MY NAME IS — IVALD
GRANATO
—EU SOU
MY NAME IS — IVALD
GRANATO
CURADORIA Daniel Rangel
—EU SOU
PARA ALÉM DOS NOMES
Danilo Santos de Miranda Diretor do Sesc São Paulo
Conforme são difundidas e rotinizadas, as nomenclaturas se distanciam dos fenômenos que procuravam distinguir. No campo das artes visuais, alguns termos já não dão conta das concepções estéticas que antes conseguiam identificar, restando como ecos longínquos. Essa problemática se evidencia, por exemplo, quando se consideram noções como abstracionismo ou conceitualismo, as quais se apartam da vitalidade originária das criações que as solicitavam, na medida em que são banalizadas pelo uso indiscriminado e fora de contexto.
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A obra de artistas como Ivald Granato logra manter sua força e singularidade à revelia das delimitações pelas categorias da arte, ao passo que se esquiva delas. Tais condições são patentes na trajetória desse criador múltiplo. Nos anos 1970, quando a ideia de performance ainda não havia se consolidado no Brasil, Granato já as realizava em diferentes locais e circunstâncias, com uma espontaneidade própria ao momento que antecede a assimilação dessa linguagem pelo sistema das artes no país. Quanto à sua produção pictórica, ainda que o cubismo tenha representado importante referência em seus anos de formação, não é possível enquadrá-la em uma determinada vertente, muito embora o artista se vincule ao processo que ficou conhecido, nos anos 1980, como retomada da pintura. Nesse ambiente marcado pela experimentação plástica, Granato flerta com o expressionismo abstrato e a pop, sem, contudo, se deixar rotular por nenhuma dessas etiquetas artísticas. My Name Is IVALD GRANATO Eu Sou, itinerância da primeira exposição do artista após seu falecimento, em 2016, aponta as sendas por ele trilhadas ao longo de cinco décadas de trabalho, além de apresentar a variedade de meios mobilizados em sua produção. A remontagem e a inauguração da mostra por ocasião da retomada gradual das atividades presenciais no Sesc, em atenção aos cuidados exigidos pela pandemia de Covid-19, reiteram o compromisso da instituição com a circulação dos bens culturais, no sentido de ampliar e democratizar o seu acesso.
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IVALD GRANATO. Quem é? Quem foi? Quem será?
Daniel Rangel curador
My Name Is IVALD GRANATO Eu Sou é a maior retrospectiva já realizada acerca do legado artístico de Granato e a primeira mostra após seu repentino falecimento, em 2016. Um recorte amplo, com mais de 500 obras e documentos, exibidos em suportes analógicos e digitais. Um panorama que percorre 50 anos de uma prática marcada pela experimentação formal e pela multidisciplinaridade de linguagens. Uma profusão explosiva de liberdade, vinda de um artista inquieto, que produzia ininterruptamente.
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Pinturas, desenhos, esculturas, arte postal, performances, vídeos, objetos, instalações, cadernos de artista: Granato possuía uma energia que emanava a intensidade das cores vivas que caracterizavam sua paleta. Uma atitude roqueira que intervinha em quase tudo a seu redor, do sistema de arte às tomadas de casa, passando por telas e outros suportes tradicionais. Abordagens conectadas aos movimentos da história da arte, como o surrealismo, a action painting e a arte conceitual, a cultura pop e o estudo da cor. A mostra percorre a diversidade de sua trajetória, com uma narrativa delineada, sobretudo, por seu percurso como pintor. No início de sua carreira, entre o fim dos anos 1960 e meados dos 1970, as obras de Granato eram impregnadas por uma forte influência da pop art, assim como as de outros jovens do período, a exemplo de Antônio Dias, Rubens Gerchman, Claudio Tozzi, José Roberto Aguilar e de mestres como Wesley Duke Lee e posteriormente do pintor carioca Jorge Guinle. O uso da cor mostrou-se, a partir daí, um dos principais interesses e habilidades do artista, que realizou excêntricas composições de figuras antropomórficas e ricos contrastes. Em outros trabalhos do mesmo período, rompeu com o suporte da tela e criou objetos esculturais com forte teor conceitual. Nas décadas seguintes, além das séries figurativas, Granato ampliou sua expressividade pictórica por meio da abstração gradativa de suas imagens. Entretanto, de acordo com o crítico Mário Schenberg, o artista “absorveu e utilizou muito do abstracionismo, mas é essencialmente figurativo, sem que se consiga explicar em palavras o conteúdo da comunicação”. Ele era um orador e agregador nato, e seu ateliê foi um dos principais pontos de encontro de artistas visuais, músicos, atores, cineastas, poetas e pensadores paulistas até o meio da década de 1980. O convívio com as várias disciplinas influenciou diretamente seu fazer artístico, e provavelmente foi a faísca que acendeu sua vertente performática.
Considerado um pioneiro da performance no país, Granato realizou inúmeras intervenções ao vivo marcadas pela espontaneidade, humor, ironia, irreverência e uma forte relação entre arte e vida. O título da presente exposição foi apropriado da manchete de uma matéria de jornal que descrevia uma dessas performances, intitulada My Name Is Not Joseph Beuys e realizada no Museu da Imagem e do Som de São Paulo em 1978. My Name Is IVALD GRANATO Eu Sou retrata sua multifacetada atuação, com destaque para a pintura. A mostra busca revelar também seu processo de criação, que inclui obras em variados suportes e atravessa nuances de sua vida pessoal e artística. A energia explosiva do ateliê é trazida para o espaço expositivo, onde diversos elementos que conviveram com o artista estão reunidos ao lado de recortes de jornais, desenhos, postais, objetos, memórias e obras, como a última tela, inacabada. Uma série de vídeos, dirigidos por Alice Granato, reúne depoimentos de amigos e pessoas do meio das artes, que respondem em muitas vozes a uma única pergunta: quem foi Ivald Granato? A mostra expande-se ainda do espaço físico para o virtual. Além de cerca de 40 pinturas exibidas presencialmente, divididas por períodos e estilos e selecionadas de coleções particulares, institucionais e do impressionante espólio que o artista deixou com sua família, outras 300 foram dispostas em três galerias digitais. Obras que participaram de diferentes edições de Bienais de São Paulo, no começo dos anos 1980, e que integram importantes acervos em São Paulo, como os da Pinacoteca do Estado, do MAC-USP, do próprio Sesc e de coleções particulares, expostas ao lado de trabalhos inéditos ou que não são vistos há muito tempo. A vontade de transmitir a potência visual e o volume de sua produção estimularam a criação das salas expositivas na realidade virtual, que ficou sob a responsabilidade do cineasta Tadeu Jungle.
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Uma profusĂŁo explosiva de liberdade, vinda de um artista inquieto, que produzia ininterruptamente.
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SEM TÍTULO, 1967 Óleo sobre tela 56 x 48 cm Acervo Ivald Granato
SEM TÍTULO (série Pop), 1968 Óleo sobre madeira 46 x 36 cm Acervo Ivald Granato
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SEM TÍTULO (série Pop), 1969 Óleo sobre madeira 46 x 36 cm Acervo Ivald Granato
Ao lado de Walter Silveira, Jungle assina ainda a direção do histórico videodocumentário experimental Ivald Granato em Performance, de 1984, projetado ao lado de um mosaico de fotos e vídeos de inúmeras performances do artista. O vídeo realiza uma síntese humorada e sarcástica dos personagens que ele criou, estereótipos da sociedade e do mundo das artes, como Ceisquer, Ciccillo e a irreverente Safada de Copacabana. A série Heads, inspirada no contorno da face de seu pai e que se tornou uma espécie de obsessão imagética do artista, aparece em diversos suportes: desenhos, pinturas, colagens, objetos, xícaras de café, tapetes e esculturas. Experiências formais que ressaltam a transdisciplinaridade atemporal de seu labor. My Name Is IVALD GRANATO Eu Sou busca conectar o legado do artista com a cena artística atual e ao mesmo tempo colocar em evidência a importância e destaques de sua trajetória. A mostra tem como ambição resgatar de forma ampla e ressignificada uma produção histórica fundamental para a arte brasileira, que carece de maior reconhecimento por parte do público, da crítica e dos artistas atuais. Uma exposição que aborda o hoje, o ontem e o amanhã e revela quem é, quem foi e quem será Ivald Granato.
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MARGOT, 1981 Acrílica sobre tela 200 x 150 cm Coleção particular
A NATUREZA-MORTA QUE PICASSO PINTOU E DEIXOU EM MINHA CASA QUANDO TINHA CINCO ANOS, 1979 AcrÃlica e pastel sobre tela 250 x 110 cm Acervo Ivald Granato
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DEPOIS RESOLVO CHEGAR, 1979 AcrÃlica e pastel sobre tela 250 x 110 cm Acervo Ivald Granato
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CERROTE, década de 1970 Tecido, acrílica e madeira 55 x 12 x 2,5 (Serrote) e 44 x 20,5 x 10 cm (madeira) Acervo Ivald Granato
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SEM TÍTULO (MONALISA) (série Head), anos 2000 Reprodução fotográfica (Giclee) 66 x 48 cm Acervo Ivald Granato
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A ORDEM SECRETA DO CAVALHEIRO PERFORMÁTICO Jacob Klintowitz crítico de arte, acompanhou toda a trajetória de Granato
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My name is Ivald Granato. Eu sou Ivald Granato. O artista Ivald Granato transitava no enigma. Poucos artistas terão tido como ele um diálogo tão permanente com a Esfinge. Seu percurso era feito alternadamente de perguntas e respostas, de presença densa e marcadas ausências. Menos do que a inquietação, o que o movia era a perplexidade. Era um artista impregnado da alegria de viver, o que nele se evidenciava na expansão, na expressividade, no íntimo contato com as pessoas, na ocupação física dos espaços, na organização de ambientes, na invenção de performances coletivas, na edição jornalística e promocional de sua atividade diária. Dele era a ligação com o mundo. E Ivald Granato, esse artista do movimento, tinha a fome insaciável de sentido, a indagação do significado, a dúvida permanente da ontologia, a angústia da busca da identidade, a desconfiança da aparência e a intuição de que a realidade estava aquém e além da fachada do mundo. Um budista sem Buda. Seu trabalho partia desta ambivalência interna: o desejo de viver intensamente e a busca de sua identidade única. Seu nome secreto, aquele cujo som tinha poder. O nome do iniciado. A aparência do mundo e a realidade do mundo. O teatro do mundo e a energia do mundo. Ser ou não ser. Em seu trabalho performático, ele dizia repetidamente o que não era. Não era Joseph Beuys. Não era Francis Bacon. Não era Paul Cézanne. Muito menos Pablo Ruiz Picasso. Ele não era o outro e definia-se por essa diferenciação. Quem é Ivald Granato? Começa pela negação: não sou Joseph Beyus. Não sou Juan Miró. Não sou Paul Matisse. Não sou Pablo Picasso. Ivald Granato circunscreve o mundo pela diferenciação: não sou isso, não sou aquilo. Não sou o outro. E o que sou?
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ARTE PERFORMANCE: "O DOMADOR DE BOCA"
Sou segundo os olhos do outro, sou segundo meu sentir. Ao fim, encontra esse núcleo resistente e expansivo, esse saber refinado pelo exercício e pela reflexão, a convicção de ser Ivald Granato. O artista encontrou sua voz. Às vezes brincava com esse não ser interno, com esses heróis da arte que o habitavam. Quando fizemos seu livro definitivo (Gesture and Art, editora Francis, 380 páginas), a história de sua trajetória, ele dizia em entrevistas: “Picasso está se revirando no túmulo”. Alguns repórteres me perguntavam o que significava essa declaração. É simples. Do paraíso, Picasso o observava, e, da terra, Granato observava Picasso o tempo todo. Esteve em todos os movimentos de vanguarda. Nas últimas décadas, a presença de Ivald Granato foi uma constante poderosa na arte brasileira. Nesse período, ele fez praticamente tudo o que um artista pode realizar nos séculos 20 e 21: pintura, desenho, escultura, objeto, cerâmica, instalação, performance, arte postal, obra em progresso, muralismo, livro de artista, intervenção urbana, jornalismo alternativo. Uma atividade incessante e de tal maneira participativa que se pode entender a história de nossa arte simplesmente observando o percurso do trabalho de Granato. Ou é difícil entender a história da arte brasileira sem levar em conta a presença de Ivald Granato. Granatês, a desistência das palavras. As palavras nunca são simples. Cada palavra expressa o mundo. Cada palavra é herdeira de uma tradição, de uma história única, de um avanço da consciência e do psiquismo. Desistir da palavra tem uma significação importante. Toda palavra compreende o universo. Contém o universo. Nada é ligeiro ou leve. Granato não acreditava mais na comunicação verbal. Também entendia que a palavra tinha virado, em sua época e em seu meio de trabalho e de vida, um discurso de convencimento. Uma fala promocional. A desistência das palavras, o valor do corpo e da interjeição. O valor da exclamação. A comunicação como um ponto de exclamação. O abandono
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da palavra é a renúncia de uma tradição criativa de milhares de anos. E, no caso, a adoção da tradição visual. A comunicação inventada devido à deterioração do discurso passa agora pela energia do corpo, pela poética da interjeição, pela força da exclamação. Desde 1936, data da publicação de A Obra de Arte na Era de Sua Reprodutibilidade Técnica, do seminal Walter Benjamin, parte do mundo culto tem certeza de que acabou a arte totêmica. Talvez em sua aparência de totem no centro da aldeia a simbolizar a união entre o céu e a terra, a aliança do homem com Deus. Entretanto, no sentido de uma arte de revelações, uma manifestação que mostre novos aspectos do real, de compromisso absoluto com a intuição, estamos impregnados de uma arte sagrada. Nossa época, essa “era”, como diz Benjamin, contempla desde uma produção de banalidades até a arte que, em sua grandeza, nos une ao universo e ao mistério humano, aquela porção nossa desconhecida e que é, em parte, iluminada pela arte. Artistas como Constantin Brancusi, Henri Matisse, Jean Arp, Alexander Calder, Yves Klein, Pablo Picasso, Jackson Pollock, Robert Delaunay, Israel Pedrosa, Mario Cravo Jr., Carybé, Yutaka Toyota, Shoko Suzuki, Carlos Araújo, Yukio Suzuki, Paul Cézanne, entre tantos outros, são personagens desse processo. Ivald Granato participou dessa dinastia de artistas comprometidos com o enigma e a revelação.
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A VIDA E A ARTE NUMA SÓ TELA
Alice Granato jornalista, dirigiu as videoentrevistas para a exposição
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Após três anos de sua partida, um hiato necessário pelo impacto de sua morte repentina, surgem agora as primeiras vozes para traduzir Ivald Granato para o universo das artes no Brasil e no mundo. Nascido em Campos dos Goytacases, em 29 de dezembro de 1949, filho de Sebastiana e Ivald Granato, mais conhecidos como dona Rosinha e seu Mirimba, manifestou desde cedo, segundo os relatos familiares, interesse pelo desenho e pela pintura. No verso de uma tela de 1979, ele escreveu a mensagem: “A natureza-morta que Picasso pintou (deixou) na casa de meu pai quando eu tinha 5 anos de idade”. De família muito humilde por parte de mãe e de classe média por parte de pai, dentista com ascendência siciliana, Granato tinha tios maternos artesãos e uma mãe doceira de mão-cheia. De origem mestiça, negra e indígena, e com forte espírito realizador, dona Rosinha fazia arte com as mãos. Além dos doces, costurava, bordava, pintava louças e fazia até partos. Sua expansiva forma de comunicação a ligava intrinsecamente ao filho caçula, Ivald. A vocação artística de Granato era reconhecida por quem estava ao redor. Assim que pôde, na adolescência, com 14 anos ele mudou-se para o Rio de Janeiro, onde viveu em Santa Teresa e depois em Copacabana, na casa da mãe do pintor Artur Barrio, dona Dina, por quem nutria grande carinho. Ingressou, em primeiro lugar (contava isso com orgulho!), na Faculdade de Belas Artes, na Avenida Rio Branco, e no fim dos anos 1960 já era notícia de jornal, que destacava a “força da cor” e o “dinamismo frenético da composição e das formas” em suas primeiras obras. No início dos anos 1970, Granato chegou a São Paulo com sua sede de vanguarda. Participou de todos os movimentos da contracultura e, em 1978, idealizou a antológica performance Mitos Vadios, para a qual convidou artistas para se expressarem livremente em um estacionamento na Rua Augusta, numa paródia bem-
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humorada à Bienal Latino-Americana Mitos e Magias. Todos os artistas mais importantes da sua geração estavam ali: de José Roberto Aguilar a Hélio Oiticica, de Claudio Tozzi a Rubens Gerchman, de Anna Maria Maiolino a Antonio Manuel, em uma lista de inacreditável potência. Nos anos 1980, impregnado com seu caráter aglutinador, o ateliê do artista, no 4º andar de um antigo prediozinho na Avenida Henrique Schaumann, esquina com a Avenida Rebouças, transformou-se no epicentro das artes de São Paulo. A atitude rock and roll de Granato o levou a se tornar grande amigo de roqueiros, de Raul Seixas e Titãs aos Rolling Stones. Trilhou com Ronnie Wood, também pintor, e Keith Richards uma amizade de quase três décadas. O artista esteve com eles em vários shows pelo mundo e teve uma participação especialíssima na turnê da América Latina que deu origem ao filme Olé Olé Olé, dedicado a sua memória. Em 1990, Granato e sua mulher, Lais, mudaram-se com os filhos para a casa da família no Alto de Pinheiros. Aos poucos, o artista foi transferindo seu ateliê para o novo endereço e continuou a pintar e desenhar incessantemente. A ampla produção de Granato é considerada um “tesouro” por especialistas. Tesouro que nós, sua família, estamos cuidando com o profissionalismo e o amor que ele requer. E que tem um potencial enorme para ser desvendado pelo grande público. O Acervo Ivald Granato tem como objetivo principal preservar e difundir seu legado para um número cada vez maior de pessoas. Não somente expor suas obras, pinturas, desenhos, esculturas, videoperformances e arquivos de inestimável valor para a cultura brasileira, mas também revelar o ensinamento grandioso que ele deixou em termos de arquivo e documentação. Sua organização era impressionante. Dos galões de tinta à gaveta de meias, tudo obedecia a uma ordem cromática. As pessoas que entrevistei se disseram embasbacadas com a organização
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de seu ateliê. Graças a isso, foi possível reunir nesta grande exposição uma parte relevante de sua produção e memória ao longo de sua trajetória. Sua e de sua geração. Foram 50 anos dedicados à arte livre, independente, em uma impressionante mistura de vida e obra. Tivemos o privilégio de conviver com um artista irreverente, provocador, mas também muito rigoroso e determinado. Nosso pai – meu, do Diogo e do Pedro – tinha nesse sentido um comportamento ambíguo. Fazia loucuras e acordava em um estado de normalidade. Nunca deixou de cumprir suas metas. Transitava entre a beleza e o caos. Nós, sua família, vivíamos num grau de intensidade absurdo, pois a gente estava dentro dos processos que se formavam ali. Seu ateliê, cerne da criação, era também a nossa casa. Esse movimento frenético que se reflete em suas telas era muitas vezes difícil de acompanhar de perto e, ao mesmo tempo, extremamente prazeroso. Sentimos cada curva de suas intensas pinceladas. Havia os picos de cor e euforia e os momentos dramáticos: era a vida e a arte numa só tela. Quando perdemos sua presença, perdemos tudo num primeiro momento. Mas temos a potência de sua obra. Um furacão colorido que passou dando forma e movimento a nossa vida. Ao fazer as videoentrevistas para a exposição, estou descobrindo mais e mais sobre ele. Sigo me surpreendendo com o que ouço, um presente. Sobre cada passo galgado, sobre como conduziu sua trajetória, sem nunca se perder. Vejo as peças se encaixarem e isso dá um sentido cada vez mais amplo para sua existência. Sinto sua obra numa complexidade profunda, num mergulho que gostaria de convidar a todos para dar. E a cada depoimento atesto o que sempre soube: convivemos com um cara genial!
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CÃOMAN, s.d. Acrílica sobre madeira 175 x 118 x 60 cm Acervo Ivald Granato
EU TAMBÉM TENHO O DIREITO DE SER FELIZ, 1981 Grafite, acrílica e pastel sobre tecido 157 x 161 cm Acervo Ivald Granato
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HEADS, anos 2000 AcrĂlica sobre madeira Conjunto de esculturas em tamanhos variados Acervo Ivald Granato
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SEM FIGURA, 1999 AcrĂlica sobre tela 162 x 195 cm Acervo Ivald Granato
SEM TÍTULO (série Baconato), 2013 Acrílico sobre digigrafia sobre tela 80 x 60 cm Acervo Ivald Granato
O ÚLTIMO QUADRO DE GRANATO, QUE O ARTISTA DEIXOU INACABADO.
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GRANATO PINTANDO UM PAINEL PARA O SESC.
SESC SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO ADMINISTRAÇÃO REGIONAL NO ESTADO DE SÃO PAULO Presidente do Conselho Regional Abram Szajman Diretor do Departamento Regional Danilo Santos de Miranda Superintendentes Técnico-Social Joel Naimayer Padula Comunicação Social Ivan Giannini Administração Luiz Deoclécio Massaro Galina Assessoria Técnica e de Planejamento Sergio José Battistelli Gerentes Artes Visuais e Tecnologia Juliana Braga de Mattos Estudos e Desenvolvimento Marta Raquel Colabone Artes Gráficas Hélcio Magalhães Sesc Guarulhos Oswaldo Almeida Jr. Equipe Sesc André Locateli Carolina Barmell Cherrye Mendes Eduardo Freitas Fabiana Monteiro Fernanda Paccanaro Ilona Hertel Izaídis Pereira Jr Johnny Abila Julia Stabel Karina Musumeci Leonardo Borges Lizandra Magalhães Mara Oriolo Marcus Rocha Nilva Luz Valmir da Silva Willians Mota
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Exposição MY NAME IS IVALD GRANATO EU SOU Curadoria Daniel Rangel Assistência de Curadoria Thierry Freitas Projeto Expográfico Marcus Vinícius Santos Colaboração Projeto Expográfico Aline Arroyo Design Gráfico Guilherme Falcão Projeto de Iluminação Fernanda Carvalho Assistentes Projeto de Iluminação Luana Alves Cristina Souto Produção Geral arte3 Coordenação de Produção Ana Helena Curti Equipe de Produção Fernando Lion João Luiz Calmon Assistência da Produção Eduardo Raele Direção das videoentrevistas Alice Granato Captação de Imagens Pedro Magalhães Experiência 3D Jungle Bee Concepção da Experiência 3D Tadeu Jungle Equipe da Experiência 3D Fernando Chiari Pedro Kayatt Fernando Vantuz Cesar Cid Trilha Sonora Experiência 3D Dadi Carvalho Projeto Multimídia Aya Studio Antonio Curti Felipe Sztutman Equipe do Projeto Multimídia Arthur Boeira Mariana Marão
Museologia Denyse L. A. P. da Motta e equipe do Acervo Ivald Granato Coordenação de Montagem Museológica Lee Dawkins Preparação de Obras e Molduras Isabel Coelho Milani Jacarandá Montagens Montagem Expográfica Vetor Consult Equipamentos de Luz Spot Light Locação Equipamentos Audiovisuais Images Audio e Video Ação Educativa Felipe Tenório Revisão Marca-Texto Editorial Transporte SM Fine Arts Seguro Chubb Seguros Assessoria Jurídica Olivieri Associados Registro fotográfico de obras Edson Kumasaka Jaime Acioli Fotografias das Performances e Retratos do Artista Loris Machado e Pablo Di Giulio
Acervo Ivald Granato Alice Granato Diogo Granato Laís Machado Granato Marcelo Gonçalves Nelson Gonçalves Pedro Granato Museologia Fernanda Martins Ribeiro Gonçalves Talita Dessirie Santos Tainan Azimovas Pinto Toquete
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VISITAÇÃO 10.11.2020 — 20.02.2021 Terça a sexta das 15h às 21h Sábados das 10h às 14h Programe sua visita em sescsp.org.br/guarulhos SESC GUARULHOS R. Guilherme Lino dos Santos 1200 Jardim Flor do Campo CEP 07190-010 /sescguarulhos sescsp.org.br/guarulhos