Catálogo - Exposição Ilustradores de Lobato

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Capa e guarda: Jean G. Villin


12 de outubro a 27 de dezembro de 2015

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importância de Monteiro Lobato na formação cultural das crianças é constatada no passado e continua a contribuir nos processos educativos do mundo contemporâneo. Todo o encantamento das histórias que falam da infância, de brinquedos que ganham vida, das magias, de assombrações, e se apropriam de contos populares com poesia e graça, permeia o imaginário das crianças de hoje. A exposição “Ilustradores de Lobato” abrange todo este universo de conhecimento, mas recai de forma singular sobre os grandes ilustradores que se debruçaram sobre estas histórias, artistas que adaptaram a essência da criação deste escritor, na busca de torná-la visível, acessível e encantadora aos olhos de crianças e adultos. Todos os ilustradores foram escolhidos pelo próprio Lobato. O escritor tinha uma preocupação constante com o “corpo” do livro, ou seja, com a edição: capa, formato, ilustrações. Seus ilustradores eram colaboradores importantes no mercado editorial: Voltolino, Kurt Wiese, Nino, Jean Villin, Belmonte, Rodolpho, Raphael de Lamo, J.U.Campos, André Le Blanc e Augustus. A origem do escritor também justifica a realização desta exposição na região do Vale do Paraíba. Sua vida e sua obra são constantemente lembradas em duas cidades da região – Lobato cresceu entre os municípios de Monteiro Lobato e Taubaté – que reivindicam seu papel como protagonistas na história de vida do autor. Os livros expostos são do artista gráfico e pesquisador Magno Silveira, um admirador da obra do autor, que vem formando sua coleção há quase 20 anos, vasculhando sebos, antiquários e leilões em busca dos Ilustradores de Lobato.

Sesc São José dos Campos

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Ele viajava e era trem, submarino, avião, vapor ia onde queria ir, porque era um sonhador (Da música Pedrinho Dori Caymmi e Paulo César Pinheiro)

ODE ÀS FIGURAS

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uando criança, por volta dos 12 anos, fiz meu Visconde de Sabugosa com sabugo de milho e retalhos de pano que sobravam das costuras de minha irmã. Havia algum tempo que as proezas do “sábio-sabugo” e toda a turminha do Sítio povoavam minha vida de criança do interior mineiro, com todo tempo do mundo para saborear aquelas aventuras. Na biblioteca de São Pedro dos Ferros, havia uma coleção completa de Monteiro Lobato, que li e reli. E imaginava estar com os pés no Sítio a partir das ilustrações de André Le Blanc e daquelas que marcam as capas desenhadas por Augustus. A Tia Nastácia de Le Blanc, com algumas pinceladas mais generosas, o seu Visconde elegante e reto e a sua espevitada Emília estão fixados na minha história. O mesmo acontece com o Peter Pan de Augustus, com uma pose que mistura determinação e placidez – não obstante a luta que trava com o Capitão Gancho –, e que arma o personagem de poética e ritmo muito próprios para a estocada. E o que dizer do impacto provocado pelo ângulo da “câmera” de Augustus, instalada na copa de uma árvore, mostrando Pedrinho, Emília e Narizinho à espreita da onça? Ou do Visconde se agarrando ao tronco, prestes a cair onde está a fera, toda desenhada em amarelo vivo? Em outra cena,

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na capa d’O Saci, a dramaticidade é garantida com a luz vinda de baixo, refletida no rosto de um assustado Pedrinho. A mesma luz que reverbera nos dentes da Cuca, revelando ainda um crânio ao fundo da caverna... E como não se sentir protegido e aninhado pela Dona Benta da capa de Serões? Podemos brincar com o tempo e dizer que Augustus teve a atriz Zilka Sallaberry como modelo (na verdade, ela foi a Dona Benta de uma série televisiva, mas nos anos 1970), tal a parecença entre a ilustração e a atriz! Nessa imagem, percebemos uma iluminação lateral, esclarecedora, luz do saber. É impossível não ser atingido por aquele sorriso de compreensão das coisas do mundo, que toda vó deve ter – Dona Benta, a avó arquetípica, nas hachuras de Augustus.

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Narizinho me fisgou também a partir de uma capa de livro: o plano inusitado em big-close, o truque de captar o espirro bem na hora em que acontece; o Príncipe Escamado arremessado na direção do observador. Toda a cena em fundo amarelo, cores chapadas, conforme desejo de Lobato. Foi com capas coloridas assim, com paleta pop, que Augustus deu vigor à coleção completa organizada pelo próprio Lobato pouco antes de morrer. Essas figuras vivas, em ação, fazem parte do meu imaginário e, acredito, do de várias gerações de leitores. É muito difícil para uma criança passar incólume por obras tão vibrantes. E isso se deve principalmente a uma declarada estratégia editorial, inaugurada pelo escritor em 1920, com a publicação de A Menina do Narizinho Arrebitado: à riqueza das palavras, à novidade e ousadia dos enredos, Lobato passou a valorizar nos seus livros a dinâmica virtuosa das ilustrações. (E que criança não viaja na garupa de desenhos?) O celebrado cartunista Voltolino foi então escalado para as primeiras “figuras”, dando início a um diálogo permanente entre texto e imagem, mantido durante toda a vida do escritor. A concepção inovadora de tratar o livro destinado a jovens e crianças merecera do autor uma bem-humorada defesa, em 1929, por meio da própria Narizinho: “Eu bem digo que é muito perigoso ler certos livros. Os únicos que não fazem mal à gente são os que têm diálogos e figuras engraçadas”.

Estudiosos da obra lobatiana, como o escritor e ilustrador Luís Camargo, ampliaram a análise, mostrando a sofisticação da “enunciação gráfica” nas obras do escritor (letras em itálico e maiúsculas, ortografia não-convencional, composição tipográfica variada), editor que devotava atenção ao suporte material do texto e, já dissemos, à graça das figuras. Hoje, profissional da área de design gráfico, tenho procurado lançar um novo olhar sobre a obra de Lobato, com foco principal nos ilustradores (e que adulto não viaja na garupa de desenhos?), mas com gosto pelas soluções gráficas e editoriais, e interesse especial na identificação desses ilustradores nos ricos momentos das artes visuais do Brasil, nas primeiras décadas do século xx. Há anos vou atrás de primeiras edições, garimpando livros raros, e confesso que cada achado é um deslumbramento, uma pequena epifania. O objetivo sempre foi compor uma linha criativa dos primeiros ilustradores, ligando pontos, estabelecendo conexões... O resultado desse trabalho pode ser visto agora em Ilustradores de Lobato, que inclui perfis e seleção de desenhos de 10 artistas arregimentados pelo escritor: Voltolino, Kurt Wiese, Nino, Jean Gabriel Villin, Belmonte, Rodolpho, Raphael de Lamo, J.U.Campos, André Le Blanc e Augustus – exposição de parte de meu acervo pessoal encampada pelo Sesc São José dos Campos. Bússola para a preparação dessa mostra foram as indispensáveis pesquisas dos professores Marisa Lajolo e João Luís Ceccantini, que têm esmiuçado com paixão e expertise a obra literária de Monteiro Lobato. Que os personagens aqui exibidos, com todos seus genes estéticos e líricos, possam fazer brilhar olhos de crianças e adultos. E que sejam capazes de encorajar pesquisadores para o resgate da obra de alguns de seus autores, engolidos pelo tempo e pelos novos processos editoriais. Que a obra de Lobato continue inspirando artistas a dar formas às nossas imagens mentais. E que, principalmente, continue instigando crianças a construírem sua própria Emília, o seu próprio Visconde “sábio-sabugo, nobre de vintém”. Magno Silveira Idealizador

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No fundo não sou literato, sou pintor. Nasci pintor, mas como nunca peguei nos pincéis a sério (...) nada mais tenho feito senão pintar com palavras. (Monteiro Lobato, em carta ao amigo Godofredo Rangel)

AS ILUSTRAÇÕES DO MENINO CRESCERAM

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menino Lobato viajava para muito longe quando entretido entre os muitos livros do avô José Francisco Monteiro, Visconde de Tremembé, na casa da rua xv de Novembro, na pacata Taubaté. “Havia uma coleção do Journal des Voyages que foi o meu encanto em menino. Cada vez que naquele tempo me pilhava na biblioteca do meu avô, abria um daqueles volumes e me deslumbrava. Coisas horríveis, mas muito bem desenhadas – do tempo da gravura em madeira”, lembrou o escritor ao amigo Godofredo Rangel. Um Lobato que sempre confessou: “Minha impressão predominante é puramente visual”. O Journal des Voyages, editado na França no século xix publicava caudalosas aventuras de “terre et de mer”, sempre acompanhadas de ilustrações. Eram “cenas de índios sioux escalpando colonos. E negros achantis de compridas lanças, avançando contra o inimigo numa gritaria. Eu ouvia os gritos... E coisas horrorosas da Índia. Viúvas

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na fogueira. Elefantes esmagando sob as patas a cabeça de condenados. E tigres agarrados à tromba de elefantes...” Na biblioteca do Visconde, “tremendamente histórica e científica”, com parte de um curioso acervo de um tio aventureiro que até para o Egito fora, havia ainda “preciosidades nacionais, como a coleção inteira da Revista Illustrada, do Ângelo Agostini (...)”. Criada e dirigida pelo caricaturista ítalo -brasileiro, a revista de sátira política circulou semanalmente, de 1876 a 1898, e trouxe outra riqueza para o imaginário do menino: charges e caricaturas.

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ploração e adaptação de seus recursos decorativos, de vinhetas a capitulares. “Arranjamos desenhistas para substituir as monótonas capas tipográficas por capas desenhadas – moda que pegou”, festejou Lobato em carta ao amigo Godofredo Rangel. Nessa linha do tempo, Jeca Tatuzinho (1924), desenhado com didatismo por Kurt Wiese, ganhou destaque por ter conseguido aproximar as crianças de um emblemático personagem da realidade brasileira: o caipira. Com produção gráfica apurada, capas duras para manuseio duradouro, ilustrações em primeiro plano, Lobato estabeleceu um novo parâmetro para a indústria editorial das primeiras décadas do século XX. As “figuras” ajudariam a vender seus livros. E foi preciso imprimir, imprimir mais e melhor, e caprichar na distribuição para alcançar crianças de todo o Brasil.

Esse verdadeiro arsenal iconográfico da infância esteve certamente subjacente quando, já adulto, Lobato decidiu construir um novo mundo para o livro infantil. “Chamei desenhistas, mandei por cores berrantes nas capas. E também mandei por figuras”, escreveu Lobato, alinhando pontos fundamentais de sua estratégia para atrair os leitores mirins.

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Era bem claro para ele que o tão necessário “abrasileiramento” da linguagem e das temáticas (o bom humor superando o romantismo das então europeizantes traduções que chegavam ao público infantil) teria de ser acompanhado por uma nova forma de conceber o livro. Ilustradores escolhidos a dedo o ajudaram na empreitada de construção do novo livro infantil, “onde nossas crianças possam morar”, como ele fizera de morada os livros da biblioteca do avô. Tudo começou com as encomendas aos ilustradores feitas pelo próprio escritor ou por seu parceiro editor, Octales Marcondes Ferreira, no período que vai de 1920, quando Voltolino desenhou a primeira edição de A Menina do Narizinho Arrebitado, a 1948, quando a obra completa de Lobato viveu sua apoteose, unida pela marca pop das capas de Augustus. A produção de Narizinho teve como cenário o frutífero casamento entre literatura e artes plásticas, que movimentou os editores nas primeiras décadas do século XX, todos embalados inicialmente pelo grafismo art nouveau, com direito a ex-

Páginas 10 e 11 Journal des Voyages, 1889 Ao lado, A Menina do Narizinho Arrebitado, livro de estréia de Lobato na literatura infantil. Capa de Voltolino


Voltolino Kurt Wiese Nino Jean Gabriel Villin Belmonte Rodolpho Raphael de Lamo J.U. Campos AndrĂŠ Le Blanc Augustus Monteiro Lobato, por de J.U.Campos


Animação em silhuetas

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oltolino (1884-1926), assinatura de Lemmo Lemmi, ilustrou o primeiro livro infantil de Monteiro Lobato, A Menina do Narizinho Arrebitado, em 1920. É considerado um dos grandes intérpretes do microcosmo infantil do escritor, com graciosas soluções de desenho e estilização – traços com nítida inspiração art nouveau. A afiada antena de caricaturista, que tão bem detectava o desfile de tipos da São Paulo das primeiras décadas do século xx, está por trás da humanização dos impagáveis “bichorocos”, atuantes desde o primeiro livro infantil de Lobato, pois habitam a realidade de Narizinho e da boneca Emília tanto 16

o besourão de óculos e bengalão como o peixe de casaco vermelho e cartola – o empertigado Príncipe Escamado, todos “vestidos” com o humor e a elegância das linhas decididas do ilustrador. São dele também os desenhos da primeira edição de O Sacy (1921). Já para Fábulas de Narizinho e Fábulas, livros que vieram a seguir, Voltolino usou com maestria a técnica de silhuetas. Voltolino foi o grande caricaturista da República Velha. Começou a trabalhar na imprensa paulista de língua italiana, mas logo passou a colaborar com as publicações satíricas ilustradas (O Malho, O Parafuso), tradição herdada do século anterior. A política e os políticos, a nova configuração social de um país que começava a se industrializar e as desigualdades afloradas com a emergência do proletariado urbano nunca saíam ilesos de seu nanquim ferino. Suas críticas ecoavam pelos cafés, bondes e esquinas das grandes cidades. A linguagem nova de suas caricaturas também empolgava os modernistas. Não à toa, trabalhou por sete anos (1911-1917) na revista O Pirralho, dirigida pelo escritor Oswald de Andrade. 17


Ilustrações dos livros A Menina do Narizinho Arrebitado, 1920 Narizinho Arrebitado, 1921 Fábulas de Narizinho,1921 Fábulas, 1922

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EXPRESSÃO DOS QUADRINHOs

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alemão Kurt Wiese (1887-1974), que viveu no Brasil por três anos, ilustrou cinco livros de Monteiro Lobato, dois deles com histórias completamente independentes das protagonizadas pela turma do Sítio do Picapau Amarelo: O Garimpeiro do Rio das Garças e Jeca Tatuzinho, ambas em primeiras edições, de 1924. Wiese, que dominava várias técnicas de ilustração, deu dinamismo aos livros com sequências ao jeito dos quadrinhos. Em O Garimpeiro, essa habilidade é revelada por João Nariz e seu cão Joli em busca de diamantes. Grande dose de humor surge na humanização dos animais das Fábulas (1925), herança dos ilustradores de Esopo e La Fontaine. Como não se apiedar da ovelhinha acorrentada diante de um leão sisudo cercado de urubus? Wiese sempre gostou de desenhar, mas a família desencorajava a escolha desse caminho profissional. Viajou então para a China, onde, ainda muito jovem, atuou como comerciante. Ficou por lá durante seis anos, até a eclosão da Primeira Guerra. Preso pelos japoneses, foi transferido para uma cela na Austrália, onde retomou seus desenhos. Ao ser libertado, fez uma escala na Alemanha natal antes de vir para o Brasil e passar a ilustrar Lobato. Em 1927, Wiese imigrou definitivamente para os Estados Unidos e lá desenvolveu uma carreira de sucesso. Escreveu e ilustrou 20 livros infantis de criação própria e desenhou para outras 300 publicações, de vários autores. O reconhecimento internacional veio em 1929 com Bambi, do austríaco Felix Salten.

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Ilustrações dos livros A Caçada da Onça,1924 O Garimpeiro do Rio das Garças, 1924 Hans Staden, 1927 Fábulas, 1939


A MEDIDA DOS ÂNGULOS

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ilustrador paulistano Sebastião de Camargo Borges, o Nino (1897 - ?), estudou desenho com o professor Benjamin Constant Mello e, ao desenvolver a carreira, foi muito influenciado pelos desenhos de Walt Disney. Nunca deixou, entretanto, que essa filiação artística comprometesse sua originalidade. Com traço vivo e nervoso, ilustrou três livros de Lobato: Aventuras do Príncipe, A Cara de Coruja e O Gato Félix.

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O Gato Félix de Nino é propositalmente cheio de arestas, muito diferente do bem acabado e curvilíneo bichano original, cuja paternidade é dividida entre o produtor cinematográfico australiano Pat Sullivan e o quadrinista americano Otto Messmer. Ao recriá-lo para Lobato, Nino talvez tenha se posto na pele do Visconde de Sabugosa, que tinha muita desconfiança em relação à identidade do gato que visitava as terras do Sítio do Picapau Amarelo. Sua “feiosa” Emília, como aparece em Aventuras do Príncipe, encabeça uma galeria de personagens com perfis irregulares. Nino começou a desenhar muito jovem. Com 23 anos, publicava a primeira charge na revista A Cigarra. Em São Paulo, colaborou com Vida Moderna e, no Rio, publicou charges nas revistas O Malho, D. Quixote e O Tico-Tico. Nos anos 1940, ganhou notoriedade nas páginas da Gazeta Esportiva, produzindo uma grande coleção de caricaturas em bico de pena de ases do futebol paulista, as chamadas portraits-charges. As torcidas dos grandes times gritavam gol para os tipos cômicos e emblemáticos que Nino criava, como o mosqueteiro, o vovô, o santo e o periquito, representando, respectivamente, Corinthians, Ipiranga, São Paulo e Palmeiras.


Ilustrações dos livros A Penna de Papagaio, 1930 Viagem ao Céu, 1932

Cartografia lírica

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“brasileirismo” do ilustrador Jean Gabriel Villin (1906-1979) sempre impressionou Monteiro Lobato. Nascido na França e naturalizado brasileiro, Villin foi um espécie de cartógrafo lírico da geografia lobatiana, concentrado não somente na caracterização dos personagens, mas na ambientação profunda do mundo caipira. Em Viagem ao Céu (1934), apresentou a primeira visão panorâmica do sítio de Dona Benta. N’O Sacy (1932), Villin já tinha incluído na cena cabloca as bananeiras, os troncos descascados das goiabeiras e os onipresentes mastros de São João. Até mesmo o seu Pedrinho vira um caipirinha, com

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o calção remendado, em contraposição ao Pedrinho europeu de Kurt Wiese, vestido de marinheiro. Alguns desenhos de Villin, com ênfase nas expressões faciais, acentuam a peraltice de Narizinho e sua turma. Onde há mais reinações e alegria do que na correria à caçada da onça ou no drible das feras, todos montados em perna de pau? Villin chegou ao Brasil em 1925, aos 19 anos, para trabalhar como desenhista numa fábrica de louças, em Porto Ferreira (SP). Mudou-se depois para São Paulo, onde fez carreira na publicidade. “Comecei a ilustrar alguns livros de Lobato quando ele e J.U. Campos estavam em Nova York”, escreveu Villin. Segundo ele, “Lobato possuía uma grande sensibilidade artística e, embora deixasse o ilustrador à vontade, sabia perfeitamente o que convinha para os seus livros”. Da parte dele, dizia que sua produção artística era uma modesta contribuição ao seu País de adoção. Villin logo viria a se dedicar exclusivamente à publicidade. Uma exceção foi a concepção arquitetônica e os desenhos do Marco Zero da Praça da Sé, inaugurado em 1934.

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Ilustrações dos livros O Sacy, 1932 Viagem ao Céu, 1932

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Ilustrações dos livros O Irmão de Pinocchio, 1929 A Penna de Papagaio, 1930 As Caçadas de Pedrinho, 1933

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O gosto pelo detalhe

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currículo do paulistano Benedito de Barros Barreto (1897-1947), o reverenciado Belmonte, abrange bem mais que as artes visuais: além de caricaturista, desenhista e pintor, foi jornalista e historiador. Lobato o tinha como “artista integral”. “Seu lápis irreverente, irônico, fino e agudo, criou para a sua terra uma época inteiramente nova”, escreveu Edgar Braga.

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Foi pois com sensibilidade também literária e pedagógica que Belmonte ilustrou Emília no País da Gramática (1934) e Arimética da Emília (1935) – o título sem a letra “t”, sabem os leitores de Lobato, é obra e graça da própria boneca. Belmonte é citado pelo escritor no texto do próprio livro, um exercício de metalinguagem transformado em homenagem: “Na noite desse dia, os meninos só sonharam com os artistas da Aritmética. Narizinho contou o seu sonho ao Belmonte para que ele o desenhasse, e saiu isto: ...” (ilustração da página oposta).

Em 1937, Belmonte fez os desenhos da primeira edição de O Poço do Visconde, traduzindo para as crianças as preocupações desenvolvimentistas de Lobato, concentradas na extração de petróleo. Os desenhos bem acabados de Belmonte, com sua Narizinho de franjas bem cortadas e um Pedrinho topetudo, ajudaram a popularizar no Brasil o estilo art déco. A fixação pelos detalhes, “paciente labor de reconstituição documentária”, está presente tanto nas estampas e cortes das roupas como no modelo do carro numa das “estradas de atolagem” brasileiras. O grande personagem criado por Belmonte foi Juca Pato, homem síntese do paulistano das primeiras décadas do século xx. Concebido durante passagem pela Folha da Noite, Juca Pato verbalizava a crítica ao Estado Novo e a

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Getúlio Vargas. Extremamente popular, Juca Pato foi estampado em embalagens de cigarros e até em rótulos de água sanitária. Os trabalhos de Belmonte povoaram também revistas satíricas como D. Quixote, Careta (onde substituiu o renomado chargista J. Carlos), Fon-Fon, Cruzeiro e Revista da Semana. Em A Reforma da Natureza, Belmonte mostrou ditadores, reis e presidentes em uma discussão pela paz. (Dona Benta e Tia Nastácia não tardariam a chegar à reunião).

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Ilustrações dos livros Emília no País da Gramática, 1934 Arimetica da Emília, 1935 Memórias da Emília, 1936 O Poço do Visconde, 1937 O Minotauro, 1939 A Reforma da Natureza, 1944


Ilustrações dos livros O Picapau Amarelo, 1939 O Minotauro, 1939

FLUIDEZ DOS TRAÇOS Muito pouco se sabe sobre a vida e a obra de Rodolpho Marques de Sousa, que ilustrou O Picapau Amarelo, em 1939, e que no mesmo ano trabalhou em parceria com Belmonte, em O Minotauro. s desenhos perpetuados nos livros de Lobato mostram um artista em busca de caminho próprio, na estrada aberta pelo movimento art déco. Há uma preocupação pelos detalhes, como tinha o mestre Belmonte, mas sem rigidez. Os trabalhos de Rodolpho são mais movimentados e livres, como aquele em que toda a turma forma uma elegante pirâmide a partir da porteira do sítio. O artista conseguiu ainda boas soluções para pequenas vinhetas e capitulares, tão caras às artes decorativas. O Visconde alquebrado abraçado à letra “E” e saindo de maneira irreverente da letra “O” são tão elegantes quanto divertidas. Ficaram célebres as cartinhas escritas por leitores mirins de Lobato, nas quais reclamam dos desenhos de Rodolpho, uma referência talvez ao acabamento não ortodoxo de pernas e pés de personagens. O menino Severino de Moura Carneiro Júnior escreveu para o “amigo” Monteiro Lobato, em 1945: “Ele [Rodolpho] faz Dona Benta feia. Tia Nastácia toda desajeitada, o Visconde nem parece o Visconde, Emília uma coisa horrorosa, Pedrinho e Narizinho nem se fala”. Severino certamente já tinha consagrado os desenhos de Belmonte. Já a menina Edith, toda diplomática, escreveu a Lobato sobre os ótimos desenhos de Belmonte e Rodolpho, citando O Minotauro. Nesse volume, Rodolpho mostra também uma requintada técnica realista, a bico de pena.

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Fuga do caricato

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aphael de Lamo conseguiu imprimir sua marca mesmo ilustrando apenas um livro de Lobato: Histórias de Tia Nastácia, com primeira edição em 1937. É nesse volume que o escritor resgatou histórias do imaginário popular de vários países, escudado na explicação da sábia Dona Benta para a palavra folclore: “são as coisas que o povo sabe por boca, de um contar para o outro...” O ilustrador teve de se movimentar num caleidoscópio de temas distintos. Na capa de cores fortes, sem esconder a herança do art nouveau, Lamo desenhou uma tia Nastácia menos caricatural, apelando para os naturais atributos da raça negra e seus costumes. O perfil forte não dispensou os lábios salientes, nem o grande brinco de argola. Narizinho, Pedrinho e Emília escutam atentamente as histórias tendo como pano de fundo um mosaico de motivos folclóricos de todo o mundo. No miolo de Histórias o estilo das ilustrações foi bem variado: do pontilhado a bico de pena às manchas mais expressivas do gesto de pincel. Antes da página de rosto, Lamo apresentou, em medalhões, os cinco personagens centrais das histórias de Lobato.

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históricos, nos moldes dos editados em livros didáticos. Pouco mais tarde, nos anos 1940, J.U. Campos debruçou-se nos personagens do Sítio, promovendo uma competente releitura da obra pioneira de Voltolino. A influência americana pode ser constatada na composição de vários desenhos, mas é evidente nas capas da série Os Doze Trabalhos de Hércules (1944), que lembram as dos pequenos gibis de western.

Vigor da publicidade

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J.U. Campos foi um dos introdutores da moderna arte da propaganda em São Paulo. Sua estada nos EUA coincide com a de Monteiro Lobato, que foi adido comercial do Consulado Brasileiro em Nova York. Foi nesse período, “nos Estados Unidos de Ford”, que J.U. Campos casou-se com Martha, filha de Lobato, dando ao escritor a neta Joyce.

artista gráfico e pintor Jurandyr Ubirajara Campos (1903-1972) ilustrou o maior número de livros de Monteiro Lobato. Seus desenhos trouxeram para a cena editorial brasileira os traços e o vigor da publicidade americana. J.U.Campos, como assinava o artista, desenvolveu seu talento nas pranchetas do jornal The New York Times, em Nova York, em temporada de estudo e trabalho nos Estados Unidos.

No Brasil, o ilustrador passou a se dedicar à pintura com o incentivo do sogro, sob orientação de Pedro Alexandrino. Inicialmente, naturezas mortas e depois, retratos e figuras. Suas obras receberam inúmeros prêmios e láureas. Reproduções de pranchas coloridas a óleo do pintor J.U. Campos acompanham todos os volumes da obra completa de Lobato.

Após sua volta ao Brasil, em 1930, ilustrou primeiramente História do Mundo para as Crianças (1933) e Geografia de Dona Benta (1935). Alguns desenhos têm caráter científico, enquanto outros são retratos de personagens 40

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Ilustrações dos livros Reinações de Narizinho, 1943 e 1948 O Saci, 1948 As Caçadas de Pedrinho, 1948


Ilustrações dos livros As Caçadas de Pedrinho, 1941 D. Quixote das Crianças, 1936 Serões de Dona Benta, 1937 O Espanto das Gentes, 1941 A Chave do Tamanho, 1942 Os Doze Trabalhos de Hércules, 1944 Viagem ao Céu, 1945

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Fisionomias perenes

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trabalho foi hercúleo. André Le Blanc (1921-1998) ilustrou as obras completas de Monteiro Lobato, publicada em 1947, em 17 volumes, tal como o escritor havia organizado. O único título que Le Blanc não desenhou foi Os Doze Trabalhos de Hércules, que ficou por conta de J.U. Campos.

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Os traços de Le Blanc, de contornos americanos, acabaram sacramentando a “fisionomia” de cada um dos personagens do Sítio e ainda hoje servem de referência para outros desdobramentos midiáticos da obra lobatiana. Para gerações e gerações de leitores, Visconde de Sabugosa e Emília são aqueles retratados por Le Blanc.

Ilustrações dos livros Reinações de Narizinho, 1947 Viagem ao Céu, 1947 As Caçadas de Pedrinho, 1947

Nascido no Haiti, Le Blanc emigrou para os Estados Unidos, onde foi educado. Nos anos 1940, foi assistente do célebre quadrinista Will Eisner, em The Spirit, e de Sy Barry, em O Fantasma. Foi aclamado por seu trabalho com Flash Gordon e por inúmeras tiras para jornais. Numa segunda temporada, já no final dos anos 50, criou personagens para os estúdios de Hanna Barbera e concebeu muitos Mandrakes. Le Blanc é internacionalmente reconhecido pelas centenas de ilustrações coloridas para uma Bíblia “épica”, editada nos anos 1960. Mestre da linguagem dos quadrinhos, Le Blanc deu aulas na Escola de Artes Visuais de Nova York. Casado com a diplomata brasileira Elvira Telles, Le Blanc veio para o Brasil no final dos anos 1940, e foi um dos primeiros professores do Museu de Arte Moderna do Rio. Maurício de Sousa, o pai da Mônica, foi seu aluno. Le Blanc atuou ainda como repórter dos jornais Correio da Manhã e O Globo. Além de ilustrador da obra completa de Lobato, Le Blanc é conhecido pela adaptação em quadrinhos de clássicos de nossa literatura, a popular Edição Maravilhosa, que seguia os moldes da Classics Illustrated. Na coleção brasileira há desde uma versão de Ubirajara (1952), de José Alencar, a Menino de Engenho (1955), do escritor José Lins do Rêgo. Algumas edições de Maravilhosa já tinham ultrapassado fronteiras, com Shakespeare e outros mestres. Le Blanc teve seu trabalho reconhecido pelo governo brasileiro ao ser condecorado com a medalha Cruzeiro do Sul.

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Ilustrações dos livros Reinações de Narizinho, 1947 Viagem ao Céu, 1947 O Saci, 1947 Memórias da Emília, 1947 A Chave do Tamanho, 1947

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A série, concebida com inteira liberdade por Augusto, contemplava os desejos de Lobato, que não via a hora de unificar a linguagem das capas de sua coleção. O layout final recebia o nome de Monteiro Lobato em tipografia “script” e o ilustrador assinava a peça como AVGVSTVS, classicamente, como se em mármore de um templo romano. É de se crer que os livros funcionassem como verdadeiros cartazes nas estantes das livrarias, com capa e contracapa ligadas por um único desenho. Incluídas no repertório de várias gerações de leitores de Lobato, até hoje essas imagens pops de AVGVSTUS são cultuadas.

Reinações de uma ópera-pop

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barítono Augusto Mendes da Silva (1917-2008) deu gradiosidade pop-operística às capas da coleção de Lobato. Pintor e desenhista comercial, sua reconhecida especialidade era a representação humana, com domínio da técnica de luz e sombra. Fez mais de mil retratos a óleo e crayon. Para as ilustrações das capas de Lobato, entretanto, Augusto mudou completamente a paleta e a pincelada. A base preta dos desenhos recebeu cores fortes, em combinações inusitadas, com ênfase nos enquadramentos arrojados, tal o da capa de Reinações de Narizinho, em big-close.

Capas das obras completas de Monteiro Lobato, 1948

Nascido em Santos, Augusto viveu a maior parte da vida em São Paulo, onde conheceu Lobato, vizinho de escritório. Após o sucesso das capas para a Editora Brasiliense (“sei que as vendas aumentaram depois dos meus desenhos”), passou a receber mais encomendas. Chegou a ilustrar o Almanaque do Biotônico Fontoura. Além das artes plásticas, dedicava-se, com incontido orgulho, ao canto lírico. Gostava de citar as temporadas de Madame Butterfly e La Bohème (Puccini) e I Pagliacci (Leoncavallo), além dos recitais no Rio e em São Paulo, ao lado da esposa, a soprano Eva Espíndola.

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Paralelos entre Wiese e J.U.Campos

O caipira de Lobato, sua “miserinha de roça” e a falta de saneamento do país ganharam a cena política e o Brasil impulsionados por um discurso de Rui Barbosa. O primeiro desenho do Jeca apareceu justamente em caricatura da revista O Malho, que destacava um Rui Barbosa à proa, redescobrindo o Brasil pobre do Jeca Tatu. As crianças passaram a ter o Jeca Tatuzinho no seu imaginário por meio de Wiese. Suas gags, à moda das histórias em quadrinhos, foram eficientes para mostrar didaticamente a transformação cultural do Jeca, tema dos mais caros a Lobato. O personagem que começa a história de cócoras, desanimado, doente, sai do livro aprumado, feliz, “calçado”. Com bom humor, linhas leves e elegantes, Wiese vestiu botinas até nas galinhas que ciscam pelo terreiro. E estava garantida a aula lobatiana com noções de higiene e saneamento para crianças.

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eca Tatu, o caipira que parece ter nascido já acocorado, é o mais polêmico personagem de Monteiro Lobato. Surgiu em artigo escrito para o jornal O Estado de S. Paulo, em 1914. Quatro anos mais tarde, ganhou força nas páginas de Urupês (1918), o primeiro livro de Lobato. Alcançou o público infantil em Jeca Tatuzinho (1924), nos traços de Kurt Wiese e, logo depois, viveu estrondosa popularidade nas brochuras do Almanaque Biotônico Fontoura.

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Entretanto, a imagem do Jeca mais conhecida é a de J.U. Campos. O homem acabrunhado com pito na orelha, transformou-se na “real” imagem do caipira graças às tiragens sucessivas de Jeca Tatuzinho. A 35ª edição, de 1973, com capa redesenhada a partir dos traços de J.U.Campos, registra a tiragem acumulada de 84 milhões de exemplares!

Na primeira edição de Urupês, ainda sem “cara”, Jeca é o caboclo preguiçoso por natureza, modorrento, indolente. Mas, já nas edições posteriores, Lobato se desculpa: “Eu ignorava que eras assim, meu Tatu, por motivo de doença. (...) Perdoas?”. Na página oposta, Jeca Tatuzinho por Kurt Wiese, 1924. À direita, o personagem nos traços de J.U.Campos, 1941.

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Contrastes de Percy e Portinari

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istoriadores da obra de Lobato tratam Zé Brasil, lançado em 1947, como uma retomada do Jeca Tatu. Saiu do palco o matuto “curado” para o trabalho e entrou o sem-terra brigando por uma nova estrutura fundiária, emulando sem rodeios o sonho do comunista Luís Carlos Prestes.

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Folheto reconhecidamente mal impresso, com edições clandestinas muitas vezes apreendidas pela polícia, Zé Brasil não deixou de lado os ilustradores. O celebrado pintor Cândido Portinari (1903-1962) emprestou seu desenho e estilo à causa, assim como Percy de Mello Deane (1921-1994). O amazonense Percy cursou a Faculdade de Arquitetura da Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, a partir de 1938, mas ao conhecer Portinari, passou a dedicar-se somente às artes visuais, conjugando o domínio do retrato à pintura social. Em 1942, executou um painel no Cassino da Pampulha, em Belo Horizonte, a convite de Oscar Niemeyer. Ficou muito conhecido como ilustrador de revistas, desenhando para os romances seriados de O Cruzeiro, e ao criar capas para vários romancistas. Suas ilustrações para Zé Brasil oscilam entre o estilo cartoon e os traços mais realistas. À esquerda e ao centro, ilustrações de Zé Brasil nos traços de Percy Deane, 1947. Na página oposta, extrema direita, a arte de Portinari para o panfleto, 1951.


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SESC – SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO Administração Regional no Estado de São Paulo Presidente do Conselho Regional Abram Szajman Diretor do Departamento Regional Danilo Santos de Miranda Superintendentes Técnico-Social Joel Naimayer Padula Comunicação Social Ivan Giannini Administração Luiz Deoclécio Massaro Galina Assessoria Técnica e de Planejamento Sérgio José Battistelli Gerentes Gerência de Ação Cultural Rosana Paulo da Cunha Adjunta Kelly Adriano de Oliveira Assistente Ana Luísa Sirota Artes Visuais e Tecnologia Juliana Braga de Mattos Adjunta Nilva Luz Assistentes Juliana Okuda e Sandra Leibovici Artes Gráficas Hélcio Magalhães Adjunta Karina Musumeci São José dos Campos Gerente Oswaldo Almeida Jr. Adjunta Daniela Savastano Administrativo Getúlio Vargas Pizani Infraestrutura Pedro Carlos dos Santos Alimentação Marília Toledo Comunicação Consuelo Carvalho Programação de Artes Visuais e projeto de expografia Denise Ardo

ILUSTRADORES DE LOBATO A CONSTRUÇÃO DO LIVRO INFANTIL BRASILEIRO 1920-1948 Concepção e pesquisa Magno Silveira e equipe Sesc São José dos Campos Projeto executivo da expografia Ewerton da Silva Borges Projeto gráfico Magno Studio Cessão de direitos de uso das ilustrações Agência Artística SS Ltda. Acervo particular Magno Silveira Montagem cenotécnica Eprom


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Capa: J.U.Campos Guarda: Raphael de Lamo


12 de outubro a 27 de dezembro de 2015 Sesc SĂŁo JosĂŠ dos Campos

Av. Adhemar de Barros, 999 cep 12245-010 TEL.: (12) 3904-2000 faleconosco@sescsp.org.br sescsp.org.br

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