Cross Innovation - Plano de Implementação Local - Lisboa

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CROSS INNOVATION

PLANO

DE IMPLEMENTAÇÃO

LOCAL LISBOA

Realizado por: SETEPÉS (Henrique Praça, Susana Marques) Realizado para: Direção Municipal de Economia e Inovação Câmara Municipal de Lisboa

2014

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ÍNDICE EXECUTIVE SUMMARY

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INTRODUÇÃO

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I.PROPÓSITO DO PLANO 1. Enquadramento do Plano de Implementação Local - Lisboa 2. Metodologia

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II. INDÚSTRIAS CULTURAIS E CRIATIVAS NA CIDADE DE LISBOA 1. Lisboa e economia criativa 2. Estratégias para a cidade de Lisboa 3. Matriz da inovação intersetorial (cross innovation) de Lisboa

11 13 15

III. INOVAÇÃO E INOVAÇÃO INTERSETORIAL (CROSS INNOVATION) 1. O ambiente da criatividade e inovação 2. Inovação, inovação aberta (open-innovation) e inovação intersetorial (cross innovation)

IV. O PROJETO E AS APRENDIZAGENS PARA LISBOA

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V. RECOMENDAÇÕES DE POLÍTICAS ESPECÍFICAS DE INOVAÇÃO INTERSETORIAL PARA LISBOA 1. Princípios de suporte às atividades e iniciativas de inovação intersetorial (cross innovation) 22 2. Recomendações para a Inovação inter-setorial (cross innovation) em Lisboa 24 3. Atividades de suporte ao programa de recomendações 28

VI. PROCESSO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO VII. CONCLUSÕES

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Referências Bibliográficas

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Executive Summary “The way to get people to build a ship is not to teach them carpentry, assign them task, and give them schedules to meet: but to inspire them to long for the infinite immensity of the sea”. Antoine de Saint-Exupery

The Local Implementation Plan - Lisbon (LIP.Lx) - carried out for the City Diretorate of Economy and Innovation under the Cross Innovation Project, a partnership between eleven European cities funded by the INTERREG IVC Programme, is an instrument of polítical orientation to promote cross innovation in the city, translated into nine recommendations and an array of activities and initiatives (projects) specific for the promotion and realization of that kind of innovation. In the extension of its eight chapters it is drawn, first, a general overview of the cultural and creative industries in Lisbon, the main strategies for the city in the medium and long term, followed by a theoretical body on the most important concepts in the context of innovation. These were considered the more relevant preconditions to support the set of policy recommendations leading to cross innovation in a 4-year horizon. To make this Plan more effective it was listed a set of activities that fulfil some of the recommendations. After an introduction on the importance of innovation in the context of contemporary societies and a brief description of the entire document, the first chapter introduces the purpose of LIP. Lx, framing it in the Cross Innovation Project. The four sub-themes under study (Spatial Cross-Collaboration, Brokerage, Culture Based Innovation and Smart Incentives) are listed, followed by the description of the methodology used for the realizations of the Plan. A highlight for the two meetings of the LIG (Local Implementation Group), held in November 2013 and May 2014, whose contributions were very important for the preparation of this LIP.Lx. Chapter II - Cultural and Creative Industries in the City of Lisbon - briefly describes the sector landscape in the city, with the respective ecosystem (actors and relationships). Follows a description of the city strategies (devised by the City Hall) in the fields of economy, innovation and entrepreneurship. More detailed references are made of the Strategic Objectives, which guide and define the profile of the Lisbon Economy Specialization, and the measures to be implemented. In this chapter we point out those strategic objectives and measures that have greater relevance to cross innovation policymaking: Lisbon Start-Up City, Knowledge Hub and Innovation Clusters. The chapter ends with a reference to the Cross Innovation Matrix (Lisbon) as a reference tool for drawing up the LIP.Lx 4


Innovation is the major topic of Chapter III. Here we present a theoretical framework on the concepts of innovation, open innovation and cross innovation and the environment and conditions conducive to creativity and innovation. These considerations were based on the most recent literature on the subject including some documents prepared under Cross Innovation Project (ToolKit, Think Pieces, Policy Clinic Reports, Manifesto, among others). Also important for the realization of this Plan were the learning outcomes made throughout the Cross Innovation Project, withdrawals of multiple activities performed: study visits, policy clinics, meetings, information in the site. Given its importance Chapter IV was devoted to that topic, summarizing moments and their outcomes (learnings). Chapter V, the most extensive, begins by pointing the role that Lisbon Municipality should take with regard to the promotion of cross innovation in cultural, social and economic fabric of the city. Is followed by recommendations that will shape the policies of cross innovation in Lisbon, preceded by a set of principles that must guide and support the activities and initiatives to be undertaken, namely: low cost; information driven; value creation oriented; internationalization oriented. Among the ten recommendations proposed we highlight in this executive summary: the creation of the Lisbon Creative Brokers, a wide range of partners (Lisbon Municipality,local partners of the Cross Innovation Project, Universities, companies of the CCI sector, other companies in traditional sectors and other public and private organizations) oriented to the promotion and organization of activities and brokerage actions between the sector of cultural and creative industries in Lisbon and the other sectors of the economy, including those proposed in this PIL.; the appointment of the projects, activities and initiatives already in place in the city and which deserve the continuation and, in some cases, increasing support (spaces of experimentation, spaces for creative businesses, financing partnerships, support to entrepreneurship – business, cultural and social -, partnerships with universities, cultural based projects, among others); training in innovation and brokers age for organizations and individual agents (a task to be allocated to the Lisbon Creative Brokers Platform) . In addition to the policy recommendations this chapter ends with the proposal of a set of specific projects to promote cross innovation, in liaison with Lisbon Strategies and the new structural funds in the horizon of 2014-2020. These activities may be performed by itself or, the majority, be a first Lisbon Creative Brokers Action Plan. In the final chapters it is presented an evaluation model (Chapter VI) and the final conclusions in the Chapter VII. In the former chapter it is highlighted: Lisbon has a cultural and creative developed ecosystem and a good potential to the cultural an creative sectors to growth; the biggest needs, and challenges, are in the sub-themes Mediation (Brokerage) and Acess to Finance. The structural funds in the horizon of 2020 and the Creative Europe Programme are an opportunity to leverage and implement some of the proposals made in this Plan. A brief bibliography list ends this Local Implementation Plan - Lisbon. 5


INTRODUÇÃO A inovação é um fator crítico para o desenvolvimento das sociedades contemporâneas, globalizadas, conectadas, em competição permanente nos mercados mundiais. Mas a inovação é um bem ao mesmo tempo escasso e ao alcance de todos. Necessita de um conjunto muito abrangente de fatores (societais e individuais) e por isso está dependente de um ecossistema povoado de muitos atores e de muitas relações de interdependência. O presente documento - Plano de Implementação Local – Lisboa – parte de pesquisas, troca de informação, evidências de boas práticas, visitas de estudo e encontros e debates, levadas a cabo por uma parceria de onze cidades europeias no âmbito de um projeto financiado pelo INTERREG IVC – o Projeto Cross Innovation – para apresentar um conjunto de recomendações sobre políticas de promoção da inovação intersetorial (cross innovation) para a cidade de Lisboa. O presente documento apresenta no seu início o propósito e o enquadramento do Plano de Implementação Local – Lisboa (Cap.I), seguindo-se, no Capítulo II, uma breve resenha sobre as indústrias culturais e criativas na cidade, socorrendo-se para o efeito dos mais recentes documentos sobre o assunto. Inclui-se ainda neste capítulo uma panorâmica sobre as estratégias da responsabilidade da Câmara Municipal em vários domínios de atuação. No Capítulo III são apresentados os principais conceitos no âmbito da inovação e em particular o de inovação intersetorial (cross innovation). Pelo facto de este plano ser consequência de um conjunto de iniciativas realizadas ao longo do último ano pelas cidades parceiras (tal como referido no parágrafo inicial), incluímos no capítulo IV, algumas aprendizagens para a cidade de Lisboa dali decorrentes. Os capítulos seguintes são operacionais, isto é, apresentam recomendações políticas e atividades de promoção da inovação intersetorial (cross innovation) (Cap. V), os processos de monitorização e avaliação (Cap.VI) e as conclusões finais (Cap. ). Para além dos documentos produzidos no âmbito do Projeto Cross Innovation foram considerados para este Plano os relatórios e documentos de reflexão e as boas práticas identificadas nas cidades parceiras, que foram produzidos no âmbito daquele Projeto (ver Referências bibliográficas). Com o intuito de melhorar a sua adaptabilidade à cidade e aumentar o seu grau de exequibilidade foram considerados ainda documentos essenciais para atingir aqueles objetivos: “Lisboa. Economia Criativa, 2013” e “LX-Europa 2020. Lisboa no Quadro do próximo período de programação comunitário. Áreas de Intervenção na cidade de Lisboa, junho, 2013”.

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I.

PROPÓSITO DO PLANO

1. ENQUADRAMENTO DO PLANO

DE IMPLEMENTAÇÃO LOCAL - LISBOA O Plano de Implementação Local - Lisboa (PIL-Lx) é um instrumento para a execução de políticas no domínio da inovação intersetorial (cross innovation) na cidade de Lisboa, um guia que apresenta princípios, atividades e modelo a realizar num calendário definido para 2014 e anos seguintes. Enquanto instrumento cabe ao PIL.Lx: a. Definir e apresentar as recomendações e ações catalizadoras de aproximação entre diferentes setores (ICC - Indústrias Culturais e Criativas e os outros setores); b. Definir e apresentar os meios (inputs) que permitam alcançar os resultados esperados (outcomes); c. Definir e apresentar os instrumentos de monitorização e avaliação do processo. PIL.Lx é um instrumento do Projeto Cross Innovation1 , INTERREG IVC, uma parceria entre onze cidades europeias2 , que tem como objetivos identificar e partilhar as boas práticas entre as cidades parceiras no domínio da inovação intersetorial e promover a inovação colaborativa que decorre do cruzamento entre setores, organizações, tecnologias e fronteiras geográficas. A sua identidade é conferida pelo Cross Innovation Manifesto3 documento que apresenta cinco princípios inspiradores para uma nova maneira de pensar e agir: 1. A mudança é uma constante, mas quando acontece, nunca é da maneira como foi planeada. 2. A inovação não é um ato isolado, não é qualquer coisa que se cultive numa estufa, evolui num ecossistema. 3. É bom ser especialista, mas aprender a ser especial é ainda melhor. 4. As novas fronteiras sempre precisaram de pioneiros. Os líderes da inovação são os novos pioneiros para a conquista das novas fronteiras. 5. A inovação é uma atividade estratégica orientada para o futuro.

www.cross-innovation.eu Amsterdam, Berlin, Birmingham, Linz, Lisbon, Pilsen, Rome, Stockholm, Tallin, Vilnius and Warsaw. 3 http://www.cross-innovation.eu/practices/manifesto/ 1 2

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No âmbito do Projeto Cross Innovation foram identificados e definidos quatro subtemas para estudo e mapeamento em cada uma das cidades parceiras e em torno dos quais devem ser consideradas as políticas de cross innovation. Os quatro subtemas são: • Espaços de colaboração (Spacial Cross-Collaboration): espaços onde a Inovação intersetorial (cross innovation) tem condições especiais para ocorrer. São exemplo: incubadoras, fab-labs, parques de ciência e espaços de co-working. • Mediação (Brokerage): serviços de mediação capazes de criar pontes entre setores, ligando facilitadores da inovação intersetorial (cross innovation) com os seus beneficiários, por exemplo, entre o setor criativo e os setores da indústria e dos serviços. • Inovação baseada nas atividades culturais (Culture based innovation): Processos que através das práticas artísticas e criativas geram inovação nas empresas e no setor público. • Incentivos inteligentes (Smart Incentives): modelos inovadores de financiamento que promovem a inovação intersetorial (cross innovation). Na primeira fase do Projeto Cross Innovation foi concebida uma matriz de dupla entrada para identificar, em cada cidade parceira, os diferentes subsetores das indústrias culturais e criativas e dos outros setores da atividade económica presentes em cada uma das cidade. Com base nessa matriz, a da cidade de Lisboa é apresentada no capítulo seguinte, ficaram elencadas as possíveis abordagens cruzadas entre setores, isto é, as potencialidades de concretização da inovação intersetorial. Numa segunda fase do Projeto foram identificadas, para cada um dos subtema em estudo (Espaços, Mediação, Projetos Culturais e Incentivos) um conjunto de boas práticas presentes em cada cidade4. Com relevância para este Plano é ainda de referir que foram realizadas quatro Policy Clinics, uma por cada subtema do Projeto, tendo Lisboa realizado a sua Policy Clinic sobre Incentivos Inteligentes (Smart Incentives).

4

http://www.cross-innovation.eu/practices/good-practices/

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2. METODOLOGIA A realização do Plano de Implementação Local é uma das tarefas a realizar pelas cidades parceiras do Projeto Cross Innovation e embora tenha sido discutido, em reuniões preparatórias, uma estrutura base para a sua elaboração, cada cidade dará ao seu Plano uma identidade própria de acordo com as caraterísticas da economia criativa local e as macro-estratégias de desenvolvimento locais a prosseguir. A metodologia adotada para a elaboração do PIL.Lx assentou em quatro fases:

ATIVIDADE

OUTCOME

FASE 1

Desk Research

1. Informação sobre inovação intersetorial (cross innovation) 2. Informação sobre as estratégias para a cidade de Lisboa. 3. Dados sobre a economia criativa na cidade de Lisboa. 4. Primeiro draft do PIL.Lx

FASE 2

Reunião do LIG (LIG3)

1. Sugestões e ações de melhoria

FASE 3

Reunião do LIG (LIG4)

1. PIL.Lx final para aprovação

FASE 4

Entrega do PIL.Lx final

1. Aprovação pela C.M. Lisboa

FASE

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II.

INDÚSTRIAS CULTURAIS E CRIATIVAS NA CIDADE DE LISBOA ESTRATÉGIAS PARA A CIDADE Neste capítulo são apresentadas informações e dados, de forma sumária, da atual situação da economia criativa na cidade de Lisboa e as políticas e estratégias adotadas nos domínios do conhecimento, inovação, empreendedorismo e dos clusters estratégicos já criados e a criar. Por último a Matriz Cross Innovation realizada numa fase anterior do Projeto. Este levantamento justifica-se pela necessidade de construir um retrato, o mais nítido possível, da base económica setorial instalada e das políticas e estratégias pensadas para a cidade e sobre a qual vão assentar as políticas de inovação intersetorial a elencar neste Plano.

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A informação está descrita no blueprint “Lisboa Economia Criativa, 2013”.

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1. LISBOA E ECONOMIA CRIATIVA A cidade de Lisboa tem um conjunto muito relevante de empresas, atividades e eventos que se enquadram na chamada economia criativa tendo a Câmara Municipal um papel relevante de catalizador e investidor neste setor. Muito embora não seja importante apresentar em detalhe e em extensão os dados que comprovem aquela referência5, ainda assim julgamos necessário referir alguns dados agregados da economia criativa da Grande Lisboa para a qual foram considerados três núcleos distintos: os Serviços Criativos (publicidade, arquitetura e design –incluindo design de moda), as Indústrias Culturais (Cinema, Vídeo, Música, Rádio e Televisão, Edição – livros, jornais e revistas- Impressão e Reprodução – gravação de suportes físicos, tipografias e gráficas) e as Atividades Artísticas e Culturais (Património Cultural e as Atividades Artísticas e de Criação Literária – incluindo fotografia, artes perfomativas, artesanato, etc). Na Grande Lisboa o peso do Setor Criativo é de 4,5% do emprego (51 320 postos de trabalho registados) correspondendo a 21 795 empresas. Estes dados correspondem a 42% do emprego criativo do país e a aproximadamente 47% do VAB do setor criativo do país.

42% 36% do emprego criativo do país

57% do volume de negócios criativos gerado

4,5%

das empresas criativas nacionais

do emprego da Grande Lisboa

51 320

21 795

postos de trabalho

empresas

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Os mapas seguintes, de densidade e localização, dão uma ideia aproximada do vasto conjunto de atores da economia criativa na cidade de Lisboa.

Serviços Criativos Arquitetura Design Publicidade

Indústrias Culturais Cinema, Vídeo Música Rádio e Televisão Edição (livros, jornais e revistas) Impressão e Reprodução (gravação de suportes físicos, tipografias e gráficas)

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Atividades Artísticas e Culturais Espaços Criativos Museus, Bibliotecas e Arquivos Artes Performativas - Teatro, Dança, Música Ensino de Atividades Culturais


2. ESTRATÉGIAS PARA A CIDADE DE LISBOA Interessa também a este Plano conhecer as estratégias para as áreas da economia, inovação e empreendedorismo que a Câmara Municipal concebeu e tem em agenda, para alinhar com as políticas e ações a propor e implementar no âmbito da inovação intersetorial (cross innovation). Neste sentido a aposta da cidade de Lisboa em posicionar-se naquelas áreas está bem patente nos objetivos estratégicos de que destacamos, pela importância que têm para este Plano, os seguintes: • Criar, atrair e reter…talentos, empresas, investimentos e atividades e clusters estratégicos. • Potenciar a inovação, a criatividade e o espírito empreendedor na cidade de Lisboa. • Tornar Lisboa num espaço de abertura e exploração de novas motivações, experiências e conceitos. Os objetivos estratégicos, de que nomeamos apenas três, contribuem para a definição do Perfil de Especialização da Economia de Lisboa6 e dos respetivos Eixos Estratégicos. Destes, pela importância que têm para promover a inovação intersetorial (cross innovation), destacamos três: Lisboa Start Up City, Conhecimento e Inovação e o eixo Clusters Estratégicos.

Universidades, Conhecimento, Talentos

ECONOMIA

CRIATIVA

TICS WEB MOBILE

SAÚDE & BEMESTAR

TURISMO COMÉRCIO ECONOMIA ECONOMIA VERDE

DO MAR

SETOR

FINANCEIRO

Setor Público, 3º Setor

EMNs, Grandes Empresas, Empresas Em Expansão

Startups, Empresas Early Stage, Autoemprego

Lisboa. Economia, Inovação e Empreendedorismo, Paulo Soeiro de Carvalho, Diretor Municipal de Economia e Inovação, Câmara Municipal de Lisboa, 2013 (power point). 6

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No âmbito do eixo Lisboa Start Up City incluem-se os projetos Start Up Lisboa (marca agregadora para três especializações distintas, a Start Up Tech, a Start Up Commerce e a Start Up Loans), a Rede de Incubadoras de Lisboa, o FAB Lab que inclui o futuro espaço de CoWork do Forno do Tijolo, o Lispolis (pela sua dimensão e valências integra mais do que um eixo estratégico), o Programa Emprendedorismo Jovem de Lisboa, a Semana do Empreendedorismo de Lisboa, o Programa de Microcrédito - Lisboa Empreende e alguns outros eventos. O projeto Start Up Lisboa está em acentuado crescimento tendo já sido criados, para o conjunto das duas primeiras incubadoras (Tech e Commerce), 51 start ups e 180 postos de trabalho. O projeto Incubadoras de Lisboa tem 12 incubadoras em funcionamento, com 170 start ups instaladas e cerca 680 postos de trabalho criados. Outro eixo Estratégico relevante no contexto que interessa a este Plano é o do Conhecimento e Inovação, que compreende, entre outros, os projetos Mapa do Conhecimento e Inovação, Lispolis, Lisboa Cidade Erasmus e Academia Lx. Muito relevantes são os dados extraídos do mapeamento do conhecimento e inovação: 140 instituições de Ensino Superior, público e privado, 158 Centros de Investigação e de Estudos Universitários, cerca de 150 000 alunos inscritos no ensino superior, 2800 alunos de Erasmus (ano de 2010/11, região de Lisboa) e 72 residências universitárias (públicas

• • • • •

104 Instituições de Ensino Superior 139 700 Estudantes no Ensino Superior (2012-2013) 34 000 Licenciados/Ano 158 Centro de I&D 15 000 Investigadores

• • • • •

12 Incubadoras 3 Parques C&T 15 Fundações (Conhecimento e I&D) 72 Residências para Estudantes 2,1% PIB em I&D (2011)

e privadas). No eixo Cluster estratégicos destacamos alguns projetos por considerarmos que encerram grande potencial para integrarem iniciativas que conduzam à inovação intersetorial (cross innovation). Estão neste caso o cluster da Economia Criativa, o Cluster da Saúde em Portugal na área da saúde&bem estar e o projeto de cluster ligado à economia do mar. Na Economia Criativa há um conjunto significativo de realizações como o Eurobest – European Festival of Creativity, a Lisboa Film Commision, o Polo Criativo de Sinel de Cordes – Trienal de Arquitetura e o Festival IN – 14


Inovação e Criatividade. Ainda no que diz respeito às estratégias para a cidade de Lisboa, com as quais este Plano se deve também articular, de referir o próximo período de programação comunitário, vertido no documento LX – Europa 20207 em articulação com o Quadro Financeiro Plurianual 2014-2020 centrado na execução da Estratégia Europa 2020. Nesta são estabelecidas três prioridades: crescimento inteligente, crescimento sustentável e crescimento inclusivo. Lisboa definiu, em articulação com os objetivos estratégicos insertos no Plano Diretor Municipal (PDM), três grandes objetivos: Mais Pessoas, Mais Emprego e Mais Cidade. De acordo com estes grandes objetivos, a CML traçou 10 áreas de intervenção, as mais relevantes para promover o crescimento inteligente, sustentável e inclusivo, elencando em cada uma destas áreas um projeto que “pelo seu caráter estruturante e poder de arrastamento, se assume como preponderante para alcançar os objetivos de desenvolvimento da cidade”8. Indicamos a seguir as áreas e respetivos projetos estruturantes com os quais as atividades e iniciativas propostas neste Plano se podem articular. • Lisboa Cidade da Cultura e da Interculturalidade; projeto estruturante: Lisboa Criativa. • Lisboa Capital do Mar: projeto estruturante; Campus do Mar. • Reabilitação do Parque Edificado/Prevenção de Riscos; projeto estruturante: Programa de reabilitação de edifícios direcionado para a melhoria da eficiência energética e da resistência sísmica. • Acessibilidades Para Todos/Mobilidade Inteligente e inclusiva; projeto estruturante: Lisboa Cidade Acessível. • Qualidade de Vida e Ambiente Urbano; projeto estruturante: Lisboa Cidade Solar. As políticas de inovação intersetorial apresentadas no capítulo V deste Plano, darão conta do potencial de articulação com as iniciativas previstas em cada projeto estruturante referido e dos possíveis benefícios que daí poderão advir.

3. MATRIZ DA INOVAÇÃO INTERSETORIAL (CROSS INNOVATION) DE LISBOA Numa fase inicial do projeto Cross Innovation as cidades parceiras preencheram uma matriz de dupla entrada, Cross Innovation Matrix, onde estão representados o potencial de inovação intersetorial (cross innovation) resultante do cruzamento/interseção dos subsetores das Indústrias Culturais e Criativas e os outros setores da economia (ver anexo). Foram considerados para o setor das indústrias culturais e criativas, os subsetores da arquitetura, publicidade, design, media (social) artes visuais, artes perfomativas, web e artesanato. Para os outros setores da economia, a saúde, tecnologias de informação, economia do mar (blue economy), ambiente e energia (green economy), turismo e comércio. A matriz para a cidade de Lisboa, ainda que necessite de uma descrição mais fina dos setores e subsetores considerados, foi mais um documento considerado para elaborar os instrumentos de políticas e atividades descritas no Capítulo V.

LX-Europa 2020. Lisboa no quadro do próximo período de programação comunitário. Áreas de Intervenção na cidade de Lisboa. Câmara Municipal de Lisboa. Junho de 2013 8 Ibidem, pp. 6 7

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INOVAÇÃO E INOVAÇÃO

III.

INTERSETORIAL

Inovação, inovação aberta, inovação intersetorial (cross innovation) são conceitos que surgem com muita frequência na literatura sobre economia criativa e indústrias culturais e criativas. No âmbito deste Plano optamos por apresentar definições sobre aqueles conceitos retirados da literatura universalmente adotada. No caso da inovação intersetorial (cross innovation) socorremo-nos dos textos produzidos no âmbito do Projeto Cross Innovation por ser um conceito recente, de definição não totalmente assente e pouco difundido.

1. O AMBIENTE DA CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO Qualquer ação política tem que estar ancorada numa filosofia, que estabelece um corpo de princípios e condições, num ecossistema, que evidencia as relações de interdependência entre os organismos dos diferentes sistemas presentes e numa estratégia, que orienta o caminho a seguir e os resultados a alcançar (guia para a ação). A criatividade e a inovação acontecem em ambientes que têm uma cultura de abertura à mudança, orientada para os desafios e o risco, assente na confiança mútua, colaborativa e valorativa da diversidade, promotora da partilha e do encontro. Estes princípios e condições devem ser assegurados e promovidos de modo a que se possam estabelecer ambientes favoráveis à criatividade e inovação, isto é, desenvolvidos num ecossistema que assume as relações entre os seus diversos elementos (pessoas, organizações, instituições) como relações de interdependência. Importa referir que da análise dos fatores propícios à criatividade e inovação a cidade de Lisboa tem um ecossistema que apresenta todos os elementos fundamentais (políticas, estratégias, instituições, organizações) e muitos dos processos que facilitam e promovem as inter-relações entre o seus elementos (redes, espaços) o que nos permite classificá-lo de robusto, integrado e muito contribuindo para a classificação da Região de Lisboa como região líder em inovação9. As políticas, objetivos, estratégias e atividades para a inovação intersetorial (cross innovation) definidas e elencadas neste Plano vão contribuir para melhorar, acima de tudo, os processos facilitadores e promotores das inter-relações entre diferentes elementos do ecossistema da cidade.

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Regional Innovation Scoreboard. European Commision, Entreprise and Industry. 2012

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INOVATION LEADER INNOVATION FOLLOWER MODERATE INNOVATOR MODEST INNOVATOR

2. INOVAÇÃO, INOVAÇÃO ABERTA (OPEN-INNOVATION) E INOVAÇÃO INTERSETORIAL (CROSS INNOVATION) A inovação é um meio para a criação de valor (resultado) e tem que ser encarada numa estratégia de longo prazo, em que múltiplos subsistemas societais (culturais, educativos, empresariais, públicos e privados) contribuem em conjunto para esse fim. Ainda que as definições sejam sempre redutoras na sua tentativa de traçar uma medida no campo de conhecimento que querem apresentar, não deixam ainda assim de ser um instrumento valioso no delimitar e orientar os territórios da ação. Neste sentido, julga-se pertinente apresentar algumas definições e categorizações para os domínios que interessam a este Plano. Inovação é “a implementação de uma nova ou significativamente melhorada solução para a empresa, novo produto, processo, método organizacional ou de marketing, com o objetivo de reforçar a sua posição competitiva, aumentar a performance ou o conhecimento”10. Esta definição baseia-se na criação de valor, sendo este proveniente do mercado. Ainda que o Manual de Oslo nos oriente nesta questão ele está pensado para os setores industriais e comerciais, isto é, dependentes do mercado. Assim, mesmo quando uma “ideia inovadora” tenha sido implementada, mas não tenha tido sucesso no mercado, tecnicamente não podemos falar em inovação. No entanto, o conceito de valor criado, sobretudo para o caso que nos interessa, deve ser abordado numa perspetiva mais abrangente, por exemplo o valor imaterial resultado de um bem cultural produzido ou o valor social resultado de uma política ou serviço introduzido na comunidade.

Oslo Manual. Guidelines for Colleting and Interpreting Innovation Data. OECD and Eurostat, 3rd Edition, 2005 10

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Caraterizam a inovação: a) A novidade e a mudança introduzida (da inovação incremental à inovação radical); b) Um processo (ser contínua, ser um processo); c) Implementação (a inovação é determinada pelo valor criado, isto é, se é aceite pelo mercado ou sociedade. Tudo o que está antes da sua introdução no mercado não é uma inovação, mas apenas a ideia de uma inovação, por exemplo, uma patente); d) Abrangente (as inovações não são apenas tecnológicas, ou novos produtos, são cada vez mais intangíveis (soft innovations) como o design, modelos de negócios, modelos de marketing, políticas, modelos organizativos, etc); e) Interconectividade (sistemas integrados inovadores, isto é, hoje em dia muitas inovações são desenvolvidas em conjunto com outras inovações, dependentes umas das outras); f ) Incerteza (as inovações não são previsíveis, resultam da criatividade que, por definição, acontece livre de constrangimentos comportando elementos de risco). Inovação Aberta (Open Innovation). Trata-se nesta categorização de saber como fazer para inovar assumindo este novo paradigma que as organizações podem e devem usar ideias tanto provenientes do ambiente externo quanto interno à medida que as organizações procuram vantagens competitivas. Em alternativa inovar com os parceiros (fornecedores, por exemplo) partilhando risco e ganhos. As fronteiras entre a organização e o seu ambiente têm vindo a ser cada vez mais permeáveis; a inovação pode ser facilmente transferível para dentro e para fora. A ideia central da inovação aberta é que, num mundo em que o conhecimento está amplamente distribuído, as empresas não podem dar-se ao luxo de confiar inteiramente na sua própria pesquisa, mas devem procurar também outras ideias provenientes do ambiente externo, por exemplo, através de processo de crowdsoursing. Inovação intersetorial (cross innovation). É importante salientar que não há nenhuma definição assente sobre este conceito e, sendo uma nova área de atividade, está portanto aberta a uma gama alargada de interpretações. Adiantamos, no entanto, uma das respostas mais comuns que foram dadas durante o processo de pesquisa para a elaboração do estudo11 encomendado pelo Projeto Cross Innovation: “a inovação intersetorial (cross innovation) é a colaboração entre fronteiras intersetoriais – novas parcerias que juntam as indústrias criativas e os setores tradicionais para construir novas perceções, conhecimentos, ideias (insights), que de outro modo não seriam geradas”. Destas e de outras contribuições se construiu a definição aceite para o Projeto: um processo de colaboração entre setores de diferentes atividades (económica e/ou social) para criar valor através de um processo conducente à inovação. A concretização deste processo pode ser realizada por partilha de conhecimento, de técnicas, de competências, de cultura organizacional ou por mais de que um destes itens em simultâneo. Resumindo, a inovação intersetorial (cross innovation) é um processo em que os instrumentos (skills, competências) do setor das indústrias culturais e criativas 11

Short Study on Cross Innovation. Jesse Bergrave, Belgrave and Co. 2012 18


são usados para impulsionar a inovação noutros setores da atividade económica (ou social), quer públicos (serviços) quer privados (produtos, processos, etc) e ainda na obtenção e desenvolvimento de novos instrumentos (skils, competências). É ainda importante referir que a Comissão Europeia reconhece como positiva este tipo de interação intersetorial (cross innovation) quando coloca a seguinte questão: “how to accelerate the positive spill-over effects that the Culture and the Creative Industries can produce on the wider economy and society”12 . É precisamente esta a questão que é colocada pela European Creative Industries Alliance (ECIA): “What is cross-sectoral innovation/spill-overs?. 
Cross-sectoral innovation or spill-overs are often defined as « positive externalities » or « external development effects ». In spite of the financial crisis, the cultural and creative industries are growing and economists have long ago recognized that a workforce with creative competencies will have an increasing impact on the value creation in all societies. Nevertheless, it is still difficult to develop a policy that stimulates this cross-sectoral or spill-over effect. One of the critical challenges for this growth is the creation of cross synergies between the cultural and creative industries and the traditional business industries”13. Importa agora saber o que é necessário fazer para que este processo ocorra, isto é, os fatores favoráveis que criam o contexto para que a inovação intersetorial (cross innovation) aconteça. Desde logo contrariar o pensamento setorial (ou departamental) estanque (silo thinking), tanto nos setores económicos quanto no setor público, criando um ambiente mais aberto no(s) ecossistema(s). Por outro lado adotar uma abordagem holística e inclusiva (equipas diversificadas) à resolução de problemas. Isto porque alguns dos obstáculos provêm das barreiras que as diferentes linguagens setoriais, a falta de contacto e proximidade entre setores e as oportunidades de trabalho em conjunto. Apontam-se como suportes e instrumentos de promoção daquele modelo de pensar e agir as práticas dos diversos sistemas que suportam a inovação aberta e o design thinking. Ainda que as evidências sobre os resultados da inovação intersetorial (cross innovation) sejam ainda escassas é de crer que esta mudança no modo de pensar e agir (mind set shift) traga benefícios importantes. No entanto refira-se que um estudo da Agência NESTA (UK) que incidiu sobre as inter-relações entre o setor das indústrias criativas e outros setores da economia verificou que os negócios intensivamente utilizadores dos serviços criativos aumentavam em 25% o seu potencial para introduzir um novo produto no mercado14. Outras apontam para uma mudança de comportamento organizacional das empresas que se envolvem com as empresas do setor criativo quer quanto à sua melhoria na adoção de novas práticas mais inovadoras quer quanto à capacidade em diminuir a aversão ao risco. Em linhas com estas considerações, outros estudos sugerem ainda que as ICC têm um efeito positivo na economia que vai para além da criação de valor e empregos: “the economic value of the creative industries may extend beyond just the manifest production of cultural goods or the employment of creative people, but may have a more general role in driving and facilitating the process of change across the entire economy, as evident by its dynamic parameters and degree of embedding in the broader economy. Indeed, it may even be the case that the ‘dynamic significance’ of the creative industries is greater than their ‘static significance”15. No estudo destes autores são apresentadas evidências que justificam aquela sugestão.

Unlocking the potencial of the culture and creative industries. Green Papper. European Commission http://www.eciaplatform.eu/project/cross-sectoral-innovation/ (acedido a 5 de novembro de 2014). 14 Short Study on Cross Innovation. Jesse Bergrave, Belgrave and Co. 2012 15 Jason Potts & Stuart Cunnigham (2008). Four models of creative industries. Cultural Science. Pág. 1 e 2 12 13

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IV.

O PROJETO E AS

APRENDIZAGENS

PARA LISBOA No âmbito do Projeto Cross Innovation foram realizadas, para o que interessa a este documento, muitas iniciativas e atividades de diferentes tipologias e objetivos : de pesquisa e reflexão (produção de documentos que constituem referências teóricas, enunciados ao longo dos capítulos anteriores), de debate (as Policy Clinics realizadas que contribuíram para a elaboração das recomendações apresentadas no capítulo seguinte), de observação e troca de experiências (visitas de estudo em que a equipa de Lisboa participou, que contribuíram também e a seu modo para os conteúdos do Capítulo V). A equipa de Lisboa teve participação ativa em muitos dos momentos referidos, com particular destaque para as visitas de estudo a Roma e Talin e, com acréscimo de responsabilidade, a Policy Clinic que organizou em Lisboa sobre Incentivos Inteligentes (Smart Incentives). É de referir ainda as reuniões gerais do projeto (GM) e em particular a GM3-Stockholm que ajudou a estruturar o modelo do LIP (Local Implementation Plan). Finalmente houve outras contribuições que serão referidas no decorrer deste capítulo. Seguem-se algumas referências particulares a momentos e recomendações de que se retiraram aprendizagens específicas para este Plano. • Policy Clinic Birmingham: é fundamental a formação de mediadores (Brokers), promovendo a certificação de competências que legitime e reconheça estas pessoas; permitir que os espaços sejam usados em formatos diversos; estabelecer concessões flexíveis para promover o uso temporário/experimental do espaço (pop-up spaces); apoiar a concretização de uma estratégia de promoção da inovação intersetorial (cross innovation) junto dos media; aplicar processos de inovação intersetorial (cross innovation) na tomada de decisões políticas, em particular na promoção de informação aberta (open data), ferramentas de visualização de dados (data visualization) e políticas de aquisições (procurement)

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criativas. • Policy Clinic Vilnius: os Municípios devem mudar de uma política setorial para abordagens intersetoriais e multidisciplinar o que exigirá uma coordenação clara de esforços para criar sinergias; muitos exemplos mostram que sempre que alguém muda do modelo centrado na atividade para um modelo centrado na resolução de problemas a inovação intersetorial (cross innovation) ocorre com mais frequência; para tal é necessário mudar de um modelo setorial propício ao pensamento isolado (silo thinking), permitindo o fluxo horizontal de ideias; a inovação intersetorial (cross innovation) ocorre quando o pensamento é baseado em valores e começa a partir de valores dos clientes (empresas) ou dos cidadãos (Município). • Policy Clinic Varsow: os planos de uso do solo relativos à localização detalhada das funções e uso específico do espaço urbano devem abordar a questão dos espaços para a inovação intersetorial (cross innovation) de diferentes formas: como um espaço público aberto e/ou outros tipos de espaços (potencial localização de laboratórios – fablabs – espaços de cowork, etc); as autoridades públicas devem ser líderes e os coordenadores responsáveis pela disponibilização de espaços, mas devem cooperar estreitamente com outros atores presentes na cena urbana; os espaços devem ser projetados e desenvolvidos desde o início com a ideia muito presente da inovação intersetorial (cross innovation) e não apenas como um local de instalação/ concentração de empresas criativas; estes espaços devem ser pensados e para mudar ao longo do tempo de acordo com as necessidades, as expectativas e as preferências dos utilizadores. Propõe-se três diretrizes para o estabelecimento de espaço criativos de apoio à inovação intersetorial (cross innovation): sob medida, criado para evoluir, com oferta que antecipe as mudanças nas necessidades dos usuários. • Visita a Roma: nos diversos locais visitados e encontros efetuados nesta cidade destacamos: a importância das redes colaborativas que trabalhem numa dimensão internacional, procurando as melhores oportunidades de troca de informação; a necessidade de promover e dar visibilidade aos projetos – políticas de marketing e comunicação baseadas na promoção de uma imagem forte da identidade da organização; procurar as melhores práticas em projetos das ICC (benchmarking). • Visita a Talin: dos encontros efetuados destacamos: a importância de não separar a cultura de elite da cultura popular quando se fala de empreendedorismo criativo; usar os fundos estruturais para novos espaços e infraestruturas na cidade para promover a competitividade regional através do turismo, reabilitação urbana e do património cultural; a organização de redes de atores num determinado cluster que promova e o marketing, a internacionalização, candidaturas a fundos, formação, desenvolvimento e produtos e serviços.

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RECOMENDAÇÕES DE

POLÍTICAS ESPECÍFICAS DE INOVAÇÃO INTER-SETORIAL

PARA LISBOA

V.

A inovação intersetorial (cross innovation), segundo a definição aqui utilizada, tem como protagonistas os setores das indústrias culturais e criativas e os outros setores da economia. Utilizando uma metáfora da dramaturgia, estamos perante dois atores à procura de um texto para expressar em palco a sua criação. Atores, instrumentos, espaço e a peça a que a audiência terá acesso pelo preço do respetivo bilhete. Continuando a metáfora, ainda que simplificando, será o aplauso do público que ditará o sucesso ou insucesso do espetáculo, ou dizendo de outro modo, o mercado (o público) a julgar o produto/serviço (inovação). Procuramos, portanto, neste capítulo e definidos que estão os setores intervenientes, evidenciar os instrumentos e os espaços (ambientes se alargarmos o conceito) para que daí resultem as interações necessárias que conduzam à inovação intersetorial (cross innovation).

1. PRINCÍPIOS DE SUPORTE ÀS ATIVIDADES E INICIATIVAS DE INOVAÇÃO INTERSETORIAL (CROSS INNOVATION). Começamos por colocar uma pergunta: qual o papel do Município de Lisboa num programa de promoção da inovação intersetorial (cross innovation) na cidade? Ou, formulando a pergunta pela negativa: qual não deve ser o papel do Município de Lisboa num programa de promoção da inovação setorial? Pensamos que não lhe cabe o papel de ator da inovação intersetorial (cross innovation)16 (realizar a performance), mas o de orquestrador (encenar a performance). Advogamos, portanto, o exercício da atividade de mediador (brokers), isto é, promotor do encontro, da aproximação, da negociação entre o setor das indústrias culturais e criativas e os outros setores da economia, incluindo o setor financeiro, e com isto preparar e fertilizar o terreno para a inovação intersetorial (cross innovation). Por outras palavras, iniciando e criando as condições, organizacionais e técnicas, para que este processo promova encontros virtuosos entre setores distintos. Neste papel de mediador (brokers) o Município assume também uma atitude de motivador, convo-

Se considerarmos a inovação inter-departamental uma variante da inovação intersetorial, advogamos a realização de iniciativas com aquele fim dentro da orgânica municipal. A título de exemplo propõe-se a realização de “estágios internos” de funcionários de um departamento/divisão noutro departamento/divisão diferente, por períodos de tempo curtos. Iniciativas deste tipo têm dois grandes objetivos: melhorar a perceção do trabalho global de uma organização; aumentar a inovação (por exemplo aumentar a eficiência ou diminuir desperdícios – tempo, recursos, etc). 16

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cando os atores e inspirando-os à ação. Mas acima de tudo, assumir o papel de mediador (brokers) é ter uma atitude pragmática, isto é, organizar e realizar um conjunto de atividades com um único fim em vista: promover a inovação. Assim, desse conjunto de atividades, para além das anteriormente referidas, cabe-lhe: coletar, organizar e disponibilizar em permanência informação sobre os diferentes setores da economia e pesquisar as tendências de mercado(s) (Market Inteligence); promover a capacitação e formação de pessoas em Mediação e Inovação (Brokers), mas também aos candidatos a empreendedores em gestão e empreendedorismo (Capacity Building); reforçar e agregar organizações para projetos conjuntos, disponibilizar serviços e estruturas que possam ser necessários para as atividades de mediação ou, por exemplo, para a prototipagem de produtos. O papel que definimos para o Município deve ter ainda em conta, na sua ação concreta, que as atividades e iniciativas de promoção da inovação intersetorial (cross innovation) devem ser organizadas e estruturadas segundo os seguintes princípios: • Baixo-custo: os processos de mediação (brokerage) promotores da inovação intersetorial (cross innovation) devem utilizar ao máximo os recursos existentes (recursos físicos, humanos), promovendo-se a interconexão entre essas estruturas e pessoas. • Orientada pela informação e conhecimento: os processos conducentes à inovação intersetorial (cross innovation) devem ter uma base sólida de informação (dados) e conhecimento (evidências). • Orientada para a criação de valor: os projetos e iniciativas conducentes à inovação intersetorial (cross innovation) devem ser orientados para resultados (criação de valor: económico, social ou cultural) e devem ser expressos de modo claro e, sempre que possível, quantificado. • Internacionalização: os projetos e iniciativas de promoção da inovação intersetorial (cross innovation) devem ter em vista, sempre que possível, o potencial de internacionalização dos resultados (produtos, serviços, etc). Mas se este é o papel que recomendamos para a C.M. de Lisboa, admitimos e consideramos de igual modo imprescindível que a promoção da inovação intersetorial (cross innovation) seja assumida também por organizações privadas (Associações empresariais, empresas) mais próximas dos atores a envolver no processo. Esse pode ser um fator inovador consequência do papel de mediador (brokers) que atribuímos ao Município: ser um disseminador dos processos de mediação (brokerage). Se o setor público e o setor privado assumirem o papel que lhes cabe no processo, mais facilmente se pode, em fases posteriores, passar à especialização nos respetivos domínios de incidência em regime de complementaridade.

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2. RECOMENDAÇÕES PARA A INOVAÇÃO INTER-SETORIAL (CROSS INNOVATION) EM LISBOA Definidos o papel da C.M. de Lisboa e os princípios orientadores da ação elencamos um conjunto de recomendações para a promoção e realização dos processos de implementação conducentes à inovação intersetorial (cross innovation). 1. Criação da Lisboa Creative Brokers, uma plataforma alargada de parceiros (C.M. de Lisboa, parceiros locais do Projeto Cross Innovation, Universidades, empresas do setor das I.C.C., outras empresas dos setores tradicionais e outras organizações públicas e privadas) orientada para a promoção e organização de atividades e iniciativas de mediação (brokerage) entre o setor das indústrias culturais e criativas de Lisboa e os outros setores da economia, entre as quais aquelas propostas neste P.I.L.. A plataforma Lisboa Creative Brokers deverá seguir um modelo de encontros regulares entre todos os parceiros aderentes e a criação de grupos de trabalho para concretizar ações bem definidas, por exemplo, candidaturas a fundos estruturais

CAPACITY BUILDING (Brokerage, Managment, Entrepreneurship) ACESS TO FINANCE (Smart Incentives)

LISBOA CREATIVE BROKERS

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MARKET INTELIGENCE (Information) CROSS INNOVATION ACTIVITIES & EVENTS


definindo, entre os parceiros, os promotores dos projetos de candidaturas. A criação duma plataforma desta natureza assegura a interligação entre organizações como as descritas, projetos (Projeto Gerador, Lisbon Consortium, etc) e aos outros setores da economia contribuindo para a promoção e manutenção de um ecossistema criativo dinâmico. Entre as atividades e iniciativas da Lisboa Creative Brokers destacamos: promover, em parceria com estabelecimento de ensino superior, a capacitação e formação em Mediação e Inovação para organizações e agentes individuais; promover a criação de instrumentos inovadores de mediação inter-setorial/cross innovation, incluíndo incentivos inteligentes (smart incentives); promover e organizar as atividades constantes do ponto seguinte deste capítulo; promover parcerias para a concretização de candidaturas a programas europeus, no âmbito da mediação em inovação inter-setorial/ cross innovation; recolher, tratar e disponibilizar informação sobre o setor das indústrias culturais e criativas; agregar conhecimento, parceiros e financiamento para a concretização da plataforma de mercado criativo (lugar de encontro entre fornecedores e clientes). Uma parte das funções a desempenhar pela Lisboa Creative Brokers, nomeadamente as que se referem à formação (Capacity Building), informação (Market Inteligence) e financiamento (Smart Incentives), estão elencadas no mais recente estudo da Comissão Europeia sobre acesso ao financiamento do setor das indústrias culturais e criativas onde se caraterizam e identificam as dificuldades do setor neste campo e se propõem soluções a nível europeu, nacional e local. 2. Prosseguir uma política sistemática de recolha e tratamento de informação sobre a economia de Lisboa (todas as áreas/setores) e de monitorização e avaliação de projetos e iniciativas. Fundamental para criar projetos e apoiar iniciativas sustentadas em bases sólidas em termos de necessidades e orientadas para os resultados (económico, social e cultural). O mesmo se pode dizer para a monitorização e avaliação dos resultados dos projetos e iniciativas apoiados e/ou a apoiar. 3. Prosseguir o apoio (financeiro, logístico, promocional) aos eventos já existentes e/ou promover outros que potenciam a troca de informação, contactos, mostra de produtos e serviços, diretamente relacionados com a inovação (setor

Survey on acess to finance in the cultural and creative sector. European Commission. Media. European Union. 2003. Pags. 148-153. 17

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das atividades culturais e indústrias criativas). Neste sentido recomendamos que, nestes eventos, se solicite aos participantes uma atitude mais prática, isto é, que realizem sessões mais hands-on e não apenas de simples mostração/exibição. 4. Prosseguir o apoio aos projetos já existentes e em curso de implementação, que promovem a inovação intersetorial (espaços de experimentação e criação, espaços de negócios criativos, parcerias de financiamento, suporte ao empreendedorismo (empresarial, cultural e social). Esta recomendação tem um efeito secundário não menos importante pois, de acordo com uma das conclusões da Policy Clinic Lisboa, “os processos que concorrem para promover a inovação intersetorial (cross innovation) são de per si um modo de recurso a financiamento por parte das CCIs (Culture and Creative Industries), dado que, ao cruzarem-se as CCIs com os outros setores (quer os tradicionais quer os setores em crescimento) e dado que estes últimos têm maior facilidade de acesso aos investidores, facilita-se por aquela via – inovação intersetorial (cross innovation) - o financiamento às CCIs” 18. 5. Recomendamos o apoio às iniciativas que acrescentam valor social ou cultural, isto é, que não se concentrem os esforços e os recursos (sempre limitados) necessários às iniciativas de promoção da inovação intersetorial (cross innovation), apenas naquelas que são interessantes do ponto de vista comercial (valor económico), mas também nas que acrescentam valor social ou cultural, em particular as que são prioridades ou estratégias para a cidade, mas que, pelas sua natureza não são estimulantes para os operadores privados (por exemplo, projetos de inclusão social). 6. Qualificar agentes para a mediação e inovação. A mediação (brokerage) é fator crítico de sucesso para prosseguir a estratégia “Lisboa Criativa” em todas as suas vertentes, aproximando empreendedores, empresas e financiadores. Esta aproximação é fundamental dada a insuficiente preparação ou desconhecimento mútuo dos diferentes atores envolvidos. Alargar esta qualificação aos processos de inovação, incluindo a inovação provinda da colaboração intersetorial (cross innovation). No entanto, recomendamos que esta qualificação dos agentes seja feita em parceria com espaços de criação (aqueles em que o município tem participação) e um estabelecimento de ensino superior. Estes agentes de mediação qualificados e certificados serão também importantes para implicar o setor pri-

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Relatório Policy Clinic Lisboa. Junho de 2013 (pdf )

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vado no incentivo aos processos de inovação intersetorial (cross innovation), tal como se recomenda no ponto 1 deste capítulo. 7. Recomendamos a realização de projetos colaborativos entre artistas (setor cultural) e os serviços públicos e empresas (setores da economia pública e privada). Trata-se de colocar os modos de pensar e as competências dos artistas em confronto com os modos de pensar dos atores dos outros setores da economia ou do setor social. Estes projetos podem ser motivados por desafios, resultados ou outro tipo de motivações que partam dos serviços públicos ou das empresas. 8. Na esteira de alguns dos estudos citados neste documento recomendamos a continuação das políticas de promoção do empreendedorismo criativo e de apoio à criação de empresas do setor das indústrias culturais e criativas (Start-ups), pelo efeito transformador e de mudança na economia como um todo que vai para além da criação de valor e empregos neste setor específico. 9. Prosseguir uma política de apoio às atividades culturais (não auto-financiadas) quer de iniciativa autárquica quer, em regime de complementaridade, com outras iniciativas realizadas em Lisboa. A cultura e o património, bens societais, de usufruto individual ou coletivo, são fundamentais no desenvolvimento da cidade: criação de valor (turismo), atração e fixação de população (com as consequências económicas que daí advêm em todos os setores, habitação, comércio, etc) e promoção internacional. 10. O incentivo à internacionalização das empresas e/ou de projetos passa pelo apoio à participação em eventos a realizar no território nacional ou noutros países com forte visibilidade internacional e capacidade de networking empresarial. A plataforma Lisboa Creative Brokers, em conjunto com a Lisboa Start Up, pode também aqui desempenhar um papel importante. A seleção criteriosa quer dos eventos quer das empresas e projetos com capacidade de internacionalização é um factor importante para a concretização desta recomendação.

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3. ATIVIDADES DE SUPORTE AO PROGRAMA DE RECOMENDAÇÕES A título de sugestão e no intuito de tornar este Plano mais pragmático e operacional julgamos importante acrescentar às recomendações referidas um conjunto de atividades e iniciativas sumariamente descritas que podem ser um ponto de partida para novas ideias e projetos de promoção da inovação intersetorial (cross innovation). Todas ou quase todas assentam num pressuposto fundamental: promover a aproximação, o encontro, a ligação entre setores distintos. Parece-nos ser esta uma das chaves mestras para incrementar a inovação quer nas indústrias culturais e criativas quer nos outros setores (económicos e sociais). Neste sentido as atividades elencadas podem constituir parte do plano de ação da Lisboa Creative Brokers. Para cada caso indicamos um título, uma descrição sumária, os destinatários preferenciais, o promotor, os parceiros a envolver, a articulação com as estratégias para a cidade e as possíveis fontes de financiamento. Nalgumas atividade encontram-se interligados os domínios de referência do projeto Cross Innovation (Espaços, Mediação, Atividades de Base Cultural e Incentivos Inteligentes) pelo que a opção foi não referenciar aqueles de per si.

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Atividade

• LISBON

Cross Thinking/ ACTORS FOR Cross Innovation

INNOVATION

Descrição Lisbon Actors for Innovation é um projeto de promoção da inovação através da colaboração intersetorial (cross innovation), assente na criação de parcerias entre empresas ou organizações do setor das indústrias culturais e criativas (ICC) e empresas de outros setores da economia para conceber produtos, serviços, modelos de negócios e processos inovadores. O projeto providencia formação, financiamento ao funcionamento operacional das parcerias selecionados e mediação entre parcerias com projetos viáveis e financiadores (investimento). O projeto, a desenvolver ao longo de 3 anos, assenta num modelo que compreende as seguintes fases: i. Candidaturas organizadas em cinco categorias: a) ICC + empresa do setor da construção civil (reabilitação urbana) – Ano1 b) ICC + empresas do setor do turismo – Ano 1 c) ICC + empresa do setor do ambiente (economia verde) – Ano 2 d) ICC + empresa do setor marítimo (economia azul) – Ano 2 e) ICC + empresa do setor da saúde – Ano 2 ii. Academia Cross Thinking/Cross Innovation (workshops) iii. Desenvolvimento do projeto elaborado pela parceria a realizar na(s) empresa(s) iv. MeetInvest (Promoção de encontros entre parcerias/projetos e investidores) v. Mostra de projetos

Destinatários

ICC, empresas dos setores da saúde, construção civil, ambiente, marítimo, turismo, financeiro.

Promotor

CM Lisboa/ Plataforma Lisboa Creative Brokers.

Parceiros a envolver

Universidades; ICC, empresas dos setores da saúde, construção civil, ambiente, marítimo, turismo, financeiro.

Conexão com estratégias e programas existentes ou a implementar Reabilitação do Parque Edificado/Prevenção de Riscos; Afirmação do Turismo de Base Económica de Lisboa; Lisboa Capital do Mar; Qualidade de Vida e Ambiente Urbano; Lisboa Criativa.

Potenciais fontes de financiamento Programas Estruturais Regionais; Programas de Apoio à Competitividade e Inovação das Empresas.

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Atividade • LX. FRAME

Lisboa Framework for Meetings and Exchanges

Descrição LX.FRAME é um evento para empresas inspirado nas sessões speed dating. Em cada evento LX.FRAME é convidado um conjunto de empresas do setor das indústrias criativas e de outros setores da economia (pode ser de vários setores ou de apenas um setor específico). No início do evento são constituídas as equipas (uma empresa do setor das indústrias criativas e uma empresa de outro setor) através de uma matriz previamente concebida. Segue-se a sessão de trabalho de cada equipa que cumpre um protocolo de instruções (original) cujo objetivo é partilhar a identidade de cada empresa, os interesses e necessidades individuais e comuns e chegar a uma plataforma de trabalho para futuro (compromisso para desenvolvimento da ideia, projeto, processo, etc). Os eventos LX.FRAME podem ser alargados a outro tipo de organizações que não as empresas, adaptando para o efeito a matriz e o protocolo. No caso das empresas, os eventos LX.FRAME devem, preferencialmente, integrar a programação de iniciativas ou eventos de cariz empresarial (feiras, grandes seminários ou congressos, etc) independentemente de poderem ser realizado também autonomamente.

Destinatários Empresas do setor das indústrias criativas, empresas de outros setores.

Promotor

CM Lisboa/Plataforma Lisboa Creative Brokers.

Parceiros a envolver Empresa ou universidade para criar o jogo e o protocolo de instruções; espaços de criação; brokers.

Conexão com estratégias e programas existentes ou a implementar Lisboa Cidade da Cultura e da Interculturalidade; Projeto estruturante: Lisboa Criativa.

Potenciais fontes de financiamento Programas Estruturais Regionais; Programas de Apoio à Competitividade e Inovação das Empresas.

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Atividade • Programa de Formação

em Mediação (Brokerage)

e Inovação

Descrição Programa de formação avançada para atores, institucionais ou pessoas individuais, em processos de inovação e mediação entre setores económicos, incluindo o financeiro (brokers). A realização deste Programa, com formação ao nível de mestrado, deve ser realizado por um estabelecimento de ensino superior em parceria com a Start Up Lisboa e IAPMEI.

Destinatários Instituições públicas e privadas cuja missão esteja ligada à inovação e emprendedorismo (empresarial e social); pessoas individuais.

Promotor C.M. Lisboa/ Plataforma Lisboa Creative Brokers.

Parceiros a envolver Estabelecimento de Ensino Superior.

Conexão com estratégias e programas existentes ou a implementar Cluster da Economia Criativa; Lx-2020 – Área: Lisboa Cidade da Cultura e da Interculturalidade; Projeto estruturante: Lisboa Criativa.

Potenciais fontes de financiamento Programas Estruturais Regionais.

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VI.

PROCESSO DE MONITORIZAÇÃO

E AVALIAÇÃO Os instrumentos de monitorização e avaliação que se propõem para a execução deste Plano devem ter em conta, por um lado a execução do Projeto Cross Innovation com os seus modelos e respetivo calendário (2014) definidos pelo promotor/gestor (Universidade de Birmingham) e restantes parceiros, e por outro o que deste Plano irá ser implementado pela Direção Municipal de Economia e Inovação ao longo do calendário proposto (2012-2017). Assim, entendemos neste Capítulo referir os instrumentos para a monitorização e avaliação apenas respeitantes ao segundo daqueles momentos tendo como base os indicadores e resultados esperados propostos no capítulo anterior. - Conceção e implementação de um documento (ficha) de acompanhamento de todas as ações, atividades e iniciativas a realizar. Este deve conter itens quantitativos com referência aos Indicadores propostos no capítulo anterior, sem prejuízo de outros que se achem oportunos. - Conceção de um modelo de avaliação de satisfação (Avaliação de Nível 1) a aplicar a todos os principais intervenientes nas ações, eventos e atividades a realizar, com item quantitativos e qualitativos. - Conceção de um modelo de avaliação de resultados referentes aos outcomes (produtos, serviços, etc) resultantes das parcerias intersetoriais concretizadas. A avaliação da atividades de formação terão um modelo próprio dependente da instituição responsável pela sua realização.

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VII. CONCLUSÕES

O ecossistema criativo de Lisboa apresenta todas as condições e agentes que favorecem as dinâmicas inerentes à economia baseada no conhecimento (Economia Criativa), existindo uma massa crítica (pessoas/qualificações, instituições, organizações, espaços/lugares, atividades económicas, atividades culturais) muito significativa e em crescimento. As estratégias definidas para a cidade no horizonte de médio e longo prazo, nas suas múltiplas valências, definem claramente uma aposta na continuidade e reforço deste ecossistema e dos seus agentes. O Projeto Cross Innovation, abrangendo um número de cidades europeias parceiras em número significativo, embora de desigual desenvolvimento, permitiu verificar que Lisboa se encontra num estadio avançado e em linha no que diz respeito aos novos paradigmas de transformação económica, cultural e social que as novas realidades da globalização e da economia do conhecimento vieram convocar. As múltiplas iniciativas já existentes e em progresso na cidade de Lisboa no que diz respeito aos quatro subtemas para estudo e mapeamento nas cidades parceiras e que favorecem a inovação intersetorial (cross innovation)- Espaços de colaboração (Spacial Cross-Collaboration), Mediação (Brokerage), Inovação baseada nas atividades culturais (Culture based innovation) e Incentivos inteligentes (Smart Incentives) – apresentam desigual implementação e desenvolvimento, destacando-se as maiores carências nos subtemas Mediação (Brokerage) e Incentivos Inteligentes (Smart Incentives). Neste sentido, as políticas de inovação intersetorial (cross innovation) definidas neste documento e apresentadas em forma de recomendações, procuram contribuir para o desenvolvimento e crescimento daquele ecossistema e, em particular, promover e aumentar a valência “Mediação (Brokerage)” que por si própria favorece também a componente Incentivos Inteligentes (Smart Incentives). Por outro lado procurou-se alinhar estas recomendações, e em particular as estruturas, atividades e iniciativas propostas que em parte as concretizam, com os objetivos estratégicos que contribuem para a definição do Perfil de Especialização da Economia de Lisboa e dos respetivos Eixos Estratégicos. Por último, é importante referir a oportunidade que os fundos estruturais no horizonte 2020 e o Programa Creative Europe podem constituir para alavancar e concretizar algumas das propostas aqui apresentadas. Porto, SETEPÉS, janeiro de 2014

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS - A Manifesto for the Creative Economy. Hasan Bakhshl, Ian Hargreaves, JuanMateos-Garcia, NESTA. London. April, 2013 - Creative industries as a flywheel. Paul Rutten, Gerard Marlet, Frank van Oort. A study commissioned by Creative AmsterdamRutten. English version, 2013 - Counting What Counts. What big data can do for the Cultural Sector. Anthony Lilley, PaulMoore. Magic Lantern, U.K. February 2013 - Cross Innovation: Academic Analyst´s Report from Policy Clinic Pilsen. Ondrej Kaspareck. Plzen, 2015 (pdf ) - ECIA: European Creative Industries Alliance. First results from the Working Group on Access to Finance. Edgar Garcia, ECIA coordinator of the WP on Access to Finance. Catalan Institute for the Cultural Companies (ICEC). May 30th 2013, Lisbon (Power Point) - Estudo Macroeconómico. Desenvolvimento de um Cluster de Indústrias Criativas na Região do Norte. CCDR-N. Porto. 2008 - How to Support Creative Industries. Good Pratices from European Cities. Creative Metropolis. INTERRREG IVC. 2010 - Lisboa Economia Criativa. Câmara Municipal de Lisboa, Direção Municipal de Economia e Inovação. 2013 - Lisboa. Economia, Inovação e Empreendedorismo, Paulo Soeiro de Carvalho, Diretor Municipal de Economia e Inovação, Câmara Municipal de Lisboa, 2013 (power point). - LX-Europa 2020. Lisboa no quadro do próximo período de programação comunitário. Áreas de Intervenção na Cidade de Lisboa. Câmara Municipal de Lisboa. 2013 - O Processo de Inovação. Como potenciar a criatividade organizacional visando uma competitividade sustentável. José Dantas, António Carrizo Moreira. Lidel. 2011 - Oslo Manual. Guidelines for Colleting and Interpreting Innovation Data. OECD and Eurostat, 3rd Edition, 2005 - Regional Innovation Scoreboard. European Commision, Entreprise and Industry. 2012 - Report Policy Clinic Lisboa, Henrique Praça, SusanaMarques. SETEPÉS. Junho de 2013 (pdf ) - Short Study on Cross Innovation. Jesse Bergrave, Belgrave and Co. 2012 - Survey on access to finance in the culture and creative sector. European Commission. Media. European Union. 2013 - The Tallinn Manifesto for the Creative Economy. 2011 (pdf ) - Unlocking the potencial of the culture and creative industries. Green Papper. European Commission (pdf )

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