Sesc Interlagos Av. Manuel Alves Soares, 1100 CEP 04821-270 | São Paulo/SP TEL.: +55 11 5662 9500 email@interlagos.sescsp.org.br sescsp.org.br
/sescinterlagos #TudoéSemente #RubensMatuck
TUDO É SEMENTE
*** Curadoria Rosely Nakagawa
TUDO É SEMENTE Uma viagem pelo Museu de Arte Interplanetária de Rubens Matuck
*** Visitação a partir de 26 de abril de 2015 Quarta a Sexta, das 10h às 16h30 Sábado, domingo e feriados, das 10h às 17h
GESTOS DE CULTIVO Sesc São Paulo
* O ato de semear é inerente à sobrevivência humana. Tal ação pode transformar lugares inóspitos em territórios de possíveis colheitas, descortinando outras realidades e perspectivas. Ao semear, inicia-se, portanto, potenciais mudanças no presente, vislumbrando prováveis conquistas em tempos vindouros. Num gesto de plantio e cultivo, coleta e distribuição, Rubens Matuck apresenta parte de um processo contínuo, nutrido por mais de quarenta anos de trabalho. Numa trajetória em constante construção, o artista assume distintos papéis, sendo também um coletor, colecionador, pesquisador, viajante, semeador de diferentes técnicas e linguagens, de histórias e conhecimentos. A concepção de sua obra, tal qual uma trama de fios sinuosos, espelha o ofício do artesão costurando sua história de vida à produção dos desenhos, pinturas, aquarelas, esculturas, caixas e caixotes, para organizar um arcabouço de memórias e objetos de arte. Em suas viagens, por diferentes regiões, busca preciosidades distantes em culturas e tradições remotas. Sementes de reminiscências que germinam em forma de expressão artística, que decantam sabedoria e aprendizado. Para acolher o ambiente que move seu imaginário, a exposição Tudo é Semente, recria a atmosfera do ateliê de Rubens Matuck, compartilhando, além das obras, seu processo de criação, desenhando um espaço receptivo às novas percepções, às indagações e às possíveis travessias entre o fazer artístico e a contemplação. O Sesc, ao abrigar tal proposta, dissemina rastros de uma inventividade aflorada da curiosidade pela origem das coisas, semeia descobertas e renova olhares sobre os rumos das artes visuais, para vislumbrar outros horizontes a partir de novas sementes.
7
TUDO É SEMENTE Rosely Nakagawa Curadora
* A origem das coisas é o principal impulso na busca incessante do artista Rubens Matuck. Para ele, além de conhecer e sentir uma obra de arte é preciso saber mais do autor, de sua origem e cultura, suas dúvidas e inquietações. Para desenhar as letras de um título, por exemplo, se lançou em busca da origem da escrita nas pinturas rupestres da África. Para trabalhar com aquarela e tinta a óleo, estudou os pigmentos e seus elementos de composição. Quando escolheu usar papel feito à mão, estudou o processo in loco: do trapo de linho (papéis ocidentais) às fibras de kozo (papéis orientais). A madeira entrou em seu ateliê através das ferramentas de antigos artesãos e oficiais marceneiros e de arte popular, passando pelo antigo interesse pelas árvores nativas e sua preservação. Para isso, as sementes foram amplamente pesquisadas em sua forma e território de disseminação. O artista plástico Rubens Matuck tem a “semente” como atitude e base conceitual de sua produção. Seu processo de trabalho se desenvolve em seu ateliê num ambiente que abriga espaço para pintura com cavalete, mesa de aquarela, oficina de modelagem e marcenaria, oficina de gravura, um viveiro de plantas cultivadas a partir de sementes colhidas de árvores observadas em suas caminhadas e viagens, além de aulas permanentes a todos os interessados, que podem permanecer por algumas horas ou alguns semestres.
Quando está quase dormindo, pensa em juntar tudo isso: a chuva e a coruja, o passarinho e a pedra, a árvore e a janela, a aranha e o sítio. O desenho para ele é o registro desta observação de formas, encontradas ao longo do dia e vividas nos sonhos quando chega a noite. Observar, mais do que curiosidade, é uma atividade constante. Com o lápis de cor e a aquarela ele busca luzes e transparências em janelas, copos, Saturno, cometas e especialmente nos personagens de sua história, Mogadom e Euphrates. Essa história foi o começo do seu trabalho como artista. Aprendeu a desenhar as letras para fazer seus títulos e legendas; acompanhou a transformação das lagartas, o voo das sementes. Fez aquarelas de flores se abrindo, raízes crescendo. Para construir Damar (o lugar onde vivem os personagens), fez maquetes de suas casas, da nave que os transporta, pesquisou fogos de artifício. Sua escultura é esse mergulho na forma e no movimento de transformação do corpo e do espaço. Nesse espaço visitou outro planeta, levando outros artistas que vivem dentro dele, criando o Museu de Arte Interplanetária. Nas viagens pelo Brasil e para alguns lugares do mundo, leva sempre seus cadernos de viagem, em que registra paisagens, com seus rios e montanhas. Encontra amigos, respeito, amizade e cordialidade, ampliando o horizonte dos seus sonhos de infância. Seja bem-vindo e aproveite para encontrar no percurso de visitação o encantamento que alimenta a vida e o trabalho do artista.
O artista gosta de desenhar desde criança. Quando está acordado, observa a chuva na janela, as árvores de um sítio, as pedras da calçada. Na infância chegou a ter em casa, por um tempo, uma coruja e uma caixa de aranhas de estimação. Hoje coleciona sementes e conchas, cria mudas de árvore para plantar nas ruas e praças públicas.
8
9
* O Universo de Mogadom e Euphrates existe desde a década de 1960. Começou como tiras em quadrinhos. Mais adiante, a maturidade pessoal de Rubens Matuck exerceu influência sobre a maturidade de Mogadom, transformando-o em personagem e protagonista de seu próprio universo.
AS AVENTURAS DE EUPHRATES E MOGADOM
* Os personagens Mogadom e Euphrates representam seus primeiros desenhos. Filho do médico Nacib, Rubens convivia com propagandas coloridas impressas de medicamentos, comuns em sua casa, assim como coleções de figurinhas, decalcomanias e histórias em quadrinhos e livros ilustrados. Os móveis de sua avó materna, presente de sua mãe Esther para o seu primeiro ateliê, abrigam os sonhos encontrados nos nichos do mundo adulto. Essa forma de sonho se perpetua em todo seu trabalho até hoje, como certificam os documentos da Ordem do Perpétuo Encantamento (OPE).
10
Relacionados ao cinema, aos quadrinhos e ao mundo de monstros e seres imaginários, os primeiros desenhos de Rubens, de 1967, possuem uma qualidade espontânea em sua construção. A princípio, eram em branco e preto. O contato do artista com o mundo dos anúncios de publicidade (de amostras grátis recebidas por seu pai médico) o levou à utilização de giz de cera e cores fortes, vibrantes. O encontro com Rosely, que se tornou sua esposa e mãe de suas duas filhas, transformou sua vida e o levou a se devotar inteiramente aos desenhos coloridos.
*** José M. Neisten texto para a exposição “As Aventuras de Euphrates e Mogadom, Duas séries de desenhos de Rubens Matuck” no IBEUA, Washington DC, EUA, 2004
11
*
MUSEU DE ARTE INTERPLANETÁRIA
* Criado em parceria com o astrofísico Walmir Thomazi Cardoso, o Museu de Arte Interplanetária é um dos seus trabalhos mais completos, reunindo diversas expressões em um tom que ironiza o mundo da arte tradicional ao criar sete diferentes tendências e formas de expressão que assinam as obras do próprio artista.
12
Um sonho alimentou sempre os artistas e os cientistas das expedições naturalistas: o sonho de desvendar de uma vez por todas os meandros do desconhecido, trazendo-o já iluminado ao corpo ordenado do saber humano. Até o momento em que homem e natureza fossem indissoluvelmente e para sempre unidos pelo conhecimento, vale dizer, pelas algemas apropriadoras denominadas conhecimento. A natureza, definitivamente ordenada pelo homem, passaria a constituir sua gesamtkunstwerk (obra de arte total). O trabalho agora exposto, criação de Matuck e Thomazi, se propõe, com sua diversidade e abrangência – livro, curadoria, exposições de diferentes obras de diversos artistas, cientistas preservacionistas e naturalistas, maquetes de arquitetura astronáutica –, como uma metaficção, um comentário ao mesmo tempo ácido e bem-humorado dos processos de apropriação da dualidade da ficção científica e da ciência.
*** Norval Baitello Júnior “A Arte Científica e a Ciência Artística – O Museu de Arte Interplanetária”, texto para o catálogo da exposição “Urupin, Museu de Arte Interplanetária”, Masp, 1994
13
*
AQUARELA
* Uma das técnicas desenvolvidas no aprendizado com Samson Flexor na década de 1960 foi se aprimorando com o conhecimento desenvolvido na convivência com Aldemir Martins e Renina Katz. Tornou-se uma técnica de pintura plena, com a revelação da pintura chinesa da dinastia Tang e do século XVIII, com a obra de Shi Tao. A aquarela sobre papel tem sido ainda frequentemente usada nos cadernos de viagem e nos originais para livros infantojuvenis. Ultimamente o artista tem usado a aquarela diretamente sobre painéis de madeira de lei, criando sobre elas uma película de cores.
14
As possibilidades de uso da aquarela em diferentes superfícies – madeira e madeira preparada com bolo armênio, papel ou linho – são um aspecto fundamental da produção do artista, incansável pesquisador das características dos materiais. Para as obras, Matuck procurou madeiras em marcenarias e caçambas de lixo pela cidade. Achou jacarandá-da-bahia, carvalho brasileiro e itaúba, entre outras. Os papéis, feitos de arroz, vieram da China, do Japão, da Itália. Os de banana, da cidade paulista São Bento do Sapucaí. E nessa fusão reside boa parte da força e consistência do trabalho. Do oriente, por exemplo, Matuck traz os papéis de arroz e os pincéis, além da influência clara das escolas artísticas que ao longo dos séculos utilizaram a aquarela. Já o gosto pelas madeiras brasileiras dialoga com o fascínio pela natureza – tema forte de seus trabalhos – e pela rica produção dos índios Caiapó e Kadiwéu. Em suas palavras: “Minha arte tem influência da pintura de corpo indígena, mas mistura com Paul Klee, os chineses etc. No Brasil, só se faz referência à Europa, ninguém fala dos índios, o que considero trágico.”
*** Marcos Grinspum Ferraz artigo publicado na revista Brasileiros para exposição individual no espaço Ateliê Bricoleur, Dezembro 2013
15
* Estes trabalhos são elaborados com óleo sobre painéis de madeira (a maioria), alguns sobre tela de linho e, também, nanquim sobre painel de madeira. Eles exigiram uma complexa preparação dos suportes (os pedaços de madeira), que foram colados para compor cada painel com forma e tamanho próprios. Eles resultam de sobreposições: seis mãos de gesso (com secagens de horas ou dias) e seis mãos de “bolo armênio”. Sem esquecer as sucessivas camadas de óleo transparente, somando-se o branco ou não. Inicialmente, as raspagens dos painéis são “conduzidas” pelas ranhuras e peles do suporte de madeira. Depois, raspar e sobrepor gera uma dinâmica que é um misto de extroversão com reflexão madura... PINTURA
* Aos 16 anos, Rubens Matuck frequentou as aulas de Samson Flexor (onde conviveu com artistas significativos como Paul Signac, Matisse e André Lothe antes de vir ao Brasil), que lhe transmitiu, com toda experiência e generosidade, a importância da composição na pintura ocidental. A visão dos originais das obras de alguns pintores tradicionais como Rembrandt, Ticiano e os flamengos, o levaram à pesquisa mais profunda da técnica de pintura. Isso teve início na década de 1970, com o artista plástico Otávio Araújo e Jorge Mori, com os quais desenvolveu a preparação de tinta com adição de óleos resinosos, incrementando a transparência, elemento fundamental em sua obra. Nas pinturas mais recentes a tela dá lugar ao painel preparado com gesso, argila (bolo armênio) e folhas de ouro ou prata, desenvolvidos em parceria com Maristela Pappalardo.
16
A base de “bolo armênio” permite que surjam aquelas belíssimas nuanças de marrom difíceis de explicar (barro levemente molhado). Tal procedimento é oriundo do Mediterrâneo antigo e foi codificado em Bizâncio (ca. 1.000 anos): a matéria-prima é uma argila especial que serve para segurar folhas de ouro, provocando efeitos específicos e cambiantes. Seus formatos variam, de pequenos a medianos: o impacto que causam é sempre forte. Primeiro, ocorre certo estranhamento. Logo em seguida, somos transportados para espaços oníricos, com aquela sensação meio indefinível de “sonho agradável”, o perfeito contrário dos pesadelos...
*** Nilson Moulin trecho do texto “Artes do Sugerir” para o livro “Maria e Miguel”, Rubens Matuck, Edições da Pulga, 2008
17
*
GRAVURA
*
O artista adotou as técnicas diretas de incisão no metal, usando os instrumentos de corte, como o buril e a ponta-seca. Seus traços livres prolongam a atitude do desenho, criando sulcos tensos no cobre macio. Para o berceaux (capaz de semear a placa de metal com infinitos pontos) o artista destina outro objetivo: o de criar uma superfície totalmente negra e nela introduzir a luz. A maneira negra o toma como um desafio próximo da aquarela na busca do branco, mas aqui ele explora o inverso, a sobreposição de cor e luz a partir das sombras.
***
As primeiras experiências de gravura em metal foram iniciadas com Marcelo Grassmann e Evandro Jardim. Com Renina Katz, realizou algumas gravuras em madeira, fundamental para o desenvolvimento de sua gráfica e as edições de autor, a “Edições João Pereira”, fundada em 1979 em homenagem ao próprio. Na tipografia e nas artes gráficas teve também a importante contribuição de Diana Mindlin, com quem conheceu os melhores designers de letras.
“Maneira Negra”, texto para exposição de gravuras na Graphias, Casa da Gravura, 2011
18
19
Rosely Nakagawa
* Sobre os desenhos
DESENHO
* O desenho aparece em seus primeiros cadernos, ou melhor, até antes deles, em folhas de caderno de escola, guardadas cuidadosamente por sua mãe. Desde sempre o lápis de cor e o papel estiveram literalmente em todos os momentos de sua vida. Com Luiz Trimano, aprendeu que eles poderiam ser acompanhados de certa ironia, ilustrando matérias culturais ou políticas nos jornais e revistas, de 1960 a 1990. Com Aldemir Martins, conheceu o desenho e o Brasil. Foi o suficiente para apontar o lápis e as canetas para outras direções. Seu desenho parece já estar incrustrado no papel. A ponta do lápis ou da caneta apenas retira a linha fina que cobre um mundo naturalmente saído de sua imaginação ou criado pela observação atenta a movimentos, cores, formas da natureza, do mundo real ou, melhor ainda, de um mundo que lhe é próprio.
20
Você sabe de onde vem o sentido da palavra estilo? Há uma definição feita pela sociedade. Estilo Renascença, por exemplo. É uma coleção de regras que todos aceitam e que, saindo delas, você sai do estilo. Outra definição está na noção de estilo do indivíduo. O estilo tirado do estilete que em latim stilo é o nome de um utensílio com duas extremidades: uma pontiaguda (para traçar sobre tábuas enceradas) e outra plana, chata (para apagar). Quando os antigos escreviam e não gostavam do texto, usavam uma extremidade para apagar e corrigir, depurando e modificando o texto. Você pesquisa o estilete de prata e o papel adequado para fazer o desenho. Nesse processo, surge para mim algo que suscita um respeito imenso, o respeito aos meios. A necessidade do domínio dos meios. Se você vai fazer um desenho, uma figura humana, é capaz de querer saber qual é o estilete que vai lhe dar o estilo do desenho. Estilo não no sentido de regra geral para a sociedade, mas estilo no sentido italiano de maneira – feito pela mão do mestre...
*** Trechos de conversa gravada com Flávio Motta em sua casa em Perdizes, sobre o trabalho de Rubens Matuck em São Paulo, para a apresentação do catálogo da mostra individual do artista na Galeria São Paulo, 30 de abril de 1987
21
* (Rubens Matuck)... Pesquisa e coleciona ferramentas como coleciona pincéis de todo o mundo, descobrindo que a ferramenta, como o pincel, é parte do corpo e da mente do artista. O artista pensa com suas ferramentas e com seus materiais. A madeira levou o artista a incursões pelas matas brasileiras, em um trabalho de naturalista, buscando estudar os ritmos das árvores, suas transformações e a dança de seu tempo, suas flores, suas sementes.
ESCULTURA
* Escultura e ferramentas; mais do que uma relação de instrumento para conseguir a forma, as ferramentas para esculpir são entes ligados intrinsecamente e, ao que parece, foram criados um pelo outro. Seu Tio Jorge tem uma importância destacada nesta descoberta dos instrumentos, herdados de seu avô Miguel, oficial marceneiro de Aparecida do Norte. Essa descoberta, que foi desenvolvida ainda com os mestres do laboratório de Modelos e Ensaios da FAU/USP, Sr. Leopoldo e Sr. Cláudio, onde estudou arquitetura, o levou à pesquisa das árvores e madeiras de lei, chegando à semente, fechando um ciclo, abrindo um novo universo de buscas na natureza. Durante um período importante de sua formação artística, buscou compreender a forma da própria ferramenta no uso do marceneiro, como o cabo do martelo, do formão, da plaina. Colecionou, assim, diversos instrumentos de trabalho coletados pelo Brasil, conhecendo as madeiras e as árvores nativas, de lei, construindo com elas suas esculturas e pensamentos. 22
Nas sementes descobriu o segredo maior: suas formas incríveis, seus movimentos, seus truques e suas estratégias para serem bemsucedidas na luta pelas condições ideais de germinação. Aí começa a se desenvolver a fase das sementes de um artista que já demonstrou sua fertilidade artística em muitos gêneros: desenho, gravura, tela, caligrafia, quadrinhos, marcenaria. Da frase de Novalis “Tudo é semente”, nascem os mundos-semente de Rubens Matuck. Uma semente é um projeto de grande poder de síntese, uma síntese de tempo futuro. Por isso uma semente possui suas estratégias presentes. Sem suas refinadas estratégias não se faz o futuro. Assim, a semente planeja e cria o pássaro que a conduz à terra para que germine. Uma semente inventa o vento que lhe permite voar para longe. Uma semente desenha a paisagem na qual germinará. E uma semente sonha e cria o olhar que a enxerga no meio de tantas sementes.
*** Norval Baitello Júnior “Semente” texto extraído do livro “Homem, Natureza, Tecnologia”, ICBRA, Berlim, Alemanha, 2000
23
* O saber adquirido através da parceria e cumplicidade sempre foi fundamental para Rubens Matuck. Seu processo de criação envolve a troca de saberes, tradições, ferramentas, papéis, pincéis, técnicas, livros, sementes, mudas de árvore, cafezinhos, viagens, conversas ao pé do fogo, caminhadas mata adentro, trabalhos na marcenaria, preparações de tela, construção de um fogão à lenha...
IRMÃOS DE CRIAÇÃO
* Os artistas começaram a usar modelos-vivos na pintura desde a Grécia antiga, como referência de proporção, equilíbrio e composição. Baseado na forma do modelo, o artista incorpora o movimento, estuda a luz, a tridimensionalidade e a representa em desenhos, esculturas e pinturas. Lela, no ateliê do Rubens, não tinha apenas esse papel. Ela foi muitas vezes assistente, coordenadora de cursos para alunos especiais em aulas de escultura e cerâmica, conselheira e parceira. Sua cultura mineira introduziu o ritual do cafezinho coado na mariquita de ferro feita à mão, do bolo de macaxeira, do pão de queijo. A sabedoria africana mostrou o poder da superação, da inovação e da amizade sincera e abnegada. Viva Lela, nossa grande irmã de criação!
24
Nesta trajetória de 50 anos de trabalho, uma justa homenagem a alguns artistas que se tornaram parceiros permanentes de suas realizações, que estão representados nestas caixasesculturas, verdadeiros gabinetes de curiosidades. Além desses homenageados, Rubens agradece especialmente a Tio Jorge, Aldemir Martins, Ricardo Sanzi, Fabio Lima Freire, Mário Cordeiro, Carlos Matuck, Sergio de Moraes, João Paulo Capobianco, Luise Weiss e Feres Khoury, Leonardo Crescenti, Dra. Walquiria Pinto e aos amigos de sempre: Lela Severino, eterna modelo; Antonio Carlos Kfoury; Sr. Chico Iwao, que além de preparar o chá verde, traduziu poesias japonesas; Sonia e Antonio José Pastina; Carlos Augusto e Sonia Abdo; Carlos Moreira e Regina Martins; Edival Barbosa da Silva, que sempre esteve presente desde o ateliê da Rodésia, em 1980; Gabriela Teixeira, Gui Maranhão, Ion de Freitas, Luiz Braga, Marcos Issa, Penna Prearo, Rodrigo Siqueira e Pedro Lobo, fotógrafos e frequentadores assíduos do ateliê;; senhor Hugo Scigliano, mestre marceneiro; José Antonio Van Acker e Israel Kislansky, com quem desenvolveu a escultura; Lineu Bravo, o luthier; Maristela Pappalardo, com quem aprendeu a usar a folha de ouro; Manoel Beato e Michel Thenard; Walmir Thomazi Cardoso, seu parceiro astrônomo no Museu de Arte Interplanetária; Sr. Zezinho Souza e Silva, que construiu o fogão à lenha do ateliê; Joel e Azael, irmãos tapeceiros da Rua Aimberê, todos fiéis companheiros na construção de seu trabalho.
***
25
* Sobre os cadernos de viagem Olhar esses cadernos, essas formas, esses peixes embaixo d’água, a vida assim tão movediça, provoca em nós, que temos uma formação urbana, um fascínio enorme. Nesse caderno você sai numa corrida junto com a vida, se movimentando, brotando em ritmos e tempos diferentes. Isso me remonta à descoberta do Brasil. Não a descoberta como dominação, mas aquela feita pela sensibilidade artística e pelo conhecimento científico. Gente que esperava ver algumas coisas e viu outras.
CADERNOS DE VIAGEM
* As viagens pelo Brasil começaram em 1980, quando de sua ida à Juréia com João Paulo Capobianco e Ion de Freitas. Seguida da viagem à China, o projeto de um caderno de anotações foi rapidamente transformado em caderno de viagem. Eles são criados especialmente para cada tipo de viagem por sua esposa Rosely. O deslocamento, a velocidade, o ambiente natural e cultural, os habitantes, a alimentação, a atividade e os fatores que os levam a isso são todos registrados em desenhos e aquarelas, fotografias e espécimes colhidos. Intensamente folheados e arquivados, são referências para pinturas e publicações direcionadas a todos os públicos. Cerca de 300 obras únicas formam um acervo especial para o artista, um conjunto bastante significativo de seu trabalho.
26
Em seu caderno há muitos tempos. Inclusive um tempo que faz de você uma espécie de aliado dos homens que iam desenhar para a corte e que, quando voltavam, sofriam uma espécie de decepção. O trabalho deles era visto só pelo lado da concupiscência ou do aventureirismo predatório e cobiça. Os cientistas e os artistas têm um dilema muito grande quando terminam um trabalho. Eles gostariam que o desenho superasse essas pressões do tempo urbano ou do tempo metropolitano, que acabam atropelando e passando por cima de uma leitura mais demorada e mais compreensiva. Para mim, uma página desse caderno é uma vida!
*** Trechos de conversa gravada com Flávio Motta em sua casa em Perdizes, sobre o trabalho de Rubens Matuck em São Paulo, para a apresentação de catálogo da mostra individual do artista na Galeria São Paulo, 30 de abril de 1987
27
SESC - SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO Administração Regional no Estado de São Paulo
TUDO É SEMENTE SESC INTERLAGOS
PRESIDENTE DO CONSELHO REGIONAL
Abram Szajman DIRETOR DO DEPARTAMENTO REGIONAL
Danilo Santos de Miranda SUPERINTENDÊNCIAS TÉCNICO SOCIAL Joel Naimayer Padula COMUNICAÇÃO SOCIAL Ivan Paulo Giannini ADMINISTRATIVO Luiz Deoclécio Massaro Galina ASSESSORIA TÉCNICA E DE PLANEJAMENTO Sérgio José Battistelli GERÊNCIAS ARTES VISUAIS E TECNOLOGIA Juliana Braga de Mattos ADJUNTA Nilva Luz ASSISTENTE Juliana Okuda ESTUDOS E DESENVOLVIMENTO Marta Colabone ADJUNTO Iã Paulo Ribeiro ARTES GRÁFICAS Hélcio Magalhães ADJUNTA Karina Musumeci ASSISTENTES Rogério Ianelli e Thais H. Franco S. Leite DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS Évelim Lucia Moraes ADJUNTA Andressa de Gois e Silva ASSISTENTES Francisco Santinho SESC INTERLAGOS Ricardo Gentil de Oliveira ADJUNTO Jonadabe Ferreira da Silva
30
COORDENADOR ADMINISTRATIVO Renato Bittencourt APOIO ADMINISTRATIVO Antônio Mendes da Cruz COORDENADORA DE ALIMENTAÇÃO Tessa Cristine Alves Rosa NUTRICIONISTAS Mariana Tiyome Chen e Tatiara Melo de Souza COORDENADOR DE COMUNICAÇÃO Adriano Soares de Almeida ASSESSORIA DE IMPRENSA Willian Yamamoto EDITORIA WEB Tamara Demuner PRODUÇÃO GRÁFICA Mildred Gonzalez COORDENADOR DE INFRAESTRUTURA Denis Sant’ana COORDENADORA DO MESA BRASIL Vanessa Zaidan COORDENADORA DO ODONTOSESC Ana Luisa Fernandes Moreno COORDENADOR DE PROGRAMAÇÃO Lucas Carbonera Molina TÉCNICOS DE PROGRAMAÇÃO Fernando Oliveira Viana e Priscila Lourenção COORDENADOR DE SERVIÇOS Job Bezerra Lobo Neto ARTISTA Rubens Matuck CURADORIA Rosely Nakagawa PRODUÇÃO EXECUTIVA Miguel Paladino COORDENAÇÃO GERAL Bruno Stort NÚCLEO DE COMUNICAÇÃO Alice NM DESIGN E PROJETO ARQUITETÔNICO Beatriz Matuck PROJETO ESTRUTURAL Cia de Projeto OBJETOS CENOGRÁFICOS Roger Mátua CONSTRUÇÃO E RESTAURO DE MOBILIÁRIO Pedro Layuz MOLDURAS Capricho Molduras MONTAGEM FINA Breno Liguori Fernandes PROJETO LUMINOTÉCNICO E DESIGN DE LUZ Lucia Chedieck PROJETO ELETROTÉCNICO Luis Fernando Russo CENOGRAFIA E ELÉTRICA Entre Produções PESQUISA E PRODUÇÃO André Turazzi e Cainã Patto Ito AÇÃO EDUCATIVA Rizoma Cultural COMUNICAÇÃO VISUAL HB Film Olho Digital Select Color MATERIAL GRÁFICO Nywgraf CRÉDITOS DO CATÁLOGO - FOTOGRAFIAS Carlos Moreira REPRODUÇÃO DE OBRAS Leonardo Crescenti
31
Agendamento gratuito para grupos organizados (escolas, instituições, entidades, associações, entre outros) para visitas com mediação. Os agendamentos podem ser feitos de quarta a domingo e feriados, das 9h30 às 17h, pelos telefones 11 5662 9532 / 9538 ou pelo e-mail agendamento@interlagos.sescsp.org.br