Publicação Circuito Sesc de Artes 2023

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21 DE OUT. A 26 DE NOV. 2023

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123 CIDADES
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7 1 2 3 4 5 8 9 10 11 12 7 6 SESC ARARAQUARA
Taquaritinga
Jaú
1.
2.
Motuca
3.
Tabatinga
SÃO CARLOS
4.
SESC
Pirassununga
5.
SESC RIBEIRÃO PRETO 7. Barretos 8. Jaboticabal 9. Sertãozinho 10. Cravinhos SESC BAURU 11. Botucatu 12. Avaré ROTEIROS 1
6.
Santa Rita do Passa Quatro
8 13 14 20 21 22 23 24 15 16 17 18 19 SESC SÃO CARLOS 13. Analândia 14. Brotas 15. Mococa 16. São José do Rio Pardo SESC ARARAQUARA 17. Ibitinga 18. Matão SESC BAURU 19. Ourinhos 20. Palmital 21. Marília 22. Garça SESC RIBEIRÃO PRETO 23. Ituverava 24. Franca 2 ROTEIROS
9 25 28 29 30 33 34 35 36 32 31 26 27 SESC BIRIGUI
Andradina
Araçatuba
Ilha Solteira
Pereira Barreto SESC CATANDUVA
Olímpia
Monte Alto
Novo Horizonte
Paraíso SESC RIO PRETO
Jales
Santa Fé do Sul SESC THERMAS DE PRESIDENTE PRUDENTE
Lucélia
Tupã 3
25.
26.
27.
28.
29.
30.
31.
32.
33.
34.
35.
36.
10 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 SESC CATANDUVA 37. Ibirá 38. Bebedouro SESC RIO PRETO 39. Fernandópolis 40. Votuporanga 41. Tanabi 42. Mirassol SESC BIRIGUI 43. Lins 44. Penápolis SESC THERMAS DE PRESIDENTE PRUDENTE 45. Osvaldo Cruz 46. Adamantina 47. Assis 48. Presidente Epitácio 4 ROTEIROS
11 49 52 53 54 55 56 57 58 59 60 50 51 SESC CAMPINAS 49. Mogi Guaçu 50. Americana 51. Hortolândia 52. Itapira SESC JUNDIAÍ 53. Louveira 54. Itupeva 55. Bragança Paulista 56. Tuiuti SESC PIRACICABA 57. Charqueada 58. Rio Claro SESC SOROCABA 59. São Roque 60. Itu 5
12 61 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72 62 SESC SOROCABA 61. Itapeva 62. Itararé 63. Itapetininga 64. Araçoiaba da Serra SESC CAMPINAS 65. Mogi Mirim 66. Santa Bárbara d'Oeste SESC PIRACICABA 67. Tietê 68. Araras 69. Limeira 70. São Pedro SESC JUNDIAÍ 71. Jarinu 72. Itatiba 6 ROTEIROS
13 73 74 75 79 80 81 76 77 78 SESC GUARULHOS 73. Bom Jesus dos Perdões 74. Nazaré Paulista 75. Santa Isabel 76. Atibaia SESC OSASCO 77. Francisco Morato 78. Itapevi SESC SANTO ANDRÉ 79. Ribeirão Pires 80. Rio Grande da Serra 81. São Bernardo do Campo 7
14 88 89 90 82 83 84 85 86 87 SESC OSASCO 82. Osasco 83. Jandira 84. Santana de Parnaíba 85. Franco da Rocha SESC GUARULHOS 86. Arujá 87. Mairiporã SESC SÃO CAETANO 88. Diadema 89. São Caetano do Sul 90. Mauá 8 ROTEIROS
15 91 93 94 95 96 92 97 98 99 SESC TAUBATÉ 91. Silveiras 92. Pindamonhangaba 93. Cruzeiro SESC MOGI DAS CRUZES 94. Ferraz de Vasconcelos 95. Guararema SESC SÃO JOSÉ DOS CAMPOS 96. Paraibuna 97. Monteiro Lobato 98. Jacareí 99. Caçapava 9
16 100 106 107 102 103 104 105 101 SESC MOGI DAS CRUZES 100. Biritiba Mirim 101. Salesópolis 102. Itaquaquecetuba 103. Suzano SESC TAUBATÉ
Guaratinguetá
Lorena SESC SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
Santa Branca
Jambeiro 10 ROTEIROS
104.
105.
106.
107.
17 108 110 109 111 112 113 114 115 SESC REGISTRO 108. Cajati 109. Miracatu 110. Barra do Turvo 111. Eldorado SESC SANTOS
São Vicente
Guarujá
Mongaguá
Peruíbe 11
112.
113.
114.
115.
18 116 120 117 119 121 122 123 118 SESC REGISTRO 116. Itariri 117. Iguape 118. Juquiá 119. Ilha Comprida 120. Pedro de Toledo SESC BERTIOGA 121. Bertioga SESC SANTOS 122. Cubatão 123. Itanhaém 12 ROTEIROS
19 FOTO Matheus José Maria
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SUMÁ R I O

P. 23.............SÓLIDA PARTICIPAÇÃO

Abram Szajman

P. 23.............DEMOCARIA CULTURAL E ESPAÇOS PÚBLICOS

Luiz Deoclecio Massaro Galina

P. 27.............ARENA DE ARTE E CIDADANIA

P. 35.............POR TRÁS DAS CENAS

P. 53.............FLUXOS DE COMUNICAÇÃO

P. 73.............HÁBITOS CULTURAIS E DE LAZER

P. 99.............COM A PALAVRA, O PÚBLICO

P. 113............ COM A PALAVRA, ARTISTAS EARTE-EDUCADORES

P. 135...........HISTÓRIAS SINGULARES

P. 172........... LISTA DE ARTISTAS

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24 FOTO Matheus José Maria

SÓ LIDA

PARTICIPAÇÃO

Há 77 anos, o Sesc segue cumprindo sua principal missão: a de contribuir para a melhoria na qualidade de vida dos trabalhadores do comércio de bens, serviços e turismo de todo território nacional, bem como de suas famílias e da sociedade. Em um período de existência tão longevo, a instituição tem encontrado diferentes meios de alcançar tais propósitos, respeitando tanto as distintas realidades socioeconômicas de cada região quanto as necessidades das pessoas que lá se encontram.

Com atuação em áreas essenciais para o desenvolvimento social e humano, os programas do Sesc versam sobre saúde, alimentação, lazer, assistência, cultura e educação. Suas atividades, portanto, seguem exemplarmente o intento assumido em 1946 pelo empresariado que lhe deu origem e que se dedica a ampliar seu atendimento a um número cada vez maior de pessoas. O Circuito Sesc de Artes, a fim de proporcionar vivências que aproximam os públicos dos fazeres da instituição, constitui-se em uma das ações que realiza tal intuito.

Presente em mais de 120 municípios do estado de São Paulo, este projeto leva uma diversidade de ações educativas e socioculturais presenciais a públicos que vivem nos diversos territórios do estado. Por meio da realização de semelhantes projetos, a instituição reconhece a importância das cidades do interior, litoral e grande São Paulo no desenvolvimento paulista, corroborando para uma formação cidadã de seus habitantes.

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DEMOCRACIA CULTURAL E ESPAÇOS PÚBLICOS

Ruas e praças tendem a ser, em geral, os espaços públicos mais democráticos e acessíveis de qualquer cidade. A despeito de terem sido concebidos como ambientes de circulação – ou talvez por isso mesmo –, permitem inusitados encontros e interações entre pessoas de diferentes condições socioculturais e econômicas, mesmo que, muitas vezes, atropeladas pelas urgências do cotidiano.

Promover momentos de suspensão em tais rotinas pode contribuir para que outras formas de sociabilidade e fruição se estabeleçam, despertando eventualmente interesses e potencialidades.

Dentre as experiências associadas à educação para a sensibilidade, encontram-se as manifestações artístico-culturais, representadas por uma variedade de linguagens e expressões que mobilizam ampla rede de artistas e profissionais da cultura, até o esperado encontro com os públicos. É nessa perspectiva plural que se insere o Circuito Sesc de Artes: qualificação de contextos urbanos variados, democratização do acesso à cultura, mecanismo de ativação de cadeias produtivas e mobilização de incontáveis parceiros e agentes locais.

Realizado desde 2008, uma de suas principais características é a capacidade de levar para praças e ruas de cidades do interior, litoral e grande São Paulo produções artísticas e atividades socioeducativas, estendendo o alcance da ação do Sesc para além das cidades que contam com unidades operacionais. Nesta edição, o Circuito alcançou 123 municípios no estado de São Paulo com o envolvimento de cerca de 400 artistas em mais de 700 ações.

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Com tais iniciativas, que oferecem números expressivos de participantes e vivências coletivas, o Sesc reafirma seu compromisso com a circulação e a difusão de oportunidades de aproximação com saberes e fazeres culturais diversos, contribuindo, por vezes, para a ampliação de repertórios de seus públicos. Além disso, ao mobilizar diferentes parceiros e serviços locais para viabilizar a realização do evento – como, por exemplo, instâncias municipais e sindicatos do comércio e serviços – estimula o desenvolvimento de setores variados em benefício de ações futuras na comunidade. É, sobretudo, uma circunstância privilegiada para que a instituição possa promover valores ligados aos direitos básicos das pessoas, contemplando toda sua diversidade.

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FOTO Matheus José Maria

1. ARENA DE ARTE E CIDADANIA

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A dimensão humana de uma cidade pode ser medida pela ocupação de seus espaços públicos. Praças, parques, ginásios, centros de eventos, escolas de artes e até estações ferroviárias foram transformados durante os fins de semana do Circuito Sesc de Artes 2023.

Entre 21 de outubro e 26 de novembro, 123 municípios do interior, litoral e grande São Paulo – prioritariamente onde o Sesc não possui instalações – receberam uma extensa programação gratuita destinada a pessoas de todas as idades e perfis, cumprindo à risca o lema do Circuito: arte na rua para todas as pessoas.

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FOTO Matheus José Maria

Mais de 700 atividades distribuídas em 12 roteiros envolveram criações em artes visuais e tecnologias, cinema, circo, dança, literatura, música e teatro. Elas aconteceram nos formatos de oficina, mediação, vivência, show, espetáculo, intervenção cênica e exibição de filmes.

Ao todo, cerca de 400 artistas representaram algumas das regiões do estado convidando a população a vivenciar experiências únicas. A exemplo de dançarinos do Ballet Stagium e de atores da companhia de teatro Pia Fraus, da capital, além da dupla de DJs Jônatas Micheletti e Nat Rozendo, de Araraquara, e da Cia Beira Serra de Circo e Teatro, de Botucatu, que promove o encontro das técnicas circenses com a cultura popular caipira.

A importância da diversidade e da representatividade para a cidadania foi enfatizada pela curadoria construída coletivamente por equipes de todas as unidades paulistas do Sesc.

Alguns trabalhos artísticos ou lúdicos valorizaram as raízes indígenas e afro-brasileiras com referências às tecnologias ancestrais dos povos Guarani, Kariri-Xocó, Tukano, Kambeba, Sataré Mawé e Wauja. Bem como somaram expressões da capoeira, do samba e da comicidade negra.

A arena de olhares, saberes e escutares também abriu espaço ao protagonismo de pessoas idosas, assim como às manifestações cujas existências trazem à tona questões de gênero e sexualidade (LGBTQIAPN+).

É bom lembrar que faz parte da missão do Sesc examinar aspectos da contemporaneidade e incorporá-los à luz das ações culturais e socioeducativas que realiza. Por isso o acolhimento de temas, formas e poéticas que versam sobre relações, diferenças e impasses no cerne da própria sociedade.

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34 FOTO Anderson
Rodrigues
FOTO Bruna Damasceno

SINERGIA DE PREFEITURAS, SINDICATOS E SESC

Como em edições anteriores, o Sesc São Paulo consolidou parceria com prefeituras e sindicatos do comércio, serviços e turismo locais. A sinergia contribuiu para a organização da iniciativa que, desde 2008, envolve comerciários, seus familiares e a comunidade em geral, inclusive moradores de cidades vizinhas. Essa dinâmica reforça a presença da instituição nesses municípios.

Ao oferecer um panorama informativo, narrativo, gráfico, imagético e ao mesmo tempo afetivo de como transcorreu o Circuito 2023, esta publicação junta conteúdos, dados e perspectivas em busca de reafirmar o que diz o artigo 27 da Declaração Universal dos Direitos Humanos: “Toda pessoa tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de desfrutar das artes e de participar do progresso científico e de seus benefícios”. No ano marcado por temperaturas recordes na superfície dos oceanos, o Circuito Sesc de Artes 2023 praticou porosidades em ideias, saberes, territórios e sustentabilidades.

Em nível simbólico, suas jornadas sincronizaram com as características geográficas do estado, abundante em múltiplas rotas de nascentes, bacias hidrográficas, serras, vales, matas, florestas e outras formações naturais.

Afinal de contas, as manifestações culturais e as práticas artísticas são diversas por natureza e dialogam com o cotidiano, os interesses e o inconsciente das pessoas nelas inseridas.

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ARENA DE ARTE E CIDADANIA
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37 FOTO Sergio Silva

2. POR TRÁS DAS CENAS

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A edição de 2023 do Circuito Sesc de Artes adotou mudanças substanciais em sua dinâmica de organização e produção. Um dos fatores fundamentais para isso tem a ver com o exercício de escuta coletiva exercido por conselheiros do Sesc São Paulo, pelas equipes nas unidades e na administração central da instituição, além da construção colaborativa com prefeituras e sindicatos do comércio, serviços e turismo.

Dentre as medidas implementadas está a regionalização dos 12 roteiros distribuídos por 123 cidades do interior, litoral e grande São Paulo. Mapear os municípios que recebem as atividades culturais, de lazer e educativas ajuda a tomar decisões estratégicas. A exemplo de potencializar parcerias de comunicação em termos locais e regionais, assim como definir meios de deslocamento e hotéis para hospedar artistas, arte-educadores e demais profissionais.

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Outra decisão conjunta importante diz respeito à concentração das atividades aos sábados e domingos, com faixas de quatro horas de programação flexionadas de acordo com o contexto de cada cidade (14h-18h, 15h-19h ou 16h-20h).

Esses e outros procedimentos visam ampliar os públicos e atender ao dinamismo de cada municipalidade. Lembrando que parte das atividades oferecidas tem origem no próprio território ou região.

A reinvenção de práticas, portanto, faz parte do legado do Circuito desde 2008. E as instituições que cooperam na sua organização reconhecem as experiências e histórias acumuladas. Levam em conta a memória e o vínculo da população com a oportunidade de um mergulho artístico-cultural e aprendizagem livre.

Já as reverberações do projeto são apenas parcialmente calculáveis do ponto de vista objetivo, uma vez que a maior parte do impacto dessa ação multifacetada está na ordem do qualitativo e do subjetivo. Depois de encerrada uma edição do projeto, públicos, artistas, arte-educadores, técnicos, produtores e gestores carregam impulsos dessas experiências por um bom tempo.

Assim, em suas abrangências institucional, territorial e conceitual, o Circuito Sesc de Artes pode ser lido como um movimento em espiral, expandindo-se sob o princípio da pluralidade de linguagens e da democratização de acesso aos mais distintos perfis de público, ao mesmo tempo em que revisita criticamente o seu passado.

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FOTO Dani Sandrini POR TRÁS DAS CENAS

FORÇA-TAREFA

Os desafios existentes na realização do evento vão além do período de sua fruição por quem assiste, pratica e vivencia as mais de 700 atividades oferecidas gratuitamente. Os desafios acontecem também durante as fases de concepção pela curadoria e de planejamento e execução por todas as partes que atuam coletivamente.

Essa força-tarefa aciona cadeias associativas de produtores, gestores e prestadores de serviço em níveis municipal e estadual.

Criações em artes visuais e tecnologias, cinema, circo, dança, literatura, música e teatro são disponibilizadas em formatos de oficina, mediação, vivência, show, espetáculo, intervenção cênica e exibição de filmes.

As atividades estimulam aproximações entre linguagens que compartilham tanto a criatividade quanto a sensibilidade humana. Veiculam aprendizados nas chaves da brincadeira e do jogo. Encorajam diálogos, intercâmbios. Despertam o senso crítico. Chamam à convivência respeitosa e cidadã.

Ampliam experiências para a elaboração continuada de repertório tanto por parte dos públicos como de quem trabalha com arte e cultura.

A ação estendida e imersiva desperta a atenção de pessoas de idades, perfis e interesses múltiplos, sejam elas moradoras das cidades ou que estejam de passagem.

Relacionar alguns serviços mobilizados nos bastidores ou em cena pode ajudar a dimensionar a magnitude do trabalho e da infraestrutura necessários à realização do Circuito. Logística e transporte, por exemplo, estão entre as suas vigas mestras.

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POR TRÁS DAS CENAS

31.000

quilômetros percorridos pelos micro-ônibus que transportaram artistas nesta edição do Circuito Sesc de Artes

São contratados micro-ônibus para artistas, educadores, técnicos e produtores transitarem entre unidades, hotéis e praças, bem como caminhões para o transporte de cargas.

Há locação de equipamentos de projeção, iluminação cênica e de sonorização, da mesma forma que tendas, tablados, torres de iluminação e geradores de energia. A hospedagem de artistas e outros profissionais é feita em hotéis da região, estimulando a economia local.

5.308

diárias para artistas e equipes envolvidas com esta edição do Circuito Sesc de Artes, em 167 hotéis, de 81 cidades do estado

Operações complementares também são acionadas conforme a demanda de cada município: ambulância, limpeza, bombeiro civil, banheiros químicos, serviço de segurança e de ajudante geral, locação de cadeiras e de ventiladores – esses últimos, destinados ao camarim montado para apoiar todos os núcleos envolvidos direta ou indiretamente nas apresentações.

O aperfeiçoamento na execução dos serviços reflete em metodologias que qualificam a transversalidade do projeto. Trata-se de mão dupla no fortalecimento de pontes estabelecidas com entidades públicas e sociedade civil em prol da organização adequada.

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Por outro lado, o entorno imediato de praças, largos, parques e outros espaços de livre acesso costuma ser ocupado por trabalhadores ambulantes ou artesãos que se achegam com barracas, carrinhos ou os chamados food trucks, veículos adaptados para a preparação e venda de comida. Algumas

dessas iniciativas já são conhecidas no cotidiano das respectivas localidades. Quem as empreende parece enxergar na concentração de público e no ambiente convivial uma oportunidade para comercializar.

Para além das seis semanas que constituem cada temporada do Circuito, as 22 unidades do Sesc que ancoraram a produção e organização dos trabalhos circulantes em 2023 também promovem outras ações em alguns desses municípios em diferentes períodos do ano.

Durante o Circuito, profissionais dessas unidades revezam-se para prestar serviço nas cidades parceiras, sem comprometimento da programação regular nos espaços originais permanentes.

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POR TRÁS DAS CENAS FOTO Anderson Rodrigues
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SUTILEZAS

A valorização da história, dos saberes do território e da ocupação da rua estão entre as diretrizes da jornada anual. A relação com o espaço comum, o fluxo de trabalhos de curta ou longa duração, a interatividade de criadores, mediadores e oficineiros com públicos diversos, o diálogo entre gerações, a identidade visual presente nos espaços das cidades, a paisagem sonora – enfim, tudo é calculado para que a relação com os entornos seja harmônica.

Surgem sutilezas que demandam às equipes de montagem e de programação cuidarem, por exemplo, de como se integrar ao contexto de cada território, respeitando costumes locais – como na hora da missa ou do culto na vizinhança. Do mesmo modo, zela-se para que o volume do set musical de quem atua como DJ não seja inconveniente. Ao contrário, a ambiência sonora pretende compor harmoniosamente o fluxo, recolhendo-se quando necessário.

“Ao alcançar comunidades distantes de suas unidades, o Sesc presta um serviço realmente de cidadania e de geração de interesse pelas artes, uma ação fundamental. O Circuito traz novidades, gera intercâmbios entre artistas e possibilita que a sociedade vivencie atividades diferentes das que já acontecem no município."

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FOTO Matheus José Maria POR TRÁS DAS CENAS

Além de reafirmar o equilíbrio entre linguagens artísticas em variadas configurações, a ação prioriza trabalhos que possuam classificação livre, seguindo literalmente o lema do projeto: arte na rua para todas as pessoas.

Coerente com essa perspectiva expandida, a curadoria de 2023 aprofunda questões de identidade, representatividade e empatia candentes nos assuntos, formas e poéticas na arena. Respeita o protagonismo de pessoas idosas ou relacionadas a variados marcadores étnico-raciais e de sexualidade e gênero (LGBTQIAPN+).

Difundir expressões originárias referentes a diferentes corpos e ancestralidades reforça a coexistência de estéticas tradicionais e experimentais no Circuito Sesc de Artes. Desse modo, ao examinar aspectos da contemporaneidade, o Sesc tece relações, evidencia diferenças ou sublinha impasses em curso no cerne da própria sociedade. Há 77 anos, orienta-se pela promoção do bem-estar social, por uma sociedade mais diversa, inclusiva e solidária. Para tanto, pensa a cultura, o lazer e a educação como conceitos amplos e integrados, imprescindíveis para uma vida de melhor qualidade.

“Nós estamos prestes a inaugurar uma unidade do Sesc, mas a instituição já está no coração dos moradores há muitos anos por meio do Circuito, que tem trazido arte de qualidade e gratuita para a praça e a população sempre acompanha em grande número.”

André Gomes Pereira Secretário de Cultura de Marília

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POR TRÁS DAS CENAS
49 FOTO Matheus José Maria
50 FOTO Ze Barretta

POR TRÁS DAS CENAS

SENTIDOS, SABERES, FAZERES

Quem vive em cada cidade ou região que recebe o Circuito e tem a chance de trabalhar na esfera do projeto pode dar seu testemunho a partir do contato direto com a população.

Morador de Registro, o poeta e rapper Luiz Guilherme Inácio da Silva, de 21 anos, admirador da cultura hip-hop, considera marcante a experiência de fazer parte da equipe de divulgadores do evento em nove municípios do Vale do Ribeira. Nos meses de outubro e novembro de 2023, ele visitou escolas, associações comunitárias, comércios, instituições públicas, praças e outros pontos com o objetivo de chamar atenção sobre cada atividade programada.

“Isso faz com que moradores que não têm acesso mudem o seu pensamento, queiram conhecer mais o lado artístico do nosso universo, que é infinito, e também é infinita a forma como as pessoas podem se expressar e transformar o mundo, cada uma de seu jeitinho”, afirma Luiz Guilherme, que estava em Eldorado quando foi ouvido. “O mundo criado na nossa mente é uma oficina maravilhosa.”

Sentidos acerca de saberes e fazeres socioculturais também orientam Luciana Cunha Sabino, de 53 anos, e Custódio Sabino, de 83, enquanto compartilham memórias na praça da Primavera, em Barretos. A filha é professora nascida na cidade e o pai, advogado aposentado com 30 anos de serviços prestados ao Sindicato do Comércio Varejista local. Reconhecem ter criado suas outrora crianças, hoje adultas, frequentando unidades do Sesc pelo estado. Caso da então chamada Colônia de Férias Ruy Fonseca, hoje Sesc Bertioga, onde Luciana entrou em contato com a arte do cinema pela primeira vez, na década de 1970.

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52 FOTO Dani Sandrini
FOTO Anderson Rodrigues

126.767

atendimentos ao público nesta edição do Circuito Sesc de Artes

16.660 atendimentos ao público em oficinas

91.001 atendimentos ao público em shows e espetáculos

11.628

atendimentos ao público em mediações de leitura

7.478

atendimentos ao público em exibições de filmes

É a partir deste caráter formativo que ambos destacam o valor dos laços entre prefeituras, sindicatos e Sesc na arquitetura do Circuito. A contribuição para vivenciar e refletir diferentes aspectos da sociedade faz com que participem ativamente, inclusive “como meio de incentivo às próximas gerações”, pondera a professora.

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POR TRÁS DAS CENAS

Com pés no agora e coração no amanhã, Custódio reafirma o otimismo quanto aos que virão depois deles, “gente que vai ter conhecimento, que vai saber o que é cidadania, vai saber o que é respeito à dignidade humana, respeito ao pensamento do outro”.

Nas entrelinhas, os pensamentos de Luciana e Custódio reivindicam o acesso à arte, à cultura, ao lazer e à cidadania como dispositivos para vislumbrar, desde o presente, a construção de memórias endereçadas ao futuro.

E nesse esforço coletivo pelo exercício permanente da alteridade, através de encontros, surpresas e lampejos no horizonte da cultura, o Circuito Sesc de Artes persevera ao jogar luz sobre histórias que instiguem a consciência de ser e estar no mundo. E o faz dando asas ao imaginário.

“Quando a gente fala do Circuito Sesc de Artes, a gente também fala de descentralizar as ações e da importância de ocupar espaços e oferecer atividades para as crianças e para os adultos, pois sabemos que a cultura e os esportes são grandes ferramentas de transformação de pessoas.”

de Rua

O escritor e liderança quilombola

Antônio Bispo dos Santos, mais conhecido como Nêgo Bispo, falecido em 2023, prefere não falar em sonhos, mas em imaginários, “pois os sonhos acabam quando acordamos”. Em seu livro A terra dá, a terra quer, ele compartilha uma visão peculiar de circularidade ao afirmar que “o mundo é redondo exatamente para as pessoas não se atropelarem”.

Ciente de que a praça é o lugar da fala e da escuta populares – uma fração da maneira como as pessoas percebem o mundo e se relacionam umas com as outras –, o Circuito Sesc de Artes dá a ver outros mundos possíveis a cada edição concretizada ao lado de cidades e sindicatos engajados nesse percurso virtuoso de afetos.

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POR TRÁS DAS CENAS
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FOTO
Anderson Rodrigues

3. FLUXOS DE COMUNICAÇÃO

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O planejamento na área da comunicação é imprescindível para um projeto de abrangência estadual como o Circuito Sesc de Artes. Assim como nos demais programas e iniciativas do Sesc São Paulo, transmitir seus valores e conteúdos socioculturais requer estratégias singulares para um evento pautado pelo espírito da pluralidade no campo da gestão e nas mediações em educação, arte, cultura e lazer.

A dinâmica implicou acionar estruturas comunicacionais internas e externas em níveis macro e microrgânicos a fim de dar visibilidade à programação gratuita levada a 123 cidades.

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58 FOTO Anderson Rodrigues

FLUXOS DE COMUNICAÇÃO

Existem canais próprios, ativados e atualizados regularmente, como o portal do Sesc São Paulo, aplicativos, cadernos mensais de programação, a Revista E – distribuída nas 42 unidades e disponibilizada também em versão digital –, além de recursos de difusão nos espaços das unidades, como telas e murais.

Soma-se a criação de plataformas focadas no Circuito, como o site dedicado ao projeto, de acesso perene (antes, durante e depois da jornada), e o guia impresso com as sinopses, datas e horários de cada um dos 12 roteiros.

As estratégias convergiram ainda para os meios publicitários e o corpo a corpo feito previamente em cada região com o intuito de divulgar as manifestações artístico-educativas junto a trabalhadores, aposentados, estudantes e moradores em geral.

O esforço comum foi pela geração de mídia espontânea acerca das mais de 700 atividades, a ponto de estimular o chamado boca a boca.

“É uma festa maravilhosa em praça cheia, um dia de sol com muita criança, muitos jovens e todo mundo participando e recebendo arte de graça.”

Antônio Cozzi Júnior Presidente do Sincomércio de Pindamonhangaba

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FOTO Dani Sandrini
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FLUXOS DE COMUNICAÇÃO

GRAFISMOS

Dentro desse fluxo, a identidade visual do Circuito Sesc de Artes 2023 foi elaborada a partir do conceito de "percurso" pelo estúdio Regularswitch, do designer Julien Sappa. A itinerância por cidades do interior, litoral e grande São Paulo ocupou praças e outros espaços públicos com atividades que refletem a ação do Sesc: experiências que sensibilizam o encontro com a arte, a cultura e o lazer.

Dessa forma, foram concebidos diversos grafismos que ilustram o sentido de movimento num sistema aberto e flexível – assume formas diferentes em cada peça gráfica, mas não deixa de fazer parte de uma identidade única.

A coleção de grafismos seguiu uma lógica que pode ser reproduzida infinitamente, apresentando uma gama de cores escolhida para a edição. O resultado foi um efeito de transição variado e vibrante.

Esta paleta refletiu a diversidade de públicos que o evento busca impactar e a própria variedade de atividades artísticas e educativas que a ação do Sesc oferece.

São cores que causaram impacto visual quando aplicadas no cenário urbano, pois contrastaram com a praça e seu entorno em geral edificado. O amarelo vivo predominante sinalizou alegria.

“Para uma cidade como Guaratinguetá, que não tem unidade do Sesc, o Circuito é importante por oferecer à população a possibilidade de usufruir de atividades de qualidade, em grandes proporções e com alto nível de carinho, o que faz toda a diferença.”

Aline Damásio

Secretária de Cultura de Guaratinguetá

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A fonte tipográfica escolhida para títulos e chamadas foi a ABC Maxi, da fundidora Dinamo Typefaces. Ela tem a característica de enfatizar alterações sutis na forma das letras, bem como a de exagerá-las, a depender do peso. Expondo o que seus designers Johannes

Breyer & Fabian Harb com Andree Paat chamam de "movimentos spaghetti".

Como foi possível ver nas letras “M” e “N” ou ainda no número “3”, a fonte reflete a liberdade e o desprendimento no desenho dos tipos.

IMERSÃO DIGITAL

A presença on-line do Circuito 2023 ampliou o alcance do projeto para além das fronteiras geográficas, proporcionando uma experiência digital imersiva a quem busca informações. Seja para planejar sua ida, seja para se atualizar quanto ao que acontecia caso não pudesse estar fisicamente nos locais.

63.521 visualizações de páginas no site da edição 2023 do Circuito Sesc de Artes

Os 12 roteiros de atividades reverberaram na internet por meio de vídeos, fotos e comentários postados nas redes sociais de espectadores, artistas e arte-educadores, além das redes do Sesc São Paulo, das prefeituras, dos sindicatos do comércio varejista e demais envolvidos com o Circuito.

Seguindo essa linha, o site foi projetado com o objetivo de aprimorar a experiência dos frequentadores em praças, parques e outros espaços.

A plataforma proporcionou uma navegação intuitiva e acessível, incluindo uma agenda dinâmica por data, linguagem e cidades, assim como roteiros organizados e a atualização de informações cruciais, a exemplo de cancelamentos e alterações de endereço.

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FLUXOS DE COMUNICAÇÃO

RELAÇÃO

COM A IMPRENSA

A missão de estimular o interesse da imprensa pelo Circuito Sesc de Artes foi conduzida por meio de planejamento estratégico alinhado às singularidades do evento. Em consonância com o mote do Circuito, arte na rua para todas as pessoas, a assessoria de imprensa buscou transcender a divulgação e atuar como ponte entre o projeto e os veículos.

Para além da proposta de difundir e trazer pessoas de diferentes perfis para ocupar os espaços públicos, a assessoria de imprensa desempenhou um papel estratégico na construção e na sustentação da imagem do Circuito.

A atuação foi dividida em 22 áreas, correspondentes às 22 unidades do Sesc responsáveis pela realização do Circuito em cada município. Com isso, o mapeamento da imprensa e dos respectivos jornalistas e formadores de opinião locais foi mais assertivo.

A ação coordenada pela Gerência de Difusão e Promoção em parceria com as equipes das unidades envolvidas e a agência Nossa Senhora da Pauta, especializada em cultura e dirigida pelo jornalista Frederico Paula, resultou em cerca de 480 matérias veiculadas em revistas, jornais, rádios, emissoras de televisão e internet (sites e blogs) distribuídas pelo estado de São Paulo.

Da reportagem de destaque no jornal O Estado de S. Paulo às postagens em blogs locais, o trabalho junto aos veículos de comunicação engloba todas as regiões por onde passam os 12 roteiros e dá visibilidade ao projeto com a devida diversidade de enfoques.

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FLUXOS DE COMUNICAÇÃO

Após a ativação da imprensa, o Sesc obteve um retorno de divulgação que no custo de mercado (centimetragem) corresponde a aproximadamente R$ 3.000.000,00 (três milhões de reais) por meio de cobertura na mídia impressa, digital, televisiva e radiofônica.

480 matérias veiculadas em revistas, jornais, rádios, emissoras de TV e na internet a respeito desta edição do Circuito

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Reprodução da reportagem de 3 de outubro de 2023 no jornal O Estado de S. Paulo.

DISTRIBUIÇÃO POR MÍDIA

Volume de notícias classificadas por tipo de mídia

ESPAÇO OCUPADO NA MÍDIA

69 Site 393 Televisão35 Impresso25 Blog 13 Rádio 12 7,3% Televisão 5,2% Impresso 2,7% Blog 2,5% Rádio 82,2% Site TELEVISÃO 03:37:45 WEB 37.855 centímetros IMPRESSO 1.665 centímetros RÁDIO 00:27:21
FOTO Anderson Rodrigues
72
FOTO
Anderson Rodrigues FOTO Anderson Rodrigues

PLANEJAMENTO DE MÍDIA

Ao ocupar lugares públicos de convivência, as montagens diárias de todo o aparato técnico do Circuito Sesc de Artes transformaram-se em importante ativo de divulgação do evento, com a movimentação intensa de dezenas de equipamentos e profissionais que fazem nascer, em poucas horas, um espaço artístico a céu aberto.

Antes disso, no entanto, equipes de comunicação das unidades responsáveis pela divulgação prévia dos roteiros em 123 cidades do estado realizaram um complexo trabalho de promoção. Essas ações têm início meses antes e consistem em mapear e contatar veículos de comunicação existentes em cada região de atuação, identificar influenciadores e articuladores culturais locais, propor parcerias e estratégias distintas, compatíveis com as realidades de cada município.

“A ação do Circuito colabora para o desenvolvimento cultural de Palmital, uma cidade pequena sem uma unidade da instituição. O Sesc fica a 150 km, mas está sempre presente por meio dessa parceria.”

Ângelo Valter Breganó Presidente Sincomércio de Palmital

Em 2023, esse trabalho multifacetado resultou em uma campanha ampla e abrangente, que contou com anúncios em 126 rádios, 41 jornais-portais de notícias, 345 peças de veiculação em mídia externa (outdoors e painéis eletrônicos) e diversas ações on-line com o apoio de parceiros e influenciadores regionais. Paralelamente, equipes de divulgação percorreram áreas comerciais, escolas e instituições para realizar ações intensas de mediação, que complementam as campanhas realizadas em veículos de comunicação de massa.

126

emissoras de rádio veicularam anúncios desta edição do Circuito

73
FLUXOS DE COMUNICAÇÃO

ATENDIMENTO ITINERANTE

As estratégias de comunicação não se resumem ao evento em si, elas também buscam a aproximação do Sesc com seu público prioritário.

A exemplo da Central de Relacionamento Itinerante, um instrumento de afirmação institucional e de contato direto com as pessoas em diferentes espaços, para além das unidades.

Trata-se de uma estrutura flexível que pode ser transportada para a realização do atendimento aos trabalhadores das empresas do comércio de bens, serviços e turismo e seus familiares. No caso do Circuito Sesc de Artes 2023, o foco estava na emissão imediata e gratuita da Credencial Plena em centros comerciais, sindicatos, praças e parques das cidades atendidas.

As equipes de comunicação e atendimento presentes nos municípios que não possuem unidade do Sesc concentram-se ainda na apresentação dos serviços e atividades disponíveis por diferentes canais. Assim, ampliam a possibilidade de participação de públicos que ainda desconhecem as oportunidades de acesso aos espaços e ações da instituição.

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DE COMUNICAÇÃO
FLUXOS
FOTO Laura Rosenthal
75 FOTO Matheus José Maria

4. HÁBITOS CULTURAIS E DE LAZER

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A coleta e a análise de dados são etapas fundamentais para o melhoramento de serviços e políticas, tanto públicas quanto privadas, nos mais diferentes campos da vida. Informações estatísticas possibilitam ler a realidade e dialogar acerca de áreas prioritárias em saúde, educação, meio ambiente, economia, cultura e lazer.

Compreendendo a importância de conhecer as pessoas que frequentam as suas atividades, a fim de ampliar o alcance do conjunto de ações, bem como aperfeiçoar o trabalho já realizado, o Sesc São Paulo compartilha indicadores da pesquisa de perfil de público feita com frequentadores do Circuito Sesc de Artes 2023.

Realizar pesquisas estatísticas acerca do envolvimento dos públicos com as práticas, os saberes e as vivências artístico-culturais é como pôr uma lupa sobre percepções de frequência e identificar também ressonâncias entre as atividades propostas e as práticas e anseios das pessoas entrevistadas.

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É o caso da experiência multifocal que o Circuito Sesc de Artes proporciona desde 2008, levando as suas cada vez mais diversas e representativas atividades tanto a trabalhadores do comércio de bens, serviços e turismo e seus dependentes, como à população em geral de cidades e adjacências onde a instituição não possui uma unidade.

Ao longo de seis semanas – de 21 de outubro a 26 de novembro –, o projeto esteve presente em 123 municípios do estado de São Paulo, sendo que 31 deles receberam equipes da instituição para aplicar o questionário elaborado.

Com características distintas entre si, surgem representadas no mapa paulista cidades com populações entre 15 mil e 350 mil habitantes, permitindo uma amostra a partir de pequenos, médios e grandes contingentes populacionais.

“É uma programação grandiosa que ajuda a fortalecer a cultura da cidade, que traz benefícios à comunidade e está alinhada à nossa luta educativa: cultura é educação, é transformação.”

78
HÁBITOS CULTURAIS E DE LAZER
FOTO Bruna Damasceno
FOTO Bruna Damasceno
FOTO Matheus José Maria

PRAÇAS

Com a experiência de décadas na penetração de territórios que extrapolam suas unidades, desde as Unidades Móveis de Orientação Social (Unimos), vigentes sobretudo nos anos 1960 e 1970, o Sesc segue ampliando o raio de abrangência de suas ações por meio de projetos como o Circuito Sesc de Artes.

O Circuito ocupa áreas abertas, como praças e espaços de livre acesso às atividades, na expectativa de reunir democraticamente perfis variados, proporcionando fruição cultural gratuita a uma diversidade de pessoas que não têm em seu dia a dia a presença direta do Sesc. Quando as condições meteorológicas impedem realizar as atividades ao ar livre, são ativados os “planos B”, em ginásios e galpões.

Neste cenário, participantes de diferentes perfis foram abordados para responder ao questionário, desde que presentes nos espaços e fruindo a programação oferecida em uma área de convivência, como se disse, efetivamente pública.

Dotada de confiabilidade estatística de 99% para o universo de participantes do Circuito Sesc de Artes nas diferentes regiões do estado e margem de erro de 4 pontos percentuais, a pesquisa compreendeu uma amostra de 887 pessoas, com idade a partir de 16 anos, ouvidas e distribuídas, ao longo das semanas, nas 31 cidades. A maioria das pessoas entrevistadas são mulheres (60,4%) e homens (32,4%) cisgênero. HÁBITOS

83
E DE LAZER
CULTURAIS

HÁBITOS CULTURAIS E DE LAZER

RESULTADOS

GRAU DE INSTRUÇÃO

35,1%

Ensino médio completo

32,1%

Ensino superior completo

8,7%

Ensino superior incompleto

ou em curso

7,6%

Pós-graduação completa

4,7%

Ensino fundamental completo

4,7%

Ensino médio incompleto

ou em curso

3,3%

Ensino fundamental incompleto

ou em curso

3,6%

Outros

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TRABALHA?

PRIMEIRA VEZ NO CIRCUITO SESC DE ARTES? FREQUENTA O SESC?

85
CONHECE O SESC? COMO AVALIA O CIRCUITO SESC DE ARTES 2023? 29% Sim 71% Não 31% Não 69% Sim 19% Não 79% Sim 2% Não respondeu 60% Sim 22% Não 18% Já ouviu falar 97% Positivamente 6% Frequência insuficiente 5% Aponta aspectos negativos

COMO SOUBE DO CIRCUITO

86
SESC
24% Redes sociais 15% No momento da atividade 12% Indicação de amigos ou familiares 7% Panfletagem 4% Cartazes e faixas na cidade 3% Mídia impressa (jornais e revistas) 2% Carros de som 2% Rádio 1% Outdoor 1% TV 1% Portal do Sesc São Paulo 1% Outros sites 15% Outros
DE ARTES 2023?
DE LAZER
HÁBITOS CULTURAIS E

SUGESTÕES E COMENTÁRIOS SOBRE

O CIRCUITO SESC

DE ARTES 2023

EM GERAL, COMO COSTUMA SE INFORMAR?

63%

Redes sociais

44%

Aponta aspectos positivos

20%

Sugere melhorar a divulgação

12%

Deve ter mais atividades

5%

Deve acontecer com mais frequência

5%

Outras sugestões

4%

Aponta aspectos negativos

17% Sites

11% TV

7% Rádio

6%

Por meio do contato com amigos e familiares

4% Mídia impressa (jornais e revistas)

3%

Comunicação visual na cidade (outdoors, faixas e cartazes)

3% Outros

87

EM GERAL, O QUE COSTUMA FAZER

88
NO TEMPO LIVRE? 22% Frequenta parques e praças 13% Ouve música 13% Assiste a conteúdos por streaming 12% Pratica esportes 12% Viaja 11% Lê livros 10% Vai a shows de música 10% Vai ao teatro 9% Vai ao cinema 7% Pratica caminhada 5% Vai ao shopping center 4% Vai a espetáculos de dança 4% Vai a espetáculos de circo 3% Vai a exposições de arte 3% Vai a espaços religiosos 2% Jogos eletrônicos 24% Outros HÁBITOS CULTURAIS E DE LAZER
89
22% Viajar 14% Praticar esportes 11% Ir ao teatro 8% Ir a shows de música 6% Ler livros 6% Ir ao cinema 6% Ir a espetáculos de dança 5% Ouvir música 4% Praticar caminhada
1% Ir ao
1% Jogos eletrônicos 1% Ir a espaços religiosos 23% Outras
EM GERAL, QUE ATIVIDADES NÃO REALIZA E GOSTARIA DE PASSAR A REALIZAR NO TEMPO LIVRE?
4% Ir a espetáculos de circo 3% Frequentar parques e praças 3% Ir a exposições de arte 2% Assistir a conteúdos por streaming
shopping center

BRASIL

Quando questionadas se realizavam atividades antes de 2023, o índice verificado é de 89%. HÁBITOS

Para estimular a reflexão, vale conferir os dados da quarta edição da pesquisa Datafolha/Fundação Itaú sobre Hábitos Culturais no país, divulgada em dezembro de 2023.

Brasileiras e brasileiros fizeram mais atividades culturais em 2023 no comparativo com 2022, primeiro ano de retomada da economia da cultura com a consolidação da volta dos públicos e a reativação plena dos equipamentos após o período mais crítico da crise sanitária da Covid-19 (2020-2021).

O crescimento foi puxado por envolvimento com conteúdo on-line, mas atividades presenciais como apresentações artísticas, exposições e visitas a museus e centros culturais também registram forte aumento.

De acordo com o levantamento, 96% das pessoas entrevistadas declaram ter realizado atividades culturais em 2023, sejam on-line ou presenciais.

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CULTURAIS E DE LAZER
91 FOTO
Anderson Rodrigues

HÁBITOS

ATIVIDADES ON-LINE

De acordo com o Datafolha, ouvir música e assistir a filmes e séries em plataformas de streaming são as atividades culturais mais realizadas em 2023, a saber:

82% declaram ouvir música em plataformas digitais ante 80% em 2022

70% assistem a filmes e séries on-line ante 74% em 2022

48% ouvem podcast ante 42% no ano anterior

42% leem livros on-line e e-books ante 30% em 2022

92
CULTURAIS E DE LAZER

ATIVIDADES

PRESENCIAIS

Também segundo o referido instituto, o principal salto nacional em 2023 se deu na vivência de apresentações artísticas (música, dança e teatro), ou seja:

45%

das pessoas entrevistadas declaram fruir essas atividades contra 18% em 2022

33%

veem algum filme no cinema ante 26% em 2022

26% visitam exposições e museus contra 8% em 2022

24% assistem a teatro infantil contra 18% em 2022

19% frequentam centros culturais ante 11% em 2022

17% acompanham seminários contra 13% em 2022

14%

vão a bibliotecas ante 11% em 2022

12%

vão a saraus de poesia, literários ou musicais contra 6% em 2022

10% praticam oficinas de criação para crianças ante 7% em 2022

93

DECLÍNIO E ESTABILIDADE

Enquanto a maioria das atividades culturais no país registrou maior aderência de públicos, o acesso a cursos on-line, que fez sucesso durante a pandemia, desabou: 14% frequentaram cursos de cultura nas plataformas on-line em 2023 ante 28% em 2022 e 41% em 2021.

A estabilidade ficou com os jogos eletrônicos on-line: 40% praticaram em 2023 contra 39% em 2022.

A audiência dos webinares também estacionou: 24% informaram acompanhar em 2023 ante 25% em 2022, mesmo patamar dentro da margem de erro.

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CULTURAIS E DE LAZER FOTO Bruna Damasceno
HÁBITOS
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DE MOTIVAÇÃO

Convivência e interação com outras pessoas resultaram como principais motivadores para realizar atividades culturais presenciais, de acordo com 28% da amostra. Espairecer, buscar distração, diversão e lazer foram sinalizados por 23% das respostas. Adquirir conhecimento (20%), conhecer novos lugares (12%), estar com a família e os filhos (12%) e viver novas experiências (11%) também figuraram como fatores de estímulo.

Por outro lado, entre as determinantes que inibem a realização de atividades culturais presenciais, sempre em nível nacional, estavam a insegurança e a violência (20% na amostra geral; 32% na região metropolitana do Rio de Janeiro) e a distância de eventos e equipamentos culturais (15%). O cansaço também apareceu como fator de desestímulo para 9% das pessoas ouvidas, mesmo índice verificado para superlotação.

Questões financeiras foram apontadas como empecilho por 19%, a exemplo de valor dos ingressos (12%), gastos com deslocamentos (7%) e falta de dinheiro (4%).

96 FATORES
HÁBITOS CULTURAIS E DE LAZER

QUANTO AOS LOCAIS ONDE AS PESSOAS

MAIS REALIZAM ATIVIDADES DE LAZER OU PROGRAMAS CULTURAIS NO PAÍS, AS PRAÇAS

LIDERAM DE ACORDO COM OS INDIVÍDUOS

ENTREVISTADOS, A SABER:

71%

vão a praças (74% em municípios de pequeno porte)

63% frequentam parques

55%

vão a shoppings centers

42%

vão a cinemas

41% frequentam escolas

34%

vão a clubes

24%

vão a teatros

20% frequentam bibliotecas

19% visitam museus

4%

vão a igrejas, casas religiosas (resposta espontânea)

4%

praticam atividades ao ar livre (resposta espontânea)

2% frequentam CEUs (33% na capital)

4%

citaram outras atividades

ou programas

7%

não fizeram nenhuma menção

97
98

PARÂMETROS

O universo da pesquisa Datafolha/Fundação Itaú abrangeu 2.405 pessoas, de 16 a 65 anos. Elas foram ouvidas em todas as regiões do país por meio de entrevistas presenciais e telefônicas com duração média de 25 minutos de aplicação cada uma, entre os dias 1º e 28 de setembro de 2023.

A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos. O índice de confiança da sondagem corresponde a 95%. E cada ponto percentual representa 1,4 milhão de cidadãos.

Acesse a íntegra

da pesquisa Hábitos

Culturais 2023

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CULTURAIS E DE LAZER
HÁBITOS
FOTO Anderson Rodrigues
102 .

Os relatos a seguir foram registrados durante seis fins de semana de escuta atenta aos públicos de 42 cidades dentre as 123 que fizeram parte do Circuito Sesc de Artes 2023.

Essas vozes dão a ver o acolhimento sensível e responsável a diversas idades, raças, gêneros, sexualidades, classes, crenças e formações. Cada localidade recebeu quatro horas de experiências coletivas em arte e educação não formal proporcionadas gratuitamente a trabalhadores do comércio de bens, serviços e turismo, assim como a moradores ou passantes de outros pontos da região.

"Uma praça se faz de pessoas", afirmou a psicóloga Vanda Costa Estabile, de 64 anos, enquanto observava o local escolhido para sediar o Circuito em Louveira. O slogan do evento, arte na rua para todas as pessoas, ganhou corpo na Estação Ferroviária, uma edificação do século 19 considerada patrimônio histórico cultural e como que convertida em praça.

“A praça são as pessoas indo e vindo. Você vê todo mundo desfrutando, no mesmo espaço, de uma cultura que acredito que vai acrescentar muito para a cidade”, considerou Vanda.

103

Uma praça em frente ao mar, praia lotada, sol escaldante e alguma brisa. Foi nesse cenário que o produtor audiovisual e multiartista Guilherme Batista do Carmo, de 26 anos, o “Guinga Space”, conferiu as atividades em Ilha Comprida, no Vale do Ribeira. Em sua segunda chance de experimentar o evento na cidade, disse acreditar que a iniciativa “traz o que a galera precisa: sair da zona de conforto, conhecer outras coisas, ouvir outros estilos de música, assistir a apresentações de teatro, interagir em oficinas, ouvir contação de histórias”.

O acesso à cultura também está no centro das preocupações sociais do enfermeiro aposentado Maurício Teixeira Lima, de 60 anos, mais conhecido como “Maurício de Omulu”. Ele saiu de sua cidade, Peruíbe, litoral sul de São Paulo, para participar do Circuito Sesc de Artes em Itariri, no Vale do Ribeira, a 20 km de distância. Fez o trajeto especialmente para apreciar a apresentação de Tambor de crioula, com o coletivo Flor de Aroeira (SP).

Maurício contou que a expressão cênico-musical de matriz afro-brasileira é mais popular no Maranhão e reúne significados “tanto na dança como na espiritualidade”.

“Tem muita gente que não conhece o tambor de crioula, tem muita criança que não conhece o teatro, o circo. De vez em quando aparece um circo na cidade, fica uma semana ou duas, mas nem todo mundo tem a oportunidade de ver, porque se cobra ingresso. Já as atividades do Circuito são gratuitas e as pessoas podem aproveitar e ter essa cultura de presente”, contextualizou Maurício, uma das lideranças do movimento negro em Peruíbe, município que também recebeu a iniciativa em 2023.

"O Circuito proporciona à população paulista, independentemente de idade ou território, a oportunidade de se encontrar com a cultura, assim como permite aos artistas transitar por diferentes tipos de públicos e ampliar o repertório criativo com as histórias que vivenciam nas cidades por onde passam."

Marilia Marton

Secretária da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, no lançamento do Circuito Sesc de Artes 2023

104
COM A PALAVRA, O PÚBLICO

PESSOAS IDOSAS

Outra faceta da ação que se espraia por cidades que ainda não possuem unidades do Sesc é a afluência de pessoas idosas.

“Quando acordei hoje de manhã, não sabia o que ia acontecer no meu dia. Mas sou lá de recusar convite?”, brincou a aposentada Áurea Aparecida Gonçalves, de 73 anos, antes de soltar uma gargalhada. “Eu que convidei”, arrematou a cunhada Alaídes Maria da Cruz, de 68 anos.

Ambas estavam sentadas em um banquinho do CEU das Artes, em Sertãozinho, onde chegaram cedo para acompanhar uma palestra sobre memória. É a mesma cidade onde nasceram e criaram seus filhos. Aliás, Áurea e Alaídes participam ativamente dos grupos de pessoas em suas faixas de idade, como na hora de dançar. Quando souberam que o Circuito chegaria tão pertinho do bairro em que moram, no mesmo Centro de Artes e Esportes Unificados, não foi difícil decidirem ficar e participar.

Elas acompanharam a mediação de leitura de livros para crianças, pelo coletivo Badaiá (SP), assim como a apresentação de dança do grupo Vão (SP). “E voltar para casa antes de ver o show de música e dançar um forró? Nem pensar! Eu sou tico-tico no fubá”, riu Áurea. “Quero aproveitar tudo que puder”.

Já na Praça dos Tropeiros, em Silveiras, no Vale Histórico do estado, extremo leste paulista, enquanto adultos esquentavam os tamborins da animação, crianças corriam e dançavam entre artistas circenses, compondo uma bela cena. Em meio ao público, chamou a atenção o olhar sereno e ao mesmo tempo proativo da aposentada Rosa Maria Melo, de 73 anos, ex-servidora da Secretaria de Educação do Estado, entretida nas atividades.

Conversando com ela, acomodada em uma cadeira, foi impossível deixar de notar a bengala a seu lado. Devido a uma prótese no joelho, utilizava o auxílio para vencer o pequeno trajeto entre a residência e a praça.

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FOTO Sergio Silva

COM A PALAVRA, O PÚBLICO

COMIDA CASEIRA

Empenho de outra natureza foi vivido pela cozinheira Lenir de Moura Moraes, de 65 anos, residente em Barra do Turvo, no extremo sul, divisa com o Paraná, onde mantém o restaurante que leva seu nome. Faz 40 anos que ela prepara e serve refeições caseiras a moradores e clientes que estão de passagem. Contou que graças a esse trabalho, em que emprega uma equipe, criou seus dez irmãos e quatro filhos.

Estava “chuviscandinho” no dia em que o Circuito Sesc de Artes passou por Barra do Turvo, razão da mudança de local das atividades da Praça Boa Esperança para as instalações do Fundo Social. A rigor, nem era para Lenir abrir as portas de seu estabelecimento. Aos sábados, ela serve apenas marmitas sob encomenda. Contudo, a cozinheira fora avisada de que haveria uma boa movimentação de pessoas naquela tarde e chamou duas funcionárias e três de suas irmãs para ajudá-la na empreitada. “Daí vim e me ataquei nas panelas”, afirmou.

Para a moradora, iniciativas envolvendo arte e cultura trazem reflexos ao comércio, bem como geram formas de sociabilidade. “Ajudam não só eu, mas a cidade em todos os sentidos, porque nem tudo é dinheiro, né?”, disse Lenir. E filosofou: “Meu conhecimento é panela”.

A mente, de fato, abriga a força propulsora para o assistente social Eduardo Castilho Filho, o “Duda”, de 36 anos. Ele não possui membros superiores e inferiores e se locomove em cadeira de rodas motorizada. Condição que não o impediu, por exemplo, de ser intérprete em um espetáculo de dança. Conhecido no meio artístico de Botucatu, disse que é frequentador assíduo do Circuito e conhece bem sua dinâmica. Naquele sábado, dava uma volta pela praça da Pinacoteca enquanto integrantes da produção e da equipe do Sesc ainda conversavam sobre a montagem e a ocupação de espaço de cada atividade.

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109 FOTO Dani Sandrini
110 FOTO Ze Barretta
FOTO Ze Barretta

COM A PALAVRA, O PÚBLICO

MÃES E FILHAS

Em Jambeiro, no Vale do Paraíba, a professora Raquel Pereira da Silva, de 42 anos, e a filha, Maria Helena, de quatro, chegaram ao ginásio de esportes no início da programação e se desdobraram para não perder nenhuma das seis propostas entre vivências sonoras, visuais e espetaculares. Tiraram fotos ao lado de artistas e arte-educadores.

Raquel já conhecia a ação. Recordou-se das vezes em que ia a outras localidades na região: “Quando tenho a oportunidade de estar com o Circuito aqui no Vale, eu procuro, mas o melhor ainda é estar em minha cidade. As crianças e até nós, adultos, estamos aproveitando muito. É imensurável a alegria que sinto em estar aqui com a minha filha”, afirmou.

Pique invejável que tampouco faltou à quadrinista Valéria da Cruz Ramos, de 26 anos, e sua filha Laís, de quatro anos. Por pouco elas não foram as primeiras pessoas a entrarem no centro de lazer municipal onde aconteceu o Circuito em Santa Branca, no Alto Tietê. Assim que chegaram, estacionaram na mesa da oficina de criação de brinquedos de madeira, com o Coletivo Caçambaria (SP). Sorridentes e empolgadas, eram recebidas por arte-educadores, aceitavam escolher os toquinhos, tintas e pincéis a partir dos quais dariam vida a brinquedos. Empenharam-se por cerca de uma hora a fim de que cada uma construísse sua peça. Assim foi.

“Qualquer pessoa pode participar, as atividades não são exclusivas para crianças”, ressaltou. Ambas haviam acompanhado o Circuito em Biritiba Mirim, cinco semanas antes, a cerca de uma hora de carro de Santa Branca, onde moram.

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COM A PALAVRA, O PÚBLICO

Em Tuiuti, o professor de artes Márcio Sousa da Silva, de 52 anos, comentou como uma das interações no Parque do Lago lhe revolveu lembranças. A imersão no cinema em realidade virtual por meio do filme Amazônia viva, dirigido pelo ecologista Estevão Ciavatta (RJ), o teria transportado ao sertão cearense de nascença, no atual município de Banabuiú, “onde água é um bem mais que precioso”, como situou. “O filme leva para minha infância, de como o rio enchia, quando chovia, e eu mergulhava na água.”

Márcio aproveitou para lançar uma comparação no mínimo curiosa entre algumas atividades que acompanhou no âmbito das unidades do Sesc e as que são desenvolvidas em circulação. "Tem um palco, tem aquela ‘quarta parede’ que o pessoal do teatro fala. Quando os artistas estão no Circuito a aproximação é maior. É como se a gente tivesse no palco junto com eles", refletiu o professor.

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113 FOTO Sergio Silva
FOTO Matheus José Maria

6. COM A PALAVRA, ARTISTAS E ARTE-EDUCADORES

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-EDUCADORES

117 PALAVRA, ARTISTAS
FOTO Sergio Silva

“Essa jornada mexe com todas as idades, traz pessoas de todos os níveis sociais, escolaridades, é só você olhar ao redor. Passei aqui pela dança, pela música, pelos óculos 3D do cinema em realidade virtual, uma coisa que a gente não tem acesso, não conhece, e é muito bom vivenciar. Uma delícia olhar o rosto de quem participa.”

Fátima

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COM A PALAVRA, ARTISTAS E ARTE-EDUCADORES FOTO Sergio Silva

O encontro de artistas, arte-educadores, grupos e coletivos com os públicos do Circuito Sesc de Artes 2023 registrou algumas situações inusitadas durante a programação composta de mediações de leitura, vivências, oficinas, intervenções cênicas, espetáculos, shows e exibições de filmes.

Vide a intervenção cênica Cabeção pelo mundo, que teve uma de suas datas na cidade de Lucélia. A dançarina Maria Eugenia Tita e os músicos viram-se contracenando com pessoas convidadas e noivas e noivos de um casamento múltiplo que acontecia em plena praça da matriz, agendado no mesmo horário, na igreja do local. Da cintura para cima, o corpo da artista era coberto com a máscara formada por crânio e face do boneco desproporcional, alegoria inspirada na manifestação popular dos cabeçudos no interior do Pará.

“O que acabou acontecendo foi uma interação inusitada e cômica entre os convidados, noivas e Cabeção, que se descontraíram. Apesar do receio de alguns casais e da equipe do Sesc com o que poderia acontecer, todos ganharam algumas fotos especiais, assim como boas risadas e descontração. E, sim, um final feliz, ao menos até ali”, ri a artista.

Já em um parque de Suzano, todo mundo foi surpreendido por uma chuva torrencial e a maioria das pessoas buscou refúgio num galpão.

“Coincidentemente, nesse mesmo local, era realizado um chá-revelação. A situação se tornou inesperadamente divertida, pois, no princípio da tempestade, toda a equipe do Circuito se envolveu na expectativa e nos palpites sobre o sexo do bebê”, conta a cenógrafa e gestora cultural Carol Panini, do coletivo Caçambaria, de Jaú, que circulou com a oficina Criação de brinquedos de madeira.

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COM A PALAVRA, ARTISTAS E ARTE-EDUCADORES

Ao todo, mais de 400 artistas direcionaram seus trabalhos à construção de sinergia junto a espectadores e participantes de diversas idades, classes sociais e formações. Públicos proativos que desfrutaram de mais de 700 atividades divididas em 12 roteiros por 123 cidades do interior, litoral e grande São Paulo, nos quatro pontos cardeais do estado.

A margem de imprevisibilidade presente nas duas passagens acima também pode ser ilustrada na história real do nascimento da amizade entre o ator, comediante e cineasta Amácio Mazzaropi (1912-1981) e o compositor Elpídio dos Santos (1909-1970), ambos paulistas.

“Mazzaropi ainda era o Amácio do circo quando a trupe em que trabalhava passou por São Luís do Paraitinga. Na noite da apresentação, deu um temporal que danificou parte da lona e os músicos que tocariam não conseguiram chegar. Mas o espetáculo não parou. Como Elpídio era de uma família de músicos, ele e os irmãos resolveram tocar naquela noite para ajudar Amácio”, expõe a diretora e dramaturga Talita Cabral, da Cia Navega Jangada, que encenou o espetáculo Os quatro cantos de Elpídio. Em certa medida, o acaso estendeu os braços ao efetivar uma longa parceria de 26 canções para 19 filmes.

Uma das companhias de dança mais antigas do Brasil, com 52 anos de estrada e de vida, cofundada por Marika Gidali e Décio Otero, a Ballet Stagium elabora no espetáculo Cordas do coração um diálogo entre as composições de Bach, a música caipira e o toque de viola. A obra revisita canções antológicas, como a centenária Tristeza do Jeca, de Angelino de Oliveira, e Viola quebrada, de Mário Andrade, além de dialogar com as palavras/versos do proseador e apresentador Rolando Boldrin, falecido em 2022, um dos principais divulgadores da música brasileira e notório contador de ‘causos’ destas terras, como informa o produtor da companhia Fabio Villardi, que acompanhou o Circuito.

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“Podemos dizer que a todo tempo as situações foram peculiares. Mesmo diante do planejado os rumos poderiam se alterar de um momento para o outro, estávamos antenados para a chave do imprevisto. Mas o peculiar, onde as apresentações eram em praças públicas, foi a interação com as pessoas em situação de rua, despojadas de qualquer protocolo”, afirma Fabio.

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FOTO Ze Barretta

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“A cultura e a arte podem acontecer em qualquer lugar, e quando essas atividades ocupam espaços públicos como praças e centros de eventos, isso estimula as pessoas a participarem ainda mais.”

Oldair Gomes de Oliveira

A “Deka”, secretária de Cultura e Turismo de Cajati

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FOTO Sergio Silva

DA VIOLA

Os violeiros Ricardo Vignini e Zé Helder, do duo Moda de Rock, completaram ambos 50 anos de idade durante as apresentações no Circuito. “Foi o nosso presente de aniversário”, considera o primeiro, da dupla que transforma canções clássicas do rock em versões instrumentais para viola caipira.

“Das 12 apresentações que fizemos, já havíamos tocado apenas em duas cidades. A viola é presente no noroeste paulista, mas em cada lugar sempre aparecia alguém que conhecia o Moda de Rock e essa pessoa nunca tinha nos assistido ao vivo. Graças ao evento teve essa oportunidade. Destacamos também a presença interativa dos vira-latas caramelo”, diz Ricardo, referindo-se aos cães sem raça definida.

Uma das definições da palavra “caipira” deriva de “caipora”, termo que na mitologia tupi significa “habitante do mato”, conforme detalha o ator Fernando Vasques, cofundador da Cia Beira Serra de Circo e Teatro. A trupe sediada em Botucatu viajou com o espetáculo Circo da Cuesta, que critica, ironiza e brinca com os diferentes caminhos que a cultura caipira fez e faz até a contemporaneidade.

“A obra pôde exercer no Circuito sua plena vocação: reverberar o canto de nossa aldeia para outras aldeias. Curiosamente, nas cidades menores, o público era mais introvertido e compenetrado na história, enquanto nos municípios maiores, o ritmo de risos, gargalhadas e até comentários durante o espetáculo eram mais frequentes”, diz Fernando.

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UNIVERSO

COM A PALAVRA, ARTISTAS E ARTE-EDUCADORES

O grupo circense Exército Contra Nada, da capital, fez a itinerância com o espetáculo Caravana Zona Leste e destacou o intercâmbio com diversas regiões do estado onde até então não havia se apresentado.

“Tivemos a compreensão da importância de alcançar uma região que em geral é esquecida pelos projetos de circulação, repleta de patrimônios históricos e culturais, com natureza exuberante, áreas de preservação, povos originários e comunidades quilombolas. Foi muito marcante a oscilação climática que possivelmente será um acontecimento a se levar em conta nos próximos anos. Enfrentamos ventos, chuvas e temperaturas altíssimas”, observa o ator, palhaço e músico Rafael de Barros, fundador do grupo.

A questão dos direitos da mulher também chegou ao picadeiro para lembrar do machismo enraizado em muitos espaços da sociedade civil. Uma das passagens do espetáculo Raiowrainhas retrata a disputa final de um campeonato de luta livre feminina. Uma criação do coletivo Rainhas do Radiador. “No geral, a recepção do público foi bastante positiva. Muitas meninas, inclusive crianças, disseram se inspirar nas nossas palhaças”, afirma a artista Ana Pessoa.

Compartilhada pelas equipes das unidades do Sesc em todo o estado, a curadoria do Circuito incorporou algumas atividades que realçaram justamente a diversidade e a representatividade como um exercício pleno da cidadania e dos direitos sociais e humanos.

O coletivo Capoeira Para Todes levou seu espetáculo de mesmo nome que combina passos do movimento afro-brasileiro e do vogue femme, dança criada nos Estados Unidos nos anos 1970. A diretora e produtora Quântika Odara recordou-se de que, numa das cidades, uma senhora acima de 60 anos se disse tocada pelo conteúdo das músicas, coreografias e falas. A espectadora contou às artistas ser avó de uma neta trans, com quem estava brigada.

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FOTO Sergio Silva FOTO Sergio Silva
FOTO Matheus José Maria

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“Ao ver a gente em cena, ela sentiu na consciência que precisava tratar a neta de outra maneira, respeitá-la e ajudá-la para além da família. Veio falar chorando, disse que pediria perdão pelos equívocos e agradeceu por acessar informações sobre outras formas de existência”, diz a diretora Quântika, aludindo à população LGBTQIAPN+, como também gosta de situar a idealizadora do coletivo, Puma Camillê.

O grupo Flor de Aroeira considerou positiva a experiência de circular com o espetáculo Tambor de crioula, cadenciado pelo ritmo de tambores, cantos e palmas que louvam a fertilidade e têm suas raízes no Maranhão, de onde vem a simbologia que dialoga com os modos de ser e viver das pessoas afrodescendentes daquele território.

As artistas integrantes Aline Yuri Hasegawa e Cintia de Paula destacam a interação com o público de diversos perfis socioeconômicos, o trânsito por diversos municípios e a construção de uma linguagem de convivência com demais criadores do mesmo roteiro.

“Teve uma situação em que uma mulher do público se encantou com as saias rodando na hora da dança e perguntou se poderia, também, acessar a mesma mágica, caso vestisse e dançasse junto”, conta Aline, acrescentando que Mestre Nenê, atualmente à frente do grupo, é discípulo de Mestre Ananias e dá continuidade aos segredos e ensinamentos transmitidos por outras gerações.

“Nunca tínhamos participado de um evento tão diverso”, diz a produtora Amanda Lima, da banda Samba de Dandara. As cantoras Ayô Tupinambá e Raquel Tobias foram convidadas a incrementar o show em admiração à guerreira quilombola Dandara dos Palmares (1654-1694), esposa de Zumbi. “Entre a passagem de som e a nossa apresentação tínhamos tempo de conhecer o trabalho de todos os demais artistas e coletivos. Essa mescla de linguagens foi realmente muito enriquecedora.”

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LUTA ANTIRRACISTA

Atuantes na intervenção cênica Brincadeira de Mateus, Cibele Mateus e Fagner Saraiva admitem que as seis sextas-feiras da ação foram “dias de frio na barriga e ansiedade” para pegar a estrada e encontrar o público aos sábados e domingos. “Cada cidade tem uma história, uma praça, uma igreja, uma figura pública local e principalmente um carinho diferente. Vimos a arte se fazer presente e democrática, assim como ela deve ser. Encontramos pessoas sedentas e curiosas, dispostas a se jogar e brincar no meio da rua”, narram.

Os Mateus são figuras cômicas da cara preta, populares em diversas expressões culturais, como o reisado e o bumba meu boi. Carregam saberes ancestrais em suas brincadeiras e convocam a alegria, a festa.

Cibele e Fagner descobriram que na região do Vale do Ribeira existem várias comunidades quilombolas e por vezes se depararam com seus integrantes na plateia. “Era como ir encontrando os parentes espalhados pelo mundo. Os Mateus gritavam ‘Parente!’, ‘Minha madrinha! Quanto tempo não te vejo’. Era abraço e risada frouxa para tudo quanto é lado. E do público ouvimos devolutivas como: ‘Mãe, o palhaço tem minha cor!’. Enfim, recebemos desenhos, caricaturas, convites para um café, formas de o público querer prolongar aquele encontro por mais tempo.”

Com o espetáculo de rua Auto do negrinho, uma visão crítica e poética a propósito da história de Negrinho do Pastoreio, uma criança escravizada no Sul do Brasil – narrativa que remonta à escravidão no século 19 –, o grupo Teatro Terreiro Encantado rememorou aquela que teria sido a situação mais marcante vivenciada durante o giro.

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“Foi a participação do Marcelo em Santa Isabel, na praça da Bandeira. Ele é uma pessoa em situação de rua. O rapaz começou a conversar com a gente mesmo antes do início da ação conjunta, nas etapas de montagem e passagem de som. Interagiu muito durante a apresentação, chegava a entrar em cena, mas também era muito tranquilo quando a gente pedia para ele se sentar. Foi a cidade em que tivemos a maior presença de público.

A certa altura de Auto do negrinho são citadas chacinas de crianças e jovens cometidas por agentes do Estado no país onde a colonização portuguesa durou 292 anos e o sistema socioeconômico baseado na escravização de pessoas, 388 anos.

A fim de combater desde cedo a desumanização negra e o racismo estrutural, o Coletivo Malungo ministrou a oficina Autorretrato e antirracismo, por meio da qual buscou incentivar a reflexão e ativar o diálogo sobre identidades raciais com foco em pessoas a partir de oito anos. “Nossa proposta executada no Circuito ainda não havia passado por algo tão intenso em termos de quantidade de participantes por dia. Boa parte do público vinha relatar como foi experienciar. Havia quem se emocionasse, chorasse, se alegrasse, manifestando diferentes impressões por conta das temáticas que levantamos”, diz o fotógrafo Avelino Regicida.

O artista também comentou a interação com pares de outras linguagens.

“Foi de extrema relevância, tanto para construirmos ambientes prazerosos de trabalho como para criarmos um corpo coletivo de ação, já que nas praças acontecia tudo ao mesmo tempo – e cada grupo olhar para o lado e confiar no todo é importante para o evento acontecer bem e o público se ver bem-vindo”, opina o fotógrafo.

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FOTO Matheus José Maria

ANCESTRALIDADE

INDÍGENA

Na mediação de leitura Brincando com os Kariri-Xocó, envolvendo contos, cantos e poesias de autores indígenas que ganham vida de forma teatralizada ou por meio de números de música e dança, o grupo Kariri-Xocó estabeleceu uma relação particularmente especial com as crianças, o que é atribuída à natureza dos brinquedos indígenas. “A curiosidade delas com relação à experimentação do casco de cavalo, o macacão, o garrafão, a peteca, a arapuca, entre outras peças, refletia uma interação mais presente”, compartilha a escritora Denizia Kawany Fulkaxo Cruz, coordenadora e idealizadora do trabalho feito por artistas das cidades de Porto Real do Colégio, em Alagoas, e Pacatuba, em Sergipe, estados onde vive o povo Kariri-Xocó. Democratizar o acesso a saberes e histórias ancestrais para um público que muitas vezes não viu indígenas em posições de destaque, como no centro de uma apresentação artística, foi também o eixo da mediação Semeando histórias indígenas - Povo Guarani. A dinâmica tratou do surgimento de algumas brincadeiras tradicionais, como o jogo de peteca e a queimada da onça.

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COM A PALAVRA, ARTISTAS E ARTE-EDUCADORES

A equipe do grupo Badaiá, de Ribeirão Preto, contornou pessoas ressabiadas durante a mediação Livro, palavra livre. “Muitas vezes elas se aproximam desconfiadas, pois parece que, no senso comum, apesar de muita gente dizer que a literatura é algo necessário, também fica uma imagem de que fosse algo ‘maçante’. No entanto, muito rapidamente, o público percebia que havia uma energia diferente, um ar divertido, convidativo. Crianças eram as primeiras a sentar e se dispor no ambiente cênico que preparamos no chão. Brincavam, escutavam histórias e depois mexiam curiosamente nos livros por conta própria. Esse era o combinado interno do grupo: realizar ações que despertassem a atenção do público, desarmar a casca que o automatismo da rotina inegavelmente nos impõe e depois deixar todo mundo à vontade para realizar sua própria pesquisa no acervo que levamos”, explica o contador de histórias Augusto Figliaggi, cofundador do Badaiá com a também contadora Elaine Guarani.

O Caçambaria, coletivo que participou involuntariamente do chá-revelação mencionado lá nos primeiros parágrafos, estima que a oficina Criação de brinquedos de madeira tenha engajado em média 120 participantes por município. “A madeira, tal como na clássica história de Pinóquio, serve como ponto de partida fascinante para o mundo lúdico e criativo”, descreve a idealizadora Carol Panini.

A intervenção cênica Cabeção pelo mundo, da dançarina Maria Eugenia Tita e músicos – aquela turma que contracenou com o casamento múltiplo na igreja da matriz, no início do texto –, atendeu às expectativas. “Apesar de o público majoritariamente não conhecer o trabalho, as pessoas foram sempre muito receptivas e, diria, até ousadas. Nosso formato de apresentação propõe um envolvimento com espectadores em diferentes níveis, desde um sorriso até uma dança exclusiva com o Cabeção”, relembra a artista que cumpriu sua terceira edição no Circuito.

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COM A PALAVRA, ARTISTAS E ARTE-EDUCADORES

“É uma alegria quando observamos a ação de parceria e conseguimos entender o tamanho do impacto social que o Sesc traz a um município como Cruzeiro.”

Patrick Ribeiro

Gestor de cultura e diretor do Museu Major Novaes, de Cruzeiro

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FOTO Anderson Rodrigues

Idealizador do grupo Cosmic Dance Brasil, o artista Thiago Amaral destaca um dos momentos do trabalho coral Festa das flores que ocupou as praças. “Existe uma cena aberta à plateia na qual é feito um convite para compartilhar alguma música. Certo dia, uma criança cantou o trecho de uma ópera e foi uma comoção geral. Pedimos que ensinasse a todas as pessoas que estavam naquele espaço a cantar como ela. A tentativa de uma multidão chegar naquelas notas agudas foi uma cena emocionante e inesquecível”, diz Thiago.

A mobilização gerada pela vivência Cine película também chamou atenção da equipe da escola Cine 16, que ministrou a atividade. “Foi emocionante ver o deslumbramento de crianças, adolescentes, adultos e idosos na atividade que descortinou para eles o universo por trás dos fenômenos da câmara escura e da ilusão de movimento, os quais fundamentam o cinema. E tudo materializado em aparelhos simples, bicentenários, como o taumatrópio, inventado em 1824, porém ainda hoje didaticamente fascinantes”, atesta o produtor e historiador Alex Zen, parceiro artístico do cineasta Paulo Gregori e do cartunista Magno Brasil, ambos também professores, que chegaram a atender cerca de 200 pessoas em locais de maior movimentação.

Pois rebobinar simbolicamente o filme do Circuito Sesc de Artes 2023 –por meio da escrita e das vozes aqui representadas – evidencia um recurso essencial para documentar à posteridade as contribuições do projeto para o imaginário das pessoas participantes e das cidades percorridas.

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FOTO Sergio Silva

7 . HISTÓRIAS SINGULARES

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O ato simbólico de um casamento ocorrido em plena praça, a determinação de uma professora em levar filhos e seis netos para curtir o evento e as estratégias de uma família de ambulantes no revezamento do trabalho para acompanhar as atividades oferecidas estão entre as 12 histórias de vida retratadas na sequência. São narrativas curtas de pessoas ouvidas por equipes das unidades do Sesc em deslocamento por alguns dos municípios participantes do Circuito 2023. Em todas as situações a arte e o convívio ativaram afetos e esperanças.

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FOTO Maila Alves

HISTÓRIAS SINGULARES

É CHARME!

FRAN ABREU, DE ADAMANTINA

Por Roberto Maty

Seja em movimento ou não, o corpo tem muito a dizer e reverberar. Como conta a psicóloga Fran Abreu, de 34 anos, que usou a dança para enfrentar o mundo, para se comunicar, para viver. Mulher negra, moradora de Adamantina, ela atribui à dança e ao contato com a cultura a responsabilidade de sua existência, simples assim: “Acredito que o meu corpo sempre se expressou por mim, e isso me salva”.

A dança surgiu em sua vida na infância e avançou em parte da adolescência, período em que tinha certa dificuldade em se expressar, principalmente diante de opressões vivenciadas por ser quem é. Estudava todo tipo de dança, até alguns colegas do movimento hip-hop apontarem: “Isso que você dança não é dança contemporânea, é charme!” – uma referência à manifestação cultural do charme, surgida em bailes black do Rio de Janeiro, nos anos 1980, e caracterizada por coreografias em grupos. Foi aí que Fran reconheceu o estilo em seus passos e passinhos, e assim se apaixonou.

Mesma paixão e identificação que teve quando assistiu, no Circuito Sesc de Artes, no Parque dos Pioneiros de Adamantina, ao coletivo Capoeira para Todes, que apresentou um misto de vogue (dança moderna advinda das comunidades LGBTQIAPN+, negra, latina e periférica dos Estados Unidos) com a tradicional técnica corporal de ataque e defesa desenvolvida no Brasil por escravizados bantos. Ambas as práticas nascidas, desenvolvidas e difundidas a partir do pensamento afrodiaspórico.

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HISTÓRIAS SINGULARES

“Emocionante! Eu não conseguia nem me sentar nas cadeiras, minha vontade era de dançar junto, me movimentar junto”, descreve. A reação orgânica se deve ao reconhecimento daqueles corpos no palco. Afinal, algo de familiar se apresentava à espectadora: corpos pretos, cabelos crespos, movimentos negros. “Essas pessoas que estão aqui... É como se eu as conhecesse há anos”, relata, enquanto levanta o braço e aponta para a pele dizendo-se arrepiada.

Em busca da própria identidade, Fran entende ter encontrado na cultura e no exercício da psicologia um caminho para cultivar sua ancestralidade e negritude. Ação essa que recomenda ao observar as variadas possibilidades transbordando ali numa das praças da cidade. “Tudo isso enriquece o nosso ser, porque sem cultura a gente não manifesta as emoções, e sem emoção a gente não é humano.”

“Esse trabalho de arte e de cultura tem uma importância vital porque se trata de um antídoto contra essa situação de vida que atravessamos, essa correria, fugindo assim dessa questão virtual que faz as pessoas quase não sentirem mais o cheiro e o som de uma cidade, nem as coisas que a gente precisa tocar.”

Suzi Mey

Secretária de Cultura de Garça

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Bruna Damasceno
FOTO Rodrigo Griggio

HISTÓRIAS

QUANDO O TEMPO DE TAMBÉMCONTEMPLAÇÃO É CURA

MARIA DAS DORES, DE ARAÇATUBA

Por Rodrigo Griggio e Talita Rustichelli

No meio daquela tarde, a dona de casa Maria das Dores da Rocha Martins, de 75 anos, saiu para passear com uma vizinha, mais a neta e o neto, e acabou fazendo uma viagem inesperada. “Eu vi a natureza, um lago, pássaros, uma indígena… Tudo tão bonito”, conta.

A referida viagem aconteceu numa tenda montada na Praça Osvaldo Pereira, em Araçatuba, enquanto acontecia o Circuito Sesc de Artes. Durante a atividade de cinema em realidade virtual, em que foi exibido o filme Amazônia viva (2022), dirigido por Estevão Ciavatta e narrado pela líder indígena Raquel Tupinambá, ela se disse como que transportada à região do rio Tapajós, no coração da floresta.

Logo que colocou os óculos e fones, assustou-se. Em seguida, sorriu, como se maravilhada, movendo os braços e querendo tocar no que via. Quem estava observando também sorria, contagiado. “Parecia que eu estava em uma cadeira voadora, com a natureza perto de mim. Essa noite acho que vou sonhar com isso. Amei!”, previu.

Nascida na capital paulista, viúva há três anos, mudou-se para Araçatuba há 12 para cuidar da filha e dos netos. Maria das Dores conta que gosta de colocar seu tempo a serviço das pessoas que ama, mas também o utiliza para se abastecer de outras alegrias.

Uma das coisas que mais gosta de fazer em seu tempo livre é passear. Pois foi nessa inesperada incursão pelo entorno que se deparou com algo que nem imaginava existir. “Nunca tinha visto, queria uns óculos desse pra mim”, afirma. Depois de acompanhar os demais trabalhos e vivências da programação, a espectadora voltou para a casa com a sensação de ainda estar flutuando na cadeira.

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SINGULARES
FOTO André Romani

HISTÓRIAS

O CORVO, UM PALHAÇO QUASE TRISTE

EDILSON OLIVEIRA DE ASSIS E SEU SOBRINHO KEVIN, DE ARARAS

Por André Romani

O palhaço, cuja maquiagem no rosto lhe dava um ar paradoxalmente triste, sorria e gesticulava. Parecia contar para as amigas algo realmente incrível. Sentado no banco da Praça Barão de Araras, confundia-se com um dos artistas da caravana do Circuito. Aos mais desavisados com certeza passaria como tal.

Desde os 16 anos, Edilson Oliveira de Assis, de 44 anos, autointitulado “Plebeu Vegano”, já sabia que iria tatuar o rosto. Para tanto, escolheu como tema o personagem Pierrot, por influência do filme O corvo (The crow, 1994), como forma de enaltecer as expressões artísticas, sobretudo as artes corporais.

Morador de Uberlândia (MG), o ararense estava na cidade naquele fim de semana por conta da saúde do pai. Plebeu já vinha acompanhando o Circuito Sesc de Artes em outras cidades e edições, mas aquela vez era especial: “É a primeira vez que venho com meu sobrinho a um evento cultural”, disse.

Por motivos óbvios, sabia-se quem era o adulto, mas a euforia de Plebeu era tamanha que a experiência narrada tende a conferir a ele, em alguma medida, o papel da criança que o acompanhava.

O sobrinho Kevin, de 5 anos, ensinava, apontava e manejava malabares na oficina sobre técnicas circenses ministrada pela Cia Circo Delírio. E o tio saiu convicto de que as artes “estimulam a criatividade, o desenvolvimento do talento humano”.

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SINGULARES
FOTO Mirele Ribeiro

HISTÓRIAS SINGULARES

TRABALHO E VIVÊNCIA EM TRÊS TEMPOS

ALESSANDRA BRISOLA CAMARGO BATISTA E SEU IRMÃO ADRYAN, DE AVARÉ

Por Mirele Ribeiro

Manhã de domingo. Como de costume, a ambulante Alessandra Brisola Camargo Batista e família montavam suas barracas de venda no Largo São João, mas São Pedro não estava de acordo. Com a previsão de chuva, as atividades foram redirecionadas para o Centro Cultural Esther Pires Novaes. E para lá rumaram, descendo a rua em fila e por tamanho: da estrutura maior, empurrada por Alessandra, ao carrinho menor, levado pelo irmão dela, Adryan, de 9 anos.

“Tem doces, lanches, brinquedos, pastéis. Compramos 50 pães, mais do que dia normal, porque a gente viu que ia ter o evento aqui igual teve no ano passado”. Com a memória ainda viva da edição anterior, Alessandra mostrou seu perfil no Instagram com vídeos publicados na ocasião em que registrou as atividades assistindo “de camarote”, trabalhando na praça.

Tarde de domingo. A chuva veio. Alessandra e sua família improvisaram lonas e cobriram as barracas. Enquanto isso, lá dentro, no espaço coberto, Adryan passava de uma dinâmica a outra, seja oficina, vivência ou espetáculo.

“Tá chovendo, daí minha mãe [Edneia, que também trabalhava na área] disse para eu entrar e ficar aqui protegido. Vim fazer o amuleto”, contou, referindo-se à oficina Amuletos identitários, com arte-educadores do Coletivo Manguezal.

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150 FOTO Bruna Damasceno

HISTÓRIAS SINGULARES

E assim procedeu o estudante. Não confeccionou apenas um amuleto, mas dois, levando um de presente à irmã. Pouco tempo depois, Alessandra também foi “espiar” as atividades e ouviu um pouco do show da cantora

Janayna Pereira e banda, gravando mais alguns de seus vídeos.

Noite de domingo. Hora de desmontar a estrutura do evento. Mas ainda não para Alessandra e sua família, que seguiram trabalhando para matar a fome de parte do público à saída do local.

Depois da chuva e de um dia todo de trabalho, portanto cansada, a família unida foi a última luz a se apagar naquela noite. A ambulante não se fez de rogada: “A chuva atrapalhou um pouco, não foi aquele movimento, mas foi divertido. No ano que vem, a gente pede para São Pedro deixar ser na praça”.

“Proporcionar numa tarde, num município como Iguape, a possibilidade de a pessoa vir aqui e imergir na cultura, ter acesso à arte, é muito importante. Estava com minha filha até agora. Ela fez oficina de carimbo, conheceu o processo de gravura, agora fez outra atividade. São propostas formativas e difusivas realizadas com qualidade e respeito. É o que nós precisamos.”

Odail Gomes Santos Júnior

O “Oda”, secretário de Cultura, Esportes e Turismo de Iguape

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FOTO Livia Badur

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SENSO DE PERTENCIMENTO

MIRIAM VOLPOLINO E SEU FILHO LUCAS, DE PEDRO DE TOLEDO

Por Livia Badur

Quando a noite começou a cair em Pedro de Toledo, a professora aposentada e ativista ambiental Miriam Volpolino, de 59 anos, e seu filho Lucas passeavam pelas ruas da cidade. Àquela hora, uma brisa fresca invadia as ruas que, durante o dia, vivenciaram um calor intenso. A música atraiu ambos para perto da escola municipal Professor Dirceu Rovari. Os sons e cantares do coletivo Flor de Aroeira tinham se iniciado havia pouco. Miriam logo adentrou o ginásio com um sorriso no rosto e os olhos encantados com a festa que o espetáculo Tambor de crioula propõe ao público.

Vestiu um lenço bonito que ganhou de presente de sua irmã, tirou os sapatos, recebeu uma saia em chita de uma das integrantes do grupo e saiu rodando pelo salão, deixando de lado a timidez, sendo envolvida por muito entusiasmo. Tirou pessoas para dançar, puxou a roda, puxou o canto e as palmas. Em uma pequena pausa para retomar o fôlego e dançar um pouco mais, perguntamos seu nome. Ela emendou: “Pode me chamar de Cida, pois estou muito agradecida”.

Dizia-se acolhida e pertencente: “A gente tem um processo forte de gratidão e de amor no coração para irradiar por todas as criaturas dessa santa natureza”.

Afinal, Miriam, Lucas e a comunidade em que vivem – uma ecovila recém-iniciada no alto de uma montanha da região – são assíduos em manifestações culturais e também promovem atividades em seu espaço, além de atuarem com ações ambientais: “A gente tem um trabalho engajado com as linguagens artísticas e com a educação ambiental”.

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HISTÓRIAS SINGULARES

Ela conta que morava na região do ABC Paulista, mas decidiu sair da metrópole e migrar para o interior do estado, pela proximidade à natureza. Estava sendo sua primeira vez em um Circuito Sesc de Artes e a experiência tinha vindo a ela como um presente que acreditava divino: “Eu acho que atenderam às nossas preces, né filho? De trazer arte e cultura para essa cidade, porque quase não tem”, disse, dirigindo-se a Lucas, sempre a seu lado na mesma chave de entusiasmo.

A moradora contou como tem se dedicado, nos últimos anos, a um trabalho de conscientização ambiental, que é seu atual propósito. Para tanto, manifestou desejo de que a sociedade olhe com mais cuidado para o ambiente, os rios e as cachoeiras.

“O evento aproxima, traz para o centro da cidade parte do público que mora nos bairros. As crianças vão olhar com outros olhos e pensar: podemos fazer aquilo. A arte entra dentro da gente e dá força para prosseguir na caminhada.”

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FOTO Matheus José Maria

HISTÓRIAS SINGULARES

“A GENTE TEM QUE SE VER PARA ENXERGAR O OUTRO”

VANILDA DE SOUZA, DE PEREIRA BARRETO

Por Rodrigo Griggio e Talita Rustichelli

Vanilda de Souza, de 62 anos, nasceu e cresceu em Pereira Barreto.

Educadora, instrutora de artesanato, compositora e regente de coral, ela gosta muito de conversar sobre história. Mas a história de sua própria vida, como se diz, daria um livro.

Quando Vanilda terminou o ensino fundamental e determinou o fim de seu período escolar, tinha planos traçados conforme era comum entre as pessoas mais próximas: se casaria, teria filhos e se dedicaria exclusivamente à família e à casa. Mais tarde, porém, descobriu que aquele destino não era o seu. Retomou os estudos, finalizando o ensino médio aos 30 anos.

Vanilda não parou mais de estudar. Concluiu o ensino superior em pedagogia, depois uma pós-graduação. E ainda segue se informando e lendo muito. Segundo ela, a transformação proporcionada pelos estudos é que define hoje sua vida e seus desejos.

Cultura e arte fazem parte do cotidiano e ela afirma que o Circuito pode ser um intercâmbio de experiências artísticas. “Eu assisto às atrações, me inspiro por meio delas. Também exponho meu trabalho e compartilho o conhecimento que gostaria de passar por meio dele.”

As artes e a história da cultura negra (sobretudo, a ancestralidade) são a base de seus conhecimentos. E uma forma de passá-los adiante é por meio das esculturas que expôs no Pavilhão Feira da Lua, onde aconteceu o Circuito Sesc de Artes em Pereira Barreto. Cada pessoa que passava pela sua mesa e se interessava, recebia de Vanilda muita atenção e uma aula sobre a valorização da pessoa preta.

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HISTÓRIAS SINGULARES

“Quando falamos do negro, existem muitos preconceitos. Eu procuro quebrar isso e trazer a história, a África, o afro-brasileiro, a informação, a cultura. É preciso enaltecer o que de bom o negro trouxe”, diz.

E complementa: “Eu me reconheci como mulher negra aos 26 anos, quando minha mente se abriu. Hoje, quando me olho, eu me vejo. A gente tem que se ver para enxergar o outro. Luto para que as novas gerações nunca abaixem a cabeça, sigam lutando, resistindo e elevem a autoestima. Quanto mais se busca conhecimento, mais se abre a mente”.

Vanilda se vê, vê o outro, e enxerga nele as possibilidades de crescimento e de um presente e um futuro mais empáticos e sábios.

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FOTO André Romani

HISTÓRIAS SINGULARES

SOBRE QUEBRAR

BARREIRAS INTERNAS

CRISTIANE GRANDO, DE TIETÊ

Por André Romani

Os jornais avisaram, a internet toda já sabia, o assunto estava entre os mais comentados nas redes sociais, e realmente aconteceu: nem mesmo o calor implacável da canícula que abraçava Tietê naquele sábado foi capaz de deter a vontade de testemunhar o Circuito Sesc de Artes.

Moradora de um sítio na cidade vizinha de Cerquilho, a poeta, fotógrafa, tradutora e professora Cristiane Grando já ocupava um dos bancos da praça

Dr. Elias Garcia antes mesmo que a equipe de montagem pinçasse as últimas camadas de verniz da entrega final.

De olhar atento, suas pupilas caminhavam ao mesmo passo daquele pessoal vestido de roupa preta. A obra do escritor e ativista indígena Daniel Munduruku a tiracolo como que prenunciava a primeira atividade da qual participaria dali a minutos, a vivência Grafismos indígenas, com o Centro de Convivência Indígena, de Sorocaba.

“Eu acho que o Sesc na rua em uma cidade que não tem a presença da instituição traz uma oportunidade única para as pessoas desfrutarem um gostinho do que pode ser contar com uma unidade em seu território”, afirma Cristiane.

A escritora reforça a importância de a programação acontecer em espaço público, no caso, a praça da matriz. Acerca das fruições e interações, considera: “As pessoas entram se elas conseguem quebrar as barreiras internas. Passando pela praça, podem se sentir parte do processo”.

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FOTO Denise Fonseca

HISTÓRIAS SINGULARES

UM SER DANÇANTE

IADJA CELINA SZAJNWELD, DE CRUZEIRO

Por Denise Fonseca

No século 18, Cruzeiro era por onde passava a Estrada Real, caminho que ligava as minas de ouro da atual Minas Gerais ao litoral. E, complementando esse traçado, seguia por mar grande parte da riqueza material do Brasil até a Europa.

O município está localizado na região conhecida como Vale Histórico, por onde se cruzam as estradas que ligam São Paulo, Rio de Janeiro e sul de Minas. E quanta gente passa por esse caminho...

Iadja Celina Szajnweld, de 65 anos, é uma personalidade reconhecida de outras edições do Circuito na cidade. Já morou no Rio de Janeiro, no Distrito Federal e em Goiás. Casou-se, teve seis filhos, separou-se e voltou a Cruzeiro há 35 anos.

Na vida profissional, a cidadã de ascendência polonesa, cujos ancestrais vieram para o país em consequência da Segunda Guerra Mundial, sempre esteve envolvida com as artes: teatro, produção de textos, locução e promoção de eventos. E assim segue contracenando.

O que faz Iadja se destacar em meio ao público participante das atividades é a sua disposição. “Um ser dançante”, ela se autodeclara. Desde que o grupo instrumental Cornucópia Desvairada deu os primeiros compassos musicais, ela dançou alegremente, interagindo com os demais espectadores, músicos, jovens e crianças, chamando-os para dançar com ela.

Iadja declarou sua paixão pelo evento, ressaltando a importância da arte que sensibiliza as pessoas. Até mesmo para despertar nos artistas locais novas inspirações, abrir ou ampliar horizontes.

Nos despedimos de Cruzeiro e de Iadja, a última pessoa do público a deixar o local, o Museu Major Novaes. Ela nos acenou com sua simpatia e cordialidade, com o mesmo entusiasmo que dançou.

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DE PARAQUEDAS NA CIDADE DO EXAGERO

JOSÉ CLEYTON E LUKAS, DE ITU

Por Thais Amendola

A Estância Turística de Itu é um roteiro que eventualmente aparece nos passeios breves dos paulistanos – afinal, poucos quilômetros distanciam a capital do estado da cidade dos exageros. E foi esse destino escolhido por José Cleyton e Lukas para uma esticadinha durante as férias.

Numa manhã de domingo, o casal passou por Boituva para receber um presente inusitado: um salto de paraquedas. Após a experiência radical, eles se hospedaram em Itu, cidade escolhida para conhecem antes de voltarem à zona leste de São Paulo, onde vivem. Foi então que cruzaram com o Circuito Sesc de Artes, que pousou na praça Padre Miguel, no centro.

Os dois são frequentadores do Sesc há muito tempo: José Cleyton estudou na zona sul da capital paulista e frequentou o Sesc Santo Amaro. A dupla também está, sempre que possível, presente no Sesc Itaquera, na outra ponta da metrópole, a leste, aproveitando a programação.

Mas foi no Circuito que eles resolveram tirar mais informações sobre a Credencial do Sesc – e quando se surpreenderam com a resposta afirmativa sobre a possibilidade de tornarem-se credenciados. Além da surpresa maior de cruzar com uma praça repleta de atividades, puderam efetivar as respectivas Credenciais Plenas, uma vez que o Sesc Sorocaba estava ali presente com a Central de Relacionamento Digital itinerante.

Após um papo sobre o que eles poderão usufruir – incluindo utilizar os equipamentos de hospedagem nas próximas férias –, a equipe finalizou o atendimento a tempo de assistirem ao espetáculo que se iniciava: Gigantes modernistas, com os seus conterrâneos da companhia Pia Fraus.

Felizes e com as credenciais em punho nos seus aplicativos Credencial Sesc SP, eles se despediram e se misturaram ao público.

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HISTÓRIAS SINGULARES
165 FOTO Thais Amendola

DALILA: NOSSOS

PARADIGMAS E AFETOS

MARIA IDALINA MEIRA, DE MONTE ALTO

Por Danilo Bramé

No meio de tantas pessoas, uma se destacou por estar cercada de muitas crianças, que nutriam por ela um carinho especial.

Fui falar com ela, que se apresentou: “Eu sou Dalila, professora de educação infantil na cidade de Monte Alto. Trabalho na creche há 20 anos”.

Mas esse não era o único motivo de estar tão íntima das crianças. “Eu só estou aqui com seis netos, um bisneto (porque tá faltando), meus filhos, todos, porque eu ando sempre com a família”, situa.

Dalila é o apelido de Maria Idalina Meira, de 58 anos. Ela fez questão de levar toda a família para se divertir juntos. Como uma boa educadora, escolheu a programação do Circuito Sesc de Artes para aproveitar a tarde de domingo. “É contando história, explicando, ensinando, dialogando que a gente vai deixar o melhor para nossos filhos: os nossos paradigmas. Tenho certeza de que no dia em que me for, a lembrança afetiva vai ficar na cabeça deles”, profetiza.

Dizendo-se admiradora do Circuito, pois já perdeu as contas de quantas vezes participou em outras edições, mesmo quando acontecia na praça central mais distante de sua casa, ela analisa: “Não é todo dia e nem todo mundo que tem acesso, e o Sesc traz isso para a gente. Acredito que precisa vir mais, para o povo ver que tem coisas mais diferentes na vida além de ficar o dia inteiro num celular.”

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SINGULARES
HISTÓRIAS
FOTO Danilo Bramé

HISTÓRIAS SINGULARES

Entendo perfeitamente o sentimento da professora Dalila, pois nasci em uma cidade com cerca de 10 mil habitantes, que assim como outras milhares pelo Brasil não possuem teatro, cinema, biblioteca ou qualquer equipamento público de acesso às artes e cultura, além da escola pública que é um direto de todo cidadão.

Lembro-me de alguns professores e professoras que, como a entrevistada, sempre lutaram por acesso à educação mesmo com pouca ajuda. Esses mestres e mestras ficarão para sempre na minha memória afetiva. Afinal, seus paradigmas me fizeram ser – ciente de que sou suspeito para afirmar isso – uma pessoa melhor e também defensor da educação e da cultura como instrumentos para transformar a sociedade.

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169 FOTO Renata Teixeira
FOTO Mirele Ribeiro

HISTÓRIAS SINGULARES

CORES ASTRAIS

GIOVANA ALVES MARTINS

E CLEBERSON ROSA DA SILVA MARTINS, DE MARÍLIA

Por Mirele Ribeiro

“No final tem pó colorido, vai ser incrível”, dizia a garota de mochila vermelha em gestos empolgados, jogando para o alto um pó (até então imaginário). A adolescente era só expectativa. Palavra essa que a conduzira desde quando soube pelas redes sociais do evento que aconteceria ali. E, assim, essa história começa antes dali.

Antes de a garota se emocionar vendo acrobacias e as intervenções teatrais. Antes de convencer o pai a um arrasta-pé. Antes da festa com o pó colorido... Antes mesmo da arte tomar conta da praça naquele dia, a estudante Giovana Alves Martins, de 16 anos, já estava lá, com sua mochila carregada de sonhos.

Acompanhada de duas amigas e do pai, o jardineiro Cleberson Rosa da Silva Martins, Giovana viajou por 40 minutos de ônibus, desde Padre Nóbrega, distrito de Marília. Chegou antes do horário inicial da jornada e esperou. Decidira comemorar ali, ao lado das amigas, o final da puxada semana de provas. E celebrou. Cantou, jogou, dançou... A garota vivenciou o mágico momento em câmera lenta, aproveitando cada parte, cada arte.

Na praça, Giovana era contagiada e contagiava, trazendo consigo o gosto pela arte aprendido em casa (verdadeira morada do início dessa história), justamente com o pai, um homem negro. “Essa geração precisa disso para respirar e crescer”, saúda Cleberson.

Com o sorriso estampado no rosto ainda pintado de neon, Giovana se despediu, levando na mochila memórias e expectativas quanto aos próximos encontros na estrada da vida.

171

HISTÓRIAS

UM PADRINHO DE CASAMENTO INUSITADO

CAROLINE MENEZES E FELIPE NIITSU DE LIMA, DA ILHA SOLTEIRA

Por Rodrigo Griggio e Talita Rustichelli

A analista de sistemas Caroline Menezes, de 22 anos, e o engenheiro agrônomo Felipe Niitsu de Lima, de 34, se apaixonaram há um ano e meio, na região de Cosmópolis, onde moravam. Mudaram-se para Ilha Solteira depois de um tempo, e lá atualmente dividem sonhos e um apartamento. Os planos de casamento já existem, mas para 2025. Por enquanto, além da vontade, têm o amor e uma playlist pronta.

Pois durante a programação do Circuito, algo inusitado aconteceu: fizeram ali mesmo, na Praça dos Paiaguás, o primeiro documento simbólico que declarava sua união.

Enquanto participavam das atividades, se dirigiram à tenda de atendimento do Sesc Birigui, montada no local, no intuito de se credenciarem àquela unidade. Ao se informarem, souberam que apenas Caroline poderia ser titular. Felipe, por sua vez, se credenciaria como dependente dela se tivessem, ao menos, uma declaração de união estável escrita de próprio punho.

E assim, a tenda se tornou cenário de um “casamento” e o Circuito Sesc de Artes foi “padrinho” do casal. “Viemos tomar um sorvete na praça ontem e vimos o banner do evento. Achamos interessante e viemos assistir. Muito diferente do que vimos até agora na cidade, mas jamais imaginamos que sairíamos daqui ‘casados’”, brinca Caroline.

“Foi a primeira vez que vimos uma edição do Circuito e gostamos muito. Muita gente da cidade veio, é muito gostoso”, completa Felipe. Quando acontecer o casamento oficial, terão uma boa lembrança pra contar.

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SINGULARES
FOTO Matheus José Maria

LISTA DE ARTISTAS

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ARTES VISUAIS E TECNOLOGIAS

ARTE NO QUINTAL (SP)

Insetos gigantes em madeira

CAÇAMBARIA (SP)

Criação de brinquedos de madeira

CENTRO DE CONVIVÊNCIA

INDÍGENA (SP)

Grafismos indígenas

COLETIVO EMERGIR (SP)

Gravura com carimbos artesanais

COLETIVO MALUNGO (SP)

Autorretrato e antirracismo

COLETIVO MANGUEZAL (SP)

Amuletos identitários

ESTÚDIO HACKER (SP)

Capture a bandeira

EVNA MORA E ATELIÊ NÔMADE (PA/SP)

Xilogravura e o grafismo indígena na fotografia

FIO DA MEADA (SP)

Bonecos de corda

GAME ARTE E MÁQUINA

TUDO (SP)

Dá jogo! Jogos digitais e analógicos

OFICINA DO DEDÉCO (SP)

Sonorilândia em sinopets

PROJETO DO PRESENTE (SP)

Boogie ilustra

RADAMÉS GÓIS (SP)

Biojoias de shapes de skates

SOBRADO AMARELO (BA/SP)

Cordel de geladeira

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CINEMA CIRCO

CINE 16 (SP)

Cine película

CINEMA

EM REALIDADE VIRTUAL:

Amazônia viva

Dir.: Estevão Ciavatta

CINEMA

EM REALIDADE VIRTUAL:

Gravidade

Dir.: Fabito Rychter e Amir Admoni

CIA. AMÁLGAMA (SP)

Área de circonvivência

CIA BEIRA SERRA (SP)

Circo da Cuesta

CIA CIRCO DELÍRIO (SP)

Móbile

Oficina – Parque do circo

CIA DELÁ PRAKÁ (RJ)

Maiador

CIBELE MATEUS E FAGNER

SARAIVA (MS/SP)

Brincadeiras de Mateus

ERICKSON ALMEIDA (SP)

Herolino, o faxineiro

EXÉRCITO CONTRA NADA (SP)

Caravana Zona Leste

PROJETO NUTAR (SP)

Nutar – Girando pelo fio do tempo

RAINHAS DO RADIADOR (SP)

Raiow rainhas

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DE ARTISTAS
LISTA

LITERATURA

ANÉLITA NÚÑEZ, JEFF NEFFERKTURU, GABRIELA NÚÑEZ (SC/SP)

Semeando histórias indígenas –Povo guarani

BADAIÁ (SP)

Livro, palavra livre

CIA BAMBUZAL DE HISTÓRIAS (BA/SP)

Jardim das palavras

CIA. CIRCO DE TRAPO (SP)

Pescaria de livros

CIA OYA Ô (SP)

Leituras de lá e de cá

CIA. VOLTA E MEIA (SP)

Pé de histórias

COLETIVO TEATRAL

TRUPE TRIO (SP)

Cabaças poéticas

DINDINHA FAZ POEMA (SP)

Ninhário: recanto para livros e pássaros

FIO DA MEADA (SP)

Biblioteca Pé da letra

GRUPO KARIRI-XOCÓ (AL/SE)

Brincando com os Kariri-Xocó

HISTÓRIAS DA NANA (SP)

Bikeoteca

MOVIMENTO VEM BRINCAR (SP)

Mundo jardim: conto de todos os cantos

177

MÚSICA

COLETIVO TOCAYA (SP)

COLETIVO TUTU (SP)

DJ Shareid

CORNUCÓPIA DESVAIRADA (SP)

DJ BIA SANKOFA (SP)

DJ FLÁVIA SANTOS (SP)

Discotecagem Mulheres do Brasil

DJ JEFFERSON SCRATCHJ (SP)

DJ NANNE BONNY (SP)

DJ NICÃO DA BPS (SP)

DJ SIMONÍSSIMA (SP)

DJ TATI LASER (SP)

DJS ALLIBLACK

E EMILY SOUZA (MS/SP)

DJS EL GATO NEGRO E MUSICULTURA (SP) Kombossa e Beats

IVISSON CARDOSO (BA)

DJ Meu Caro Vinho

JANAYNA PEREIRA E BANDA (SP)

MARINA PERALTA (MS)

Rewind Tour

PASTORAS DO ROSÁRIO (SP)

RICARDO VIGNINI E ZÉ HELDER (MG/SP)

Moda de rock

SAMBA DE DANDARA COM AYÔ TUPINAMBÁ

E RAQUEL TOBIAS (SP)

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LISTA DE ARTISTAS

TEATRO DANÇA

BATAKERÊ (SP)

Girança

CAPOEIRA PARA TODES (BA/SP)

BALLET STAGIUM (SP)

Cordas do coração

FLOR DE AROEIRA (SP)

Tambor de crioula

GRUPO VÃO (SP)

No hay banda é tudo playback

MARIA EUGENIA TITA (SP)

Cabeção pelo mundo

THAT SWING

DANCE COMPANY (SP)

Lindy hop: um jazz para dançar

CIA. MEVITEVENDO (SP)

Circo secreto

CIA NAVEGA JANGADA (SP)

Os quatro cantos de Elpídio

CIA TEMPO DE BRINCAR (SP)

Coisas de Saci

COSMIC DANCE BRASIL (SP)

Festa das flores

GRUPO FORA DO SÉRIO (SP)

O rastro do meu passo

PIA FRAUS (SP)

Gigantes modernistas

TEATRO DE CAIXEIROS (SP)

Teatro lambe-lambe

TERREIRO ENCANTADO (SP)

O auto do negrinho

179

AGRADECIMENTOS

Sindicato das Agências de Viagens e Representações Turísticas de Ribeirão Preto e Região

Sindicato das Instituições Beneficentes, Filantrópicas e Religiosas de Ribeirão Preto

Sindicato de Turismo e Hospitalidade de Ribeirão Preto

Sindicato do Comércio Varejista da Baixada Santista e Vale do Ribeira

Sindicato do Comércio Varejista da Região de São João da Boa Vista

Sindicato do Comércio Varejista de Andradina

Sindicato do Comércio Varejista de Araçatuba

Sindicato do Comércio Varejista de Araraquara

Sindicato do Comércio Varejista de Assis

Sindicato do Comércio Varejista de Atibaia

Sindicato do Comércio Varejista de Barretos

Sindicato do Comércio Varejista de Bauru e Região

Sindicato do Comércio Varejista de Bebedouro

Sindicato do Comércio Varejista de Bens, Serviços e Turismo do Município de Mogi Mirim

Sindicato do Comércio Varejista de Birigui

Sindicato do Comércio Varejista de Botucatu

Sindicato do Comércio Varejista de Bragança Paulista

Sindicato do Comércio Varejista de Campinas e Região

Sindicato do Comércio Varejista de Catanduva

Sindicato do Comércio Varejista de Cruzeiro

Sindicato do Comércio Varejista de Feirantes de Santo André, São Bernardo do Campo, Diadema, Mauá e Ribeirão Pires

Sindicato do Comércio Varejista de Feirantes e Vendedores Ambulantes de Campinas

Sindicato do Comércio Varejista de Feirantes e Vendedores Ambulantes de Jundiaí

Sindicato do Comércio Varejista de Feirantes e Vendedores Ambulantes de Ribeirão Preto

Sindicato do Comércio Varejista de Fernandópolis

Sindicato do Comércio Varejista de Franca

Sindicato do Comércio Varejista de Guaratinguetá

Sindicato do Comércio Varejista de Guarulhos

Sindicato do Comércio Varejista de Itapetininga e Região

Sindicato do Comércio Varejista de Itapeva

Sindicato do Comércio Varejista de Itapira

Sindicato do Comércio Varejista de Itararé e Região

Sindicato do Comércio Varejista de Jaboticabal

Sindicato do Comércio Varejista de Jales

Sindicato do Comércio Varejista de Jaú

Sindicato do Comércio Varejista de Jundiaí e Região

Sindicato do Comércio Varejista de Limeira

Sindicato do Comércio Varejista de Lins

Sindicato do Comércio Varejista de Lorena

Sindicato do Comércio Varejista de Lucélia

Sindicato do Comércio Varejista de Marília

Sindicato do Comércio Varejista de Matão

Sindicato do Comércio Varejista de Mirassol

Sindicato do Comércio Varejista de Mogi das Cruzes e Região do Alto Tietê

Sindicato do Comércio Varejista de Mogi Guaçu

Sindicato do Comércio Varejista de Osasco e Região

Sindicato do Comércio Varejista de Osvaldo Cruz

Sindicato do Comércio Varejista de Ourinhos

Sindicato do Comércio Varejista de Palmital

Sindicato do Comércio Varejista de Penápolis

Sindicato do Comércio Varejista de Pindamonhangaba

Sindicato do Comércio Varejista de Piracicaba

Sindicato do Comércio Varejista de Pirassununga

Sindicato do Comércio Varejista de Presidente Prudente

Sindicato do Comércio Varejista de Ribeirão Preto

Sindicato do Comércio Varejista de Santa Fé do Sul

Sindicato do Comércio Varejista de São Carlos

Sindicato do Comércio

Varejista de São José do Rio Preto

Sindicato do Comércio Varejista de São José dos Campos

Sindicato do Comércio

Varejista de São Roque e Região

Sindicato do Comércio

Varejista de Sertãozinho

Sindicato do Comércio

Varejista de Sorocaba

Sindicato do Comércio Varejista de Taubaté

Sindicato do Comércio Varejista de Tupã

Sindicato do Comércio

Varejista de Votuporanga

Sindicato do Comércio Varejista do ABC

Sindicato do Comércio

Varejista do Município de Ituverava

Sindicato do Comércio Varejista do Município de Jacareí

Sindicato do Comércio

Varejista do Município de Novo Horizonte

Sindicato do Comércio

Varejista do Município de São José do Rio Pardo

Sindicato do Comércio

Varejista dos Feirantes e Vendedores Ambulantes de São José do Rio Preto

Sindicato do Comércio

Varejista e Lojista de Itu e Região

Sindicato do Comércio

Varejista e Lojista de Rio Claro

Sindicato dos Lojistas do Comércio de Campinas e Região

Sindicato dos Lojistas e do Comércio Varejista de Americana, Nova Odessa e Santa Bárbara D' Oeste

Sindicato Patronal do Comércio Varejista do Pontal do Paranapanema e Alta Paulista

180

CONSELHO REGIONAL DO SESC EM SÃO PAULO

PRESIDENTE DO CONSELHO REGIONAL

Abram Szajman

MEMBROS EFETIVOS

Arnaldo Odlevati Junior, Benedito Toso de Arruda, Dan Guinsburg, Jair Francisco Mafra, José de Sousa Lima, José Maria de Faria, José Roberto Pena, Manuel Henrique

Farias Ramos, Marcus Alves de Mello, Milton Zamora, Paulo Cesar Garcia Lopes, Paulo João de Oliveira Alonso, Paulo Roberto Gullo, Rafik Hussein Saab, Reinaldo Pedro Correa, Rosana Aparecida da Silva, Valterli Martinez, Vanderlei Barbosa dos Santos

MEMBROS SUPLENTES

Aguinaldo Rodrigues da Silva, Antonio Cozzi Junior, Antonio Di Girolamo, Antonio Geraldo Giannini, Célio Simões Cerri, Cláudio Barnabé Cajado, Costabile Matarazzo Junior, Edison

Severo Maltoni, Marco Antonio Melchior, Omar Abdul Assaf, Sérgio Vanderlei da Silva, Vilter Croqui Marcondes, Vitor Fernandes, William Pedro Luz

DIRETOR DO DEPARTAMENTO REGIONAL Luiz Deoclecio Massaro Galina

REPRESENTANTES JUNTO AO CONSELHO NACIONAL

MEMBROS EFETIVOS

Abram Szajman, Ivo Dall’Acqua Júnior, Rubens Torres Medrano

MEMBROS SUPLENTES

Álvaro Luiz Bruzadin Furtado, Marcelo Braga, Vicente Amato Sobrinho

181

SESC – SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO

Administração Regional no Estado de São Paulo

PRESIDENTE DO CONSELHO REGIONAL

Abram Szajman

DIRETOR DO DEPARTAMENTO REGIONAL

Luiz Deoclecio Massaro Galina

SUPERINTENDENTES

Comunicação Social

Aurea Leszczynski Vieira Goncalves

Técnico-Social

Rosana Paulo da Cunha

Administração

Jackson de Andrade Matos

Assessoria Técnica e de Planejamento

Marta Raquel Colabone

GERENTES

Artes Gráficas Rogério Ianelli Difusão e Promoção Ligia Moreira Moreli

Atendimento e Relacionamento com Públicos Ricardo Gentil de Oliveira

Centro de Produção Audiovisual Wagner Palazzi Perez Desenvolvimento de Produtos Évelim Moraes Sesc Digital Fernando Amodeo Tuacek

Ação Cultural Érika Mourão Trindade Dutra Artes Visuais e Tecnologia

Juliana Braga de Mattos Alimentação e Segurança Alimentar Mariana Meirelles

Ruocco Estudos e Desenvolvimento João Paulo Leite Guadanucci Conformidade

Institucional Raquel Claro Vargas Contratação e Logística Marcia da Silva Mitter

Licitações Paulo Cesar dos Santos Patrimônio e Serviços Adriana Mathias

GERENTES DAS UNIDADES DO SESC

Araraquara Rafael Barcot Tintor Bauru Renata Salvador Bertioga

Marcos Roberto Laurenti Birigui Camila Machado Campinas

Hideki M. Yoshimoto Catanduva Marcos Roberto Martins

Centro de Pesquisa e Formação Andrea de Araujo Nogueira Guarulhos

Oswaldo de Almeida Junior Jundiaí Wagner Dini de Castro Mogi das

Cruzes Denise Mariano da Silva Osasco Ana Paula Malteze Piracicaba

Fábio José Rodrigues Lopes Registro Debora Teixeira RibeirãoPreto

Mauro Cesar Jensen Rio Preto Thiago Aguiar Freire Silva Santo André

Cristiane FerrariSantos Santos Simone Engbruch Avancini Silva São

Caetano Denise Lacroix Rosenkjar São Carlos Vilma Aparecida de Marchi

São José dos Campos Claudia Maria da Silva Righetti Sorocaba

Nilva Luz Taubaté Daniela Savastano Thermas de Presidente Prudente

Fabiola Gaspar das Dores

182

Equipe

Andreia Kanai, Alberto Seiji Fukasawa, Alex Dias, Alexandra Linda Herbst

Matos, Aline Ribenboim, Ana Flavia Miranda,Ana Paula Ambrosio, Ana

Paula Vasconcellos, André Queiroz, André Romani, Antonio Carlos Bucater

Bitram, Bárbara Iara Hugo, Barbara André, Camila Amaral Tavares, Camila

Casseano, Camilo Riani Costa Cazonatto, Carolina Vidal, Cesar Albornoz, Chiara Peixe, Daniela Monte Rosa, Danilo Bertasso Branzan, Danilo Bramé, Danilo Praxedes Barboza, Danny Abensur, Davison Alvares, Debora Cravo, Denise Fonseca, Edmar Junior, Elaine Cristina Barbano, Enio Rodrigo

Barbosa Silva, Erica Martins Dias, Estevão Denis Silveira, Fabiana Guerra, Fabiano Bragantini Mastrodi, Fabio Mattos, Fabíola Larissa Tavares Milan, Fernanda Fontana Sampaio, Fernanda Gustavo Silvestre, Fernando Antonio Baptista Machado, Fernando Viana, Flavia Reis Nocetti, Gabriela Amorim, Gabriela Navarro, Giuliano Martins, Guilherme Machado, Helena Maria Alves Bartolomeu, Henrique Barcelos, Henrique Rubin,Jane Sucena, Jefferson Santanielo, José Gonçalves Júnior, Jefferson Valentin Bittencourt Alves, João Roberto Vicentini, Juliana Neves, Juliana Okuda Campaneli, Juliana Ramos, Karina Camargo Leal, Katia Pensa Barelli,Kelly Teixeira, Leandro Nunes, Leonardo Borges, Leonardo Douglas Nicoletti, Lerisson Christiam Nascimento, Livia Badur, Lizandra Magalhães, Lucas Molina,Luciane Pierin,Luciano Quirino, Luiz Fernando Figueiredo, Luiz Fernando Silva, Maila Alves, Maitê Lacerda, Mara Rita Oriolo, Márcio Donisete, Marcos Tadeu Camargo da Silva, Margarete Micheletti, Maria Denise Ferreira Leite, Mariana Krauss, Mariana Lins Prado, Marina Villar, Mário Sérgio Barroso, Mauricio

Nero,Melina Marson, Mirele Ribeiro, Naiara Candido Sacilotto, Natalia da Silva Martins, Natália Lemes Araujo, Natalie Ferraz Kaminski, Pedro Alberto Ribeiro Pinto, Rafaela Ometto Berto, Raquel Mussolin Fonseca, Regiane Galante, Renata Mesquita, Renato Oliani, Roberta Santos Assef, Roberto Maty, Rodrigo Gerace, Rodrigo Griggio, Ruan Conceição, Sabrina Tenguan, Sidnei Martins, Silvia Eri Hirao, Silvio Basilio, Suellyn Ortiz Camargo, Susana Souza, Talita Rustichelli, Tamara Demuner, Thais Amendola, Thaís Emília

Teixeira Marques, Thaís Heinisch de Carvalho e Silva, Thais Rodrigues Silvério, Thamires Motta, Thomas Castro, Tiago Marchesano, Valéria Taveiros, Vanessa Helena e Vitor Penteado Franciscon.

Coordenação-editorial

Valmir Santos

Revisão

Samantha Arana

Identidade Visual e Projeto Gráfico

Regular Switch

Agradecimentos pelo apoio e parceria

Sindicatos de Comércio, Serviços e Turismo, Prefeituras Municipais, Secretarias e Diretorias de Cultura

183

C4962

Circuito Sesc de Artes 2023: arte na rua para todas as pessoas / Serviço Social do Comércio. Administração Regional no Estado de São Paulo. – São Paulo: Sesc São Paulo, 2024. – 171 p.: il.

ISBN: 978-65-89239-43-7

1. Artes. 2. Circuito. 3. Sesc. 4. Circuito Sesc de Artes. 5. Democracia cultural. 6. Espaços públicos. 7. Arte na rua. Título. II. Serviço Social do Comércio. III. Catálogo. IV. 2023.

CDD 701.1

papel Alta Alvura 90g/m fontes Inter e ABC MAXI PLUS tiragem 2.350 março de 2024

184

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