SGS Global 13

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SGS Global

Revista do Grupo SGS Portugal Outubro 2004 • Ano 4 • Número 13

Gestão Sustentável Rumo à excelência empresarial


Paulo Gomes

Sumário 01

Director da Revista SGS Global

Editorial Destaque

Gestão Sustentável analisada em seminário da SGS Rumo à Excelência

Editorial

02

Desenvolvimento Sustentável 08

Belmiro de Azevedo, presidente do BCSD Desenvolver para continuar a liderar

12

Promover e potenciar a Sustentabilidade das empresas

14

SGS empenhada numa causa comum

16

SGS activa na Protecção do Ambiente Responsabilidade Social

18

Uma virtude da globalização

20

Formação de auditores SA 8000

22

RSE Portugal Trabalhar para um mundo melhor

24

No rescaldo de dois eventos, o Seminá-

o Seminário “Gestão Sustentável: Rumo

rio “Gestão Sustentável: Rumo à Excelên-

à Excelência”, um evento que se revelou

cia” e o 1º Congresso Internacional de

um desafio ganho por nós e pelos nossos

Golfe, a SGS Global apresenta uma edição

parceiros, que se mostraram interessados,

dedicada à Responsabilidade Corporativa

pró-activos e cheios de planos para o futuro.

das Empresas e à Gestão Ambiental no

O Turismo é uma das actividades econó-

sector do Golfe. As reportagens que apre-

micas mais importantes no nosso país,

Congresso Internacional de Golfe À procura da sustentabilidade

sentamos dão conta dos pontos altos dos

sendo que Portugal como destino turístico

eventos, enquanto que as entrevistas apre-

de golfe está em alta e as previsões são

Lusotur Golfes Um percurso que fez história

sentam o testemunho de alguns parceiros

as melhores para o crescimento do sector.

da SGS, que detêm importantes presenças

Mas este entusiasmo de desenvolvimento

nestes sectores.

tem de ser equilibrado com outra grande

A Responsabilidade Social tem feito cor-

preocupação: a preservação do ambiente.

rer ‘alguma tinta’ e a SGS também aderiu

As excelentes condições que caracteri-

à causa! Este é um tema complexo, que

zam o nosso património natural são, pre-

pode ser abordado das mais diversas for-

cisamente, o nosso maior trunfo. Por esta

Na encruzilhada do desenvolvimento

mas, desde a comunidade à perspectiva

razão, a SGS apostou desde cedo na cer-

das empresas, passando pelos colabora-

tificação ambiental em todos os sectores,

Empresa Certificada

dores, até aos próprios auditores. Estes,

mas em particular em greens de golfe.

e muitos mais, são os actores que contri-

Não será por acaso que todos os greens

buem para uma crescente consciencia-

de golfe certificados em Portugal até ao

lização, que se revela importantíssima

momento, exibem a nossa marca.

para um desenvolvimento sustentável,

E não é, também, por acaso que a Derovo,

uma maior competitividade económica,

a única empresa de ovoprodutos em Por-

bem como para uma sociedade mais justa

tugal, revela em entrevista à nossa revista

e equitativa. Por esta razão, a SGS lançou

o segredo do seu sucesso: a inovação!

Pessoas O activo mais importante das empresas Turismo: O golfe em análise

26

27

29

30

32

34

36

38

Salgados Golfe Um duplo desafio O Golfe no Algarve O presente e o futuro

Derovo – Ovolution O ovo em evolução Eventos & Notícias • Palestra sobre dioxinas e furanos • Directiva de equipamentos sob pressão: acordos internacionais SGS • I Congresso sobre Construção Sustentável • Semana Europeia da Segurança e da Saúde no Trabalho 2004 • Assinado acordo com Associação das Empresas de Vinho do Porto • Select Recursos Humanos recebe certificação da qualidade • SGS ICS certifica produtos de construção agregados da Secil Britas • Reforço da equipa em Portugal • SGS inspecciona ESP’s da Shell Navegar Opinião

40

Marketing Sustentável e Responsabilidade Social

Ficha Técnica > Propriedade: SGS Portugal - Av. José Gomes Ferreira, 11, 5º piso, 1495-139 Algés, Miraflores > Telf.: 21 412 72 00 > Fax: 21 412 72 90 > Direcção: Paulo Gomes > Redacção, Design e Produção Gráfica: Editando (www.editando.pt) > Fotografia: Bruno Barata e Júlio Sousa (Editando) e SGS Image Bank > Pré-impressão e Impressão: IDG > Distribuição: Gratuita > Agradecimentos: A todos os oradores do seminário Gestão Sustentável, Belmiro de Azevedo (Grupo SONAE), Luís Rochartre Álvares (BCSD Portugal), Deborah Leipziger (SAI), Fernando Ribeiro Mendes (RSE Portugal) João d’Orey (ONRH), António Henriques da Silva e Jorge Moedas (Lusotur Golfes), Pedro Silvestre (Salgados Golfe), Victor Martins e Antónia Correia (Universidade do Algarve), Arch Woodside (Carroll School of Management, do Boston College), Amândio Santos (Derovo) e Carlos Manuel Oliveira (APPM)


Destaque

Gestão Sustentável analisada em seminário da SGS

Rumo à Excelência de regras de conduta e práticas preconizadoras das três grandes vertentes do desenvolvimento sustentável. O diálogo, a transparência e os comportamentos responsáveis para com as partes interessadas (colaboradores, accionistas, fornecedores, Estado, sociedade em geral, …,) em domínios como o ambiente, ética empresarial, educação, comunicação, entre outros, estão cada vez mais na ordem do dia das empresas portuguesas. Na sessão de abertura, a cargo de Maria João Nascimento, directora executiva da SGS ICS, intervieram Paula Rodrigues, representante do Ponto de Contacto Nacional para as Directrizes das Empresas Nacionais do ICEP, e Duarte Figueira, representante do Conselho de Administração do Instituto Português da Qualidade. Paula Rodrigues apresentou as “Directrizes” para as empresas multinacionais, elaboradas pela OCDE em 1976, revistas em 2000, e subscritas pelos governos de 37 países, entre os quais Portugal. Estas directrizes, ou “manual de boas práticas/código de conduta”, são compostas por um conjunto de recomendações não vinculativas dirigidas às empresas multinacionais – divulgação de informa-

O seminário promovido pela SGS a 29 de Setembro reuniu mais de uma centena de participantes no auditório da Lispólis - Pólo Tecnológico de Lisboa.

02

Revista do Grupo SGS Portugal

D

irigido a gestores dos sectores pú-

ção, emprego, relações industriais, ambien-

blico e privado, o seminário Gestão

te, corrupção, protecção dos consumidores,

Sustentável: Rumo à Excelência con-

concorrência, fiscalidade, ciência e tecnologia

tou com a presença de um conjunto de ora-

– e têm por objectivo harmonizar a actividade

dores especialistas, nacionais e estrangeiros,

empresarial deste tipo de organizações com

que apresentaram abordagens de gestão

as políticas governamentais e expectativas

inovadoras e casos práticos de sucesso nos

da sociedade civil dos países onde se insta-

domínios da Certificação de Serviço, Respon-

lam. Entre outras vantagens, estas directrizes

sabilidade Social e Desenvolvimento Susten-

induzem a comportamentos éticos e respon-

tável das Empresas.

sáveis, favorecem a criação de uma atmosfera

Sobretudo, é de realçar como as empresas,

de confiança e segurança entre a comunidade

públicas e privadas, e a própria administração

empresarial, os trabalhadores, governos e

pública, estão a desenvolver estratégias

sociedade civil, contribuem para melhorar o

orientadas para o cliente, em que a Certifi-

clima de investimento e o crescimento susten-

cação de Serviço surge simultaneamente

tado da economia e servem como referência

como garantia da qualidade e diferenciação

na definição de políticas de gestão interna

face à concorrência, a par da implementação

das empresas.


Destaque

Duarte Figueira enfatizou a importância do

e optimização da gestão dos recursos e, ain-

relações contratuais e no serviço que pres-

debate sobre as questões do desenvolvi-

da, pelo que representam em termos de no-

tam, constitui uma importante ferramenta de

mento sustentável na sociedade actual e o

vos produtos e soluções valorizáveis pelos

gestão para as empresas”, salientou o con-

modo como as variáveis da qualidade podem

consumidores.

sultor. A especificação contém orientações

contribuir para a competitividade económica

que vão desde a organização interna do

Transparência e garantia da qualidade

franchisador a requisitos dos contratos de

IPQ, com o seu papel de gestor do Sistema Português da Qualidade reforçado pelos novos

Cavaleiro Machado, consultor do Conselho

cedimentos de abertura de unidades dos

estatutos, em dar continuidade ao trabalho

de Administração da Associação Portuguesa

franchisados, entre outras variáveis.

que tem vindo a desenvolver com os orga-

de Franchise, apresentou a Certificação do

Raul Santos Rocha, director de Distribuição dos

nismos de certificação e, em particular, com

Serviço de Franchising, uma iniciativa pioneira

CTT, explicou a todos os presentes como a Cer-

as organizações empresariais para promover

a nível mundial, desenvolvida no âmbito do

tificação do Serviço em curso nos centros de

o aumento da qualidade.

Sistema Português da Qualidade. A especifi-

distribuição postal se enquadra nas linhas

e social. Realçou, igualmente, o empenho do

franchising, até à definição das regras e pro-

Verdadeira orientação para o cliente O primeiro painel do seminário, moderado por Dina Cortinhas, directora da revista Vantagem+, foi inteiramente dedicado à gestão orientada para o cliente. E nesta área foram abordadas duas vertentes essenciais: a importância do cliente/consumidor para a competitividade da marca e da Certificação do Serviço na estratégia de satisfação de clientes de empresas privadas, públicas e da administração autárquica. “A diferenciação dos produtos faz-se cada vez mais pela marca”, realçou Carlos Manuel de Oliveira, presidente da APPM - Associação Portuguesa dos Profissionais de Marketing, cuja intervenção se centrou na “Competitividade através da marca”.

Mesa do primeiro painel, dedicado ao tema ‘Verdadeira Orientação para o Cliente’ (Da esq. para a dir.) Françoise Rein, responsável pela Certificação do Serviço da SGS; Pedro Mortágua Soares, do gabinete da Qualidade do Complexo Desportivo da Câmara Municipal de Tomar; Cavaleiro Machado, consultor da Associação Portuguesa de Franchise; Dina Cortinhas, directora da revista Vantagem +; Carlos Manuel Oliveira, presidente da APPMarketing; e Raul Santos Rocha, director de Distribuição dos CTT

“São cada vez mais cruciais no processo de escolha e decisão do consumidor, não só as características técnicas e físicas do produto ou do serviço, mas também a percepção do que ele representa, dos seus valores”. A marca, no entender do presidente da APPM, é “um contrato de responsabilidade com o mercado”, em que a ética e a sustentabilida-

Paula Rodrigues, representante do Ponto de Contacto Nacional para as Directrizes das Empresas Nacionais do ICEP; e Duarte Figueira, representante do Conselho de Administração do IPQ

de podem ser características distintivas. “A preocupação com os diversos stakeholders/ partes interessadas (clientes, accionistas, colaboradores, Estado, sociedade, ambiente)

cação técnica foi homologada pelo IPQ em

estratégicas definidas pela Administração em

é um desafio para novas estratégias de mar-

finais de 2003 e, nesta primeira fase, abrange

1998, altura em que a empresa assumiu uma

keting que permitam dar resposta a esta pro-

as relações entre franchisador e franchisados,

orientação clara para o mercado e para o clien-

blemática (sendo este um factor cumulativo

aplicando-se a empresas de qualquer sector

te. A SGS certificou já seis centros de distri-

com os restantes atributos da marca)”, defen-

de actividade. Cavaleiro Machado realçou que

buição postal dos CTT a nível interno (Cartaxo,

de. A responsabilidade social e a sustenta-

o sector do Franchising em Portugal já em-

Lagoa, Baião, Estarreja/Murtosa, Caldas de

bilidade constituem, assim, uma oportunida-

prega mais de 50.000 pessoas e contribui

Vizela e Penacova), estando prevista a certifi-

de para novas vantagens competitivas, desde

para 5% do Produto Interno Bruto. “A especi-

cação do serviço nos restantes (185) até final

logo pela diferenciação do posicionamento

ficação técnica da Certificação do Serviço, a

de 2005. De acordo com Raul Santos Ro-

perante o mercado, pela melhor capacitação

par de estabelecer maior transparência nas

cha, os principais impactos a nível interno são Revista do Grupo SGS Portugal

03


Destaque

a uniformidade e clareza dos processos e uma

se passa no ‘seu’ município, ou, de outra

cificações técnicas validadas por uma Comis-

maior sensibilidade e envolvimento dos co-

forma, o aumento da satisfação do utente

são Técnica de Certificação. Até hoje já foram

laboradores para a prestação de um serviço

(eleitor); organização de processos e uma

validados mais de 120 referenciais norma-

de excelência aos clientes. A nível externo,

atitude, concretizada na prática, de melhoria

tivos que abrangem serviços nos sectores

destacam-se o reconhecimento dos clientes

contínua. No caso do Complexo Desportivo

automóvel, educação, internet e telecomu-

(medido por inquéritos realizados nos 6 cen-

Municipal de Tomar, que representa um forte

nicações, financeiros, saúde, estética, ho-

tros), o aumento da qualidade de serviço

investimento na melhoria da qualidade de vi-

telaria e restauração, entre outros. A SGS, in-

prestado, o cumprimento dos horários, a en-

da e bem-estar dos munícipes, a Certificação

clusive, criou o Qualicert Services, que abran-

trega dos objectos em conformidade e o re-

do Serviço abrange todos os processos rela-

ge 7 domínios: pessoas, ambiente de traba-

lacionamento cordial por parte dos colabo-

cionados com o ensino de natação, prática

lho, produtos e serviços, transparência nas

radores. Esta empresa de capitais públicos

de actividades de lazer e recreação, squash,

relações, conformidade da oferta, serviços

emprega 6.388 pessoas e gere um tráfego

sauna, hidromassagem, banho turco, aluguer

pós-venda e outros, entre os quais se incluem

diário de 7.668.528 encomendas/cartas,

de espaços de piscinas, aluguer de espaços

a ética e o ambiente.” Para melhor compre-

através de uma rede de distribuição consti-

de actividade física, aluguer de espaços da

ensão das razões que levam as organizações

tuída por 191 centros de distribuição postal

sala de formação, serviço de vigilância e ensi-

a optar pela Certificação do Serviço por enti-

e 182 centros de apoio à distribuição em todo

no de ténis.

dade externa idónea, Francoise Rein deu qua-

o território nacional.

Francoise Rein, da SGS Corporate, destacou

tro exemplos levados a cabo pela SGS: uma

a vasta experiência da SGS ao nível da Certi-

cadeia internacional, com o objectivo de par-

Melhor serviço ao utente

ficação do Serviço em todo o mundo, desde

Pedro Mortágua Soares, responsável pelo

que há dez anos emitiu o primeiro certificado

Gabinete da Qualidade do Complexo Des-

em conformidade com a norma ISO 65/EN

portivo da Câmara Municipal de Tomar, mos-

45011, e o modo como esta certificação é

trou as crescentes preocupações das autar-

adequado quer a organizações de comércio

quias em satisfazerem as necessidades e em

(ex. rede de concessionários de um distri-

prestarem o melhor serviço aos munícipes

buidor automóvel) quer a redes de franchi-

/utentes, não sem antes reiterar o importan-

sing e a instituições da administração públi-

te trabalho que é preciso fazer ao nível da

ca; quer ainda a empresas de pequena e

sensibilização dos eleitos para que optem por

grande dimensão que se pretendem diferen-

modelos de gestão da qualidade. Entre as

ciar pelos serviços que prestam. A Certifica-

acções que é preciso desenvolver destacam-

ção do Serviço destina-se quer aos serviços

-se a demonstração das vantagens objectivas

prestados a particulares quer aos serviços

da certificação, como a auto-regulação do

prestados a empresas. Quando não existe

sistema, porque só se pode gerir o que se

uma norma de referência específica para o

pode medir; conhecer em profundidade o que

serviço em questão, são elaboradas espe-

Francoise Rein, responsável pela Certificação do Serviço da SGS em todo o mundo

tilha de uma visão comum; uma associação comercial, com base num código de conduta/ boas práticas que apoia pequenos comerciantes na gestão do dia-a-dia; uma cadeia de franchising, para proteger a marca da rede e promover as boas práticas; e uma empresa estatal, no caso a Air France, certificada desde Setembro de 2003, e que recorreu à Certificação do Serviço como instrumento de gestão motivador dos colaboradores e de reconhecimento do seu esforço na satisfação do cliente. 04

Revista do Grupo SGS Portugal


Destaque

O II painel do seminário, moderado por Sofia

a cultura da empresa que incida sobre a gestão

tão”, sustentou Ricardo Bandin. Em pouco

Santos, directora da revista Impactus, foi intei-

do conhecimento e da aprendizagem organi-

mais de nove meses, a Somincor conseguiu

ramente dedicado às questões e aos desafios

zacional. Implica, igualmente, a melhoria do

atingir o alvo a que se propôs, zero acidentes.

do desenvolvimento sustentável.

diálogo e a transparência entre as partes inte-

E zero acidentes, como explicou o responsá-

Do ambiente à segurança, passando pelas

ressadas.

vel pela segurança, representam vários mi-

estratégias de comunicação das empresas

lhões de euros poupados. Nathalie Ballan, partner da Sair da Casca, uma

de práticas de responsabilidade social como

Segurança é vantagem competitiva

vantagens competitivas, foram vários os

Ricardo Bandin, director de Segurança da

perspectiva da responsabilidade social, come-

exemplos de boas práticas apresentados. No

Somincor, demonstrou como a segurança é

çou a sua intervenção desfazendo um equí-

âmbito deste painel, intervieram também o

uma vantagem competitiva para as empre-

voco ainda partilhado por uma imensa maio-

secretário-geral do BCSD Portugal (Conselho

sas, independentemente do investimento

ria: mecenato, marketing relacionado com

Empresarial para o Desenvolvimento Susten-

necessário para adequar instalações, equipa-

uma causa, solidariedade/caridade e volunta-

tável) e Fernando Ribeiro Mendes, presidente

mentos e formar colaboradores. Dando como

riado, apesar de muito importantes, não têm

da RSE Portugal, uma associação que tem

exemplo as Minas Neves Corvo, que pro-

nada a ver com responsabilidade social. E, no

por objecto promover a responsabilidade so-

duzem 1500 toneladas/dia, explicou que após

seu entender, “reivindicar a responsabilida-

cial das empresas, organizações que estão

a investigação e análise das causas dos aci-

de social apenas através destas áreas de co-

em destaque nas páginas 12/13 e 22/23, res-

dentes, 4% destes deviam-se a condições

municação pode ter um efeito negativo, o

socialmente responsáveis, até a exemplos

empresa de consultoria de comunicação na

pectivamente, desta edição. Jeffrey McDonald, executive vice president SGS SSC, encerrou o painel apresentando a evolução da certificação na Europa. Maria do Rosário Partidário, professora universitária e investigadora na área ambiental, salientou a evolução da preocupação das empresas pelo ambiente, nomeadamente no que respeita à gestão de resíduos, substâncias perigosas, água, energia, ar e ruído, assim como a afirmação crescente do ambiente como oportunidade. “Os desafios ambientais podem levar a inovações que as empresas

Ricardo Bandin, director de Segurança da Somincor; Maria do Rosário Partidário, professora da Universidade Nova de Lisboa; Sofia Santos, directora da revista Impactus; e Nathalie Ballan, partner da Sair da Casca

usam como vantagem competitiva, por exemplo através dos produtos, dos processos e das tecnologias”. Essa crescente preocupação, porém, não se reflecte ao nível da certificação de sistemas de gestão ambiental de acordo com as normas ISO 14001 e EMAS, uma vez que apenas 300 empresas até ao momento estão certificadas e estas, provavelmente, “são todas grandes empresas”. De acordo com um estudo da Deloitte, apresentado por Maria do Rosário Partidário, as “empresas estão conscientes de que estão a fazer um bom trabalho em relação à eco-

Jeffrey McDonald, executive vice president da SGS; Fernando Ribeiro Mendes, presidente da RSE Portugal; Sofia Santos, directora da revista Impactus; Luís Rochartre, secretário-geral do BCSD Portugal; e João Reis, representante do gabinete de Imagem e Relações Públicas e Institucionais da BP Portugal Mesas do II painel do seminário, intitulado ‘Desenvolvimento Sustentável das Empresas’

-eficiência, mas que têm ainda muito para avançar rumo à sustentabilidade”. Em con-

inseguras, enquanto 96% a actos inseguros

chamado efeito greenwashing. A comuni-

clusão, no entender desta investigadora, as

por parte das pessoas. “Logo, era indispen-

cação de uma empresa socialmente res-

três dimensões da sustentabilidade – ambien-

sável mudar a atitude dos colaboradores. Não

ponsável deve ter por alvo as partes inte-

te, economia e sociedade – devem ser inte-

basta adoptar estratégias ou impor medidas,

ressadas, ser transparente e feita numa pers-

gradas no cerne da decisão estratégica da

a segurança tem de ser intrínseca à atitude

pectiva de prestar contas; é importante ter

empresa, em vez de serem questões peri-

das pessoas. E essa mudança de atitude tem

em conta a qualidade da informação, a inclu-

féricas, como actualmente são encaradas.

de começar pela gestão. As causas dos aci-

sividade/diálogo e, fundamentalmente, ser

Isto implica, desde logo, uma actuação sobre

dentes são um dos sintomas de crise na ges-

coerente com a postura da empresa, com o que Revista do Grupo SGS Portugal

05


Destaque

produz e como produz. Na perspectiva da res-

relativamente aos seus colaboradores (leal-

potencial de desenvolvimento neste domínio,

ponsabilidade social, a comunicação deve es-

dade, espírito de equipa, entrega, vontade de

sendo que os maiores crescimentos verificam-

tar ligada à actividade da empresa, ao seu core

enfrentar novos desafios e orgulho, o que

-se também a nível dos países europeus.

business, incluir a gestão da relação com as

se traduz num aumento da produtividade) e

No campo da responsabilidade social, desig-

partes interessadas (colaboradores, accionistas,

perante as outras partes interessadas (reco-

nadamente da norma SA 8000, existem 354

fornecedores, sociedade, Estado, etc.), ser

nhecimento de notoriedade, potenciação do

unidades certificadas em 39 países, sendo que

transversal a todas as áreas da empresa e

valor da marca, criação de empatia, despertar

no ranking dos dez com maior número encon-

constituir um “estímulo da obra”. Tem, igual-

de potenciais colaboradores, aumento da opor-

tram-se a Itália e a Espanha a representar a Eu-

mente, de ter uma função informativa/peda-

tunidade de contactos estratégicos e de atrac-

ropa. Relativamente à elaboração de relató-

gógica e permitir “fazer”, e não apenas “fazer

ção e retenção de novos talentos).

rios de sustentabilidade existem aproxima-

saber”. De acordo com Nathalie Ballan, estas

damente 4.000 empresas emissoras, sendo que destas, cerca de 50% são grandes em-

entre a empresa e a sociedade, com benefícios

Certificação na Europa continua a crescer

mútuos. Para a empresa, representa fideliza-

O painel dedicado ao desenvolvimento sus-

o executive vice president da SGS, a tendência

ção, envolvimento dos colaboradores, legitimi-

tentável encerrou com a prestação de Jeffrey

de evolução é positiva, sobretudo por parte

dade, credibilidade e confiança, o que se traduz

McDonald, executive vice president da SGS,

de empresas dos países europeus.

numa melhor relação com os seus públicos.

que apresentou o panorama da evolução da

Em crescimento está também a certificação

Com este posicionamento, a sociedade fica

certificação na Europa e as perspectivas futuras.

de acordo com normas específicas para os

com mais e melhor informação, tem confian-

Relativamente ao ranking das certificações de

diversos sectores da indústria e do retalho,

ça, está mais aberta à resolução de proble-

acordo com o referencial ISO 9001:2000, no

fortemente impulsionada por questões de se-

regras estabelecem uma relação de win/win

presas multinacionais. Contudo, e como realçou

mas, o que faz com que tenha uma melhor relação com as empresas.

Responsabilidade social corporativa João Reis, responsável pela Imagem e Relações Públicas e Institucionais da BP Portugal,

Maria de Jesus Barroso, presidente da Fundação Pro Dignitate, esteve presente na sessão de encerramento

explicou como a empresa onde trabalha encara a responsabilidade social corporativa, tanto em Portugal como em todos os países do mundo onde a multinacional opera. “Negócio é negócio, mas a BP tem um interesse profundo no bem-estar económico e na prosperidade dos países onde opera. Queremos assegurar que desenvolvemos o negócio de uma forma sustentável”. Para a BP há quatro áreas distintas que, em conjunto, formam a definição da responsabilidade social corpo-

06

rativa: a primeira são as pessoas, são elas a

final de 2003, entre os 10 países em todo o

gurança, redução de desperdícios e controlo

chave da sustentabilidade (e envolve a se-

mundo com maior número de empresas cer-

da qualidade (de produtos mas, sobretudo,

gurança, reconhecimento e recompensa, de-

tificadas, liderado pelo Japão (96.715), en-

de processos).

senvolvimento pessoal e profissional, mérito,

contram-se cinco europeus – Itália (64.120),

Como frisou Jeffrey McDonald, a “certifica-

diversidade e inclusão, fomento da inovação

Reino Unido (45.465), Espanha (31.836), Ale-

ção está para ficar, contudo, vai continuar a

e o assegurar do equilíbrio entre a vida pes-

manha (23.598) e França (15.073). Na certifi-

evoluir e a mudar para ir cada vez mais ao en-

soal e profissional); a segunda área é a edu-

cação de sistemas de gestão ambiental, ISO

contro das necessidades da indústria e da

cação (contribuir para a melhoria do sistema

14001, o ranking dos dez é igualmente lidera-

globalização”.

educativo de cada país – em Portugal liga-

do pelo Japão (13.416), e nele estão presen-

Antes do encerramento, que coube a Ana

ção à Universidade de Lisboa e à AIESEC); a

tes seis países europeus: Reino Unido (5.968),

Pina Teixeira, administradora executiva do

terceira diz respeito ao ambiente (no sentido

Espanha (4.860), Alemanha (4.734), Suécia

Grupo SGS Portugal, a conferência contou

de minimizar o impacto do negócio e dos pro-

(3.404), Itália (3.068) e França (2.344). A taxa

com uma breve alocução de Maria de Jesus

dutos que vende, nomeadamente através de

de crescimento do número de novas certifi-

Barroso, presidente da Fundação Pro Digni-

standards globais); e a quarta diz respeito à

cações de acordo com a ISO 9001:2000 é de

tate, que elogiou a SGS pela iniciativa e apelou

ética (integridade, respeito pelas culturas, a

6,5% ao ano, enquanto que a taxa relativa à

a que, mais do que palavras, as empresas

dignidade e os direitos dos indivíduos). Esta

norma ISO 14001 é de 37%, o que, na pers-

concretizem na prática os valores do desen-

forma de actuar traz benefícios à empresa

pectiva de Jeffrey McDonald, demonstra o

volvimento sustentável.

Revista do Grupo SGS Portugal



Desenvolvimento Sustentável

Belmiro de Azevedo, presidente do BCSD Portugal

Desenvolver para

Belmiro de Azevedo, o conhecido empresário líder do grupo SONAE, é um cidadão activo e empenhado no desenvolvimento económico das empresas que lhe pertencem mas também no do próprio país. Por isso, defende que, através de entidades como o BCSD (Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável), é necessário “assegurar o desenvolvimento económico para o país, em consonância com o progresso social e com a vertente ambiental, congregando para o efeito empresas que encarem o ‘desenvolvimento sustentável’ como um factor estratégico de desenvolvimento”.

Quais as iniciativas que o BCSD Portugal tem vindo a desenvolver e tem em curso para atingir os objectivos a que se propõe? O papel do BCSD Portugal é o de liderar a nível empresarial o caminho rumo ao ‘desenvolvimento sustentável’, assegurando o desenvolvimento económico para o país, em consonância com o progresso social e com a vertente ambiental, e congregando para isso empresas que encarem o ‘desenvolvimento sustentável’ como um factor estratégico e que possam realmente contribuir para uma mudança nesse sentido.

08

Revista do Grupo SGS Portugal


Desenvolvimento Sustentável

continuar a liderar Na fase de arranque que atravessámos du-

ciados quer seja qualquer um dos nossos

rante estes três anos, desde a criação do Con-

stakeholders, acreditando que todos temos

Reduzir custos através da eco-eficiência e da inovação

selho em Outubro de 2001, a grande prio-

a ganhar com este objectivo.

As empresas, sobretudo os líderes e ges-

ridade não foi aumentar o número de asso-

tores portugueses, entendem o que está

ciados mas sim criar um maior envolvimento

O BCSD deu algum contributo para a defi-

em causa quando se fala de desenvolvi-

dos actuais membros, estabelecendo para

nição da Estratégia Nacional de Desenvol-

mento sustentável, de sustentabilidade?

isso esforços de aproximação a uma visão

vimento Sustentável (ENDS), apresentada

Quando foi introduzido o conceito de qualida-

comum, criando canais de comunicação ade-

no mês de Julho pelo Governo português?

de nos anos 80, este foi avaliado por muitos

quados à sensibilização para este tema e

Quando, em 2002, foi apresentado para

como mais um custo que diminuía a capaci-

acções efectivamente participadas pelas

discussão pública o primeiro documento de

dade competitiva das empresas. Hoje em dia,

empresas. Após esta fase incial de formação

Estratégia Nacional de Desenvolvimento

garantir a qualidade do produto ou serviço

da organização entramos agora numa nova

Sustentável, o BCSD Portugal emitiu um

prestado é uma exigência do mercado sem

fase de estabilização do funcionamento do

parecer que, resumidamente, dizia que o

a qual uma empresa não pode sobreviver. Do

Conselho e de maior colaboração e coope-

documento apenas pecava por ser tardio e

mesmo modo, as questões ambientais e so-

ração entre as empresas, podendo alargar os

por ser curto o tempo dedicado à sua dis-

ciais serão cada vez mais factores essenciais

nossos objectivos, o que, sem dúvida, se

cussão pública. Na realidade, o documento,

em qualquer negócio, e as empresas que se

reflectirá no intensificar da divulgação das

ainda que mais tarde lhe tivesse sido adicio-

aperceberem da oportunidade que é intrínse-

nossas actividades e no natural crescimento

nado o Plano de Implementação 2003, era

ca ao caminho do ‘desenvolvimento susten-

da organização.

sobretudo uma declaração de princípios. Dele

tável’, poderão criar vantagens imediatas de

dificilmente se deduziam as prioridades e a

redução de custos pela eco-eficiência e ino-

Que resultados concretos já atingiu?

sua hierarquização, a calendarização de ac-

vação, e vantagens de longo prazo pela an-

Nestes primeiros anos de existência, organi-

ções, a definição de indicadores e o estabe-

tecipação das tendências do mercado, pela

zaram-se múltiplos eventos de formação e

lecimento de instrumentos de avaliação de

melhoria na sua imagem e pela transparência

divulgação, elaboraram-se diversas traduções

desempenho. Por tudo isto, o BCSD Portugal

das suas actividades.

de publicações, e estreitaram-se as relações

recomendava a reformulação da ENDS e,

internas com os membros e com o WBCSD,

adicionalmente, a promoção mobilizadora dos

O que pode e deve ser feito, e por quem,

e as relações externas, na comunicação das

cidadãos para o ‘desenvolvimento susten-

para que a imensa maioria de pequenos e

nossas actividades e do nosso papel. Estabi-

tável’. Ora, recentemente, foi divulgada a nova

médios empresários o perceba?

lizado o funcionamento da organização, te-

ENDS-Vol. I, que mais uma vez peca pelo não

A principal via é a da participação no processo

mos agora condições para lançar projectos

envolvimento dos actores fundamentais da

de mudança que este desafio representa. Há

mais ambiciosos, que envolvam as empresas

sociedade civil e por não colmatar as defi-

que aumentar a percepção das vantagens do

membros e outros grupos de interesse, como

ciências já detectadas na versão de 2002.

‘desenvolvimento sustentável’ para o fun-

as universidades, que têm um enorme po-

Mais uma vez remete para o PIENDS, o que

cionamento das empresas, como principal

tencial e com os quais se podem criar siner-

pressupõe a aceitação da ENDS sem uma

motor da adesão das mesmas a estas práticas.

gias muito interessantes. É nossa intenção

discussão de fundo como o tema merece.

A demonstração de que estamos perante um

começar a disponibilizar ferramentas às em-

Nada disto põe em causa a competência dos

factor concorrencial positivo, gerador de

presas, que lhes permitam desenvolver de

membros do Grupo de Trabalho que produ-

vantagens no médio e longo prazo, é funda-

uma forma mais eficaz as suas actividades

ziu o documento nem a qualidade do seu

mental. Depois há que disponibilizar ferra-

segundo os princípios do ‘desenvolvimento

conteúdo mas parece-me estranho que não

mentas de trabalho, que tanto poderão ser

sustentável’, criando condições para que a

tenha sido realizado com uma participa-

baseadas no benchmarking de experiências

via da adopção das práticas correctas se

ção efectiva dos principais actores. Vamos

de sucesso já desenvolvidas, nacional e

efectue de uma forma mais rápida e eficiente.

aguardar pelo momento de discussão públi-

internacionalmente, nas metodologias de

Como uma organização empresarial que

ca para podermos voltar a dar os nossos

monitorização, nos mecanismos de comu-

somos queremos, utilizando os mesmos

contributos e desafios com o objectivo de

nicação e também no alargamento das rela-

métodos que nas empresas, que as nossas

mobilizar a sociedade civil em torno de

ções entre os diferentes stakeholders. Para

metas sejam cumpridas com a criação do

objectivos concretos de sustentabilidade,

os mais descrentes há que disponibilizar

máximo valor para todos os participantes

prosperidade económica e de bem-estar

projectos que pelo seu funcionamento criem

deste processo, quer sejam os nossos asso-

social.

valor para as empresas, funcionando como Revista do Grupo SGS Portugal

09


Desenvolvimentos Sustentável

catalizador das mudanças, enfatizando a

do país que evidencia o contrário, ou seja,

considerar razoável e que se encontra já nou-

constatação directa de experiências piloto.

que os países mais competitivos são aqueles

tros espaços económicos. Eu próprio e a

Porém, o ‘desenvolvimento sustentável’ não

que actualmente mais sujeitos estão e mais

Sonae, desde muito cedo, adoptámos uma

diz só respeito às empresas, envolve todas

atenção prestam às restrições de natureza

postura de introdução das melhores práticas

as entidades e indivíduos que interagem na

ambiental.

mundiais neste tema, tanto mais que a ex-

nossa sociedade, tais como o governo, as

Mesmo que a curto prazo pareça poderem

posição internacional que temos em muitos

ONGs, a administração pública, as univer-

surgir dificuldades em manter o mesmo nível

negócios nos permitiu perceber as vantagens

sidades, entre outros. É necessária a coorde-

de competitividade, pela necessidade de

competitivas que adviriam para o grupo de

nação de todos estes actores para se alcan-

realizar investimentos estruturantes, a opção

tal atitude. O tema da sustentabilidade, na

çar o ‘desenvolvimento sustentável’. As

pela ‘sustentabilidade’ e ‘responsabilidade

Sonae, está presente aos mais diferentes

empresas, como principais criadoras de

social’ como parte da visão estratégica da

níveis, quer no processo de Planeamento

riqueza e de desenvolvimento, têm um im-

empresa constitui a longo prazo uma forte

Estratégico quer no esforço de prática quo-

portante papel e influência em toda a socie-

fonte de vantagem competitiva.

tidiana de gestão e ainda nos diferentes fora horizontais de partilha de conhecimento e experiências que estão disseminados pelo grupo.

“A opção pela ‘sustentabilidade’ e ‘responsabilidade social’ como parte da visão estratégica da empresa constitui a longo prazo uma forte fonte de vantagem competitiva.”

E os resultados vão surgindo em cada negócio do grupo?!… É verdade que sim e nós temos consciência absoluta desse facto. A SONAE, que em vários dos seus negócios tem uma forte exposição internacional, gere este tema a dois níveis: do ponto de vista global existem orientações muito claras, através dos princípios de governação de cada sub-holding e da holding, que privilegiam uma orientação inequívoca para o desenvolvimento

ção de práticas de desenvolvimento sus-

Sonae quer liderar no desenvolvimento sustentado

tentável pelo tecido empresarial nacional,

Como é que se aplicam os conceitos ine-

de fora de reflexão no que respeita à orien-

traduzindo os princípios em acções concretas

rentes ao desenvolvimento sustentável no

tação geral, desafio e partilha de melhores

e tentando envolver todos os stakeholders

Grupo Sonae?

práticas que não conhecem fronteiras e que

nesta missão.

Por todo o mundo, as empresas, bem como

são muitas vezes geridos por equipas multi-

outras organizações, estão a ser confronta-

disciplinares e multi-país. Adicionalmente, ao

Competitividade e responsabilidade social

das com uma necessidade de ‘prestação de

nível local há uma responsabilização objecti-

são conceitos convergentes?

contas’ de uma forma bastante distinta da-

va da gestão quer face ao cumprimento das

A clarificação da questão da competitividade

quela que era normal ocorrer no passado

diferentes legislações locais quer face à

é deveras relevante tanto mais que ela é mui-

recente. Este conjunto de novas exigências

resposta que tem de ser dada, dentro de cada

tas vezes referida como argumento contra os

lança, pois, um desafio significativo quer

negócio, no âmbito do desafio e da partilha

conceitos de ‘responsabilidade social’ ou de

aos gestores quer aos pensadores da área de

das melhores práticas globais. O caminho do

‘desenvolvimento sustentável’. Não estará

gestão e da economia no que respeita ao

desenvolvimento sustentável é longo e, por

um país mais condicionado por um regime

tema da accountability. Em Portugal, com

isso mesmo, quer de per si quer na interacção

ambiental ou de sustentabilidade a perder a

algum atraso sobre outros países, o conceito

com os diferentes actores de cada cadeia

sua capacidade competitiva face aos seus

de ‘desenvolvimento sustentável’ parece es-

de valor, os diferentes negócios da Sonae

concorrentes? De acordo com o Relatório

tar agora a entrar mais no léxico organizacio-

têm ainda um percurso importante a percorrer.

da Competitividade Global de Michael Porter,

nal que no passado recente, embora quer a

A nossa vantagem advém do facto de, cons-

há, de forma geral, uma relação entre as exi-

reflexão quer as práticas estejam ainda muito

cientemente, estarmos dispostos a liderar

gências ambientais e a capacidade competitiva

longe da massa crítica mínima que se possa

este percurso.

dade. Essa é a principal tarefa que o BCSD Portugal tem entre mãos, promover a adop-

10

Revista do Grupo SGS Portugal

sustentável. Estes princípios têm tradução, inclusive, ao nível de funções corporativas ou



Desenvolvimento Sustentável

Promover e potenciar a

Sustentabilidade das empresas O BCSD Portugal - Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável, constituído em 2001, tem como propósito despertar as empresas portuguesas para o desafio do ‘desenvolvimento sustentável’. O percurso ainda é curto, mas a franca adesão das empresas tem feito sobressair a crescente preocupação do meio empresarial com esta temática.

Luís Rochartre Álvares, secretário-geral do BCSD Portugal

12

ensibilizar as empresas para a meta

S

Actualmente, o Conselho Mundial agrega

As palavras de ordem na associação são a

do ‘desenvolvimento sustentável’,

mais de 50 organizações espalhadas por

discussão e a partilha de ideias, pelo que Luís

através da procura de modelos de

diversos países, que em comum têm a visão

Rochartre Álvares não aceita uma via única

actuação capazes de simultaneamente ge-

partilhada de um mercado empresarial carac-

para a obtenção de resultados. “Não há uma

rarem riqueza e contribuírem para a melhoria

terizado pela prosperidade económica assen-

forma específica de adoptar práticas de ‘de-

da qualidade de vida da sociedade, é o grande

te nas regras da ética social e da protecção

senvolvimento sustentável’ nas empresas,

objectivo do BCSD Portugal. Esta associação

do ambiente.

há antes um conjunto de formas diferentes,

nasceu da tentativa de transpor para Portu-

Em Portugal, o BCSD vem conquistando ter-

relacionadas com a actividade de cada em-

gal os princípios orientadores do WBCSD –

reno, ao conseguir passar a mensagem do

presa”, defende.

World Business Council for Sustainable De-

‘desenvolvimento sustentável’ a um número

velopment, uma organização que funciona

cada vez maior de empresas. “Neste momen-

como um agrupamento de empresas empe-

to, temos 51 associados e mais 9 empresas

Ferramentas ao alcance das empresas

nhado em prosseguir o caminho do ‘desen-

em processo de pré-adesão. Segundo as

O BSCD prefere apontar alguns princípios base

volvimento sustentável’. A Sonae, a Cimpor

nossas perspectivas, chegaremos ao final de

e reforçá-los com a apresentação daquilo que

e a Soporcel, empresas associadas do Con-

2004 com cerca de 80 empresas associadas,

considera como o business case do ‘desen-

selho Mundial, tomaram a iniciativa de fun-

o que corresponde a uma duplicação de mem-

volvimento sustentável’ e que consiste na aten-

dar o BCSD Portugal, em Outubro de 2001,

bros, já que no início do ano tínhamos 40

ção a factores como a redução do risco, a efi-

no seguimento de outros conselhos que foram

empresas”, constata Luís Rochartre Álvares,

ciência e a efectividade operacional, o recru-

sendo criados um pouco por todo o mundo.

secretário-geral do BCSD Portugal.

tamento e a retenção de talentos, o aumento da

Revista do Grupo SGS Portugal


Desenvolvimento Sustentável

criação de valor, a licença para operar e

de entrada na realidade do ‘desenvol-

inovar, a protecção da base de recur-

vimento sustentável’ é a área ambi-

sos das matérias-primas e, por fim, o

ental. Ainda que essa postura seja

sentido da vida, ou seja, a convicção de

louvável e merecedora de continui-

que o negócio só é próspero numa so-

dade, Luís Rochartre Álvares chama

ciedade bem sucedida.

a atenção para a necessidade de se

O BCSD Portugal tem vindo a elaborar

prosseguir no sentido de uma pers-

um conjunto de relatórios e brochuras

pectiva integrada do ‘desenvolvimen-

relativas ao ‘desenvolvimento sus-

to sustentável’, isto é, uma aborda-

tentável’ e pretende realizar a curto

gem que equilibre os planos ambien-

prazo workshops e acções de forma-

tal, social e económico. Segundo o

ção que possam divulgar mais efi-

secretário-geral do BCSD, “algumas

cazmente as ferramentas que já exis-

empresas portuguesas já começam

tem e que podem ser adoptadas por

a produzir relatórios de responsabi-

cada empresa em particular. Nesse

lidade social, outras apresentam, a

sentido, Luís Rochartre Álvares sus-

par do relatório e contas, relatórios

tenta que o BCSD “pretende disponi-

ambientais e há, inclusive, empresas

bilizar às empresas um conjunto de

com relatórios de desenvolvimento

metodologias que lhes permita ir mais

sustentável já publicados, ou seja,

depressa no sentido do desenvolvi-

relatórios com uma abordagem inte-

mento destas acções, nomeadamen-

grada”.

te fazendo com que o BCSD funcione

Há ainda um longo a caminho a per-

como um fórum onde as empresas

correr, mas Luís Rochartre considera

se encontrem para, de uma forma

que há uma evolução por parte das

conjunta, discutirem os problemas e

empresas nacionais. Este responsá-

as soluções para dar resposta aos

vel adianta também – como ideia a

constantes desafios que lhe são co-

desenvolver a curto prazo – que os

locados”.

relatórios actuais ainda carecem de

O trabalho de campo do BCSD Portu-

“um processo de verificação inde-

gal passa também, e cada vez mais,

pendente”, que à semelhança dos

pela adaptação à realidade de cada

actuais certificados da qualidade, pos-

empresa-membro, ajustando às ne-

sa conferir credibilidade aos relató-

cessidades específicas de cada sócio

rios e, consequentemente, garantir a

a abordagem dos caminhos mais ade-

consistência da actuação das empre-

quados.

sas na área do ‘desenvolvimento sus-

Para a maioria das empresas, a porta

tentável’.

Condições de Adesão ao BCSD As empresas associadas ao BCSD Portugal devem preencher os seguintes requisitos: Ter uma posição sólida e influente na respectiva área de actividade; Ser legal e operacionalmente independentes; Estar representadas em Assembleia Geral pelo CEO ou um Executivo de grau equivalente; Nomear um delegado para gerir a comunicação com o BCSD Portugal e assim garantir a melhor ligação à empresa associada; Publicar um Relatório Ambiental num prazo de três anos após a adesão e aspirar a alargar a sua cobertura às três vertentes do desenvolvimento sustentável – económica, ambiental e social; Pagar a quota anual, determinada pela Assembleia Geral. A adesão é proposta ao BCSD Portugal pela empresa interessada através da apresentação da Candidatura de Adesão.

Revista do Grupo SGS Portugal

13


Desenvolvimento Sustentável

SGS empenhada numa causa comum Ana Pina Teixeira, administradora executiva do Grupo SGS em Portugal, tem uma visão integrada e integrável do ‘desenvolvimento sustentável’. Através dela procura contribuir para o bem comum do país e dos restantes agentes económicos.

e adequado de capitais, com vista a garantir a continuidade da actividade, apenas para nomear alguns exemplos. Todos eles implicam uma cultura de responsabilidade e consciência social, ao mesmo tempo que são fundamentais para o desenvolvimento sustentável.

Ferramentas credíveis já operacionais Que áreas de actividade da SGS estão voltadas para a prestação de serviços que apoiem as empresas portuguesas nestes domínios, em particular? A responsabilidade social é uma área de grande envolvimento da SGS a nível global. Em 1998, a SGS foi o primeiro Organismo de Certificação a ser acreditado pela SAI para certificar Sistemas de Gestão de Responsabilidade Social, de acordo com a norma SA 8000. Este envolvimento reflecte-se, igualmente, em programas de avaliação de fornecedores, de âmbito global e nacional, no que respeita ao cumprimento de códigos de

O que é que a SGS entende por ‘desenvol-

ambiental, que visa minimizar os impactos

conduta. As actividades incluídas nesses

vimento sustentável’?

ambientais das actividades económicas e das

programas abarcam o desenvolvimento de

A melhor definição do conceito ‘desenvolvi-

acções humanas; e o social, através do qual

códigos próprios, a realização de auditorias

mento sustentável’ foi dada em 1987, no

pretendemos contribuir para um impacto po-

aos fornecedores dos clientes SGS e, em al-

Relatório Brundtland, que diz o seguinte: o

sitivo na comunidade, recorrendo à utilização

guns casos, o acompanhamento das acções

‘desenvolvimento sustentável’ é aquele que

de práticas empresariais éticas que incluem

correctivas resultantes das não-conformidades

satisfaz as necessidades do presente, sem

a disponibilização de boas condições de

encontradas.

comprometer a capacidade das gerações

trabalho e o envolvimento activo na comu-

futuras fazerem o mesmo. Contudo, penso

nidade de acolhimento da empresa.

que é necessário operacionalizar o conceito,

14

E no domínio da sustentabilidade? A visão actual da sustentabilidade potencia

para que o mesmo não se transforme numa

E como é que integra neste conceito o de

a perspectiva estratégica “Triple Bottom Line

bandeira cheia de significado mas sem utili-

'responsabilidade social'?

Approach”: Responsabilidade Social, Am-

dade alguma. Assim sendo, a SGS interpreta

A responsabilidade social é inerente à sus-

biental e Económica, pelo que torna difícil cir-

o ‘desenvolvimento sustentável’ numa pers-

tentabilidade. Implica, nomeadamente por

cunscrever os serviços da SGS relacionados

pectiva integrada, composta por três ele-

parte das empresas, uma consciencialização

pela transversalidade às organizações. No

mentos fundamentais: o económico, que

para questões como a preservação do ambien-

entanto, a verificação de Relatórios de Sus-

contempla a óbvia necessidade da sustenta-

te, a obrigação moral e ética de respeitar os

tentabilidade merece particular referência

bilidade financeira de qualquer empresa; o

direitos do próximo, o investimento correcto

pelos carácter inovador, uma vez que a SGS

Revista do Grupo SGS Portugal


Desenvolvimento Sustentável

“Em 1998, a SGS foi o primeiro Organismo de Certificação a ser acreditado pela SAI para certificar Sistemas de Gestão de Responsabilidade Social.”

www.pt.sgs.com Independente a disponibilizar um ser-

Membro activo do BCSD Portugal

viço estruturado de verificação. A Ve-

Como membro do BCSD Portugal,

rificação Independente de Relató-

que contributo a SGS pretende dar

rios de Sustentabilidade resulta da

ou está disposta a dar para o 'desen-

produção crescente dos mesmos e

volvimento sustentável' do tecido

das questões relacionadas com a cre-

empresarial português?

dibilidade dos dados publicados. O

Considero que o BCSD Portugal é uma

serviço SGS é sustentado em refe-

organização de grande valor, que está

renciais válidos e credíveis interna-

a ganhar força no meio empresarial

cionalmente, a norma AA 1000 AS e

português. O número de associados

as Guidelines GRI, que é uma ferra-

está a crescer, assim como o número

menta versátil, pois pode ser aplicada

de acções desenvolvidas. A SGS, assim

a relatórios sociais ou que versem a

como todos os associados do BCSD

sustentabilidade.

Portugal, tem uma importante função

é o primeiro Organismo Verificador

de divulgação das acções planeadas, O Grupo SGS em Portugal é sus-

de forma a reforçar o papel pedagógi-

tentado e sustentável? Como o con-

co que o BCSD Portugal desempenha

seguem? Que factores pesam mais

junto das empresas. Assim sendo, é

na gestão das vossas empresas pa-

óbvio que a SGS vai dar o seu melhor

ra que os resultados sejam positi-

como membro, também no sentido de

vos?

contribuir ao nível de conteúdos, fóruns

A SGS considera todas estas ques-

de discussão e com novas ideias para

tões um desafio à sua própria orga-

a actividade do BCSD Portugal.

nização, no sentido de tentar aplicar internamente os conceitos de uma

Que função gostaria que o BCSD

forma prática e de envolver todos os

Portugal desempenhasse com mais

seus colaboradores. Posso dar-lhe um

eficácia, e que acção desenvolveria

exemplo mais concreto: neste mo-

para o tornar mais visível junto das

mento decorre um fórum de discus-

empresas nacionais?

são interno relativamente a iniciativas

O BCSD Portugal é uma organização

a desenvolver na época natalícia. O

com enorme potencial. Como integra

retorno tem sido muito positivo e as

algumas das maiores empresas na-

sugestões muito originais.

cionais, tem todas as condições pa-

A recente adesão ao Conselho Empre-

ra conseguir um importante impacto

sarial para o Desenvolvimento Susten-

na sociedade portuguesa depende

tável em Portugal foi outro desafio que

de todos os seus membros e da pró-

nos propusemos, com o objectivo de

pria organização. A eficácia da sua ac-

ter uma presença mais activa e mais

ção. Mais uma vez, afirmo, que a di-

visível na comunidade. E a certificação

vulgação das ferramentas de que o

ambiental, projecto que vai arrancar

BCSD Portugal dispõe para auxiliar as

antes do fim do ano, é outro exemplo

empresas é de importância capital,

do nosso envolvimento com a comu-

quer para o sucesso da iniciativa quer

nidade para que todos funcionemos

para o desenvolvimento sustentável

bem e com resultados positivos.

do país.

ESCRITÓRIOS LISBOA Edificio Atlas II – Av José Gomes Ferreira, 11 – 5º/6º 1495-139 Miraflores – Algés Telf.: 214 127 200 Fax: 214 127 290 LEÇA DA PALMEIRA Rua Veloso Salgado, 583/587 4450-801 Leça da Palmeira Telf.: 229 994 500 Fax: 229 994 590 SINES Rua Emmérico Nunes, 12 7520-209 Sines Telf.: 269 634 181 Fax: 269 634 182 MADEIRA Edif. Villas Madalena, 237 Lj. C, Caminho de Stº António 9000-321 Funchal Telf.: 291 740 360 Fax: 291 740 368 AÇORES R. José do Canto, 21 – 2º Piso 9500-076 Ponta Delgada Telf.: 296 302 590 Fax: 296 302 599 LOGÍSTICA MAIA Rua do Outeiro, 29 Zona Industrial da Maia, Gemunde 4470 - 208 Maia Telf.: 229 435 610 Fax: 229 435 619 SACAVÉM Armazéns Unifirme Quinta S. João das Areias, Camarate 2686-997 Sacavém Telf.: 219 488 320 Fax: 219 470 691

REGULAÇÃO DE SINISTROS R. Dr. Nicolau de Bettencourt, 45 1069-131 Lisboa Telf.: 213 843 800 Fax: 213 843 810 Rua D. Frei João de Faro,36/38 8000 Faro Telf.: 289 812 352 Fax: 289 812 386 Rua Vale Sepal, Urb. Planalto, Lt 6, Loja 13 2415-395 Leiria Telf.: 244 815 660 Fax: 244 836 529 LABORATÓRIOS CACÉM Rua Proj. ao Alto da Bela Vista Conjunto Empresarial, Edif. B 2735-319 Cacém Telf.: 214 269 450 Fax: 214 269 480 CARTAXO Estrada Nacional, 365 - 2 Apartado 120 2071-909 Cartaxo Telf.: 243 770 060 Fax: 243 702 846 LEÇA DA PALMEIRA R. Veloso Salgado, 619 - 1º Dir. 4450-801 Leça da Palmeira Telf.: 229 994 502 Fax: 229 994 598 SINES Terminal Petrolífero – APS 7520-953 Sines Telf.: 269 860 616 Fax: 269 860 792

Revista do Grupo SGS Portugal

15


Desenvolvimento Sustentável

SGS activa na

Protecção do ambiente A SGS (através da Divisão de Ambiente) desenvolveu o Programa para a Mudança Climática, que fornece serviços de verificação e validação essenciais para a integridade ambiental e financeira dos mercados de emissão de carbono. Em entrevista, Gareth Phillips, global product manager do programa, fala dos desafios que se colocam ao mercado do carbono e das mais-valias do Grupo nesta matéria.

Essa Opinião de Verificação destina-se somente às empresas ou também às entidades reguladoras? É útil para ambas. As entidades reguladoras aceitam a Opinião da SGS, nas áreas em que está acreditada, e usam essa informação para verificarem a conformidade entre a actuação

16

De que forma é que a SGS contribui para

dade ambiental do mercado, pois os números

das empresas e as suas respectivas licenças.

que as empresas controlem de modo mais

que são apresentados não correspondem ao

Ao mesmo tempo, o processo de verificação

eficiente as emissões de carbono?

quadro real da totalidade das emissões.

feito pela SGS também é extremamente útil

O Programa para a Mudança Climática da SGS

São entidades terceiras, como a SGS, que

para as empresas, pois contribui para a iden-

disponibiliza serviços de verificação e valida-

verificam os dados usados para calcular as

tificação de áreas onde os dados não estão

ção essenciais para a integridade ambiental

emissões, de forma isenta e independente.

a ser reportados correctamente ou em que

e financeira dos mercados de emissão de

A SGS pede os dados, verifica-os e emite uma

a exactidão desses dados pode ser melhora-

carbono.

Opinião de Verificação. Mas esta ‘opinião’ só

da. Isto ajuda as empresas a compreenderem

As emissões de carbono não podem ser me-

é efectivamente emitida depois da SGS con-

melhor as suas emissões de GHG (Green

didas directamente. Normalmente, são cal-

firmar que as emissões estão descritas de

House Gases), e a medi-las e registá-las me-

culadas com base nos registos de consumo

forma completa (que incluem todas as fontes),

lhor daí para a frente. À medida que as empre-

de energia. Consequentemente, há um espa-

consistente (que os protocolos de medição

sas compreendem melhor as suas emissões,

ço considerável para a perda de dados e erros,

foram correctamente aplicados), rigorosa (que

melhor se posicionam para definirem e ava-

o que pode até ser financeiramente atractivo

os contadores medem os fluxos de energia

liarem as suas estratégias de gestão, nomea-

para empresas que actuam de forma fraudulen-

com um grau aceitável de fiabilidade), trans-

damente para optarem por cessar ou negociar

ta. E esse tipo de actuação deturpa a integri-

parente e sem erros materiais.

as emissões no mercado.

Revista do Grupo SGS Portugal


Desenvolvimento Sustentável

Quais são os principais desafios que se

de negociação de emissões específicos do

redução. Consequentemente, podemos usar

colocam ao funcionamento do mercado

Canadá e do Japão, mas ainda não se sabe

o mercado para uma gestão de recursos mais

de carbono e, em particular, à implemen-

se implicam alguma ligação às normas ETS

eficiente, alcançando objectivos com o míni-

tação do Protocolo de Quioto?

da União Europeia.

mo custo ou conseguindo a maior redução

Um dos aspectos mais importantes é, sem

Portanto, a questão primordial é a das re-

possível em função duma determinada quantia

dúvida, o de saber como queremos que o

gras ainda não estarem completamente defi-

de dinheiro. É o que se passa nos esquemas

mercado funcione em 2008, e onde estamos

nidas, o que significa que há ainda um mun-

de negociação. Aos participantes é atribuído

neste momento. 2008 é o ano de arranque

do de coisas por fazer e que haverá impor-

um número de licenças para emitirem duran-

da primeira fase do compromisso assumido

tantes desenvolvimentos ao longo dos pró-

te determinado período (uma ano, habitual-

no Protocolo de Quioto, e que determina que

ximos anos.

mente). Estes, em contrapartida, comprome-

até 2012 as emissões de carbono dos países

tem-se a prestar contas do controlo das emis-

aderentes devem ser reduzidas até atingirem

Uma questão de eficiência

sões que lhes foram atribuídas e a verificarem

valores 5,2% abaixo dos níveis de 1990.

De que modo é que o mercado do carbono

se coincidem com as licenças que têm em

Depois da recusa dos EUA em assinarem o

pode afectar as mudanças climáticas no

seu poder.

Protocolo, todas as atenções estão viradas

nosso planeta?

Aqueles que conseguem reduzir as suas

para a Rússia, que anunciou recentemente

O impacto a curto e médio prazo é limitado

emissões abaixo do que lhes foi atribuído,

que irá ratificá-lo até ao final de Outubro, e

e, cientificamente, ainda é extremamente

podem vender o que sobra aos que decidem

quando isso acontecer o documento vai poder

difícil prever o que pode realmente acontecer

aumentar as emissões e exceder a sua quota.

finalmente entrar em vigor.

com o aumento da concentração de gases

Há uma enorme flexibilidade na forma como

na atmosfera a longo prazo. Mas há informa-

os participantes podem actuar. Por exemplo,

A decisão da Rússia é, então, muito im-

podem optar pela redução de emissões de

portante?!…

CO2 instalando centrais termoeléctricas ou

Sem dúvida, até porque é importante que em

adoptando soluções de maior eficiência ener-

2008 tenhamos operacional um mercado que permita o comércio livre das licenças de emissões de carbono, quer às partes contratantes (governos) quer, até preferencialmente, às empresas e aos indivíduos. Mas para que isso aconteça, precisamos de encontrar um meio de controlo que permita seguir o rasto de cada licença que é emitida ou transferida, de modo a que cada uma delas esteja apenas registada num só lugar e numa só data (para evitar a dupla contagem). Necessitamos também de sistemas que assegurem que uma tonelada de CO2, ou equivalente, é medida da mesma forma no Japão ou em França, e que o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo

gética; reduzir a produção, (o que não é uma

“Depois da recusa dos EUA em assinarem o Protocolo de Quioto, todas as atenções estão viradas para a Rússia, que anunciou recentemente que irá ratifica-lo até ao final de Outubro, e quando isso acontecer o documento vai poder finalmente entrar em vigor.”

opção muito comum); racionalizar as unidades industriais; comprar a projectos ao abrigo dos mecanismos CDM ou Implementação Conjunta, ou, ainda, comprar no mercado aos outros participantes ETS. Então, o melhor é que o mercado funcione por si? Os esquemas de comércio são mais vantajosos do que os sistema de controlo tradicionais, nos quais uma autoridade ambiental define os limites, tentando depois fiscalizar o seu cumprimento. O modelo ETS é muito mais eficiente para se

(Clean Development Mechanism) funciona

atingirem objectivos bem definidos. Estas

uniformemente em projectos em Marrocos

‘regras’, ao mesmo tempo que reduzem o

ou no Brasil, por exemplo. E é igualmente

impacto na atmosfera, ajudam a reduzir a mu-

importante que se consiga atingir a equiva-

dança climática e contribuem para o desen-

lência ambiental ou, pelo menos, acordos

ção que já temos e que não é animadora:

volvimento sustentável. O actual mercado do

políticos relativamente aos diferentes siste-

sabemos que, uma vez libertada para a at-

carbono transacciona quantidades mínimas

mas de comércio das emissões. Por exemplo,

mosfera, uma tonelada de CO2 exerce o seu

de emissões, comparando com o quanto é

teoricamente há uma ligação entre as normas

impacto durante um período de 100 anos e

necessário reduzir no futuro, mas, mesmo

ETS (Emission Trading System) da União Eu-

que (independentemente da proveniência dos

assim, a flexibilidade e a eficiência das regras

ropeia e o Mecanismo de Desenvolvimento

gases – seja de um jazido carbonífero na Ín-

de mercado são fundamentais a longo prazo.

Limpo, mas as complexidades práticas para

dia ou de gás natural na Europa) se efectiva

Serão as pressões do mercado que irão en-

completar a transmissão ainda não foram

uma mistura de gases na atmosfera global,

corajar o investimento nas tecnologias ino-

inteiramente esclarecidas. Entretanto, fala-

o que significa que não interessa onde é feita

vadoras necessárias para a redução de emis-

-se com alguma frequência sobre sistemas

a emissão nem tão pouco onde ocorre a sua

são de gases para a atmosfera. Revista do Grupo SGS Portugal

17


Responsabilidade Social

Uma virtude da globalização Deborah Leipziger, directora da Social Accountability International (SAI) na Europa, evidencia na entrevista que concedeu à SGS Global o crescimento significativo do número de empresas que adoptam a norma SA 8000 e alerta os agentes económicos para o facto dos consumidores estarem cada vez mais atentos ao comportamento das empresas produtoras de bens e serviços. Mais eficiência e maior produtividade são alguns dos resultados que, em seu entender, qualquer empresa pode esperar da implementação das práticas de responsabilidade social.

O que é a ‘responsabilidade social’ das em-

inteiro. Com a CNN e

presas e porque tem vindo a adquirir cada

a internet a funciona-

vez maior dimensão?

rem como funcionam,

A responsabilidade social das empresas (a

as empresas não po-

que prefiro chamar ‘cidadania corporativa’) é

dem continuar a es-

um acto contínuo, que vai da cidadania mínima

conder realidades co-

(o cumprimento das leis em vigor) até um

mo o trabalho infantil

complexo relacionamento de direitos e res-

e o trabalho forçado.

Deborah Leipziger

ponsabilidades interligados entre uma em-

18

presa, os seus colaboradores e a comunidade

Qual o ponto de situação da aplicação da

É possível estabelecer uma relação de cau-

em que se insere, e no qual as vertentes so-

norma SA 8000?

sa-efeito entre a maior ou a menor adesão

ciais e ambientais interagem para reforçar a

A adesão à norma SA 8000 cresce de ano

à SA 8000 e as empresas localizadas em

estratégia da empresa.

para ano. No final de 2004, estarão, acredito

países que respeitam os direitos humanos

Por que está a crescer? Porque vivemos numa

profundamente, certificadas pela SA 8000

e laborais?

era de globalização, na qual a produção é feita

centenas de empresas, em mais de 30 países

Há várias empresas certificadas pela norma

à escala mundial, facto que conduz a uma

e em diversos sectores de actividade. A Gucci,

SA 8000 no Brasil, na China, na Índia e em

enorme pressão sobre os salários e os bene-

por exemplo, anunciou recentemente que irá

Itália. Creio que as empresas destes países

fícios sociais dos colaboradores, que tendem

encorajar os seus fornecedores italianos a

querem diferenciar-se das restantes, quer

a diminuir. Acresce que a revolução tecno-

adoptarem a norma SA 8000 e penso que

operem nos seus mercados nacionais ou não,

lógica a que temos vindo a assistir, permite-

muitas outras grandes empresas lhe seguirão

uma vez que a pressão dos consumidores

-nos ver o que se passa nas fábricas do mundo

o exemplo.

também começa a fazer-se sentir. Quem com-

Revista do Grupo SGS Portugal


Responsabilidade Social pra, na Europa e nos Estados Unidos, quer

está a desenvolver um estudo que visa medir

espalhada por todo o mundo, conhecem me-

ter provas de que as empresas produtoras de

o impacto da norma SA 8000 e que depois

lhor os diversos tecidos empresariais com

bens e serviços respeitam os seus traba-

de concluído, estou certa, nos trará agradáveis

que trabalham. Acresce que uma empresa

lhadores, a comunidade e o ambiente. Talvez

surpresas. Para já, sabemos que é difícil quan-

presente em vários mercados, prefere traba-

por isso, as empresas que estão a aconselhar

tificar os benefícios, pois há sempre muitos

lhar em todos eles com o mesmo organismo

os seus fornecedores a aderirem à norma SA

factores e condições a ter em conta ao mes-

certificador, porque é mais eficaz e o retorno

8000 se localizem, maioritariamente, na Eu-

mo tempo, mas, felizmente, não é impossível

é, obviamente, mais rápido e mais elevado

ropa e nos Estados Unidos, ou seja, em paí-

e uma empresa onde os colaboradores se

devido às sinergias que é possível optimizar.

ses que já ratificaram muitas das convenções

sentem bem porque são tratados respeito-

Mas também há espaço para outros interve-

da OIT - Organização Internacional do Trabalho.

samente é (tem que ser!) mais rentável.

nientes. Recordo que em Itália, por exemplo,

De que modo é que a SAI promove a utili-

É uma norma difícil de implementar? Im-

zação da SA 8000 na União Europeia? Exis-

plica, por exemplo, investimentos avul-

tem protocolos com organismos da União

tados na adequação de instalações fabris

Europeia e/ou dos Estados-Membros?

às correctas condições de trabalho?

A Comissão Europeia disponibilizou verbas

Qualquer empresa terá sempre que fazer

para a SAI Europa trabalhar com o sector dos

algumas melhorias para alcançar o certificado

curtumes, designadamente para ajudar as

SA 8000. Todavia, o maior ou menor grau de

Cidadania Corporativa

empresas a adoptarem os procedimentos da

dificuldade varia de empresa para empresa.

Estratégias Bem-Sucedidas para

norma SA 8000 e para procederem à sua

Varia, sobretudo, em função do sector em

Empresas Responsáveis

implementação e certificação. E este projecto

que opera, da sua dimensão, das condições

Autores: Malcom Mcintosh; Deborah

foi um sucesso porque registámos a partici-

sociais da região em que está inserida e do

Leipziger; Keith L. Jones; Gill Coleman

pação de micro-empresas de vários países

número e tipo de sistemas de gestão imple-

europeus. Regularmente, a SAI ministra ac-

mentados. Por exemplo, para empresas que

ções de formação na área dos sistemas de

já tenham obtido a certificação ISO 9000:2000

gestão e das condições sociais e tem em vi-

ou a ISO 14001, será mais fácil obter a cer-

gor protocolos de cooperação com vários sin-

tificação de acordo com a norma SA 8000.

há já duas empresas locais acreditadas pela SAI.

Com vários exemplos de empresas actuantes na área social, este livro pode ser considerado um guia para as organizações que desejem

dicatos e organizações não governamentais (ONGs).

Deborah Leipziger em português

Quais as razões porque não há mais em-

incorporar na sua prática de

presas a adoptarem e a certificarem-se

negócios os princípios da

Promover a eficiência e a produtividade

em conformidade com a norma SA 8000?

cidadania corporativa. A

Algumas empresas invocam que o processo

responsabilidade social na

Quais são as mais-valias da norma SA 8000?

de certificação tem custos elevados. Outras

A norma SA 8000 ajuda as empresas a tor-

não o fazem porque pura e simplesmente os

narem-se mais eficientes e mais produtivas

seus clientes não o exigem. Outras porque a

e a obterem produções de maior qualidade

desconhecem. E em todas estas vertentes é

percebida. Por exemplo, quando uma empre-

necessário agir para que a pré-disposição das

para alcançar a nova cidadania

sa, em que a prática do trabalho infantil é

empresas aumente. A SAI está atenta e procura,

corporativa, bem como, a abordagem

frequente, opta por trabalhar apenas com

através das suas associadas locais, promover

da norma SA8000, são alguns dos

trabalhadores adultos e qualificados, a sua

e desmistificar todas estas situações.

temas que merecem destaque.

economia global, a gestão e estratégia que as empresas devem adoptar

produção pode ser comercializada na íntegra, porque os defeitos e os erros de produção

As entidades certificadoras acreditadas

são mínimos quando comparados com os da

pela SAI para procederem à certificação

situação anterior. E se a rejeição é menor, a

SA 8000 são quase todas multinacionais

facturação cresce e o lucro líquido também,

com escritórios em todo o mundo, como

necessariamente. Mas há outras vantagens,

é o caso da SGS. Há alguma razão em parti-

Quais são os projectos que a SAI prevê

como a maior ‘fidelização’ da força de trabalho

cular para isso acontecer?

realizar no curto e médio prazo?

e a melhoria do seu desempenho, a melhoria

Questões como o trabalho infantil e a dis-

No presente estamos empenhados em tra-

da gestão interna da própria empresa, a me-

criminação social são problemas globais e

balhar com mais países, designadamente com

lhoria da gestão da cadeia de abastecimento,

persistem, infelizmente, em todo o mundo.

aqueles em que os problemas sociais e am-

a protecção da imagem e da reputação perante

Como tal, a sua resolução carece, regular-

bientais são mais elevados, e com sectores

a sociedade, e a possibilidade de chegar a

mente, de abordagens globais, que possam

propícios, infelizmente, a práticas socialmente

novos mercados e a novos clientes.

ser adaptadas localmente. E este exercício

‘incorrectas’. É por isso, justamente, que esta-

é fácil de fazer por parte das empresas mul-

mos a preparar a abertura de um escritório

Esses resultados são mensuráveis ou

tinacionais (como a SGS), que através das

em Saia, no Vietname, e outro na Holanda. Re-

estamos perante valores intangíveis?

suas estruturas locais, sustentadas numa vas-

lativamente aos sectores de actividade, o

A Universidade de Nynerode, na Holanda,

ta rede de competências e de profissionais

calçado é a nossa próxima meta. Revista do Grupo SGS Portugal

19


Responsabilidade Social

Formação de auditores SA 8000 O curso de formação de auditores que veio ministrar a Portugal destina-se exclusivamente a colaboradores da SGS? Não, do grupo de dez formandos, apenas dois são colaboradores da empresa. Faço parte da equipa da SGS que ministra este curso em todo o mundo e nele participam sempre formandos que não são colaboradores da SGS. Este curso é obrigatório para quem quer ser auditor SA 8000? Sem dúvida. Se concluído com aproveitamento, pois durante o curso a avaliação é permanente e no fim há um exame, o formando recebe um certificado que o habilita a credenciar-se em qualquer organização internacional de auditores. Na SGS temos procedimentos próprios para formar os nossos auditores, nomeadamente a frequência deste curso com aproveitamento, e a realização de um número determinado de auditorias, durante as quais o seu desempenho também é avaliado pelos auditores mais experientes que os acompanham. Só então obtêm a qualificação como auditores. Da sua experiência como formadora, quais são as áreas ou matérias de mais difícil apreensão pelos formandos ? Depende muito das qualificações, da expe-

Rebecca Bowens é colaboradora da SGS na área da Responsabilidade Social como auditora SA 8000 e como formadora de auditores. Realiza também auditorias de 2ª parte a fornecedores e é especialista na elaboração de relatórios de sustentabilidade, de ambiente e de responsabilidade social corporativa. E esteve em Lisboa entre 27 de Setembro e 1 de Outubro a ministrar o Curso de Formação de Auditores SA 8000.

riência e dos conhecimentos individuais dos formandos que frequentam cada curso. Habitualmente temos formandos com grande experiência em auditorias, mas que desconhecem o que está em causa na área da ‘responsabilidade social’, e vice-versa. Contudo, julgo que o mais difícil para os formandos talvez seja terem a noção do que é realmente fazer uma auditoria numa fábrica, quando estão instalados numa sala de hotel ou de outro qualquer local onde tenham a formação. Como é que ultrapassam a situação? Tentamos ultrapassá-la com simulações de casos práticos em que cada formando tem

20

Revista do Grupo SGS Portugal


Responsabilidade Social

de desempenhar o papel que lhe é atribuído,

que um país adere às convenções e inclui o

fluenciar ou induzir a certificação das em-

desde ser o auditor ao gerente da fábrica ou

seu conteúdo na legislação de trabalho na-

presas que estão na sua cadeia de abaste-

ao representante da Comissão de Trabalha-

cional, é provável que as empresas desse

cimento, por exemplo. Quem trabalha com

dores, por exemplo. Usamos muito fotogra-

país cumpram a maioria dos requisitos da

qualidade exige qualidade. E isso não acon-

fias de fábricas instaladas nos diversos países

norma.

tece com a certificação SA 8000, salvo em

onde a equipa de formação e de auditores

situações que são, ainda, excepcionais. Veja-

em SA 8000 do Grupo tem trabalhado ao lon-

Mas se é assim, quais as razões porque

-se o caso de Itália, o país europeu que reúne

go dos anos. É importante que os formandos

não há mais empresas, sobretudo na Euro-

o maior número de empresas com certifica-

possam verificar como as coisas funcionam,

pa, a optarem pela certificação de acordo

ção SA 8000. E a razão é a seguinte: o sec-

que vejam e pensem, inclusive nas questões

com esta norma? Desconhecimento?

tor cooperativo exige que todos os seus for-

que urge resolver em situações imprevistas.

A SA 8000 não é uma norma ISO, e prova-

necedores sejam certificados de acordo com

Estou convencida que o curso da SGS está

velmente essa é a primeira razão. A SAI não

a SA 8000. Foi esta exigência que obviamen-

concebido por forma a que as pessoas apren-

é uma organização tão conhecida a nível

te impulsionou o crescimento da certifica-

dam o que têm de aprender. Sobretudo, que

mundial como a ISO. Outra razão pode ser a

ção neste país.

partilhem experiências e conhecimentos e aprendam umas com as outras. Não se espera que os formandos que terminam o curso sejam imediatamente auditores perfeitos, mas sim que este lhes dê as ferramentas, as

“A norma SA 8000 foi

qualificações e os conhecimentos que de-

redigida de acordo com as

pois podem adaptar a qualquer circunstância

convenções da OIT relativas

durante as suas auditorias. O mais importante,

a práticas laborais. Por isso,

porém, é a experiência que vão adquirir depois

a partir do momento em

do curso.

que um país adere às

Boas condições de trabalho

convenções e inclui o seu

Quais são os aspectos mais importantes

conteúdo na legislação de

a que uma empresa tem de dar atenção

trabalho nacional, é

aquando da implementação dos requisitos

provável que as empresas

da norma SA 8000?

desse país cumpram a

A grande maioria das empresas cumpre de

maioria dos seus

alguma forma os aspectos mais importantes,

requisitos.”

pois os requisitos da norma têm por base as condições de trabalho dos empregados: horário de trabalho diário e semanal, salários justos, condições de higiene e segurança; se não há discriminação em função do género, da idade, raça ou religião; trabalho infantil,

das empresas/gestores julgarem que a nor-

Para concluir, pergunto-lhe: é possível uma

etc.

ma impõe regras difíceis de cumprir. Em al-

empresa quantificar financeiramente resul-

As questões-chave dependem muito do país

guns países, sobretudo no Extremo Oriente,

tados decorrentes da implementação da

onde a companhia opera. Na Europa, a área

é talvez mais difícil ‘impô-la’, mas na Europa

norma SA 8000?

onde normalmente encontramos alguns pro-

não vejo por que o seja.

Deixe-me colocar as coisas da seguinte forma:

blemas é a da saúde, higiene e segurança, e

Penso também que, ao contrário do que acon-

esta norma foi concebida para proteger a força

também ao nível dos horários de trabalho.

tece com a certificação ISO, em relação às

de trabalho, para melhorar as condições de

Em Portugal, por exemplo, há leis muito res-

normas de gestão da qualidade e ambiente,

trabalho dos empregados e, consequente-

tritas em matéria laboral, pelo que, na maio-

as empresas não estão a ser suficientemen-

mente, a imagem da organização junto de

ria dos casos, as empresas que cumprem a

te pressionadas para implementarem a SA

todas as partes interessadas. Estas são acções

legislação do trabalho estarão, à partida, em

8000.

cujos efeitos não se sentem imediatamente

conformidade com a SA 8000.

ao nível dos resultados financeiros, mas que

A norma SA 8000 foi redigida de acordo

Pressionadas em que sentido?

exercem enorme influência na performance

com as convenções da OIT relativas a práticas

A certificação de uma empresa de acordo

de uma organização devido à reestruturação

laborais. Por isso, a partir do momento em

com uma norma da qualidade acaba por in-

que implicam, em prol da eficiência. Revista do Grupo SGS Portugal

21


Responsabilidade Social

RSE Portugal

Trabalhar para um mundo melhor cialmente responsáveis e a sensibilizar outras para a importância de adoptarem uma postura que privilegie não só os aspectos económicos mas também a vertente social e ambiental. Enquanto representante nacional da CSR Europe – instituição com sede em Bruxelas, que visa também disseminar o conceito de responsabilidade social das empresas a nível europeu –, a associação portuguesa tem como objectivo dar a conhecer ao tecido empresarial as práticas desenvolvidas noutros países mais avançados neste campo e incentivar a realização de acções de benchmarking e de intercâmbio com os parceiros associados da CSR Europe. “Temos também a responsabilidade de apoiar, a nível nacional, a realização de campanhas estruturadas que contribuam para a disseminação do conceito de ‘responsabilidade social’ e das consequências positivas que a sua aplicação pode proporcionar às empresas. O ano passado organizámos, em Portugal, o primeiro seminário sobre responsabilidade social, que esteve integrado numa acção promovida internacionalmente”, lembra Fernando Ribeiro Mendes, presidente da Direcção da RSE Portugal. Formalizada em 2002, esta Associação (que

Apoiar as empresas na definição de estratégias e linhas de acção no âmbito da responsabilidade social é um dos objectivos da RSE Portugal, uma associação portuguesa que conjuga já os esforços de 16 membros, mas cuja intenção é a de agrupar muitos mais.

22

Revista do Grupo SGS Portugal

teve como membros fundadores empresas como o Millennium BCP, a Caixa Económica Montepio Geral, a IBM, a Manpower Portuguesa, a Select, a Novadelta, a Portucel, a Novartis Pharma, a Ericsson e a Microsoft), só entrou em funcionamento em 2003. Desde então, tem apostado, sobretudo, em duas vertentes para que o conceito de responsaRSE Portugal - Associação Portugue-

A

bilidade social seja, gradual e sistematica-

sa para a Responsabilidade Social

mente, uma realidade no seio do tecido em-

das Empresas tem como missão

presarial português. Numa primeira fase, a

promover, dinamizar e divulgar projectos intra

divulgação de informação através dos meios

e inter-empresariais desenvolvidos no âmbito

de comunicação social, a publicação de en-

da responsabilidade social, tanto a nível por-

cartes e a organização de seminários de

tuguês como europeu, com vista a dar maior

sensibilização assumiram particular relevân-

visibilidade às empresas com práticas so-

cia. Contudo, um ano depois, apesar da im-


Responsabilidade Social

portância destas acções e de existirem intenções de continuar a promovê-las, os responsáveis pela Associação consolidaram a sua estratégia de actuação e optaram por

“A responsabilidade social

implementar uma linha de trabalho que bap-

deve ser entendida como um

tizaram de ‘Desenvolvimento da Comuni-

instrumento de gestão numa

dade’. “Procurámos passar os nossos objec-

empresa, a par de outros,

tivos e os benefícios que intrinsecamente

como o marketing, as boas

estão associados ao conceito ‘responsa-

práticas no âmbito da quali-

bilidade social’ da teoria à prática e organizá-

dade e a aposta na

mos projectos de intervenção com preo-

inovação.”

cupações sociais e ambientais que envolveram, de forma voluntária, os colaboradores das diferentes empresas associadas. Numa primeira experiência, que decorreu já este

Fernando Ribeiro Mendes, presidente da Direcção da RSE Portugal

ano, juntámos um grupo de pessoas na Tapada de Mafra para participar na limpeza do espaço

acreditam na missão da Associação e que es-

e que procurou inteirar-se também da política

tão igualmente empenhados em promover o

a seguir, com vista a recuperar e a revitalizar

conceito de responsabilidade social. Para

a Tapada depois do incêndio que destruiu

Fernando Ribeiro Mendes não interessam os

grande parte da reserva. À semelhança desta

números, mas sim “a convicção e a motiva-

iniciativa, pensamos desenvolver outras do

ção de todos aqueles que se querem agrupar,

género porque os resultados foram muito po-

em prol de uma nova consciência do contexto

sitivos”, sublinha Fernando Ribeiro Mendes.

social”. É por isso que a mensagem que o responsá-

Um projecto em crescimento

vel pela RSE Portugal ‘não se cansa’ de repetir

Como associadas da RSE Portugal, as em-

entendida como um instrumento de gestão

presas beneficiam de uma networking com

numa empresa, a par de outros, como o mar-

outros membros a nível nacional e europeu,

keting, as boas práticas no âmbito da quali-

forma mais concertada, para que se estimu-

de serviços de aconselhamento, e, em es-

dade e a aposta na inovação, por exemplo”.

lem políticas socialmente responsáveis e

pecial, de apoio à elaboração de relatórios

“Agir de uma forma integrada faz parte de

se actue de forma sistemática e consolidada.

sociais e à implementação e certificação da

um desenvolvimento estratégico que permite

Outro aspecto fundamental para o desen-

norma SA 8000. A Associação disponibiliza,

à empresa afirmar-se na sociedade como uma

volvimento do conceito passa, certamente,

ainda, formação no domínio da responsabi-

entidade bem sucedida em todos os planos”,

pelo posicionamento das pequenas e médias

lidade social dirigida a colaboradores das

diz, convicto, Fernando Ribeiro Mendes.

empresas, que desempenham também um

é que “a responsabilidade social deve ser

empresas associadas e informação sobre o

papel decisivo nesta área. E este é um dos pontos a que a RSE Portugal está atenta e

crescimento. “A Associação assume-se como

A importância da esfera pública

um facilitador das boas práticas, uma vez que

O presidente da RSE Portugal vai ainda mais

ferramentas de responsabilidade social. “Há

muitos dos seus associados procuram acon-

longe, quando chama a atenção para o facto

muitas PME que estão a dar sinais muito bons

selhamento no sentido de fortalecerem as

da ideia da responsabilidade social não estar

nesta matéria mas que, por razões várias, não

suas relações com a comunidade local e

associada apenas à esfera privada. No seu

entendem a responsabilidade social como

mesmo com os seus fornecedores e clien-

entender, para que o crescimento sustentável

uma área conceptual de gestão, motivo pelo

tes”, esclarece o presidente da RSE Portugal.

e a boa cidadania empresarial sejam cada vez

qual este é um dos pontos que a Associação

Para além dos membros fundadores, os mais

mais uma realidade entre nós, é fundamental

quer resolver. Contamos, para tal, com o apoio

recentes parceiros neste projecto são a In-

que se verifique um maior envolvimento da

incondicional das associações empresariais

tertek Labtest, a Jerónimo Martins, a KPMG,

administração pública e de outras entidades

e outros organismos nacionais, uma vez que

a Cushman & Wakefield, a Nike e o BES.

não governamentais. Chegou o momento,

estão mais próximos das PME e que sobre

Integra também a lista de associados da RSE

diz Fernando Ribeiro Mendes, de todos as-

elas exercem grande influência”, conclui

Portugal um grupo alargado de pessoas que

sumirem a responsabilidade social de uma

Fernando Ribeiro Mendes.

mercado de consultoria, uma área em franco

para a qual perspectiva, a médio prazo, adaptar

Revista do Grupo SGS Portugal

23


Responsabilidade Social

A metodologia utilizada pelo Observatório Nacional dos Recursos Humanos permite converter a monitorização da satisfação dos colaboradores numa ferramenta de apoio à gestão das empresas. E esta ferramenta adquire ainda maior relevância quando estudos recentes mostram que 30% dos resultados económicos numa organização podem ser explicados a partir dosindicadores de satisfação dos clientes e dos colaboradores. Em entrevista à SGS Global, João d’Orey, director do ONRH, em representação do parceiro Qual, explica como e porquê.

Pessoas

O activo mais importante das empresas Este consórcio procura desenvolver com a

10 000 questionários e espera-se, de acordo

isenção, a credibilidade e o rigor necessários

com os projectos em curso, que até ao final

a recolha, tratamento e comparação dos re-

de 2004 venhamos a ultrapassar a fasquia dos

sultados obtidos ao nível das pessoas nas

15 000.

organizações aderentes, criando-se um siste-

Refira-se ainda que, nos dois anos e meio de

ma de avaliação e compreensão dos facto-

existência deste projecto, algumas das entida-

res conducentes à satisfação, lealdade e en-

des acima indicadas repetiram já a avaliação

volvimento dos colaboradores, baseados num

da satisfação dos seus colaboradores.

conjunto de indicadores disponibilizados periodicamente. Podem assim definir-se referen-

Porquê e para quê medir o grau de satis-

ciais legítimos de comparação de valores e

fação dos recursos humanos?

O que é o Observatório Nacional de Recur-

resultados centrados nos colaboradores, tendo

A metodologia utilizada pelo Observatório,

sos Humanos?

por base parâmetros relevantes contemplados

nomeadamente através de um modelo estru-

O Observatório Nacional de Recursos Hu-

em modelos de satisfação dos colaboradores,

tural de equações, construído com base nas

manos (ONRH) é um projecto criado em 2002,

referenciais da qualidade e da excelência (co-

respostas ao inquérito efectuado aos colabo-

que tem por base uma parceria sólida esta-

mo as normas ISO 9000:2000 e o Modelo de

radores das organizações aderentes, permite

belecida por entidades com experiência vasta

Excelência da EFQM).

converter a monitorização da satisfação dos colaboradores numa verdadeira ferramenta

e com valências que se complementam na

24

consecução dos objectivos inerentes a um

Quantas empresas aderiram ao ONRH?

de apoio à gestão.

projecto desta natureza: APQ - Associação

Aderiram já ao ONRH as seguintes organiza-

A partir da construção dos modelos estatísti-

Portuguesa para a Qualidade, APG - Associa-

ções: Siemens, STCP, Celbi, Cires, TNT, Grupo

cos é possível identificar pormenorizadamen-

ção Portuguesa de Gestores e Técnicos de

Luís Simões, IEFP, CTT, CDSS do Porto e

te os domínios de intervenção prioritários,

Recursos Humanos, Qual - Formação e Ser-

ECFP, que cobrem vários sectores desde a

ou seja, aqueles que podem de facto poten-

viços em Gestão da Qualidade, Lda., e Qme-

indústria aos serviços, passando pelos trans-

ciar uma melhoria significativa ao nível da sa-

trics - Serviços de Consultoria, Gestão e Ava-

portes.

tisfação, lealdade e/ou envolvimento dos co-

liação da Qualidade e da Satisfação S.A..

No total, o Observatório já processou mais de

laboradores dentro da organização.

Revista do Grupo SGS Portugal


Responsabilidade Social

Barómetro a nível nacional

cacionada para responder a crescentes mani-

gica num país como Portugal, onde os sinais

É possível definir um padrão tipo para a

festações de interesse por parte das PME.

indicam cada vez mais que o futuro depende

satisfação dos colaboradores em Portugal?

Quanto à aplicabilidade em entidades públi-

essencialmente da capacidade de mobiliza-

A informação detalhada disponibilizada junto

cas, como referi, o ONRH conta já com a ade-

de cada empresa é estritamente confidencial,

são do Instituto de Emprego e Formação Pro-

sendo que o Observatório, enquanto baró-

fissional e do Centro Distrital de Segurança

metro nacional da satisfação do colaborador,

Social do Porto.

promove uma vez por ano a divulgação dos valores agregados disponíveis a partir de to-

Uma empresa socialmente responsável é

das as respostas dadas pelos colaboradores

uma empresa que mede a satisfação dos

das diversas organizações aderentes, pelo

seus colaboradores?

que são estes resultados, agregados a nível

A medição da satisfação dos colaboradores,

nacional, os únicos que são do domínio pú-

e actuação em consonância com os resulta-

blico.

dos obtidos, revela, por parte da empresa,

Com base neles é, então, possível identificar

um enfoque na responsabilidade social, na

vários aspectos transversais, tais como o

medida em que permite ter colaboradores

facto do valor médio da satisfação ser superior

mais motivados e com maiores níveis de

nas pessoas que ocupam lugares de chefia;

envolvimento e lealdade.

os graus de satisfação são particularmente elevados para quem trabalha há menos de

A responsabilidade social das empresas

um ano na organização, decaindo depois com

contribui para o desenvolvimento susten-

a antiguidade na mesma; a satisfação média

tável?

é tanto maior quanto mais elevado o nível de

As boas práticas no âmbito da responsabilida-

habilitações académicas; o sexo feminino ul-

de social são um investimento fulcral no activo

trapassa o masculino no que se refere ao

mais importante das empresas: as pessoas.

“A medição da satisfação

grau de satisfação alcançado e os níveis de

Frequentemente, alcançar padrões de ex-

dos colaboradores revela um

satisfação são mais elevados para jovens en-

celência ao nível dos processos internos de

enfoque na responsabilidade

tre os 18 e os 25 anos.

negócio e de clientes implica diferentes com-

social.”

petências e capacidades, o que passa por João d’Orey, director do ONRH

Esta ferramenta pode ser adequada às

mobilizar os colaboradores no sentido de

PME (a dimensão da imensa maioria das

atingir os objectivos estratégicos. Estudos

empresas nacionais) ou a instituições pú-

recentes mostram que 30% dos resultados

blicas, por exemplo?

económicos numa organização podem ser

ção, desenvolvimento e envolvimento dos

Sim. Em 2003 foi desenvolvida uma variante

explicados a partir dos indicadores de satis-

colaboradores no funcionamento, melhoria e

da nossa metodologia de trabalho, designada

fação dos clientes e dos colaboradores.

inovação das organizações, e, consequente-

abordagem simplificada, especialmente vo-

Esta questão redobra de pertinência estraté-

mente, do desenvolvimento sustentável.

Resultados disponíveis em Abril de 2004 Das 60 perguntas que integram o questionário, as que apresentaram uma resposta média mais elevada por parte dos colaboradores são as que dizem respeito à dedicação e emprenho da empresa, consciência da importância do trabalho para os objectivos da qualidade e satisfação dos clientes enquanto prioridade da empresa; as respostas com média mais baixa são as relativas ao nível de remuneração, justiça da remuneração face aos colegas e a possibilidade de participar na tomada de decisões. Os valores médios percentuais alcançados demonstram que os valores mais elevados correspondem ao Envolvimento, Qualidade e Lealdade, enquanto que os mais reduzidos dizem respeito ao Reconhecimento e Recompensa, Relações com chefias, Mudan-

Dimensões que integram o modelo de satisfação do colaborador Envolvimento Qualidade Lealdade Expectativas Política e estratégia Posto de trabalho Contexto organizacional Satisfação Cooperação e comunicação Mudança e inovação Relações com chefias Reconhecimento e recompensa

72,7% 65,7% 65,3% 56,1% 55,1% 53,2% 53,1% 52,5% 50,7% 50,3% 50,2% 42,8%

ça e inovação.

Revista do Grupo SGS Portugal

25


Turismo: O golfe em análise

Congresso Internacional de Golfe

À procura da sustentabilidade O 1º Congresso Internacional de Golfe reuniu na mesma assembleia especialistas, empresários do sector e representantes de diversas organizações. Em análise esteve o desenvolvimento desta actividade na região algarvia.

olfe, turismo e ambiente. A relação

G

grandes drivers da economia nacional, tendo

hotelaria. Mas o processo de desenvolvi-

entre estas três variáveis e a procura

presente a dinâmica empresarial do sector, as

mento do golfe, como um produto turístico,

de uma solução para a questão ‘Qual

nossas vantagens competitivas e o cresci-

gera um profundo impacto no território e pode

o futuro do golfe no Algarve?’, serviram de

mento do golfe nos destinos dos nossos prin-

provocar contrastes e mesmo desequilíbrios

mote a três dias de intensos debates, que

cipais concorrentes”, sublinhou Carlos Mar-

nos locais onde são construídos os campos.

reuniram no campus da Universidade do Al-

tins, secretário de Estado do Turismo, no en-

A discussão sobre o tema urge, sobretudo

garve centenas de especialistas, empresários

cerramento do congresso. Segundo este res-

porque já foram apresentados projectos para

do sector e representantes de diversas or-

ponsável, “o interesse estratégico desta ac-

mais 56 campos, 16 dos quais poderão ser

ganizações no 1º Congresso Internacional de

tividade para o turismo nacional”, impulsionou

construídos até 2009, dependendo do ritmo

Golfe. O estudo ‘O golfe no Algarve: O pre-

a realização de um “plano global de imagem

de aprovação dos respectivos licenciamentos.

sente e o futuro’, coordenado pelos professo-

e comunicação do produto golfe para o perío-

Neste ponto, os empresários do sector e os

res Victor Martins e Antónia Correia, serviu de

do 2005 /2006, que terá por base uma parce-

especialistas, nacionais e internacionais, pre-

‘pano de fundo’ à discussão. No documento

ria estratégica público-privada, e que será

sentes no congresso estão de acordo: é cru-

apresentado em Faro, o golfe é analisado numa

apresentado em breve pelo ministro do Turis-

cial planear com cuidado as regiões de turis-

perspectiva multidisciplinar e voltada para a

mo, [Telmo Correia]”.

mo de golfe, onde se inclui, naturalmente, o

sustentabilidade da actividade.

26

Algarve, a fim de compatibilizar os objectivos económicos e sociais com a sustentabilidade

dezenas de campos de golfe. Esta actividade

Crescimento versus sustentabilidade

emprega cerca de 2500 pessoas e representa

Nos últimos anos, a actividade do golfe co-

tório e com a comunidade local.

8% da receita turística nacional (cerca de 500

nheceu um crescimento significativo, em par-

A protecção do ambiente e dos recursos

mil euros). Mais de 40% da oferta está loca-

ticular na região do Algarve, onde existem três

naturais, designadamente da água, também

lizada no Algarve, sendo esta região o maior

dezenas de campos de golfe (com 18 bura-

estiveram no centro do debate. As práticas de

destino nacional deste produto.

cos). A actividade tem contribuído para ate-

gestão, como o uso e o tipo de pesticidas e

“Existe uma clara oportunidade de transformar

nuar a sazonalidade turística na região e para

nutrientes, e a quantidade de água empregue,

o turismo de golfe, hoje um cluster, num dos

a qualificação geral do imobiliário turístico e da

foram algumas das questões abordadas. A

Actualmente, funcionam no país mais de seis

Revista do Grupo SGS Portugal

do sector turístico, com o produto, com o terri-


Turismo: O golfe em análise

protecção ambiental e a implementação de

nacional, sendo que neste momento é o único

em muito podem contribuir para a satisfação

boas práticas ambientais nos campos de gol-

operador a trabalhar nesta área. Para Luís

dos utilizadores e dos accionistas de um campo

fe é, aliás, uma questão incontornável quando

Barrinha, director de certificação de Ambiente

de golfe”, disse.

se fala de sustentabilidade da actividade, por-

e Segurança da SGS, os benefícios da certi-

As vantagens da certificação foram, também,

que a qualidade e quantidade dos recursos

ficação são ‘visíveis’ a vários níveis: “As van-

referidas por alguns empresários presentes no

naturais podem constituir vantagens compe-

tagens existem, a médio prazo, para quem ge-

encontro, que fizeram questão de sublinhar o

titivas insubstituíveis.

re o campo no que diz respeito às reduções

impacto que a certificação do sistema de gestão

dos custos e à visibilidade do cumprimento

ambiental, nos campos por eles geridos, teve

Solução: certificação

legal. Também é possível verificar uma melho-

na redução de custos e na melhoria do desem-

Numa altura em que as críticas e as preo-

ria nas relações com as partes interessadas,

penho da empresa, confirmando, assim, uma

cupações ambientais sobem de tom, os em-

nomeadamente com as câmaras locais, com

das conclusões do estudo realizado pela Uni-

presários do sector procuram soluções que

os habitantes e com os próprios clientes, uma

versidade do Algarve. (ver textos seguintes)

diminuam os impactos ambientais directa-

vez que a certificação garante que o campo é

mente relacionados com a construção e a ex-

“realmente verde” e possui as características

ploração dos campos. Neste domínio, a cer-

desejáveis à prática da modalidade. Em última

tificação ambiental de sistemas e programas

análise, a implementação de um sistema de

de gestão tem ganho um maior protagonismo,

gestão ambiental, e a sua posterior certifica-

o que se reflecte no número cada vez maior

ção, contribuem para um aumento da vida do

de empresários que procuram esta ‘ferra-

campo, uma vez que promovem a utilização

menta’.

adequada dos recursos naturais”, defende o

Actualmente, seis campos algarvios possuem

director da SGS.

um sistema de gestão ambiental certificado

Na sua intervenção Luís Barrinha chamou ainda

de acordo com a norma ISO 14001.

a atenção para os três pilares fundamentais do

A SGS, que é líder em Portugal na certificação

referencial ISO 14000: “o cumprimento da le-

de campos de golfe, foi o primeiro organismo

gislação, a melhoria contínua e a prevenção da

de certificação a certificar um campo de golfe

poluição. Estes são os compromissos base de

no nosso país, segundo esta norma inter-

qualquer sistema de gestão ambiental e que

Luís Barrinha, director de certificação de Ambiente e Segurança da SGS

Lusotur Golfes

Um percurso que fez história A Lusotur Golfes S.A. foi a primeira empresa gestora de campos de golfe do mundo a ter o seu sistema de gestão ambiental certificado pela norma ISO 14001. A SGS auditou, certificou e acompanha os progressos realizados pela empresa no domínio ambiental.

A

“ António Henriques da Silva, administrador executivo da Lusotur Golfes

história de Vilamoura [região onde

há muito que a Lusotor assumiu o compromis-

se localizam os cinco campos de

so de alcançar os mais altos padrões de qua-

golfe geridos pela Lusotur Golfes]

lidade em todas as suas actividades, incluindo,

mistura-se com a história do golfe no Algarve

no centro desse compromisso, a qualidade do

e em Portugal”. A frase que abre a página da

ambiente. A Lusotur Golfes foi uma das primei-

Internet da Lusotur Golfes também se pode

ras empresas portuguesas a certificar o seu

aplicar à experiência da empresa gestora de

sistema de gestão ambiental de acordo com os

campos de golfe no domínio ambiental. De facto,

requisitos da norma internacional ISO 14001.

Revista do Grupo SGS Portugal

27


Turismo: O golfe em análise

Na Lusotur Golfes o programa ambiental

na monitorização e preservação de um im-

Uma aposta do grupo

incluiu a implementação de um sistema de

portante recurso natural: a água. Foram ad-

Para o grupo Lusotur as preocupações ambientais

gestão ambiental (SGA) em todos os seus

quiridos sensores de chuva e de humida-

não são recentes nem se restringem à Lusotur

cinco campos de golfe (com 18 buracos) – ‘The

de, que foram colocados nos campos, e uma

Golfes. “Desde 1996 que a Lusotur, sociedade

Old Course’, ‘Pinhal Golf Course’,’Laguna Golf

estação meteorológica, que nos fornece

promotora de Vilamoura, decidiu apostar na im-

Course’, ‘Millenium Golf Course’ e, o mais re-

informações sobre a humidade, a precipita-

plementação de uma filosofia de turismo de qua-

cente, ‘Victoria Clube de Golfe’ – e a definição

ção, a evaporação e a velocidade do vento,

lidade, da qual a preocupação com o ambiente é

de uma política ambiental. Esta última assenta

entre outras. Estes equipamentos estão

absolutamente indissociável”, explica Jorge

no cumprimento dos requisitos legais aplicá-

ligados aos sistemas de rega e são eles que

Moedas, director do Departamento da Qualidade

veis em matéria de ambiente, na protecção e

nos transmitem, todos os dias, a quantidade

e Ambiente da Lusotur. O compromisso assumi-

redução dos impactos sobre os ecossistemas,

de água que é necessária nos greens, tees

do então abrangeu todas as áreas de negócio do

na utilização racional dos recursos naturais e

e fairways. Anteriormente havia um maior

grupo – o seu core business é a actividade imobi-

energéticos e no desenvolvimento das me-

desperdício de água, uma vez que todo o

liária, mas a empresa tem também a seu cargo a

lhores práticas, na prevenção da poluição e

processo de rega era empírico. Também

gestão de campos de golfe, a gestão de marinas

num compromisso com a melhoria contínua

introduzimos novos procedimentos na ges-

e a gestão de praias.

do seu desempenho ambiental.

tão de resíduos. Por exemplo, para a subs-

No âmbito desta ‘nova’ filosofia, o grupo aderiu,

A SGS foi a empresa escolhida para audi-

tituição do óleo dos carrinhos de golfe pas-

em 1996, ao Green Globe, um programa promovido

tar, certificar e acompanhar os progressos

sou a ser necessário um registo escrito e o

da empresa no domínio ambiental.

óleo queimado é entregue a uma empresa

“Apesar de termos iniciado o processo de

que está licenciada para o transporte e tra-

implementação de SGA há cerca de sete

tamento deste tipo de resíduos”, explica o

anos, há muito que a protecção do ambiente

administrador executivo.

e a introdução de boas práticas ambientais

A preocupação com a qualificação e a forma-

é um factor essencial da estratégia do grupo

ção dos recursos humanos é outra das áreas

Lusotur”, afirma António Henriques da Silva,

que não foi descurada pela empresa. “Todos

administrador executivo da Lusotur Golfes.

os anos são realizadas acções de formação

De acordo com este responsável, a certi-

que abrangem desde os membros da Admi-

ficação tem-se assumido como uma “fer-

nistração até ao funcionário responsável pela

ramenta fundamental”, uma vez que “nos

mudança do óleo. E esta é uma peça funda-

obrigou a definir e a cumprir uma política

mental na prossecução da melhoria contínua,

ambiental, a monitorizar todos os proce-

porque há sempre aspectos a melhorar”,

dimentos e a prosseguir uma estratégia de

garante António Henriques da Silva.

melhoria contínua da nossa actividade”.

Os reflexos da implementação de sistemas

Jorge Moedas, director da Qualidade e Ambiente da Lusotur

pelo World Travel & Tourism Council, que define parâmetros de desenvolvimento sustentado,

28

de gestão ambiental são visíveis nos resultados da empresa. “No que se refere ao

serem respeitados pelos diversos agentes eco-

Certificação com bons resultados

nómicos que operam na área das viagens e do

Em Julho último a SGS auditou e certificou,

gundo ano registámos uma redução de 13%

turismo. “No caso da gestão dos campos de golfe

segundo os requisitos da norma ISO 14001,

e entre o primeiro e o terceiro essa diminui-

entendemos que, para garantirmos a sustenta-

o mais recente campo de golfe da Lusotur

ção foi de 22%. É preciso ter em conta que

bilidade desta área de negócio, seria importante

Golfes, o ‘Victoria Clube de Golfe’. “Hoje,

este cálculo não é muito fácil de fazer, uma

implementar um sistema de gestão ambiental,

em virtude da experiência que acumulámos

vez que este valor depende muito das con-

processo que teve início em 1997. Em virtude dos

ao longo destes anos, temos uma estrutura

dições climatéricas. No que se refere à utili-

resultados alcançados, depressa a Lusotur es-

bem montada. A preocupação com o am-

zação dos fitofármacos também houve uma

tendeu a implementação do SGA, primeiro à Marina

biente e a introdução de boas práticas teve

redução da sua utilização”.

de Vilamoura e, mais tarde, à Praia da Rocha Bai-

início logo na fase de concepção e construção

Será a certificação uma peça crucial no futu-

xinha (Praia da Falésia-Vilamoura), empreendi-

do campo ‘Victoria’, o que nos permitiu obter

ro desenvolvimento sustentado desta ac-

mentos que foram também certificados pela SGS.

a certificação do empreendimento antes

tividade no sul do país? António Henriques

“Em Julho deste ano a SGS certificou, segundo

mesmo deste ser oficialmente inaugurado”,

da Silva não tem dúvida: “A manutenção da

a norma ISO 9001:2000, a Marina de Vilamoura.

refere António Henriques da Silva. Mas nem

elevada qualidade do produto ‘golfe’ no

E estamos a trabalhar já na implementação da

sempre foi assim. Apesar da preocupação

Algarve é fundamental, e a certificação, quer

norma ISO 9001:2000 e na sua integração com o

ambiental e do fomento de boas práticas, a

a ambiental quer a da qualidade (estamos

SGA na Lusotur Golfes, sendo que este é o novo

Lusotur Golfes foi “obrigada” a fazer impor-

agora a implementar um sistema de ges-

desafio do grupo”, adianta Jorge Moedas.

tantes investimentos aquando da implemen-

tão da qualidade na Lusotur Golfes), são

tação do SGA nos seus campos de golfe.

‘ferramentas’ que o empresário não pode,

“Uma das áreas onde investimos mais foi

nem deve, desprezar”, afirma.

equilíbrio ambiental e protecção da natureza para

Revista do Grupo SGS Portugal

consumo de água, entre o primeiro e o se-


Turismo: O golfe em análise

Salgados Golfe

Um duplo desafio Em Janeiro deste ano o campo Salgados Golfe foi o primeiro, em Portugal, a ser certificado de acordo com os referenciais ISO 9001:2000 e ISO 14001, normas da qualidade e ambiente, respectivamente. Um duplo desafio que contou com o apoio da SGS e que será, em breve, reproduzido noutros campos de golfe do grupo Espírito Santo.

Pedro Silvestre, director-geral do Salgados Golfe

L

ocalizado entre Albufeira e Armação de

trou na diminuição do consumo de água, uma

Pêra, o campo de golfe dos Salgados

vez que construímos uma estação de trata-

foi construído no meio de um ecossis-

mento terciária que faz a desinfecção e fil-

tema de lagoas naturais, as quais se encon-

tração da água proveniente da ETAR e que é

tram protegidas pela Rede Natura 2000. Para

utilizada no campo. Mas, desde a imple-

campos de golfe operacionais e

a Direcção do Salgados Golfe, esta localiza-

mentação do SGA, houve melhorias signi-

outros tantos estão em fase de cons-

ção privilegiada acarreta maiores responsa-

ficativas na gestão e separação dos resíduos,

trução/ projecto. Em Agosto foi anun-

bilidades e preocupações com a protecção

na diminuição do uso de fitofármacos e no

ciada a constituição da Esay Golf

do meio ambiente e do ecossistema onde o

seu manuseamento, entre outros aspectos”,

Management, uma parceria com a

campo está inserido. A decisão de implemen-

sublinha Pedro Silvestre. “É preciso moni-

espanhola Aymerich Golf Manage-

tar um sistema de gestão ambiental foi o meio

torizar e controlar para melhor gerir os recur-

ment, que é, actualmente, respon-

encontrado para “reduzir o impacto da activi-

sos naturais e diminuir os impactos da activida-

sável pela gestão dos campos da

dade, proteger o ecossistema e, simultanea-

de, o que tem reflexos na preservação do

ESGolfe, dedicando-se também à

mente, comprovar que temos instituídas as

campo e das suas características”, defende

área de consultoria. Uma das primei-

melhores práticas ambientais. Como este é um

o director-geral do Salgados Golfe.

ras medidas anunciada por Pedro

ecossistema muito sensível (por vezes há pe-

Já o sistema de gestão da qualidade tornou-

Pereira Coutinho, director geral da

quenos problemas, como a morte de alguns

-se, para Pedro Silvestre, um poderoso alia-

Esay Golf Management, foi a de avan-

peixes) quisemos salvaguardar-nos de qual-

do na monitorização dos índices de satisfa-

çar com a certificação ambiental em

quer acusação que se possa traduzir numa má

ção dos clientes. “Os primeiros inquéritos fo-

todos os campos de golfe do grupo.

imagem para o campo”, justifica Pedro Silves-

ram realizados há dois anos e, de então para

A medida foi justificada pelo facto

tre, director-geral do Salgados Golfe.

cá, a evolução tem sido notória. Sempre que

Desde a sua construção, há dez anos, que o

registamos alguma falha, esta é detectada e

Salgados Golfe faz da protecção da natureza

actuamos num curto espaço de tempo”,

um dos seus objectivos. Aliás, este é, ainda,

afirma.

o único campo de golfe em Portugal a utili-

Acérrimo defensor da implementação de sis-

zar água reciclada para a rega, um procedi-

temas de gestão ambiental e da qualidade,

mento defendido há muito pelas autoridades

Pedro Silvestre defende que este é o caminho

portuguesas, mas que as empresas do sector

a seguir no futuro. “É uma questão de tempo

tardam em adoptar. “Ao contrário do que é

até todos os campos de golfe estarem cer-

habitual, a nossa preocupação não se cen-

tificados”, afirma.

Novas certificações A ESGolfe detém actualmente seis

“desta ser a melhor forma de fomentar a conservação da natureza e da vida animal nas zonas de golfe e, simultaneamente, a de garantir uma boa gestão dos campos”.

Revista do Grupo SGS Portugal

29


Turismo: O golfe em análise

O Golfe no Algarve

O presente e o futuro Fazer um diagnóstico da situação actual e delinear possíveis rumos para o golfe na região, foram os dois grandes objectivos do estudo realizado pela Universidade do Algarve.

O que acontece é que há campos a vender perto de 50 mil voltas/ano”, sublinha. A pressão sobre os recursos naturais remete-nos para outra das vertentes analisadas n’ ‘O golfe no Algarve’: a ambiental, que assume um papel importante, ou não fosse o golfe,

O

30

impacto económico e empresarial

quando medidos os seus impactos directos

“de entre os jogos que utilizam o solo como

da actividade do golfe nesta região

e indirectos, representa cerca de 8,5% das

suporte, aquele que provavelmente terá uma

é grande e bastante positivo”, come-

receitas totais da NUT II Algarve em matéria

interacção mais forte com o ambiente”.

ça por explicar Victor Martins, um dos coor-

de turismo para os dados consolidados de

denadores do estudo ‘O golfe no Algarve: O

2002. Este é um dado a todos os níveis as-

A aposta na certificação

presente e o futuro’.

sinalável para um produto que tem os seus

A este nível, o estudo revela que, embora

Tomando como referência o ano de 2002 – o

picos de procura fora da época alta de vera-

não se registem grandes agressões ao meio

diagnóstico arrancou nesse ano para terminar

neio”, pode ler-se no documento.

ambiente, “há uma grande margem a me-

em 2003 – “verifica-se que o golfe é respon-

“O golfe é em si uma actividade bastante

lhorar relativamente ao desempenho ambien-

sável por uma receita total na região de cerca

rentável, mesmo sem os tradicionais negócios

tal médio dos campos de golfe. Deve-se

de 337 milhões de euros”. Apenas 25,7%

âncora, como a hotelaria”, acrescenta Antónia

destacar que a melhoria necessária no de-

desta verba é gasta dentro do próprio campo

Correia, professora da Universidade do Algar-

sempenho ambiental dos campos pode ser

de golfe. A maior parte, 74,3% é despendida

ve e uma das responsáveis pelo diagnóstico.

incrementada pela implementação siste-

fora do campo e reparte-se entre “alojamento,

“O negócio tem um break even point na or-

mática de ferramentas de gestão ambiental”.

transportes internos e alimentação e bebidas”.

dem das 17 mil voltas/ano, mas em termos

Actualmente, “17% dos campos de golfe em

A análise ressalva que “a indústria do golfe,

ideais um campo pode vender 35 mil voltas/ano.

análise encontram-se certificados ambien-

Revista do Grupo SGS Portugal


Turismo: O golfe em análise

talmente (de acordo com a norma ISO 14001); em 37% foram definidas políticas ambientais e em 30% foram implementados programas ambientais (sete de acordo com o Committed to Green, um com o Audubon e outro com a norma ISO 14001), o que demonstra a preocupação dos gestores destes campos em identificarem e integrarem os aspectos ambientais na gestão da sua actividade”, ressalva o estudo. Sobre este aspecto, Victor Martins chama a atenção para o facto de “os campos com as melhores performances (ambientais e de resultados do negócio), serem aqueles que implementaram e certificaram o seu sistema de gestão ambiental. Depois, em termos de resultados, temos os campos que, embora não se encontrem certificados, já instituíram boas práticas ambientais. Contudo,

Victor Martins e Antónia Correia, responsáveis pelo estudo ‘O Golfe no Algarve’

em cerca de 30% dos campos visitados ainda se verificam consumos excessivos de água (nalguns casos cerca de três vezes mais do que o consumo registado num campo certificado) e de fitofármacos. Do ponto de vista empresarial há, nestes casos, uma má gestão e uma má racionalização dos custos. Isto só acontece quando um recurso não tem um preço que obrigue o empresário a pensar duas vezes antes de gastar”, sublinha o professor.

“Um desenvolvimento sustentável para o golfe no Algarve nos próximos 15 anos deverá pautar-se por um crescimento moderado da oferta de campos. Traçados vários cenários para o desenvolvimento da actividade, o estudo conclui que o número de campos poderá situar-se num intervalo entre 29 (número actual de campos com 18 buracos) e 41.”

À procura do equilíbrio O desenvolvimento sustentável para o golfe no Algarve nos próximos 15 anos deverá pautar-se por um crescimento moderado da

as ópticas empresarial, sócio-económica e

a este destino”, alerta também Victor Martins.

oferta de campos. Traçados vários cenários

ambiental num sentido positivo. Será nesse

O coordenador do estudo salienta ainda que,

para o desenvolvimento da actividade, o

intervalo [29-41] que serão maximizados os

no futuro, os impactos ambientais só não se-

estudo conclui que o número de campos

benefícios: o crescimento de uma procura de

rão um problema para a região se forem adop-

poderá situar-se num intervalo entre 29 (nú-

qualidade será satisfeito, o nível médio de

tadas boas práticas e sistemas de gestão dos

mero actual de campos com 18 buracos) e

preços praticados poderá ser mantido, a ren-

recursos naturais.

41. Este número, de acordo com o indicado

dibilidade das empresas assegurada, enquan-

Refira-se que o estudo ‘O golfe no Algarve:

no relatório, deve ser entendido como o limite

to os efeitos sobre a economia da região cres-

O presente e o futuro’ foi realizado pela Uni-

máximo da oferta, o que não significa que

cerão proporcionalmente à actividade”, lê-se

versidade do Algarve entre 2002 e 2003, ten-

seja o mais favorável, quer para as empresas

no documento.

do a análise incidido sobre 29 campos de

quer para o ambiente. “Com efeito, os índices

Mas este cenário pode, infelizmente, ser con-

golfe (18 buracos). O diagnóstico contou com

de rendibilidade média observados na pro-

trariado se a tendência para a “massificação”

o apoio dos empresários e associações do

ximidade deste número começam a ter va-

persistir. “Com um aumento excessivo da

sector, como a AHETA - Associação dos

lores muito próximos do zero”.

oferta a tendência do empresário será a de

Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Al-

Segundo Antónia Correia, a sustentabilidade

diminuir o preço, baixando o padrão da quali-

garve, da Algarve Golfe, e da Comissão de

da actividade reside no equilíbrio entre os di-

dade, o que pode pôr em causa o elevado

Coordenação e Desenvolvimento Regional

ferentes vectores. “É possível compatibilizar

padrão da qualidade associado actualmente

do Algarve. Revista do Grupo SGS Portugal

31


Turismo: O golfe em análise

Na encruzilhada do desenvolvimento manter e gerir os actuais níveis de crescimento, sem que se registe uma degradação dos padrões sociais e ambientais. No que concerne à actividade do golfe, o Algarve está a sair da “adolescência” e a entrar na “vida adulta”. Por isso, este é o momento certo para se analisar a situação e definir, em linhas gerais, o seu futuro. Como caracteriza a relação que existe entre o golfe e o turismo? É uma relação natural. Estas duas actividades são indissociáveis. Quantos mais campos [de golfe], mais turistas. Quantos mais turistas maior é a tendência para se construírem novos campos. O problema é que um crescimento baseado simplesmente nestas duas premissas não pode continuar por muito mais tempo, porque há limites naturais ao crescimento.

Depois de um período de grande crescimento da actividade do golfe, o Algarve encontra-se hoje numa ‘encruzilhada’. Para o especialista norte-americano Arch Woodside, a certificação ambiental é um mecanismo fundamental para alcançar a tão almejada sustentabilidade económica, social e ambiental.

32

Revista do Grupo SGS Portugal

Podemos falar de três níveis de impacto: o imediato, a médio prazo e a longo prazo. Só no final do período intermédio é que os impactos negativos do crescimento se tornam visíveis. Por exemplo, com o desenvolvimento imobiliário, resultante da construção de novos campos, a população local Arch Woodside

irá sentir uma diminuição do poder de aquisição de novas habitações. A nível ambiental as pressões sobre os recursos naturais também vão aumentar. Só para ter uma ideia, na região do Mediter-

Nos últimos anos o golfe cresceu de for-

râneo existem actualmente cerca de 200

ma exponencial no Algarve. Como avalia

campos de golfe, os quais consomem um

este crescimento, bem como os seus im-

volume de água semelhante ao de uma

pactos na região?

cidade de 12 000 habitantes. Os efeitos de

A actividade de golfe atravessa hoje uma

um crescimento desequilibrado são já vi-

fase bastante positiva, de grande cresci-

síveis nalguns países, como a Turquia, que

mento. O Algarve foi uma das últimas re-

é, aliás, um exemplo paradigmático, onde

giões da Europa a desenvolver a actividade

se verificam consumos elevadíssimos de

e possui condições naturais fantásticas para

água e um sub-desenvolvimento da popula-

a prática da modalidade. A grande questão

ção local. As hipóteses do Algarve vir a sofrer

que se coloca agora prende-se com a ca-

problemas semelhantes no futuro são muito

pacidade das autoridades locais saberem

elevadas, o que não é desejável.


Turismo: O golfe em análise

A importância da certificação Que papel pode desempenhar a certificação ambiental no controlo dos impactos negativos provocados pelo crescimento da actividade? Em minha opinião desempenha um papel fundamental. Lado a lado com a necessidade de uma maior intervenção das autoridades centrais, no regulamento e no controlo da expansão dos campos de golfe. O Algarve alberga cerca de três dezenas de campos de golfe. A questão que se coloca é: Poderá albergar 40, 60 ou 80 campos? Tecnicamente até pode, mas quais os efeitos deste crescimento a nível ambiental? Existe uma relação, um feed-back, entre o ambiente e os negócios. O que se tem verificado é que, a longo prazo, o que é melhor para os negócios é, também, o melhor para o ambiente. Mas não podemos colocar a tónica desta discussão

Quem é Arch Woodside?

apenas na questão económica, urge também

O golfe é, hoje, uma actividade extremamen-

encontrar soluções ambientais. Por exemplo,

te rentável, mas os empresários não podem

no Estado da Louisiana, onde vivi, a dada altura

ser os únicos a beneficiar. É preciso estender

os problemas ambientais existentes, desi-

os efeitos positivos, não só económicos, mas

Arch Woodside é professor de

gnadamente os elevados níveis de poluição,

também sociais e ambientais, à população

marketing na Carroll School of

vieram pôr em causa o próprio crescimento

local. Esta é uma mensagem que nem to-

Management, do Boston College

económico deste Estado.

dos os empresários gostam de ouvir. Contu-

(EUA), autor e co-autor de

Se se observarem os relatórios económicos

do, em última análise, é preciso que compre-

vários obras, como “Middle-range

que existem para esta região portuguesa, é

endam que havendo problemas ambientais,

theory construction of the

possível verificar duas coisas: em primeiro

de saúde pública, entre outros, haverá reflexos

dynamics of organizational

lugar, estes tendem a minimizar a importância

negativos para a sua actividade turística.

marketing-buying behaver”

dos impactos ambientais e, em segundo, as

(2003) e “Comparing Consumers’

associações e organizações ambientais ainda

Falou da região do Mediterrâneo como um

plans and actual behavior”

não são encaradas pelas autoridades centrais

mau exemplo. E exemplos positivos de

(a editar só em 2005). Este

como parceiras no processo de decisão, mas

países que conseguiram ultrapassar os

especialista norte-americano

antes como um problema a ultrapassar. O

efeitos negativos do crescimento? Ou é

é membro da Sociedade Real

estudo que foi aqui apresentado surge em

impossível falar de um crescimento sus-

do Canadá, da Sociedade para

muito boa hora.

tentável desta actividade?

o Avanço do Marketing e da

Há vários exemplos. A Costa Rica e a Tas-

Sociedade de Psicologia Ameri-

Entre bons e maus exemplos

mânia constituem dois bons exemplos. Am-

cana. É o editor principal do

bos têm uma extensa actividade de golfe

Journal of Business Research

A mensagem que deixou neste congresso

“amiga do ambiente”, mas em ambos foram

e editor do Designing Winning

não parece ser muito positiva…

tomadas medidas preventivas que limitam o

Products. É, ainda, membro da

É uma mensagem moderada. O Algarve não

crescimento desmesurado do número de

Academia Internacional de

pode continuar a registar um elevado ritmo

campos de golfe. Simultaneamente, nos cam-

Investigação de Turismo e

de crescimento do número de campos de

pos existentes foram privilegiadas as espé-

co-fundador do Advertising

golfe sem que se verifiquem também impac-

cies e o habitat locais, havendo pouca inter-

and Consumer Psychology

tos negativos. E esta é uma discussão que é

venção a este nível.

Symposium. Arch Woodside

preciso trazer a público. Para alcançar um de-

trabalhou como consultor de

senvolvimento sustentável é preciso que haja

O Algarve ainda é um bom exemplo que

marketing e gestão de turismo

uma maior acção preventiva, legisladora e

queira mencionar nas lições que profere?

para o Governo australiano,

fiscalizadora por parte do Estado. A preo-

Por agora é um exemplo fantástico. Mas é

para o Estado do Hawai e para

cupação e a manutenção de boas práticas

preciso compreender que esta região está

o Estado da Carolina do Norte.

ambientais é, igualmente, uma questão fun-

numa ‘encruzilhada’ e que é preciso precaver

damental.

e acautelar o futuro. Revista do Grupo SGS Portugal

33


Empresa Certificada

Derovo – Ovolution

O ovo em evolução “Investimos na melhor tecnologia disponível na Europa, a tecnologia de pasteurização Tetra Pack, factor que se revelou essencial para garantirmos a qualidade dos produtos e também para ganharmos a confiança dos nossos clientes. Inicialmente, apostámos na indústria de grande consumo, tal como o fizeram a Dan Cake e a Confeitaria Carlos Gonçalves (que são, inclusive, nossos clientes), para conseguirmos criar a capacidade produtiva necessária ao desenvolvimento da empresa. Porém, o nível de consumo ficou abaixo do previsto e rapidamente percebemos que tínhamos de adaptar as linhas de enchimento a outros segmentos de mercado, nomeadamente à restauração colectiva e ao sector horeca”, lembra Amândio Santos, director geral da Derovo. Em 1998, a fábrica já estava, por isso, apetrechada para encher embalagens de 1 e 20 kgs e os ovos líquidos pasteurizados come-

Amândio Santos, director geral

çavam a chegar a todos os segmentos de mercado, motivo pelo qual os resultados não tardaram. “A Eurest, empresa líder do mercado da restauração colectiva em Portugal,

A Derovo – Derivados de Ovo, SA, é a única empresa de ovoprodutos em Portugal. Criada em Julho de 1996, aposta na inovação e qualidade para se afirmar num mercado em que as importações ainda dominam.

34

Revista do Grupo SGS Portugal

A

lém de única, esta empresa resulta

fez então um importante trabalho connosco

da união de 70 avicultores, num uni-

e hoje, enquanto seus fornecedores, abas-

verso de 140, que representam

tecemos a grande maioria das escolas, hos-

cerca de 75% da produção ovípara nacional,

pitais e cantinas do país”, diz Amândio Santos.

para fazer face à crise de sobreprodução e início da década de 90.

Garantir a qualidade de processos e matérias-primas

Sedeada em Pombal, a Derovo produz actual-

Foi também em 1998 que o sistema de gestão

mente 7500 kg de ovoprodutos/hora e 15

da qualidade começou a ser estruturado e

milhões/ano, o correspondente a cerca de

implementado, processo que culminou em

8% dos ovoprodutos consumidos em Por-

2000 com a certificação de acordo com a

tugal.

norma ISO 9001:2000, atribuída pela SGS.

Um ano depois de entrar em funcionamento,

Este trabalho representa, por isso, o início de

a Derovo começou a exportar para Espanha

uma parceria que ainda hoje se mantém e

o seu primeiro ovoproduto e a sua primeira ino-

que, como defende o director geral da Derovo,

vação em formato de embalagem (ovo líqui-

é para aprofundar no futuro.

do pasteurizado em embalagens de 1000 kg –

“Queríamos que a certificação servisse para

o “ovo quadrado”), estratégia que compen-

nos ajudar a melhorar os processos e que o

sou o forte investimento realizado na capa-

parceiro com quem viéssemos a trabalhar

citação e compra de equipamentos para a

nos desse a garantia de que era (e é!) de facto

indústria de grande consumo. Hoje em dia,

o mais indicado para os nossos objectivos e

e fruto desta orientação, 70% da produção

preocupações em relação à qualidade e se-

da empresa é colocada no mercado vizinho.

gurança dos nossos produtos. A SGS, com

retracção do consumo que o sector viveu no


Empresa Certificada

“Em 2003 a SGS certificou o sistema HACCP da Derovo e, se tudo correr como previsto, em 2005 irá certificar o sistema de gestão ambiental. Em 2005 iniciar-se-á também o processo de certificação do produto.”

a experiência que detém no sector alimentar,

balagens grandes para a indústria), e este ano

o rigor, a ética, e a exigência que coloca nas

desenvolvemos o ovo em spray, que é usado

auditorias e o reconhecimento de que goza

por um nicho muito específico do mercado

a nível mundial, pareceu-nos o parceiro ade-

(pastelaria). Entretanto, no início de 2003, de-

quado. E, de facto, é uma empresa em que

senvolvemos e patenteamos o Fullprotein,

podemos confiar, que tem bons profissionais

uma bebida muito agradável feita à base de

e que tem uma boa imagem junto do mer-

clara de ovo, muito procurada nos ginásios

cado”, sublinha Amândio Santos.

por quem pratica desporto de forma intensiva

Em 2002, a Derovo recebeu o galardão “Egg

e necessita de alimentação rica em proteínas.

Product Company of the Year” (Melhor Em-

É uma bebida saudável, cuja receptividade

presa de Ovoprodutos do Mundo), atribuído

tem sido positiva, o que nos levou a desen-

pelo International Egg Comission, com sede

volver novos produtos na gama da alimentação

em Londres e que confirma a excelência, o

saudável. Até ao final do ano iremos colocar

rigor e a qualidade das matérias-primas e dos

no mercado uma barra de cereais enriquecida

processos implementados. E que confirma

com proteína de ovo. Este produto, que vai

igualmente que a empresa está a conseguir

chamar-se ‘Fullsnack’, está a ser desenvolvido

seguir o caminho definido.

em consórcio com empresas estrangeiras, mas a Derovo fica com a exclusividade da sua

HACCP e outros voos

produção e comercialização em Portugal.

Em 2003 a SGS certificou o sistema HACCP

Estamos igualmente a trabalhar no sentido

da Derovo e, se tudo correr como previsto,

de em Abril do próximo ano, durante a

em 2005 irá certificar o sistema de gestão

Alimentária, conseguirmos apresentar um

ambiental, que a empresa já está a imple-

conjunto de novos produtos na área das so-

mentar. Em 2005 iniciar-se-á também o pro-

bremesas líquidas e queremos que todos eles

cesso de certificação do produto ou, mais

obtenham em breve a certificação do produto

precisamente, dos ovoprodutos, uma vez que

da SGS”.

a Derovo já não se limita a produzir ovo líquido

E porque a Derovo ‘não brinca em serviço’

pasteurizado e a inovação não se ficou pelo

em matéria de segurança, vai criar um código

“ovo quadrado”, alusivo à caixa onde o come-

de boas práticas que garanta o controlo da

çou a embalar. A par dos desenvolvimentos

produção a montante. “Os produtores que

internos, a Derovo conseguiu penetrar no

nos fornecem – que no caso são os accionis-

mercado do catering para aviação com ome-

tas da empresa – já estão a implementar

letes que distribui em exclusivo no mercado

sistemas de gestão da qualidade e/ou de au-

português e é fornecedora da matéria-prima

to-controlo impostos pela legislação em vigor.

de uma marca de doce de ovos para recheio

Mas queremos ir mais longe e criar um códi-

e cobertura importada pela indústria alimentar

go de boas práticas para o sector ovípara, para

nacional.

garantirmos que nada falha desde o início da

Ao nível da produção interna, como explica

cadeia. E também aqui iremos aprofundar a

Amândio Santos, “a Derovo entendeu que

relação de parceria com a SGS, pois enquanto

deveria continuar a inovar e a alargar a oferta

entidade terceira, independente e idónea,

de produtos. Em 2003 começámos a produzir

pode fazer as auditorias e assegurar que todos

ovo cozido (em embalagens pequenas para

os processos são devidamente controlados”,

os mercados horeca e catering e em em-

conclui o director geral da Derovo.

Investigação e tecnologia sempre em evolução na Derovo

Revista do Grupo SGS Portugal

35


Eventos & Notícias

Palestra sobre dioxinas e furanos A SGS organizou uma palestra de sensibilização sobre dioxinas e furanos para alguns dos seus clientes do Laboratório Alimentar, assim como para representantes da Indústria e da Distribuição.

Directiva de equipamentos sob pressão: acordos internacionais SGS

O

rientada por Marc Van Ryckeghem, responsável do Instituto de Cromatografia Aplicada do Laboratório SGS

36

Conferência «Mercado do carbono: oportunidades para as empresas»

Bélgica, a palestra teve como objectivo sen-

O mercado do carbono encontra-se numa

sibilizar os participantes para as graves con-

fase decisiva, quer em termos de decisões

sequências dos poluentes orgânicos persis-

políticas quer em termos de definição de

tentes (POP).

políticas empresariais.

Num grupo vulgarmente denominado dioxinas,

A conferência ‘Mercado do carbono: oportuni-

está integrado um conjunto de 210 diferentes

dades para as empresas’ tem como objectivo

compostos que contêm carbono, oxigénio e

reflectir e discutir o mercado do carbono como

cloro como constituintes base, sendo que, deste

oportunidade para a indústria portuguesa ate-

conjunto, apenas 17 são tóxicos.

nuar os efeitos das alterações climáticas, re-

O Instituto de Cromatografia Aplicada é o cen-

converter a sua tecnologia e ainda beneficiar

tro de competências do Grupo SGS, no âmbito

da venda de créditos de emissão.

de análises a dioxinas. O Laboratório da SGS

Mais Informações

Bélgica tem sido um dos centros de emissão

Tel.: 218 111 302 · Fax: 218 111 300

de resultados em diversas crises de conta-

E-mail: josegoncalves@about.pt

minação nos últimos anos.

www.ambienteonline.pt/conferencia/carbono

Revista do Grupo SGS Portugal

A SGS Portugal é organismo notificado de acordo com a Directiva 97/23/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 29 de Maio, relativa aos equipamentos sob pressão. Através de acordos internacionais com as afiliadas do Grupo, a SGS Portugal está, actualmente, a efectuar a certificação de conformidade de equipamentos sob pressão na Bélgica, Itália e Roménia. De momento, estão a decorrer negociações com outros países emergentes do Leste da Europa, entre outros.


Eventos & Notícias

I Congresso sobre

Construção Sustentável

Semana Europeia da Segurança e da Saúde no Trabalho 2004 ‘ onstruir em Segurança’ é o tema da

C

maior campanha de sempre da UE, que

visa reduzir os elevados custos humanos e financeiros resultantes da fraqueza das nor-

I

rá realizar-se, nos próximos dias 28 e 29 de

mas de segurança no sector da construção

Outubro, o I Congresso sobre Construção

na Europa.

Sustentável, na EXPONOR, em Leça da Pal-

A campanha ‘Construir em Segurança’ cul-

meira, Matosinhos, que pretende constituir

mina na anual Semana Europeia da Segu-

um fórum de reflexão sobre a temática da

rança e da Saúde (18-22 de Outubro de 2004),

construção sustentável.

e coloca em destaque os riscos para a segu-

Este evento tem como principais objectivos:

rança e a saúde no sector da construção na

Abordar o estado da arte sobre a Cons-

Europa, bem como possíveis soluções, em

trução Sustentável em Portugal e na Europa.

mais de 30 países do continente, o que a

Potenciar o conhecimento do Plano Nacio-

torna a maior campanha de sempre deste

nal de Desenvolvimento Sustentável.

tipo.

Debater aspectos de regulamentação,

Este é, também, o tema do Seminário que a

regime jurídico e certificação associados às

Associação Industrial do Minho, o IDITE--Mi-

actividades de construção e obras públicas.

nho e a SGS Portugal apresentaram em par-

Discutir a problemática da construção bio-

dos Engenheiros (OE), da Associação Portu-

ceria no dia 19 de Outubro, em Braga. O

climática.

guesa de Comerciantes de Materiais de Cons-

evento teve como objectivos apresentar aos

Constituir um espaço de reflexão sobre es-

trução (APCMC) e do Núcleo Regional Norte

agentes envolvidos no sector da construção

tratégias de gestão integradas de resíduos

(NRN) da Associação Portuguesa de Enge-

civil a legislação relativa à segurança no tra-

da construção e demolição.

nheiros do Ambiente (APEA).

balho, as vantagens da segurança e os bene-

Apresentar conhecimentos e desenvolvi-

fícios de alcançar uma certificação pelas

mentos científicos, inovações, tecnologias e

Para mais informações, por favor, contacte:

OHSAS 18001.

recursos disponíveis no âmbito da Construção

Secretariado do I Congresso sobre Cons-

O IDITE-MINHO e a SGS aproveitaram a oca-

Sustentável.

trução Sustentável

sião para dar a conhecer aos participantes a

Promover o intercâmbio de experiências

Ordem dos Engenheiros - Região Norte

legislação comunitária relativa à Marcação

entre os profissionais do sector.

R. Rodrigues Sampaio, 123

CE de materiais de construção, obrigatória

A Organização do I Congresso sobre Constru-

4000-425 PORTO

desde 1 de Junho deste ano, sendo que, sem

ção Sustentável é da responsabilidade do

Telefone: (+351) 222 054 102 / 222 087 661

ela, os produtos agregados não podem ser

Conselho Regional Norte do Colégio de En-

Fax: (+351) 222 039 647

comercializados legalmente no mercado

genharia do Ambiente (CRNCEA) da Ordem

E-mail: cs2004@ordemdosengenheiros.pt

comunitário.

Assinado acordo com

Associação das Empresas de Vinho do Porto A SGS celebrou um acordo com a Associação

este precioso néctar, conhecer o seu percurso

das Empresas de Vinho do Porto (AEVP),

ao longo dos tempos, a região onde é produ-

para a avaliação da qualidade do serviço pres-

zido e a forma como é obtido.

tado e das condições de funcionamento dos

Esta avaliação será efectuada de acordo com

Centros de Visita das Caves do Vinho do Porto.

uma check-list elaborada em colaboração com

As caves de Vinho do Porto são o local privile-

a AEVP e em concordância com o seu regula-

giado para tomar contacto com esta bebida

mento interno. O acordo abrange as instala-

nacional e toda a sua história. Abertas ao pú-

ções dos 17 Centros de Visita das Caves das

blico, oferecem a oportunidade de degustar

empresas associadas da AEVP.

Revista do Grupo SGS Portugal

37


Eventos & Notícias

Select Recursos Humanos

recebe certificação da qualidade

Navegar Para saber mais informação sobre todos os temas abordados nesta edição da revista SGS Global, consulte os sites indicados já a seguir. De Portugal ao resto do mundo, há muitos dados para descobrir!

Select Recursos Humanos, em-

Portugal

presa líder em serviços de ce-

http://www.bcsdportugal.org/

A

Conselho Empresarial para o Desenvolvimento

dência de pessoal em regime de tra-

Sustentável em Portugal (BCSD Portugal)

balho temporário, acaba de ver o seu

http://www.agencia.ecclesia.pt/pub/

Sistema de Gestão da Qualidade re-

40/default.asp?jornalid=40

conhecido pela SGS ICS, de acordo

Associação Cristã de Empresários

com os requisitos da norma ISO 9001:-

e Gestores (ACEGE)

2000.

http://www.icep.pt/empresas/dirempmulti.asp

Mário Costa, administrador delegado

Directrizes Para As Empresas Multinacionais -

da Select Recursos Humanos, afir-

Responsabilidade Social das Empresas do ICEP

mou: "A certificação do nosso siste-

http://www.fpg.pt/

ma de gestão foi mais um passo im-

Federação Portuguesa de Golfe

portante para a cultura da qualidade

www.ualg.pt/anuncios/Divulgacao/ golfe/GolfeCenarios.PDF

que a nossa empresa tem vindo a seguir. Este trabalho não se esgota com a cer-

O certificado constitui o reconhecimento

tificação, pelo que teremos de prosseguir

do empenho colocado por todos os colabo-

com o objectivo de aumentar, ainda mais, os

radores da Select Recursos Humanos na

níveis de eficiência e a qualidade global do

implementação do Sistema de Gestão da

serviço que prestamos aos nossos clientes."

Qualidade.

Estudo sobre o golfe no Algarve, da Universidade do Algarve

União Europeia http://www.csreurope.org/ CSR Europe, organização não lucrativa que promove a responsabilidade social das empresas

SGS ICS certifica produtos de construção agregados da Secil Britas Secil Britas S.A. acaba de ver os seus produtos de construção agregados certificados

A

pela SGS ICS, no âmbito da directiva 89/106/CEE, obtendo, assim, a Marcação CE.

A SGS ICS avaliou a conformidade dos seguintes produtos: agregados para betão, agregados

http://www.bsr.org Business for Social Responsibility (BSR), organização internacional não lucrativa que promove as responsabilidade social das empresas http://www.wbcsd.org/ World Business Council for Sustainable

para misturas betuminosas e tratamentos superficiais em estradas, aeroportos e outras

Development (WBCSD), Conselho Empresarial

áreas sujeitas à acção de tráfego, agregados para argamassa, agregados para materiais

Mundial para o Desenvolvimento Sustentável

granulares não-tratados e para materiais com ligantes hidráulicos para utilização em

http://www.unglobalcompact.org/

trabalhos de engenharia civil e construção de estradas, agregados para estruturas de

The Global Compact, iniciativa das Nações

protecção marítima e agregados para balastros de

Unidas para a responsabilidade social das

vias-férreas.

empresas

Neste processo, a SGS ICS verificou o cumprimento

http://www.sa-intl.org/

dos requisitos essenciais de segurança dos produtos, como a resistência mecânica e estabilidade, a segurança na utilização, entre outros, e a sua aptidão para

organização que a responsabilidade social das empresas e a certificação de acordo com a SA 8000 http://www.socialfunds.com/

Refira-se que a Secil Britas já possuía o seu Sistema

Site dedicado ao investimento socialmente

de Gestão da Qualidade certificado pela SGS ICS

responsável

desde Março de 2000.

http://www.sustainablebusiness.com/

A Marcação CE de agregados é obrigatória desde

Site dedicado ao investimento socialmente

1 de Junho deste ano, sendo que sem ela os pro-

responsável

no mercado comunitário. Revista do Grupo SGS Portugal

Social Accountability International (SAI),

o uso a que se destinam.

dutos não podem ser comercializados legalmente

38

Internacional


Eventos & Notícias

Reforço da equipa em Portugal

Anabela Gonçalves

Francisco Palma

Pedro de Melo

O

Grupo SGS Portugal acaba de reforçar

(Gestão de sistemas industriais e de produ-

pelo Departamento de Segurança da Divisão

a sua equipa com a nomeação de novos

ção) pelo INETI. Anteriormente, era respon-

Industrial do Grupo SGS em Portugal. Licencia-

colaboradores: Anabela Gonçalves, Francisco

sável pela implementação e gestão de uma

do em Engenharia Mecânica, pela Faculdade

Palma, Pedro de Melo e Tomé Pintão. Estas

nova unidade de negócios do Banco FIAT Bra-

de Ciências e Tecnologia da Universidade de

nomeações reforçam a aposta do Grupo nas

sil, com a missão de desenvolver e comercia-

Coimbra, possui uma pós-graduação em Higie-

componentes de supervisão, inspecção e co-

lizar um vasto conjunto de serviços de mobili-

ne e Segurança pelo Instituto Superior Técni-

ordenação da segurança nos sectores da

dade e Customer Relationship Marketing pa-

indústria e da construção.

ra o sector automóvel.

Anabela Gonçalves foi nomeada nova directo-

Pedro de Melo é o novo responsável pelo De-

ra da área de Consumer Testing Services –

partamento de Construção & Edifícios da Divi-

Alimentar. Anabela Gonçalves está na SGS

são Industrial do Grupo. Com um Bacharelato

desde 1996, tendo exercido até agora funções

de Engenharia Civil, concluído em 1979, pelo

de direcção no Laboratório da SGS. Licenciada

Instituto Superior de Engenharia de Lisboa,

em Engenharia Química, pela Faculdade de

frequentou igualmente o curso de Arquitectura

Ciências e Tecnologia da Universidade Nova

na ARCA, em Coimbra. Previamente a esta

de Lisboa, e com um mestrado em Gestão

nomeação, foi responsável pelas áreas de

da Qualidade pela Universidade Aberta, Ana-

Norte de África, América do Sul e Macau no

bela Gonçalves dispõe de uma elevada ex-

Departamento Internacional da Soares da

periência na área laboratorial e do controlo da

Costa, após o qual desenvolveu actividade

qualidade.

própria, com especial incidência nas áreas de

co. Previamente a esta nomeação, foi gestor

Francisco Palma é o novo director da área de

projectos de arquitectura e engenharia, licen-

de segurança do Grupo Agro-Industrial Nutasa,

Automotive. Formado em Engenharia Mecâ-

ciamentos e gestão/fiscalização de emprei-

onde desenvolveu o sistema de gestão de

nica pelo Instituto Superior Técnico, possui

tadas.

segurança e higiene das instalações industriais

uma pós-graduação em Engenharia Industrial

Tomé Pintão assume o cargo de responsável

do Grupo.

Tomá Pintão

SGS inspecciona ESP’s da Shell Shell seleccionou a Divisão Industrial da

bilidade, no sector da distribuição de produtos

SGS para realizar as inspecções dos

petrolíferos, tendo mesmo reforçado a sua

equipamentos sob pressão a todos os seus

posição no mercado em alguns sectores. A

postos de abastecimento em Portugal.

Shell adopta uma estratégia de conquista da

Esta decisão foi baseada na reconhecida ca-

preferência dos clientes, através de uma oferta

pacidade e experiência da SGS no âmbito dos

diversificada entre produtos e serviços de

equipamentos sob pressão, assim como na

valor acrescentado e produtos e serviços de

qualidade e celeridade já habitual dos servi-

qualidade a preços competitivos. Refira-se

ços prestados.

que é a primeira vez que este tipo de contrato

Apesar do ambiente económico adverso, a

de outsourcing é formalizado por uma petrolífera

Shell consegue manter a liderança em renta-

em Portugal, para a sua rede de postos.

A

Revista do Grupo SGS Portugal

39


Opinião

Marketing Sustentável e Responsabilidade Social

N

uma época de acentuada concor-

presa é de matéria irrelevante, desinteres-

uma realidade – perigo – emergente.

rência/competition (talvez o termo

sante, até maçadora.

O desenvolvimento – o marketing – susten-

anglo-saxónico seja mais forte para

A realidade a que começamos a assistir é,

tável, trata da satisfação das necessidades

caracterizar a situação), falar em responsabi-

contudo, bem diferente. Diferente pela atitu-

dos presentes sem comprometer a possibi-

lidade e preocupação social, poderá não pare-

de de algumas empresas e empresários, so-

lidade das gerações futuras satisfazerem as

cer tão excitante – tão sexy – para quem está

cialmente conscientes do seu papel no mundo

suas. Segundo Jacqueline de Larderel, direc-

envolvido no marketing e na gestão empresa-

actual, procurando justamente a maximização

tora da UNEP - United Nations Environment

rial.

dos seus resultados, mas não esquecendo

Programme, “o consumo sustentável não

que uma das razões fundamentais da sua

significa consumir menos mas consumir de

existência é a criação de condições para que

forma diferente, eficiente e com uma quali-

todos – as pessoas – possam cada vez mais

dade de vida cada vez maior”.

viver num mundo que se quer habitável e pro-

A cidadania empresarial e o desenvolvimen-

porcione aos seus, actuais e futuros, habitan-

to sustentável não são uma opção, mas uma

tes o desejo e a alegria de viver.

necessidade que cada dia se torna mais pre-

O marketing, como forma de gerir as empre-

mente, indissociável do marketing, o qual

sas com ênfase especial no consumidor, tem

constitui uma peça-chave para a resolução do

a responsabilidade social de encontrar so-

problema. Neste contexto, o seu papel estra-

luções que satisfaçam os agentes econó-

tégico está na base da concepção de novos

micos e, no caso particular dos consumido-

produtos, dos canais de distribuição a utilizar,

res/cidadãos, os seus desejos de consumo

das formas de comunicação com o mercado,

imediato, mas também – e, até na plena con-

da imagem e da reputação empresarial.

formidade com o topo da pirâmide de Mas-

Esta perspectiva da gestão pode aportar à

low – os seus desejos e interesses, de uma

empresa e à “marca consciente” um acrés-

vida saudável, de qualidade e de futuro para

cimo de competitividade, pela preferência

as gerações vindouras.

reconhecida do consumidor e pela satisfação

A preocupação por estes temas tem consta-

dos diversos stakeholders envolvidos. É por

do, aliás, das agendas de diversas organiza-

isso que afirmamos que a responsabilidade

ções internacionais, desde as Nações Unidas

social – e não “a caridadezinha avulsa” – e a

à União Europeia, até a instituições privadas

sustentabilidade constituem uma oportu-

da área do marketing, como a ESOMAR, a

nidade para novas vantagens competitivas,

EMC e a EMAC, que nos seus congressos e

pela possibilidade de melhor capacitação e

conferências deste ano irão debater a respon-

optimização da gestão de recursos, técnicos,

“O desenvolvimento – o

sabilidade social e sustentabilidade do mar-

ambientais e humanos, e pela diferencia-

marketing – sustentável,

Carlos Manuel Oliveira, presidente da Associação Portuguesa dos Profissionais de Marketing

keting e a qualidade de vida.

ção, através de soluções valorizáveis pelos

trata da satisfação das

Coincidência? Falta de imaginação e de cria-

consumidores.

necessidades dos presentes

tividade? Ou exercício de consciencialização

O lado positivo da questão é o de que al-

sem comprometer a

da importância e da imprescindibilidade do

guns empresários já tiveram a visão desta

possibilidade das gerações

debate desta temática, num mundo em que

nova realidade, percebendo que a sustenta-

a poluição ambiental e o desordenamento do

bilidade poderá, mesmo, constituir um factor

espaço vão proliferando, ao sabor de interes-

de vantagem competitiva diferencial. Al-

ses mais imediatistas e sem visão de futuro.

guns cidadãos estão igualmente despertos e

Não devemos ter complexos em encarar

valorizam o empenho social das empresas, o

frontalmente estes nossos problemas que

respeito pelas normas de desenvolvimento,

De facto, as escolas de gestão ao colocarem,

o serão certamente, também, dos nossos

e não só crescimento, económico.

e bem, acentuado ênfase na concorrência le-

filhos e netos. Não se trata de uma moda,

De qualquer forma, e afinal, não serão a or-

vam, por vezes inopinadamente, os jovens

de posições sociais, mais ou menos cono-

ganização social e a vida empresarial jus-

formandos a conclusões precipitadas, no

tadas com qualquer campo do espectro po-

tificadas pelo fim último da construção de um

sentido de que tudo o que se relacione com

lítico, mas sim da emancipação do ser hu-

mundo à medida dos cidadãos?

a preocupação social por parte de uma em-

mano, do empresário, do político, perante

A responsabilidade é de todos nós.

futuras satisfazerem as suas. “

40

Revista do Grupo SGS Portugal


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