disorder jogos_dezembro2020
sobre o jogo Disorder traz a história da personagem Ilio, um jovem de etnia Vinco, bastante curioso e compreensivo. Durante sua jornada, Ilio é avisado pelos habitantes de sua vila para não se aproximar de certos lugares habitados por Vincos diferentes dos demais. Porém, sua curiosidade e complacência lhe permitem cruzar estas fronteiras insensíveis e interagir com os habitantes marginalizados. O jogo fala sobre depressão e outros transtornos mentais, numa fábula em que a personagem principal vive em comunidade com outras personagens. Passemos brevemente por uma reflexão trazida pela leitura do filósofo Ernildo Stein, em sua obra publicada em 2011, e transportada para o universo dos games nos Seminários de Mestrado no programa TIDD, da PUC-SP. Stein nos aponta para a existência de estruturas intencionais e atencionais. Em outras palavras, um jogo pode carregar tanto a intenção dos designers, como também pode provocar reflexões secundárias e não previstas.
por Fumetsu e Game e Arte
Pensando nestas estruturas, além das reflexões sobre depressão presentes na obra, nos chama a atenção a própria questão dos muros e fronteiras que nós mesmos criamos para o conhecimento. Alguns muros são invisíveis e até imperceptíveis, criados a partir de preconceitos e fortalecidos por meio das redes digitais. Ou seja: o perigoso problema de se contar uma história somente a partir de um ponto de vista. Por exemplo, quantos assuntos ficamos conhecendo apenas por uma perspectiva?
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propostas de reflexão a partir do jogo
Em Disorder, os habitantes da vila encorajam o jovem Ilio a ficar longe de determinada parte da comunidade, criando uma espécie de muro invisível entre seres da mesma espécie. Na sua comunidade, você consegue identificar algo parecido?
Você já havia jogado games que, em vez de usar a realidade, são construídos a partir de metáforas? Metáforas são recursos expressivos utilizados por fábulas, e que podem nos levar à interpretações muito interessantes. Disorder utiliza-as para a criação das fases. No jogo, cada mundo é regido pela personificação de um transtorno específico, responsável por guiar o protagonista nas divisões de cada ambiente.
e imagens © divulgação
Os Vincos, personagens criados para o jogo, foram pensados a partir de arquétipos bem simples e de fácil variação nos gráficos. Além de facilitar a produção do jogo, esta técnica traz uma ótima coesão e sentido ao universo do game. Quais as semelhanças gráficas e de roteiro que você consegue perceber nas personagens do jogo?
Você começa a jogar o Disorder. As personagens dizem pra você ficar longe de certos lugares, pois são, no mínimo, muito estranhos. E se você passasse o jogo inteiro na vila por conta das fofocas que ouviu por aí? Certamente você não fez isso, pois já deve ter ouvido falar sobre as fake news, ou notícias falsas. Ou, no caso do jogo, de fofocas! Uma das formas de evitarmos aprender a partir de informações falsas é checarmos as fontes, ou seja: sabermos de onde vem as informações. Você conhece grupos marginalizados na sua cidade? Marginalizar significa colocar à margem, impedir a participação de pessoas em determinados espaços. Deixar as pessoas de fora do que se considera como principal. Trata-se de um mecanismo de criação e manutenção de poder, e que muitas vezes é legitimado pelas próprias leis.
sobre os desenvolvedores A Fumetsu é um grupo independente de desenvolvimento de games que surgiu a partir da produção de um TCC no período de formação acadêmica de seus integrantes. Sediada na cidade de São Paulo, possui cerca de um ano de existência e conta atualmente com nove integrantes. O grupo busca construir jogos com grande potencial imersivo, que gerem empatia e com temáticas nada convencionais, compreendendo o jogo como uma ferramenta poderosa de impacto social.
Esta série apresenta conteúdos por meio da interface dos videogames, trazendo manifestações das artes e da cultura pelo viés da pluralidade de narrativas desenvolvidas sob o olhar da diversidade. Com curadoria do Sesc São Paulo e de Tainá Felix e Jaderson Souza, da Game e Arte, a programação conta com um ciclo de debates pelo Centro de Pesquisa e Formação, entre 17/11 e 01/12/2020, e conteúdos disponíveis nas plataformas do Sesc Digital, com jogos para download, sob produção do Sesc Avenida Paulista. Todas as atividades são gratuitas e em ambiente virtual.
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