impedidos de causar seu principal intento – grandes aglomerações –, reinventaram estratégias para manter o trabalho curatorial em dia. Encontros on-line da diversa rede ibero-americana de artes cênicas foram um respiro para meses de restrição de convívio. Com o MIRADA não foi diferente.

Em novembro de 2021 foi realizada a Ocupação MIRADA, com a maior parte de suas ações nos formatos digitais. O pensamento de curadoria do festival, que é coletivo e constante desde 2010, pode ser apresentado em obras e processos que reafirmaram a necessidade de manter o olhar

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vivo para as diferenças, semelhanças e entrecruzamentos possíveis de desejos, esperanças e contingências dos países ibero-americanos. Alguns encontros proporcionados naquela programação deram frutos que serão colhidos na atual edição do festival e grupos que apresentaram suas obras, processos ou participaram das atividades formativas no meio digital estarão agora diante do público, em completa presença. Somando-se a isso foi produzido o primeiro volume dos Cadernos de Reflexões sobre as Artes Cênicas na Rede Ibero-Americana, em edição trilíngue, reunindo textos abrangentes em seus conteúdos, escritos por artistas e gestores culturais.

A continuidade do trabalho curatorial com pesquisas e realizações como essas foi fundamental para que se chegasse ao MIRADA 2022. A partir de um novo olhar para as obras que tinham sido anteriormente elencadas foi possível perceber diferentes sentidos que elas adquiriram nos anos recentes. A presença de Portugal como país homenageado, no ano do bicentenário da Independência do Brasil, torna ainda mais significativas as questões concernentes à relação colonial, suas superações ou manutenções, fazendo-se incontornável buscar com mais afinco um viés crítico nos trabalhos selecionados.

Ao partir da ideia de “Ibero-América”, reunindo países outrora colonizados e colonizadores, ao invés de reafirmar relações de dominação e expropriação, a curadoria busca apresentar expressões culturais dessa região transcontinental para além do resultado do processo colonizatório que definiu uma América Ibérica.

O festival apresenta obras em que outros países olham para o Brasil e o discutem, trabalhos em que países latino-americanos defrontam-se com seus velhos colonizadores e estes encaram a história à luz de perspectivas não hegemônicas.

Estão em cena e multiplicadas nas ações formativas questões como: a constituição de alteridades no encontro dos povos e dos indivíduos, relações de trabalho inseridas na lógica capitalista de produção, possibilidades e limites das artes cênicas em sua atuação nas transformações sociais e a própria produção ficcional a partir das histórias pessoais ou dos contextos sociais em realidades periféricas.

São inúmeros temas, presentes nas artes como na vida, atravessados pela necessidade do encantamento e da construção do que é invisível ou impossível enquanto se reproduz a lógica da colonização. Assim, importa ao MIRADA trazer ao público dramaturgias, pontos de vista e recontos históricos protagonizados por corpos cujas existências foram sistematicamente apagadas ou subalternizadas e ainda o são, no presente, em formas de opressão outras.

O teatro, com sua característica única ao unir o passado – tudo aquilo que está preparado para a realização da cena – com o presente – o que de fato se apresenta diante do público – pode abrir um vórtice para o futuro.

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Memória, documento, ficção e realidade se fundem diante da importância maior e permanente de um encontro auspicioso entre as pessoas.

É esse encontro – num tempo que mistura passado, presente e futuro e que mais poderosamente gera transformações, sejam individuais ou coletivas – que o MIRADA intenciona realizar em busca de um plano, ou quem sabe um vislumbre, para o atravessamento de uma era de maus tratos que a humanidade impinge a si e ao planeta.

A viagem vai começar, assegurem seus bilhetes de ida e volta ao outro, – esses sim – os verdadeiramente premiados.

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JOURNEY TO THE OTHER

Four years have passed since the last edition of MIRADA, postponed in 2020 because of the Covid-19 pandemic, which restricted the movement and people’s concentration worldwide, challenging the performing arts to remain active and find other ways and means of expression and placement.

This singular interval, with such consequences in the theatrical forms decanted from processes of reinvention and survival, rediscoveries, and resilience, made artists, companies, and theater directors move to a new place of creation. Films and digital experiences on different platforms were created, and live scenes were transmitted via the Internet to those who could safeguard themselves at home. This ensured a temporal co-presence of artists and audience, a fundamental part of the theatrical experience.

With all the difficulties that added to those already faced before the pandemic in Brazil, when public notices and programs to promote and encourage the production of the performing arts decreased, the theater remained alive and relevant. The art of theater always finds ways to exist as daughters of gods who die and are reborn.

What the festival presents now is marked by the difficult times we live in and, without a doubt, has been amplified and gained new colors and voices. The interruption of 2020, more than a break, was a stopping point to envision new necessary paths.

Social and economic inequalities, the legacy and implications of the colonial and slavery past, and the relationships of otherness that cross personal and family histories, with the pandemic, gained a magnifying glass between the stages and the audiences. Plays and dramaturgy that touched on nerves in the national reality and many countries were staged or re-enacted and often seemed premonitory.

Festivals worldwide prevented from causing their primary purpose – large concentrations of people – reinvented strategies to keep the curatorial work up to date. Online meetings of the diverse Ibero-American performing arts network were a respite from months of restricted socializing. With MIRADA, it was no different.

In November 2021, Ocupação MIRADA took place, most of its actions in digital formats. The festival’s curatorial thinking, which has been collective and constant since 2010, could be presented in works and processes that reaffirm the need to keep an eye on the differences, similarities, and

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ADRIELE DURAN SILVA EMERSON PIROLA RANI BACIL FUZETTO TOMMY FERRARI DELLA PIETRA CURATORS AND ASSISTANTS FOR PERFORMING ARTS AT SESC SÃO PAULO

possible intersections of desires, hopes, and contingencies in IberoAmerican countries. Some meetings provided in that program have borne fruit that will be harvested in the current edition of the festival, and groups that presented their works, processes, or participated in training activities in the digital environment will now be in front of the audience, in entire presence. In addition, the first volume of the Notebooks of Reflections on the Performing Arts in the Ibero-American Network was produced, in a trilingual edition, bringing together comprehensive texts in its contents written by artists and cultural managers.

The continuity of the curatorial work with research and achievements like these was fundamental to reaching MIRADA 2022. From a new look at the works previously listed, it was possible to perceive different meanings acquired in recent years. The presence of Portugal as an honored country in the year of the Bicentennial of the Independence of Brazil makes the questions concerning the colonial relationship, its overcoming or maintenance, even more significant, making it unavoidable to seek more diligently a critical bias in the selected works.

Starting from the idea of “Ibero-America,” bringing together countries that were once colonized and colonizers, instead of reaffirming relations of domination and expropriation, the curatorship seeks to present cultural expressions of this transcontinental region beyond the result of the colonization process that defined an Iberian America.

The festival presents works in which other countries look at Brazil and discuss it, works in which Latin American countries face their old colonizers, and the latter face history in the light of non-hegemonic perspectives.

Questions such as the constitution of alterities in the encounter of peoples and individuals, work relations inserted in the capitalist logic of production, possibilities, and limits of the performing arts in their performance in social transformations, and fictional production itself are on the scene and multiplied in training actions, based on personal stories or social contexts in peripheral realities.

There are countless themes, present in the arts as in life, crossed by the need for enchantment and the construction of what is invisible or impossible while the logic of colonization is reproduced. Thus, it is essential for MIRADA to bring dramaturgy, points of view, and historical re-tellings to the audience, starring bodies whose existences were systematically erased or subordinated and still are, in the present, in other forms of oppression.

The Theater, with its unique characteristic of uniting the past – everything that is prepared for the realization of the scene – with the present – what is actually presented to the audience – can open a vortex for the future. Memory, document, fiction, and reality merge in the face of the greater and permanent importance of an auspicious meeting between people.

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It is this encounter – in a time that mixes past, present, and future and that more powerfully generates transformations, whether individual or collective – that MIRADA intends to carry out in search of a plan, or perhaps a glimpse, for crossing an era of abuse that humanity imposes on itself and the planet.

The trip is about to begin, secure your round-trip tickets to the other –these are – the truly award-winning ones.

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ENGLISH

VIAJE AL OTRO

ADRIELE DURAN SILVA EMERSON PIROLA

RANI BACIL FUZETTO

TOMMY FERRARI DELLA PIETRA

CURADORES Y ASISTENTES DE ARTES

ESCÉNICAS DEL SESC SÃO PAULO

Han transcurrido cuatro años desde la última edición de MIRADA, postergado en 2020 por causa de la pandemia del Covid-19, que restringió la circulación y aglomeración de personas en todo el mundo, desafiando a las artes escénicas a permanecer activas y encontrar otras formas y medios de expresión y vehiculación.

Este intervalo singular, tuvo tamañas consecuencias en las formas teatrales decantadas a partir de procesos de reinvención y sobrevivencia, redescubiertas y resiliencia, que llevó a artistas, compañías, directoras y directores de teatro a trasladarse a nuevos lugares de creación. Ciertas piezas de teatro se transformaron en películas y experiencias digitales en diferentes plataformas. Escenas en vivo eran transmitidas por internet para aquellos que pudieron resguardarse en sus casas, garantizando una co-presencia temporal de artistas y público, parte fundamental de la experiencia teatral.

Sin embargo, con todas las dificultades que se sumaron a las ya enfrentadas desde antes de la pandemia en el Brasil, cuando edictos y programas de fomento e incentivo a la producción de artes escénicas disminuyeron, el teatro permaneció vivo y relevante. Hijo de dioses que mueren y renacen, el arte del teatro siempre encuentra maneras de existir. Los espectáculos que el festival presentará este año, están marcados por los tiempos complejos que vivimos y, sin duda, fueron amplificados y tienen nuevos colores y voces. La interrupción de 2020, más que una ruptura, fue un punto de parada para vislumbrar nuevos caminos necesarios.

Desigualdades sociales y económicas, un legado de implicaciones con el pasado colonial y esclavista, relaciones de alteridades que se entrecruzan con historias personales y familiares, asumieron mayor proporción – debido a la pandemia, entre palcos y plateas. Piezas y dramaturgias que trataban asuntos neurálgicos de la realidad nacional, y de muchos países, fueron montadas o retornaron a escena y parecieron muchas veces, premonitorias.

Los festivales de todo el mundo, impedidos de alcanzar su principal objetivo – grandes aglomeraciones – reinventaron estrategias para mantener el trabajo curatorial en día. Encuentros on-line de diversas redes ibero-americanas de artes escénicas fueron un respiro para meses de restricciones sociales. Con el festival MIRADA no fue diferente.

En noviembre de 2021 fue realizado Ocupación MIRADA, con la mayor parte de sus acciones en formatos digitales. El pensamiento de la

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curadoría del festival, que es colectivo y constante desde 2010, pudo ser presentado en obras y procesos que reafirmaron la necesidad de mantener una mirada viva a las diferencias, semejanzas y entrecruzamientos posibles de deseos, esperanzas y contingencias de los países ibero-americanos. Algunos encuentros ocurridos en aquella programación dieron frutos que serán cosechados en la actual edición del festival. Los grupos que presentaron sus obras, procesos o participaron de las actividades formativas en medios digitales, estarán ahora frente al público, en completa presencia. Sumado a eso, fue producido el primer volumen de Cuadernos de Reflexiones sobre las Artes Escénicas en la Red Ibero-americana, en edición trilingüe, reuniendo textos de amplios contenidos, escritos por artistas y gestores culturales.

La continuidad del trabajo curatorial con pesquisas y realizaciones como esas fue fundamental para llegar al MIRADA 2022. A partir de una nueva mirada a las obras que anteriormente fueron presentadas, se tornaron visibles los diferentes sentidos que adquirieron en los años recientes. La presencia de Portugal como país homenajeado, en el año del Bicentenario de la Independencia del Brasil, hace que sean aún más significativas las cuestiones concernientes a la relación colonial, sus superaciones o como se mantuvieron. Eso lleva buscar con más ahínco un bies crítico en los trabajos seleccionados.

Al partir de la idea de “Ibero-América”, que reúne países otrora colonizados y colonizadores, en lugar de reafirmar relaciones de dominación y expropiación, la curadoría busca presentar expresiones culturales de esa región transcontinental, trascendiendo el resultado del proceso colonizador que definió una América Ibérica.

El festival exhibirá obras de otros países que miran al Brasil y discuten sobre nosotros. Son trabajos en los que países latinoamericanos se enfrentan con sus antiguos colonizadores, y estos encaran la historia a la luz de perspectivas no hegemónicas.

Veremos en escena, y multiplicadas en acciones formativas cuestiones tales como: la constitución de alteridades en el encuentro de pueblos e individuos, relaciones de trabajo inseridas en la lógica capitalista de producción, posibilidades y límites de las artes escénicas en su actuación en transformaciones sociales, y la propia producción ficcional a partir de historias personales o de contextos sociales en realidades periféricas.

Son innumerables temas, presentes en las artes y en la vida, traspasados por la necesidad de encantamiento y de una construcción de lo que era invisible o imposible mientras se reproducía la lógica de la colonización. Por eso, MIRADA se importa en traer al público dramaturgias, puntos de vista y recuentos históricos protagonizados por cuerpos cuyas existencias fueron sistemáticamente borradas o subalternadas y aún siguen siéndolo en el presente, bajo otras formas de opresión.

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ESPAÑOL

El Teatro, con su característica única de unir el pasado – todo aquello que está preparado para la realización de la escena – con el presente – es decir, aquello que de hecho se presenta ante el público – puede abrir un vórtice para el futuro. Memoria, documento, ficción y realidad se funden frente a la importancia mayor y permanente de un encuentro auspicioso entre personas.

Es ese encuentro – en un tiempo que combina pasado, presente y futuro, y que de manera más poderosa genera transformaciones, sean individuales o colectivas – que el festival MIRADA intenta realizar en busca de un plano, o quien sabe un vislumbre, un indicio que permita atravesar una era de malos tratos que la humanidad se impone a sí misma y al planeta.

El viaje ya está por comenzar, garanticen sus billetes de ida y vuelta hacia la capacidad de ser otro. Esos son los billetes verdaderamente premiados.

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TECIDOS DE UMA OBRA ABERTA

VALMIR SANTOS JORNALISTA E CRÍTICO DE TEATRO

Acontecimento social, artístico e cultural, catalisador de narrativas, ideias, estéticas e gentes a mancheias, o MIRADA – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas se viu sobressaltado em seu décimo ano. Como tudo o mais no mundo, naquele 2020, a pandemia interveio e empurrou a sexta edição para agora, 2022. Portanto, a jornada carrega consigo uma dramaturgia falhada em termos de periodicidade bienal. Feito unidades de tempo, espaço e lugar explodidas faz décadas no planeta arte. O irlandês Samuel Beckett (1906-1989) já vaticinava: “Falhar de novo. Falhar melhor”¹. Lema conexo ao ensaiar, o repetir ad infinitum na lida de quem dança, atua, performa.

O fio mais elementar na atual programação vem do calendário. Pois calhou de Portugal, país que seria homenageado dois anos atrás, figurar na boca de cena do MIRADA no mesmo setembro do bicentenário da Independência do Brasil.

A conjunção involuntária dá margem para a indagação que a escritora e tradutora Marilene Felinto endereçou à Bienal Internacional do Livro de São Paulo, em julho deste ano: “(...) é preciso fazer a pergunta que não quer calar — a justa homenagem, para a ocasião, não seria à literatura de países africanos de expressão portuguesa? Por que homenagear o colonizador e não a narrativa literária dos povos sacrificados pela colonização?”², lançou, em artigo no jornal Folha de S.Paulo

1. “Nunca tentado. Nunca falhado. Não importa. Tentar de novo. Falhar de novo. Falhar melhor.” Em “Pra Frente o Pior”, prosa no limite do drama, escrita em 1983 e que ganhou edição no Brasil em “Companhia e Outros Textos”, traduzida por Ana Helena Souza (São Paulo, Editora Globo, 2012, página 65).

2. “Bienal do Livro esquece as histórias negras para enaltecer colonizador”, artigo de Marilene Felinto publicado na Folha de S.Paulo em 6 de julho de 2022, página B8.

Afinal, continua Felinto, “os tempos são de intensificação do pensamento pós-colonial, de consolidação de teorias cujas palavras-chaves são descolonização, justiça social, reparação, direitos humanos e civis, incluídos aqui, ainda hoje, o direito dos povos indígenas e negros usurpados e massacrados nos genocídios produzidos pela colonização europeia branca”.

Sob esse prisma, a jornada cênica que acontece em Santos elenca obras lusas, brasileiras e de outros países da América Latina, do Caribe e da Espanha nos quais a maioria de seus criadores se defrontou com práticas imperialistas e difusoras do patriarcado e de crueldades estruturantes nas mais diversas sociedades.

Profundo conhecedor do sentimento de ódio subjacente às dominações por classe, raça, gênero e sexualidade, nas casas-grandes de ontem e de hoje, o médico e psicanalista Jurandir Freire Costa esclarece: “Crueldade é o ato ou desejo de fazer sofrer física e moralmente a si ou ao outro. Fazer mal ao outro, humilhando-o ou agredindo sua integrida-

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de corpórea, é uma conduta indesejável ou hedionda, conforme o grau da ofensa, mas que pode ser facilmente aceita. Basta desumanizar o próximo. Basta acreditar que ele não é um sujeito moral como ‘nós’ para que a crueldade cometida não seja percebida em seu horror. Ao longo da história, o racismo, o preconceito sexual, a intolerância étnico-religiosa, a indiferença dos opulentos face aos miseráveis etc. mostram com que facilidade podemos desumanizar o ‘diferente’, o ‘inferior’, sem perder uma só noite de sono”³.

COLONIALIDADE DO PODER

Alguns trabalhos do festival ecoam mais diretamente aspectos da colonialidade do poder, conceito cunhado pelo sociólogo peruano Aníbal Quijano (1928-2018) para lembrar que as formas de exploração e racialização de povos não brancos, pelas metrópoles europeias, não desapareceram com a independência de nações latino-americanas.

Polifonia crítica exercita por obras como “Cosmos”, na qual as atrizes, performers e diretoras Cleo Diára, Isabél Zuaa e Nádia Yracema, de ascendências cabo-verdiana, portuguesa e angolana, respectivamente, revisitam a mitologia africana para ficcionalizar o nascimento de um novo mundo afeito ao afrofuturismo e atento ao legado de antepassados e à ciência.

“Brasa”, do artista performativo e visual Tiago Cadete, foca em grupos migratórios que escolheram Portugal ou Brasil para estudar, trabalhar ou simplesmente deixaram o respectivo país por razões políticas.

Em chave transversal, “Estreito/Estrecho”, fruto da parceria do Teatro Experimental do Porto (TEP) com o Teatro La María, do Chile, cutuca com vara curta a historiografia oficial em torno do navegador português Fernão de Magalhães (1480-1521). Há 502 anos, ele liderou uma expedição espanhola que “descobriu” uma passagem natural no extremo sul da América do Sul, entre os oceanos Atlântico e Pacífico, depois batizada com seu nome, Estreito de Magalhães.

Já em “Língua Brasileira”, o Coletivo Ultralíricos, de São Paulo, promove um encontro entre o cantor e compositor Tom Zé e o diretor Felipe Hirsch. A proposta é dar a ver e ouvir a epopeia dos povos que formaram o português falado no país, seus mitos e cosmogonias.

Todavia, a ausência de atuantes indígenas no elenco de seis pessoas foi notada na temporada de estreia na capital, no início do ano. Percepção lacunar amplificada no panorama do festival que tampouco ancora artes do corpo concebidas diretamente por artistas pertencentes a povos originários do Brasil em rituais plenos de teatralidades, danças e ações performativas de per si

Coube a uma longeva trupe peruana representar a dimensão autóctone. O Grupo Cultural Yuyachkani proporciona, em “Discurso de Promoción”, uma reflexão a contrapelo das heranças vinculadas a estruturas so -

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3. O artigo “A Crueldade e a Ética” faz parte do livro “A Ética e o Espelho da Cultura”, de Jurandir Freire Costa, publicado pela Rocco em 1994, página 123.

ciais coloniais. O espetáculo reafirma as tradições dos povos quéchua e aimará ao dissecar a pintura “Proclamación de la Independencia de Perú” (1904), quadro de Juan Lepiani (1864-1932) que idealiza o ato do general argentino José de San Martín (1778-1850) ao emancipar o país da coroa espanhola, em 1821. No primeiro plano da imagem, numa varanda, constam apenas figuras masculinas e brancas da nobreza política e religiosa. Em segundo, abaixo, está o presumido povo, cujos rostos destoam do perfil étnico da população de significativa proporcionalidade andina.

Como se sabe, aspectos fundacionais de nação incidem diretamente sobre a vida contemporânea de cidadãs e cidadãos. Artista interdisciplinar, escritora e teórica nascida em Lisboa, com raízes em Angola e São Tomé e Príncipe, Grada Kilomba afirma que “uma sociedade que vive na negação, ou até mesmo na glorificação da história colonial, não permite que novas linguagens sejam criadas. Nem permite que seja a responsabilidade, e não a moral, a criar novas configurações de poder e de conhecimento. Só quando se reconfiguram as estruturas de poder é que as muitas identidades marginalizadas podem também, finalmente, reconfigurar a noção de conhecimento. Quem sabe? Quem pode saber? Saber o quê? E o saber de quem?”⁴, pondera.

Qualquer ser com um mínimo de informação sabe e sente o quanto a humanidade perdeu o prumo em muitos planos. Estão aí a fome, a concentração de renda, as doenças, as guerras, enfim, mazelas moralmente condenáveis e lucrativas para suas respectivas multinacionais.

É conhecida a autopercepção do dramaturgo santista Plínio Marcos (1935-1999), que se considerava “um repórter de um tempo mau”. A ponto de intitular uma de suas peças como “Reportagem de um Tempo Mau”, colagem de textos levada ao palco do Teatro de Arena de São Paulo em 1964. Em meados dos anos 1990, ele se queixava de que as misérias humanas seguiam lhe servindo como matéria-prima. “Sempre fui um repórter dos tempos que vivemos”⁵, declarou o escritor, mais guiado pela realidade do que pela ficção, segundo raciocinou em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo.

VERTENTE DOCUMENTAL

Não sem razão, a maioria das 36 obras do festival adota procedimentos criativos do teatro documental, ou variações dele, para encenar problemas micros e macros que gritam por justiças e são reiteradamente ignorados pelos sistemas econômico (a autofagia do capitalismo?) e político (a imperfeição da democracia?). Moto-contínuo secular do qual instâncias da arte jamais arredaram pé em se contrapor brandindo poéticas de sublevação, de diminuta ou zero ilusão, porém com a sabedoria de que as transformações são entranhadas desde o sujeito para depois se tornarem multidão.

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4. Grada Kilomba em “Memórias de Plantação – Episódios de Racismo Cotidiano” (2008), lançado no Brasil em 2019, pela Cobogó, sob tradução de Jess Oliveira, páginas 12 e 13. 5. “Fui um repórter dos tempos que vivemos”, título de entrevista de Plínio Marcos a Marcelo Rubens Paiva, publicada no caderno “Ilustrada” da Folha de S.Paulo, em 12 de dezembro de 1996, p. 3.

A amplitude temática mostra-se digna da complexidade de nossa época, que no desenho da curadoria se aproxima de um mural do século XXI que periclita e urge.

Dessa maneira, impossível não se afetar pela capacidade das criadoras e criadores de equilibrarem-se à beira de abismos. De como as democracias morrem e, por outra, de como nascem discursos pró-ditadura, inclusive as que já morreram e não deitaram. A obsessão pelo apagamento da história, sob pretextos revisionistas e a custo de muita desinformação. O que a descoberta de frases por operários que trabalharam na construção de Brasília, entre os anos 1950 e 1960, diz sobre idear um futuro comum mais justo? Como viver juntos, a despeito do pensar diverso do vizinho de parede-meia ou da desconfiança mútua na fronteira? O que lideranças indígenas, ribeirinhas, defensores ambientais, historiadores e antropólogos sabem, aprendem e compartilham sobre as mudanças climáticas, as crises sanitária e humanitária vistas sob a ótica de desmatamento, de queimadas, de garimpo e caça ilegais no bioma de maior biodiversidade do mundo, a Amazônia?

O que o desejo move e remove?

Há dobras para a pregnância da nudez desterritorializada pelo íntimo, o universo infinito do corpo. O ativismo de projetos artísticos inclusivos por meio de pessoas que convivem com Síndrome de Down, esquizofrenia ou Alzheimer. A necessidade de reocupação do espaço público cada vez mais excludente. A visibilidade para com o povo periférico e, em particular, o feminismo negro a saudar ancestralidades afro-brasileiras provindas do candomblé e da umbanda. A apropriação da dramaturgia clássica por atuantes protagonistas negros e negras. A bem-bolada junção de partituras da música e da dança que dão numa terceira margem complementar. O tabu da morte desconstruído como signo da vida e acessível às pessoas de todas as idades.

E tudo, dentro e fora de cena, revitalizado pelo abraço e pelo toque – cuja falta a pandemia também revelou ser aguda e grave. O que se tem para a festa dos sentidos é uma gama de sensibilidades, espantos e sensorialidades que fazem desse corpus MIRADA uma obra aberta. Pede-se entrar sem bater.

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FABRICS OF AN OPENWORK

VALMIR SANTOS JOURNALIST AND THEATER CRITIC

A social, artistic, and cultural event, a catalyst for narratives, ideas, aesthetics, and the whole handful of people, MIRADA – Ibero-American Festival of Performing Arts found itself startled in its tenth year. Like everything else in the world, in 2020, the pandemic intervened and pushed the sixth edition to 2022. Therefore, the journey carries with it a failed dramaturgy in terms of a biennial basis. Such as time, space, and place units exploded decades ago on the art planet. The Irishman Samuel Beckett (1906-1989) already predicted: “Fail again. Fail better”¹. Related motto when rehearsing, repeating ad infinitum in the work of those who dance, act, perform.

The most elementary yarn in current programming comes from the calendar. It happened that Portugal, the country that would be honored two years ago, appeared on the MIRADA stage in the same September of Brazil’s independence bicentennial.

The involuntary conjunction gives rise to the question that the writer and translator Marilene Felinto addressed to the São Paulo International Book Biennial in July of this year: “(...) it is necessary to ask the question that does not want to remain silent — wouldn’t the fitting tribute, for the occasion, be to the literature of Portuguese-speaking African countries? Why to honor the colonizer and not the literary narrative of the colonization-sacrificed people?”² she launched in an article in the Folha de S.Paulo newspaper.

1.

In “Pra Frente o Pior,” prose on the very borderline of drama, written in 1983 and published in Brazil in “Companhia e Outros Textos”, translated by Ana Helena Souza (São Paulo, Editora Globo, 2012, page 65).

2. “Book Biennial forgets black stories to praise the colonizer,” [freely translated] article by Marilene Felinto

published in Folha de S.Paulo on July 6, 2022, page B8.

After all, Felinto continues, “these are times of post-colonial thinking intensification, consolidation of theories whose keywords are decolonization, social justice, reparation, human and civil rights, including here, even today, Indigenous peoples and blacks rights usurped and massacred in genocides from white European colonization.”

From this point of view, the scenic journey taking place in Santos lists Portuguese, Brazilian, and other Latin American, Caribbean, and Spanish works in which most of their creators faced imperialist and diffuse practices of patriarchy and structuring cruelties in more diverse societies.

Deep knowledge of the feeling of hatred underlying domination by class, race, gender, and sexuality, in the big houses of yesterday and today, the doctor and psychoanalyst Jurandir Freire Costa clarifies: “Cruelty is the act or desire to make oneself or another suffer physically and morally. Harming another, humiliating them, or attacking their bodily integrity, is an undesirable or heinous conduct, depending on the de-

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“Never tried. Never failed. It doesn’t matter. Try again. Fail again. Fail better.”

3. The article “Cruelty and Ethics” [freely translated] is part of the book “Ethics and the Mirror of Culture,” [freely translated]

by Jurandir Freire Costa, published by Rocco in 1994, page 123.

gree of the offense, but which can be easily accepted. It is enough to dehumanize our fellowman. It is enough to believe that they are not a moral subject like ‘us’ for the cruelty committed not to be perceived in its horror. Throughout history, racism, sexual prejudice, ethnic-religious intolerance, the indifference of the wealthy towards the poor, etc., show how easily we can dehumanize the ‘different,’ the ‘inferior,’ without losing a single night’s sleep.”³

COLONIALITY OF POWER

Some works from the festival more directly echo aspects of the coloniality of power, a concept coined by Peruvian sociologist Aníbal Quijano (1928-2018) to remember the forms of exploitation and racialization of non-white peoples by European metropolises did not disappear with the independence of Latin American nations.

Critical polyphony is exercised in works such as “Cosmos,” in which actresses, performers, and directors Cleo Diára, Isabél Zuaa, and Nádia Yracema, of Cape Verdean, Portuguese, and Angolan descent, respectively, revisit African mythology to fictionalize the birth of a new world accustomed to Afrofuturism and attentive to the legacy of ancestors and science.

“Brasa,” by the visual and performance artist Tiago Cadete, focuses on migratory groups who chose Portugal or Brazil to study, work, or simply left their respective country for political reasons.

In a transversal key, “Estreito/Estrecho,” the result of a partnership between Teatro Experimental do Porto (TEP) and Teatro La María, from Chile, pokes with a short stick the official historiography around the Portuguese navigator Fernão de Magalhães (1480-1521) . Five hundred two years ago, he led a Spanish expedition that “discovered” a natural passage in the extreme south of South America, between the Atlantic and Pacific oceans, later named after him, the Strait of Magellan.

In “Língua Brasileira,” Coletivo Ultralíricos, from São Paulo, promotes a meeting between singer-songwriter Tom Zé and director Felipe Hirsch. The proposal is to show and hear the epic of the peoples who formed the Portuguese spoken in the country, their myths, and cosmogonies.

However, the absence of Indigenous actors in the six-person cast was noticed at the capital’s opening season at the beginning of the year. Gap perception amplified in the festival panorama that also anchors body arts conceived directly by artists belonging to the native peoples of Brazil in rituals full of theatricality, dances, and performative actions of their own.

It was up to a long-lived Peruvian troupe to represent the autochthonous dimension. The Yuyachkani Cultural Group provides, in “Discurso de Promoción,” a reflection against the grain of the inheritances linked to colonial social structures. The show reaffirms the Quechua and Aymara peoples’ traditions by dissecting the painting “Proclamación de la Independencia de Perú” (1904), a painting by Juan Lepiani (1864-1932)

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4. Grada Kilomba in “Plantation Memories – Episodes of Everyday Racism” (2008), released in Brazil in 2019, by Cobogó, translated by Jess Oliveira, pages 12 and 13.

5. “I was a reporter for the times we live in,” [freely translated] title of an interview by Plínio Marcos to Marcelo Rubens Paiva, published in the “Ilustrada” section of Folha de S.Paulo, on December 12, 1996, p. 3.

idealizing the act of the Argentine general José de San Martín (17781850) when emancipating the country from the Spanish crown in 1821. In the image’s foreground, on a balcony, there are only male and white figures of political and religious nobility. Secondly, below is the so-called people whose faces clash with the ethnic profile of the population of significant Andean proportion.

As is well known, foundational aspects of the nation directly affect the contemporary life of citizens. An interdisciplinary artist, writer, and theorist born in Lisbon, with roots in Angola and São Tomé and Príncipe, Grada Kilomba says that “a society that lives in denial, or even in the glorification of colonial history, does not allow new languages to be created. Nor does it allow responsibility, not morality, to create new configurations of power and knowledge. Only when power structures are reconfigured can the many marginalized identities finally reconfigure the notion of knowledge. Who knows? Who can know? Know what? And whose knowledge?”⁴ she ponders.

Any being with a minimum of information knows and feels how humanity has lost its bearings on many planes. There are hunger, income concentration, diseases, wars, in short, morally reprehensible, and profitable ills for their respective multinationals.

The self-perception of the playwright Santos Plínio Marcos (19351999), who considered himself “a reporter of a bad time,” is well known. To the point of calling one of his plays “Reportagem de um Tempo Mau,” a collage of texts taken to Teatro de Arena’s stage in São Paulo in 1964. In the mid-1990s, he complained that human miseries continued to serve him as raw material. “I have always been a reporter of the times we live in,”⁵ declared the writer, more guided by reality than by fiction, as he reasoned in an interview with the Folha de S.Paulo newspaper.

DOCUMENTARY ASPECT

Not without reason, most of the festival’s 36 works adopt creative procedures of documentary theater, or variations of it, to stage micro and macro problems that cry out for justice and are repeatedly ignored by the economic (the autophagy of capitalism?) and political (the imperfection of democracy?). Secular continuous motion from which instances of art never strayed from opposing themselves brandishing poetics of upheaval, of tiny or zero illusion, however with the wisdom that transformations are ingrained from the subject to later become the crowd.

The thematic breadth is worthy of the complexity of our time, which in the design of the curatorship is close to a mural of the 21st century that is endangered and urgent.

In this way, it is impossible not to be affected by the ability of creators to balance themselves on the edge of abysses. On how democracies die and, on the other hand, how pro-dictatorship discourses are born,

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including those that have passed and did not lie down. The obsession with erasing history, under revisionist pretexts and at the cost of a lot of disinformation. What does the discovery of phrases by workers who worked on the construction of Brasília between the 1950s and 1960s say about devising a fairer common future? How to live together, despite the different thinking of the half-wall neighbor or the mutual distrust on the border? What Indigenous and riverine leaders, environmental defenders, historians, and anthropologists know, learn, and share about climate change, the health and humanitarian crises seen from the perspective of deforestation, fires, mining, and illegal hunting in the biome with the most incredible biodiversity in the world, the Amazon?

What does desire move and remove?

There are folds for the pregnancy of nudity de-territorialized by the intimate, the infinite universe of the body. The activism of inclusive artistic projects through people living with Down Syndrome, schizophrenia, or Alzheimer’s. The need to reoccupy the increasingly excluding public space. Visibility towards the peripheral people and, in particular, Black feminism saluting Afro-Brazilian ancestry from Candomblé and Umbanda. The appropriation of classical dramaturgy by active Black male and female protagonists. The well-thought-out junction of music and dance scores that give a complementary third margin. The taboo of death de-constructed as a sign of life and accessible to people of all ages.

And everything, on and off the stage, revitalized by the hug and the touch – the absence of which the pandemic also proved to be severe and acute. What we have for the feast of the senses is a range of sensibilities, amazement, and sensoriality that make this MIRADA corpus an open work. Please enter without knocking.

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TEJIDOS DE UNA OBRA ABIERTA

VALMIR SANTOS PERIODISTA Y CRÍTICO DE TEATRO

Acontecimiento social, artístico y cultural, catalizador de narrativas, ideas, estéticas y gentes a manos llenas, MIRADA – Festival Ibero-Americano de Artes Escénicas vivió un sobresalto en su décimo año. Como todo lo demás en el mundo, en aquel 2020 la irrupción de la pandemia llevó a postergar la sexta edición para ahora, en 2022. Consecuencia de eso, la jornada arrastra una dramaturgia con interrupciones en términos de periodicidad bienal. Convertidas en unidades de tiempo, espacio y lugar que estallaron hace décadas en el planeta arte. El irlandés Samuel Beckett (1906-1989) ya vaticinaba: “Fallar de nuevo. Fallar mejor”¹. Un lema vinculado al ensayar, repetir ad infinitum el trabajo de quien danza, actúa, desarrolla una performance.

El enlace más elemental de la actual programación viene del calendario. Pues le tocó a Portugal, país que sería homenajeado dos años atrás, estar en el frente del palco del festival MIRADA, en el mismo setiembre del bicentenario de la Independencia del Brasil.

Esa conjunción involuntaria da margen a la indagación que la escritora y traductora Marilene Felinto envió a la Bienal Internacional del Libro de São Paulo, en julio de este año: “(...) es necesario hacer la pregunta que no quiere callar — ¿no sería justo en esta ocasión, celebrar la literatura de países africanos de expresión portuguesa? ¿Por qué homenajear al colonizador y no a la narrativa literaria de pueblos sacrificados por la colonización?”², provocó, en un artículo en el periódico Folha de São Paulo

1. “Nunca intentado. Nunca fallado. No importa. Intentar de nuevo. Fallar de nuevo. Fallar mejor.” En “Pra Frente o Pior” (A partir de ahora, lo peor), prosa en el límite del drama, escrita en 1983, editada en Brasil en “Companhia y Outros Textos”, traducida por Ana Helena Souza (São Paulo, Editora Globo, 2012, página 65).

2. “La Bienal del Libro olvida las historias negras para enaltecer al colonizador”, artículo de Marilene Felinto publicado en Folha de São Paulo el 6 de julio de 2022, página B8.

Al fin de cuentas, continúa Felinto, “son tiempos de intensificación del pensamiento post-colonial, de consolidación de teorías cuyas palabras clave son descolonización, justicia social, reparación, derechos humanos y civiles. Incluidos aquí, hoy, el derecho de los pueblos indígenas y negros usurpados y masacrados en genocidios realizados por la colonización europea blanca”.

Bajo ese prisma, la jornada escénica que se presenta en Santos incluye un elenco de obras lusas, brasileñas y de otros países de América Latina, del Caribe y de España, en los que la mayoría de sus autores enfrentaron prácticas imperialistas y difusoras del patriarcado, y crueldades estructurales de las más diversas sociedades.

Profundo conocedor del sentimiento de odio subyacente en las dominaciones por clase, raza, género y sexualidad, en las casas señoriales rurales de ayer y de hoy, el médico y psicoanalista Jurandir Freire Costa explica: “Crueldad es el acto o el deseo de causar sufrimiento físico

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y moral a sí mismo o al otro. Maltratar a una persona, humillándola o agrediendo su integridad corpórea, es una conducta indeseable o hedionda, en función del grado de la ofensa, pero que puede ser fácilmente aceptada. Basta deshumanizar al prójimo. Basta creer que la persona no es un sujeto moral como ‘nosotros’ para que la crueldad cometida no sea percibida en su horror. A lo largo de la historia, el racismo, el prejuicio sexual, la intolerancia étnico-religiosa, la indiferencia de los opulentos frente a los miserables etc. muestran con qué facilidad podemos deshumanizar lo ‘diferente’, lo ‘inferior’, sin perder una única noche de sueño”³.

COLONIALIDAD DEL PODER

Algunos trabajos del festival reproducen de manera más directa aspectos de la colonialidad del poder, concepto desarrollado por el sociólogo peruano Aníbal Quijano (1928-2018) para recordar que las formas de explotación y segregación racial de pueblos no blancos, por las metrópolis europeas, no desaparecieron con la independencia de las naciones latinoamericanas.

Polifonía crítica ejercitada en obras como “Cosmos”, en la cual las actrices y directoras Cleo Diára, Isabél Zuaa y Nádia Yracema, respectivamente de ascendencias cabo-verdiana, portuguesa y angolana, revisitan la mitología africana para crear una ficción de nacimiento de un nuevo mundo interesado en el afro-futurismo y atento al legado de antepasados y a la ciencia.

“Brasa”, del artista performativo y visual Tiago Cadete, focaliza los grupos migratorios que escogieron Portugal o Brasil para estudiar, trabajar, o quienes simplemente dejaron sus respectivos países por motivos políticos.

En una opción transversal, “Estreito/Estrecho”, fruto del trabajo conjunto del Teatro Experimental do Porto (TEP) con el Teatro La María, de Chile, mete la cabeza dentro de la boca del león al tratar la historiografía oficial del navegador portugués Fernão de Magalhães – Hernando de Magallanes - (1480-1521). Hace 502 años, él lideró una expedición española que “descubrió” el paso natural del extremo sur de América del Sur, que une los océanos Atlántico y Pacífico. Y fue bautizado con su nombre, estrecho de Magallanes.

Ya en “Lengua Brasileña”, el Coletivo Ultralíricos, de São Paulo, promueve un encuentro entre el cantor y compositor Tom Zé y el director Felipe Hirsch. La propuesta es divulgar y oír la epopeya de los pueblos que crearon el portugués hablado en el Brasil, sus mitos y cosmogonías.

Sin embargo, la ausencia de actores indígenas en el elenco de seis personas fue notada durante la temporada de estreno en la capital, a comienzos de año. Percepción lacunaria amplificada en el panorama del festival que tampoco hospeda artes del cuerpo concebidas direc -

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3. El artículo “La crueldad y la ética” es parte del libro “A Ética e o Espelho da Cultura”, de Jurandir Freire Costa, publicado por Rocco en 1994, página 123.

5. “Fui um repórter dos tempos que vivemos”, título de entrevista de Plínio Marcos a Marcelo Rubens Paiva, publicada en el suplemento “Ilustrada” de la Folha de S.Paulo, el 12 de diciembre de 1996, p. 3.

tamente por artistas pertenecientes a pueblos originarios del Brasil en rituales plenos de teatralidades, danzas y acciones performativas per se

La dimensión autóctona fue tarea de una longeva troupe peruana: el Grupo Cultural Yuyachkani proporciona, en “Discurso de Promoción”, una reflexión a contrapelo de las herencias vinculadas a estructuras sociales coloniales. El espectáculo reafirma las tradiciones de los pueblos quechua y aymara al disecar la pintura “Proclamación de la Independencia de Perú” (1904), cuadro de Juan Lepiani (1864-1932) que idealiza el acto del general argentino José de San Martín (1778-1850) al emancipar el país de la corona española en 1821. En primer plano, la imagen muestra un balcón, donde solo hay figuras masculinas y blancas de la nobleza política y religiosa. En segundo, abajo del balcón, está el presumido pueblo, cuyos rostros desentonan del perfil étnico de la población de significativa proporcionalidad andina.

Como se sabe, los aspectos fundacionales de una nación inciden directamente sobre la vida contemporánea de ciudadanas y ciudadanos. Grada Kilomba, una artista interdisciplinaria, escritora y teórica nacida en Lisboa, con raíces en Angola y São Tomé y Príncipe, afirma que “una sociedad que vive en la negación, o inclusive en la glorificación de su historia colonial, no permite que sean creados nuevos lenguajes. Tampoco permite que sea la responsabilidad, en lugar de la moral, quien creará nuevas configuraciones de poder y de conocimiento. Solo cuando se reconfiguren las estructuras de poder es que las diversas identidades marginalizadas podrán también, finalmente, reconfigurar la noción de conocimiento. ¿Quién sabe? ¿Quién puede saber? ¿Saber qué? ¿Y el saber de quién?”⁴, Kilomba pondera.

Cualquier ser con un mínimo de información sabe y siente cuanto la humanidad perdió sus cabales en muchos aspectos. Y así tenemos el hambre, la concentración de renta, las enfermedades, las guerras, en fin, desgracias moralmente condenables, pero lucrativas para sus respectivas multinacionales.

Es conocida la autopercepción del dramaturgo de Santos, Plínio Marcos (1935-1999), que se consideraba “un repórter de un tiempo malo”. A punto de titular una de sus piezas “Reportaje de un Tiempo Malo”, un collage de textos llevada al palco del Teatro de Arena de São Paulo en 1964. A mediados de la década de 1990, él se quejaba de que las miserias humanas continuaban sirviéndole como materia prima. “Siempre fui un repórter de los tiempos que vivimos”⁵, declaró el escritor, guiado más por la realidad que por la ficción, al ser entrevistado por el periódico Folha de S.Paulo

VERTIENTE DOCUMENTAL

No sin la debida razón, la mayoría de las 36 obras del festival adoptan procedimientos creativos del teatro documental, o sus variaciones, para

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4. Grada Kilomba en “Memorias de Plantación –- Episodios de Racismo Cotidiano” (2008), publicado en Brasil en 2019, por la editorial Cobogó, con traducción de Jess Oliveira, páginas 12 y 13.

colocar en escena problemas micro y macro que claman por justicia, y son reiteradamente ignorados por los sistemas económico (¿autofagia del capitalismo?) y político (¿imperfección de la democracia?). Moto continuo secular al cual las instancias del arte jamás dejaron de oponerse, esgrimiendo poéticas de sublevación, de diminuta o cero ilusión, aunque conscientes de que las transformaciones nacen a partir de un sujeto, para después tornarse una multitud.

La amplitud temática se muestra digna de la complejidad de nuestra época, que en el diseño de la curadoría se aproxima de un mural del siglo XXI con sus peligros y urgencias.

Por ese motivo, es imposible no sentirnos afectados por la capacidad de creadoras y creadores de equilibrarse al borde de abismos. De cómo las democracias mueren y, por otra parte, de cómo nacen discursos a favor de la dictadura, inclusive las que ya murieron, pero aún no desaparecieron. La obsesión por borrar partes de la historia, bajo pretextos revisionistas y al costo de mucha desinformación. ¿Qué nos dicen el descubrimiento de frases dichas por obreros que trabajaron en la construcción de Brasilia, entre los años 1950 y 1960, sobre pensar en un futuro común más justo? ¿Cómo vivir juntos, sin importarnos del pensamiento diferente del vecino, o de la desconfianza mutua en la frontera? ¿Qué saben los líderes indígenas, ribereños, defensores ambientales, historiadores y antropólogos que aprenden y comparten los problemas del cambio climático, las crisis sanitaria y humanitaria vistas desde la óptica de la deforestación, de los incendios, del garimpo (buscadores de oro) y la caza ilegal en Amazonia, el bioma de mayor biodiversidad del mundo?

¿Qué mueve y remueve el deseo?

Hay pliegues que justifican la fuerte impresión que causa la desnudez retirada del territorio por lo íntimo, el universo infinito del cuerpo. El activismo de proyectos artísticos inclusivos presentados por personas que conviven con el Síndrome de Down, esquizofrenia o Alzheimer. La necesidad de retomar un espacio público cada vez más excluyente. La visibilidad para el pueblo periférico y, en particular, el feminismo negro que saluda ancestralidades afro-brasileñas provenientes del candomblé y umbanda. La apropiación de la dramaturgia clásica por actores protagonistas negros y negras. La bien pensada unión de partituras de música y danza que dan un tercer margen complementario. El tabú de la muerte deconstruido como signo de vida y accesible a personas de todas las edades.

Y todo, dentro y fuera de la escena, revitalizado por el abrazo y por el toque al otro – cuya falta durante la pandemia también se reveló ser agudo y grave. Lo que tenemos para la fiesta de los sentidos es una gama de sensibilidades, espantos y sensorialidades que hacen del corpus MIRADA una obra abierta. Por favor, vengan. Entren sin golpear la puerta.

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CAMPOS DE CONFLITO – A DECOLONIALIDADE NO CENTRO DA FORMAÇÃO

A democratização da informação é uma das benesses oriundas de uma complexa somatória que envolve o desenvolvimento tecnológico dos últimos 50 anos, a intensificação da militância por justiça social e a busca por um conhecimento científico genuíno. Se até o século passado teorias racistas ainda encontravam respaldo em falsas conjunturas antropológicas ou biológicas, a razão contemporânea já tem múltiplas ferramentas para desmistificar tais equívocos.

É evidente que o aumento da disseminação da informação, causado sobretudo pela internet, não necessariamente resulta em conhecimento constituído, e notícias inautênticas ou teses anacrônicas e esdrúxulas continuam a circular por redes digitais ou bocas maliciosas, porém hoje temos, ao menos, o acesso e os dispositivos para rejeitá-las. Mitologias como as do Brasil descoberto ou embustes como a inferioridade étnica podem facilmente ser desconstruídos pela historiografia e pela biologia.

Nesse sentido, foram fundamentais as quebras de paradigmas causadas pelos estudos pós-coloniais e decoloniais, que com sucesso desmontaram a narrativa evolucionista eurocêntrica. Esse conjunto de teorias que analisa os efeitos políticos, filosóficos e artísticos deixados pelo colonialismo e as mudanças de perspectiva em relação aos povos outrora subalternizados é um fenômeno que ganhou potência a partir dos anos 1980, mas ainda era muito restrito aos círculos acadêmicos, pois a construção de novas epistemologias ainda estava apartada dos movimentos sociais. Se hoje, contudo, esses conhecimentos estão mais popularizados, ainda há muito a ser feito para que sua reverberação realmente alcance todos os cidadãos.

Assim, trazer Portugal como o país homenageado em 2022 no MIRADA – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas não significa reforçar subserviências, mas justamente o contrário, porque representa uma oportunidade para o diálogo crítico sobre nossas origens, para que mais pessoas, aqui e lá, as conheçam de fato. Queremos criar campos de conflito construtivos entre essa homenagem e nossa história. A curadoria formativa do festival traz como desafio essa tentativa de decolonizar nossos pensamentos.

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ATRIZ, DRAMATURGA E TRADUTORA
CABRAL ATOR E DRAMATURGO
GIOVANA SOAR
IVAM
DRAMATURGO
JHONNY SALABERG ATOR E

O momento histórico é mais que propício. Os feminismos, os movimentos pretos, as pautas LGBTQIAP+ e as lutas pelos direitos civis dos povos originários estão em evidência, e o que em certos períodos correspondia a engajamentos restritos hoje ecoa por nossa língua, nossos trajes e pela postura de uma imensa parcela da população jovem. As fortes ondas do reacionarismo, no entanto, sejam nas Américas ou na Europa, pautadas na mentira ou na recuperação de mal-entendidos científicos já superados, tentam conter os avanços civilizatórios, por isso precisamos nos manter firmes na defesa da democracia, da polifonia cultural como condição indispensável à prosperidade ética, cognitiva e econômica de nossos povos e da legitimidade das vozes antes silenciadas.

Brasileiros e portugueses mantêm há séculos uma relação de amor e ódio, admiração e desdém, desejo e repulsa. São sentimentos paradoxais que muitas vezes têm origem em preconceitos bobos. Enxergamos essa vontade imensa por afeto, mas ainda cheia de rancor.

Precisamos compreender o mundo para além da Europa. Por que nos chamamos América? Por que somos latino-americanos? De onde vem este nome, por que o adotamos e por qual razão ainda o utilizamos? Lembremos que, em 1988, a antropóloga Lélia Gonzalez já problematizava a homenagem – ao invasor Américo Vespúcio – que cunhou o nome de nosso continente, ao propor a categoria semântica e sociocultural da amefricanidade.

Diante disso, como podemos reabitar nosso mundo? De que maneira podemos decolonizar nosso idioma, nossa língua portuguesa? Como decolonizar nossos conceitos de beleza e saberes? Quem conta as histórias? As histórias contadas aqui, nesta edição do MIRADA, nos representam? Que narrativas são essas?

Não se trata de revisionismo rancoroso, tampouco promover uma perseguição às reversas. Nosso intuito é descobrir outras e outros protagonistas para esses enredos –pois elas e eles são muitas e muitos – e colocar esses temas para dialogar com o público.

Atualmente, graças às mais diversas militâncias por equidade social, uso de uma linguagem inclusiva e liberdades individuais, tópicos que antes eram tabus ou circunscritos ao universo erudito, agora são debatidos nos pátios dos colégios, nos palcos Brasil afora, no bate-papo cotidiano. Todas as pessoas são capazes de aprender e ensinar algo. O povo português tem muito a aprender com o brasileiro e vice-versa. Com maturidade intelectual, temos a chance, por meio de eventos como este, de sistematizar novos conhecimentos e fortalecer todas as nossas culturas e tradições que sejam dignas de serem preservadas de acordo com nosso próprio interesse. As histórias negativas da colonização, da escravidão e dos genocídios devem ficar, com finalidade pedagógica, à primeira vista em nossas prateleiras de livros: como fatos consumados, informações acessíveis para entendermos de onde viemos. Nossa prática, contudo, deve mirar o futuro para a construção coletiva de novas utopias.

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PORTUGUÊS

FIELDS OF CONFLICT – DECOLONIALITY AT THE HEART OF EDUCATION

Information democratization is one of the benefits arising from a complex sum involving technological development over the last 50 years, the intensification of activism for social justice, and the search for genuine scientific knowledge. If, until the last century, racist theories still found support in false anthropological or biological conjunctures, contemporary reason already has multiple tools to demystify such misconceptions.

It is evident that the increase in the information dissemination, caused mainly by the internet, does not necessarily result in constituted knowledge, and inauthentic news or anachronistic and bizarre theses continue to circulate through digital networks or malicious mouths. Still, today we have, at least, access and the devices to reject them. Mythologies such as Brazil discovered or hoaxes such as ethnic inferiority can easily be de-constructed by historiography and biology.

In this sense, the paradigm shifts caused by post-colonial and decolonial studies were essential, successfully dismantling the Eurocentric evolutionary narrative. This set of theories that analyzes the political, philosophical, and artistic effects left by colonialism and the changes in perspective concerning formerly subordinated peoples is a phenomenon that has gained strength from the 1980s but was still very restricted to academic circles as the construction of new epistemologies was still separated from social movements. If today, however, this knowledge is more popular, there is still much to be done so that its reverberation really reaches all citizens.

Thus, bringing Portugal as the honored country in 2022 at MIRADA – Ibero-American Festival of Performing Arts does not mean reinforcing subservience, but quite the opposite, because it represents an opportunity for critical dialog about our origins, so that more people, here and there, actually know them. We want to create constructive fields of conflict between this tribute and our history. The formative curatorship of the festival brings as a challenge this attempt to decolonize our thoughts.

The historical moment is more than promising. Feminisms, Black movements, LGBTQIAP+ agendas, and the struggles for civil rights of native peoples are in evidence. What in specific periods corresponded

36 ENGLISH
GIOVANA SOAR ACTRESS, PLAYWRIGHT AND TRANSLATOR IVAM CABRAL ACTOR AND PLAYWRIGHT JHONNY SALABERG ACTOR AND PLAYWRIGHT

to limited engagements today echoes through our language, clothes, and the posture of a considerable portion of the youth. However, the strong waves of reactionaryism, whether in the Americas or Europe, based on lies or on the recovery of scientific misunderstandings that have already been overcome, try to contain civilizational advances. Hence, we need to stand firm in defense of democracy, cultural polyphony as an indispensable condition for our peoples’ ethical, cognitive, and economic prosperity, and the legitimacy of previously silenced voices.

Brazilians and Portuguese have maintained a relationship of love and hate, admiration and disdain, desire, and repulsion for centuries. These are paradoxical feelings that often stem from silly prejudices. We see this immense desire for affection, but we are still full of resentment.

We need to understand the world beyond Europe. Why are we called America? Why are we Latin Americans? Where does this name come from, why did we adopt it, and why do we still use it? Let us remember that, in 1988, the anthropologist Lélia Gonzalez already problematized the tribute – to the intruder Américo Vespucci – who coined the name of our continent when proposing the semantic and sociocultural category of Amefricanity.

Given this, how can we reinhabit our world? How can we decolonize our language, our Portuguese language? How to decolonize our concepts of beauty and knowledge? Who tells the stories? Do the stories told here, in this Mirada’s edition, represent us? What narratives are these?

It is not about resentful revisionism, nor is it promoting reverse persecution. We intend to discover other protagonists for these plots – because they are many – and put these themes into dialog with the public.

Currently, thanks to the most diverse activism for social equity, the use of an inclusive language, and individual freedoms, topics that were previously taboo or limited to the erudite universe are now debated in schoolyards, on stages throughout Brazil, and in everyday chat. All people are capable of learning and teaching something. The Portuguese people have a lot to learn from Brazilians and vice versa.

With intellectual maturity, we have the chance, through events like this, to systematize new knowledge and strengthen all our cultures and traditions that are worthy of being preserved according to our own interest. The negative stories of colonization, slavery, and genocide must remain, for pedagogical purposes, at first sight on our bookshelves: as fait accompli, accessible information for us to understand our origin. Our practice, however, must look to the future for the collective construction of new utopias.

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ENGLISH

CAMPOS DE CONFLICTO – LA DECOLONIALIDAD EN EL CENTRO DE LA FORMACIÓN

La democratización de la información es uno de los beneficios oriundos de una compleja sumatoria que incluye el desarrollo tecnológico de los últimos 50 años, la intensificación de la militancia por una justicia social y la búsqueda de un genuino conocimiento científico. Si hasta el siglo pasado las teorías racistas aún se basaban en falsas coyunturas antropológicas o biológicas, hoy la razón contemporánea ya dispone de múltiples herramientas para desmitificar tales equívocos.

Es evidente que el aumento en la divulgación de informaciones, posibilitado sobre todo por internet, no resulta necesariamente en conocimiento constituido. Por otro lado, las noticias falsas o tesis anacrónicas y exóticas continúan circulando en las redes digitales o en bocas maliciosas; no obstante, hoy al menos tenemos el acceso y los dispositivos para rechazarlas. Mitologías como las del Brasil descubierto o embustes como la inferioridad étnica pueden ser fácilmente ser deconstruidos por la historiografía y la biología.

En este sentido, ha sido fundamental la ruptura de paradigmas causada por estudios post-coloniales y decoloniales, que desarmaron con éxito la narrativa evolucionista eurocéntrica. Ese conjunto de teorías que analiza los efectos políticos, filosóficos y artísticos causados por el colonialismo y los cambios de perspectiva en relación a pueblos otrora subyugados, es un fenómeno que adquirió potencia a partir de los años 1980. Era, sin embargo, muy restricto a los círculos académicos, pues la construcción de nuevas epistemologías todavía estaba apartada de los movimientos sociales. A pesar de que hoy en día esos conocimientos están más popularizados, aún resta mucho por hacer para que su reverberación realmente llegue a todos los ciudadanos.

Por ello, tener a Portugal como país homenajeado en 2022 en MIRADA – Festival Ibero-Americano de Artes Escénicas no significa reforzar condescendencias, sino justamente lo contrario: representa una oportunidad de diálogo crítico sobre nuestros orígenes, para que más personas aquí y allí puedan efectivamente conocerlos. Queremos crear campos de conflicto constructivos entre ese homenaje y nuestra historia. La curadoría formativa del festival nos aporta el desafío de intentar descolonizar nuestros pensamientos.

38 ESPAÑOL
GIOVANA SOAR ACTRIZ, DRAMATURGA Y TRADUCTOR IVAM CABRAL ACTOR Y DRAMATURGO JHONNY SALABERG ACTOR Y DRAMATURGO

El momento histórico es más que propicio. Los feminismos, los movimientos negros, las pautas LGBTQIAP+ y las luchas por derechos civiles de los pueblos originarios están en evidencia, y lo que en determinados períodos correspondía a compromisos restrictos hoy se nota en nuestra lengua, nuestras ropas y en la postura de una inmensa parte de la población joven. Mientras tanto, las fuertes oleadas de reaccionarismo en las Américas o Europa, pautadas en la mentira o el rescate de malos entendidos científicos ya superados, tratan de contener los avances civilizatorios. Por eso precisamos mantenernos firmes en la defensa de la democracia, la polifonía cultural como condición indispensable a la prosperidad ética, cognitiva y económica de nuestros pueblos y la legitimidad de voces antes silenciadas.

Desde hace siglos, existe una relación de amor y odio entre brasileños y portugueses. También de admiración y desdén, deseo y rechazo. Son sentimientos paradojales que muchas veces tienen origen en bobos prejuicios. Vemos esa inmensa voluntad de afectos, aunque aún llena de rencor.

Precisamos comprender el mundo más allá de Europa. ¿Por qué nos llamamos América? ¿Por qué somos latinoamericanos? ¿De donde viene este nombre, por qué lo hemos adoptado y por cuál razón todavía lo utilizamos? Recordemos que en 1988, la antropóloga Lélia Gonzalez ya cuestionaba el homenaje – al invasor Américo Vespucio – que fue quien dio el nombre a nuestro continente, al proponer una categoría semántica y sociocultural de la ame-fricanidad.

Frente a esto, ¿cómo podemos volver a habitar nuestro mundo? ¿De qué manera podemos decolonizar nuestro idioma, nuestra lengua portuguesa? ¿Cómo decolonizar nuestros conceptos de belleza y saberes? ¿Quién cuenta las historias? ¿Las historias aquí contadas, en esta edición de Mirada, nos representan? ¿Qué narrativas son esas?

No se trata de un revisionismo rencoroso, tampoco de promover una persecución como réplica. Nuestro objetivo es descubrir otras y otros protagonistas para esos enredos –pues ellas y ellos son muchas y muchos – y llevar esos temas a diálogos con el público.

Actualmente, gracias a las más diversas militancias por equidad social, uso de un lenguaje inclusivo y libertades individuales, tópicos que antes eran tabú o estaban circunscritos al universo erudito, son ahora debatidos en los patios de las escuelas, en escenarios fuera del Brasil, en la conversación cotidiana. Todas las personas son capaces de aprender y enseñar algo. El pueblo portugués tiene mucho que aprender con el brasileño, y viceversa.

Con madurez intelectual, tenemos la chance, a través de eventos como este, de sistematizar nuevos conocimientos y fortalecer todas nuestras culturas y tradiciones que sean dignas de ser preservadas de acuerdo con nuestro propio interés. Las historias negativas de la colonización,

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ESPAÑOL

la esclavitud y los genocidios deben continuar siendo divulgadas con finalidad pedagógica, en primer plano en los libros de nuestros estantes: como hechos consumados, informaciones accesibles que nos permitan entender de donde venimos. Nuestra práctica, no obstante, debe apuntar hacia el futuro para llevar a cabo la construcción colectiva de nuevas utopías.

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ESPAÑOL
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ESPETÁCULOS / PERFORMANCES / ESPETÁCULOS
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45 ARGENTINA / ARGENTINE / ARGENTINA

ERASE GUSTAVO TARRÍO

ARGENTINA | 70'

DIREÇÃO/DIRECTION/ DIRECCIÓN

Gustavo Tarrío AUTORES/AUTHORS/ AUTORÍA

Mónica Cabrera

Marcos Krivocapich

Gustavo Tarrío ATUAÇÃO/ACTING/ ACTÚAN Lila Monti

Marcos Krivocapich

Milva Leonardi

Carolina Saade

Donna Tefa

Sanguinetti

VOZ EM OFF/VOICEOVER/ VOZ EN OFF

Gustavo Di Sarro

Cecilia Laratro

FIGURINO/COSTUMES/ VESTUARIO

Paola Delgado

ILUMINAÇÃO/LIGHTING/ ILUMINACIÓN

Fernando Berreta

DESENHO SONORO/ SOUND DESIGN/DISEÑO

SONORO

Pablo Viotti

10.09 SÁB 19H / 09.10. SAT 7 PM

11.09 DOM 19H / 09.11 SUN 7 PM SESC SANTOS (QUADRA EXTERNA) 12

REALIZAÇÃO DE CENÁRIO/REALIZATION OF SCENERY/ REALIZACIÓN DE ESCENOGRAFÍA

Hencer Molina ARTE/ART

Mariano Sigal

FOTOS/PHOTOGRAPHY

Francisco Castro Pizzo

ASSISTÊNCIA DE DIREÇÃO E COREOGRAFIA/ DIRECTION ASSISTANT AND CHOREOGRAPHY/ ASISTENCIA DE DIRECCIÓN Y COREOGRAFÍA

Juanse Rausch

PRODUÇÃO NO BRASIL/ PRODUCTION IN BRAZIL/PRODUCCIÓN EN BRASIL

Vuela e Corpo

Rastreado

Ariane Cuminale

Gabi Gonçalves

Gabs Ambròzia

Graciane Diniz

Leo Devitto

PRODUÇÃO DE CENOGRAFIA NO

BRASIL/SCENOGRAPHY

PRODUCTION IN BRAZIL/PRODUCCIÓN DE ESCENOGRAFÍA EN BRASIL

Carol Bucek

DIREÇÃO TÉCNICA NO

BRASIL/TECHNICAL DIRECTION IN BRAZIL/ DIRECCIÓN TÉCNICA EN BRASIL

Jimmy Wong

AGRADECIMENTOS/ ACKNOWLEDGMENTS/ AGRADECIMIENTOS

Sofía Herrera

Germán Krivocapich

Debora Bursztyn

Milena Krivocapich

Gabriel Baggio

Emilia Suárez

Marcela Inda

Andrés Binetti

Renee Ferraro

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FOTOS/PHOTOS: FRANCISCO CASTRO PIZZO

O título é um achado. Joga com a locução da língua espanhola érase una vez, típica da abertura em contos de fada, e com o verbo “apagar”, em inglês. Tudo a ver com a concepção crítica que revisita a história do país e se permite boa dose de humor.

Durante a última ditadura civil-militar argentina (1976-1983), as bancas de jornais e revistas distribuíam a versão impressa do programa televisivo francês “Erase una Vez... El Hombre” (“Era uma Vez... O Homem”). Os primeiros capítulos difundiam a versão científica da origem da humanidade, alinhada com a teoria da evolução natural das espécies animais e vegetais, conforme desenvolveu o naturalista britânico Charles Darwin.

Representantes da ala mais conservadora da igreja católica correram para interditar estes fascículos semanais bolando um número especial que combinava, em nível de delírio, conteúdos sobre neandertais, sapiens e o criacionismo da doutrina bíblica, segunda a qual todos os seres foram criados por deus e são biologicamente imutáveis.

Adotando como espaço cenográfico um campo de futebol, “Erase” leva a cabo a encenação de uma nova enciclopédia ilustrada, capaz de conter a refundação de todos os relatos. Isso inclui habitantes do tempo das cavernas dançando no compasso de uma canção de George Gershwin; um best-seller global convertido em infografias ao vivo; e a epopeia truncada da tenista norte-americana Monica Seles, que sofreu um atentado a faca durante uma partida na Alemanha, em 1993.

Assim, na peça, um grupo nada homogêneo de exemplares humanos viaja através da história da espécie com o fim de desconfigurar equívocos. “Essa história começa a terminar aqui”, ouve-se em determinado momento.

Em meio a procedimentos como esquete, número musical, coreografia e monólogo, que parodia o estilo didático das palestras TED, a montagem expõe como a história humana, feita de gestos universais brilhantes e de genocídios vergonhosos, também é capaz de autodestruir-se num piscar de olhos, como observou a jornalista Laura Gómez em análise publicada no jornal Página 12

QUEM É DIRETOR E AUTOR CÊNICO, GUSTAVO TARRÍO ATUA PROFISSIONALMENTE DESDE 2011. EM 2015, ESTREIA “TODA PIOLA”, OBRA INSPIRADA EM POEMA DE MARIA NO BLATT E COM A QUAL CIRCULA PELO PAÍS E É PROGRAMADA NO FIT DE CÁDIZ – FESTIVAL IBEROAMERICANO DE TEATRO, NA ESPANHA, BEM COMO NO SANTIAGO A MIL, NO CHILE. A TEMPORADA DE SEU TRABALHO MAIS RECENTE, “FAMILIA NO TIPO Y LA NUBE MALIGNA”, TEM PREVISÃO DE TEMPORADA ENTRE JULHO E OUTUBRO DE 2022 NO TEATRO NACIONAL CERVANTES, NA CAPITAL ARGENTINA.

PORTUGUÊS 47 GUSTAVO TARRÍO | ARGENTINA ERASE

The title is a pun. It plays with the Spanish expression érase una vez (once upon a time), typical of the opening in fairy tales, and the verb “to erase” in English. Everything has to do with the critical concepts that revisit the country’s history and allows a good dose of humor.

During the last Argentine civil-military dictatorship (1976-1983), newsstands and magazines distributed the printed version of the French television show “Erase una Vez... El Hombre” (“Once upon a time... The man”). The first chapters spread the scientific version of the origin of humanity, in line with the theory of the natural evolution of animal and plant species, as developed by the British naturalist Charles Darwin.

Representatives of the most conservative wing of the Catholic Church rushed to ban these weekly issues by creating a special issue that combined, at the delirious level, contents about Neanderthals, Sapiens, and the creationism of the biblical doctrine, according to which all beings were created by God and are biologically immutable.

Adopting a soccer field as a scenographic space, “Erase” carries out the staging of a new illustrated encyclopedia, capable of containing the re-foundation of all the stories. This includes cave dwellers dancing to a George Gershwin song, a global bestseller con-

verted to live infographics, and the truncated epic of American tennis player Monica Seles, who was stabbed to death during a match in Germany in 1993.

Thus, in the play, a non-homogeneous group of human specimens travels through the species’ history to disfigure misconceptions. “This story begins to end here,” one hears at one point.

Amid skits, musical acts, choreography, and monologue, which parody the didactic style of TED talks, the show exposes how human history, made up of brilliant universal gestures and shameful genocides, is also capable of self-destruction in the blink of an eye, as journalist Laura Gómez observed in an analysis published in the newspaper “Página 12”.

WHO IS HE DIRECTOR AND SCENIC AUTHOR GUSTAVO TARRÍO HAS BEEN WORKING PROFESSIONALLY SINCE 2011. “TODA PIOLA” PREMIERED IN 2015, A WORK INSPIRED BY A POEM BY MARIANO BLATT AND WITH WHICH IT CIRCULATES THROUGHOUT THE COUNTRY AND IS PROGRAMMED AT THE FIT DE CÁDIZ – FESTIVAL IBEROAMERICANO DE TEATRO, IN SPAIN, AS WELL AS AT SANTIAGO A MIL, IN CHILE. THE SEASON OF HIS MOST RECENT WORK, “FAMILIA NO TIPO Y LA NUBE MALIGNA,” IS SCHEDULED TO RUN BETWEEN JULY AND OCTOBER 2022 AT THE TEATRO NACIONAL CERVANTES IN THE ARGENTINE CAPITAL.

48 GUSTAVO TARRÍO | ARGENTINE ERASE ENGLISH

El título es un hallazgo. Es un juego de palabras entre la locución en español érase una vez, típica del comienzo de cuentos de hadas, y el verbo “borrar”, en inglés. Que tiene todo que ver con la concepción crítica que revisita la historia del país, y se permite una buena dosis de humor.

Durante la última dictadura civil militar argentina (1976-1983), los quioscos de diarios y revistas vendían la versión impresa del programa de TV francés “Erase una Vez... El Hombre”. Los primeros capítulos difundían la versión científica del origen de la humanidad, alineada con la teoría de la evolución natural de las especies animales y vegetales, según fuera desarrollada por el naturalista británico Charles Darwin.

Los representantes del ala más conservadora de la iglesia católica corrieron para prohibir la venta de los fascículos semanales, editando un número especial que combinaba, en un nivel delirante, contenidos sobre neandertal, sapiens y el creacionismo de la doctrina bíblica, según la cual todos los seres fueron creados por dios y son biológicamente inmutables.

Al adoptar como espacio escenográfico una cancha de fútbol, “Érase” pone en escena una nueva enciclopedia ilustrada, capaz de contener una refundación de todos los relatos. Eso incluye habitantes del tiempo de las cavernas bailando al compás de una canción de George Gershwin; un best seller global convertido en infografías en vivo; y la epopeya truncada de la tenista norteamericana Monica Seles: durante un torneo en Alemania en 1993, fue víctima de un ataque por alguien del público, que la apuñaló por la espalda con un cuchillo.

Así, en la pieza, un grupo nada homogéneo de seres humanos viaja a través de la historia de la especie con el objetivo de desmontar equívocos. “Esta historia comienza a terminar aquí”, se oye en determinado momento.

Valiéndose de procedimientos como sketches, números musicales, coreografías y monólogos, que parodian el estilo didáctico de las charlas TED, el montaje expone como la historia de la humanidad, compuesta por gestos universales brillantes y genocidios vergonzosos, también es capaz de autodestruirse en un abrir y cerrar de ojos, como observó la periodista Laura Gómez en un análisis publicado en el periódico “Página 12”.

QUIEN ES DIRECTOR Y AUTOR ESCÉNICO, GUSTAVO TARRÍO ACTÚA PROFESIONALMENTE DESDE 2011. EN 2015, ESTRENA “TODA PIOLA”, OBRA INSPIRADA EN POEMAS DE MARIANO BLATT, QUE ES REPRESENTADA EN VARIAS CIUDADES DE ARGENTINA, Y TAMBIÉN EN EL FIT DE CÁDIZ –FESTIVAL IBEROAMERICANO DE TEATRO, EN ESPAÑA, Y EN SANTIAGO A MIL, EN CHILE. LA TEMPORADA DE SU TRABAJO MÁS RECIENTE, “FAMILIA NO TIPO Y LA NUBE MALIGNA”, ESTÁ PREVISTA PARA SER PRESENTADA ENTRE JULIO Y OCTUBRE DE 2022 EN EL TEATRO NACIONAL CERVANTES, EN BUENOS AIRES.

ESPAÑOL 49 GUSTAVO TARRÍO | ARGENTINA ERASE

FUCK ME MARINA OTERO

ARGENTINA | 70'

15.09 QUI 20H / 09.15. THU 8 PM

16.09 SEX 19H / 09.16 FRI 7 PM SESC SANTOS (GINÁSIO)

DRAMATURGIA E DIREÇÃO/DRAMATURGY AND DIRECTION/DRAMATURGIA Y DIRECCIÓN Marina Otero ELENCO/CASTING Augusto Chiappe | Cristian Vega | Fred Raposo | Matías Rebossio | Miguel Valdivieso | Marina Otero PROJETO DE ILUMINAÇÃO E ESPAÇO/LIGHTING PROJECT AND SPACE/PROYECTO DE ILUMINACIÓN Y ESPACIO Adrián Grimozzi ESPAÇO E ILUMINAÇÃO EM CIRCULAÇÃO/DIREÇÃO TÉCNICA SPACE AND LIGHTING IN CIRCULATION/TECHNICAL DIRECTION ESPACIO E ILUMINACIÓN EN CIRCULACIÓN/DIRECCIÓN TÉCNICA David Seldes | Facundo David FIGURINOS/COSTUMES/ VESTUARIOS Uriel Cistaro EDIÇÃO DIGITAL E MÚSICA ORIGINAL/DIGITAL EDITION AND ORIGINAL MUSIC/EDICIÓN DIGITAL Y MÚSICA ORIGINAL Julián Rodríguez Rona CONSULTORIA DE DRAMATURGIA/DRAMATURGY CONSULTANCY/CONSULTORÍA DE DRAMATURGIA Martín Flores Cárdenas ASSISTÊNCIA DE DIREÇÃO/ASSISTANT DIRECTOR/ ASISTENCIA DE DIRECCIÓN Lucrecia Pierpaoli ASSISTÊNCIA COREOGRÁFICA/ CHOREOGRAPHY ASSISTANT/ASISTENCIA COREOGRÁFICA Lucía Giannoni ASSISTÊNCIA DE ILUMINAÇÃO E ESPAÇO/LIGHTING AND SPACE ASSISTANT/ASISTENCIA DE ILUMINACIÓN Y ESPACIO Carolina Garcia Ugrin ARTISTA VISUAL/VISUAL ARTIST Lúcio Bazzalo MONTAGEM TÉCNICA AUDIOVISUAL/AUDIOVISUAL TECHNICAL STAGECRAFT/ MONTAJE TÉCNICO AUDIOVISUAL Florencia Labat ESTILO DE FIGURINO/COSTUMES STYLE/ESTILO DE VESTUARIO Chu Riperto FOTOGRAFIA/PHOTOGRAPHY/FOTOGRAFÍA Matías Kedak FIGURINISTA/COSTUME DESIGNER Adriana Baldani PRODUÇÃO E PRODUÇÃO EXECUTIVA/PRODUCTION AND EXECUTIVE PRODUCTION/PRODUCCIÓN Y PRODUCCIÓN EJECUTIVA Mariano de Mendonça DISTRIBUIÇÃO/DISTRIBUTION/DISTRIBUCIÓN T4/Maxime Seugé & Jonathan Zak COPRODUÇÃO/CO-PRODUCTION/ CO-PRODUCCIÓN Festival Internacional de Buenos Aires (FIBA) COORDENAÇÃO TÉCNICA NO BRASIL/TECHNICAL COORDINATION IN BRAZIL/COORDINACIÓN TÉCNICA EN BRASIL Bruno Garcia ASSISTENTE DE PRODUÇÃO NO BRASIL/PRODUCTION ASSISTANT IN BRAZIL/ASISTENTE DE PRODUCCIÓN EN BRASIL Carla Gobi | Claudia Torres ASSESSORIA JURÍDICA NO BRASIL/LEGAL ADVICE IN BRAZIL/ASESORÍA LEGAL EN BRASIL Martha Macruz de Sá PRODUÇÃO NO BRASIL/PRODUCTION IN BRAZIL/PRODUCCIÓN EN BRASIL Pedro de Freitas - Périplo

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DIEGO ASTARITA

Em uma oficina ministrada a artistas cênicos profissionais na Espanha, em setembro de 2021, intitulada “Yo Es un Corpo” (“Eu É um Corpo”), a performer, dramaturga e diretora Marina Otero definiu sua estrutura física e individualizada como “um arquivo em que se acoplam imagens, histórias, gestos inconscientes, enfermidades, apropriações, instantes... Tudo o que não é dito, o que está ausente e até o que a memória não registra está aí, sobre ou sob a carne. Ausências que se tornam matéria e que, mais cedo ou mais tarde, se evidenciam”.

A assertiva pode servir de introdução ao pensamento sobre arte da argentina que traz “Fuck Me” (2020), terceira parte da série "Recordar para Vivir", iniciada uma década atrás.

Uma fala do trabalho atual soa motora: “Sempre me imaginei ocupando o centro da cena como uma heroína, vingando-me de todos e tudo. Mas o corpo não deu para tanta batalha. Hoje, deixo meu lugar para os intérpretes. Vou ver como eles emprestam seus corpos à minha causa narcisista”. Na concepção original, ela seria protagonista, como o fez nas duas peças anteriores, “Andrea” (2012) e “Recordar 30 Años para Vivir 65 Minutos” (2015-2020). Mas um problema físico a tirou de cena, obrigando-a a modificar o formato que desejava. Cinco atuantes masculinos tomaram seu lugar, submetendo-se às indicações de uma diretora ressentida, como diz o

material de divulgação. Optou então por contracenar em vez de solar.

Para projetar as marcas inscritas no corpo e a incontornável passagem do tempo, o projeto estético transita pelas bordas entre o documental e a ficção, a dança e a performance, o acidente e a representação.

Na segunda peça da mencionada série, a criadora compartilha um depoimento revelador das inquietudes em sua trajetória: “Não sou bailarina, não sou atriz, não sou coreógrafa, não sou escritora. Sou uma caprichosa que faz tudo isso para saber para que vim ao mundo. Parece que o mundo real é ficção e a ficção, uma remota possibilidade de encontrar-se”.

QUEM É DIRETORA, INTÉRPRETE, AUTORA E DOCENTE, MARINA OTERO NASCEU EM BUENOS AIRES. DESDE 2012 REALIZA O PROJETO "RECORDAR PARA VIVIR", BASEADO EM CONSTRUIR UMA OBRA INACABÁVEL A PARTIR DE REFERÊNCIAS AUTOBIOGRÁFICAS. ALGUNS DE SEUS ESPETÁCULOS FORAM LEVADOS A PAÍSES COMO SINGAPURA, SUÍÇA, SARAJEVO, ESPANHA, ITÁLIA, FRANÇA, PERU E CHILE. “FUCK ME” OBTEVE O PRÊMIO DO PÚBLICO NA EDIÇÃO DE 2021 DO THEATER SPEKTAKEL, FESTIVAL REALIZADO EM ZURIQUE. NO SEMESTRE PASSADO, A ARTISTA ESTREOU O SOLO “LOVE ME” NO FESTIVAL INTERNACIONAL DE BUENOS AIRES (FIBA).

51 FUCK ME MARINA OTERO | ARGENTINA PORTUGUÊS
MATIAS KEDAK

In a workshop given to professional scenic artists in Spain in September 2021 entitled “Yo Es un Corpo” (“I Am a Body”), performer, playwright, and director Marina Otero defined her physical and individualized structure as “an archive in which images, stories, unconscious gestures, illnesses, appropriations, and moments are coupled... Everything that is not said, what is absent, and even what memory does not register is there, on or under the flesh. Absences that become matter and that, sooner or later, become evident.”

The statement can be an introduction to thinking about art in Argentina that brings “Fuck Me” (2020), the third part of the "Recordar para Vivir" series, which started a decade ago.

A speech from the current job sounds motoric: “I always imagined myself taking center stage like a heroine, taking revenge on everyone and everything. But the body wasn’t up to that much battle. Today, I leave my place to the interpreters. I will see how they lend their bodies to my narcissistic cause.” In the original creation, she would be the leading player, as she did in the two previous plays, “Andrea” (2012) and “Recordar 30 Años para Vivir 65 Minutos” (20152020). But a physical problem took her out of the picture, forcing her to change the format she wanted. As the publicity material says, five male actors took

her place, submitting to the indications of a resentful director. So she chose to co-act instead of solo.

To project the marks inscribed on the body and the unavoidable passage of time, the aesthetic project transits the borders between documentary and fiction, dance and performance, accident and representation.

In the second play of the series mentioned above, the creator shares a revealing statement of the concerns in her trajectory: “I’m not a ballerina, I’m not an actress, I’m not a choreographer, I’m not a writer. I am a capricious woman who does all this to know why I came into the world. It seems that the real world is fiction and fiction, a remote possibility of finding oneself”.

WHO IS SHE DIRECTOR, INTERPRETER, AUTHOR, AND TEACHER MARINA OTERO WAS BORN IN BUENOS AIRES. SINCE 2012, SHE HAS CARRIED OUT THE PROJECT "RECORDAR PARA VIVIR", BASED ON BUILDING AN UNFINISHED WORK FROM AUTOBIOGRAPHICAL REFERENCES. SOME OF HER SHOWS HAVE BEEN TAKEN TO COUNTRIES LIKE SINGAPORE, SWITZERLAND, SARAJEVO, SPAIN, ITALY, FRANCE, PERU, AND CHILE. LAST SEMESTER, THE ARTIST DEBUTED THE SOLO “LOVE ME” AT THE BUENOS AIRES INTERNATIONAL FESTIVAL (FIBA). “FUCK ME” WON THE AUDIENCE AWARD AT THE 2021 EDITION OF THEATER SPEKTAKEL, A FESTIVAL HELD IN ZURICH.

52 ENGLISH FUCK ME
OTERO | ARGENTINE
MARINA
MEHDI BENKLER

En un taller realizado con artistas escénicos profesionales en España en septiembre de 2021, titulado “Yo Es un Cuerpo” (“Eu É um Corpo”), la performer, dramaturga y directora Marina Otero definió su estructura física e individualizada como “un archivo donde se acoplan imágenes, historias, gestos inconscientes, enfermedades, apropiaciones, instantes... Todo lo que no es dicho, o está ausente y hasta lo que la memoria no registra está ahí, sobre o bajo la carne. Ausencias que se tornan materia y que, más temprano o más tarde, se evidencian”.

Esta afirmación puede servir de introducción al pensamiento sobre el arte de la directora argentina que presenta “Fuck Me” (2020), tercera parte de la serie "Recordar para Vivir", iniciada una década atrás.

Una frase de su trabajo actual suena como motora: “Siempre me imaginé ocupando el centro de la escena como una heroína, vengándome de todos y de todo. Pero el cuerpo no alcanzó para tamaña batalla. Hoy, dejo mi lugar para los intérpretes. Voy a ver como ellos prestan sus cuerpos a mi causa narcisista”. En la concepción original, ella sería la protagonista, tal como hiciera en las dos piezas anteriores, “Andrea” (2012) y “Recordar 30 Años para Vivir 65 Minutos” (20152020). Pero un problema físico la retiró de escena, obligándola a modificar el formato que deseaba. Cinco actuantes masculinos tomaron su lugar, sometiéndose a las indicaciones de una directora resentida,

como dice el material de divulgación. Optó entonces por compartir la escena en vez de actuar sola.

Para proyectar las marcas inscriptas en el cuerpo y el inevitable paso del tiempo, el proyecto estético transita por las fronteras entre lo documental y la ficción, la danza y la performance, el accidente y la representación.

En la segunda pieza de la mencionada serie, la creadora comparte un testimonio revelador de las inquietudes en su trayectoria: “No soy bailarina, no soy actriz, no soy coreógrafa, no soy escritora. Soy una caprichosa que hace todo eso para saber para que vine al mundo. Parece que el mundo real es ficción y la ficción una remota posibilidad de encontrarse”.

QUIEN ES DIRECTORA, INTÉRPRETE, AUTORA Y DOCENTE, MARINA OTERO NACIÓ EN BUENOS AIRES. DESDE 2012

REALIZA EL PROYECTO "RECORDAR PARA VIVIR", BASADO EN LA CONSTRUCCIÓN DE UNA OBRA INACABABLE A PARTIR DE REFERENCIAS AUTOBIOGRÁFICAS. ALGUNOS DE SUS ESPECTÁCULOS FUERON LLEVADOS A PAÍSES COMO SINGAPUR, SUIZA, SARAJEVO, ESPAÑA, ITALIA, FRANCIA, PERÚ Y CHILE. “FUCK ME” OBTUVO EL PREMIO DEL PÚBLICO EN LA EDICIÓN 2021 DEL THEATER SPEKTAKEL, FESTIVAL REALIZADO EN ZÚRICH. EL SEMESTRE PASADO, LA ARTISTA ESTRENÓ UN ESPECTÁCULO UNIPERSONAL “LOVE ME” EN EL FESTIVAL INTERNACIONAL DE BUENOS AIRES (FIBA).

53 ESPAÑOL FUCK ME MARINA OTERO | ARGENTINA
MEHDI BENKLER

LA MUJER QUE SOY TEATRO BOMBÓN

ARGENTINA | 90'

ATUAÇÃO/ACTORS/ ACTUACIÓN

Maiamar Abrodos

Daniela Pal

Mayra Homar

Silvia Villazur

DRAMATURGIA E DIREÇÃO/DRAMATURGY AND DIRECTION/

DRAMATURGIA Y DIRECCIÓN

Nelson Valente

CURADORIA DO TEATRO BOMBÓN/ CURATORSHIP BY TEATRO BOMBÓN/ CURADORÍA DEL TEATRO BOMBÓN

Monina Bonelli

Cristian Scotton

Sol Salinas

PRODUÇÃO NO BRASIL/ PRODUCTION IN BRAZIL/ PRODUCCIÓN EN Brasil

OFF Produções Culturais

André Cajaiba

Celso Curi

Heloisa Andersen

Wesley Kawaai

Esta obra fez parte do projeto Bombón Vecinal, um festival site specific de peças curtas criadas por artistas e vizinhos, em coprodução com o FIBA - Festival Internacional de Buenos Aires, com apoio do Mecenato Cultural / His work was part of the Bombón Vecinal project, a site specific festival of short pieces created by artists and neighbors,

in co-production with FIBA - Festival Internacional de Buenos Aires, with the support of Mecenato Cultural / Esta obra formó parte del proyecto Bombón Vecinal, un festival site specific de piezas cortas creadas por artistas y vecinos, en coproducción con FIBA - Festival Internacional de Buenos Aires, con el apoyo de Mecenato Cultural

12.09 SEG 15H / 17H

09.12 MON 3PM / 5PM

13.09 TER 15H / 17H

09.13 MON 3PM / 5PM

ATLÂNTICO HOTEL

14

54
FOTOS/PHOTOS: LAURA CASTRO

A evolução histórica do conceito de simultaneidade, da Idade Antiga até o início do século XX, é dos capítulos mais apaixonantes no conjunto de conhecimentos referentes à física. E a arte nunca deixou de flertar com a ciência, por milênios a fio. Um exemplo disso pode ser testemunhado na peça criada e produzida pelo Teatro Bombón, um festival de site specific, termo em inglês que designa obras elaboradas de acordo com o ambiente e com um espaço determinado. A singularidade da ação cultural que acontece em Buenos Aires está em reunir artistas e vizinhos para criar obras curtas no quarteirão onde vivem ou trabalham.

Em “La Mujer que Soy”, a narrativa transcorre simultaneamente e de forma sincrônica em dois espaços que se inter-relacionam. Cada apartamento dá conta de uma perspectiva da história, permitindo à audiência compreender o todo. Personagens circulam de um espaço cenográfico a outro e se encontram apenas uma vez em um corredor ou hall intermediário. A duração dessa experiência autodefinida como à la carte é de meia hora, pois cada pessoa opta por ver um dos ângulos ou visitar os dois nichos adjacentes na ordem que desejar.

A estrutura espelhada serve à narrativa em torno de Mercedes e Martha. Elas foram casadas e agora vivem separadas, mas em ambientes contíguos. Afinal, tentam

definir o futuro do relacionamento a partir da transição de gênero de Mercedes. Sua filha, Cecilia, irrompe com uma nova namorada em busca de abrigo temporário. A dramaturgia do diretor Nelson Valente versa sobre a incondicionalidade do amor e suas múltiplas facetas. Cada teto tem uma estética e um mobiliário próprios. O de Martha é convencional, denota uma ordem apolínea, predominam cores pastéis e ocres. Os móveis fazem parte de um jogo. Decoração sóbria, quadros com paisagens. Dá a sensação de um lugar calmo, mas aborrecido. Já a casa de Mercedes é barroca, de apelo dionisíaco, com cores estridentes. Os móveis são de distintas procedências. Decoração hippie, cheia de souvenirs, bichos de pelúcia. Sugere uma morada alegre.

QUEM SÃO TEATRO BOMBÓN NASCE EM 2014 COMO UM FESTIVAL SITE SPECIFIC DE OBRAS CURTAS. SUAS DEZ EDIÇÕES CONVIDARAM ARTISTAS DE DIVERSAS GERAÇÕES E ESTÉTICAS A CRIAR MAIS DE 60 OBRAS ORIGINAIS NOS CAMPOS DO TEATRO, DA DANÇA E DA PERFORMANCE, APRESENTADAS SIMULTANEAMENTE E SOB DEMANDA. UMA DRAMATURGIA URBANA DE MONINA BONELLI E CRISTIAN SCOTTON EM COLABORAÇÃO COM ARTISTAS, GESTORES LOCAIS E VIZINHOS, PORTANTO IMPREGNADA DE ESPÍRITO COMUNITÁRIO.

55 A MULHER QUE SOU TEATRO BOMBÓN |
PORTUGUÊS
ARGENTINA

The historical evolution of the concept of simultaneity, from the Ancient Age to the beginning of the 20th century, is one of the most exciting chapters in the set of knowledge concerning physics. And art has never stopped flirting with science for millennia on end. The uniqueness of the cultural action in Buenos Aires lies in bringing artists and neighbors together to create short works on the block where they live or work. An example of this can be witnessed in the play created and produced by Teatro Bombón, a site-specific festival, a term in English that designates works created according to the environment and a given space.

In “La Mujer que Soy,” the narrative occurs simultaneously and synchronously in two interrelated spaces. Each apartment provides a perspective on the story, allowing the audience to understand the whole. The characters circulate from one scenographic space to another and meet only once in an intermediate corridor or hall. This self-defined experience as à la carte lasts half an hour, as each person chooses to see one of the angles or visit the two adjacent niches in the order they wish.

The mirrored structure serves the narrative around Mercedes and Martha. They were married and now live

separately but in contiguous environments. After all, they try to define the future of the relationship from Mercedes’ gender transition. His daughter, Cecilia, arises with a new girlfriend searching for temporary shelter. Director Nelson Valente’s dramaturgy deals with the unconditionality of love and its multiple facets.

Each dwelling has its own aesthetic and furniture. Martha’s is conventional, denotes an Apollonian order, and pastel and ocher colors predominate. Furniture is part of a game. Sober decoration, paintings with landscapes. It gives the feeling of a calm but boring place. Mercedes’ house is Baroque, with a Dionysian appeal, with strident colors. The furniture comes from different origins. Hippie decor, full of souvenirs and stuffed animals. Suggesting a happy home.

WHO ARE THEY TEATRO BOMBÓN WAS CREATED IN 2014 AS A SITE-SPECIFIC FESTIVAL OF SHORT WORKS. ITS TEN EDITIONS INVITED ARTISTS OF DIFFERENT GENERATIONS AND AESTHETICS TO CREATE MORE THAN 60 ORIGINAL WORKS IN THE FIELDS OF THEATRE, DANCE, AND PERFORMANCE, PRESENTED SIMULTANEOUSLY AND ON-DEMAND. AN URBAN DRAMATURGY BY MONINA BONELLI AND CRISTIAN SCOTTON IN COLLABORATION WITH ARTISTS, LOCAL MANAGERS, AND NEIGHBORS, THEREFORE IMBUED WITH A COMMUNITY SPIRIT.

56 ENGLISH THE WOMAN I AM
|
TEATRO BOMBÓN
ARGENTINE

La evolución histórica del concepto de simultaneidad, desde la Edad Antigua hasta comienzos del siglo XX, es uno de los capítulos más apasionantes del conjunto de conocimientos referentes a la física. Y el arte nunca dejó de flirtear con la ciencia, sin interrupción, durante miles de años. Un ejemplo de esto puede ser testimoniado en la pieza creada y producida por el Teatro Bombón, un festival de site-specific art, expresión en inglés que designa obras elaboradas de acuerdo con el ambiente y con un espacio determinado, el llamado arte de sitio. La singularidad de la acción cultural que sucede en Buenos Aires está en reunir artistas y vecinos para crear obras cortas en la cuadra donde viven o trabajan.

En “La Mujer que Soy”, la narrativa transcurre simultáneamente y de forma sincrónica en dos espacios que se

interrelacionan. Cada apartamento relata una perspectiva de la historia, eso permite al público comprender el todo. Los personajes circulan de un espacio escenográfico a otro, y se encuentran una única vez en un corredor o hall intermediario. Esa experiencia autodefinida como à la carte tiene una duración de media hora, pues cada persona opta por ver uno de los ángulos, o visitar los dos nichos adyacentes en el orden que desee.

La estructura espejada sirve a la narrativa en torno de Mercedes y Martha. Ellas fueron casadas y ahora viven separadas, pero en ambientes contiguos. Después de cuentas, lo que tratan es definir el futuro del relacionamiento a partir de la transición de género de Mercedes. Su hija, Cecilia, irrumpe con una nueva novia en busca de abrigo temporario.

La dramaturgia del director Nelson Valente trata sobre la incondicionalidad del amor y sus múltiples facetas.

Cada vivienda tiene una estética y mobiliario propio. La de Martha es convencional, denota un orden apolíneo, predominan colores pasteles y ocres. Los muebles son parte de un juego. Decoración sobria, cuadros con paisajes. Da la sensación de ser un lugar calmo, pero aburrido. Ya la casa de Mercedes es barroca, de apelo dionisíaco, con colores estridentes. Los muebles son de distintas procedencias. Decoración hippie, llena de souvenirs, animales de peluche. Sugiere una morada alegre.

QUIENES SON TEATRO BOMBÓN NACE EN 2014 COMO UN FESTIVAL SITE-SPECIFIC ART DE OBRAS CORTAS. SUS DIEZ EDICIONES CONVIDARON ARTISTAS DE DIVERSAS GENERACIONES Y ESTÉTICAS A CREAR MÁS DE 60 OBRAS ORIGINALES EN LAS ÁREAS DEL TEATRO, LA DANZA Y LA PERFORMANCE, PRESENTADAS SIMULTÁNEAMENTE Y POR PEDIDO. UNA DRAMATURGIA URBANA DE MONINA BONELLI Y CRISTIAN SCOTTON EN COLABORACIÓN CON ARTISTAS, GESTORES LOCALES Y VECINOS, POR LO TANTO IMPREGNADA DE ESPÍRITU COMUNITARIO.

57 ESPAÑOL LA MUJER QUE SOY TEATRO
| ARGENTINA
BOMBÓN
58 NOME DO ESPETÁCULO COMPANHIA | PAÍS ESPAÑOL

/

59 NOME DO ESPETÁCULO COMPANHIA | PAÍS ESPAÑOL
BOLÍVIA E BRASIL
BOLIVIA
BOLIVIA
AND BRAZIL /
Y BRASIL

FRONTE[I]RA | FRACAS[S]O TEATRO DE LOS ANDES E GRUPO DE TEATRO CLOWNS DE SHAKESPEARE

DIREÇÃO/DIRECTION/ DIRECCIÓN

Fernando Yamamoto ELENCO/CASTING

Alice Guimarães

Diogo Spinelli

Gonzalo Callejas

Paula Queiroz DRAMATURGIA/ DRAMATURGY

Euler Lopes COLABORAÇÃO DRAMATÚRGICA/ COLLABORATION IN DRAMATURGY/ COLABORACIÓN

DRAMATÚRGICA

Alex Aillón Valverde

DIREÇÃO MUSICAL/ MUSICAL DIRECTION/ DIRECCIÓN MUSICAL

Ernani Maletta CONSULTORIA DE MÚSICA ANDINA / ANDEAN MUSIC CONSULTANCY/ CONSULTORÍA DE MÚSICA ANDINA

Bernardo Rosado CENOGRAFIA/ SCENOGRAPHY/ ESCENOGRAFÍA

Gonzalo Callejas

ASSISTENTE DE CENOGRAFIA/ SCENOGRAPHY

ASSISTANT/ASISTENTE DE ESCENOGRAFÍA

Braulio Canllagua FIGURINO/COSTUMES/ VESTUARIO

Jacqueline Covarrubias

ILUMINAÇÃO/LIGHTING/ ILUMINACIÓN

Guilherme Bonfanti ASSISTENTE E OPERADOR DE LUZ/ ASSISTANT AND LIGHT OPERATOR/ASISTENTE Y OPERADOR DE ILUMINACIÓN

Camilo Bonfanti

FOTO, VÍDEO E PRODUÇÃO ARTÍSTICA/ PHOTO, VIDEO AND ARTISTIC PRODUCTION/FOTO, VÍDEO Y PRODUCCIÓN ARTÍSTICA

Rafael Telles ASSISTENTE DE PRODUÇÃO/ PRODUCTION ASSISTANT/ASISTENTE DE PRODUCCIÓN

Fabiola Mendoza

| 75' 60
QUI 21H /
16.09 SEX 21H / 09.16 FRI 9 PM ARCOS DO VALONGO 14
BOLÍVIA/BRASIL
15.09
09.15 THU 9 PM
FOTOS/PHOTO: RAFAEL TELLES

Adeptos da cultura do teatro de grupo – de terreno fértil na América do Sul – e forjados há décadas desde o interior de seus países, o Teatro de Los Andes, da cidade de Yotala, região Centro-Sul boliviana, e o Grupo de Teatro Clowns de Shakespeare, de Natal, no Rio Grande do Norte, Nordeste brasileiro, dão-se as mãos para prospectar pensamentos e práticas comuns ou dissonantes em suas lidas.

A parceria inédita com vistas a pesquisar e criar um espetáculo surgiu de trocas durante a Ocupação

Mirada 2021, na ação Telas Abertas da América Latina. Ali, brotou o desejo de viabilizar um processo de experimentação e montagem a partir das respectivas poéticas e chãos. Partindo da investigação sobre os contrastes e as afluências em aspectos histórico-culturais, sociopolíticos, econômicos e as heranças das relações de disputas territoriais entre Brasil e Bolívia, o processo encontrou um surpreendente panorama de ressignificação dos fracassos de onde os grupos partiram, apontando novas perspectivas de identidade, pertencimento e alteridade.

A dramaturgia perpassa dois planos: o que denota o percurso criativo em si, seus insights transfronteiriços, e o da fábula compreendida num vilarejo fictício sob constante ameaça de ser dividido, ao que a população tenta reagir. A narrativa tem toques de realismo mágico.

O projeto binacional, com estreia mundial no MIRADA , compreendeu etapas como ir a campo nas cidades de Brasiléia, no Acre, Norte brasileiro, e Cobija, no Departamento de Pando, Noroeste boliviano. No Sesc Santos, foi ministrada uma oficina instigada pela questão “O que significa fronteira para mim?”, bem como uma mesa de conversa. Já uma residência artística compartilhou com o público prospecções e procedimentos junto ao Centro de Pesquisa Teatral (CPT/Sesc), na unidade Consolação, na capital.

As atividades foram entremeadas por duas imersões em Yotala, dedicadas à pesquisa e criação da obra. Um documentário audiovisual dará a ver a jornada como um todo.

QUEM SÃO UM FEZ 30 ANOS EM 2021. OUTRO, CHEGARÁ AOS SEUS EM 2023. FUNDADO EM 1991, O TEATRO DE LOS ANDES ESTÁ SEDIADO EM YOTALA, CIDADE A 15 KM DE SUCRE, EM UM PEQUENO LUGAR ONDE CRIA E APRESENTA SUAS PEÇAS. SEU TRABALHO É CARACTERIZADO PELO PROCEDIMENTO DA CRIAÇÃO COLETIVA E PELA

CELEBRAÇÃO DAS FONTES CULTURAIS ANDINAS. CRIADO EM 1993, EM NATAL (RN), O GRUPO DE TEATRO CLOWNS DE SHAKESPEARE DESENVOLVE UMA INVESTIGAÇÃO COM

FOCO NA CONSTRUÇÃO DA PRESENÇA CÊNICA DO ATOR, NA

MUSICALIDADE DA CENA E DO CORPO E NO TEATRO POPULAR, SEMPRE SOB UMA PERSPECTIVA CRÍTICA E COLABORATIVA.

61 FRONTE[I]RA | FRACAS[S]O TEATRO DE LOS ANDES E GRUPO DE TEATRO CLOWNS DE SHAKESPEARE | BOLÍVIA E BRASIL PORTUGUÊS

Masters of the group theater culture – a fertile ground in South America – and forged for decades in the countryside of their countries. They joined hands to explore common or dissonant thoughts and practices in their undertakings. Teatro de Los Andes is from the city of Yotala, in the Central-South region of Bolivia, and the Shakespeare’s Clowns Theater Group is from Natal, Rio Grande do Norte, Northeast Brazil.

The new partnership aiming at researching and creating a show emerged from exchanges during the 2021 Ocupação MIRADA in the Telas Abertas da América Latina action. The desire to enable an experimentation process and stagecraft based on the respective poetics and floors arose. From investigations of the contrasts and affluences in historical-cultural, socio-political, and economic aspects, and the legacies of the territorial disputes between Brazil and Bolivia, the process found a stunning panorama of resignification of the failures from which the groups started, pointing out new perspectives of identity, belonging and otherness.

The dramaturgy permeates two levels: the one that denotes the creative path itself, its cross-border insights, and the one of the fables comprised of a fictional village under constant threat of being divided, to which the population tries to react. The narrative has touches of magical realism.

The binational project, with its world premiere at Mirada, included stages such as going to the field in the cities of Brasiléia, in Acre, North of Brazil, and Cobija, in the Pando Department, Northwest of Bolivia. Sesc Santos has held a workshop and a round table instigated by the question, “What does border mean to me?”. In the capital, an artistic residence shared prospects and procedures with the audience at the Theater Research Center ( CPT/Sesc) at the Consolação unit.

The activities were intermixed with two immersions in Yotala, dedicated to research and creation of the work. An audiovisual documentary will show the entire journey.

WHO ARE THEY ONE CELEBRATED 30 YEARS IN 2021. THE OTHER WILL TURN 30 IN 2023. FOUNDED IN 1991, TEATRO DE LOS ANDES IS BASED IN YOTALA, A CITY 15 KM FROM SUCRE, IN A SMALL PLACE WHERE IT CREATES AND PRESENTS ITS PLAYS. THEIR WORK IS CHARACTERIZED BY COLLECTIVE CREATION AND THE CELEBRATION OF ANDEAN CULTURAL SOURCES. CREATED IN 1993 IN NATAL (RN), SHAKESPEARE’S CLOWNS THEATER GROUP DEVELOPS AN INVESTIGATION FOCUSED ON THE CONSTRUCTION OF THE ACTOR’S SCENIC PRESENCE, THE MUSICALITY OF THE SCENE AND THE BODY, AND ON POPULAR THEATER, ALWAYS UNDER A CRITICAL AND COLLABORATIVE PERSPECTIVE.

62 BORDER | FAILURE TEATRO DE LOS ANDES AND SHAKESPEARE’S CLOWNS THEATER GROUP | BOLIVIA AND BRAZIL ENGLISH

Adeptos a la cultura de teatro de grupo – de terreno fértil en América del Sur – y forjados hace décadas desde el interior de sus países, el Teatro de Los Andes, de la ciudad de Yotala, en la región Centro-Sur boliviana, y el Grupo de Teatro Clowns de Shakespeare, de Natal, en el estado de Rio Grande do Norte, en el noreste brasileño, se dan las manos para prospectar pensamientos y prácticas comunes o disonantes en sus lides.

Esta asociación inédita destinada a investigar y crear un espectáculo surgió de intercambios durante la Ocupación MIRADA 2021, en la acción Pantallas Abiertas de América Latina. Fue allí donde brotó el deseo de viabilizar un proceso de experimentación y montaje a partir de las respectivas poéticas y bases. Partiendo de la investigación sobre contrastes y afluen-

cias en aspectos histórico-culturales, sociopolíticos, económicos y las herencias de relaciones de disputas territoriales entre Brasil y Bolivia, el proceso descubrió un panorama sorprendente de resignificar los fracasos desde donde los grupos partieron, apuntando nuevas perspectivas de identidad, pertenencia y alteridad.

La dramaturgia trasciende en dos planos: el que denota un camino creativo en sí mismo y sus insights transfronterizos, y el de la fábula comprendida en un pueblito ficticio bajo la constante amenaza de ser dividido, a lo que la población intenta reaccionar. La narrativa tiene toques de realismo mágico.

El proyecto binacional, con estreno mundial en el festival Mirada, incluyó etapas como hacer un trabajo de campo para recolectar datos en las ciudades de Brasiléia, en el estado de Acre, en el oeste del Brasil, y Cobija, en el departamento de Pando, noroeste boliviano. En el Sesc Santos, fue realizado un taller, inducido por la cuestión “¿Qué significa la frontera para mí?”, y también una mesa de conversación. Y una residencia artística compartió con el público prospecciones y procedimientos en colaboración con el Centro de Pesquisa Teatral (CPT/Sesc), en la unidad Consolação, en São Paulo.

Las actividades fueron complementadas por dos inmersiones en Yotala, dedicadas a la investigación y creación de la obra. Un documental audiovisual permitirá ver esa jornada en su totalidad.

QUIENES SON UNO CUMPLIÓ 30 AÑOS EN 2021. OTRO, LLEGARÁ A ESA EDAD EN 2023. FUNDADO EN 1991, EL TEATRO DE LOS ANDES TIENE SU SEDE EN YOTALA, CIUDAD A 15 KM DE SUCRE, EN UN PEQUEÑO LUGAR DONDE CREA Y PRESENTA SUS PIEZAS. SU TRABAJO SE CARACTERIZA POR EL PROCEDIMIENTO DE CREACIÓN COLECTIVA Y POR LA CELEBRACIÓN DE FUENTES CULTURALES ANDINAS. CREADO EN 1993, EN NATAL – ESTADO DE RIO GRANDE DO NORTE, EL GRUPO DE TEATRO CLOWNS DE SHAKESPEARE DESARROLLA UNA INVESTIGACIÓN CON FOCO EN LA CONSTRUCCIÓN DE UNA PRESENCIA ESCÉNICA DEL ACTOR, EN LA MUSICALIDAD DE LA ESCENA, DEL CUERPO Y EN EL TEATRO POPULAR, SIEMPRE BAJO UNA PERSPECTIVA CRÍTICA Y COLABORATIVA.

63 FRONTE[I]RA | FRACAS[S]O TEATRO DE LOS ANDES Y GRUPO DE TEATRO CLOWNS DE SHAKESPEARE | BOLIVIA Y BRASIL ESPAÑOL
64 NOME DO ESPETÁCULO COMPANHIA | PAÍS ESPAÑOL

BRASIL / BRAZIL / BRASIL

65 NOME DO ESPETÁCULO COMPANHIA | PAÍS ESPAÑOL

anonimATO CIA. MUNGUNZÁ DE TEATRO

BRASIL (SÃO PAULO) | 80'

17.09 SÁB 11H / 09.17 SAT 11 AM

FONTE DO SAPO

17.09 SÁB 16H / 09.17 SAT 4 PM

LAGOA DA SAUDADE

Todas as sessões com tradução em Libras

DIREÇÃO/DIRECTION/DIRECCIÓN Rogério Tarifa ARGUMENTO/PLOT Pedro das Oliveiras DRAMATURGIA/DRAMATURGY Verônica Gentilin TEXTOS (BASE PARA DRAMATURGIA)/ TEXTS (BASIS TO DRAMATURGY) Elenco (Cast/) | Rogério Tarifa e Verônica Gentilin ELENCO/CASTING Fabia Mirassos, Léo Akio, Lucas Bêda, Marcos Felipe, Paloma Dantas, Pedro das Oliveiras, Sandra Modesto e Virginia Iglesias DIREÇÃO MUSICAL E TRILHA SONORA ORIGINAL/MUSICAL DIRECTION AND ORIGINAL SOUNDTRACK/DIRECCIÓN MUSICAL Y BANDA SONORA ORIGINAL Carlos Zimbher DIREÇÃO VOCAL INTERPRETATIVA E COMPOSIÇÃO MUSICAL DO CORO/INTERPRETIVE VOCAL DIRECTION AND MUSICAL COMPOSITION OF THE CHOIR/DIRECCIÓN VOCAL INTERPRETATIVA Y COMPOSICIÓN MUSICAL DO CORO Lucia Gayotto e Natália Nery CORPO DE TRABALHO (BUTÔ)/BODY OF WORK (BUTOH)/CUERPO DE TRABAJO (BUTOH) Marilda Alface COLABORAÇÃO CÊNICA/SCENIC COLLABORATION/COLABORACIÓN ESCÉNICA Luiz André Cherubini BANDA/BAND Daniel Doc (guitarra e sintetizador/guitar and synthesizer) | Flávio Rubens (clarinete, sax e rabeca/ clarinet, sax and rebec) | Nath Calan (percussão e bateria/percussion and drums) | João Sampaio (substituto - guitarra/ substitute - guitar) | Luana Oliveira (substituta - bateria/ substitute - drums) PRÉ-PRODUÇÃO MUSICAL/MUSICAL PRE-PRODUCTION/PRÉ-PRODUCCIÓN MUSICAL Daniel Doc FIGURINOS/COSTUMES/ VESTUARIO Juliana Bertolini ASSISTENTE DE FIGURINO/COSTUMES ASSISTANT/ASISTENTE DE VESTUARIO Vi Silva COSTUREIRAS/DRESSMAKERS/COSTURERAS Francisca Lima | Lucita CONSTRUÇÃO FIGURINO INFLÁVEL/INFLATABLE COSTUME CONSTRUCTION/CONSTRUCCIÓN DE VESTUARIO INFLABLE Juan Cusicanki CENOGRAFIA/SCENOGRAPHY/ESCENOGRAFÍA Fábio Lima | Lucas Bêda | Luiz André Cherubini | Zé Valdir ADEREÇOS E BONECOS (CABEÇÃO)/ADORNMENTS AND DOLLS (BIG HEAD)/ADEREZOS Y MUÑECOS (CABEZÓN) Zé Valdir OPERADOR DE SOM/SOUND OPERATOR/OPERADOR DE SONIDO Guilherme Christiano CONTRARREGRAS/

STAGEHAND/CONTRARREGLA Tony Franthesco | Mariana Beda POESIA GRÁFICA (PLACAS, CARRINHOS E BANDEIRAS)/GRAPHIC POETRY (SIGNS, CARTS, AND FLAGS)/ POESÍA GRÁFICA (PLACAS, CARRITOS Y BANDERAS) Átila Fragozo (Paulestinos) TREINAMENTO DE PERNA DE PAU/STILTS TRAINING/ENTRENADOR DE ACTORES CON ZANCOS Fábio Siqueira FOTOS/PHOTOS Letícia Godoy | Mariana Beda | Pedro Garcia de Moura PRODUÇÃO EXECUTIVA/EXECUTIVE PRODUCTION/PRODUCCIÓN

EJECUTIVA Marcos Felipe | Sandra Modesto | Virginia Iglesias PRODUÇÃO GERAL/GENERAL PRODUCTION/PRODUCCIÓN GENERAL Cia. Mungunzá de Teatro

66
L
FOTOS/PHOTOS: LETÍCIA GODOY

O encontro inédito da Cia. Mungunzá de Teatro com o diretor Rogério Tarifa corresponde à pororoca de visões artísticas que conhecem in loco as nervuras dos centros urbanos e as gentes que lá habitam.

A crítica social é uma constante em ambas as trajetórias na capital, como mostram na referência a pessoas anônimas que, ao cabo, constituem a alma de uma cidade. Vozes imaginadas à maneira de uma egrégora – como se diz da força espiritual gerada a partir da soma de energias coletivas – são incorporadas à cultura do teatro celebrado ao ar livre. Pois a ideia inicial de pesquisar o cotidiano dos sem nome, sem rosto, foi se transformando até a equipe focar no ato e na manifestação em sentidos ampliados.

Oito personagens vindos de vários quadrantes são convocados para uma jornada sobre a qual pouco se sabe, mas se intui: o estado de presença em todos os planos da vida. A mãe, a mulher-árvore, a vendedora de sonhos, o homem-placa, o pipoqueiro, o trabalhador, o homem que é “todo mundo” e a mulher que é “ninguém” representam a multidão determinada a caminhar junta.

Ao sabor das estações e rituais, espectadores seguem o cortejo de cerca de 100 metros em linha reta. As ações, ora corais, ora solos, ganham tom fabular à medida que o ato se teatraliza, feito morte e vida severina.

Passados mais de dois anos de pandemia, o teatro de rua permitiu falar a propósito da retomada da arte

de representar ou de performar como lugar de encontro. Suas metáforas ganham relevo por meio de poéticas da instalação visual, de bonecos, perna de pau, figurino inflável e dança, esta uma saudação ao butô japonês.

Todavia, palavra e canto são unha e carne. Quase todos os textos foram musicados e uma banda de instrumentistas transita tanto quanto atrizes e atores.

Coube à atriz Verônica Gentilin consolidar a dramaturgia a partir das proposições do elenco e direção. Ela concebeu personagens utópicos para uma narrativa sem compromissos com a realidade. “De seres anônimos e invisíveis eles têm suas histórias contadas como alegorias. São diferentes, mas formam um coletivo.”

QUEM SÃO A CIA. MUNGUNZÁ DE TEATRO INICIOU SUAS ATIVIDADES EM 2008, A BORDO DE PESQUISA EM PARCERIA COM O DIRETOR NELSON BASKERVILLE SOBRE O TEATRO ÉPICO DE BERTOLT BRECHT. UMA DAS REALIZAÇÕES FOI

“LUIS ANTONIO-GABRIELA” (2011). EM 2017, INAUGUROU O TEATRO DE CONTÊINER MUNGUNZÁ EM UM ANTIGO

TERRENO ABANDONADO NO BAIRRO DA LUZ, CENTRO DA CAPITAL. ROGÉRIO TARIFA É FORMADO PELA ESCOLA DE ARTE DRAMÁTICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (EAD/USP). INTEGRA A CIA. SÃO JORGE DE VARIEDADES E COLABORA COM NÚCLEOS ARTÍSTICOS COMO TEATRO UNIÃO E OLHO VIVO, CIA. DO TIJOLO E GRUPO TEATRO DO OSSO.

67
ANONIMATO
PORTUGUÊS
CIA. MUNGUNZÁ DE TEATRO | BRASIL (SÃO PAULO)

The unprecedented meeting of Cia. Mungunzá de Teatro with director Rogério Tarifa corresponds to a tidal bore of artistic visions that know in loco the ribs of urban centers and the people who live there.

Social criticism is a constant in both trajectories in the capital, as shown in reference to anonymous people who, in the end, constitute the soul of a city. Voices imagined in the manner of an egregore – as we say of the spiritual force generated from the sum of collective energies – are incorporated into the culture of theater celebrated outdoors. The initial idea of researching the daily life of the nameless and faceless was transformed until the team focused on the act and the manifestation in expanded senses.

Eight characters from various quadrants are summoned to a journey about which little is known but is intuited: the state of presence in all planes of life. The mother, the tree-woman, the dream seller, the signman, the popcorn vendor, the worker, the man who is “everybody” and the woman who is “nobody” represent the crowd determined to walk together.

Blowing in the wind of seasons and rituals, spectators follow the procession for about 100 meters in a straight line. The actions, sometimes choral, sometimes solo, take on a fabled tone as the act becomes theatrical, like death and hard life.

After more than two years of the pandemic, the street theater has made it possible to talk about the

resumption of the art of acting or performing as a meeting place. The metaphors are highlighted by the poetics of the visual installation, dolls, stilts, inflatable costumes, and dance, the latter a salute to the Japanese Butoh.

However, word and song are hand in glove. Almost all texts were set to music, and a band of instrumentalists transits as much as actresses and actors.

It was up to the actress Verônica Gentilin to consolidate the dramaturgy based on the propositions of the cast and direction. She conceived utopian characters for a narrative with no commitment to reality. “Of anonymous and invisible beings, they have their stories told as allegories. They are different, but they form a collective.”

WHO ARE THEY CIA. MUNGUNZÁ DE TEATRO STARTED ITS ACTIVITIES IN 2008 ABOARD RESEARCH IN PARTNERSHIP WITH DIRECTOR NELSON BASKERVILLE ON THE EPIC THEATER OF BERTOLT BRECHT. ONE OF THE ACHIEVEMENTS WAS “LUIS ANTONIO-GABRIELA” (2011). IN 2017, THEY OPENED THE MUNGUNZÁ CONTAINER THEATER ON AN OLD, ABANDONED LAND IN THE LUZ NEIGHBORHOOD, DOWNTOWN THE CAPITAL. ROGÉRIO TARIFA GRADUATED FROM THE SCHOOL OF DRAMATIC ART AT THE UNIVERSITY OF SÃO PAULO (EAD/USP). HE IS A MEMBER OF CIA. SÃO JORGE DE VARIEDADES AND COLLABORATES WITH ARTISTIC CENTERS SUCH AS TEATRO UNIÃO AND OLHO VIVO, CIA. DO TIJOLO, AND GRUPO TEATRO DO OSSO.

68 ANONYMITY
ENGLISH
CIA. MUNGUNZÁ DE TEATRO | BRAZIL (SÃO PAULO)

El encuentro inédito de la Cia. Mungunzá de Teatro con el director Rogério Tarifa corresponde a una pororoca (fenómeno natural de olas grandes y violentas que se forman al encontrarse las aguas del océano Atlántico con las del río Amazonas) de visiones artísticas que conocen in loco las nervuras de los centros urbanos y quienes allí viven.

La crítica social es una constante en ambas trayectorias en la capital, como muestran al referirse a personas anónimas que, al fin y al cabo, son el alma de una ciudad. Voces imaginadas a la manera de un egregor – una fuerza espiritual generada a partir de la suma de energías colectivas – son incorporadas a la cultura del teatro celebrado al aire libre. Pues la idea inicial de investigar el cotidiano de los sin nombre y sin rostro, fue transformándose hasta que el equipo se enfocó en el acto y en la manifestación en sentidos ampliados.

Ocho personajes provenientes de varios cuadrantes son convocados a una jornada sobre la cual poco se sabe, pero se intuye: el estado de presencia en todos los planos de la vida. La madre, la mujer-árbol, la vendedora de sueños, el hombre con placas sándwich, el vendedor de palomitas, el trabajador, el hombre que es “todo el mundo” y la mujer que “no es nadie” representan una multitud determinada a caminar juntos.

Al sabor de las estaciones y los rituales, espectadores siguen el cortejo de cerca de 100 metros en línea recta. Las acciones, ora corales, ora solos, toman un tono de fábula a medida que el acto se teatraliza, hecho muerte y vida severina (alusión a una pieza de teatro que retrata la trayectoria de Severino, que abandona el nordeste del Brasil en busca de mejores condiciones de vida).

Pasados más de dos años de pandemia, el teatro de calle permitió que se hablara de la retomada del arte de representar o de actuar como lugar de encuentro. Sus metáforas ganan relevancia a través de poéticas de instalación visual, de muñecos, actores en zancos, muñecos inflables y danza, siendo esta un saludo al butoh japonés.

No obstante, palabra y canto son uña y carne. Casi todos los textos fueron musicalizados y una banda de instrumentistas transita tanto cuanto actrices y actores.

La actriz Verónica Gentilin fue quien consolidó la dramaturgia a partir de las proposiciones del elenco y la dirección. Ella concibió personajes utópicos para

una narrativa sin compromiso con la realidad. “De seres anónimos e invisibles que tienen sus historias contadas como alegorías. Son diferentes, pero forman un colectivo.”

QUIENES SON LA CIA. MUNGUNZÁ DE TEATRO INICIÓ SUS ACTIVIDADES EN 2008, A BORDO DE UNA INVESTIGACIÓN

JUNTO CON EL DIRECTOR NELSON BASKERVILLE SOBRE EL TEATRO ÉPICO DE BERTOLT BRECHT. UNA DE LAS REALIZACIONES FUE “LUIS ANTONIO-GABRIELA” (2011). EN 2017, INAUGURÓ EL TEATRO DE CONTÊINER MUNGUNZÁ EN UN ANTIGUO TERRENO ABANDONADO EN EL BARRIO DE LUZ, CENTRO DE SÃO PAULO. ROGÉRIO TARIFA ES FORMADO POR LA ESCUELA DE ARTE DRAMÁTICO DE LA UNIVERSIDAD DE SÃO PAULO (EAD/USP). INTEGRA LA CIA. SÃO JORGE DE VARIEDADES Y COLABORA CON NÚCLEOS ARTÍSTICOS COMO TEATRO UNIÃO Y OLHO VIVO, CIA. DO TIJOLO Y GRUPO TEATRO DO OSSO.

69 ANONIMATO
ESPAÑOL
CIA. MUNGUNZÁ DE TEATRO | BRASIL (SÃO PAULO)

ENCENAÇÃO/STAGING/PUESTA EN ESCENA Miguel Rocha ASSISTÊNCIA DE DIREÇÃO/ASSISTANT DIRECTOR/ASISTENCIA DE DIRECCIÓN Davi Guimarães TEXTO/TEXT Dione Carlos ELENCO/CASTING Antônio Valdevino | Dalma Régia | Danyel Freitas | Davi Guimarães | Isabelle Rocha | Jefferson Matias | Jucimara Canteiro | Priscila Modesto | Walmir Bess DIREÇÃO MUSICAL/MUSICAL DIRECTION/DIRECCIÓN MUSICAL Renato Navarro ASSISTÊNCIA DE DIREÇÃO MUSICAL/MUSICAL ASSISTANT DIRECTOR/ASISTENCIA DE DIRECCIÓN MUSICAL César Martini MUSICISTAS/MUSICIANS/MÚSICOS Alisson Amador (percussão/ percussion/ percusión) | Amanda Abá (violoncelo/ cello) | Denise Oliveira (violino/ violin/violín) | Jennifer Cardoso (viola) CENOGRAFIA/SCENOGRAPHY/ESCENOGRAFÍA Eliseu Weide ILUMINAÇÃO/ LIGHTING/ILUMINACIÓN Miguel Rocha | Toninho Rodrigues FIGURINO/COSTUMES/VESTUARIO Samara Costa ASSISTÊNCIA DE FIGURINO/COSTUMES ASSISTANT/ ASISTENCIA DE VESTUARIO Clara Njambela COSTUREIRA/DRESSMAKER/COSTURERA Yaisa Bispo OPERAÇÃO DE SOM/SOUND OPERATION/OPERACIÓN DE SONIDO Lucas Bressanin OPERAÇÃO DE LUZ/LIGHT OPERATION/OPERACIÓN DE LUZ Viviane Santos CENOTECNIA/STAGECRAFT/ESCENOTECNIA Wanderley Silva PROVOCAÇÃO VOCAL, ARRANJOS E COMPOSIÇÃO DA MÚSICA DO “MANIFESTO DAS MULHERES”/VOCAL PROVOCATION, ARRANGEMENTS AND COMPOSITION OF THE MUSIC OF THE "MANIFESTO DAS MULHERES"/PROVOCACIÓN VOCAL, ARREGLOS Y COMPOSICIÓN DE LA MÚSICA DEL “MANIFIESTO DE LAS MUJERES” Bel Borges PROVOCAÇÃO VOCAL, ORIENTAÇÃO EM ATUAÇÃO-MUSICALIDADE E ARRANJOS - PERCUSSÃO “CHAMADO DE IANSÔ E POEMA “QUERO SER TAMBOR”/VOCAL PROVOCATION, GUIDANCE IN ACTING-MUSICALITY AND ARRANGEMENTS - PERCUSSION "CHAMADO DE IANSÃ" AND POEM "QUERO SER TAMBOR"/PROVOCACIÓN VOCAL, ORIENTACIÓN EN ACTUACIÓN-MUSICALIDAD Y ARREGLOSPERCUSIÓN “CHAMADO DE IANSÔ Y POEMA “QUIERO SER TAMBOR” Luciano Mendes de Jesus ESTUDO DA PRÁTICA CORPORAL E DIREÇÃO DE MOVIMENTO/STUDY OF BODY PRACTICE AND DIRECTION OF MOVEMENT/ESTUDIO DE PRÁCTICA CORPORAL Y DIRECCIÓN DE MOVIMIENTO Érika Moura PROVOCAÇÃO TEÓRICO-CÊNICA/THEORETICAL-SCENIC PROVOCATION/PROVOCACIÓN TEÓRICO-ESCÉNICA Maria Fernanda Vomero PROVOCAÇÃO CÊNICA/SCENIC PROVOCATION/PROVOCACIÓN

70
Carminda
André
Fernanda Vomero COMENTADORES/COMMENTATORS/COMENTADORES
ROUND
DE
Juliana
Maria
Vomero
DE DANÇA AFRO/AFRO DANCE GUIDANCE/ORIENTACIÓN DE DANZA AFRO Janete Santiago DIREÇÃO DE PRODUÇÃO/PRODUCTION DIRECTION/DIRECCIÓN DE PRODUCCIÓN Dalma Régia PRODUÇÃO EXECUTIVA/EXECUTIVE PRODUCTION/PRODUCCIÓN EJECUTIVA Davi Guimarães | Miguel Rocha CÁRCERE ou Porque as Mulheres Viram Búfalos COMPANHIA DE TEATRO HELIÓPOLIS BRASIL (SÃO PAULO) | 120' 11.09 DOM 21H / 09.11 SUN 9 PM 12.09 SEG 20H / 09.12 MON 8 PM SESC SANTOS (GINÁSIO) FOTOS/PHOTOS: RICK BARNESCHI 12
ESCÉNICA Bernadeth Alves |
Mendes
| Maria
Bruno Paes Manso | Salloma Salomão MESAS DE DEBATES/
TABLES/MESAS
DEBATES
Borges | Preta Ferreira | Roberto da Silva | Salloma Salomão, com mediação de (with mediation/con la mediación)
Fernanda
ORIENTAÇÃO

CÁRCERE OU PORQUE AS MULHERES VIRAM BÚFALOS

Segundo o Departamento Penitenciário Nacional (Depen), o Brasil conta 820.689 pessoas privadas de liberdade, sendo 673.614 em celas físicas e 141.002 em prisão domiciliar. Os dados são de julho de 2021. Estatísticas podem refletir invisibilidades. Em dias de visita, filas em presídios masculinos são formadas por mães, avós, irmãs, tias, namoradas – em sua maioria pobre, preta e periférica. O pacto incondicional delas para com os seus é inversamente proporcional à frequência de visitantes nas penitenciárias femininas.

Esse é um dos aspectos subjacentes em “CÁRCERE ou Porque as Mulheres Viram Búfalos”, parceria inédita da Companhia de Teatro de Heliópolis com a dramaturga convidada Dione Carlos, artistas cujas trajetórias sincronizam passos nos campos estético, social, histórico e político.

O título alude às mulheres “que transmutam as energias de violência e morte e reinventam realidades”, afirma a autora, que trabalhou em colaboração com o elenco, o diretor Miguel Rocha e demais criadores.

Partindo da história das irmãs gêmeas Maria dos Prazeres e Maria das Dores, cujas vidas são marcadas pelo encarceramento dos parentes, a peça aborda a forte presença das mulheres nesse contexto. Elas veem abaladas a vida emocional, a segurança física e a situação financeira. “A mulher se torna a força e o sustentáculo da família, e também daquele que está em situação de cárcere”, diz Rocha.

A ancestralidade está presente no texto e permeia a encenação de forma arquetípica. O coro aparece tanto como uma representação da coletividade quanto um exercício da voz ancestral, cujos saberes resistiram à barbárie e atravessaram séculos por meio dos corpos, memórias e crenças das pessoas africanas que, escravizadas, fizeram a travessia do Atlântico.

Evocando o orixá feminino Iansã-Oyá, divindade das tempestades, raios e ventos, no candomblé e na umbanda, o espetáculo elabora ações físicas para construir um discurso poético e expressionista das relações de poder, com uma imersão potencializada pela música ao vivo.

COMPANHIA DE TEATRO HELIÓPOLIS | BRASIL (SÃO PAULO)

QUEM SÃO A OBRA EXIBIDA NO MIRADA É A 12ª NA TRAJETÓRIA DA COMPANHIA DE TEATRO HELIÓPOLIS, FORJADA DESDE 2000 NA FAVELA HOMÔNIMA, NA ZONA

SUDESTE DA CAPITAL PAULISTA. PARTE DOS INTEGRANTES TEM ORIGEM NORDESTINA E IRRADIA MEMÓRIAS EM DIÁLOGO COM OS ANSEIOS E AS VIVÊNCIAS DO TERRITÓRIO. VIDE “MEDO” (2016), “SUTIL VIOLENTO” (2017) OU “(IN) JUSTIÇA” (2019). DESDE 2010, OCUPA A CASA DE TEATRO MARIA JOSÉ DE CARVALHO, NO BAIRRO VIZINHO IPIRANGA, SOB PERMISSÃO DE USO DO ESTADO.

PORTUGUÊS 71

According to the National Penitentiary Department (Depen), Brazil has 820,689 people deprived of their liberty, with 673,614 in physical cells and 141,002 under house arrest. The data is for July 2021. Statistics may reflect invisibilities. On visiting days, lines in male prisons are formed by mothers, grandmothers, sisters, aunts, girlfriends – mostly poor, black and peripheral. Their unconditional pact with their beloved ones is inversely proportional to the frequency of visitors to women’s penal institutions.

This is one of the underlying aspects of “CÁRCERE or Porque as Mulheres Viram Búfalos,” an unprecedented partnership between Companhia de Teatro de Heliópolis and guest playwright Dione Carlos, artists whose trajectories synchronize steps in the aesthetic, social, historical, and political fields.

The title alludes to women “who transmute the energies of violence and death and reinvent realities,” says the author, who worked in collaboration with the cast, director Miguel Rocha and other creators.

This is the story of the twin sisters Maria dos Prazeres and Maria das Dores, whose lives are marked by the incarceration of their relatives. The play addresses the strong presence of women in this context. They feel their emotional lives, physical security, and financial situation has shaken. “Women become the strength and support of the family, and also of those imprisoned, “ says Rocha.

Ancestry is present in the text and permeates the staging in an archetypal way. The choir is both a representation of the collectivity and an exercise of the ancestral voice, whose knowledge resisted barbarism and crossed centuries through the bodies, memories, and beliefs of African people who, enslaved, crossed the Atlantic.

Evoking the female orixá Iansã-Oyá, the deity of storms, lightning, and winds, in Candomblé and Umbanda, the show elaborates on physical actions to build a poetic and expressionist discourse of power relations, with an immersion enhanced by live music.

WHO ARE THEY THE WORK SHOWN AT MIRADA IS THE 12TH IN THE HISTORY OF COMPANHIA DE TEATRO HELIÓPOLIS, FORGED IN 2000 IN THE HOMONYMOUS SLUM IN THE SOUTHEASTERN PART OF SÃO PAULO. SOME OF THE MEMBERS ARE OF NORTHEASTERN ORIGIN AND RADIATE MEMORIES IN DIALOGUE WITH THE WISHES AND EXPERIENCES OF THE TERRITORY. SEE “MEDO” (FEAR) (2016), “SUTIL VIOLENTO” (SUBTLE VIOLENT) (2017) OR “(IN)JUSTIÇA” ((IN)JUSTICE) (2019). SINCE 2010, IT HAS OCCUPIED THE MARIA JOSÉ DE CARVALHO THEATER HOUSE, IN THE NEIGHBORING IPIRANGA NEIGHBORHOOD, UNDER STATE USE PERMISSION.

ENGLISH 72 COMPANHIA DE TEATRO HELIÓPOLIS | BRAZIL (SÃO
PAULO) JAIL OR WHY WOMEN BECOME BUFFALOES

CÁRCEL O PORQUE LAS MUJERES SE TRANSFORMAN EN BÚFALOS

De acuerdo con datos del Departamento Penitenciario Nacional (Depen), en el Brasil hay 820.689 personas privadas de libertad, siendo 673.614 en celdas en presidios y 141.002 en prisión domiciliaria. Esta información es de julio de 2021. Las estadísticas pueden reflejar invisibilidades. Durante los días de visita, en las filas de los presidios masculinos hay madres, abuelas, hermanas, tías, novias – en su mayor parte pobres, negras y de los suburbios. El pacto incondicional de estas mujeres con los suyos es inversamente proporcional a la cantidad de visitantes de penitenciarías femeninas.

Este es uno de los aspectos subyacentes en “CÁRCEL o Porque las Mujeres se transforman en Búfalos”, un trabajo conjunto inédito de la Compañía de Teatro de Heliópolis con la dramaturga invitada Dione Carlos, artistas cuyas trayectorias sincronizan pasos en los campos estético, social, histórico y político.

El título alude a las mujeres “que transmutan las energías de violencia y muerte y reinventan realidades”, afirma la autora, que trabajó en colaboración con el elenco, el director Miguel Rocha y demás creadores.

Partiendo de la historia de las hermanas gemelas Maria dos Prazeres y Maria das Dores, cuyas vidas están marcadas por el encarcelamiento de los hombres de la familia, la pieza aborda la fuerte presencia de las mujeres en ese contexto. La vida emocional, la seguridad física y la situación financiera de ambas son estremecidas. “La mujer se torna la fuerza y la sustentación de la familia, y también de aquel que vive una situación de encarcelamiento”, dice Rocha.

La ancestralidad está presente en el texto y se inserta en la puesta en escena de manera arquetípica. El coro aparece tanto como representación de colectividad y ejercicio de voz ancestral, cuyos saberes resistieron a la barbarie y atravesaron siglos en los cuerpos, memorias y creencias de aquellas personas africanas que, esclavizadas, cruzaron el océano Atlántico.

Evocando a la orixá femenina Iansã-Oyá, divinidad de las tempestades, rayos y vientos, en el candomblé y en umbanda, el espectáculo elabora acciones físicas para construir un discurso poético y expresionista de las relaciones de poder, con una inmersión potencializada por la música en vivo.

QUIENES SON LA OBRA EXHIBIDA EN EL FESTIVAL MIRADA ES LA 12ª EN LA TRAYECTORIA DE LA COMPAÑÍA DE TEATRO HELIÓPOLIS, FORJADA DESDE 2000 EN LA FAVELA HOMÓNIMA, EN LA ZONA SUDESTE DE LA CAPITAL

PAULISTA. PARTE DE LOS INTEGRANTES SON NORDESTINOS E IRRADIAN MEMORIAS EN DIÁLOGO CON LAS ASPIRACIONES Y VIVENCIAS DEL TERRITORIO. ES EL CASO DE PIEZAS COMO “MEDO” - MIEDO - (2016), “SUTIL VIOLENTO” (2017) O “(IN) JUSTIÇA” (2019). DESDE 2010, OCUPA LA CASA DE TEATRO MARIA JOSÉ DE CARVALHO, EN EL BARRIO VECINO DE IPIRANGA, CON AUTORIZACIÓN DE USO DEL ESTADO.

COMPAÑÍA DE TEATRO HELIÓPOLIS | BRASIL (SÃO PAULO)

ESPAÑOL 73

ERUPÇÃO – O LEVANTE AINDA NÃO TERMINOU coletivA ocupação

BRASIL (SÃO PAULO) | 80'

PERFORMANCE E CRIAÇÃO/PERFORMANCE AND CREATION/ PERFORMANCE Y CREACIÓN

Abraão Kimberley

Akinn

Alicia Esteves

Alvim Silva

Ariane Aparecida

Benedito Beatriz

Gabriêle Maria

Fernandes

Ícaro Pio

Lara Júlia Chaves

Letícia Karen

Lilith Cristina

Marcela Jesus

Mel Oliveira

Matheus Maciel

PH Veríssimo

Shao

DIREÇÃO/DIRECTION / DIRECCIÓN

Martha Kiss Perrone

DRAMATURGIA/ DRAMATURGY/ DRAMATURGIA

Frente de Dramaturgia coletivA

Ícaro Pio

Lilith Cristina

Martha Kiss Perrone

ILUMINAÇÃO/LIGHTS/ ILUMINACIÓN

Benedito Beatriz

OPERAÇÃO DE LUZ/ LIGHT OPERATION/ OPERACIÓN DE LUZ

Lux Machado

COORDENAÇÃO DE PALCO/STAGE

COORDINATION/ COORDINACIÓN DE ESCENARIO

Jaya Batista

PREPARAÇÃO CORPORAL/BODY PREPARATION/ PREPARACIÓN CORPORAL

Ricardo Januário

Frente Corpo coletivA

PREPARAÇÃO VOCAL/ VOICE PREPARATION/ PREPARACIÓN VOCAL

Abraão Kimberley

MÚSICA/MUSIC

DJ Shao Frente

Música coletivA

COLABORAÇÃO

MUSICAL/MUSICAL

COLLABORATION/ COLABORACIÓN

MUSICAL

Anelena Toku

FIGURINO/COSTUMES/ VESTUARIO

Juan Duarte

DIREÇÃO DE ARTE/ART

DIRECTOION/DIRECCIÓN DE ARTE

Frente Visualidades coletivA

ASSISTÊNCIA DE FIGURINO/COSTUME

ASSISTANCE / ASISTENCIA DE VESTUARIO

Mel Oliveira

PRODUÇÃO/ PRODUCTION/ PRODUCCIÓN

Corpo Rastreado -

Gabs Ambròzia

Paula Serra coletivA ocupação

74
14.09 QUA 18H / 09.14 WED 6 PM 15.09 QUI 18H / 09.15 THU 6 PM SESC SANTOS (AUDITÓRIO) MATHEUS JOSÉ MARIA 14

ERUPÇÃO – O LEVANTE AINDA NÃO TERMINOU

Em tempos de urgência alimentar, sanitária e climática, sobrepostas às injustiças sociais em níveis global e local, a arte lê a sua época com lentes tão agudas quanto. “O que é o fim do mundo para mundos que já terminaram há muito tempo?”, indaga a equipe da coletivA ocupação, que encontra vontade para ir além das ruínas e vulnerabilidades que avista. Não por acaso, pessoas jovens catalisam a indignação e emergem – de suas práticas e pensares – poéticas disruptivas que colocam o dedo na ferida do estado inercial de parte da sociedade.

Nascida do movimento secundarista e das ocupações de escolas públicas em São Paulo, em meados da década passada, a coletivA não tem dúvida de que a humanidade adoece a si e ao planeta, dadas as catástrofes acumuladas.

Em seu segundo trabalho, “Erupção - O levante ainda não terminou”, que estreia no MIRADA, o desejo veemente é pela transfiguração de corpos em seres de outros tempos e cosmologias. “Eles estão por toda parte, nas árvores, nas folhas, nas águas, nos sons da floresta

e em mim”, diz um trecho da dramaturgia. São tateadas formas outras de presenças, numa espécie de cena-filme sob signos de festa, guerra, feitiçaria e subversão.

A partir de uma escrita forjada a múltiplas mãos, corações e mentes, adensada pelo atrito entre dança, performatividade, música e artes visuais, a obra é definida como uma ficção científica em liminaridade com uma encenação biográfica, de modo a navegar por passado, presente e futuros.

Um trânsito diaspórico de cada corpo-memória a convocar saberes, pulsões, gestos, lutas e vidas ligadas às ancestralidades. Se corpos dissidentes criam mundos todos os dias, quais possibilidades podem nascer? Quais espaços a erupção pode deflagrar nos dias que correm?

Como se sabe, forças ancestrais da natureza são evocadas no trabalho dirigido por Martha Kiss Perrone. Insta-se que corpos-criaturas provoquem outras temperaturas, encontrem com histórias ligadas a uma experiência que há de transformar o mundo que até então se acreditava conhecer.

QUEM SÃO PERFORMERS E ARTISTAS QUE SE CONHECERAM DURANTE O LEVANTE DO MOVIMENTO SECUNDARISTA E AS OCUPAÇÕES DE ESCOLAS PÚBLICAS EM SÃO PAULO, ENTRE 2015 E 2016, DÃO SOPRO À COLETIVA OCUPAÇÃO EM 2017. DO ENCONTRO ENTRE REBELIÃO E TEATRO, FORMAÇÃO E ATO CRIATIVO, CIRCUNSCREVE-SE UM TERRITÓRIO DE INVESTIGAÇÃO DE DIFERENTES LINGUAGENS, MOBILIZAÇÕES E COMBATES URGENTES. CORPOS EM REVOLTA AGORA OCUPAM NOVOS ESPAÇOS E NARRATIVAS. SEU PRIMEIRO TRABALHO, “QUANDO QUEBRA QUEIMA” (2018), CIRCULOU POR FESTIVAIS E MOSTRAS PELO PAÍS E O EXTERIOR. EM GERAL, A APRESENTAÇÃO CONCILIA AÇÕES FORMATIVAS DESTINADAS A JOVENS.

PORTUGUÊS 75 COLETIVA
OCUPAÇÃO | BRASIL (SÃO PAULO)

In times of food, health, and climate urgency, superimposed on social injustices at global and local levels, art reads its time with lenses just as sharp. “What is the end of the world for worlds that have ended a long time ago?” asks the team at coletivA Ocupação, which finds the will to go beyond the ruins and vulnerabilities that it sees. It is not by chance that young people catalyze indignation and emerge – from their practices and thoughts – disruptive poetics that put their finger on the wound of the inertial state of part of society.

Born from the high school movement and the occupations of public schools in São Paulo in the middle of the last decade, coletivA has no doubt that humanity is sickening itself and the planet, given the accumulated catastrophes.

In its second work, “Erupção − O levante ainda não terminou” which debuts at MIRADA, the vehement desire is for the transfiguration of bodies into beings from other times and cosmologies. “They are everywhere, in the trees, leaves, waters, in the sounds

of the forest and in me,” says an excerpt from the dramaturgy. Other forms of presence are groped in a kind of movie scene under signs of celebration, war, sorcery, and subversion.

From writing forged by multiple hands, hearts, and minds, thickened by the friction between dance, performativity, music, and visual arts, the work is defined as science fiction in liminality with a biographical staging to navigate past, present and futures.

A diasporic transit of each body-memory summoning knowledge, drives, gestures, struggles, and lives linked to ancestry. If dissident bodies create worlds every day, what possibilities can be born? What spaces can the eruption trigger these days?

As is well known, ancestral forces of nature are evoked in the work directed by Martha Kiss Perrone. It is urged that bodies-creatures provoke different temperatures and encounter stories linked to an experience that will transform the world that until then was believed to be known.

WHO ARE THEY PERFORMERS AND ARTISTS WHO MET DURING THE UPRISING OF THE HIGH SCHOOL MOVEMENT AND THE OCCUPATIONS OF PUBLIC SCHOOLS IN SÃO PAULO BETWEEN 2015 AND 2016 GAVE BREATH TO COLETIVA OCUPAÇÃO IN 2017. THEIR FIRST WORK, “QUANDO QUEBRA QUEIMA” (2018), TOURED FESTIVALS AND SHOWS ACROSS THE COUNTRY AND ABROAD. FROM THE ENCOUNTER BETWEEN REBELLION AND THEATER, FORMATION AND CREATIVE ACT, A TERRITORY OF INVESTIGATION OF DIFFERENT LANGUAGES, MOBILIZATIONS, AND URGENT COMBATS IS CIRCUMSCRIBED. BODIES IN REVOLT NOW OCCUPY NEW SPACES AND NARRATIVES. IN GENERAL, THE PRESENTATION COMBINES TRAINING ACTIONS AIMED AT YOUNG PEOPLE.

76 COLETIVA
|
ERUPTION – THE UPRISING IS YET NOT OVER ENGLISH
OCUPAÇÃO
BRAZIL (SÃO PAULO)
YZABELLA OLIVEIRA

En tiempos de urgencia alimentaria, sanitaria y climática, el arte se superpone a las injusticias sociales a niveles global y local, y observa esta época con lentes tan agudas cuánto esas ilegitimidades. “¿Qué es el fin del mundo para mundos que ya terminaron hace mucho tiempo?”, se indaga el equipo de coletivA ocupação, que encuentra ánimo para ir más allá de las ruinas y vulnerabilidades que avista. No es por acaso que las personas jóvenes catalizan la indignación y así emergen – de sus prácticas y pensamientos – poéticas disruptivas que colocan el dedo en la llaga del estado inercial de una parte de la sociedad.

Nacida del movimiento de estudiantes de secundaria y de las ocupaciones de escuelas públicas en São Paulo de 2015/2016, la coletivA no tiene dudas de que la humanidad se enferma a sí misma y al planeta, dadas las catástrofes que se acumulan.

En su segundo trabajo, “Erupção − O levante ainda não terminou”, que estrena en el festival MIRADA, hay un deseo vehemente de transfigurar los cuerpos en seres de otros tiempos y cosmologías. “Están por toda parte, en los árboles, en las hojas, en las aguas, en los

sonidos de la floresta y en mí”, dice un trecho de la dramaturgia. Se tantean otras formas de presencias, en una especie de escena de una película, utilizando signos de fiesta, guerra, hechicería y subversión.

A partir de un texto forjado por múltiples manos, corazones y mentes, adensado por el atrito entre danza, performatividad, música y artes visuales, la obra es definida como una ficción científica en situación límite, con puesta en escena biográfica, de tal modo que navega por el pasado, el presente y futuro.

Transita por la dispersión de cada cuerpo-memoria que convoca saberes, pulsiones, gestos, luchas y vidas vinculadas con sus ancestralidades. Si cuerpos disidentes cada día crean mundos, ¿qué posibilidades pueden nacer? ¿Cuáles espacios pueden deflagrar la erupción en los días que corren?

Como se sabe, fuerzas ancestrales de la naturaleza son evocadas en el trabajo dirigido por Martha Kiss Perrone. Se insiste en que cuerpos-criaturas provoquen otras temperaturas, se encuentren con historias vinculadas a una experiencia que transformará el mundo que hasta entonces creíamos conocer.

QUIENES SON PERFORMERS Y ARTISTAS QUE SE CONOCIERON DURANTE LAS PROTESTAS DEL MOVIMIENTO DE ESTUDIANTES DE SECUNDARIA Y DE LAS OCUPACIONES DE ESCUELAS PÚBLICAS EN SÃO PAULO ENTRE 2015 Y 2016, SON EL COMIENZO DE LA COLETIVA OCUPAÇÃO EN 2017. EL ENCUENTRO ENTRE REBELIÓN Y TEATRO, FORMACIÓN Y ACTO CREATIVO PERMITE CIRCUNSCRIBIR UN TERRITORIO DE INVESTIGACIÓN DE DIFERENTES LENGUAJES, MOVILIZACIONES Y COMBATES URGENTES. CUERPOS EN REVOLUCIÓN AHORA OCUPAN NUEVOS ESPACIOS Y NARRATIVAS. SU PRIMER TRABAJO EN 2018, “QUANDO QUEBRA QUEIMA” (CUANDO DISTURBIOS INCENDIAN) CIRCULÓ POR FESTIVALES Y MUESTRAS EN EL BRASIL Y EL EXTERIOR. EN GENERAL, LA PRESENTACIÓN CONCILIA ACCIONES FORMATIVAS DESTINADAS A JÓVENES.

ESPAÑOL 77 COLETIVA
OCUPAÇÃO | BRASIL (SÃO PAULO) ERUPCIÓN – EL LEVANTAMIENTO AÚN NO HA TERMINADO
YZABELLA OLIVEIRA

FESTA DE INAUGURAÇÃO TEATRO DO CONCRETO

BRASIL (BRASÍLIA) | 75'

ELENCO/CASTING

Gleide Firmino

Micheli Santini

Adilson Diaz

Diego Borges DIREÇÃO/DIRECTION/ DIRECCIÓN

Francis Wilker

DRAMATURGIA E CODIREÇÃO/ DRAMATURGY AND CO-DIRECTION/ DRAMATURGIA Y CODIRECCIÓN

João Turchi

DESENHO DE LUZ/ LIGHTING DESIGN/ DISEÑO DE ILUMINACIÓN

Guilherme Bonfanti ILUMINADOR/LIGHTING/ ILUMINACIÓN

Higor Filipe CENOGRAFIA E FIGURINOS/ SCENOGRAPHY AND COSTUMES/ ESCENOGRAFÍA Y VESTUARIOS

André Cortez

ASSISTENTE DE CENOGRAFIA E FIGURINOS/ SCENOGRAPHY AND COSTUMES ASSISTANT/ ASISTENTE DE ESCENOGRAFÍA Y VESTUARIOS

Marina Fontes

DIREÇÃO MUSICAL/ MUSICAL DIRECTION/ DIRECCIÓN MUSICAL

Diogo Vanelli

PROJEÇÕES E REGISTRO AUDIOVISUAL AUDIOVISUAL PROJECTIONS AND REGISTER/ PROYECCIONES Y REGISTRO AUDIOVISUAL

Thiago Sabino

Fábio Rosemberg

PRODUÇÃO/ PRODUCTION/ PRODUCCIÓN

Júnior Cecon

78
12.09 SEG 21H / 09.12 MON 9 PM 13.09 TER 20H / 09.13 TUE 8 PM CASA DA FRONTARIA AZULEJADA 16
THIAGO SABINO

Em agosto de 2011, uma reforma por infiltração no teto do Salão Verde do Congresso Nacional revelou mensagens escritas a lápis nas paredes que ficam entre o forro e a laje. Ali no “caixão perdido”, diz o jargão arquitetônico, dada a inércia desse espaço. O registro foi feito por operários em 1959, ano anterior à abertura do prédio.

Os enunciados deram o que pensar, como o anônimo “Brasília de hoje, Brasil amanhã”. E aquele de José Silva Guerra, nome firmado num simbólico 22 de abril: “Que os homens de amanhã que aqui vierem tenham compaixão dos nossos filhos e que a lei se cumpra”. Candangos, em sua maioria analfabetos ou semianalfabetos, endereçaram palavras aos que virão. São conhecidas assim as pessoas que ergueram os grandes edifícios na cidade, geralmente oriundas do Nordeste.

O grupo Teatro do Concreto parte desses escritos, alusivos a um futuro melhor para o país e à crença nas instituições democráticas, para realizar em cena uma série de reflexões sobre o ato de destruir e reconstruir – ciclo constante na humanidade.

Concebida sem tomar como base a noção de personagens ou de começo-meio-fim, a dramaturgia de João Turchi é tecida a partir das falas e narrativas não reveladas espontaneamente, mas sim através de desfazimentos.

O diretor Francis Wilker salienta os conteúdos soterrados que precisam vir à tona, seja nos campos da história ou da arte, seja nas trajetórias pessoais. E esse processo se dá por meio da destruição. Gesto que ganha novas camadas e pode ser lido como metáfora para a voga do desmonte de políticas públicas, silenciamento de grupos minorizados e revisionismo histórico.

Ao revolver esse material, que Turchi associa às inscrições rupestres de uma caverna, a equipe olhou para a própria memória. A exemplo da peça “Diário do Maldito” (2006), em torno da vida e obra do dramaturgo Plínio Marcos (1935-1999). A estreia no Teatro Oficina do Perdiz foi uma atitude de resistência pela oficina mecânica que por mais de 20 anos funcionou à noite como espaço cultural independente, até ser demolida pela especulação imobiliária. Performar ruínas, pois, é tarefa com vistas a engajar espectadores.

QUEM SÃO FUNDADO EM 2003, O TEATRO DO CONCRETO É UM GRUPO DE BRASÍLIA COM ARTISTAS INTERESSADOS

EM DIALOGAR COM A CIDADE E SEUS SIGNIFICADOS

SIMBÓLICOS E REAIS. ASSUME A DIVERSIDADE E A PESQUISA COMO PRINCÍPIOS DE GESTÃO E COMPOSIÇÃO ARTÍSTICA. SOMA NOVE ESPETÁCULOS E INTERVENÇÕES CÊNICAS, COMO “ENTREPARTIDAS” (2010), “EXTRAORDINÁRIO”

(2014), “FESTA DE INAUGURAÇÃO” (2019) E “SE EU FALO É PORQUE VOCÊ ESTÁ AÍ” (2020).

79 TEATRO DO CONCRETO | BRASIL (BRASÍLIA) PORTUGUÊS FESTA DE INAUGURAÇÃO
NITYAMA MACRINI

In August 2011, a renovation due to infiltration on the Green Hall of the National Congress roof revealed messages written in pencil on the walls between the ceiling and the slab. These messages were written by workers in 1959, the year before the building was opened. There in the “lost coffin,” as the architectural jargon says, given the inertia of this space.

The statements gave food for thought, such as the anonymous “Brasilia of today, Brazil of tomorrow.” And that of José Silva Guerra, name signed on a symbolic April 22: “May the men of tomorrow who come here have compassion on our children and may the law be fulfilled.” Candangos, mostly illiterate or semi-illiterate, addressed words to those to come. This is how the people who erected the great buildings in the city are known, usually coming from the Northeast.

The Teatro do Concreto group starts from these writings, alluding to a better future for the country and the belief in democratic institutions to carry out a series of reflections on the act of destroying and rebuilding – a constant cycle in humanity.

Conceived without taking as a basis the notion of characters or beginning-middle-end, João Turchi’s dramaturgy is woven from the lines and narratives not revealed spontaneously but through undoing.

Director Francis Wilker highlights the buried contents that need to surface, whether in history, art, or personal trajectories. And this process takes place through destruction. A gesture that gains new layers and can be read as a metaphor for the vogue of dismantling public policies, silencing minority groups, and historical revisionism.

When turning over this material, which Turchi associates with rock inscriptions in a cave, the team looked at their own memory, just as in the play “Diário do Maldito” (2006) about life and work of the playwright Plínio Marcos (1935-1999). The premiere at Teatro Oficina do Perdiz was an attitude of resistance by the mechanical workshop that for more than 20 years worked at night as an independent cultural space until it was demolished by real estate speculation. Performing ruins, therefore, is a task with a view to engaging spectators.

WHO ARE THEY FOUNDED IN 2003, TEATRO DO CONCRETO IS A GROUP FROM BRASÍLIA WITH ARTISTS INTERESTED IN DIALOGUE WITH THE CITY AND ITS SYMBOLIC AND ACTUAL MEANINGS. TAKING DIVERSITY AND RESEARCH AS PRINCIPLES OF MANAGEMENT AND ARTISTIC COMPOSITION. IT HAS NINE SHOWS AND SCENIC INTERVENTIONS, SUCH AS “ENTREPARTIDAS” (2010), “EXTRAORDINÁRIO” (2014), “FESTA DE INAUGURAÇÃO” (2019) AND “SE EU FALO É PORQUE VOCÊ ESTÁ AÍ” (2020).

OPENING PARTY 80 TEATRO DO CONCRETO | BRAZIL (BRASILIA) ENGLISH
DIEGO BRESANI

En agosto de 2011, una reforma ocasionada por infiltración en el techo del Salón Verde del Congreso Nacional reveló mensajes escritos con lápiz en las paredes que están entre el cielorraso y la losa. En esos “espacios perdidos”, como se denominan esos lugares inertes en el lenguaje específico arquitectónico. Ese registro fue hecho por trabajadores en 1959, año anterior a la inauguración del edificio.

Las frases dieron que pensar, como la de autor anónimo “Brasilia de hoy, Brasil mañana”. Y otra de José Silva Guerra, nombre firmado en un simbólico 22 de abril: “Que los hombres de mañana que aquí vendrá tengan compasión de nuestros hijos y que se cumpla la ley”. Candangos, en su mayoria analfabetos o semi-analfabetos, escribieron palabras para los que vendrían. Candangos es como se denominaba a las personas que construyeron los grandes edificios de esa ciudad, y que generalmente eran oriundas del Nordeste.

El grupo Teatro do Concreto parte de esos escritos, alusivos a un futuro mejor para el país y a la creencia en las instituciones democráticas, para colocar en escena una serie de reflexiones sobre el acto de destruir y reconstruir – ciclo constante de la humanidad.

Concebida sin tomar como base la noción de personajes o de comienzo-medio-fin, la dramaturgia de João Turchi es construida a partir de recitaciones y narrativas no reveladas espontáneamente, sino a través de la invalidación de esos relatos.

El director Francis Wilker destaca contenidos enterrados que precisan emerger, ya sea en el campo de la historia o del arte, o a través de trayectorias personales. Y ese proceso se da por medio de la destrucción. Es un gesto que incorpora nuevas capas y puede ser leído como una metáfora para la idea de desmonte de políticas públicas, silenciamiento de grupos menores y revisionismo histórico.

Al revolver en ese material que Turchi asocia con las inscripciones rupestres de una caverna, el equipo miró hacia su propia memoria: a ejemplo de la pieza “Diario del Maldito” (2006), en torno de la vida y obra del dramaturgo Plínio Marcos (1935-1999). El estreno en el Teatro Oficina do Perdiz fue una actitud de resistencia del taller mecánico que durante más de 20 años funcionó de noche como espacio cultu-

ral independiente, hasta ser demolido, víctima de la especulación inmobiliaria. Trabajar en las ruinas es entonces una tarea hecha con el objetivo de involucrar a los espectadores.

QUIENES SON FUNDADO EN 2003, EL TEATRO DO CONCRETO ES UN GRUPO DE BRASILIA CON ARTISTAS INTERESADOS EN DIALOGAR CON LA CIUDAD Y SUS SIGNIFICADOS SIMBÓLICOS Y REALES. ASUME LA DIVERSIDAD Y LA INVESTIGACIÓN COMO PRINCIPIOS DE GESTIÓN Y COMPOSICIÓN ARTÍSTICA. SUS PRESENTACIONES SUMAN NUEVE ESPECTÁCULOS E INTERVENCIONES ESCÉNICAS, COMO “ENTRE PARTIDAS” (2010), “EXTRAORDINARIO” (2014), “FIESTA DE INAUGURACIÓN” (2019) Y “SI YO HABLO ES PORQUE TÚ ESTÁS AHÍ” (2020).

81 FIESTA DE INAUGURACIÓN TEATRO DO CONCRETO | BRASIL (BRASILIA) ESPAÑOL
DIEGO BRESANI

LÍNGUA BRASILEIRA UMA PEÇA DOS ULTRALÍRICOS E TOM ZÉ

DIREÇÃO GERAL: FELIPE HIRSCH

BRASIL (SÃO PAULO) | 180'

UMA PEÇA DOS ULTRALÍRICOS E TOM ZÉ/A PLAY BY ULTRALÍRICOS AND TOM ZÉ/UNA PIEZA DEL ULTRALÍRICOS Y TOM ZÉ  DIREÇÃO GERAL/ GENERAL DIRECTION/ DIRECCIÓN GENERAL

Felipe Hirsch

MÚSICA E LETRAS/ MUSIC AND LYRICS/ MÚSICA Y LETRAS

Tom Zé

ELENCO/CASTING

Amanda Lyra

Danilo Grangheia (Gui Calzavara)

Georgette Fadel

Josi Lopes

Pascoal da

Conceição

Rodrigo Bolzan    DIREÇÃO MUSICAL/ MUSICAL DIRECTION/ DIRECCIÓN MUSICAL

Maria Beraldo    MÚSICOS/MUSICIANS

Biel Basile

Fernando Sagawa

Ivan Gomes

Luiza Brina

MÚSICOS (EM ALTERNÂNCIA)/ MUSICIANS (IN ALTERNATION)/ MÚSICOS (EN ALTERNANCIA)

Gustavo Sato

Cuca Ferreira

Gabriel Basile

Daniel Conceição  DIRETORA ASSISTENTE/ ASSISTANT DIRECTOR/ DIRECTORA ASISTENTE

Juuar

DRAMATURGIA/ DRAMATURGY

Ultralíricos

Felipe Hirsch

Juuar

Vinícius Calderoni    DRAMATURGISTA/ CONSULTOR GERAL/ DRAMATURGY/ GENERAL CONSULTANT/ DRAMATURGO/ CONSULTOR GERAL

Caetano Galindo    DIREÇÃO DE ARTE/ART

DIRECTION/DIRECCIÓN DE ARTE

Daniela Thomas

Felipe Tassara

ILUMINAÇÃO/LIGHTING/ ILUMINACIÓN

Beto Bruel    FIGURINO/COSTUMES/ VESTUARIO

Cássio Brasil    DESIGN DE SOM/SOUND DESIGN/DISEÑO DE SONIDO

Tocko Michelazzo    PREPARAÇÃO VOCAL/ VOCAL PREPARATION/ PREPARACIÓN VOCAL

Yantó    DESIGN DE VÍDEO/ VIDEO DESIGN/DISEÑO DE VÍDEO

Henrique Martins

DIFUSÃO INTERNACIONAL/ INTERNATIONAL DISTRIBUTION/ DIFUSIÓN INTERNACIONAL

Ricardo Frayha    DIREÇÃO DE PRODUÇÃO/ PRODUCTION DIRECTION/ DIRECCIÓN DE PRODUCCIÓN

Luís Henrique

Luque Daltrozo

82 17.09 SÁB 19H / 09.17 SAT 7 PM 18.09 DOM 19H / 09.18 SUN 7 PM ARCOS DO VALONGO 16
FOTOS/PHOTOS: MATHEUS JOSÉ MARIA

Na conversa do diretor Felipe Hirsch com Tom Zé, publicada no programa da peça, o cantor e compositor baiano conta uma de suas saborosas histórias: “Dizem que aos dois anos é a fase que você mais aprende na vida. Você nunca mais aprende como você aprende aos dois anos; olha que coisa maluca! Você não fala a língua da tribo e você tá aprendendo?! Quer dizer, têm línguas que são línguas... Tem línguas que Deus… O amor, por exemplo, que língua é essa?”, ri.

Quatro páginas adiante, o artista de 85 anos diz que quando se fica velho “tem algumas coisas que vão se diluindo, mas na paixão que eu tomei por essa peça, eu virei criança outra vez!”. E coroa linhas adiante: “É uma glória da minha velhice”.

Criada a partir da música homônima do disco

“Imprensa Cantada” (2003), “Língua Brasileira” traz canções inéditas de Tom Zé sob dramaturgia do coletivo Ultralíricos, Hirsch, Juuar e Vinícius Calderoni.

Seis atuantes e quatro músicos dão a ver e ouvir a epopeia dos povos que formaram o português falado no Brasil, seus mitos e cosmogonias, passando pelas

QUEM SÃO EM 2013, O COLETIVO ULTRALÍRICOS GANHA CORPO COM O PROJETO “PUZZLE” EM TRÊS PARTES, (A), (B) E (C), CRIADO PARA A PARTICIPAÇÃO BRASILEIRA NA FEIRA DO LIVRO DE FRANKFURT. NO ANO SEGUINTE, A QUARTA PARTE DA SÉRIE, (D), ABRE A EDIÇÃO DO MIRADA. “A TRAGÉDIA E COMÉDIA LATINO-AMERICANA” (2015), EM DUAS PARTES, E “SELVAGERIA” (2017) COMPÕEM A TRILOGIA INVOLUNTÁRIA, UM MERGULHO NA LITERATURA LATINO-AMERICANA. EM 2019, É A VEZ DE “FIM”, TEXTO DO ARGENTINO RAFAEL SPREGELBURD. “LÍNGUA BRASILEIRA” (2022), POR SUA VEZ, APROFUNDA INVESTIGAÇÕES SOBRE QUESTÕES NACIONAIS.

remotas origens ibéricas, por romanos, bárbaros e árabes, pela África e a América Nativa.

A montagem passeia pelo inconsciente de nossa língua, suas graças e tragédias, seu “esplendor e sepultura”, paradoxo presente em verso do poema de Olavo Bilac (1865-1918) que leva o mesmo nome do espetáculo.

Segundo Hirsch, o país possui, hoje, quase 200 línguas em extinção, sendo mais de uma dúzia delas faladas por pouca gente; três, quatro pessoas originárias. “E, no entanto, o Brasil está aprendendo a entender um pouco disso, do esplendor da mistura dessa língua, e da sepultura. Essa perpetuação da escravidão, o extermínio de povos nativos indígenas, e várias línguas consumidas por isso”, diz, situando que não se trata de peça didática, tampouco de tese, mas poética.

Prevista para estrear em março de 2020 e adiada a sete dias da data, por conta da pandemia, a temporada transcorreu de janeiro a março de 2022, no Teatro Anchieta, no Sesc Consolação.

83 LÍNGUA BRASILEIRA
PORTUGUÊS
UMA
PEÇA DOS ULTRALÍRICOS
E
TOM ZÉ. DIREÇÃO GERAL: FELIPE HIRSCH | BRASIL (SÃO PAULO)

In the conversation between director Felipe Hirsch and Tom Zé, published on the program, the Bahian singer-songwriter tells one of his tasty stories: “It is said that at the age of two is the phase that you learn the most in life. You never learn again like you learn at two; what a crazy thing! You don’t speak the language of the tribe, and you’re learning?! I mean, there are languages that are languages... There are languages that God… Love, for example, what language is that?” he laughs.

Four pages later, the 85-year-old artist says that when you get old, “there are some things that fade away, but in the passion I have for this play, I became a child again!”. And crowns lines ahead: “It’s a glory of my old age.”

Created from the homonymous song from the album “Imprensa Cantada” (2003), “Língua Brasileira” features unpublished songs by Tom Zé under the dramaturgy of coletivo Ultralíricos, Hirsch, Juuar and Vinícius Calderoni.

Six performers and four musicians show the epic of the peoples who formed the Portuguese spoken in Brazil, their myths and cosmogonies, passing through remote Iberian origins, through Romans, Barbarians and Arabs, Africa, and Native America.

The stagecraft walks through the unconscious of our language, its beauties and tragedies, its “splendor and grave,” a paradox present in a verse of the poem by Olavo Bilac (1865-1918) that bears the same name as the show.

According to Hirsch, the country currently has almost 200 endangered languages, more than a dozen of which are spoken by a few, three, or four original people. “And yet, Brazil is learning to understand a little of this, of the splendor of the mixture of this language and the grave. He says this perpetuation of slavery, the extermination of native indigenous peoples, and several languages consumed by this,” stating that this is not a didactic play, nor a thesis, but poetic.

Scheduled to premiere in March 2020 and postponed seven days before the date due to the pandemic, the season ran from January to March 2022, at Teatro Anchieta, in the Sesc Consolação.

WHO ARE THEY IN 2013, COLETIVO ULTRALÍRICOS TOOK SHAPE WITH THE “PUZZLE” PROJECT IN THREE PARTS, (A), (B), AND (C), CREATED FOR THE BRAZILIAN PARTICIPATION IN THE FRANKFURT BOOK FAIR. THE FOLLOWING YEAR, THE FOURTH PART OF THE SERIES, (D), OPENS THE MIRADA EDITION. “A TRAGÉDIA E COMÉDIA LATINO-AMERICANA” (2015), IN TWO PARTS, AND “SELVAGERIA” (2017) MAKE UP THE INVOLUNTARY TRILOGY, A DIVE INTO LATIN AMERICAN LITERATURE. IN 2019, IT WAS THE TURN OF “FIM,” TEXT BY THE ARGENTINE RAFAEL SPREGELBURD. “LÍNGUA BRASILEIRA” (2022), IN TURN, DEEPENS INVESTIGATIONS ON NATIONAL ISSUES.

84 BRAZILIAN LANGUAGE
ENGLISH
A PLAY BY COLETIVO ULTRALÍRICOS AND TOM ZÉ. GENERAL DIRECTION: FELIPE HIRSCH | BRAZIL (SÃO PAULO)

Durante la conversación entre el director Felipe Hirsch con Tom Zé, publicada en el programa de la pieza, el cantor y compositor bahiano cuenta una de sus sabrosas historias: “Dicen que a los dos años es la fase en que uno más aprende en la vida. Nunca más aprendes como lo haces a los dos años; ¿qué locura, no? ¿No hablas la lengua de la tribu y estás aprendiendo?! O sea que hay lenguas que son lenguas... Hay lenguas que Dios… El amor, por ejemplo, ¿qué lengua es esa?”, y se ríe.

Cuatro páginas más adelante, el artista de 85 años dice que cuando uno envejece, “hay algunas cosas que van diluyéndose, sin embargo con la pasión que a mi dio por esa pieza, ¡nuevamente me torné niño!”. Y finaliza diciendo unas líneas más adelante: “Es una gloria de mi vejez”.

Creada a partir de la música homónima del disco “Prensa Cantada” (2003), “Lengua Brasileña” trae canciones inéditas de Tom Zé bajo la dramaturgia del colectivo Ultralíricos, Hirsch, Juuar e Vinícius Calderoni.

Seis actores y cuatro músicos nos permiten ver y oír la epopeya de los pueblos que formaron el portugués que se habla en Brasil, sus mitos y cosmogonías, pasando por los remotos orígenes ibéricos, romanos, bárbaros y árabes, por el África y la América Nativa.

El montaje pasea por el inconsciente de nuestra lengua, sus gracias y tragedias, su “esplendor y sepultura”, una paradoja presente en versos del poema de Olavo Bilac (1865-1918) que lleva el mismo nombre del espectáculo.

Según Hirsch, el país posee actualmente casi 200 lenguas en extinción, siendo más de una docena de ellas habladas por poca gente; tres, cuatro personas. “Y, sin embargo, Brasil está aprendiendo a entender un poco de eso, del esplendor de la mezcla de esa lengua, y de la sepultura. Esa perpetuación de la esclavitud, el exterminio de pueblos nativos indígenas, y de las varias lenguas consumidas por eso”, dice. Y explica que no se trata de una pieza didáctica, ni tampoco de una tesis, sino de poética.

Prevista para estrenar en marzo de 2020 y postergada q siete días de la fecha, por la pandemia, la temporada transcurrió de enero a marzo de 2022, en el Teatro Anchieta, en Sesc Consolação.

QUIENES SON EN 2013, EL COLECTIVO ULTRALÍRICOS COMENZÓ CON EL PROYECTO “PUZZLE” EN TRES PARTES, (A), (B) E (C), CREADO PARA LA PARTICIPACIÓN BRASILEÑA EN LA FERIA DEL LIBRO DE FRANKFURT. EL AÑO SIGUIENTE, LA CUARTA PARTE DE LA SERIE, (D), ABRE LA EDICIÓN DEL FESTIVAL MIRADA. “LA TRAGEDIA Y COMEDIA LATINOAMERICANA” (2015), EN DOS PARTES, Y “SALVAJERÍA” (2017) COMPONEN LA TRILOGÍA INVOLUNTARIA, UNA ZAMBULLIDA EN LA LITERATURA LATINOAMERICANA. EN 2019, FUE LA VEZ DE “FIN”, TEXTO DEL ARGENTINO RAFAEL SPREGELBURD. “LENGUA BRASILEÑA”

UNA PIEZA DEL COLECTIVO ULTRALÍRICOS Y TOM ZÉ. DIRECCIÓN GENERAL: FELIPE HIRSCH | BRASIL (SÃO PAULO)

85 LENGUA BRASILEÑA
ESPAÑOL
(2022), A SU VEZ, PROFUNDIZA INVESTIGACIONES SOBRE CUESTIONES NACIONALES.

MAR DE FITAS NAU DE ILUSÃO GRUPO IMBUAÇA

BRASIL (SERGIPE) | 60'

10.09 SÁB 12H / 09.10 SAT 12 AM

PRAÇA MAUÁ

11.09 DOM 16H / 09.11 SUN 4 PM

EMISSÁRIO SUBMARINO

Todas as sessões com tradução em Libras

ROTEIRO E DIREÇÃO/ SCRIPT AND DIRECTION/ ARGUMENTO Y DIRECCIÓN

Iradilson Bispo

DIREÇÃO MUSICAL/ MUSICAL DIRECTION/ DIRECCIÓN MUSICAL

Humberto Barretto

ELENCO/CASTING

Amadeu Neto

Humberto Barretto

Iradilson Bispo

Lindolfo Amaral

Lidhiane Lima

Manoel Cerqueira

Priscila Capricce

Rosi Moura

Talita Calixto

CENÁRIO, FIGURINO, MAQUIAGEM E ADEREÇOS/SCENERY, COSTUMES, MAKEUP AND ADORNMENTS/ ESCENARIO, VESTUARIO, MAQUILLAJE Y ADEREZOS

Iradilson Bispo

FIGURINO DA RAINHA/ QUEEN’S COSTUME/ VESTUARIO DE LA REINA

João Marcelino RESTAURO DO FIGURINO DA RAINHA/ QUEEN’S COSTUME RESTORATION/ RESTAURACIÓN DEL VESTUARIO DE LA REINA

Iradilson Bispo

EXECUÇÃO DE FIGURINOS/COSTUMES

EXECUTION/EJECUCIÓN DE VESTUARIO

Dona Neres

CONTRARREGRAGEM/ STAGEHAND/ CONTRARREGLA

Rogers Nascimento

TÉCNICO DE SOM/

SOUND TECHNICIAN/ TÉCNICO DE SONIDO

Fábio Eduardo

CAMARIM/DRESSING

ROOM/CAMARÍN

Mercinha Barreto

PRODUÇÃO/ PRODUCTION/ PRODUCCIÓN

IMPAR: Imbuaça

Produções

Artísticas COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO/ PRODUCTION

COORDINATION/ COORDINACIÓN DE PRODUCCIÓN

Lindolfo Amaral PRODUÇÃO

EXECUTIVA/EXECUTIVE PRODUCTION/ PRODUCCIÓN EJECUTIVA

Mércia Barreto

86
L
FOTOS/PHOTOS: ACERVO DO GRUPO IMBUAÇA

“O reino é laico, mas eu sou do patuá.”

Dita em cena, a fala é uma das pérolas que costumam cair na graça do público ao ar livre. Ela exemplifica como variações do sagrado e do profano dão liga ao espetáculo que sorve da literatura de cordel. A tradição da expressão oral em verso oxigena boa parte das peças do Grupo Imbuaça desde sua nascença, em 1977, o mais longevo em práticas e poéticas do teatro de rua no panorama nacional, e lá se vão 45 anos.

Em certa medida, o cordel pode ser visto como o patuá que criadoras e criadores de Sergipe carregam para superar todo tipo de obstáculos na cruzada pela cultura popular. Considerado amuleto no candomblé, o objeto consiste em pequeno pedaço de tecido na cor correspondente à do orixá a que se devota e cujo nome é ali bordado e levado junto ao corpo como signo de fé, sorte e proteção.

No marco dos 40 anos, em 2017, a trupe levou seu estandarte à praça pública com “Mar de Fitas Nau de Ilusão” para saudar as bases de uma gramática cênica realimentada por canções, danças e expressões de uma estética depurada décadas adentro.

A obra “também matuta e questiona sobre a dura situação dos artistas populares e a penosa luta para sobreviver com duas profissões: uma para colocar comida à mesa e alimentar o corpo, outra que não lhe garante o pão, mas lhe é vital para a alma”, segundo informa o material de divulgação.

Nove atores interpretam mais de 20 músicas, entre elas a da primeira montagem, “Teatro Chamado Cordel” (1978).

Integrantes do coletivo costumam revezar a direção ou a dramaturgia, caso do presente trabalho sob roteiro e encenação de Iradilson Bispo.

E para salientar que o vínculo desse coletivo com o universo dos cordelistas não resulta tão somente prático, como já não fosse muito, seu ator e cofundador Lindolfo Amaral elaborou a tese “Na Linha do Cordão:

do Folheto à Dramaturgia (1957-2007)”, defendida em 2013 pela Universidade Federal da Bahia (UFBA).

A pesquisa trata do impacto da exibição da comédia “Auto da Compadecida”, de Ariano Suassuna, no Primeiro Festival de Amadores Nacionais, realizado no Rio de Janeiro em 1957. Proeza reverberada anos depois em autores como João Augusto Azevedo, Altimar Pimentel, Aglaé d’Ávila Fontes e Lourdes Ramalho. Além, é claro, de incidir sobre a arte do Imbuaça por toda a vida.

QUEM SÃO O NOME DO GRUPO HOMENAGEIA O EMBOLADOR E ARTISTA POPULAR MANÉ IMBUAÇA, TOCADOR DE PANDEIRO. FOI FUNDADO EM 28 DE AGOSTO DE 1977, FRUTO DA OFICINA DE TEATRO DE RUA MINISTRADA PELO ATOR BEMVINDO SEQUEIRA, COM BASE NA EXPERIÊNCIA DO TEATRO LIVRE DA BAHIA. PRODUZIU 35 PEÇAS, A MAIORIA LEVADA AO AR LIVRE, VIDE “ESCREVEU NÃO LEU, CORDEL COMEU!” (1989) E “A FARSA DOS OPOSTOS” (1992). SUA SEDE, EM ARACAJU, ABRIGA OFICINAS E AÇÕES SOCIOEDUCACIONAIS.

MAR DE FITAS NAU DE ILUSÃO
PORTUGUÊS
GRUPO IMBUAÇA | BRASIL (SERGIPE)
87

“The kingdom is secular, but I am Patuá.” Said on stage, the speech is one of the gems that usually fall in favor of the public outdoors. It exemplifies how variations of the sacred and the profane link the spectacle that draws from chapbook literature. The tradition of oral expression in verse has fueled most of Grupo Imbuaça’s plays since its creation in 1977 – the most long-living in street theater practices and poetics on the national scene, and 45 years have gone by.

To a certain extent, chapbooks can be seen as the patuá that creators from Sergipe carry to overcome all kinds of obstacles in the crusade for popular culture. Considered an amulet in Candomblé, the object consists of a small piece of fabric in the color corresponding to the orixá to which the person is devoted and whose name is embroidered there and carried next to the body as a sign of faith, luck, and protection.

On the occasion of its 40th anniversary in 2017, the troupe took its banner to the public square with “Mar de Fitas Nau de Ilusão” to salute the foundations of a scenic grammar fed back by songs, dances, and expressions of a refined aesthetic for decades.

The work “also ponders and questions the hard situation of popular artists and the painful struggle

to survive with two professions: one to put food on the table and feed the body, the other that does not provide bread, but is vital for the soul,” according to the publicity material.

Nine actors interpret more than 20 songs, including the one from the first production, “Teatro Chamado Cordel” (1978).

Members of the collective usually take turns directing or writing, as is the case with the present work under a script and staging by Iradilson Bispo.

And to show that the link between this collective and the universe of cordelistas is not only practical – if it were not enough – its actor and co-founder Lindolfo Amaral prepared the thesis “Na Linha do Cordão: do Folheto à Dramaturgia (1957-2007)” presented in 2013 by the Federal University of Bahia (UFBA).

The research addresses the impact of the comedy “Auto da Compadecida” by Ariano Suassuna, exhibited at the First Festival of National Amateurs, held in Rio de Janeiro in 1957. A feat reverberated years later in authors such as João Augusto Azevedo, Altimar Pimentel, Aglaé d’Ávila Fontes and Lourdes Ramalho. In addition, of course, to focusing on the art of Imbuaça for life.

WHO ARE THEY THE GROUP’S NAME HONORS THE EMBOLADA SINGER AND POPULAR ARTIST MANÉ IMBUAÇA, A TAMBOURINE PLAYER. IT WAS FOUNDED ON AUGUST 28, 1977, AS A RESULT OF A STREET THEATER WORKSHOP GIVEN BY THE ACTOR BEMVINDO SEQUEIRA, BASED ON THE EXPERIENCE OF TEATRO LIVRE DA BAHIA. THE GROUP PRODUCED 35 PLAYS, MOST OF THEM STAGED OUTDOORS, SEE “ESCREVEU NÃO LEU, CORDEL COMEU!” (1989) AND “A FARSA DOS OPOSTOS” (1992). ITS HEADQUARTERS IN ARACAJU HOSTS WORKSHOPS AND SOCIO-EDUCATIONAL ACTIONS.

GRUPO IMBUAÇA | BRAZIL (SERGIPE)
SEA OF RIBBONS SHIP OF ILLUSION
88 ENGLISH

“El reino es laico, pero yo soy del patuá (un amuleto).” Al ser dicha en escena, esta frase es una de las perlas que suelen causar gracia al público que asiste al aire libre. Ejemplifica como variaciones de lo sagrado y lo profano entrelazan el espectáculo que se alimenta de la literatura de cordel (género literario popular, a menudo escrito en rima, originado a partir de relatos orales y luego impreso en folletos, que se cuelgan de cordeles para ser vendidos). La tradición de la expresión oral en verso oxigena buena parte de las piezas del Grupo Imbuaça desde su nacimiento, en 1977, lo más longevo que hay en prácticas y poéticas del teatro de calle en el panorama nacional, y de esto ya pasaron 45 años.

En cierta medida, el cordel pode ser visto como el patuá que creadoras y creadores de Sergipe emplean para superar todo tipo de obstáculos en su cruzada por la cultura popular. Considerado amuleto en el candomblé, es un pequeño pedazo de tela de color correspondiente al del orixá al que se devota y cuyo nombre es alii bordado. Se lleva junto al cuerpo como signo de fe, suerte y protección.

En el marco de los 40 años, en 2017 la troupe llevó su estandarte a la plaza pública con “Mar de cintas, nave de ilusión” para saludar las bases de una gramática escénica realimentada por canciones, danzas y expresiones de una estética depurada desde hace décadas.

La obra “también medita y cuestiona la dura situación de los artistas populares y su penosa lucha para sobrevivir con dos profesiones: una para colocar comida en la mesa y alimentar el cuerpo, y otra que no les garantiza el pan, pero es vital para su alma”, según informa el material de divulgación.

Nueve actores interpretan más de 20 músicas, entre ellas la del primer montaje, “Teatro llamado Cordel” (1978).

Los integrantes del colectivo suelen alternar en la dirección o en la dramaturgia, como es el caso del presente trabajo con argumento y puesta en escena de Iradilson Bispo.

Para resaltar que el vínculo de ese colectivo con el universo del cordel no es solamente práctico, como si eso ya no fuese demasiado, su actor y cofundador Lindolfo Amaral elaboró la tesis “En la línea del cordel: del folleto a la dramaturgia (1957-2007)”, defendida en 2013 en la Universidad Federal de Bahia (UFBA).

La investigación trata del impacto de la exhibición de la comedia “Auto da Compadecida”, de Ariano Suassuna, en el Primer Festival de Amateurs Nacionales, realizado en Rio de Janeiro en 1957. Una proeza que reverberó años después en autores como João Augusto Azevedo, Altimar Pimentel, Aglaé d’Ávila Fontes y Lourdes Ramalho. Además, claro está, de incidir sobre el arte de Imbuaça por toda la vida.

GRUPO IMBUAÇA | BRASIL (SERGIPE)

QUIENES SON EL NOMBRE DEL GRUPO HOMENAJEA AL EMBOLADOR (QUIEN CANTA EMBOLADAS, UNA FORMA POÉTICO-MUSICAL DEL NORDESTE, EN COMPÁS BINARIO Y RITMO RÁPIDO) Y ARTISTA POPULAR MANÉ IMBUAÇA, TOCADOR DE PANDERO. FUE FUNDADO EL 28 DE AGOSTO DE 1977, FRUTO DE UN TALLER DE TEATRO DE CALLE DIRIGIDO POR EL ACTOR BEMVINDO SEQUEIRA, CON BASE EN LA EXPERIENCIA DEL TEATRO LIVRE DA BAHIA. PRODUJO 35 PIEZAS, LA MAYORÍA REPRESENTADAS AL AIRE LIBRE, POR EJEMPLO “ESCRIBIÓ Y NO LEYÓ, EL CORDEL SE LO COMIÓ!” (1989) Y “LA FARSA DE LOS OPUESTOS” (1992). SU SEDE EN ARACAJU, CAPITAL DEL ESTADO DE SERGIPE, ALOJA TALLERES Y ACCIONES SOCIO-EDUCACIONALES.

MAR DE CINTAS NAVE DE ILUSIÓN
89 ESPAÑOL

O QUE MEU CORPO NU TE CONTA? COLETIVO IMPERMANENTE

BRASIL (SÃO PAULO) | 60'

CRIAÇÃO, DRAMATURGIA E DIREÇÃO/CREATION, DRAMATURGY, AND DIRECTION/CREACIÓN, DRAMATURGIA Y DIRECCIÓN

Marcelo Varzea   ATUAÇÃO E TEXTOS/ ACTING AND TEXTS/ ACTUACIÓN Y TEXTOS

Coletivo

Impermanente   ELENCO/CASTING

Agmar Beirigo

Ana Bahia

André Torquatto

Bruno Rods

Camila Castro

Conrado Costa

Dani D'eon

Daniel Tonsig

Eduardo Godoy

Ellen Regina

Flavio Pacato

John Seabra

Lana Rhodes

Letícia Alve

Pamella Machado

Renan Rezende

Stephanie Lourenço

Thiene Okumura

Veronica Nobili

Vini Hideki

16.09 SEX 17H E 19H / 09.16 FRI 5 AND 7 PM TEATRO ROSINHA MASTRÂNGELO

16

DIREÇÃO DE MOVIMENTO/MOVEMENT DIRECTION/ DIRECCIÓN DE MOVIMIENTO

Erica Rodrigues   PREPARAÇÃO VOCAL/ VOCAL PREPARATION/ PREPARACIÓN VOCAL

Lara Córdulla   ILUMINAÇÃO/LIGHTING/ ILUMINACIÓN

Vini Hideki   MÚSICAS ORIGINAIS/ ORIGINAL MUSIC/ MÚSICAS ORIGINALES

Marcelo Varzea

Flávio Pacato

DIREÇÃO MUSICAL/ MUSIC DIRECTION/ DIRECCIÓN MUSICAL

Flávio Pacato   ASSISTÊNCIA DE DIREÇÃO/ASSISTANT DIRECTOR/ASISTENCIA DE DIRECCIÓN

Talita Tilieri   CONSULTORIA TEÓRICA/THEORETICAL CONSULTANCY/ CONSULTORÍA TEÓRICA

Mariela Lamberti

PREPARAÇÃO CORPORAL/BODY PREPARATION/ PREPARACIÓN CORPORAL

Veronica Nobili   DESIGN GRÁFICO/ GRAPHIC DESIGN/ DISEÑO GRÁFICO

Bruno Rods   VÍDEOS E FOTOS/VIDEOS AND PHOTOS/VÍDEOS

Y FOTOS

Otto Blodorn

Bruna Massarelli   ASSESSORIA DE IMPRENSA/PRESS

CONSULTANCY/ ASESORÍA DE PRENSA

Renan Rezende

Katia Calsavara

PRODUÇÃO COLETIVO IMPERMANENTE/ PRODUCTION COLETIVO IMPERMANENTE/ PRODUCCIÓN DEL COLETIVO IMPERMANENTE

Camila Castro   PRODUÇÃO/ PRODUCTION/ PRODUCCIÓN

Corpo RastreadoLeo Devitto

90
FOTOS/PHOTO: OTTO BLODORN

Em tempos sombrios e violentos, como sobreviver entre verdades e mentiras? Qual o papel de quem faz arte em um mundo doente? Como suas vidas se transformam diariamente e o que artistas podem ou querem confessar?

Perguntas assim inquietaram o diretor Marcelo Varzea e as mais de três dezenas de pessoas atuantes embarcadas em estabelecer uma transversal criativa nos períodos mais críticos da pandemia, entre 2020 e 2021, culminando em três experimentos on-line em torno do título-eixo “(In)Confessáveis”.

A longa jornada depurou a pesquisa, sedimentou a formação do Coletivo Impermanente e agora desdobra-se em “O que Meu Corpo Nu te Conta?”, autodefinida performance imersiva com narrativas íntimas, primeiro mergulho presencial do grupo – excetuada a abertura de processo no festival Satyrianas, na capital paulista, em dezembro de 2021. A primeira temporada aconteceu em maio passado. “Escolhi reverenciar a oportunidade de encarar o público novamente de forma intimista, apostando que a força do olho no olho transforma totalmente a experiência”, diz Varzea.

Dispostos em um grande tabuleiro, 15 artistas se revezam a cada sessão e revelam histórias autobiográficas ficcionais que gravitam em temas como assédio sexual, machismo, homofobia, etarismo, gordofobia, racismo, pedofilia, infertilidade e compulsão.

O processo de investigação e construção das cenas, a partir do relato pessoal, denota cicatrizes físicas e metafóricas. “A metáfora primária do desnudar-se pulou diante de mim. Aqui cabem, sim, os corpos nus e tudo o que envolve a vulnerabilidade dos artistas e também do público, que faz parte do espetáculo. Cabe aos espectadores algumas decisões das navegações por esses hiperlinks propostos. Nesse encontro de histórias se revela, em cada casa, a micropolítica. O tabuleiro representa parcialmente a sociedade, o macro”, continua o diretor e criador.

Cada atuante alterna a ocupação de um dos 12 espaços cênicos delimitados em cerca de 2m². O público escolhe qual nicho acompanhar durante as rodadas de quatro minutos, passeando pelo tabuleiro todas as vezes em que o sinal tocar.

QUEM SÃO MARCELO VARZEA (1967) É ATOR E DIRETOR

CARIOCA FORMADO PELA CASA DAS ARTES DE LARANJEIRAS (CAL) E RADICADO EM SÃO PAULO DESDE 1991, COM TRABALHOS EM TEATRO, TELEVISÃO, CINEMA E STREAMING. O SOLO “SILÊNCIO.DOC” (2018) MARCOU SUA ESTREIA NA FUNÇÃO DE DRAMATURGO, COM TEXTO LANÇADO PELA EDITORA COBOGÓ. O COLETIVO IMPERMANENTE, POR SUA VEZ, FOI CRIADO A PARTIR DA JUNÇÃO DE ATORES E ATRIZES QUE JÁ CAMINHAVAM COM VARZEA NAS TRÊS VERSÕES DO TRABALHO ON-LINE “(IN)CONFESSÁVEIS” (2020-2021).

91 O QUE MEU CORPO NU TE CONTA? COLETIVO IMPERMANENTE |
PORTUGUÊS
BRASIL (SÃO PAULO)

WHAT DOES MY NAKED BODY TELL YOU?

In dark and violent times, how to survive between truths and lies? What is the role of those who make art in a sick world? How are their lives transformed daily, and what artists can or want to confess?

Questions like this worried director Marcelo Varzea and the more than three dozen people working on establishing a creative transversal in the most critical periods of the pandemic between 2020 and 2021, culminating in three online experiments around the pivotal title “(Un)Confessable.”

The long journey refined the research, solidified the formation of the Coletivo Impermanente, and now unfolds in “O que Meu Corpo Nu te Conta?”, a self-defined immersive performance with intimate narratives, the group’s first face-to-face dive – except for the opening of the process at the festival Satyrianas, in the capital of São Paulo, in December 2021. The first season took place last May. “I chose to honor the opportunity to face the public again in an intimate way, betting that the strength of eye to eye totally transforms the experience,” says Varzea.

Arranged on a large board, 15 artists take turns each session and reveal fictional autobiographical stories that gravitate to themes such as sexual harassment, machismo, homophobia, ageism, fatphobia, racism, pedophilia, infertility, and compulsion.

The process of investigation and construction of the scenes, from the personal report, denotes physical

and metaphorical scars. “The primary metaphor of undressing jumped over me. Here, the naked bodies and everything that involves the vulnerability of the artists and also of the audience, which is part of the show, fit. It is up to the viewers to make some navigation decisions through these proposed hyperlinks. In this gathering of stories, micropolitics is revealed in each house. The board partially represents society, the macro”, continues the director and creator.

Each performer alternates the occupation of one of the 12 scenic spaces delimited in about 2 sq.m. The audience chooses which niche to follow during the four-minute rounds, walking around the board every time the bell rings.

WHO ARE THEY MARCELO VARZEA (1967) IS AN ACTOR AND DIRECTOR FROM RIO DE JANEIRO, GRADUATED FROM CASA DAS ARTES DE LARANJEIRAS (CAL), AND HAS BEEN BASED IN SÃO PAULO SINCE 1991, WITH WORKS IN THEATER, TELEVISION, CINEMA, AND STREAMING. THE SOLO “SILÊNCIO.DOC” (2018) MARKED HIS DEBUT AS A PLAYWRIGHT, WITH A TEXT RELEASED BY EDITORA COBOGÓ. COLETIVO IMPERMANENTE, IN TURN, WAS CREATED FROM THE JOINING OF ACTORS AND ACTRESSES WHO ALREADY WERE WITH VARZEA IN THE THREE VERSIONS OF THE ONLINE WORK “(UN)CONFESSÁVEIS” (2020-2021).

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COLETIVO
|
ENGLISH
IMPERMANENTE
BRAZIL (SÃO PAULO)

En tiempos sombríos y violentos, ¿cómo sobrevivir entre verdades y mentiras? ¿Cuál es el papel de quienes hacen arte en un mundo enfermo? ¿Cómo se transforman diariamente sus vidas y cuáles artistas pueden o quieren confesar eso?

Preguntas como esa inquietaron al director Marcelo Varzea y a las más de tres decenas de personas actuantes embarcadas en establecer una creatividad transversal durante los períodos más críticos de la pandemia, entre 2020 y 2021, que culminaron en tres experimentos on-line en torno del título eje “(In)Confesables”.

Una larga jornada depuró la pesquisa, sedimentó la formación del Coletivo Impermanente y ahora se desdobla en “¿Qué te cuenta mi cuerpo desnudo?”, autodefinida performance que se sumerge en narrativas íntimas, primera inmersión presencial del gru-

po – exceptuando la abertura del proceso durante el festival Satyrianas, en la capital paulista, en diciembre de 2021. La primera temporada fue en mayo pasado. “Elegí reverenciar la oportunidad de encarar el público nuevamente de forma intimista, apostando a que la fuerza del cara a cara transforma totalmente la experiencia”, dice Varzea.

Dispuestos en un gran tablero, 15 artistas van relevándose en cada sesión y revelan historias autobiográficas ficcionales que gravitan en temas como asedio sexual, machismo, homofobia, edadismo (discriminación por edad), gordofobia, racismo, pedofilia, infertilidad y compulsión.

El proceso de investigación y construcción de las escenas, a partir del relato personal, denota cicatrices físicas y metafóricas. “La metáfora primaria del desnudarse surgió delante mío. Aquí caben, sí, los cuerpos desnudos y todo lo que se relaciona con la vulnerabilidad de los artistas y también del público que forma parte del espectáculo. Cabe a los espectadores tomar algunas decisiones en las navegaciones por esos hipervínculos propuestos. En ese encuentro de historias se revela, en cada casilla, la micro-política. El tablero representa parcialmente a la sociedad, lo macro”, continua el director y criador.

Cada actuante alterna la ocupación de uno de los 12 espacios escénicos delimitados en cerca de 2 m². El público elige que nicho acompañará durante rondas de cuatro minutos, paseando por el tablero cada vez que suene una señal.

QUIENES SON MARCELO VARZEA (1967) ES UN ACTOR Y DIRECTOR CARIOCA FORMADO EN LA CASA DAS ARTES DE LARANJEIRAS (CAL) Y RADICADO EN SÃO PAULO DESDE 1991, DONDE HIZO TRABAJOS EN TEATRO, TELEVISIÓN, CINE Y STREAMING. EL ESPECTÁCULO UNIPERSONAL “SILENCIO. DOC” (2018) MARCÓ SU ESTRENO EN LA FUNCIÓN DE DRAMATURGO, CON TEXTO LANZADO POR LA EDITORA COBOGÓ. A SU VEZ, EL COLETIVO IMPERMANENTE FUE CREADO A PARTIR DE LA UNIÓN DE ACTORES Y ACTRICES QUE YA HABÍAN TRABAJADO CON VARZEA EN LAS TRES VERSIONES DEL TRABAJO ON-LINE “(IN)CONFESABLES” (2020-2021).

93 ¿QUÉ TE CUENTA MI CUERPO DESNUDO? COLETIVO IMPERMANENTE | BRASIL (SÃO PAULO) ESPAÑOL

TEBAS CIA. ELEVADOR DE TEATRO PANORÂMICO

BRASIL (SÃO PAULO) | 170'

DRAMATURGIA CÊNICA E DIREÇÃO/ SCENIC DRAMATURGY AND DIRECTION/

DRAMATURGIA

ESCÉNICA Y DIRECCIÓN

Marcelo Lazzaratto

ASSISTÊNCIA DE DIREÇÃO E PREPARAÇÃO

CORPORAL/ASSISTANT DIRECTOR AND BODY PREPARATION/ ASISTENCIA DE DIRECCIÓN Y PREPARACIÓN

CORPORAL

Dirceu de Carvalho

ATORES DA CIA./ COMPANY ACTORS/ ACTORES DE LA COMPAÑÍA

Carolina Fabri

Marcelo Lazzaratto

Pedro Haddad

Rodrigo Spina

Tathiana Botth

Thaís Rossi

ATORES CONVIDADOS/ GUEST ACTORS/ ACTORES CONVIDADOS

Eduardo Okamoto

Marina Vieira

Rita Gullo

ILUMINAÇÃO/LIGHTING/ ILUMINACIÓN

Marcelo Lazzaratto

CENÁRIO/SCENERY/ ESCENARIO

Julio Dojcsar

FIGURINO/COSTUMES/ VESTUARIO

Silvana Marcondes MÚSICA ORIGINAL/ ORIGINAL MUSIC

Dan Maia

TÉCNICOS DE SOM/

SOUND TECHNICIANS/ TÉCNICOS DE SONIDO

Anderson Moura

Gabriel Bessa

TÉCNICO DE LUZ/LIGHT

TECHNICIAN/TÉCNICO DE ILUMINACIÓN

Lui Seixas

CONTRARREGRA/ STAGEHAND/ CONTRA-REGLA

Tiago Moro COSTUREIRA/ DRESSMAKER/ COSTURERA

Atelier Judite de Lima

CENOTÉCNICO/ STAGECRAFT/ ESCENO-TÉCNICO

Fernando Lemos (Zito)

ADEREÇOS/ ADORNMENTS/ ADEREZOS

Marina Vieira

10.09 SÁB 20H / 09.10 SAT 8 PM

TEATRO BRÁS CUBAS

Sessão com tradução em Libras

MAQUIAGEM/MAKEUP/ MAQUILLAJE

Cia. Elevador de Teatro Panorâmico

FOTOGRAFIA/ PHOTOGRAPHY/ FOTOGRAFÍA

João Caldas

VÍDEO/VIDEO/VIDEO

Roberto Setton

PROJETO GRÁFICO/ GRAPHIC PROJECT/ PROYECTO GRÁFICO

Alexandre Caetano –Oré Design Studio

ASSISTÊNCIA DE PRODUÇÃO/ PRODUCTION

ASSISTANT/ASISTENCIA DE PRODUCCIÓN

Larissa Garcia

PRODUÇÃO EXECUTIVA/EXECUTIVE PRODUCTION/ PRODUCCIÓN EJECUTIVA

Marcelo Leão PRODUÇÃO/ PRODUCTION/ PRODUCCIÓN

Anayan Moretto

REALIZAÇÃO/MADE BY/ REALIZACIÓN

Cia. Elevador de Teatro Panorâmico

94
L
FOTOS/PHOTO: JOÃO CALDAS

Para a professora Isa Kopelman, da Unicamp, a tragédia é um gênero que envolve uma forma comunitária de criação de fantasmas e de cobrança dos vivos. Ciclo patente no espetáculo da Cia. Elevador de Teatro Panorâmico, cujo programa de mediação com o público traz uma análise da pesquisadora sobre a relevância de encenar os clássicos na contemporaneidade.

Em 2012, o diretor Marcelo Lazzaratto montou “Ifigênia”, baseada em “Ifigênia em Áulis”, de Eurípides. Agora, como marco das primeiras duas décadas do grupo, em 2020, postergado por causa da pandemia, ele concebe a dramaturgia e atua como Édipo, personagem-chave na recriação da Trilogia Tibetana.

A gênese das peças de 25 séculos atrás está na punição a Laio, então rei de Tebas, por desrespeitar a lei da hospitalidade dos gregos. O Oráculo de Delfos revela que ele será morto por seu filho e este se casará com sua esposa, Jocasta. Em “Édipo Rei” (430 a.C.), o protagonista descobre que é o assassino de Laio e filho do antigo rei e de Jocasta, sua atual esposa. Ao tentar fugir de uma antiga profecia que determinava matar o próprio pai e casar com sua mãe, acabou indo ao encontro da mesma.

O tempo de exílio em terras distantes transcorre em “Édipo em Colono” (401 a.C.). Após ser expulso pelos filhos, acompanhado de sua caçula, Antígona, o velho e ora cego peregrina em busca do derradeiro pouso. Até chegarem à cidade de Colono, nos arredores de Atenas, onde são acolhidos pelo rei Teseu.

Já em “Antígona” (441 a.C.), Tebas encontra-se destruída. Após a guerra pelo trono, os irmãos Polinices e Etéocles matam um ao outro, cumprindo a praga lançada pelo pai deles, Édipo. Creonte, o tio, assume a coroa e determina que o primeiro fique insepulto enquanto o segundo seja enterrado com honras. A sobrinha, a do título, o desobedece, é condenada a ser enterrada viva numa caverna, mas enforca-se antes. “Nasci para compartilhar amor, não ódio”, afirma.

Assim, os três tempos vão se entrelaçando, sem uma relação necessária de causa e efeito. E o coro, interpretado por um único ator, perpassa os tempos assim como Édipo. Ao fim e ao cabo, sabe-se que são os cidadãos comuns que atravessam as épocas e seus imaginários, geração seguida de geração, sempre sujeitos aos governantes e aos seus sistemas de governo.

QUEM SÃO A CIA. ELEVADOR DE TEATRO PANORÂMICO É UM NÚCLEO PERMANENTE DE INVESTIGAÇÃO DE LINGUAGEM FUNDADO EM 2000, NA CAPITAL PAULISTA. EM 22 ANOS, DESENVOLVEU REPERTÓRIO DE 18 ESPETÁCULOS LEVANTADOS, SOBRETUDO, A PARTIR DO SISTEMA DE ATUAÇÃO IMPROVISACIONAL CHAMADO CAMPO DE VISÃO, DESENVOLVIDO PELO SEU ENCENADOR. DESDE 2006, MANTÉM SEDE NO BAIRRO DO BIXIGA.

95 TEBAS
PORTUGUÊS
CIA. ELEVADOR DE TEATRO PANORÂMICO | BRASIL (SÃO PAULO)

For professor Isa Kopelman from Unicamp, tragedy is a genre that involves a community form of creating ghosts and demanding the living. Cycle evident in the show by Cia. Elevador de Teatro Panorâmico, whose mediation program with the public brings an analysis by the researcher on the relevance of staging the classics in contemporary times.

In 2012, director Marcelo Lazzaratto staged “Ifigênia”, based on “Ifigênia em Áulis”, by Euripides. Now, as a milestone in the group’s first two decades, in 2020, postponed because of the pandemic, he conceives the dramaturgy and acts as Oedipus, a key character in the recreation of the Tibetan Trilogy.

The genesis of the plays from 25 centuries ago lies in the punishment of Laius, then king of Thebes, for disrespecting the law of hospitality of the Greeks. The Oracle of Delphi reveals that he will be killed by his son, who will marry his wife, Jocasta. In “Oedipus the King” (430 BC), the protagonist discovers that he is the murderer of Laius and the son of the former king and Jocasta, his current wife. When trying to escape from an ancient prophecy that determined to kill his own father and marry his mother, he ended up going to meet her.

The time of exile in distant lands takes place in “Oedipus at Colonus” (401 BC). After being expelled by his children, accompanied by his youngest, Antigone, the old and now blind pilgrims in search of the last resting place. Until they reach the city of Colonus, on the outskirts of Athens, where they are welcomed by King Theseus.

Yet, in “Antigone” (441 BC), Thebes is destroyed. After the war for the throne, the brothers Polyneices and Eteocles kill each other, fulfilling the plague launched by their father, Oedipus. Creon, the uncle, takes over the crown and orders the former to remain unburied while the latter is buried with honors. The niece with the title disobeys him and is condemned to be buried alive in a cave but hangs herself first. “I was born to share love, not hate,” she says.

Thus, the three times are intertwined without a necessary cause and effect relationship. And the chorus, played by a single actor, goes through time, just like Oedipus. At the end of the day, it is known that ordi-

nary citizens go through times and their imaginations, generation after generation, being always subject to rulers and their systems of government.

WHO ARE THEY CIA. ELEVADOR DE TEATRO PANORÂMICO IS A PERMANENT LANGUAGE RESEARCH CENTER FOUNDED IN 2000 IN SÃO PAULO. SINCE 2006, ITS HEADQUARTERS HAVE BEEN IN THE BIXIGA NEIGHBORHOOD. IN 22 YEARS, IT HAS DEVELOPED A REPERTOIRE OF 18 SHOWS CREATED, ABOVE ALL, FROM THE IMPROVISATIONAL PERFORMANCE SYSTEM CALLED THE FIELD OF VISION, DEVELOPED BY ITS DIRECTOR.

96 TEBAS
ENGLISH
CIA. ELEVADOR DE TEATRO PANORÂMICO | BRAZIL (SÃO PAULO)

Para la profesora Isa Kopelman, de Unicamp, la tragedia es un género que incluye una forma comunitaria de creación de fantasmas y de demandas hacia los vivos. Este ciclo se torna patente en el espectáculo de la Cia. Elevador de Teatro Panorâmico, cuyo programa de mediación con el público aporta un análisis de la investigadora sobre la relevancia de colocar en escena los clásicos en la contemporaneidad.

En 2012, el director Marcelo Lazzaratto montó “Ifigenia”, basada en “Ifigenia en Aulis”, de Eurípides. Ahora, como marco de las primeras dos décadas del grupo, en 2020, postergado por causa de la pandemia, Lazzaratto concibe la dramaturgia y actúa como Edipo, personaje principal al recrear la Trilogía Tibetana.

La génesis de estas piezas de 25 siglos atrás está en el castigo a Layo, entonces rey de Tebas, por no res-

petar la ley de hospitalidad de los griegos. El Oráculo de Delfos revela que será muerto por su hijo y este se casará con su esposa, Yocasta. En “Edipo Rey” (430 a.C.), el protagonista descubre que es el asesino de Layo e hijo del antiguo rey y de Yocasta, su actual esposa. Al tratar de huir de una antigua profecía que determinaba matar al propio padre y casarse con su madre, terminó yendo al encuentro de ella.

El tempo de exilio en tierras distantes transcurre en “Edipo en Colono” (401 a.C.). Después de ser expulsado por los hijos, acompañado de su hija menor, Antígona, el viejo ya ciego peregrina en busca de su último descanso. Hasta que llegan a la ciudad de Colono, en los alrededores de Atenas, donde son acogidos por el rey Teseo.

Ya en “Antígona” (441 a.C.), Tebas está destruida. Después de la guerra por el trono, los hermanos Polinices y Eteocles se matan el uno al otro, cumpliendo la maldición lanzada por el padre de ellos, Edipo. Creonte, el tío, asume la corona y determina que el primero no sea sepultado, mientras que al segundo lo hace enterrar con honores. La sobrina, la del título, lo desobedece y es condenada a ser enterrada viva en una caverna, pero se ahorca antes de eso. “Nací para compartir amor, no odio”, afirma.

Así, los tres tiempos van entrelazándose, sin una relación necesaria de causa y efecto. Y el coro, interpretado por un único actor, deja que el tiempo transcurra, de la misma manera que Edipo. Al fin y al cabo, se sabe que son los ciudadanos comunes quienes atraviesan las épocas y sus imaginarios, generación tras generación, siempre sujetos a los gobernantes y sus sistemas de gobierno.

QUIENES SON LA CIA. ELEVADOR DE TEATRO PANORÁMICO ES UN NÚCLEO PERMANENTE DE INVESTIGACIÓN DEL LENGUAJE FUNDADO EN 2000, EN LA CAPITAL PAULISTA. EN 22 AÑOS, DESARROLLÓ UN REPERTORIO DE 18 ESPECTÁCULOS, REALIZADOS PRINCIPALMENTE A PARTIR DEL SISTEMA DE ACTUACIÓN EN IMPROVISACIÓN, LLAMADO CAMPO DE VISIÓN, CREADO POR SU MONTADOR EN ESCENA. DESDE 2006, TIENE SU SEDE EN EL BARRIO DE BIXIGA.

97 TEBAS
ESPAÑOL
CIA. ELEVADOR DE TEATRO PANORÂMICO | BRASIL (SÃO PAULO)

UM INIMIGO DO POVO BACCAN E KAVANÁ PRODUÇÕES ARTÍSTICAS

BRASIL (SÃO PAULO) | 180'

TEXTO/TEXT Henrik Ibsen TRADUÇÃO/TRANSLATION/TRADUCCIÓN Pedro Mantiqueira REVISÃO E ADAPTAÇÃO DE TRADUÇÃO/REVIEW AND TRANSLATION ADAPTATION/ REVISIÓN Y ADAPTACIÓN DE LA TRADUCCIÓN Karl Erik Schøllhammer DISPOSITIVO DE CENA E DIREÇÃO/SCENE DEVICE AND DIRECTION/DISPOSITIVO DE ESCENA Y DIRECCIÓN José Fernando Peixoto de Azevedo ELENCO/CASTING Augusto Pompeo | Cesar Baccan | Clara Carvalho | Lilian Regina | Lucas Scalco | Raphael Garcia | Rodrigo Scarpelli | Rogério Brito | Sergio Mastropasqua | Thiago Liguori “PONTO” EM JOGO/“POINT” AT STAKE/“PUNTO” EN JUEGO Tatah Cardozo DIREÇÃO

MUSICAL E LIVE ELECTRONICS/MUSICAL DIRECTION AND LIVE ELECTRONICS/DIRECCIÓN MUSICAL Y LIVE ELECTRONICS Thiago Liguori CÂMERA E EDIÇÃO DE IMAGENS/CAMERA AND IMAGE EDITING/CÁMARA Y EDICIÓN DE IMÁGENES André Voulgaris DESENHO DE LUZ/LIGHTING DESIGN/DISEÑO DE ILUMINACIÓN Wagner Pinto | Gabriel Greghi

FIGURINO/COSTUMES/VESTUARIO Anne Cerutti ASSISTENTE DE DIREÇÃO/ASSISTANT DIRECTOR/ASISTENTE DE DIRECCIÓN Lucas Scalco PREPARAÇÃO CORPORAL/BODY PREPARATION/PREPARACIÓN CORPORAL Tarina Quelho CENOTÉCNICO/STAGECRAFT/ESCENOGRAFÍA TÉCNICA Douglas Caldas OPERADOR DE LUZ/LIGHT OPERATOR Jonas Ribeiro FOTOS/PHOTOS Ronaldo Gutierrez PROGRAMADOR VISUAL/VISUAL PROGRAMMER Rafael Oliveira ASSESSORIA DE IMPRENSA/PRESS CONSULTANCY/ASESORÍA DE PRENSA Pombo Correio ESTÁGIO DE DIREÇÃO/DIRECTION STAGE/PASANTÍA DE DIRECCIÓN Tatah Cardozo ASSISTENTE DE PRODUÇÃO/PRODUCTION ASSISTANT/ASISTENTE DE PRODUCCIÓN Lúcia Rosa | Rebeca Oliveira PRODUTOR EXECUTIVO/EXECUTIVE PRODUCER/PRODUCTOR EJECUTIVO Marcelo Ullmann DIRETOR DE PRODUÇÃO/ PRODUCTION DIRECTOR/DIRECTOR DE PRODUCCIÓN Cesar Baccan PRODUÇÃO E REALIZAÇÃO/PRODUCTION AND EXECUTION/PRODUCCIÓN Y REALIZACIÓN Baccan e Kavaná Produções APOIO INSTITUCIONAL/INSTITUTIONAL SUPPORT/APOYO INSTITUCIONAL Embaixada da Noruega em Brasília

98 15.09 QUI 21H / 09.15 THU 9 PM 16.09 SEX 21H / 09.16 FRI 9 PM CENTRO CULTURAL PORTUGUÊS (SALÃO)
L
FOTOS/PHOTOS: RONALDO GUTIERREZ

Imagine uma cidade do interior ou do litoral cujo sistema de águas é diagnosticado com focos de infecções e isso adoece as pessoas. “Um Inimigo do Povo” transpõe a peça do norueguês Henrik Ibsen (1828-1906) para um sugerido pedaço de Brasil contemporâneo, de pelejas provincianas e privilégios nas correlações de força das elites política, empresarial e midiática que relegam concidadãos ao décimo plano.

Estão lá o culto à autoridade, o apelo político dissimulado à moderação e a manipulação da informação. Com uma crítica extremamente atual, temos o drama do médico Thomas Stockmann, ameaçado pelos interesses econômicos e a corrupção do poder público ao descobrir e denunciar que as águas de sua cidade – cuja principal atividade é um balneário e termas –estão contaminadas.

O anúncio gera um enorme conflito. Empresários mobilizam, com apoio da imprensa, a opinião pública contra o protagonista, transformando o herói em um inimigo do povo – a massa forjada nos confrontos de poder. E tudo ganha uma proporção ainda maior porque ele é irmão do prefeito e casado com a filha adotiva de um grande empresário.

A encenação de José Fernando Peixoto de Azevedo propõe o redimensionamento da configuração dos personagens, dando a eles uma fisionomia não prevista por meio da presença de atores negros, desde a figura do protagonista.

Também acentua a exposição pública da voz da ciência fazendo com que o episódio ganhe ares de terror. Para contribuir com essa atmosfera, traz como referência cinematográfica o clássico “A Noite dos Mortos Vivos” (1968), do norte-americano George A. Romero. No filme, o protagonista negro tenta sobreviver em um país onde as pessoas da classe média branca se transformam em zumbis por conta de uma epidemia.

No embate de ideias ibseniano, noções de verdade, justiça, razão e má-fé são problematizadas sob a trilha musical tocada e cantada ao vivo. Um operador de câmera como que cola nos atuantes em cena, captando imagens projetadas em tempo real numa tela móvel, recurso que amplifica a percepção sobre o que está em jogo.

QUEM É JOSÉ FERNANDO PEIXOTO DE AZEVEDO

É DRAMATURGO, ROTEIRISTA, DIRETOR DE TEATRO

E DE FILMES, PESQUISADOR E ENSAÍSTA, ALÉM DE DOCENTE

E ORIENTADOR NA ESCOLA DE COMUNICAÇÕES E ARTES

DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (ECA/USP), DA QUAL

TAMBÉM É DIRETOR. ENTRE 1997 E 2016, EXERCEU A DIREÇÃO ARTÍSTICA DO GRUPO TEATRO DE NARRADORES. ESCREVEU E DIRIGIU PEÇAS COM O GRUPO OS CRESPOS, ALÉM DE CRIAÇÕES COM OUTROS ARTISTAS E COLETIVOS. TEM TRABALHADO ACERCA DAS RELAÇÕES ENTRE TEATRO

E CAPITALISMO, A EXPERIÊNCIA COLONIAL E AS FORMAS

DO TEATRO NEGRO, TEATRO E FILOSOFIA.

99 UM INIMIGO DO POVO BACCAN E KAVANÁ PRODUÇÕES ARTÍSTICAS | BRASIL (SÃO PAULO) PORTUGUÊS

Imagine a city in the countryside or on the coast whose water system is diagnosed with outbreaks of infections, and this makes people sick. “A people’s Enemy” transposes the play by the Norwegian Henrik Ibsen (1828-1906) to a suggested spot of contemporary Brazil, of provincial struggles and privileges in the correlations of the strength of the political, business, and media elites that relegate fellow citizens to the tenth level.

There we see the cult of authority, the covert political appeal to moderation, and the manipulation of information. With an extremely current criticism, we have the drama of the doctor Thomas Stockmann, threatened by the economic interests and the corruption of the public power when discovering and denouncing that the waters of his city - whose main activity is a seaside resort and spa - are contaminated.

The announcement generates a huge conflict. With the support of the press, businessmen mobilize public opinion against the protagonist, transforming the hero into an enemy of the people – the mass forged in power struggles. And everything takes on an even

greater proportion because he is the mayor’s brother and married to the adopted daughter of a prominent businessman.

The staging by José Fernando Peixoto de Azevedo proposes resizing the characters’ configuration, giving them an unforeseen physiognomy through the presence of black actors, including the protagonist.

It also emphasizes the public exposure of the voice of science, making the episode take on an air of terror. To contribute to this atmosphere, it brings a cinematographic reference to the classic “Night of the Living Dead” (1968) by the American George A. Romero. In the movie, the black protagonist tries to survive in a country where white middle-class people turn into zombies due to an epidemic.

In the Ibsenian clash of ideas, notions of truth, justice, reason, and bad faith are problematized under the soundtrack played and sung live. A camera operator, as it was gluing to the actors on the scene, captures the images projected in real-time on a mobile screen, a resource that amplifies the perception of what is at stake.

WHO IS HE JOSÉ FERNANDO PEIXOTO DE AZEVEDO IS A PLAYWRIGHT, SCREENWRITER, THEATER AND FILM DIRECTOR, RESEARCHER, ESSAYIST, PROFESSOR, AND ADVISOR AT THE SCHOOL OF COMMUNICATIONS AND ARTS OF THE UNIVERSITY OF SÃO PAULO (ECA/USP), OF WHICH HE IS ALSO THE DIRECTOR. BETWEEN 1997 AND 2016, HE WAS THE ARTISTIC DIRECTOR OF THE TEATRO DE NARRADORES GROUP. HE WROTE AND DIRECTED PLAYS WITH THE GROUP OS CRESPOS, AS WELL AS CREATIONS WITH OTHER ARTISTS AND COLLECTIVES. HE HAS WORKED ON THE RELATIONSHIPS BETWEEN THEATER AND CAPITALISM, THE COLONIAL EXPERIENCE, AND THE FORMS OF BLACK THEATRE, THEATER, AND PHILOSOPHY.

100 A PEOPLE’S ENEMY BACCAN E KAVANÁ PRODUÇÕES ARTÍSTICAS | BRAZIL
ENGLISH
(SÃO PAULO)

Imaginen una ciudad del interior o del litoral cuyo sistema de abastecimiento de agua es diagnosticado con focos de infecciones que provocan enfermedades en las personas. Este es el argumento de “Un enemigo del Pueblo”, pieza del noruego Henrik Ibsen (1828-1906) transportada a un sugerido pedazo del Brasil contemporáneo, de disputas provincianas y privilegios en las correlaciones de fuerza de las élites política, empresarial y mediática que relegan conciudadanos al décimo plano.

Allí vemos el culto a la autoridad, el apelo político disimulado a la moderación y la manipulación de informaciones. Con una crítica extremadamente actual, tenemos el drama del médico Thomas Stockmann, amenazado por los intereses económicos y la corrupción del poder público al descubrir y denunciar que las aguas de su ciudad – cuya principal actividad es un balneario y termas – están contaminadas.

El anuncio genera un enorme conflicto. Los empresarios se movilizan, con apoyo de la prensa, la opinión pública se vuelve contra el protagonista, transformando al héroe en un enemigo del pueblo – la masa engañada por las confrontaciones de poder. Y todo adquiere una proporción aún mayor porque el médico es her-

mano del alcalde y casado con la hija adoptiva de un gran empresario.

La puesta en escena de José Fernando Peixoto de Azevedo propone un redimensionamiento de la configuración de los personajes, otorgándoles una fisionomía no prevista, a través de la presencia de actores negros, incluyendo la figura del protagonista.

También acentúa la exposición pública de la voz de la ciencia al hacer con que el episodio gane aires de terror. Para contribuir a esa atmósfera, trae como referencia cinematográfica el clásico “La noche de los muertos vivos” (1968), del norteamericano George A. Romero. En esa película, el protagonista negro intenta sobrevivir en un país donde las personas de clase media blanca se transforman en zombis como consecuencia de una epidemia.

En el embate de ideas ibseniano, nociones de verdad, justicia, razón y mala fe son problematizadas con una banda sonora tocada y cantada en vivo. Un operador de cámara casi se pega a los cantores en escena, captando imágenes proyectadas en tiempo real en una pantalla móvil, recurso que amplifica la percepción de lo que está en juego.

QUIEN ES JOSÉ FERNANDO PEIXOTO DE AZEVEDO ES

DRAMATURGO, GUIONISTA, DIRECTOR DE TEATRO Y DE PELÍCULAS, INVESTIGADOR Y ESCRITOR DE ENSAYOS, ADEMÁS DE DOCENTE Y ORIENTADOR DE LA ESCUELA DE COMUNICACIONES Y ARTES DE LA UNIVERSIDAD DE SÃO PAULO (ECA/USP), DE LA CUAL TAMBIÉN ES DIRECTOR. ENTRE 1997 Y 2016, EJERCIÓ LA DIRECCIÓN ARTÍSTICA DEL GRUPO TEATRO DE NARRADORES. ESCRIBIÓ Y DIRIGIÓ PIEZAS CON EL GRUPO OS CRESPOS, ADEMÁS DE CREACIONES CON OTROS ARTISTAS Y COLECTIVOS.

HA REALIZADO TRABAJOS SOBRE LAS RELACIONES ENTRE TEATRO Y CAPITALISMO, LA EXPERIENCIA COLONIAL Y LAS FORMAS DEL TEATRO NEGRO, TEATRO Y FILOSOFÍA.

101 UN ENEMIGO DEL PUEBLO BACCAN E KAVANÁ PRODUÇÕES ARTÍSTICAS
BRASIL
ESPAÑOL
|
(SÃO PAULO)

VILA PARISI COLETIVO 302

BRASIL (SÃO PAULO) | 120'

16.09 SEX 19H / 09.16 FRI 7 PM

PRAÇA DO CRUZEIRO QUINHENTISTA (CUBATÃO)

DIREÇÃO/DIRECTION/DIRECCIÓN Douglas Lima ORIENTAÇÃO/ADVISOR/ORIENTACIÓN Eliana Monteiro DRAMATURGIA/DRAMATURGY/DRAMATURGIA Cícero Gilmar Lopes DRAMATURGISMO/DRAMATURGY COMPOSITION/ELECCIÓN DE LA DRAMATURGIA Marcelo Ariel CONTRIBUIÇÕES DRAMATÚRGICAS/DRAMATURGY CONTRIBUTIONS/ CONTRIBUCIONES DRAMATÚRGICAS Coletivo 302 ELENCO/CASTING Alisse Flora | Allana Santos | Douglas Lima | Matheus Lípari | Sander Newton | Sandy Andrade | Tay O’hanna ATORES CONVIDADOS/GUEST ACTORS/ACTORES INVITADOS Jùpïrã Transeunte | Lelê Cascardi | Maya Andrade | Wilson Gois CONTRARREGRAS/ STAGEHAND/CONTRARREGLA Josué Salvino | Luana Laciny | Matheus Cordel | May Juvino | Rafael Almeida | Vanessa Souza PESQUISA SONORA/SOUND RESEARCH/INVESTIGACIÓN DE SONIDO Sander Newton PREPARAÇÃO DE CANTO/CHANT PREPARATION/PREPARACIÓN DE CANTO Douglas Lima ORIENTAÇÃO DE CANTO/ CHANT ADVISORY/ORIENTACIÓN DE CANTO Nailse Machado MÚSICOS/MUSICIANS/MÚSICOS Jaqueline da Silva | Marcozi Santos | Rodrigo Suzuki COMPOSIÇÃO ORIGINAL/ORIGINAL COMPOSITION/COMPOSICIÓN ORIGINAL Isabel Tavares | Sander Newton | Sandy Andrade PRODUÇÃO SONORA/SOUND PRODUCTION/PRODUCCIÓN

SONORA Marcozi Santos | Sander Newton TÉCNICO DE SOM/SOUND TECHNIQUE/TÉCNICA DE SONIDO Thiago Varella OPERAÇÃO DE SOM/SOUND OPERATION/OPERACIÓN DE SONIDO Marcozi Santos | Thiago Varella PESQUISA, DESENHO E TÉCNICA DE LUZ/RESEARCH, DESIGN AND LIGHT TECHNIQUE/INVESTIGACIÓN, DISEÑO Y TÉCNICA DE ILUMINACIÓN Juliana Sousa | Matheus Lípari OPERAÇÃO DE LUZ/LIGHT OPERATION/OPERACIÓN DE LUZ Juliana Sousa | Matheus Cordel CENOGRAFIA/SCENOGRAPHY/ ESCENOGRAFÍA Douglas Lima | Tay O’hanna CENOTÉCNICO/STAGECRAFT/TÉCNICO DE ESCENOGRAFÍA Írio Sandres FIGURINOS/COSTUMES/VESTUARIO Douglas Lima | Sandy Andrade COSTUREIRA(O)/DRESSMAKERS/COSTURERA(O) Dudu | Reinaldo Trick PROJETO VISUAL/VISUAL PROJECT/PROYECTO VISUAL Lucas Bêda TEASER Franscisco Sá COMUNICAÇÃO/COMMUNICATION/COMUNICACIÓN Allana Santos PRODUÇÃO/PRODUCTION/PRODUCCIÓN Alisse Flora | Tay O’hanna ASSISTÊNCIA DE PRODUÇÃO/PRODUCTION ASSISTANTS/ASISTENCIA DE PRODUCCIÓN Allana Santos | Sandy Andrade PRODUÇÃO EXECUTIVA/EXECUTIVE PRODUCTION/PRODUCCIÓN EJECUTIVA Sander Newton PARCERIA/PARTNERSHIP/ASOCIADOS Uzina Coletiva | Galpão Cultural Cubatão APOIO/SUPPORT/APOYO Movimento Teatral da Baixada Santista REALIZAÇÃO EXECUTION/REALIZACIÓN Coletivo 302

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FAUSTO FRANCO

A vida e a gente do bairro operário de Cubatão, cidade da Baixada Santista, são afirmadas a contrapelo de sua extinção, nos anos 1980. Nesta e na década anterior, Vila Parisi estava entranhada no epicentro da zona industrial que carregou o epíteto de mais poluída do mundo.

O espetáculo narra eventos que foram colhidos em depoimentos junto a antigos moradores. Intenta, assim, recuperar de forma simbólica e arquetípica pessoas e fatos do período.

Artista convidada pelo Coletivo 302 a orientar os processos de pesquisa e criação, a diretora Eliana Monteiro (Teatro da Vertigem, de São Paulo) define a equipe com a qual se juntou como “adultos guerreiros”. Atrizes e atores que eram crianças décadas atrás, sobreviveram à emissão de componentes químicos tóxicos e agora “olham para o passado” sob o prisma da arte e do pensamento crítico.

“Quem é você, Vila Parisi?” – a pergunta guiou a investigação por meses e, a rigor, integrantes do grupo a levam consigo a vida toda. Desenvolvida a partir do conceito site specific, ou art in situ, portanto concebida para um determinado lugar ao ar livre, a peça dirigida por Douglas Lima formula um teatro performativo mesclado a uma narrativa profundamente popular.

Sua estreia, em 2019, aconteceu na Praça do Cruzeiro Quinhentista, monumento ao pé do chamado

vale da morte, próximo ao Parque Estadual da Serra do Mar. Um cenário de “dragões que soltam fumaças pretas, amarelas e ao mesmo tempo muito fogo”, no dizer da orientadora. É com essa “besta-fera”, que expele benzeno, que artistas e público vão contracenar. Responsável pelo trabalho de dramaturgismo, que subsidia o texto em colaboração, Marcelo Ariel conjectura: “Nosso maior desafio foi transcender a memória e essa densa nostalgia que, como uma neblina, cobria a experiência fenomenológica do horror de não apenas viver em um território insalubre como ser cobaia involuntária de uma experiência que, em tudo, se assemelha à do médico nazista [Josef] Mengele [19111979]: a da exposição deliberada de seres humanos a condições-limite com o intuito de ‘estudar os efeitos’ de substâncias extremamente tóxicas nesses corpos”.

QUEM SÃO CRIADO EM 2014, O COLETIVO 302 É FORMADO POR SETE ARTISTAS DE CUBATÃO E SURGIU DA NECESSIDADE DE CANTAR SUA ALDEIA, MERGULHAR EM MEMÓRIAS ANCESTRAIS E RESSIGNIFICAR A CONSTRUÇÃO DO IMAGINÁRIO SOBRE SEU POVO E TERRITÓRIO DE ATUAÇÃO. RESPONDE PELO PONTO DE CULTURA GALPÃO CULTURAL, NUM PARQUE PÚBLICO. “VILA PARISI” ABRE A TRILOGIA QUE CONTA A HISTÓRIA DE TRANSFORMAÇÃO DA CIDADE, DE PACATO VILAREJO RURAL A ZONA INDUSTRIAL, E SUAS CONSEQUÊNCIAS.

COLETIVO 302 | BRASIL (CUBATÃO)

103 VILA PARISI
PORTUGUÊS
GABRIEL NASCIMENTO

The life and people of the working-class neighborhood of Cubatão, a city of Baixada Santista, are affirmed against the grain of its extinction in the 1980s. In this and the previous decade, Vila Parisi was embedded in the epicenter of the industrial zone that carried the epithet of the most polluted in the world.

The show narrates events that were collected in testimonials from former residents. Thus, it tries to recover the people and facts of the period in a symbolic and archetypal way.

Director Eliana Monteiro (Teatro da Vertigem, in São Paulo), invited by Coletivo 302 to guide the research and creation processes, defines the team she joined as “adult warriors.” Actresses and actors who were children decades ago survived the emission of toxic chemicals and now “look back at the past” through the prism of art and critical thinking.

“Who are you, Villa Parisi?” – the question guided the investigation for months, and, strictly speaking, members of the group will carry it with them throughout their lives. Developed from the site-specific concept, or art in situ, therefore conceived for outdoor exhibition, the play directed by Douglas Lima formulates a performative theater mixed with a deeply popular narrative.

A scenario of “dragons that puff black and yellow smoke and at the same time a lot of fire,” in the words of the advisor. With this “wild beast,” which expels

benzene, artists and audiences will play together. Its premiere, in 2019, was at Praça do Cruzeiro Quinhentista, a monument at the foot of the so-called valley of death near Serra do Mar State Park.

Responsible for the dramaturgy composition, who supports the text in collaboration, Marcelo Ariel conjectures: “Our biggest challenge was to transcend memory and this dense nostalgia that, like a fog, covered the phenomenological horror experience of not only living in unhealthy territory but also being the involuntary guinea pig of an experience that, in everything, resembles that of the Nazi doctor. [Josef] Mengele [1911-1979]: the deliberate exposure of human beings to extreme conditions in order to study the effects of extremely toxic substances on these bodies.”

WHO ARE THEY CREATED IN 2014, COLETIVO 302 IS MADE UP OF SEVEN ARTISTS FROM CUBATÃO WHO EMERGED FROM THE NEED TO SING ABOUT THEIR VILLAGE, DELVE INTO ANCESTRAL MEMORIES AND GIVE NEW MEANING TO CONSTRUCTING THE IMAGINARY ABOUT THEIR PEOPLE AND TERRITORY OF ACTION. IT IS RESPONSIBLE FOR THE CULTURAL POINT GALPÃO CULTURAL, IN A PUBLIC PARK.

“VILA PARISI” OPENS THE TRILOGY THAT TELLS THE STORY OF THE CITY’S TRANSFORMATION FROM A PEACEFUL RURAL VILLAGE TO AN INDUSTRIAL ZONE AND ITS CONSEQUENCES.

COLETIVO 302 | BRAZIL (CUBATÃO) VILA PARISI 104 ENGLISH
GABRIEL NASCIMENTO

La vida y los habitantes del barrio obrero de Cubatão, ciudad de la Bajada Santista, se afirman a contrapelo de su extinción, en los años 1980. Durante esa y la década anterior, Vila Parisi estuvo arraigada en el epicentro de una zona industrial bautizada con el epíteto de ser la más contaminada del mundo.

El espectáculo narra eventos registrados a partir de testimonios de antiguos residentes. De esa manera intenta recuperar de forma simbólica y arquetípica personas y hechos de ese período.

La directora Eliana Monteiro (Teatro da Vertigem, de São Paulo) es invitada por el Coletivo 302 para orientar los procesos de investigación y creación. Ella define el equipo al cual se unió como “adultos guerreros”. Actrices y actores que eran niños décadas atrás y sobrevivieron a la emisión de componentes químicos tóxicos, ahora “miran al pasado” desde el prisma del arte y del pensamiento crítico.

¿“Tú quién eres, Vila Parisi?” – es la pregunta que guió la investigación durante meses, y a rigor, los integrantes del grupo la llevan consigo toda la vida. Desarrollada a partir del concepto site specific art, o arte específico de un lugar por lo tanto concebido

para un determinado sitio al aire libre, la pieza dirigida por Douglas Lima formula un teatro de performance mezclado a una narrativa profundamente popular.

Su estreno en 2019, fue en la Praça do Cruzeiro Quinhentista, un monumento al pie del llamado valle de la muerte, próximo al Parque Estadual de la Serra do Mar. La orientadora lo describe como un escenario de “dragones que expelen humo negro y amarillo, y al mismo tiempo mucho fuego”. Es con esa “bestia-fiera”, que expele benceno, que actuarán los artistas y el público.

Responsable por el trabajo de dramaturgia que subsidia el texto en colaboración, Marcelo Ariel conjetura: “Nuestro mayor desafío fue transcender la memoria y una densa nostalgia que, como una neblina, cubría la experiencia fenomenológica del horror de vivir no solamente en un territorio insalubre, como también ser cobaya involuntaria de una experiencia que, se asemeja en todo a la del médico nazista [Josef] Mengele [1911-1979]: exposición deliberada de seres humanos a condiciones límite con el objetivo de ‘estudiar los efectos’ de substancias extremadamente tóxicas en esos cuerpos”.

GABRIEL NASCIMENTO

QUIENES SON CREADO EN 2014, EL COLETIVO 302 ESTÁ FORMADO POR SIETE ARTISTAS DE CUBATÃO Y SURGIÓ DE LA NECESIDAD DE CANTAR SOBRE SU ALDEA, BUCEAR EN MEMORIAS ANCESTRALES Y VOLVER A DARLE UN SIGNIFICADO A LA CONSTRUCCIÓN DE LO IMAGINARIO SOBRE SU PUEBLO Y TERRITORIO DE ACTUACIÓN. CUIDA DEL PUNTO DE CULTURA GALPÃO CULTURAL, EN UN PARQUE PÚBLICO. “VILA PARISI” ABRE UNA TRILOGÍA QUE CUENTA LA HISTORIA DE TRANSFORMACIÓN DE LA CIUDAD, DE TRANQUILO PUEBLO RURAL A ZONA INDUSTRIAL, Y SUS CONSECUENCIAS.

105 VILA PARISI
ESPAÑOL
COLETIVO 302 | BRASIL (CUBATÃO)

/ BRAZIL AND ARGENTINE / BRASIL Y ARGENTINA

BRASIL E ARGENTINA

|

ãO

LEVI & LUCÍA RUSSO | IMPROVÁVEL PRODUÇÕES

BRASIL E ARGENTINA | 50'

14.09 QUA 19H / 09.14 WED 7 PM

15.09 QUI 19H / 09.15 THU 7 PM

ARCOS DO VALONGO

CONCEPÇÃO E DIREÇÃO/CONCEPT AND DIRECTION/CONCEPCIÓN Y DIRECCIÓN Marcela Levi | Lucía Russo PERFORMANCE E COCRIAÇÃO/PERFORMANCE AND CO-CREATION/ PERFORMANCE Y CO-CREACIÓN Alexei Henriques | Ícaro Gaya | Lucas Fonseca | Martim Gueller | Tamires Costa | Washington Silva INTERLOCUÇÃO/ INTERLOCUTION/INTERLOCUCIÓN Ana Kiffer | Felipe Ribeiro ASSISTÊNCIA/ASSISTANCE/ASISTENCIA Lucas Fonseca | Tamires Costa DESENHO DE LUZ E DIREÇÃO TÉCNICA/LIGHTING DESIGN AND TECHNICAL DIRECTION/DISEÑO DE ILUMINACIÓN Y DIRECCIÓN TÉCNICA Laura Salerno DESENHO DE SOM/SOUND DESIGN/DISEÑO DE SONIDO Toda a equipe FIGURINOS/COSTUMES/VESTUARIOS Levi & Russo ASSESSORIA NA SONORIZAÇÃO/SOUND TECHNICAL CONSULTANT/ASESORÍA DE SONORIZACIÓN Diogo Perdigão ILUMINADOR ASSISTENTE/LIGHTING ASSISTANT/ASISTENTE DE ILUMINACIÓN Fellipe Oliveira TÉCNICO DE SOM/SOUND TECHNICIAN/TÉCNICO DE SONIDO André Omote | André Teles CENOTÉCNICO/SCENERY TECHNICIAN Marcus Garcia REGISTRO EM VÍDEO/VIDEO DOCUMENTATION/REGISTRO EN VÍDEO Sergio López Caparrós EDIÇÃO DE VÍDEO/ VIDEO EDITING/EDICIÓN DE VÍDEO Renato Mangolin FOTOGRAFIA/PHOTOGRAPHY/FOTOGRAFÍA Emily Coenegrachts | Renato Mangolin | Carlos Gueller PRODUÇÃO E REALIZAÇÃO ARTÍSTICA/PRODUCTION/PRODUCCIÓN Y REALIZACIÓN ARTÍSTICA Improvável Produções COPRODUÇÃO/CO-PRODUCCIÓN/COPRODUCIÓN Kunstenfestivaldesarts | Kaaitheater | Julidans | PACT Zollverein | Something Great DISTRIBUIÇÃO/DISTRIBUTION/DISTRIBUCIÓN Something Great APOIO/SUPPORT/APOYO Centro Coreográfico da Cidade do Rio de Janeiro/Secretaria Municipal de Cultura | Consulado da Argentina no Rio de Janeiro | Espaço Cultural Sítio Canto da Sabiá | Instituto Villa-Lobos Unirio PATROCÍNIO/SPONSORSHIP/PATROCINIO Fomento a Todas as Artes - Lei Aldir Blanc | Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro | “Vento” instalação concebida por Lucía Russo em colaboração com Marcela Levi e consultoria técnica de Bruno Jacomino, desenvolvida dentro do projeto “A Room of Wonder", (2013) de Gustavo Ciríaco /"Vento" (Wind) installation conceived by Lucía Russo in collaboration with Marcela Levi and technical consultancy by Bruno Jacomino, developed within the project "A Room of Wonder" (2013) by Gustavo Ciríaco /“Vento” (Viento) instalación concebida por Lucía Russo en colaboración con Marcela Levi y consultoría técnica de Bruno Jacomino, desarrollada dentro del proyecto “A Room of Wonder", (2013) de Gustavo Ciríaco

c
h
MARCELA
108
14
FOTOS/PHOTO: c h ãO _MARCELA LEVI & LUCÍA RUSSO
IMPROVÁVEL PRODUÇÕES + RENATO MANGOLIN

Renasça. Morra. A certa altura, as sentenças verbais – supostamente ambivalentes – são reiteradas e pontuam “c h ãO”, trabalho que corre atrás da instabilidade para conferir o que ela pode oferecer em termos de potencialidades. No linóleo deslizante, seis performers e cocriadores, um deles ao piano, cruzam um emaranhado de ações como se seus corpos fossem sismógrafos. Enquanto o mundo ao redor pende, oscilam eixos sem perder a ternura e a vibração.

O público está diante de uma peça fragmentária e incompleta que toma emprestado da música o trêmulo – também conhecido como o som da dúvida – e a dissonância para pensar a tensão como vínculo vibrante e não somente como quebra.

As diretoras Marcela Levi e Lucía Russo evocam o trítono, intervalo dissonante bastante usado em filmes de suspense, também conhecido como intervalo do diabo. Seu som dá ideia de movimento, instabilidade, e quando não é acompanhado por um acorde de resolução o ouvinte fica angustiado, tenso, pois o trítono traz uma “necessidade” de ser resolvido. A dissonância na música não resolve, ela suspende.

Suspender-se, pendurar-se em um intervalo, uma fenda no tempo entre em cima e embaixo, entre um lado e outro, lançar-se na instabilidade, na trepidação, no groove. Tocar o chão para saltar novamente, saltar para voltar ao chão. Bater os pés no chão para

levantar poeira, partículas em suspensão. Bater no chão, abalar a terra, fazer tremular corpos distantes. Por ocasião da apresentação da obra no festival belga KFDA (Kunstenfestivaldesarts), em 2021, a crítica de arte Sylvia Botella escreveu na revista francesa “Toute la Culture” que “não é o desenrolar de uma peça de dança, harmoniosamente arranjada com imagens autônomas ligadas entre si por uma mensagem política a ser transmitida sobre o Brasil. Acima de tudo, é um terreno de dança surpreendente e irradiante. Ele liberta. A comunidade é sem fim ali”.

QUEM SÃO EM 2010, AS COREÓGRAFAS MARCELA LEVI (RIO DE JANEIRO, BRASIL) E LUCÍA RUSSO (PATAGÔNIA, ARGENTINA) FUNDARAM, NA CAPITAL FLUMINENSE, A IMPROVÁVEL PRODUÇÕES, UM LUGAR NÔMADE DE FORMAÇÃO, PESQUISA E CRIAÇÃO. LEVI & RUSSO APOSTAM EM UMA DIREÇÃO POLIFÔNICA EM QUE DIFERENTES POSIÇÕES INVENTIVAS SE ENTRECRUZAM EM UM PROCESSO QUE ACOLHE LINHAS DESVIANTES, DISSENSO E DIFERENÇAS INTERNAS COMO FORÇA CRÍTICA CONSTRUTIVA E NÃO COMO POLARIDADES AUTOEXCLUDENTES. O TRABALHO DA IMPROVÁVEL VAI EM DIREÇÃO A UMA ESTÉTICA EXPERIMENTAL QUE SURGE DE UM ENCONTRO SINGULAR COM OS IMPASSES DA SOCIEDADE BRASILEIRA. AÍ RESIDE UM ESFORÇO RIGOROSO, EM VEZ DE SUCUMBIR, TRANSFORMAR OS EMBARAÇOS E AS TENSÕES NA PRÓPRIA MATÉRIA DE UMA PRODUÇÃO ARTÍSTICA.

MARCELA LEVI & LUCÍA RUSSO | IMPROVÁVEL PRODUÇÕES | BRASIL E ARGENTINA C H ÃO
PORTUGUÊS 109

Reborn. Die. At a certain point, the verbal sentences – supposedly ambivalent – are reiterated and characterize “c h ãO,” work that runs after instability to check what it can offer in terms of potential. On the sliding linoleum, six performers and co-creators, one of them at the piano, cross a tangle of actions as if their bodies were seismographs. As the world around them hangs, axes swing without losing their tenderness and vibrancy.

The audience is in front of a fragmentary and incomplete play that borrows the tremulous from the music – also known as the sound of doubt – and the dissonance to think of tension as a vibrant bond and not only as a break.

The directors Marcela Levi and Lucía Russo evoke the tritone, a dissonant interval often used in thriller films, also known as the devil’s interval. Its sound gives the idea of movement and instability, and when it is not accompanied by a resolution chord, the listener is distressed and tense because the tritone brings a “need” to be resolved. Dissonance in music does not resolve. It suspends.

Suspend yourself, hang yourself in an interval, a gap in time between up and down, between one side and the other, launching yourself into instability, trepidation, groove. Tap the ground to jump again and get back to the ground. Tap the feet on the ground to raise dust, suspended particles. Hit the ground, shake the earth, make distant bodies tremble.

When the work was presented at the Belgian festival KFDA (Kunstenfestivaldesarts) in 2021, the art critic Sylvia Botella wrote in the French magazine: “Toute la Culture” that “it is not the unfolding of a dance piece, harmoniously arranged with autonomous images linked each other for a political message to be transmitted about Brazil. Above all, it is a surprising and radiant dance floor. It frees. The community is endless there.”

WHO ARE THEY IN 2010,

CHOREOGRAPHERS MARCELA LEVI (RIO DE JANEIRO, BRAZIL) AND LUCÍA RUSSO (PATAGONIA, ARGENTINA) FOUNDED IMPROVÁVEL PRODUÇÕES, A NOMADIC PLACE FOR TRAINING, RESEARCH AND CREATION IN RIO DE JANEIRO. LEVI & RUSSO BET ON A POLYPHONIC DIRECTION IN WHICH DIFFERENT INVENTIVE POSITIONS INTERSECT IN A PROCESS THAT WELCOMES DEVIANT LINES, DISSENT, AND INTERNAL DIFFERENCES AS A CONSTRUCTIVE CRITICAL FORCE AND NOT AS SELFEXCLUDING POLARITIES. IMPROVÁVEL’S WORK MOVES TOWARDS AN EXPERIMENTAL AESTHETIC THAT EMERGES FROM A SINGULAR ENCOUNTER WITH THE IMPASSES OF BRAZILIAN SOCIETY. THEREIN LIES A RIGOROUS EFFORT, RATHER THAN SUCCUMBING, TO TRANSFORM EMBARRASSMENTS AND TENSIONS INTO THE VERY SUBSTANCE OF ARTISTIC PRODUCTION.

110 GRRROUND MARCELA LEVI & LUCÍA RUSSO | IMPROVÁVEL PRODUÇÕES | BRAZIL AND ARGENTINA ENGLISH

Renacer. Morir. En cierto momento, las frases verbales – supuestamente ambivalentes – son reiteradas y puntúan “c h ãO” (piso), un trabajo que corre atrás de la inestabilidad para verificar que nos puede ofrecer en términos de potencialidades. En un linóleo resbaladizo, seis performers y co-creadores, uno de ellos al piano, entrecruzan un enmarañado de acciones como si sus cuerpos fuesen sismógrafos. Mientras el mundo a su alrededor está suspendido, ejes oscilan sin perder la ternura y la vibración.

El público está frente a una pieza fragmentaria e incompleta que toma prestada de la música el trémolo – también conocido como el sonido de la duda, pues es una alternancia rápida entre dos notas – y la disonancia para pensar la tensión como un vínculo vibrante, y no solamente como una ruptura.

Las directoras Marcela Levi y Lucía Russo evocan el tritono, intervalo disonante de tres tonos - bastante

usado en películas de suspenso, también llamado intervalo del diablo. Su sonido da idea de movimiento, inestabilidad, y cuando no es acompañado por un acorde de resolución, el oyente se siente angustiado, tenso, pues el tritono genera una “necesidad” de aportar solución. Sin embargo, la disonancia en la música no resuelve, suspende algo.

Suspenderse, colgarse en un intervalo, una grieta en el tiempo entre arriba y abajo, entre un lado y otro, lanzarse a la inestabilidad, a la trepidación, al groove (ritmo). Tocar el piso para volver a saltar, saltar para retornar al piso. Golpear los pies en el suelo para levantar polvo, dejando partículas en suspensión. Pegarle al piso, sacudir la tierra, hacer que los cuerpos distantes se muevan.

Durante la presentación de la obra en el festival belga KFDA (Kunstenfestivaldesarts) en 2021, la crítica de arte Sylvia Botella escribió en la revista francesa “Toute la Culture” que “c h ãO no es la interpretación de una pieza de danza, armoniosamente montada con imágenes autónomas vinculadas entre sí por un mensaje político a ser transmitido sobre el Brasil. Sino que por encima de todo es un terreno de danza sorprendente e irradiante. Pues liberta. Allí la comunidad es infinita”.

QUIENES SON EN 2010, LAS COREÓGRAFAS MARCELA LEVI (RIO DE JANEIRO, BRASIL) Y LUCÍA RUSSO (PATAGONIA, ARGENTINA) FUNDARON EN LA CAPITAL FLUMINENSE, IMPROVÁVEL PRODUÇÕES, UN LUGAR NÓMADE DE FORMACIÓN, PESQUISA Y CREACIÓN. LEVI & RUSSO APUESTAN EN UNA DIRECCIÓN POLIFÓNICA DONDE DIFERENTES POSICIONES INVENTIVAS SE ENTRECRUZAN EN UN PROCESO QUE ACOGE LÍNEAS DIVERGENTES, DISENSO Y DIFERENCIAS INTERNAS COMO FUERZA CRÍTICA CONSTRUCTIVA Y NO COMO POLARIDADES AUTO EXCLUYENTES. EL TRABAJO DE IMPROVÁVEL PRODUÇÕES SE ORIENTA HACIA UNA ESTÉTICA EXPERIMENTAL QUE SURGE DE UN ENCUENTRO SINGULAR CON LOS ATASCOS DE LA SOCIEDAD BRASILEÑA. AHÍ RESIDE UN RIGUROSO ESFUERZO, PUES EN LUGAR DE SUCUMBIR, LAS COREÓGRAFAS LUCHAN PARA TRANSFORMAR LOS OBSTÁCULOS Y LAS TENSIONES EN LA PROPIA MATERIA DE UNA PRODUCCIÓN ARTÍSTICA.

111 C H ÃO MARCELA LEVI
LUCÍA RUSSO | IMPROVÁVEL PRODUÇÕES |
ESPAÑOL
&
BRASIL Y ARGENTINA
CHILE / CHILE / CHILE

DRAGON GUILLERMO CALDERÓN

CHILE | 80'

DRAMATURGIA E DIREÇÃO/DRAMATURGIA Y DIRECCIÓN/ DRAMATURGY AND DIRECTION

Guillermo Calderón  ELENCO / CASTING

Luis Cerda

Camila González

María Landeta  ASSISTÊNCIA DE DIREÇÃO E DIREÇÃO TÉCNICA/ASISTENCIA DE DIRECCIÓN Y DIRECCIÓN TÉCNICA/ ASSISTANT DIRECTOR AND TECHNICAL DIRECTION

Ximena Sánchez  DESIGN/DISEÑO

Rocío Hernández

TÉCNICA DE ILUMINAÇÃO E CENOGRAFIA/TÉCNICA DE ILUMINACIÓN Y ESCENOGRAFÍA/ LIGHTING TECHNIQUE AND SCENOGRAPHY

Manuela Mege  FIGURINO E ASSISTÊNCIA DE DESIGN/VESTUARIO Y ASISTENCIA DE DISEÑO/ COSTUMES AND DESIGN ASSISTANT

Daniela Vargas  VÍDEOS/VIDEOS

Alex Waghorn

La Copia Feliz

Ximena Sánchez  PRODUÇÃO/ PRODUCCIÓN/ PRODUCTION

María Paz González

DIREÇÃO DE PRODUÇÃO NO BRASIL/PRODUCTION

DIRECTION IN BRAZIL/DIRECCIÓN DE PRODUCCIÓN EN BRASIL

Rachel Brumana- SÙ  PRODUÇÃO EXECUTIVA, COMUNICAÇÃO E LOGÍSTICA NO BRASIL/EXECUTIVE PRODUCTION, COMMUNICATION AND LOGISTICS IN BRAZIL/PRODUCCIÓN EJECUTIVA, COMUNICACIÓN Y LOGÍSTICA EN BRASIL

Luiza Alves

ASSISTÊNCIA DE PRODUÇÃO NO BRASIL/PRODUCTION ASSISTANCE IN BRAZIL/ASISTENCIA A LA PRODUCCIÓN EN BRASIL

Giovanna Monteiro  COORDENAÇÃO TÉCNICA NO BRASIL/TECHNICAL COORDINATION IN BRAZIL/COORDINACIÓN TÉCNICA EN BRASIL

Grazielli Vieira  TÉCNICA DE LUZ NO BRASIL/LIGHT TECHNIQUE IN BRAZIL/TÉCNICA DE ILUMINACIÓN EN BRASIL

Fernanda Guedella

16

TÉCNICA DE VÍDEO NO BRASIL/VIDEO

TECHNIQUE IN BRAZIL/ TÉCNICA DE VÍDEO EN BRASIL

Giovanna Kelly  TÉCNICA DE SOM NO BRASIL/SOUND TECHNIQUE IN BRAZIL/ TÉCNICA DE SONIDO EN BRASIL

Lilla Stipp  DIREÇÃO DE PALCO NO BRASIL/STAGE MANAGEMENT IN BRAZIL/DIRECCIÓN

ESCÉNICA EN BRASIL

Carol Buček  CAMAREIRA NO BRASIL/ ROOM MAID IN BRAZIL/ CAMARERA EN BRASIL

Arieli Marcondes

COPRODUÇÃO/ COPRODUCCIÓN/ COPRODUCTION

Teatro a Mil Foundation

Teatro UC heater der Welt 2020

Düsseldorf  APOIO/ SUPPORT/ APOYO

Ministerio de Relaciones

Exteriores de Chile

DIRAC - Dirección de Asuntos

Culturales del Ministerio de Relaciones

Exteriores de Chile

114 17.09 SÁB 19H / 09.17 SAT 7 PM 18.09 DOM 19H / 09.18 SUN 7 PM SESC SANTOS (GINÁSIO)
FOTOS/PHOTO: EUGENIA PAZ

A abordagem sócio-histórica é um traço comum nos trabalhos do dramaturgo e diretor chileno Guillermo Calderón. Ele olha para o passado e o aproxima do presente com a lupa da arte. O teatro como atividade de movimento político, ciente de suas limitações, reconhece aquele que é um dos expoentes da cena do país na última década e meia.

Em “DRAGON”, por exemplo, citações ao historiador Walter Rodney (1942-1980), da Guiana, e ao diretor Augusto Boal (1931-2009), do Brasil, são chaves na narrativa. Negro, Rodney foi um pan-africanista, estudioso e ativista político. Vítima de atentado a bomba, em 1980, aos 38 anos, legou “Como a Europa Subdesenvolveu a África” (1972), dentre outros livros.

Boal, possivelmente a personalidade teatral brasileira mais conhecida no exterior, ideou as técnicas do teatro do oprimido, dentre elas a do teatro invisível, que versa sobre ações não teatrais, em espaço público, com temas urgentes no contexto daquela comunidade. De maneira que os atuantes, sem que os pedestres saibam que fruem artes cênicas, possam expor assuntos relegados à sombra.

Ambas as lutas subsidiam passagens do enredo. Nele, um coletivo de arte, de nome Dragón, elabora táticas e estratégias para criar seu novo trabalho, uma instalação. Os encontros do trio – ou dupla, a conferir – acontecem periodicamente no restaurante Plaza Italia, na região central de Santiago.

Seus integrantes elegem um tema tão complexo que deságua em amargo conflito desagregador: a traição. O dilema entre falso e verdadeiro, em tempos de notícias falsas que elegem candidatos, serve à dissecação do sistema de artes, entre e para além das paredes das galerias. Todavia, pode ser demasiado tarde para restituir confiança.

O espetáculo de 2019, ano de manifestações populares chilenas contrárias ao aumento de tarifas nos transportes, como as jornadas de junho de 2013 no Brasil, desdobrou-se no documentário de curta-metragem “La Segunda Vida de un Dragón” (2020), com boa parte da mesma equipe.

As reivindicações mexeram nas bases da sociedade e conspiraram para a elaboração da nova Constituição, em curso, dita mais diversa e inclusiva. Essa voltagem política subjaz em cena.

QUEM É DRAMATURGO, ROTEIRISTA E DIRETOR TEATRAL, GUILLERMO CALDERÓN ESCREVEU E ENCENOU, ENTRE OUTRAS OBRAS, “NEVA”, “DICIEMBRE”, “CLASE”, “VILLA”, “DISCURSO”, “ESCUELA” E “MATELUNA”, PROGRAMADAS EM FESTIVAIS BRASILEIROS DE ARTES CÊNICAS NOS ÚLTIMOS 14 ANOS. SUAS CRIAÇÕES CIRCULARAM POR MAIS DE 25 PAÍSES. NO CINEMA, ROTEIRIZOU “VIOLETA SE FUE A LOS CIELOS”, “EL CLUB” E “NERUDA”.

115 GUILLERMO CALDERÓN | CHILE DRAGON
PORTUGUÊS

The socio-historical approach is a common feature in the works of the Chilean playwright and director Guillermo Calderón. He looks at the past and brings it to closer the present with the art’s magnifying lens. Awareness of its limitations, theater as a political movement activity recognizes one of the exponents of the country’s scene in the last decade and a half.

In “ DRAGON”, for example, quotes from the historian Walter Rodney (1942-1980), from Guyana, and the director Augusto Boal (1931-2009), from Brazil, are keys to the narrative. Black, Rodney was a PanAfricanist, scholar, and political activist. Victim of a bomb attack in 1980, at age 38, he bequeathed “How Europe Underdeveloped Africa” (1972), among other books.

Boal is possibly the best-known Brazilian theatrical personality abroad. He created the techniques of the theater of the oppressed, among them the invisible theater, which deals with non-theatrical actions, in public space, with urgent themes in the context of that community. So that the actors, without the pedestrians knowing that they enjoy the performing arts, can expose subjects relegated to the shadows.

Both fights subsidize plot passages. In it, an art collective called Dragón devises tactics and strategies to create their new work, an installation. The meetings of the trio – or duo, to be seen – take place period-

ically at the Plaza Italia restaurant in the central region of Santiago.

In times of fake news that elect candidates, the dilemma between false and true serves to dissect the art system, between and beyond the gallery walls. Its members choose a complex theme that ends up in a bitter, disintegrating conflict: betrayal. However, it may be too late to restore trust.

The 2019 show, the year of popular Chilean demonstrations against the increase in transport fares, such as the June 2013 journeys in Brazil, unfolded in the short documentary “La Segunda Vida de un Dragón” (2020), with much of the same team.

The claims stirred the foundations of society and conspired to draft the new Constitution, which is now underway, and said to be more diverse and inclusive. This political voltage underlies the scene.

WHO IS HE PLAYWRIGHT, SCREENWRITER, AND THEATER DIRECTOR, GUILLERMO CALDERÓN WROTE AND STAGED, AMONG OTHER WORKS, “NEVA,” “DICIEMBRE,” “CLASE,” “VILLA,” “DISCURSO,” “ESCUELA,” AND “MATELUNA,” PROGRAMMED IN BRAZILIAN FESTIVALS OF PERFORMING ARTS IN THE LAST 14 YEARS.

HIS CREATIONS TRAVELED TO MORE THAN 25 COUNTRIES. IN CINEMA, HE WROTE “VIOLETA SE FUE A LOS CIELOS”, “EL CLUB” AND “NERUDA”.

116 DRAGON GUILLERMO CALDERÓN | CHILE
ENGLISH

DRAGON

El abordaje socio-histórico es un trazo habitual en los trabajos del dramaturgo y director chileno Guillermo Calderón. Pues él mira al pasado y lo aproxima del presente con la lupa del arte. El teatro, como actividad de movimiento político y consciente de sus limitaciones, reconoce a quien es uno de los exponentes de la escena del país durante la última década y media.

En “DRAGON”, por ejemplo, las menciones al historiador Walter Rodney (1942-1980) de Guyana, y al director Augusto Boal (1931-2009) del Brasil, son claves en la narrativa. Negro, Rodney fue un pan-africanista, estudioso y activista político. Falleció víctima de un atentado con bomba en 1980, a los 38 años de edad. Entre otros libros, nos legó “Como Europa subdesarrollo el África” (1972).

Boal, posiblemente la personalidad teatral brasileña más conocida en el exterior, ideó las técnicas del teatro del oprimido, entre ellas la del teatro invisible, que versa sobre acciones no teatrales en espacios públicos, con temas urgentes en el contexto de aquella comunidad. De tal forma que los actuantes, sin que los peatones sepan que disfrutan de artes escénicas, pueden exponer asuntos relegados a la sombra.

Ambas luchas subsidian pasajes del argumento. En él, un colectivo de arte, de nombre Dragón, elabora tácticas y estrategias para crear su nuevo trabajo, una instalación. Los encuentros del trío – o la dupla, a verificar – suceden periódicamente en el restaurante Plaza Italia, en la región central de Santiago.

Sus integrantes eligen un tema tan complejo que desemboca en un amargo conflicto desintegrador: la traición. El dilema entre falso y verdadero, en tiempos de noticias falsas que eligen candidatos, sirve para disecar el sistema de artes, entre y para más allá de

QUIEN ES DRAMATURGO, GUIONISTA Y DIRECTOR TEATRAL, GUILLERMO CALDERÓN ESCRIBIÓ Y MONTÓ EN ESCENA, ENTRE OTRAS OBRAS, “NIEVA”, “DICIEMBRE”, “CLASE”, “VILLA”, “DISCURSO”, “ESCUELA” Y “MATELUNA”, PROGRAMADAS EN FESTIVALES BRASILEÑOS DE ARTES ESCÉNICAS DE LOS ÚLTIMOS 14 AÑOS. SUS CREACIONES CIRCULARON POR MÁS DE 25 PAÍSES. EN CINEMA, ESCRIBIÓ LOS GUIONES DE “VIOLETA SE FUE A LOS CIELOS”, “EL CLUB” Y “NERUDA”.

las paredes de las galerías. No obstante, puede ser demasiado tarde para restituir la confianza.

El espectáculo de 2019, un año de manifestaciones populares chilenas contrarias al aumento de tarifas de los transportes, como fueron las jornadas de junio de 2013 en Brasil, fue desdoblado en el cortometraje documental “La Segunda Vida de un Dragón” (2020), con buena parte del mismo equipo.

Las reivindicaciones sacudieron las bases de la sociedad, y conspiraron para la elaboración de la nueva Constitución, en curso, considerada más diversa e inclusiva. Ese voltaje político subyace en escena.

GUILLERMO CALDERÓN | CHILE

117
ESPAÑOL

REMINISCENCIA COMPAÑÍA LE INSOLENTE TEATRE

CHILE | 55'

12.09 SEG 18H / 09.12 MON 6 PM

13.09 TER 18H / 09.13 TUE 6 PM

CENTRO CULTURAL PORTUGUÊS (TEATRO ARMÊNIO MENDES)

Compañía Le Insolente Teatre DRAMATURGO, DIRETOR E PERFORMER/ PLAYWRIGHT, DIRECTOR AND PERFORMER/ DRAMATURGO, DIRECTOR Y PERFORMER Malicho Vaca Valenzuela

REPRESENTANTE E ASSISTENTE DE DIREÇÃO/ REPRESENTATIVE AND ASSISTANT MANAGER/ REPRESENTANTE Y ASISTENTE DE DIRECCIÓN Ébana Garín Coronel

PRODUÇÃO NO BRASIL/ PRODUCTION IN BRAZIL/ PRODUCCIÓN EN BRASIL

Difusa Fronteira

Felipe França

Gonzalez

Nina Souza

118
14
FOTOS/PHOTO: MALICHO VACA VALENZUELA

O advento da pandemia do novo coronavírus levou as artes cênicas, vinculadas à presença, a desvendar outras formas de presencialidade. No primeiro ano das recomendações sanitárias para o isolamento social, em 2020, o ator e diretor chileno Malicho Vaca Valenzuela buscou estratégias possíveis em plataformas digitais – como seus pares ao redor do mundo.

“Chile, Santiago, depois da Cordilheira, do outro lado, no fim do mundo, aí está minha casa” – era assim que o artista introduzia a plateia que o acompanhava em videoconferência por meio do aplicativo Zoom. No MIRADA, a apresentação será em formato presencial, numa atuação solo que aumenta a voltagem performativa da obra.

A partir de ferramentas de geolocalização, o artista concilia mergulhar em sua biografia e, ao mesmo tempo, na biografia da cidade de Santiago. Empreende um esforço para cartografar a memória recente e, ao mesmo tempo, as cicatrizes mais profundas.

Seu entendimento é de que a pesquisa resultou um ensaio documental biográfico com gradações do sensível, do político e do íntimo.

Como narrador de “Reminiscencia”, Valenzuela afirma que todo o conteúdo exibido não pertence realmente a si. Afinal, são imagens, ideias, fotografias e vídeos de familiares, por vezes amigos e sobretudo de pessoas anônimas, numa representação simbólica do potencial de conectividade na internet. “É o que eu gosto de chamar de uma colagem de memórias coletivas”, diz o artista sobre essa simbiose pública e pessoal. Além da “topografia emocional” com a capital chilena, o universo familiar ganha relevo a partir do convívio cotidiano com os avós, um músico e uma cantora com quem passa a quarentena.

O roteiro diz respeito tanto à história de amor dos avós, sendo ela há anos diagnosticada com Alzheimer, mas cujas lembranças para tangos e boleros não esmorecem, como também ao processo de apagamento da fisionomia urbana, com demolições na região central ou de higienização da Praça Italia, palco histórico das manifestações populares que transformaram os rumos do país, ontem e hoje.

COMPAÑÍA LE INSOLENTE TEATRE | CHILE

QUEM SÃO A COMPAÑÍA LE INSOLENTE TEATRE SURGE EM 2013 COM A ESTREIA DA OBRA “BOLERO DE ALMAS PERDIDAS” E É COMPOSTA DOS ATORES MALICHO VACA VALENZUELA E ÉBANA GARÍN. SEGUIRAM-SE AS MONTAGENS DE “LOS HOMBRES TRISTES”, “MONICA: EL TRUNCADO VUELO DE LA PALOMA”, “LAS COSAS QUE NUNCA DIJE”, “PARANOIA” E “REMINISCENCIA”, PREMIADA PELO CÍRCULO DE CRÍTICOS DE ARTE DO CHILE COMO MELHOR CRIAÇÃO ON-LINE DE 2020. NESSE CAMINHO, HÁ UM CRUZAMENTO CONSTANTE E VARIADO DE DISCIPLINAS ARTÍSTICAS COM NOÇÕES DE MEMÓRIA, CORPO, TERRITÓRIO E DISSIDÊNCIA.

119
REMINISCENCIA
PORTUGUÊS

WHO ARE THEY COMPAÑÍA LE INSOLENTE TEATRE

APPEARED IN 2013 WITH THE PREMIERE OF THE PLAY “BOLERO DE ALMAS PERDIDAS” AND IS COMPOSED OF ACTORS MALICHO VACA VALENZUELA AND ÉBANA GARÍN. THIS WAS FOLLOWED BY THE STAGING OF “LOS HOMBRES TRISTES”, “MONICA: EL TRUNCADO VUELO DE LA PALOMA”, “LAS COSAS QUE NUNCA DIJE”, “PARANOIA” AND “REMINISCENCIA”, AWARDED BY THE CHILEAN ART CRITICS CIRCLE AS THE BEST ONLINE CREATION OF 2020. ALONG THIS PATH, THERE IS A CONSTANT AND VARIED INTERSECTION OF ARTISTIC DISCIPLINES WITH NOTIONS OF MEMORY, BODY, TERRITORY AND DISSIDENCE.

The advent of the new coronavirus pandemic led the performing arts, linked to presence, to unveil other forms of presence. In the first year of the health recommendations for social distancing, in 2020, Chilean actor and director Malicho Vaca Valenzuela searched for possible strategies on digital platforms – like his peers around the world.

“Chile, Santiago, after the Cordillera, on the other side, at the end of the world, there is my home” –this was how the artist introduced the audience who accompanied him in videoconference through the Zoom application. At MIRADA, the presentation will be in person, in a solo performance that increases the performative voltage of the work.

Using geolocation tools, the artist manages to delve into his biography and, at the same time, into the biography of the city of Santiago. He makes an effort to map recent memory and, at the same time, the deepest scars.

His understanding is that the research resulted in a biographical documentary essay with sensitive, political, and intimate gradations.

As the narrator of “Reminiscencia,” Valenzuela claims that all the content displayed does not really belong to him. After all, they are images, ideas, photographs, and videos of family members, sometimes friends, and above all, anonymous people, in a symbolic representation of the internet connectivity potential. “It’s what I like to call a collage of collective memories,” says the artist about this public and personal symbio -

COMPAÑÍA LE INSOLENTE TEATRE | CHILE
REMINISCENCE

llevó las artes escénicas, vinculadas con la presencia,

aplicativo Zoom. En el festival MIRADA, la presentación será en formato presencial, en una actuación unipersonal que aumenta el voltaje de performance de la obra.

A partir de herramientas de geo-localización, el artista concilia sumergirse en su biografía y, al mismo tiempo, en la biografía de la ciudad de Santiago. Emprende un esfuerzo para cartografiar la memoria reciente y, al mismo tiempo, las cicatrices más profundas. Y entiende que la investigación lo llevó a crear un ensayo documental biográfico con graduaciones sobre lo sensible, lo político y lo íntimo.

Como narrador de “Reminiscencia”, Valenzuela afirma que todo el contenido exhibido realmente no le pertenece a sí mismo. Al final, son imágenes, ideas, fotografías y vídeos de familiares, a veces amigos, pero sobre todo de personas anónimas, en una representación simbólica del potencial de conectividad en internet. “Es lo que a mí me gusta llamar un collage de memorias colectivas”, dice el artista sobre esa simbiosis pública y personal. Además de la “topografía emocional” que mantiene con la capital chilena, el universo familiar adquiere relieve a partir de su convivencia cotidiana con los abuelos con quienes pasa la cuarentena: un músico y una cantora.

El guión trata tanto de la historia de amor de los abuelos, ella desde hace años diagnosticada con Alzheimer, pero cuyos recuerdos para tangos y boleros no decaen, como también al proceso de pérdida de la fisionomía urbana, con demoliciones en la región central o de higienización de la Plaza Italia, palco histórico de las manifestaciones populares que transformaron los rumbos del país, ayer y hoy.

QUIENES SON LA COMPAÑÍA LE INSOLENTE TEATRE SURGE EN 2013 CON EL ESTRENO DE LA OBRA “BOLERO DE ALMAS PERDIDAS” Y ESTÁ COMPUESTA POR LOS ACTORES MALICHO VACA VALENZUELA Y ÉBANA GARÍN. LUEGO LLEGARON

LOS MONTAJES DE “LOS HOMBRES TRISTES”, “MONICA: EL TRUNCADO VUELO DE LA PALOMA”, “LAS COSAS QUE NUNCA DIJE”, “PARANOIA” Y “REMINISCENCIA”, PREMIADA POR

“Chile, Santiago, detrás de la Cordillera de los Andes, del otro lado, en el fin do mundo, allí está mi casa” –

EL CÍRCULO DE CRÍTICOS DE ARTE DE CHILE COMO MEJOR CREACIÓN ON-LINE DE 2020. EN ESE CAMINO, HAY UN CRUCE CONSTANTE Y VARIADO DE DISCIPLINAS ARTÍSTICAS CON NOCIONES DE MEMORIA, CUERPO, TERRITORIO Y DISIDENCIA.

121 ENGLISH
COMPAÑÍA LE INSOLENTE TEATRE | CHILE
122 NOME DO ESPETÁCULO COMPANHIA | PAÍS ESPAÑOL
123 NOME DO ESPETÁCULO COMPANHIA | PAÍS ESPAÑOL COLÔMBIA / COLOMBIA / COLOMBIA

LA LUNA EN EL AMAZONAS MAPA TEATRO

COLÔMBIA | 66'

DIREÇÃO/DIRECTION/ DIRECCIÓN

Marco André Nunes

TEXTO/TEXT/GUIONISTA

Pedro Kosovski

ATORES/ACTORS/

ACTORES

Andrea Bak

Flávio Bauraqui

Hugo Germano

Matheus Macena

Muato

Ona Silva

Vilma Melo

DIREÇÃO DE FOTOGRAFIA/ PHOTOGRAPHY

DIRECTION/DIRECTOR DE FOTOGRAFÍA

Guilherme Tostes

DIREÇÃO MUSICAL/ MUSICAL DIRECTION/ DIRECTOR MUSICAL

Felipe Storino

DIREÇÃO DE ARTE/ART

DIRECTION/DIRECTOR DE ARTE

Bidi Bujnowski

Marco André Nunes

FIGURINO/COSTUMES/ VESTUARIO

Fernanda Garcia

ILUMINAÇÃO/ ILUMINACIÓN/LIGHTING

Renato Machado

ILUMINAÇÃO (PARTE 1)/LIGHTING (PART 1)/

ILUMINACIÓN (PARTE 1)

Guilherme Tostes EDIÇÃO/EDITION/ EDICIÓN

Acácia Lima

EDIÇÃO (PARTE 1)/

EDICIÓN (PARTE 1)/

13.09 TER 21H / 09.13 TUE 9 PM

14.09 QUA 22H / 09.14 WED 10 PM SESC SANTOS (TEATRO)

00.00 00H / 00.00 00PM

YOUTUBE@SESCSP

FOTOS/PHOTO: ROLF ABDERHALDEN 12

INSTAGRAM@SESCAOVIVO LIVRE/ALL AGES/LIBRE

APOIO/SUPPORT/SOPORTE:

FOQUISTA/FOCUS PULLER/CAMARÓGRAFO

Fabian Cantieri

Tiago Rios SOM DIRETO/DIRECT

SOUND/SONIDO DIRECTO

Francisco Bragança

EDIÇÃO DE SOM/SOUND

EDITION/EDICIÓN DE SONIDO

Acácia Lima

ASSISTENTE DE DIREÇÃO/ASSISTANT

ASSISTENTE DE FIGURINO/COSTUME

ASSISTANT/ASISTENTE DE VESTUARIO

Meira Luiz

Nathalia Ferraz

DESIGNER GRÁFICO/ GRAPHIC DESIGNER | DISEÑADOR GRÁFICO

Carolina Lavigne

Igor Gouveia

PRODUÇÃO

DIREÇÃO DE PRODUÇÃO/ PRODUCTION

DIRECTOR/DIRECTOR DE PRODUCCIÓN

Gabi Gonçalves

PRODUÇÃO/ PRODUCTION/ PRODUCCIÓN

CONCEPÇÃO E DIREÇÃO/CONCEPTION AND DIRECTION/CONCEPCIÓN Y DIRECCIÓN Heidi Abderhalden e Rolf Abderhalden DRAMATURGIA/DRAMATURGY/ DRAMATURGIA Heidi Abderhalden | Rolf Abderhalden | Aljosha Begrich COM PARTICIPAÇÃO DE/WITH THE PARTICIPATION OF/CON PARTICIPACIÓN DE Heidi Abderhalden | Agnes Brekke | Andrés Castañeda | Julián Díaz | Santiago Sepúlveda VOZ EM LÍNGUA ANDOQUE/VOICE IN THE ANDOQUE LANGUAGE/VOZ EN LENGUA ANDOQUE Levi Andoque VOZ EM LÍNGUA TICUNA/ VOICE IN THE TICUNA LANGUAGE/VOZ EN LENGUA TIKUNA Carla López CONVIDADO ESPECIAL/SPECIAL GUEST/CONVIDADO ESPECIAL Jorge Alirio Melo MÚSICA E DESENHO SONORO/MUSIC AND SOUND DESIGN/MÚSICA Y DISEÑO SONORO Juan Ernesto Díaz ILUMINAÇÃO/ LIGHTING/ILUMINACIÓN Mathias Roche ILUMINAÇÃO NO BRASIL/ LIGHTING IN BRASIL/ILUMINACIÓN EN BRASIL Grissel Piguillem TÉCNICA DE ILUMINAÇÃO/LIGHTING TECHNICIAN/TÉCNICA DE ILUMINACIÓN Patricia Savoy e Kuka Batista PROJETO VISUAL E CENOGRÁFICO/VISUAL AND SCENOGRAPHIC PROJECT/PROYECTO VISUAL Y ESCENOGRÁFICO Rolf Abderhalden FIGURINO/ COSTUMES/VESTUARIO Elizabeth Abderhalden DESENHO DE OBJETOS/DESIGN OF OBJECTS/DISEÑO DE OBJETOS Jose Ignacio Rincón | Santiago Sepúlveda CÂMERA/CAMERA/CÁMARA Javier Hernández | Fausto Díaz | Mónica Torregrosa EDIÇÃO DE VÍDEO/VIDEO EDITING/ EDICIÓN DE VÍDEO Heidi Abderhalden | Fausto Díaz | John de los Ríos | Ximena Vargas VERSÃO DO TEXTO EM PORTUGUÊS/PORTUGUESE TEXT VERSION/VERSIÓN DE TEXTO EN PORTUGUÉS Beatriz Sayad VÍDEO AO VIVO/LIVE VIDEO/VÍDEO EN VIVO Ximena Vargas COORDENADOR TÉCNICO DE VÍDEO E SOM/TECHNICAL VIDEO AND SOUND COORDINATOR/COORDINADOR TÉCNICO DE VIDEO Y SONIDO Rodrigo Gava Rodrigues TÉCNICO DE VÍDEO/VIDEO TECHNICIAN/TÉCNICO DE VÍDEO Rodrigo Caldeira TÉCNICO DE SOM/SOUND TECHNICIAN/TÉCNICO DE SONIDO Randal Juliano GERENTE DE PALCO/STAGE MANAGER/GERENTE DE PALCO Santiago Sepúlveda CENOTÉCNICOS E TÉCNICOS DE PALCO/STAGE TECHNICIANS AND TECHNICIANS/CENOTÉCNICOS E TÉCNICOS DE PALCO Wanderley Wagner da Silva | Fernando Zimolo | Rafael Alcantara | Enrique Casas CENOTÉCNICOS DE MONTAGEM E DESMONTAGEM/ASSEMBLY AND DISASSEMBLY TECHNICIANS/CENOTÉCNICOS DE MONTAJE Y DESMONTAJE Adriano Barbosa da Silva e Normando da Silva Junior CAMAREIRA ROOM MAID/CAMARERA Jamile DIREÇÃO TÉCNICA NA COLÔMBIA/TECHNICAL DIRECTION IN COLOMBIA/ DIRECCIÓN TÉCNICA EN COLOMBIA Jose Ignacio Rincón DIREÇÃO TÉCNICA NO BRASIL TECHNICAL DIRECTION IN BRAZIL/DIRECCIÓN TÉCNICA EN BRASIL Julio Cesarini PRODUÇÃO/PRODUCTION/ PRODUCCIÓN Mapa Teatro | José Ignacio Rincón | Ximena Vargas DIREÇÃO DE PRODUÇÃO NO BRASIL/ PRODUCTION MANAGEMENT IN BRAZIL/DIRECCIÓN DE LA PRODUCCIÓN EN BRASIL Andrea Caruso Saturnino | Ricardo Muniz Fernandes ADMINISTRAÇÃO/ ADMINISTRATION/ADMINISTRACIÓN Letícia Fernandes APOIO/SUPPORT/APOYO Iberescena | Foundation for Arts Initiatives Ffai EM COPRODUÇÃO/COPRODUCTION/ CO-PRODUCCIÓN Ruhrtriennale | Mousonturm | Culturescapes | Le Phénix Scène Nationale | Next Festival | Théâtre de la Ville | Paris Festival d’Automne

EDITION (PARTE 1)

DIRECTION/ASISTENTE DE DIRECCIÓN

EXECUTIVA/EXECUTIVE PRODUCTION/ PRODUCTORES

Corpo Rastreado REALIZAÇÃO/ EXECUTION | REALIZACIÓN

Aquela Cia. de Teatro

AGRADECIMENTOS ESPECIAIS/ SPECIAL THANKS/AGRADECIMIENTOS ESPECIALES David Lapoujade | José Antonio Sánchez | Apitachtpong Weerazethakul | Daniel Giménez Cacho | Tilda Swinton | Roberto Franco (in memoriam), Germán Castro Caycedo (in memoriam) e Goethe-Institut Kolumbien

Carolina Lavigne

Isabela Raposo

Diego Ávila

EJECUTIVOS

Cuca Dias

Júlia Andrade

COMPANHIA. PAÍS | XX'
NOME DO ESPETÁCULO
@NOMEDACOMPANHIA FACEBOOK.COM/NOMEDACOMPANHIA 124

A maior floresta tropical do mundo está no centro da obra. A narrativa se passa em grande parte no Amazonas colombiano, de onde, em 2019, foi noticiada a existência de comunidades indígenas em isolamento por autodeterminação.

Mapa Teatro se viu atraído pelo ato de resistência secular dos povos originários. Sua proposta é rastrear e ficcionalizar os indícios daquela reportagem. Para tanto, são colhidos relatos de xamãs, antropólogos e narrações de testemunhos que oferecem algumas evidências indiretas.

As escalas do documental e da imagética alcançam o satélite natural da Terra. A primeira vez que o homem pisou na lua, em 1969, serve à dramaturgia de forma nada convencional. Assim como o filme “Memoria” (2021), do diretor tailandês Apichatpong Weerasethakul, rodado na Colômbia, inserido por meio da participação de dois atores do longa.

O trabalho realiza essa busca pela existência de refúgios indígenas da mesma maneira que físicos quânticos rastreiam as partículas que compõem o universo ou que astrônomos tentam determinar a existência de planetas em outras galáxias: ante a impossibilidade de percebê-los diretamente, dirigem o olhar às forças e vibrações que estes imprimem no espaço que os cerca.

Em 2020, porém, o projeto foi impactado pela pandemia. Nos meses de confinamento, integrantes do

coletivo experimentaram em seus corpos estranhas percepções, como o aparecimento de uma terceira perna, o toque de uma fera, o som de uma flecha, a presença de uma fronteira e a ameaça de proximidade. Apesar de coincidentes, as estratégias de sobrevivência impostas pela covid-19 se mostraram muito distantes daquelas praticadas na resistência indígena ante a política de morte e racialização no território transamazônico.

“É possível que, nestas circunstâncias, nossa busca seja então permitir que os isolados tomem nosso sonho para que experimentemos a possibilidade de um novo modo de existência e de uma outra maneira de resistir?”, questionam os criadores.

O espetáculo mergulha na selva e em sonhos devorados fundindo atores às imagens de uma tela inteiriça e giratória que dá um caráter tridimensional à ação.

QUEM SÃO MAPA TEATRO É UM LABORATÓRIO DE ARTISTAS DEDICADO À CRIAÇÃO TRANSDISCIPLINAR. SEDIADO EM BOGOTÁ DESDE 1986, FOI FUNDADO EM PARIS, EM 1984, POR HEIDI, ELIZABETH E ROLF ABDERHALDEN, ARTISTAS VISUAIS E CÊNICOS COLOMBIANOS. TRAÇA SUA PRÓPRIA CARTOGRAFIA NO ÂMBITO DAS “ARTES VIVAS”, UM ESPAÇO PROPÍCIO À TRANSGRESSÃO DE FRONTEIRAS – GEOGRÁFICAS, LINGUÍSTICAS, ARTÍSTICAS – E PARA ENCENAR PERGUNTAS LOCAIS E GLOBAIS ATRAVÉS DE DISTINTAS OPERAÇÕES DE “PENSAMENTO-MONTAGEM”.

125
A LUA NA AMAZÔNIA PORTUGUÊS MAPA TEATRO | COLÔMBIA

The world’s largest rainforest is at the center of the work. The narrative is mainly in the Colombian Amazon, where in 2019, the existence of indigenous communities in isolation by self-determination was reported.

Mapa Teatro was attracted by the secular resistance of the native peoples. Its proposal is to track and fictionalize the evidence of that report. To this end, reports from shamans, anthropologists, and eyewitnesses that offer some indirect evidence are collected.

The documentary and imagery scales reach the Earth’s natural satellite. The first time that man set foot on the moon, in 1969, unconventionally served dramaturgy. Just like the film “Memoria” (2021), by the Thai director Apichatpong Weerasethakul, shot in Colombia, inserted through the participation of two actors in the feature.

The work searches for the existence of indigenous shelters in the same way that quantum physicists track the particles that make up the universe or that astronomers try to determine the existence of planets in other galaxies. Facing the impossibility of perceiving them directly, they direct their gaze to the forces and vibrations they imprint on the space surrounding them.

In 2020, however, the project was impacted by the pandemic. During the months of social distancing, the members of the collective experienced strange perceptions in their bodies, such as the appearance

of a third leg, the touch of a beast, the sound of an arrow, the presence of a border, and the threat of proximity. Although coincident, the survival strategies imposed by Covid-19 proved to be very distant from those practiced in indigenous resistance to the policy of death and racialization in the trans-Amazonian territory.

“Is it possible that, in these circumstances, our quest is then to allow the isolated to take our dream so that we can experience the possibility of a new way of existence and another way of resisting?” ask the creators.

The show delves into the jungle and devoured dreams, fusing actors with the images of an integral and rotating screen that gives a three-dimensional character to the action.

WHO ARE THEY MAPA TEATRO IS AN ARTISTS’ LABORATORY DEDICATED TO TRANSDISCIPLINARY CREATION. BASED IN BOGOTÁ SINCE 1986, IT WAS FOUNDED IN PARIS IN 1984 BY HEIDI, ELIZABETH, AND ROLF ABDERHALDEN, COLOMBIAN VISUAL AND SCENIC ARTISTS. IT TRACES ITS OWN CARTOGRAPHY WITHIN THE SCOPE OF THE “LIVING ARTS,” A SPACE CONDUCIVE TO THE TRANSGRESSION OF BORDERS – GEOGRAPHICAL, LINGUISTIC, ARTISTIC – AND TO STAGING LOCAL AND GLOBAL QUESTIONS THROUGH DIFFERENT OPERATIONS OF “THOUGHT-STAGECRAFT.”

126
THE MOON IN THE AMAZON ENGLISH
MAPA TEATRO | COLOMBIA

La mayor floresta tropical del mundo está en el centro de la obra. La narrativa transcurre durante gran parte en el Amazonas colombiano, donde en 2019 fuera informado que hay comunidades indígenas en aislamiento por autodeterminación.

Mapa Teatro se sintió atraído por ese acto de resistencia secular de los pueblos originarios. Su propuesta es rastrear y transformar en ficción los indicios de ese reportaje. Para ello, recopilaron relatos de chamanes, antropólogos y narraciones de testimonios que ofrecen algunas evidencias indirectas.

Las escalas del documental y de su conjunto de imágenes alcanzan al satélite natural de la Tierra. La primera vez que el hombre pisó la Luna en 1969, sirve a la dramaturgia de forma nada convencional. Así como la película “Memoria” (2021) del director tailandés Apichatpong Weerasethakul, rodada en Colombia, inserida a través de la participación de dos atores del largo metraje.

El trabajo realiza esa búsqueda de refugios indígenas de la misma manera que físicos cuánticos rastrean las partículas que componen el universo, o que astrónomos intentan determinar la existencia de planetas en otras galaxias: ante la imposibilidad de percibirlos directamente, dirigen sus miradas hacia las fuerzas y vibraciones que estos imprimen en el espacio que los rodea.

Pero en 2020, el proyecto fue impactado por la pandemia. Durante los meses de confinamiento, integrantes del colectivo experimentaron en sus cuerpos extrañas percepciones, como el aparecimiento de una tercera pierna, o el toque de una fiera, el silbido de una flecha, la presencia de una frontera y la amenaza de proximidad. A pesar de coincidentes, las estrategias de sobrevivencia impuestas por el covid-19 se mostraron muy distantes de las practicadas en la resistencia indígena ante la política de muerte y proceso de identificación racial en territorio trans-amazónico.

“Es posible que en estas circunstancias, nuestra búsqueda se dirija entonces a permitir que los aislados tomen nuestro sueño, ¿y experimenten la posibilidad de un nuevo modo de existencia y otra manera de resistir?”, cuestionan los creadores.

El espectáculo penetra en la selva y en sueños devorados fundiendo a los actores con imágenes de una pantalla enteriza y giratoria que da a la acción un carácter tridimensional.

QUIENES SON MAPA TEATRO ES UN LABORATORIO DE ARTISTAS DEDICADO A LA CREACIÓN TRANSDISCIPLINARIA. CON SEDE EN BOGOTÁ DESDE 1986, FUE FUNDADO EN PARÍS EN 1984, POR HEIDI, ELIZABETH Y ROLF ABDERHALDEN, ARTISTAS VISUALES Y ESCÉNICOS COLOMBIANOS. TRAZA SU PROPIA CARTOGRAFÍA EN EL ÁMBITO DE LAS “ARTES VIVAS”, UN ESPACIO PROPICIO A LA TRANSGRESIÓN DE FRONTERAS – GEOGRÁFICAS, LINGÜÍSTICAS Y ARTÍSTICAS – Y A LA PUESTA EN ESCENA DE PREGUNTAS LOCALES Y GLOBALES A TRAVÉS DE DISTINTAS OPERACIONES DE “PENSAMIENTO Y MONTAJE”.

127
LA LUNA EN EL AMAZONAS ESPAÑOL MAPA TEATRO | COLOMBIA
128 NOME DO ESPETÁCULO COMPANHIA | PAÍS ESPAÑOL
129 NOME DO ESPETÁCULO COMPANHIA | PAÍS ESPAÑOL
CUBA / CUBA / CUBA

Peça de teatro documental contemporâneo, “BaqueStriBois” parte de uma investigação a um só tempo antropológica, social e artística acerca da prostituição masculina gay e das masculinidades dissidentes em Cuba. A pesquisa teve início em 2015, ainda que o dramaturgo e diretor José Ramón Hernández trabalhasse sobre os temas havia anos.

A aproximação do fenômeno se deu a partir do contato direto com clientes, michês fixos e avulsos, arrendatários de locais de encontro, policiais e advogados, além da leitura de estudos sobre a atividade realizada em território cubano e em outros países, já que se trata de uma realidade global.

No entanto, a obra não expõe os achados da investigação sob uma perspectiva sociológica. Antes, foca no aspecto sensível: na violência e erotismo dos corpos, nas masculinidades que são empoderadas ou subvertidas na relação entre o espectador e seu olhar.

Segundo a dramaturgista e pesquisadora Yohayna Hernández, a criação trabalha a fisicalidade ao limite. O corpo do ator como zona de risco.

Uma paisagem cênica é construída conforme as operações que os próprios atores fazem com seus corpos e outros materiais. A visualidade combina a aspereza, a força bruta e a precariedade de algumas das intervenções. A exemplo da chuva de pedras que cai sobre o corpo de um atuante, da rispidez do treinamento militar e do corpo submetido a golpes, maus tratos e humilhação.

Redimensiona-se ainda o erotismo, a sensualidade e a fragilidade, como no corpo que dança merengue e apaga uma masculinidade hegemônica, inscrevendo outro corpo na pele. Ou no corpo lúdico que encontra prazer em colidir com outros corpos.

Na dramaturgia, a presença e a mutabilidade corporais se alternam com a irrupção de outras vozes. Um advogado, uma drag queen, duas transexuais, um cliente e dois prostitutos compartilham experiências de vida, conexões e pontos de vista em voz off, vídeo ou fisicamente. A essas camadas sobrepõe-se uma atmosfera sonora e visual que recria os espaços de Havana por onde passam esses corpos e histórias.

QUEM SÃO OSIKÁN – VIVERO DE CREACIÓN CONJUGA PESQUISA E AÇÃO NO CONVÍVIO DE ARTISTAS, ESPECIALISTAS, ATIVISTAS E COMUNIDADES. IMAGINA ESTRATÉGIAS DO SENSÍVEL PARA POTENCIALIZAR DIÁLOGOS CRÍTICOS, REPARAR FERIDAS SOCIAIS EM CONTEXTOS DE VIDA E TRABALHO NA ATUALIDADE. FUNDADA EM 2014 POR JOSÉ RAMÓN HERNÁNDEZ (1988), ARTISTA INTERDISCIPLINAR AFRO-CUBANO, DOCENTE E GESTOR CULTURAL. “BAQUESTRIBOIS” (2016) FECHA A TRILOGIA DA AUSÊNCIA, SUCEDENDO A “FAMILY TRASH, COREOGRAFÍA DE LA AUSENCIA” (2015) E “ALEJA TUS HIJOS DEL ALCOHOL, UN KARAOKE ESCÉNICO” (2014).

131 PORTUGUÊS
BAQUESTRIBOIS
OSIKÁN – VIVERO DE CREACIÓN | CUBA

A contemporary documentary theater play, “BaqueStriBois” is part of an anthropological, social, and artistic investigation into gay male prostitution and dissident masculinities in Cuba. The research began in 2015, even though playwright and director José Ramón Hernández had been working on the themes for years.

The phenomenon was approached through direct contact with clients, fixed and independent hustlers, renters of meeting places, police officers, and lawyers, and the reading of studies on the activity carried out in Cuba and other countries since it is a global reality.

However, the work does not present the research findings from a sociological perspective. Instead, it focuses on the sensitive aspect: the violence and eroticism of the bodies and the masculinities that are empowered or subverted in the relationship between the spectator and their gaze.

According to playwright and researcher Yohayna Hernández, creation works physicality to its limit. The actor’s body as a risk zone.

A scenic landscape is built according to the actors’ operations with their bodies and other materials. The visuality combines some of the interventions’ roughness, brute force, and precariousness, like the rain of stones that fall on an actor’s body, the harshness of military training, and the body subjected to blows and mistreatment and humiliation.

Eroticism, sensuality, and fragility are also resized, as in the body that dances merengue and erases the hegemonic masculinity, inscribing another body onto the skin. Or in the playful body that finds pleasure in colliding with other bodies.

In the performance, bodily presence and mutability alternate with the irruption of other voices. A lawyer, a drag queen, two transsexuals, a client, and two prostitutes share life experiences, connections, and points of view in voice-over, video, or physically. A sound and a visual atmosphere are superimposed on these layers that recreate the spaces of Havana where these bodies and stories pass.

WHO ARE THEY OSIKÁN – VIVERO DE CREACIÓN COMBINES RESEARCH AND ACTION TO COEXIST WITH ARTISTS, SPECIALISTS, ACTIVISTS, AND COMMUNITIES. IT IMAGINES SENSIBLE STRATEGIES TO ENHANCE CRITICAL DIALOGUES AND REPAIR SOCIAL WOUNDS IN CURRENT LIFE AND WORK CONTEXTS. FOUNDED IN 2014 BY JOSÉ RAMÓN HERNÁNDEZ (1988), AN AFRO-CUBAN INTERDISCIPLINARY ARTIST, TEACHER, AND CULTURAL MANAGER. “BAQUESTRIBOIS” (2016) CLOSES THE ABSENCE TRILOGY, SUCCEEDING “FAMILY TRASH, COREOGRAFÍA DE LA AUSENCIA” (2015) AND “ALEJA TUS HIJOS DEL ALCOHOL, UN KARAOKE ESCÉNICO” (2014).

132 ENGLISH
BAQUESTRIBOIS
OSIKÁN – VIVERO DE CREACIÓN | CUBA

BAQUESTRIBOIS

Esta pieza de teatro documental contemporáneo, “BaqueStriBois” parte de una investigación que es a un mismo tiempo antropológica, social y artística sobre la prostitución masculina gay y las masculinidades disidentes en Cuba. La investigación se inició en 2015, no obstante el dramaturgo y director José Ramón Hernández trabajase en esos temas desde hacía años.

La aproximación del fenómeno se dio a partir del contacto directo con clientes, profesionales regulares y ocasionales, arrendatarios de locales de encuentros, policías y abogados, además de una lectura de estudios sobre la actividad realizada en territorio cubano y en otros países, pues se trata de una realidad global.

La obra, sin embargo, no expone los resultados de la investigación desde una perspectiva sociológica. En lugar de eso, la enfoca en un aspecto sensible: el de la violencia y el erotismo de los cuerpos, en las masculinidades que son empoderadas o subvertidas en la relación entre el espectador y su visión.

Según la dramaturga e investigadora Yohayna Hernández, la creación trabaja el aspecto físico hasta sus límites. El cuerpo del actor como zona de riesgo.

Un paisaje montado en escena es construido de acuerdo a las operaciones que los propios atores hacen con sus cuerpos y otros materiales. Lo visual combina aspereza, fuerza bruta y la precariedad de algunas de las intervenciones. Por ejemplo, la lluvia de piedras que cae sobre el cuerpo de un actor, la ris-

pidez del entrenamiento militar y el cuerpo sometido a golpes, malos tratos y humillación.

Además, se da una nueva dimensión al erotismo, a la sensualidad y a la fragilidad, como en el cuerpo que danza un ritmo merengue y se distancia de una masculinidad hegemónica, inscribiendo otro cuerpo en la piel. O en el cuerpo lúdico que encuentra placer en chocar con otros cuerpos.

En la dramaturgia, la presencia y mutabilidad corporales se alternan con la irrupción de otras voces. Un abogado, una drag queen, dos transexuales, un cliente y dos prostitutos comparten experiencias de vida, conexiones y puntos de vista en off, en vídeo o físicamente. A esas capas se sobrepone una atmósfera sonora y visual que recrea los espacios de La Habana por donde pasan esos cuerpos e historias.

QUIENES SON OSIKÁN – VIVERO DE CREACIÓN COMBINA INVESTIGACIÓN Y ACCIÓN EN LA CONVIVENCIA DE ARTISTAS, ESPECIALISTAS, ACTIVISTAS Y COMUNIDADES. IMAGINA ESTRATEGIAS DE LO SENSIBLE PARA POTENCIALIZAR DIÁLOGOS CRÍTICOS, REPARAR HERIDAS SOCIALES EN CONTEXTOS DE VIDA Y TRABAJO EN LA ACTUALIDAD.

FUNDADA EN 2014 POR JOSÉ RAMÓN HERNÁNDEZ (1988), ARTISTA INTERDISCIPLINARIO AFRO-CUBANO, DOCENTE Y GESTOR CULTURAL. “BAQUESTRIBOIS” (2016) CIERRA LA TRILOGÍA DE LA AUSENCIA, QUE SUCEDE A “FAMILY TRASH, COREOGRAFÍA DE LA AUSENCIA” (2015) Y “ALEJA TUS HIJOS DEL ALCOHOL, UN KARAOKE ESCÉNICO” (2014).

133 ESPAÑOL
OSIKÁN – VIVERO DE CREACIÓN | CUBA
134 NOME DO ESPETÁCULO COMPANHIA | PAÍS ESPAÑOL

EQUADOR / ECUADOR / ECUADOR

135 NOME DO ESPETÁCULO COMPANHIA | PAÍS ESPAÑOL

QUIMERA GRUPO DE TEATRO LA TRINCHERA

DRAMATURGIA E DIREÇÃO/DRAMATURGY AND DIRECTION/ DRAMATURGIA Y DIRECCIÓN NIXON

Nixon García

Sabando ELENCO/CASTING/ ELENCO

Rocío Reyes Macías

Freddy Reyes

Macías

Pablo Chávez

Zambrano

Hernán Reyes Parrales

ASSESSORIA E COMPOSIÇÃO MUSICAL/ ASSISTANCE AND MUSICAL COMPOSITION/ ASESORÍA Y COMPOSICIÓN MUSICAL

Rainer Christian

Rosenbaum

DESIGN DE LUZ/LIGHT DESIGN/DISEÑO DE ILUMINACIÓN

Hernán Reyes P.

FIGURINO/COSTUMES/ VESTUARIO

José Rosales

CENOGRAFIA/ SCENOGRAPHY/ ESCENOGRAFÍA

José Rosales

La Trinchera ADEREÇOS/ ADORNMENTS/ ADEREZOS

Cesar Pilay

La Trinchera

OPERADORA DE SOM/ SOUND OPERATOR/ OPERADORA DE SONIDO

Angélica Reyes P.

OPERADOR DE LUZ/ LIGHT OPERATOR/ OPERADOR DE ILUMINACIÓN

Gerson Guerra

FOTOGRAFIA/ PHOTOGRAPHY/ FOTOGRAFÍA

Leiberg Santos

PRODUÇÃO NO BRASIL / PRODUCTION IN BRAZIL / PRODUCCIÓN EN BRASIL

Circus produçõesGuto Ruocco

e Caroline Zitto

EQUADOR | 60' 136 11.09 DOM 18H / 09.11 SUN 6 PM 12.09 SEG 20H / 09.12 MON 8 PM CASA DA FRONTARIA AZULEJADA 12
FOTOS/PHOTO: LEIBERG SANTOS

O geógrafo baiano Milton Santos (1926-2001) possuía uma visão de mundo de absoluta confiança na humanidade e, muito especialmente, “nos homens pobres e lentos do planeta”, como costumava dizer e escrever, segundo lembra a professora Maria Adélia Aparecida de Souza (USP).

No texto “O Retorno do Território” (1994), Santos pondera que “aquela máxima do direito romano, ubis pedis ibi patria (onde estão os pés aí está a pátria), hoje perde ou muda seu significado. Por isso também o direito local e o direito internacional estão se transformando, para reconhecer naqueles que não nasceram num lugar o direito de também intervir na vida política desse lugar”.

Em “QUIMERA”, o grupo equatoriano La Trinchera propõe uma moldura fabular para pensar noções de pátria, como aquela que supõe salientar o território nacional. O conflito fictício e microscópico desenhado pelo dramaturgo e diretor Nixon García Sabando permite dimensionar a história universal por dizer respeito à geopolítica da guerra e da violência, ainda que não se derrame um pingo de sangue cênico.

Em algum tempo ou espaço, dois soldados fronteiriços se encontram fortuitamente numa manhã, após deixarem os respectivos postos de vigilância e notarem que a demarcação da faixa limítrofe daquelas terras simplesmente desapareceu. Desconfiados e armados, movimentam-se de forma simétrica, cada

qual nos respectivos lados do palco, um país à esquerda e outro à direita. Até que se aproximam e se tocam. O susto os desarma para a prosa.

Partilham de profunda solidão, já que há anos não viam e não falavam com ninguém, condicionados apenas ao dever de defenderem-se contra inimigos.

O repentino aparecimento de dois artistas ambulantes, uma sábia e um jovem, abre uma brecha para o controle de acesso a imigrantes. A dupla entretém os homens fardados com evoluções circenses e musicais, mas logo será lembrada de que precisa apresentar um passaporte para ficar ali ou partir. Afinal, ela veio de Quimera, lugar que, como a ilusão, pede imaginá-lo para que exista.

O hino e a bandeira parecem ter perdido significado para os esquecidos guardas da linha divisória. E o Narrador, à espreita, canta o sentimento de pertencer: “Qual é o Norte, qual é o Sul, qual a fronteira entre a sombra e a luz? Qual Quimera um dia habitei?”.

QUEM SÃO CRIADO EM 1982, NA CIDADE PORTUÁRIA DE MANTA, ESTADO DE MANABÍ, NO EQUADOR, O GRUPO DE TEATRO LA TRINCHERA PASSA A CONTAR COM APOIO DA UNIVERSIDAD LAICA ELOY ALFARO EM 1985. TRÊS ANOS DEPOIS, CRIA O FESTIVAL INTERNACIONAL DE TEATRO DE MANTA EM PARCERIA COM A INSTITUIÇÃO. EM 1996, ABRE SUA ESCOLA DE TEATRO PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES.

137 QUIMERA GRUPO DE TEATRO LA TRINCHERA | EQUADOR PORTUGUÊS

The Bahian geographer Milton Santos (1926-2001) had a world view of absolute trust in humanity and, especially, “in the poor and slow men of the planet,” as he used to say and write, as professor Maria Adélia Aparecida de Souza (USP) recalls.

In the text “O Retorno do Território” (1994), Santos considers that “that motto of Roman law, ubis pedis ibi patria (where your feet are, there is the homeland), today loses or changes its meaning. That is why local law and international law are also being transformed, to recognize in those who were not born in a place the right to also intervene in the political life of that place”.

In “QUIMERA” the Ecuadorian group La Trinchera proposes a fabled framework for thinking about notions of homeland, such as the one that supposes to emphasize the national territory. The fictional and microscopic conflict designed by the playwright and director Nixon García Sabando allows the dimensioning of universal history as it concerns the geopolitics of war and violence, even if not an iota of scenic blood is spilled.

In some time or space, two border soldiers meet by chance one morning after leaving their respective sur-

veillance posts and noticing that the demarcation of the border strip of those lands has simply disappeared. Suspicious and armed, they move symmetrically, each on their respective sides of the stage, one country on the left and the other on the right. Until they approach and touch. Fright disarms them for prose.

They share deep loneliness, as they haven’t seen or spoken to anyone for years, conditioned only to the duty of defending themselves against enemies.

The sudden appearance of two traveling artists, a wise woman and a young man, opens a breach for the control of access to immigrants. The duo entertains the men in uniform with circus and musical developments. Still, they will soon be reminded that they need to present a passport to stay or leave. After all, they came from Chimera, a place that, like an illusion, asks to imagine it so that it exists.

The anthem and the flag seem to have lost meaning for the forgotten guards on the dividing line. And the Narrator, lurking, sings the feeling of belonging: “Which is the North, which is the South, what is the border between shadow and light? Which Chimera did I once inhabit?”.

WHO ARE THEY CREATED IN 1982, IN THE PORT CITY OF MANTA, IN THE STATE OF MANABÍ, ECUADOR, GRUPO DE TEATRO LA TRINCHERA BEGAN TO COUNT ON THE SUPPORT OF THE UNIVERSIDAD LAICA ELOY ALFARO IN 1985. THREE YEARS LATER, THEY CREATED THE MANTA INTERNATIONAL THEATER FESTIVAL IN PARTNERSHIP WITH THE INSTITUTION. IN 1996, THEY OPENED THEIR THEATER SCHOOL FOR CHILDREN AND TEENAGERS.

138 CHIMERA GRUPO DE TEATRO LA TRINCHERA | ECUADOR ENGLISH

El geógrafo bahiano Milton Santos (1926-2001) tenía una visión del mundo que era de absoluta confianza en la humanidad y, muy especialmente, “en los hombres pobres y lentos del planeta”, como solía decir y escribir, según recuerda la profesora Maria Adélia Aparecida de Souza (USP).

En su texto “O Retorno do Território” (1994) - El retorno del territorio -, Santos pondera que “esa máxima del derecho romano, ubis pedis ibi patria (donde están los pies allí está la patria), actualmente perdió o cambió su significado. Por eso los derechos nacional e internacional también se transforman, para reconocer en aquellos que no nacieron en un lugar el derecho de igualmente poder intervenir en la vida política de ese lugar”.

En “QUIMERA”, el grupo ecuatoriano La Trinchera propone una moldura fabular para pensar nociones de patria, como por ejemplo la que supone destacar el territorio nacional. El conflicto ficticio y microscópico diseñado por el dramaturgo y director Nixon García Sabando permite dar dimensión a la historia universal, al referirse a la geopolítica de la guerra y de la violencia, aunque no se derrame una gota de sangre en la escena.

En algún tiempo o espacio, dos soldados de frontera se encuentran fortuitamente una mañana, después

de haber dejado sus respectivos puestos de vigilancia y notado que la demarcación del límite de aquellas tierras simplemente desapareció. Desconfiados y armados, se mueven de manera simétrica, cada cual en los respectivos lados del escenario, un país a la izquierda y otro a la derecha. Hasta que se aproximan y se tocan. El susto los desarma para la prosa.

Comparten una profunda soledad, pues hace años que no veían ni hablaban con nadie, solamente condicionados al deber de defenderse contra enemigos.

El repentino aparecimiento de dos artistas ambulantes, una sabia y un joven, abre una brecha al control de acceso de inmigrantes. El dúo entretiene a los hombres de uniforme con evoluciones circenses y musicales, pero enseguida se les recordará que no necesitan presentar un pasaporte para quedarse allí, o partir. Al final, ella vino de Quimera, un lugar que como la ilusión, hay que imaginarlo para que exista.

El himno y la bandera parecen haber perdido significado para esos olvidados soldados de la línea fronteriza. Y el Narrador, al acecho, canta sobre el sentimiento de pertenecer: “¿Cuál es el Norte, cuál es el Sur, cuál es la frontera entre la sombra y la luz? ¿En cuál Quimera viví un día?”.

QUIENES SON CREADO EN 1982 EN ECUADOR, EN LA CIUDAD PORTUARIA DE MANTA, ESTADO DE MANABÍ, EL GRUPO DE TEATRO LA TRINCHERA RECIBE EN 1985 EL APOYO DE LA UNIVERSIDAD LAICA ELOY ALFARO. TRES AÑOS DESPUÉS, CREA EL FESTIVAL INTERNACIONAL DE TEATRO DE MANTA EN ASOCIACIÓN CON LA INSTITUCIÓN. EN 1996 ABRE SU ESCUELA DE TEATRO PARA NIÑOS Y ADOLESCENTES.

139 QUIMERA GRUPO DE TEATRO LA TRINCHERA | ECUADOR ESPAÑOL
ESPANHA
/ ESPAÑA
/ SPAIN

…I LES IDEES VOLEN ANIMAL RELIGION

ESPANHA (CATALUNHA) | 35'

AUTORIA / AUTHORSHIP

Quim Girón

Joana Serra

Joan Cot

MÚSICA E ESPAÇO

SONORO / MUSIC AND SOUND SPACE / MÚSICA Y ESPACIO SONORO

Joan Cot Ros

DESIGN E ESPAÇO DE ILUMINAÇÃO / DESIGN AND LIGHTING SPACE / DISEÑO Y ESPACIO DE ILUMINACIÓN

Joana Serra

INTERPRETAÇÃO E MOVIMENTO / INTERPRETATION AND MOVEMENT / INTERPRETACIÓN Y MOVIMIENTO

Quim Girón PRODUÇÃO ADMINISTRATIVA / ADMINISTRATIVE PRODUCTION / PRODUCCIÓN ADMINISTRATIVA El Climamola

PRODUÇÃO EM TURNÊ / TOURING PRODUCTION / PRODUCCIÓN EN TOURNÉ

Jaume Nieto

PRODUÇÃO NO BRASIL / PRODUCTION IN BRAZIL / PRODUCCIÓN EN BRASIL

Adryela RodriguesSendero Cultural

17.09 SÁB 11H E 17H /

09.17 SAT 11 AM AND 5 PM

18.09 DOM 11H * E 17H /

09.18 SUN 11 AM AND 5 PM

SESC SANTOS (AUDITÓRIO)

*"Olá, mãos e pés" - Sessão acessível para pessoas com Transtorno do Espectro Autista - TEA

FOTOS/PHOTOGRAPHY: TRISTAN PÉREZ MARTÍNLA CALDERA

COPRODUZIDO POR / COPRODUCED BY / CO-PRODUCIDO POR elPetit/laSala

Mercat de Les Flors COM O APOIO DO / WITH THE SUPPORT OF / CON EL APOYO DEL Departament de Cultura –Generalitat de Catalunya

ESPETÁCULO RECOMENDADO / RECOMMENDED SHOW / ESPECTÁCULO RECOMENDADO

Cuaderno de Espectáculos de Danza Recomendados de La Red 2020

SELECIONADO NO / SELECTED AT THE / SELECCIONADO EN EL Circuito Danza a Escena 2021

COMPANHIA | PAÍS
142
2

O despojamento e a inventividade que saltam desta experiência voltada para crianças, mas não só, dá notícias do campo expandido do circo e da dança contemporâneos. O espaço do picadeiro, território da diversidade por excelência, aqui é reconfigurado com o elogio do vazio a ser preenchido. E não apenas fisicamente, mas por meio do imaginário da audiência.

Delimitada no chão por uma fita luminosa, essa arena é habitada principalmente por Quim Girón, artista da companhia catalã Animal Religion, empenhado na interpretação e no movimento como recursos para um interagir sutilmente com a plateia mirim sentada no solo da sala multiúso.

Em dez quadros ou cenas, sua evolução lembra recursos da pantomima, a arte de representar emoções, atos e várias situações humanas somente por meio dos movimentos do corpo, dos gestos e dos passos. Também é possível identificar nuances de teatro físico ao construir formas por meio da jornada coletiva, invariavelmente sem falas.

Ao mesmo tempo em que pernas para o ar despertam ludicidade – o “plantar bananeira” –, o intérprete passa por diferentes posições e estados ao longo da sessão, o que, no conjunto, dá margem para o ato coreográfico. Tanto a habilidade não verbal como a corporeidade são aliadas à música, à luz e aos respectivos espaços sonoro e luminoso – com o trabalho de Joan Cot Ros e Joana Serra, respectivamente –,

alicerces de uma obra que adota a via da sensorialidade para enredar o público.

Não se conta uma história, convida-se a soltar as asas, desconfigurando o olhar e o pensamento dominados por telas na vida hiperconectada. A liberdade é de outra monta, inclusive para pais e responsáveis que se permitam valorizar a presença para fruir o encontro.

Assim como o título, “...i les idees volen”, o imaginário também é estimulado a ir ao longe para explorar outras palpitações.

Surgem maneiras de jogar potencialmente correspondidas. Um microfone na ponta de uma haste, a lembrar vara de pesca, registra as interjeições na roda, depois sampleadas na trilha sonora operada ao vivo. As estrelas de Girón em saltos de lá para cá, de cá para lá, feito o movimento de capoeira ou de ginástica que alterna pés e mãos no apoio sobre o solo. E as batidas de palmas e pés casadas às alterações de cores de luz no ambiente.

QUEM SÃO ANIMAL RELIGION É UMA COMPANHIA INTERESSADA NA INVESTIGAÇÃO DO CIRCO CONTEMPORÂNEO

E NA INTERDISCIPLINARIDADE. FOI FUNDADA POR QUIM GIRON (1985), EM 2012. NESSA DÉCADA, FORAM REALIZADOS

OITO ESPETÁCULOS EM DISTINTOS FORMATOS. A TRUPE

COLABOROU COM TRABALHOS DE MAIS DE 30 ARTISTAS DA EUROPA E DA AMÉRICA.

143 … E AS IDEIAS VOAM PORTUGUÊS
ANIMAL RELIGION | ESPANHA (CATALUNHA)

The simplicity and inventiveness that spring from this experience aimed not only at children gives news of the expanded field of contemporary circus and dance. And not just physically but through the audience’s imagination. The arena space, a territory of diversity par excellence, is reconfigured here with the praise of the void to be filled.

Delimited on the floor by a luminous ribbon, this arena is mainly inhabited by Quim Girón, an artist from the Catalan company Animal Religion, committed to interpretation and movement as resources to subtly interact with the young audience sitting on the floor of the multipurpose room.

Its evolution recalls pantomime resources in ten frames or scenes, the art of representing emotions, acts, and various human situations only through body movements, gestures, and steps. It is also possible to identify nuances of physical theater by building forms through the collective journey, invariably without speech.

While the legs in the air awaken playfulness – doing handstands –the performer goes through different positions and states throughout the session, giving scope for the choreographic act. Both the non-verbal skill and the corporeality are allied to music, light, and the respective sound and light spaces. The work of Joan Cot Ros and Joana Serra, respectively, is the

foundation of a work that adopts the sensory path to entangle the audience.

A story is not told. People are invited to let it go, unconfiguring the look and thought dominated by screens in hyperconnected life. Freedom is something else, even for parents and guardians who allow themselves to value their presence to enjoy the encounter.

Like the title, “...i les idees volen “, the imagination is also encouraged to go farther to explore other palpitations.

Emerging potentially matched ways to play. A microphone at the end of a rod, reminiscent of a fishing rod, records the interjections in the circle, then sampled in the live-operated soundtrack. The stars of Girón, jumping back and forth, doing the capoeira or gymnastic movement that alternates feet and hands in support on the ground. And the clapping of hands and feet matches the changes of light colors in the environment.

WHO ARE THEY ANIMAL RELIGION IS A COMPANY INTERESTED IN CONTEMPORARY CIRCUS AND INTERDISCIPLINARITY RESEARCH. IT WAS FOUNDED BY QUIM GIRON (1985) IN 2012. IN THAT DECADE, EIGHT SHOWS WERE PERFORMED IN DIFFERENT FORMATS. THE TROUPE HAS COLLABORATED WITH THE WORKS OF MORE THAN 30 ARTISTS FROM EUROPE AND AMERICA.

ANIMAL RELIGION | SPAIN (CATALONIA) ...AND THE IDEAS SOAR
144 ENGLISH

La sencillez y la inventiva que se desprenden de esta experiencia dirigida a los niños, pero no solo a ellos, trae noticias de un campo expandido del circo y de la danza contemporánea. El espacio del picadero, territorio de la diversidad por excelencia, es aquí reconfigurado con el elogio de un vacío que se completará. Y no solo físicamente, sino también a través de la imaginación de la audiencia.

Demarcada en el piso por una cinta luminosa, esa arena es principalmente habitada por Quim Girón, artista de la compañía catalana Animal Religion, empeñado en la interpretación y el movimiento como recursos para interactuar sutilmente con la platea infantil sentada en el suelo de la sala multiuso.

En diez cuadros o escenas, su evolución nos recuerda los recursos de la pantomima, el arte de representar emociones, actos y varias situaciones humanas solo a través de movimientos del cuerpo, gestos y pasos. También es posible ver matices de teatro físico al construir formas representadas por jornadas colectivas, invariablemente sin palabras.

Al mismo tiempo en que quedar patas para arriba despierta un sentimiento lúdico – el famoso “hacer el pino o pararse de manos” –, el intérprete pasa por diferentes posiciones y estados a lo largo de la sesión, y así en conjunto, da margen para el acto coreográfico. Tanto la habilidad no verbal como la corporeidad son aliadas de la música, la luz y de los respectivos espacios sonoro y luminoso – con el trabajo de Joan Cot Ros y Joana Serra, respectivamente –, bases de una obra que adopta la vía de lo sensorial para comunicarse con el público.

No se cuenta una historia, se invita a soltar las alas y volar, transformando la mirada y el pensamiento dominados por la pantalla en vidas híper-conectadas. La libertad tiene otro tamaño, inclusive para padres y responsables que se permitan valorizar su propia presencia para disfrutar del encuentro.

Así como el título, “...i les idees volen”, lo imaginario también es estimulado a ir a lo lejos para explorar otras palpitaciones.

Surgen maneras de jugar potencialmente correspondidas. Un micrófono en la punta de una vara, con reminiscencias de caña de pescar, registra las inter-

jecciones de la rueda, luego muestreadas en la banda sonora operada en vivo. Las estrellas de Girón en saltos de allá para acá, de acá para allá, haciendo movimientos de capoeira o de gimnasia que alternan pies y manos al apoyarse sobre el suelo. Y las batidas de palmas y pies en ritmo con las alteraciones de colores de luz en el ambiente.

QUIENES SON ANIMAL RELIGION ES UNA COMPAÑÍA INTERESADA EN LA INVESTIGACIÓN DEL CIRCO CONTEMPORÁNEO Y EN LA INTERDISCIPLINARIEDAD. FUE FUNDADA POR QUIM GIRON (1985) EN 2012. EN ESA DÉCADA, REALIZARON OCHO ESPECTÁCULOS EN DIFERENTES FORMATOS. LA TROUPE COLABORÓ CON TRABAJOS DE MÁS DE 30 ARTISTAS DE EUROPA Y AMÉRICA.

ANIMAL RELIGION | ESPAÑA (CATALUÑA) ...Y LAS IDEAS VUELAN
145 ESPAÑOL

FOTOS/PHOTO: TRISTAN PEREZ-MARTIN

TEATRO AMAZONAS AZKONA&TOLOZA

ESPANHA | 100'

17.09 SÁB 18H / 09.17 SAT 6 PM

18.09 DOM 18H / 09.18 SUN 6 PM

TEATRO GUARANY

PROJETO DE/PROJECT BY/PROYECTO DE Azkona&Toloza DRAMATURGIA E ENCENAÇÃO/DRAMATURGY AND STAGING/DRAMATURGIA Y PUESTA EN ESCENA Laida Azkona Goñi e Txalo Toloza-Fernández PERFORMERS Laida Azkona Goñi e Txalo Toloza-Fernández VOZ EM OFF/VOICEOVER/VOZ EN OFF Luana Raiter | Camilo Schaden ASSISTENTE DE DIREÇÃO / DIRECTION ASSISTANT/ASISTENTE DE DIRECCIÓN Raquel Cors PESQUISA DOCUMENTAL/DOCUMENTARY RESEARCH/INVESTIGACIÓN DOCUMENTAL Leonardo Gamboa DESENHO DE PRODUÇÃO/PRODUCTION DESIGN/DISEÑO DE PRODUCCIÓN Elclimamola TRILHA SONORA ORIGINAL E DESIGN DE SOM/ORIGINAL SOUNDTRACK AND SOUND DESIGN/BANDA SONORA ORIGINAL Y DISEÑO DE SONIDO Rodrigo Rammsy CONCEITO DE SOM/SOUND CONCEPT/CONCEPCIÓN DEL SONIDO Juan Cristóbal Saavedra PROJETO DE ILUMINAÇÃO/LIGHTING PROJECT/PROYECTO DE ILUMINACIÓN Ana Rovira TÉCNICO DE ILUMINAÇÃO EM TURNÊ/TOURING LIGHTING TECHNICIAN/TÉCNICO DE ILUMINACIÓN EN TURNÉ Conrado Parodi DESIGN AUDIOVISUAL/AUDIOVISUAL DESIGN/DISEÑO AUDIOVISUAL MiPrimerDrop CENOGRAFIA/ SCENOGRAPHY/ESCENOGRAFÍA Xesca Salvà e MiPrimerDrop ESTILISMO/STYLIST/ESTILISMO Sara Espinosa PRODUÇÃO NA ESPANHA/PRODUCTION IN SPAIN/PRODUCCIÓN EN ESPAÑA Helena Febrés PRODUÇÃO DELEGADA FORA DA ESPANHA/PRODUCTION DELEGATED OUTSIDE SPAIN/PRODUCCIÓN DELEGADA FUERA DA ESPAÑA Théâtre Garonne – scène européenne TRADUÇÃO PARA PORTUGUÊS/TRANSLATION INTO PORTUGUESE/TRADUCCIÓN AL PORTUGUÉS Lívia Diniz e Camila Rocha TRADUÇÃO PARA TUKANO/ TRANSLATION INTO TUKANO/TRADUCCIÓN AL TUKANO João Paulo Lima Barreto RELATOR/REPORTER Pedro Granero ILUSTRAÇÃO /ILLUSTRATION/ILUSTRACIÓN Jeisson Castillo FOTOGRAFIA/PHOTOGRAPHY/FOTOGRAFÍA Tristán Pérez-Martín PRODUÇÃO NO BRASIL /PRODUCTION IN BRAZIL /PRODUCCIÓN EN BRASIL OFF Produções Culturais - Celso Curi | Heloisa Andersen | Jackson França | Wesley Kawaai APOIO/SUPPORT/APOYO Institut Ramon Llull · Teatro Amazonas é um projeto produzido pela Azkona&Toloza, Festival Grec de Barcelona, Théâtre de la Ville - Paris/Festival d’automne à Paris, Théâtre Garonne - scène européenne, Marche Teatro/Inteatro Festival e Antic Teatre de Barcelona. Em colaboração com DNA Creación 2019, Azala Espazioa, El Graner - Mercat de les Flors, La Caldera, Teatro Gayarre, Nave, Centro de Creación e In-nova Cultural promovido pela Fundación Bancaria Caja Navarra e a Obra Social “la Caixa” / Teatro Amazonas is a project produced by Azkona&Toloza, Festival Grec de Barcelona, Théâtre de la Ville - Paris/Festival d’automne à Paris, Théâtre Garonne - scène européenne, Marche Teatro/Inteatro Festival and Antic Teatre de Barcelona. In collaboration with DNA Creación 2019, Azala Espazioa, El Graner - Mercat de les Flors, La Caldera, Teatro Gayarre, Nave, Centro de Creación and In-nova Cultural promoted by Fundación Bancaria Caja Navarra and Obra Social “la Caixa” / Teatro Amazonas es un proyecto producido por Azkona&Toloza, Festival Grec de Barcelona, Théâtre de la Ville - Paris/Festival d’automne à Paris, Théâtre Garonne - scène européenne, Marche Teatro/Inteatro Festival y Antic Teatre de Barcelona. En colaboración con DNA Creación 2019, Azala Espazioa, El Graner - Mercat de les Flors, La Caldera, Teatro Gayarre, Nave, Centro de Creación y In-nova Cultural promovido pela Fundación Bancaria Caja Navarra y la Obra Social “la Caixa” / Teatro Amazonas é um projeto associado ao LABEA, Laboratório de Arte e Ecologia / Teatro Amazonas is a project associated with LABEA, Laboratory of Art and Ecology /Teatro Amazonas es un proyecto asociado a LABEA, Laboratorio de Arte y Ecología Azkona&Toloza é uma companhia associada ao Théâtre Garonne - scène européenne de Toulose / Azkona Toloza is a company associated with Théâtre Garonne - scène européenne de Toulose / Azkona&Toloza es una compañía asociada al Théâtre Garonne - scène européenne de Toulose

COMPANHIA | PAÍS
146
12

Idealizado pela coreógrafa espanhola Laida Azkona Goñi e pelo videoartista chileno Txalo Toloza-Fernández, a obra faz um inventário das violências na região amazônica.

Incontornável não pensar na atual política ambiental brasileira que remonta há séculos de massacres de povos originários na Amazônia, diferentes modos de exploração econômica e assassinatos de lideranças indígenas, ribeirinhas e defensores ambientais.

A dupla escreve, encena e performa amparada em procedimentos do documental, das formas animadas (objetos), da música incidental e do vídeo. Há amplo destaque às vozes de moradores, lideranças, historiadores e antropólogos por meio da técnica verbatim, que reproduz palavras e tonalidades dos relatos colhidos em viagens aos estados do Amazonas e do Pará.

O roteiro parte de marcos do delírio de grandeza, caso do empresário irlandês que vivia no Peru e sonhava abrir uma casa de ópera na selva amazônica e, para tanto, entrou para o ramo da exploração de borracha. Fracasso retratado no filme “Fitzcarraldo – O Preço de um Sonho” (1982), do alemão Werner Herzog. De fato, o Teatro Amazonas foi erguido e inaugurado em 1896, filho do ciclo da extração de látex.

Outro exemplo predatório é Fordlândia (PA), cidade construída às margens do rio Tapajós, um dos afluentes do Amazonas. Empreitada do norte-americano

Henry Ford (1863-1947) e do governo de turno para produzir borracha, depois abandonada.

A gênese da obra estreada em 2020 veio de um exercício de escuta. Melhor, de leitura. Em 2 de janeiro de 2019, Azkona&Toloza conheceu a carta aberta dos povos Aruak, Baniwa e Apurinã ao presidente empossado. Era o segundo dia de mandato e o conteúdo, mobilizador.

“Já fomos dizimados, tutelados e vítimas de política integracionista de governos e do Estado Nacional Brasileiro, por isso vimos em público afirmar que não aceitamos mais política de integração, política de tutela e não queremos ser dizimados por meios de novas ações de governo e do Estado Nacional Brasileiro”, diz o documento.

No país escravocrata – de indígenas e depois africanos –, os apelos seguem aviltados por governo, caçadores, pescadores, garimpeiros, grileiros, madeireiros e seus compradores.

QUEM SÃO SITUADO A MEIO CAMINHO ENTRE O MAR MEDITERRÂNEO, OS PIRINEUS E O DESERTO DO ATACAMA, AZKONA&TOLOZA CONFORMA CRIAÇÕES DA ESPANHOLA

LAIDA AZKONA GOÑI (1981) E DO CHILENO TXALO TOLOZA FERNÁNDEZ (1975) CENTRADAS NA RELEITURA DA HISTÓRIA OFICIAL. COMO NA TRILOGÍA PACÍFICO, A QUAL ABARCA COLONIALISMO E BARBÁRIE EM ÁREAS DA AMÉRICA

LATINA: “EXTRAÑOS MARES ARDEN” (2014), “TIERRAS DEL SUD” (2018) E “TEATRO AMAZONAS” (2020).

147 TEATRO AMAZONAS PORTUGUÊS
AZKONA&TOLOZA | ESPANHA

Conceived by the Spanish choreographer Laida Azkona Goñi and the Chilean video artist Txalo TolozaFernández, the work makes an inventory of violence in the Amazon region.

It is unavoidable not to think about the current Brazilian environmental policy that dates back centuries of massacres of indigenous peoples in the Amazon. Different modes of economic exploitation and murders of indigenous and riverine leaders and environmental defenders.

The duo writes, stages, and performs, supported by documentary procedures, animated forms (objects), incidental music, and video. There is great emphasis on the voices of residents, leaders, historians, and anthropologists through the verbatim technique, which reproduces words and tones from reports collected on trips to the states of Amazonas and Pará.

The script starts from the delusion of grandeur, the case of the Irish businessman who lived in Peru and dreamed of opening an opera house in the Amazon jungle, and, for that, he entered the field of rubber exploration. Failure portrayed in the film “Fitzcarraldo – Burden of Dreams” (1982) by the German Werner Herzog. In fact, Teatro Amazonas was built and opened in 1896 as a child of the latex extraction cycle.

Another predatory example is Fordlândia (PA), a city built on the banks of the Tapajós River, one of the tributaries of the Amazon. An undertaking by the North American Henry Ford (1863-1947) and the interim government to produce rubber, which was later abandoned.

The genesis of the work premiered in 2020, came from a listening exercise. Better saying, reading. On January 2, 2019, Azkona&Toloza learned about the open letter from the Aruak, Baniwa, and Apurinã peoples to the sworn president. It was the second day in office, and the content was mobilizing.

“We have already been wiped out, tutored, and victims of the integrationist policy of governments and the Brazilian National State, so we come before the public to say that we no longer accept integration policy, guardianship policy, and we do not want to be decimated by new government actions and the Brazilian National State,” says the document.

In the slavery country – of indigenous people and later Africans – the appeals continue to be demeaned by the government, hunters, fishermen, prospectors, land grabbers, loggers, and buyers.

WHO ARE THEY LOCATED HALFWAY BETWEEN THE MEDITERRANEAN SEA, THE PYRENEES, AND THE ATACAMA DESERT, AZKONA&TOLOZA COMPRISES CREATIONS BY THE SPANISH LAIDA AZKONA GOÑI (1981), AND THE CHILEAN TXALO TOLOZA FERNÁNDEZ (1975) CENTERED ON THE REINTERPRETATION OF OFFICIAL HISTORY. AS IN THE PACIFIC TRILOGY, WHICH ENCOMPASSES COLONIALISM AND BARBARISM IN AREAS OF LATIN AMERICA: “EXTRAÑOS MARES ARDEN” (2014), “TIERRAS DEL SUD” (2018) AND “TEATRO AMAZONAS” (2020).

TEATRO AMAZONAS AZKONA&TOLOZA | SPAIN
ENGLISH 148

Idealizada por la coreógrafa española Laida Azkona Goñi y por el video-artista chileno Txalo Toloza Fernández, la obra hace un inventario de violencias en la región amazónica.

Resulta imposible evitar de pensar que la actual política ambiental brasileña remonta desde hace siglos a masacres de pueblos originarios en Amazonia, diferentes modos de explotación económica y asesinatos de líderes indígenas, de ribereños, y defensores ambientales.

Este dúo escribe, monta en escena y actúa amparado en procedimientos de documentales, formas animadas (objetos), música incidental y vídeo. Dan un amplio destaque a las voces de los habitantes, los líderes, historiadores y antropólogos, a través de la técnica verbatim, que reproduce en escena palabras

exactas de relatos obtenidos de personas reales, en viajes a los estados de Amazonas y Pará.

El argumento parte de marcos de delirio de grandeza, como es el caso de un empresario irlandés que vivía en Perú y soñaba con abrir una casa de ópera en la selva amazónica. Para ello entró en el negocio de explotación del caucho. Fracaso retratado en la película “Fitzcarraldo – El precio de un sueño” (1982), del alemán Werner Herzog. De hecho, el Teatro Amazonas fue erguido e inaugurado en 1896, como resultado del ciclo de extracción de látex.

Otro ejemplo predatorio es Fordlândia (PA), ciudad construida sobre las márgenes del rio Tapajós, un afluente del Amazonas. Fue un emprendimiento del norteamericano Henry Ford (1863-1947) y del gobierno de turno para producir látex, después abandonado.

La génesis de la obra estrenada en 2020 nació de un ejercicio de escucha. Mejor, de lectura. El 2 de enero de 2019, Azkona&Toloza conoció la carta abierta de los pueblos Aruak, Baniwa y Apurinã al nuevo presidente del Brasil Era su segundo día de mandato y el contenido, movilizador.

“Ya hemos sido diezmados, tutelados y víctimas de políticas integracionistas de gobiernos y del Estado Nacional Brasileño. Por eso venimos en público a afirmar que no aceptamos más políticas de integración, políticas de tutela y que no queremos ser diezmados con nuevas acciones de gobierno y del Estado Nacional Brasileño”, dice el documento.

En un país esclavicionista – primero de indígenas y después de africanos –, estos llamamientos siguen siendo despreciados por gobiernos, cazadores, pescadores, garimpeiros, grileiros (dueños de tierras públicas invadidas) madereros y sus clientes compradores.

QUIENES SON SITUADO A MEDIO CAMINO ENTRE EL MAR MEDITERRÁNEO, LOS PIRINEOS Y EL DESIERTO DE ATACAMA, AZKONA&TOLOZA PRESENTAN CREACIONES DE LA ESPAÑOLA LAIDA AZKONA GOÑI (1981) Y DEL CHILENO TXALO TOLOZA FERNÁNDEZ (1975) CENTRADAS EN LA RELECTURA DE LA HISTORIA OFICIAL. COMO EN LA TRILOGÍA PACÍFICO, QUE INCLUYE COLONIALISMO Y BARBARIE EN ÁREAS DE AMÉRICA LATINA: “EXTRAÑOS MARES ARDEN” (2014), “TIERRAS DEL SUD” (2018) Y “TEATRO AMAZONAS” (2020).

TEATRO AMAZONAS
AZKONA&TOLOZA | ESPAÑA
ESPAÑOL 149
MÉXICO / MEXICO / MÉXICO

TIJUANA LAGARTIJAS TIRADAS AL SOL

MÉXICO | 75'

ATUAÇÃO E DIREÇÃO/ ACTING AND DIRECTION/ACTUACIÓN Y DIRECCIÓN

Lázaro Gabino

Rodríguez

BASEADO EM TEXTOS E IDEIAS DE/BASED ON TEXTS AND IDEAS OF/ BASADO EN TEXTOS E IDEAS DE

Andrés Solano

Arnoldo Galves

Suarez

Martin Caparrós

Gunter Walraff

DIREÇÃO-ADJUNTA/ DEPUTY DIRECTOR/ DIRECCIÓN ADJUNTA

Luisa Pardo

ILUMINAÇÃO E DIREÇÃO TÉCNICA/LIGHTING AND TECHNICAL DIRECTION/ ILUMINACIÓN Y DIRECCIÓN TÉCNICA

Sergio López

Vigueras

PINTURA CÊNICA/ SCENE PAINTING/ PINTURA ESCÉNICA

Pedro Pizarro

DESENHO DE SOM/ SOUND DESIGN/DISEÑO DE SONIDO

Juan Leduc

VÍDEO/VIDEO/VÍDEO

Chantal Peñalosa

ISADORA

Carlos Gamboa

COLABORAÇÃO ARTÍSTICA/ARTISTIC COLLABORATION/ COLABORACIÓN ARTÍSTICA

Francisco Barreiro

PRODUÇÃO NO BRASIL / PRODUCTION IN BRAZIL /PRODUCCIÓN EN BRASIL

Rafael Ferro

Carla Estefan

INTÉRPRETE / INTERPRETER / INTERPRETE

Felipe Sá

COORDENAÇÃO DE PALCO E TÉCNICA

STAGE AND TECHNIQUE COORDINATION

COORDINACIÓN ESCÉNICA Y TÉCNICA

Edu Luz

13.09 TER 19H / 09.13 TUE 7 PM

14.09 QUA 20H / 09.14 WED 8 PM

SESC SANTOS (GINÁSIO)

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FOTOS/PHOTO: FESTIVAL ESCENAS DO CAMBIO

Em 2015, no cinquentenário da publicação do livro “La Democracia en México” (1965), do sociólogo Pablo González Casanova, o coletivo Lagartijas Tiradas al Sol deu início ao projeto de pensar o regime de governo à luz da análise daquela obra central para a leitura da história da República do México. O espetáculo “Tijuana” nasceu no contexto dessa investigação das ideias que sustentam o ideal democrático em um país composto de 32 estados.

Afinal, o que significa democracia, hoje, para cerca de 50 milhões de cidadãos mexicanos que vivem/ sobrevivem com um salário-mínimo? O que esperar do atual sistema político no qual o povo, em tese, exerce a soberania? O que esperar da política além da democracia?

A economia condiciona a forma como experimentamos a política e as expectativas que temos. As populações de países latino-americanos conhecem essa realidade de perto.

Com base nessa premissa, o solo “Tijuana” encena a experiência de Lázaro Gabino Rodríguez. Durante seis meses, o ator e cofundador do coletivo se tornou Santiago Ramírez, morador da maior cidade do estado mexicano de Baixa Califórnia, que faz fronteira ao Norte com o estado da Califórnia, nos Estados Unidos. Por 176 dias, ele enfrentou condições específicas que o separavam de seu mundo habitual, do qual permanecia incomunicável enquanto trabalhava sob remuneração mínima em uma fábrica de tijolos da região. Um pagamento que, segundo a lei, deveria satisfazer as necessidades de um operário e chefe de família. Só que não.

Usando projeções como recurso narrativo, a encenação busca contar essa jornada e explorar as possibilidades de representação. Ser outra pessoa, tentar viver a vida de outra pessoa. Personificar outra pessoa. Isso não é atuar?

Partindo das múltiplas experiências de democracia e ciente de que não se trata de uma explicação acerca do sistema político, mas de uma implicação, o projeto já levou à cena outras duas partes, “Veracruz, nos Estamos Deforestando o Cómo Extrañar Xalapa” e “Santiago Amoukalli”.

QUEM SÃO LAGARTIJAS TIRADAS AL SOL É UMA COMUNIDADE DE ARTISTAS FUNDADA EM 2003, NO MÉXICO, POR LUISA PARDO E LÁZARO GABINO RODRÍGUEZ, COM

O OBJETIVO DE DESENVOLVER PROJETOS QUE VINCULEM

O TRABALHO E A VIDA, BORRANDO FRONTEIRAS A PARTIR DAS NOÇÕES DE BIOGRAFIA, DOCUMENTO E HISTÓRIA. PROCURA DOTAR DE SENTIDO, ARTICULAR, DESLOCAR E DESENTRANHAR O QUE A VIDA COTIDIANA FUNDE, IGNORA E NOS APRESENTA COMO DADO. UM ESPAÇO QUE ULTRAPASSA

OS LIMITES DO ENTRETENIMENTO E FAZ PENSAR. AS COISAS SÃO O QUE SÃO, MAS TAMBÉM PODEM SER DE OUTRA FORMA.

153 TIJUANA LAGARTIJAS TIRADAS AL SOL | MÉXICO PORTUGUÊS

In 2015, on the fiftieth anniversary of the publication of the book “La Democracia en México” (1965), by the sociologist Pablo González Casanova, the collective Lagartijas Tiradas al Sol started the project of thinking about the government regime in the light of the analysis of that central work about the history of the Republic of Mexico. The show “Tijuana” was created in the context of the investigation of the ideas that support the democratic ideal in a country composed of 32 states.

After all, what does democracy mean today for about 50 million Mexican citizens who live/survive on a minimum wage? What to expect from the current political system in which the people, in theory, exercise sovereignty? What to expect from politics beyond democracy?

The economy shapes the way we experience politics and the expectations we have. The populations of Latin American countries know this reality closely.

Based on this premise, the solo “Tijuana” stages the experience of Lázaro Gabino Rodríguez. For six months, the actor and co-founder of the collective became Santiago Ramírez, a resident of the largest city in the Mexican state of Baja California, which borders, to the north, the state of California in the United States. For 176 days, he faced specific conditions that separated him from his usual world, from which he remained isolated while working for minimal pay in a brick factory in the region. A payment that, according to the law, should satisfy the needs of a worker and head of household. Just not.

Using projections as a narrative resource, the staging seeks to tell this journey and explore the possibilities of representation. Being someone else, trying to live someone else’s life. Impersonate another person. Isn’t that acting?

Starting from the multiple experiences of democracy and aware that this is not an explanation of the political system but an implication, the project has already staged two other parts, “Veracruz, nos Estamos Deforestando o Cómo Extrañar Xalapa” and “Santiago Amoukalli.”

WHO ARE THEY LAGARTIJAS TIRADAS AL SOL IS A COMMUNITY OF ARTISTS FOUNDED IN 2003, IN MEXICO, BY LUISA PARDO AND LÁZARO GABINO RODRÍGUEZ, INTENDING TO DEVELOP PROJECTS THAT LINK WORK AND LIFE, BLURRING BOUNDARIES BASED ON THE NOTIONS OF BIOGRAPHY, DOCUMENT, AND HISTORY. IT SEEKS TO PROVIDE MEANING, ARTICULATE, DISPLACE AND UNRAVEL WHAT EVERYDAY LIFE FUSES, IGNORES, AND GIVES US FOR GRANTED. A SPACE THAT GOES BEYOND THE LIMITS OF ENTERTAINMENT AND MAKES YOU THINK. THINGS ARE WHAT THEY ARE, BUT THEY CAN ALSO BE OTHERWISE.

154 TIJUANA LAGARTIJAS TIRADAS AL SOL | MEXICO ENGLISH

QUIENES SON LAGARTIJAS TIRADAS AL SOL ES UNA COMUNIDAD DE ARTISTAS FUNDADA EN 2003 EN MÉXICO, POR LUISA PARDO Y LÁZARO GABINO RODRÍGUEZ, CON EL OBJETIVO DE DESARROLLAR PROYECTOS QUE VINCULEN EL TRABAJO Y LA VIDA, BORRANDO FRONTERAS A PARTIR DE NOCIONES DE BIOGRAFÍAS, DOCUMENTOS E HISTORIAS. BUSCA DOTAR DE SENTIDO, ARTICULAR, TRANSPORTAR Y DESENTRAÑAR AQUELLO QUE LA VIDA COTIDIANA FUNDE, IGNORA Y NOS PRESENTA COMO UN HECHO. ES UN ESPACIO QUE EXCEDE LOS LÍMITES DEL ENTRETENIMIENTO Y NOS HACE PENSAR. LAS COSAS SON LO QUE SON, PERO TAMBIÉN PUEDEN SER DE OTRA FORMA.

En 2015, durante el cincuentenario de la publicación del libro “La Democracia en México” (1965) del sociólogo Pablo González Casanova, el colectivo Lagartijas Tiradas al Sol inició el proyecto de pensar el régimen de gobierno a la luz del análisis de aquella obra central para entender la historia de la República de México. El espectáculo “Tijuana” nació en el contexto de esa investigación de ideas que sustentan el ideal democrático en un país compuesto por 32 estados.

Al final de cuentas, ¿qué significa actualmente la democracia para cerca de 50 millones de ciudadanos mexicanos que viven/sobreviven con un salario mínimo? ¿Qué se puede esperar del actual sistema político por el cual el pueblo, en tesis, ejerce la soberanía? ¿Y qué esperar de la política, además de la democracia?

La economía condiciona la forma como experimentamos la política y las expectativas que tenemos. Los habitantes de países latinoamericanos conocen de cerca esa realidad.

Con base en esa premisa, el espectáculo unipersonal “Tijuana” pone en escena la experiencia de Lázaro Gabino Rodríguez. Durante seis meses, el actor y cofundador del colectivo se tornó Santiago Ramírez, habitante de la mayor ciudad del estado mexicano de Baja California, cuya frontera norte limita con el estado de California, en Estados Unidos. Por 176 días enfrentó condiciones específicas que lo separaban de su mundo habitual, del cual permanecía incomunicable mientras trabajaba ganando salario mínimo en una fábrica de ladrillos de la región. Una retribución que, según la ley, debería satisfacer las necesidades de un operario y jefe de familia. Pero no lo hacía.

Usando proyecciones como recurso narrativo, la puesta en escena pretende contar esa jornada y explorar las posibilidades de representación. Ser otra persona, tratar de vivir la vida de otra persona. Personificar otra persona. Acaso, ¿eso no es actuar?

Partiendo de las múltiples experiencias de democracia y conscientes de que no se trata de una explicación sobre el sistema político, sino de una implicación, el proyecto ya colocó en escena otras dos partes, “Veracruz, nos estamos deforestando, o Cómo Extrañar Xalapa” y “Santiago Amoukalli”.

LAGARTIJAS TIRADAS AL SOL | MÉXICO 155 TIJUANA ESPAÑOL
PERU / PERU / PERÚ

DISCURSO DE PROMOCIÓN GRUPO CULTURAL YUYACHKANI

PERU | 120'

16.09 SEX 15H E 21H / 09.16 FRI 3 AND 9 PM

17.09 SÁB 15H E 21H / 09.17 SAT 3 AND 9 PM

18.09 DOM 15H / 09.18 SUN 3 PM

HERVAL 33

Uma criação coletiva do Grupo Cultural Yuyachkani/A collective creation by Grupo Cultural Yuyachkani/Una creación colectiva del Grupo Cultural Yuyachkani CONCEITO E DIREÇÃO /CONCEPT AND DIRECTION/ CONCEPTO Y DIRECCIÓN Miguel Rubio Zapata EM CENA/ON STAGE/ EN ESCENA Jorge Baldeón | Daniel Cano | Augusto Casafranca | Ana Correa | Ricardo Delgado | Milagros Felipe Obando | Raúl Durand | Gabriella Paredes | Rebeca Ralli | Teresa Ralli | Alejandro Siles Vallejos | Silvia Tomotaki | Julián Vargas ASSISTENTES DE DIREÇÃO/ASSISTANTS DIRECTOR/ASISTENTES DE DIRECCIÓN Milagros F. Obando | Silvia Tomotaki PRODUTORA/PRODUCER/ PRODUCTORA Socorro Naveda COORDENAÇÃO TÉCNICA/TECHNICAL COORDINATION/COORDINACIÓN TÉCNICA Alejandro Siles Vallejos ASSISTÊNCIA TÉCNICA/TECHNICAL ASSISTANCE/ASISTENCIA TÉCNICA Jorge Rodríguez Chipana COORDENAÇÃO DE CENOGRAFIA E ELEMENTOS/SCENOGRAPHY AND ELEMENTS COORDINATION/COORDINACIÓN DE ESCENOGRAFÍA Y ELEMENTOS Segundo Rojas TEXTOS E CONSULTORIA LITERÁRIA/ TEXTS AND LITERATURE CONSULTANCY/TEXTOS Y CONSULTORÍA LITERARIA Benjamín Sevilla CONSULTORIA EM DRAMATURGIA SONORA/SOUND DRAMATURGY CONSULTANCY/ CONSULTORÍA EN DRAMATURGIA SONORA Pablo Sandoval Coronado PROJETO DE ILUMINAÇÃO/LIGHTING PROJECT/PROYECTO DE ILUMINACIÓN Ricardo Delgado e Alejandro Siles Vallejos VÍDEO/VIDEO/VÍDEO Tatiana Fuentes e Matías Ângulo PÓS-PRODUÇÃO DE ÁUDIO E VÍDEO/AUDIO AND VIDEO POSTPRODUCTION/POST-PRODUCCIÓN DE AUDIO Y VÍDEO Alejandro Siles Vallejos EQUIPE PLÁSTICA/ARTISTIC TEAM/EQUIPO PLÁSTICO Jorge Baldeón | Segundo Rojas | Octavio Felipe Obando | Julio Beltrán | Lili Blas MÁSCARA DA MORTE/DEATH MASK/MÁSCARA DE LA MUERTE Edmundo Torres ASSISTENTE DE PRODUÇÃO DE PALCO/STAGE PRODUCTION ASSISTANT/ASISTENTE DE PRODUCCIÓN DE PALCO Silvia Tomotaki SECRETÁRIA/SECRETARY/SECRETARIA Roxana Candiotti TEMAS MUSICAIS/MUSICAL THEMES/TEMAS MUSICALES “Bruma” (Pauchi Sasaki) | “Galletas” (Pauchi Sasaki) | “Sácale la Miel” (Los Destellos) | “Y se Llama Perú” (Augusto Polo Campos) | “My Way” (versão de Frank Sinatra) | “Diablada” (versão Centinelas del Altiplano) | Marcha “El Cóndor Pasa” (versão de Los Auténticos del Callao) | Marcha “Al Nazareno” (Los Auténticos del Callao) | “Himno de las Américas” (Rodolfo Sciamarella) PRODUÇÃO NO BRASIL/PRODUCTION IN BRAZIL/PRODUCCIÓN EN BRASIL Aflorar Cultura COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO NO BRASIL/PRODUCTION COORDINATION IN BRAZIL/COORDINACIÓN DE PRODUCCIÓN EN BRASIL Cynthia Margareth PRODUÇÃO EXECUTIVA NO BRASIL/EXECUTIVE PRODUCTION IN BRAZIL/PRODUCCIÓN EJECUTIVA EN BRASIL Gustavo Valezzi MEDIAÇÃO, TRADUÇÃO E COMUNICAÇÃO NO BRASIL/MEDIATION, TRANSLATION AND COMMUNICATION IN BRAZIL/MEDIACIÓN, TRADUCCIÓN Y COMUNICACIÓN EN BRASIL Ana Julia Marko COORDENAÇÃO TÉCNICA NO BRASIL/TECHNICAL COORDINATION IN BRAZIL/COORDINACIÓN TÉCNICA EN BRASIL Eduardo Albergaria

158
FOTOS/PHOTOS: YUYACHKANI MUSUK NOLTE
12

O quadro “ Proclamación de la Independencia de Perú” (1904), do pintor Juan Lepiani (1864-1932) intenta representar a cena idealizada do ato histórico do general argentino José de San Martín (1778-1850), que emancipou o país da coroa espanhola em 1821, conforme repisam os livros didáticos. A tela que emoldura o mito está profundamente implicada no espetáculo do Grupo Cultural Yuyachkani, uma reflexão a contrapelo das heranças ligadas a estruturas sociais coloniais.

Em primeiro plano na pintura, numa varanda, constam apenas figuras masculinas e brancas da nobreza política e religiosa. Em segundo, abaixo, está o presumido povo, cujos rostos destoam do perfil étnico da população de significativa proporcionalidade ancestral andina dos povos quéchua e aimará. Nada de lideranças como Túpac Amaru II (1738-1781) e Micaela Bastidas (1744-1781), que conduziram a maior rebelião indígena anticolonial da América Latina no século XVIII.

O trabalho abre com estudantes e professores de uma escola tradicional que montam uma espécie de quermesse para comemorar a efeméride do bicentenário da independência e arrecadar fundos para a excursão de formatura da turma a Machu Picchu, cidade construída pelos incas.

Entretanto, no segundo ato, os mesmos personagens desconfiam dos quadros heroicos oficiais e de outras representações que pintam a história do país e propõem uma mirada distinta aos acontecimentos.

Estreada em 2017, a obra une integrantes do Yuyachkani e artistas convidados atuantes em artes plásticas, cênicas e performativas. Sucede, assim, a convivência de diversas teatralidades e comportamentos em que a experiência junto aos espectadores é central.

Disposto em espaço multiúso, “Discurso de Promoción” move-se por uma linguagem contemporânea e performativa, ora festiva, ora fúnebre, suscitando uma importante crítica e autocrítica quanto às práticas de memória em qualquer país.

QUEM SÃO CRIADO EM 1971, O GRUPO CULTURAL YUYACHKANI É AFEITO À CRIAÇÃO COLETIVA, EXPERIMENTAÇÃO E PERFORMANCE POLÍTICA. O NOME QUÉCHUA SIGNIFICA “ESTOU PENSANDO/ESTOU ME LEMBRANDO”, METÁFORA PARA O SINCRETISMO DAS TEATRALIDADES QUE SE ENCONTRAM NAS TRADIÇÕES PERUANAS E DA CULTURA INDÍGENA NO CONTEXTO SOCIOPOLÍTICO. ALÉM DA ÊNFASE DOS CORPOS NO ESPAÇO, SUAS OBRAS ENVOLVEM TEXTO, ARQUIVO DOCUMENTAL, FOTOGRAFIA, INSTALAÇÃO, DANÇA E JOGO, ORGANIZANDO AS DRAMATURGIAS CONFORME CADA CRIAÇÃO DEMANDA. SEUS INTEGRANTES, SOB A DIREÇÃO DE MIGUEL RUBIO ZAPATA, SE DEFINEM NÃO APENAS COMO ATRIZES E ATORES CRIADORES, MAS COMO CIDADÃOS E ATIVISTAS. EM 2021, O GRUPO EXPÔS SEU ACERVO NA 34ª BIENAL DE SÃO PAULO.

159 DISCURSO DE FORMATURA GRUPO CULTURAL YUYACHKANI | PERU PORTUGUÊS

The painting “Proclamación de la Independencia de Perú” (1904), by the painter Juan Lepiani (1864-1932), aims to represent the idealized scene of the historical act of the Argentine general José de San Martín (1778-1850), who emancipated the country from the Spanish crown in 1821, according to the textbooks. The canvas that frames the myth is deeply involved in the performance of Grupo Cultural Yuyachkani, a reflection against the grain of the inheritances linked to colonial social structures.

In the foreground of the painting, on a balcony, there are only male and white figures of the political and religious nobility. In the background below are the presumed people whose faces clash with the ethnic profile of the population of significant Andean ancestral proportionality of the Quechua and Aymara peoples. No leaders such as Túpac Amaru II (17381781) and Micaela Bastidas (1744-1781), who led the largest anti-colonial indigenous rebellion in Latin America in the 18th century.

The work opens with students and teachers from a traditional school who set up a kind of fair to celebrate the bicentennial of independence and raise funds for the class’s graduation trip to Machu Picchu, a city built by the Incas.

However, in the second act, the same characters are suspicious of official heroic paintings and other representations that paint the country’s history and propose a different look at events.

Premiered in 2017, the work brings together members of Yuyachkani and guest artists working in visual, scenic, and performing arts. Thus, there is the coexistence of various theatricalities and behaviors in which the experience with the spectators is central.

Arranged in a multipurpose space, “Discurso de Promoción” moves through a contemporary and performative language, sometimes joyous, sometimes mournful, raising an important criticism and self-criticism regarding memory practices in any country.

WHO ARE THEY CREATED IN 1971, GRUPO CULTURAL YUYACHKANI IS PRONE TO COLLECTIVE CREATION, EXPERIMENTATION, AND POLITICAL PERFORMANCE. THE QUECHUA NAME MEANS “I’M THINKING/I’M REMEMBERING”, A METAPHOR FOR THE SYNCRETISM OF THEATRICALITY FOUND IN PERUVIAN TRADITIONS AND INDIGENOUS CULTURE IN THE SOCIOPOLITICAL CONTEXT. IN ADDITION TO THE EMPHASIS ON BODIES IN SPACE, THEIR WORKS INVOLVE TEXT, DOCUMENTAL ARCHIVES, PHOTOGRAPHY, INSTALLATION, DANCE, AND PLAY, ORGANIZING THE DRAMATURGY AS EACH CREATION DEMANDS. THE MEMBERS, UNDER THE DIRECTION OF MIGUEL RUBIO ZAPATA, DEFINE THEMSELVES NOT ONLY AS CREATIVE ACTRESSES AND ACTORS BUT AS CITIZENS AND ACTIVISTS. IN 2021, THE GROUP EXHIBITED ITS COLLECTION AT THE 34TH SÃO PAULO BIENNALE.

160 PROMOTION SPEECH GRUPO CULTURAL YUYACHKANI | PERU ENGLISH
PILAR PEDRAZA

El cuadro “Proclamación de la Independencia de Perú” (1904) del pintor Juan Lepiani (1864-1932) intenta representar la escena idealizada del acto histórico del general argentino José de San Martín (1778-1850), que emancipó al país de la corona española en 1821, según detallan los libros didácticos. La pintura que retrata el mito está profundamente implicada en el espectáculo del Grupo Cultural Yuyachkani, una reflexión a contrapelo de las herencias vinculadas a estructuras sociales coloniales.

El cuadro muestra en primer plano un balcón donde solo se ven figuras masculinas y blancas de la nobleza política y religiosa. En segundo plano, abajo, está el presumido pueblo, cuyos rostros desentonan del perfil étnico de la población de significativa proporcionalidad ancestral andina de los pueblos quichua y aimara. Nada de liderazgos como el de Túpac Amaru

II (1738-1781) y Micaela Bastidas (1744-1781), que encabezaron la mayor rebelión indígena anticolonial de América Latina en el siglo XVIII

El trabajo comienza con estudiantes y profesores de una escuela tradicional que montan una especie de quermese para conmemorar la efeméride del bicentenario de la independencia y recaudar fondos para el viaje de graduación de la promoción a Machu Picchu, la ciudad construida por los incas.

Sin embargo, en el segundo acto, esos mismos personajes desconfían de los cuadros heroicos oficiales y de otras representaciones que pintan la historia del país y proponen una mirada diferente de los acontecimientos.

Estrenada en 2017, la obra une integrantes del Yuyachkani y artistas convidados que actúan en artes plásticas, escénicas y performances. Sucede así una convivencia de diversas teatralidades y comportamientos en los cuales es central la experiencia junto a los espectadores.

Dispuesto en un espacio multiuso, “Discurso de Promoción” se mueve utilizando un lenguaje contemporáneo y de performance, ora festiva, ora fúnebre, suscitando una importante crítica y autocrítica en cuanto a las prácticas de memoria en cualquier país.

QUIENES SON CREADO EN 1971, EL GRUPO CULTURAL YUYACHKANI TIENE UN INTERÉS POR LA CREACIÓN COLECTIVA, LA EXPERIMENTACIÓN Y PERFORMANCE POLÍTICA. SU NOMBRE QUICHUA SIGNIFICA “ESTOY PENSANDO/ESTOY RECORDANDO”, METÁFORA PARA EL SINCRETISMO DE LAS TEATRALIDADES QUE SE ENCUENTRAN EN LAS TRADICIONES PERUANAS Y EN LA CULTURA INDÍGENA, EN UN CONTEXTO SOCIOPOLÍTICO. ADEMÁS DEL ÉNFASIS DE LOS CUERPOS EN EL ESPACIO, SUS OBRAS INCLUYEN TEXTOS, ARCHIVOS DOCUMENTALES, FOTOGRAFÍA, INSTALACIONES, DANZA Y JUEGO. Y ORGANIZAN LAS DRAMATURGIAS SEGÚN CADA CREACIÓN DEMANDE. SUS INTEGRANTES, BAJO LA DIRECCIÓN DE MIGUEL RUBIO ZAPATA, SE DEFINEN NO SOLO COMO ACTRICES Y ACTORES CREADORES, SINO TAMBIÉN COMO CIUDADANOS Y ACTIVISTAS. EN 2021, EL GRUPO EXPUSO SU ACERVO EN LA 34ª BIENAL DE SÃO PAULO.

161 DISCURSO DE PROMOCIÓN GRUPO CULTURAL YUYACHKANI | PERÚ ESPAÑOL

HAMLET TEATRO LA PLAZA

PERU | 95'

DRAMATURGIA E DIREÇÃO GERAL/ DRAMATURGY AND GENERAL DIRECTION/ DRAMATURGIA Y DIRECCIÓN GENERAL

Chela De Ferrari

DIREÇÃO ADJUNTA E CONSULTORIA EM DRAMATURGIA/ ASSISTANT DIRECTOR AND CONSULTANCY IN DRAMATURGY/ DIRECCIÓN ADJUNTA Y CONSULTORÍA EN DRAMATURGIA

Claudia Tangoa

Jonathan Oliveros

Luis Alberto León

ELENCO/CASTING

Octavio Bernaza

Jaime Cruz

Lucas Demarchi

Manuel García

Diana Gutierrez

Cristina León

Barandiarán

Ximena Rodríguez

Álvaro Toledo

TREINAMENTO VOCAL/ VOCAL TRAINING/ ENTRENAMIENTO VOCAL

Alessandra Rodríguez

14.09 QUA 20H / 09.14 WED 8 PM

15.09 QUI 22H / 09.15 THU 10 PM TEATRO BRÁS CUBAS

COREOGRAFIA/ CHOREOGRAPHY/ COREOGRAFÍA

Mirella Carbone

VISUAIS/VISUALS/ EFECTOS VISUALES

Lucho Soldevilla

PROJETO DE ILUMINAÇÃO/LIGHTING

PROJECT/PROYECTO DE ILUMINACIÓN

Jesús Reyes

PRODUÇÃO/ PRODUCTION/ PRODUCCIÓN

Siu Jing Apar

COORDENAÇÃO

TÉCNICA NO BRASIL/TECHNICAL COORDINATION IN BRAZIL/COORDINACIÓN

TÉCNICA EN BRASIL

Bruno Garcia

ASSISTENTE DE PRODUÇÃO NO BRASIL/PRODUCTION

ASSISTANT IN BRAZIL/ASISTENTE DE PRODUCCIÓN EN BRASIL

Carla Gobi

Claudia Torres

ASSESSORIA JURÍDICA NO BRASIL/LEGAL ADVICE IN BRAZIL/ ASESORAMIENTO LEGAL EN BRASIL

Martha Macruz de Sá PRODUÇÃO NO BRASIL/ PRODUCTION IN BRAZIL/PRODUCCIÓN EN BRASIL

Pedro de FreitasPériplo

162
L
FOTOS/PHOTO: TEATRO LA PLAZA

O monólogo que abre com a frase “Ser ou não ser, eis a questão” é embalado por um rap. Três atrizes e cinco atores revezam o microfone como o fazem com a coroa do príncipe de Shakespeare ao longo da apresentação. O coletivo é o protagonista.

Artistas adolescentes e adultos com síndrome de Down apropriam-se da tragédia com irreverência e pegada pop nessa criação da Teatro La Plaza, uma companhia de Lima. O relato pessoal é incorporado ao clássico e diz sobre agir e posicionar-se diante dos acontecimentos da vida.

Sob dramaturgia e direção de Chela De Ferrari, dividem anseios e frustrações através de uma versão livre de “Hamlet”. A obra é tecida entre o texto – da virada do século XVI para o XVII – e a vida dos intérpretes, com franca margem para a irreverência crítica. O ponto de partida é a pergunta que a maioria dos seres humanos formula diante de sua existência: Ser ou não ser? O que implica ser para pessoas que não encontram espaços em que são levadas em conta?

“Historicamente, cidadãos com síndrome de Down têm sido considerados um fardo, um desperdício social. Que valor e significado têm hoje sua existência em um mundo em que a eficiência, a capacidade de produção e os inatingíveis modelos de consumo e beleza são o paradigma do ser humano?”, questiona De Ferrari, que define sua versão como “contrária livre”, ou recontra libre.

Entre pontuações para que a sociedade respeite seus direitos, o elenco vai e vem do espaço da cena para a plateia, sentando-se ao lado de espectadores. Estão lá todas as passagens da peça, uma das mais montadas no planeta, como a da despedida de Ofélia, tripartida em distintas vozes e corpos.

Um verso da canção final, em que oito atuantes pulsam, reconhece que “Eu não sou como os demais, e daí?”. Elas e eles querem falar e concretizar amores e sonhos. Não é pouco.

QUEM SÃO TEATRO LA PLAZA É UM ESPAÇO DE CRIAÇÃO QUE INVESTIGA E INTERPRETA A REALIDADE PARA CONSTRUIR UM PONTO DE VISTA CRÍTICO QUE DIALOGUE COM SUA COMUNIDADE. ESTÁ EM ATIVIDADE DESDE 2003 PRODUZINDO OBRAS CAPAZES DE QUESTIONAR, PROVOCAR E SURPREENDER. ATRAVÉS DA NOVA

DRAMATURGIA OU DE CLÁSSICOS SOB UMA PERSPECTIVA CONTEMPORÂNEA, SUAS PROPOSTAS BUSCAM FORMULAR PERGUNTAS-CHAVE QUE PERMITAM ENTENDER MELHOR A REALIDADE, OS AGITADOS TEMPOS QUE VIVEMOS E A COMPLEXA NATUREZA DO SER HUMANO. A DRAMATURGA E DIRETORA PERUANA CHELA DE FERRARI ESTUDOU TEATRO EM SEU PAÍS E PINTURA EM PORTO RICO, BEM COMO TRABALHOU POR ANOS NA ARGENTINA. OUTRA VERSÃO SHAKESPEARIANA SUA FOI “MUCHO RUIDO POR NADA” (2016), SÓ COM HOMENS NO ELENCO.

163 HAMLET TEATRO LA PLAZA | PERU PORTUGUÊS

The monologue that opens with the phrase “To be or not to be, that’s the question” is rocked by a rap. Three actresses and five actors take turns on the microphone as they do with the crown of Shakespeare’s prince throughout the performance. The collective is the protagonist.

Adolescent and adult artists with Down syndrome appropriate tragedy with irreverence and a pop touch in this creation by Teatro La Plaza, a company from Lima. The personal report is incorporated into the classic and tells about acting and positioning oneself in the face of life’s events.

Under the dramaturgy and direction of Chela De Ferrari, they share anxieties and frustrations through a free version of “Hamlet.” The work is woven between the text – from the turn of the 16th to the 17th century – and the lives of the interpreters, with a clear margin for critical irreverence. The starting point is the question that most humans ask about their existence: To be or not to be? What does being mean for people who do not find spaces in which they are taken into account?

“Historically, citizens with Down syndrome have been considered a burden, a social waste. What is the value and meaning of their existence in a world where efficiency, production capacity, and the unattainable models of consumption and beauty are the paradigm of the human being?” asks De Ferrari, who defines her version as “free contrarian,” or recontra libre.

Among inquiries so that society respects their rights, the cast goes back and forth from the scene to the audience, sitting next to spectators. All passages of the play are there, one of the most staged on the planet, such as Ophelia’s farewell, tripartite into different voices and bodies.

A verse of the final song, where eight performers pulse, acknowledges that “I’m not like the rest, so what?” They want to talk and make love and dreams come true. It’s not little.

WHO ARE THEY TEATRO LA PLAZA IS A CREATIVE SPACE THAT INVESTIGATES AND INTERPRETS REALITY TO BUILD A CRITICAL POINT OF VIEW THAT DIALOGUES WITH ITS COMMUNITY. IT HAS BEEN ACTIVE SINCE 2003, PRODUCING WORKS CAPABLE OF QUESTIONING, PROVOKING, AND SURPRISING. THROUGH NEW DRAMATURGY OR CLASSICS FROM A CONTEMPORARY PERSPECTIVE, HER PROPOSALS SEEK TO FORMULATE CRITICAL QUESTIONS THAT ALLOW A BETTER UNDERSTANDING OF REALITY, THE HECTIC TIMES WE LIVE IN, AND THE COMPLEX NATURE OF THE HUMAN BEING. PERUVIAN PLAYWRIGHT AND DIRECTOR CHELA DE FERRARI STUDIED THEATER IN HER COUNTRY AND PAINTING IN PUERTO RICO AND WORKED FOR MANY YEARS IN ARGENTINA. ANOTHER SHAKESPEAREAN VERSION BY HER WAS “MUCHO RUIDO POR NADA” (2016), WITH ONLY MEN IN THE CAST.

164 HAMLET TEATRO LA PLAZA | PERU ENGLISH

El monólogo que comienza con la frase “Ser o no ser, esa es la cuestión” tiene un rap como música de fondo. Tres actrices y cinco atores utilizan el micrófono y también la corona del príncipe de Shakespeare durante la presentación. El colectivo es el protagonista.

Artistas adolescentes y adultos con síndrome de Down se apropian de la tragedia con irreverencia y un estilo pop en esa creación del Teatro La Plaza, una compañía de Lima. El relato personal se incorpora al clásico y nos cuenta sobre actuar y tomar posiciones frente a los acontecimientos de la vida.

Con dramaturgia y dirección de Chela De Ferrari, los actores comparten sus deseos y frustraciones a través de una versión libre de “Hamlet”. La obra se teje entre el texto – de fines del siglo XVI y comienzos

del XVII – y la vida de los intérpretes, con franco margen para la irreverencia crítica. El punto de partida es la pregunta que la mayoría de los seres humanos se formula al enfrentar su existencia: ¿Ser o no ser? ¿Qué implica ser para aquellas personas que no encuentran espacios dónde ser tomadas en consideración?

“Históricamente, ciudadanos con síndrome de Down han sido considerados un fardo, un desperdicio social. ¿Qué valor y significado tiene actualmente su existencia en un mundo donde la eficiencia, la capacidad de producción e inalcanzables modelos de consumo y belleza son el paradigma del ser humano?”, cuestiona De Ferrari, que define su versión como “contraria libre”, o recontra libre

Entre reflexiones para que la sociedad respete sus derechos, el elenco va y viene del espacio de la cena a la platea, sentándose al lado de espectadores. Están allí todos los pasajes de esta pieza, una de las más representadas del planeta, como la despedida de Ofelia, dividida en distintas voces y cuerpos.

Un verso de la canción final, en la que ocho actuantes pulsan, reconoce que ¿“Yo no soy como los demás, y eso que me importa?”. Ellas y ellos quieren hablar y concretizar amores y sueños. No es poco.

QUIENES SON TEATRO LA PLAZA ES UN ESPACIO DE CREACIÓN QUE INVESTIGA E INTERPRETA LA REALIDAD PARA CONSTRUIR UN PUNTO DE VISTA CRÍTICO QUE DIALOGUE CON SU COMUNIDAD. ESTÁ EN ACTIVIDAD DESDE 2003 PRODUCIENDO OBRAS CAPACES DE CUESTIONAR, PROVOCAR Y SORPRENDER. A TRAVÉS DE LA NUEVA DRAMATURGIA O DE CLÁSICOS VISTOS DESDE UNA PERSPECTIVA CONTEMPORÁNEA, SUS PROPUESTAS BUSCAN FORMULAR PREGUNTAS CLAVE QUE PERMITAN ENTENDER MEJOR LA REALIDAD, LOS AGITADOS TIEMPOS QUE VIVIMOS Y LA COMPLEJA NATURALEZA DEL SER HUMANO. LA DRAMATURGA Y DIRECTORA PERUANA CHELA DE FERRARI ESTUDIÓ TEATRO EN SU PAÍS, PINTURA EN PUERTO RICO Y TRABAJÓ DURANTE AÑOS EN ARGENTINA. OTRA VERSIÓN SUYA DEL TEATRO DE SHAKESPEARE ES “MUCHO RUIDO POR NADA” DE 2016, SOLO CON HOMBRES EN EL ELENCO.

165 HAMLET TEATRO LA PLAZA | PERÚ ESPAÑOL
PORTUGAL PAÍS HOMENAGEADO / HONORED COUNTRY / PAÍS HONRADO

A CAMINHADA DOS ELEFANTES FORMIGA ATÓMICA

PORTUGAL | 50'

10.09 SÁB 17H / 09.10 SAT 5 PM

11.09 DOM 11H / 09.11 SUN 11 AM

SESC SANTOS (AUDITÓRIO)

ENCENAÇÃO/STAGING/ PUESTA EN ESCENA

Miguel Fragata

TEXTO/TEXT/TEXTO

Inês Barahona INTERPRETAÇÃO/ INTERPRETATION/ INTERPRETACIÓN

Miguel Fragata CENOGRAFIA E FIGURINOS/ SCENOGRAPHY AND COSTUMES/ ESCENOGRAFÍA Y VESTUARIOS

Maria João Castelo MÚSICA/MUSIC/MÚSICA

Fernando Mota

DESENHO DE LUZ/LIGHTING

DESIGN/ DISEÑO DE ILUMINACIÓN

José Álvaro Correia

DIREÇÃO TÉCNICA/ TECHNICAL DIRECTION/ DIRECCIÓN TÉCNICA

Pedro Machado APOIO À DRAMATURGIA NA VERTENTE DA PSICOLOGIA/SUPPORT FOR DRAMATURGY IN THE FIELD OF PSYCHOLOGY/ APOYO A LA DRAMATURGIA EN LA VERTIENTE DE PSICOLOGÍA

Madalena Paiva

Gomes APOIO À DRAMATURGIA NA VERTENTE DA PEDAGOGIA/SUPPORT FOR DRAMATURGY IN THE FIELD OF PEDAGOGY/ APOYO A LA DRAMATURGIA EN LA VERTIENTE DE PEDAGOGÍA

Elvira Leite

CONSULTORIA ARTÍSTICA/ART

CONSULTANCY/ CONSULTORÍA ARTÍSTICA

Giacomo Scalisi

Catarina Requeijo

Isabel Minhós

Martins

PRODUÇÃO/ PRODUCTION/ PRODUCCIÓN

Formiga Atómica

COPRODUÇÃO/ COPRODUCTION/ COPRODUCCIÓN

Formiga Atómica

Artemrede Teatros

Associados

Centro Cultural Vila

Flor

Maria Matos Teatro

Municipal Teatro Viriato

PRODUÇÃO NO BRASIL/ PRODUCTION IN BRAZIL/ PRODUCIÓN EN BRASIL

Adryela RodriguesSendero Cultural

Projeto financiado por Governo de Portugal –Secretaria de Estado da Cultura / DireçãoGeral das Artes |

Project funded by the Government of Portugal – Secretary of State for Culture / Directorate-General for the Arts |

Proyecto financiado por el Gobierno de Portugal –Secretaría de Estado da Cultura / Dirección General de Artes

168
6
FILIPE FERREIRA

Miniaturas de gente, bicho, carro, barco e outros objetos prendem a atenção porque são manejadas com delicadeza, como se extensão de corpo e voz dando asas ao imaginário. Durante quase uma hora, o ator Miguel Fragata narra uma história sobre a infinitude inscrita no livro da vida de cada ser humano. Sim, a experiência lúdico-artística proporcionada em “A Caminhada dos Elefantes” está impregnada de pitadas existenciais.

Espectadores de todas as idades são como que transportados à África para conhecer a história do ambientalista sul-africano Lawrence Anthony (19502012). Precisamente a reserva de Thula Thula, do povo zulu, onde passou os últimos 12 anos de existência protegendo uma manada de elefantes que cresceu de seis para 31 animais.

Quando ele morreu, conforme relatou sua esposa, a manada sentiu que seu coração parou e caminhou 12 horas para se despedir e permanecer por dois dias e duas noites ao redor da casa de Anthony.

Essa é uma das passagens do texto de Inês Barahona, encenado pelo próprio Fragata. A concepção ganhou corpo a partir de encontros e oficinas junto a 200 crianças entre 6 e 10 anos. Professores e arte-educadores também foram ouvidos acerca da seguinte questão: “Como explicaria a morte a uma criança de oito anos?”.

A montagem lança mão de formas animadas, como sombras e projeções, e a narrativa propõe ainda um jogo de proibição do uso da palavra “morte”. A intenção é devolver em espelho aos adultos o que as crianças leem do seu comportamento.

“A morte é talvez o último grande tabu dos nossos tempos. A ignorância perante a morte é universal. É uma questão que nos deixa a nós, adultos, muito desconfortáveis e inseguros. E essa insegurança é pressentida a distância pelas crianças. Elas também têm questões. Mas têm poucos ou nenhum interlocutor para conversar sobre o assunto e normalmente compreendem que é um tema proibido”, escrevem o atuante e a dramaturga, cofundadores da companhia de teatro.

QUEM SÃO AS CRIAÇÕES DA FORMIGA ATÓMICA

INSCREVEM-SE EM QUESTÕES CONTEMPORÂNEAS E DESTINAM-SE A TODO O PÚBLICO, EM GERAL PRECEDIDAS DE EXTENSOS PERÍODOS DE PESQUISA. ALÉM DE “A CAMINHADA DOS ELEFANTES” (2013), DESTACAMSE NA TRAJETÓRIA DA COMPANHIA AS OBRAS “THE WALL” (2015), “A VISITA ESCOCESA” (2016), “DO BOSQUE PARA O MUNDO” (2016, CUJA VERSÃO FRANCESA ABRIU O FESTIVAL DE AVIGNON, EM 2018), “MONTANHA-RUSSA” (2018) E “FAKE” (2020).

169 A CAMINHADA DOS ELEFANTES FORMIGA ATÓMICA | PORTUGAL PORTUGUÊS
FILIPE FERREIRA

Miniatures of people, animals, cars, boats, and other objects catch the attention because they are handled delicately as if an extension of body and voice gives wings to the imagination. For almost one hour, actor Miguel Fragata narrates a story about the infinity inscribed in the book of life of every human being. Yes, the playful-artistic experience provided in “A Caminhada dos Elefantes” is impregnated with existential pinches.

Viewers of all ages are transported to Africa to learn about the story of the South African environmentalist Lawrence Anthony (1950-2012). Precisely the Thula Thula reserve of the Zulu people, where he has spent the last 12 years of his existence protecting a herd of elephants that has grown from six to 31 animals.

When he died, as reported by his wife, the herd felt that his heart was no longer beating, and walked 12 hours to say goodbye and stay for two days and two nights around Anthony’s house.

This is one of the passages from the text by Inês Barahona, staged by Fragata himself. The concept took shape from meetings and workshops with 200 children between 6 and 10 years old. Teachers and art educators were also asked the following question: “How would you explain death to an eight-year-old?”

The stagecraft makes use of animated forms, such as shadows and projections, and the narrative also proposes a game banning the use of the word “death.” The intention is to mirror to adults what children read from their behavior.

“Death is perhaps the last great taboo of our times. Ignorance in the face of death is universal. It is an issue that makes us adults very uncomfortable and insecure. And this insecurity is sensed from a distance by children. They also have questions. But they have few or no one to talk to about the subject, usually understood as a “forbidden topic,” writes the actor and the playwright, co-founders of the theater company.

WHO ARE THEY FORMIGA ATOMICA’S CREATIONS COVER CONTEMPORARY ISSUES AND ARE INTENDED FOR THE ENTIRE PUBLIC, GENERALLY PRECEDED BY EXTENSIVE RESEARCH PERIODS. IN ADDITION TO “A CAMINHADA DOS ELEFANTES” (2013), THE WORKS “THE WALL” (2015), “A VISITA ESCOCESA” (2016), “DO BOSQUE PARA O MUNDO” (2016, WHICH FRENCH VERSION OPENED THE AVIGNON FESTIVAL IN 2018), “MONTANHA-RUSSA” (2018) E “FAKE” (2020) STAND OUT IN THE COMPANY’S TRAJECTORY.

170 THE ELEPHANT WALK FORMIGA ATÓMICA | PORTUGAL ENGLISH
FILIPE FERREIRA

Miniaturas de personas, animales, autos, barcos y otros objetos llaman la atención por ser manipuladas con delicadeza, como si fuesen una extensión del cuerpo y la voz, dando alas a lo imaginario. Durante casi una hora, el actor Miguel Fragata narra una historia sobre la infinitud, inscrita en el libro de vida de cada ser humano. Sí, la experiencia lúdico-artística proporcionada en “La caminata de los elefantes” está impregnada de pitadas existenciales.

Espectadores de todas las edades son de cierta manera transportados al África para conocer la historia del ambientalista sudafricano Lawrence Anthony (1950-2012). Más precisamente en la reserva Thula Thula, del pueblo zulú, donde pasó sus últimos 12 años de existencia protegiendo una manada de elefantes, que creció de seis para 31 animales.

Cuando Anthony murió, según el relato de su esposa, la manada percibió que su corazón había parado. Y caminó 12 horas para despedirse, permaneciendo durante dos días y dos noches alrededor de su casa.

Este es uno de los pasajes del texto de Inês Barahona, representado por el propio Fragata. La

concepción de la obra tomó cuerpo a partir de encuentros y talleres con 200 niños de entre 6 y 10 años. Los profesores y educadores de arte también aportaron sus opiniones sobre la siguiente cuestión relatando: “¿Cómo explicar la muerte a un niño de ocho años?”.

El montaje utiliza formas animadas, como sombras y proyecciones, y la narrativa propone además un juego en el que está prohibido usar la palabra “muerte”. La intención es devolverlo a los adultos, como si fuera en un espejo, que los niños leen en el comportamiento de los mayores.

“La muerte tal vez sea el último gran tabú de nuestro tiempo. La ignorancia frente a la muerte es universal. Es un tema que a nosotros, los adultos, nos genera gran incomodidad e inseguridad. Y los niños perciben a distancia esa falta de seguridad. Porque ellos también se plantean estas cuestiones. Pero hay pocos, o ningún interlocutor para conversar sobre el asunto y ellos normalmente entienden que es un tema prohibido”, relatan el actor y la dramaturga, co-fundadores de la compañía de teatro.

QUIENES SON LAS CREACIONES DE LA HORMIGA ATÓMICA TRATAN CUESTIONES CONTEMPORÁNEAS QUE SE DESTINAN A TODOS LOS PÚBLICOS, SIENDO EN GENERAL PRECEDIDAS DE EXTENSOS PERÍODOS DE INVESTIGACIÓN. ADEMÁS DE “LA CAMINATA DE LOS ELEFANTES” (2013), SE DESTACAN EN LA TRAYECTORIA DE LA COMPAÑÍA LAS OBRAS “THE WALL” (2015), “LA VISITA ESCOCESA” (2016), “DEL BOSQUE PARA EL MUNDO” (2016, CUYA VERSIÓN FRANCESA ABRIÓ EN 2018 EL FESTIVAL DE AVIGNON, “MONTAÑA RUSA” (2018) Y “FAKE” (2020).

171 LA CAMINATA DE LOS ELEFANTES HORMIGA ATÓMICA | PORTUGAL ESPAÑOL
SUSANA PAIVA

BRASA TIAGO CADETE/ CO-PACABANA

PORTUGAL | 90'

14.09 QUA 20H / 09.14 WED 8 PM

15.09 QUI 19H / 09.15 THU 7 PM

CENTRO ESPANHOL DE SANTOS

CRIAÇÃO E ESPAÇO/CREATION AND SPACE/CREACIÓN Y ESPACIO Tiago Cadete COCRIAÇÃO/COCREATION/CO-CREACIÓN Gaya de Medeiros | Julia Salem | Keli Freitas | Magnum Soares | Tiago Cadete COM/WITH/CON Dori Nigro | Julia Salem | Keli Freitas | Leonor Cabral | Tiago Cadete | Tita Maravilha PARTICIPAÇÃO EM VÍDEO/ VIDEO PARTICIPATION/PARTICIPACIÓN EN EL VIDEO Ana Lobato | Dori Nigro | Gaya de Medeiros | Gustavo Ciríaco | Isabél Zuaa | Magnum Soares | Raquel André | Keli Freitas ASSISTENTE DE CRIAÇÃO/CREATION ASSISTANT/ASISTENTE DE CREACIÓN Leonor Cabral FIGURINO/COSTUMES/VESTUARIO Carlota Lagido ASSISTENTE DE FIGURINO/COSTUMES ASSISTANT/ASISTENTE DE VESTUARIO Sandra Guerreiro LUZ/LIGHTING/ILUMINACIÓN Rui Monteiro CÂMARA/CAMERA/CÁMARA Afonso Sousa EDIÇÃO DE TELA/SCREEN EDITING/EDICIÓN DE PANTALLA António MV DIRETOR TÉCNICO/TECHNICAL DIRECTOR/DIRECTOR TÉCNICO Élio Antunes PRODUÇÃO EXECUTIVA EM PORTUGAL/EXECUTIVE PRODUCTION IN PORTUGAL/PRODUCCIÓN EJECUTIVA EN PORTUGAL Cláudia Teixeira PRODUÇÃO EXECUTIVA NO BRASIL/EXECUTIVE PRODUCTION IN BRAZIL/PRODUCCIÓN EJECUTIVA EN BRASIL Bomba Criativa - coordenação (coordination/coordinación) Julia Baker GESTÃO FINANCEIRA E ADMINISTRAÇÃO/ESTREIA FINANCIAL MANAGEMENT AND ADMINISTRATION DEBUT/GESTIÓN FINANCIERA Y ADMINISTRACIÓN DEBUT Vítor Alves Brotas ASSESSORIA DE IMPRENSA EM PORTUGAL/ PRESS CONSULTANCY IN PORTUGAL/ASESORÍA DE PRENSA EN PORTUGAL Mafalda Simões FOTOGRAFIA DE DIVULGAÇÃO/PUBLICITY PHOTOGRAPHY/FOTOGRAFÍA DE DIVULGACIÓN Afonso Sousa | Tiago Cadete FOTOGRAFIA DE CENA/SCENE PHOTOGRAPHS/FOTOGRAFÍAS DE ESCENA João Tuna | Bruno Simão DOCUMENTÁRIO/DOCUMENTARY/ DOCUMENTAL Afonso Sousa | Tiago Cadete PRODUÇÃO/PRODUCTION/PRODUCCIÓN Co-pacabana RESIDÊNCIAS ARTÍSTICAS/ARTISTIC RESIDENCES/RESIDENCIAS ARTÍSTICAS Fábrica das Ideias | Gafanha da Nazaré (23 Milhas) | Espaço do Tempo | Teatro da Malaposta | Teatro da Voz COPRODUÇÃO/COPRODUCTION/CO-PRODUCCIÓN BoCA – Biennial of Contemporary Arts PROJETO FINANCIADO POR/PROJECT FUNDED BY/PROYECTO FINANCIADO POR República Portuguesa Portuguese Republic (Cultura/Direção-Geral das Artes) – PARCEIRO INSTITUCIONAL/INSTITUTIONAL PARTNER/ASOCIADO INSTITUCIONAL República Portuguesa – Ministério da Cultura (Portuguese Republic – Ministry of Culture) | “Brasa” é comissionado pela BoCA – Bienal de Artes Contemporâneas 2021 | “Brasa” is commissioned by BoCA – Bienal de Artes Contemporâneas 2021 | “Brasa” es comisionado por la BoCA – Bienal de Artes Contemporáneas 2021

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FOTOS/PHOTO: BRUNO SIMÃO

Nos últimos anos, novos grupos migratórios escolheram Portugal ou Brasil para estudar, ir em busca de novas oportunidades de trabalho ou simplesmente para sair do seu país de origem por motivos políticos. Mas quem são esses novos migrantes brasileiros e portugueses? Que desejos carregam?

Artista performativo e visual, o português Tiago Cadete experimentou, ele mesmo, a condição de transitar entre Lisboa e Rio de Janeiro nos últimos oito anos, em função de estudos de pós-graduação na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (EBA/UFRJ).

Em “Brasa”, ele se alia a cocriadores migrantes em mão dupla: pessoas brasileiras que foram para Portugal e portuguesas que migraram para o Brasil. Apesar das origens e distintas percepções, ele entende que existem mais coisas que as unem do que as afastam. O trabalho assume múltiplas perspectivas. E nunca perde de vista os processos históricos. Da “Carta do Achamento do Brasil”, pelo fidalgo Pero Vaz Caminha, à experiência íntima, atuantes surgem às voltas com fantasmas de formação familiar ou vindos da arrepiante xenofobia ou ainda de guinadas antidemocráticas, passando por questões de gênero, raça e sexualidade.

O espaço cenográfico é dividido em dois. Cada campo traz uma tela com a imagem de uma floresta em chamas, paisagem que também permite uma

leitura abstrata – um dos painéis é como a chapa radiográfica do outro. Territorialidades interpenetráveis, ao sabor da movimentação de quem ocupa a cena.

Nesses entrelugares, um ambiente afeito à instalação, ardem sentimentos e pensamentos críticos. Referências à língua, ao futebol ou a uma rua chamada Desterro são algumas das subjetividades candentes.

Cadete explica que a palavra Brasil tem origem na grande quantidade de árvores de pau-brasil existentes na região do litoral brasileiro. Brasil deriva de brasa, pois esta árvore possui uma seiva avermelhada, cor de brasa. Durante anos essas árvores foram extraídas e vendidas para o continente europeu. “Podemos dizer que foi um dos objetos que mais cruzou o Atlântico.”

QUEM É TIAGO CADETE (1988) VIVE ENTRE PORTUGAL E BRASIL, SITUANDO-SE NA FRONTEIRA ENTRE AS ARTES PERFORMATIVAS E VISUAIS. É DIRETOR ARTÍSTICO DA ESTRUTURA CO-PACABANA. DOUTORANDO EM ARTES VISUAIS PELA EBA/UFRJ, ONDE É MESTRE PELA MESMA INSTITUIÇÃO. FOI BOLSISTA DA GESTÃO DOS DIREITOS DOS ARTISTAS (GDA) NA PÓS-GRADUAÇÃO EM SISTEMA

LABAN/BARTENIEFF, NA FACULDADE DE DANÇA ANGEL VIANNA. ENTRE AS OBRAS RECENTES, ESTÃO “CICERONE” E “ATLÂNTICO”, AMBAS DE 2020, “BRASA” (2021) –DESDOBRADA EM DOCUMENTÁRIO CODIRIGIDO POR AFONSO SOUSA – E “CORTEJO” (2022), COM SOLANGE FREITAS.

173 BRASA TIAGO CADETE/CO-PACABANA | PORTUGAL PORTUGUÊS

In recent years, new migratory groups have chosen Portugal or Brazil to study, look for new job opportunities, or simply leave their country of origin for political reasons. But who are these new Brazilian and Portuguese migrants? What desires do they carry?

Tiago Cadete, a Portuguese performer and visual artist, experienced the situation of moving between Lisbon and Rio de Janeiro in the last eight years due to postgraduate studies at the School of Fine Arts of the Federal University of Rio de Janeiro (EBA/UFRJ).

In “Brasa,” he allies himself with two-way migrant co-creators: Brazilian people who went to Portugal and Portuguese people who migrated to Brazil. Despite their origins and different perceptions, he understands that more things unite than separate them. The work takes on multiple perspectives. Never losing sight of historical processes. From the “Carta do Achamento do Brasil” (Letter on the Discovery of Brail), by the nobleman Pero Vaz Caminha, to the intimate experience, actors come around with ghosts of family formation

or coming from the chilling xenophobia or even from anti-democratic turns, passing through questions of gender, race, and sexuality.

The scenographic space is divided into two. Each field brings a canvas with the image of a forest in flames, a landscape that also allows an abstract reading – one of the panels is like the X-ray image of the other. Interimpenetrable territorialities at the mercy of the movement of those who occupy the scene.

In these spaces in-between, critical feelings and thoughts burn. Some burning subjectivities are references to the language, soccer, or a street called Desterro.

Cadete explains that the word Brazil has its origins in the large number of pau-brasil trees existing on the Brazilian coast. Brazil derives from ember, as this tree has a reddish, ember-colored sap. For years these trees were harvested and sold to the European continent. “We can say it was one of the objects that most crossed the Atlantic.”

WHO IS HE TIAGO CADETE (1988) LIVES BETWEEN PORTUGAL AND BRAZIL, ON THE BORDER BETWEEN THE PERFORMING AND VISUAL ARTS. HE IS THE ARTISTIC DIRECTOR OF THE CO-PACABANA STRUCTURE. PH.D. STUDENT IN VISUAL ARTS AT EBA/UFRJ, WHERE HE HOLDS A MASTER’S DEGREE FROM THE SAME INSTITUTION. HE RECEIVED A SCHOLARSHIP FROM THE MANAGEMENT OF ARTISTS’ RIGHTS (GDA) IN THE LABAN/BARTENIEFF SYSTEM POSTGRADUATE COURSE AT THE ANGEL VIANNA DANCE COLLEGE. RECENT WORKS INCLUDE “CICERONE” AND “ATLÂNTICO”, BOTH OF 2020, “BRASA” (2021) – SPLIT INTO A DOCUMENTARY CO-DIRECTED BY AFONSO SOUSA –AND “CORTEJO” (2022), WITH SOLANGE FREITAS.

174 EMBER TIAGO CADETE/CO-PACABANA | PORTUGAL ENGLISH

En los últimos anos, nuevos grupos migratorios eligieron Portugal o Brasil para estudiar, ir en busca de nuevas oportunidades de trabajo o simplemente para salir de sus países de origen por motivos políticos. Pero, ¿quiénes son esos nuevos migrantes brasileños y portugueses? ¿Cuáles son sus deseos?

Artista de performance y visual, el portugués Tiago Cadete experimentó, él mismo, la condición de vivir tránsito entre Lisboa y Rio de Janeiro durante los últimos ocho años, en función de estudios de post-graduación en la Escuela de Bellas Artes de la Universidad Federal de Rio de Janeiro (EBA/UFRJ).

En “Brasa”, Cadete se junta con co-creadores migrantes que intercambiaron posiciones: personas brasileñas que fueron a Portugal, y portuguesas que migraron al Brasil. A pesar de sus orígenes y diferentes percepciones, él entiende que existen más cosas que las unen de las que las separan. El trabajo asume múltiples perspectivas. Y nunca pierde de vista los procesos históricos. Desde la “Carta del descubrimiento del Brasil”, del hidalgo Pero Vaz Caminha, hasta sus experiencias íntimas, actuantes

surgen enfrentados a fantasmas de formación familiar o de escalofriante xenofobia, o aún giros antidemocráticos, pasando por cuestiones de género, raza y sexualidad.

El espacio escenográfico es dividido en dos. Cada lado muestra una pantalla con la imagen de una floresta en llamas, paisaje que también permite una lectura abstracta – uno de los paneles es como una radiografía del otro. Territorialidades interpenetradas a la suerte de movimientos de quien ocupa la escena.

En esos lugares intermedios, un ambiente en el cual la instalación funciona, arden sentimientos y pensamientos críticos. Referencias a la lengua, al futbol o a una calle llamada Destierro son algunas de las subjetividades candentes.

Cadete explica que el origen de la palabra Brasil está en la gran cantidad de árboles de pau-brasil existentes en el litoral brasileño. Brasil deriva de brasa, pues la savia de este árbol es rojiza, color de brasa. Durante años esos árboles fueron extraídos y exportados al continente europeo. “Podemos decir que fue uno de los objetos que más atravesó el océano Atlántico.”

QUIEN ES TIAGO CADETE (1988) VIVE ENTRE PORTUGAL Y BRASIL, SITUÁNDOSE EN LA FRONTERA ENTRE LAS ARTES DE PERFORMANCE Y VISUALES. ES DIRECTOR ARTÍSTICO DE LA ESTRUCTURA CO-PACABANA. ESTUDIANTE DEL DOCTORADO DE ARTES VISUALES EN LA EBA/UFRJ, DONDE SE GRADUÓ CON UN MASTER. TUVO UNA BECA DE GESTIÓN DE LOS DERECHOS DE LOS ARTISTAS (GDA) EN SU POSTGRADUACIÓN EN SISTEMA LABAN/BARTENIEFF, EN LA FACULTAD DE DANZA ANGEL VIANNA. ENTRE SUS OBRAS RECIENTES, ESTÁN “CICERONE” Y “ATLÁNTICO”, AMBAS DE 2020, “BRASA” (2021) – QUE LUEGO SE DESDOBLÓ EN UN DOCUMENTAL CO-DIRIGIDO POR AFONSO SOUSA –Y “CORTEJO” (2022), CON SOLANGE FREITAS.

175 BRASA TIAGO CADETE/CO-PACABANA | PORTUGAL ESPAÑOL

COSMOS CLEO DIÁRA, ISABÉL ZUAA E NÁDIA YRACEMA

PORTUGAL | 75'

17.09 SÁB 22H / 09.17 SAT 10 PM

18.09 DOM 21H / 09.18 SUN 9 PM

TEATRO BRÁS CUBAS

12

DIREÇÃO ARTÍSTICA E CRIAÇÃO/ARTISTIC DIRECTION AND CREATION/DIRECCIÓN ARTÍSTICA Y CREACIÓN Cleo Diára | Isabél Zuaa | Nádia Yracema INTERPRETAÇÃO / INTERPRETATION/INTERPRETACIÓN Ana Valentim | Ângelo Torres | Bruno Huca | Cleo Diára | Mauro Hermínio | Nádia Yracema | Paulo Pascoal | Isabél Zuaa | Vera Cruz | Luan Okun APOIO À DRAMATURGIA /DRAMATURGY SUPPORT /APOYO A LA DRAMATURGIA Melissa Rodrigues APOIO À CRIAÇÃO/CREATION SUPPPORT / APOYO A LA CREACIÓN Mário Coelho | Inês Vaz COREOGRAFIA/CHOREOGRAPHY /COREOGRAFÍA Bruno Huca CENOGRAFIA/SCENOGRAPHY/ESCENOGRAFÍA Tony Cassanelli ASSISTENTE DE CENOGRAFIA/SCENOGRAPHY ASSISTANT/ASISTENTE DE ESCENOGRAFÍA Rodrigo Vasconcelos MÚSICA ORIGINAL E SONOPLASTIA/ORIGINAL MUSIC AND SOUND DESIGN/ MÚSICA ORIGINAL Y DISEÑO DE SONIDO Carolina Varela | Nuno Santos (XULLAJI) | Yaw Tembe INSTRUMENTAIS DE CORDAS/STRING INSTRUMENTS/INSTRUMENTOS DE CUERDA Desordem do Conceptual Branco - Cire Ndiaye | Suzana Francês | Florêncio Manhique | Mbye Ebrima | Sebastião Bergman | Evanilda Veiga VOZ EM OFF/VOICEOVER/VOZ EN OFF Rogério de Carvalho | Caroline Faforiji Odeyale | Nur Bryo | Carolina Varela TRADUÇÃO IRUBÁ /IRUBÁ TRANSLATION/TRADUCCIÓN DE IRUBÁ Olusegun Peter Odeyale FIGURINOS/COSTUMES/VESTUARIO Eloísa D’ Ascensão | Mónica Lafayette CONFECÇÃO DE FIGURINOS/COSTUME MAKING/ CONFECCIÓN DE VESTUARIO Myroslava Volosh | Salim | Atelier Termaji ADEREÇOS / PROPS / ACCESORIOS Almost Black | Eloísa d’Ascensao | Jorge Carvalhal | Rodrigo Vasconcelos DIREÇÃO TÉCNICA/ TECHNICAL DIRECTION/DIRECCIÓN TÉCNICA Manuel Abrantes OPERAÇÃO DE SOM/SOUND OPERATION/OPERACIÓN DE SONIDO Ana Carochinho VÍDEO/VIDEO Elvis Morelli | Maria Tsukamoto | Tiago Moura DESENHO DE LUZ/LIGHTING DESIGN/DISEÑO DE ILUMINACIÓN Eduardo Abdala PRODUÇÃO/ PRODUCTION/PRODUCCIÓN Cama AC | ADMINISTRAÇÃO E DIREÇÃO/ADMINISTRATION AND DIRECTION/ADMINISTRACION Y DIRECCION Daniel Matos | Joana Duarte DIREÇÃO DE PRODUÇÃO/PRODUCTION DIRECTION/DIRECCIÓN DE PRODUCCIÓN Maria Tsukamoto ASSISTÊNCIA DE PRODUÇÃO/PRODUCTION ASSISTANCE/ASISTENCIA A LA PRODUCCIÓN Ana Lobato PRODUÇÃO NO BRASIL/PRODUCTION IN BRAZIL/PRODUCCIÓN EN BRASIL Cassia de Souza - radar cultural gestão e projetos FOTOGRAFIA E DESIGN DE IMAGEM DE CARTAZ/PHOTOGRAPHY AND POSTER IMAGE DESIGN/FOTOGRAFÍA Y DISEÑO DE IMAGEN DE CARTEL Marco Maiato RESIDÊNCIA DE COPRODUÇÃO/CO-PRODUCTION RESIDENCY/RESIDENCIA DE COPRODUCCIÓN O Espaço do Tempo COPRODUÇÃO/COPRODUCTION/CO-PRODUCCIÓN Teatro Nacional D. Maria II APOIO/SUPPORT/APOYO Alkantara | Casa Independente | Largo Residências AGRADECIMENTOS INMUNE - Instituto da Mulher Negra em Portugal | SOS Racismo | DJASS - Associação de Afrodescendentes | Maria Matos Figueiredo | Manuel Maria Cristo | Nilton Cristo | Nilvano Cristo | Karol Nowisky | Kassay | Tiago Martins | Rosa Pinto | Vito Martins | Ricardo Martins | João Martins | Noémia Martins | Jamile Cazumbá | Felipe Drehmer | Maria da Luz | Daniel Matos | Kaio Matos | Kaysen Matos | Kelio Matos | Elisabete Barreto | Alcinda Alves | Cleida Alves | Raquel Lima | Joana Costa Santos | Sara Tavares | Daniel Matos | Joana Duarte | Miguel Carranca | Tiago Moura | Inês Valdez | Patrícia Portela | Cláudia Duarte | Tiago Rodrigues | Magda Bizarro | Welket Bungué | Dori Nigro. COSMOS é um projeto financiado pela República Portuguesa - Cultura | Direção Geral das Artes / IS A PROJECT funded by the Portuguese Republic - Culture | General Direction of Art / ES UN PROYECTO financiado por la República Portuguesa - Cultura | Dirección General de Arte

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FOTOS/PHOTO: FILIPE FERREIRA

Um grupo tem como missão encontrar um manuscrito com indicações para a criação de um novo mundo. Enquanto segue as pistas para a sua localização, viaja no tempo e no espaço. E nessa jornada interplanetária, apercebe-se da existência de vários mundos antecedentes ao seu, que resultaram desse mesmo escrito à mão.

A criação das atrizes e performers Cleo Diára, Isabél Zuaa e Nádia Yracema cogita uma série de questões. É o plano, a matéria ou o planeta que definem as nossas ações? Ou apenas as circunstâncias? Como se lida com a herança de um mundo anterior?

“Cosmos” nasce da vontade das artistas de origens cabo-verdiana, angolana e portuguesa de revisitar a mitologia africana e usá-la para propor a apresentação de um mito inédito sobre o nascimento de um novo mundo. Pretende criar uma fusão entre a ancestralidade e a ciência, aliada ao dever de missão.

“A partir de uma ideia de migração interplanetária, procuramos outras formas de entender os conceitos de fronteira, família e existência. Unimos a tragédia ao afrofuturismo para ilustrar esta ideia tendo como única emoção-guia o amor transcendental”, declara o trio em informe da temporada de estreia em meados de 2022 no Teatro Nacional D. Maria II – mesma casa em que despontou com “Aurora Negra” (2020), acerca da invisibilidade dos corpos negros nas artes da cena.

“Nestes dias que galgam ao compasso da luz, entre guerras, fome, pandemia, capitalismo selvagem, racismo, falta de ar e ausência de liberdade questionamos o que surgiria se fossemos realmente obrigados a recomeçar? Se apenas alguns corpos fossem responsáveis para voltar a gerar, germinar e expandir um novo mundo? É este o desafio primordial e fio condutor deste espetáculo: repensar a humanidade, desafiando-a a reinventar-se”, conclamam as mulheres que performam três deusas que tecem o fio da vida e os destinos de cada um.

QUEM SÃO CLÉO DIÁRA (1987) NASCEU EM CIDADE DA PRAIA, CABO VERDE. MUDOU PARA LISBOA NA INFÂNCIA. AS PRIMEIRAS EXPERIÊNCIAS TEATRAIS OCORRERAM NO GRUPO UNIVERSITÁRIO MISCUTEM E, NA SEQUÊNCIA, NA ESCOLA SUPERIOR DE TEATRO E CINEMA (ESTC).

ISABÉL ZUAA (1987) TEM ORIGEM PORTUGUESA COM ASCENDÊNCIAS NA GUINÉ-BISSAU E ANGOLA. O CONTATO COM A ARTE SURGIU NO GRUPO DE DANÇA AFRICANA RADICADO EM LISBOA, O PRATA LUAR. SUA FORMAÇÃO INCLUI PASSAGENS POR CHAPITÔ, ESTC E UNIRIO.

PESQUISA NOVAS DRAMATURGIAS EM QUE A MULHER NEGRA É PROTAGONISTA E ANFITRIÃ DAS PRÓPRIAS HISTÓRIAS. NÁDIA YRACEMA (1988) NASCEU EM LUANDA, ANGOLA. INICIOU A FORMAÇÃO NO CURSO DO TEATRO DOS ESTUDANTES DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA, O TEUC. PARALELAMENTE, FEZ LICENCIATURA EM DIREITO NA MESMA INSTITUIÇÃO. PARTICIPA ATIVAMENTE DE ORGANISMOS SOCIAIS QUE PROMOVEM O TRABALHO COLABORATIVO EM CINEMA, TEATRO E PERFORMANCE.

177 COSMOS CLEO DIÁRA, ISABÉL ZUAA E NÁDIA YRACEMA | PORTUGAL PORTUGUÊS

A group’s mission is to find a manuscript with indications about the creation of a new world. While following the clues to its location, it travels through time and space. And in this interplanetary journey, they notice the existence of several worlds that precede their own, which resulted from that same handwriting.

The creation of actresses and performers Cleo Diára, Isabél Zuaa, and Nádia Yracema raises a series of questions. Is it the plan, matter, or planet that defines our actions? Or just the circumstances? How do you deal with the legacy of a previous world?

“Cosmos” was conceived from the desire of artists of Cape Verdean, Angolan and Portuguese origins to revisit African mythology and use it to propose the presentation of an unprecedented myth about the birth of a new world. It intends to create a fusion between ancestry and science, allied to the duty of mission.

“From an idea of interplanetary migration, we looked for other ways to understand the concepts of boundary, family, and existence. We combine tragedy with Afrofuturism to illustrate this idea with the sole guiding emotion of transcendental love,” says the trio in a report on the premiere season in mid-2022 at the Teatro Nacional D. Maria II – the same house where “Aurora Negra” appeared” (2020), about the invisibility of black bodies in the performing arts.

“In these days that climb to the beat of the light, between wars, hunger, pandemic, savage capitalism, racism, shortness of breath, and lack of freedom, we question what would arise if we were really forced to start all over? If only a few bodies were responsible to regenerate, germinate and expand a new world? This is the primary challenge and guiding principle of this show: to rethink humanity, challenging it to reinvent itself”, urge the women who perform three goddesses who weave the thread of life and the destinies of each one.

WHO ARE THEY CLÉO DIARIA (1987) WAS BORN IN PRAIA, CAPE VERDE. SHE MOVED TO LISBON AS A CHILD. HER FIRST THEATRICAL EXPERIENCES WERE AT THE UNIVERSITY GROUP MISCUTEM AND, LATER, AT THE ESCOLA SUPERIOR DE TEATRO E CINEMA (ESTC). ISABÉL ZUAA (1987) IS OF PORTUGUESE ORIGIN WITH ANCESTRY IN GUINEA-BISSAU AND ANGOLA. THE CONTACT WITH ART EMERGED IN THE AFRICAN DANCE GROUP PRATA LUAR, BASED IN LISBON. HER TRAINING INCLUDES VISITS TO CHAPITÔ, ESTC, AND UNIRIO. SHE RESEARCHES NEW DRAMATURGY IN WHICH THE BLACK WOMAN IS THE PROTAGONIST AND HOST OF HER OWN STORIES. NÁDIA YRACEMA (1988) WAS BORN IN LUANDA, ANGOLA. SHE BEGAN HER TRAINING IN THE COURSE OF THE STUDENTS’ THEATER AT THE UNIVERSITY OF COIMBRA, TEUC. AT THE SAME TIME, SHE STUDIED LAW AT THE SAME INSTITUTION. SHE ACTIVELY PARTICIPATES IN SOCIAL ORGANIZATIONS THAT PROMOTE COLLABORATIVE WORK IN CINEMA, THEATER, AND PERFORMANCE.

178 COSMOS CLEO
YRACEMA | PORTUGAL ENGLISH
DIÁRA, ISABÉL ZUAA AND NÁDIA

Un grupo tiene como misión encontrar un manuscrito con indicaciones para la creación de un nuevo mundo. Mientras sigue las pistas para su localización, viaja en el tiempo y el espacio. Y en esa jornada interplanetaria, percibe que existen varios mundos anteriores al de ellos, que son resultado de ese mismo escrito a mano.

La creación de las actrices y performers Cleo Diára, Isabél Zuaa y Nádia Yracema reflexiona sobre una serie de cuestiones. ¿Son el plano, la materia o el planeta quienes definen nuestras acciones? ¿O solo las circunstancias? ¿Cómo se enfrenta la herencia de un mundo anterior?

“Cosmos” nace de la voluntad de estas artistas de orígenes caboverdiana, angolana y portuguesa de revisitar la mitología africana y utilizarla para proponer la presentación de un mito inédito sobre el nacimiento de un nuevo mundo. Pretende crear una fusión entre la ancestralidad y la ciencia, aliada al deber de misión.

“A partir de una idea de migración interplanetaria, buscamos otras formas de entender los conceptos de frontera, familia y existencia. Unimos la tragedia a un futuro africano para ilustrar esta idea teniendo como única emoción guía el amor transcendental”, declara el trío en un informe de la temporada de estreno a mediados de 2022 en el Teatro Nacional D. Maria II de Lisboa – la misma casa en que despuntó con “Aurora Negra” (2020), acerca de la invisibilidad de los cuerpos negros en las artes de la escena.

“En estos días que recorren al compás de la luz, entre guerras, hambre, pandemia, capitalismo salvaje, racismo, falta de aire y ausencia de libertad, ¿nos cuestionamos que surgiría si realmente fuéramos obligados a recomenzar? ¿Si solamente algunos cuerpos fuesen responsables de volver a generar, germinar y expandir un nuevo mundo? Es este el desafío primordial e hilo conductor de este espectáculo: repensar la humanidad, desafiándola a reinventarse”. Es lo que invitan a hacer las mujeres que representan tres diosas que tejen los hilos de la vida y los destinos de cada uno.

QUIENES SON CLÉO DIÁRA (1987) NACIÓ EN CIDADE DA PRAIA, CABO VERDE. SE MUDÓ PARA LISBOA DURANTE SU INFANCIA. LAS PRIMERAS EXPERIENCIAS TEATRALES SE DIERON EN EL GRUPO UNIVERSITARIO MISCUTEM Y, EN SECUENCIA, EN LA ESCUELA SUPERIOR DE TEATRO Y CINE (ESTC). ISABÉL ZUAA (1987) TIENE ORIGEN PORTUGUÉS CON ASCENDENCIA EN GUINEA-BISSAU Y ANGOLA. SU CONTACTO CON EL ARTE SURGIÓ EN EL GRUPO DE DANZA AFRICANA PRATA LUAR , RADICADO EN LISBOA. SU FORMACIÓN INCLUYE PASAJES POR CHAPITÔ, ESTC Y UNIRIO. INVESTIGA NUEVAS DRAMATURGIAS EN LAS CUALES LA MUJER NEGRA ES PROTAGONISTA Y ANFITRIONA DE SUS PROPIAS HISTORIAS. NÁDIA YRACEMA (1988) NACIÓ EN LUANDA, ANGOLA. INICIÓ SU FORMACIÓN EN EL CURSO DE TEATRO DE LOS ESTUDIANTES DE LA UNIVERSIDAD DE COIMBRA, EL TEUC. PARALELAMENTE, ESTUDIÓ LA LICENCIATURA EN DERECHO EN LA MISMA INSTITUCIÓN. PARTICIPA ACTIVAMENTE DE ORGANISMOS SOCIALES QUE PROMUEVEN EL TRABAJO COLABORATIVO EN CINE, TEATRO Y PERFORMANCE.

179 COSMOS CLEO DIÁRA, ISABÉL ZUAA Y NÁDIA YRACEMA | PORTUGAL ESPAÑOL

ENSAIO PARA UMA

CARTOGRAFIA

CALLE

DIRETORA/DIRECTOR/ DIRECTORA

Mónica Calle

ASSISTENTE DE DIREÇÃO/DIRECTION

ASSISTANT/ASISTENTE DE DIRECCIÓN

José Miguel Vitorino

ELENCO/CASTING/ ELENCO

Carolina Varela

Ana Água

Sílvia Barbeiro

Lucília Raimundo

Sofia Vitória

Joana Santos

Maria Inês Roque

Miu Lapin

Sofia Dinger

Roxana Ionesco

Mafalda Jara

Mónica Garnel

Mónica Calle DESIGNER DE LUZ/LIGHT DESIGNER/DISEÑO DE ILUMINACIÓN

José Álvaro Correia

DIRETOR DE LUZ/LIGHT DIRECTOR/DIRECTOR DE ILUMINACIÓN

Renato Marinho

SONOPLASTA/SOUND

DESIGNER/DISEÑO DE SONIDO

Vasco Gomes

João Sousa

FOTOGRAFIA/ PHOTOGRAPHY/ FOTOGRAFÍA

Bruno Simão

PRODUÇÃO/ PRODUCTION/ PRODUCCIÓN

Sérgio Azevedo

Casa Conveniente/ Zona Não Vigiada COPRODUÇÃO/ COPRODUCTION/COPRODUCCIÓN

Teatro Nacional D. Maria II

PRODUÇÃO NO BRASIL/ PRODUCTION IN BRAZIL/PRODUCCIÓN EN BRASIL

Daniele SampaioSIM! Cultura ASSISTÊNCIA DE PRODUÇÃO NO BRASIL/PRODUCTION ASSISTANCE IN BRAZIL/ASISTENCIA A LA PRODUCCIÓN EN BRASIL

Cadu Cardoso

COORDENAÇÃO TÉCNICA NO BRASIL/TECHNICAL COORDINATION IN BRAZIL/COORDINACIÓN TÉCNICA EN BRASIL

Melissa Guimarães

A Casa Conveniente/ Zona Não Vigiada é uma estrutura financiada pela Direção-Geral das Artes/República Portuguesa-Cultura.

The Conveniente/ Zona Não Vigiada is a structure financed by the Direção-Geral das Artes/República Portuguesa-Cultura.

La Casa Conveniente/ Zona Não Vigiada es una estructura financiada por la Direção-Geral das Artes/República Portuguesa-Cultura.

180 12.09 SEG 19H / 09.12 MON 7 PM 13.09 TER 19H / 09.13 TUE 7
MÓNICA
PORTUGAL | 120'
PM CENTRO CULTURAL PORTUGUÊS (SALÃO)
16
FOTOS/PHOTO: BRUNO SIMÃO

A atriz e encenadora Mónica Calle conta ter conhecido a bailarina, coreógrafa e professora Luna Andermatt (1925-2013) nos últimos cinco dos 87 anos de vida dela. Em certa medida, a troca pontual com a sabedoria da mulher de convicções fortes, precursora da dança portuguesa e cofundadora da Companhia Nacional de Bailado (1976), a fez ver e ouvir compulsivamente coreografias de danças clássicas e ensaios de orquestras.

Calle dividiu essa história com o público antes de uma das apresentações da temporada de estreia de “Ensaio para uma Cartografia” em Lisboa, em 2017. Enquanto falava por alguns minutos, segurava nas mãos uma sapatilha, ladeada pelo elenco exclusivamente feminino que ainda carregava seus instrumentos nas capas.

Boa parte da equipe estava há três anos nesse processo, e mesmo assim chegava àquela etapa sem saber muito o que ia acontecer. “Muda uma coisa essencial que tem a ver com esse trabalho. Uma ideia de inocência. trabalhando sobre materiais que não são nossos. Portanto, temos essa grande liberdade, somos inocentes nessa abordagem”, disse.

A ideia matricial é: a partir dos ensaios de orquestra de maestros renomados e dos movimentos do balé clássico, um grupo de atrizes dança. Mas não só. Por vezes toca instrumentos ou até sola na ponta dos pés.

As entrelinhas, entretanto, é que são elas. Não há palavras, senão aquelas dos áudios originais de regentes como o romeno Sergiu Celibidache e o indiano Zubin Mehta ensaiando seus músicos.

A repetição, quintessência das artes cênicas, é senhora da melodia, da harmonia e do ritmo nessa obra que sublima a coralidade. A evolução minimalista das artistas de corpos nus em movimentos moderados e constantes é marcada pelo “Bolero”, a peça invariável do francês Maurice Ravel (1875-1937). Aliás, originalmente composta para dança.

Não por acaso, espiritualidade e memória tornaram-se estruturantes nas pesquisas da Calle, bem antes do advento da pandemia.

“Este espetáculo é também a construção de uma família, a procura de uma religação, através do erro, da falha, da insegurança, da inevitabilidade da imperfeição, da fragilidade e da transformação do corpo, mas também da força, da exigência e do rigor. Celebrar a vida”, diz ela, ao voltar em cartaz em 2021.

QUEM É NASCIDA NA ESPANHA E CRIADA EM PORTUGAL, MÓNICA CALLE (1966) SOMA TRÊS DÉCADAS DE CARREIRA. EM 1992, FUNDOU A COMPANHIA DE TEATRO CASA CONVENIENTE. EM 2014, MIGRA DO CAIS DO SODRÉ PARA A ZONA J DE CHELAS, ATRAVÉS DA CIRCULAÇÃO DE PEÇAS POR LISBOA, DAÍ A EXTENSÃO DO NOME PARA ZONA NÃO VIGIADA.

181 ENSAIO PARA UMA CARTOGRAFIA MÓNICA CALLE | PORTUGAL PORTUGUÊS

Actress and director Mónica Calle says she met the dancer, choreographer, and teacher Luna Andermatt (1925-2013) in the last five of her 87 years of life. To a certain extent, the one-off exchange with the wise woman with strong convictions, a precursor of the Portuguese dance and co-founder of the Companhia Nacional de Bailado (1976), made her compulsively see and hear choreographies of classical dances and orchestral rehearsals.

Calle shared this story with the audience before one of the performances of the premiere season of “Ensaio para uma Cartografia” in Lisbon in 2017. As she spoke for a few minutes, she held a ballet shoe in her hands, flanked by the all-female cast who still carried their instruments in their sleeves.

“One essential thing that has to do with this work changes. An idea of innocence working on materials that are not ours. Most of the team had been in this process for three years, and even so, they reached that stage without really knowing what was going to happen. So we have this great freedom; we are naive in this approach,” she said.

The basic idea is: from the rehearsals of an orchestra by renowned conductors and the movements of classical ballet, a group of actresses dances. But not only. Sometimes they play instruments or even dance a solo on tiptoe. There are no words other than those of the original audios of conductors such as the Romanian Sergiu Celibidache and the Indian Zubin Mehta rehearsing their musicians.

Repetition, the quintessence of the performing arts, is the master of melody, harmony, and rhythm in this work that extols melodiousness. The minimalist evolution of the artists with naked bodies in moderate and constant movements is marked by “Bolero,” the invariable piece by the French Maurice Ravel (1875-1937). In fact, originally composed for dance.

It is not by chance that spirituality and memory became structuring in Calle’s research well before the advent of the pandemic.

“This show is also the construction of a family, the search for reconnection, through error, failure, insecurity, the inevitability of imperfection, fragility,

and the transformation of the body, but also strength, demand, and rigor. Celebrate life”, she says, when she returns to theaters in 2021

WHO IS SHE BORN IN SPAIN AND RAISED IN PORTUGAL, MÓNICA CALLE (1966) HAS A CAREER SPANNING THREE DECADES. IN 1992, SHE FOUNDED THE THEATER COMPANY CASA CONVENIENTE. IN 2014, SHE MIGRATED FROM CAIS DO SODRÉ TO ZONA J DE CHELAS DUE TO THE CIRCULATION OF THE PLAYS IN LISBON, HENCE THE EXTENSION OF THE NAME TO ZONA NÃO VIGIADA (UNGUARDED ZONE).

182 ESSAY FOR A CARTOGRAPHY MÓNICA CALLE | PORTUGAL ENGLISH

La actriz y directora de escena Mónica Calle relata haber conocido la bailarina, coreógrafa y profesora Luna Andermatt (1925-2013) en los últimos cinco de sus 87 años de vida. En cierta medida, ese intercambio puntual con la sabiduría de una mujer de convicciones fuertes, precursora de la danza portuguesa y co-fundadora de la Compañía Nacional de Bailado (1976), le permitió ver y oír compulsivamente coreografías de danzas clásica y ensayos de orquestas.

Calle compartió esa historia con el público antes de una de las presentaciones de la temporada de estreno de “Ensayo para una Cartografía” en Lisboa, en 2017. Mientras hablaba durante algunos minutos, sostenía en sus manos una zapatilla, ladeada por el

elenco exclusivamente femenino que aún tenía sus instrumentos en las fundas.

Buena parte del equipo trabajaba desde hacía tres años en ese proceso, pero inclusive así estaban en una etapa de no saber demasiado sobre lo que sucedería. “Cambia algo esencial que tiene que ver con este trabajo. Una idea de inocencia, empleando materiales que no son nuestros. Por lo tanto, tenemos esa gran libertad, somos inocentes en ese abordaje”, dijo.

La idea matricial es: a partir de los ensayos de una orquesta de maestros famosos y de movimientos de balé clásico, un grupo de actrices baila. Pero no es solo eso. A veces tocan un instrumento, o hasta siguen el ritmo con la punta de los pies. Ellas están en las entrelíneas. No hay palabras, solo las de los audios originales de regentes como el rumano Sergiu Celibidache y el indio Zubin Mehta, ensayando con sus músicos.

La repetición, quintaesencia de las artes escénicas, es señora de la melodía, de la armonía y el ritmo en esa obra que sublima lo coral. La evolución minimalista de las artistas de cuerpos desnudos en movimientos moderados y constantes es marcada por el “Bolero”, pieza invariable del francés Maurice Ravel (1875-1937). Que por cierto fuera originalmente compuesta para danza.

No por acaso, espiritualidad y memoria se tornaron estructuradoras en las investigaciones de Calle, bien antes de la llegada de la pandemia.

“Este espectáculo es también la construcción de una familia, la búsqueda de una reconexión, a través del error, las fallas, la inseguridad, la inevitabilidad de la imperfección, la fragilidad y la transformación del cuerpo, pero igualmente de la fuerza, la exigencia y el rigor. Celebrar la vida”, dijo ella, cuando volvió a estar en cartel en 2021.

QUIEN ES NACIDA EN ESPAÑA Y CRIADA EN PORTUGAL, MÓNICA CALLE (1966) SUMA TRES DÉCADAS DE CARRERA. EN 1992 FUNDÓ LA COMPAÑÍA DE TEATRO CASA CONVENIENTE. EN 2014, MIGRA DEL CAIS DO SODRÉ PARA LA ZONA J DE CHELAS, A TRAVÉS DE LA CIRCULACIÓN DE PIEZAS POR LISBOA, POR ESO LA EXTENSIÓN DEL NOMBRE PARA ZONA NAO VIGIADA

183 ENSAYO PARA UNA CARTOGRAFÍA MÓNICA CALLE | PORTUGAL ESPAÑOL

ORGIA, PASOLINI TEATRO NACIONAL 21

PORTUGAL | 90'

11.09 DOM 20H / 09.11 SUN 8 PM

12.09 SEG 19H / 09.12 MON 7 PM

HERVAL 33

16

TEXTO/TEXT Pier Paolo Pasolini TRADUÇÃO/TRANSLATIO /TRADUCCIÓN Pedro Marques DIREÇÃO/DIRECTION/DIRECCIÓN Nuno M Cardoso INTERPRETAÇÃO/INTERPRETATION/ INTERPRETACIÓN Albano Jerónimo | Beatriz Batarda | Marina Leonardo CENOGRAFIA/SCENOGRAPHY/ESCENOGRAFÍA Ivana Sehic ASSISTÊNCIA DE CENOGRAFIA/ SCENOGRAPHY ASSISTANTS/ASISTENCIA DE ESCENOGRAFÍA João Renato Baptista | Rodrigo Queirós DESENHO DE LUZ/LIGHTING DESIGN/DISEÑO DE ILUMINACIÓN Rui Monteiro ASSISTÊNCIA DE DESENHO DE LUZ/LIGHTING DESIGN ASSISTANT/ASISTENCIA DE DISEÑO DE ILUMINACIÓN Teresa Antunes FIGURINOS/COSTUMES/VESTUARIO Sara Miro SOM/SOUND/SONIDO Óscar Benito DIREÇÃO DE PRODUÇÃO/PRODUCTION DIRECTOR/DIRECCIÓN DE PRODUCCIÓN Francisco Leone PRODUÇÃO EXECUTIVA/ EXECUTIVE PRODUCTION/PRODUCCIÓN EJECUTIVA Luís Puto PRODUÇÃO/PRODUCTION/PRODUCCIÓN Teatro Nacional 21 DIREÇÃO TEATRO NACIONAL 21/TEATRO NACIONAL 21 DIRECTION/DIRECCIÓN TEATRO NACIONAL 21 Albano Jerónimo | Cláudia Lucas Chéu | Francisco Leone GESTÃO NO BRASIL/MANAGEMENT IN BRAZIL/GERENCIA EN BRASIL ECUM Central de Produção COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO NO BRASIL/PRODUCTION COORDINATION IN BRAZIL/COORDINACIÓN DE PRODUCCIÓN EN BRASIL Guilherme Marques COORDENAÇÃO TÉCNICA NO BRASIL/TECHNICAL COORDINATION IN BRAZIL/COORDINACIÓN TÉCNICA EN BRASIL Grazi Vieira ASSISTENTE DE PRODUÇÃO NO BRASIL/PRODUCTION ASSISTANT IN BRAZIL/ASISTENTE DE PRODUCCIÓN EN BRASIL Carmen Mawu Lima ASSISTENTE CENOGRÁFICO NO BRASIL/SCENOGRAPHIC ASSISTANT IN BRAZIL/ASISTENTE ESCENOGRÁFICO EN BRASIL Arthur Hideki ASSISTENTE ADMINISTRATIVA FINANCEIRO NO BRASIL/FINANCIAL ADMINISTRATIVE ASSISTANT IN BRAZIL/ ASISTENTE ADMINISTRATIVA FINANCIERO EN BRASIL Delphine Lacroix HEADS DE LUZ NO BRASIL/HEADS OF LIGHT IN BRAZIL/HEADS DE ILUMINACIÓN EN BRASIL Eduardo Albergaria | Fernanda Guedella TÉCNICAS DE PALCO NO BRASIL/STAGE TECHNIQUES IN BRAZIL/TECNICAS ESCÉNICAS EN BRASIL Giovanna Kelly e Lara Gutierrez

COPRODUÇÃO/COPRODUCTION/CO-PRODUCCIÓN Teatro Viriato – Viseu, Centro Cultural Vila Flor/Oficina Guimarães APOIO/SUPPORT/APOYO Adelaide Castro | Amanda | Circolando | Emanuel Abrantes | Ira de Jesus | Lola Sousa | Mala Voadora | Polo Cultural das Gaivotas AGRADECIMENTOS/ACKNOWLEDGMENTS/

AGRADECIMIENTOS Gonçalo Gouveia | Paulo Capelo Cardoso | Pro.Dança

184
FOTOS/PHOTO: RAQUEL BALSA

ORGIA, PASOLINI

Em artigo publicado na Folha de S.Paulo focado no centenário de nascimento do intelectual militante italiano Pier Paolo Pasolini (1922-1975), transcorrido em 5 de março de 2022, o diretor de cinema e pesquisador Carlos Adriano elaborou a seguinte súmula do artista literário e cineasta que expressou sua genialidade na subversão: “Pier Paolo Pasolini era mais que um autor completo (e complexo) – escritor, poeta, polemista, cineasta. Era cristão, marxista e gay – heresia pura. Encarnação de um tipo emblemático e subversivo dos anos 1960 e 1970, era um intelectual militante, nas hostes da arte e da política, comprometido com o desejo de uma sociedade melhor, mais justa, fraterna e humana”.

Algumas das inquietações presentes em toda a carreira de Pasolini estão refletidas em “Orgia, Pasolini”, esboçada em 1966, no bojo de outras cinco peças delineadas em jorro de fôlego, quando o autor convalescia de uma úlcera.

Nas palavras do diretor Nuno M Cardoso, trata-se de uma tragédia do indivíduo contemporâneo que se confronta com o passado e com a sua singularidade, que ainda tem de fazer a travessia pelo sofrimento para concretizar a aprendizagem.

“Morri agora mesmo. O meu corpo pendula de uma corda, estranhamente vestido.” A primeira fala no pró -

logo diz a que veio o homem, a voz póstuma, num misto de narrador e protagonista a rebobinar a existência. A ressoar Eros e Tânatos “como a vibração de um sino interno e sensível”, diz Cardoso.

Para o diretor, a peça diz respeito à diversidade, à identidade pessoal, à luta pela liberdade e à procura de felicidade numa sociedade que considera opressora, controladora e reguladora. “Não é uma história pornográfica ou erotizada”, ressalva. Mas “um teatro de palavras conjugadas pela língua da carne”.

Ele espera que “o espectador ouça mais que veja”, no que vale retornar ao prólogo: “Repito, por isso, que se a minha vida tivesse sido um espetáculo não seria eu a ficar frente a frente com o drama, devido, por tradição, a um conflito. A revisão dos últimos eventos da minha tragédia não podia ser um drama ou um dilema, repito, senão na consciência de um eventual espectador”.

QUEM SÃO A COMPANHIA TEATRO NACIONAL 21 (TN21) FOI FUNDADA EM 2011 POR CLÁUDIA LUCAS CHÉU E ALBANO JERÓNIMO A PARTIR DA MONTAGEM DE “GLÓRIA OU COMO PENÉLOPE MORREU DE TÉDIO”, COM TEXTO E ENCENAÇÃO DE CHÉU. NUNO M CARDOSO (1973) É ENCENADOR, ATOR, PROFESSOR E DIRETOR ARTÍSTICO.

TEATRO NACIONAL 21 | PORTUGAL 185
PORTUGUÊS

In an article published in Folha de S.Paulo focused on the birth centenary of the Italian militant intellectual Pier Paolo Pasolini (1922-1975), which took place on March 5, 2022, film director and researcher Carlos Adriano prepared the following summary of the literary artist and filmmaker who expressed his genius in subversion: “Pier Paolo Pasolini was more than a complete (and complex) author – writer, poet, polemicist, filmmaker. He was Christian, Marxist and gay – pure heresy. The incarnation of an emblematic and subversive type of the 1960s and 1970s, he was a militant intellectual, in the hives of art and politics, committed to the desire for a better, fairer, fraternal and more humane society.”

Some of the concerns present throughout Pasolini’s career are reflected in “Orgia,” sketched in 1966, amid five other plays outlined in a rush of breath, when the author was recovering from an ulcer.

In the words of director Nuno M Cardoso, it is a tragedy of the contemporary individual confronted with the past and his singularity, who still has to cross through suffering to materialize learning.

“I’ve just died. My body dangles from a rope, strangely dressed.” The first line in the prologue says what the man came to, the posthumous voice, in a mixture of narrator and protagonist rewinding existence. Eros and Thanatos resound “like the vibration of an internal and sensitive bell,” says Cardoso.

For the director, the play is about diversity, personal identity, the struggle for freedom, and the search for happiness in a society that he considers oppressive, controlling, and regulatory. “It’s not a pornographic or eroticized story,” he says. But “a theater of words conjugated by the language of the flesh.”

He hopes that “spectators hear more than seeing,” which is worth returning to the prologue: “I repeat, therefore, that if my life had been a spectacle, I would not be facing the drama, due, by tradition, to a conflict. The review of the latest events of my tragedy could not be a drama or a dilemma, I repeat, except in the mind of a casual spectator”.

WHO ARE THEY TEATRO NACIONAL 21 (TN21) WAS FOUNDED IN 2011 BY CLÁUDIA LUCAS CHÉU AND ALBANO JERÓNIMO, FROM THE PRODUCTION OF “GLÓRIA OU COMO PENÉLOPE MORREU DE TEDIO”, WITH TEXT AND STAGING BY CHÉU. NUNO M CARDOSO (1973) IS A DIRECTOR, ACTOR, TEACHER, AND ARTISTIC DIRECTOR.

186 ORGY, PASOLINI TEATRO NACIONAL 21 | PORTUGAL ENGLISH

En un artículo publicado en la Folha de S.Paulo sobre el centenario del nacimiento del intelectual militante italiano Pier Paolo Pasolini el 5 de marzo de 2022 (nació en 1922, murió en 1975) el director de cine e investigador Carlos Adriano elaboró la siguiente reseña del artista literario y cineasta que expresó su genialidad en la subversión: “Pier Paolo Pasolini era más que un autor completo (y complejo) – escritor, poeta, polemista, cineasta. Era cristiano, marxista y gay – herejía pura. Encarnación de un tipo emblemático y subversivo de los años 1960 y 1970, era un intelectual militante, de las huestes del arte y de la

política, comprometido con el deseo de vivir en una sociedad mejor, más justa, fraterna y humana”.

Algunas de las inquietudes presentes en toda la carrera de Pasolini están reflejadas en “Orgia”, esbozada en 1966, en el centro de otras cinco piezas delineadas en un soplo de aliento, cuando el autor convalecía de una úlcera.

En las palabras del director Nuno M Cardoso, se trata de una tragedia del individuo contemporáneo al confrontarse con el pasado y su singularidad, que aún deberá enfrentar la travesía por el sufrimiento para concretizar su aprendizaje.

“Acabé de morirme. Mi cuerpo cuelga de una cuerda, extrañamente vestido.” Esta primera frase del prólogo dice a que vino el hombre, su voz póstuma, en una mezcla de narrador y protagonista que rebobina su existencia. Al resonar Eros y Tánatos “como la vibración de una campana interna y sensible”, dice Cardoso.

Para el director, la pieza habla de diversidad, de identidad personal, de lucha por la libertad y de la búsqueda de la felicidad en una sociedad que considera opresora, controladora y reguladora. “No es una historia pornográfica o erotizada”, observa, sino “un teatro de palabras conjugadas por la lengua de la carne”.

Cardoso espera que “el espectador oiga más de lo que ve”, entonces vale retornar al prólogo: “Por eso repito que si mi vida hubiera sido un espectáculo no sería yo quien estaría frente a frente con el drama, que por tradición, debería ser un conflicto. La revisión de los últimos eventos de mi tragedia no podría ser un drama o un dilema, reitero, sino en la conciencia de un eventual espectador”.

QUIENES SON LA COMPAÑÍA TEATRO NACIONAL 21 (TN21) FUE FUNDADA EN 2011 POR CLÁUDIA LUCAS CHÉU Y ALBANO JERÓNIMO, A PARTIR DEL MONTAJE DE “GLORIA O COMO PENÉLOPE MURIÓ DE TEDIO”, CON TEXTO Y PUESTA EN ESCENA DE CHÉU. NUNO M CARDOSO (1973) ES DIRECTOS DE ESCENA, ACTOR, PROFESOR Y DIRECTOR ARTÍSTICO.

187 ORGÍA, PASOLINI TEATRO NACIONAL 21 | PORTUGAL ESPAÑOL

OS FILHOS DO MAL HOTEL EUROPA

PORTUGAL | 90'

/

CRIAÇÃO/CREATION/CREACIÓN André Amálio COCRIAÇÃO E MOVIMENTO/COCREATION AND MOVEMENT/CO-CREACIÓN Y MOVIMIENTO Tereza Havlíčková ASSISTENTE DE CRIAÇÃO/CREATION ASSISTANT/ASISTENTE DE CREACIÓN Cheila Lima INTERPRETAÇÃO/INTERPRETATION/INTERPRETACIÓN Ana Rita Ferreira | Ana Sartóris | Cheila Lima | João Esteves | Paulo Quedas | Rita Tomé CENOGRAFIA/SCENOGRAPHY/ESCENOGRAFÍA Sara Franqueira CRIAÇÃO MUSICAL/MUSICAL CREATION/CREACIÓN MUSICAL Pedro Salvador DESENHO DE LUZ E OPERAÇÃO/LIGHTING DESIGN AND OPERATION/DISEÑO DE ILUMINACIÓN Y OPERACIÓN Joaquim Madaíl PRODUÇÃO EXECUTIVA/EXECUTIVE PRODUCTION/PRODUCCIÓN EJECUTIVA Maria João Santos PRODUÇÃO/PRODUCTION/PRODUCCIÓN Hotel Europa COPRODUÇÃO/COPRODUCTION/CO-PRODUCCIÓN São Luiz Teatro Municipal FOTOGRAFIA/PHOTOGRAPHY/FOTOGRAFÍA Estelle Valente PRODUÇÃO NO BRASIL/PRODUCTION IN BRAZIL/PRODUCCIÓN EN BRASIL Szpektor & Corrêa Produções Artísticas AGRADECIMENTOS/ACKNOWLEDGMENTS TO/AGRADECIMIENTOS Rui Simões | Vitor Lima | Bombeiros Voluntários de Pinhal Novo / E a todos os familiares dos intérpretes deste espetáculo que generosamente partilharam a sua história / and all family members of the performers of this show who generously shared their story / y a todos los familiares de los intérpretes de este espectáculo que generosamente compartieron su historia) | Estas apresentações têm o Apoio à Internacionalização da DGARTES/Ministério da Cultura | these presentations are supported by DGARTES/Ministry of Culture for Internationalization | Estas presentaciones cuentan con el apoyo de DGARTES/Ministerio de Cultura para la Internacionalización

188
14.09
TEATRO GUARANY FOTOS/PHOTO:ESTELLE VALENTE 12
13.09 TER 22H
09.13 TUE 10 PM
QUA 20H / 09.14 WED 8 PM

Vãos ou valas intergeracionais são mais profundos em sociedades impactadas por ditaduras militares sob cumplicidade de civis. Olhar a história nos olhos é a que se propõe o criador André Amálio e a equipe embarcada na companhia Hotel Europa em mais um passo de suas andanças com o teatro documental.

Em “Os Filhos do Mal”, Rita, João Carlos, Ana, Paulo e Ana Rita não são artistas cênicos. Estudaram e trilharam veredas outras. Antes, são bisnetos, netos, sobrinhos e filhos de presos políticos ou de louvadores de autocratas. Nasceram nas décadas de 1970, 1980 e 1990 e cresceram depois do 25 de abril de 1974, a Revolução dos Cravos, que pôs fim à longa noite fascista de mais de quatro décadas do regime salazarista.

A criação parte do conceito de pós-memória, definido pela pesquisadora Marianne Hirsch, romena radicada nos Estados Unidos, no seu livro “The Generation of Postmemory” (2012): a “relação que a geração seguinte tem com o pessoal, coletivo e trauma cultural daqueles que vieram antes – experiências que são lembradas apenas através de histórias, imagens e comportamentos daqueles com quem cresceram”.

Que memórias lhes foram transmitidas des se passado?

Encontradas através do processo de recolha de depoimentos, pessoas reais representam suas próprias histórias direta ou indiretamente afetadas pelos laços consanguíneos. A qualidade do que é factual provém das lembranças e revisões na vida adulta. Uma das participantes só veio a saber mais acerca da tortura do pai ao assistir a um vídeo postado em rede social. Tema tabu.

Fotografias exibidas em retroprojetor, pequenos trechos de vídeos e um sem-número de documentos dão ao material um quê de crítica genética, campo da literatura relativo à escavação do processo de escrita e que pode ser aplicado a outras linguagens.

Há margens para o lirismo, por exemplo, quando se compartilha o bastidor da gravação de “Grândola, Vila Morena”, canção-símbolo de Zeca Afonso no levante popular de 48 anos atrás. E para o drama intermitente, quando um intérprete se resigna: “O mal é a tua família não ter orgulho em ti por teres feito a revolução”.

QUEM SÃO HOTEL EUROPA É UMA COMPANHIA FORMADA POR ANDRÉ AMÁLIO (PORTUGAL) E TEREZA HAVLÍČKOVÁ (REPÚBLICA TCHECA). DESENVOLVE ESPETÁCULOS DE TEATRO DOCUMENTAL QUE EXPLORAM AS FRONTEIRAS ENTRE TEATRO, DANÇA E PERFORMANCE. PARA TANTO, UTILIZA-SE DA SOBREPOSIÇÃO DE MATERIAL AUTOBIOGRÁFICO, NARRATIVAS FAMILIARES, HISTÓRIAS NACIONAIS, TESTEMUNHOS, ENTREVISTAS E PESQUISA HISTORIOGRÁFICA. “OS FILHOS DO MAL” (2021) É O SEGUNDO CAPÍTULO DE UM CICLO QUE COMEÇOU EM 2019 COM “OS FILHOS DO COLONIALISMO”.

189 OS FILHOS DO MAL HOTEL EUROPA | PORTUGAL PORTUGUÊS

Intergenerational gaps or ditches are deeper in societies impacted by military dictatorships under the complicity of civilians. Looking at history in the eyes is what the creator André Amálio and the team on board the company Hotel Europa propose in one more step of their wanderings with documentary theater.

In “Os Filhos do Mal,” Rita, João Carlos, Ana, Paulo, and Ana Rita are not scenic artists. They studied and walked other tracks. Rather, they are great-grandchildren, grandchildren, nephews, and children of political prisoners or of autocrats’ supporters. They were born in the 1970s, 1980s, and 1990s. They grew up after the 25th of April 1974, the Carnation Revolution, which put an end to the long fascist night of more than four decades of the Salazar regime.

The creation is based on the concept of post-memory, defined by researcher Marianne Hirsch, a Romanian living in the United States, in her book “The Generation of Post memory” (2012). The “relationship that the next generation has with the personal, collective and cultural trauma of those who came before – experiences that are remembered only through the stories, images, and behaviors of those they grew up with.”

What memories from that past were transmited to them?

Found through the process of collecting testimonials, real people represent their n stories directly or indirectly affected by blood ties. The quality of what is factual comes from memories and revisions in adulthood. One of the participants only came to know more about her father’s torture by watching a video posted on social media. Taboo topic.

Photographs displayed on an overhead projector, video clips, and countless documents give the material a touch of genetic criticism, a field of literature related to the excavation of the writing process that can be applied to other languages.

There are margins for lyricism, for example, when sharing the backstage of the recording of “Grândola, Vila Morena,” a symbol song by Zeca Afonso in the popular uprising of 48 years ago. And for the intermittent drama, when an interpreter admits: “The problem is that your family is not proud of you for having made the revolution.”

WHO ARE THEY HOTEL EUROPA IS A COMPANY FORMED BY ANDRÉ AMÁLIO (PORTUGAL) AND TEREZA HAVLÍČKOVÁ (CZECH REPUBLIC). IT DEVELOPS DOCUMENTARY THEATER SHOWS THAT EXPLORE THE BOUNDARIES BETWEEN THEATRE, DANCE, AND PERFORMANCE. FOR THAT, IT USES THE SUPERPOSITION OF AUTOBIOGRAPHICAL MATERIAL, FAMILY NARRATIVES, NATIONAL HISTORIES, TESTIMONIALS, INTERVIEWS, AND HISTORIOGRAPHICAL RESEARCH. “OS FILHOS DO MAL” (2021) IS THE SECOND CHAPTER OF A CYCLE THAT BEGAN IN 2019 WITH “OS FILHOS DO COLONIALISMO.”

190 THE SONS OF THE EVIL HOTEL EUROPA | PORTUGAL ENGLISH

Las brechas o grietas intergeneracionales son más profundas en sociedades impactadas por dictaduras militares bajo la complicidad de civiles. Enfrentar a la historia es lo que se propone el creador André Amálio y la troupe embarcada en la compañía Hotel Europa, en otro paso más de sus andanzas con el teatro documental.

En “Los hijos del Mal”, Rita, João Carlos, Ana, Paulo y Ana Rita no son artistas escénicos. Estudiaron y recorrieron otros caminos. Pero antes de eso, son bisnietos, nietos, sobrinos e hijos de presos políticos o de quienes alababan a los autócratas. Nacieron en las décadas de 1970, 1980 y 1990 y crecieron después del 25 de abril de 1974, en la Revolución de los Claveles, que puso fin a la larga noche fascista de más de cuatro décadas del régimen de Salazar.

La creación parte del concepto de post-memoria, definido por la investigadora Marianne Hirsch, rumana radicada en los Estados Unidos, en su libro “The Generation of Postmemory” (2012) como: la “relación que una generación posterior tiene con lo personal, colectivo y el trauma cultural de aquellos que vinieron antes – experiencias que solo son recordadas a través de historias, imágenes y comportamientos de aquellos con quienes crecieron”.

¿Qué memorias les fueron transmitidas de ese pasado?

Personas reales representan sus propias historias, encontradas a través de un proceso de compilar testimonios, directa o indirectamente afectados por los vínculos consanguíneos. La cualidad de lo que es factual proviene de los recuerdos y revisiones de la vida adulta. Una de las participantes solo pudo saber más sobre las torturas de su padre cuando vio un vídeo colgado en una red social. Tema tabú. Fotografías exhibidas en un proyector, pequeños trechos de vídeos y un sinnúmero de documentos dan al material un enfoque de crítica genética, un campo de literatura relacionado con una excavación en un proceso de escritura, que puede ser aplicado a otros lenguajes.

Hay márgenes para el lirismo, por ejemplo cuando se comparten los bastidores de la grabación de “Grândola, Vila Morena”, canción-símbolo de Zeca Afonso durante la revuelta popular de 48 años atrás. Y para el drama intermitente, cuando un intérprete se resigna: “El mal es que tu familia no tenga orgullo de ti por haber hecho la revolución”.

QUIENES SON HOTEL EUROPA ES UNA COMPAÑÍA FORMADA POR ANDRÉ AMÁLIO (PORTUGAL) Y TEREZA HAVLÍČKOVÁ (REPÚBLICA CHECA). DESARROLLA ESPECTÁCULOS DE TEATRO DOCUMENTAL QUE EXPLORAN LAS FRONTERAS ENTRE TEATRO, DANZA Y PERFORMANCE. PARA ELLO, SE VALEN DE LA SUPERPOSICIÓN DE MATERIAL AUTOBIOGRÁFICO, NARRATIVAS FAMILIARES, HISTORIAS NACIONALES, TESTIMONIOS, ENTREVISTAS E INVESTIGACIÓN HISTORIOGRÁFICA. “LOS HIJOS DEL MAL” (2021) ES EL SEGUNDO CAPÍTULO DE UN CICLO QUE COMENZÓ EN 2019 CON “LOS HIJOS DEL COLONIALISMO”.

191 LOS HIJOS DEL MAL HOTEL EUROPA | PORTUGAL ESPAÑOL

SOU UMA ÓPERA, UM

TUMULTO, UMA AMEAÇA CAUSAS COMUNS

PORTUGAL | 75'

CRIAÇÃO/CREATION/ CREACIÓN

Cristina Carvalhal CENÁRIO E FIGURINOS/ SCENERY AND COSTUMES/ESCENARIO Y VESTUARIO

Nuno Carinhas INTERPRETAÇÃO/ INTERPRETATION/ INTERPRETACIÓN

Inês Rosado

Manuela Couto

Rosinda Costa

Sara Carinhas

ASSISTÊNCIA DE ENCENAÇÃO/STAGING ASSISTANT/ASISTENCIA DE PUESTA EN ESCENA

Alice Azevedo LUZ/LIGHTING/ ILUMINACIÓN

Rui Monteiro LUZ NO BRASIL/ LIGHTING IN BRAZIL/ ILUMINACIÓN EN BRASIL

Diana Santos

SOM/SOUND/SONIDO

Sérgio Delgado

SOM NO BRASIL/SOUND EM BRAZIL/SONIDO EN BRASIL

Sérgio Milhano

ADEREÇOS/ ADORNMENTS/ ADEREZOS

João Rapaz

PRODUÇÃO EXECUTIVA/EXECUTIVE PRODUCTION/ PRODUCCIÓN

EJECUTIVA

Sofia Bernardo

PRODUÇÃO NO BRASIL/ PRODUCTION IN BRAZIL/PRODUCCIÓN EN BRASIL

Júlia GomesCenaCult

AGRADECIMENTOS/ ACKNOWLEDGEMENTS/ AGRADECIMIENTOS

Ana Luísa Amaral

Pedro Filipe

Marques

Associação Cultural

Teatro Meia e Volta e Depois à Esquerda Quando Eu Disser

12

APOIO/SUPPORT/APOYO

Fundação Calouste

Gulbenkian

COPRODUÇÃO/ COPRODUCTION/COPRODUCCIÓN

Causas Comuns

São Luiz Teatro

Municipal

A Causas Comuns é uma estrutura financiada pelo Governo de Portugal - Ministério da Cultura/Direção

Geral das Artes /

Causas Comuns is a structure funded by the Government of Portugal - Ministry of Culture/Direção

Geral das Artes / Causas Comuns es una estructura financiada por el Gobierno de Portugal - Ministerio de Cultura/Dirección General de Artes

192 10.09 SÁB 21H / 09.10 SAT 9 PM 11.09 DOM 19H / 09.11 SUN 7 PM TEATRO GUARANY
FOTOS/PHOTO: ESTELLE VALENTE

A aristocrata britânica Margaret Cavendish (16231673), que transgrediu todas as regras atuando como filósofa, poeta, cientista, romancista e dramaturga, é um dos motores da criação de Cristina Carvalhal numa produção da estrutura Causas Comuns.

No brilhante ensaio “Um Teto Todo Seu” (1929), citado em cena, a inglesa Virginia Woolf (1882-1941) diz, pragmática, que para escrever ficção a mulher precisa de quinhentas libras por ano e de um lugar para si, nada além. A exemplo da duquesa de Newcastle, assim lembrada: “Que visão de solidão e rebeldia, o pensamento de Margaret Cavendish incita! Como se um pepino gigante tivesse se espalhado por sobre as rosas e cravos no jardim e os tivesse sufocado até a morte”, ilustra Woolf.

Numa narrativa grávida de metaficção, libertária em termos de cânones e disposta a fazer do mundo das artes o seu laboratório por excelência, quatro atrizes dispõem múltiplas perspectivas de uma história, como se de um fluxo de consciência se tratasse. As palavras se deixam vaguear pelo espaço, são imagéticas e operam como uma lupa em detalhes que vão encontrando pelo caminho.

A “narrativa-conferência-instalação-corporização de ideias”, no dizer da encenadora, evoca a figura de uma escritora obcecada pelo funcionamento da mente consciente, enquanto tenta escrever um romance cuja protagonista, uma artista plástica, anseia tanto ver as suas obras reconhecidas quanto Cavendish.

“Uma história com outras histórias dentro, ou como contar uma história, ou sobre a nossa cabeça quando tentamos contar uma história. Uma fantasia, uma paisagem mental”, acrescenta Carvalhal.

O espetáculo questiona a discriminação de gênero tomando por base o livro “O Mundo Ardente” (no Brasil, “O Mundo em Chamas”), da norte-americana Siri Hustvedt.

“Se o discurso artístico pode ser considerado, por natureza, um discurso contracorrente, porque é que ainda assim, no seu seio, se mantêm e se reproduzem determinados estereótipos? Uma cadeia de associações subliminares que remonta aos antigos gregos parece continuar a ligar masculino, intelecto, alto, áspero, espírito e cultura, por oposição a feminino, corpo, emoção, suave, baixo, carne e natureza”, afirma Hustvedt, filha de mãe norueguesa e pai americano.

QUEM SÃO FUNDADA POR CRISTINA CARVALHAL (1966), EM 2004, A ESTRUTURA CAUSAS COMUNS É UM ESPAÇO DE CONFLUÊNCIA DE ARTISTAS, EM TORNO DE IDEIAS, PARA A CRIAÇÃO DE ESPETÁCULOS TEATRAIS. CONVOCANDO CÚMPLICES HABITUAIS E CRIADORES EMERGENTES, PRIVILEGIA A PRESENÇA DE MULHERES EM TODOS OS CARGOS DECISÓRIOS, PROMOVENDO A SINGULARIDADE DE ARTISTAS E OBRAS PARA CRIAR ESPAÇOS DE RESSONÂNCIA ENTRE O MUNDO, ARTISTAS E PÚBLICOS.

193 SOU UMA ÓPERA, UM TUMULTO, UMA AMEAÇA CAUSAS COMUNS | PORTUGAL PORTUGUÊS

The British aristocrat Margaret Cavendish (1623-1673), who transgressed all the rules acting as a philosopher, poet, scientist, novelist, and playwright, is one of the driving forces behind Cristina Carvalhal’s creation along with the production structure called Causas Comuns.

In the brilliant essay “Um Teto Todo Seu” (1929), quoted on stage, the English Virginia Woolf (18821941) says pragmatically that to write fiction, a woman needs five hundred pounds a year and a place for herself, nothing else. Like the Duchess of Newcastle, thus remembered: “What a vision of loneliness and rebellion, the thought of Margaret Cavendish incites! As if a giant cucumber had spread over the roses and carnations in the garden and had suffocated them to death,” Woolf illustrates.

In a narrative pregnant with metafiction, libertarian in terms of canons, and willing to make the art world their laboratory by excellence, four actresses have multiple perspectives on a story like a stream of consciousness. Words are allowed to wander through space; they are imagery and operate like a magnifying glass on details they encounter along the way.

In the director’s words, the “narrative-conference-installation-embodiment of ideas” evokes the figure of a writer obsessed with the functioning of the conscious mind, while trying to write a novel whose

protagonist, a visual artist, is as eager to see her works recognized as Cavendish.

“A story with other stories in it, or like telling a story, or over our heads when we try to tell a story. A fantasy, a mental landscape”, adds Carvalhal.

The show questions gender discrimination based on the book “O Mundo Ardente” (in Brazil, “O Mundo em Chamas”), by North American Siri Hustvedt.

“If the artistic discourse can be considered, by nature, a countercurrent discourse, why is it that, even so, within it, certain stereotypes are maintained and reproduced? A chain of subliminal associations dating back to the ancient Greeks seems to continue to link masculine, intellect, high, rough, spirit and culture, as opposed to feminine, body, emotion, soft, short, flesh and nature,” says Hustvedt, daughter of a Norwegian mother and an American father.

WHO ARE THEY FOUNDED IN 2004 BY CRISTINA CARVALHAL (1966), THE CAUSAS COMUNS STRUCTURE IS A SPACE FOR ARTISTS TO CONVERGE AROUND IDEAS FOR THE CREATION OF THEATRICAL SHOWS. CALLING ON REGULAR ACCOMPLICES AND EMERGING CREATORS, IT PRIVILEGES THE PRESENCE OF WOMEN IN ALL DECISION-MAKING POSITIONS, PROMOTING THE UNIQUENESS OF ARTISTS AND WORKS TO CREATE SPACES OF RESONANCE BETWEEN THE WORLD, ARTISTS, AND AUDIENCES.

194 I AM AN OPERA, A RIOT, A THREAT CAUSAS COMUNS | PORTUGAL ENGLISH

La aristócrata británica Margaret Cavendish (16231673), que transgredió todas las reglas actuando como filósofa, poeta, científica, novelista y dramaturga, es uno de los motores de la creación de Cristina Carvalhal en una producción de la estructura Causas Comuns.

En el brillante ensayo “Un Techo Todo Suyo” (1929), citado en escena, la inglesa Virginia Woolf (1882-1941) dice de manera pragmática que para escribir ficción la mujer precisa quinientas libras por año, un lugar para ella y nada más. A ejemplo de la duquesa de Newcastle, recordada en esta frase: “¡Que visión de soledad y rebeldía incita el pensamiento de Margaret Cavendish! Es como si un pepino gigante se hubiera extendido sobre las rosas y claveles del jardín, y los hubiera sofocado hasta la muerte”, ilustra Woolf.

En una narrativa grávida de meta-ficción, libertaria en términos de cánones y dispuesta a hacer del mundo de las artes su laboratorio por excelencia, cuatro actrices disponen múltiples perspectivas de una historia, como si se tratase de un flujo de consciencia. Las palabras vagan por el espacio, crean imágenes y operan como una lupa en detalles que encuentran por el camino.

La “narrativa conferencia instalación corporificación de ideas”, en una frase de la directora de escena, evoca la figura de una escritora obcecada por el funcionamiento de la mente consciente, mientras trata de escribir una novela cuya protagonista - una artista plástica, desea mucho ver sus obras reconocidas como son las de Cavendish.

“Una historia con otras historias dentro, o como contar una historia, o sobre que piensa nuestra cabeza cuando intentamos contar una historia. Una fantasía, un paisaje mental”, agrega Carvalhal.

El espectáculo cuestiona la discriminación de género, basándose en el libro “El mundo deslumbrante” (en Brasil, “El Mundo en Chamas”), de la norte-americana Siri Hustvedt.

“Si el discurso artístico puede ser considerado, por naturaleza, un discurso contra-corriente, ¿porque es que aun así, en su seno, se mantienen y reproducen determinados estereotipos? Una cadena de asociaciones subliminares que remonta a los antiguos griegos

parece continuar a vincular masculino, intelecto, alto, áspero, espíritu y cultura, en oposición a femenino, cuerpo, emoción, suave, bajo, carne y naturaleza”, afirma Hustvedt, hija de madre noruega y padre norte-americano.

QUIENES SON FUNDADA POR CRISTINA CARVALHAL (1966) EN 2004, LA ESTRUCTURA CAUSAS COMUNS ES UN ESPACIO DE CONFLUENCIA DE ARTISTAS EN TORNO DE IDEAS, DIRIGIDAS A LA CREACIÓN DE ESPECTÁCULOS TEATRALES. CONVOCANDO CÓMPLICES HABITUALES Y CREADORES EMERGENTES, PRIVILEGIA LA PRESENCIA DE MUJERES EN TODOS LOS CARGOS EJECUTIVOS, PROMOVIENDO LA SINGULARIDAD DE ARTISTAS Y OBRAS PARA CREAR ESPACIOS DE RESONANCIA ENTRE EL MUNDO, LOS ARTISTAS Y DIVERSOS PÚBLICOS.

195 SOY UNA ÓPERA, UN TUMULTO, UNA AMENAZA CAUSAS COMUNS | PORTUGAL ESPAÑOL

VIAGEM A PORTUGAL, ÚLTIMA PARAGEM OU O QUE NÓS ANDÁMOS PARA AQUI CHEGAR TEATRO DO VESTIDO

PORTUGAL | 70'

TEXTO E DIREÇÃO/TEXT AND DIRECTION/TEXTO Y DIRECCIÓN Joana Craveiro COCRIAÇÃO E INTERPRETAÇÃO/COCREATION AND INTERPRETATION/CO-CREACIÓN E INTERPRETACIÓN Estêvão Antunes | Simon Frankel | Estêvão Antunes | Simon Frankel | Tânia Guerreiro | Mafalda Pereira VÍDEO E IMAGENS (ORIGINAIS, REPRODUÇÕES, SLIDES)/VIDEO AND IMAGES (ORIGINALS, REPRODUCTIONS, SLIDES) João Paulo Serafim CENOGRAFIA/SCENOGRAPHY/ESCENOGRAFÍA Carla Martinez FIGURINOS/COSTUMES/VESTUARIOS Tânia Guerreiro MÚSICA (COMPOSIÇÃO E INTERPRETAÇÃO)/MUSIC (COMPOSITION AND INTERPRETATION)/MÚSICA (COMPOSICIÓN E INTERPRETACIÓN) Francisco Madureira ASSISTÊNCIA, INTERPRETAÇÃO, MANIPULAÇÃO DE DOCUMENTOS, VÍDEO EM TEMPO REAL/ASSISTANCE, INTERPRETATION, DOCUMENTS HANDLING, REAL-TIME VIDEO/ASISTENCIA, INTERPRETACIÓN, MANIPULACIÓN DE DOCUMENTOS, VÍDEO EN TIEMPO REAL Mafalda Pereira DESENHO DE LUZ/ LIGHTING DESIGN/DISEÑO DE ILUMINACIÓN Cristóvão Cunha COORDENAÇÃO TÉCNICA/TECHNICAL COORDINATION/COORDINACIÓN TÉCNICA Leocádia Silva OPERAÇÃO DE LUZ/LIGHT OPERATION/OPERACIÓN DE ILUMINACIÓN Rodrigo Lourenço TÉCNICO DE VÍDEO/VIDEO TECHNICIAN/TÉCNICO DE VÍDEO João Pedro Leitão DIREÇÃO DE PRODUÇÃO/PRODUCTION DIRECTOR/DIRECCIÓN DE PRODUCCIÓN Alaíde Costa PRODUÇÃO NO BRASIL/PRODUCTION IN BRAZIL/PRODUCCIÓN EN BRASIL Corpo Rastreado APOIO/SUPPORT/APOYO Fundação Calouste Gulbenkian | FX Road Lights COPRODUÇÃO/COPRODUCTION/CO-PRODUCCIÓN Teatro do Vestido | Teatro Viriato AGRADECIMENTOS/ACKNOWLEDGMENTS/AGRADECIMIENTOS Alda Durão | Alice Samara | António Silva | Beatriz Correia | Bruno Nunes | Elisabete Caramelo | Isabel Santos | João Carneiro | Jorge Gabriel Henriques | Paula Bárcia, Paula Venâncio (Fábrica DuoVisão) | Pedro Morgado | Pedro Serpa (Tinta da China) | Rafael Ribeiro | Teresa Costa Reis | Valdemar Henriques | Teatro do Vestido é financiado por República Portuguesa - Cultura | Direcção-Geral das Artes / Teatro do Vestido is funded by República Portuguesa - Cultura | Direcção-Geral das Artes / Teatro do Vestido es financiado por República Portuguesa - Cultura | Direcção-Geral das Artes

196 09.09 SEX 19H30 / 09.09 FRI 7.30 PM 10.09 SÁB 20H30 / 09.10 SAT 8.30 PM SESC SANTOS (TEATRO) FOTOS/PHOTO:
FERNANDES
CARLOS
12

VIAGEM A PORTUGAL, ÚLTIMA PARAGEM OU O QUE NÓS ANDÁMOS PARA AQUI CHEGAR

Gênero literário secular, a narrativa de viagem transita entre o relato factual e a ficção, conforme o contexto histórico, o manejo da linguagem e o objetivo de quem escreve.

“Afinal, que viajar é este?”, pergunta José Saramago (1922-2010) no livro cujo título “Viagem a Portugal” empresta nome ao espetáculo do coletivo. Foi uma das motivações para que seus integrantes olhassem pelo retrovisor o caminho que os trouxe até ali, bem como a seus familiares, mostrando, consequentemente, a história do povo português. Também nortearam a pesquisa o conto “A Viagem”, da poeta Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004), e a circulação pelo interior de Portugal durante meses no ano da estreia, 2019.

“Que heranças de 48 anos de ditadura aí perduraram ou perduram? Quando se deram os saltos de mobilidade social que nos fizeram reunirmo-nos enquanto equipe na capital do país, todos detentores de cursos superiores, ao contrário das gerações que nos antecederam? Que Portugal é este que habitamos e de onde vimos?”, questiona Joana Craveiro, que assina texto e direção.

Com três intérpretes mais encarregados diretamente da narrativa, uma quarta na manipulação de documentos e vídeo em tempo real, assim como um quinto como compositor que pulsa a trilha ao vivo, o trabalho faz do arquivo um dispositivo cênico ao qual confere materialidade poética.

Foto, texto, música, correspondência e toda sorte de fontes rememoram dores e lutas que falam de direitos, de injustiças e de convicções humanistas em períodos como os da ditadura (1926-1974) e da Revolução dos Cravos (1974-1975).

Há um montar/desmontar, um encaixar/desencaixar na contrarregragem realizados pelos atuantes e demais artistas nos bastidores. Dinâmica afeita à natureza da linha do tempo dos acontecimentos narrados, afetados e comprimidos nas possibilidades de uma peça.

Como Craveiro declarou à jornalista Maria João Guardão, por ocasião de outra produção, “Juventude Inquieta” (2021), “o nosso é um processo que fica impresso no corpo, fica impresso na cena, fica impresso na escrita”. Para a diretora, portanto, não interessa “só contar a história”, mas “que o processo esteja em cena também”.

PORTUGUÊS

QUEM SÃO O COLETIVO TEATRO DO VESTIDO FOI FUNDADO EM 2001. PAUTA-SE PELA PESQUISA E EXPERIMENTAÇÃO, BEM COMO PELO DESENVOLVIMENTO DE UMA DRAMATURGIA ORIGINAL. CARACTERIZA-SE AINDA POR UMA FORTE RELAÇÃO COM ESPAÇOS DE APRESENTAÇÃO VARIADOS, SEJAM URBANOS OU RURAIS. E COM INICIATIVAS QUE VISAM A CRIAÇÃO DE UMA COMUNIDADE DE ESPECTADORES ATENTOS E IMPLICADOS NA REFLEXÃO ACERCA DA REALIDADE. UM TRABALHO EM COLABORAÇÃO, SOB DIREÇÃO ARTÍSTICA DE JOANA CRAVEIRO (1974).

197
TEATRO DO VESTIDO | PORTUGAL

In a secular literary genre, the travel narrative transits between factual report and fiction, according to the historical context, language use, and the writer’s objective.

“After all, what kind of travel is this?” asks José Saramago (1922-2010) in the book whose title "Viagem a Portugal" (Trip to Portugal) lends its name to the collective play. It was one of the drivers for its members to look in the rearview mirror at the path that took them and their families there, thus showing the history of the Portuguese people. The research was also guided by the short story “A Viagem” by the poet Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004) and the circulation in the interior of Portugal for months in the year of the premiere, 2019.

“What legacies of 48 years of dictatorship have lasted or continue there? When did the leaps in social mobility occur that made us come together as a team in the country’s capital? All of whom with higher education degrees, unlike the generations that preceded us? Which Portugal is this that we inhabit and where we come from?” asks Joana Craveiro, who signs the text and direction.

With three interpreters directly in charge of the narrative, a fourth handles documents and video in real-time, and a fifth as a composer who pulses the live track, the work makes the archive a scenic device to which it gives poetic materiality.

Photo, text, music, correspondence, and all sorts of sources recall pain and struggles that speak of rights, injustices, and humanist convictions in periods such as the dictatorship (1926-1974) and the Carnation Revolution (1974-1975).

There is an assembling/disassembling, a fitting/disengaging in the stage set performed by the actors and other artists behind the scenes. Dynamics affected by the nature of the timeline of narrated events, affected and compressed in the possibilities of a play.

As Craveiro told journalist Maria João Guardão, on the occasion of another production, “Juventude Inquieta” (2021), “ours is a process that is imprinted on the body; it remains imprinted on the scene, on the writing.” For the director, therefore, it is not important “just to tell the story” but also “to have the process on the scene.”

WHO ARE THEY THE COLLECTIVE TEATRO DO VESTIDO WAS FOUNDED IN 2001. IT IS GUIDED BY RESEARCH AND EXPERIMENTATION AND THE DEVELOPMENT OF AN ORIGINAL DRAMATURGY. IT IS ALSO CHARACTERIZED BY A STRONG RELATIONSHIP WITH VARIED PRESENTATION SPACES, WHETHER URBAN OR RURAL. AND WITH INITIATIVES AIMED AT CREATING A COMMUNITY OF ATTENTIVE SPECTATORS INVOLVED IN REFLECTION ON REALITY. A COLLABORATIVE WORK UNDER THE ARTISTIC DIRECTION OF JOANA CRAVEIRO (1974).

198 TRIP TO PORTUGAL, LAST STOP OR WHAT WE WALKED TO GET HERE TEATRO DO VESTIDO | PORTUGAL ENGLISH

VIAJE A PORTUGAL, ÚLTIMA ESCALA, O LO QUE CAMINAMOS

La narrativa de viaje es un género literario secular que transita entre el relato factual y la ficción, conforme el contexto histórico, el manejo del lenguaje y el objetivo de quien escribe.

“¿Al final, cuál viajar es este?”, pregunta José Saramago (1922-2010) en el libro “Viagem a Portugal” del cual el colectivo toma prestado su nombre para su obra. Esa fue una de las motivaciones para que sus integrantes mirasen por el retrovisor el camino que los llevó hasta allí, y también a sus familiares, mostrando en consecuencia la historia del pueblo portugués. La investigación también se orientó por el cuento “El Viaje”, de la poetisa Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004), y la circulación por el interior de Portugal durante meses en 2019, el año del estreno.

Joana Craveiro, directora artística del Teatro do Vestido, cuestiona: “¿cuáles herencias de 48 años de

dictadura perduraron o aún perduran? ¿Cuándo sucedieron esos saltos de movilidad social que nos llevaran a reunirnos como equipo en la capital del país, todos detentores de cursos superiores, al contrario de las generaciones que nos antecedieron? ¿Qué Portugal es este en el que habitamos y de dónde venimos?”. Joana firma el texto y dirección de esta pieza.

Con tres intérpretes específicamente encargados de la narrativa, una cuarta de la manipulación de documentos y vídeo en tiempo real, así como un quinto que como compositor conduce la banda sonora en vivo, el trabajo hace del archivo un dispositivo escénico al cual le otorga materialidad poética.

Fotos, texto, música, correspondencia y toda suerte de fuentes rememoran dolores y luchas que hablan de derechos, injusticias y convicciones humanistas en períodos como los de la dictadura (1926-1974) y de la Revolução dos Cravos de 1974-1975 (Revolución de los claveles).

Hay un montar/desmontar, un encajar/desencajar de la contrarregla, que son realizados por los actuantes y demás artistas en los bastidores. Una dinámica vinculada a la naturaleza de la línea del tempo de los acontecimientos narrados, relacionados y comprimidos en las posibilidades de una pieza.

Joana Craveiro declaró a la periodista Maria João Guardão, por ocasión de otra producción: “Juventud Inquieta” (2021), que “el nuestro es un proceso que permanece impreso en el cuerpo, en la escena y en el texto”. Para la directora, por lo tanto, no interesa “contar solo la historia”, sino que “el proceso también esté en escena”.

QUIENES SON EL COLECTIVO TEATRO DO VESTIDO FUE FUNDADO EN 2001. SE RIGE POR LA INVESTIGACIÓN Y LA EXPERIMENTACIÓN, Y TAMBIÉN POR EL DESARROLLO DE UNA DRAMATURGIA ORIGINAL. SE CARACTERIZA ADEMÁS POR UNA FUERTE RELACIÓN CON ESPACIOS DE PRESENTACIÓN VARIADOS, SEAN URBANOS O RURALES. Y CON INICIATIVAS CUYO OBJETIVO ES CREAR UNA COMUNIDAD DE ESPECTADORES ATENTOS E IMPLICADOS EN UNA REFLEXIÓN SOBRE LA REALIDAD. HACEN UN TRABAJO EN COLABORACIÓN, BAJO LA DIRECCIÓN ARTÍSTICA DE JOANA CRAVEIRO (1974).

199
TEATRO DO VESTIDO | PORTUGAL ESPAÑOL
HASTA LLEGAR AQUÍ
E CHILE
PORTUGAL AND CHILE
PORTUGAL Y CHILE
PORTUGAL
/
/

ESTREITO/ESTRECHO

TEATRO EXPERIMENTAL

DO PORTO (TEP) E TEATRO LA MARÍA

PORTUGAL E CHILE | 80'

DIREÇÃO ARTÍSTICA/ ARTISTIC DIRECTION/ DIRECCIÓN ARTÍSTICA

Alexandra von Hummel

Alexis Moreno

Gonçalo Amorim TEXTO/TEXT

Alexis Moreno ENCENAÇÃO/STAGING/ PUESTA EN ESCENA

Alexis Moreno

Gonçalo Amorim

TRADUÇÃO PARA PORTUGUÊS/ PORTUGUESE TRANSLATION/ TRADUCCIÓN AL PORTUGUÉS

Maria João Machado

ASSISTÊNCIA DE ENCENAÇÃO/STAGING

ASSISTANT/ASISTENCIA DE PUESTA EN ESCENA

Patrícia Gonçalves

INTERPRETAÇÃO/ INTERPRETATION/ INTERPRETACIÓN

Alexandra Von Hummel

Alexis Moreno

Gonçalo Amorim

Manuel Peña

Patrícia Gonçalves

Pedro Vilela CENÁRIO E DESENHO DE LUZ/SCENERY AND LIGHTING DESIGN/ ESCENARIO Y DISEÑO DE ILUMINACIÓN

Rodrigo Ruiz

REALIZAÇÃO PLÁSTICA E FIGURINOS/ PLASTIC EXECUTION AND COSTUMES/ REALIZACIÓN PLÁSTICA Y VESTUARIO

Catarina Barros

SUPORTE PARA REALIZAÇÃO PLÁSTICA E FIGURINOS/SUPPORT TO PLASTIC EXECUTION AND COSTUMES/SOPORTE PARA REALIZACIÓN PLÁSTICA Y VESTUARIO

Nuno Encarnação DIREÇÃO TÉCNICA/ TECHNICAL DIRECTION/ DIRECCIÓN TÉCNICA

Cárin Geada PRODUÇÃO/ PRODUCTION/ PRODUCCIÓN

Patrícia Gonçalves (TEP)

Horácio Perez (Teatro La Maria)

DIREÇÃO TÉCNICA NO BRASIL/TECHNICAL DIRECTION IN BRAZIL/ DIRECCIÓN TÉCNICA EN BRASIL

André Cajaiba TÉCNICO DE LUZ NO BRASIL/LIGHT

TECHNICIAN IN BRAZIL/TÉCNICO DE ILUMINACIÓN EN BRASIL

Emerson dos Santos (Nono) TÉCNICO DE SOM NO BRASIL /SOUND TECHNICIAN IN BRAZIL/ TÉCNICO DE SONIDO EN BRASIL

Rafa Rouxinol ADVOGADA NO BRASIL/ LAWYER IN BRAZIL/ ABOGADA EN BRASIL

Martha Macruz

14

DIREÇÃO DE PRODUÇÃO NO BRASIL/PRODUCTION

DIRECTOR IN BRAZIL/ DIRECTORA DE PRODUCCIÓN EN BRASIL

Stella MariniPúrpura Produções Artísticas COPRODUÇÃO/ COPRODUCTION /CO-PRODUCCIÓN

Teatro Municipal do Porto Teatro Experimental do Porto

Teatro La Maria

O TEP é uma estrutura financiada pelo Governo de Portugal/Ministério da Cultura/DireçãoGeral das Artes e apoiada pela Câmara Municipal do Porto

The TEP is a structure financed by the Governo de Portugal/Ministério da Cultura/DireçãoGeral das Artes and supported by the Câmara Municipal do Porto

El TEP es una estructura financiada por el Governo de Portugal/Ministério da Cultura/DireçãoGeral das Artes y apoyada por la Câmara Municipal do Porto

CALDEIRA

202 09.09 SEX 22H / 09.09 FRI 10 PM 10.09 SÁB 22H / 09.10 SAT 10 PM SESC SANTOS (GINÁSIO)
FOTOS/PHOTO: JOSÉ

Há 502 anos, o navegador português Fernão de Magalhães (1480-1521) liderou uma expedição espanhola que “descobriu” uma passagem natural no extremo sul da América do Sul, entre os oceanos Atlântico e Pacífico.

Em “Estreito/Estrecho”, as companhias portuguesa Teatro Experimental do Porto (TEP) e chilena Teatro La María investem na sátira e na crítica para problematizar a figura que dá nome ao Estreito de Magalhães, que acabou assassinada numa emboscada nas Filipinas.

Fugindo de uma simples anedota histórica e de ordem cronológica, diferentes abordagens cênicas questionam, profanam e mergulham na aventura de um grupo de homens face ao desconhecido, à conquista e à mudança de paradigma.

A montagem mistura estilos, opiniões e visões desde os primeiros minutos, quando um vídeo projetado ao fundo da cena mostra integrantes dos dois grupos (são três atuantes de cada lado), em distintos planos, ressabiados quanto ao trabalho em colaboração. Replicam ou, melhor, performam sobre xenofobias e malefícios de heranças colonizadoras que se conhece.

O palco torna-se então veículo de transgressão em que criadores transfiguram suas questões, dúvidas e conflitos, como se respondessem a um espetáculo de sublevação. A mesma que o pioneiro da circum-navegação enfrentou nos antigos navios no meio do oceano e, depois, na conquista sangrenta de terras.

Afinal, como operar artisticamente a partir do mito?

“O que se passa com figuras como Fernão de Magalhães é que há sempre uma provocação, múltiplas visões sobre a sua imagem e tudo o que ela representa. Portanto, estas questões estão também presentes na obra: a desconfiança, a manipulação, a ignorância”, conta o chileno Alexis Moreno, dramaturgo e coencenador. “Logo, à partida, nem precisamos inventar muito; bastou perceber as visões que cada território tem sobre Fernão de Magalhães para termos material para uma teatralidade e criarmos uma história falsa”, diz o português Gonçalo Amorim, coencenador.

Tampouco faltam reparações, culpas e omissões nessa confluência de carnalidades, sonoridades e sensorialidades, que parte da recepção crítica leu também com camadas absurdas e surrealistas.

QUEM SÃO TEATRO EXPERIMENTAL DO PORTO (TEP)

É A MAIS ANTIGA COMPANHIA PORTUGUESA E PRECURSORA DO TEATRO MODERNO, DESDE 1953, ENTÃO SOB A DIREÇÃO ARTÍSTICA DE ANTÓNIO PEDRO. EM 2012, A FUNÇÃO

FOI ASSUMIDA POR GONÇALO AMORIM, ENCENADOR RESIDENTE DESDE 2010. JÁ A COMPANHIA CHILENA

TEATRO LA MARÍA FOI FUNDADA EM 2000 POR ALEXANDRA

VON HUMMET E ALEXIS MORENO. DESENVOLVE UMA POÉTICA CÊNICA PRÓPRIA, EM QUE DIALÉTICA E POLÍTICA SÃO INDISSOCIÁVEIS EM SEUS TRABALHOS.

203 ESTREITO/ESTRECHO TEATRO EXPERIMENTAL DO
E
PORTUGUÊS
PORTO (TEP)
TEATRO LA MARÍA | PORTUGAL E CHILE

The Portuguese navigator Fernão de Magalhães (1480-1521), 502 years ago, led a Spanish expedition that “discovered” a natural passage in the extreme south of South America, between the Atlantic and Pacific oceans.

In “Estreito/Estrecho”, the Portuguese companies Teatro Experimental do Porto (TEP) and Chilean Teatro La María invest in satire and criticism to problematize the figure that gives its name to the Strait of Magellan, who was killed in an ambush in the Philippines.

Moving away from a simple historical and chronological anecdote, different scenic approaches challenge, profane, and delve into the adventure of a group of men facing the unknown, conquest, and paradigm shift.

The staging mixes styles, opinions, and views from the very first minutes when a video projected in the background shows members of the two groups (three on each side) on different planes, wary of collaborative work. They replicate or, rather, perform on xenophobia and the harm of known colonizing heritages.

The stage becomes a vehicle of transgression in which creators transfigure their questions, doubts, and conflicts as if responding to an uprising show. The same one that the pioneer of circumnavigation faced in the old ships in the middle of the ocean and, later, in the bloody conquest of lands.

After all, how to operate artistically from the myth? “What happens with figures like Fernão de Magalhães is that there is always a provocation, multiple views about his image and everything he represents. Therefore, these issues are also present in the play: mistrust, manipulation, ignorance,” says Chilean Alexis Moreno, playwright, and co-director. “So, from the start, we didn’t even need to invent much. It was enough to understand each territory’s views about Fernão de Magalhães to have material for theatricality and create a false story,” says the Portuguese co-director Gonçalo Amorim.

Nor is there a lack of reparations, faults, and omissions in this confluence of carnalities, sonorities, and sensory impressions, which part of the critical reception also read with absurd and surrealist layers.

WHO ARE THEY TEATRO EXPERIMENTAL DO PORTO (TEP) IS THE OLDEST PORTUGUESE COMPANY AND A MODERN THEATRE PRECURSOR SINCE 1953, UNDER THE ARTISTIC DIRECTION OF ANTÓNIO PEDRO. IN 2012, GONÇALO AMORIM, A RESIDENT DIRECTOR SINCE 2010, TOOK OVER. THE CHILEAN COMPANY TEATRO LA MARÍA WAS FOUNDED IN 2000 BY ALEXANDRA VON HUMMET AND ALEXIS MORENO. THEY DEVELOP SCENIC POETICS IN WHICH DIALECTICS AND POLITICS ARE INSEPARABLE IN THEIR WORKS.

204 STRAIT TEATRO EXPERIMENTAL DO PORTO (TEP) E TEATRO LA MARÍA | PORTUGAL AND CHILE ENGLISH

Hace 502 años, el navegador portugués Fernão de Magalhães (1480-1521) lideró una expedición española que “descubrió” un pasaje natural en el extremo sur de América del Sur, y que comunica los océanos Atlántico y Pacífico.

En “Estreito/Estrecho”, las compañías portuguesa Teatro Experimental do Porto (TEP) y chilena Teatro La María utilizan la sátira y la crítica para problematizar la figura que da nombre al Estrecho de Magallanes, quien murió asesinado en una emboscada en las Filipinas.

Dejando de lado una simple anécdota histórica y de orden cronológica, diferentes abordajes escénicos cuestionan, profanan y profundizan en la aventura de un grupo de hombres frente a lo desconocido, a la conquista y al cambio de paradigma.

El montaje mezcla estilos, opiniones y visiones desde los primeros minutos, cuando un vídeo proyectado al fondo de la escena muestra integrantes de los dos grupos (son tres actuantes de cada lado) en distintos planos, desconfiados en cuanto a trabajar en colaboración. Replican, o mejor, actúan sobre xenofobias y maleficios de herencias colonizadoras que se conocen.

El palco se torna entonces un vehículo de transgresión en el que creadores transfiguran sus cuestiones, dudas y conflictos, como si respondiesen a un espectáculo de sublevación. La misma que el pionero de la circunnavegación enfrentó en los antiguos navíos en medio del océano y, después, en la conquista sangrienta de tierras.

Al final, ¿cómo operar artísticamente a partir del mito? “Lo qué pasa con figuras como Fernão de Magalhães es que hay siempre una provocación, múltiples visiones sobre su imagen y todo lo que ella representa. Por lo tanto, estas cuestiones están también presentes en la obra: la desconfianza, la manipulación, la ignorancia”, cuenta el chileno Alexis Moreno, dramaturgo y encargado de la puesta en escena. “Entonces, de partida, no fue necesario inventar mucho; bastó con percibir las visiones que cada territorio tiene sobre Fernão de Magalhães para tener material para una teatralidad y así crear una historia falsa”, dice el portugués Gonçalo Amorim, también compañero de la puesta en escena.

Tampoco faltan reparaciones, culpas y omisiones en esa confluencia de carnalidades, sonoridades y sensorialidades, que parte de la crítica leyó también con capas absurdas y surrealistas.

QUIENES SON TEATRO EXPERIMENTAL DO PORTO (TEP) ES LA MÁS ANTIGUA COMPAÑÍA PORTUGUESA Y PRECURSORA DEL TEATRO MODERNO. DESDE 1953, ENTONCES CON ANTÓNIO PEDRO EN SU DIRECCIÓN ARTÍSTICA. EN 2012, ESA FUNCIÓN FUE ASUMIDA POR GONÇALO AMORIM, DIRECTOR DE ESCENA RESIDENTE DESDE 2010. YA LA COMPAÑÍA CHILENA TEATRO LA MARÍA FUE FUNDADA EN 2000 POR ALEXANDRA VON HUMMET Y ALEXIS MORENO. DESARROLLA UNA POÉTICA ESCÉNICA PROPIA, EN LA QUE DIALÉCTICA Y POLÍTICA SON INDISOCIABLES EN SUS TRABAJOS.

205 ESTREITO/ESTRECHO TEATRO
ESPAÑOL
EXPERIMENTAL DO PORTO (TEP) E TEATRO LA MARÍA | PORTUGAL Y CHILE
URUGUAI / URUGUAY / URUGUAY

CUANDO PASES SOBRE MI TUMBA SERGIO BLANCO

URUGUAI | 100'

TEXTO E DIREÇÃO/TEXT AND DIRECTION/TEXTO Y DIRECCIÓN

Sergio Blanco

ATUANTES/ACTORS/ ACTUACIÓN

Sebastián Serantes

Gustavo Saffores

Felipe Ipar

DESIGN VISUAL/VISUAL DESIGN/DISEÑO DE VISUALES

Miguel Grompone OPERAÇÃO DE VÍDEO

AO VIVO/LIVE VIDEO OPERATION/OPERACIÓN DE VIDEO EN VIVO

Francesca Crossa

Miguel Grompone

CENOGRAFIA E ILUMINAÇÃO/ SCENOGRAPHY AND LIGHTING/ ESCENOGRAFÍA Y LUCES

Laura Leifert

Sebastián Marrero ASSISTENTE DE ILUMINAÇÃO E CENOGRAFIA/ SCENOGRAPHY AND LIGHTING ASSISTANT/ ASISTENCIA DE LUCES Y ESCENOGRAFÍA

Paula Martell

FIGURINO/COSTUMES/ VESTUÁRIO

Laura Leifert

DESENHO DE SOM/ SOUND DESIGN/DISEÑO DE SONIDO

Fernando Castro

OPERADOR DE SOM

AO VIVO/LIVE SOUND OPERATOR/OPERADOR DE SONIDO EN VIVO

Gerardo Hernández

Fernando Castro

PREPARAÇÃO VOCAL/ VOCAL PREPARATION/ PREPARACIÓN VOCAL

Pablo Routin

PREPARAÇÃO

INSTRUMENTAL / INSTRUMENTAL PREPARATION/ PREPARACIÓN

INSTRUMENTAL

Federico Zavadszky

FOTOGRAFIA/ PHOTOGRAPHY/ FOTOGRAFÍA

Nairí Aharonián DESIGN GRÁFICO/ GRAPHIC DESIGN/ DISEÑO GRÁFICO

Augusto Giovanetti COMUNICAÇÃO/ COMMUNICATION/ COMUNICACIÓN

Matías Pizzolanti GESTÃO DE IMPRENSA/ PRESS MANAGEMENT/ GESTIÓN DE PRENSA

Valeria Piana

ESTAGIÁRIA DE DIREÇÃO/DIRECTION INTERN/PASANTE DE DIRECCIÓN

Ana Karen Peraza

ASSISTENTE DE DIREÇÃO E PRODUÇÃO/ DIRECTION AND PRODUCTION ASSISTANT/ASISTENTE DE DIRECCIÓN Y PRODUCCIÓN

Danila Mazzarelli

PRODUÇÃO E CIRCULAÇÃO/ PRODUCTION AND CIRCULATION/ PRODUCCIÓN Y CIRCULACIÓN

Matilde López Espasandín

PRODUÇÃO NO BRASIL/ PRODUCTION IN BRAZIL/PRODUCCIÓN EN BRASIL

Arte Rumo

ProduçõesRaquel Dammous ESPETÁCULO COPRODUZIDO POR/ SHOW COPRODUCED BY/ESPECTÁCULO COPRODUCIDO POR Festival

Internacional de Artes Escénicas de Uruguay & Festival

Internacional de Buenos Aires

208 16.09 SEX 21H / 16.09 FRI 9 PM 17.09 SÁB 21H / 17.10 SAT 9 PM SESC SANTOS (TEATRO)
FOTOS/PHOTO: NAIRÍ AHARONIÁN
16

Na definição clássica, “a autoficção é uma ficção de acontecimentos e de fatos estritamente reais”, como declarou o escritor francês Serge Doubrovsky (19282017). Coube a ele teorizar acerca do gênero literário inclassificável até os anos 1970.

A escrita do eu é precisamente a plataforma de voo da dramaturgia do franco-uruguaio Sergio Blanco, que elevou o estatuto da autoficção no teatro à enésima potência. Sua escrita pactua com a mentira para contrapor-se ao pacto de verdade da autobiografia, como se vê em “CUANDO PASES SOBRE MI TUMBA” (2016), voltada aos supostos últimos dias de vida do autor.

Ele organiza seu suicídio assistido em uma clínica de luxo, na Suíça, e planeja entregar seu corpo a um jovem necrófilo internado em um hospital psiquiátrico de Londres. São narrados diferentes encontros que Blanco teria com o médico responsável pelo ato cobiçado e com o referido destinatário. À medida que a dramaturgia avança, aborda-se nem tanto o tema da morte, mas do erotismo. Paixão e desejo enquanto impulsos inevitáveis de toda experiência vital.

O título faz menção indireta a versos do poeta persa Hafez de Shiraz, do século XIV: “Meu amor, quando passares sobre o meu túmulo, rasgarei minha mortalha”.

Eros e Tânatos. Em suas peças as pulsões de morte e de vida são uma constante. Ou se está apaixonado ou se tem medo da morte.

A estrutura do trabalho que traz ao MIRADA se dá, por um lado, como um poema dramático que canta os tormentos inflamados do amor e, por outro, expõe uma dissertação metafísica sobre o estatuto político do corpo post mortem. Afinal, a quem pertence um cadáver? Questão da qual a arte teatral se ocupa desde o Egito ou a Grécia antigos.

Blanco diz que escreveu a história à mão e com sangue. Acordava cedo e sentava para trabalhar durante uma jornada de sete horas. “Esta obra só poderia ser escrita desta forma, pois os procedimentos de escrita têm muito a ver com o que se conta. É um texto que fala de questões tão corporificadas que eu só poderia escrevê-las com sangue”, afirma.

Em três atos, três atores são eles mesmos e seus personagens arquitetados. Operam a luz, o som, acessam a internet. Tudo ao mesmo tempo agora.

QUEM É DRAMATURGO E DIRETOR TEATRAL, SERGIO BLANCO (1971) VIVEU A INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA EM MONTEVIDÉO. ATUALMENTE RESIDE EM PARIS. APÓS ESTUDAR FILOLOGIA CLÁSSICA E DIREÇÃO NA COMÉDIE FRANÇAISE, DEDICASE POR INTEIRO À ESCRITA E À DIREÇÃO. DESDE 2008, INTEGRA A URUGUAIA COMPAÑÍA DE ARTES ESCÉNICAS CONTEMPORÁNEAS COMPLOT. EM 2013, ESTREIA “TEBAS EN LAND”. TAMBÉM É AUTOR DE “LA IRA DE NARCISO” (2015) E “EL BRAMIDO DE DÜSSELDORF” (2017), ENTRE OUTROS TEXTOS.

209 QUANDO PASSAR SOBRE MEU TÚMULO SERGIO BLANCO | URUGUAI PORTUGUÊS

In the classic definition, “autofiction is a fiction of strictly real events and facts,” as stated by the French writer Serge Doubrovsky (1928-2017). It was up to him to theorize about the unclassifiable literary genre until the 1970s.

The writing about the self is precisely the platform for the dramaturgy of the French-Uruguayan Sergio Blanco, who raised the status of autofiction in the theater to the nth degree. His writing agrees with the lie to oppose the pact of the truth of autobiography, as seen in “ CUANDO PASES SOBRE MI TUMBA” (2016), which focuses on the supposed last days of the author’s life.

He arranges his assisted suicide in a luxury clinic in Switzerland and plans to deliver his body to a young necrophiliac in a London psychiatric hospital. The several encounters that Blanco would have with the doctor responsible for the coveted act and with the referred recipient are narrated. As the dramaturgy progresses, the theme of death is not so much addressed but eroticism. Passion and desire as inevitable impulses of every vital experience.

The title indirectly mentions the verses by the 14th-century Persian poet Hafez of Shiraz: “My love, when you pass over my grave, I will tear my shroud.”

Eros and Thanatos. In his plays, life and death drives are a constant. Either you’re in love, or you’re afraid of death.

The structure of the work he brings to MIRADA takes place, on the one hand, as a dramatic poem that sings the fiery torments of love. On the other hand, it exposes a metaphysical dissertation on the political status of the post-mortem body. After all, to whom a corpse belongs? A question which theatrical art has been concerned since ancient Egypt or Greece.

Blanco says he wrote the story by hand and in blood. I woke up early and sat down to work for a seven-hour day. “This work could only be written this way because the writing procedures have much to do with what is told. It is a text that talks about issues so embodied that I could only write them in blood,” he says.

In three acts, three actors are themselves and their architected characters. They operate light, sound, and access the internet. All at the same time now.

WHO IS HE PLAYWRIGHT AND THEATER DIRECTOR SERGIO BLANCO (1971) SPENT HIS CHILDHOOD AND ADOLESCENCE IN MONTEVIDEO. AFTER STUDYING CLASSICAL PHILOLOGY AND DIRECTING AT THE COMÉDIE FRANÇAISE, HE DEVOTED HIMSELF ENTIRELY TO WRITING AND DIRECTING. HE CURRENTLY LIVES IN PARIS. SINCE 2008, HE HAS BEEN A MEMBER OF THE URUGUAYAN COMPAÑÍA DE ARTES ESCÉNICAS CONTEMPORÁNEAS COMPLOT. IN 2013, “THEBES EN LAND” PREMIERED. HE IS ALSO THE AUTHOR OF “LA IRA DE NARCISO” (2015) AND “EL BRAMIDO DE DÜSSELDORF” (2017), AMONG OTHER TEXTS.

SERGIO BLANCO | URUGUAY
210 ENGLISH
WHEN YOU PASS OVER MY GRAVE

En una definición clásica, “auto-ficción es una ficción de acontecimientos y de hechos estrictamente reales”, como declaró el escritor francés Serge Doubrovsky (1928-2017). Fue él quien teorizó sobre ese género literario inclasificable hasta los años 1970.

Escribir sobre el yo es precisamente la plataforma de vuelo de la dramaturgia del franco-uruguayo Sergio Blanco, que elevó el estatuto da auto-ficción en el teatro a la enésima potencia. Su escritura pacta con la mentira para contraponerse al pacto de verdad de la autobiografía, como se ve en “CUANDO PASES

SOBRE MI TUMBA” (2016), orientada a los supuestos últimos días de vida del autor.

Este organiza su suicidio asistido en una clínica de lujo, en Suiza, y se propone entregar su cuerpo a un joven necrófilo internado en un hospital psiquiátrico de Londres. Son narrados diferentes encuentros que Blanco habría tenido con el médico responsable por

ese acto y con el referido destinatario. A medida que la dramaturgia avanza, pasa a abordarse no tanto el tema de la muerte, sino el del erotismo. Pasión y deseo como impulsos inevitables de toda experiencia vital.

El título hace mención indirecta a versos del poeta persa Hafez de Shiraz, del siglo XIV: “Mi amor, cuando pases sobre mi túmulo, rasgaré mi mortaja”.

Eros y Tánatos. En sus piezas las pulsiones de muerte y de vida son una constante. O alguien está apasionado o tiene miedo de la muerte.

La estructura del trabajo que trae al festival MIRADA se da, por un lado, como un poema dramático que canta los tormentos inflamados del amor y, por otro, expone una disertación metafísica sobre el estatuto político del cuerpo post mortem. Al final, ¿a quién pertenece un cadáver? Es una cuestión de la cual el arte teatral se ocupa desde Egipto o la antigua Grecia.

Blanco dice que escribió la historia a mano y con sangre. Se despertaba temprano y se sentaba a trabajar durante una jornada de siete horas. “Esta obra solo podía ser escrita de esta forma, pues los procedimientos de escritura tienen mucho que ver con lo que se cuenta. Es un texto que habla de cuestiones tan corporificadas que solo podía escribirlas con sangre”, afirma.

En tres actos, tres actores son ellos mismos y sus personajes construidos. Operan la luz, el sonido, acceden a internet. Todo al mismo tiempo en ese instante.

QUIEN ES DRAMATURGO Y DIRECTOR TEATRAL, SERGIO BLANCO (1971) VIVIÓ SU INFANCIA Y ADOLESCENCIA EN MONTEVIDEO. ACTUALMENTE RESIDE EN PARIS. DESPUÉS DE ESTUDIAR FILOLOGÍA CLÁSICA Y DIRECCIÓN EN LA COMÉDIE FRANÇAISE, AHORA SE DEDICA POR ENTERO A LA ESCRITURA Y A LA DIRECCIÓN. DESDE 2008, INTEGRA LA URUGUAYA COMPAÑÍA DE ARTES ESCÉNICAS CONTEMPORÁNEAS COMPLOT. EN 2013, ESTRENÓ “TEBAS EN LAND”. TAMBIÉN ES AUTOR DE “LA IRA DE NARCISO” (2015) Y “EL BRAMIDO DE DÜSSELDORF” (2017), ENTRE OTROS TEXTOS.

211 CUANDO PASES SOBRE MI TUMBA SERGIO BLANCO | URUGUAY ESPAÑOL

VENEZUELA, ESPANHA E BRASIL

/ VENEZUELA, SPAIN AND BRAZIL

/ VENEZUELA, ESPAÑA Y BRASIL

HAY QUE TIRAR LAS VACAS POR EL BARRANCO LA CAJA DE FÓSFOROS, LA MÁQUINA TEATRO E CIRCUITO DE ARTE

CONTRAJUEGO

VENEZUELA/ESPANHA/BRASIL | 110'

10.09

18H / 09.10 SAT 6 PM

DOM

TEATRO ROSINHA MASTRÂNGELO 14 FOTOS/PHOTO: LISBETH SALAS

TEXTO/TEXT

Ricard Ruiz Garzón, a partir de seu livro "Las Voces del Laberinto" ADAPTAÇÃO E DIREÇÃO/ADAPTATION AND DIRECTION/ ADAPTACIÓN Y DIRECCIÓN

Orlando Arocha

ATORES/ACTORS/ ACTORES

Ricardo Nortier

Diana Volpe

Gretel Stuyck

Haydée Faverola

Rafa Cruz

PARTICIPAM/ PARTICIPATION/ PARTICIPAN

Abel Garcia

Robson Emílio

Um encontro cultural Venezuela, Espanha e Brasil / A cultural event of Venezuela, Spain, and Brazil / Un encuentro cultural de Venezuela, España y Brasil

PRODUÇÃO NO MIRADA / PRODUCTION AT MIRADA / PRODUCCIÓN EN MIRADA

214
Palipalan Arte e Cultura SÁB
11.09
17H / 09.11 SUN 5 PM

Em um de seus livros, o neurocientista britânico Oliver Sacks (1933-2015) afirma que “para devolver o sujeito humano ao centro – o ser humano sofredor, torturado, em luta – devemos aprofundar um relato de caso transformando-o em uma narrativa ou história”. Muito do que ele aprendeu pode ser atribuído a um dos irmãos, Michel, diagnosticado com esquizofrenia aos 13 anos, quando apresentava “delírios e surtos psicóticos explosivos”. O acompanhamento médico lhe permitiu viver até os 78 anos.

O espetáculo “Hay que Tirar las Vacas por el Barranco” encadeia cinco relatos de pacientes ou familiares cujas vidas foram enredadas por graves afecções mentais crônicas, caracterizadas por uma dissociação entre o pensamento e a ação, e que provocam a perda do contato com a realidade e a desagregação da personalidade.

Sentados atrás de uma mesa, no centro da cena, diante de microfone, ou posicionados em pé, na lateral, atores e atrizes contam as histórias clínicas com despojamento e cadência próprios.

Os textos são do livro “Las Voces del Laberinto” (2005), do jornalista e escritor catalão Ricard Ruiz Garzón. Ele se permitiu dar forma literária a esse difícil tema após o suicídio de um amigo, por isso adota o ponto de vista das pessoas enfermas e daqueles e daquelas com quem convivem.

Na concepção do diretor Orlando Arocha, às vezes o teatro precisa despojar-se de si mesmo, de seus

mecanismos mais elementares, para poder falar de certos contextos.

“Ouvir os pacientes vítimas da enfermidade, ouvir os familiares vítimas da doença através de vozes concretas, sob um arranjo artístico mínimo, em seu desespero puro e humano, pode ser capaz de derrubar as barreiras que nos impedem de nos vermos nesses seres que compartilham o mesmo espaço mental: o espaço do humano”, diz Arocha, a propósito do projeto que une a sua companhia, a venezuelana La Caja de Fósforos, a espanhola La Máquina Teatro e o Circuito de Arte Contrajuego, iniciativa do ator brasileiro Ricardo Nortier, radicado em Caracas.

Se você chegou até aqui perguntando-se sobre o título enigmático da peça, aguarde pela fábula lapidar no desfecho.

QUEM SÃO A COMPANHIA VENEZUELANA LA CAJA DE FÓSFOROS, DE CARACAS, E A ESPANHOLA LA MÁQUINA TEATRO, DE VALÊNCIA, SÃO MOVIDAS PELO OBJETIVO DE UNIR CULTURAS. NÃO À TOA, TRIANGULAM COM O CIRCUITO DE ARTE CONTRAJUEGO, INICIATIVA DO ATOR BRASILEIRO RICARDO NORTIER. EM 2011, LEVARAM À CENA “LA FESTA”, DO SICILIANO SPIRO SCIMONE, ESPETÁCULO AO QUAL SE JUNTARAM ITALIANOS. AO LANÇAR MÃO DO INTERCÂMBIO, A EQUIPE ACREDITA ROMPER MUITO MAIS BARREIRAS LINGUÍSTICAS E EXPRESSIVAS.

215 TEM QUE JOGAR AS VACAS PELO BARRANCO LA
PORTUGUÊS
CAJA
DE
FÓSFOROS, LA MÁQUINA TEATRO E CIRCUITO DE ARTE CONTRAJUEGO | VENEZUELA, ESPANHA E BRASIL

In one of his books, the British neuroscientist Oliver Sacks (1933-2015) states that “in order to return the human subject to the center – the suffering, tortured, mourning human being – we must delve into a case report by transforming it into a narrative or history.” Much of what he learned can be attributed to one of his brothers, Michel, diagnosed with schizophrenia at the age of 13 when he presented “delusions and explosive psychotic episodes.” The medical care allowed him to live up to the age of 78.

The show “Hay que Tirar las Vacas por el Barranco” links five stories of patients or relatives whose lives are entangled by severe chronic mental illnesses, characterized by the dissociation between thought and action that causes loss of contact with reality and disaggregation of personality.

Sitting behind a table, in the center of the scene, in front of the microphone, or standing on the side, at the level of another microphone, actors and actresses tell the bare bones of clinical stories with their own cadence.

The texts belong to the book “Las Vozes del Laberinto” (2005), by the Catalan journalist and writer Ricard Ruiz Garzón. He allowed himself to give literary form to this challenging subject after the suicide of a friend. That’s why he takes the point of view of sick people and those who live with them.

In director Orlando Arocha’s conception, sometimes theater needs to strip itself of its most elementary mechanisms to be able to talk about certain contexts.

“Listening to patients victims of the disease, listening to the relatives victims of the disease through concrete voices, under a minimal artistic arrangement, in its pure and human despair, may be able to break down the barriers that prevent us from seeing ourselves in these beings, fear, and anxieties; and share the same mental space: the human space,” says Arocha, regarding the project that unites his company, La Caja de Fósforos, from Caracas, and La Máquina Teatro, from Valencia, in Spain.

If you are wondering about the enigmatic title of the play, wait for the lapidary fable at the end.

WHO ARE THEY THE VENEZUELAN COMPANY LA CAJA DE FÓSFOROS, FROM CARACAS, AND THE SPANISH LA MÁQUINA TEATRO, FROM VALENCIA, ARE DRIVEN BY THE OBJECTIVE OF UNITING CULTURES. NO WONDER THEY TRIANGULATE WITH THE CIRCUITO DE ARTE CONTRAJUEGO, AN INITIATIVE BY BRAZILIAN ACTOR RICARDO NORTIER. IN 2011, THEY STAGED “LA FESTA” BY THE SICILIAN SPIRO SCIMONE, A SHOW THAT WAS JOINED BY ITALIANS. BY MAKING USE OF THE EXCHANGE, THE TEAM BELIEVES THEY CAN BREAK MANY MORE LINGUISTIC AND EXPRESSIVE BARRIERS.

216
ENGLISH
YOU HAVE TO THROW THE COWS OVER THE RAVINE LA CAJA DE FÓSFOROS, LA MÁQUINA TEATRO AND CIRCUITO DE ARTE CONTRAJUEGO | VENEZUELA, SPAIN AND BRAZIL

En uno de sus libros, el neurólogo británico Oliver Sacks (1933-2015) afirma que “para devolver el sujeto humano al centro – el ser humano sufridor, torturado, en lucha – debemos profundizar un relato de caso transformándolo en una narrativa o historia”. Mucho de lo que él aprendió puede ser atribuido a uno de sus hermanos, Michel, diagnosticado con esquizofrenia a los 13 años, cuando tenía “delirios y surtos psicóticos explosivos”. El acompañamiento médico le permitió vivir hasta los 78 años.

El espectáculo “Hay que Tirar las Vacas por el Barranco” encadena cinco relatos de pacientes o familiares cuyas vidas fueron afectadas por graves afecciones mentales crónicas, caracterizadas por una disociación entre el pensamiento y la acción, y que

provocan la pérdida de contacto con la realidad y la desagregación de la personalidad.

Sentados atrás de una mesa, en el centro de la escena, frente a un micrófono, o de pie en un costado, ante otro micrófono, actores y actrices cuentan sus historias clínicas con simplicidad y cadencia propia.

Los textos pertenecen al libro “Las Voces del Laberinto” (2005) del periodista y escritor catalán Ricard Ruiz Garzón. Él se permitió dar forma literaria a ese difícil tema después del suicidio de un amigo, por eso adopta el punto de vista de las personas enfermas y de aquellos y aquellas con quienes conviven.

En la concepción del director Orlando Arocha, a veces el teatro precisa desnudarse a sí mismo, y de sus mecanismos más elementales para poder hablar de ciertos contextos.

“Oír a los pacientes víctimas de la enfermedad, oír a los familiares víctimas del mal a través de voces concretas, apoyados en un orden artístico mínimo, en su desesperación pura y humana, puede tener la capacidad de romper las barreras que nos impiden de vernos en esos seres que comparten el mismo espacio mental: el espacio de lo humano”, dice Arocha, a respecto del proyecto que une a su compañía, la venezolana La Caja de Fósforos, con la española La Máquina Teatro y el Circuito de Arte Contrajuego, iniciativa del actor brasileño Ricardo Nortier, radicado en Caracas.

Si usted llegó hasta aquí preguntándose sobre el enigmático título de la pieza, aguarde para conocer la fábula lapidaria de su desenlace.

QUIENES SON LA COMPAÑÍA VENEZOLANA LA CAJA DE FÓSFOROS, DE CARACAS, Y LA ESPAÑOLA LA MÁQUINA TEATRO, DE VALENCIA, SE MUEVEN JUNTAS CON EL OBJETIVO DE UNIR CULTURAS. NO EN VANO, TRIANGULAN CON EL CIRCUITO DE ARTE CONTRAJUEGO, INICIATIVA DEL ACTOR BRASILEÑO RICARDO NORTIER. EN 2011, MONTARON EN ESCENA “LA FIESTA”, DEL SICILIANO SPIRO SCIMONE, ESPECTÁCULO AL CUAL SE UNIERON ITALIANOS. EL EQUIPO CREE QUE AL VALERSE DEL INTERCAMBIO, PODRÁN ROMPER MUCHO MÁS LAS BARRERAS LINGÜÍSTICAS Y EXPRESIVAS.

CAJA DE FÓSFOROS, LA MÁQUINA TEATRO Y CIRCUITO DE ARTE CONTRAJUEGO | VENEZUELA, ESPAÑA Y BRASIL

217 HAY QUE TIRAR LAS VACAS POR EL BARRANCO
ESPAÑOL
LA

ATIVIDADES FORMATIVAS, INSTALAÇÃO E PONTO DE ENCONTRO / COMPLEMENTARY ACTIVITIES, INSTALLATION AND MEETING POINT / ACTIVIDADES DE FORMACIÓN, INSTALACIÓN Y PUNTO DE ENCUENTRO

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Fomentar o pensamento crítico e a reflexão sempre foi uma das premissas fundamentais do MIRADA, desde sua gênese em 2010. Entender as artes em todo seu potencial no campo do sensível e do entendimento do mundo, para lá do olhar ibero-americano ao qual o festival se dedica a construir, vem sendo uma rica experiência compartilhada de muitas formas com os mais diferentes públicos. Artistas e pesquisadores do campo das artes cênicas e de áreas transversais são estimulados a dividir saberes, discernimentos, dúvidas e perguntas-chave candentes no que suscita a programação do festival, mas sempre permeadas por um contexto mais amplo.

Nesta edição, os diálogos se dão na forma de rodas de conversa, intercâmbios, oficinas, performances e outras variantes de encontros abertos. A programação nasce provocada por discussões relativas à decolonialidade e ao pós-colonialismo em uma conferência de abertura com a filósofa Djamila Ribeiro, e um grande encontro em que os convidados Lindolfo Amaral, do espetáculo “Mar de Fitas Nau de Ilusão”; Davi Guimarães, de “CÁRCERE ou Porque as Mulheres Viram Búfalos”; Nixon García Sabando, de “QUIMERA”; Jorge Baldeón, de “Discurso de Promoción”; Geni Nuñez e Harry de Castro reúnem-se para uma conversa sobre os caminhos da decolonialidade na arte, com mediação da dramaturga Dione Carlos.

Uma série de mesas de debates com artistas do festival são uma oportunidade de escuta e troca entre o público e os criadores, que podem mergulhar nas suas obras e seus dispositivos poéticos. Esses encontros ressaltam razões – e intuições – que resultam em distintos processos de criação, seja de natureza individual ou coletiva. São cinco encontros neste formato:

• “Teatro das Bordas – Enfrentando a Metrópole”. Representantes do Grupo Imbuaça, Companhia de Teatro Heliópolis e Coletivo 302 relatam experiências e desafios em trabalhar fora dos eixos economicamente privilegiados da produção cultural. Mediação: Júnior Brassalotti.

• “Como Estar Juntos?”. Após a pandemia da covid-19, o mundo repensa as formas de estarmos juntos e as

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ATIVIDADES FORMATIVAS

possibilidades de parcerias (virtuais ou presenciais). Com representantes dos espetáculos “Estreito/Estrecho”, “Erase” e “Hay que Tirar las Vacas por el Barranco”. Mediação: Eliana Monteiro.

• “Ações Democráticas Dentro e Fora de Cena”. Como reforçar as ações sociopolíticas no exercício da arte, dentro e fora de cena? Como ser democrático diante de tanta volatilidade e inseguranças?

Com representantes dos espetáculos “Um Inimigo do Povo”, “Tijuana” e “Os Filhos do Mal”. Mediação: Francis Wilker.

• “Seu Corpo como Espaço de Investigação”. Como o corpo, em suas dimensões social e política, atravessa a cena e fundamenta a arte? Há limites para essa exposição? Há limites entre corpo e cena?

Com representantes dos espetáculos “Fuck Me”, “O que Meu Corpo Nu te Conta?” e “BaqueStriBois”.

Mediação: Helena Vieira.

• “A Recriação/Reinvenção de Contextos Sociais na Arte”. Como os contextos sociais se transformam em elementos artísticos e como ultrapassar o sentido primeiro de denúncia? Como reinventar as práticas sociais e transmutá-las em arte? Com representantes dos espetáculos “anonim ATO”, “Erupção – O Levante Não Terminou” e “Brasa”.

Mediação: Antônio Araújo.

Além disso, o público tem a oportunidade de trocar impressões e depoimentos no calor da experiência presencial ao término de alguns espetáculos diante da equipe de criação, com a mediação dos críticos Amilton de Azevedo, Daniele Avila Small, Guilherme Diniz e Soraya Martins.

As vivências teóricas e práticas relacionadas aos fazeres artísticos em diferentes linguagens e contextos são outro eixo da programação. Numa conexão Brasil – Argentina, as coreógrafas Marcela Levi e Lucía Russo, do espetáculo “c h ãO”, oferecem a oficina “Práticas de Transbordamento”, em que colocam em jogo noções aparentemente não compatíveis, como excesso e prática, rigor e explosão, apostando, assim, no que

é vivo, fragmentário e incompleto: fragmentar o corpo para articulá-lo, para liberar a sua potência de relação. Na “Desmontagem Hamlet”, a diretora Chela de Ferrari revela o processo criativo da livre adaptação da peça de Shakespeare, escrita e dirigida por ela com base nas ideias, interesses e exigências dos oito atores e atrizes com síndrome de Down. A oficina “Por uma Crítica [Des]norteadora: Suleando Pensamentos” é um convite do pesquisador e crítico teatral Guilherme Diniz para participantes exercitarem a crítica teatral como um ato político, reflexivo e poético, disposto a confrontar os olhares eurocêntricos/coloniais no campo cultural. O multiartista Juão Nyn, com “Escavação: a Hystórya por Bayxo das Unhas”, questiona acerca do teatro como conhecemos, que começou no Brasil com a chegada das caravelas e do cristianismo e revela a teatralidade presente nas manifestações feitas em roda já existentes. O Toré, os Toantes e os Mbora’is são exemplos indígenas que mesclam canto, rito e representação, em que o teatro é ferramenta para manutenção das próprias culturas.

O Teatro da Vertigem propõe uma abertura do processo de criação do seu novo trabalho, em elaboração: "Rodeio". A obra, com estreia prevista para 2023, investiga o ambiente rural brasileiro, especialmente as regiões Sudeste e Centro-Oeste, do ponto de vista social e econômico. Após a apresentação, há uma conversa entre o público e criadores, com mediação de Amilton de Azevedo.

O público pode também assistir a uma série de lançamentos e debates sobre publicações ao longo do festival. O debate “Teatro Contemporâneo: Tendências e Interações” reúne Andrea Caruso Saturnino, autora do livro “Ligeiro Deslocamento do Real: Experiência, Dispositivo e Utopia na Cena Contemporânea” e Shirlei Torres Perez, autora de “Crise e Pensamento Crítico: O Teatro em Comunicação com o Público”, com mediação de Valmir Santos. A partir das obras “Ruth Escobar: Metade é Verdade”, de Álvaro Machado, e “Sérgio Mamberti: Senhor do Meu Tempo”, coautoria de Dirceu Alves Jr., os autores apresentam as trajetórias da biografada e do biografado, reconhecidos tanto pela intensa atuação nas artes, produção e gestão cultural, quanto por serem cientes e ciosos de seu

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papel político da vida nacional. Hugo Cruz, diretor artístico do MEXE – Encontro Internacional de Artes e Comunidade (Porto, Portugal), faz o lançamento do livro “Práticas Artísticas, Participação e Política”, com mediação da pesquisadora Ingrid Dormien Koudela e a presença dos coletivos que fizeram parte do seu processo de pesquisa no Brasil: Lara Júlia, Lilith Cristina, Letícia Karen e Ícaro Pio, da ColetivA Ocupação, Jaqueline Andrade, da Cia Marginal, e Járdila Baptista, do Coletivo Bonobando.

Na residência “Tretas Mundo”, jovens atores e atrizes do Porto (Portugal), do Festival MEXE , juntam-se à coletivA ocupação no processo de finalização do novo trabalho que estreia no festival, “Erupção – O Levante Ainda Não Terminou”. No encontro, focado em práticas corporais, dramaturgia, direção de arte e música, eles contracenam com ações diárias de uma companhia brasileira, trazendo outros olhares e vivências para integrar a obra.

A leitura do texto “A Tragédia do Rei Christophe, Discurso sobre o Colonialismo, Discurso sobre a Negritude”, que discorre sobre a realidade histórica do Haiti no início do século XIX, ao cabo da colonização francesa, é o ponto de partida para a antropóloga Jaqueline Lima Santos e o diretor José Fernando Peixoto de Azevedo, com mediação da diretora editorial da Cobogó, Isabel Diegues, analisarem as noções de dominação colonial, nação pós-colonial, liderança e identidade. Outro eixo curatorial da programação são as diversas performances que, atravessadas pelas discussões que fundamentam o conjunto destas atividades, são realizadas ao longo do festival. Em “A Babá Quer Passear” e “Serviçal”, a atriz Ana Flávia Cavalcanti retrata e nos provoca a refletir sobre a invisibilidade do trabalho doméstico no Brasil, bem como seus marcadores de raça e gênero. “Bola de Fogo” traz o ator e dançarino Fábio Osório como baiana de acarajé, compartilhando com o público uma nova fase de sua carreira, recurso encontrado pelo artista para resistir à dificuldade de subsistência provocada pela instabilidade dos tempos atuais.

As ações em ambiente digital também são parte das atividades formativas e expandem seu alcance a novos públicos. As criadoras de conteúdo Érica

Ribeiro (@eraribeiro) e Livia La Gatto (@livialagatto) fazem a cobertura do festival e interagem com o público através das redes sociais do Sesc Santos com o “Mirada tá ON”. Já a Sala de Dramaturgia Virtual propõe uma ação coletiva de escrita em plataforma virtual com escritores de diferentes regiões do Brasil para interseccionar, simultaneamente, pesquisas, procedimentos e dispositivos sob o olhar presente e atento do público, on-line e em projeções no espaço de convivência do Sesc Santos. Participam dessa sala Ave Terrena, Daniel Veiga, Dione Carlos, Leonarda Glück, Lucas Moura, Paulo Henrique Santa’Anna, Victor Nóvoa e Aldri Anunciação.

Toda essa programação de atividades formativas, reflexivas e criativas foi articulada, junto à equipe do Sesc, por três criadores convidados: a atriz, dramaturga e tradutora Giovana Soar (companhia brasileira de teatro, PR); o ator, dramaturgo Jhonny Salaberg (O Bonde, SP) e o ator e dramaturgo Ivam Cabral (Cia. de Teatro Os Satyros, SP). Esse conjunto diverso lança, assim, as bases para aprofundar e amplificar as experiências suscitadas a partir dos espetáculos programados.

222 PORTUGUÊS

COMPLEMENTARY ACTIVITIES

Fostering critical thinking and reflection has always been one of the basic premises of MIRADA, since its genesis in 2010. Understanding the arts in all their potential in the sensitive field and the understanding of the world beyond the Ibero-American perspective that the festival is dedicated to building has been a rich experience shared in many ways with the most different audiences. Artists and researchers from the performing arts and transversal areas are encouraged to share knowledge, insights, doubts, and burning key questions regarding the festival’s programming, but always permeated by a broader context.

In this edition, the dialogs take the form of conversation circles, exchanges, workshops, performances, and other variants of open meetings. The program was born out of discussions about decoloniality and post-colonialism in an opening conference with the philosopher Djamila Ribeiro, and in a large meeting in which the guests Lindolfo Amaral, from the show “Mar de Fitas Nau de Ilusão,” Davi Guimarães, from “CÁRCERE ou Porque as Mulheres Viram Búfalos,” Nixon García Sabando, from “QUIMERA,” Jorge Baldeón, from “Discurso de Promoción,” Geni Nuñez and Harry de Castro meet for a conversation on the paths of decoloniality in the art, mediated by the playwright Dione Carlos.

A series of discussion panels with artists from the festival is an opportunity for listening and exchanging between the audience and the creators, who can immerse themselves in their works and poetic devices. These encounters highlight reasons – and intuitions – that result in different creative processes, individual or collective. There are five meetings in this format:

• “Teatro das Bordas - Enfrentando a metrópole.” Representatives of the Groups Imbuaça, Companhia de Teatro Heliópolis, and Coletivo 302 report experiences and challenges in working outside the economically privileged axes of cultural production. Mediation: Júnior Brassalotti.

• “Como estar juntos?” After the Covid-19 pandemic, the world rethinks the ways of being together and the possibilities of partnerships (virtual or in person). With representatives of the shows “Estreito/

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ENGLISH

Estrecho,” “Erase,” and “Hay que tirar las vacas por el barranco.” Mediation: Eliana Monteiro.

• “Ações democráticas dentro e fora de cena.” How do we reinforce sociopolitical actions in the exercise of art, on and off the stage? How to be democratic in the face of so much volatility and insecurities? With representatives of the shows “Um Inimigo do Povo,” “Tijuana,” and “Os Filhos do Mal.” Mediation: Francis Wilker.

• “Seu corpo como espaço de investigação.” How does the body cross the scene and support art in its social and political dimensions? Are there limits to this exposure? Are there limits between body and scene? With representatives of the shows “Fuck Me,” “O que meu corpo nu te conta?,” and “BaqueStribois.” Mediation: Helena Vieira.

• “A recriação/ reinvenção de contextos sociais na arte.” How do social contexts become artistic elements, and how do they overcome the primary sense of denunciation? How do we reinvent social practices and transmute them into art? With representatives of the shows “anonimATO,” “Erupção - O levante não terminou,” and “Brasa.” Mediation: Antônio Araújo.

In addition, the public can exchange impressions and testimonies in the heat of the face-to-face experience at the end of some shows in front of the creative team, with the mediation of critics Amilton de Azevedo, Daniele Avila Small, Guilherme Diniz, and Soraya Martins.

Theoretical and practical experiences related to artistic activities in different languages and contexts are another axis of programming. In a Brazil – Argentina connection, choreographers Marcela Levi and Lucía Russo, from the show “c h ãO,” offer the workshop “Práticas de transbordamento,” in which they put into play incompatible notions, such as excess and practice, rigor and explosion, betting on, thus, in what is alive, fragmentary, and incomplete: to fragment the body to articulate it, to release its relational power. In “Desmontagem Hamlet,”director

Chela De Ferrari reveals the creative process of free adaptation version of Shakespeare’s play, written and directed by her, based on the ideas, interests, and demands of the eight actors and actresses with Down syndrome. The workshop “Por uma crítica [des] norteadora: suleando pensamentos” is an invitation by the researcher and theater critic Guilherme Diniz for participants to exercise theater criticism as a political, reflective, and poetic act, willing to confront Eurocentric/colonial perspectives in the cultural field. The multi-artist Juão Nyn, with “Escavação: a hystórya por bayxo das unhas,” questions the theater as we know it, which began in Brazil with the arrival of the caravels and Christianity and reveals the theatricality present in the already existing manifestations made in circles. The Toré, the Toantes, and the Mbora’is are indigenous examples that mix singing, rite, and representation, where the theater is a tool for maintaining their own cultures.

Teatro da Vertigem also proposes the opening of the creation process of its new work in preparation: Rodeio. The work, scheduled to premiere in 2023, investigates the Brazilian rural environment, especially the Southeast and Midwest, from a social and economic point of view. After the presentation, there is a conversation between the audience and creators, mediated by Amilton de Azevedo.

The audience can also watch a series of launches and debates on publications throughout the festival. The debate “Contemporary Theater: trends and interactions” brings together Andrea Caruso Saturnino, author of the book “Ligeiro Deslocamento do Real: Experiência, Dispositivo e Utopia na Cena Contemporânea,” and Shirlei Torres Perez, author of “Crise e Pensamento Crítico: O Teatro em Comunicação com o Público,” mediated by Valmir Santos. From the works “Ruth Escobar: Metade é Verdade,” by Álvaro Machado, and “Sérgio Mamberti: Senhor do Meu Tempo,” co-authored by Dirceu Alves Jr., the authors present the biographer’s trajectories, recognized both for their intense work in the arts, production, and cultural management and for being aware and jealous of their political role of national life. Hugo Cruz, artistic director of MEXE – Art and Community's International

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Meeting (Porto, Portugal), launches the book “Práticas artísticas, participação e política,” mediated by the researcher Ingrid Dormien Koudela and the presence of the collectives that were part of his research process in Brazil: Lara Júlia, Lilith Cristina, Letícia Karen, and Ícaro Pio, from ColetivA Ocupação, Jaqueline Andrade, from Cia Marginal, and Járdila Baptista, from Coletivo Bonobando.

At the “Tretas Mundo” residence, young actors, and actresses from Porto (Portugal), from MEXE Festival, join the coletivA ocupação in the process of finalizing the new work that debuts at the festival, “Erupção - O levante ainda não terminou.” At the meeting, focused on body practices, dramaturgy, art direction, and music, they guest-starred with the daily actions of a Brazilian theater company, bringing other perspectives and experiences to integrate the work.

The reading of the text “A tragédia do rei Christophe, Discurso sobre o colonialismo, Discurso sobre a negritude,” which discusses the historical reality of Haiti in the early 19th century, at the end of French colonization, is the starting point for the anthropologist Jaqueline Lima Santos and director José Fernando Peixoto de Azevedo, mediated by the editorial director of Cobogó, Isabel Diegues, analyze the notions of colonial domination, post-colonial nation, leadership, and identity.

Another curatorial axis of the program is the various performances that, crossed by the discussions that underlie all these activities, are held throughout the festival. In “A Babá Quer Passear” and “Serviçal,” actress Ana Flávia Cavalcanti portrays and provokes us to reflect on the invisibility of domestic work in Brazil, as well as its markers of race and gender. “Bola de Fogo” brings the actor and dancer Fábio Osório as a baiana de acarajé, sharing with the audience a new phase of his career, a resource found by the artist to resist the difficulty of subsistence caused by the instability of the current times.

Actions in the digital environment are also part of training activities and expand their reach to new audiences. Content creators Érica Ribeiro (@eraribeiro), Bielo Pereira (@hellobielo) and Livia La Gatto (@livialagatto) provide complete coverage of festival and

interact with the audience through Sesc Santos’social networks with “Mirada Tá ON.” The Virtual Dramaturgy Room, on the other hand, proposes a collective action of writing on a virtual platform with writers from different regions of Brazil to simultaneously intersect research, procedures, and devices under the present and attentive gaze of the audience, online and in projections in the living space of the Sesc Santos. Participating in this room Ave Terrena are Daniel Veiga, Dione Carlos, Leonarda Glück, Lucas Moura, Paulo Henrique Santa’anna, Victor Nóvoa, and Aldri Anunciação.

This entire program of training, reflective, and creative activities was articulated, together with the Sesc team, by three invited creators: the actress, playwright and translator Giovana Soar; the actor, and playwright, Jhonny Salaberg, and the actor and playwright Ivam Cabral.This diverse set thus lays the foundations for deepening and amplifying the experiences raised from the scheduled shows.

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ACTIVIDADES DE FORMACIÓN

Desde su génesis en 2010, fomentar el pensamiento crítico y la reflexión ha sido siempre una de las premisas fundamentales de MIRADA. Entender las artes en todo su potencial en el campo de la sensibilidad y del entendimiento del mundo, más allá de una mirada ibero-americana que el festival se dedica a construir, se ha tornado una rica experiencia compartida de muchas maneras con los más diferentes públicos. Artistas e investigadores del campo de las artes escénicas y áreas transversales son estimulados a compartir saberes, discernimientos, dudas y preguntas clave candentes en lo que respecta a la programación del festival, aunque siempre permeadas por un contexto más amplio.

En esta edición, los diálogos serán en forma de ruedas de conversación, intercambios, talleres, performances y otras variantes de encuentros abiertos. La programación nace estimulada por discusiones relativas a la decolonialidad y al post-colonialismo, en una conferencia inaugural con la filósofa Djamila Ribeiro, y en un gran encuentro donde los invitados Lindolfo Amaral, del espectáculo “Mar de Cintas, nave de ilusión”; Davi Guimarães, de “CÁRCEL o Porque las Mulheres se transforman en búfalos”; Nixon García Sabando, de “QUIMERA”; Jorge Baldeón, de “Discurso de Promoción”; Geni Nuñez y Harry de Castro se reunirán para hablar sobre los caminos de la decolonialidad en el arte, con mediación de la dramaturga Dione Carlos.

Una serie de mesas de debates con artistas del festival brindarán la oportunidad de escuchar e intercambiar opiniones entre el público y los creadores, que podrán profundizar en sus obras y sus dispositivos poéticos. Esos encuentros resaltan razones – e intuiciones – que resultan en diversos procesos de creación, sean de naturaleza individual o colectiva. En este formato habrá cinco encuentros:

• “Teatro de los Bordes - Enfrentando la metrópolis”. Representantes del Grupo Imbuaça, Compañía de Teatro Heliópolis y Colectivo 302 relatan experiencias y desafíos de trabajar fuera de los ejes económicamente privilegiados de la producción cultural. Con mediación de: Júnior Brassalotti.

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ESPAÑOL

• “¿Cómo estar juntos?”. Después de la pandemia de Covid-19, el mundo repiensa las formas de estar juntos y las posibilidades de asociaciones (virtuales o presenciales). Con representantes de los espectáculos “Estreito/Estrecho”, “Érase” y “Hay que tirar las vacas por el barranco”. Mediación: Eliana Monteiro.

• “Acciones democráticas dentro y fuera de escena”. ¿Cómo reforzar acciones sociopolíticas en el ejercicio del arte, dentro y fuera de escena? ¿Cómo ser democrático frente a tanta volatilidad e inseguridad? Con representantes de los espectáculos

“Un Enemigo del pueblo”, “Tijuana” y “Los hijos del Mal”. Mediación: Francis Wilker.

• “Su cuerpo como espacio de investigación”. ¿Cómo el cuerpo, en sus dimensiones social y política, atraviesa la escena y fundamenta el arte? ¿Hay límites para esa exposición? ¿Hay límites entre cuerpo y escena? Con representantes de los espectáculos

“Fuck Me”, “¿Qué te cuenta mi cuerpo desnudo?” y “BaqueStribois”. Mediación: Helena Vieira.

• “La recreación/reinvención de contextos sociales en el arte”. ¿Cómo se transforman los contextos sociales en elementos artísticos, y cómo atravesar el sentido primario de denuncia? ¿Cómo reinventar prácticas sociales y transformarlas en arte? Con representantes de los espectáculos “anonimATO”, “Erupción – La insurgencia aún no terminó” y “Brasa”. Mediación: Antônio Araújo.

Además, el público tendrá oportunidad de intercambiar impresiones y testimonios al calor de la experiencia presencial al final de algunos espectáculos. Frente al equipo de creación, con mediación de los críticos Amilton de Azevedo, Daniele Avila Small, Guilherme Diniz y Soraya Martins.

Las vivencias teóricas y prácticas relacionadas con los quehaceres artísticos en diferentes lenguajes y contextos son otro eje de la programación. En una conexión Brasil – Argentina, las coreógrafas Marcela Levi y Lucía Russo, del espectáculo “c h ãO”, dirigen

el taller “Prácticas de transborde”, donde colocan en juego nociones aparentemente no compatibles, como exceso y práctica, rigor y explosión, apostando así a lo que es vivo, fragmentario e incompleto: fragmentar el cuerpo para articularlo, y liberar su potencia de relación. En “Desmontaje de Hamlet”, la directora Chela de Ferrari revela el proceso creativo de libre adaptación de la pieza de Shakespeare, escrita y dirigida por ella con base en ideas, intereses y exigencias de sus ocho actores y actrices con síndrome de Down. El taller “Por una crítica [des]norteadora: suleando pensamentos” es una invitación del investigador y crítico teatral Guilherme Diniz a que los participantes ejerciten la crítica teatral como acto político, reflexivo y poético, dispuesto a confrontar miradas eurocéntricas/coloniales en el campo cultural. El multi-artista Juão Nyn, con “Excavación: la historia por debajo de las uñas”, cuestiona el teatro tal como lo conocemos, que comenzó en Brasil con la llegada de las carabelas y el cristianismo, y revela teatralidad presente en manifestaciones pronunciadas en ruedas ya existentes. El Toré, los Toantes y los Mbora’is son ejemplos indígenas que mezclan canto, rito y representación, donde el teatro es herramienta de manutención de las propias culturas.

El Teatro da Vertigem propone una muestra de proceso de creación de su nuevo trabajo en elaboración: Rodeo. La obra, con estreno previsto para 2023, investiga el ambiente rural brasileño, especialmente las regiones sudeste y centro-oeste, desde un punto de vista social y económico. Después de la presentación, habrá una charla entre el público y creadores, con mediación de Amilton de Azevedo.

El público también podrá ver una serie de lanzamientos y debates sobre publicaciones durante todo el festival. El debate “Teatro contemporáneo: tendencias e interacciones” reúne a Andrea Caruso Saturnino, autora del libro “Ligero Desplazamiento de lo Real: Experiencia, Dispositivo y Utopía en la escena contemporánea” y Shirlei Torres Perez, autora de “Crisis y Pensamiento Crítico: El Teatro en Comunicación con el Público”, con mediación de Valmir Santos. A partir de las obras “Ruth Escobar: Mitad es verdad”, de Álvaro Machado, y “Sérgio Mamberti: Señor de

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mi tiempo”, coautoría de Dirceu Alves Jr., los autores presentan trayectorias de ambas biografías de personas reconocidas tanto por su intensa actuación en las artes, producción y gestión cultural, cuanto por ser conscientes y cuidadosos de su rol político en la vida nacional. Hugo Cruz, director artístico de MEXE – Encuentro Internacional de Artes y Comunidad (Porto, Portugal), lanza el libro “Prácticas artísticas, participación y política”, con mediación de la investigadora Ingrid Dormien Koudela y la presencia de colectivos que formaron parte de su proceso de pesquisa en Brasil: Lara Júlia, Lilith Cristina, Letícia Karen e Ícaro Pio, de ColetivA Ocupación, Jaqueline Andrade, de la Cía. Marginal, y Járdila Baptista, del Colectivo Bonobando.

En la residencia “Tretas Mundo”, jóvenes atores y actrices de Porto, Portugal, del Festival MEXE, se unen a coletivA Ocupación en el proceso de finalización del nuevo trabajo que estrena en el festival, “Erupción - La insurgencia aún no terminó”. En el encuentro, focalizado en prácticas corporales, dramaturgia, dirección de arte y música, actúan en acciones diarias de una compañía de teatro brasileira, trayendo otras miradas y vivencias, para integrar la obra.

La lectura del texto “La tragedia del rey Christophe, Discurso sobre el colonialismo, Discurso sobre la negritud”, que discurre sobre la realidad histórica de Haití a comienzos del siglo XIX, cuando finalizó la colonización francesa, es el punto de partida para que la antropóloga Jaqueline Lima Santos y el director José Fernando Peixoto de Azevedo, con mediación de la directora editorial de Cobogó, Isabel Diegues, analicen nociones de dominación colonial, nación post-colonial, liderazgo e identidad.

Otro eje curatorial de la programación son las diversas performances que, atravesadas por discusiones que fundamentan el conjunto de estas actividades, son realizadas durante el festival. En “La niñera que quiere pasear” y “Servicial”, la actriz Ana Flávia Cavalcanti retrata y nos estimula a reflexionar sobre la invisibilidad del trabajo doméstico en el Brasil, y también sobre sus marcadores de raza y género. “Bola de Fuego” trae al actor y bailarín Fábio Osório como bahiana de acarajé, compartiendo con el público una

nueva fase de su carrera, recurso encontrado por el artista para resistir a la dificultad de subsistir provocada por la inestabilidad de los tiempos actuales.

Las acciones en ambiente digital también son parte de las actividades formativas y expanden su alcance a nuevos públicos. Las creadoras de contenido Érica Ribeiro (@eraribeiro) y Livia La Gatto (@livialagatto) hacen la cobertura del festival e interactúan con el público a través de las redes sociales del Sesc Santos con “Mirada está ON”. Ya la Sala de Dramaturgia Virtual propone una acción colectiva de escritura en plataforma virtual con escritores de diferentes regiones del Brasil para entrecruzar a un mismo tiempo pesquisas, procedimientos y dispositivos bajo la mirada presente y atenta del público, online y en proyecciones en el espacio de convivencia del Sesc Santos. Participan de esa sala Ave Terrena, Daniel Veiga, Dione Carlos, Leonarda Glück, Lucas Moura, Paulo Henrique Santa’anna, Victor Nóvoa y Aldri Anunciación.

Toda esta programación de actividades formativas, reflexivas y creativas fue articulada, junto con el equipo del Sesc, por tres creadores convidados: la actriz, dramaturga y traductora Giovana Soar; el actor y dramaturgo Jhonny Salaberg y el actor y dramaturgo Ivam Cabra. Este conjunto diverso lanza así las bases para profundizar y amplificar experiencias suscitadas a partir de los espectáculos programados.

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INSTALAÇÃO

TheA²trumcoRpusmUnDi

Uma experiência que convida cada sujeito a pensar ou repensar sua ação no mundo.

Um campo de forças. Um labirinto de visualidades, sensações e sonoridades. Pensamentos paradigmas e certezas em ruínas.

Desenhos, cartazes, rabiscos, fragmentos de textos de peças, poemas, filmes, gestos e glossolalias – as falas de línguas desconhecidas – emaranham desmontes em curso nas metades ocidental da Terra e várias perspectivas de desconstrução do corpo, do teatro e do mundo.

TheA²trumcoRpusmUnDi, contém o anagrama de Antonin Artaud (1896-1948),ator, escritor e encenador francês que é o principal catalizador deste projeto, como aquele que repensou criticamente as noções de organismo, da linguagem, do teatro e do corpo, além de temas contemporâneos tais como o esgotamento, a crueldade, o humor, a exclusão, o devir-oriente, as matérias vibrantes, o sexo e os feitiços, se opondo à forma circular da produção de sentidos capitalistas, neoliberais, fascistas e outras tantas necropoliticas vigentes.

Nesse campo de forças com cerca de 100 m² circulam falências, e potências e intensidades. Luz e sombras. Seu epicentro é o vazio, vórtice de invenção onde manifestações corporais singulares e potentes na sua precariedade se revezam. Um lugar “flecha em voo para muitas direções”. A instalação TheA²trumcoRpusmUnDi tem curadoria de Ricardo Muniz Fernandes, cocuradoria de Christine Greiner e Ana Kiffer e colaboração de Isabel Teixeira, Paulo Henrique Pompermeyer e Andrea Caruso Saturnino.

PROGRAMAÇÃO THEA²TRUMCORPUSMUNDI

Seja um caminhante em deriva neste lugar labirinto = TheA²trumcoRpusmUnDi.

Um canteiro de obras, uma praça pública, ou uma mesa de operação traz em seu vórtice um programa de performances em que textos, glossalalias, desenhos e provocações de Artaud se fazem presentes. Bem-vinde à esta deriva!

Da abertura ao encerramento, movimentos de decomposição e recomposição se fazem nas glossolalias de "Glossolilando", com performers sob a coordenação de Cristiane Paoli Quito e Livia Seixas, e nas

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PORTUGUÊS

imagens de "Glossolimagens" sob a edição de Luiza Fonseca, que capta restos e vestígios de dez dias de ações neste lugar em deriva.

É na ação “A Nota Fervorosa” que Ana Kiffer lança o livro (de mesmo nome, pela n-1 edições, 2022) com textos e desenhos de A. Artaud e ativa, junto à Carlos Serejo, fervorosamente a língua, o som, a escrita-corpo, e a força ancestral e atual. Ainda no tópico-topos literário, Sidney Santiago e Lucélia Sergio, da Cia. Os Crespos (SP), clamam na ação “Mancias e Momices” toda tentação, desejo, inibição dos textos e glossolalias do livro “Artaud o Momo” (1946), do próprio teórico e dramaturgo francês.

Da palavra clamada à palavra escrita para além do papel, é num “Sem Fim” que Christina Elias emana a força-furacão de pensamentos que passam pelo corpo e sua escritura pelo chão, desafazendo-se e reinventando-se em outras linguagens. Neste jogo de mutações, Marina Guzzo e performers incorporam o “Devir Vegetal” em que transpõem aquém do humano e além do sabido, e se espalham pelo lugar como uma brotação.

Palavra e corpo continuam a ocupar o vórtice na ação “Pensamento e Corpo em Deriva”, em que a professora e pesquisadora Christine Greiner (PUC-SP) fala sobre o livro “Artaud – Pensamento e Corpo”, do filósofo japonês Kuniichi Uno (n-1 edições, 2022), ao mesmo tempo em que convida a performer, pintora e artista visual Thany Sanches a desenhar em plena deriva sob um estandarte ali estendido.

O estímulo dos ouvidos, do sensorial corpóreo e a visualidade são ainda mais provocados em “Devorar Conchas Clérigos”, através do encontro da Companhia Antropofágica (SP) com roteiro de Artaud no filme "A Concha e o Clérigo" (1928), misturando e oscilando tempos, mídias, sonoridades, real e imaginário em uma ação performática.

“Cavalo Balilab” é a fusão das dezenas de personagens do cavalo marinho dialogando com máscaras de divindades balinesas jogando e brincando pelo espaço com forças da terra e ignorando suas fronteiras. A ação é do Grupo Mundo Rodá (SP) e de Fabiana de Mello e Souza, Felipe Pedrine e Juliana Brisson da Cia dos Bondrés (RJ).

Neste caminhar-deriva que são as programações de TheA²trumcoRpusmUnDi, suas ações evocam Artaud para disparar os inimagináveis e possíveis novos cruzamentos desta metade ocidental da Terra e várias perspectivas de desconstrução do corpo, do teatro e do mundo que acontecem no agora.

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PORTUGUÊS

TheA²trumcoRpusmUnDi INSTALLATION

An experience that invites each subject to think or rethink their action in the world.

A field of forces. A labyrinth of visuals, sensations, and sounds. Thoughts, paradigms, and certainties in ruins.

Drawings, posters, scribbles, essay texts, plays, poems, films, gestures, and glossolalias – the speeches of unknown languages – tangle ongoing dismantling in the Earth’s western halves and the various perspectives of deconstruction of the body, theater, and the world.

TheA²trumcoRpusmUnDi, contains the anagram of Antonin Artaud (1896-1948), the French actor, writer, and director who is the primary catalyst for this project, as the one who critically rethought the notions of organism, language, theater and the body, and many contemporary themes such as exhaustion, cruelty, humor, exclusion, eastern-becoming, vibrant materials, sex, and spells, opposing the circular form of production of capitalist, neoliberal, fascist and other necropolitics in force.

In this force field of about 100 m², failures, potencies, and intensities circulate. Light and shadows. Its epicenter is the void, a vortex of invention, where singular and potent bodily manifestations in their precariousness take turns. An “arrow flying in many directions” place. The TheA²trumcoRpusmUnDi installation is curated by Ricardo Muniz Fernandes, co-curated by Christine Greiner and Ana Kiffer and in collaboration with Isabel Teixeira, Paulo Henrique Pompermeyer, and Andrea Caruso Saturnino.

THEA²TRUMCORPUSMUNDI PROGRAMMING

Be a drifter in this place | labyrinth = TheA²trumcoRpusmUnDi.

A construction site, a public square, or an operating table, brings in its vortex a program of performances in which texts, glossalalias, drawings, and provocations by Artaud are present. Welcome to this drift!

From opening to closing, movements of decomposition and recomposition are made in Glossolilando’s glossolalias, with performers coordinated by Cristiane Paoli Quito and Livia Seixas, and in Glossolimagens’ images edited by Luiza Fonseca, which captures remains and traces of 10 days of shares in this place adrift.

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ENGLISH

It is in action “A Nota Fervorosa” that Ana Kiffer launches the book (of the same name, for n-1 editions 2022) with texts and drawings by A. Artaud and, together with Carlos Serejo, fervently activates the language, the sound, the writing-body, and the ancestral and current force. Still on the literary topos-topic, Sidney Santiago, and Lucélia Sergio from Cia. Os Crespos (SP) claim in action “Mancias e Momices” every temptation, desire, inhibition of the texts and glossolalias of the book “Artaud o Momo” (1946), by the French theorist and playwright.

From the spoken word to the written word beyond paper, it is in an “Endless” that Christina Elias emanates the hurricane-force of thoughts that passes through the body and her writing on the ground, undoing and reinventing herself in other languages. In this game of mutations, Marina Guzzo and the performers embody the “Vegetable Becoming,” in which they transpose below the human and beyond the known and spread through the place like a sprout.

Word and body continue to occupy the vortex in the action “Pensamento e corpo em deriva,” where the professor and researcher Christine Greiner (PUC-SP) talks about the book “Artaud - Pensamento e Corpo,” by the Japanese philosopher Kuniichi Uno (n. 1 editions, 2022) while inviting the performer, painter, and visual artist Thany Sanches to draw in whole drift under a banner spread there.

The stimulation of the ears, the body sensory, and the visual are even more provoked in “Devorar Conchas Clérigos” through the meeting of Companhia Antropofágica (SP) with a script by Artaud in the film “A Concha e o Clérigos” (1928), mixing and oscillating times, media, sounds, the real and the imaginary in a performative action.

“Cavalo Balilab” is the fusion of dozens of seahorse characters dialoging with masks of Balinese deities playing and having fun through space with earth forces and ignoring their borders. The action is from Mundo Rodá Group (São Paulo) and Fabiana de Mello e Souza and Felipe Pedrine and Juliana Brisson from Cia dos Bondrés (Rio de Janeiro).

In this drift-walk that TheA²trumcoRpusmUnDii’s programs are, his actions evoke Artaud to trigger

the unimaginable and possible new crossings of this western half of the Earth and various perspectives of deconstruction the body, the theater, and the world that happen in the now.

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TheA²trumcoRpusmUnDi INSTALACIÓN

Una experiencia que invita cada sujeto a pensar o repensar su acción en el mundo.

Un campo de fuerzas. Un laberinto de visualidades, sensaciones y sonoridades. Pensamientos paradigmas y certezas en ruinas.

Dibujos, carteles, borradores, fragmentos de textos de piezas, poemas, películas, gestos y glosolalias –conversaciones en lenguas desconocidas – enmarañan desmontes en curso en las mitades occidental de la Tierra y en varias perspectivas de deconstrucción del cuerpo, del teatro y del mundo.

TheA²trumcoRpusmUnDi, contiene el anagrama de Antonin Artaud (1896-1948), actor, escritor y director de escena francés, principal catalizador de este proyecto, como la persona que repensó críticamente las nociones de organismo, lenguaje, teatro y cuerpo, además de temas contemporáneos como el agotamiento, la crueldad, el humor, la exclusión, el devenir de Oriente, las materias vibrantes, el sexo y los hechizos. Se opuso a la forma circular de producción de sentidos capitalistas, neoliberales, fascistas y otras tantas necro-políticas vigentes.

En ese campo de fuerzas con cerca de 100 m² circulan falencias, potencias e intensidades. Luz y sombras. Su epicentro es el vacío, vórtice de invención donde manifestaciones corporales singulares y potentes se alternan en su precariedad. Un lugar “flecha en vuelo hacia muchas direcciones”. La instalación TheA²trumcoRpusmUnDi tiene curadoría de Ricardo Muniz Fernandes, co-curadoría de Christine Greiner y Ana Kiffer y colaboración de Isabel Teixeira, Paulo Henrique Pompermeyer y Andrea Caruso Saturnino.

PROGRAMACIÓN THEA²TRUMCORPUSMUNDI

Sea un caminante a la deriva en este lugar | laberinto = TheA²trumcoRpusmUnDi .

Un cantero de obras, una plaza pública, o una mesa de operaciones traen en su vórtice un programa de performances en el que textos, glosolalias, dibujos y provocaciones de Artaud se tornan presentes. ¡Bienvenidos a esta deriva!

De la abertura al cierre, movimientos de descomposición y recomposiciones se forman en las glosolalias de Glosolilando, con performers bajo la coordinación de

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ESPAÑOL

Cristiane Paoli Quito y Livia Seixas, e imágenes de Glosolimágenes en edición de Luiza Fonseca, que capta restos y vestigios de 10 días de acciones en este lugar en deriva.

Es en la acción “La Nota Fervorosa” que Ana Kiffer lanza el libro (del mismo nombre, en n-1 ediciones 2022) con textos y diseños de A. Artaud y activa, junto a Carlos Serejo, fervorosamente la lengua, el sonido, la escritura-cuerpo, y la fuerza ancestral y actual. También en el tópico literario, Sidney Santiago y Lucélia Sergio de la Cía. Os Crespos (SP), claman a la acción “Mancias y Momices” toda tentación, deseo, inhibición de textos y glosolalias del libro “Artaud o Momo” (1946), del propio teórico y dramaturgo francés.

De la palabra clamada a la palara escrita más allá del papel, es en un “Sin Fin” que Christina Elias emana una fuerza huracanada de pensamientos que pasan por el cuerpo, y su escritura por el suelo, deshaciéndose y reinventándose en otros lenguajes. En este juego de mutaciones, Marina Guzzo y performers incorporan el “Devenir vegetal” que transponen de este lado de lo humano y más allá de lo sabido, y se diseminan por el lugar como algo que brota.

Palabra y cuerpo continúan ocupando el vórtice en la acción “Pensamiento y cuerpo a la deriva”, donde la profesora e investigadora Christine Greiner (PUC- SP) habla sobre el libro “Artaud - Pensamiento y Cuerpo”, del filósofo japonés Kuniichi Uno (n-1 ediciones, 2022), al mismo tiempo en que invita a la performer, pintora y artista visual Thany Sanches a dibujar en plena deriva bajo un estandarte allí extendido.

El estímulo de los oídos, del sensorial corpóreo y lo visual son aún más provocados en “Devorar Conchas Clérigos”, a través del encuentro de la Compañía Antropofágica (SP) con guión de Artaud en la película "La Concha y el Clérigo" (1928), mezclando y haciendo oscilar tiempos, medios, sonoridades, lo real e imaginario en una acción perfomática.

“Cavalo Balilab” es la fusión de decenas de personajes de hipocampos que dialogan con máscaras de divinidades balinesas que juegan en el espacio con fuerzas de la tierra, e ignoran sus fronteras. La acción es del Grupo Mundo Rodá (São Paulo), Fabiana de Mello y Souza, Felipe Pedrine y Juliana Brisson de la Cía. de los Bondrés (Rio de Janeiro).

En este andar a la deriva que son las programaciones de TheA²trumcoRpusmUnDi, sus acciones evocan a Artaud por ser el gatillo de inimaginables y posibles nuevos cruces de esta mitad occidental de la Tierra y varias perspectivas de deconstrucción del cuerpo, el teatro y el mundo que suceden ahora.

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PONTO DE ENCONTRO

A Área de Convivência do Sesc Santos transforma-se, durante o período do festival, em espaço extensivo de fruição artística para o público nas noites do MIRADA, após as sessões dos espetáculos. Performances musicais, discotecagens e intervenções fazem parte da agenda pensada para um ambiente que celebra a diversidade e convida à troca de ideias.

MEETING POINT

During the festival period, the Sesc Santos Living Area becomes an extensive venue for artistic enjoyment for the audience on MIRADA nights after the show sessions. Musical shows, DJs playing, and interventions are part of the agenda designed for an environment that celebrates diversity and invites the exchange of ideas.

PUNTO DE ENCUENTRO

El Área de Convivencia del Sesc Santos se transforma, durante el período del festival, en espacio extensivo de disfrute artístico para el público en noches del MIRADA, después de las sesiones de los espectáculos. Shows musicales, discotecas e intervenciones son parte de una agenda pensada para un ambiente que celebra la diversidad e invita al intercambio de ideas.

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INFORMAÇÕES / INFORMATIONS / INFORMACIONES

GRADE DE PROGRAMAÇÃO / PROGRAM SCHEDULE / GRILLA DE PROGRAMACIÓN

SANTOS

SESC SANTOS TEATRO

SEX 09

VIAGEM A PORTUGAL, ÚLTIMA PARAGEM OU O QUE NÓS ANDÁMOS PARA AQUI CHEGAR / POR 19H30

SÁB 10 DOM 11

VIAGEM A PORTUGAL, ÚLTIMA PARAGEM OU O QUE NÓS ANDÁMOS PARA AQUI CHEGAR / POR 20H30

SEG 12

TER 13

LA LUNA EN EL AMAZONAS / COL 21H

SESC SANTOS AUDITÓRIO

SESC SANTOS GINÁSIO

SESC SANTOS QUADRA EXTERNA

TEATRO BRÁS CUBAS

A CAMINHADA DOS ELEFANTES / POR 17H

A CAMINHADA DOS ELEFANTES / POR 11H

TEATRO ROSINHA MASTRÂNGELO

ESTREITO/ESTRECHO / POR-CHI 22H

ESTREITO/ESTRECHO / POR-CHI 22H

ERASE / ARG 19H

TEBAS / BRA 20H

CÁRCERE ou Porque as Mulheres Viram Búfalos / BRA 21H

ERASE / ARG 19H

CÁRCERE ou Porque as Mulheres Viram Búfalos / BRA 20H

TIJUANA / MEX 19H

TEATRO GUARANY

HAY QUE TIRAR LAS VACAS POR EL BARRANCO / VEN-ESP-BRA 18H

SOU UMA ÓPERA, UM TUMULTO, UMA AMEAÇA / POR 21H

HAY QUE TIRAR LAS VACAS POR EL BARRANCO / VEN-ESP-BRA 17H

SOU UMA ÓPERA, UM TUMULTO, UMA AMEAÇA / POR 19H

OS FILHOS DO MAL / POR 22H

CENTRO CULTURAL PORTUGUÊS | TEATRO ARMÊNIO MENDES

CENTRO CULTURAL PORTUGUÊS | SALÃ0

HERVAL 33

CASA DA FRONTARIA AZULEJADA

PRAÇA MAUÁ

EMISSÁRIO SUBMARINO

ATLÂNTICO HOTEL

MAR DE FITAS NAU DE ILUSÃO / BRA 12H

ORGIA, PASOLINI / POR 20H

QUIMERA / ECU 18H

REMINISCENCIA / CHI 18H

ENSAIO PARA UMA CARTOGRAFIA / POR 19H

ORGIA, PASOLINI / POR 19H

QUIMERA / ECU / 20H

FESTA DE INAUGURAÇÃO / BRA 21H

REMINISCENCIA / CHI 18H

ENSAIO PARA UMA CARTOGRAFIA / POR 19H

FESTA DE INAUGURAÇÃO / BRA 20H

MAR DE FITAS NAU DE ILUSÃO / BRA 16H

LA MUJER QUE SOY / ARG 15H /17H

LA MUJER QUE SOY / ARG 15H /17H

240

SANTOS

SESC SANTOS TEATRO

SESC SANTOS AUDITÓRIO SESC SANTOS GINÁSIO

TEATRO BRÁS CUBAS

TEATRO ROSINHA MASTRÂNGELO

TEATRO GUARANY

QUA 14

LA LUNA EN EL AMAZONAS / COL 22H

ERUPÇÃO – O LEVANTE AINDA NÃO TERMINOU / BRA 18H

TIJUANA / MEX 20H

QUI 15

SEX 16

CUANDO PASES SOBRE MI TUMBA / URU 21H

SÁB 17

CUANDO PASES SOBRE MI TUMBA / URU 21H

DOM 18

ERUPÇÃO – O LEVANTE AINDA NÃO TERMINOU / BRA 18H

...i les idees volen / ESP 11H /17H

...i les idees volen / ESP 11H/17H

FUCK ME / ARG 20H

FUCK ME / ARG 19H

DRAGON / CHI 19H

DRAGON / CHI 19H

HAMLET / PER 20H

HAMLET / PER 22H

COSMOS / POR 22H

COSMOS / POR 21H

CENTRO ESPANHOL DE SANTOS

CENTRO CULTURAL PORTUGUÊS TEATRO ARMÊNIO MENDES | SALÃO

HERVAL 33

OS FILHOS DO MAL / POR 20H

BRASA / POR 20H

BRASA / POR 19H

O QUE MEU CORPO NU TE CONTA? / BRA 17H /19H

TEATRO AMAZONAS / ESP 18H

TEATRO AMAZONAS / ESP 18H

UM INIMIGO DO POVO / BRA 21H

UM INIMIGO DO POVO / BRA 21H

ARCOS DO VALONGO

c h ãO / BRA-ARG 19H

c h ãO / BRA-ARG 19H

FRONTE[I]RA | FRACAS[S]O / BOL-BRA 21H

DISCURSO DE PROMOCIÓN / PER 15H / 21H

FRONTE[I]RA | FRACAS[S]O / BOL-BRA 21H

DISCURSO DE PROMOCIÓN / PER 15H / 21H

LÍNGUA BRASILEIRA / BRA 19H

DISCURSO DE PROMOCIÓN / PER 15H

LÍNGUA BRASILEIRA / BRA 19H

CASA DA FRONTARIA AZULEJADA

LAGOA DA SAUDADE

FONTE DO SAPO

CUBATÃO

PRAÇA DO CRUZEIRO QUINHENTISTA

VILA PARISI / BRA 19H

BaqueStriBois / CUB 20H

anonimATO / BRA 16H

anonimATO / BRA 11H

BaqueStriBois / CUB 19H

241

ATIVIDADES FORMATIVAS, INSTALAÇÃO E PONTO DE ENCONTRO

SANTOS SEX 09

SESC SANTOS CONVIVÊNCIA

SÁB 10

RODA DE CONVERSA: DECOLONIALIDADE / MEDIAÇÃO DIONE CARLOS / 15H – 17H

DOM 11 SEG 12

LANÇAMENTOS /LEITURAS / "A TRAGÉDIA DO REI CHRISTOPH", DE AIMÉE CESAIRE + CONVERSA COM JAQUELINE LIMA SANTOS, ELENCO E JOSÉ FERNANDO AZEVEDO / MEDIAÇÃO ISABEL DIEGUES / 16H – 18H

TER 13

MESA "TEATRO DAS BORDAS: ENFRENTANDO A METRÓPOLE" / MEDIAÇÃO JUNIOR BRASSALOTTI / 11H – 12H30

MESA "COMO ESTAR JUNTOS?" / MEDIAÇÃO: ELIANA MONTEIRO / 11H – 12H30

LIVROS E PUBLICAÇÕES / TEATRO CONTEMPORÂNEO: TENDÊNCIAS E INTERAÇÕES, COM ANDREA CARUSO E SHIRLEI TORRES / MEDIAÇÃO VALMIR SANTOS / 17H – 18H30

SESC SANTOS ENTRADA

SESC SANTOS SALA 41

SESC SANTOS ESPAÇO DE TECNOLOGIAS E ARTES

SESC SANTOS ÁREA DA INSTALAÇÃO

PERFORMANCE INSTALAÇÃO / "GLOSSOLILANDO" / 19H – 22H

PERFORMANCE INSTALAÇÃO / "A NOTA FERVOROSA" / 17H30 – 19H

OFICINAS / PRÁTICAS DE TRANSBORDAMENTO / COM MARCELA LEVI E LUCÍA RUSSO / 15H – 18H

SESC SANTOS TEATRO

CONFERÊNCIA DE ABERTURA COM DJAMILA

RIBEIRO / 11H – 13H

PERFORMANCE INSTALAÇÃO / "CAVALO BALILAB" / 12H – 15H / 17H30 – 19H

PERFORMANCE INSTALAÇÃO / "SEM FIM" / 17H30 ÀS 21H

PERFORMANCE INSTALAÇÃO / "GLOSSOLILANDO" / 17H30 - 19H

TEATRO ROSINHA MASTRANGELO

SESC SANTOS PONTO DE ENCONTRO

PONTO DE ENCONTRO / DJ FLAVIA DURANTE (BRA)

E VJ BRETAS (BRA) / 22H30

PONTO DE ENCONTRO AMADO / FAUSTINO / VALINHO (POR), DJ EDGAR RAPOSO (POR) E VJ BRETAS (BRA) / 22H30

LOJA SESC FEIRA DE LIVROS EDIÇÕES SESC / 10H – 23H

PONTO DE ENCONTRO / DJ CHICO CORREA (BRA)

E VJ BRETAS (BRA) / 22H30

PONTO DE ENCONTRO / DJ PENSANUVEM (BRA) E VJ BRETAS (BRA) / 22H30

242

/ COMPLEMENTARY ACTIVITIES, INSTALLATION AND MEETING POINT / ACTIVIDADES DE FORMACIÓN,INSTALACIÓN Y PUNTO DE ENCUENTRO

QUA 14

MESA "AÇÕES DEMOCRÁTICAS DENTRO E FORA DE CENA" / MEDIAÇÃO

FRANCIS WILKER / 11H – 12H30

PERFORMANCE ITINERANTE "A BABAR QUER PASSEAR" / COM ANA FLÁVIA

CAVALCANTI / 12H30 – 15H

PERFORMANCE "SERVIÇAL" / COM ANA FLÁVIA

CAVALCANTI / 16H - 17H30

QUI 15

MESA "SEU CORPO COMO ESPAÇO DE INVESTIGAÇÃO" / MEDIAÇÃO HELENA VIEIRA / 11H – 12H30

LIVROS E PUBLICAÇÕES / BIOGRAFIAS DE TEATRO: RUTH ESCOBAR E SERGIO MAMBERTI, COM ÁLVARO

MACHADO E DIRCEU ALVES JR / MEDIAÇÃO TOMMY DELLA PIETRA / 17H - 18H30

SEX 16

MESA "A RECRIAÇÃO/ REINVENÇÃO DE CONTEXTOS SOCIAIS NA ARTE" / MEDIAÇÃO ANTÔNIO ARAÚJO /11H – 12H30

LIVROS E PUBLICAÇÕES / "PRÁTICAS ARTÍSTICAS, PARTICIPAÇÃO E POLÍTICA"

HUGO CRUZ / COM COLETIVA OCUPAÇÃO, COLETIVO

BONOBANDO E CIA

MARGINAL / MEDIAÇÃO

INGRID DORMIEN KOUDELA

/ 16H – 17H30

SÁB 17

DOM 18

OFICINAS / POR UMA

CRÍTICA [DES]NORTEADORA:

SULEANDO PENSAMENTOS

/ COM GUILHERME DINIZ

/ 15H – 17H

PERFORMANCE INSTALAÇÃO

/ "DEVIRES VEGETAIS"

/ 17H30 – 22H

OFICINAS / DESMONTAGEM HAMLET

/ COM CHELA DE FERRARI

/ 15H – 16H30

OFICINAS / POR UMA

CRÍTICA [DES]NORTEADORA:

SULEANDO PENSAMENTOS / COM GUILHERME DINIZ

/ 15H – 17H

PERFORMANCE INSTALAÇÃO

/ "DEVORAR CONCHAS

E CLÉRIGOS"

/ 18H - 20H

OFICINAS / POR UMA

CRÍTICA [DES]NORTEADORA:

SULEANDO PENSAMENTOS

/ COM GUILHERME DINIZ

/ 15H – 17H

PERFORMANCE INSTALAÇÃO

/ "MANCIAS E MOMICES"

/ 17H30 – 19H

PERFORMANCE INSTALAÇÃO

/ "GLOSSOLILANDO"

/ 17H30 - 19H

PERFORMANCE / "BOLA DE FOGO" / COM FÁBIO OSÓRIO MONTEIRO / 15H – 17H30

ABERTURA DE PROCESSO / "RODEIO" (TEATRO DA VERTIGEM) + BATE-PAPO COM OS ARTISTAS / MEDIAÇÃO AMILTON DE AZEVEDO / 15H – 17H

PONTO DE ENCONTRO / LOOPING BAHIA:

OVERDUB (BRA) E DJ

SELETORA CECYZA (PER)

E VJ BRETAS (BRA)

/ 22H30

PONTO DE ENCONTRO

/ DJ MALFEITONA (BRA)

E VJ BRETAS (BRA) / 22H30

OFICINAS / ESCAVAÇÃO: A HYSTÓRYA POR BAYXO DAS UNHAS / JUÃO NYN / 15H – 17H

OFICINAS / ESCAVAÇÃO: A HYSTÓRYA POR BAYXO DAS UNHAS / JUÃO NYN / 15H – 17H

PERFORMANCE INSTALAÇÃO / "PENSAMENTO E CORPO EM DERIVA" / 17H30 – 19H

PERFORMANCE INSTALAÇÃO / "GLOSSOLIMAGENS"

/ 14H – 19H

PERFORMANCE INSTALAÇÃO / "GLOSSOLILANDO"

/ 14H - 19H

PONTO DE ENCONTRO / ABACAXEPA (BRA), DJ PRISCILLA DELGADO (BRA)

E VJ KELLY PIRES (BRA) / 22H30

243
PONTO DE ENCONTRO / BRISA FLOW (BRA), DJ DONNA (BRA) E VJ BRETAS / 22H30

22H30

Sesc Santos

Convivência

AMADO / FAUSTINO / VALINHO, DJ EDGAR

RAPOSO E VJ BRETAS

ponto de encontro / meeting point / punto de encuentro

17H30

Sesc Santos

Convivência

CAVALO BALILAB / BALILAB HORSE

/ CABALLO BALILAB

performance instalação / performance installation / performance instalacíon

DOM / SUN / DOM

18H00

Casa da Frontaria

11H00

Sesc Santos

Auditório

12H00

Sesc Santos

Convivência

A CAMINHADA DOS ELEFANTES

Formiga Atómica

espetáculo / performance / espectáculo

QUIMERA

Grupo de Teatro La Trinchera + Conversa pós-espetáculo

16H00

Emissário

Submarino 16H00

Sesc Santos

Convivência

CAVALO BALILAB / BALILAB HORSE / CABALLO BALILAB performance instalação / performance installation / performance instalacíon

MAR DE FITAS NAU DE ILUSÃO

Grupo Imbuaça espetáculo / performance / espectáculo

AIMÉ CÉSAIRE, TEXTOS ESCOLHIDOS: "A TRAGÉDIA DO REI CHRISTOPHE, DISCURSO SOBRE COLONIALISMO, DISCURSO

SOBRE NEGRITUDE” / AIMÉ CÉSAIRE, CHOSEN TEXTS: "THE TRAGEDY OF KING CHRISTOPHE, DISCOURSE ON COLONIALISM, DISCOURSE ON BLACKNESS"

/ AIMÉ CÉSAIRE, TEXTOS ESCOGIDOS: "LA TRAGEDIA DEL REY CHRISTOPHE, DISCURSO SOBRE COLONIALISMO, DISCURSO SOBRE NEGRITUD”

leitura / reading / lectura

17H00

Teatro Rosinha

Mastrângelo

HAY QUE TIRAR LAS

VACAS POR EL BARRANCO

La Caja de Fósforos, La Máquina Teatro e Circuito de Arte Contrajuego

espetáculo / performance / espectáculo

Azulejada ERASE

espetáculo / performance / espectáculo

19H00

Sesc Santos

Quadra Externa

19H00

Teatro Guarany

Gustavo Tarrío espetáculo / performance / espectáculo

SOU UMA ÓPERA, UM TUMULTO, UMA AMEAÇA

Causas Comuns

espetáculo / performance / espectáculo

20H00

Herval 33

ORGIA, PASOLINI

Teatro Nacional 21

espetáculo / performance / espectáculo

21H00

Sesc Santos

CÁRCERE ou Porque as Mulheres

Viram Búfalos

Ginásio SEG / MON / LUN

11H00

Sesc Santos

Convivência

Companhia de Teatro Heliópolis espetáculo / performance / espectáculo

TEATRO DAS BORDAS: ENFRENTANDO A METRÓPOLE / THEATER OF EDGES:

FACING THE METROPOLIS / TEATRO DE LOS

BORDES: ENFRENTANDO A LA METRÓPOLIS conversa / conversation / conversacione

245
12
11

17H30

Sesc Santos

Convivência

SEM FIM / ENDLESS / SIN FIN performance instalação / performance installation / performance instalacíon

14

18H00

Centro Cultural

Português

19H00

Sesc Santos

Ginásio

REMINISCENCIA

Compañía Le Insolente Teatre espetáculo / performance / espectáculo

TIJUANA

Lagartijas Tiradas al Sol espetáculo / performance / espectáculo

11H00

Sesc Santos

Convivência

QUA / WED / MIÉ AÇÕES DEMOCRÁTICAS DENTRO E FORA DE CENA / DEMOCRATIC ACTIONS ON AND OFF THE SCENE / ACCIONES DEMOCRÁTICAS DENTRO Y FUERA DE ESCENA conversa / conversation / conversacione

19H00

Centro Cultural

Português | Salão

20H00

Casa da Frontaria

ENSAIO PARA UMA CARTOGRAFIA

Mónica Calle espetáculo / performance / espectáculo

FESTA DE INAUGURAÇÃO

Teatro do Concreto espetáculo / performance / espectáculo

12H30

Sesc Santos

Itinerante

A BABÁ QUER PASSEAR / THE NANNY WANTS TO STROLL / LA NIÑERA QUIERE PASEAR

Ana Flávia Cavalcanti performance instalação / performance installation / performance instalacíon

15H00

Sesc Santos

ETA

POR UMA CRÍTICA [DES]NORTEADORA: SULEANDO PENSAMENTOS / BY A [DIS]

GUIDING CRITICISM: THOUGHTS GOING SOUTH / POR UNA CRÍTICA [DES]

NORTEADORA: SULEANDO PENSAMENTOS oficina / workshop / tallere

21H00

Sesc Santos

Azulejada LA LUNA EN EL AMAZONAS Mapa Teatro espetáculo / performance / espectáculo

15H00

RODEIO / RODEO / RODEIO

22H00

Teatro Guarany

Teatro OS FILHOS DO MAL Hotel Europa espetáculo / performance / espectáculo

22H30

Sesc Santos

Convivência

VJ BRETAS E DJ PENSANUVEM ponto de encontro / meeting point / punto de encuentro

Teatro Rosinha

Mastrângelo

Teatro da Vertigem abertura de processo / process opening / muestra de proceso

16H00

Sesc Santos

Convivência

17H30

Sesc Santos

Convivência

SERVIÇAL / SERVANT / SIERVA Ana Flávia Cavalcanti performance / performance / performance

DEVIRES VEGETAIS / VEGETABLE DEVIRES / DEVENIRES VEGETALES performance instalação / performance installation / performance instalacíon

247

18H00

Sesc Santos

Auditório

ERUPÇÃO – O LEVANTE AINDA

NÃO TERMINOU

coletivA ocupação espetáculo / performance / espectáculo

11H00

Sesc Santos

19H00

Arcos do Valongo

c h ãO

Marcela Levi & Lucía Russo

| Improvável Produções espetáculo / performance / espectáculo

Convivência

SEU CORPO COMO ESPAÇO DE INVESTIGAÇÃO / YOUR BODY AS A SPACE FOR INVESTIGATION / SU CUERPO COMO ESPACIO DE INVESTIGACIÓN

conversa / conversation / conversacione

20H00

BRASA

15H00

Sesc Santos

Tiago Cadete/Co-pacabana espetáculo / performance / espectáculo

Sala 32

15H00

DESMONTAGEM / DISASSEMBLY / DESMONTAJE “HAMLET” oficina / workshop / tallere

20H00

Centro Espanhol de Santos TIJUANA

Sesc Santos

Lagartijas Tiradas al Sol espetáculo / performance / espectáculo

Sesc Santos Sala 41

DESMONTAGEM / DISASSEMBLY / DESMONTAJE “HAMLET” oficina / workshop / tallere

20H00

Ginásio HAMLET

Teatro Brás

Cubas

20H00

Teatro Guarany

Teatro La Plaza

+ Conversa pós-espetáculo espetáculo / performance / espectáculo

15H00

Sesc Santos

ETA

POR UMA CRÍTICA [DES]NORTEADORA: SULEANDO PENSAMENTOS / BY A [DIS]

GUIDING CRITICISM: THOUGHTS GOING SOUTH / POR UNA CRÍTICA [DES]

NORTEADORA: SULEANDO PENSAMENTOS oficina / workshop / tallere

22H00

Sesc Santos

Teatro

22H30

Sesc Santos

Convivência

OS FILHOS DO MAL

Hotel Europa espetáculo / performance / espectáculo

17H00

Sesc Santos

Convivência

LA LUNA EN EL AMAZONAS

Mapa Teatro espetáculo / performance / espectáculo

BRISA FLOW, DJ DONNA E VJ BRETAS ponto de encontro / meeting point / punto de encuentro

18H00

Sesc Santos

Convivência

BIOGRAFIAS DE TEATRO: RUTH ESCOBAR E SÉRGIO MAMBERTI / THEATER

BIOGRAPHIES: RUTH ESCOBAR E SÉRGIO MAMBERTI / BIOGRAFÍAS DE TEATRO: RUTH ESCOBAR Y SÉRGIO MAMBERTI conversa / conversation / conversacione

DEVORAR CONCHAS E CLÉRIGOS / DEVOUR SHELLS AND CLERGY / DEVORAR CONCHAS Y CLÉRIGOS performance instalação / performance installation / performance instalacíon

248
15
THU
JUE
QUI /
/

17H30

Sesc Santos

Convivência

19H00

Teatro Rosinha

Mastrângelo

GLOSSOLILANDO

performance instalação / performance installation / performance instalacíon

O QUE MEU CORPO NU TE CONTA?

Coletivo Impermanente espetáculo / performance / espectáculo

11H00

Praça Fonte do Sapo

11H00

19H00

Sesc Santos

Ginásio

19H00

Praça do Cruzeiro

Quinhentista

Cubatão

FUCK ME

Marina Otero espetáculo / performance / espectáculo

VILA PARISI

Coletivo 302

espetáculo / performance / espectáculo

Sesc Santos Auditório

15H00

Sesc Santos

ETA

21H00

Centro Cultural Português |Salão

21H00

Sesc Santos

Teatro

21H00

Arcos do Valongo

UM INIMIGO DO POVO

Baccan e Kavaná Produções Artísticas espetáculo / performance / espectáculo

CUANDO PASES SOBRE MI TUMBA

Sergio Blanco

espetáculo / performance / espectáculo

15H00 Sesc Santos Entrada Social

15H00

21H00

Herval 33

FRONTE[I]RA | FRACAS[S]O

Teatro de Los Andes e Grupo de Teatro

Clowns de Shakespeare espetáculo / performance / espectáculo

DISCURSO DE PROMOCIÓN

Grupo Cultural Yuyachkani espetáculo / performance / espectáculo

22H30

Sesc Santos Convivência

VJ BRETAS E DJ MALFEITONA

ponto de encontro / meeting point / punto de encuentro

anonimATO

SÁB /

Cia. Mungunzá de Teatro espetáculo / performance / espectáculo

/ SÁB ...i les idees volen

Animal Religion espetáculo / performance / espectáculo

ESCAVAÇÃO: A HYSTÓRYA POR BAYXO DAS

UNHAS / EXCAVATION: THE STORY BELOW THE NAILS / EXCAVACIÓN: LA HYSTORYA

POR DEBAJO DE LAS UÑAS

oficina / workshop / tallere

BOLA DE FOGO / FIRE BALL / BOLA DE FUEGO performance / performance / performance

DISCURSO DE PROMOCIÓN

Grupo Cultural Yuyachkani

espetáculo / performance / espectáculo

16H00

Herval 33 anonimATO

Lagoa da Saudade ...i les idees volen

Cia. Mungunzá de Teatro

espetáculo / performance / espectáculo

17H00

Sesc Santos

Auditório

Animal Religion

espetáculo / performance / espectáculo

250
17
SAT

17H30

Sesc Santos

Convivência

PENSAMENTO E CORPO EM DERIVA

/ THOUGHTS AND BODY ADRIFT

/ PENSAMIENTO Y CUERPO EN DERIVA performance instalação / performance installation / performance instalacíon

22H30

Sesc Santos

Convivência 18

18H00

Teatro Guarany

TEATRO AMAZONAS

Azkona&Toloza

espetáculo / performance / espectáculo

11H00

Sesc Santos

Auditório

ABACAXEPA , DJ PRISCILLA DELGADO

E VJ KELLY PIRES

ponto de encontro / meeting point / punto de encuentro

...i les idees volen

Animal Religion

espetáculo / performance / espectáculo

19H00

Sesc Santos

DRAGON

Guillermo Calderón + Conversa pós espetáculo espetáculo / performance / espectáculo

Ginásio LÍNGUA BRASILEIRA

14H00

Sesc Santos

Convivência

19H00

Arcos do Valongo

Uma peça dos Ultralíricos e Tom Zé

Direção geral: Felipe Hirsch

espetáculo / performance / espectáculo

14H00

Sesc Santos

Convivência

20H00

Casa da Frontaria Azulejada

21H00

Herval 33

BaqueStribois

Osikán – Vivero de Creación espetáculo / performance / espectáculo

DISCURSO DE PROMOCIÓN

Grupo Cultural Yuyachkani espetáculo / performance / espectáculo

15H00

Sesc Santos

ETA

GLOSSOLILANDO

performance instalação / performance installation / performance instalacíon

GLOSSOLIMAGENS

performance instalação / performance installation / performance instalacíon

ESCAVAÇÃO: A HYSTÓRYA POR BAYXO DAS

UNHAS / EXCAVATION: THE STORY BELOW THE NAILS / EXCAVACIÓN: LA HYSTORYA POR DEBAJO DE LAS UÑAS performance instalação / performance installation / performance instalacíon

21H00

Sesc Santos

Teatro

CUANDO PASES SOBRE MI TUMBA

Sergio Blanco

espetáculo / performance / espectáculo

15H00

DISCURSO DE PROMOCIÓN

22H00

Teatro Brás

Cubas

COSMOS

Cleo Diára, Isabél Zuaa e Nádia Yracema espetáculo / performance / espectáculo

Herval 33 ...i les idees volen

Grupo Cultural Yuyachkani espetáculo / performance / espectáculo

17H00

Sesc Santos

Auditório

18H00

Teatro Guarany

Animal Religion

espetáculo / performance / espectáculo

TEATRO AMAZONAS

Azkona&Toloza

espetáculo / performance / espectáculo

251
SUN
DOM
DOM /
/

19H00

Sesc Santos

Ginásio

19H00

Arcos do Valongo

DRAGON

Guillermo Calderón

espetáculo / performance / espectáculo

LÍNGUA BRASILEIRA

Uma peça dos Ultralíricos e Tom Zé

Direção geral: Felipe Hirsch

espetáculo / performance / espectáculo

19H00

Casa da Frontaria

Azulejada

21H00

Teatro Brás Cubas

BaqueStriBois

Osikán – Vivero de Creación

espetáculo / performance / espectáculo

COSMOS

Cleo Diára, Isabél Zuaa e Nádia Yracema espetáculo / performance / espectáculo

252

ENDEREÇOS / ADDRESSES / DIRECCIONES

CUBATÃO

Praça do Cruzeiro Quinhentista

Rodovia Caminho do Mar. Parque das Indústrias

SANTOS

Arcos do Valongo

Rua Comendador Neto, 3. Centro

Atlântico Hotel

Avenida Presidente Wilson, 1. Gonzaga

Casa da Frontaria Azulejada

Rua do Comércio, 92. Centro

Centro Cultural Português

Rua Amador Bueno, 188. Centro

Centro Espanhol de Santos

Avenida Ana Costa, 286. Campo Grande

Emissário Submarino

Avenida Presidente Wilson, 170. José Menino

Fonte do Sapo

Avenida Bartolomeu de Gusmão, s/n. Aparecida

Herval 33

Rua Marquês do Herval, 33. Valongo

Lagoa da Saudade

Morro da Nova Cintra

Praça Mauá

Centro – em frente ao Paço Municipal

Sesc Santos

Rua Conselheiro Ribas, 136. Aparecida

Teatro Brás Cubas

Avenida Senador Pinheiro Machado, 48. Vila Matias

Teatro Guarany

Praça dos Andradas, 100. Centro

Teatro Rosinha Mastrângelo

Avenida Senador Pinheiro Machado, 48. Vila Matias

253

CONTATOS DOS ARTISTAS / ARTIST CONTACTS / CONTACTOS DE LOS ARTISTAS

ARGENTINA

Erase / Gustavo Tarrío @erase_____

Fuck Me / Marina Otero marinaotero.com.ar @fuck_me_marina_otero

@marinaotero22

La Mujer que Soy / Teatro Bombón teatrobombon.com

@teatrobombon

BOLÍVIA / BRASIL

FRONTE[I]RA | FRACAS[S]O / Teatro de Los Andes e Grupo de Teatro Clowns de Shakespeare clowns.com.br

@teatroclowns

@teatrodelosandes

BRASIL

anonimATO / Cia. Mungunzá de Teatro ciamungunza.com.br

@ciamungunza

CÁRCERE ou Porque as Mulheres Viram Búfalos / Companhia de Teatro Heliópolis

ciadeteatroheliopolis.com

@ciadeteatroheliopolis

Erupção – O Levante Ainda Não Terminou / coletivA ocupação coletivaocupacao.com

@coletivaocupacao

Festa de Inauguração / Teatro do Concreto teatrodoconcreto.com.br

@teatrodoconcreto

254

Língua Brasileira / Uma peça dos Ultralíricos e Tom Zé. Direção

geral: Felipe Hirsch

@ultraliricos

@tomzeoficial

@felipehirsch

Mar de Fitas Nau de Ilusão / Grupo Imbuaça imbuaca.com.br

@imbuaca

O que meu corpo nu te conta? / Coletivo Impermanente @coletivoimpermanente

Tebas / Cia. Elevador de Teatro Panorâmico

@ciaelevador

Um Inimigo do Povo / Baccan e Kavaná Produções Artísticas baccanproducoes.com

@uminimigodopovo_teatro

Vila Parisi / Coletivo 302 coletivo302.com

@coletivo302

BRASIL / ARGENTINA

c h ãO / Marcela Levi & Lucía Russo | Improvável Produções marcelalevi.com

@improvavelproducoes

CHILE

DRAGON / Guillermo Calderón teatroamil.cl

@fundacionteatroamil

Reminiscencia / Compañía Le Insolente Teatre

@leinsolenteteatre

COLÔMBIA

La Luna en el Amazonas / Mapa Teatro mapateatro.org

@mapateatro

CUBA

BaqueStriBois / Osikán – Vivero de Creación osikan.org

@osikan_vivero_de_creacion

EQUADOR

QUIMERA / Grupo de Teatro La Trinchera teatrolatrinchera.com.ec @latrincherateatro

ESPANHA

.

..i les idees volen / Animal Religion animalreligion.com

@animalreligion

Teatro Amazonas / Azkona&Toloza miprimerdrop.wordpress.com

@azkonatoloza

MÉXICO

Tijuana / Lagartijas Tiradas al Sol lagartijastiradasalsol.com

PERU

Discurso de Promoción / Grupo Cultural Yuyachkani yuyachkani.org

@yuyachkani

255

Hamlet / Teatro La Plaza laplaza.com.pe

@teatrolaplaza

PORTUGAL

A Caminhada dos Elefantes / Formiga Atómica formiga-atomica.com/pt @formiga.atomica.ac

Brasa / Tiago Cadete/Co-pacabana tiagocadete.com

@co__pacabana

Cosmos / Cleo Diára, Isabél Zuaa e Nádia Yracema @auroranegra.agora

Orgia, Pasolini / Teatro Nacional 21 teatronacional21.pt

@teatro_nacional21

Os Filhos do Mal / Hotel Europa hoteleuropateatro.com

@hoteleuropa.teatro

Sou uma ópera, um tumulto, uma ameaça / Causas Comuns causascomuns.pt

@____causascomuns____

Viagem a Portugal, última paragem ou o que nós andámos para aqui chegar / Teatro do Vestido teatrodovestido.org/blog

@teatrodovestido

PORTUGAL / CHILE

Estreito/Estrecho / Teatro Experimental do Porto (TEP) e Teatro La María cct-tep.com e teatrolamaria.cl

@teatro_experimental_porto

@teatro_la_maria

URUGUAI

CUANDO PASES SOBRE MI TUMBA / Sergio Blanco sergioblanco.fr

@sergioblanco71

VENEZUELA / ESPANHA / BRASIL

Hay que tirar las vacas por el barranco / La Caja de Fósforos, La Máquina Teatro e Circuito de Arte Contrajuego lacajadefosforos.com

@lacajadfosforo

256

SOBRE O SESC

O Sesc – Serviço Social do Comércio é uma instituição privada que promove o bem-estar social, o desenvolvimento cultural e a melhoria da qualidade de vida das pessoas que trabalham nos setores do comércio de bens, serviços e turismo, e da comunidade em geral. O Sesc, por ser mantido pelas empresas dessas áreas, considera como público prioritário seus trabalhadores.

No estado de São Paulo são mais de 40 unidades, onde é possível praticar atividades esportivas, desenvolver hábitos para uma vida mais saudável, participar de excursões e passeios turísticos, adquirir novos conhecimentos e habilidades, frequentar teatros, cinemas, bibliotecas, salas de exposição e outros espaços culturais, além de desfrutar de momentos de lazer com a família e amigos.

COMO SE CREDENCIAR

Pessoas que trabalham, fazem estágio, atuam de maneira temporária ou se aposentaram em empresas do comércio de bens, serviços e turismo podem fazer gratuitamente a Credencial Plena do Sesc e ter acesso a muitos benefícios. Acesse o app Credencial Sesc SP ou o site centralrelacionamento.sescsp.org.br para emitir ou renovar a Credencial Plena de maneira on-line. Nestes mesmos locais também é possível agendar horário para ir presencialmente em uma de nossas unidades. Mais informações, acesse www.sescsp.org. br/credencialplena.

257

ABOUT SESC

SESC - Social Service of Commerce is a private institution that promotes social well-being, cultural development, and improving the quality of life of people working in the trade in goods, services, and tourism, and the community in general. Sesc, once maintained by companies in these areas, considers its workers a priority public.

In the state of São Paulo, there are more than 40 units where it is possible to practice sports activities, develop habits for a healthier life, participate in excursions and tourist tours, acquire new knowledge and skills, and attend theaters, cinemas, libraries, exhibition halls, and other cultural venues, in addition to enjoyingleisure time with family and friends.

HOW TO JOIN

People who work, do internships, work temporarily, or have retired from companies in the trade in goods, services, and tourism can apply for the Sesc Full Credential for free and have access to many benefits. Access the Credencial Sesc SP app or the website centralrelationship.sescsp.org.br to issue or renew the Full Credential online. In these same places, it is also possible to schedule a time to visit one of our units in person. For more information, visit www.sescsp.org. br/credentialplena.

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SOBRE EL SESC

El SESC - Servicio Social del Comercio - es una institución privada que promueve el bienestar social, el desarrollo cultural y mejoría de la calidad de vida de las personas que trabajan en los sectores de comercio de bienes, servicios y turismo, y de la comunidad en general. El Sesc, por ser sostenido por las empresas de esas áreas, considera sus trabajadores como público prioritario.

En el estado de São Paulo hay más de 40 unidades, en las cuales es posible practicar actividades deportivas, desarrollar hábitos que permitan llevar una vida más saludable, participar de excursiones y paseos turísticos, adquirir nuevos conocimientos y habilidades, frecuentar teatros, cines, bibliotecas, salas de exposiciones y otros espacios culturales, además de disfrutar momentos de ocio con la familia y amigos.

COMO ASOCIARSE

Las personas que trabajan, hacen pasantías, actúan de manera temporaria o ya se jubilaron en empresas de comercio de bienes, servicios y turismo pueden solicitar gratuitamente su Carnet Pleno de socios del Sesc, y tener acceso a muchos beneficios. Para eso, acceda a la aplicación Credencial Sesc SP, o al site centralrelacionamento.sescsp.org.br para emitir o renovar su Carnet Pleno de manera on-line. En esos mismos locales también es posible agendar horarios para ir presencialmente a una de nuestras unidades. Para más informaciones, acceda www.sescsp.org.br/ credencialplena.

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SESC – SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO

/ SESC – SOCIAL SERVICE OF COMMERCE / SESC – SERVICIO SOCIAL DEL COMERCIO

ADMINISTRAÇÃO REGIONAL NO ESTADO DE SÃO PAULO / SÃO PAULO STATE REGIONAL MANAGEMENT / ADMINISTRACIÓN REGIONAL EN EL ESTADO DE SÃO PAULO

PRESIDENTE DO CONSELHO REGIONAL

/ CHAIRMAN OF THE REGIONAL BOARD

/ PRESIDENTE DEL CONSEJO REGIONAL

Abram Szajman

DIRETOR DO DEPARTAMENTO REGIONAL

/ REGIONAL DIRECTOR / DIRECTOR DEL DEPARTAMENTO REGIONAL

Danilo Santos de Miranda

SUPERINTENDENTES / ASSISTANT DIRECTORS

/ SUPERINTENDENTES

técnico-social / social-technicial

/ tecnico-social

Joel Naimayer Padula

comunicação social / social communication

/ comunicación social

Ivan Giannini

administração / administration

/ administración

Luiz Deoclécio Massaro Galina assessoria técnica e de planejamento / planning technical / asesoría técnica y de planificación

Sérgio José Battistelli

GERÊNCIAS / GERENCIAS / MANAGERS

ação cultural / cultural action

/ acción cultural

Rosana Paulo da Cunha

artes visuais e tecnologia visual / arts and technology / artes visuales y tecnología

Juliana Braga de Mattos

estudos e desenvolvimento / studies and development / estudios y desarrollo

Marta Raquel Colabone

saúde e alimentação / salud y alimentación

/ healthy and nutrition

Márcia Aparecida Bonetti Agostinho

Sumares

artes gráficas / artes gráficas / graphic design

Rogerio Ianelli

centro de produção audiovisual / centro de producción audiovisual / audiovisual production center

Wagner Palazzi Perez

desenvolvimento de produtos / desarollo de productos / products development

Évelim Lúcia Moraes

difusão e promoção / difusión y promoción / publicity and promotion

Marcos Ribeiro de Carvalho

sesc digital

Fernando Amodeo Tuacek

atendimento e relacionamento com públicos / costumer service and relationship / atención y relaciones con públicos

Milton Soares de Souza

desenvolvimento de pessoas / people development / desarollo de personas

Cecília Camargo Maman Pasteur

contratação e logística / contratación y logística / hiring and logistics

Adriana Mathias

engenharia e infraestrutura / engineering and infrastructure / ingeniería e infraestructura

Marcelo Fanchini

patrimônio e serviços / patrimonio y servicios / property and services

Nelson Fonseca

tecnologia da informação / information technology / tecnología de la information

Elias Cesco

assessoria de relações internacionais / asesoría de relaciones internacionales / international affairs

Aurea Leszczynski Vieira Gonçalves

assessoria de imprensa / prensa

/ press relations

Ana Lúcia de La Vega

assessoria jurídica / asesoramiento jurídico / legal advice

Carla Bertucci Barbieri

assessoria de proteção de dados / data protection relations / consejos de protección de datos

Sergio Luiz Lugan Rizzon

sesc santos

Simone Engbruch Avancini Silva

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MIRADA – FESTIVAL IBERO-AMERICANO DE ARTES CÊNICAS

/ MIRADA – IBEROAMERICAN FESTIVAL OF PERFORMING ARTS / MIRADA – FESTIVAL IBEROAMERICANO DE ARTES ESCÉNICAS

CONSELHO DIRETIVO / DIRECTIVE COUNCIL / CONSEJO DIRECTIVO

Danilo Santos de Miranda, Isabel Ortega, Pepe Bablé e Ramiro Osório COORDENAÇÃO GERAL / GENERAL COORDINATION / COORDINACIÓN GENERAL

Simone Engbruch Avancini Silva e Thomas Veras Castro

CURADORIA / CURATORSHIP / COMISARIADO

Adriele Duran Silva, Emerson Pirola, Rani Bacil Fuzetto e Tommy Ferrari Della Pietra CURADORIA DE ATIVIDADES FORMATIVAS / FORMATIVE ACTIVITIES CURATORSHIP / COMISARIADO DE ACTIVIDADES FORMATIVAS

Ivam Cabral, Jhonny Salaberg, Giovana Soar, Adriele Duran Silva, Emerson Pirola, Rani Bacil Fuzetto e Tommy Ferrari Della Pietra

EQUIPE SESC / SESC TEAM / EQUIPO SESC produção executiva / producción ejecutiva / executive production Kelly Adriano de Oliveira, Alexandra

Linda, Adriele Duran Silva, Emerson Pirola, Rani Bacil Fuzetto e Tommy Ferrari Della Pietra receptivo / guest service / receptivo Priscilla Moreira de Sousa, Luciana Câmara Medeiros, Sophia Augusta Borelli Denk, Vanessa Mauricio da Silva Simões encontro de programadores / programmers meeting / reunión de programadores

Barbara Iara Hugo e Thais R. Silvério coordenação técnica de espaços cênicos / escénicos technical and stage coordination / coordinación técnica y de espacios

Cássio Murilo Fialho, Alexandre Amorim de Mello e Thiago Ferreira Caixote supervisão de espaços / venues supervision / supervisión de espacios

Adriana Judith Rachman, Affonso Lobo Chaves, Alessandra de Assis Perrechil, Aline Stivaletti Barbosa, Bárbara Cristina Roncati Guirado, Cibele Mion do Nascimento, Debora Ramos Ribeiro, Emerson Rodrigo Takamisawa, Flavia Reis Nocetti, Frederico Alves Antonelli,

Jaderson Johnattan Porto, José Aparecido

Temoteo de Andrade, José Osvaldo

Teixeira Junior, Layana Peres de Castro, Lerisson Christiam Nascimento, Lilian Ronchi Oliveira, Marcos Villas Boas, Mariana Maria Bortoletto Fessel, Mateus de Oliveira Santos, Nadia Mangolini

Carvalho, Natália da Silva Martins, Natalia Lemes Araujo, Paulo Henrique Antunes

Ferreira, Priscila Cristina Modanesi, Priscila de Almeida Xavier

artes visuais e tecnologia visual / arts and technology / artes visuales y tecnología

Nilva Costa da Luz e Juliana Okuda

estudos e desenvolvimento / studies and development / estudios y desarrollo

João Paulo Leite Guadanucci

desenvolvimento de pessoas / people development / desarollo de personas

Elaine Cristina Marques

secretaria / secretary / secretaría

Priscilla Moreira de Sousa e Simone Ziszerman

coordenação administrativa / management coordination / coordinación administrativa

Otto Terzi A. Affonso

compras e contratações / purchasing and contracts / compras y contrataciones

Luciano Bueno Quirino, Marilu Canuto de Lima Cruz, Ana Carolina E. Fragoso, Andrea Pincella, Arieuda Alves

Barbosa, Camilla De Carli Fonseca, Claudia Maduro Teixeira, Clayton

Alves de Lima, Daniela Bonilha Scarelli

Gomes, Elisangela Sena Moreira, Laura

Aparecida Magalhães, Marina Villar, Renata de Oliveira Porto, Rodrigo

Anselmo e Vânia Passos Gadotti

logística / logistics / logística

Gislayne Silva de Oliveira, José

Eduardo M. O. Junior, Ticiana M. Parisi e Wellington Silva Santos

alimentação / health and food / alimentación

Maria Fabiana Ferro Guerra, Carmen

Lucia Saito Lelli, Ana Carolina Teixeira

Riesco, Claus Araújo Silva Santos, Claudia Solange Rodrigues dos Santos, Eliene Alves Solé, Nivaldo Rodrigues

Galvão Filho e Silvia dos Santos Gomes

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infraestrutura / infrastructure

/ infraestructura

Elias Albano da Silva, Adalmiro Antonio da Silva Oliveira, Daltiolly Souza

Oliveira Silva, Eduardo Antônio da Silva, Alexandre Davy Cabral dos Santos, Pedro Vilaverde Neto

tecnologia da informação / information technology / tecnología de la information

Fausto Arroio, André de Carvalho Prado, Braiam Silva Gualberto, Carlos Francisco de Paula, Edivan Alves de Freitas, Fabiano P. Costa Pereira, Fernanda Silva

Hoshino, Henrique Duarte Alle, Maurício

Lemos, Renato Gori Alves Ferreira

Gomes, Simone Rodrigues de Sena, Wellington Piedade Silva

assessoria de relações internacionais / international affairs / asesoría de relaciones internacionales

Heloisa Pisani e Maria Lucia Morgante de Miranda

patrimônio e serviços / assets and services

/ patrimonio y servicios

Marcio Donisete Lopes, Edvaldo Paulino, Ana Rubia Fogaça, Anderson Cardoso

Renata Brammer e Lucas da Rosa Junior gestão de resíduos e sustentabilidade

/ waste management and sustainability

/gestión de residuos y sostenibilidad

Carla Loba Cruz Soares

gestão de conteúdo e imprensa / content and press / gestión de contenido y prensa

Fernando Hugo da Cruz Fialho, Aline Ribenboim, Angelita Celina M. B.

Correia, Danielle Simas, Felipe Veiga do Nascimento, Maria Rizoneide Pereira dos Santos e Tamara Demuner

artes gráficas / grafic design / artes gráficas

Karina Camargo Leal Musumeci, Ana

Paula Fraay, Erica Martins Dias, Gabriela

Batista Borsoi, Mildred Gonzalez, Taís

Haydee Pedroso,Tina Cassie

propaganda, mídia e ambientação urbana

/advertising, media and urban signage / propaganda, prensa y ambientación urbana

Daniel Tonus, José Gonçalves da S.

Júnior, Renato Perez de Castro e Vanessa Fidalgo

desenvolvimento de produtos / desarollo de productos / products development Julieta dos Reis Machado, Francisco Manoel Santinho, Thereza de Oliveira Leite de Almeida produção audiovisual / audiovisual production / producción audiovisual

André Coelho Mendes Queiroz, Christi Lafalce, Flávio Marques Ferreira, Matheus José Maria, Joana Rocha Eça de Queiroz, Giuliano Jorge Magalhães da Silva e Marcelo Sarra Nicolino conteúdo digital /digital content /acontenido digital

Juliana Ramos, Ronaldo Domingues, Vitor Penteado Franciscon, Wagner Francisco Pinho, Claudio Eduardo Rodrigues, Stephany Guerra site / site / sítio

Regina Salete Gambini, Leandro Nunes Coelho, Aline Sagiorato de Castro, André Aparecido da Conceição, Bruna Marcatto da Rocha, Carlos Alberto Justino da Rocha, Frederico Zarnauskas, Rafaela Ometo Berto, Gregorio Trevizan Lixandrao e Rubens Lutero da Silva atendimento e relacionamento com públicos / costumer service and relationship / atención y relaciones con públicos

Carlos Rodolpho Tinoco Cabral, Chiara Regina Peixe, Robson Luiz dos Santos e Fúlvio Guido Andrade

EQUIPE CONTRATADA / CONTRACTED TEAM / EQUIPO CONTRATADO coordenação produção e logística internacional/ international production and logistics/ producción y logística internacional

João Carlos Couto

projeto de ambientação urbana / signage project / proyecto de ambientación

Márcio Medina

projeto de ambientação interna & coordenação técnica de espaços cênicos / interior design project & technical and stage coordination / proyecto de interiorismo & coordinación técnica y de espacios escénicos

Hideki Matsuka

produção executiva / executive production / producción ejecutiva

Mariana Novais

secretaria / secretary / secretaría

Thais Duarte Verissimo Machado produção - encontro de programadores / cultural managers meeting / encuentro de programadores culturales

Milena Marques

identidade visual e projeto gráfico / visual identity and graphic project / identidad visual y proyecto gráfico

Estúdio Claraboia: Felipe Daros, Luciana Orvat, Raquel Mendes e Yasmin Amorim diagramação / diagramation / disposición

Fernado Sato e Sergio Afonso imprensa / press / prensa

Márcia Marques, Caroline Zeferino, Flávia Fontes de Oliveira, Josi Monteiro e Lúcio Nunes

fluxo, produção, revisão e tradução textual / flow, production, proofreading, and textual translation / flujo, producción, revisión y traducción textual

Mariana Marinho, Valmir Santos, Graziela Delalibera, Samantha Arana e Gabriel Dal Bó

conteúdo digital / digital content / contenido digital

Juliana Pithon e Brenda Amaral site / site / sítio

Rafael Ferreira Lima

gestão de resíduos e sustentabilidade waste management and sustainability / gestión de residuos y sostenibilidad

Lucas Ribeiro Pereira, Silvia Rigotto, Priscilla Onofre Tavares Lotfi, Cidália de Fátima Cesar Lopes, Thais Horta Lofti

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CONSELHO REGIONAL DO SESC EM SÃO PAULO –

PRESIDENTE DO CONSELHO REGIONAL / CHAIRMAN OF THE REGIONAL BOARD / PRESIDENTE DEL CONSEJO REGIONAL

Abram

2022-2026

/ REGIONAL COUNCIL OF SESC IN SÃO PAULO STATE – 2022-2026

/ CONSEJO REGIONAL DES SESC EN SAN PABLO –2022-2026

MEMBROS EFETIVOS / EFFECTIVE MEMBERS / MIEMBROS PERMANENTES

Benedito Toso de Arruda, Dan Guinsburg, Jair Francisco Mafra, José de Sousa Lima, José Maria de Faria, José Roberto Pena, Manuel Henrique Farias Ramos, Marco Antonio Melchior, Marcos Nóbrega, Milton Zamora, Paulo Cesar Garcia Lopes, Paulo João de Oliveira Alonso, Paulo Roberto Gullo, Rafik Hussein Saab, Reinaldo Pedro Correa, Rosana Aparecida da Silva, Valterli Martinez e Vanderlei Barbosa dos Santos

MEMBROS SUPLENTES / DEPUTY MEMBERS / MIEMBROS SUPLENTES

Aguinaldo Rodrigues da Silva, Aldo Minchillo, Antônio Cozzi Junior, Antonio Di Girolamo, Antonio Fojo Costa, Antonio Geraldo Giannini, Arnaldo Odlevati Junior, Célio Simões Cerri, Cláudio Barnabé Cajado, Costabile Matarazzo Junior, Edison Severo Maltoni, Omar Abdul Assaf, Sérgio Vanderlei da Silva, Vilter Croqui Marcondes, Vitor Fernandes e William Pedro Luz

DIRETOR DO DEPARTAMENTO REGIONAL / REGIONAL DEPARTMENT DIRECTOR / DIRECTOR DEL DEPARTAMENTO REGIONAL Danilo Santos de Miranda

REPRESENTANTES JUNTO AO CONSELHO NACIONAL / REPRESENTATIVES ALONG TO THE NATIONAL COUNCIL / REPRESENTANTES EN EL CONSEJO NACIONAL

MEMBROS EFETIVOS / EFFECTIVE MEMBERS / MIEMBROS PERMANENTES

Abram Szajman, Ivo Dall’Acqua Júnior, Rubens Torres Medrano

MEMBROS SUPLENTES / DEPUTY MEMBERS / MIEMBROS SUPLENTES

Álvaro Luiz Bruzadin Furtado, Marcelo Braga e Vicente Amato Sobrinho

EN ES 265
PARCERIA
REALIZAÇÃO APOIO

www.sescsp.org.br/mirada

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M671 Mirada: Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas de Santos, 2022 Realização do Serviço Social do Comércio de São Paulo.

São Paulo: Sesc São Paulo, 2022. 244 p.: il. Fotografias. Trilíngue.

ISBN 978-65-89239-19-2

CDD 792

Fontes / Fonts / Fuente: Trade Gothic Next LT Pro

Papel / Paper / Papel: Couché Furioso 150g/m2, DuoDesign 300g/m2

Tiragem / Printing run / Impresíon: 1.000

Ano / Year / Año: 2022

1. Artes Cênicas. 2. Teatro. 3. Teatro Ibero-Americano. 4. Catálogo. I. Título. II. Subtítulo. III. Serviço Social do Comércio de São Paulo.

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