SGS Global
Revista do Grupo SGS Portugal Outubro 2004 • Ano 4 • Número 13
Gestão Sustentável Rumo à excelência empresarial
Paulo Gomes
Sumário 01
Director da Revista SGS Global
Editorial Destaque
Gestão Sustentável analisada em seminário da SGS Rumo à Excelência
Editorial
02
Desenvolvimento Sustentável 08
Belmiro de Azevedo, presidente do BCSD Desenvolver para continuar a liderar
12
Promover e potenciar a Sustentabilidade das empresas
14
SGS empenhada numa causa comum
16
SGS activa na Protecção do Ambiente Responsabilidade Social
18
Uma virtude da globalização
20
Formação de auditores SA 8000
22
RSE Portugal Trabalhar para um mundo melhor
24
No rescaldo de dois eventos, o Seminá-
o Seminário “Gestão Sustentável: Rumo
rio “Gestão Sustentável: Rumo à Excelên-
à Excelência”, um evento que se revelou
cia” e o 1º Congresso Internacional de
um desafio ganho por nós e pelos nossos
Golfe, a SGS Global apresenta uma edição
parceiros, que se mostraram interessados,
dedicada à Responsabilidade Corporativa
pró-activos e cheios de planos para o futuro.
das Empresas e à Gestão Ambiental no
O Turismo é uma das actividades econó-
sector do Golfe. As reportagens que apre-
micas mais importantes no nosso país,
Congresso Internacional de Golfe À procura da sustentabilidade
sentamos dão conta dos pontos altos dos
sendo que Portugal como destino turístico
eventos, enquanto que as entrevistas apre-
de golfe está em alta e as previsões são
Lusotur Golfes Um percurso que fez história
sentam o testemunho de alguns parceiros
as melhores para o crescimento do sector.
da SGS, que detêm importantes presenças
Mas este entusiasmo de desenvolvimento
nestes sectores.
tem de ser equilibrado com outra grande
A Responsabilidade Social tem feito cor-
preocupação: a preservação do ambiente.
rer ‘alguma tinta’ e a SGS também aderiu
As excelentes condições que caracteri-
à causa! Este é um tema complexo, que
zam o nosso património natural são, pre-
pode ser abordado das mais diversas for-
cisamente, o nosso maior trunfo. Por esta
Na encruzilhada do desenvolvimento
mas, desde a comunidade à perspectiva
razão, a SGS apostou desde cedo na cer-
das empresas, passando pelos colabora-
tificação ambiental em todos os sectores,
Empresa Certificada
dores, até aos próprios auditores. Estes,
mas em particular em greens de golfe.
e muitos mais, são os actores que contri-
Não será por acaso que todos os greens
buem para uma crescente consciencia-
de golfe certificados em Portugal até ao
lização, que se revela importantíssima
momento, exibem a nossa marca.
para um desenvolvimento sustentável,
E não é, também, por acaso que a Derovo,
uma maior competitividade económica,
a única empresa de ovoprodutos em Por-
bem como para uma sociedade mais justa
tugal, revela em entrevista à nossa revista
e equitativa. Por esta razão, a SGS lançou
o segredo do seu sucesso: a inovação!
Pessoas O activo mais importante das empresas Turismo: O golfe em análise
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38
Salgados Golfe Um duplo desafio O Golfe no Algarve O presente e o futuro
Derovo – Ovolution O ovo em evolução Eventos & Notícias • Palestra sobre dioxinas e furanos • Directiva de equipamentos sob pressão: acordos internacionais SGS • I Congresso sobre Construção Sustentável • Semana Europeia da Segurança e da Saúde no Trabalho 2004 • Assinado acordo com Associação das Empresas de Vinho do Porto • Select Recursos Humanos recebe certificação da qualidade • SGS ICS certifica produtos de construção agregados da Secil Britas • Reforço da equipa em Portugal • SGS inspecciona ESP’s da Shell Navegar Opinião
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Marketing Sustentável e Responsabilidade Social
Ficha Técnica > Propriedade: SGS Portugal - Av. José Gomes Ferreira, 11, 5º piso, 1495-139 Algés, Miraflores > Telf.: 21 412 72 00 > Fax: 21 412 72 90 > Direcção: Paulo Gomes > Redacção, Design e Produção Gráfica: Editando (www.editando.pt) > Fotografia: Bruno Barata e Júlio Sousa (Editando) e SGS Image Bank > Pré-impressão e Impressão: IDG > Distribuição: Gratuita > Agradecimentos: A todos os oradores do seminário Gestão Sustentável, Belmiro de Azevedo (Grupo SONAE), Luís Rochartre Álvares (BCSD Portugal), Deborah Leipziger (SAI), Fernando Ribeiro Mendes (RSE Portugal) João d’Orey (ONRH), António Henriques da Silva e Jorge Moedas (Lusotur Golfes), Pedro Silvestre (Salgados Golfe), Victor Martins e Antónia Correia (Universidade do Algarve), Arch Woodside (Carroll School of Management, do Boston College), Amândio Santos (Derovo) e Carlos Manuel Oliveira (APPM)
Destaque
Gestão Sustentável analisada em seminário da SGS
Rumo à Excelência de regras de conduta e práticas preconizadoras das três grandes vertentes do desenvolvimento sustentável. O diálogo, a transparência e os comportamentos responsáveis para com as partes interessadas (colaboradores, accionistas, fornecedores, Estado, sociedade em geral, …,) em domínios como o ambiente, ética empresarial, educação, comunicação, entre outros, estão cada vez mais na ordem do dia das empresas portuguesas. Na sessão de abertura, a cargo de Maria João Nascimento, directora executiva da SGS ICS, intervieram Paula Rodrigues, representante do Ponto de Contacto Nacional para as Directrizes das Empresas Nacionais do ICEP, e Duarte Figueira, representante do Conselho de Administração do Instituto Português da Qualidade. Paula Rodrigues apresentou as “Directrizes” para as empresas multinacionais, elaboradas pela OCDE em 1976, revistas em 2000, e subscritas pelos governos de 37 países, entre os quais Portugal. Estas directrizes, ou “manual de boas práticas/código de conduta”, são compostas por um conjunto de recomendações não vinculativas dirigidas às empresas multinacionais – divulgação de informa-
O seminário promovido pela SGS a 29 de Setembro reuniu mais de uma centena de participantes no auditório da Lispólis - Pólo Tecnológico de Lisboa.
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Revista do Grupo SGS Portugal
D
irigido a gestores dos sectores pú-
ção, emprego, relações industriais, ambien-
blico e privado, o seminário Gestão
te, corrupção, protecção dos consumidores,
Sustentável: Rumo à Excelência con-
concorrência, fiscalidade, ciência e tecnologia
tou com a presença de um conjunto de ora-
– e têm por objectivo harmonizar a actividade
dores especialistas, nacionais e estrangeiros,
empresarial deste tipo de organizações com
que apresentaram abordagens de gestão
as políticas governamentais e expectativas
inovadoras e casos práticos de sucesso nos
da sociedade civil dos países onde se insta-
domínios da Certificação de Serviço, Respon-
lam. Entre outras vantagens, estas directrizes
sabilidade Social e Desenvolvimento Susten-
induzem a comportamentos éticos e respon-
tável das Empresas.
sáveis, favorecem a criação de uma atmosfera
Sobretudo, é de realçar como as empresas,
de confiança e segurança entre a comunidade
públicas e privadas, e a própria administração
empresarial, os trabalhadores, governos e
pública, estão a desenvolver estratégias
sociedade civil, contribuem para melhorar o
orientadas para o cliente, em que a Certifi-
clima de investimento e o crescimento susten-
cação de Serviço surge simultaneamente
tado da economia e servem como referência
como garantia da qualidade e diferenciação
na definição de políticas de gestão interna
face à concorrência, a par da implementação
das empresas.
Destaque
Duarte Figueira enfatizou a importância do
e optimização da gestão dos recursos e, ain-
relações contratuais e no serviço que pres-
debate sobre as questões do desenvolvi-
da, pelo que representam em termos de no-
tam, constitui uma importante ferramenta de
mento sustentável na sociedade actual e o
vos produtos e soluções valorizáveis pelos
gestão para as empresas”, salientou o con-
modo como as variáveis da qualidade podem
consumidores.
sultor. A especificação contém orientações
contribuir para a competitividade económica
que vão desde a organização interna do
Transparência e garantia da qualidade
franchisador a requisitos dos contratos de
IPQ, com o seu papel de gestor do Sistema Português da Qualidade reforçado pelos novos
Cavaleiro Machado, consultor do Conselho
cedimentos de abertura de unidades dos
estatutos, em dar continuidade ao trabalho
de Administração da Associação Portuguesa
franchisados, entre outras variáveis.
que tem vindo a desenvolver com os orga-
de Franchise, apresentou a Certificação do
Raul Santos Rocha, director de Distribuição dos
nismos de certificação e, em particular, com
Serviço de Franchising, uma iniciativa pioneira
CTT, explicou a todos os presentes como a Cer-
as organizações empresariais para promover
a nível mundial, desenvolvida no âmbito do
tificação do Serviço em curso nos centros de
o aumento da qualidade.
Sistema Português da Qualidade. A especifi-
distribuição postal se enquadra nas linhas
e social. Realçou, igualmente, o empenho do
franchising, até à definição das regras e pro-
Verdadeira orientação para o cliente O primeiro painel do seminário, moderado por Dina Cortinhas, directora da revista Vantagem+, foi inteiramente dedicado à gestão orientada para o cliente. E nesta área foram abordadas duas vertentes essenciais: a importância do cliente/consumidor para a competitividade da marca e da Certificação do Serviço na estratégia de satisfação de clientes de empresas privadas, públicas e da administração autárquica. “A diferenciação dos produtos faz-se cada vez mais pela marca”, realçou Carlos Manuel de Oliveira, presidente da APPM - Associação Portuguesa dos Profissionais de Marketing, cuja intervenção se centrou na “Competitividade através da marca”.
Mesa do primeiro painel, dedicado ao tema ‘Verdadeira Orientação para o Cliente’ (Da esq. para a dir.) Françoise Rein, responsável pela Certificação do Serviço da SGS; Pedro Mortágua Soares, do gabinete da Qualidade do Complexo Desportivo da Câmara Municipal de Tomar; Cavaleiro Machado, consultor da Associação Portuguesa de Franchise; Dina Cortinhas, directora da revista Vantagem +; Carlos Manuel Oliveira, presidente da APPMarketing; e Raul Santos Rocha, director de Distribuição dos CTT
“São cada vez mais cruciais no processo de escolha e decisão do consumidor, não só as características técnicas e físicas do produto ou do serviço, mas também a percepção do que ele representa, dos seus valores”. A marca, no entender do presidente da APPM, é “um contrato de responsabilidade com o mercado”, em que a ética e a sustentabilida-
Paula Rodrigues, representante do Ponto de Contacto Nacional para as Directrizes das Empresas Nacionais do ICEP; e Duarte Figueira, representante do Conselho de Administração do IPQ
de podem ser características distintivas. “A preocupação com os diversos stakeholders/ partes interessadas (clientes, accionistas, colaboradores, Estado, sociedade, ambiente)
cação técnica foi homologada pelo IPQ em
estratégicas definidas pela Administração em
é um desafio para novas estratégias de mar-
finais de 2003 e, nesta primeira fase, abrange
1998, altura em que a empresa assumiu uma
keting que permitam dar resposta a esta pro-
as relações entre franchisador e franchisados,
orientação clara para o mercado e para o clien-
blemática (sendo este um factor cumulativo
aplicando-se a empresas de qualquer sector
te. A SGS certificou já seis centros de distri-
com os restantes atributos da marca)”, defen-
de actividade. Cavaleiro Machado realçou que
buição postal dos CTT a nível interno (Cartaxo,
de. A responsabilidade social e a sustenta-
o sector do Franchising em Portugal já em-
Lagoa, Baião, Estarreja/Murtosa, Caldas de
bilidade constituem, assim, uma oportunida-
prega mais de 50.000 pessoas e contribui
Vizela e Penacova), estando prevista a certifi-
de para novas vantagens competitivas, desde
para 5% do Produto Interno Bruto. “A especi-
cação do serviço nos restantes (185) até final
logo pela diferenciação do posicionamento
ficação técnica da Certificação do Serviço, a
de 2005. De acordo com Raul Santos Ro-
perante o mercado, pela melhor capacitação
par de estabelecer maior transparência nas
cha, os principais impactos a nível interno são Revista do Grupo SGS Portugal
03
Destaque
a uniformidade e clareza dos processos e uma
se passa no ‘seu’ município, ou, de outra
cificações técnicas validadas por uma Comis-
maior sensibilidade e envolvimento dos co-
forma, o aumento da satisfação do utente
são Técnica de Certificação. Até hoje já foram
laboradores para a prestação de um serviço
(eleitor); organização de processos e uma
validados mais de 120 referenciais norma-
de excelência aos clientes. A nível externo,
atitude, concretizada na prática, de melhoria
tivos que abrangem serviços nos sectores
destacam-se o reconhecimento dos clientes
contínua. No caso do Complexo Desportivo
automóvel, educação, internet e telecomu-
(medido por inquéritos realizados nos 6 cen-
Municipal de Tomar, que representa um forte
nicações, financeiros, saúde, estética, ho-
tros), o aumento da qualidade de serviço
investimento na melhoria da qualidade de vi-
telaria e restauração, entre outros. A SGS, in-
prestado, o cumprimento dos horários, a en-
da e bem-estar dos munícipes, a Certificação
clusive, criou o Qualicert Services, que abran-
trega dos objectos em conformidade e o re-
do Serviço abrange todos os processos rela-
ge 7 domínios: pessoas, ambiente de traba-
lacionamento cordial por parte dos colabo-
cionados com o ensino de natação, prática
lho, produtos e serviços, transparência nas
radores. Esta empresa de capitais públicos
de actividades de lazer e recreação, squash,
relações, conformidade da oferta, serviços
emprega 6.388 pessoas e gere um tráfego
sauna, hidromassagem, banho turco, aluguer
pós-venda e outros, entre os quais se incluem
diário de 7.668.528 encomendas/cartas,
de espaços de piscinas, aluguer de espaços
a ética e o ambiente.” Para melhor compre-
através de uma rede de distribuição consti-
de actividade física, aluguer de espaços da
ensão das razões que levam as organizações
tuída por 191 centros de distribuição postal
sala de formação, serviço de vigilância e ensi-
a optar pela Certificação do Serviço por enti-
e 182 centros de apoio à distribuição em todo
no de ténis.
dade externa idónea, Francoise Rein deu qua-
o território nacional.
Francoise Rein, da SGS Corporate, destacou
tro exemplos levados a cabo pela SGS: uma
a vasta experiência da SGS ao nível da Certi-
cadeia internacional, com o objectivo de par-
Melhor serviço ao utente
ficação do Serviço em todo o mundo, desde
Pedro Mortágua Soares, responsável pelo
que há dez anos emitiu o primeiro certificado
Gabinete da Qualidade do Complexo Des-
em conformidade com a norma ISO 65/EN
portivo da Câmara Municipal de Tomar, mos-
45011, e o modo como esta certificação é
trou as crescentes preocupações das autar-
adequado quer a organizações de comércio
quias em satisfazerem as necessidades e em
(ex. rede de concessionários de um distri-
prestarem o melhor serviço aos munícipes
buidor automóvel) quer a redes de franchi-
/utentes, não sem antes reiterar o importan-
sing e a instituições da administração públi-
te trabalho que é preciso fazer ao nível da
ca; quer ainda a empresas de pequena e
sensibilização dos eleitos para que optem por
grande dimensão que se pretendem diferen-
modelos de gestão da qualidade. Entre as
ciar pelos serviços que prestam. A Certifica-
acções que é preciso desenvolver destacam-
ção do Serviço destina-se quer aos serviços
-se a demonstração das vantagens objectivas
prestados a particulares quer aos serviços
da certificação, como a auto-regulação do
prestados a empresas. Quando não existe
sistema, porque só se pode gerir o que se
uma norma de referência específica para o
pode medir; conhecer em profundidade o que
serviço em questão, são elaboradas espe-
Francoise Rein, responsável pela Certificação do Serviço da SGS em todo o mundo
tilha de uma visão comum; uma associação comercial, com base num código de conduta/ boas práticas que apoia pequenos comerciantes na gestão do dia-a-dia; uma cadeia de franchising, para proteger a marca da rede e promover as boas práticas; e uma empresa estatal, no caso a Air France, certificada desde Setembro de 2003, e que recorreu à Certificação do Serviço como instrumento de gestão motivador dos colaboradores e de reconhecimento do seu esforço na satisfação do cliente. 04
Revista do Grupo SGS Portugal
Destaque
O II painel do seminário, moderado por Sofia
a cultura da empresa que incida sobre a gestão
tão”, sustentou Ricardo Bandin. Em pouco
Santos, directora da revista Impactus, foi intei-
do conhecimento e da aprendizagem organi-
mais de nove meses, a Somincor conseguiu
ramente dedicado às questões e aos desafios
zacional. Implica, igualmente, a melhoria do
atingir o alvo a que se propôs, zero acidentes.
do desenvolvimento sustentável.
diálogo e a transparência entre as partes inte-
E zero acidentes, como explicou o responsá-
Do ambiente à segurança, passando pelas
ressadas.
vel pela segurança, representam vários mi-
estratégias de comunicação das empresas
lhões de euros poupados. Nathalie Ballan, partner da Sair da Casca, uma
de práticas de responsabilidade social como
Segurança é vantagem competitiva
vantagens competitivas, foram vários os
Ricardo Bandin, director de Segurança da
perspectiva da responsabilidade social, come-
exemplos de boas práticas apresentados. No
Somincor, demonstrou como a segurança é
çou a sua intervenção desfazendo um equí-
âmbito deste painel, intervieram também o
uma vantagem competitiva para as empre-
voco ainda partilhado por uma imensa maio-
secretário-geral do BCSD Portugal (Conselho
sas, independentemente do investimento
ria: mecenato, marketing relacionado com
Empresarial para o Desenvolvimento Susten-
necessário para adequar instalações, equipa-
uma causa, solidariedade/caridade e volunta-
tável) e Fernando Ribeiro Mendes, presidente
mentos e formar colaboradores. Dando como
riado, apesar de muito importantes, não têm
da RSE Portugal, uma associação que tem
exemplo as Minas Neves Corvo, que pro-
nada a ver com responsabilidade social. E, no
por objecto promover a responsabilidade so-
duzem 1500 toneladas/dia, explicou que após
seu entender, “reivindicar a responsabilida-
cial das empresas, organizações que estão
a investigação e análise das causas dos aci-
de social apenas através destas áreas de co-
em destaque nas páginas 12/13 e 22/23, res-
dentes, 4% destes deviam-se a condições
municação pode ter um efeito negativo, o
socialmente responsáveis, até a exemplos
empresa de consultoria de comunicação na
pectivamente, desta edição. Jeffrey McDonald, executive vice president SGS SSC, encerrou o painel apresentando a evolução da certificação na Europa. Maria do Rosário Partidário, professora universitária e investigadora na área ambiental, salientou a evolução da preocupação das empresas pelo ambiente, nomeadamente no que respeita à gestão de resíduos, substâncias perigosas, água, energia, ar e ruído, assim como a afirmação crescente do ambiente como oportunidade. “Os desafios ambientais podem levar a inovações que as empresas
Ricardo Bandin, director de Segurança da Somincor; Maria do Rosário Partidário, professora da Universidade Nova de Lisboa; Sofia Santos, directora da revista Impactus; e Nathalie Ballan, partner da Sair da Casca
usam como vantagem competitiva, por exemplo através dos produtos, dos processos e das tecnologias”. Essa crescente preocupação, porém, não se reflecte ao nível da certificação de sistemas de gestão ambiental de acordo com as normas ISO 14001 e EMAS, uma vez que apenas 300 empresas até ao momento estão certificadas e estas, provavelmente, “são todas grandes empresas”. De acordo com um estudo da Deloitte, apresentado por Maria do Rosário Partidário, as “empresas estão conscientes de que estão a fazer um bom trabalho em relação à eco-
Jeffrey McDonald, executive vice president da SGS; Fernando Ribeiro Mendes, presidente da RSE Portugal; Sofia Santos, directora da revista Impactus; Luís Rochartre, secretário-geral do BCSD Portugal; e João Reis, representante do gabinete de Imagem e Relações Públicas e Institucionais da BP Portugal Mesas do II painel do seminário, intitulado ‘Desenvolvimento Sustentável das Empresas’
-eficiência, mas que têm ainda muito para avançar rumo à sustentabilidade”. Em con-
inseguras, enquanto 96% a actos inseguros
chamado efeito greenwashing. A comuni-
clusão, no entender desta investigadora, as
por parte das pessoas. “Logo, era indispen-
cação de uma empresa socialmente res-
três dimensões da sustentabilidade – ambien-
sável mudar a atitude dos colaboradores. Não
ponsável deve ter por alvo as partes inte-
te, economia e sociedade – devem ser inte-
basta adoptar estratégias ou impor medidas,
ressadas, ser transparente e feita numa pers-
gradas no cerne da decisão estratégica da
a segurança tem de ser intrínseca à atitude
pectiva de prestar contas; é importante ter
empresa, em vez de serem questões peri-
das pessoas. E essa mudança de atitude tem
em conta a qualidade da informação, a inclu-
féricas, como actualmente são encaradas.
de começar pela gestão. As causas dos aci-
sividade/diálogo e, fundamentalmente, ser
Isto implica, desde logo, uma actuação sobre
dentes são um dos sintomas de crise na ges-
coerente com a postura da empresa, com o que Revista do Grupo SGS Portugal
05
Destaque
produz e como produz. Na perspectiva da res-
relativamente aos seus colaboradores (leal-
potencial de desenvolvimento neste domínio,
ponsabilidade social, a comunicação deve es-
dade, espírito de equipa, entrega, vontade de
sendo que os maiores crescimentos verificam-
tar ligada à actividade da empresa, ao seu core
enfrentar novos desafios e orgulho, o que
-se também a nível dos países europeus.
business, incluir a gestão da relação com as
se traduz num aumento da produtividade) e
No campo da responsabilidade social, desig-
partes interessadas (colaboradores, accionistas,
perante as outras partes interessadas (reco-
nadamente da norma SA 8000, existem 354
fornecedores, sociedade, Estado, etc.), ser
nhecimento de notoriedade, potenciação do
unidades certificadas em 39 países, sendo que
transversal a todas as áreas da empresa e
valor da marca, criação de empatia, despertar
no ranking dos dez com maior número encon-
constituir um “estímulo da obra”. Tem, igual-
de potenciais colaboradores, aumento da opor-
tram-se a Itália e a Espanha a representar a Eu-
mente, de ter uma função informativa/peda-
tunidade de contactos estratégicos e de atrac-
ropa. Relativamente à elaboração de relató-
gógica e permitir “fazer”, e não apenas “fazer
ção e retenção de novos talentos).
rios de sustentabilidade existem aproxima-
saber”. De acordo com Nathalie Ballan, estas
damente 4.000 empresas emissoras, sendo que destas, cerca de 50% são grandes em-
entre a empresa e a sociedade, com benefícios
Certificação na Europa continua a crescer
mútuos. Para a empresa, representa fideliza-
O painel dedicado ao desenvolvimento sus-
o executive vice president da SGS, a tendência
ção, envolvimento dos colaboradores, legitimi-
tentável encerrou com a prestação de Jeffrey
de evolução é positiva, sobretudo por parte
dade, credibilidade e confiança, o que se traduz
McDonald, executive vice president da SGS,
de empresas dos países europeus.
numa melhor relação com os seus públicos.
que apresentou o panorama da evolução da
Em crescimento está também a certificação
Com este posicionamento, a sociedade fica
certificação na Europa e as perspectivas futuras.
de acordo com normas específicas para os
com mais e melhor informação, tem confian-
Relativamente ao ranking das certificações de
diversos sectores da indústria e do retalho,
ça, está mais aberta à resolução de proble-
acordo com o referencial ISO 9001:2000, no
fortemente impulsionada por questões de se-
regras estabelecem uma relação de win/win
presas multinacionais. Contudo, e como realçou
mas, o que faz com que tenha uma melhor relação com as empresas.
Responsabilidade social corporativa João Reis, responsável pela Imagem e Relações Públicas e Institucionais da BP Portugal,
Maria de Jesus Barroso, presidente da Fundação Pro Dignitate, esteve presente na sessão de encerramento
explicou como a empresa onde trabalha encara a responsabilidade social corporativa, tanto em Portugal como em todos os países do mundo onde a multinacional opera. “Negócio é negócio, mas a BP tem um interesse profundo no bem-estar económico e na prosperidade dos países onde opera. Queremos assegurar que desenvolvemos o negócio de uma forma sustentável”. Para a BP há quatro áreas distintas que, em conjunto, formam a definição da responsabilidade social corpo-
06
rativa: a primeira são as pessoas, são elas a
final de 2003, entre os 10 países em todo o
gurança, redução de desperdícios e controlo
chave da sustentabilidade (e envolve a se-
mundo com maior número de empresas cer-
da qualidade (de produtos mas, sobretudo,
gurança, reconhecimento e recompensa, de-
tificadas, liderado pelo Japão (96.715), en-
de processos).
senvolvimento pessoal e profissional, mérito,
contram-se cinco europeus – Itália (64.120),
Como frisou Jeffrey McDonald, a “certifica-
diversidade e inclusão, fomento da inovação
Reino Unido (45.465), Espanha (31.836), Ale-
ção está para ficar, contudo, vai continuar a
e o assegurar do equilíbrio entre a vida pes-
manha (23.598) e França (15.073). Na certifi-
evoluir e a mudar para ir cada vez mais ao en-
soal e profissional); a segunda área é a edu-
cação de sistemas de gestão ambiental, ISO
contro das necessidades da indústria e da
cação (contribuir para a melhoria do sistema
14001, o ranking dos dez é igualmente lidera-
globalização”.
educativo de cada país – em Portugal liga-
do pelo Japão (13.416), e nele estão presen-
Antes do encerramento, que coube a Ana
ção à Universidade de Lisboa e à AIESEC); a
tes seis países europeus: Reino Unido (5.968),
Pina Teixeira, administradora executiva do
terceira diz respeito ao ambiente (no sentido
Espanha (4.860), Alemanha (4.734), Suécia
Grupo SGS Portugal, a conferência contou
de minimizar o impacto do negócio e dos pro-
(3.404), Itália (3.068) e França (2.344). A taxa
com uma breve alocução de Maria de Jesus
dutos que vende, nomeadamente através de
de crescimento do número de novas certifi-
Barroso, presidente da Fundação Pro Digni-
standards globais); e a quarta diz respeito à
cações de acordo com a ISO 9001:2000 é de
tate, que elogiou a SGS pela iniciativa e apelou
ética (integridade, respeito pelas culturas, a
6,5% ao ano, enquanto que a taxa relativa à
a que, mais do que palavras, as empresas
dignidade e os direitos dos indivíduos). Esta
norma ISO 14001 é de 37%, o que, na pers-
concretizem na prática os valores do desen-
forma de actuar traz benefícios à empresa
pectiva de Jeffrey McDonald, demonstra o
volvimento sustentável.
Revista do Grupo SGS Portugal
Desenvolvimento Sustentável
Belmiro de Azevedo, presidente do BCSD Portugal
Desenvolver para
Belmiro de Azevedo, o conhecido empresário líder do grupo SONAE, é um cidadão activo e empenhado no desenvolvimento económico das empresas que lhe pertencem mas também no do próprio país. Por isso, defende que, através de entidades como o BCSD (Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável), é necessário “assegurar o desenvolvimento económico para o país, em consonância com o progresso social e com a vertente ambiental, congregando para o efeito empresas que encarem o ‘desenvolvimento sustentável’ como um factor estratégico de desenvolvimento”.
Quais as iniciativas que o BCSD Portugal tem vindo a desenvolver e tem em curso para atingir os objectivos a que se propõe? O papel do BCSD Portugal é o de liderar a nível empresarial o caminho rumo ao ‘desenvolvimento sustentável’, assegurando o desenvolvimento económico para o país, em consonância com o progresso social e com a vertente ambiental, e congregando para isso empresas que encarem o ‘desenvolvimento sustentável’ como um factor estratégico e que possam realmente contribuir para uma mudança nesse sentido.
08
Revista do Grupo SGS Portugal
Desenvolvimento Sustentável
continuar a liderar Na fase de arranque que atravessámos du-
ciados quer seja qualquer um dos nossos
rante estes três anos, desde a criação do Con-
stakeholders, acreditando que todos temos
Reduzir custos através da eco-eficiência e da inovação
selho em Outubro de 2001, a grande prio-
a ganhar com este objectivo.
As empresas, sobretudo os líderes e ges-
ridade não foi aumentar o número de asso-
tores portugueses, entendem o que está
ciados mas sim criar um maior envolvimento
O BCSD deu algum contributo para a defi-
em causa quando se fala de desenvolvi-
dos actuais membros, estabelecendo para
nição da Estratégia Nacional de Desenvol-
mento sustentável, de sustentabilidade?
isso esforços de aproximação a uma visão
vimento Sustentável (ENDS), apresentada
Quando foi introduzido o conceito de qualida-
comum, criando canais de comunicação ade-
no mês de Julho pelo Governo português?
de nos anos 80, este foi avaliado por muitos
quados à sensibilização para este tema e
Quando, em 2002, foi apresentado para
como mais um custo que diminuía a capaci-
acções efectivamente participadas pelas
discussão pública o primeiro documento de
dade competitiva das empresas. Hoje em dia,
empresas. Após esta fase incial de formação
Estratégia Nacional de Desenvolvimento
garantir a qualidade do produto ou serviço
da organização entramos agora numa nova
Sustentável, o BCSD Portugal emitiu um
prestado é uma exigência do mercado sem
fase de estabilização do funcionamento do
parecer que, resumidamente, dizia que o
a qual uma empresa não pode sobreviver. Do
Conselho e de maior colaboração e coope-
documento apenas pecava por ser tardio e
mesmo modo, as questões ambientais e so-
ração entre as empresas, podendo alargar os
por ser curto o tempo dedicado à sua dis-
ciais serão cada vez mais factores essenciais
nossos objectivos, o que, sem dúvida, se
cussão pública. Na realidade, o documento,
em qualquer negócio, e as empresas que se
reflectirá no intensificar da divulgação das
ainda que mais tarde lhe tivesse sido adicio-
aperceberem da oportunidade que é intrínse-
nossas actividades e no natural crescimento
nado o Plano de Implementação 2003, era
ca ao caminho do ‘desenvolvimento susten-
da organização.
sobretudo uma declaração de princípios. Dele
tável’, poderão criar vantagens imediatas de
dificilmente se deduziam as prioridades e a
redução de custos pela eco-eficiência e ino-
Que resultados concretos já atingiu?
sua hierarquização, a calendarização de ac-
vação, e vantagens de longo prazo pela an-
Nestes primeiros anos de existência, organi-
ções, a definição de indicadores e o estabe-
tecipação das tendências do mercado, pela
zaram-se múltiplos eventos de formação e
lecimento de instrumentos de avaliação de
melhoria na sua imagem e pela transparência
divulgação, elaboraram-se diversas traduções
desempenho. Por tudo isto, o BCSD Portugal
das suas actividades.
de publicações, e estreitaram-se as relações
recomendava a reformulação da ENDS e,
internas com os membros e com o WBCSD,
adicionalmente, a promoção mobilizadora dos
O que pode e deve ser feito, e por quem,
e as relações externas, na comunicação das
cidadãos para o ‘desenvolvimento susten-
para que a imensa maioria de pequenos e
nossas actividades e do nosso papel. Estabi-
tável’. Ora, recentemente, foi divulgada a nova
médios empresários o perceba?
lizado o funcionamento da organização, te-
ENDS-Vol. I, que mais uma vez peca pelo não
A principal via é a da participação no processo
mos agora condições para lançar projectos
envolvimento dos actores fundamentais da
de mudança que este desafio representa. Há
mais ambiciosos, que envolvam as empresas
sociedade civil e por não colmatar as defi-
que aumentar a percepção das vantagens do
membros e outros grupos de interesse, como
ciências já detectadas na versão de 2002.
‘desenvolvimento sustentável’ para o fun-
as universidades, que têm um enorme po-
Mais uma vez remete para o PIENDS, o que
cionamento das empresas, como principal
tencial e com os quais se podem criar siner-
pressupõe a aceitação da ENDS sem uma
motor da adesão das mesmas a estas práticas.
gias muito interessantes. É nossa intenção
discussão de fundo como o tema merece.
A demonstração de que estamos perante um
começar a disponibilizar ferramentas às em-
Nada disto põe em causa a competência dos
factor concorrencial positivo, gerador de
presas, que lhes permitam desenvolver de
membros do Grupo de Trabalho que produ-
vantagens no médio e longo prazo, é funda-
uma forma mais eficaz as suas actividades
ziu o documento nem a qualidade do seu
mental. Depois há que disponibilizar ferra-
segundo os princípios do ‘desenvolvimento
conteúdo mas parece-me estranho que não
mentas de trabalho, que tanto poderão ser
sustentável’, criando condições para que a
tenha sido realizado com uma participa-
baseadas no benchmarking de experiências
via da adopção das práticas correctas se
ção efectiva dos principais actores. Vamos
de sucesso já desenvolvidas, nacional e
efectue de uma forma mais rápida e eficiente.
aguardar pelo momento de discussão públi-
internacionalmente, nas metodologias de
Como uma organização empresarial que
ca para podermos voltar a dar os nossos
monitorização, nos mecanismos de comu-
somos queremos, utilizando os mesmos
contributos e desafios com o objectivo de
nicação e também no alargamento das rela-
métodos que nas empresas, que as nossas
mobilizar a sociedade civil em torno de
ções entre os diferentes stakeholders. Para
metas sejam cumpridas com a criação do
objectivos concretos de sustentabilidade,
os mais descrentes há que disponibilizar
máximo valor para todos os participantes
prosperidade económica e de bem-estar
projectos que pelo seu funcionamento criem
deste processo, quer sejam os nossos asso-
social.
valor para as empresas, funcionando como Revista do Grupo SGS Portugal
09
Desenvolvimentos Sustentável
catalizador das mudanças, enfatizando a
do país que evidencia o contrário, ou seja,
considerar razoável e que se encontra já nou-
constatação directa de experiências piloto.
que os países mais competitivos são aqueles
tros espaços económicos. Eu próprio e a
Porém, o ‘desenvolvimento sustentável’ não
que actualmente mais sujeitos estão e mais
Sonae, desde muito cedo, adoptámos uma
diz só respeito às empresas, envolve todas
atenção prestam às restrições de natureza
postura de introdução das melhores práticas
as entidades e indivíduos que interagem na
ambiental.
mundiais neste tema, tanto mais que a ex-
nossa sociedade, tais como o governo, as
Mesmo que a curto prazo pareça poderem
posição internacional que temos em muitos
ONGs, a administração pública, as univer-
surgir dificuldades em manter o mesmo nível
negócios nos permitiu perceber as vantagens
sidades, entre outros. É necessária a coorde-
de competitividade, pela necessidade de
competitivas que adviriam para o grupo de
nação de todos estes actores para se alcan-
realizar investimentos estruturantes, a opção
tal atitude. O tema da sustentabilidade, na
çar o ‘desenvolvimento sustentável’. As
pela ‘sustentabilidade’ e ‘responsabilidade
Sonae, está presente aos mais diferentes
empresas, como principais criadoras de
social’ como parte da visão estratégica da
níveis, quer no processo de Planeamento
riqueza e de desenvolvimento, têm um im-
empresa constitui a longo prazo uma forte
Estratégico quer no esforço de prática quo-
portante papel e influência em toda a socie-
fonte de vantagem competitiva.
tidiana de gestão e ainda nos diferentes fora horizontais de partilha de conhecimento e experiências que estão disseminados pelo grupo.
“A opção pela ‘sustentabilidade’ e ‘responsabilidade social’ como parte da visão estratégica da empresa constitui a longo prazo uma forte fonte de vantagem competitiva.”
E os resultados vão surgindo em cada negócio do grupo?!… É verdade que sim e nós temos consciência absoluta desse facto. A SONAE, que em vários dos seus negócios tem uma forte exposição internacional, gere este tema a dois níveis: do ponto de vista global existem orientações muito claras, através dos princípios de governação de cada sub-holding e da holding, que privilegiam uma orientação inequívoca para o desenvolvimento
ção de práticas de desenvolvimento sus-
Sonae quer liderar no desenvolvimento sustentado
tentável pelo tecido empresarial nacional,
Como é que se aplicam os conceitos ine-
de fora de reflexão no que respeita à orien-
traduzindo os princípios em acções concretas
rentes ao desenvolvimento sustentável no
tação geral, desafio e partilha de melhores
e tentando envolver todos os stakeholders
Grupo Sonae?
práticas que não conhecem fronteiras e que
nesta missão.
Por todo o mundo, as empresas, bem como
são muitas vezes geridos por equipas multi-
outras organizações, estão a ser confronta-
disciplinares e multi-país. Adicionalmente, ao
Competitividade e responsabilidade social
das com uma necessidade de ‘prestação de
nível local há uma responsabilização objecti-
são conceitos convergentes?
contas’ de uma forma bastante distinta da-
va da gestão quer face ao cumprimento das
A clarificação da questão da competitividade
quela que era normal ocorrer no passado
diferentes legislações locais quer face à
é deveras relevante tanto mais que ela é mui-
recente. Este conjunto de novas exigências
resposta que tem de ser dada, dentro de cada
tas vezes referida como argumento contra os
lança, pois, um desafio significativo quer
negócio, no âmbito do desafio e da partilha
conceitos de ‘responsabilidade social’ ou de
aos gestores quer aos pensadores da área de
das melhores práticas globais. O caminho do
‘desenvolvimento sustentável’. Não estará
gestão e da economia no que respeita ao
desenvolvimento sustentável é longo e, por
um país mais condicionado por um regime
tema da accountability. Em Portugal, com
isso mesmo, quer de per si quer na interacção
ambiental ou de sustentabilidade a perder a
algum atraso sobre outros países, o conceito
com os diferentes actores de cada cadeia
sua capacidade competitiva face aos seus
de ‘desenvolvimento sustentável’ parece es-
de valor, os diferentes negócios da Sonae
concorrentes? De acordo com o Relatório
tar agora a entrar mais no léxico organizacio-
têm ainda um percurso importante a percorrer.
da Competitividade Global de Michael Porter,
nal que no passado recente, embora quer a
A nossa vantagem advém do facto de, cons-
há, de forma geral, uma relação entre as exi-
reflexão quer as práticas estejam ainda muito
cientemente, estarmos dispostos a liderar
gências ambientais e a capacidade competitiva
longe da massa crítica mínima que se possa
este percurso.
dade. Essa é a principal tarefa que o BCSD Portugal tem entre mãos, promover a adop-
10
Revista do Grupo SGS Portugal
sustentável. Estes princípios têm tradução, inclusive, ao nível de funções corporativas ou
Desenvolvimento Sustentável
Promover e potenciar a
Sustentabilidade das empresas O BCSD Portugal - Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável, constituído em 2001, tem como propósito despertar as empresas portuguesas para o desafio do ‘desenvolvimento sustentável’. O percurso ainda é curto, mas a franca adesão das empresas tem feito sobressair a crescente preocupação do meio empresarial com esta temática.
Luís Rochartre Álvares, secretário-geral do BCSD Portugal
12
ensibilizar as empresas para a meta
S
Actualmente, o Conselho Mundial agrega
As palavras de ordem na associação são a
do ‘desenvolvimento sustentável’,
mais de 50 organizações espalhadas por
discussão e a partilha de ideias, pelo que Luís
através da procura de modelos de
diversos países, que em comum têm a visão
Rochartre Álvares não aceita uma via única
actuação capazes de simultaneamente ge-
partilhada de um mercado empresarial carac-
para a obtenção de resultados. “Não há uma
rarem riqueza e contribuírem para a melhoria
terizado pela prosperidade económica assen-
forma específica de adoptar práticas de ‘de-
da qualidade de vida da sociedade, é o grande
te nas regras da ética social e da protecção
senvolvimento sustentável’ nas empresas,
objectivo do BCSD Portugal. Esta associação
do ambiente.
há antes um conjunto de formas diferentes,
nasceu da tentativa de transpor para Portu-
Em Portugal, o BCSD vem conquistando ter-
relacionadas com a actividade de cada em-
gal os princípios orientadores do WBCSD –
reno, ao conseguir passar a mensagem do
presa”, defende.
World Business Council for Sustainable De-
‘desenvolvimento sustentável’ a um número
velopment, uma organização que funciona
cada vez maior de empresas. “Neste momen-
como um agrupamento de empresas empe-
to, temos 51 associados e mais 9 empresas
Ferramentas ao alcance das empresas
nhado em prosseguir o caminho do ‘desen-
em processo de pré-adesão. Segundo as
O BSCD prefere apontar alguns princípios base
volvimento sustentável’. A Sonae, a Cimpor
nossas perspectivas, chegaremos ao final de
e reforçá-los com a apresentação daquilo que
e a Soporcel, empresas associadas do Con-
2004 com cerca de 80 empresas associadas,
considera como o business case do ‘desen-
selho Mundial, tomaram a iniciativa de fun-
o que corresponde a uma duplicação de mem-
volvimento sustentável’ e que consiste na aten-
dar o BCSD Portugal, em Outubro de 2001,
bros, já que no início do ano tínhamos 40
ção a factores como a redução do risco, a efi-
no seguimento de outros conselhos que foram
empresas”, constata Luís Rochartre Álvares,
ciência e a efectividade operacional, o recru-
sendo criados um pouco por todo o mundo.
secretário-geral do BCSD Portugal.
tamento e a retenção de talentos, o aumento da
Revista do Grupo SGS Portugal
Desenvolvimento Sustentável
criação de valor, a licença para operar e
de entrada na realidade do ‘desenvol-
inovar, a protecção da base de recur-
vimento sustentável’ é a área ambi-
sos das matérias-primas e, por fim, o
ental. Ainda que essa postura seja
sentido da vida, ou seja, a convicção de
louvável e merecedora de continui-
que o negócio só é próspero numa so-
dade, Luís Rochartre Álvares chama
ciedade bem sucedida.
a atenção para a necessidade de se
O BCSD Portugal tem vindo a elaborar
prosseguir no sentido de uma pers-
um conjunto de relatórios e brochuras
pectiva integrada do ‘desenvolvimen-
relativas ao ‘desenvolvimento sus-
to sustentável’, isto é, uma aborda-
tentável’ e pretende realizar a curto
gem que equilibre os planos ambien-
prazo workshops e acções de forma-
tal, social e económico. Segundo o
ção que possam divulgar mais efi-
secretário-geral do BCSD, “algumas
cazmente as ferramentas que já exis-
empresas portuguesas já começam
tem e que podem ser adoptadas por
a produzir relatórios de responsabi-
cada empresa em particular. Nesse
lidade social, outras apresentam, a
sentido, Luís Rochartre Álvares sus-
par do relatório e contas, relatórios
tenta que o BCSD “pretende disponi-
ambientais e há, inclusive, empresas
bilizar às empresas um conjunto de
com relatórios de desenvolvimento
metodologias que lhes permita ir mais
sustentável já publicados, ou seja,
depressa no sentido do desenvolvi-
relatórios com uma abordagem inte-
mento destas acções, nomeadamen-
grada”.
te fazendo com que o BCSD funcione
Há ainda um longo a caminho a per-
como um fórum onde as empresas
correr, mas Luís Rochartre considera
se encontrem para, de uma forma
que há uma evolução por parte das
conjunta, discutirem os problemas e
empresas nacionais. Este responsá-
as soluções para dar resposta aos
vel adianta também – como ideia a
constantes desafios que lhe são co-
desenvolver a curto prazo – que os
locados”.
relatórios actuais ainda carecem de
O trabalho de campo do BCSD Portu-
“um processo de verificação inde-
gal passa também, e cada vez mais,
pendente”, que à semelhança dos
pela adaptação à realidade de cada
actuais certificados da qualidade, pos-
empresa-membro, ajustando às ne-
sa conferir credibilidade aos relató-
cessidades específicas de cada sócio
rios e, consequentemente, garantir a
a abordagem dos caminhos mais ade-
consistência da actuação das empre-
quados.
sas na área do ‘desenvolvimento sus-
Para a maioria das empresas, a porta
tentável’.
Condições de Adesão ao BCSD As empresas associadas ao BCSD Portugal devem preencher os seguintes requisitos: Ter uma posição sólida e influente na respectiva área de actividade; Ser legal e operacionalmente independentes; Estar representadas em Assembleia Geral pelo CEO ou um Executivo de grau equivalente; Nomear um delegado para gerir a comunicação com o BCSD Portugal e assim garantir a melhor ligação à empresa associada; Publicar um Relatório Ambiental num prazo de três anos após a adesão e aspirar a alargar a sua cobertura às três vertentes do desenvolvimento sustentável – económica, ambiental e social; Pagar a quota anual, determinada pela Assembleia Geral. A adesão é proposta ao BCSD Portugal pela empresa interessada através da apresentação da Candidatura de Adesão.
Revista do Grupo SGS Portugal
13
Desenvolvimento Sustentável
SGS empenhada numa causa comum Ana Pina Teixeira, administradora executiva do Grupo SGS em Portugal, tem uma visão integrada e integrável do ‘desenvolvimento sustentável’. Através dela procura contribuir para o bem comum do país e dos restantes agentes económicos.
e adequado de capitais, com vista a garantir a continuidade da actividade, apenas para nomear alguns exemplos. Todos eles implicam uma cultura de responsabilidade e consciência social, ao mesmo tempo que são fundamentais para o desenvolvimento sustentável.
Ferramentas credíveis já operacionais Que áreas de actividade da SGS estão voltadas para a prestação de serviços que apoiem as empresas portuguesas nestes domínios, em particular? A responsabilidade social é uma área de grande envolvimento da SGS a nível global. Em 1998, a SGS foi o primeiro Organismo de Certificação a ser acreditado pela SAI para certificar Sistemas de Gestão de Responsabilidade Social, de acordo com a norma SA 8000. Este envolvimento reflecte-se, igualmente, em programas de avaliação de fornecedores, de âmbito global e nacional, no que respeita ao cumprimento de códigos de
O que é que a SGS entende por ‘desenvol-
ambiental, que visa minimizar os impactos
conduta. As actividades incluídas nesses
vimento sustentável’?
ambientais das actividades económicas e das
programas abarcam o desenvolvimento de
A melhor definição do conceito ‘desenvolvi-
acções humanas; e o social, através do qual
códigos próprios, a realização de auditorias
mento sustentável’ foi dada em 1987, no
pretendemos contribuir para um impacto po-
aos fornecedores dos clientes SGS e, em al-
Relatório Brundtland, que diz o seguinte: o
sitivo na comunidade, recorrendo à utilização
guns casos, o acompanhamento das acções
‘desenvolvimento sustentável’ é aquele que
de práticas empresariais éticas que incluem
correctivas resultantes das não-conformidades
satisfaz as necessidades do presente, sem
a disponibilização de boas condições de
encontradas.
comprometer a capacidade das gerações
trabalho e o envolvimento activo na comu-
futuras fazerem o mesmo. Contudo, penso
nidade de acolhimento da empresa.
que é necessário operacionalizar o conceito,
14
E no domínio da sustentabilidade? A visão actual da sustentabilidade potencia
para que o mesmo não se transforme numa
E como é que integra neste conceito o de
a perspectiva estratégica “Triple Bottom Line
bandeira cheia de significado mas sem utili-
'responsabilidade social'?
Approach”: Responsabilidade Social, Am-
dade alguma. Assim sendo, a SGS interpreta
A responsabilidade social é inerente à sus-
biental e Económica, pelo que torna difícil cir-
o ‘desenvolvimento sustentável’ numa pers-
tentabilidade. Implica, nomeadamente por
cunscrever os serviços da SGS relacionados
pectiva integrada, composta por três ele-
parte das empresas, uma consciencialização
pela transversalidade às organizações. No
mentos fundamentais: o económico, que
para questões como a preservação do ambien-
entanto, a verificação de Relatórios de Sus-
contempla a óbvia necessidade da sustenta-
te, a obrigação moral e ética de respeitar os
tentabilidade merece particular referência
bilidade financeira de qualquer empresa; o
direitos do próximo, o investimento correcto
pelos carácter inovador, uma vez que a SGS
Revista do Grupo SGS Portugal
Desenvolvimento Sustentável
“Em 1998, a SGS foi o primeiro Organismo de Certificação a ser acreditado pela SAI para certificar Sistemas de Gestão de Responsabilidade Social.”
www.pt.sgs.com Independente a disponibilizar um ser-
Membro activo do BCSD Portugal
viço estruturado de verificação. A Ve-
Como membro do BCSD Portugal,
rificação Independente de Relató-
que contributo a SGS pretende dar
rios de Sustentabilidade resulta da
ou está disposta a dar para o 'desen-
produção crescente dos mesmos e
volvimento sustentável' do tecido
das questões relacionadas com a cre-
empresarial português?
dibilidade dos dados publicados. O
Considero que o BCSD Portugal é uma
serviço SGS é sustentado em refe-
organização de grande valor, que está
renciais válidos e credíveis interna-
a ganhar força no meio empresarial
cionalmente, a norma AA 1000 AS e
português. O número de associados
as Guidelines GRI, que é uma ferra-
está a crescer, assim como o número
menta versátil, pois pode ser aplicada
de acções desenvolvidas. A SGS, assim
a relatórios sociais ou que versem a
como todos os associados do BCSD
sustentabilidade.
Portugal, tem uma importante função
é o primeiro Organismo Verificador
de divulgação das acções planeadas, O Grupo SGS em Portugal é sus-
de forma a reforçar o papel pedagógi-
tentado e sustentável? Como o con-
co que o BCSD Portugal desempenha
seguem? Que factores pesam mais
junto das empresas. Assim sendo, é
na gestão das vossas empresas pa-
óbvio que a SGS vai dar o seu melhor
ra que os resultados sejam positi-
como membro, também no sentido de
vos?
contribuir ao nível de conteúdos, fóruns
A SGS considera todas estas ques-
de discussão e com novas ideias para
tões um desafio à sua própria orga-
a actividade do BCSD Portugal.
nização, no sentido de tentar aplicar internamente os conceitos de uma
Que função gostaria que o BCSD
forma prática e de envolver todos os
Portugal desempenhasse com mais
seus colaboradores. Posso dar-lhe um
eficácia, e que acção desenvolveria
exemplo mais concreto: neste mo-
para o tornar mais visível junto das
mento decorre um fórum de discus-
empresas nacionais?
são interno relativamente a iniciativas
O BCSD Portugal é uma organização
a desenvolver na época natalícia. O
com enorme potencial. Como integra
retorno tem sido muito positivo e as
algumas das maiores empresas na-
sugestões muito originais.
cionais, tem todas as condições pa-
A recente adesão ao Conselho Empre-
ra conseguir um importante impacto
sarial para o Desenvolvimento Susten-
na sociedade portuguesa depende
tável em Portugal foi outro desafio que
de todos os seus membros e da pró-
nos propusemos, com o objectivo de
pria organização. A eficácia da sua ac-
ter uma presença mais activa e mais
ção. Mais uma vez, afirmo, que a di-
visível na comunidade. E a certificação
vulgação das ferramentas de que o
ambiental, projecto que vai arrancar
BCSD Portugal dispõe para auxiliar as
antes do fim do ano, é outro exemplo
empresas é de importância capital,
do nosso envolvimento com a comu-
quer para o sucesso da iniciativa quer
nidade para que todos funcionemos
para o desenvolvimento sustentável
bem e com resultados positivos.
do país.
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Revista do Grupo SGS Portugal
15
Desenvolvimento Sustentável
SGS activa na
Protecção do ambiente A SGS (através da Divisão de Ambiente) desenvolveu o Programa para a Mudança Climática, que fornece serviços de verificação e validação essenciais para a integridade ambiental e financeira dos mercados de emissão de carbono. Em entrevista, Gareth Phillips, global product manager do programa, fala dos desafios que se colocam ao mercado do carbono e das mais-valias do Grupo nesta matéria.
Essa Opinião de Verificação destina-se somente às empresas ou também às entidades reguladoras? É útil para ambas. As entidades reguladoras aceitam a Opinião da SGS, nas áreas em que está acreditada, e usam essa informação para verificarem a conformidade entre a actuação
16
De que forma é que a SGS contribui para
dade ambiental do mercado, pois os números
das empresas e as suas respectivas licenças.
que as empresas controlem de modo mais
que são apresentados não correspondem ao
Ao mesmo tempo, o processo de verificação
eficiente as emissões de carbono?
quadro real da totalidade das emissões.
feito pela SGS também é extremamente útil
O Programa para a Mudança Climática da SGS
São entidades terceiras, como a SGS, que
para as empresas, pois contribui para a iden-
disponibiliza serviços de verificação e valida-
verificam os dados usados para calcular as
tificação de áreas onde os dados não estão
ção essenciais para a integridade ambiental
emissões, de forma isenta e independente.
a ser reportados correctamente ou em que
e financeira dos mercados de emissão de
A SGS pede os dados, verifica-os e emite uma
a exactidão desses dados pode ser melhora-
carbono.
Opinião de Verificação. Mas esta ‘opinião’ só
da. Isto ajuda as empresas a compreenderem
As emissões de carbono não podem ser me-
é efectivamente emitida depois da SGS con-
melhor as suas emissões de GHG (Green
didas directamente. Normalmente, são cal-
firmar que as emissões estão descritas de
House Gases), e a medi-las e registá-las me-
culadas com base nos registos de consumo
forma completa (que incluem todas as fontes),
lhor daí para a frente. À medida que as empre-
de energia. Consequentemente, há um espa-
consistente (que os protocolos de medição
sas compreendem melhor as suas emissões,
ço considerável para a perda de dados e erros,
foram correctamente aplicados), rigorosa (que
melhor se posicionam para definirem e ava-
o que pode até ser financeiramente atractivo
os contadores medem os fluxos de energia
liarem as suas estratégias de gestão, nomea-
para empresas que actuam de forma fraudulen-
com um grau aceitável de fiabilidade), trans-
damente para optarem por cessar ou negociar
ta. E esse tipo de actuação deturpa a integri-
parente e sem erros materiais.
as emissões no mercado.
Revista do Grupo SGS Portugal
Desenvolvimento Sustentável
Quais são os principais desafios que se
de negociação de emissões específicos do
redução. Consequentemente, podemos usar
colocam ao funcionamento do mercado
Canadá e do Japão, mas ainda não se sabe
o mercado para uma gestão de recursos mais
de carbono e, em particular, à implemen-
se implicam alguma ligação às normas ETS
eficiente, alcançando objectivos com o míni-
tação do Protocolo de Quioto?
da União Europeia.
mo custo ou conseguindo a maior redução
Um dos aspectos mais importantes é, sem
Portanto, a questão primordial é a das re-
possível em função duma determinada quantia
dúvida, o de saber como queremos que o
gras ainda não estarem completamente defi-
de dinheiro. É o que se passa nos esquemas
mercado funcione em 2008, e onde estamos
nidas, o que significa que há ainda um mun-
de negociação. Aos participantes é atribuído
neste momento. 2008 é o ano de arranque
do de coisas por fazer e que haverá impor-
um número de licenças para emitirem duran-
da primeira fase do compromisso assumido
tantes desenvolvimentos ao longo dos pró-
te determinado período (uma ano, habitual-
no Protocolo de Quioto, e que determina que
ximos anos.
mente). Estes, em contrapartida, comprome-
até 2012 as emissões de carbono dos países
tem-se a prestar contas do controlo das emis-
aderentes devem ser reduzidas até atingirem
Uma questão de eficiência
sões que lhes foram atribuídas e a verificarem
valores 5,2% abaixo dos níveis de 1990.
De que modo é que o mercado do carbono
se coincidem com as licenças que têm em
Depois da recusa dos EUA em assinarem o
pode afectar as mudanças climáticas no
seu poder.
Protocolo, todas as atenções estão viradas
nosso planeta?
Aqueles que conseguem reduzir as suas
para a Rússia, que anunciou recentemente
O impacto a curto e médio prazo é limitado
emissões abaixo do que lhes foi atribuído,
que irá ratificá-lo até ao final de Outubro, e
e, cientificamente, ainda é extremamente
podem vender o que sobra aos que decidem
quando isso acontecer o documento vai poder
difícil prever o que pode realmente acontecer
aumentar as emissões e exceder a sua quota.
finalmente entrar em vigor.
com o aumento da concentração de gases
Há uma enorme flexibilidade na forma como
na atmosfera a longo prazo. Mas há informa-
os participantes podem actuar. Por exemplo,
A decisão da Rússia é, então, muito im-
podem optar pela redução de emissões de
portante?!…
CO2 instalando centrais termoeléctricas ou
Sem dúvida, até porque é importante que em
adoptando soluções de maior eficiência ener-
2008 tenhamos operacional um mercado que permita o comércio livre das licenças de emissões de carbono, quer às partes contratantes (governos) quer, até preferencialmente, às empresas e aos indivíduos. Mas para que isso aconteça, precisamos de encontrar um meio de controlo que permita seguir o rasto de cada licença que é emitida ou transferida, de modo a que cada uma delas esteja apenas registada num só lugar e numa só data (para evitar a dupla contagem). Necessitamos também de sistemas que assegurem que uma tonelada de CO2, ou equivalente, é medida da mesma forma no Japão ou em França, e que o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo
gética; reduzir a produção, (o que não é uma
“Depois da recusa dos EUA em assinarem o Protocolo de Quioto, todas as atenções estão viradas para a Rússia, que anunciou recentemente que irá ratifica-lo até ao final de Outubro, e quando isso acontecer o documento vai poder finalmente entrar em vigor.”
opção muito comum); racionalizar as unidades industriais; comprar a projectos ao abrigo dos mecanismos CDM ou Implementação Conjunta, ou, ainda, comprar no mercado aos outros participantes ETS. Então, o melhor é que o mercado funcione por si? Os esquemas de comércio são mais vantajosos do que os sistema de controlo tradicionais, nos quais uma autoridade ambiental define os limites, tentando depois fiscalizar o seu cumprimento. O modelo ETS é muito mais eficiente para se
(Clean Development Mechanism) funciona
atingirem objectivos bem definidos. Estas
uniformemente em projectos em Marrocos
‘regras’, ao mesmo tempo que reduzem o
ou no Brasil, por exemplo. E é igualmente
impacto na atmosfera, ajudam a reduzir a mu-
importante que se consiga atingir a equiva-
dança climática e contribuem para o desen-
lência ambiental ou, pelo menos, acordos
ção que já temos e que não é animadora:
volvimento sustentável. O actual mercado do
políticos relativamente aos diferentes siste-
sabemos que, uma vez libertada para a at-
carbono transacciona quantidades mínimas
mas de comércio das emissões. Por exemplo,
mosfera, uma tonelada de CO2 exerce o seu
de emissões, comparando com o quanto é
teoricamente há uma ligação entre as normas
impacto durante um período de 100 anos e
necessário reduzir no futuro, mas, mesmo
ETS (Emission Trading System) da União Eu-
que (independentemente da proveniência dos
assim, a flexibilidade e a eficiência das regras
ropeia e o Mecanismo de Desenvolvimento
gases – seja de um jazido carbonífero na Ín-
de mercado são fundamentais a longo prazo.
Limpo, mas as complexidades práticas para
dia ou de gás natural na Europa) se efectiva
Serão as pressões do mercado que irão en-
completar a transmissão ainda não foram
uma mistura de gases na atmosfera global,
corajar o investimento nas tecnologias ino-
inteiramente esclarecidas. Entretanto, fala-
o que significa que não interessa onde é feita
vadoras necessárias para a redução de emis-
-se com alguma frequência sobre sistemas
a emissão nem tão pouco onde ocorre a sua
são de gases para a atmosfera. Revista do Grupo SGS Portugal
17
Responsabilidade Social
Uma virtude da globalização Deborah Leipziger, directora da Social Accountability International (SAI) na Europa, evidencia na entrevista que concedeu à SGS Global o crescimento significativo do número de empresas que adoptam a norma SA 8000 e alerta os agentes económicos para o facto dos consumidores estarem cada vez mais atentos ao comportamento das empresas produtoras de bens e serviços. Mais eficiência e maior produtividade são alguns dos resultados que, em seu entender, qualquer empresa pode esperar da implementação das práticas de responsabilidade social.
O que é a ‘responsabilidade social’ das em-
inteiro. Com a CNN e
presas e porque tem vindo a adquirir cada
a internet a funciona-
vez maior dimensão?
rem como funcionam,
A responsabilidade social das empresas (a
as empresas não po-
que prefiro chamar ‘cidadania corporativa’) é
dem continuar a es-
um acto contínuo, que vai da cidadania mínima
conder realidades co-
(o cumprimento das leis em vigor) até um
mo o trabalho infantil
complexo relacionamento de direitos e res-
e o trabalho forçado.
Deborah Leipziger
ponsabilidades interligados entre uma em-
18
presa, os seus colaboradores e a comunidade
Qual o ponto de situação da aplicação da
É possível estabelecer uma relação de cau-
em que se insere, e no qual as vertentes so-
norma SA 8000?
sa-efeito entre a maior ou a menor adesão
ciais e ambientais interagem para reforçar a
A adesão à norma SA 8000 cresce de ano
à SA 8000 e as empresas localizadas em
estratégia da empresa.
para ano. No final de 2004, estarão, acredito
países que respeitam os direitos humanos
Por que está a crescer? Porque vivemos numa
profundamente, certificadas pela SA 8000
e laborais?
era de globalização, na qual a produção é feita
centenas de empresas, em mais de 30 países
Há várias empresas certificadas pela norma
à escala mundial, facto que conduz a uma
e em diversos sectores de actividade. A Gucci,
SA 8000 no Brasil, na China, na Índia e em
enorme pressão sobre os salários e os bene-
por exemplo, anunciou recentemente que irá
Itália. Creio que as empresas destes países
fícios sociais dos colaboradores, que tendem
encorajar os seus fornecedores italianos a
querem diferenciar-se das restantes, quer
a diminuir. Acresce que a revolução tecno-
adoptarem a norma SA 8000 e penso que
operem nos seus mercados nacionais ou não,
lógica a que temos vindo a assistir, permite-
muitas outras grandes empresas lhe seguirão
uma vez que a pressão dos consumidores
-nos ver o que se passa nas fábricas do mundo
o exemplo.
também começa a fazer-se sentir. Quem com-
Revista do Grupo SGS Portugal
Responsabilidade Social pra, na Europa e nos Estados Unidos, quer
está a desenvolver um estudo que visa medir
espalhada por todo o mundo, conhecem me-
ter provas de que as empresas produtoras de
o impacto da norma SA 8000 e que depois
lhor os diversos tecidos empresariais com
bens e serviços respeitam os seus traba-
de concluído, estou certa, nos trará agradáveis
que trabalham. Acresce que uma empresa
lhadores, a comunidade e o ambiente. Talvez
surpresas. Para já, sabemos que é difícil quan-
presente em vários mercados, prefere traba-
por isso, as empresas que estão a aconselhar
tificar os benefícios, pois há sempre muitos
lhar em todos eles com o mesmo organismo
os seus fornecedores a aderirem à norma SA
factores e condições a ter em conta ao mes-
certificador, porque é mais eficaz e o retorno
8000 se localizem, maioritariamente, na Eu-
mo tempo, mas, felizmente, não é impossível
é, obviamente, mais rápido e mais elevado
ropa e nos Estados Unidos, ou seja, em paí-
e uma empresa onde os colaboradores se
devido às sinergias que é possível optimizar.
ses que já ratificaram muitas das convenções
sentem bem porque são tratados respeito-
Mas também há espaço para outros interve-
da OIT - Organização Internacional do Trabalho.
samente é (tem que ser!) mais rentável.
nientes. Recordo que em Itália, por exemplo,
De que modo é que a SAI promove a utili-
É uma norma difícil de implementar? Im-
zação da SA 8000 na União Europeia? Exis-
plica, por exemplo, investimentos avul-
tem protocolos com organismos da União
tados na adequação de instalações fabris
Europeia e/ou dos Estados-Membros?
às correctas condições de trabalho?
A Comissão Europeia disponibilizou verbas
Qualquer empresa terá sempre que fazer
para a SAI Europa trabalhar com o sector dos
algumas melhorias para alcançar o certificado
curtumes, designadamente para ajudar as
SA 8000. Todavia, o maior ou menor grau de
Cidadania Corporativa
empresas a adoptarem os procedimentos da
dificuldade varia de empresa para empresa.
Estratégias Bem-Sucedidas para
norma SA 8000 e para procederem à sua
Varia, sobretudo, em função do sector em
Empresas Responsáveis
implementação e certificação. E este projecto
que opera, da sua dimensão, das condições
Autores: Malcom Mcintosh; Deborah
foi um sucesso porque registámos a partici-
sociais da região em que está inserida e do
Leipziger; Keith L. Jones; Gill Coleman
pação de micro-empresas de vários países
número e tipo de sistemas de gestão imple-
europeus. Regularmente, a SAI ministra ac-
mentados. Por exemplo, para empresas que
ções de formação na área dos sistemas de
já tenham obtido a certificação ISO 9000:2000
gestão e das condições sociais e tem em vi-
ou a ISO 14001, será mais fácil obter a cer-
gor protocolos de cooperação com vários sin-
tificação de acordo com a norma SA 8000.
há já duas empresas locais acreditadas pela SAI.
Com vários exemplos de empresas actuantes na área social, este livro pode ser considerado um guia para as organizações que desejem
dicatos e organizações não governamentais (ONGs).
Deborah Leipziger em português
Quais as razões porque não há mais em-
incorporar na sua prática de
presas a adoptarem e a certificarem-se
negócios os princípios da
Promover a eficiência e a produtividade
em conformidade com a norma SA 8000?
cidadania corporativa. A
Algumas empresas invocam que o processo
responsabilidade social na
Quais são as mais-valias da norma SA 8000?
de certificação tem custos elevados. Outras
A norma SA 8000 ajuda as empresas a tor-
não o fazem porque pura e simplesmente os
narem-se mais eficientes e mais produtivas
seus clientes não o exigem. Outras porque a
e a obterem produções de maior qualidade
desconhecem. E em todas estas vertentes é
percebida. Por exemplo, quando uma empre-
necessário agir para que a pré-disposição das
para alcançar a nova cidadania
sa, em que a prática do trabalho infantil é
empresas aumente. A SAI está atenta e procura,
corporativa, bem como, a abordagem
frequente, opta por trabalhar apenas com
através das suas associadas locais, promover
da norma SA8000, são alguns dos
trabalhadores adultos e qualificados, a sua
e desmistificar todas estas situações.
temas que merecem destaque.
economia global, a gestão e estratégia que as empresas devem adoptar
produção pode ser comercializada na íntegra, porque os defeitos e os erros de produção
As entidades certificadoras acreditadas
são mínimos quando comparados com os da
pela SAI para procederem à certificação
situação anterior. E se a rejeição é menor, a
SA 8000 são quase todas multinacionais
facturação cresce e o lucro líquido também,
com escritórios em todo o mundo, como
necessariamente. Mas há outras vantagens,
é o caso da SGS. Há alguma razão em parti-
Quais são os projectos que a SAI prevê
como a maior ‘fidelização’ da força de trabalho
cular para isso acontecer?
realizar no curto e médio prazo?
e a melhoria do seu desempenho, a melhoria
Questões como o trabalho infantil e a dis-
No presente estamos empenhados em tra-
da gestão interna da própria empresa, a me-
criminação social são problemas globais e
balhar com mais países, designadamente com
lhoria da gestão da cadeia de abastecimento,
persistem, infelizmente, em todo o mundo.
aqueles em que os problemas sociais e am-
a protecção da imagem e da reputação perante
Como tal, a sua resolução carece, regular-
bientais são mais elevados, e com sectores
a sociedade, e a possibilidade de chegar a
mente, de abordagens globais, que possam
propícios, infelizmente, a práticas socialmente
novos mercados e a novos clientes.
ser adaptadas localmente. E este exercício
‘incorrectas’. É por isso, justamente, que esta-
é fácil de fazer por parte das empresas mul-
mos a preparar a abertura de um escritório
Esses resultados são mensuráveis ou
tinacionais (como a SGS), que através das
em Saia, no Vietname, e outro na Holanda. Re-
estamos perante valores intangíveis?
suas estruturas locais, sustentadas numa vas-
lativamente aos sectores de actividade, o
A Universidade de Nynerode, na Holanda,
ta rede de competências e de profissionais
calçado é a nossa próxima meta. Revista do Grupo SGS Portugal
19
Responsabilidade Social
Formação de auditores SA 8000 O curso de formação de auditores que veio ministrar a Portugal destina-se exclusivamente a colaboradores da SGS? Não, do grupo de dez formandos, apenas dois são colaboradores da empresa. Faço parte da equipa da SGS que ministra este curso em todo o mundo e nele participam sempre formandos que não são colaboradores da SGS. Este curso é obrigatório para quem quer ser auditor SA 8000? Sem dúvida. Se concluído com aproveitamento, pois durante o curso a avaliação é permanente e no fim há um exame, o formando recebe um certificado que o habilita a credenciar-se em qualquer organização internacional de auditores. Na SGS temos procedimentos próprios para formar os nossos auditores, nomeadamente a frequência deste curso com aproveitamento, e a realização de um número determinado de auditorias, durante as quais o seu desempenho também é avaliado pelos auditores mais experientes que os acompanham. Só então obtêm a qualificação como auditores. Da sua experiência como formadora, quais são as áreas ou matérias de mais difícil apreensão pelos formandos ? Depende muito das qualificações, da expe-
Rebecca Bowens é colaboradora da SGS na área da Responsabilidade Social como auditora SA 8000 e como formadora de auditores. Realiza também auditorias de 2ª parte a fornecedores e é especialista na elaboração de relatórios de sustentabilidade, de ambiente e de responsabilidade social corporativa. E esteve em Lisboa entre 27 de Setembro e 1 de Outubro a ministrar o Curso de Formação de Auditores SA 8000.
riência e dos conhecimentos individuais dos formandos que frequentam cada curso. Habitualmente temos formandos com grande experiência em auditorias, mas que desconhecem o que está em causa na área da ‘responsabilidade social’, e vice-versa. Contudo, julgo que o mais difícil para os formandos talvez seja terem a noção do que é realmente fazer uma auditoria numa fábrica, quando estão instalados numa sala de hotel ou de outro qualquer local onde tenham a formação. Como é que ultrapassam a situação? Tentamos ultrapassá-la com simulações de casos práticos em que cada formando tem
20
Revista do Grupo SGS Portugal
Responsabilidade Social
de desempenhar o papel que lhe é atribuído,
que um país adere às convenções e inclui o
fluenciar ou induzir a certificação das em-
desde ser o auditor ao gerente da fábrica ou
seu conteúdo na legislação de trabalho na-
presas que estão na sua cadeia de abaste-
ao representante da Comissão de Trabalha-
cional, é provável que as empresas desse
cimento, por exemplo. Quem trabalha com
dores, por exemplo. Usamos muito fotogra-
país cumpram a maioria dos requisitos da
qualidade exige qualidade. E isso não acon-
fias de fábricas instaladas nos diversos países
norma.
tece com a certificação SA 8000, salvo em
onde a equipa de formação e de auditores
situações que são, ainda, excepcionais. Veja-
em SA 8000 do Grupo tem trabalhado ao lon-
Mas se é assim, quais as razões porque
-se o caso de Itália, o país europeu que reúne
go dos anos. É importante que os formandos
não há mais empresas, sobretudo na Euro-
o maior número de empresas com certifica-
possam verificar como as coisas funcionam,
pa, a optarem pela certificação de acordo
ção SA 8000. E a razão é a seguinte: o sec-
que vejam e pensem, inclusive nas questões
com esta norma? Desconhecimento?
tor cooperativo exige que todos os seus for-
que urge resolver em situações imprevistas.
A SA 8000 não é uma norma ISO, e prova-
necedores sejam certificados de acordo com
Estou convencida que o curso da SGS está
velmente essa é a primeira razão. A SAI não
a SA 8000. Foi esta exigência que obviamen-
concebido por forma a que as pessoas apren-
é uma organização tão conhecida a nível
te impulsionou o crescimento da certifica-
dam o que têm de aprender. Sobretudo, que
mundial como a ISO. Outra razão pode ser a
ção neste país.
partilhem experiências e conhecimentos e aprendam umas com as outras. Não se espera que os formandos que terminam o curso sejam imediatamente auditores perfeitos, mas sim que este lhes dê as ferramentas, as
“A norma SA 8000 foi
qualificações e os conhecimentos que de-
redigida de acordo com as
pois podem adaptar a qualquer circunstância
convenções da OIT relativas
durante as suas auditorias. O mais importante,
a práticas laborais. Por isso,
porém, é a experiência que vão adquirir depois
a partir do momento em
do curso.
que um país adere às
Boas condições de trabalho
convenções e inclui o seu
Quais são os aspectos mais importantes
conteúdo na legislação de
a que uma empresa tem de dar atenção
trabalho nacional, é
aquando da implementação dos requisitos
provável que as empresas
da norma SA 8000?
desse país cumpram a
A grande maioria das empresas cumpre de
maioria dos seus
alguma forma os aspectos mais importantes,
requisitos.”
pois os requisitos da norma têm por base as condições de trabalho dos empregados: horário de trabalho diário e semanal, salários justos, condições de higiene e segurança; se não há discriminação em função do género, da idade, raça ou religião; trabalho infantil,
das empresas/gestores julgarem que a nor-
Para concluir, pergunto-lhe: é possível uma
etc.
ma impõe regras difíceis de cumprir. Em al-
empresa quantificar financeiramente resul-
As questões-chave dependem muito do país
guns países, sobretudo no Extremo Oriente,
tados decorrentes da implementação da
onde a companhia opera. Na Europa, a área
é talvez mais difícil ‘impô-la’, mas na Europa
norma SA 8000?
onde normalmente encontramos alguns pro-
não vejo por que o seja.
Deixe-me colocar as coisas da seguinte forma:
blemas é a da saúde, higiene e segurança, e
Penso também que, ao contrário do que acon-
esta norma foi concebida para proteger a força
também ao nível dos horários de trabalho.
tece com a certificação ISO, em relação às
de trabalho, para melhorar as condições de
Em Portugal, por exemplo, há leis muito res-
normas de gestão da qualidade e ambiente,
trabalho dos empregados e, consequente-
tritas em matéria laboral, pelo que, na maio-
as empresas não estão a ser suficientemen-
mente, a imagem da organização junto de
ria dos casos, as empresas que cumprem a
te pressionadas para implementarem a SA
todas as partes interessadas. Estas são acções
legislação do trabalho estarão, à partida, em
8000.
cujos efeitos não se sentem imediatamente
conformidade com a SA 8000.
ao nível dos resultados financeiros, mas que
A norma SA 8000 foi redigida de acordo
Pressionadas em que sentido?
exercem enorme influência na performance
com as convenções da OIT relativas a práticas
A certificação de uma empresa de acordo
de uma organização devido à reestruturação
laborais. Por isso, a partir do momento em
com uma norma da qualidade acaba por in-
que implicam, em prol da eficiência. Revista do Grupo SGS Portugal
21
Responsabilidade Social
RSE Portugal
Trabalhar para um mundo melhor cialmente responsáveis e a sensibilizar outras para a importância de adoptarem uma postura que privilegie não só os aspectos económicos mas também a vertente social e ambiental. Enquanto representante nacional da CSR Europe – instituição com sede em Bruxelas, que visa também disseminar o conceito de responsabilidade social das empresas a nível europeu –, a associação portuguesa tem como objectivo dar a conhecer ao tecido empresarial as práticas desenvolvidas noutros países mais avançados neste campo e incentivar a realização de acções de benchmarking e de intercâmbio com os parceiros associados da CSR Europe. “Temos também a responsabilidade de apoiar, a nível nacional, a realização de campanhas estruturadas que contribuam para a disseminação do conceito de ‘responsabilidade social’ e das consequências positivas que a sua aplicação pode proporcionar às empresas. O ano passado organizámos, em Portugal, o primeiro seminário sobre responsabilidade social, que esteve integrado numa acção promovida internacionalmente”, lembra Fernando Ribeiro Mendes, presidente da Direcção da RSE Portugal. Formalizada em 2002, esta Associação (que
Apoiar as empresas na definição de estratégias e linhas de acção no âmbito da responsabilidade social é um dos objectivos da RSE Portugal, uma associação portuguesa que conjuga já os esforços de 16 membros, mas cuja intenção é a de agrupar muitos mais.
22
Revista do Grupo SGS Portugal
teve como membros fundadores empresas como o Millennium BCP, a Caixa Económica Montepio Geral, a IBM, a Manpower Portuguesa, a Select, a Novadelta, a Portucel, a Novartis Pharma, a Ericsson e a Microsoft), só entrou em funcionamento em 2003. Desde então, tem apostado, sobretudo, em duas vertentes para que o conceito de responsaRSE Portugal - Associação Portugue-
A
bilidade social seja, gradual e sistematica-
sa para a Responsabilidade Social
mente, uma realidade no seio do tecido em-
das Empresas tem como missão
presarial português. Numa primeira fase, a
promover, dinamizar e divulgar projectos intra
divulgação de informação através dos meios
e inter-empresariais desenvolvidos no âmbito
de comunicação social, a publicação de en-
da responsabilidade social, tanto a nível por-
cartes e a organização de seminários de
tuguês como europeu, com vista a dar maior
sensibilização assumiram particular relevân-
visibilidade às empresas com práticas so-
cia. Contudo, um ano depois, apesar da im-
Responsabilidade Social
portância destas acções e de existirem intenções de continuar a promovê-las, os responsáveis pela Associação consolidaram a sua estratégia de actuação e optaram por
“A responsabilidade social
implementar uma linha de trabalho que bap-
deve ser entendida como um
tizaram de ‘Desenvolvimento da Comuni-
instrumento de gestão numa
dade’. “Procurámos passar os nossos objec-
empresa, a par de outros,
tivos e os benefícios que intrinsecamente
como o marketing, as boas
estão associados ao conceito ‘responsa-
práticas no âmbito da quali-
bilidade social’ da teoria à prática e organizá-
dade e a aposta na
mos projectos de intervenção com preo-
inovação.”
cupações sociais e ambientais que envolveram, de forma voluntária, os colaboradores das diferentes empresas associadas. Numa primeira experiência, que decorreu já este
Fernando Ribeiro Mendes, presidente da Direcção da RSE Portugal
ano, juntámos um grupo de pessoas na Tapada de Mafra para participar na limpeza do espaço
acreditam na missão da Associação e que es-
e que procurou inteirar-se também da política
tão igualmente empenhados em promover o
a seguir, com vista a recuperar e a revitalizar
conceito de responsabilidade social. Para
a Tapada depois do incêndio que destruiu
Fernando Ribeiro Mendes não interessam os
grande parte da reserva. À semelhança desta
números, mas sim “a convicção e a motiva-
iniciativa, pensamos desenvolver outras do
ção de todos aqueles que se querem agrupar,
género porque os resultados foram muito po-
em prol de uma nova consciência do contexto
sitivos”, sublinha Fernando Ribeiro Mendes.
social”. É por isso que a mensagem que o responsá-
Um projecto em crescimento
vel pela RSE Portugal ‘não se cansa’ de repetir
Como associadas da RSE Portugal, as em-
entendida como um instrumento de gestão
presas beneficiam de uma networking com
numa empresa, a par de outros, como o mar-
outros membros a nível nacional e europeu,
keting, as boas práticas no âmbito da quali-
forma mais concertada, para que se estimu-
de serviços de aconselhamento, e, em es-
dade e a aposta na inovação, por exemplo”.
lem políticas socialmente responsáveis e
pecial, de apoio à elaboração de relatórios
“Agir de uma forma integrada faz parte de
se actue de forma sistemática e consolidada.
sociais e à implementação e certificação da
um desenvolvimento estratégico que permite
Outro aspecto fundamental para o desen-
norma SA 8000. A Associação disponibiliza,
à empresa afirmar-se na sociedade como uma
volvimento do conceito passa, certamente,
ainda, formação no domínio da responsabi-
entidade bem sucedida em todos os planos”,
pelo posicionamento das pequenas e médias
lidade social dirigida a colaboradores das
diz, convicto, Fernando Ribeiro Mendes.
empresas, que desempenham também um
é que “a responsabilidade social deve ser
empresas associadas e informação sobre o
papel decisivo nesta área. E este é um dos pontos a que a RSE Portugal está atenta e
crescimento. “A Associação assume-se como
A importância da esfera pública
um facilitador das boas práticas, uma vez que
O presidente da RSE Portugal vai ainda mais
ferramentas de responsabilidade social. “Há
muitos dos seus associados procuram acon-
longe, quando chama a atenção para o facto
muitas PME que estão a dar sinais muito bons
selhamento no sentido de fortalecerem as
da ideia da responsabilidade social não estar
nesta matéria mas que, por razões várias, não
suas relações com a comunidade local e
associada apenas à esfera privada. No seu
entendem a responsabilidade social como
mesmo com os seus fornecedores e clien-
entender, para que o crescimento sustentável
uma área conceptual de gestão, motivo pelo
tes”, esclarece o presidente da RSE Portugal.
e a boa cidadania empresarial sejam cada vez
qual este é um dos pontos que a Associação
Para além dos membros fundadores, os mais
mais uma realidade entre nós, é fundamental
quer resolver. Contamos, para tal, com o apoio
recentes parceiros neste projecto são a In-
que se verifique um maior envolvimento da
incondicional das associações empresariais
tertek Labtest, a Jerónimo Martins, a KPMG,
administração pública e de outras entidades
e outros organismos nacionais, uma vez que
a Cushman & Wakefield, a Nike e o BES.
não governamentais. Chegou o momento,
estão mais próximos das PME e que sobre
Integra também a lista de associados da RSE
diz Fernando Ribeiro Mendes, de todos as-
elas exercem grande influência”, conclui
Portugal um grupo alargado de pessoas que
sumirem a responsabilidade social de uma
Fernando Ribeiro Mendes.
mercado de consultoria, uma área em franco
para a qual perspectiva, a médio prazo, adaptar
Revista do Grupo SGS Portugal
23
Responsabilidade Social
A metodologia utilizada pelo Observatório Nacional dos Recursos Humanos permite converter a monitorização da satisfação dos colaboradores numa ferramenta de apoio à gestão das empresas. E esta ferramenta adquire ainda maior relevância quando estudos recentes mostram que 30% dos resultados económicos numa organização podem ser explicados a partir dosindicadores de satisfação dos clientes e dos colaboradores. Em entrevista à SGS Global, João d’Orey, director do ONRH, em representação do parceiro Qual, explica como e porquê.
Pessoas
O activo mais importante das empresas Este consórcio procura desenvolver com a
10 000 questionários e espera-se, de acordo
isenção, a credibilidade e o rigor necessários
com os projectos em curso, que até ao final
a recolha, tratamento e comparação dos re-
de 2004 venhamos a ultrapassar a fasquia dos
sultados obtidos ao nível das pessoas nas
15 000.
organizações aderentes, criando-se um siste-
Refira-se ainda que, nos dois anos e meio de
ma de avaliação e compreensão dos facto-
existência deste projecto, algumas das entida-
res conducentes à satisfação, lealdade e en-
des acima indicadas repetiram já a avaliação
volvimento dos colaboradores, baseados num
da satisfação dos seus colaboradores.
conjunto de indicadores disponibilizados periodicamente. Podem assim definir-se referen-
Porquê e para quê medir o grau de satis-
ciais legítimos de comparação de valores e
fação dos recursos humanos?
O que é o Observatório Nacional de Recur-
resultados centrados nos colaboradores, tendo
A metodologia utilizada pelo Observatório,
sos Humanos?
por base parâmetros relevantes contemplados
nomeadamente através de um modelo estru-
O Observatório Nacional de Recursos Hu-
em modelos de satisfação dos colaboradores,
tural de equações, construído com base nas
manos (ONRH) é um projecto criado em 2002,
referenciais da qualidade e da excelência (co-
respostas ao inquérito efectuado aos colabo-
que tem por base uma parceria sólida esta-
mo as normas ISO 9000:2000 e o Modelo de
radores das organizações aderentes, permite
belecida por entidades com experiência vasta
Excelência da EFQM).
converter a monitorização da satisfação dos colaboradores numa verdadeira ferramenta
e com valências que se complementam na
24
consecução dos objectivos inerentes a um
Quantas empresas aderiram ao ONRH?
de apoio à gestão.
projecto desta natureza: APQ - Associação
Aderiram já ao ONRH as seguintes organiza-
A partir da construção dos modelos estatísti-
Portuguesa para a Qualidade, APG - Associa-
ções: Siemens, STCP, Celbi, Cires, TNT, Grupo
cos é possível identificar pormenorizadamen-
ção Portuguesa de Gestores e Técnicos de
Luís Simões, IEFP, CTT, CDSS do Porto e
te os domínios de intervenção prioritários,
Recursos Humanos, Qual - Formação e Ser-
ECFP, que cobrem vários sectores desde a
ou seja, aqueles que podem de facto poten-
viços em Gestão da Qualidade, Lda., e Qme-
indústria aos serviços, passando pelos trans-
ciar uma melhoria significativa ao nível da sa-
trics - Serviços de Consultoria, Gestão e Ava-
portes.
tisfação, lealdade e/ou envolvimento dos co-
liação da Qualidade e da Satisfação S.A..
No total, o Observatório já processou mais de
laboradores dentro da organização.
Revista do Grupo SGS Portugal
Responsabilidade Social
Barómetro a nível nacional
cacionada para responder a crescentes mani-
gica num país como Portugal, onde os sinais
É possível definir um padrão tipo para a
festações de interesse por parte das PME.
indicam cada vez mais que o futuro depende
satisfação dos colaboradores em Portugal?
Quanto à aplicabilidade em entidades públi-
essencialmente da capacidade de mobiliza-
A informação detalhada disponibilizada junto
cas, como referi, o ONRH conta já com a ade-
de cada empresa é estritamente confidencial,
são do Instituto de Emprego e Formação Pro-
sendo que o Observatório, enquanto baró-
fissional e do Centro Distrital de Segurança
metro nacional da satisfação do colaborador,
Social do Porto.
promove uma vez por ano a divulgação dos valores agregados disponíveis a partir de to-
Uma empresa socialmente responsável é
das as respostas dadas pelos colaboradores
uma empresa que mede a satisfação dos
das diversas organizações aderentes, pelo
seus colaboradores?
que são estes resultados, agregados a nível
A medição da satisfação dos colaboradores,
nacional, os únicos que são do domínio pú-
e actuação em consonância com os resulta-
blico.
dos obtidos, revela, por parte da empresa,
Com base neles é, então, possível identificar
um enfoque na responsabilidade social, na
vários aspectos transversais, tais como o
medida em que permite ter colaboradores
facto do valor médio da satisfação ser superior
mais motivados e com maiores níveis de
nas pessoas que ocupam lugares de chefia;
envolvimento e lealdade.
os graus de satisfação são particularmente elevados para quem trabalha há menos de
A responsabilidade social das empresas
um ano na organização, decaindo depois com
contribui para o desenvolvimento susten-
a antiguidade na mesma; a satisfação média
tável?
é tanto maior quanto mais elevado o nível de
As boas práticas no âmbito da responsabilida-
habilitações académicas; o sexo feminino ul-
de social são um investimento fulcral no activo
trapassa o masculino no que se refere ao
mais importante das empresas: as pessoas.
“A medição da satisfação
grau de satisfação alcançado e os níveis de
Frequentemente, alcançar padrões de ex-
dos colaboradores revela um
satisfação são mais elevados para jovens en-
celência ao nível dos processos internos de
enfoque na responsabilidade
tre os 18 e os 25 anos.
negócio e de clientes implica diferentes com-
social.”
petências e capacidades, o que passa por João d’Orey, director do ONRH
Esta ferramenta pode ser adequada às
mobilizar os colaboradores no sentido de
PME (a dimensão da imensa maioria das
atingir os objectivos estratégicos. Estudos
empresas nacionais) ou a instituições pú-
recentes mostram que 30% dos resultados
blicas, por exemplo?
económicos numa organização podem ser
ção, desenvolvimento e envolvimento dos
Sim. Em 2003 foi desenvolvida uma variante
explicados a partir dos indicadores de satis-
colaboradores no funcionamento, melhoria e
da nossa metodologia de trabalho, designada
fação dos clientes e dos colaboradores.
inovação das organizações, e, consequente-
abordagem simplificada, especialmente vo-
Esta questão redobra de pertinência estraté-
mente, do desenvolvimento sustentável.
Resultados disponíveis em Abril de 2004 Das 60 perguntas que integram o questionário, as que apresentaram uma resposta média mais elevada por parte dos colaboradores são as que dizem respeito à dedicação e emprenho da empresa, consciência da importância do trabalho para os objectivos da qualidade e satisfação dos clientes enquanto prioridade da empresa; as respostas com média mais baixa são as relativas ao nível de remuneração, justiça da remuneração face aos colegas e a possibilidade de participar na tomada de decisões. Os valores médios percentuais alcançados demonstram que os valores mais elevados correspondem ao Envolvimento, Qualidade e Lealdade, enquanto que os mais reduzidos dizem respeito ao Reconhecimento e Recompensa, Relações com chefias, Mudan-
Dimensões que integram o modelo de satisfação do colaborador Envolvimento Qualidade Lealdade Expectativas Política e estratégia Posto de trabalho Contexto organizacional Satisfação Cooperação e comunicação Mudança e inovação Relações com chefias Reconhecimento e recompensa
72,7% 65,7% 65,3% 56,1% 55,1% 53,2% 53,1% 52,5% 50,7% 50,3% 50,2% 42,8%
ça e inovação.
Revista do Grupo SGS Portugal
25
Turismo: O golfe em análise
Congresso Internacional de Golfe
À procura da sustentabilidade O 1º Congresso Internacional de Golfe reuniu na mesma assembleia especialistas, empresários do sector e representantes de diversas organizações. Em análise esteve o desenvolvimento desta actividade na região algarvia.
olfe, turismo e ambiente. A relação
G
grandes drivers da economia nacional, tendo
hotelaria. Mas o processo de desenvolvi-
entre estas três variáveis e a procura
presente a dinâmica empresarial do sector, as
mento do golfe, como um produto turístico,
de uma solução para a questão ‘Qual
nossas vantagens competitivas e o cresci-
gera um profundo impacto no território e pode
o futuro do golfe no Algarve?’, serviram de
mento do golfe nos destinos dos nossos prin-
provocar contrastes e mesmo desequilíbrios
mote a três dias de intensos debates, que
cipais concorrentes”, sublinhou Carlos Mar-
nos locais onde são construídos os campos.
reuniram no campus da Universidade do Al-
tins, secretário de Estado do Turismo, no en-
A discussão sobre o tema urge, sobretudo
garve centenas de especialistas, empresários
cerramento do congresso. Segundo este res-
porque já foram apresentados projectos para
do sector e representantes de diversas or-
ponsável, “o interesse estratégico desta ac-
mais 56 campos, 16 dos quais poderão ser
ganizações no 1º Congresso Internacional de
tividade para o turismo nacional”, impulsionou
construídos até 2009, dependendo do ritmo
Golfe. O estudo ‘O golfe no Algarve: O pre-
a realização de um “plano global de imagem
de aprovação dos respectivos licenciamentos.
sente e o futuro’, coordenado pelos professo-
e comunicação do produto golfe para o perío-
Neste ponto, os empresários do sector e os
res Victor Martins e Antónia Correia, serviu de
do 2005 /2006, que terá por base uma parce-
especialistas, nacionais e internacionais, pre-
‘pano de fundo’ à discussão. No documento
ria estratégica público-privada, e que será
sentes no congresso estão de acordo: é cru-
apresentado em Faro, o golfe é analisado numa
apresentado em breve pelo ministro do Turis-
cial planear com cuidado as regiões de turis-
perspectiva multidisciplinar e voltada para a
mo, [Telmo Correia]”.
mo de golfe, onde se inclui, naturalmente, o
sustentabilidade da actividade.
26
Algarve, a fim de compatibilizar os objectivos económicos e sociais com a sustentabilidade
dezenas de campos de golfe. Esta actividade
Crescimento versus sustentabilidade
emprega cerca de 2500 pessoas e representa
Nos últimos anos, a actividade do golfe co-
tório e com a comunidade local.
8% da receita turística nacional (cerca de 500
nheceu um crescimento significativo, em par-
A protecção do ambiente e dos recursos
mil euros). Mais de 40% da oferta está loca-
ticular na região do Algarve, onde existem três
naturais, designadamente da água, também
lizada no Algarve, sendo esta região o maior
dezenas de campos de golfe (com 18 bura-
estiveram no centro do debate. As práticas de
destino nacional deste produto.
cos). A actividade tem contribuído para ate-
gestão, como o uso e o tipo de pesticidas e
“Existe uma clara oportunidade de transformar
nuar a sazonalidade turística na região e para
nutrientes, e a quantidade de água empregue,
o turismo de golfe, hoje um cluster, num dos
a qualificação geral do imobiliário turístico e da
foram algumas das questões abordadas. A
Actualmente, funcionam no país mais de seis
Revista do Grupo SGS Portugal
do sector turístico, com o produto, com o terri-
Turismo: O golfe em análise
protecção ambiental e a implementação de
nacional, sendo que neste momento é o único
em muito podem contribuir para a satisfação
boas práticas ambientais nos campos de gol-
operador a trabalhar nesta área. Para Luís
dos utilizadores e dos accionistas de um campo
fe é, aliás, uma questão incontornável quando
Barrinha, director de certificação de Ambiente
de golfe”, disse.
se fala de sustentabilidade da actividade, por-
e Segurança da SGS, os benefícios da certi-
As vantagens da certificação foram, também,
que a qualidade e quantidade dos recursos
ficação são ‘visíveis’ a vários níveis: “As van-
referidas por alguns empresários presentes no
naturais podem constituir vantagens compe-
tagens existem, a médio prazo, para quem ge-
encontro, que fizeram questão de sublinhar o
titivas insubstituíveis.
re o campo no que diz respeito às reduções
impacto que a certificação do sistema de gestão
dos custos e à visibilidade do cumprimento
ambiental, nos campos por eles geridos, teve
Solução: certificação
legal. Também é possível verificar uma melho-
na redução de custos e na melhoria do desem-
Numa altura em que as críticas e as preo-
ria nas relações com as partes interessadas,
penho da empresa, confirmando, assim, uma
cupações ambientais sobem de tom, os em-
nomeadamente com as câmaras locais, com
das conclusões do estudo realizado pela Uni-
presários do sector procuram soluções que
os habitantes e com os próprios clientes, uma
versidade do Algarve. (ver textos seguintes)
diminuam os impactos ambientais directa-
vez que a certificação garante que o campo é
mente relacionados com a construção e a ex-
“realmente verde” e possui as características
ploração dos campos. Neste domínio, a cer-
desejáveis à prática da modalidade. Em última
tificação ambiental de sistemas e programas
análise, a implementação de um sistema de
de gestão tem ganho um maior protagonismo,
gestão ambiental, e a sua posterior certifica-
o que se reflecte no número cada vez maior
ção, contribuem para um aumento da vida do
de empresários que procuram esta ‘ferra-
campo, uma vez que promovem a utilização
menta’.
adequada dos recursos naturais”, defende o
Actualmente, seis campos algarvios possuem
director da SGS.
um sistema de gestão ambiental certificado
Na sua intervenção Luís Barrinha chamou ainda
de acordo com a norma ISO 14001.
a atenção para os três pilares fundamentais do
A SGS, que é líder em Portugal na certificação
referencial ISO 14000: “o cumprimento da le-
de campos de golfe, foi o primeiro organismo
gislação, a melhoria contínua e a prevenção da
de certificação a certificar um campo de golfe
poluição. Estes são os compromissos base de
no nosso país, segundo esta norma inter-
qualquer sistema de gestão ambiental e que
Luís Barrinha, director de certificação de Ambiente e Segurança da SGS
Lusotur Golfes
Um percurso que fez história A Lusotur Golfes S.A. foi a primeira empresa gestora de campos de golfe do mundo a ter o seu sistema de gestão ambiental certificado pela norma ISO 14001. A SGS auditou, certificou e acompanha os progressos realizados pela empresa no domínio ambiental.
A
“ António Henriques da Silva, administrador executivo da Lusotur Golfes
história de Vilamoura [região onde
há muito que a Lusotor assumiu o compromis-
se localizam os cinco campos de
so de alcançar os mais altos padrões de qua-
golfe geridos pela Lusotur Golfes]
lidade em todas as suas actividades, incluindo,
mistura-se com a história do golfe no Algarve
no centro desse compromisso, a qualidade do
e em Portugal”. A frase que abre a página da
ambiente. A Lusotur Golfes foi uma das primei-
Internet da Lusotur Golfes também se pode
ras empresas portuguesas a certificar o seu
aplicar à experiência da empresa gestora de
sistema de gestão ambiental de acordo com os
campos de golfe no domínio ambiental. De facto,
requisitos da norma internacional ISO 14001.
Revista do Grupo SGS Portugal
27
Turismo: O golfe em análise
Na Lusotur Golfes o programa ambiental
na monitorização e preservação de um im-
Uma aposta do grupo
incluiu a implementação de um sistema de
portante recurso natural: a água. Foram ad-
Para o grupo Lusotur as preocupações ambientais
gestão ambiental (SGA) em todos os seus
quiridos sensores de chuva e de humida-
não são recentes nem se restringem à Lusotur
cinco campos de golfe (com 18 buracos) – ‘The
de, que foram colocados nos campos, e uma
Golfes. “Desde 1996 que a Lusotur, sociedade
Old Course’, ‘Pinhal Golf Course’,’Laguna Golf
estação meteorológica, que nos fornece
promotora de Vilamoura, decidiu apostar na im-
Course’, ‘Millenium Golf Course’ e, o mais re-
informações sobre a humidade, a precipita-
plementação de uma filosofia de turismo de qua-
cente, ‘Victoria Clube de Golfe’ – e a definição
ção, a evaporação e a velocidade do vento,
lidade, da qual a preocupação com o ambiente é
de uma política ambiental. Esta última assenta
entre outras. Estes equipamentos estão
absolutamente indissociável”, explica Jorge
no cumprimento dos requisitos legais aplicá-
ligados aos sistemas de rega e são eles que
Moedas, director do Departamento da Qualidade
veis em matéria de ambiente, na protecção e
nos transmitem, todos os dias, a quantidade
e Ambiente da Lusotur. O compromisso assumi-
redução dos impactos sobre os ecossistemas,
de água que é necessária nos greens, tees
do então abrangeu todas as áreas de negócio do
na utilização racional dos recursos naturais e
e fairways. Anteriormente havia um maior
grupo – o seu core business é a actividade imobi-
energéticos e no desenvolvimento das me-
desperdício de água, uma vez que todo o
liária, mas a empresa tem também a seu cargo a
lhores práticas, na prevenção da poluição e
processo de rega era empírico. Também
gestão de campos de golfe, a gestão de marinas
num compromisso com a melhoria contínua
introduzimos novos procedimentos na ges-
e a gestão de praias.
do seu desempenho ambiental.
tão de resíduos. Por exemplo, para a subs-
No âmbito desta ‘nova’ filosofia, o grupo aderiu,
A SGS foi a empresa escolhida para audi-
tituição do óleo dos carrinhos de golfe pas-
em 1996, ao Green Globe, um programa promovido
tar, certificar e acompanhar os progressos
sou a ser necessário um registo escrito e o
da empresa no domínio ambiental.
óleo queimado é entregue a uma empresa
“Apesar de termos iniciado o processo de
que está licenciada para o transporte e tra-
implementação de SGA há cerca de sete
tamento deste tipo de resíduos”, explica o
anos, há muito que a protecção do ambiente
administrador executivo.
e a introdução de boas práticas ambientais
A preocupação com a qualificação e a forma-
é um factor essencial da estratégia do grupo
ção dos recursos humanos é outra das áreas
Lusotur”, afirma António Henriques da Silva,
que não foi descurada pela empresa. “Todos
administrador executivo da Lusotur Golfes.
os anos são realizadas acções de formação
De acordo com este responsável, a certi-
que abrangem desde os membros da Admi-
ficação tem-se assumido como uma “fer-
nistração até ao funcionário responsável pela
ramenta fundamental”, uma vez que “nos
mudança do óleo. E esta é uma peça funda-
obrigou a definir e a cumprir uma política
mental na prossecução da melhoria contínua,
ambiental, a monitorizar todos os proce-
porque há sempre aspectos a melhorar”,
dimentos e a prosseguir uma estratégia de
garante António Henriques da Silva.
melhoria contínua da nossa actividade”.
Os reflexos da implementação de sistemas
Jorge Moedas, director da Qualidade e Ambiente da Lusotur
pelo World Travel & Tourism Council, que define parâmetros de desenvolvimento sustentado,
28
de gestão ambiental são visíveis nos resultados da empresa. “No que se refere ao
serem respeitados pelos diversos agentes eco-
Certificação com bons resultados
nómicos que operam na área das viagens e do
Em Julho último a SGS auditou e certificou,
gundo ano registámos uma redução de 13%
turismo. “No caso da gestão dos campos de golfe
segundo os requisitos da norma ISO 14001,
e entre o primeiro e o terceiro essa diminui-
entendemos que, para garantirmos a sustenta-
o mais recente campo de golfe da Lusotur
ção foi de 22%. É preciso ter em conta que
bilidade desta área de negócio, seria importante
Golfes, o ‘Victoria Clube de Golfe’. “Hoje,
este cálculo não é muito fácil de fazer, uma
implementar um sistema de gestão ambiental,
em virtude da experiência que acumulámos
vez que este valor depende muito das con-
processo que teve início em 1997. Em virtude dos
ao longo destes anos, temos uma estrutura
dições climatéricas. No que se refere à utili-
resultados alcançados, depressa a Lusotur es-
bem montada. A preocupação com o am-
zação dos fitofármacos também houve uma
tendeu a implementação do SGA, primeiro à Marina
biente e a introdução de boas práticas teve
redução da sua utilização”.
de Vilamoura e, mais tarde, à Praia da Rocha Bai-
início logo na fase de concepção e construção
Será a certificação uma peça crucial no futu-
xinha (Praia da Falésia-Vilamoura), empreendi-
do campo ‘Victoria’, o que nos permitiu obter
ro desenvolvimento sustentado desta ac-
mentos que foram também certificados pela SGS.
a certificação do empreendimento antes
tividade no sul do país? António Henriques
“Em Julho deste ano a SGS certificou, segundo
mesmo deste ser oficialmente inaugurado”,
da Silva não tem dúvida: “A manutenção da
a norma ISO 9001:2000, a Marina de Vilamoura.
refere António Henriques da Silva. Mas nem
elevada qualidade do produto ‘golfe’ no
E estamos a trabalhar já na implementação da
sempre foi assim. Apesar da preocupação
Algarve é fundamental, e a certificação, quer
norma ISO 9001:2000 e na sua integração com o
ambiental e do fomento de boas práticas, a
a ambiental quer a da qualidade (estamos
SGA na Lusotur Golfes, sendo que este é o novo
Lusotur Golfes foi “obrigada” a fazer impor-
agora a implementar um sistema de ges-
desafio do grupo”, adianta Jorge Moedas.
tantes investimentos aquando da implemen-
tão da qualidade na Lusotur Golfes), são
tação do SGA nos seus campos de golfe.
‘ferramentas’ que o empresário não pode,
“Uma das áreas onde investimos mais foi
nem deve, desprezar”, afirma.
equilíbrio ambiental e protecção da natureza para
Revista do Grupo SGS Portugal
consumo de água, entre o primeiro e o se-
Turismo: O golfe em análise
Salgados Golfe
Um duplo desafio Em Janeiro deste ano o campo Salgados Golfe foi o primeiro, em Portugal, a ser certificado de acordo com os referenciais ISO 9001:2000 e ISO 14001, normas da qualidade e ambiente, respectivamente. Um duplo desafio que contou com o apoio da SGS e que será, em breve, reproduzido noutros campos de golfe do grupo Espírito Santo.
Pedro Silvestre, director-geral do Salgados Golfe
L
ocalizado entre Albufeira e Armação de
trou na diminuição do consumo de água, uma
Pêra, o campo de golfe dos Salgados
vez que construímos uma estação de trata-
foi construído no meio de um ecossis-
mento terciária que faz a desinfecção e fil-
tema de lagoas naturais, as quais se encon-
tração da água proveniente da ETAR e que é
tram protegidas pela Rede Natura 2000. Para
utilizada no campo. Mas, desde a imple-
campos de golfe operacionais e
a Direcção do Salgados Golfe, esta localiza-
mentação do SGA, houve melhorias signi-
outros tantos estão em fase de cons-
ção privilegiada acarreta maiores responsa-
ficativas na gestão e separação dos resíduos,
trução/ projecto. Em Agosto foi anun-
bilidades e preocupações com a protecção
na diminuição do uso de fitofármacos e no
ciada a constituição da Esay Golf
do meio ambiente e do ecossistema onde o
seu manuseamento, entre outros aspectos”,
Management, uma parceria com a
campo está inserido. A decisão de implemen-
sublinha Pedro Silvestre. “É preciso moni-
espanhola Aymerich Golf Manage-
tar um sistema de gestão ambiental foi o meio
torizar e controlar para melhor gerir os recur-
ment, que é, actualmente, respon-
encontrado para “reduzir o impacto da activi-
sos naturais e diminuir os impactos da activida-
sável pela gestão dos campos da
dade, proteger o ecossistema e, simultanea-
de, o que tem reflexos na preservação do
ESGolfe, dedicando-se também à
mente, comprovar que temos instituídas as
campo e das suas características”, defende
área de consultoria. Uma das primei-
melhores práticas ambientais. Como este é um
o director-geral do Salgados Golfe.
ras medidas anunciada por Pedro
ecossistema muito sensível (por vezes há pe-
Já o sistema de gestão da qualidade tornou-
Pereira Coutinho, director geral da
quenos problemas, como a morte de alguns
-se, para Pedro Silvestre, um poderoso alia-
Esay Golf Management, foi a de avan-
peixes) quisemos salvaguardar-nos de qual-
do na monitorização dos índices de satisfa-
çar com a certificação ambiental em
quer acusação que se possa traduzir numa má
ção dos clientes. “Os primeiros inquéritos fo-
todos os campos de golfe do grupo.
imagem para o campo”, justifica Pedro Silves-
ram realizados há dois anos e, de então para
A medida foi justificada pelo facto
tre, director-geral do Salgados Golfe.
cá, a evolução tem sido notória. Sempre que
Desde a sua construção, há dez anos, que o
registamos alguma falha, esta é detectada e
Salgados Golfe faz da protecção da natureza
actuamos num curto espaço de tempo”,
um dos seus objectivos. Aliás, este é, ainda,
afirma.
o único campo de golfe em Portugal a utili-
Acérrimo defensor da implementação de sis-
zar água reciclada para a rega, um procedi-
temas de gestão ambiental e da qualidade,
mento defendido há muito pelas autoridades
Pedro Silvestre defende que este é o caminho
portuguesas, mas que as empresas do sector
a seguir no futuro. “É uma questão de tempo
tardam em adoptar. “Ao contrário do que é
até todos os campos de golfe estarem cer-
habitual, a nossa preocupação não se cen-
tificados”, afirma.
Novas certificações A ESGolfe detém actualmente seis
“desta ser a melhor forma de fomentar a conservação da natureza e da vida animal nas zonas de golfe e, simultaneamente, a de garantir uma boa gestão dos campos”.
Revista do Grupo SGS Portugal
29
Turismo: O golfe em análise
O Golfe no Algarve
O presente e o futuro Fazer um diagnóstico da situação actual e delinear possíveis rumos para o golfe na região, foram os dois grandes objectivos do estudo realizado pela Universidade do Algarve.
O que acontece é que há campos a vender perto de 50 mil voltas/ano”, sublinha. A pressão sobre os recursos naturais remete-nos para outra das vertentes analisadas n’ ‘O golfe no Algarve’: a ambiental, que assume um papel importante, ou não fosse o golfe,
“
O
30
impacto económico e empresarial
quando medidos os seus impactos directos
“de entre os jogos que utilizam o solo como
da actividade do golfe nesta região
e indirectos, representa cerca de 8,5% das
suporte, aquele que provavelmente terá uma
é grande e bastante positivo”, come-
receitas totais da NUT II Algarve em matéria
interacção mais forte com o ambiente”.
ça por explicar Victor Martins, um dos coor-
de turismo para os dados consolidados de
denadores do estudo ‘O golfe no Algarve: O
2002. Este é um dado a todos os níveis as-
A aposta na certificação
presente e o futuro’.
sinalável para um produto que tem os seus
A este nível, o estudo revela que, embora
Tomando como referência o ano de 2002 – o
picos de procura fora da época alta de vera-
não se registem grandes agressões ao meio
diagnóstico arrancou nesse ano para terminar
neio”, pode ler-se no documento.
ambiente, “há uma grande margem a me-
em 2003 – “verifica-se que o golfe é respon-
“O golfe é em si uma actividade bastante
lhorar relativamente ao desempenho ambien-
sável por uma receita total na região de cerca
rentável, mesmo sem os tradicionais negócios
tal médio dos campos de golfe. Deve-se
de 337 milhões de euros”. Apenas 25,7%
âncora, como a hotelaria”, acrescenta Antónia
destacar que a melhoria necessária no de-
desta verba é gasta dentro do próprio campo
Correia, professora da Universidade do Algar-
sempenho ambiental dos campos pode ser
de golfe. A maior parte, 74,3% é despendida
ve e uma das responsáveis pelo diagnóstico.
incrementada pela implementação siste-
fora do campo e reparte-se entre “alojamento,
“O negócio tem um break even point na or-
mática de ferramentas de gestão ambiental”.
transportes internos e alimentação e bebidas”.
dem das 17 mil voltas/ano, mas em termos
Actualmente, “17% dos campos de golfe em
A análise ressalva que “a indústria do golfe,
ideais um campo pode vender 35 mil voltas/ano.
análise encontram-se certificados ambien-
Revista do Grupo SGS Portugal
Turismo: O golfe em análise
talmente (de acordo com a norma ISO 14001); em 37% foram definidas políticas ambientais e em 30% foram implementados programas ambientais (sete de acordo com o Committed to Green, um com o Audubon e outro com a norma ISO 14001), o que demonstra a preocupação dos gestores destes campos em identificarem e integrarem os aspectos ambientais na gestão da sua actividade”, ressalva o estudo. Sobre este aspecto, Victor Martins chama a atenção para o facto de “os campos com as melhores performances (ambientais e de resultados do negócio), serem aqueles que implementaram e certificaram o seu sistema de gestão ambiental. Depois, em termos de resultados, temos os campos que, embora não se encontrem certificados, já instituíram boas práticas ambientais. Contudo,
Victor Martins e Antónia Correia, responsáveis pelo estudo ‘O Golfe no Algarve’
em cerca de 30% dos campos visitados ainda se verificam consumos excessivos de água (nalguns casos cerca de três vezes mais do que o consumo registado num campo certificado) e de fitofármacos. Do ponto de vista empresarial há, nestes casos, uma má gestão e uma má racionalização dos custos. Isto só acontece quando um recurso não tem um preço que obrigue o empresário a pensar duas vezes antes de gastar”, sublinha o professor.
“Um desenvolvimento sustentável para o golfe no Algarve nos próximos 15 anos deverá pautar-se por um crescimento moderado da oferta de campos. Traçados vários cenários para o desenvolvimento da actividade, o estudo conclui que o número de campos poderá situar-se num intervalo entre 29 (número actual de campos com 18 buracos) e 41.”
À procura do equilíbrio O desenvolvimento sustentável para o golfe no Algarve nos próximos 15 anos deverá pautar-se por um crescimento moderado da
as ópticas empresarial, sócio-económica e
a este destino”, alerta também Victor Martins.
oferta de campos. Traçados vários cenários
ambiental num sentido positivo. Será nesse
O coordenador do estudo salienta ainda que,
para o desenvolvimento da actividade, o
intervalo [29-41] que serão maximizados os
no futuro, os impactos ambientais só não se-
estudo conclui que o número de campos
benefícios: o crescimento de uma procura de
rão um problema para a região se forem adop-
poderá situar-se num intervalo entre 29 (nú-
qualidade será satisfeito, o nível médio de
tadas boas práticas e sistemas de gestão dos
mero actual de campos com 18 buracos) e
preços praticados poderá ser mantido, a ren-
recursos naturais.
41. Este número, de acordo com o indicado
dibilidade das empresas assegurada, enquan-
Refira-se que o estudo ‘O golfe no Algarve:
no relatório, deve ser entendido como o limite
to os efeitos sobre a economia da região cres-
O presente e o futuro’ foi realizado pela Uni-
máximo da oferta, o que não significa que
cerão proporcionalmente à actividade”, lê-se
versidade do Algarve entre 2002 e 2003, ten-
seja o mais favorável, quer para as empresas
no documento.
do a análise incidido sobre 29 campos de
quer para o ambiente. “Com efeito, os índices
Mas este cenário pode, infelizmente, ser con-
golfe (18 buracos). O diagnóstico contou com
de rendibilidade média observados na pro-
trariado se a tendência para a “massificação”
o apoio dos empresários e associações do
ximidade deste número começam a ter va-
persistir. “Com um aumento excessivo da
sector, como a AHETA - Associação dos
lores muito próximos do zero”.
oferta a tendência do empresário será a de
Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Al-
Segundo Antónia Correia, a sustentabilidade
diminuir o preço, baixando o padrão da quali-
garve, da Algarve Golfe, e da Comissão de
da actividade reside no equilíbrio entre os di-
dade, o que pode pôr em causa o elevado
Coordenação e Desenvolvimento Regional
ferentes vectores. “É possível compatibilizar
padrão da qualidade associado actualmente
do Algarve. Revista do Grupo SGS Portugal
31
Turismo: O golfe em análise
Na encruzilhada do desenvolvimento manter e gerir os actuais níveis de crescimento, sem que se registe uma degradação dos padrões sociais e ambientais. No que concerne à actividade do golfe, o Algarve está a sair da “adolescência” e a entrar na “vida adulta”. Por isso, este é o momento certo para se analisar a situação e definir, em linhas gerais, o seu futuro. Como caracteriza a relação que existe entre o golfe e o turismo? É uma relação natural. Estas duas actividades são indissociáveis. Quantos mais campos [de golfe], mais turistas. Quantos mais turistas maior é a tendência para se construírem novos campos. O problema é que um crescimento baseado simplesmente nestas duas premissas não pode continuar por muito mais tempo, porque há limites naturais ao crescimento.
Depois de um período de grande crescimento da actividade do golfe, o Algarve encontra-se hoje numa ‘encruzilhada’. Para o especialista norte-americano Arch Woodside, a certificação ambiental é um mecanismo fundamental para alcançar a tão almejada sustentabilidade económica, social e ambiental.
32
Revista do Grupo SGS Portugal
Podemos falar de três níveis de impacto: o imediato, a médio prazo e a longo prazo. Só no final do período intermédio é que os impactos negativos do crescimento se tornam visíveis. Por exemplo, com o desenvolvimento imobiliário, resultante da construção de novos campos, a população local Arch Woodside
irá sentir uma diminuição do poder de aquisição de novas habitações. A nível ambiental as pressões sobre os recursos naturais também vão aumentar. Só para ter uma ideia, na região do Mediter-
Nos últimos anos o golfe cresceu de for-
râneo existem actualmente cerca de 200
ma exponencial no Algarve. Como avalia
campos de golfe, os quais consomem um
este crescimento, bem como os seus im-
volume de água semelhante ao de uma
pactos na região?
cidade de 12 000 habitantes. Os efeitos de
A actividade de golfe atravessa hoje uma
um crescimento desequilibrado são já vi-
fase bastante positiva, de grande cresci-
síveis nalguns países, como a Turquia, que
mento. O Algarve foi uma das últimas re-
é, aliás, um exemplo paradigmático, onde
giões da Europa a desenvolver a actividade
se verificam consumos elevadíssimos de
e possui condições naturais fantásticas para
água e um sub-desenvolvimento da popula-
a prática da modalidade. A grande questão
ção local. As hipóteses do Algarve vir a sofrer
que se coloca agora prende-se com a ca-
problemas semelhantes no futuro são muito
pacidade das autoridades locais saberem
elevadas, o que não é desejável.
Turismo: O golfe em análise
A importância da certificação Que papel pode desempenhar a certificação ambiental no controlo dos impactos negativos provocados pelo crescimento da actividade? Em minha opinião desempenha um papel fundamental. Lado a lado com a necessidade de uma maior intervenção das autoridades centrais, no regulamento e no controlo da expansão dos campos de golfe. O Algarve alberga cerca de três dezenas de campos de golfe. A questão que se coloca é: Poderá albergar 40, 60 ou 80 campos? Tecnicamente até pode, mas quais os efeitos deste crescimento a nível ambiental? Existe uma relação, um feed-back, entre o ambiente e os negócios. O que se tem verificado é que, a longo prazo, o que é melhor para os negócios é, também, o melhor para o ambiente. Mas não podemos colocar a tónica desta discussão
Quem é Arch Woodside?
apenas na questão económica, urge também
O golfe é, hoje, uma actividade extremamen-
encontrar soluções ambientais. Por exemplo,
te rentável, mas os empresários não podem
no Estado da Louisiana, onde vivi, a dada altura
ser os únicos a beneficiar. É preciso estender
os problemas ambientais existentes, desi-
os efeitos positivos, não só económicos, mas
Arch Woodside é professor de
gnadamente os elevados níveis de poluição,
também sociais e ambientais, à população
marketing na Carroll School of
vieram pôr em causa o próprio crescimento
local. Esta é uma mensagem que nem to-
Management, do Boston College
económico deste Estado.
dos os empresários gostam de ouvir. Contu-
(EUA), autor e co-autor de
Se se observarem os relatórios económicos
do, em última análise, é preciso que compre-
vários obras, como “Middle-range
que existem para esta região portuguesa, é
endam que havendo problemas ambientais,
theory construction of the
possível verificar duas coisas: em primeiro
de saúde pública, entre outros, haverá reflexos
dynamics of organizational
lugar, estes tendem a minimizar a importância
negativos para a sua actividade turística.
marketing-buying behaver”
dos impactos ambientais e, em segundo, as
(2003) e “Comparing Consumers’
associações e organizações ambientais ainda
Falou da região do Mediterrâneo como um
plans and actual behavior”
não são encaradas pelas autoridades centrais
mau exemplo. E exemplos positivos de
(a editar só em 2005). Este
como parceiras no processo de decisão, mas
países que conseguiram ultrapassar os
especialista norte-americano
antes como um problema a ultrapassar. O
efeitos negativos do crescimento? Ou é
é membro da Sociedade Real
estudo que foi aqui apresentado surge em
impossível falar de um crescimento sus-
do Canadá, da Sociedade para
muito boa hora.
tentável desta actividade?
o Avanço do Marketing e da
Há vários exemplos. A Costa Rica e a Tas-
Sociedade de Psicologia Ameri-
Entre bons e maus exemplos
mânia constituem dois bons exemplos. Am-
cana. É o editor principal do
bos têm uma extensa actividade de golfe
Journal of Business Research
A mensagem que deixou neste congresso
“amiga do ambiente”, mas em ambos foram
e editor do Designing Winning
não parece ser muito positiva…
tomadas medidas preventivas que limitam o
Products. É, ainda, membro da
É uma mensagem moderada. O Algarve não
crescimento desmesurado do número de
Academia Internacional de
pode continuar a registar um elevado ritmo
campos de golfe. Simultaneamente, nos cam-
Investigação de Turismo e
de crescimento do número de campos de
pos existentes foram privilegiadas as espé-
co-fundador do Advertising
golfe sem que se verifiquem também impac-
cies e o habitat locais, havendo pouca inter-
and Consumer Psychology
tos negativos. E esta é uma discussão que é
venção a este nível.
Symposium. Arch Woodside
preciso trazer a público. Para alcançar um de-
trabalhou como consultor de
senvolvimento sustentável é preciso que haja
O Algarve ainda é um bom exemplo que
marketing e gestão de turismo
uma maior acção preventiva, legisladora e
queira mencionar nas lições que profere?
para o Governo australiano,
fiscalizadora por parte do Estado. A preo-
Por agora é um exemplo fantástico. Mas é
para o Estado do Hawai e para
cupação e a manutenção de boas práticas
preciso compreender que esta região está
o Estado da Carolina do Norte.
ambientais é, igualmente, uma questão fun-
numa ‘encruzilhada’ e que é preciso precaver
damental.
e acautelar o futuro. Revista do Grupo SGS Portugal
33
Empresa Certificada
Derovo – Ovolution
O ovo em evolução “Investimos na melhor tecnologia disponível na Europa, a tecnologia de pasteurização Tetra Pack, factor que se revelou essencial para garantirmos a qualidade dos produtos e também para ganharmos a confiança dos nossos clientes. Inicialmente, apostámos na indústria de grande consumo, tal como o fizeram a Dan Cake e a Confeitaria Carlos Gonçalves (que são, inclusive, nossos clientes), para conseguirmos criar a capacidade produtiva necessária ao desenvolvimento da empresa. Porém, o nível de consumo ficou abaixo do previsto e rapidamente percebemos que tínhamos de adaptar as linhas de enchimento a outros segmentos de mercado, nomeadamente à restauração colectiva e ao sector horeca”, lembra Amândio Santos, director geral da Derovo. Em 1998, a fábrica já estava, por isso, apetrechada para encher embalagens de 1 e 20 kgs e os ovos líquidos pasteurizados come-
Amândio Santos, director geral
çavam a chegar a todos os segmentos de mercado, motivo pelo qual os resultados não tardaram. “A Eurest, empresa líder do mercado da restauração colectiva em Portugal,
A Derovo – Derivados de Ovo, SA, é a única empresa de ovoprodutos em Portugal. Criada em Julho de 1996, aposta na inovação e qualidade para se afirmar num mercado em que as importações ainda dominam.
34
Revista do Grupo SGS Portugal
A
lém de única, esta empresa resulta
fez então um importante trabalho connosco
da união de 70 avicultores, num uni-
e hoje, enquanto seus fornecedores, abas-
verso de 140, que representam
tecemos a grande maioria das escolas, hos-
cerca de 75% da produção ovípara nacional,
pitais e cantinas do país”, diz Amândio Santos.
para fazer face à crise de sobreprodução e início da década de 90.
Garantir a qualidade de processos e matérias-primas
Sedeada em Pombal, a Derovo produz actual-
Foi também em 1998 que o sistema de gestão
mente 7500 kg de ovoprodutos/hora e 15
da qualidade começou a ser estruturado e
milhões/ano, o correspondente a cerca de
implementado, processo que culminou em
8% dos ovoprodutos consumidos em Por-
2000 com a certificação de acordo com a
tugal.
norma ISO 9001:2000, atribuída pela SGS.
Um ano depois de entrar em funcionamento,
Este trabalho representa, por isso, o início de
a Derovo começou a exportar para Espanha
uma parceria que ainda hoje se mantém e
o seu primeiro ovoproduto e a sua primeira ino-
que, como defende o director geral da Derovo,
vação em formato de embalagem (ovo líqui-
é para aprofundar no futuro.
do pasteurizado em embalagens de 1000 kg –
“Queríamos que a certificação servisse para
o “ovo quadrado”), estratégia que compen-
nos ajudar a melhorar os processos e que o
sou o forte investimento realizado na capa-
parceiro com quem viéssemos a trabalhar
citação e compra de equipamentos para a
nos desse a garantia de que era (e é!) de facto
indústria de grande consumo. Hoje em dia,
o mais indicado para os nossos objectivos e
e fruto desta orientação, 70% da produção
preocupações em relação à qualidade e se-
da empresa é colocada no mercado vizinho.
gurança dos nossos produtos. A SGS, com
retracção do consumo que o sector viveu no
Empresa Certificada
“Em 2003 a SGS certificou o sistema HACCP da Derovo e, se tudo correr como previsto, em 2005 irá certificar o sistema de gestão ambiental. Em 2005 iniciar-se-á também o processo de certificação do produto.”
a experiência que detém no sector alimentar,
balagens grandes para a indústria), e este ano
o rigor, a ética, e a exigência que coloca nas
desenvolvemos o ovo em spray, que é usado
auditorias e o reconhecimento de que goza
por um nicho muito específico do mercado
a nível mundial, pareceu-nos o parceiro ade-
(pastelaria). Entretanto, no início de 2003, de-
quado. E, de facto, é uma empresa em que
senvolvemos e patenteamos o Fullprotein,
podemos confiar, que tem bons profissionais
uma bebida muito agradável feita à base de
e que tem uma boa imagem junto do mer-
clara de ovo, muito procurada nos ginásios
cado”, sublinha Amândio Santos.
por quem pratica desporto de forma intensiva
Em 2002, a Derovo recebeu o galardão “Egg
e necessita de alimentação rica em proteínas.
Product Company of the Year” (Melhor Em-
É uma bebida saudável, cuja receptividade
presa de Ovoprodutos do Mundo), atribuído
tem sido positiva, o que nos levou a desen-
pelo International Egg Comission, com sede
volver novos produtos na gama da alimentação
em Londres e que confirma a excelência, o
saudável. Até ao final do ano iremos colocar
rigor e a qualidade das matérias-primas e dos
no mercado uma barra de cereais enriquecida
processos implementados. E que confirma
com proteína de ovo. Este produto, que vai
igualmente que a empresa está a conseguir
chamar-se ‘Fullsnack’, está a ser desenvolvido
seguir o caminho definido.
em consórcio com empresas estrangeiras, mas a Derovo fica com a exclusividade da sua
HACCP e outros voos
produção e comercialização em Portugal.
Em 2003 a SGS certificou o sistema HACCP
Estamos igualmente a trabalhar no sentido
da Derovo e, se tudo correr como previsto,
de em Abril do próximo ano, durante a
em 2005 irá certificar o sistema de gestão
Alimentária, conseguirmos apresentar um
ambiental, que a empresa já está a imple-
conjunto de novos produtos na área das so-
mentar. Em 2005 iniciar-se-á também o pro-
bremesas líquidas e queremos que todos eles
cesso de certificação do produto ou, mais
obtenham em breve a certificação do produto
precisamente, dos ovoprodutos, uma vez que
da SGS”.
a Derovo já não se limita a produzir ovo líquido
E porque a Derovo ‘não brinca em serviço’
pasteurizado e a inovação não se ficou pelo
em matéria de segurança, vai criar um código
“ovo quadrado”, alusivo à caixa onde o come-
de boas práticas que garanta o controlo da
çou a embalar. A par dos desenvolvimentos
produção a montante. “Os produtores que
internos, a Derovo conseguiu penetrar no
nos fornecem – que no caso são os accionis-
mercado do catering para aviação com ome-
tas da empresa – já estão a implementar
letes que distribui em exclusivo no mercado
sistemas de gestão da qualidade e/ou de au-
português e é fornecedora da matéria-prima
to-controlo impostos pela legislação em vigor.
de uma marca de doce de ovos para recheio
Mas queremos ir mais longe e criar um códi-
e cobertura importada pela indústria alimentar
go de boas práticas para o sector ovípara, para
nacional.
garantirmos que nada falha desde o início da
Ao nível da produção interna, como explica
cadeia. E também aqui iremos aprofundar a
Amândio Santos, “a Derovo entendeu que
relação de parceria com a SGS, pois enquanto
deveria continuar a inovar e a alargar a oferta
entidade terceira, independente e idónea,
de produtos. Em 2003 começámos a produzir
pode fazer as auditorias e assegurar que todos
ovo cozido (em embalagens pequenas para
os processos são devidamente controlados”,
os mercados horeca e catering e em em-
conclui o director geral da Derovo.
Investigação e tecnologia sempre em evolução na Derovo
Revista do Grupo SGS Portugal
35
Eventos & Notícias
Palestra sobre dioxinas e furanos A SGS organizou uma palestra de sensibilização sobre dioxinas e furanos para alguns dos seus clientes do Laboratório Alimentar, assim como para representantes da Indústria e da Distribuição.
Directiva de equipamentos sob pressão: acordos internacionais SGS
O
rientada por Marc Van Ryckeghem, responsável do Instituto de Cromatografia Aplicada do Laboratório SGS
36
Conferência «Mercado do carbono: oportunidades para as empresas»
Bélgica, a palestra teve como objectivo sen-
O mercado do carbono encontra-se numa
sibilizar os participantes para as graves con-
fase decisiva, quer em termos de decisões
sequências dos poluentes orgânicos persis-
políticas quer em termos de definição de
tentes (POP).
políticas empresariais.
Num grupo vulgarmente denominado dioxinas,
A conferência ‘Mercado do carbono: oportuni-
está integrado um conjunto de 210 diferentes
dades para as empresas’ tem como objectivo
compostos que contêm carbono, oxigénio e
reflectir e discutir o mercado do carbono como
cloro como constituintes base, sendo que, deste
oportunidade para a indústria portuguesa ate-
conjunto, apenas 17 são tóxicos.
nuar os efeitos das alterações climáticas, re-
O Instituto de Cromatografia Aplicada é o cen-
converter a sua tecnologia e ainda beneficiar
tro de competências do Grupo SGS, no âmbito
da venda de créditos de emissão.
de análises a dioxinas. O Laboratório da SGS
Mais Informações
Bélgica tem sido um dos centros de emissão
Tel.: 218 111 302 · Fax: 218 111 300
de resultados em diversas crises de conta-
E-mail: josegoncalves@about.pt
minação nos últimos anos.
www.ambienteonline.pt/conferencia/carbono
Revista do Grupo SGS Portugal
A SGS Portugal é organismo notificado de acordo com a Directiva 97/23/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 29 de Maio, relativa aos equipamentos sob pressão. Através de acordos internacionais com as afiliadas do Grupo, a SGS Portugal está, actualmente, a efectuar a certificação de conformidade de equipamentos sob pressão na Bélgica, Itália e Roménia. De momento, estão a decorrer negociações com outros países emergentes do Leste da Europa, entre outros.
Eventos & Notícias
I Congresso sobre
Construção Sustentável
Semana Europeia da Segurança e da Saúde no Trabalho 2004 ‘ onstruir em Segurança’ é o tema da
C
maior campanha de sempre da UE, que
visa reduzir os elevados custos humanos e financeiros resultantes da fraqueza das nor-
I
rá realizar-se, nos próximos dias 28 e 29 de
mas de segurança no sector da construção
Outubro, o I Congresso sobre Construção
na Europa.
Sustentável, na EXPONOR, em Leça da Pal-
A campanha ‘Construir em Segurança’ cul-
meira, Matosinhos, que pretende constituir
mina na anual Semana Europeia da Segu-
um fórum de reflexão sobre a temática da
rança e da Saúde (18-22 de Outubro de 2004),
construção sustentável.
e coloca em destaque os riscos para a segu-
Este evento tem como principais objectivos:
rança e a saúde no sector da construção na
Abordar o estado da arte sobre a Cons-
Europa, bem como possíveis soluções, em
trução Sustentável em Portugal e na Europa.
mais de 30 países do continente, o que a
Potenciar o conhecimento do Plano Nacio-
torna a maior campanha de sempre deste
nal de Desenvolvimento Sustentável.
tipo.
Debater aspectos de regulamentação,
Este é, também, o tema do Seminário que a
regime jurídico e certificação associados às
Associação Industrial do Minho, o IDITE--Mi-
actividades de construção e obras públicas.
nho e a SGS Portugal apresentaram em par-
Discutir a problemática da construção bio-
dos Engenheiros (OE), da Associação Portu-
ceria no dia 19 de Outubro, em Braga. O
climática.
guesa de Comerciantes de Materiais de Cons-
evento teve como objectivos apresentar aos
Constituir um espaço de reflexão sobre es-
trução (APCMC) e do Núcleo Regional Norte
agentes envolvidos no sector da construção
tratégias de gestão integradas de resíduos
(NRN) da Associação Portuguesa de Enge-
civil a legislação relativa à segurança no tra-
da construção e demolição.
nheiros do Ambiente (APEA).
balho, as vantagens da segurança e os bene-
Apresentar conhecimentos e desenvolvi-
fícios de alcançar uma certificação pelas
mentos científicos, inovações, tecnologias e
Para mais informações, por favor, contacte:
OHSAS 18001.
recursos disponíveis no âmbito da Construção
Secretariado do I Congresso sobre Cons-
O IDITE-MINHO e a SGS aproveitaram a oca-
Sustentável.
trução Sustentável
sião para dar a conhecer aos participantes a
Promover o intercâmbio de experiências
Ordem dos Engenheiros - Região Norte
legislação comunitária relativa à Marcação
entre os profissionais do sector.
R. Rodrigues Sampaio, 123
CE de materiais de construção, obrigatória
A Organização do I Congresso sobre Constru-
4000-425 PORTO
desde 1 de Junho deste ano, sendo que, sem
ção Sustentável é da responsabilidade do
Telefone: (+351) 222 054 102 / 222 087 661
ela, os produtos agregados não podem ser
Conselho Regional Norte do Colégio de En-
Fax: (+351) 222 039 647
comercializados legalmente no mercado
genharia do Ambiente (CRNCEA) da Ordem
E-mail: cs2004@ordemdosengenheiros.pt
comunitário.
Assinado acordo com
Associação das Empresas de Vinho do Porto A SGS celebrou um acordo com a Associação
este precioso néctar, conhecer o seu percurso
das Empresas de Vinho do Porto (AEVP),
ao longo dos tempos, a região onde é produ-
para a avaliação da qualidade do serviço pres-
zido e a forma como é obtido.
tado e das condições de funcionamento dos
Esta avaliação será efectuada de acordo com
Centros de Visita das Caves do Vinho do Porto.
uma check-list elaborada em colaboração com
As caves de Vinho do Porto são o local privile-
a AEVP e em concordância com o seu regula-
giado para tomar contacto com esta bebida
mento interno. O acordo abrange as instala-
nacional e toda a sua história. Abertas ao pú-
ções dos 17 Centros de Visita das Caves das
blico, oferecem a oportunidade de degustar
empresas associadas da AEVP.
Revista do Grupo SGS Portugal
37
Eventos & Notícias
Select Recursos Humanos
recebe certificação da qualidade
Navegar Para saber mais informação sobre todos os temas abordados nesta edição da revista SGS Global, consulte os sites indicados já a seguir. De Portugal ao resto do mundo, há muitos dados para descobrir!
Select Recursos Humanos, em-
Portugal
presa líder em serviços de ce-
http://www.bcsdportugal.org/
A
Conselho Empresarial para o Desenvolvimento
dência de pessoal em regime de tra-
Sustentável em Portugal (BCSD Portugal)
balho temporário, acaba de ver o seu
http://www.agencia.ecclesia.pt/pub/
Sistema de Gestão da Qualidade re-
40/default.asp?jornalid=40
conhecido pela SGS ICS, de acordo
Associação Cristã de Empresários
com os requisitos da norma ISO 9001:-
e Gestores (ACEGE)
2000.
http://www.icep.pt/empresas/dirempmulti.asp
Mário Costa, administrador delegado
Directrizes Para As Empresas Multinacionais -
da Select Recursos Humanos, afir-
Responsabilidade Social das Empresas do ICEP
mou: "A certificação do nosso siste-
http://www.fpg.pt/
ma de gestão foi mais um passo im-
Federação Portuguesa de Golfe
portante para a cultura da qualidade
www.ualg.pt/anuncios/Divulgacao/ golfe/GolfeCenarios.PDF
que a nossa empresa tem vindo a seguir. Este trabalho não se esgota com a cer-
O certificado constitui o reconhecimento
tificação, pelo que teremos de prosseguir
do empenho colocado por todos os colabo-
com o objectivo de aumentar, ainda mais, os
radores da Select Recursos Humanos na
níveis de eficiência e a qualidade global do
implementação do Sistema de Gestão da
serviço que prestamos aos nossos clientes."
Qualidade.
Estudo sobre o golfe no Algarve, da Universidade do Algarve
União Europeia http://www.csreurope.org/ CSR Europe, organização não lucrativa que promove a responsabilidade social das empresas
SGS ICS certifica produtos de construção agregados da Secil Britas Secil Britas S.A. acaba de ver os seus produtos de construção agregados certificados
A
pela SGS ICS, no âmbito da directiva 89/106/CEE, obtendo, assim, a Marcação CE.
A SGS ICS avaliou a conformidade dos seguintes produtos: agregados para betão, agregados
http://www.bsr.org Business for Social Responsibility (BSR), organização internacional não lucrativa que promove as responsabilidade social das empresas http://www.wbcsd.org/ World Business Council for Sustainable
para misturas betuminosas e tratamentos superficiais em estradas, aeroportos e outras
Development (WBCSD), Conselho Empresarial
áreas sujeitas à acção de tráfego, agregados para argamassa, agregados para materiais
Mundial para o Desenvolvimento Sustentável
granulares não-tratados e para materiais com ligantes hidráulicos para utilização em
http://www.unglobalcompact.org/
trabalhos de engenharia civil e construção de estradas, agregados para estruturas de
The Global Compact, iniciativa das Nações
protecção marítima e agregados para balastros de
Unidas para a responsabilidade social das
vias-férreas.
empresas
Neste processo, a SGS ICS verificou o cumprimento
http://www.sa-intl.org/
dos requisitos essenciais de segurança dos produtos, como a resistência mecânica e estabilidade, a segurança na utilização, entre outros, e a sua aptidão para
organização que a responsabilidade social das empresas e a certificação de acordo com a SA 8000 http://www.socialfunds.com/
Refira-se que a Secil Britas já possuía o seu Sistema
Site dedicado ao investimento socialmente
de Gestão da Qualidade certificado pela SGS ICS
responsável
desde Março de 2000.
http://www.sustainablebusiness.com/
A Marcação CE de agregados é obrigatória desde
Site dedicado ao investimento socialmente
1 de Junho deste ano, sendo que sem ela os pro-
responsável
no mercado comunitário. Revista do Grupo SGS Portugal
Social Accountability International (SAI),
o uso a que se destinam.
dutos não podem ser comercializados legalmente
38
Internacional
Eventos & Notícias
Reforço da equipa em Portugal
Anabela Gonçalves
Francisco Palma
Pedro de Melo
O
Grupo SGS Portugal acaba de reforçar
(Gestão de sistemas industriais e de produ-
pelo Departamento de Segurança da Divisão
a sua equipa com a nomeação de novos
ção) pelo INETI. Anteriormente, era respon-
Industrial do Grupo SGS em Portugal. Licencia-
colaboradores: Anabela Gonçalves, Francisco
sável pela implementação e gestão de uma
do em Engenharia Mecânica, pela Faculdade
Palma, Pedro de Melo e Tomé Pintão. Estas
nova unidade de negócios do Banco FIAT Bra-
de Ciências e Tecnologia da Universidade de
nomeações reforçam a aposta do Grupo nas
sil, com a missão de desenvolver e comercia-
Coimbra, possui uma pós-graduação em Higie-
componentes de supervisão, inspecção e co-
lizar um vasto conjunto de serviços de mobili-
ne e Segurança pelo Instituto Superior Técni-
ordenação da segurança nos sectores da
dade e Customer Relationship Marketing pa-
indústria e da construção.
ra o sector automóvel.
Anabela Gonçalves foi nomeada nova directo-
Pedro de Melo é o novo responsável pelo De-
ra da área de Consumer Testing Services –
partamento de Construção & Edifícios da Divi-
Alimentar. Anabela Gonçalves está na SGS
são Industrial do Grupo. Com um Bacharelato
desde 1996, tendo exercido até agora funções
de Engenharia Civil, concluído em 1979, pelo
de direcção no Laboratório da SGS. Licenciada
Instituto Superior de Engenharia de Lisboa,
em Engenharia Química, pela Faculdade de
frequentou igualmente o curso de Arquitectura
Ciências e Tecnologia da Universidade Nova
na ARCA, em Coimbra. Previamente a esta
de Lisboa, e com um mestrado em Gestão
nomeação, foi responsável pelas áreas de
da Qualidade pela Universidade Aberta, Ana-
Norte de África, América do Sul e Macau no
bela Gonçalves dispõe de uma elevada ex-
Departamento Internacional da Soares da
periência na área laboratorial e do controlo da
Costa, após o qual desenvolveu actividade
qualidade.
própria, com especial incidência nas áreas de
co. Previamente a esta nomeação, foi gestor
Francisco Palma é o novo director da área de
projectos de arquitectura e engenharia, licen-
de segurança do Grupo Agro-Industrial Nutasa,
Automotive. Formado em Engenharia Mecâ-
ciamentos e gestão/fiscalização de emprei-
onde desenvolveu o sistema de gestão de
nica pelo Instituto Superior Técnico, possui
tadas.
segurança e higiene das instalações industriais
uma pós-graduação em Engenharia Industrial
Tomé Pintão assume o cargo de responsável
do Grupo.
Tomá Pintão
SGS inspecciona ESP’s da Shell Shell seleccionou a Divisão Industrial da
bilidade, no sector da distribuição de produtos
SGS para realizar as inspecções dos
petrolíferos, tendo mesmo reforçado a sua
equipamentos sob pressão a todos os seus
posição no mercado em alguns sectores. A
postos de abastecimento em Portugal.
Shell adopta uma estratégia de conquista da
Esta decisão foi baseada na reconhecida ca-
preferência dos clientes, através de uma oferta
pacidade e experiência da SGS no âmbito dos
diversificada entre produtos e serviços de
equipamentos sob pressão, assim como na
valor acrescentado e produtos e serviços de
qualidade e celeridade já habitual dos servi-
qualidade a preços competitivos. Refira-se
ços prestados.
que é a primeira vez que este tipo de contrato
Apesar do ambiente económico adverso, a
de outsourcing é formalizado por uma petrolífera
Shell consegue manter a liderança em renta-
em Portugal, para a sua rede de postos.
A
Revista do Grupo SGS Portugal
39
Opinião
Marketing Sustentável e Responsabilidade Social
N
uma época de acentuada concor-
presa é de matéria irrelevante, desinteres-
uma realidade – perigo – emergente.
rência/competition (talvez o termo
sante, até maçadora.
O desenvolvimento – o marketing – susten-
anglo-saxónico seja mais forte para
A realidade a que começamos a assistir é,
tável, trata da satisfação das necessidades
caracterizar a situação), falar em responsabi-
contudo, bem diferente. Diferente pela atitu-
dos presentes sem comprometer a possibi-
lidade e preocupação social, poderá não pare-
de de algumas empresas e empresários, so-
lidade das gerações futuras satisfazerem as
cer tão excitante – tão sexy – para quem está
cialmente conscientes do seu papel no mundo
suas. Segundo Jacqueline de Larderel, direc-
envolvido no marketing e na gestão empresa-
actual, procurando justamente a maximização
tora da UNEP - United Nations Environment
rial.
dos seus resultados, mas não esquecendo
Programme, “o consumo sustentável não
que uma das razões fundamentais da sua
significa consumir menos mas consumir de
existência é a criação de condições para que
forma diferente, eficiente e com uma quali-
todos – as pessoas – possam cada vez mais
dade de vida cada vez maior”.
viver num mundo que se quer habitável e pro-
A cidadania empresarial e o desenvolvimen-
porcione aos seus, actuais e futuros, habitan-
to sustentável não são uma opção, mas uma
tes o desejo e a alegria de viver.
necessidade que cada dia se torna mais pre-
O marketing, como forma de gerir as empre-
mente, indissociável do marketing, o qual
sas com ênfase especial no consumidor, tem
constitui uma peça-chave para a resolução do
a responsabilidade social de encontrar so-
problema. Neste contexto, o seu papel estra-
luções que satisfaçam os agentes econó-
tégico está na base da concepção de novos
micos e, no caso particular dos consumido-
produtos, dos canais de distribuição a utilizar,
res/cidadãos, os seus desejos de consumo
das formas de comunicação com o mercado,
imediato, mas também – e, até na plena con-
da imagem e da reputação empresarial.
formidade com o topo da pirâmide de Mas-
Esta perspectiva da gestão pode aportar à
low – os seus desejos e interesses, de uma
empresa e à “marca consciente” um acrés-
vida saudável, de qualidade e de futuro para
cimo de competitividade, pela preferência
as gerações vindouras.
reconhecida do consumidor e pela satisfação
A preocupação por estes temas tem consta-
dos diversos stakeholders envolvidos. É por
do, aliás, das agendas de diversas organiza-
isso que afirmamos que a responsabilidade
ções internacionais, desde as Nações Unidas
social – e não “a caridadezinha avulsa” – e a
à União Europeia, até a instituições privadas
sustentabilidade constituem uma oportu-
da área do marketing, como a ESOMAR, a
nidade para novas vantagens competitivas,
EMC e a EMAC, que nos seus congressos e
pela possibilidade de melhor capacitação e
conferências deste ano irão debater a respon-
optimização da gestão de recursos, técnicos,
“O desenvolvimento – o
sabilidade social e sustentabilidade do mar-
ambientais e humanos, e pela diferencia-
marketing – sustentável,
Carlos Manuel Oliveira, presidente da Associação Portuguesa dos Profissionais de Marketing
keting e a qualidade de vida.
ção, através de soluções valorizáveis pelos
trata da satisfação das
Coincidência? Falta de imaginação e de cria-
consumidores.
necessidades dos presentes
tividade? Ou exercício de consciencialização
O lado positivo da questão é o de que al-
sem comprometer a
da importância e da imprescindibilidade do
guns empresários já tiveram a visão desta
possibilidade das gerações
debate desta temática, num mundo em que
nova realidade, percebendo que a sustenta-
a poluição ambiental e o desordenamento do
bilidade poderá, mesmo, constituir um factor
espaço vão proliferando, ao sabor de interes-
de vantagem competitiva diferencial. Al-
ses mais imediatistas e sem visão de futuro.
guns cidadãos estão igualmente despertos e
Não devemos ter complexos em encarar
valorizam o empenho social das empresas, o
frontalmente estes nossos problemas que
respeito pelas normas de desenvolvimento,
De facto, as escolas de gestão ao colocarem,
o serão certamente, também, dos nossos
e não só crescimento, económico.
e bem, acentuado ênfase na concorrência le-
filhos e netos. Não se trata de uma moda,
De qualquer forma, e afinal, não serão a or-
vam, por vezes inopinadamente, os jovens
de posições sociais, mais ou menos cono-
ganização social e a vida empresarial jus-
formandos a conclusões precipitadas, no
tadas com qualquer campo do espectro po-
tificadas pelo fim último da construção de um
sentido de que tudo o que se relacione com
lítico, mas sim da emancipação do ser hu-
mundo à medida dos cidadãos?
a preocupação social por parte de uma em-
mano, do empresário, do político, perante
A responsabilidade é de todos nós.
futuras satisfazerem as suas. “
40
Revista do Grupo SGS Portugal