7 minute read
CULTURA E ARTE NA QUEBRADA PAG
Ohip-hop surgiu na década de 70 como um movimento cultural entre os latino-americanos, os jamaicanos e os afro-americanos da cidade de Nova York mais precisamente no sul do Bronx.
O disc-jockey Afrika Bambaataa é considerado como o pioneiro e criador deste movimento social altamente influente. Em 12 de Novembro de 1973, fundou a Zulu Nation, uma organização com objectivos de auto-afirmação que promovia o combate através das quatro vertentes do hip-hop e que invocava “Paz, União e Diversão”.
Advertisement
Esse dia é, até hoje, celebrado como sendo o dia do nascimento do hip-hop.
O Rap (Rhythm And Poetry) têm sua origem nos “Sound Systems” da Jamaica, muito utilizados por lá na década de sessenta, uma espécie de carro de som onde o “toaster” (como o MC atual) discursava sobre os problemas socioculturais e políticos do seu povo. Em busca de trabalho, na década de setenta, esses toasters migraram para os Estados Unidos, e lá contribuíram para o surgimento do Rap.
O termo Hip Hop têm na sua etmologia as danças da década de setenta,
em que se saltava (hop) e movimentava os quadris (hip). Já a Break Dance é a linguagem artística dentro do Hip Hop praticada pelos b-boys e b-girls, os adoradores de grifes esportivas.
Este estilo de dança surgiu com a quebra da bolsa de valores dos Estados Unidos, em 1929, quando acontece o desemprego em massa. Os artistas dos cabarés americanos foram para as ruas fazerem seus números de música e dança, em busca de dinheiro. Daí surge a “Street Dance” (Dança de Rua), porém com uma estética própria daquela época. A break dance baseia-se na performance do dançarino, na sua capacidade de travar e quebrar os movimentos leves e contínuos.
Outra expressão artística marcante no movimento Hip Hop é o “Graffiti”, que em parte tem a ver com a pichação, isto porque no surgimento do Hip Hop o graffiti servia para demarcar becos, muros e trens nas grandes metrópoles.
Daniel Adriano ( conhecido como Daniel CF) 34 anos, morador do bairro Juliana na regional Norte de BH é uma referência quando falamos na cultura Hip Hop na cidade de Belo Horizonte. Ele teve uma infância de vida difícil, pois seus
seus pais sempre foram batalhadores e lutaram muito para construir um pequeno casebre na comunidade onde criaram ele e seus dois irmãos .
Daniel aprendeu cedo a ter responsabilidades, como seu pai trabalhava viajando e sua mãe fazia muitas horas extras, era o Daniel que cuidava de seus irmãos e assim aprendeu a dureza da vida, mas por outro lado ele afirma que também teve uma infância alegre , cheia de brincadeiras e molequagens , brincava na rua com os meninos de bola, e nas matas. . “Naquela época as quebra-
das ainda tinham matas e crianças na rua , hoje as quebradas são mais urbanizadas”
Afirma.
Ainda na adolescência conheceu a cultura Hip Hop, inicialmente como ouvinte nas quebradas da comunidade, através dos moradores mais velhos que ouviam sons como racionais, facção central e outros, e se identificou com o som , com a cultura , e logo começou a frequentar os lugares na cidade onde havia movimento da cultura Hip Hop , trazendo a cultura do Hip Hop para sua vida.
O passo seguinte seria decisivo para ele, em 2004 fundou o seu primeiro grupo “ Codinome Favela “ que passou por mais algumas formações, entretanto a partir do momento da primeira fundação entendeu ali o peso da responsabilidade de levar seu som e suas ideias para outros moradores da comunidade. “foi uma
caminhada de muita luta e resistência porque viver de cultura não e fácil ”.
Daniel já se apresentou em vários eventos ligados a cultura Hip Hop em Belo Horizonte e outros estados, lançou cds e videoclipes no youtube sempre de forma autoral, sem nenhum tipo de patrocínio. “Não tenho pa-
trocínio, mas tenho os apoiadores que são aqueles amigos que emprestam o carro, cedem o espaço, ou um Dj que fortalece o evento , até tento editais já captei alguns mas é sempre muito concorrido e raras vezes consegui um patrocínio para um pro-
jeto” diz Daniel .
Questionado de onde vêm sua inspiração para compor suas musicas
Ele afirma que sua inspiração vêm do aprendizado que teve ao longo de sua vida. “Tenho um processo próprio para
compor e onde ando sempre com caneta e papel, às vezes a poesia simplesmente flui... não tem hora ou lugar certo ...estes dias compus dentro do metrô uma nova música eu busco passar nas músicas uma vivência minha mesmo, minha forma de ver a vida e entender as coisas, eu acredito que sendo verdadeiro e transparente represento com maior força a comunidade pois também sou comunidade”.
Ao tomar este passo em sua vida, outro caminho também foi trilhado paralelamente por ele o do trabalho social e assim começou a ministrar oficinas de rap para jovens da comunidade , construiu parcerias com diversas ONGs , coletivos e através desta parceria ministrou oficinas gratuitas de rap , vídeo, e outras linguagens do Hip Hop em várias comunidades de Belo Horizonte e região metropolitana, todas as oficinas ministradas por ele foram gratuitas e as idades dos jovens variavam de acordo com o projeto que estava atuando. Com seu trabalho ele multiplica seu conhecimento para os jovens e crianças.
“Recentemente eu reencontrei um antigo aluno no bairro serra , que participou da minha oficina há muito anos atrás e eu encontrei ele dando uma oficina de grafite, naquele momento me senti muito feliz de ver que aquele pequeno jovem que um dia participou da minha oficina estava naquele momento multiplicando o que aprendeu comigo e fortalecendo a cultura do Hip Hop nas comunidades”.
Daniel também atua com eventos e possui um projeto chamado Rap Horizonte que hoje é um evento de grande porte na cidade ,
e se tornou uma marca. Durante o evento há uma exposições , produções audiovisuais , e venda de camisetas com a marca do Rap Horizonte, esse evento têm o intuito principal de fortalecer a cultura do Hip Hop dentro da cidade de Belo Horizonte.
Sem patrocínio para viver somente da música o artista desenvolve trabalhos paralelos para trazer o sustento para sua família, um destes trabalhos e a produtora de vídeos “Vira Filmes”, fundada por ele em sua comunidade .
Com a produtora ele trabalha com cobertura de eventos, criação e gravação de clipes de vários artistas do Hip Hop de sua comunidade e de outras, assim além de ganhar uma grana ele ainda fortalece os diversos artistas das comunidades de diversas vertentes.
O cenário do Hip Hop em Belo Horizonte é muito grande e importante. Na cidade têm várias periferias e o Rap está presente em todas elas . A cultura do hip é uma cultura de paz e segundo ele a comunidade carece disso.
Por este motivo ter uma voz que representa o povo que fala na linguagem do povo, e na perspectiva do povo é muito importante para as comunidades, “A representatividade para a co-
munidade é muito importante , o jovem periférico não se sente comtemplado nos espaços de poder , então o Hip Hop traz essa voz para estes espaços. .. O Rap levanta essa questão a gente fala de paz e conscientização isso para o jovem da comunidade è muito importante... mostrar que ele pode fazer a diferença.”
Durante a pandemia além de compor e lançar suas músicas Daniel estava envolvido com um projeto chamado Quatro Elementos e foram realizadas várias Lives , com personalidades da cultura Hip Hop com o objetivo de angariar arrecadação de verbas para compra de alimentos para os moradores de diversas comunidades.
Para baixar os cds e curtir as músicas e só acessar o portal Rap Mineiro. com e baixar gratuitamente , há também diversos trabalhos . E ainda estão disponíveis no youtube, sptifay, Sond Claud e outros e só digitar no Google Codinome Favela, e encontrará também as redes sociais para acompanhar o trabalho e trajetória de Daniel CF.