Livreto Pedaços da Terra | SESC Vila Mariana

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EXPOSIÇÃO

PEDAÇOS DA TERRA 17 de setembro a 18 de dezembro de 2011


Podemos dizer que usamos pedaços da Terra em praticamente tudo o que consumimos. Como o homem produz cada vez mais coisas, nunca utilizamos tantos recursos naturais como hoje. Assim, alguns desses pedaços que pareciam inesgotáveis começaram a ter prazo de validade... A exposição PEDAÇOS DA TERRA propõe uma visita pelo universo mineral, engatilhada a uma reflexão sobre nossos padrões de consumo e o impacto que eles têm sobre o meio do qual fazemos parte. Você sabe quantos minerais são usados para produzir cada um desses aparelhos eletrônicos modernos que estão sempre nos nossos bolsos e bolsas, casas e escritórios? Você tem ideia de quanta energia e trabalho foi despendido para fazer cada celular que povoa cidades grandes, médias e vilarejos? E onde é descartado tudo isso, quando os novos modelos substituem aparelhos ainda em condições de uso?

PEDAÇOS DA TERRA 17 de setembro a 18 de dezembro de 2011

Uma parte da nossa relação inconsequente com o planeta, marcado por compras desnecessárias, desperdício e pouca atenção ao lixo por nós produzido se traduz em um sistema linear de produção e consumo, enquanto a Terra possui um sistema cíclico e praticamente fechado de materiais. Ponha na conta o tempo que a Terra levou para se formar e criar os recursos naturais que nos são úteis e preciosos, e compare com o consumo frenético de matérias-primas e a despreocupação com seus ciclos naturais - assim você compreenderá a essência das questões ambientais. Você está convidado para uma conversa séria e divertida sobre rochas com nomes estranhos - ambligonita, ranierita, esfalerita etc-, sobre fenômenos geológicos importantes, sobre o passado da Terra e o futuro da humanidade, e principalmente sobre o nosso papel em tudo isso.


DESAFIO DO PEDAÇO DA TERRA Pense bem e responda - o que te dá mais prazer: • Comprar um aparelho de MP3 ou escutar atentamente suas músicas favoritas? • Comprar um celular novo ou conversar cara a cara com um amigo? • Comprar uma grande TV de plasma ou de LED ou ir com a família ao cinema num sábado à tarde?

É evidente que comprar um produto novinho em folha, conectado com o que há de mais moderno, pode ser delicioso. Mas será que paramos para pensar que:

Duas marcas da sociedade atual são consumo e tecnologia. As grandes lojas de departamentos, hipermercados, shoppings e sites oferecem os mais variados equipamentos eletrônicos, que prometem facilitar a vida das pessoas, agilizar o ritmo do trabalho, aproximar amigos e parentes, divertir e informar. Para isso, usam as mais novas invenções tecnológicas: telas sensíveis ao toque, conexões e transmissão de dados sem fio, aplicativos com múltiplas funções, alta definição de som e imagem em aparelhos cada vez mais compactos etc.

... cada vez usamos nossos aparelhos eletrônicos por menos tempo, e logo o trocamos pelo modelo lançado mais recentemente?

... cada vez mais achamos que a vida seria impossível sem esses pequenos e grandes aparelhos?

Será que precisamos de tudo isso? As propagandas, os compromissos sociais e as demandas do trabalho e dos estudos nos dizem: sim! E, se os preços não são lá muito baratos, os pagamentos a prazo, divididos em 12 ou 24 vezes, aproximam as pessoas de produtos antes inimagináveis.

... cada vez mais nos acostumamos a substituir a proximidade dos nossos amigos e familiares pela mediação de equipamentos de comunicação?

... cada vez mais trocamos nossa presença ao vivo em shows e eventos esportivos pelo conforto de assistir tudo pela TV mais moderna?


2. Indústria metalúrgica • Transporte do minério para a exportação e para indústrias metalúrgicas • Redução do elemento químico para forma metálica • Consumo de grandes quantidades de água e energia • Diferentes processos metalúrgicos envolvidos • Geração de resíduos para o ambiente

Por trás de cada produto que compramos, existe uma grande cadeia produtiva, envolvendo aspectos ligados: • Ao homem: trabalhadores, máquinas, pesquisas tecnológicas, meios e estrutura de transporte, investimentos financeiros etc. • Ao ambiente: recursos minerais, vegetais e animais como matéria -prima e para geração de energia. Você conhece as etapas de produção de um equipamento eletrônico?

3. A produção de eletroeletrônicos • Necessidade de cuidados com segurança e saúde dos trabalhadores devido à toxidade de alguns elementos • Linhas de produção envolvendo pessoas e máquinas: em cada etapa um componente vai sendo inserido, soldado, conectado, ajustado etc • Produtos embalados com materiais como papel cartonado e derivados de petróleo

1. Da identificação à explotação • Identificação da presença de elementos químicos e constatação da viabilidade econômica • Consumo de grandes quantidades de energia • Resultado: imensas crateras e descarte de minerais que não geram lucros (ganga)

5. No varejo, o ato do consumo • Estratégias de publicidade estimulam o consumo • Facilidades de financiamento aproximam o consumidor do produto • Ritmo de vendas crescente • Embalagens descartadas logo após a compra VOCÊ SABIA QUE... • Uma tonelada de aparelhos celulares possui em média 340 gramas de ouro? Isso é muita coisa, principalmente se compararmos com uma tonelada de minério, com apenas 5 gramas de ouro. • A mesma tonelada de celulares possui valor aproximado de 15 mil dólares em metais preciosos? E nessa conta não entram outros metais como ferro e os diversos plásticos.

4. Da linha de montagem até a loja... • Grandes distâncias entre fábricas e locais de varejo • No Brasil, predomina o transporte rodoviário, com emissão de poluentes para a atmosfera • Há outras opções, como a ferroviária, marítima e fluvial, mas também com custos ambientais

6. A (breve) fruição do produto • Sensação de obsolescência do produto • Propagandas de novos produtos, com mais recursos e design diferenciado • Rapidez na subsituição dos produtos


40 anos

Após um longo processo produtivo, envolvendo pessoas, energia, recursos naturais, tecnologia e estrutura física, finalmente o aparelho tão desejado chegou às suas mãos ou sua casa. Mas essa etapa promete não ser muito longa, pois nunca houve uma substituição tão rápida de eletroeletrônicos como a que ocorre atualmente:

30 anos

• Um rádio de nossos avós durava 20, 30 ou até 40 anos. • Uma televisão de nossos pais funcionava por 8, 10 ou 15 anos. • Hoje, alguns aparelhos eletrônicos são descartados após 1, 2 ou 3 anos.

20 anos

DESAFIO DO PEDAÇO DA TERRA: Quer viajar no tempo?

10 anos

• Escute por 30 minutos uma rádio AM, com as luzes apagadas e sem fazer outra coisa ao mesmo tempo, e sinta-se na década de 1930. • Procure um conhecido que tem uma vitrola e escute discos de vinil contemplando a capa e seu encarte, para sentir- se na década de 1970. 0

LIXO

• Jogue o videogame Atari, e tente imaginar porque aqueles quadradinhos foram um dos símbolos da década de 1980.

Mas quais os motivos para os produtos durarem cada vez menos em nossas mãos? Eles são mais frágeis? Ou somos mais desastrados que nossos avós? A questão é mais complexa que parece. Podemos dizer que atualmente os equipamentos eletro-eletrônicos tornam-se obsoletos (ou seja, com uma tecnologia ultrapassada) em menos tempo que antigamente. Vamos entender um pouco melhor: Sob aspectos de mercado e comércio, a indústria baseia seu faturamento na venda de novos produtos, e induzem novas compras através de novidades na aparência e funcionamento dos aparelhos apoiando esses lançamentos em sólidas estratégias de divulgação de marcas. Entre a busca por manter-se atualizado e a curiosidade por novidades, entram os aspectos psicológicos por trás de nossos desejos de consumo. Possuir o último modelo de smartphone pode significar mais afirmação de status que necessidade real.

O uso de novas tecnologias, principalmente na área da Informação e Comunicação, promove mudanças nas interações sociais (pessoais e profissionais). Para continuar “pertencendo” aos nossos grupos de convívio, surge a demanda por tecnologias de comunicação cada vez O desenvolvimento mais atualizadas. tecnológico da indústria eletrônica traz telas de melhor definição, celulares com funções de computadores, processadores mais rápidos, etc. Os sistemas operacionais, aplicativos, sites ganham novas versões também rapidamente. Muitas vezes, essas versões são incompatíveis com sistemas anteriores, obrigando a uma atualização de hardware (parte física do computadores) e soſtware (sistemas e programas).


4.600 m.a

O descarte dos equipamentos eletroeletrônicos é um dos principais problemas ambientais deste século.

VOCÊ SABIA QUE... Em agosto de 2010 foi aprovada a Política Nacional de Resíduos Sólidos, após 19 anos de tramitação? Ela define que os eletrônicos, entre outros “produtos especialmente tóxicos” devem ser coletados e destinados corretamente segundo uma hierarquia de gestão que privilegia a reutilização e a reciclagem de resíduos.

Estudos da ONU, da Convenção de Basileia e do Greenpeace verificaram que há exportação ilegal de resíduos tecnológicos de países ricos para Nigéria, Gana, Índia e, principalmente, China. Boa parte desses resíduos são reciclados de forma precária, num processo denominado mineração urbana, que contamina o meio ambiente e põe em risco os trabalhadores. A doação para reutilização é o melhor destino que podemos dar para um aparelho que perdeu o uso para nós. Muitas coisas que consideramos sem serventia certamente podem ser úteis para alguém. Quando um aparelho não pode mais ser usado, ele deve ser encaminhado para a coleta seletiva de eletrônicos, que tem as seguintes etapas: desmontagem em componentes (um processo denominado remanufatura reversa); triagem de componentes (os que ainda funcionam são encaminhados para reutilização; os que não funcionam, para a reciclagem); reciclagem (envio para a indústria que irá recuperar as matérias-primas); neutralização (descarte especial de substâncias contaminantes). Chamamos Logística Reversa o processo em que a empresa fabricante recolhe o produto depois de consumido, podendo ocorrer entre a coleta e a desmontagem ou entre a desmontagem e a reciclagem.

Se a história humana pode ser contada em décadas, séculos e milênios, a História das etapas de formação da Terra deve ser contada em milhões e bilhões de anos – e é essa escala de tempo inimaginável que determinou a distribuição e ocorrência de elementos químicos que estão sendo rapidamente esgotados pelo uso intensivo de nossa sociedade.

3.000 m.a

A Terra tem aproximadamente 4,6 bilhões de anos. Elementos presentes em objetos que usamos no dia-a-dia surgiram há cerca de 2 ou 3 bilhões de anos. Para termos idéia do que isso significa, basta falar que: • Os dinossauros parecem muito recentes, pois habitaram a Terra há 250 e 100 milhões de anos. • Os mamíferos apareceram há apenas 60 milhões de anos. • Os primeiros hominídeos surgiram há apenas 1,6 milhão de anos.

2.000 m.a

SURGIMENTO DOS MINERIAIS

Mas deveriam ser encaminhados para cá:

4.000 m.a

ARQUEANO PROTEROZÓICO

Os aparelhos descartados, infelizmente, vêm para cá:

A maior parte dos aparelhos são descartados erradamente no lixo comum. Um equipamento eletrônico depositado em um lixão a céu aberto sofrerá a ação das condições climáticas, dispersando elementos no solo e lençóis freáticos. Os impactos ambientais são incalculáveis, principalmente por parte de substâncias tóxicas, como metais pesados e polímeros retardantes de chamas, que contaminam praticamente todas as formas de vida.

QUESTÃO DE TEMPO: O atual sistema produtivo é baseado numa lógica linear: extração - produção - transporte - comercialização - consumo – descarte. Isso conflita com o sistema cíclico da natureza.

1.000 m.a

PALEOZÓICO

MEZOZÓICO CENOZÓICO Primeiros mamíferos e sugimento do homem

FANEROZÓICO

QUESTÃO DE ESPAÇO: Cada vez mais aparelhos são produzidos, comprados e descartados, em proporções que passam a configurar um problema mundial. Soma-se a isso o fato de que a maior parte do descarte ocorre de forma inadequada:

Hoje


Aproximadamente dez mil anos depois que o homem dominou as técnicas metalúrgicas, nossa sociedade tem explorado quase a totalidade dos elementos da tabela periódica, em praticamente todos os cantos do nosso planeta Terra, com exceção da Antártida (cuja mineração comercial ainda não começou).

As jazidas minerais são finitas, demoraram milhões e milhões de anos para serem formadas, e muitas já foram esgotadas num ritmo muito mais rápido do que o tempo de recomposição mineral. O resultado dessa falta de sincronia entre o tempo do consumo e o tempo geológico nos leva a uma situação inédita: há elementos químicos que se encontram em vias de extinção.

Por isso a reciclagem de produtos com matéria-prima mineral não é só bem-vinda, é imperativa. Por um lado, para diminuir a pressão para a exploração de novas jazidas, e por outro, para evitar que essas substâncias, muitas delas tóxicas ou altamente poluentes, contaminem o ambiente. A mineração tem alto custo financeiro, mas também ambiental e social, e será cada vez mais cara

na medida em que seja necessária a exploração de novas jazidas, em locais remotos e de difícil acesso. Não reciclar parece uma péssima estratégia de sobrevivência, não é mesmo? De qualquer ponto de vista, econômico, social, ambiental, a reciclagem dos pedaços já arrancados da Terra é fundamental para a nossa sociedade.


Depois desse passeio pelo universo mineral e suas relações com o nosso mundo atual, fica evidente que cada ação que adotamos no presente pode ter impacto num futuro mais ou menos próximo. Cada opção que fazemos por um estilo de vida preocupado com o bom uso dos recursos naturais, envolvendo consumo consciente e destinação adequada de resíduos, influencia positivamente no prazo de validade de cada elemento químico. Mas o contrário também é verdadeiro. Como cidadãos temos o direito e o dever de pressionar os Poderes Públicos e propor maior eficiência na gestão de resíduos sólidos. Como consumidores, temos o poder de influenciar a indústria a ser mais responsável pelos produtos que fabrica, por meio do consumo consciente e de atitudes simples, como por exemplo contatar o Serviço de Atendimento ao Cliente e perguntar como e onde descartar seu equipamento eletrônico.

Você faz parte dessa mudança. Complete a história abaixo, fazendo uma reflexão sobre a nossa responsabilidade em relação aos futuros habitantes da Terra.

SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO Administração Regional no Estado de São Paulo PRESIDENTE DO CONSELHO REGIONAL Abram Szajman DIRETOR DO DEPARTAMENTO REGIONAL Danilo Santos de Miranda Superintendentes Técnico-Social Joel Naimayer Padula Comunicação Social Ivan Paulo Giannini Administração Luiz Deoclécio Massaro Galina Gerentes Programas Sócio-educativos Maria Alice Oieno de Oliveira Nassif Adjunta Flavia Roberta Costa Assistentes Denise S. Baena, Denise Minichelli Marçon e Fábio Luiz Vasconcelos Ação Cultural Rosana Paulo da Cunha Adjunta Flávia Carvalho Assistentes Juliana Braga e Nilva Luz Artes Gráficas Hélcio Magalhães Adjunta Karina Musumeci SESC Vila Mariana Oscar Rodrigues Filho Adjunta Denise Lacroix Rosenkjar

PEDAÇOS DA TERRA Coordenadora de Programação Shirlei Torres Perez Núcleo da Imagem e da Palavra João Paulo L. Guadanucci, Diogo de Moraes, Giuliana Pereira A. Estrella, Regina Siqueira da Silva, Sandra Regina Feltran e Barbara Milano (estagiária) Coordenações Serviços - Adilson de Abreu, Alimentação - Andrea Lanaro, Informática - Joel Lefone Milan, Administrativo - Marcelo de Jesus Araújo, Manutenção - Maurício Vezzali, Odontologia - Maria Teresa da Ponte, Comunicação - Terezinha Lea dos Santos CONSULTORIA Rosely Aparecida Liguori Imbernon, Felipe Andueza, Felipe Fonseca, Glauco Paiva, Hernani Dimantas IDENTIDADE VISUAL E ILUSTRAÇÕES Estúdio Kiwi


SESC Vila Mariana Rua Pelotas, 141 CEP 04012-000 TEL.: (11) 5080.3000

email@vilamariana.sescsp.org.br sescsp.org.br /sescvilamariana @sescvilamariana


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