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PUBLICAÇÃO EDUCATIVA
28 DE NOVEMBRO DE 2020 A 25 DE JULHO DE 2021
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05 CONVERSAS, ARTES, PESSOAS
07 QUEM PODE CRIAR? Para ampliar as formas de ver, compreender e fazer arte
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OBJETOS TRIDIMENSIONAIS
MULHERES E O FEMININO
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43 INSTALAÇÕES E VESTIMENTAS
SOBRE O QUE SE CRIA?
58 55 O QUE A ARTE PODE MUDAR?
A DIVERSIDADE DE ARTISTAS DA 15ª BIENAL NAÏFS DO BRASIL
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11 MEIO AMBIENTE
O QUE A ARTE DIZ SOBRE MIM, SOBRE VOCÊ, SOBRE NÓS?
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FESTAS
POLITIZADAS
51 QUER TENTAR CRIAR?
53 EM QUAL LUGAR CRIAR?
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O QUE VOCÊ PODE LER E VER?
LISTA DE REFERÊNCIA DOS QR CODES
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CONVERSAS, ARTES, PESSOAS
A mediação cultural é um expediente concebido por instituições e profissionais para tentar minimizar a desigualdade – que, no caso brasileiro, é estrutural e predominante – no que se refere à aproximação entre indivíduos e bens culturais. Isso ocorre, em geral, a respeito de expressões que tradicionalmente estiveram ligadas a extratos populacionais favorecidos. Portanto, caberia indagar: qual é o papel da mediação quando o que está em foco é um tipo de produção artística de forte acento popular, como é o caso da arte naïf? No complexo tabuleiro do campo cultural, áreas outrora separadas com nitidez – “alta cultura”, “cultura de massa”, “cultura popular” etc. – realizam tantas trocas que as próprias fronteiras parecem ter perdido o sentido. Nessas dinâmicas, valores e critérios são construídos e erodidos a todo tempo, num debate que se propõe aberto. Tomar parte nele, compreendendo o que está em jogo quando artistas autodidatas ocupam espaços expositivos relevantes, é uma questão de cidadania cultural. O Sesc baseia sua ação em um fundamento: cultura é direito. Assim como os artistas naïfs têm direito de desenvolver e difundir suas criações, os cidadãos devem ter acesso não apenas às obras, mas sobretudo aos diálogos que elas podem ensejar, influenciando-os com seus repertórios e visões de mundo. O presente material empenha-se em multiplicar as oportunidades para que tais conversas se deem plenamente. DANILO SANTOS DE MIRANDA Diretor do Sesc São Paulo
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Quem pode criar?
Para ampliar as formas de ver, compreender e fazer arte
Muitas pessoas que trabalham com arte e cultura aqui na América Latina já chamavam a atenção para a urgência de pensarmos e fazermos uma arte que se volte às nossas raízes, que facilite a confluência dos saberes e heranças dos povos originários, dos povos português, espanhol e de outras ascendências europeias e das populações africanas traficadas para este território. O uruguaio Joaquín Torres García (1874-1949), a argentina Marta Traba Taín (1930-1983) e a brasileira Lélia Gonzalez (1935-1994), de maneiras muito distintas, mas com os mesmos objetivos, nos diziam que o trabalho e o ensino sobre artes e culturas não poderiam restringir-se a estudar a história das produções de arte da Europa e tampouco aos conhecimentos a elas relacionados. Há, inclusive, um recorte geográfico, étnico-racial e cultural da Europa que estudamos. Tais intelectuais propunham, cada um a seu modo, que deveríamos pensar em como pesquisar, incluir e valorizar a produção das artes das populações autóctones e tradicionais de nossas matrizes formativas. Que a diversidade que compõe os povos da América Latina deveria estar expressa na nossa produção de artes visuais como um valor positivo que nos caracteriza e nos constitui. É nesse ponto que iniciamos a apresentação do que você conhecerá nesta publicação da 15ª Bienal Naïfs do Brasil, Ideias para adiar o fim da arte, exposição cuja curadoria é de Ana Avelar e Renata Felinto. Trazemos informações e propostas de mediação educativa que podem ser facilmente compreendidas e realizadas pelas pessoas com foco no que é conhecido como pedagogia decolonial. A pedagogia decolonial busca tirar o foco do ensino dos
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conhecimentos eurocêntricos e redistribuí-lo considerando tanto a construção de uma educação mais crítica, no que se refere aos processos históricos e às pedagogias e didáticas, como a inclusão de uma perspectiva que chamamos de multiculturalista ou de multiculturalidade, que é a contemplação dos conhecimentos produzidos por populações não europeias que foram excluídos dos currículos escolares. Assim, também são questionadas as construções políticas que se referem a diferenças como etnia e raça, gênero e classe social. Nesse sentido, estavam alinhadas a essa discussão, muito antes de ela ter visibilidade, mulheres intelectuais e artistas que nos diziam que podemos construir uma sociedade mais humana, na qual um número maior de pessoas possa ser escutado e tenha acesso à educação e à criação artística como forma de se expressar, de aprender e de educar. [ 1 ] Com esses objetivos de destaque ao aprender e educar por meio das artes visuais, ressaltamos a abordagem triangular, elaborada por Ana Mae Barbosa em 1987, como essencial para o entendimento da obra de arte considerando suas três etapas: apreciação, contextualização e experimentação da prática artística. Também destacamos o pioneirismo de Lélia Coelho Frota (1938-2010) ao investigar os processos de criação das pessoas artistas chamadas de naïfs e defender o reconhecimento dessa nomenclatura sem a relação de hierarquia entre obras de arte. [ 2 ] Sobre o fazer artístico, encontramos ecos de decolonialidade nas posturas de vida e nas produções de Raquel Trindade (1936-2018), Leda Catunda (1961) e Sônia Gomes (1948). Elas desafiaram as estruturas mais rígidas da compreensão do que é a obra de arte. A partir de suas obras, cada uma experimentou, em seu tempo e processo criativo, a incorporação de temas, técnicas e modos de fazer que questionam o entendimento mais tradicional da obra de arte. Aqui neste material, propomos a ampliação da compreensão de tudo que foi escrito anteriormente a fim de entendermos mais e melhor a arte que temos produzido como humanidade, em especial como povo brasileiro. Há o que ler, o que desenhar,
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o que escrever, o que assistir, o que criar e o que acessar digitalmente pela inserção dos QR Codes, imagens codificadas distribuídas ao longo do material que podem ser fotografadas e que direcionam a sites (para isso, você deve baixar um aplicativo de leitura desses códigos). Este material é um apoio para adiar o fim da arte, e almejamos que ele sirva às pessoas desejosas de aprender a ver o mundo pelos muitos pontos de vista que estão expressos na 15ª Bienal Naïfs do Brasil. Acesse o site sescsp.org.br/bienalnaifs para conhecer as edições anteriores da mostra e assistir a conteúdos extras, como vídeos, áudios e textos, além de conferir recursos acessíveis, como libras e audiodescrição das obras selecionadas nesta 15ª edição. Tudo isso faz parte de um conjunto de ações que demonstram o compromisso cultural e formativo do Sesc em registrar, exibir e propagar artistas e suas obras para além de definições restritas. Torcemos para que você seja uma das pessoas interessadas em apreender o mundo por meio da valorização das diferenças. Desejamos que essa seja uma boa experiência para você! MARIA MACÊDO E RENATA FELINTO
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O que a arte diz sobre mim, sobre você, sobre nós? Não se conhece um país sem conhecer a sua história e a sua arte. ANA MAE BARBOSA
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A arte é uma atividade que a humanidade executa há milhares de anos. Dentre as manifestações materiais da nossa inteligência, é na arte que estão as provas mais antigas que demonstram a nossa capacidade de desenvolvimento da linguagem. [ 3 ] Podemos exemplificá-la por meio de pinturas, gravuras e desenhos encontrados no mundo todo. Alguns estão no nosso país, como os do Parque Nacional da Serra da Capivara, no estado do Piauí, com datação de 6 mil a 12 mil anos atrás. Se homens e mulheres, ou mesmo crianças, que viveram há 12 mil anos criaram essas imagens que nos informam sobre um possível cotidiano e nos encantam pela elaboração e riqueza de informações, por que será que hoje temos tantos embaraços para nos vermos como capazes de criar, desenhar e pintar? [ 4 ] Aprendamos com as pessoas artistas naïfs que acreditam em sua capacidade criativa e estética independentemente de quem lhes diga se o que fazem é ou não arte. Elas falam sobre si, sobre as pessoas com quem convivem, sobre a história de suas cidades, sobre amor e, em especial, tratam da sociedade. É esse impulso criativo que focamos na Bienal Naïfs do Brasil. Conheça alguns dos temas abordados nas obras expostas a partir da criação de várias pessoas artistas!
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Meio ambiente Ao contrário do que a maioria das pessoas pensa, existe mais de um tipo de meio ambiente: natural, artificial, cultural, do trabalho e de patrimônio genético. Algumas das obras que estão na 15ª Bienal Naïfs do Brasil tratam especificamente do meio ambiente natural e dos desastres ambientais, patrimoniais e sociais causados pela ação extrativista do ser humano por meio de empresas. Falam da destruição e exploração intensa, bem como de acidentes em decorrência da modificação irresponsável do meio natural. [ 5 ] 5
Pense no significado do termo “meio ambiente”. Observe o meio ambiente no qual você vive. Como você e as pessoas da sua convivência podem se relacionar melhor com ele?
ANDRÉ CUNHA Índio é de paz mas pede guerra – O “Belo Monstro” sangra sua terra, 2019. Acrílica sobre madeira e dioramas de madeira. 63 × 48 cm
ANDRÉ CUNHA (RECIFE, PE, 1972) está imerso na arte desde criança,
e sua experiência e repertório se formam com base nas danças. Esta produção traz sua visão sobre seu meio ambiente cultural a partir das festas, das causas sociais, da religiosidade e da cultura nordestina. Nesta obra, o artista trata das lutas dos povos originários pela manutenção do direito ao seu lugar de origem. Observe os elementos que a compõem e como ele representou as pessoas em tamanhos distintos.
Que ações as várias pessoas desempenham na composição? Quais as relações dessas ações com as disputas pelos territórios indígenas? [ 6 ] 6
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CECÍLIO VERA Tragédia de Brumadinho, 2019. Acrílica sobre tela. 40 × 60 cm
CECÍLIO VERA (AMAMBAI, MS, 1958) iniciou-se na pintura em 1984,
tendo uma grande atividade em exposições e em movimentos artísticos estaduais e nacionais. Sua obra apresenta o meio ambiente natural que sofreu interferência do homem do campo, da vida rural, enfatizando suas lembranças para além do tempo presente. A pintura de Cecílio Vera que apresentamos registra o rompimento da barragem da empresa Vale do Rio Doce, no dia 25 de janeiro de 2019, na cidade de Brumadinho, estado de Minas Gerais. Cecílio demonstra a sua preocupação com a população local, a fauna e a flora, denunciando o ocorrido como um crime ambiental.
Você considera que o artista conseguiu captar o impacto desse acontecimento? Aponte na obra elementos que justifiquem a sua resposta.
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O que você acha de representar aqui o modo como se relaciona com o meio ambiente? Como podemos ter uma relação mais harmoniosa com o lugar onde vivemos? [ 7 ] 7
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Mulheres eo feminino Entre os trabalhos apresentados pelas pessoas artistas para a 15ª Bienal Naïfs do Brasil, registramos um número expressivo de obras de arte que tratam de temáticas relacionadas à vida das mulheres, bem como um enorme número de mulheres artistas. Essa presença marcante tanto dos assuntos como das artistas deve-se ao movimento feminista, em suas muitas variações, que tem sido amplamente apresentado e debatido como uma forma de vivermos numa sociedade mais igualitária e equilibrada. O feminismo não defende que as mulheres sejam superiores aos homens, mas sim que tenham tantas oportunidades e sejam tão respeitadas quanto eles.
Você já observou que em nossa sociedade existem divisões de papéis que definem o que é de responsabilidade dos homens e o que é de responsabilidade das mulheres? Como é na sua casa? Homens e mulheres trabalham fora e dentro de casa? As tarefas domésticas são divididas de forma igualitária? O que você pensa sobre essa organização familiar? [ 8 ] 8
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DULCE MARTINS Marcha das Margaridas 2019, 2019. Acrílica sobre tela. 40 × 50 cm
DULCE MARTINS (SANTOS, SP, 1957) retrata através da pintura acrí-
lica temas folclóricos, a natureza, as lembranças da infância e as situações vividas, estabelecendo sua relação com o mundo e interpretando o que está a sua volta. Nesta pintura, observamos mulheres em uma manifestação pública conhecida como Marcha das Margaridas, que ocorre desde o ano 2000. Você considera importantes as manifestações públicas para a conquista e a garantia de direitos de mulheres e de outros grupos da sociedade civil? Por quê? Você identifica nesta composição elementos que trazem a ideia de unidade em relação a essas mulheres? Quais são eles?
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Observe as revistas e/ou jornais que tem à disposição. Que tal fazer uma colagem com as imagens de mulheres que estejam nessas publicações e desenhar nela outros tipos de mulheres que não foram aqui contempladas? Falar sobre direitos das mulheres é falar sobre a diversidade de mulheres na sociedade também. [ 9 ] 9
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Objetos tridimensionais Na arte, várias obras tridimensionais podem ser realizadas com materiais tradicionais como madeira e pedra, dos quais a pessoa artista retira matéria para dar a eles a forma que concebeu. Outra técnica utilizada é a modelagem em barro, que dá origem tanto às peças em cerâmica, quando levada ao forno, como à fundição, quando se trata de um protótipo para ser transformado em bronze ou outro metal. Também são apresentados objetos tridimensionais feitos por agregação de fragmentos de materiais distintos, por técnicas de tecelagem ou outros processos de criação de tecidos que empregam linhas e agulhas. A escultura é um vasto lugar de criação na arte, e na 15ª Bienal Naïfs do Brasil encontramos desde as linguagens tradicionais até as inovações e experiências compreendidas como arte.
Você sabe como são realizadas as obras de arte em escultura? Vamos conhecer um pouco mais sobre essa categoria de obra de arte. [ 10 ] 10
MARCIO NEHREBECKI Zééé, 2019. Madeira, duas bananas de cera, duas colheres de ferro, uma dentadura, um selim de bicicleta, duas lâmpadas automotivas, uma escova de cabelo, uma buzina com dois sons diferentes de bode, um motor elétrico para mover a cabeça, um motor elétrico para “abrir a boca” e uma esteira elétrica para fazer “cocô de chiclete”. 65 × 40 × 65 cm
MARCIO NEHREBECKI (SÃO PAULO, SP, 1982) é formado em publici-
dade e propaganda, porém preferiu dedicar-se à vidraçaria automotiva de sua família, em Cotia, SP. A partir dessa experiência, aliou os conhecimentos técnicos adquiridos no dia a dia ao seu interesse por arte e iniciou o desenvolvimento de suas “engenhocas”, como as denomina. Esses trabalhos robóticos possibilitaram a sua participação em eventos no Brasil e no exterior. Você já viu obras de arte que se movimentam como robôs ou máquinas? Como você imagina que sejam essas obras? E quanto à obra de Marcio Nehrebecki, o que chama mais a atenção nesse robô desenvolvido por ele? [ 11 ] 11
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HELLEN AUDREY Jandira #33, 2019. Renda nhanduti, crochê e macramê; barbante e arame de mola. 160 × 80 × 10 cm
HELLEN AUDREY (CAMPINAS, SP, 1983) é uma artista da dança e das
linhas que se dedica à produção de trabalhos com fios e movimento, com forte inspiração em diversas técnicas de renda, especialmente na técnica nhanduti, ou renda sol. Interessa-se em produzir mediante os possíveis diálogos entre o corpo e o feminino, as linhas e a arquitetura dos espaços, as relações entre o meio em que vivemos e as nossas tramas corporais internas. A beleza do grotesco, do assimétrico e das cicatrizes. O trabalho de Audrey é feito com uma trama de linhas. Você conhece pessoas que utilizam as linhas ou técnicas de tecelagem em criações? Uma tia, uma vizinha, a avó, o pai, o irmão, há muitas pessoas criando arte no cotidiano, e muitas vezes elas nem percebem que também podem ser artistas. [ 12 ] 12
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ERI ALVES Vazante, 2018. Crochê; linhas de lã coloridas endurecidas com termolina. 120 × 108 cm
ERI ALVES (CURITIBA, PR, 1968) é artista plástico e profissional da
arte-educação, tendo trabalhado com núcleos educativos e coordenado equipes de diversas instituições culturais de São Paulo. Dentre seus temas de pesquisa, está a produção de artistas visuais que se relacionem com a ideia de “loucura”. No trabalho selecionado, ele emprega o crochê, uma das técnicas que aprendeu na infância observando a mãe e as irmãs. Muitas pessoas identificadas com o gênero masculino desempenham atividades entendidas socialmente como próprias do gênero feminino. Isso é muito importante para pensarmos numa sociedade mais justa e equilibrada. Você conhece mulheres que desempenham profissões consideradas masculinas? E homens que desempenham funções entendidas como femininas? Quem são? Compartilhe essas informações. [ 13 ] 13
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THIAGO NEVS Alma da estrada, 2018. Pintura/objeto; madeira, haste de ferro e boneco em PVC. 181 × 161 × 44 cm
THIAGO NEVS (SÃO PAULO, SP, 1985) iniciou-se na pichação na dé-
cada de 1990 e, em seguida, aderiu ao grafite. Hoje suas pinturas fazem referência à estética dos conhecidos filetes de caminhão, o que demonstra a influência exercida por seu pai caminhoneiro. Faz uso de pinceladas coloridas, traços simétricos, tipografia vernacular e elementos da cultura de massa para criar com base em valores da cultura popular, destacando a importância de sua preservação.
Você já reparou nas formas mais populares de escrita e de propaganda, como as de mercados de bairros? E nos anúncios de restaurantes, de prestadores de serviços, dentre outros? É muito comum que, nessas e em outras formas de comunicação, seja usada a tipografia vernacular. [ 14 ] 14
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HONÓRIO Careta de cazumba, 2019. Escultura e montagem; isopor, purpurina, laminados, entre outros materiais. 150 × 90 × 50 cm
HONÓRIO (VIANA, MA, 1955) é brincante da cultura popular e,
desde muito jovem, participa da festa do bumba meu boi, no posto de cazumba. Com essa vivência, aprendeu a manipular os materiais da máscara e a criar outras indumentárias, tornando-se reconhecido em toda a região pelas peças que produz para grupos de tradição locais. Você conhece o bumba meu boi? O cazumba é um de seus personagens, ao qual chamamos brincante. E na sua região, há festas da tradição popular? Quais são elas? [ 15 ] 15
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GUARIGUAZÍ Mãe solteira, 2019. Escultura em madeira umburana e tinta acrílica. 24 × 12 × 8 cm
GUARIGUAZÍ (NATAL, RN, 1968) traz como referência para a criação
de suas obras elementos da cultura popular, de religiosidades, da diversidade de etnias e raças, sentimentos, questões políticas e sociais derivados de suas impressões. Como artista, afirma que “a madeira ‘fala’ o que a natureza já determinou”. Guariguazí traz em sua escultura uma realidade pouco discutida pela sociedade: a maternidade solitária. Observe como a mãe que o artista representa protege as duas crianças. Você conhece mulheres que são mães sozinhas? E homens que abandonaram sua(s) criança(s)? Comente essas informações. [ 16 ] 16
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Festas As festas do povo demarcam as origens de nossa identidade brasileira. São comemorações com raízes indígenas, africanas e europeias que ou se ressignificaram a partir do encontro entre esses povos ou surgiram por intermédio dele. As festividades organizam o calendário anual de várias populações e também regulam o cotidiano, pois algumas dessas festas necessitam de meses de preparação e dedicação. Elas podem possuir caráter religioso, mítico, mágico e histórico, congregando danças coreografadas, vestimentas específicas, comidas e bebidas típicas, músicas e cantorias próprias, dentre outros elementos variáveis. Tais manifestações que se convertem em tradições são tema frequente em obras de arte ao longo da história da Bienal Naïfs do Brasil, e nesta edição não é diferente.
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Qual é a festa popular de que você mais gosta no nosso país? E na sua cidade? Você costuma participar de que maneira?
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BINÁRIO ARMADA Ritual na aldeia Îagüarype, 2019. Pintura, gravura, bordado, colagem, estêncil, rolhogravura (gravura de matrizes de rolha), aquarela e nanquim sobre papel algodão 300 g. 30 × 42 cm
BINÁRIO ARMADA (FORTALEZA, CE, 1979) é músico, produtor musical
e artista plástico. Atua em seu projeto também chamado Binário Armada: “Binário” se refere ao código de dois números utilizado na linguagem digital, e “Armada” se relaciona às organizações de guerra e, mesmo, ao imaginário lendário e mítico nordestino. O nome do projeto fala também das “lendas imaginadas” e de seus processos inacabados que contêm outras muitas lendas dentro deles. O trabalho apresentado na Bienal é feito com a técnica de rolhogravura, em que o artista monta a matriz de rolhas e, na folha impressa, agrega outros elementos, como aquarela. Seu vocabulário temático é vasto e inclui culturas indígenas e grafismos. Binário Armada também reúne materiais recicláveis para construir seus trabalhos. Você já pensou em experimentar desenhar com palito sobre uma bandeja de isopor plana? Depois passe um rolinho macio com tinta guache preta por cima desse desenho e sobreponha uma folha de sulfite. Essa é a isoporgravura! [ 17 ]
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PAULO CHAVONGA Esperança em pedaços, 2018. Acrílica sobre tela. 90 × 60 cm
PAULO CHAVONGA (BENGUELA, ANGOLA, 1997) é artista plástico,
produtor cultural, grafiteiro, muralista, arte-educador e professor, em Diadema, SP. Em seu trabalho, emergem retratos inspirados em situações vividas e que expressam a cultura angolana. O candongueiro, veículo similar a uma perua utilizado para deslocamentos na região de Luanda, o quimbo, que é como são chamadas as comunidades reunidas em aldeias, as festas de quintal, as conversas em volta da fogueira, todos esses elementos e atividades cotidianas são evocados em seu trabalho. Chavonga é um artista que utiliza cores e pinceladas, não possui compromisso com a representação fotográfica da realidade e faz uso do movimento e do ritmo em suas pinturas. Quantas cores têm esses rostos? E como são as pinceladas? O que podemos identificar como movimento e ritmo nesta pintura? [ 18 ] 18
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E sobre as festas que existem no Brasil? Qual personagem dessas festas você gostaria de ser? Que tal se representar como se estivesse participando dessa festividade? Você pode até mesmo inventar um figurino para uma festa imaginária.
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Politizadas Muitas pessoas artistas entendem as artes visuais como um campo no qual têm a liberdade para se expressarem sobre diversos assuntos, como observamos até aqui. Dentre eles também estão os temas que questionam a sociedade, com foco em acontecimentos, tragédias, tabus e outros diálogos – tantos que, muitas vezes, as palavras não são suficientes para dar a dimensão das reflexões a serem compartilhadas. Chamamos essas abordagens de politizadas, porque demonstram que a pessoa artista tem consciência de nossos deveres e direitos como componentes de uma sociedade e que pretende denunciar ou dar visibilidade a uma questão.
O que você considera que sejam temas politizados? Como nos tornamos pessoas politizadas? Para você, é importante que a arte apresente discussões sobre esses assuntos? Por quê? [ 19 ] 19
CON SILVA Em busca de uma liberdade que ainda não raiou, 2019. Acrílica sobre tela. 60 × 60 cm
CON SILVA (BATATAIS, SP, 1966) é pesquisadora da cultura brasilei-
ra e educadora. Tem como principal elemento de seu trabalho a arte sacra, por meio da qual reúne divindades do catolicismo e do candomblé. Essa escolha é resultado de suas vivências quando jovem e uma homenagem a seu irmão, que foi babalorixá.
Repare nos elementos que compõem a pintura de Con Silva. Ao fundo, identificamos embarcações; ao centro, pessoas brancas, em volta de uma cruz, acorrentam pessoas negras. Agora você: descreva a cena da frente. Sobre o que fala a artista ao abordar os acontecimentos da história de nosso país? Qual é a liberdade a que ela se refere?
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ALEXANDRA ADAMOLI Cotidiano II, 2019. Acrílica sobre tela. 55 × 89 cm
Alexandra Adamoli (Piracicaba, SP, 1964), artista e terapeuta ocupacional, desenvolve seus trabalhos com técnicas de modelagem, utilizando EVA, de colagem, com material reciclado (como madeira, folhas, sementes), e de pintura, utilizando tinta acrílica sobre tela. Tem como tema principal de suas criações o cotidiano das comunidades em desvantagem social, evidenciando conflitos existentes nesses locais.
Observe a pintura de Alexandra. Que lugar é esse? Quem são as pessoas que estão na rua, e o que estão procurando? O que você pensa sobre a presença de forças militares em comunidades? [ 20 ] 20
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SHILA JOAQUIM O martírio de Nossa Senhora do Brasil, 2019. Acrílica sobre tela. 50 × 70 cm
SHILA JOAQUIM (RIBEIRÃO PRETO, SP, 1965) é uma multiartista com
domínio de várias linguagens. Seu trabalho em pintura e modelagem tem como referência o universo da cultura popular, com especial interesse pelas personagens das festas populares existentes no estado do Espírito Santo, uma vez que a artista reside na cidade de São Mateus. O seu fazer artístico é marcado pelo uso da cor e por uma identidade estética que caracteriza sua produção tanto na cerâmica como na pintura. Essa qualidade proporcionou o reconhecimento de seu trabalho no Brasil e no exterior. [ 21 ]
A pintura de Shila Joaquim evoca outra obra importante para a arte do Brasil: Moema, 1866, de Victor Meirelles (1832-1903). Ambas tratam do tema da morte. Na pintura de Shila Joaquim, observe a paisagem: como é a vegetação? E a mulher indígena, o que a fere de morte? [ 22 ] 22
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PAULO MATTOS O renascimento de Luzia, 2019. Acrílica sobre madeira. 66 × 55 cm
PAULO MATTOS (RIO CLARO, SP, 1969) hoje reside em São Paulo e é
formado em artes visuais, artista e coordenador de moda, área na qual atua desde os 15 anos de idade. Sua abordagem poética tem como protagonista o ser humano e suas fases de desenvolvimento. Pesquisa a história, a ciência, as crenças e mitologias populares. Também tem interesse por temas políticos cuja abordagem informa e protesta ao mesmo tempo. Entre as técnicas artísticas que utiliza, destacam-se o desenho e a ilustração, seguidos da pintura, da modelagem e da fotografia, sempre com foco no corpo humano. Observe a textura por debaixo da pintura de Paulo Mattos e como ele a incorpora à composição. Você identifica essa mulher com alguma imagem que já tenha visto? Ela traz uma referência importante para a arte, que é O nascimento de Vênus, 1486, do pintor Sandro Botticelli (1445-1510); em ambas, é como se a mulher surgisse de uma concha. Também faz referência à brasileira Luzia. Você já escutou falar dela? [ 23 ] 23
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E na sua casa, na sua comunidade, na sua escola, existem questões que precisam ser discutidas por todas as pessoas envolvidas? Pense na sua escola e escreva três problemas sobre os quais seria importante que todas as pessoas conversassem; depois, proponha como eles poderiam ser solucionados coletivamente. [ 24 ] 24
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Instalações e vestimentas 25
As pessoas artistas têm explorado as formas de apresentar suas ideias por meio das artes visuais. Quando um ambiente, fechado ou aberto, tem elementos que traduzem uma ideia ao serem ordenados, chama-se instalação e, de modo geral, trata-se de um espaço de arte no qual é possível entrar. Também existem obras para serem colocadas no corpo, como vestimentas – muitas vezes, é esse vestir que dá significado à experiência artística. [ 25 ] [ 26 ]
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Você já viu uma obra de arte pensada para ser vestida? E uma obra de arte para entrarmos nela como se entra numa sala ou num quarto? Como seria tornar-se parte de uma obra de arte por um momento?
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ALEXANDRA JACOB Cantinho de benzer, 2019. Instalação; materiais diversos, móveis, adornos, elementos sacros e do cotidiano. 180 × 180 cm
ALEXANDRA JACOB (PIRACICABA, SP, 1974) é bacharel em direito,
curadora e compositora, produz instalações e escritas com foco na poesia, tendo como principal tema de suas produções memórias pessoais e coletivas. Na instalação Cantinho de benzer, propõe uma recriação do ambiente de benzimento, algo que vivencia desde criança, evidenciando o desaparecimento dessa prática no local em que vive. A obra é composta por cadeiras, água benta, terços e óleos, dentre outros elementos utilizados pelas pessoas que benzem, de acordo com as especificidades de cada uma.
O ato de benzer evocado na obra de Alexandra Jacob reúne vários saberes ancestrais que se centram na espiritualidade e no manuseio de ervas. Identifique os elementos que compõem a instalação que trata dessa prática. Você conhece alguém que benze outras pessoas? Como você vê essa prática? [ 27 ] 27
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SÃNIPÃ Totem apurinã kamadeni, 2019. Instalação; tinta acrílica sobre suporte de madeira em MDF, tinta acrílica sobre ouriço de castanha-do-pará e suportes de ferro, grafismos ritualísticos das etnias apurinã e kamadeni. 200 × 200 × 20 cm
SÃNIPÃ (LÁBREA, AM, 1979), cujo nome significa “caba” (um tipo de
vespa) na língua apurinã, formou-se em pintura e tornou-se a primeira indígena das etnias apurinã e kamadeni a se profissionalizar nas artes visuais. Em sua arte, expressa a cultura dos dois povos de que descende, transpondo seus elementos para telas e outros suportes derivados da floresta (ouriço de castanha-do-pará, casco de tartaruga, cuias e tururi, entrecasca de árvore). Nos grafismos, nos artefatos, nos rituais e no imaginário que envolvem suas vivências como indígena da Amazônia, Sãnipã resgata a memória de seu povo com leituras e releituras da estética indígena. A estrutura deste totem é inspirada na curvatura do rosto e do corpo humanos, que na vida na aldeia servem de suporte para a pintura corporal de grafismos indígenas. Na atualidade, usamos muito o termo protagonismo, que é quando uma pessoa de determinado grupo social ou étnico-racial fala sobre si e sobre seus pares. Você conhece outras pessoas artistas indígenas? Por que será que temos tantas obras de arte que tratam das culturas e dos povos indígenas e tão poucas pessoas artistas reconhecidas como pertencentes a esses grupos? [ 28 ]
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OBRA COLETIVA
ANGELES PAREDES e CARMEN KUNTZ Manto tropeiro: um breve olhar do Caminho das Tropas, 2019. Desenho, aquarela e bordado livre sobre tecido rústico de algodão. 154 × 154 cm
ANGELES PAREDES (SOROCABA, SP, 1957) tem formação em letras e
é produtora cultural, bordadeira e memorialista. Atua no cenário cultural de Sorocaba desde os anos 2000. Emprega as mais variadas linguagens para se expressar, como literatura, vídeo e técnicas manuais, sempre com foco na valorização da cultura e das manifestações de sua região.
CARMEN KUNTZ (SOROCABA, SP, 1958) é arteterapeuta, gestora
de pessoas e administradora; como artista, é bordadeira e costureira. Desenvolve seu trabalho de artes pela investigação do universo têxtil e manual das agulhas, linhas, fios e tecidos unidos. Dessa forma, acredita incitar o desenvolvimento do indivíduo, estimulando a criatividade e o poder de seus ricos significados e direcionamentos.
Observemos esta vestimenta que é uma obra de arte. Como você a classifica? Você imagina em que contextos se usava esse tipo de vestimenta? Repare nas narrativas que os desenhos pintados e bordados nos indicam sobre esse uso. [ 29 ] 29
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Sobre o que se cria?
Partindo da constatação de que todas as pessoas podem criar, a escolha de o que e como se cria é intrínseca a cada ser. Ou seja, direta ou indiretamente, nossas histórias, influências, preocupações e desejos podem estar presentes nas obras de arte que criamos. As imagens aqui apresentadas foram organizadas de acordo com os temas que mais apareceram nas obras selecionadas, e esse mesmo critério orientou a exposição desta 15ª Bienal Naïfs do Brasil. Elas dialogam com a história da humanidade, do passado aos dias de hoje, além de abordarem discussões que permeiam a arte feita atualmente. Há obras que passam pela ancestralidade, pelo cuidado, pelo genocídio de populações, por conflitos políticos, ecológicos, mitos e outros assuntos. Observamos também uma variedade de técnicas e linguagens utilizadas pelas pessoas artistas para criar. No eixo que agrupa as obras que abordam questões sobre o meio ambiente, por exemplo, encontramos em Índio é de paz mas pede guerra – O “Belo Monstro” sangra sua terra, de André Cunha, e em O martírio de Nossa Senhora do Brasil, de Shila Joaquim, cenas que evidenciam os conflitos vivenciados pelos povos originários do Brasil em decorrência das lutas pela demarcação de terras e dos crimes ambientais. Em Tragédia de Brumadinho, de Cecílio Vera, o crime ambiental é o grave fato ocorrido no país no ano de 2019, o rompimento de uma barragem de rejeitos de mineração na cidade de Brumadinho, MG. Portanto, identificamos que, entre outros temas, a preocupação com nosso planeta, com a forma como cuidamos dele e nos
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relacionamos com os povos cujos modos de vida impactam positivamente a preservação da Terra, marca presença na exposição. A arte é inimiga do poder ANA MAE BARBOSA
A arte é uma poderosa ferramenta para a construção da sociedade que queremos. Evidentemente, um trabalho artístico pode ser realizado com a finalidade de enaltecer as qualidades de uma pessoa, de uma planta, de um lugar, de um acontecimento, como no caso das obras de arte com abordagens mais tradicionais. No entanto, quando a educadora Ana Mae Barbosa diz que “a arte é inimiga do poder”, ela ressalta a sua capacidade de mobilizar discussões e transformações individuais e coletivas que talvez não tivessem o mesmo impacto e o mesmo alcance de mentalidades num discurso falado. E mostra sua força para mobilizar e questionar inclusive estruturas de poder, seja ele governamental, financeiro ou social. Como o processo de criação pode ter muitas etapas e diferentes abordagens, evidenciamos, na 15ª Bienal Naïfs do Brasil, esse fazer artístico do ponto de vista da descoberta de como surge a obra de arte e do quão poderosa pode ser a mensagem a se desvendar em sua apreciação. Preste atenção em como cada pessoa artista cria a partir de sua realidade, a qual é formada por um contexto que inclui aspectos pessoais, históricos, geográficos, socioeconômicos, ambientais e filosóficos. É considerando essa variedade de aspectos que a pessoa artista escolhe sobre o que cria, sobre o que a mobiliza internamente.
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Quer tentar criar? São eles indivíduos cuja criatividade espelha um viver assumido, onde a imaginação reintegra e reinventa os objetos do existir, modificando-os e modificando-se. Homens e mulheres em que não há distinção entre o ser e o fazer, que não dissociam a arte da vida. LÉLIA COELHO FROTA
Vimos que muitas são as formas de criação, considerando os assuntos sobre os quais cada pessoa artista sente a necessidade de criar e também os materiais que tem à disposição ou que podem ser adquiridos. Cada pessoa artista tem seus processos criativos, e sabemos que não é simples nos reconhecermos como capazes de criar sem julgamentos. Muita gente desiste de ser artista porque considera que não possui ideias interessantes ou não domina, bem o suficiente, técnicas artísticas. No entanto, se todas as pessoas podem criar, podemos resgatar e estimular nosso impulso criativo independentemente do sistema da arte? Sim, devemos. Por isso, propomos abaixo algumas experiências individuais e coletivas, para você tentar criar só ou junto com outras pessoas. 1. Que tal investigar o que é um totem, como o que aparece na obra da artista Sãnipã? Em culturas tradicionais e autóctones, ele é um símbolo sagrado que se situa num espaço público. Com a sua turma, pesquise o assunto e elabore um totem, tomando como ponto de partida palavras que expressem o que é importante para vocês na vida em coletividade. Lembrem-se de que se trata de um monumento sagrado e estético, por isso representem essas palavras visualmente, como símbolos.
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2. Muitas pessoas artistas criaram obras de arte que podem ser vestidas, como o fizeram Angeles Paredes e Carmen Kuntz. Essas vestimentas adquirem outras formas ao serem trajadas e movimentadas. Levando isso em conta, crie uma vestimenta-arte com papel, plástico, roupas antigas ou o que mais quiser e tiver disponível. O importante é que você possa vesti-la e que ela mude quando você movimentar seu corpo. Filme e troque essa experiência filmada com seus e suas colegas. 3. A tipografia vernacular está presente em muitos lugares do dia a dia, como você já viu no trabalho de Thiago Nevs. Com a sua turma, elabore frases que tratem da melhoria da convivência em espaços coletivos; em seguida, selecionem as dez melhores e as escrevam em cartolinas ou em outra folha resistente. Para isso, podem usar pincel largo e guache ou canetas hidrográficas, pois as letras precisam ter linhas grossas para que as frases sejam legíveis. Interfira no seu bairro por meio da colagem desses cartazes.
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Em qual lugar criar? O desejo está na base da criação. LEDA CATUNDA
Historicamente, o ateliê foi concebido como o local apropriado para a criação da obra de arte, e ao adentrá-lo a pessoa artista deveria receber, em teoria, a “iluminação” para materializar o seu trabalho nesse ambiente que dispunha de materiais e condições necessárias para isso. Observamos a mudança desse entendimento do ateliê, que se metamorfoseou de local onde a pessoa artista isolada incorporava uma genialidade criativa para espaço de criação e de encontros, trocas e experimentações. O uso do ateliê como espaço ao mesmo tempo individual e coletivo. Entender quem produz arte e como a produz, bem como o histórico e as características da produção de cada artista, também influencia nessa outra compreensão do ateliê como lugar de criação. Após refletir sobre o ateliê como lugar de criação e elaboração de pensamento crítico, reflexivo e visual, onde são construídas “coisas”, o que você diria que é um ateliê? E o que é possível encontrar nele? Seria, então, a marcenaria o ateliê do marceneiro? A cozinha, o ateliê da cozinheira? A escola, o ateliê da professora? Se o ateliê está onde o artista está, toda a casa de uma pessoa pode ser compreendida como o seu lugar de pensar e produzir arte, visto que muitas pessoas artistas cujos trabalhos compõem esta 15ª Bienal Naïfs do Brasil, por exemplo, não dispõem de um cômodo ou edificação específica apenas para elaborar a sua produção plástica. Ao apresentar os ambientes de criação de artistas como Carmela Pereira, Leda Catunda, Raquel Trindade, Sãnipã e Sonia Gomes,
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tentamos revelar seus processos de criação e também mostrar o que é esse espaço criativo ao qual chamamos ateliê, retirando dele a aura de lugar sagrado onde se exercita a genialidade. Assim, é possível ter como ateliê um local fora da casa, mas também adaptá-la, transformar uma parte dela, a rua ou o campo em ateliê-laboratório. A arte naïf permite que todas as pessoas possam criar no ambiente onde vivem. Assim é possível ampliar o entendimento acerca de quem produz, onde e com o quê. Digo que a casa é um ateliê no qual eu tenho um quarto. SONIA GOMES
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O que a arte pode mudar? A pesquisadora Lélia Coelho Frota, em seus escritos que auxiliaram na estruturação e compreensão da arte popular, discorreu sobre como as pessoas artistas chamadas de naïfs exercem diversas outras tarefas para sobreviver e conseguem criar obras “extraordinárias e originais no seu hibridismo, contemporâneas, muitas delas, à experimentação de vanguardas nas artes visuais” (Frota, 2005). Os saberes múltiplos sustentam a subsistência dessas pessoas, que têm no fazer artístico o reconhecimento de suas potencialidades, revelando sistemas que constroem e organizam a nossa realidade ao nos apresentarem imagens criadas a partir de um universo de materiais, suportes, técnicas e modos de viver. Esses saberes e modos de vida apontam na sua elaboração seus trânsitos, recriações e contaminações, que se apresentam como estratégias para interferir em sistemas de poder. Tal interferência reconfigura a compreensão e fruição do fazer artístico e recupera memórias, técnicas e aprendizados gestados no seio familiar, na comunidade e em outros meios que não apenas o erudito e acadêmico. Ana Mae Barbosa, como mencionamos antes, tem nos ensinado sobre a importância da arte na vida e no desenvolvimento humano, apontando nesse processo três funções fundamentais do fazer e ensinar arte: percepção da criação, capacidade crítica e resposta criadora. A estética das massas e a cultura visual do povo, descritas por Ana Mae Barbosa, assim como o desejo de biografia expresso por Lélia Coelho Frota, fundamentaram importantes movimentos de reconhecimento da “arte do povo”, que foram imprescindíveis para que muitas pessoas artistas se reconhecessem como tal. Esse é um ponto central para essas pessoas, que passam a se perceber e a exercer mudanças em si e em seu entorno através da arte.
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Podemos exemplificar tais transformações de si e da comunidade circundante com o ocorrido no Alto do Moura, em Caruaru, PE, lugar onde viveu Mestre Vitalino (1909-1963), o qual organicamente deu início a uma prática ceramista que hoje sustenta famílias dedicadas à produção de arte utilizando o barro. As pessoas artistas presentes nesta 15ª Bienal Naïfs do Brasil nos mostram de forma crítica e elucidativa como a arte é capaz de ressignificar e modificar as experiências humanas, propondo reflexões acerca do mundo atual e de como afetamos as mudanças geográficas, climáticas, históricas e artísticas e temos sido afetadas e afetados por elas. A madeira que produz objetos é a mesma que tem empurrado as cercas que nomeiam o que é ou não arte, ou até mesmo o limiar entre a arte naïf e a arte contemporânea, que aqui buscamos romper. Consideramos urgente a consciência e o reconhecimento, por parte dos poderes públicos, da potência transformadora da cultura e da arte na formação humana. De todas as pessoas. De todos os lugares do Brasil. De todas as cores de pele. A fim de que as condições para ver, entender e criar arte não sejam privilégio de pouca gente, nossas ferramentas de educação precisam estar orientadas por uma pedagogia decolonial. Isso nos permite analisar e conceber recriações de mundo onde as pessoas se vejam e se reconheçam como humanidade. Esperamos que, pelo contato com as reflexões, ideias, textos, atividades, indicações e imagens deste material, você tenha conseguido se reconhecer pessoa-humana nas produções aqui apresentadas. Esse reconhecimento tem um caráter fundamental para possibilitar reflexões políticas, históricas, sociais, estéticas e, possivelmente, afetivas e efetivas de modo a traçarmos, desenharmos e escrevermos coletivamente as ideias para adiar o fim da arte. Mas, afinal, responda você: como a criação de imagens pode transformar o nosso mundo? A arte é uma necessidade para todos os seres humanos, por mais desumanas que tenham sido as condições que a vida impôs a alguém. ANA MAE BARBOSA
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PÁGINA EM BRANCO PARA INTERAÇÃO Que tal criar uma arte sua que sintetize os assuntos sobre os quais tratamos aqui? Use o material que desejar e depois compartilhe essa produção com a sua turma, família, amizades.
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A diversidade de artistas da 15ª Bienal Naïfs do Brasil Para entender a diversidade das 125 pessoas artistas que compõem a Bienal, em quais regiões se localizam, sua divisão por gênero, idade e identificação étnico-racial, nada melhor do que transformar essas informações em imagens.
DIVISÃO POR REGIÃO
6%
6%
34% 42%
12%
Nordeste – 42 artistas Norte – 8 artistas Sul – 7 artistas Sudeste – 53 artistas Centro Oeste – 15 artistas
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DIVISÃO POR COR/ETNIA
2%
16%
36% Pardas – 45 artistas
38%
(12 mulheres / 33 homens)
Pretas – 20 artistas (8 mulheres / 12 homens)
Amarelas – 2 artistas (1 mulher / 1 homem)
8%
Brancas – 48 artistas (27 mulheres / 21 homens)
Indígenas – 10 artistas (4 mulheres / 6 homens)
DIVISÃO POR GÊNERO
42%
58%
Feminino Masculino
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O QUE VOCÊ PODE LER E VER? COUTINHO, Rejane Galvão. “Uma visita à Bienal Naïfs [entre culturas]”. Visualidades – Revista do Programa de Mestrado em Cultura Visual, Faculdade de Artes Visuais, Universidade Federal de Goiás, v. 4, n. 1-2, pp. 151-60, jan.-dez. 2006. Disponível em: <https://www.revistas.ufg.br/VISUAL/article/download /18003/10731/>. Acesso em: 30 abr. 2020. D’AMBROSIO, Oscar Alejandro Fabian. Um mergulho no Brasil Naif: A Bienal Naifs do Brasil do SESC Piracicaba – 1992 a 2010. Tese (Doutorado em Educação, Arte e História) – Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2013. Disponível em: <http://tede.mackenzie.br/jspui/handle/tede/2068>. Acesso em: 30 abr. 2020. FERREIRA, BIA. Cota não é esmola. Sofar Curitiba, 19 nov. 2017. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=QcQIaoHajoM>. Acesso em: 28 abr. 2020. FREITAS, Maria Helena Sassi. Pintura naïve: conceitos, características e análises – quatro exemplos em São Paulo. Dissertação (Mestrado em Artes) – Universidade Estadual Paulista, 2011. Disponível em: <https://repositorio.unesp.br/ bitstream/handle/11449/86976/freitas_mhs_me_ia.pdf?sequence=1&isAllowed=y>. Acesso em: 21 abr. 2020. FROTA, Lélia Coelho. Pequeno dicionário da arte do povo brasileiro: século XX. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2005. GUIMARÃES, Leda. “Chaves conceituais e históricas na constituição de arte e artista popular no Brasil”. Revista Interdisciplinar em Cultura e Sociedade (Rics), São Luís, v. 1, n. 1, pp. 83-104, jul.-dez. 2015. Disponível em: <http:// www.periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view File/4349/2412 >. Acesso em: 21 abr. 2020. ______. “Arte, design e cultura visual do povo: uma conversa entre mulheres”. Revista GEARTE, Porto Alegre, v. 5, n. 1, pp. 117-29, abr. 2018. Disponível em: <https:// seer.ufrgs.br/gearte/article/view/74969/48095>. Acesso em: 21 abr. 2020. LEDA CATUNDA. Disponível em: <http://www.ledacatunda.com.br/>. Acesso em: 5 maio 2020. MELO, Rosilene Alves de. “Artes de Juazeiro: imagens e criação no Centro de Cultura Popular Mestre Noza”. In: X Encontro Nacional de História Oral – Testemunhos: História e Política, Recife, Universidade Federal de Pernambuco: 26-30 abr. 2010. Disponível em: <https://www.encontro2010.historiaoral. org.br/resources/anais/2/1268444139_ARQUIVO_EncontrodeHistoriaOral 2010RosileneMelo.pdf>. Acesso em: 30 abr. 2020. OLIVEIRA, Francine Barbara Maia de. A arte na Bienal Naïfs do Brasil 2012. Trabalho de Conclusão de Curso (Pós-Graduação em Gestão de Projetos Culturais e Organização de Eventos) – Centro de Estudos Latino-Americanos sobre Cultura e Comunicação, Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, 2013. Disponível em: <http://celacc.eca.usp.br/?q=pt-br/ tcc_celacc/arte-bienal-naifs-brasil>. Acesso em: 30 abr. 2020.
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PUBLICAÇÃO EDUCATIVA “IDEIAS PARA ADIAR O FIM DA ARTE” DESENVOLVIDA PARA A 15ª EDIÇÃO DA BIENAL NAÏFS DO BRASIL
Comissão de curadoria Ana Cândida de Avelar, Renata Felinto Júri de premiação Ana Cândida de Avelar, Nilva Luz e Renata Felinto Concepção da publicação educativa Maria Macedo e Renata Felinto Coordenação da ação educativa Valquíria Prates Produção de conteúdo acessível Mais Diferença Revisão Bibiana Leme Identidade visual e projeto gráfico Flávia Castanheira e Luciana Facchini Fotografia Isabella Matheus (exceto p. 46, Roumen Koynov) Assistente Luciana Cury Verbetes Marcella Imparato Locutora dos verbetes Luciana Cury
FONTE TME e Aperçu PAPEL Pólen Bold 90 g/m2 GRÁFICA PifferPrint
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28 DE NOVEMBRO DE 2020 A 25 DE JULHO DE 2021 SESC PIRACICABA RUA IPIRANGA 155 TEL (19) 3437 9292
70 SESCSP.ORG.BR/BIENALNAIFS