UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIA
A PROSPECTIVA ESTRATÉGICA APOIANDO A TOMADA DE DECISÃO NA DEFINIÇÃO DE POLÍTICAS E ESTRATÉGIAS SETORIAIS. ESTUDO DE CASO: SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO DO ESTADO DO PARANÁ
SIDARTA RUTHES DE LIMA
Dissertação apresentada como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Tecnologia. Programa de
Pós-Graduação
em
Tecnologia,
Universidade
Tecnológica Federal do Paraná. Orientador: Prof. Dr. Décio Estevão do Nascimento Co-orientadora: Dra. Marilia de Souza
CURITIBA 2007
SIDARTA RUTHES DE LIMA
A PROSPECTIVA ESTRATÉGICA APOIANDO A TOMADA DE DECISÃO NA DEFINIÇÃO DE POLÍTICAS E ESTRATÉGIAS SETORIAIS. ESTUDO DE CASO: SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO DO ESTADO DO PARANÁ
Dissertação apresentada como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Tecnologia. Programa de
Pós-Graduação
em
Tecnologia,
Universidade
Tecnológica Federal do Paraná. Orientador: Prof. Dr. Décio Estevão do Nascimento Co-orientadora: Dra. Marilia de Souza
CURITIBA 2007
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da UTFPR – Campus Curitiba L732p Lima, Sidarta Ruthes de A Prospectiva estratégica apoiando a tomada de decisão na definição de po-líticas e estratégias setoriais. Estudo de caso : setor têxtil e confecção do esta-do do Paraná. Curitiba. UTFPR, 2007 XV, 261 f. : il. ; 30 cm Orientador: Prof. Dr. Décio Estevão do Nascimento Dissertação (Mestrado) – Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Programa de Pós-Graduação em Tecnologia. Curitiba, 2007 Bibliografia: f. 219-236 1. Indústria têxtil. 2. Confecção. 3. Desenvolvimento regional. 4. Economia Industrial. I. Nascimento. Décio Estevão, orient. II. Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Programa de Pós-Graduação em Tecnologia. III. Título. CDD: 338.47677
Dedico
este
trabalho
e
a
experiência
adquirida a todos aqueles que acreditaram em mim, mas, principalmente, a Ieda Lima, cujo incentivo fomentou a concretização deste momento importante na minha vida. Dedico, também, a minha esposa, Francielle Topolski, que me deu muita força em todos os momentos...
ii
AGRADECIMENTOS
Antes de tudo, agradeço a Deus.
Certamente estes parágrafos não irão atender a todas as pessoas que fizeram parte dessa importante fase da minha vida. Portanto, desde já peço desculpas àquelas que não estão presentes entre essas palavras, mas elas podem estar certas que fazem parte do meu pensamento e da minha gratidão. Reverencio o Professor Dr. Décio Estevão do Nascimento pela sua dedicação e pela orientação deste trabalho e, por meio dele, eu me reporto a toda comunidade da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) pelo apoio incondicional. Agradeço a Dra. Marilia de Souza pela orientação desta pesquisa e pelos momentos de aprendizado. Agradeço, também, ao Sr. Carlos Sergio Asinelli pela oportunidade de trabalhar o tema dessa dissertação no âmbito do Observatório SENAI e, por ele, gostaria de reconhecer o apoio da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP) a esta pesquisa. A todos os colegas de trabalho gostaria de externar minha satisfação de poder conviver com eles durante a realização deste estudo. Agradeço aos especialistas do Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná que contribuíram para a concretização dos resultados alcançados neste trabalho. Agradeço aos pesquisadores e professores da banca examinadora pela atenção e contribuição dedicadas a este estudo. Gostaria de deixar registrado, também, o meu reconhecimento à minha família, pois acredito que sem o apoio deles seria muito difícil vencer esse desafio. E, por último, e nem por isso menos importante, agradeço a minha esposa pelo carinho, amor e compreensão.
iii
É por causa da falta de antecipação de ontem que o presente está cheio de questões por resolver, ontem insignificantes, mas hoje a necessitar de resolução urgente... GODET, Michel
iv
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS ................................................................................................viii LISTA DE QUADROS.................................................................................................x LISTA DE TABELAS .................................................................................................xi LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ...................................................................xii RESUMO..................................................................................................................xiv ABSTRACT...............................................................................................................xv 1
INTRODUÇÃO....................................................................................................16
1.1 PROBLEMÁTICA..............................................................................................19 1.2 OBJETIVO GERAL...........................................................................................20 1.2.1 Objetivos Específicos ..................................................................................20 1.3 HIPÓTESES .....................................................................................................21 1.4 O MÉTODO ......................................................................................................22 1.5 ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO..................................................................22 2
DESENVOLVIMENTO REGIONAL E AS AGLOMERAÇÕES INDUSTRIAIS ...24
2.1 DISTRITO INDUSTRIAL...................................................................................30 2.2 PÓLO INDUSTRIAL .........................................................................................30 2.3 COMPLEXO INDUSTRIAL ...............................................................................31 2.4 ARRANJO PRODUTIVO LOCAL......................................................................31 2.5 CLUSTER INDUSTRIAL...................................................................................32 2.6 SISTEMA PRODUTIVO E INOVATIVO LOCAL ...............................................34 2.7 REDE DE EMPRESA .......................................................................................35 3
ESTUDOS SOBRE O FUTURO E A PROSPECTIVA ESTRATÉGICA .............37
3.1 O LEQUE DOS FUTUROS POSSÍVEIS...........................................................40 3.2 A “CAIXA DE FERRAMENTAS” DE MICHEL GODET .....................................42 3.2.1 Oficina de Prospectiva Estratégica..............................................................44 3.2.2 Análise Estrutural Multivariada ....................................................................46 3.2.3 Análise do Jogo de Atores ..........................................................................58 3.2.4 Cenários: Possibilidades e Incertezas.........................................................63
v
3.2.5 Da Prospectiva à Estratégica ......................................................................71 4
TENDÊNCIAS E CONVERGÊNCIAS DO SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO ....76
4.1 ASPECTOS CIENTÍFICO-TECNOLÓGICOS ...................................................78 4.1.1 Têxteis Técnicos e Estruturantes ................................................................78 4.1.2 Têxteis e Roupas Inteligentes .....................................................................80 4.1.3 Têxteis e Fibras Multifuncionais ..................................................................85 4.1.4 Tecnologias de Informação e Comunicação e o Setor Têxtil e Confecção .91 4.1.5 Ciência, Tecnologia e o Meio-Ambiente......................................................95 4.2 ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS.................................................................98 4.2.1 Economia, Política e Comércio Internacional............................................101 4.2.2 A Globalização e a Integração Social........................................................106 4.2.3 A Sociedade do Conhecimento .................................................................108 4.2.4 A Flexibilização da Produção e as Relações de Trabalho ........................110 4.2.5 Demografia: O Envelhecimento da Sociedade..........................................115 4.2.6 A Mulher na Sociedade .............................................................................117 4.2.7 A Visão da Educação na Sociedade .........................................................119 4.2.8 A Sociedade e o Meio Ambiente ...............................................................120 4.3 TENDÊNCIAS E CONVERGÊNCIAS: UMA SÍNTESE...................................125 5
ASPECTOS METODOLÓGICOS .....................................................................127
5.1 MÉTODO DE PESQUISA...............................................................................127 5.2 Delimitação da Pesquisa ................................................................................129 5.3 A Pesquisa Descritiva: passo a passo............................................................129 5.3.1 A Primeira Fase.........................................................................................130 5.3.2 A Segunda Fase........................................................................................131 5.3.3 A Terceira Fase.........................................................................................132 5.3.3.1 Levantamento das Variáveis do Sistema ..............................................132 5.3.3.2 Identificação das Variáveis “em jogo”....................................................133 5.3.3.3 Identificação e Priorização das Variáveis-chave ...................................135 6
SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO DO PARANÁ: UM ESTUDO DE CASO .....137
6.1 PANORAMA DO SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO NO BRASIL ...................138 6.1.1 Setor Têxtil e Confecção no Brasil (Divisões 17 e 18) ..............................138 6.1.2 Setor Têxtil no Brasil (Divisão 17) .............................................................143 6.1.3 Setor de Confecção no Brasil (Divisão 18)................................................144 6.2 PANORAMA DO SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO NO PARANÁ .................146
vi
6.2.1 Setor Têxtil e Confecção no Paraná (Divisões 17 e 18)............................146 6.2.2 Setor Têxtil no Paraná (Divisão 17)...........................................................154 6.2.3 Setor de Confecção no Paraná (Divisão 18) .............................................162 6.3 PESQUISA NO SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO NO PARANÁ ...................169 6.3.1 Especialistas .............................................................................................170 6.3.2 Grupos de Pesquisa..................................................................................173 6.3.3 Instituições de Pesquisa............................................................................175 6.4 O “ARCO” TÊXTIL E CONFECÇÃO PARANAENSE......................................177 6.5 O MÉTODO MICMAC©: ANÁLISES E DISCUSSÕES....................................178 6.6 A LEITURA DO PLANO DE INFLUÊNCIA E DEPENDÊNCIA .......................180 6.7 AS RELAÇÕES DIRETAS ENTRE AS VARIÁVEIS .......................................184 6.7.1 As Variáveis Influentes..............................................................................186 6.7.2 As Variáveis Dependentes ........................................................................188 6.8 AS RELAÇÕES INDIRETAS ENTRE AS VARIÁVEIS....................................192 6.9 MOBILIDADE DAS RELAÇÕES DIRETAS E INDIRETAS .............................199 6.10 AS VARIÁVEIS-CHAVE DO SISTEMA.........................................................203 6.11 O PROCESSO DE PROSPECTIVA ESTRATÉGICA SETORIAL.................209 7
CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................213
7.1 A CONTRIBUIÇÃO DA PROSPECTIVA ESTRATÉGICA ..............................216 7.2 LIMITAÇÕES DA ABORDAGEM....................................................................216 7.3 RECOMENDAÇÕES ......................................................................................217 REFERÊNCIAS.......................................................................................................219
vii
LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 – ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO......................................................22 FIGURA 2 – CONCENTRAÇÃO DE INDÚSTRIAS NO BRASIL...............................27 FIGURA 3 – EVOLUÇÃO DOS ESTUDOS DO FUTURO.........................................38 FIGURA 4 – PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO COM BASE EM CENÁRIOS.........41 FIGURA 5 – DETERMINAÇÃO DO NÚMERO DE QUESTÕES POR VARIÁVEL....47 FIGURA 6 – DIAGRAMA DE INFLUÊNCIA VERSUS DEPENDÊNCIA ...................48 FIGURA 7 – SITUAÇÕES DE RELAÇÃO ENTRE VARIÁVEIS ................................49 FIGURA 8 – COMPORTAMENTO DAS VARIÁVEIS NOS SISTEMAS ....................51 FIGURA 9 – ELEVAÇÃO DA MATRIZ À POTÊNCIA 2.............................................51 FIGURA 10 – MATRIZ DE ANÁLISE ESTRUTURAL................................................52 FIGURA 11 – MATRIZ ELEVADA AO QUADRADO .................................................53 FIGURA 12 – SISTEMA ESTÁVEL E INSTÁVEL .....................................................54 FIGURA 13 – MODELO DE INTERPRETAÇÃO DAS VARIÁVEIS ...........................56 FIGURA 14 – MODELO DE DIAGRAMA DE CONVERGÊNCIAS ............................60 FIGURA 15 – CONSTRUÇÃO DE CENÁRIOS PELA ANÁLISE MORFOLÓGICA...66 FIGURA 16 – PLACAS DE CONCRETO ESTRUTURADAS COM TÊXTIL..............79 FIGURA 17 – PLACA E CABO FLEXÍVEL ................................................................82 FIGURA 18 – TECIDOS QUE NÃO ABSORVEM ÁGUA E ÓLEO............................89 FIGURA 19 – PARTICIPAÇÃO NA EXPORTAÇÃO MUNDIAL ..............................104 FIGURA 20 – PARTICIPAÇÃO NA IMPORTAÇÃO MUNDIAL ...............................105 FIGURA 21 – DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO-TECNOLÓGICO .....................125 FIGURA 22 – DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO ...................................126 FIGURA 23 – ESTRUTURA DA PESQUISA...........................................................130 FIGURA 24 – ESTRUTURA METODOLÓGICA DO MAPEAMENTO .....................137 FIGURA 25 – ESTABELECIMENTOS DO SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO.........138 FIGURA 26 – EMPREGOS DO SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO .........................139 FIGURA 27 – ESTABELECIMENTOS E EMPREGOS NAS DIVISÕES 17 E 18 ....140 FIGURA 28 – IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO NO BRASIL.................................140 FIGURA 29 – BALANÇA COMERCIAL DO SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO .......141 FIGURA 30 – EXPORTAÇÕES POR TIPO DE PRODUTO....................................141 FIGURA 31 – IMPORTAÇÕES POR TIPO DE PRODUTO.....................................142 FIGURA 32 – EVOLUÇÃO DAS EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES (NCM 52) ..143 FIGURA 33 – ESTABELECIMENTOS DO SETOR TÊXTIL....................................143 FIGURA 34 – EMPREGOS DO SETOR TÊXTIL ....................................................144 FIGURA 35 – ESTABELECIMENTOS DO SETOR DE CONFECÇÃO ...................145 FIGURA 36 – EMPREGOS DO SETOR DE CONFECÇÃO....................................145 FIGURA 37 – NÚMERO DE ESTABELECIMENTOS NO ESTADO........................146 FIGURA 38 – MAPA DOS ESTABELECIMENTOS DO ESTADO...........................147 FIGURA 39 – REPRESENTATIVIDADE DO EMPREGO NO ESTADO..................148 FIGURA 40 – MAPA DO EMPREGO NO ESTADO ................................................149 FIGURA 41 – IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO NO ESTADO...............................150 FIGURA 42 – BALANÇA COMERCIAL DO SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO .......151 FIGURA 43 – EXPORTAÇÃO POR TIPO DE PRODUTO ......................................151 FIGURA 44 – REPRESENTATIVIDADE DAS EXPORTAÇÕES.............................152 FIGURA 45 – IMPORTAÇÃO POR TIPO DE PRODUTO .......................................153 FIGURA 46 – REPRESENTATIVIDADE DAS IMPORTAÇÕES .............................153
viii
FIGURA 47 – ESTABELECIMENTOS DO SETOR TÊXTIL NO PR .......................154 FIGURA 48 – EMPREGOS DO SETOR TÊXTIL NO PR ........................................156 FIGURA 49 – FAIXA ETÁRIA (DIVISÃO 17)..........................................................158 FIGURA 50 – GÊNERO (DIVISÃO 17) ...................................................................159 FIGURA 51 – GÊNERO NA MESORREGIÃO NORTE CENTRAL .........................159 FIGURA 52 – GRAU DE INSTRUÇÃO (DIVISÃO 17).............................................160 FIGURA 53 – IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO DO SETOR DE TÊXTIL ..............160 FIGURA 54 – IMPORTAÇÕES E EXPORTAÇÕES (DIVISÃO 17) .........................161 FIGURA 55 – REPRESENTATIVIDADE DAS IMPORTAÇÕES DO PARANÁ .......162 FIGURA 56 – REPRESENTATIVIDADE DAS EXPORTAÇÕES DO PARANÁ.......162 FIGURA 57 – ESTABELECIMENTOS DO SETOR DE CONFECÇÃO DO PR.......163 FIGURA 58 – EMPREGOS DO SETOR DE CONFECÇÃO DO PR .......................164 FIGURA 59 – FAIXA ETÁRIA (DIVISÃO 18)...........................................................166 FIGURA 60 – GÊNERO (DIVISÃO 18) ...................................................................166 FIGURA 61 – GRAU DE INSTRUÇÃO (DIVISÃO 18).............................................167 FIGURA 62 – IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO DO SETOR DE CONFECÇÃO ...167 FIGURA 63 – IMPORTAÇÕES E EXPORTAÇÕES (DIVISÃO 18) .........................168 FIGURA 64 – REPRESENTAÇÃO DAS EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES.......169 FIGURA 65 – ESTRATÉGIA DE PESQUISA UTILIZADA NA BASE LATTES........170 FIGURA 66 – MAPA DOS ESPECIALISTAS NO PARANÁ ....................................172 FIGURA 67 – MAPA DOS GRUPOS DE PESQUISA NO PARANÁ .......................176 FIGURA 68 – ARCO TÊXTIL E CONFECÇÃO PARANAENSE..............................177 FIGURA 69 – PLANO DE INFLUÊNCIA E DEPENDÊNCIA DIRETA .....................180 FIGURA 70 – PLANO DE INFLUÊNCIA E DEPENDÊNCIA ...................................181 FIGURA 71 – GRÁFICO DE INFLUÊNCIA E DEPENDÊNCIA DIRETA .................186 FIGURA 72 – PRIORIZAÇÃO DAS VARIÁVEIS DIRETAS (INFLUENTES) ...........187 FIGURA 73 – PRIORIZAÇÃO DAS VARIÁVEIS DIRETAS (DEPENDENTES) ......189 FIGURA 74 – COMPORTAMENTO DAS VARIÁVEIS ............................................189 FIGURA 75 – PLANO DE INFLUÊNCIA E DEPENDÊNCIA INDIRETA..................193 FIGURA 76 – PRIORIZAÇÃO DAS VARIÁVEIS INDIRETAS .................................194 FIGURA 77 – RELAÇÃO INDIRETA: SITUAÇÃO 1................................................195 FIGURA 78 – RELAÇÃO INDIRETA: SITUAÇÃO 2................................................196 FIGURA 79 – RELAÇÃO INDIRETA: SITUAÇÃO 3................................................197 FIGURA 80 – INFLUÊNCIA DIRETA NA CULTURA EMPRESARIAL ....................198 FIGURA 81 – CLASSIFICAÇÃO POR INFLUÊNCIA: DIRETA / INDIRETA............199 FIGURA 82 – CLASSIFICAÇÃO POR DEPENDÊNCIA: DIRETA / INDIRETA .......200 FIGURA 83 – PLANO DE DESLOCAMENTO DAS VARIÁVEIS.............................201 FIGURA 84 – VARIÁVEL MOTRIZ: EDUCAÇÃO E CAPACITAÇÃO......................205 FIGURA 85 – EMPREGO E AS VARIÁVEIS-CHAVE .............................................206 FIGURA 86 – PROCESSO DE PROSPECTIVA ESTRATÉGICA SETORIAL ........211
ix
LISTA DE QUADROS QUADRO 1 – LEITURAS POSSÍVEIS DAS VARIÁVEIS ..........................................56 QUADRO 2 – PROPRIEDADES MULTIFUNCIONAIS..............................................88 QUADRO 3 – MODELO DE MATRIZ MICMAC© UTILIZADA NA PESQUISA .......136 QUADRO 4 – MATRIZ DE INFLUÊNCIA DIRETA (MID) ........................................179 QUADRO 5 – MODELO DE INTERPRETAÇÃO DE TÉNIÈRE-BUCHOT ..............202 QUADRO 6 – VARIÁVEIS-CHAVE DO SISTEMA ..................................................204 QUADRO 7 – RELAÇÃO ENTRE VARIÁVEIS-CHAVE E TENDÊNCIAS...............207
x
LISTA DE TABELAS TABELA 1 – INDICADORES MACROECONÔMICOS DO BRASIL........................103 TABELA 2 – PROJEÇÃO DO PIB DE PAÍSES EMERGENTES .............................103 TABELA 3 – VARIÁVEIS COLOCADAS "EM JOGO" .............................................134 TABELA 4 – ESTABELECIMENTOS POR MESORREGIÃO (DIVISÃO 17 E 18) ..148 TABELA 5 – EMPREGOS POR MESORREGIÃO (DIVISÃO 17 E 18) ...................150 TABELA 6 – ESTABELECIMENTOS POR MESORREGIÃO (DIVISÃO 17)...........154 TABELA 7 – ESTABELECIMENTOS POR GRUPOS DA DIVISÃO 17...................155 TABELA 8 – EMPREGOS POR MESORREGIÃO (DIVISÃO 17) ...........................156 TABELA 9 – EMPREGOS POR GRUPOS DA DIVISÃO 17 ...................................157 TABELA 10 – ESTABELECIMENTOS POR MESORREGIÃO (DIVISÃO 18)........163 TABELA 11 – ESTABELECIMENTOS POR GRUPOS DA DIVISÃO 18.................164 TABELA 12 – EMPREGOS POR MESORREGIÃO (DIVISÃO 18) .........................165 TABELA 13 – EMPREGOS POR GRUPOS DA DIVISÃO 18 .................................165 TABELA 14 – LOCALIZAÇÃO DOS ESPECIALISTAS ...........................................171 TABELA 15 – TITULAÇÃO DOS ESPECIALISTAS NO PARANÁ ..........................172 TABELA 16 – DISTRIBUIÇÃO REGIONAL POR TITULAÇÃO ...............................173 TABELA 17 – GRUPOS DE PESQUISA .................................................................173 TABELA 18 – GRUPOS DE PESQUISA POR MESORREGIÃO ............................174 TABELA 19 – ÁREAS DE ATUAÇÃO DOS GRUPOS DE PESQUISA ...................174 TABELA 20 – INSTITUIÇÕES DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO (IPD) ......175 TABELA 21 – LOCALIZAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES DE P&D ................................175 TABELA 22 – INDICADOR DE INFLUÊNCIA E DEPENDÊNCIA DIRETA .............185 TABELA 23 – ESTABILIDADE DA MATRIZ MID ....................................................192
xi
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 2D 3D AADLT ACV AITEX ALCA ALICE APL CAD CAM CAQ CAT CE CEPAL CGEE CIM CNAE CNAM CNPq CONCLA DHI DNA e-COMMERCE EDI EPI ERP e-TÊXTIL e-TSCM EUA EURATEX FIEP GPS IBGE IEL/NC IHB IPARDES IPD IST ITA IWTO LCD LCD/TFD LIPSOR MACTOR MAO
- Duas Dimensões - Três Dimensões - Advancement and Dissemination of Leapfrog Technology - Análise do Ciclo de Vida - Instituto Tecnológico Textil - Área de Livre Comércio das Américas - Sistema de Análise das Informações de Comércio Exterior - Arranjo Produtivo Local - Computer Aided Design - Computer Aided Manufacturing - Computer Aided Quality - Computer Aided Test - Comunidade Européia - Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe - Centro de Gestão e Estudos Estratégicos - Computer Integrated Manufacturing - Classificação Nacional de Atividades Econômicas - Conservatoire National des Arts et Métiers - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - Comissão Nacional de Classificação - Die Hohensteiner Institute - Ácido Desoxirribonucléico - Comércio Eletrônico - Electronic Data Interchange - Equipamento de Proteção Individual - Enterprise Resource Planning - Têxtil Eletrônico - e-Textile Supply Chain Management - Estados Unidos da América - The European Apparel and Textile Organisation - Federação das Indústrias do Estado do Paraná - Global Positioning System - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - Instituto Euvaldo Lodi / Núcleo Central - Institut fur Hygiene und Biotechnologie - Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social - Instituições de Pesquisa e Desenvolvimento - Instituto Superior Técnico - Institut fur Textiltechnik Aachen - International Wool Textile Organisation - Liquid Crystal Display - Liquid Crystal Display / Thin Film Transistor - Laboratoire d’Investigation en Prospective Stratégie et Organisation - Méthode Acteurs, Objectifs, Rapports de Force - Matriz Atores versus Objetivos
xii
MCT MDIC MERCOSUL MICMAC MID MIDI MII MIT MORPHOL MP3 MTE MULTIPOL NAFTA NCM OCDE OLED OPT P&D P&D&I PI PIB PPS PUC-PR RAIS REDESIST RFID SEBRAE SECEX SEMA SENAI SEPL SINDITÊXTIL SMIC-PROB-EXPERT TIC TITV UE UEL UEM UEPG UFPR UP-SKILLS USB UTFPR UTP UV VP
- Ministério de Ciência e Tecnologia - Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior - Mercado Comum do Sul - Matrice d'Impacts Croisés Multiplication Appliqués à un Classement - Matriz de Influências Diretas - Matriz de Influências Diretas e Indiretas - Matriz de Influências Indiretas - Massachusetts Institute of Technology - L’Analyse Morphologique - MPEG-1/2 Audio Layer 3 - Ministério do Trabalho e Emprego - Méthode Multicritère et Politique - North America Free Trade Agreement - Nomenclatura Comum do Mercosul - Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico - Organic Light Emitting Diode - Outward Processing Trade - Pesquisa & Desenvolvimento - Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação - Propriedade Industrial - Produto Interno Bruto - Produktionplanung und –Steuerung - Pontifícia Universidade Católica do Paraná - Relação Anual de Informação Social - Rede de Pesquisa em Sistemas e Arranjos Produtivos e Inovativos Locais - Radio Frequency Identification - Serviço Nacional de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - Secretaria do Comércio Exterior - Secretaria de Estado de Meio Ambiente - Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - Secretaria de Estado do Planejamento e Coordenação Geral - Sindicato da Indústria Têxtil do Estado de São Paulo - Matrices d’Impacts Croisés Probabilistes - Tecnologia de Informação e Comunicação - Textilforschungs Institut Thuringen-Vogtland - European Union - Universidade Estadual de Londrina - Universidade Estadual de Maringá - Universidade Estadual de Ponta Grossa - Universidade Federal do Paraná - Upgrading Graduate Strategic Skills - Universal Serial Bus - Universidade Tecnológica Federal do Paraná - Universidade Tuiuti do Paraná - Ultravioleta - Variação Percentual
xiii
RESUMO O objetivo desta pesquisa é elaborar uma abordagem de Prospectiva Estratégica de apoio à tomada de decisão, que contribua, de forma estruturada, para a formulação de políticas e estratégias setoriais. Esta é uma pesquisa de caráter descritivo e de natureza aplicada. A abordagem utilizada é tanto quantitativa quanto qualitativa. O método está baseado no estudo de caso do Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná. Este estudo foi realizado a partir da utilização de dados primários, coletados junto aos especialistas do Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná, como, também, dados secundários extraídos da Internet, documentos públicos (bases de dados RAIS, ALICE WEB, Plataforma Lattes, Plataformas Tecnológicas), e pesquisa bibliográfica. Os dados primários foram obtidos das seguintes técnicas: (i) entrevista semi-estruturada; (ii) ponderação da matriz de variáveis; e, (iii) observação assistemática in loco (dinâmica do Painel de Especialistas). Pode-se destacar três resultados significativos nesta pesquisa: primeiramente, com o mapeamento dos indicadores do Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná pôde-se obter um diagnóstico estruturado sobre o atual panorama da indústria. O segundo resultado refere-se ao levantamento das tendências científico-tecnológicas e socioeconômicas, em nível mundial, que poderão impactar o setor e modificar a sua estrutura. E, por último, destaca-se o estudo que possibilitou a identificação das variáveis-chave que influenciam o setor, com o mapeamento das suas respectivas inter-relações. Esses três estudos contemplam o processo prospectivo desenvolvido nesta pesquisa. O resultado demonstrou que a Prospectiva Estratégica fornece um aparato bastante significativo para a formulação de políticas e estratégias setoriais, como também, para aglomerações industriais setoriais. Com o advento da globalização, as mudanças e os impactos que a dinâmica do desenvolvimento científico e tecnológico mundial gera na sociedade, fazem com que os sistemas produtivos sejam afetados constantemente por essas alterações. Este fato embasa a necessidade de utilização de ferramentas e abordagens que possibilitem a estruturação do sistema industrial ou setorial para a tomada de decisão condizente com o diagnóstico atual e as tendências mundiais que possam influenciar o sistema local. Palavras-chave: Desenvolvimento Regional; Economia Regional; Mudança Tecnológica; Organização Industrial e Estudos Industriais; Economia Industrial.
xiv
ABSTRACT This research aims to elaborate a Strategic Prospective approach to support the decision making process, which contributes, in a structured way, to the formulation of sectorial politics and strategies. This is a descriptive research and of applied nature. The approach used is both qualitative and quantitative. The method is based on the case study of the Textile and Clothing Sector of the state of Paranรก. This study has been accomplished through the use of primary data, collected from specialists of the Textile and Clothing Sector of the state of Paranรก, as well as secondary data captured from the Internet, public documents (RAIS data base, ALICE WEB, Lattes data-base, Technological platforms), and bibliographical research. The primary data have been attained through the following techniques: (i) semi-structured interview; (ii) careful consideration of the matrix of variables; and (iii) in loco non-systematic observing (dynamic of the Panel of Specialists). We can highlight three relevant results in this research: first, we can obtain a structured diagnosis about the current panorama through the mapping of the indicators of the Textile and Clothing Sector of the state of Paranรก; the second result refers to the survey of the scientific-technological and socioeconomic tendencies in the world, which can impact the sector e modify the its structure. Last, we point out the study that made possible the identification of the key-variables which influence the sector, and the mapping of their inter-relations. These three studies embrace the prospective process developed in this research. The result has demonstrated that the Strategic Prospective supplies an expressive pomp for the formulation of sectorial politics and strategies, as well as for setorials industrial heap. Because of the globalization, the changes and impacts that the world-wide technological and scientific development dynamic produces on the society constantly makes that these alterations affect the productive systems. This fact supports the necessity of use of tools and approaches which make possible the structuring of the industrial or setorial system for the decision-making consonant to the current diagnosis and the world-wide tendencies which can influence our local system. Key-words: Regional Development; Regional Economy; technological change; Industrial Organization and Industrial studies; Industrial Economy.
xv
16
1
INTRODUÇÃO Em tempos de intensas transformações, identificar as variáveis que impactam
uma indústria é fundamental no contexto sistêmico que permeia os negócios. Todas as indústrias sofrem algum tipo de impacto com as oscilações de mercado, do comportamento da sociedade e dos avanços da tecnologia. Na década de 90, por exemplo, a Indústria Têxtil brasileira passou por problemas significativos devido ao impacto de diversas variáveis inter-relacionadas, como a abertura do mercado interno, a forte concorrência asiática, a defasagem tecnológica e a inserção de novos produtos (têxteis sintéticos e artificiais) no mercado nacional. De acordo com Passos (1999), a abertura econômica ocorrida no Brasil em meados dos anos 90 fez mobilizar, na época, inovações na gestão como fonte de competitividade, o que de fato proporcionou alguns resultados concretos de aumento da produtividade. No entanto, estes procedimentos podem ser classificados como estratégia defensiva, onde o objetivo é obter redução de custos no curto prazo. Estes tipos de estratégias não induzem e não estimulam as empresas à criação de atividades de pesquisa e desenvolvimento tecnológicos, o que, nas condições atuais de mercados cada vez mais globalizados, apenas garante uma sobrevida a estas empresas, até que outras empresas do mesmo ramo, portadoras de instrumentos e programas de capacitação tecnológica, nacionais ou estrangeiras, tomem seus mercados ou adquiram seu controle acionário. (PASSOS, 1999, p, 363).
Falta para o empresariado nacional, neste contexto, uma postura pró-ativa frente às transformações. Antes de uma mudança concretizar-se, por mais simples que seja, revela, ao longo de sua maturação, vários sinais que poderiam ser captados previamente, e que poderiam ser utilizados na formulação de ações e estratégias no sentido de maximizar os benefícios e minimizar o seu impacto negativo (RUTHES; DO NASCIMENTO, 2006). Porém, ainda têm-se muitos casos de omissão sobre esse tema. Recentemente, o Setor de Calçados brasileiro passou por profundas transformações devido ao impacto de diversas variáveis externas, como a mudança do câmbio e a forte concorrência asiática, principalmente, pela ação de empresas chinesas nos mercados tradicionais atendidos, até então, pela indústria brasileira. Os resultados dessas transformações causaram diversas conseqüências na região do Vale dos
17
Sinos, no Rio Grande do Sul. Em 2005, foram demitidos cerca de 18 mil trabalhadores e fechadas diversas fábricas (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA..., 2005; SINDICATO MERCOSUL, 2006). Outro exemplo é o fato ocorrido em 2006 que diz respeito a uma lei que foi sancionada em Brasília, a qual proibiu a utilização de materiais promocionais em campanhas políticas. Esse episódio teve um reflexo direto no Arranjo Produtivo Local de bonés de Apucarana, no Paraná. Uma variável política que afetou toda uma região (CÂMARA..., 2005; VALOR ECONÔMICO, 2006). Saber lidar com as mudanças pode ser considerada uma tarefa difícil e que precisa ser trabalhada de maneira introspectiva, pois acredita-se que, primeiro, cada indivíduo ou organização precisa trabalhar e se preparar internamente para possíveis alterações do statu quo 1 para, depois, aceitar e promover as mudanças necessárias e que muitas vezes são inevitáveis (SENGE, 1999). É difícil quebrar velhos paradigmas ou aceitar novos padrões e modelos, apesar de tal fato ser considerado, muitas vezes, determinante para a perpetuação de muitas organizações. Muitos estudos evidenciam tal fato e demonstram que muitas empresas sucumbiram aos seus próprios ideais, ao tentar resistir a certas mudanças significativas e vitais para a sua sobrevivência (SENGE, 1999). Mudanças e transformações estiveram presentes na sociedade ao longo de sua evolução. Elas sempre existiram e continuarão a causar diversos tipos de impactos. Porém, o que se percebe nos últimos anos, é o fato de que a velocidade com que ocorrem essas mudanças está aumentando constantemente (CASTELLS, 2005). Em outras palavras, hoje as mudanças ocorrem em espaços de tempo reduzidos, onde, por exemplo, novas tecnologias são desenvolvidas e acabam rompendo formas até então onipresentes, causando rupturas socioeconômicas e tecnológicas; mudanças ou novas regras e legislações são constituídas e acabam resultando em modificações significativas na economia; e até mesmo mudanças climáticas irão, certamente, modificar os costumes e comportamentos dos indivíduos (RUTHES; DO NASCIMENTO, 2006).
1
Statu quo: expressão latina (in statu quo ante) que designa o estado atual das coisas, seja em que ...momento for.
18
A mudança está estreitamente ligada à inovação e ao avanço da ciência e tecnologia. Para Drucker (1975), as empresas terão que se tornar cada vez mais capazes de se organizarem para a inovação e o monitoramento da tecnologia, bem como realizar um acompanhamento dos impactos sociais e econômicos. Os trabalhos de Porter (1989) corroboram essa idéia e o autor salienta, ainda, que seria importante prever a trajetória da evolução tecnológica, pois, dessa forma, as empresas antecipariam-se às mudanças e, conseqüentemente, tornariam-se mais competitivas no mercado. Além disso, a característica sistêmica das mudanças faz com que estas fiquem ainda mais complexas e de difícil compreensão, principalmente, na medida em que as interações vão aumentando e os reflexos dos impactos ficam vinculados a quantidades maiores de atores e variáveis (CASTELLS, 2005). Segundo Drucker (2001), o desafio em termos de gestão e administração para o século XXI está relacionado com o modo como as organizações lidam com as mudanças. O autor afirma que não é possível gerenciar as mudanças, mas sim somente estar à sua frente. A empresa precisa ser uma “líder de mudança”, e, para isso, os líderes devem tratá-la como oportunidades, buscando encontrar boas mudanças dentro e fora da organização. Nesse sentido, é possível verificar quatro requisitos básicos para uma empresa ser uma líder de mudança, a saber: (i) políticas para criar o futuro; (ii) métodos sistemáticos para buscar e prever mudanças; (iii) maneiras de introduzir mudanças (dentro e fora da organização); e, (iv) políticas para equilibrar mudanças e continuidade. Drucker (2001) acrescenta ainda que a política de inovação precisa estar relacionada com a política de criar mudanças. Sem o relacionamento dessas políticas nenhuma organização pode esperar ser uma inovadora de sucesso. No entanto, nas organizações é possível observar, simultaneamente, duas forças contrárias quanto ao processo de mudança: (i) o desejo de mudar; e, (ii) o desejo de continuar o statu quo. No centro de tudo isso pode surgir o conflito: de um lado pessoas aptas a mudarem, e no outro, indivíduos receosos e intransigentes (MARRAS, 2002). É nesse sentido que a cultura organizacional ganha grande destaque, uma vez que é preciso entendê-la para poder promover processos de mudanças e de inovação. De acordo com Silva e Zanelli (2004, p. 439), “quanto mais consistente for
19
a cultura, mais difícil será a mudança em direções opostas aos seus valores, uma vez que ela funciona como um anteparo que afasta a organização de tais inovações”. A cultura não pode ser alterada de maneira arbitrária por meio de anúncios de mudanças, mas sim mediante incentivos relacionados aos pontos fortes e, conseqüentemente, ao atrofiamento dos pontos fracos. Tais mudanças se efetivam a partir de alterações legítimas nas atitudes dos dirigentes e pela interiorização de novas formas de conceber os processos e rotinas organizacionais. Nesse ponto, os dirigentes devem agir de acordo com o que professam, de modo a estimular que os demais participantes da comunidade organizacional confiram credibilidade à realidade social em mudança. (SILVA; ZANELLI, 2004, p. 441).
A cultura não pode ser analisada de maneira individual, pois existe toda uma cadeia de interação entre organizações e indivíduos, e em vários níveis. A cultura deve ser tratada de maneira integrada, considerando a interação simultânea entre os diferentes níveis, por exemplo, do grupo, da organização e da cultura local (CHAO, 2004 apud SILVA; ZANELLI, 2004). Acredita-se que é nesse sentido que o desenvolvimento regional deve ser fomentado, ou seja, no objetivo de trabalhar a cultura empresarial para que toda uma indústria forme a base propulsora de um processo de inovação, que se dissemine por toda a região, e que tenha o desenvolvimento sustentável como a grande meta a ser atingida. A indústria tem um papel fundamental no desenvolvimento regional sustentável, e é pelas pessoas que esse processo deve ser promovido e impulsionado (RUTHES; DO NASCIMENTO, 2006). 1.1
PROBLEMÁTICA É importante que se faça o monitoramento das variáveis que impactam a
indústria-chave local, pois qualquer mudança significativa na cadeia produtiva ou no setor,
pode
acarretar
sérios
problemas
e
comprometer
a
busca
pelo
desenvolvimento regional sustentável (RUTHES; DO NASCIMENTO, 2006). Como mencionado na introdução deste trabalho, é difícil identificar e mapear as variáveis que impactam uma organização, o que torna ainda mais complexo estender essa tarefa a toda uma indústria. Em termos setoriais, existem muitos atores agindo ao longo da cadeia de produção que, juntos, formam uma rede de
20
relacionamento. Esses atores possuem, de forma concomitante, um poder de influência e dependência entre si, com pesos e graus de interação diferentes. Sem contar com os reflexos, oriundos das variáveis internas e externas à indústria, que impactam direta e indiretamente no comportamento desses atores. Nesse sentido, toda a indústria pode ser considerada um sistema complexo, com entrada, processamento e saída, e com muitas variáveis incidindo sobre ela. Tendo como fundo a explanação desenvolvida anteriormente, tem-se como problema de pesquisa a seguinte indagação: COMO A PROSPECTIVA ESTRATÉGICA PODE SUBSIDIAR A TOMADA DE DECISÃO NA DEFINIÇÃO DE POLÍTICAS E ESTRATÉGIAS
VOLTADAS
AO
SETOR
TÊXTIL
E
CONFECÇÃO DO ESTADO DO PARANÁ? Compreender como o sistema funciona, portanto, pode contribuir para uma tomada de decisão mais fundamentada, além de facilitar o entendimento do processo de mudança e inovação na indústria e nas organizações. A Prospectiva Estratégica é uma abordagem metodológica que pode possibilitar uma visão mais detalhada sobre o comportamento do sistema empresarial. Essa abordagem utilizase de diversas ferramentas que podem ser utilizadas como apoio à tomada de decisão, como por exemplo, a identificação e priorização das variáveis que possam impactar o sistema, ou mesmo para a obtenção do mapa de poder e força entre os atores do sistema investigado. 1.2
OBJETIVO GERAL O objetivo geral desta pesquisa é propor um processo de apoio à tomada de
decisão para a definição de políticas e estratégias para o Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná. 1.2.1 Objetivos Específicos Para o atendimento do objetivo principal, esta pesquisa comporta os seguintes objetivos específicos:
21
• Realizar uma revisão de literatura sobre Desenvolvimento Regional e as Aglomerações Industriais, bem como sobre a Prospectiva Estratégica; • Levantar, em nível mundial, as tendências científico-tecnológicas e socioeconômicas que possam impactar o Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná; • Mapear o Setor Têxtil e Confecção no Brasil e no Estado do Paraná com relação aos indicadores de emprego e trabalho, de comércio internacional e de competência em pesquisa; • Priorizar as variáveis relevantes para o Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná (definição do sistema de variáveis); • Identificar as variáveis-chave para o Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná; • Analisar as inter-relações entre as variáveis do sistema e deduzir sua contribuição para a tomada de decisão; e, • Estruturar uma proposta de Prospectiva Estratégica para apoiar à tomada de decisão setorial. 1.3
HIPÓTESES As hipóteses que se pretende verificar nesta pesquisa estão embasadas na
premissa de que a complexidade sistêmica da cadeia produtiva precisa ser, pelo menos, estruturada de maneira lógica para apoiar a tomada de decisão. Nesse sentido, as hipóteses a serem consideradas nesta investigação podem ser assim apresentadas: • HIPÓTESE 1 A Prospectiva Estratégica pode auxiliar na tomada de decisão em um contexto complexo caracterizado pela dificuldade de obtenção de leitura coerente das inter-relações das variáveis que compõem e impactam o Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná. • HIPÓTESE 2 A Prospectiva Estratégica é uma abordagem que permite identificar tendências e mudanças que poderão impactar a indústria e aglomerações industriais.
22
1.4
O MÉTODO Esta é uma pesquisa de caráter descritivo e de natureza aplicada. A
abordagem utilizada é tanto quantitativa quanto qualitativa. O método está baseado no estudo de caso do Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná. 1.5
ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO Além dessa introdução, capítulo 1, este trabalho está estruturado em sete
capítulos (ver Figura 1). Na seqüência, capítulo 2, encontra-se abordado o tema desenvolvimento regional e as aglomerações industriais, pois acredita-se que a Prospectiva Estratégica possa contribuir para questões de ordem setorial voltadas ao desenvolvimento regional, bem como para as aglomerações industriais setoriais. Em seguida, capítulo 3, tem-se estruturado o capítulo referente aos estudos sobre o futuro e a Prospectiva Estratégica, no qual procurou-se conceituar e apresentar as principais ferramentas utilizadas em estudos dessa natureza. FIGURA 1 – ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO Capítulo 1
Introdução
Considerações Finais Capítulo 7
Capítulo 2 Desenvolvimento Regional e as Aglomerações Industriais
Capítulo 3
Capítulo 4
Estudos sobre o Futuro e a Prospectiva Estratégica
Tendências e Convergências do Setor Têxtil e Confecção
Setor Têxtil e Confecção do Paraná: Um Estudo de Caso
Aspectos Metodológicos
Capítulo 6
Capítulo 5
Fonte: O autor.
Dando continuidade, no capítulo 4 foram identificadas as principais tendências e convergências científico-tecnológicas e socioeconômicas para o Setor Têxtil e Confecção, no qual procurou-se, de forma simplificada, extrapolar algumas mudanças previstas para o setor. Os aspectos metodológicos que permearam e direcionaram esta pesquisa estão apresentados no capítulo 5. No capítulo seguinte, capítulo 6, apresenta-se o estudo de caso sobre o Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná, onde procurou-se identificar alguns indicadores que pudessem posicionar a indústria paranaense em relação ao país e relacionar algumas
23
características do setor no Paraná. Neste capítulo encontram-se, também, a análise e as discussões referentes ao método MICMAC© desenvolvido neste estudo. Por último, no capítulo 7 são apresentadas as considerações finais, onde procurou-se responder aos objetivos e às hipóteses previamente levantadas na introdução desse trabalho, capítulo 1. Além disso, encontra-se no final deste documento os elementos pós textuais como Referências (página 219), Apêndices (página 237), e Anexos (página 257).
24
2
DESENVOLVIMENTO REGIONAL E AS AGLOMERAÇÕES INDUSTRIAIS A dinâmica da economia e da tecnologia dos sistemas produtivos regionais
motivaram estudiosos de diversas áreas do conhecimento, tais como a economia, a sociologia e a geografia. Este fato gerou como resultado inúmeras nomenclaturas e definições para caracterizar aglomerações empresariais com proximidade geográfica (LEMOS, 2003). Além disso, essas definições variam de autor para autor, e dependem muito do tipo de enfoque e do objeto em análise. Para este estudo adotou-se a definição de Lastres e Cassiolato (2003, p. 07), cujo conceito pode ser assim descrito: O termo aglomeração – produtiva, científica, tecnológica e/ou inovativa – tem como aspecto central a proximidade territorial de agentes econômicos, políticos e sociais. Geralmente, essas aglomerações envolvem algum tipo de especialização produtiva da região em que se localizam.
Nesse contexto, existem diversas tipologias e abordagens relacionadas às aglomerações industriais. Suzigan (2001) apresenta pelo menos cinco abordagens expressivas para analisar tais aglomerações: (i) “Nova Geografia Econômica” de Paul Krugman; (ii) “Economia de Empresas”, com destaque para Michel Porter; (iii) “Economia Regional”, liderada por Allen Scott; (iv) “Economia da Inovação”, cujo expoente é David Audrestch; e, (v) “Pequenas Empresas / Distritos Industriais”, com destaque para as contribuições de Hubert Schmitz. As abordagens de Krugman e Porter são semelhantes, principalmente no sentido de tratar as aglomerações industriais como resultado natural das forças de mercado, o que assume o pressuposto de que não há muito que fazer em relação às medidas gerais de políticas. Por outro lado, as abordagens de Scott, Audrestch e Schmitz ressaltam o apoio do setor público, por meio de medidas específicas de políticas e do fomento à cooperação entre os atores (SUZIGAN, 2001). A questão da proximidade entre as empresas é um fator que caracteriza as aglomerações industriais. Por conseguinte, o “local” torna-se um objeto de estudo muito importante, devido às diversas tentativas de revelar as características do seu relacionamento com o desenvolvimento e a competitividade da região. Nesse sentido, Oliveira (2004, p.55) destaca que:
25
A recente importância e a especialização assumida pelo espaço denominado “local” pode parecer o paradoxo da globalização. Enquanto global remete à idéia de inexistências de limites e fronteiras, local denota espaço fisicamente reconhecido que pode significar desde um bairro até uma nação.
Muitos pesquisadores afirmam que os conceitos de local e de espaço são muito mais amplos que os limites físicos de determinados aglomerados industriais. Acredita-se que os limites do local não são somente geográficos, mas devem ser determinados, por exemplo, no âmbito econômico, político e social, o que de fato inclui toda a dinâmica e inter-relações que existem nesse contexto (ALBAGLI, 1999; LÓPEZ; LUGONES, 1999; CARON, 2004 apud OLIVEIRA, 2004; PEIXOTO, 2005). O espaço tem um papel privilegiado na medida em que ele cristaliza os momentos anteriores, e é o lugar de encontro entre o passado e o futuro, mediante as relações sociais do presente que nele se realizam. (PEIXOTO, 2005, p. 23).
Outro ponto importante, que vem sendo debatido e pesquisado, diz respeito à identificação das regiões que possuem aglomerações industriais e vocação para determinadas atividades econômicas. Existem vários estudos que priorizam o desenvolvimento de metodologias de identificação e análise de aglomerações industriais como, por exemplo, os estudos de Britto, (2000); Suzigan, (2001); Puga, (2003); Suzigan et al., (2003a) e (2003b); Szpak e Cunha, (2003); Santana e Santana, (2004); Ruiz e Domingues, (2005); Santana, Santana e Filgueiras, (2005). As técnicas utilizadas são variadas e vão desde a análise de bases de dados, como a RAIS e os coeficientes de GINI 2, até a pesquisa in loco, por meio de questionário estruturado. Além disso, existe no Brasil uma rede de pesquisa interdisciplinar, denominada REDE DE PESQUISA EM SISTEMAS E ARRANJOS PRODUTIVOS E INOVATIVOS LOCAIS – REDESIST, que trabalha com o tema aglomerações industriais, cuja coordenação está sendo desenvolvida pelos pesquisadores José Eduardo Cassiolato e Helena Maria Martins Lastres. Os trabalhos da REDESIST estão sendo orientados no sentido de desenvolver indicadores e tipologias que permitam tirar algumas conclusões sobre fatores recorrentes, que propiciam ou 2
O Coeficiente de Gini é uma medida de desigualdade desenvolvida pelo estatístico italiano Corrado
...Gini.
26
dificultam o processo de aprendizado, capacitação e inovação. No entanto, somente com a utilização dos indicadores não é possível captar todos os aspectos importantes para uma análise profunda de aglomerações industriais (LASTRES; CASSIOLATO, 2004). Segundo Dominguez e Ruiz (2006), um estudo realizado no Brasil para mapear
a
organização
territorial
da
indústria
brasileira
identificou
quinze
aglomerações espaciais no país, formadas por apenas 254 municípios. A distribuição geográfica dessas aglomerações é restrita às Regiões Sul e Sudeste, sendo que essas quinze aglomerações concentram 75% do produto industrial do país e quase o total do produto das empresas inovadoras, exportadoras e intensivas em escala. Este fato demonstra a importância das aglomerações industriais para o país. Na Figura 2, p. 27, pode-se observar a distribuição das firmas industriais com mais de 30 empregados no Brasil no ano 2000. O espaço econômico brasileiro é um caso heterogêneo: o Brasil já apresenta amplas regiões com fortes conexões regionais, particularmente no Sul e Sudeste, mas existem ainda um conjunto desconexo de ilhas e enclaves 3 industriais com limitados efeitos transbordamentos. (RUIZ; DOMINGUES, 2005, p. 01) .
De acordo com um estudo realizado por Lemos et al. (2003), a configuração regional brasileira revela que não houve mudança estrutural, entre 1980 e 1991, do padrão do desenvolvimento regional brasileiro 4, uma vez que os autores identificaram que os grandes contornos geográficos da economia brasileira continuavam semelhantes. As fronteiras do aglomerado industrial não são estáticas; elas se encontram em constante evolução. Este fato é devido, principalmente, ao surgimento de novas empresas e setores, ao encolhimento ou declínio dos setores estabelecidos e ao desenvolvimento e à transformação das instituições locais. A causa dessa mobilidade das fronteiras dos aglomerados pode ser explicada, por exemplo, pela mudança na legislação e nos regulamentos, ou pela evolução da tecnologia e dos mercados, o que pode disseminar novos setores, criar novos elos ou alterar os mercados atendidos (PORTER, 1999).
3 4
Enclaves = áreas no entorno de aglomerações industriais locais isoladas no território. Dados baseados no censo de 1991 do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
27
FIGURA 2 – CONCENTRAÇÃO DE INDÚSTRIAS NO BRASIL
Fonte: DOMINGUES; RUIZ, (2006, p. 43).
Ainda nesse sentido, Lastres et al. (1999) destacam que o caráter localizado do desenvolvimento econômico e sua relação com a inovação é uma questão muito recente e que pode ser observada com mais intensidade na literatura especializada a partir dos anos 80. A atenção ficou maior no que se refere ao caráter localizado da inovação e do conhecimento quando se constataram grandes assimetrias relacionadas à distribuição espacial da capacidade de geração e de difusão de inovações. De acordo com Dosi et al. (1994) apud López e Lugones (1999), as capacidades de inovação e aprendizado estão fortemente inseridas ou aprofundadas na estrutura social, institucional e produtiva de cada região. Atrelado a tudo isso, é, de certa forma, consenso entre a maioria dos pesquisadores e estudiosos a premissa da impossibilidade de criação de aglomerações por forças externas ou por imposição, já que, geralmente, as aglomerações industriais desenvolvem-se espontaneamente. O surgimento desse
28
modelo industrial depende muito da vocação local, além da presença de economias externas e de condições regionais favoráveis. É por isso que não é possível desenvolver políticas de criação de aglomerações empresariais (SUZIGAN, 2001). As aglomerações industriais variam em tamanho, amplitude e estágio de desenvolvimento. Algumas delas são constituídas de empresas de pequeno e médio porte, outras envolvem organizações de grande e pequeno porte. Algumas aglomerações giram em torno de pesquisas universitárias, enquanto outras não apresentam ligações significativas com essas instituições. Essas e outras distinções refletem as diferenças estruturais entre as aglomerações. “Os aglomerados mais desenvolvidos apresentam bases de fornecedores mais profundas e especializadas, um aparato mais amplo de setores correlatos e instituições de apoio mais abrangentes”. (PORTER, 1999, p. 216). Em se tratando de competição, as empresas nos aglomerados podem ser influenciadas de três maneiras: (i) pelo aumento da produtividade; (ii) pelo fortalecimento da capacidade de inovação; e, (iii) pelo estímulo à formação de novas empresas, que reforçam o processo de inovação e ampliam o aglomerado como um todo. Além disso, os índices de produtividade nos aglomerados são beneficiados pelo ao acesso a fatores como: (i) insumos e pessoal especializado; (ii) informação; (iii) complementaridade entre as atividades; (iv) instituições e bens públicos; e, (v) incentivo e mensuração do desempenho (PORTER, 1999). As vantagens da aglomeração empresarial têm auxiliado, principalmente, pequenas e médias empresas a vencerem barreiras ao crescimento. O arranjo dessas organizações pode fomentar a produção eficaz e a comercialização de produtos em mercados distantes, tanto em nível nacional quanto em nível internacional (CASSIOLATO; LASTRES, 2001). O modelo de aglomeração industrial também gera oportunidades para outros setores, como é o caso das indústrias correlatas e de apoio que são fomentadas na região. Segundo Garcia (2003), as aglomerações industriais são capazes de atrair setores e segmentos industriais e de serviços ligados à atividade principal, o que de fato contribui para o incremento da competitividade local, para o processo de inovação e aperfeiçoamento dos produtos e para o aprendizado coletivo. Quanto à inovação, os benefícios para as empresas que fazem parte de aglomerados industriais, em comparação com as organizações em localizações
29
isoladas, são importantes e, até certo ponto, mais expressivos (PORTER, 1999; CASSIOLATO; LASTRES, 2001). As empresas dentro de um aglomerado industrial percebem de maneira mais rápida as necessidades dos compradores, além de terem maior facilidade de discernimento das tendências dos clientes. A flexibilidade e a capacidade de atuação para agir com rapidez quando despertadas para um insight é maior nas empresas localizadas nos aglomerados, principalmente pela existência de articulações mais fortes (PORTER, 1999). Para Boisier (1996), o desenvolvimento regional está submetido ao resultado da interação de dois notáveis processos que estão, atualmente, presentes em todos os países: (i) o processo de abertura externa (movido pela globalização); e, (ii) o processo de abertura interna (impulsionado pela força da descentralização). Segundo o autor, o processo de abertura externa é essencialmente econômico, enquanto que o processo de abertura interna é político. Pode-se mesmo dizer que é crescente a percepção da inconciliabilidade entre o objetivo de tornar-se competitivo e a manutenção de estruturas decisórias centralizadas. Essa constatação permite prever uma ampla e progressiva demanda por descentralização, o que inclui, evidentemente, a descentralização política/territorial, que fará aumentar a importância do remanejo territorial. (BOISIER, 1996, p. 112).
Segundo Boisier (1996), o desenvolvimento de um território organizado depende da existência e da articulação de seis elementos: (i) atores; (ii) instituições; (iii) cultura; (iv) procedimentos; (v) recursos; e, (vi) entorno. Normalmente esses elementos estão presentes em qualquer território organizado. Esses elementos interagem de um modo denso ou difuso, de forma aleatória ou então de uma forma inteligente e estruturada. O desenvolvimento resultará apenas de uma interação densa e inteligentemente articulada, mediante um projeto coletivo ou um projeto político regional. Do contrário, não se terá senão uma caixa preta, cujo conteúdo e funcionamento se desconhece. (BOISIER, 1996, p. 133).
Em algumas regiões prevalece uma cultura competitiva e individualista, capaz de gerar crescimento, porém sem condições de promover o desenvolvimento mais duradouro. Por outro lado, existem regiões em que a cultura da cooperação e da solidariedade é mais intensa, o que gera mais eqüidade sem crescimento. Portanto, o importante é combinar ambos os padrões para que seja possível obter, em uma mesma região, a capacidade de cooperação e de competição (BOISIER, 1996).
30
Se o jogo da competição é uma atividade complexa que se desenvolve de acordo com regras também complexas, não se pode pretender ganhar mediante sistemas simples. (...) Pode-se observar que a complexidade territorial é também um requisito para uma junção adequada de qualquer território ao comércio internacional. (BOISIER, 1996, p. 120).
O modelo em que a cooperação e a concorrência se encontrem combinadas em um mesmo território se assemelha muito com algumas teorias sobre aglomerações industriais. A seguir serão apresentadas algumas estratégias de ações de desenvolvimento regional por meio da aglomeração industrial. Estas estratégias muitas vezes foram desenvolvidas de forma arbitrária (políticas públicas), como também, em muitos casos são padrões que foram observados a partir do surgimento espontâneo e vocacional de determinadas regiões. 2.1
DISTRITO INDUSTRIAL Foi o inglês Alfred Marshall o primeiro estudioso a desenvolver o conceito de
distrito industrial. Tal definição é conseqüência do padrão de produção que existia na Inglaterra no século XIX, onde a característica básica que levou Marshall a chegar a essa conclusão era a concentração de pequenas empresas de manufatura aglomeradas na periferia dos centros produtores (GARCIA, 2002; ALBAGLI; BRITO, 2003; LASTRES; CASSIOLATO, 2003; CAMPOS, 2006; SONAGLIO; MARION FILHO, 2006). As características básicas dos modelos clássicos de distritos industriais, caracterizados a partir da análise original de Marshall, indicam em vários casos: alto grau de especialização e forte divisão de trabalho; acesso à mão-de-obra qualificada; existência de fornecedores locais de insumos e bens intermediários; sistemas de comercialização e de troca de informações entre os agentes. (LASTRES; CASSIOLATO, 2003, p. 13).
2.2
PÓLO INDUSTRIAL Segundo Haddad (2002), foram os pesquisadores franceses François Perroux
e Jacques Boudeville, em meados dos anos 50, que criaram os primeiros conceitos de pólo e desenvolvimento regional polarizado. Pólos são formados por aglomerações de indústrias motrizes no desenvolvimento econômico de regiões e localidades, capazes de induzirem transformações na sua área de influência (efeitos de arrasto).
31
Um pólo de desenvolvimento está associado, geralmente, a um grande projeto de investimento geograficamente localizado e que mantém fortes vínculos com suas áreas de influência política, econômica e institucional. (HADDAD, 2002, p. 02).
2.3
COMPLEXO INDUSTRIAL De acordo com Isard (1998) apud Haddad (2002), complexo industrial pode
ser definido como um conjunto de atividades que ocorrem em um determinado local e pertencem a um grupo ou subsistema de atividades sujeitas a importantes interrelações de produção, comercialização e tecnologia. Segundo Haddad (2002), a partir da década de 60, muitos países latinoamericanos incorporaram em suas estratégias de promoção industrial, para regiões periféricas, a proposta de complexos industriais. Estas medidas foram concebidas como forma de superar desníveis espaciais de desenvolvimento nesses países. Como exemplos desse modelo industrial no Brasil, pode-se citar o complexo petroquímico de Camaçari, na Bahia, e o complexo químico-metalúrgico do Rio Grande do Norte. 2.4
ARRANJO PRODUTIVO LOCAL De acordo com Lemos (2003), arranjos produtivos locais (APL) podem ser
definidos como qualquer forma de aglomerações produtivas territoriais, onde a dinâmica e o desempenho não apresentam elementos suficientes de interação. Outra definição muita utilizada e aceita no âmbito acadêmico é a de Lastres e Cassiolato (2003, p. 03-04): Arranjos produtivos locais são aglomerações territoriais de agentes econômicos, políticos e sociais - com foco em um conjunto específico de atividades econômicas - que apresentam vínculos mesmo que incipientes. Geralmente envolvem a participação e a interação de empresas - que podem ser desde produtoras de bens e serviços finais até fornecedoras de insumos e equipamentos, prestadoras de consultoria e serviços, comercializadoras, clientes, entre outros - e suas variadas formas de representação e associação. Incluem também diversas outras organizações públicas e privadas voltadas para: formação e capacitação de recursos humanos, como escolas técnicas e universidades; pesquisa, desenvolvimento e engenharia; política, promoção e financiamento.
32
Para Haddad (2002), no Brasil os arranjos produtivos locais, na sua maioria, podem ser considerados não-avançados ou não clusterizados, com características que podem ser assim enumeradas: (i) configuram uma concentração geográfica; (ii) possuem elevado grau de especialização setorial; (iii) são grupos de micro e pequenas empresas, sem a presença da grande empresa-âncora; (v) apresentam baixo nível de eficiência coletiva baseada em economias externas e em ação conjunta; e, (vi) possuem coesão e intensidade na divisão de trabalho, a qual é relativamente limitada entre as empresas. A abordagem dos Arranjos Produtivos Locais (APLs) tem sido adotada como referencial teórico para identificar e tratar aglomerações industriais especializadas presentes em regiões que alcançaram desenvolvimento diferenciado em termos de crescimento de renda e geração de emprego. Cresce o reconhecimento de que a atuação junto aos arranjos produtivos locais é uma via possível para a política pública, na medida em que ações de apoio concorram para ampliar a eficiência coletiva dessas aglomerações. (BESEN; DELGADO, 2005, p. 161).
Um
estudo
desenvolvido
pelo
INSTITUTO
PARANAENSE
DE
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL – IPARDES em conjunto com a SECRETARIA DE ESTADO DO PLANEJAMENTO E COORDENAÇÃO GERAL – SEPL identificou a existência de 114 aglomerações produtivas industriais no Estado do Paraná, cujas características apontam para potenciais arranjos produtivos locais. Dentre essas aglomerações, foram priorizadas 22 para realização de estudos mais avançados e específicos, para que seja possível estruturar políticas públicas de apoio ao desenvolvimento dos APLs (BESEN; DELGADO, 2005). 2.5
CLUSTER INDUSTRIAL Cluster industrial pode ser definido como concentração geográfica e setorial
de empresas que, por sua vez, geram externalidades produtivas e tecnológicas, cuja característica básica está no desenvolvimento empresarial dinâmico (PORTER, 1986; BRITTO, 2000). “O conceito de cluster busca investigar atividades produtivas e inovativas de forma integrada à questão do espaço e das vantagens de proximidade”. (BRITTO, 2000, p. 06). Segundo Lastres e Cassiolato (2003), o termo clusters é de tradição anglo-americana, onde inicialmente era empregado para definir aglomerados territoriais de empresas com atividades similares. Porém, ao
33
longo do seu desenvolvimento o conceito ganhou nuanças e interpretações. Atualmente, uma das definições mais aceitas sobre clusters é de Hubert Schmitz: Hubert Schmitz, definiu clusters como concentrações geográficas e setoriais de empresas e introduziu a noção de eficiência coletiva que descreve os ganhos competitivos associados à interação entre empresas em nível local, além de outras vantagens derivadas da aglomeração. (LASTRES; CASSIOLATO, 2003, p. 10).
Na definição de Amato Neto (2000), cluster é a concentração setorial e geográfica de empresas que produzem produtos similares. Entretanto, somente a concentração setorial e geográfica não garante os benefícios para essas empresas, pois é necessário um conjunto de fatores facilitadores para gerar os benefícios que um cluster pode proporcionar. Nesse sentido, Casarotto Filho e Pires (2001) afirmam que o cluster desenvolve-se sobre a vocação regional e pode conter empresas produtoras de produtos finais, serviços e fornecedores, além de incluir associações de suporte (privadas e públicas). Para Britto (2000), a análise setorial tradicional não indica uma série de fenômenos importantes na dinâmica industrial. Por outro lado, o recorte regional permite analisar as particularidades e características específicas do local. A análise dos clusters industriais integra-se à análises que privilegiam um recorte “meso-econômico” da dinâmica industrial, as quais ressaltam o papel desempenhado por “sub-sistemas” estruturados na modulação daquela dinâmica. (BANDT, 1989 apud BRITTO, 2000, p. 07).
Para buscar caracterizar um cluster é preciso identificar alguns aspectos essenciais ao conceito desse tipo de aglomeração como, por exemplo: (i) a presença de economias externas locais relacionadas ao tamanho de mercado; (ii) a concentração de mão-de-obra especializada; (iii) os spill-overs 5 tecnológicos; (iv) a interação entre as empresas por meio da integração de produção, comércio e distribuição; (v) a cooperação no marketing, promoção de exportações, suprimento de insumos essenciais, atividades de Pesquisa e Desenvolvimento - P&D; (vi) o efetivo apoio de instituições locais; (vii) a formação de lideranças privadas e públicas locais; e, (viii) a formação de identidade política, social ou cultural no sentido de
5
Spill-overs tecnológicos: “vazamento” de conhecimento tecnológico (microteoria da ramificação).
34
subsidiar comportamentos de confiança e compartilhamento de informações entre empresas (SUZIGAN, 2001). Porém, para Cassiolato e Lastres (2000), o conceito de cluster baseado em setor não consegue identificar as situações onde a fronteira dos setores industriais encontram-se em mutação. Para os autores, as aglomerações industriais são sistemas dinâmicos, o que de fato torna complexo o entendimento pela abordagem tradicional de clusters. Os sistemas industriais são mais amplos e em contínua mutação e precisam ser trabalhados sob uma perspectiva dinâmica. Já para Haddad (2002), o cluster é um sistema produtivo local, cujo agrupamento de empresas é de certa forma avançado, maduro e com alto nível de coesão e coordenação entre os agentes, o que de fato possibilita ganhos de externalidades para as empresas, por meio da cooperação e aprendizado tecnológico e comercial. O autor cita o reconhecido
“Distrito
Industrial
Italiano”,
abordado
em
diversas
literaturas
especializadas, como exemplo de sistema produtivo local que se caracteriza como um cluster maduro ou sistema local de inovação. Neste caso italiano, o sistema produtivo está estruturado com base em micro e pequenas empresas com relacionamento de cooperação horizontal sem, no entanto, contar com a presença de grandes organizações como âncora. 2.6
SISTEMA PRODUTIVO E INOVATIVO LOCAL Os APLs, quando verificadas a efetividade de ações de construção e reforço
de processos de aprendizagem, cooperação e inovação, podem ser considerados em transição para o denominado “sistema produtivo e inovativo local”. Para que isso seja possível, é importante desenvolver a articulação entre os atores envolvidos, bem como utilizar ferramentas e instrumentos adequados (LEMOS, 2003). Para Lastres e Cassiolato (2003, p. 04), sistemas produtivos e inovativos locais são aqueles arranjos produtivos em que interdependência, articulação e vínculos consistentes resultam em interação, cooperação e aprendizagem, com potencial de gerar o incremento da capacidade inovativa endógena, da competitividade e do desenvolvimento local.
Partindo do pressuposto de que as aglomerações industriais são sistemas dinâmicos, complexos e em contínua mutação, Cassiolato e Lastres (2003)
35
acreditam que para entender essa dinâmica faz-se necessário conhecer em profundidade suas especificidades, seu peso e papel dentro das cadeias produtivas e setores dos quais fazem parte, bem como o conhecimento mais detalhado das economias regionais e internacionais. O desenvolvimento local é condicionado e subordinado a forças endógenas e exógenas que impactam no sistema produtivo, o que de fato demonstra a importância de uma abordagem sistêmica na análise. Nesse contexto, Vargas (2002) corrobora com o pressuposto de que é importante desenvolver uma abordagem sistêmica para analisar os arranjos produtivos locais. O autor conclui, em sua tese, que o aprendizado tecnológico e a capacitação produtiva e inovativa não podem ser explicados exclusivamente por fatores internos às firmas ou aos setores. As formas de interação entre os atores também contribuem para o aprendizado e a capacidade de gerar inovações. 2.7
REDE DE EMPRESA De acordo com Cassiolato e Szapiro (2003), o que se observa quanto às
redes, é a existência de aglomerações de micro e pequenas empresas que possam desempenhar o papel de coordenação das atividades econômicas e tecnológicas, sem, no entanto, possuir grandes empresas concorrentes no local. Rede de empresas refere-se a arranjos inter-organizacionais baseados em vínculos sistemáticos formal ou informal de empresas autônomas. Essas redes nascem através da consolidação de vínculos sistemáticos entre firmas, os quais assumem diversas formas: aquisição de partes de capital, alianças estratégicas, externalização de funções da empresa, etc. Estas redes podem estar relacionadas a diferentes elos de uma determinada cadeia produtiva (conformando redes de fornecedor-produtor-usuário), bem como estarem vinculadas a diferentes dimensões espaciais. (LASTRES; CASSIOLATO, 2003, p. 22).
Quando não existem formas locais de governança, pode-se dizer que a governança é típica de redes. Neste caso, as redes podem ser classificadas da seguinte forma: (i) micro e pequenas empresas locais que surgiram a partir de instituições científico-tecnológicas de excelência, resultando em aglomerações de empresas de base tecnológica em torno da especialização científica e técnica; (ii) aglomerações de micro e pequenas empresas estruturadas em torno de setores industriais como, por exemplo, calçados e vestuário; e, (iii) governança em rede do tipo hierárquica, onde grandes empresas funcionam como âncoras na economia da
36
região, gerando diversos provedores de serviços e fornecedores (CASSIOLATO; SZAPIRO, 2003). As redes industriais têm contribuído de forma significativa para a melhor eficiência e eficácia do processo inovativo. Novos produtos, por exemplo, têm sido desenvolvidos a partir da integração de diferentes tecnologias, como, também, a flexibilidade, a interdisciplinaridade e a geração de idéias vêm sendo trabalhas com mais veemência a partir da formação de redes. Outro ponto importante é a crescente colaboração com centros produtores de conhecimento pelas empresas industriais (CASSIOLATO; LASTRES, 2001; CASTELLS, 2005). Scatolin et al. (2002) investigaram a relação da formação de arranjos produtivos locais com a dinâmica do comércio internacional. Ao analisarem os fatores que favorecem ou limitam uma participação mais intensa das pequenas e médias empresas nos setores mais dinâmicos da economia internacional observaram que: (...) as pequenas e médias empresas poderiam tornar-se jogadoras mais ativas no contexto da globalização, se inseridas num contexto de formação de redes voltadas à difusão do conhecimento e de políticas industriais de apoio à tecnologia e à exportação. A formação de arranjos inovativos permitiria elevar a capacidade das pequenas empresas a superar os obstáculos ao crescimento e à competição em mercados distantes. (SCATOLIN, et al., 2002, p. 12).
No próximo capítulo encontra-se um breve relato sobre os conceitos e as teorias acerca dos estudos relacionados ao futuro, bem como as principais características a respeito da Prospectiva Estratégica e das ferramentas utilizadas nesse processo.
37
3
ESTUDOS SOBRE O FUTURO E A PROSPECTIVA ESTRATÉGICA Os estudos estruturados sobre o futuro, de certa forma, são recentes nas
organizações, porém não é de hoje que o homem tenta prever o porvir. Atualmente, é cada vez mais comum evidenciar pesquisas e reflexões sobre técnicas de previsão e prospecção. É um tema que está sendo muito discutido no âmbito acadêmico e empresarial e que vem sendo aprimorado constantemente. Para Güell (2004), as incertezas do porvir vêm preocupando o homem a centenas de anos. Deste fato, acarretaram, até então, buscas constantes por métodos e ferramentas que tentassem desvendar ou elucidar o futuro de maneira mais clara e coerente. Porém, o que se percebe no atual contexto contemporâneo, é o aumento significativo da complexidade e da turbulência no qual a sociedade atual está vivendo, fato este que dificulta ainda mais os estudos dessa natureza. Ao assumir o pressuposto que o futuro não pode ser controlado, mas a sociedade pode influenciá-lo, o homem buscou, então, desenvolver e testar diversas metodologias para explorar, criar e provar, sistematicamente, pelo menos duas visões de futuro: a possível e a desejável (GLENN, 2004, p. 08). As técnicas e metodologias tiveram um grande impulso em meados de 1950, onde os métodos e investigações começaram a ficar mais complexos e estruturados, como também ficaram mais populares no mundo acadêmico e empresarial. A Figura 3, p. 38, demonstra a evolução desses estudos a partir dos anos 50 com a indicação dos principais autores e atores envolvidos. A Prospectiva Estratégica foi desenvolvida pelo francês Michel Godet (2001), pesquisador
do
STRATÉGIE
ET
LABORATOIRE ORGANISATION
D’INVESTIGATION –
LIPSOR 6,
EM que
PROSPECTIVE, está
ligado
ao
CONSERVATOIRE NATIONAL DES ARTS ET MÉTIERS – CNAM 7 de Paris (França). Godet criou e organizou uma série de ferramentas que servem como base para o desenvolvimento de estudos prospectivos estratégicos. Algumas dessas ferramentas foram convertidas em softwares para facilitar a organização e a rapidez na geração das informações, mas nem por isso deixou de ser complexa, pois a maior problemática dos estudos dessa natureza está configurada na dificuldade de 6 7
LIPSOR: Laboratório de Investigação em Prospectiva, Estratégia e Organização. CNAM: Conservatório Nacional de Artes e Ofícios.
38
estruturar o sistema investigado, bem como na qualidade dos dados de entrada. (GODET, 2001). FIGURA 3 – EVOLUÇÃO DOS ESTUDOS DO FUTURO Previsão Tecnológica KAHN, HELMER e DADDARIO Previsão Sociológica McHALE, TOFFLER e FULLER Previsão Global FORRESTER e MEADOWS Prospectiva BERGER, MASSÉ e GODET Programas de Prospecção do MITI Observatórios de Prospectiva Tecnológica e Setorial
Fonte: BARBIERI, (1993) apud GÜELL, (2004). Nota: MITI – Ministry of Industry and Technology (Ministério da Indústria e Tecnologia do Japão).
Existem estudos prospectivos que não têm um caráter estratégico bem definido, como também o oposto é verdadeiro. Existem análises estratégicas que são realizadas sem considerar algum tipo de investigação aprofundada em prospectiva, ou até mesmo são omissas a esse tipo de estudo. Portanto, a expressão Prospectiva Estratégica é utilizada para estudos de prospectiva que tenham objetivos e ações estratégicas (GODET, 2000). Nesse contexto, a prospectiva pode ser definida como um instrumento que possibilita a organização e estruturação dos desafios futuros (GODET, 2003). Quando esses desafios são traduzidos em planejamento e em ações voltadas ao aproveitamento das oportunidades, bem como ao bloqueio e amenização das ameaças, concretiza-se, então, a principal característica que Godet preconiza na definição de Prospectiva Estratégica, a de aliar o resultado da prospectiva à formulação de estratégias e ações. Godet (2001) destaca que a falta de antecipação e de uma cultura de planejamento de longo prazo fazem com que as organizações tenham sérios problemas de decisão no seu cotidiano: É por falta da antecipação de ontem que o presente está cheio de questões por resolver, ontem insignificantes mas hoje a necessitar de resolução
39
urgente, mesmo que se sacrifique o desenvolvimento de longo prazo à adoção de soluções ilusórias e de efeitos imediatos. (GODET, 2000, p. 18).
Nesse sentido, é possível classificar as atitudes dos homens face ao futuro em quatro tipos: (i) passivo, que sofre a mudança; (ii) reativo, que aguarda os acontecimentos para tomar alguma ação; (iii) pré-ativo, que se prepara para as mudanças; e, (iv) pró-ativo, que atua no sentido de incitar as mudanças desejadas. Mas isso não impossibilita a sobreposição dessas atitudes, vai depender do momento e da situação que a organização está passando, por exemplo, no contexto de crise, é normal que a reatividade sobrepõe a todo o resto (GODET, 2001; COBOS, 2006). É por causa da necessidade de construir atitudes face ao futuro, que se faz necessário aliar à Prospectiva a formulação de Estratégias e, conseqüentemente, o desenvolvimento de ações voltadas a alcançar os objetivos previamente identificados como promissor nos estudos sobre o porvir (GODET, 2001). A Prospecção e a Estratégia são, geralmente, indissociáveis, pois “a ação sem finalidade não tem sentido e a antecipação suscita a ação”. (GODET, 2000, p. 11-12). Porém, para efeito de análise, convém separar a Prospectiva da Estratégia. A Prospectiva se refere ao tempo da antecipação, ou seja, às mudanças possíveis e desejáveis. Já a Estratégia está ligada ao tempo da preparação da ação, na elaboração e avaliação das alternativas estratégicas possíveis para a organização se preparar para as mudanças esperadas, pré-atividade, e provocar as mudanças desejáveis, pró-atividade (GODET, 2000). Para trabalhar com a dicotomia entre a exploração do futuro (Prospectiva) e a preparação da ação (Estratégia), Godet (2001) sugere à formulação de cinco questões fundamentais: (i) “O que pode acontecer no futuro?”; (ii) “O que posso fazer?”; (iii) “O que vou fazer?”; (iv) “Como vou fazer?”; e, antes de tudo, uma questão prévia e essencial, que freqüentemente é negligenciada pelos gestores e empresas, se refere ao regresso às fontes sobre as raízes de competências da organização (suas forças e suas fraquezas), e que pode ser traduzida da seguinte forma: (v) “Quem sou eu?” (GODET, 2000). A Prospectiva, na sua essência, ocupa-se apenas da questão “O que pode acontecer?”. Ela adquire o formato estratégico quando a organização se interroga sobre “O que posso fazer?”. Uma vez tratadas e evidenciadas estas duas questões,
40
a Estratégia é desenvolvida com duas outras questões: “O que vou fazer?” e “Como vou fazer?”. É desta forma que a sobreposição acontece entre a Prospectiva e a Estratégia (GODET, 2000). 3.1
O LEQUE DOS FUTUROS POSSÍVEIS O mundo real é muito complexo para que se possa desvendar o seu eventual
determinismo oculto. E mesmo que este fato fosse possível, a incerteza, inerente a todas as variáveis, principalmente, as sociais, manteria sempre em aberto a possibilidade de vários futuros (GODET, 2000; GORDON, 2004). Para explorar as múltiplas possibilidades, Godet (2004) defende a construção de cenários 8 para elucidar a organização face aos contextos e conjunturas possíveis no futuro. As múltiplas incertezas relacionadas ao ambiente geral, sobretudo àquelas de longo prazo, demonstram a importância da construção de cenários para iluminar a escolha das opções estratégicas e assegurar a perenidade do desenvolvimento (GODET, 2003). A incerteza do futuro pode ser apreciada a partir do conjunto de cenários que repartem entre si o campo dos prováveis. Em princípio, quanto maior for o número de cenários maior será a incerteza. Mas será maior apenas em princípios, porque é necessário ter também em conta as diferenças de conteúdo entre os cenários: os mais prováveis podem ser muito próximos ou muito contrastados. (GODET, 2000, p. 17).
Faz-se importante, entretanto, uma ressalva: os cenários possíveis não são igualmente prováveis ou desejáveis. Não é porque o estudo prospectivo apontou para um futuro ou cenários desejáveis que se deve formular estratégias em função dessa visão pró-ativa. É importante também ser pré-ativo e preparar-se para as mudanças que foram identificadas como prováveis. Além disso, deve-se evitar uma confusão muito comum em estudos prospectivos: a de não distinguir cenários do ambiente geral das estratégias dos atores. É importante separar a fase exploratória – identificação dos desafios do futuro, da fase normativa – definição das escolhas estratégicas (GODET, 2000; COATES, 2004; GLENN, 2004; GORDON, 2004).
8
O termo cenários foi introduzido em prospectiva e no planejamento estratégico pelos pesquisadores J. Wiener no ano de 1967, quando publicaram o livro “O ano 2000”. Fonte:
...Herman Kahn e Anthony ...GODET, (2004).
41
A metodologia integrada da Prospectiva Estratégica de Godet (2001) procura conjugar os cenários da Prospectiva com as Árvores de Competências da análise estratégica. O objetivo desta metodologia é propor orientações e ações estratégicas estruturadas nas competências da empresa ou do objeto em estudo, sempre em função dos cenários previamente elaborados do ambiente em questão. As etapas da metodologia integrada pode ser observada na Figura 4. FIGURA 4 – PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO COM BASE EM CENÁRIOS 1 O problema proposto e sistema Oficinas de Prospectiva Estratégica 3
2
Variáveis-chave internas e externas Retrospectiva Análise estrutural
Diagnóstico da empresa Árvore de competências Análise estratégica 4
Dinâmica da empresa na sua envolvente Retrospectiva Jogos de atores Campos de batalha Desafios estratégicos 5
6
Cenários da envolvente Tendências pesadas Rupturas Ameaças e oportunidades Avaliação dos riscos
Da identidade ao projeto Opções estratégicas Ações possíveis (valorização, inovação) 7
Avaliação das opções estratégicas Análise multicritérios em futuro incerto 8 Do projeto às escolhas pelo Comitê de Direção 9 Plano de ação e implementação Formulação de objetivos Coordenação e acompanhamento Vigilância estratégica Fonte: GODET, (2000, p. 29).
42
Portanto, particularidade à parte, a Prospectiva Estratégica utiliza os estudos relacionados com a antecipação ao serviço da ação, por meio de uma metodologia integrada do planejamento estratégico com base em cenários. A finalidade principal desta metodologia é a de propor orientações e ações estratégicas apoiadas nas competências da organização e em função dos cenários do seu ambiente geral (GODET, 2000). É nesse sentido que Godet (2000) defende a utilização da Prospectiva Estratégica, pois em um mundo altamente mutável, cujas forças da mudança vêm subverter os fatores de inércia e dos hábitos, um esforço acrescido de prospectiva (tecnológica, econômica e social) é exigido à empresa (ou ao objeto em estudo) para poder adquirir flexibilidade estratégica, isto é, para poder reagir com flexibilidade e sem perder o rumo. As etapas da Prospectiva Estratégica, descritas na Figura 4, p. 41, serão abordadas de forma mais detalhada na seqüência deste capítulo. 3.2
A “CAIXA DE FERRAMENTAS” DE MICHEL GODET Godet (2000) não inventou os instrumentos que compõem a “caixa de
ferramentas 9” da Prospectiva Estratégica. A grande contribuição de Godet foi agrupar e organizar ferramentas que eram utilizadas de maneira dispersa em estudos sobre o futuro ou que eram aplicadas em outras áreas do conhecimento e que poderiam ser aproveitadas na prospecção. “Se esquecemos a herança acumulada, privamo-nos de instrumentos importantes e perdemos muito tempo (...) é necessário manter a memória dos métodos para melhor os enriquecer” (GODET, 2000, p. 24). A utilização dos instrumentos de Prospectiva Estratégica procura apreciar de maneira mais objetiva possível às realidades com suas múltiplas incógnitas. A “Caixa de Ferramentas” de Godet pode ser utilizada em função dos tipos de problemas que se pretende elucidar. As escolhas metodológicas podem ser assim descritas: (i) iniciar e simular o processo da Prospectiva Estratégica (nivelamento e definição da estratégia de pesquisa prospectiva); (ii) identificar as variáveis-chave do 9
Caixa de Ferramentas é o termo criado por Michel Godet para descrever o conjunto de métodos e ...ferramentas utilizadas no processo de Prospectiva Estratégica. Algumas dessas ferramentas foram ...convertidas em softwares para facilitar o processo.
43
sistema investigado; (iii) analisar jogos de atores; (iv) investigar o campo dos possíveis e reduzir as incertezas; (v) elaborar o diagnóstico da organização face à sua envolvente; e, (vi) identificar e avaliar as escolhas e as opções estratégicas. É importante lembrar que esses instrumentos não garantem a criação / ação, e muito menos são únicos e excepcionais. Existem outros instrumentos e ferramentas igualmente eficientes que podem ser utilizadas em estudos prospectivos (ARCADE et al., 2004; GODET, 2004). As ferramentas empregadas em prospecção devem ser utilizadas conforme a natureza do problema a ser investigado, levando em consideração os fatores intrínsecos a ele. Godet (2000) destaca que é possível utilizar as ferramentas de forma combinatória, ou seja, conforme a necessidade da organização e o objeto em estudo, bem como é admissível inovar na aplicação desses instrumentos, com novas técnicas e ferramentas. Cada um dos instrumentos é operacional, mas o seu encadeamento lógico na abordagem seqüencial raramente foi seguido na totalidade. Felizmente, como em qualquer caixa de ferramentas, é possível utilizar cada uma delas de forma modular. (GODET, 2000, p. 30).
Godet (2000) parte do pressuposto da inexistência de dados e de estatísticas sobre o futuro, o julgamento pessoal e subjetivo é, muitas vezes, o único meio de obter informações do porvir. Na medida em que um especialista representa a opinião de um grupo de atores, o seu ponto de vista pode conter muitas informações que devem ser consideradas no desenvolvimento de prognósticos. Godet (2001) acredita que não existe oposição entre intuição e razão, mas sim complementaridade. Esse é um ponto importante da Prospectiva Estratégica, pois é onde o método procura traduzir os dados qualitativos em dados quantitativos, o que também reforça a sua própria credibilidade: “para permanecer uma indisciplina 10 intelectual, fecunda e credível, a Prospectiva tem necessidade de rigor”. (GODET, 2000, p. 04). Portanto, a Prospectiva Estratégica está baseada na opinião de especialistas por meio de uma reflexão coletiva. Existem alguns pontos importantes para o sucesso do resultado, mas se fosse preciso indicar o principal ponto, sem dúvida, ele
10
Michel Godet afirma que é necessária uma indisciplina intelectual na Prospectiva Estratégica, pois de desconstrução dos modelos mentais estabelecidos até o reverte num ato de liberdade de escolha frente ao futuro.
...se trata de um processo imaginário, ...momento que, conseqüentemente, se
44
seria relacionado com a qualidade dos dados de entrada, ou seja, do resultado da capacidade e expressão da visão dos atores envolvidos. A Prospectiva Estratégica “procura estimular a imaginação, reduzir as incoerências, criar uma linguagem comum, estruturar a reflexão coletiva e permitir a apropriação”. (GODET, 2000, p. 24). A “Caixa de Ferramentas” é composta por uma série de instrumentos que se complementam e que podem ser utilizados de forma combinatória. Na seqüência deste capítulo serão apresentados, de forma sucinta, os principais instrumentos utilizados na Prospectiva Estratégica, tais como: (i) Oficina de Prospectiva Estratégica; (ii) Matriz de Impactos Cruzados – MICMAC©; (iii) Jogos de Atores – MACTOR©; (iv) Análise Morfológica – MORPHOL©; (v) SMIC-PROB-EXPERT©; (vi) MULTIPOL©; (vii) Cenários. É importante destacar que foi dedicada uma análise mais detalhada para as ferramentas que foram utilizadas na presente pesquisa. Além disso, outro ponto que merece esclarecimento se refere à ordem de apresentação e execução das ferramentas. Essa ordem ou seqüência vai depender de diversos fatores como, por exemplo, o tempo e os recursos (financeiros, pessoal e infra-estrutura) disponíveis, mas, principalmente, o objetivo da pesquisa, ou seja, o problema no qual se propõem a responder. 3.2.1 Oficina de Prospectiva Estratégica A Oficina de Prospectiva Estratégica, ou como denominado por Godet (2001), Atelier de Prospective Stratégique, é um instrumento simples e apropriado para situações que tenham como obstáculo a falta de tempo suficiente para a elaboração de um estudo mais abrangente onde, hipoteticamente, poderia se valer da utilização das demais ferramentas prospectivas. Este tipo de instrumento vem sendo empregado com mais veemência nas atividades de prospecção desde os anos 80 (GODET, 2001). Além disso, a Oficina de Prospectiva Estratégica é indicada para os casos onde é necessária uma reflexão sobre a natureza do problema a ser investigado, sobre a maneira de o abordar, sobre as respostas que se podem obter e sobre o modo de operacionalizar o processo. Enfim, a Oficina pode ser utilizada como planejamento do estudo prospectivo que se pretende realizar. “É inútil perder tempo
45
com falsos problemas e, além disso, um problema bem colocado é meio caminho andado para a sua resolução”. (GODET, 2000, p. 41). Portanto, para os casos onde o problema já está adequadamente determinado, a Oficina pode ser suprimida do processo de Prospectiva Estratégica. Porém, Godet (2000) sugere que, independente da metodologia a ser utilizada, é sempre útil promover a realização de uma Oficina de Prospectiva para os casos onde é necessário instigar a reflexão coletiva sobre a prospecção e sobre os conceitos dos instrumentos utilizados na sua execução. Assim, a Oficina assume a função de nivelamento de informações e conhecimentos nas questões relacionadas com a Prospectiva Estratégica. Nas Oficinas de Prospectiva, o problema a ser investigado é explicitado de maneira a esgotá-lo. Deste modo, é possível identificar e hierarquizar coletivamente os principais desafios referentes ao futuro, tanto uma análise interna quanto externa à organização. A partir deste exercício, os participantes estão aptos a esclarecer prioridades, objetivos, calendário e método para o decorrer do estudo reflexivo (GODET, 2000; ARCADE et al., 2004). A Oficina é desenvolvida em dois momentos: o primeiro se refere a uma reflexão prospectiva e o segundo é destinado às estratégias – ações voltadas para o futuro almejado no estudo prospectivo. No primeiro momento, a Oficina é desenvolvida da seguinte forma: inicialmente é fomentada uma reflexão coletiva sobre prospecção e sobre a capacitação dos instrumentos utilizados para este fim. A reflexão coletiva é realizada com base em três sub-temas que podem ser assim resumidos: (i) antecipação e o controle da mudança; (ii) caça as “idéias recebidas” sobre a empresa e as suas atividades; e, (iii) árvores de competências (passado, presente e futuro). A Árvore de Competência é uma analogia que ajuda os atores à diagnosticar a organização no seu ambiente, por meio da estruturação das competências do passado, do presente e futuro. As suas raízes, por exemplo, representam os saberes, habilidades e competências técnicas; o seu tronco representa o processo produtivo e operacional; os seus ramos indicam os mercados; e, os seus frutos podem ser considerados os produtos da empresa (GODET; DURANCE, 2006). No segundo momento, são organizadas Oficinas de Estratégia, com duração que varia de duas a quatro horas, onde são abordados os desafios referentes aos
46
futuros cogitados, cujo resultado foi levantado no primeiro momento ou na Oficina de Prospectiva (GODET, 2000). Estas Oficinas, independente do tema, são sempre organizadas obedecendo dois princípios: (i) permitir liberdade de expressão a todos os interlocutores – tempo de reflexão individual em silêncio e coleta das idéias por escrito; e, (ii) canalizar e aproveitar a produção intelectual dos participantes (técnicas de brainstorming). Além disso, não existe um número padrão de participantes, podendo variar de dez a cem pessoas, mas pelo menos uma exigência é importante ser respeitada, que todos tenham experiência em comum (GODET, 2000). 3.2.2 Análise Estrutural Multivariada A análise estrutural é uma ferramenta de estruturação de idéias. Esta análise possibilita descrever um sistema com a ajuda de uma matriz, onde é feita a relação de todos os seus elementos constitutivos. Desta forma, o método permite evidenciar as principais variáveis que impactam e que podem influenciar na evolução do sistema (GODET; DURANCE, 2006). A análise estrutural deve ser realizada por um grupo de atores e especialistas, sem, no entanto, excluir a intervenção de consultores externos. As etapas do método de análise estrutural são: (i) recenseamento das variáveis; (ii) descrição das relações entre variáveis; e, (iii) identificação das variáveis-chave. O método pode ser utilizado somente como ajuda à reflexão e a tomada de decisão, ou integrado em uma gestão prospectiva mais completa como, por exemplo, cenários (GODET, 2000; ARCADE et al., 2004). A etapa de recenseamento das variáveis tem como objetivo listar de forma exaustiva as variáveis possíveis para o sistema estudado. O ideal é não excluir nenhuma variável, por mais irrelevante que possa parecer. Para isto, a técnica de brainstorming aplicada em conjunto com as Oficinas de Prospectiva, se mostra uma ferramenta adequada para realizar tal levantamento. É importante levantar diferentes pontos de vista, tais como político, econômico, tecnológico (ARCADE et al., 2004; GODET, 2004). Segundo Godet (2000), é interessante realizar, também, entrevistas com representantes de atores do sistema investigado. A lista deve compreender variáveis internas e externas ao sistema. Essa lista não deve ultrapassar de 70 a 80 variáveis,
47
pois o número de questões ficaria muito extensa (para 70 variáveis ter-se-ia, aproximadamente, 5.000 questões), este fenômeno pode ser observado na expressão matemática da Figura 5. Caso o levantamento das variáveis ultrapasse o número ideal, é aconselhável agrupar variáveis que tenham certa semelhança. FIGURA 5 – DETERMINAÇÃO DO NÚMERO DE QUESTÕES POR VARIÁVEL
q = n × (n − 1)
Legenda: q = Número de questões n = Número de variáveis
Fonte: Adaptado de GODET, (2000, p. 84).
A segunda etapa compreende a descrição das relações entre as variáveis. Em uma visão sistemática, uma variável só existe mediante as relações que mantém com outras variáveis. Por meio da matriz de análise estrutural é possível identificar as relações entre as variáveis do sistema (GODET, 2000). De acordo com Godet (2000), a inserção de dados na matriz de análise estrutural é realizada por um grupo de, aproximadamente, dez pessoas, cuja participação e duração fica em torno de dois ou três dias de trabalho (recenseamento
e
preenchimento),
dependendo
do
número
de
variáveis
trabalhadas. O preenchimento é qualitativo, e segue a seguinte lógica: para cada par de variáveis, colocam-se as seguintes questões: “existe uma relação de influência direta entre a variável (i) e a variável (j)?” Se a resposta for negativa, atribui-se uma notação 0 (zero); ao contrário, se existir uma relação de influência, a resposta segue os seguintes critérios: (i) fraca = 1; (ii) média = 2; (iii) forte = 3; ou, potencial = 4. Por fim, na terceira etapa são identificadas as variáveis-chave pelo método da Matriz de Impactos Cruzados (MIC) e das Multiplicações Aplicadas a uma Classificação (MAC) – MICMAC©. Consiste em evidenciar as variáveis essenciais à evolução do sistema. Primeiro é desenvolvida uma relação direta entre as variáveis para depois realizar uma classificação indireta. A classificação indireta é obtida pela elevação da matriz à potência, e permite confirmar a importância de certas variáveis que, em virtude das suas ações indiretas, possuem um papel significativo no sistema (GODET, 2004). O resultado deste tipo de análise (influência e dependência entre variáveis) pode ser representado conforme o diagrama da Figura 6.
48
FIGURA 6 – DIAGRAMA DE INFLUÊNCIA VERSUS DEPENDÊNCIA Influência variáveis de entrada 1 influência média
variáveis de interdependência 2
variáveis de “pelotão”
“em jogo”
5 variáveis excluídas 4
variáveis de resultado 3 dependência média
Dependência
Fonte: GODET, (2004, p. 155).
Segundo Godet (2004), o diagrama de influência e dependência traz como resultado o agrupamento e classificação das variáveis investigadas e pode ser assim caracterizado: (i) setor 1: variáveis muito influentes e pouco dependentes – são as variáveis explicativas que condicionam o resto do sistema; (ii) setor 2: variáveis ao mesmo tempo muito influentes e muito dependentes – são variáveis de natureza instável, qualquer ação sobre estas variáveis terá repercussões sobre as outras e um efeito regresso para elas mesmas, geralmente neste setor encontram-se os desafios do sistema; (iii) setor 3: variáveis pouco influentes e muito dependentes – são variáveis de resultados cuja evolução explica-se pelas variáveis dos setores 1 e 2; e, (iv) setor 4: variáveis pouco influentes e pouco dependentes – estas variáveis constituem tendências ou fatores relativamente desligados do sistema com o qual têm apenas poucas ligações; devido ao seu desenvolvimento relativamente autônomo, não constituem causas determinantes do futuro, podendo ser excluída do sistema estudado; e, (v) setor 5: variáveis razoavelmente influentes e/ou dependentes - estas variáveis (denominadas pelo Godet de variáveis de pelotão) a priori não podem indicar nada pois são variáveis que se encontram em uma localização intermediária e pouco definida. Em uma visão sistemática do mundo, uma variável existe apenas pelas suas relações com outras variáveis. Portanto, para constituir a lista das variáveis determinantes para o futuro, previamente é importante realizar entrevistas internas e
49
externas ao objeto em estudo, por exemplo, variáveis internas e externas à empresa, ao setor ou ao território que se deseja prospectar (ARCADE et al., 2004; GODET, 2004). O cálculo matricial funciona da seguinte forma: quando aij = 1, a variável (i) age diretamente sobre a variável (j), caso contrário, aij = 0. Segundo Godet (2004), é importante compreender as relações que possam existir entre duas variáveis. Essa compreensão deve obedecer a três questões preliminares:
• Será que existe influência direta da variável (i) sobre a variável (j), ou quem sabe a relação é preferencialmente de (j) em direção a (i)? [Situação (a) da Figura 7].
• Será que existe influência de (i) sobre (j), ou não existe colinearidade, uma vez que uma terceira variável (k) age sobre (i) e (j)? [Situação (b) da Figura 7].
• A relação de (i) à (j) é direta, ou passa por intermédio de uma outra variável (r) da lista? [Situação (c) da Figura 7]. FIGURA 7 – SITUAÇÕES DE RELAÇÃO ENTRE VARIÁVEIS k i
?
(a)
j
r
? i
(b)
j
i
(c)
j
Fonte: GODET, (2004, p. 145).
Pode-se introduzir certa dinâmica na análise estrutural e testar a sensibilidade dos resultados em função da intensidade das relações observadas. Para isto, é interessante que o preenchimento da matriz seja realizado de duas maneiras: (i) pelas linhas, notando a influência de cada variável sobre todas as outras; e, (ii) pelas colunas, notando quais são as variáveis que influenciam cada variável em particular. A utilização dos dois métodos só é possível quando existe tempo suficiente para comparar os resultados, sobrepondo às duas inserções de dados e analisando as diferenças e erros cometidos (GODET, 2004).
50
O preenchimento da matriz é uma boa ocasião de diálogo. A troca e a reflexão que suscita ajudam a criar uma linguagem comum no grupo de prospectiva. A experiência mostra que as reflexões livres, que se libertam durante a discussão coletiva, merecem ser consignadas em uma espécie de pensamento inteligente. Na medida em que o trabalho (análise das variáveis e preenchimento) avança, a reflexão começa atingir um ritmo mais rápido e mais fácil. Debates e dúvidas irão existir, e em qualquer momento é possível marcar pontos de interrogação para retornar posteriormente (GODET, 2004). Após ter concretizado a lista de variáveis, é possível reduzir a complexidade do sistema por meio da identificação das variáveis significativas e que mereçam um estudo mais aprofundado. As variáveis que pertencem ao subsistema externo são, freqüentemente, mais influentes e mais explicativas (as principais causas determinantes do sistema); por outro lado, as variáveis que são mais sensíveis à evolução do sistema são geralmente as variáveis internas. As variáveis que não parecem influenciar o sistema poderão ser negligenciadas. Portanto, o MICMAC© tem a finalidade de localizar as variáveis mais influentes e dependentes (variáveischave), por meio do desenvolvimento de uma classificação direta e indireta (GODET, 2001; GOMÉZ; DYNER, 2003; GODET, 2004). O simples exame da matriz permite identificar quais são as variáveis que têm maior ação direta, mas não é suficiente para detectar as variáveis indiretas e que possuem influência significativa sobre o problema estudado. Por exemplo, existem as relações indiretas entre variáveis, cuja característica é de cadeias de influência e anéis de retroação (feedback). Em uma matriz podem existir dezenas de variáveis com milhões de interações sob a forma de cadeias e anéis de retroação, conforme demonstrado na Figura 8, p. 51 (GODET, 2004). Pelo exemplo da Figura 8, p. 51, pode-se observar que o sistema de variáveis decompõe-se em dois subsistemas S1 e S2, que seriam independentes se não fossem vinculados por meio das variáveis (a), (b), (c). Em termos de efeitos diretos: (a) é muito dependente do subsistema S1; (c) domina o subsistema S2; A análise em termos de efeitos diretos leva a negligenciar a variável (b) que, no entanto, representa um elemento essencial da estrutura do sistema dado, cuja significância está contida no ponto de passagem relacional entre os dois subsistemas S1 e S2 (GODET, 2004).
51
FIGURA 8 – COMPORTAMENTO DAS VARIÁVEIS NOS SISTEMAS S1
a
c
b
S2
Fonte: GODET, (2004, p. 151).
A multiplicação matricial aplicado à matriz estrutural (MICMAC©) permite estudar os impactos pelos caminhos e os anéis de retroação, cuja finalidade é hierarquizar as variáveis da seguinte forma: (i) por ordem de influência, tendo em conta o número de caminhos e anéis de comprimento 1, 2,..., n que sai de cada variável; e, (ii) por ordem de dependência, tendo em conta os caminhos e os anéis de comprimento 1, 2,...,n que chega sobre cada variável. O método MICMAC© se apóia sobre as propriedades clássicas das matrizes boleanas, ou seja, se a variável (i) influencia diretamente a variável (k), e se (k) influencia diretamente a variável (j), pode-se então concluir que, qualquer mudança que afetar a variável (i) pode refletir sobre a variável (j). Portanto, há uma relação indireta entre (i) e (j) (GODET, 2004). Mediante uma analise preliminar das variáveis e suas ações diretas, é possível obter uma série de informações: a soma da linha representa o número de vezes onde a variável (i) tem uma ação sobre o sistema. Este número constitui um indicador de influência da variável (i). Do mesmo modo, a soma da coluna (j) representa o número de vezes onde (j) sofreu a influência das outras variáveis, e constitui um indicador de dependência da variável (j). Desta forma, obtém-se para cada variável um indicador de influência e um indicador de dependência, permitindo classificar as variáveis de acordo com estes dois critérios. Por outro lado, existem na matriz de análise estrutural numerosas relações indiretas do tipo (i) → (j) que se torna de entendimento complexo se for analisado ou observado em uma simples verificação direta. O objetivo de multiplicar a matriz (A) ao quadrado destaca as relações de ordem 2 entre (i) e (j). Este fato pode ser expresso matematicamente conforme a equação exposta na Figura 9, p. 51 (GODET, 2004). FIGURA 9 – ELEVAÇÃO DA MATRIZ À POTÊNCIA 2
( )
A 2 = A × A = a ij2 com, a = 2 ij
Fonte: GODET, (2004, p. 152).
∑
k
a × a 1kj 1 ik
52
Segundo Godet (2004), quando a2ij não é nula, este fato é indicativo de que existe pelo menos uma variável k agindo de forma indireta (a1ik x a1kj = 1), ou seja, há pelo menos uma variável intermediária (k) que faz o elo entre as variáveis (i) e (j). Nesse sentido, se a variável (i) age sobre (k), então a1ik = 1; e, quando a variável (k) age sobre a variável (j), neste caso a1kj = 1. Do mesmo modo, ao calcular a matriz A3, A4,..., An, obtém-se os números de caminhos de influência (ou de anéis de retroação) de ordem 3, 4,..., n. Conseqüentemente, é possível deduzir que, a cada interação, uma nova hierarquia das variáveis é estabelecida e classificada conforme a função do número de ações indiretas (influências) que são exercidas sobre as demais variáveis. Constata-se que a partir de certa potência (em geral, a potência 4 ou 5), a hierarquia permanece estável. É esta hierarquia que constitui a classificação MICMAC© (GODET, 2004). Quando a soma da linha (Sj anij) é elevada para a variável (i), (anij sendo um elemento da matriz elevada à potência n), significa que existe um grande número de caminhos de comprimento (n) com base na variável (i), como também a variável (i) exerce um grande número de influências sobre as outras variáveis do sistema. A classificação indireta MICMAC© permite, por conseguinte, classificar as variáveis em função da influência que exercem (ou que sofrem), tendo em conta o conjunto da rede de relações descrita pela matriz de análise estrutural. (GODET, 2004, p. 152).
Por exemplo, considerando um sistema que é descrito por três variáveis (A, B e C), e supondo que elas agem entre si, umas sobre as outras, conforme os dados representados matematicamente na matriz (M) da Figura 10, p. 52. Os elementos da diagonal sempre são zero, pois não se considera a influência de uma variável sobre ela própria. Por outro lado, nas influências indiretas são considerados os efeitos de uma
variável
sobre
ela
mesma,
e
os
efeitos
dessa
influência
passam
necessariamente por meio de outra variável, ver Figura 11, p. 53 (GODET, 2004). FIGURA 10 – MATRIZ DE ANÁLISE ESTRUTURAL A B C
A⎛ 0 1 0⎞ 1 ⎟ ⎜ M = B ⎜1 0 1⎟ 2 C ⎜⎝ 1 0 0 ⎟⎠ 1
Soma dos elementos de cada linha
2 1 1 Soma dos elementos de cada coluna Fonte: GODET, (2004, p.153).
53
Na Figura 11 a matriz (M) foi multiplicada por ela mesma (potência dois), o número um na primeira linha, primeira coluna, é um indicativo de que existe um circuito de comprimento dois que vai de A em A (ver situação A da Figura 11). Nesse mesmo sentido, o número um na segunda linha, primeira coluna, significa que existe um caminho de comprimento dois para ir de B em A, conforme situação B da Figura 11 (GODET, 2004). FIGURA 11 – MATRIZ ELEVADA AO QUADRADO Situação A
A
B
A B C
A⎛1 0 1⎞ 2 ⎟ ⎜ M = B ⎜1 1 0⎟ 2 C ⎜⎝ 0 1 0 ⎟⎠ 1 2
2
2
1
B
Situação B
C A
Fonte: Adaptado de GODET, (2004, p.153).
Portanto, as sucessivas multiplicações matriciais fornecem informações importantes sobre o comportamento do sistema investigado, pelo qual ficaria difícil a observação e compreensão de todas as suas relações (influências e dependências indiretas). Além de realizar um exame da matriz para localizar as variáveis que têm maior número de rotas diretas com o sistema, convém detectar as variáveis "ocultas", ou seja, àquelas que, tendo em conta as rotas indiretas e os anéis de retroação (feedback), aparecem também como muito importantes. Nesse sentido, as variáveis são classificadas de acordo com o número e a intensidade das relações de influência e dependência (GODET, 2004). Segundo Godet (2004) o método MICMAC© realiza três classificações: (i) direta; (ii) indireta; e, (iii) potencial. A classificação direta é o resultado do jogo a curto e médio prazo das relações, cujo horizonte corresponde, freqüentemente, a menos de uma década. A classificação indireta com seus efeitos em cadeia toma necessariamente tempo e retorna a um horizonte mais afastado de médio e longo prazo (dez a quinze anos). E, por último, a classificação potencial é aquela que vai mais adiante que a classificação indireta. Naturalmente, muitos dos resultados
54
obtidos por estas classificações fazem apenas confirmar as primeiras intuições, podendo gerar mais algumas reflexões complementares (GODET, 2004). É possível analisar, também, o diagrama influência-dependência sob a perspectiva da sua estabilidade. Um fraco número de variáveis de retransmissão confere ao sistema uma relativa estabilidade em termos de dinâmica. Por outro lado, em um sistema instável cada variável possui um comportamento influente e dependente, qualquer ação sobre uma delas reflete sobre o conjunto e em regresso sobre ela própria, este fato pode ser percebido mediante a nuvem de pontos em redor da diagonal principal, conforme representado na Figura 12. A vantagem de um sistema estável é introduzir uma dicotomia entre variáveis influentes, sobre as quais é possível agir ou não, bem como nas variáveis de resultados que dependem dos precedentes (GODET, 2004). FIGURA 12 – SISTEMA ESTÁVEL E INSTÁVEL Influência
Influência
Dependência Sistema relativamente estável
Dependência Sistema instável
Fonte: Adaptado de GODET, (2004, p. 156).
Segundo Godet (2004), no sistema instável as variáveis se distribuem ao redor da primeira bissetriz do diagrama influência-dependência direta (nesta fase da análise as relações indiretas ainda não são evidenciadas pelo MICMAC©). A leitura atenta deste plano é a ocasião de múltiplos comentários e reflexões no grupo de trabalho. Assim, é possível analisar o papel muito influente desempenhado por variáveis pouco dependentes. As variáveis do quadrante superior direito são a priori as variáveis-chave (desafios) do sistema. É comum encontrar, entre essas variáveis, assuntos importantes e polêmicos. Um dos principais interesses da construção do diagrama
55
influência-dependência é a possibilidade de verificar se o que pretende-se explicar aparece efetivamente como dependente e se o que considera-se a priori como explicativo aparece como influente. O método MICMAC© permite posicionar as variáveis no diagrama influênciadependência e identificar as variáveis indiretas e potencial, dando às relações potenciais uma intensidade forte (valor 3), a fim de contrastar ao máximo os resultados. A comparação das classificações (diretas, indiretas e potenciais), obtidas por simples projeção sobre os eixos dos planos, permite a investigação das causas determinantes do fenômeno estudado e dos seus parâmetros mais sensíveis (GODET, 2004; GODET; DURANCE, 2006). O exame dos efeitos diretos e indiretos das variáveis externas em relação as variáveis internas permite hierarquizar as variáveis externas em função do seu impacto direto e indireto nas variáveis internas, bem como uma hierarquia das variáveis internas em função da sua sensibilidade à evolução do ambiente geral. Esta categorização entre as variáveis é interessante para a seqüência da reflexão prospectiva, porque indica os temas a escolher como prioritários e mostra o papelchave desempenhado por certas variáveis isoladas (GODET, 2004). A comparação das classificações (diretas, indiretas e potenciais) permite certamente confirmar a importância de certas variáveis, mas conduz igualmente a descobrir que outras variáveis, que se pensavam a priori pouco importantes, desempenham, devido às ações indiretas, um papel preponderante, e que seria um erro grave negligenciá-las durante a análise explicativa (GODET, 2004). Para interpretar as variáveis próximas da origem (pouco influentes e pouco dependentes) e que, no entanto, foram citadas assim como as outras, é preciso trabalhá-las como temas de comunicação e de reflexão muito em longo prazo. Geralmente são elementos mais afastados dos reais desafios da análise. A influência (legitimidade) se apóia sobre o passado, a dependência (julgamento) sempre é exposta em relação ao futuro, conforme demonstrado no exemplo da Figura 13 (TÉNIÈRE-BUCHOT, 1989 apud GODET, 2004).
56
FIGURA 13 – MODELO DE INTERPRETAÇÃO DAS VARIÁVEIS Presente
Passado Legitimidade Entrada Hipóteses Forças
Situação
Situação
1
4
Situação
Situação
3
2
Ação Importância
Influência
Momento 0 Comunicação
Julgamento Futuro Saída Objetivos Fraqueza
Dependência
Fonte: TÉNIÈRE-BUCHOT, (1989) apud GODET, (2004, p. 167).
No Quadro 1 está exposto um resumo das diferentes leituras que se pode fazer para as variáveis contidas nas extremidades do diagrama influênciadependência que está exibido na Figura 13 (TÉNIÈRE-BUCHOT, 1989 apud GODET, 2004). QUADRO 1 – LEITURAS POSSÍVEIS DAS VARIÁVEIS Situação 1
Situação 2
Situação 3
Situação 4
Influência elevada
Dependência elevada
Próximos da origem
Distante da primeira bissetriz
Entrada
Saída
Sem importância
Retransmissões
Hipóteses
Resultados objetivos
Discursos
Desafios
Forças
Fraquezas
Falso problema
Ameaças Oportunidades
Passado
Futuro
Momento
Presente
Legitimidade
Julgamento
Comunicação
Ação
Fonte: TÉNIÈRE-BUCHOT, (1989) apud GODET, (2004, p. 168).
Não há uma leitura única dos resultados do MICMAC©. É interessante que o grupo que está trabalhando com a ferramenta crie suas próprias convicções e interpretações quanto aos resultados do sistema. “O interesse prioritário da análise estrutural é estimular a reflexão no interior do grupo e levá-lo a refletir em aspectos não intuitivos do comportamento de um sistema”. (GODET, 2000, p. 86). Além disso,
57
a análise estrutural não pretende descrever com precisão o funcionamento do sistema, mas antes destacar os grandes traços da sua organização (GODET, 2004). Mesmo que a análise estrutural aponte que 80% dos resultados assim obtidos confirmam a primeira intuição, sendo considerados evidentes, isto pode gerar a tentação de concluir que esta análise não era necessária. Do mesmo modo, é difícil aceitar os 10% ou 20% de resultados dos quais o caráter contra-intuitivo evidencia, a ponto de interrogar o grupo de trabalho e de não introduzir obliqüidades na sua reflexão prospectiva. É importante dar crédito aos resultados contra-intuitivos (GODET, 2004). Quanto aos limites relacionados ao método de análise estrutural (MICMAC©), sem dúvida, o caráter subjetivo é o mais expressivo. Esta subjetividade pode ser observada na elaboração da lista de variáveis (1a etapa do método MICMAC©), bem como nas relações entre essas variáveis (2a etapa). Uma matriz nunca é a realidade, mas um meio para olhar para ela, uma espécie de “fotografia” do sistema. Da mesma maneira que a fotografia, a análise estrutural mostra as coisas que traduzem uma parte da realidade, mas revela também o talento do fotógrafo e a qualidade do seu equipamento, uma analogia referente à importância da condução do estudo e da qualidade dos dados de entrada (GODET, 2004). Além disso, é importante evitar a total sub-contratação da análise estrutural, pois o investimento de qualquer reflexão prospectiva deve ser feito na mente daqueles que terão de tomar as decisões amanhã. Também é importante evitar partilhar o preenchimento da matriz de análise estrutural, pois pode afetar os resultados, perdendo o sentido, “dado que a análise estrutural é um instrumento de estruturação coletiva das idéias”. (GODET, 2000, p. 87). Tendo o conhecimento dos limites da análise estrutural evocados acima, convém ressaltar os resultados obtidos e as suas contribuições essenciais. O método representa, em primeiro lugar, um instrumento de estruturação das idéias e reflexão sistemática sobre um problema. A obrigação de se colocar várias questões conduz a certas interrogações e a descobrir variáveis que nunca teriam sido consideradas. A matriz de análise estrutural desempenha, por conseguinte, o papel de uma matriz de descoberta e permite criar uma linguagem comum em um grupo de reflexão prospectiva. Ao estabelecer uma hierarquia das variáveis em função da sua influência e a sua dependência, as principais causas determinantes do
58
fenômeno estudado podem ser identificadas de um modo mais claro (GODET, 2004). Além disso, a análise estrutural permite levantar as variáveis-chave que devem ser consideradas na orientação do método de jogos de atores bem como no método dos cenários. A análise estrutural consiste em localizar quais são os atores que podem estar, de certa forma, influenciando as variáveis-chave, considerando o seu jogo passado, presente e futuro, e que devem ser estudados com cuidado. 3.2.3 Análise do Jogo de Atores O método da análise do jogo de atores 11 (MACTOR©) desenvolve uma avaliação das relações de força que possam existir entre esses agentes, com a investigação das divergências e convergências relativas aos desafios e objetivos associados. Este método fornece uma base para a tomada de decisão relacionada, principalmente, com as políticas de alianças e gestão de conflitos (GODET, 2000). Ao assumir o pressuposto que o futuro nunca é totalmente determinado, os atores do sistema investigado dispõem de múltiplos graus de liberdade que vão exercer por meio de ações estratégicas pré-concebidas para alcançar os objetivos que fixaram para si, com a finalidade de realizar o seu projeto (GODET, 2000). A análise do jogo de atores trata-se de uma etapa fundamental para a construção da base de reflexão que permitirá elaborar cenários: sem uma análise fina dos jogos de atores, os cenários perderiam pertinência e coerência. Por outro lado, lamenta-se a ausência de instrumentos que permitem analisar o jogo de atores. É muito importante que essa análise seja precedida de uma análise estrutural (MICMAC©) para identificar as variáveis-chave e colocar em pauta as boas questões O jogo de atores contribuem para a identificação das questões-chave da análise prospectiva e, conseqüentemente, para a recomendação de estratégias (GODET, 2004; GODET; DURANCE, 2006). O método MACTOR© pode se desenvolvido em sete fases: (i) construção do quadro das "estratégias dos atores"; (ii) identificação dos desafios estratégicos e dos objetivos associados; (iii) posicionamento dos atores em função dos objetivos e identificação das convergências e divergências; (iv) hierarquização para cada ator 11
O método de análise do jogo de atores possui um software que foi desenvolvido por Michel Godet, ....denominado MACTOR©.
59
das suas prioridades de objetivos; (v) avaliação das relações de força dos atores; (vi) integração das relações de força na análise das convergências e divergências entre atores; e, (vii) formulação das recomendações estratégicas e das questões-chave para o futuro (GODET, 2000; ARCADE et al., 2004). A construção do quadro das estratégias de atores (primeira fase) é desenvolvida com base nos atores que comandam ou influenciam as variáveischave obtidas da análise estrutural (MICMAC©). É por intermédio do jogo desses atores que é possível esclarecer a evolução das variáveis influentes do sistema. O número adequado de atores para desenvolver o jogo situa-se entre dez e vinte. Nesta fase, as informações recolhidas sobre os atores podem ser assim resumidas: (i) finalidades; (ii) objetivos; (iii) projetos em desenvolvimento e em maturação; (iv) motivações; (v) constrangimentos e meios de ação interno; (vi) comportamento estratégico no passado; e, (vii) meios de ação que cada ator dispõe em relação aos outros para desenvolverem seus projetos (GODET, 2000). Segundo Godet (2000), a análise da matriz que relaciona os atores em função dos objetivos permite identificar a atitude de cada ator em relação a cada objetivo. A investigação das alianças e dos conflitos possíveis indica exatamente o número e os objetivos nos quais os atores, dois a dois, estão em convergência ou em divergência. Os diagramas de convergência e divergência, a exemplo da Figura 14, p. 60, permitem visualizar grupos de atores que possuem convergência de interesses, bem como o grau de liberdade aparente, a identificação dos atores potenciais mais ameaçados, e, a analise da estabilidade do sistema. Os diagramas de convergência e divergência devem ser complementados com um estudo hierárquico dos objetivos de cada ator, pois assim permite avaliar a intensidade do seu posicionamento por meio de uma escala específica. É importante considerar a hierarquia dos objetivos para aproximar o modelo da realidade (GODET, 2000; GODET; DURANCE, 2006). Para avaliar as relações de força entre os atores do sistema, Godet (2004) indica a construção da matriz das influências diretas a partir do quadro estratégico dos atores. O software MACTOR© calcula as relações diretas e indiretas do sistema, como também desenvolve um gráfico de influência-dependência dos atores.
60
FIGURA 14 – MODELO DE DIAGRAMA DE CONVERGÊNCIAS A1
+2
+1
+2
A2
A4
+1
A3
+2 +1 A6
A5
+4
Fonte: Adaptado de GODET, (2004, p. 188).
Godet (2004) faz uma ressalva quanto à condução do jogo. É muito importante classificar os atores de maneira adequada, considerando a classe ao qual pertencem. Por exemplo: é necessário considerar as empresas de determinado setor como só um ator ou subdividi-las em função de uma tipologia específica (dimensão, natureza jurídica, nacionalidade, etc). Do mesmo modo, o Estado é geralmente um ator polimórfico (sujeito a variar de formas): existem vários níveis de atuação (municipal, estadual e nacional), como também funções distintas (GODET, 2004). Após a definição e classificação dos atores, é importante identificar as estratégias dos mesmos e posicioná-las segundo os seus respectivos objetivos. Godet denomina essa etapa como “Quadro das Estratégias dos Atores”. O quadro deve ser configurado da seguinte forma: na diagonal são inseridos os conteúdos referentes à finalidade e aos objetivos do ator em questão; os demais compartimentos são destinados aos meios de ação dos quais dispõe cada ator sobre cada um dos outros para fazer conduzir o seu projeto (ARCADE et al., 2004; GODET, 2004). No Quadro das Estratégias dos Atores, a diagonal principal é formada pela identidade de cada ator, ou seja, a sua finalidade, os objetivos, os meios de ação, os problemas e demais aspectos relevantes. Em contrapartida, o resto da matriz é preenchido de acordo com a ação de cada ator sobre os demais. Esta é uma parte complexa pois a coleta de informação estratégica muitas vezes não é explícita (GODET, 2004). O preenchimento do quadro é objeto de uma discussão coletiva, onde são postas conjuntamente todas as informações reunidas sobre cada ator e as suas relações com os outros. Estas informações sobre o jogo de atores podem ser
61
coletadas ou completadas por ocasião de entrevistas junto de especialistas e representantes de cada grupo de atores. No entanto, geralmente é difícil pedir a um ator que revele a sua própria estratégia bem como suas forças e fraquezas. É muito mais fácil fazer o ator falar sobre os demais (GODET, 2004). Uma leitura coletiva do Quadro das Estratégias dos Atores destaca os desafios dos mesmos e, conseqüentemente, possibilita a identificação dos objetivos convergentes ou divergentes (alianças ou conflitos). Cada um destes desafios formam o que Godet denomina de “campo de batalha”, e pode ser decomposto sob a forma de um ou de vários objetivos específicos. As convergências e divergências entre atores variam de um objetivo ao outro (GODET, 2004). As relações entre atores sobre cada objetivo podem ser apresentadas sob a forma de uma representação gráfica das posições. Naturalmente, para compreender o jogo estratégico global, é necessário construir todas as representações gráficas de convergências e divergências de objetivos. A comparação visual das representações gráficas de convergências e de divergências é fácil, mas existe um inconveniente: é necessária a construção de uma representação para cada objetivo. Uma representação “Matricial Atores versus Objetivos” (MAO) permite resumir em um único quadro o conjunto destas representações gráficas (GODET, 2004). É importante destacar que dois atores podem ter opiniões convergentes para determinados objetivos e divergentes com outros, esse tipo de resultado é muito interessante no que diz respeito à tradução dos interesses de cada ator, pois possibilita traçar estratégias focadas para cada caso. (GODET 2004). Porém, segundo Godet (2004), as representações gráficas de convergências e divergências de objetivos entre atores são bastante elementares. Para refinar os dados e aproximar o modelo da realidade, convém hierarquizar os objetivos para cada ator. O método MACTOR© realiza tal abordagem pela obtenção da hierarquia das prioridades de objetivos, ou seja, identificam-se os valores das posições de cada ator (ponderação) em relação aos objetivos colocados em jogo. Para isto, a partir da matriz das posições simples 1MAO, avalia-se a intensidade do posicionamento de cada ator utilizando uma escala de zero a quatro. Portanto, para cada par de atores são identificados os pontos em comum e calculados a convergência ponderada entre eles. A vantagem desta nova matriz de convergência está na capacidade de identificação do grau de convergência entre os
62
atores, pois a ponderação permite demonstrar o quão importante é a convergência de opiniões (qualitativamente) e não simplesmente levantar quantitativamente o número de posições comuns. Além de se obter as opiniões dos atores relacionadas aos objetivos (em jogo), o método da ponderação permite refinar os dados e aproximá-los com o que realmente ocorre no sistema investigado (GODET, 2004). Mas os jogos de alianças e de conflitos possíveis não dependem somente das hierarquias de objetivos, mas também da capacidade de um ator de impor as suas prioridades aos demais. Para determinar as capacidades em jogo, Godet (2004) indica uma avaliação das relações de força dos atores. Para isso, é importante desenvolver as matrizes de influências diretas (MID) e a matriz das influências diretas e indiretas (MIDI). Desta forma é possível aprimorar a definição da escolha tática das alianças e dos conflitos que poderão surgir. A matriz MID fornece algumas informações interessantes sobre o jogo de influência e dependência entre os atores. A simples conferência das somas de influências (em linha) e dependência (em coluna) refletem o posicionamento de cada ator no jogo. Porém, a análise da relação de força não se limita à simples apreciação dos meios de ações diretas: um ator pode agir sobre outro por meio de um terceiro (influência indireta). Convém, por conseguinte, examinar a matriz (MIDI) das influências diretas e indiretas (de ordem dois) para obter este tipo de relação (GODET, 2004). O procedimento de cálculo da matriz MIDI conserva a escala da intensidade das influências. Este procedimento apresenta, contudo, a vantagem de não subestimar o peso de atores que teriam fortes influências diretas e baixas influências indiretas. A estrutura das influências diretas e indiretas determinada na matriz MIDI pode ser resumida em um diagrama de influência-dependência, muito semelhante com o que ocorre com as variáveis na análise estrutural (MICMAC©). Uma vez identificados o grau de influência de cada ator do sistema e, desta forma, determinado os pesos que cada um têm na relação de força global, é possível, contudo, alocar os pesos, na mesma intensidade e origem, nos objetivos que cada ator influencia. Em outras palavras, caso um ator qualquer pese duas vezes mais que um outro na relação de força global, teria implicitamente que dar um peso duplo sobre o(s) objetivo(s) ligado(s) a ele (GODET, 2004). Por último, nesta conclusiva etapa da análise dos jogos de atores, convém identificar as principais perguntas-chave para o futuro. As evoluções das alianças e
63
dos conflitos entre atores podem assim ser identificadas e formuladas sob a forma de hipóteses. Estas perguntas referem-se a tendências, acontecimentos incertos ou rupturas. A seqüência do método dos cenários consiste precisamente em reduzir a incerteza que pesa sobre as perguntas-chave do futuro (GODET, 2004). As simulações e recomendações estratégicas inspiradas pela reflexão coletiva sobre os jogos de atores, graças ao procedimento MACTOR©, são múltiplas e diferentes de um ator ao outro. Para casos complexos, é recomendável decompor a dificuldade, por meio de estudos para cada grandes desafios ou para cada grupo de atores específicos. Esta utilização modular do método MACTOR© supõe um esforço coerente na reunião das informações no final (GODET, 2004). Os principais limites do método residem no seu caráter estático e na sua utilização em curto prazo. Se simulações permitem evidenciar a evolução do comportamento estratégico dos atores, a ausência de informações sobre os seus comportamentos futuros a médio e longo prazo pode constituir uma ligação fraca em uma utilização prospectiva deste método. (GODET, 2004). Como recomendação, Godet (2004) indica que seria interessante realizar, após a realização do método MACTOR©, um estudo da sucessão, no tempo, das realizações dos objetivos e as suas articulações em função da evolução das posições dos atores, o que permitiria conferir ao método um caráter dinâmico. Por fim, Godet (2004, p. 207) ressalta que a utilização do método requer algumas precauções: “tudo depende da qualidade dos dados de entrada, bem como da capacidade de escolher os resultados mais relevantes”. 3.2.4 Cenários: Possibilidades e Incertezas O cenário, como resultado de um estudo prospectivo, não é a realidade futura, mas uma maneira de representá-la. Tem o objetivo de iluminar a ação presente com foco nos futuros possíveis e desejáveis, ou seja, construir representações dos futuros possíveis e os caminhos que conduz a esses cenários. “Cenário é um conjunto formado pela descrição de uma situação futura e do encaminhamento dos acontecimentos que permitem passar da situação de origem a essa situação futura”. (GODET; DURANCE, 2006, p. 38). Cenário não é sinônimo de prospecção. Cenário possui fundamentos científicos frágeis. Este fato foi evidenciado por Godet devido, principalmente, ao
64
fraco embasamento e a falta de cuidado na definição e combinação de hipóteses observados em estudos do futuro, o que compromete a realização de pesquisas prospectivas fidedignas. “É necessário colocar as boas questões e formular as verdadeiras hipóteses-chave para o futuro, bem como apreciar a coerência e a verossimilhança das combinações possíveis”. (GODET, 2000, p. 37). Os objetivos do método dos cenários são as seguintes: (i) detectar quais são os pontos a serem investigados (variáveis-chave), ou seja, realizar uma análise explicativa global mais exaustiva possível das variáveis que caracterizam o sistema estudado; (ii) determinar, a partir das variáveis-chave, os atores fundamentais, as suas estratégias, os meios dos quais dispõem para conduzir os seus projetos; e, (iii) descrever, sob forma de cenários, a evolução do sistema estudado, tendo em vista às evoluções mais prováveis das variáveis-chave e do comportamento dos atores, a partir de jogos de hipóteses (GODET, 2001). Segundo Godet e Durance (2006), o método de cenários pode ser desenvolvido em três fases. A primeira consiste em construir um conjunto de representações do sistema organizacional atual e sua envolvente, ou seja, representar a expressão de um sistema de elementos dinâmicos ligados uns aos outros e articulados com o ambiente externo. É conveniente delimitar o sistema e sua envolvente; determinar as variáveis essenciais; e, analisar as estratégias dos atores. A etapa seguinte (segunda fase) tem como objetivo demarcar os futuros possíveis mediante uma lista de hipóteses que traduzam as tendências ou rupturas no sistema. A análise morfológica pode ser utilizada para decompor o sistema estudado no sentido de combinar as dimensões previamente levantadas (GODET, 2004; MARCIAL; GRUMBACH, 2005). Em seguida, são utilizados métodos periciais para reduzir a incerteza e estimar probabilidades das combinações ou das diferentes envolventes-chave para o futuro. Na terceira fase os cenários ainda estão no estado embrionário. É necessário descrever o encaminhamento que leva a situação atual às imagens finais, ou seja, elaboração e condução de previsões por cenários. Para operacionalizar o método de cenários, tal como foi apresentado, é necessário tempo e equipe capacitada para tal empreitada. Geralmente, o método demanda de doze a dezoito meses de trabalho, a fim de explorar os cenários na
65
tentativa de esgotar suas hipótese. É sempre aconselhável acrescentar ainda um ano suplementar para difusão e valorização dos resultados. Em muitas organizações, os prazos para finalizar os relatórios são curtos, podendo chegar, em alguns casos, até algumas semanas. Não é o ideal, mas “é preferível iluminar as decisões a tomá-las às escuras”. (GODET, 2000, p. 40). Um estudo prospectivo requer planejamento, por isso algumas perguntas devem ser feitas com antecedência para não ocasionar nenhum problema posterior, como por exemplo: (i) o que se pode fazer nos prazos estabelecidos e com os meios disponíveis?; (ii) como realizar o estudo prospectivo de maneira que os resultados sejam credíveis e úteis para os destinatários?; e, (iii) quais ferramentas e método que podem ser utilizados? (GODET, 2004). Os cenários podem ser classificados em dois grandes grupos: (i) exploratórios – o futuro é uma conseqüência das tendências passadas e presentes; e, (ii) normativos (antecipação) – concebidos de forma retro-projetiva a partir de imagens alternativas do futuro, tanto desejado quanto temido (COATES, 2004; GLENN, 2004; GODET, 2004; GORDON, 2004). Além disso, é possível distinguir cenários pela seguinte classificação: (i) cenários possíveis; (ii) cenários realizáveis; e, (iii) cenários desejáveis. Estes cenários podem ser qualificados de acordo com a sua natureza ou a sua probabilidade, por exemplo, cenários tendenciais, cenários de referência, cenários de contraste ou cenários de antecipação (GODET, 2004). O cenário tendencial é, em princípio, o que corresponde à extrapolação das tendências.
Freqüentemente,
o
cenário
mais
provável
não
corresponde
necessariamente a uma extrapolação pura e simples das tendências, pois existem as rupturas das tendências atuais. Por outro lado, a extrapolação das tendências pode conduzir a uma situação muito contrastada em relação ao presente. Tendo em conta certa confusão de classificação, propõe-se denominar de cenário de referência, o cenário mais provável que seja tendencial ou não (GODET, 2004). Um cenário contrastado é a exploração de um tema extremo, determinação a priori de uma situação futura, o qual corresponde a uma tentativa de antecipação, imaginativa e normativa. Enquanto que o cenário tendencial corresponde a uma tentativa exploratória de uma evolução. No cenário contrastado, fixa-se uma situação futura, em geral muito contrastada em relação ao presente, e interroga-se no sentido
66
contrário (cenário de evolução), ou seja, descreve-se os possíveis caminhos para alcançar a situação futura (COATES, 2004; GODET, 2004). O cone das possibilidades de Godet (2004) define o campo onde podem ser desenvolvidos os cenários mais prováveis. É entre os cenários realizáveis, cuja probabilidade é não nula, que se encontra os cenários contrastados (pouco prováveis). Quanto aos cenários desejáveis, encontra-se em algum lugar no “campo dos possíveis” e não são todos necessariamente realizáveis. A construção de cenários fica mais fácil quando utilizada a análise morfológica. A análise morfológica parte do pressuposto que um sistema pode ser decomposto em várias partes (componentes), onde para cada um destes componentes
é
possível
atribuir
hipóteses
(configurações).
Uma
possível
combinação de hipóteses representa um cenário. Esta definição da análise morfológica (para construção de cenário) pode ser melhor compreendida conforme a observação da Figura 15 (ARCADE et al., 2004; GODET, 2004). FIGURA 15 – CONSTRUÇÃO DE CENÁRIOS PELA ANÁLISE MORFOLÓGICA Questões-chave
Respostas verossímeis para cada uma das questões-chave (configurações)
Questão 1
1
2
3
?
Questão 2
1
2
3
4
Questão 3
1
2
3
?
Questão 4
1
2
3
?
Cenário X (1,2,2,1)
Cenário Y (2,2,3,2)
Cenário Z (3,4,3,3)
...
Cenários
?
Fonte: GODET, (2000, p. 33).
A análise morfológica não foi desenvolvida para estudos prospectivos. Na verdade, essa técnica não estava sendo muito utilizada nos meios acadêmicos e empresariais, mas foi nos finais dos anos 80 que a Prospectiva redescobriu esta ferramenta, tornando-se muito utilizada atualmente (GODET, 2000). Curiosamente, a análise morfológica tem sido pouco utilizada em previsão tecnológica e bastante em prospectiva econômica ou setorial. No entanto, é muito útil na construção de cenários, por exemplo, em um sistema global que pode ser decomposto em dimensões ou componentes demográficos, econômicos, técnicos, sociais ou
67
organizacionais, onde é admissível atribuir para cada um destes componentes diversos estados possíveis (hipóteses ou configurações). Na lógica do método dos cenários, a análise morfológica não é uma etapa indispensável, contudo, por meio de sua utilização é possível desenvolver cenários mais completos e estruturados. A qualidade dos cenários desenvolvidos se deve, também, da escolha de boas questões-chave e hipóteses associadas. Essas questões e hipóteses precisam obedecer alguns critérios, ou seja, precisam ser pertinentes, coerentes, verossímeis e transparentes. Sem esses critérios, os cenários podem perder em credibilidade e segurança. É por isso que Godet (2004) sugere a utilização da análise estrutural e da análise dos jogos de atores como ferramentas de subsídios à construção de cenários, pois ambos são estudos complexos e que garantem uma certa base para essa etapa. Com a determinação das variáveis-chave e das relações do jogo de atores (identificação das questões-chave), tem-se, agora, uma boa base de informação e de reflexão que vai ajudar na elaboração dos cenários. As variáveis-chave da análise estrutural e as perguntas-chave do jogo dos atores são agrupadas em componente e subsistemas. A sua combinação vai ser objeto da análise morfológica (GODET, 2004). Além disso, é possível combinar a análise morfológica com a análise probabilística (método SMIC-PROB-EXPERT©). Deste modo, é possível concentrarse nas combinações mais prováveis dos jogos de hipóteses, um dos principais objetivos do SMIC-PROB-EXPERT©, que ainda será abordado com mais detalhes. Portanto, a análise morfológica é um instrumento que pode ser complementado com outras ferramentas para ser mais estruturada e aproximar-se da realidade (GODET, 2004). O princípio do método morfológico é extremamente simples, trata-se de decompor o sistema em subsistemas. Esta decomposição deve ser, também, independente e possível de atender a totalidade do sistema estudado, ou seja, atender o campo dos possíveis ou denominado, também, como "espaço morfológico" (GODET, 2004). No entanto, é possível privilegiar as combinações que pareçam mais interessantes, principalmente quando se têm alguns critérios e limitações a considerar, como por exemplo, o custo de desenvolvimento, a
68
segurança, a viabilidade, etc. “O espaço morfológico defini com precisão o leque 12 dos futuros possíveis”. (GODET, 2000, p. 33). O espaço morfológico pode ficar muito complexo quando temos para cada subsistema, por exemplo, quatro ou cinco hipóteses prováveis. Em um sistema formado por três subsistemas, onde cada um possui quatro, cinco e três hipóteses respectivamente,
existem
60
possibilidades,
fato
este
que
demonstra
a
complexidade de estudos dessa natureza. Segundo Godet (2004), o espaço morfológico define com muita exatidão o leque dos futuros possíveis. Porém, a escolha das componentes é particularmente delicada e necessita de uma reflexão exaustiva. Multiplicando as componentes (questões-chave) e as configurações (hipóteses), aumenta-se muito rapidamente o sistema a ponto de a sua análise tornar-se rapidamente impossível. No entanto, um número restrito de componentes ocasionará um empobrecimento do sistema. Além disso, é necessário também priorizar a independência das componentes (questõeschave) e não confundir estes últimos com configurações (hipóteses / respostas). Outro ponto importante é o levantamento das soluções possíveis. É muito importante não omitir nenhuma componente ou configuração essencial para o futuro, pois corre o risco de ignorar aspectos importantes que fazem parte do “campo dos possíveis”. Entretanto, após o levantamento de todas as possibilidades de soluções, a redução do espaço morfológico se faz necessária, devido, principalmente, ao fato da impossibilidade da mente humana de identificar todas as soluções possíveis procedentes de uma análise combinatória tão complexa. Nesta etapa, é importante, por conseguinte, determinar alguns critérios que, ao mesmo tempo, eliminem as componentes secundárias por meio da identificação das questões-chave para o sistema, sem, no entanto, comprometer a qualidade das componentes do subsistema remanescente. A seguir são apresentadas algumas etapas para reduzir o campo das possibilidades: (i) identificar os critérios de escolhas (econômico, técnico, tático, etc.) que permitirão avaliar e selecionar as melhores soluções no conjunto dos possíveis do espaço morfológico; (ii) classificar as componentes em função dos critérios, eventualmente, ponderados de acordo com a política adotada; (iii) reduzir, 12
Analogia que Michel Godet faz sobre o número de possibilidades que podem ser identificadas para ...o futuro de determinada questão (possibilidades de futuro em forma de leque).
69
inicialmente, a exploração do espaço morfológico às questões-chave assim determinadas;
e,
(iv)
excluir
as
questões
secundárias,
devido
à
sua
incompatibilidade intrínseca (impossibilidade de configurações), ou tendo em conta certos critérios, por exemplo: custo e competitividade (GODET, 2004). Godet (2004) destaca que as instruções apresentadas acima estão integradas em parte no software MORPHOL©. No entanto, sua aplicação requer duas situações importantes e imprescindíveis: (i) a análise morfológica impõe uma reflexão estruturada sobre as componentes e as hipóteses (configurações) que serão consideradas no estudo, com a utilização de um levantamento exaustivo do “campo dos possíveis”; e, (ii) a análise combinatória não deve ocasionar uma certa “miopia” ou “ilusão”, com conseqüências de falsa exaustividade do sistema, também não deve paralisar a reflexão. É preciso exaurir as possibilidades para, em um segundo momento, fazer a redução do espaço morfológico. Quando as possibilidades são muitas o nível de complexidade é maior. Neste caso, decompor o sistema global em subsistemas fica mais simples, por exemplo, subsistemas
geopolíticos,
econômicos,
sociais
e
setoriais.
Cada
um
dos
subsistemas são objetos de análises morfológicas parciais que permitem encadeamento, ajustamento e recomposição da construção de cenários globais, ou seja, após a realização da análise morfológica para cada subsistema eles são agrupados novamente para a análise global, já reduzido e muito mais simples (BASSALER, 2000 apud GODET, 2004). Os cenários parciais tornam-se hipóteses (respostas) compostas para os cenários globais. Esta é uma técnica interessante para lidar com um complexo espaço morfológico, com muitas questões pertinentes e que precisam ser trabalhadas e não simplesmente descartadas. O espaço morfológico define exatamente o “leque dos futuros possíveis”. Segundo Godet (2004), os cenários devem ser construídos em consenso e, de certa forma, em uma espécie de coerência coletiva. No entanto, convém destacar que este fato não garante a verossimilhança em relação ao conjunto das possibilidades (cenários possíveis). O sucesso vai depender do tempo e da qualidade do grupo de especialistas. Porém, nada impede que o método SMIC-PROB-EXPERT© seja desenvolvido por meio de um questionário via postal. A principal contribuição do método deve estar baseada na capacidade de probabilizar os cenários, ou seja, identificar as
70
combinações de hipóteses, as probabilidades simples destas hipóteses e as probabilidades condicionais, cruzadas dois a dois (GODET, 2004). A construção de cenários por um grupo de peritos é desenvolvida a partir de um número limitado de variáveis estruturantes sobre as quais se criam hipóteses. A partir deste ponto, são desenvolvidas probabilidades subjetivas de hipóteses (método SMIC-PROB-EXPERT©) junto aos peritos, para retificar as suas incoerências e indicar uma ordem de grandeza capaz de identificar os cenários ainda não evidenciados e/ou reforçar os cenários que aparecem com probabilidade elevada. O método SMIC-PROB-EXPERT© revela estas obliqüidades coletivas que possivelmente poderiam permanecer ocultas (GODET, 2004). A fim de verificar quais são os cenários mais prováveis, os peritos do grupo de trabalho exprimem coletivamente, por intermédio de um voto, uma série de estimativas sobre as configurações possíveis de cada componente (questão-chave). Como resultado tem-se uma probabilidade simples para cada uma das configurações (GODET, 2004). Uma distribuição das probabilidades simples é efetuada para cada um dos componentes da análise morfológica. Com estas probabilidades simples definidas, parte-se para a identificação das combinações mais prováveis em relação às hipóteses das demais componentes do sistema investigado. Em outras palavras, uma vez determinado às probabilidades simples de cada hipótese, são realizadas combinações de hipóteses, ou seja, a probabilidade composta (GODET, 2004). Entre os métodos de impactos cruzados, o método SMIC-PROB-EXPERT© apresenta a vantagem de ser uma aplicação bastante simples, pouco dispendiosa e rápida para atingir resultados que, em geral, são facilmente interpretáveis. O papel do método SMIC-PROB-EXPERT© resume-se essencialmente em delimitar os futuros mais prováveis que serão objeto do método dos cenários. Não é demasiado lembrar que este método requer, por conseguinte, um trabalho de informação e de reflexão exaustivo a fim de selecionar as hipóteses essenciais. Nesse sentido, ressalta-se a importância da análise estrutural e a compreensão dos jogos de atores para identificar as variáveis-chave e formular as hipóteses que serão as bases para a construção dos cenários. O princípio do método SMIC-PROB-EXPERT© consiste em corrigir as opiniões brutas expressas pelos peritos de maneira a obter resultados coerentes às propriedades clássicas sobre probabilidades. O método SMIC-PROB-
71
EXPERT© considera o fato de existir uma opinião global não expressa, mas implícita, que faz o elo do conjunto das respostas às perguntas colocadas para os peritos (GODET, 2004). Para alcançar a coerência exigida nas relações entre hipóteses e cenários é preciso levantar as imagens possíveis para o sistema. É tendo em conta esta informação sobre as probabilidades dos cenários, por grupo de peritos, e por média, que se escolhe um ou vários cenários de referência (cenários freqüentemente citados e com uma forte média de probabilidades) e cenários contrastados (freqüentemente caracterizados pela sua probabilidade média mais fraca). Uma vez determinadas as imagens finais, o objeto da construção dos cenários consiste então em descrever de maneira coerente os diferentes andamentos que existe (situação atual), tendo em conta os mecanismos de evoluções e os comportamentos de atores analisados anteriormente no jogo de atores (GODET, 2004). Quanto aos limites do método método SMIC-PROB-EXPERT©, pode-se destacar três como mais importantes: (i) aplicação limitada (máximo seis hipóteses); (ii) função objetivo e a multiplicidade das soluções (além de poder ser arbitrária, essa função pode ter infinitas soluções); e, (iii) problema da agregação das respostas de vários peritos, ou seja, trabalhar com a média pode ocultar ou desviar os resultados (GODET, 2004). Assim termina a apresentação do método dos cenários de acordo com uma lógica que vai dos problemas (identificar boas questões, analisar os jogos de atores, reduzir a incerteza) aos instrumentos para abordá-lo. Porém, a Prospectiva Estratégica não se limita à abordagem dos cenários. É preciso determinar estratégias. Por isso, a próxima etapa deve ser desenvolvida com a finalidade de identificar e avaliar as opções estratégicas. No qual, também é possível associar alguns instrumentos como, por exemplo, o método multicritérios. 3.2.5 Da Prospectiva à Estratégica Esta é uma etapa bastante crítica, pois existem muitos estudos do futuro que não conseguem transpor esta fase: dos cenários à estratégia, da visão à ação. Ao tomar como verdadeira a premissa de que o futuro pode ser determinado e construído (pró-atividade), então pode-se deduzir que esta fase é fundamental para
72
o sucesso das projeções realizadas até então no desenvolvimento dos estudos prospectivos (GODET, 2000). Portanto, com os cenários definidos e levando em consideração as políticas organizacionais existentes, a próxima fase é avaliar as conseqüências das orientações já tomadas e, por meio de métodos multicritérios, deduzir as ações estratégicas que necessitam serem desenvolvidas para aproveitar as oportunidades e bloquear ou amenizar as ameaças das mudanças esperadas. É a fase de fechamento e elaboração do plano estratégico (GODET, 2001). Para escolher as ações e projetos estratégicos, Godet (2004) sugere a utilização do método da “Árvore de Pertinência”. Essa ferramenta permite apoiar as atividades de mapeamento das opções estratégicas que são compatíveis tanto com a identidade da organização (objeto em estudo) quanto, também, com os cenários mais prováveis (GODET; DURANCE, 2006). O método da Árvore de Pertinência é bastante simples, trata-se de buscar as relações que possam existir entre os níveis hierárquicos de um problema qualquer, desde o mais elevado (nível superior) para o mais elementar (nível inferior). (GODET, 2000). É uma maneira simples de decompor o problema em várias partes para facilitar sua compreensão (reducionismo). Segundo Godet (2004), existem duas fases que precisam ser desenvolvidas no método da Árvore de Pertinência: (i) a construção da árvore de pertinência com distinção entre as finalidades (nível superior: políticas, missões e objetivos) e os meios (níveis inferiores: subsistemas e ações elementares); e, (ii) a notação da representação gráfica e a agregação de resultados – cujo objetivo é medir a contribuição de cada ação para o sistema como um todo. A escolha dos objetivos e das ações deve ser feita após uma análise preliminar do sistema estudado. Para isso, pode-se utilizar duas abordagens: (i) ascendente – que parte das ações levantadas, analisa seus efeitos e estuda os objetivos que sofrem influência destes efeitos; e, (ii) descendente – que, a partir de uma lista de objetivos finais explicativos, identifica e analisa os meios de ação que permitem atingir as variáveis capazes de influenciar tais objetivos (GODET, 2000). Segundo Godet (2000) este método (Árvore de Pertinência) permite evidenciar as redundâncias do sistema, descobrir novas idéias, explicar as opções
73
escolhidas, melhorar a coerência e, finalmente, estruturar os objetivos e os meios. É nesse sentido que sua contribuição pode embasar o planejamento estratégico. Além da Árvore de Pertinência, Godet (2000) sugere a utilização do método 13 MULTIPOL© nesta etapa de planejamento estratégico. Para Godet (2004), é possível utilizar o método MULTIPOL© para trabalhar as questões relacionadas ao problema de decisão (critérios múltiplos). Seu princípio básico está na avaliação de ações por médias ponderadas. A complexidade da decisão sobre um conjunto de ações pode ser enquadrada no âmbito de uma das seguintes problemáticas: (i) decidir em prol ou das melhores ações (escolhas); (ii) definir uma partição das ações (triagem); e, (iii) determinar uma classificação das ações (arranjo). De acordo com Godet (2004), o procedimento utilizado no MULTIPOL© permite responder às três problemáticas descritas acima. Fato este devido à determinação de um sistema comparativo entre as ações não deixando de considerar os diferentes contextos do estudo: as políticas organizacionais e do entorno do objeto em estudo, bem como os cenários esperados (já previamente identificados). É importante lembrar que um projeto pode ser considerado uma ação. O MULTIPOL© trabalha as fases clássicas de uma abordagem de decisão por multicritérios: (i) o recenseamento das ações possíveis; (ii) a análise das conseqüências; (iii) a elaboração de critérios; (iv) a avaliação das ações; (v) a definição de políticas; e, (vi) a classificação das ações. Mas apesar de sua aparência complexa, o MULTIPOL© é, de certa forma, muito simples, além de permitir flexibilidade na sua utilização (GODET; DURANCE, 2006). Assim como nos demais métodos de decisão por multicritérios, o MULTIPOL© também precisa trabalhar em uma escala de avaliação. A ação é avaliada em relação a cada critério em uma escala simples de notação, podendo variar conforme o método. No julgamento sobre as ações são considerados os diferentes contextos ligados ao objetivo do estudo. Este jogo de pesos (ponderação) relacionado aos critérios pode corresponder aos diferentes sistemas de valores da decisão dos atores, bem como às opções estratégicas ou ainda aos cenários múltiplos. Na prática, os especialistas distribuem um determinado peso sobre o conjunto dos critérios para cada política (GODET, 2004). 13
Godet desenvolveu um software para sistematizar as informações do método MULTIPOL©, também © ....denominado MULTIPOL .
74
Uma vez identificadas e definidas o conjunto de políticas que serão consideradas no sistema e realizado o jogo de pesos de critérios, parte-se para a classificação das ações de acordo com as políticas e os critérios pré-estabelecidos. Porém, em uma escolha multicriterial é indispensável colocar as seguintes questões: qual é a eficácia da classificação? Em outras palavras, a classificação obtida de acordo com uma política (jogo de pesos de critérios) é a mesma para as demais políticas? Geralmente, as classificações variam de uma política para outra, o que convém, por conseguinte, determinar a sua sensibilidade a fim de reduzir os riscos do processo de decisão (GODET, 2004). O software MULTIPOL© gera, também, gráficos a partir dos quadros de resultados. São instrumentos que facilitam a leitura do perfil das classificações de acordo com as diferentes políticas. A decisão sobre qual(s) ação(s) adotar depende das políticas em jogo. As políticas são mais ou menos adaptadas aos cenários mais prováveis ao ambiente futuro, assim sendo, a próxima etapa do método MULTIPOL© é classificar as políticas de acordo com os cenários (GODET, 2004). Nessa etapa do método MULTIPOL©, tudo se passa como se as políticas fossem "ações" que precisam ser classificas de acordo com "políticas" que são de fato cenários. Desta forma, o jogo assume o mesmo procedimento descrito até então, mas com uma diferença importante, agora os cenários foram considerados no modelo de decisão, e fazem parte do processo de análise estratégica. A partir desta abordagem, as ações e políticas foram confrontadas com a probabilidade de realização dos cenários, fechando o elo que faltava para considerar as visões no planejamento estratégico (GODET, 2004). Para finalizar e fechar a “Caixa de Ferramentas”, Godet (2004) destaca que todas as ferramentas apresentadas até agora, como por exemplo, o MULTIPOL©, devem ser abordadas como se fossem “alavancas” para se chegar à pertinência, a coerência, a verossimilhança e a transparência das análises. Muitas outras ferramentas poderão ser utilizadas em estudos dessa natureza, o que importa, sim, é o rigor do método para que a qualidade dos resultados do estudo seja credível. No próximo capítulo encontra-se o estudo sobre as tendências e convergências para o setor escolhido da análise, o Setor Têxtil e Confecção. No estudo são abordadas as mudanças possíveis no âmbito científico e tecnológico, bem como nos aspectos sociais, econômicos, e demais fatores sistêmicos que
75
podem impactar o setor. São projeções que podem causar diferentes tipos de impacto, desde mudanças radicais no sistema, como simplesmente, alterações fracas, mas que pode surtir efeitos de longo prazo na cadeia produtiva têxtilconfecção. Muitas destas tendências podem não se confirmar. Entretanto, a grande contribuição deste tipo de estudo é trabalhar e, se possível, exaurir as possibilidades e o rumo que a indústria e o setor poderão tomar no futuro.
76
4
TENDÊNCIAS E CONVERGÊNCIAS DO SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO Existem muitos fatores que influenciam uma indústria e que impactam,
negativa ou positivamente, na sua cadeia produtiva ou na sua estrutura como um todo. A evolução tecnológica, as mudanças da sociedade, bem como a dinâmica da economia são alguns exemplos de fatores que, de certa forma, podem ser considerados orgânicos, ou seja, possuem comportamentos que variam e que passam por um processo de constantes mutações e oscilações. Nesse contexto, muitos estudos, nas mais diversas áreas e com diferentes objetivos, são desenvolvidos com o intuito de procurar identificar as tendências que podem impactar no statu quo. O Setor Têxtil e Confecção, por exemplo, possui estudos e pesquisas avançadas sobre tecnologias que serão utilizadas no futuro, bem como aquelas que, apesar de existirem em outras áreas, podem ser aplicadas no setor. Na Europa, por exemplo, existe um grupo de atores ligados ao Setor Têxtil e Confecção,
denominado
THE
EUROPEAN
APPAREL
AND
TEXTILE
ORGANISATION – EURATEX, que publicou um relatório em dezembro de 2004, onde apresenta o resultado do desenvolvimento do estudo sobre as tendências para 2020. Esse grupo engloba atores de diversas áreas, como academia, instituições de pesquisa, indústria, governo e entidades empresariais, e está organizado como uma plataforma de tecnologia. O trabalho destes atores está sendo executado de acordo com as diretrizes gerais para funcionamento das plataformas de tecnologia da Comissão Européia. O objetivo dessa plataforma é desenvolver e executar as visões de longo prazo que foram identificadas para a indústria têxtil e confecção Européia, bem como implementar uma agenda estratégica para a pesquisa no sentido de melhorar a inovação, o potencial competitivo global e o crescimento deste importante setor industrial daquele continente. Este estudo Europeu identificou três principais tendências para o Setor Têxtil e Confecção, bem como as possíveis mudanças e inovações que acompanham tais visões. Essas tendências são: (i) mudança da produção de commodities para especialidade de produtos, com flexibilização dos processos tecnológicos ao longo da cadeia de valor (fibra-têxtil-confecção); (ii) novas aplicações na utilização dos têxteis em outras áreas industriais e humanas; e, (iii) mudança da produção em
77
massa para a massificação do consumo personalizado, com o desenvolvimento de uma indústria voltada a customização e a personalização dos produtos têxteis, com aplicação de conceitos de inteligência da produção, logística, distribuição e serviços (THE EUROPEAN..., 2004; LIBEERT, 2004; WALTER, 2006). A primeira tendência do estudo Europeu está ligada à inovação de fibras com especialidades particulares, fibras-compostas, novos materiais com aplicações da biotecnologia e nanotecnologia, tecidos funcionais, bem como têxteis com princípios sustentáveis, que permitem a reciclagem e que respeitem o meio-ambiente. A segunda tendência procura desenvolver novas aplicações que melhorem o desempenho humano, o aprimoramento de novas aplicações industriais, bem como a concepção de têxteis e roupas inteligentes. E, por último, a terceira tendência está relacionada com a customização da produção por meio de novos projetos e processos integrados, onde os produtos são desenvolvidos especialmente para o cliente, de acordo com suas medidas corpóreas e seu desejo de material, de cores e de estampas (THE EUROPEAN..., 2004). Outro estudo da plataforma EURATEX, publicado em junho de 2006, afirma que poderão surgir novas áreas e, conseqüentemente, fazer emergir novas oportunidades de mercado para o Setor Têxtil e Confecção caso essas tendências se confirmem. O estudo aponta soluções para a mobilidade, o cuidado da saúde, a segurança, a energia e a eficiência de recursos. A competitividade, no futuro, vai permear os aspectos da produtividade, da qualidade, da flexibilidade, e, do time-tomarket. A atratividade do consumidor final vai ser determinada, também, por produtos imaginativos, que proporcionem emoção, ao mesmo tempo em que são produzidos de forma personalizada, com diversidade de opções, conforto e segurança (THE EUROPEAN..., 2006). Este e outros estudos serão tratados de forma mais detalhada e abrangente na seqüência deste capítulo, que, por sua vez, está estruturado em dois grandes temas: (i) aspectos científico-tecnológicos; e, (ii) aspectos socioeconômicos. No primeiro, são abordadas as tendências científicas e tecnológicas para o setor Têxtil e Confecção. No segundo tema, são abordadas de forma sucinta as principais mudanças socioeconômicas que poderão impactar o futuro da sociedade e, conseqüentemente, da indústria Têxtil e Confecção. Em ambos os temas, foram utilizados como fonte de dados e informações diversos estudos da Europa, Ásia e
78
EUA, bem como de revistas internacionais especializadas, portais corporativos, observatórios tecnológicos, institutos de pesquisa, teses, dissertações, etc. 4.1
ASPECTOS CIENTÍFICO-TECNOLÓGICOS O levantamento das tendências científico-tecnológicas está estruturado da
seguinte forma: (i) têxteis técnicos e estruturantes; (ii) têxteis e roupas inteligentes; (iii) têxteis e fibras multifuncionais; (iv) tecnologias de informação e comunicação (TICs); e, (v) ciência, tecnologia e meio-ambiente. O objetivo desta seção não é esgotar as possibilidades de tendências para o futuro científico e tecnológico, mas sim traçar algumas direções possíveis, que em muitos casos já estão se confirmando ou ainda estão em fase de pesquisa, testes e convergência. Algumas tendências são mais fortes, outras ainda são aspirações, porém, todas podem impactar a indústria Têxtil e Confecção em algum momento, grau e profundidade. 4.1.1 Têxteis Técnicos e Estruturantes A aplicação dos têxteis está se ampliando cada vez mais nos segmentos industriais (Têxteis Técnicos). Existe uma tendência cada vez maior para a utilização dos têxteis como material estruturante. Há muitas pesquisas nesta área, o que gera inovações importantes que estão aumentando as possibilidades de aplicações dos têxteis em outras áreas industriais. O têxtil estruturante vem sendo empregado como material substituto em diversas áreas tradicionais da indústria, mas se destaca principalmente na construção civil. Tanto o tubo de concreto quanto outros materiais para a construção civil estão sendo desenvolvidos e testados na Europa. O INSTITUT FÜR TEXTILTECHNIK AACHEN – ITA (Instituto de Tecnologia Têxtil de Aachen, na Alemanha) – vem realizando diversas pesquisas na área têxtil, entre elas no segmento de têxteis estruturados. Na Figura 16, p. 79, pode-se observar o experimento de uma aplicação do material têxtil estruturado para construção de lajes e placas de concreto. O estudo realizado pela plataforma têxtil da Europa (EURATEX) aponta as principais áreas e funções nas quais o têxtil estruturante vem sendo aplicado: (i) telhado têxtil – muito leve e resistente; (ii) concreto têxtil-reforçado; (iii) fibras e têxteis como elementos na construção de cabos; (iv) têxteis utilizados como sistema de proteção da erosão e de corredeiras; (v) reforço têxtil para diques e outros
79
sistemas de gerenciamento d’água; (vi) fibre-based light – têxtil condutor e canalizador flexível e durável; (vii) consoles artificiais; e, (viii) plataformas flutuantes. FIGURA 16 – PLACAS DE CONCRETO ESTRUTURADAS COM TÊXTIL
Fonte: STOCKMANN, (2002, p. 91 e 153).
Existem, também, aplicações de têxteis estruturantes na área de transporte como, por exemplo: (i) cordas, cabos e redes para balões, pára-quedas e barcos à vela; (ii) fibras e compostos têxteis utilizados nas asas de aviões e na produção de componentes estruturantes para barcos; (iii) objetos infláveis para naves e satélites espaciais; (iv) reservatórios, recipientes e sacos flexíveis para transporte de gases, líquidos e sólidos como, também, para o modal rodoviário, ferroviário, aéreo ou marítimo. O aumento da utilização dos têxteis estruturantes nos veículos e equipamentos de transporte faz com que o consumo de energia seja menor, devido ao peso reduzido desses meios de transporte. Este fato contribui com o meio ambiente, com a redução dos custos de logística e, conseqüentemente, com o consumo consciente (THE EUROPEAN..., 2006). Os têxteis utilizados na construção civil para conter aterros, erosão, diques, terraplanagem são conhecidos como Geotêxteis e, quando aplicados no tratamento de impacto ambiental ou mesmo para proteção do meio ambiente, esses têxteis são denominados de Eco-Têxteis. O mercado de Geotêxteis e de Eco-Têxteis pode ser considerado pequeno se comparado com o mercado geral dos Têxteis Técnicos, já que representou cerca de 1% em 2000. Porém, as estimativas de crescimento são favoráveis, podendo representar em 2010, aproximadamente, 1,8% do consumo dos Têxteis Técnicos, ou um aumento de 100 mil toneladas desse tipo de produto (INSTITUTO TECNOLÓGICO..., 2003g). Existem, também, placas de concreto com têxtil estruturante que são utilizadas para montar canais artificiais de escoamento d’água. O têxtil estruturante
80
permite substituir o ferro e o aço nas armações de concreto, com vantagens significativas na produtividade de tais placas, sem, no entanto, comprometer a qualidade do produto final. Além do mais, este tipo de placa facilita o transporte e o processo de instalação, sendo mais leve (STOCKMANN, 2002). Os têxteis estruturantes trazem consigo a abertura de várias oportunidades de mercado como, por exemplo, o planejamento, o desenvolvimento e a construção de máquinas e equipamentos necessários ao suprimento desse nicho de mercado, bem como a necessidade de concepção de novos métodos e técnicas de fabricação. 4.1.2 Têxteis e Roupas Inteligentes Os materiais têxteis com propriedades multifuncionais e inteligentes constituem-se em outra importante tendência em termos de tecnologia para o futuro. Os esforços em pesquisas relacionadas ao desenvolvimento desses produtos se intensificaram com o aumento da rigidez regulatória nas questões de segurança e de conforto dos têxteis. O programa EUROPEAN FP6, por exemplo, é um mecanismo de financiamento da pesquisa na Europa, cuja atuação é bastante significativa na área de novos materiais e têxteis inteligentes. A plataforma EURATEX também possui ações expressivas nesta área (LIBEERT, 2004). O avanço dos têxteis inteligentes se deve, principalmente, pela absorção do conhecimento de diversas áreas científicas e tecnológicas. Esta é uma realidade que não faz parte somente desse setor industrial. Muitos outros segmentos se beneficiam com o progresso do conhecimento científico. Os avanços na biotecnologia, na nanotecnologia e na eletroeletrônica, por exemplo, são extremamente significativos para o Setor Têxtil e Confecção. A eletroeletrônica e a nanotecnologia estão contribuindo com importantes inovações na área têxtil voltada à saúde. Existem têxteis e roupas capazes de monitorar diversas variáveis fundamentais para a manutenção da saúde dos indivíduos (BARTELS, 2005; BELLY; PIROTTE; CATRYSSE, 2005). Estudos nesta área podem revolucionar o tratamento e o acompanhamento médico em muitas enfermidades. Paradiso e Wolter (2005) acreditam que o monitoramento remoto e contínuo pelos têxteis e vestimentas de múltiplas funções fisiológicas somente é possível se os sistemas de controle de saúde forem combinados com os avanços das telecomunicações, micro-eletrônica e ciência dos materiais.
81
O envelhecimento da população e os problemas da sociedade industrial (doenças crônicas) acarretam, conseqüentemente, o aumento constante e significativo dos custos do sistema público de saúde no mundo. Este fato faz com que as vestimentas voltadas à saúde ganhem espaços notórios no âmbito científico, podendo ser consideradas como uma tendência forte e que já está sendo investigada nos principais centros de pesquisa do mundo. Pesquisadores da área acreditam que os têxteis médicos podem melhorar a qualidade de vida da população, aumentar a velocidade de recuperação do paciente e, até mesmo, fornecer novas opções de tratamento (THE EUROPEAN..., 2006). Alguns projetos que estão sendo desenvolvidos permitem a combinação de têxteis inteligentes com componentes eletrônicos miniaturizados. Os tecidos são desenvolvidos com circuitos eletrônicos flexíveis para substituir as placas de circuito rígidas. Segundo Locher e Tröster (2005), os têxteis com estas características permitem distribuir a funcionalidade do sensoriamento por todo o corpo sem perder o conforto da vestimenta. Segundo Strese, Kaminorz e John (2005), os têxteis inteligentes relacionados à eletrônica e aos microsistemas integrados podem ser classificados em quatro níveis: (i) soluções eletroeletrônicas adaptadas à roupa (celulares, MP3, etc); (ii) componentes eletrônicos e/ou microsistemas integrados em roupas ou têxteis com módulos conectáveis (condutores têxteis); (iii) roupas ou têxteis com funções integradas diretamente nas fibras têxteis (displays entrelaçados nas fibras); e, (iv) fibra com blocos de construção microeletrônicos integrados como transistores, diodos ou circuitos integrados (esse último tópico ainda é uma visão, mas já faz parte de planejamentos em pesquisa e desenvolvimento na Europa). Um grande número de institutos alemães de pesquisa têxtil, em conjunto, com pesquisadores e empresários do setor, realizaram vários encontros para identificar os mercados potenciais para o têxtil inteligente. As áreas que foram elencadas como prioritárias são: (i) geração e fornecimento de energia – interconexões de células solares e materiais têxteis; (ii) tecnologia de sensor/atuador; (iii) fibras têxteis luminescentes ou condutoras elétricas; (iv) encapsulamento e tecnologias de integração de sistemas; e, (v) tecnologias de polímeros (STRESE; KAMINORZ; JOHN, 2005).
82
Alguns produtos já estão no mercado como, por exemplo, uma jaqueta com células solares integradas para dispositivos USB, da empresa SCOTTeVEST, e jaquetas com telefones celulares e MP3 player da LEVIS / PHILIPS e INFINEON / ROSNER (STRESE; KAMINORZ; JOHN, 2005). De acordo com Strese, Kaminorz e John (2005), a tecnologia de placa de circuitos flexíveis permite integrar têxteis inteligentes com sistemas eletrônicos (ver Figura 17). Para trabalhar com a interface homem-dispositivo, existem muitas pesquisas na área de comutadores, sensores, almofadas de toque, microfones ou reconhecimento de grafia, auto-falantes miniaturizados e displays ópticos rígidos e flexíveis (LCD 14; LCD/TFT 15 e OLED 16). FIGURA 17 – PLACA E CABO FLEXÍVEL
Fonte: FRAUNHOFER IZM MUNICH, apud STRESE; KAMINORZ; JOHN, (2005, p. 07-08).
Outros produtos ainda estão em fase de projeto e pesquisa, como as vestimentas
com
tecnologia
de
monitoramento
biomédico
da
WEARABLE
COMPUTING e ETH ZURICH, além de placas eletrônicas têxteis, cabos têxteis, teclado têxtil e comutadores ou têxteis brilhantes do TEXTILFORSCHUNGS INSTITUT THÜRINGEN-VOGTLAND – TITV (Instituto de Pesquisa Têxtil de Thüringen-Vogtland) (NORSTEBO, 2004; STRESE; KAMINORZ; JOHN, 2005; LOCHER; TRÖSTER, 2005; GIMPEL et al., 2005; KALLMAYER et al., 2005). Existem, também, têxteis integrados com dispositivos de controle de posicionamento
do
tipo
GPS
(Global
Positioning
System
–
Sistema
de
Posicionamento Global), cuja função é permitir a localização do usuário em qualquer lugar do planeta. Essa tecnologia abre novas possibilidades de aplicações como, por 14
Liquid Crystal Display (Display de Cristal Líquido). Liquid Crystal Display / Thin Film Transistor (Display de Cristal Líquido com Matriz Ativa). 16 Organic Light Emitting Diode (Diodo Orgânico Emissor de Luz). 15
83
exemplo: (i) vestimentas esportivas para ajudar na localização em caso de resgate (esquiadores e montanhistas); (ii) uniformes militares; e, (iii) roupas que monitoram a saúde do usuário, o que facilita a localização do paciente em casos extremos (INSTITUTO TECNOLÓGICO..., 2004e). Além disso, de acordo com o estudo da plataforma EURATEX, existem roupas com sensores que detectam mudanças bruscas no ambiente ou identificam a presença de substâncias nocivas à saúde. Essa é uma tendência significativa para o segmento de uniformes e vestimentas especiais para o trabalho, especialmente, os insalubres e perigosos como, por exemplo, a profissão de bombeiro, serviço militar e indústrias químicas. Existem, também, pesquisas que estão priorizando o desenvolvimento de roupas que geram e acumulam energia, por meio de fotocélulas e componentes eletrônicos (THE EUROPEAN..., 2006). Para que a tecnologia eletroeletrônica aplicada a vestimentas não fique inviável economicamente, os cientistas estão desenvolvendo produtos modulares, ou seja, os componentes mais baratos, por exemplo, placas, cabos têxteis, circuitos, antenas de comunicação têxtil e teclados são agregados aos tecidos de forma fixa, enquanto que os componentes mais caros, como por exemplo memória e bateria, podem ser retirados e utilizados em outras roupas com as mesmas características. Além disso, essa técnica permite retirar componentes que não podem ser lavados. Outro ponto importante é a questão do conforto, pois estatísticas apontam que este requisito é a principal propriedade que os consumidores buscam em uma roupa. Portanto, as confecções inteligentes precisam ser, antes de tudo, confortáveis, ou seja, ser tão agradáveis no vestir quanto a roupa normal (não inteligente). Caso contrário, o potencial de mercado dessas vestimentas pode ficar comprometido, ou mesmo reduzido aos nichos (BARTELS, 2005; DUNNE; ASHDOWN; SMYTH, 2005). Segundo Gimpel et al. (2005), a utilização da tecnologia RFID (Radio Frequency Identification – Identificação por Rádio Freqüência) também é uma tendência forte na indústria têxtil. Alguns pesquisadores já estão trabalhando na tentativa de acoplar essa tecnologia a um transponder 17 e utilizá-la nas etiquetas dos
17
Transponder: dispositivo de comunicação eletrônico que recebe, amplifica e retransmite um sinal ....em uma freqüência diferente. Transponder é a abreviação de transmitter-responder.
84
têxteis e das vestimentas. Os benefícios são vários e entre eles destaca-se o avanço no campo da logística, com a rastreabilidade do produto. A antena têxtil é tecida na própria etiqueta, assim como chips de silício finos, os quais são flexíveis, resistentes a cargas mecânicas e podem ser encapsulados. O encapsulamento permite a lavagem desses produtos. Além disso, segundo o INSTITUTO TECNOLÓGICO TEXTIL – AITEX (2002b), da Espanha, é preciso atender a todas as normas que regulam e padronizam as etiquetas dos produtos têxteis e confeccionados. Esse é um requisito muito importante que pode variar de país para país e que no futuro tende a ser ainda mais rigoroso. Os têxteis brilhantes e luminescentes também estão sendo pesquisados e aprimorados. As inovações relacionadas aos fios condutores contribuíram com os avanços dos têxteis luminosos. No entanto, as propriedades desejadas para uma vestimenta como, por exemplo, a suavidade e a durabilidade ainda não são ideais. Porém, as pesquisas continuam a serem promovidas nessa área. Por exemplo, com a ajuda dos diodos emissores de luz, outra fonte de energia luminosa foi desenvolvida – os tecidos condutores estruturados (GIMPEL et al., 2005). Exemplos de têxteis luminescentes são: (i) fio luminescente desenvolvido por CABRERO (2006), que lhe valeu o Prêmio World Wool Award (WWA 2006), promovido pela INTERNATIONAL WOOL TEXTILE ORGANISATION – IWTO; e, (ii) a vestimenta desenvolvida pelo instituto alemão TITV, com aplicação da tecnologia OLED. Muitas das inovações em eletroeletrônica são resultados de pesquisas no campo da nanotecnologia. Segundo Qian e Hinestroza (2004), a nanotecnologia é uma ciência interdisciplinar que está revolucionando o desenvolvimento não só da eletroeletrônica, mas também de áreas como a ciência dos materiais, a mecânica, a química, a ótica, a medicina, bem como os setores de energia, têxtil e aeroespacial. Nos últimos anos, as pesquisas em nanotecnologia estão crescendo de forma significativa no mundo. No ano de 2004 os principais países desenvolvidos e alguns em desenvolvimento, como China, Índia e Coréia do Sul, investiram mais de US$ 75 bilhões em pesquisa e desenvolvimento de nanotecnologias (SINDICATO DA INDÚSTRIA TÊXTIL..., 2005). A projeção para 2015 é que os negócios internacionais envolvendo a nanotecnologia superem um trilhão de dólares (SINDICATO DA INDÚSTRIA TÊXTIL..., 2005; KARDILE, 2005; ZOMIGNAN, 2006).
85
No caso específico da indústria têxtil, atualmente a nanotecnologia representa um mercado mundial de onze bilhões de dólares. As projeções para 2012 apontam que esse mercado pode chegar a dez vezes esse montante, ou seja, aproximadamente 110 bilhões de dólares (BUSINESS WIRE, 2006 apud MELO, 2006; ZOMIGNAN, 2006). Além disso, Hebert (2006) acredita que a projeção para 2012, relacionada com a competição internacional em nanotecnologia, prevê que países como China, Coréia do Sul, Taiwan e Índia cresçam de forma muito expressiva no cenário global. A China, por exemplo, já é o segundo país que mais publica resultados científicos em nanotecnologia no mundo, atrás, somente, dos EUA (HEBERT, 2006). Para Choi, Powell e Cassill (2005), é importante que políticas de governo sejam desenvolvidas para garantir investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento no Setor Têxtil e Confecção. O Governo de Hong Kong, por exemplo, possui uma política bastante consistente para o setor, cujas ações estão voltadas para três áreas estratégicas: (i) novos materiais (nanotecnologia); (ii) tecnologia de design (Design Funcional); e, (iii) tecnologia de prototipagem (CAD 18 e CAM 19). 4.1.3 Têxteis e Fibras Multifuncionais Como abordado anteriormente, uma verdadeira revolução na concepção de têxteis está sendo promovida pelos constantes avanços e descobertas no campo da nanotecnologia e da biotecnologia. Além das descobertas e inovações já apresentadas, profissionais dos principais centros de pesquisa estão criando, também, novas fibras com características multifuncionais. De acordo com o estudo da EURATEX, as áreas que estão sendo priorizadas para dar suporte às inovações relacionadas às fibras são a química, a física e a tecnologia (THE EUROPEAN..., 2006). Pesquisas na área de biotecnologia são realizadas para dar suporte ao desenvolvimento de têxteis para o segmento médico / hospitalar. Na Alemanha, por exemplo, o Dr. Dirk Höfer, pesquisador e chefe do INSTITUT FÜR HYGIENE UND BIOTECHNOLOGIE – IHB (Instituto para Higiene e Biotecnologia), entidade ligada à DIE HOHENSTEINER INSTITUTE – DHI (O Instituto Hohensteiner), trabalha com a 18 19
CAD = Computer Aided Design (desenho assistido por computador). CAM = Computer Aided Manufacturing (produção assistida / controlada por computador).
86
aplicação da biotecnologia na área de têxteis higiênicos e têxteis para hospitais e uso médico. (DIE..., 2006). Em Portugal, também existe uma iniciativa de aplicação da biotecnologia na concepção de fibras e poliésteres para a prática médica. (INSTITUTO SUPERIOR..., 2005). Em 2000, o mercado dos têxteis para saúde representou mais de 1,5 bilhões de toneladas em todo o mundo. A projeção de consumo
é
de
incremento
anual
de
4%,
podendo
alcançar,
em
2010,
aproximadamente 2,3 bilhões de toneladas de Têxteis Técnicos para uso na medicina (INSTITUTO TECNOLÓGICO..., 2003g). Outras tendências relacionadas com a aplicação da biotecnologia ao Setor Têxtil podem ser observadas por meio da análise das prioridades que a plataforma EURATEX está fomentando para o setor, como por exemplo: (i) novas fibras baseadas na fermentação e demais bio-processos; (ii) fibras bio-compostas e bioresinas
–
totalmente
biodegradáveis;
(iii)
bio-polímeros
e
biomassa;
(iv)
desenvolvimento de enzimas aplicadas ao setor; (v) tecnologia de bio-processos aplicados à sustentabilidade – produção mais limpa; (vi) resíduos têxteis aplicados como fonte de biomassa; e, (vii) melhoria na produção de fibras naturais. A nanotecnologia está contribuindo muito para a inovação na área de fibras. É um campo de pesquisa que já está sendo muito pesquisado e que, certamente, irá revolucionar o Setor Têxtil e Confecção. Processos têxteis químicos estão sendo desenvolvidos como, por exemplo, nanoemulsões de partículas químicas e nanocápsulas de substratos, que podem criar fibras de alta performance. Os avanços nessa área são sem precedentes, principalmente quando consideradas as novas funcionalidades que os tecidos adquirem com tal tecnologia como, por exemplo, as propriedades anti-manchas, hidrofílicas, anti-estáticas, bem como roupas que não amassam e não encolhem (QIAN; HINESTROZA, 2004). No futuro, as pesquisas com nanotecnologia aplicada aos têxteis terão dois focos principais: (i) investigações que promovam o desenvolvimento de novas funções para os materiais têxteis; e, (ii) pesquisas no campo de têxteis inteligentes. Nesse contexto, as principais funções que serão trabalhadas pelos cientistas são: (i) armazenamento de energia solar (fotocélulas); (ii) aquisição e transferência de informação (sensores); (iii) proteção e detecção múltipla e sofisticada; (iv) cuidado com a saúde e funções de cicatrização; e, (v) auto-limpante e auto-reparador (QIAN; HINESTROZA, 2004).
87
Segundo o estudo da plataforma EURATEX de 2006, a roupa multifuncional vem sendo desenvolvida no sentido de ser uma segunda pele humana, ou seja, no intuito de incorporar características como de proteção, de troca de energia e de matéria com o ambiente (gases, líquido, etc). As pesquisas na área têxtil vêm se desenvolvendo no sentido de agregar ao conceito de moda e de conforto funções que melhorem a vida e o trabalho das pessoas (THE EUROPEAN..., 2006). Existem,
por
exemplo,
pesquisas
da
GEORGIA
INSTITUTE
OF
TECHNOLOGY 20 na área de têxteis e de roupas inteligentes para proteção e segurança pessoal. Esses estudos priorizam o bem estar do indivíduo nos mais diferentes ambientes insalubres que existem no meio industrial, militar e científico como, por exemplo, equipamentos de proteção individual para serem utilizados em áreas com ações químicas, mecânicas, biológicas e nucleares, inclusive em caso de guerra e terrorismo (DAANEN, 2005; PARK; JAYARAMAN, 2005; KIEKENS, 2005). Algumas tendências tecnológicas identificadas no estudo de projeção de futuro do Setor Têxtil e Confecção da EURATEX podem ser observadas no Quadro 2, p. 88. Esse quadro traz algumas aplicações dos materiais têxteis multifuncionais elencados pela plataforma. Muitas dessas tecnologias já estão bastante avançadas, principalmente nos Estados Unidos, Europa, Japão, China e Coréia do Sul, com aplicação da nano e biotecnologia aos têxteis. A invenção do nanoscópio permitiu um grande avanço nas investigações dos materiais em escala nano 21. Os cientistas estão pesquisando comportamentos de certos materiais na natureza e replicando sua estrutura e composição em laboratório. A intenção deste tipo de pesquisa é tentar alcançar características semelhantes àquelas encontradas in natura, cuja aplicabilidade ainda não existe ou não é viável com a tecnologia convencional (BOCZKOWSKA; LEONOWICZ, 2006; XIN, 2006). Segundo Xin (2006), os têxteis que não molham, por exemplo, são resultados de estudos da superfície de plantas que possuem essa propriedade sem, no entanto, perder a característica de maleabilidade, a qual é fundamental nos tecidos. A
20
Instituto de Tecnologia da Geórgia (EUA). Nano é uma palavra grega que significa “anão”. A escala nanométrica corresponde a 10-9 parte do ....metro (bilionésima parte do metro). 21
88
propriedade dos materiais de não absorver a água é conhecida como Lotus-Effect® ou Efeito Lótus. QUADRO 2 – PROPRIEDADES MULTIFUNCIONAIS Funcionalidade
Aplicação
Retardador de chamas e de propagação de incêndios
Toalha de mesa, cortinas, móveis, automóveis, ônibus, trem, avião; Interiores de residências e estabelecimentos comerciais e dos sistemas de transporte;
Resistência à abrasão
Tapetes, todos os tipos de assentos têxteis;
Comportamento anti-estático
Estofamentos, assentos de cadeiras e etc;
Comportamento antibacteriano
Roupa de cama, têxteis médicos;
Proteção ultra-violeta
Telhados, barracas, toldos, persianas, cortinas;
Repelente de insetos
Barracas, redes;
Absorção do odor
Roupa de cama, móveis, automóveis, ônibus, trem, avião;
Anti-mancha e não molha
Fonte: THE EUROPEAN..., (2006, p. 15).
Na Figura 18, p. 89, pode-se verificar exemplos de tecidos que não absorvem água devido à incorporação da propriedade do Efeito Lótus, bem como a imagem nanoscópica desses materiais (XIN, 2006). Além disso, a figura traz, também, o exemplo de uma camisa que não absorve óleo (MARCHESE, 2006). Esse é um mercado bastante promissor para os próximos anos, onde os avanços mais significativos estão se concretizando na Ásia, Europa e EUA (HERBOLD, 2005; TEXTOR; SCHRÖTER; SCHOLLMEYER, 2006; MARCHESE, 2006; XIN, 2006). Outro exemplo de tecnologia que está sendo aprimorada a partir de pesquisas com materiais encontrados na natureza são as cores nanoestruturadas (HERBOLD, 2005; MECHEELS, 2005; XIN, 2006). Cientistas estão desenvolvendo pesquisas em escala nano com borboletas para descobrir como são estruturadas as cores desses insetos e, conseqüentemente, procuram formas de desenvolvimento de têxteis coloridos sem, no entanto, utilizar o processo de tintura convencional. Segundo a plataforma EURATEX, existem, também, pesquisas na área têxtil que investigam a propriedade de mudança de cor e imitação da luz (THE EUROPEAN..., 2006).
89
FIGURA 18 – TECIDOS QUE NÃO ABSORVEM ÁGUA E ÓLEO
Fonte: XIN, (2006, p. 21) e MARCHESE, (2006, p. 31).
Um ponto importante que merece esclarecimento diz respeito à área médica. É importante destacar que a vestimenta inteligente voltada à saúde não está baseada somente na tecnologia eletroeletrônica, como foi tratada anteriormente. Existem têxteis modificados na sua estrutura (fibras), pelo uso de nanotecnologias, que permitem chegar a resultados expressivos na sua composição e propriedades funcionais sem, no entanto, possuir dispositivos eletrônicos. Além disso, existem, também, têxteis com propriedade fungicida que são desenvolvidos com tecnologia de microencapsulamento e que já são utilizados na medicina. A tecnologia de microencapsulamento aplicada aos têxteis é desenvolvida a partir da utilização de micropartículas para recobrir um princípio ativo. Esse princípio ativo pode ser líquido, sólido ou gasoso, e será responsável pelos efeitos esperados, ou seja, pode ser um fungicida, um perfume, um hidratante, etc. O método de fabricação de microcápsulas pode ser químico, físico ou físico-químico. O microencapsulamento têxtil libera o princípio ativo de forma controlada, ou seja, de maneira contínua e progressiva, conforme o uso da vestimenta. A liberação de cosméticos e perfumes, proteção UV 22, anti-fungos e anti-ácaros se realiza pela ação da temperatura, da umidade e do atrito (INSTITUTO TECNOLÓGICO..., 2004b). Com o advento da nanotecnologia, as técnicas de encapsulamento atingiram a escala nanoscópica. Agora, com apenas 60 átomos de carbono é possível desenvolver as Nanoballs, ou seja, um conjunto nanoscópico de átomos de carbono capaz de armazenar átomos, moléculas, medicamentos e outros compostos moleculares. As Nanoballs são tão pequenas que podem ser introduzidas em núcleos celulares. Os Nanotubos de Carbono também são uma inovação nessa área
22
UV = Ultravioleta
90
que pode ser utilizada para encapsular moléculas e partículas (MECHEELS, 2005; NAIK, 2005; MARCHESE, 2006). Porém, os nanotubos possuem outras propriedades interessantes para o Setor Têxtil e Confecção: (i) possuem ligações tão fortes quanto às dos diamantes; (ii) são flexíveis e podem ser trançados como tecido; (iii) podem ser condutores ou não de eletricidade; (iv) ignoram condições extremas de calor ou de frio; e, (v) são 100.000 vezes mais finos que um fio de cabelo (MARCHESE, 2006). Têxteis perfumados com tecnologia de nanoencapsulamento já são uma realidade, e muitas organizações já estão com pesquisas na área e até com produtos no mercado, como por exemplo, a empresa QUEST INTERNATIONAL, que está investindo em fragrâncias nanoencapsuladas com aplicação em sabão em pó (SANDERSON, 2006). Existem, também, tecidos que controlam a temperatura corpórea
(regulação
térmica)
por
meio
da
tecnologia
do
micro
e
nanoencapsulamento (HERBOLD, 2005). Outro exemplo interessante de aplicação da nanotecnologia aos têxteis vem do Japão. Segundo Tsukioka (2006), uma empresa japonesa (GOLDWIN) fabricante de roupas esportivas desenvolveu tecidos anti-pólen (Pollen Shield) com base na nanotecnologia. A meta dessa organização é agregar essa inovação aos produtos da linha esportiva. Outra empresa japonesa que também utiliza a nanotecnologia na exploração de fibras com propriedade anti-pólen é a MIYUKI KEORI, a qual busca o diferencial competitivo com a produção de ternos e de trajes sociais com essa tecnologia (THE JAPAN TIMES, 2005). O aumento constante da poluição está ocasionando problemas ambientais como, por exemplo, o aquecimento global, a destruição da camada de ozônio, as chuvas ácidas, etc. Este fato está direcionando alguns pesquisadores do Setor Têxtil e Confecção para o desenvolvimento de produtos com propriedades que amenizem problemas como, por exemplo, a exposição excessiva da pele aos raios UV. Muitas pesquisas vêm sendo realizadas nessa área, desde a concepção de novos produtos como
também
testes
do
fator
de
proteção
desses
têxteis
(INSTITUTO
TECNOLÓGICO..., 2003d; NAIK, 2005; TEXTOR; SCHRÖTER; SCHOLLMEYER, 2006). No caso da nanotecnologia, de acordo com Simões (2006), estão sendo desenvolvidas partículas de dióxido de titânio com 30nm para aplicação como filtro solar em têxteis. Essas partículas têm alto poder de absorção dos raios UV.
91
Outra inovação importante na área de nanotecnologia refere-se ao desenvolvimento das membranas porosas com moléculas poliméricas que matam bactérias sem causar nenhum problema à pele (HERBOLD, 2005; MECHEELS, 2005; MIRANDA, 2006). Nos Estados Unidos, por exemplo, uma empresa que trabalha
com
nanotecnologia
(GREENYARN)
desenvolveu
uma
fibra
com
nanopartículas de bambu com propriedade biocida e que inibe o odor. Atualmente vários produtos estão sendo manufaturados com essa fibra (Eco-fabric) como, por exemplo, meias e máscaras faciais (NANO TSUNAMI, 2005 e UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2006). As Nanopartículas de Prata, por exemplo, são utilizadas nos têxteis para produzir a característica auto-limpante. Pesquisadores da Universidade de Clemson, nos Estados Unidos, afirmam que o tecido pode sujar como qualquer outro, porém, com a utilização da película com nanopartículas de prata (self-cleaning) a roupa possui a propriedade de não sujar tão facilmente quanto as vestimentas convencionais (SAMPSON, 2004). Outro importante avanço da ciência é a concepção de fibras que mudam de cor.
Os
pesquisadores
do
departamento
de
ciências
dos
materiais
do
MASSACHUSETTS INSTITUTE OF TECHNOLOGY – MIT (EUA), por exemplo, desenvolveram uma fibra que combina o plástico com o vidro para adquirir características de mudança de cor (CUNNINGHAM, 2002; THOMAS, 2006). 4.1.4 Tecnologias de Informação e Comunicação e o Setor Têxtil e Confecção Para Abd-Ellatif (2004), o aumento da concorrência internacional fez com que as empresas intensificassem a busca pela redução de custos e despesas, o que é imprescindível para a manutenção da vantagem competitiva no mercado. Nesse sentido, segundo a plataforma EURATEX, a necessidade de cooperação e formação de redes e aglomerações industriais como vantagem competitiva está exigindo que os atores envolvidos na cadeia produtiva busquem o uso inovativo das Tecnologias de Informação e Comunicação – TICs para dar suporte ao desenvolvimento desse modelo de negócio (THE EUROPEAN..., 2006). Aliadas a tudo isso, muitas indústrias do Setor Têxtil e Confecção estão procurando se inserir na tecnologia da Computer Integrated Manufacturing – CIM (Produção Integrada por Computador). A tecnologia CIM é a combinação de várias
92
ferramentas de informática que, juntas, integram toda a cadeia do processo de produção, desde a matéria-prima até as questões de logística e distribuição (ABDELLATIF, 2004). Como suporte à integração é utilizada a tecnologia de comunicação RFID para transmissão de dados, cuja tendência é bastante significativa tanto para o Setor Têxtil e Confecção quanto também para os demais segmentos industriais (GIMPEL et al., 2005). A principal contribuição da tecnologia CIM está pautada na redução de custos e despesas, pois essa ferramenta integra todo o sistema fabril com agilidade, rapidez, produtividade e qualidade nos produtos, processos e informações. As ferramentas mais utilizadas no CIM podem ser assim elencadas: (i) CAD – desenho assistido por computador; (ii) CAM – produção controlada por computador; (iii) PPS 23 – planejamento da produção e operações por computador; (iv) ERP (Enterprise Resource Planning) – planejamento dos recursos empresariais por computador; (iv) CAQ – controle da qualidade controlado por computador; e, (v) CAT – testes e ensaios assistidos por computador (ABD-ELLATIF, 2004). A competitividade no mercado têxtil e de confeccionados não está fazendo emergir as tecnologias TICs somente pela busca constante pela redução de custos. Muitas empresas estão se apoiando nela para se diferenciarem no mercado como, por exemplo, o atendimento personalizado e customizado dos desejos e necessidades dos clientes. A tecnologia da customização associada à diversidade cultural é um fator que está criando uma indústria Têxtil e Confecção cada vez mais flexível e preparada para atender às necessidades individuais do consumidor (ADVANCEMENT..., 2005; THE EUROPEAN..., 2006). Para Dahlman e Frischtak (2005), a indústria, de um modo geral, está passando por uma transformação significativa, onde a produção estática dá lugar aos processos de produção flexível. No Setor Têxtil e Confecção, a questão da flexibilidade da produção tende a ser ainda mais relevante, devido, principalmente, aos diferentes apelos visuais e estéticos que são priorizados para atender diferentes segmentos e nichos de mercado (percepções e sentidos humanos). Os projetos na área Têxtil e Confecção tendem à flexibilidade e à customização dos produtos e serviços. A previsão é atender mercados cada vez mais segmentados e específicos. As tecnologias e 23
PPS = Produktionplanung und –Steuerung (alemão).
93
sistemas de informação e os sistemas de apoio à produção estão sendo utilizados para dar base e sustentação a essa tendência de flexibilização na indústria Têxtil e Confecção. Sistemas 2D e 3D, por exemplo, estão proporcionando uma nova interface entre indústria e consumidor, com aplicações específicas para nichos e segmentos de mercado (ASHDOWN, et al., 2004; LOKER, et al., 2004; OH; YOON; HAWLEY,
2004;
CHOI;
POWELL;
CASSILL,
2005;
LOKER;
ASHDOWN;
SCHOENFELDER, 2005; NAM, et al., 2005; ADVANCEMENT..., 2006; THE EUROPEAN..., 2006; SHIN; ISTOOK, 2006). A aplicação 3D associada à tecnologia Scan Data (cópia de dados) também é utilizada no mapeamento antropométrico 24 da população, com o desenvolvimento da tecnologia Body Scan Data (cópia de dados corpóreos), onde é possível identificar as dimensões corpóreas por meio de estudos gráficos e estatísticos. Muitas pesquisas estão sendo realizadas nessa área, principalmente a partir do avanço significativo da tecnologia 3D assistida por computador (ASHDOWN, et al., 2004; DEVARAJAN; ISTOOK, 2004; LOKER, et al., 2004; SIMMONS; ISTOOK; DEVARAJAN,
2004a;
SIMMONS;
ISTOOK;
DEVARAJAN,
2004b;
LOKER;
ASHDOWN; SCHOENFELDER, 2005; THE EUROPEAN..., 2006). No futuro, os dados corpóreos coletados por meio da tecnologia Body Scan Data serão disponibilizados para cada indivíduo em cartões com chips. Esses cartões são conhecidos como Smart Card e podem armazenar todas as informações sobre as dimensões corpóreas para posteriormente serem resgatadas e utilizadas no processo de fabricação personalizada como, por exemplo, em shoppings virtuais (e-Commerce). Na Europa, o Smart Card está sendo desenvolvido no âmbito do Projeto E-TAILOR (WALTER, 2002). Existem também projetos de automação aplicados ao setor Têxtil e Confecção que estão sendo desenvolvidos na Europa, EUA e Ásia. A tecnologia CAD 3D/Scan Data gera os dados e informações necessárias para alimentar o programa CAM, que por sua vez, acionam robôs e máquinas automáticas para executar processos produtivos. Essa é uma tendência que gera oportunidades de desenvolvimento de máquinas e equipamentos com tecnologia CAD / CAM integrada (CHOI; POWELL, 2005; THE EUROPEAN..., 2006). 24
Antropometria = processo ou técnica de mensuração do corpo humano ou de suas várias partes.
94
Na Europa, por exemplo, a Comunidade Européia está financiando o projeto denominado LEAPFROG IP (Integrated Project), cujo objetivo é desenvolver sistemas de integração para a indústria Têxtil e Confecção da Europa. Esse projeto tem ações de pesquisa na área de customização da produção, logística e cadeia de produção integrada, prototipagem rápida, automação e robótica. O projeto LEAPFROG é coordenado pela plataforma EURATEX (ADVANCEMENT…, 2005). Os estudos já realizados sobre a produção flexível e customizada no Setor Têxtil e Confecção demonstraram que este conceito pode ser adotado por fabricantes e por varejistas de diferentes tipos e tamanhos. A tendência desse modelo de produção é reduzir o risco e os custos dos estoques, bem como agregar valor aos produtos e trabalhar com margens médias mais elevadas, sem contar a questão da satisfação e lealdade do cliente que pode aumentar (THE EUROPEAN..., 2006). Outra tecnologia que está sendo aplicada ao Setor Têxtil é a imagem digital. Na área de gestão da qualidade, por exemplo, pesquisas estão adequando a tecnologia ótica para análise de imagens na Indústria Têxtil para identificar defeitos de fabricação (INSTITUTO TECNOLÓGICO..., 2002d; ADVANCEMENT..., 2005). No processo de impressão digital, por exemplo, pesquisadores americanos estão desenvolvendo essa tecnologia para melhorar o processo de criação de design, como também para melhorar a eficiência e a produtividade da impressão (TREADAWAY, 2004; KENKARE; MAY-PLUMLEE, 2005; MAY-PLUMLEE; BAE, 2005).
Na
Europa
também
existem
pesquisas
nessa
área
(INSTITUTO
TECNOLÓGICO..., 2003e; INSTITUTO TECNOLÓGICO..., 2004a; LIBBERT, 2004; ADVANCEMENT..., 2005). A tecnologia de impressão digital, associada com tecnologias 2D, 3D e RFID, está gerando oportunidades na área de e-Commerce. A customização está sendo desenvolvida a tal ponto que o consumidor pode criar seu próprio modelo de vestimenta sem, no entanto, estar presente fisicamente em uma loja ou fábrica de confecção, usando interfaces via website (OH; YOON; HAWLEY, 2004; SCARLAT; DĂNILĂ; VERGA, 2004; SHEN; HAWLEY; DICKERSON, 2004; BAE; MAYPLUMLEE, 2005; CAMPBELL; PARSONS, 2005). O design tem um papel importante no desenvolvimento de produto na indústria Têxtil e Confecção do futuro, devido, principalmente, à exigência dos
95
clientes por produtos funcionais, confortáveis e esteticamente agradáveis. Além disso, a tendência é que a tecnologia e a gestão avancem no sentido de reduzir o tempo e o custo da concepção da idéia à introdução do produto no mercado, como por exemplo, a aplicação mais intensa da modelagem 3D, simulação digital e realidade virtual. O desenvolvimento de redes de especialistas que trabalham integrados na concepção da idéia de produto também será fomentado com maior intensidade, como também, a questão de desenvolvimento de produto será protegida com maior veemência pela Propriedade Intelectual 25 (THE EUROPEAN..., 2006). Tecnologias de integração entre fornecedores, produtores e clientes (distribuidores) serão cada vez mais utilizadas na indústria Têxtil e Confecção, o que permite a transferência de dados de maneira rápida, segura e integrada. Tecnologia como sistemas de EDI 26 serão utilizadas para interligar o processo de gestão da cadeia
entre
fornecedores
–
produtores
–
clientes
(MINISTÉRIO
DO
DESENVOLVIMENTO...; INSTITUTO EUVALDO..., 2005). De acordo com HWANG (2005), estudos específicos estão sendo realizados para efetivar a implementação de sistemas de gestão da cadeia de suprimento têxtil, denominado Sistema e-TSCM ou e-Textile Supply Chain Management. O objetivo é construir um modelo ideal de rede de colaboração para cadeia industrial têxtil para melhorar a competitividade do setor. 4.1.5 Ciência, Tecnologia e o Meio-Ambiente Atualmente, 40% das fibras produzidas no mundo são renováveis (algodão, lã, linho, seda, etc) e 60% são fibras não-renováveis (poliéster, polipropileno, poliamida, acrílica). Devido a sua propriedade renovável, as fibras naturais são as mais indicadas quando consideradas as questões ambientais. Porém, sua produção possui limitações com relação à quantidade de terras agrícolas com as características adequadas para o plantio como, por exemplo, solo e clima. A fibra 25
A Propriedade Intelectual é um sistema desenvolvido para garantir a exclusividade resultante da ....atividade intelectual nos campos industriais (patentes, marcas, desenhos, programas de ....computador e transferência de tecnologias), científicos (artigos, projetos, teses, dissertações), ....literários (livros, poesias) e artísticos (quadros, esculturas). Portanto, a Propriedade Intelectual é ....um conjunto de direitos que incidem sobre as criações do intelecto humano (MALAGRICI, 2005). 26 EDI = Electronic Data Interchange (inglês). Termo utilizado em português como: Intercâmbio .....Eletrônico de Dados.
96
sintética também possui restrições na sua produção, principalmente, devido a sua condição de material não-renovável oriundo do combustível fóssil. O fato deste material ser finito, ou seja, não renovável, agregado ao aumento global no consumo de produtos derivados do petróleo (combustíveis, plásticos) faz com que as fibras sintéticas produzidas com esse tipo de material fiquem cada vez mais caras e inviáveis (THE EUROPEAN..., 2006). De acordo com o estudo da plataforma EURATEX, o avanço da biotecnologia vem contribuindo de forma significativa para o desenvolvimento de fibras têxteis. As tendências mais promissoras de inovação no que se refere ao uso coerente das fibras não-renováveis e ao uso mais eficiente no campo dos materiais renováveis podem ser assim elencadas: (i) desenvolvimento de especialidades de fibras e variações de fibras; (ii) melhoria do processo e uso de fibras naturais que se adaptam às condições de plantio; e, (iii) pesquisas com relação à produção de fibras artificiais a partir de biomassas renováveis (THE EUROPEAN..., 2006). Além dessas tendências elencadas acima, segundo o IST (2005), a biotecnologia será utilizada para rastrear matérias-primas (DNA) para servir de base a certificações e medidas anti-fraude, bem como na melhoria da qualidade do produto (identificação de impurezas). Ainda nesse sentido, a biotecnologia contribuirá na questão ambiental com o desenvolvimento de enzimas capazes de aproveitar os produtos químicos e até substituir processos com alto grau de impacto ambiental (INSTITUTO SUPERIOR..., 2005; THE EUROPEAN..., 2006). Serão desenvolvidas unidades de escala reduzida e de baixo custo para tratamento e reaproveitamento da água na indústria têxtil (THE EUROPEAN..., 2006). A cadeia têxtil-confecção causa um impacto expressivo no meio-ambiente. Sua produção requer o uso intensivo de energia, produtos químicos e água. A tintura, por exemplo, é uma das etapas do processo de produção têxtil que mais gera resíduos industriais, como também, consome um volume considerável de água (THE
EUROPEAN...,
2002;
INSTITUTO
TECNOLÓGICO...,
2004c;
THE
EUROPEAN..., 2006). Atualmente, a sustentabilidade nos processos de produção é considerada tão importante quanto a necessidade de aumentar a qualidade e produtividade (THE EUROPEAN..., 2006).
97
Além do mais, é cada vez maior o número de leis e regras ambientais que são desenvolvidas e impostas às organizações. As legislações ambientais são mecanismos utilizados pelos órgãos competentes para regulamentar a conduta e as ações relativas à produção de têxteis e confeccionados, com o objetivo de reduzir o impacto ambiental. As exigências ambientais que devem ser obedecidas pela indústria vão direcionar as bases comerciais no futuro. É muito provável que barreiras à exportação sejam cada vez mais orientadas às questões relacionadas à proteção do meio ambiente, ou seja, serão exigidos atestados de cumprimento à legislação, regulação e respeito ao meio-ambiente para que as empresas comercializem seus produtos em mercados externos (THE EUROPEAN..., 2006). Nesse contexto, no futuro as indústrias têxteis terão que reduzir e otimizar a utilização de água e de produtos químicos para se manterem aceitas e competitivas no
mercado
(SPACE2TEX,
2005;
INSTITUTO
TECNOLÓGICO...,
2003c;
INSTITUTO TECNOLÓGICO..., 2004d; ADVANCEMENT..., 2005; INSTITUTO TECNOLÓGICO..., 2005; THE EUROPEAN..., 2006; ROOSEN, 2006). Será focada, também, a concepção de processos integrados e otimizados para o uso consciente dos recursos de entrada (THE EUROPEAN..., 2006). A tecnologia do Plasma aplicado à indústria Têxtil está fornecendo uma nova perspectiva para o processo de tintura e para o tratamento hidrofóbico e de polimerização. Para o meio ambiente, os benefícios são expressivos, principalmente, no que se refere ao consumo de água, produtos químicos e energia (INSTITUTO TECNOLÓGICO..., 2003b, INSTITUTO TECNOLÓGICO..., 2004f). De acordo com um documento publicado pelo INSTITUTO TECNOLÓGICO TEXTIL (2003b), a tecnologia do Plasma possui algumas vantagens, tais como: (i) não requerer o emprego de água; (ii) exigir uma pequena quantidade de produtos químicos; (iii) não gerar resíduos; e, (iv) oferecer elevados rendimentos energéticos. Além disso, estudos sobre o impacto das emissões atmosféricas da indústria Têxtil vem sendo realizados para atender exigências dos órgãos competentes como, por exemplo, a Diretiva 1999/13/CE da Comunidade Européia, que regula a limitação das emissões de compostos orgânicos voláteis da indústria, entre elas a têxtil (INSTITUTO
TECNOLÓGICO...,
2002c).
A
tendência
é
que
as
questões
relacionadas aos impactos ambientais fiquem cada vez mais rígidas, sendo este um fator de competitividade da indústria no futuro. Em outras palavras, ou as empresas
98
procuram se adequar à proposta de modelo de desenvolvimento sustentável, ou correm o risco de terem sua atuação limitada ao mercado local (INSTITUTO TECNOLÓGICO..., 2004d). Os sistemas de produção serão cada vez mais sofisticados e livres de falhas, o que reduzirá significativamente os resíduos e desperdícios (INSTITUTO TECNOLÓGICO..., 2004d; THE EUROPEAN..., 2006). Outrossim, a utilização de técnicas de 3D será cada vez mais intensificada na indústria de confecção, o que otimizará as etapas de corte e costura e reduzirá o desperdício (THE EUROPEAN..., 2006). Pesquisas estão sendo realizadas com o objetivo de aproveitar os resíduos têxteis para outros setores industriais (INSTITUTO TECNOLÓGICO..., 2003a; INSTITUTO TECNOLÓGICO..., 2004d). As empresas serão cada vez mais questionadas quanto ao impacto de seus produtos no meio-ambiente, não somente pelos órgãos competentes, mas também pelos consumidores e o público em geral. Como conseqüência, a Análise do Ciclo de Vida (ACV) do produto, a Gestão da Qualidade, a Gestão Ambiental e as TICs serão ferramentas e tecnologias essenciais para quantificar o impacto e promover melhorias contínuas no processo de produção da Indústria Têxtil e Confecção (INSTITUTO TECNOLÓGICO..., 2004d; THE EUROPEAN..., 2006). Novos mecanismos de controle da cadeia produtiva deverão surgir para gerenciar com mais eficiência e eficácia a qualidade e o desenvolvimento sustentável da produção Têxtil e Confecção. Os sistemas de gestão do conhecimento e sistemas de informação são duas prioridades identificadas como tópicos transversais para a cadeia produtiva têxtil na Europa. As certificações e testes de confiança também deverão ser fortalecidos para embasar as mudanças necessárias para a cadeia de produção (THE EUROPEAN..., 2006). 4.2
ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS A
ORGANIZAÇÃO
DE
COOPERAÇÃO
E
DESENVOLVIMENTO
ECONÔMICO – OCDE realizou, em 2000, um fórum para identificar tendências de futuro sobre o tema “o homem, a natureza e a tecnologia: sociedades sustentáveis do século XXI”. Abordaram-se, alternadamente, os aspectos essenciais da atividade humana que são a tecnologia, a economia, a sociedade e o governo. O objetivo do estudo está relacionado ao comportamento possível das variáveis-chave e à análise
99
das diferentes hipóteses de evolução, a fim de destacar as principais conseqüências e os meios de ação possíveis. A primeira etapa do estudo prospectivo da OCDE gerou uma imagem global detalhada da evolução, em longo prazo, dos indicadores sociais tradicionais, mas, também, outros indicadores menos clássicos foram analisados, como as mudanças e as estruturas em matéria de rendimentos, população, riqueza, estatuto social, saúde e identidade cultural. A segunda etapa foi destinada à identificação das conseqüências eventuais da interação entre a sociedade e as mudanças que deverão provocar dois fenômenos interdependentes: em primeiro lugar, a consolidação da sociedade e da economia baseada no conhecimento e, em seguida, uma integração mundial e regional muito mais completa, principalmente no que se refere aos mercados, aos produtos, aos serviços, aos capitais, às tecnologias e à mão-de-obra.
A
terceira
etapa
do
estudo
destaca
as
sinergias
e
as
incompatibilidades nas políticas efetuadas, notadamente as contracorrentes culturais, as quais poderiam manifestar-se quando as instâncias de decisão tentarem explorar todas as possibilidades da dinâmica tecnológica, econômica e social do século XXI (ORGANISATION..., 2001b). De acordo com o estudo sobre a sociedade do século XXI da OCDE, as esperanças de prosperidade e bem-estar dependerão, provavelmente, da maneira pela qual será possível capitalizar sobre a diversidade social, principalmente no sentido de incentivar o dinamismo no campo tecnológico, econômico e social. As diferenças de status social serão determinadas, no futuro, possivelmente por fatores muito afastados das categorias tradicionais de renda, de profissão e de nacionalidade. Outros valores de status poderão surgir, como por exemplo, o conhecimento e a articulação (formador de rede). A sociedade do futuro será marcada
pela
maior
intensidade
das
diversidades
sociais
(ORGANISATION...,2001b). Nesse sentido, existe uma tendência de transformações simultâneas e profundas na sociedade, que induzem a mais diversidade e interdependência: (i) a uniformidade e a submissão natural da civilização de massa tenderá a fraquejar frente à singularidade e à criatividade de uma economia e de uma sociedade baseada no conhecimento; (ii) ao planejamento centralizado e rígido, exercido por elites isoladas, sucederão mercados flexíveis, abertos e enquadrados por regras; (iii)
100
as estruturas de natureza agrícola serão empurradas pela urbanização industrial; e, (iv) um mundo relativamente fragmentado, composto de sociedades e regiões autônomas, dará lugar a um planeta cuja integração passará por uma rede densa e indispensável de relações de interdependência. Nesse contexto, as escolhas estratégicas serão determinantes e permitirão reduzir ou minimizar possíveis atritos e incentivar as sinergias potenciais (ORGANISATION..., 2001b). Para Stevens, Miller e Michalski (2001), as conseqüências da mudança social no século XXI são múltiplas e profundas e se devem, principalmente, à intensificação da difusão das tecnologias da informação, do desenvolvimento da economia do conhecimento, da globalização dos mercados, e, das inovações radicais no domínio da gestão. O mundo está passando por quatro tipos de transição neste início de século XXI. Estas transições contribuem para um período muito mais complexo e variado, cujas principais alterações podem ser assim enumeradas: (i) a passagem de uma sociedade essencialmente rural e agrícola para uma sociedade de mercado industrializada; (ii) o abandono de uma economia planificada estatal para uma economia de mercado controlada por interesses privados; (iii) a substituição de um sistema de produção padronizado e em grande escala por um sistema de fabricação por demanda, descentralizado e baseado no conhecimento; e, (iv) a passagem da autarquia completa à integração mundial. Durante
as
primeiras
décadas
do
século
XXI,
cada
uma
destas
transformações apontadas pela OCDE irá gerar profundas perturbações sociais, principalmente quando os indivíduos tiverem que renunciar, por exemplo, a seus antigos modos de subsistência, suas habilidades duramente adquiridas, suas expectativas profissionais, seus projetos familiares, seus valores e instituições tradicionais e, freqüentemente, aos lugares onde a sua família viveu durante gerações. Os impulsos desta mudança social provêm, em grande parte, dos esforços realizados para tirar partido das perspectivas tecnológicas e econômicas promissoras. Uma conjunção favorável destas mudanças tecnológicas, econômicas e sociais pode criar um círculo virtuoso que desencadeie uma prosperidade maior e melhores perspectivas de bem-estar. Por outro lado, o século passado mostrou-nos que estas interações podem ser nefastas e ter conseqüências terrivelmente destrutivas (STEVENS; MILLER; MICHALSKI, 2001).
101
Na seqüência deste capítulo, serão abordados alguns temas que se acredita serem pertinentes quanto ao futuro socioeconômico mundial, e que podem representar algum tipo de impacto na indústria Têxtil e Confecção, mesmo que incipiente. Não é pretensão aqui tentar esgotar as tendências sobre o tema, mas sim expor de forma simples e abrangente as projeções e perspectivas evidenciadas em pesquisas realizadas e apontadas em estudos em nível mundial. Os temas abordados a seguir são: (i) a economia, a política e o comércio internacional; (ii) a globalização e a interação social; (iii) a sociedade do conhecimento; (iv) a flexibilização da produção e as relações de trabalho; (v) a demografia – o envelhecimento da sociedade; (vi) a mulher na sociedade; (vii) a visão da educação na sociedade; (viii) a sociedade e o meio ambiente; e, (ix) alguns fatores pertinentes e transversais que não foram abordados nos tópicos anteriores. 4.2.1 Economia, Política e Comércio Internacional A OCDE trabalha com a possibilidade de um período sustentado por taxas de crescimento acima da média e pela criação de riqueza devido à afluência excepcional de três jogos de mudanças poderosos: (i) o desenvolvimento da economia do conhecimento; (ii) a integração global muito mais profunda; e, (iii) a transformação do relacionamento homem-ambiente, com a humanidade integrada de maneira harmoniosa ao meio ambiente. Nesse contexto, a integração dos povos pode ser considerada o eixo propulsor de todas essas transformações, pois é por seu intermédio que o conhecimento pode ser difundido e a conscientização ambiental pode ser orientada (ORGANISATION...,2001a). Em termos econômicos, nos últimos anos a intensificação na integração do comércio internacional contribuiu para a emersão de acordos bilaterais e para a concretização de blocos econômicos como MERCADO COMUM DO SUL – MERCOSUL, NORTH AMERICA FREE TRADE AGREEMENT – NAFTA (Tratado Norte-Americano de Livre Comércio) e UNIÃO EUROPÉIA – UE. A ÁREA DE LIVRE COMÉRCIO DAS AMÉRICAS – ALCA é uma idéia que surgiu em 1994 e está sendo fomentada pelo Governo dos Estados Unidos. O objetivo da ALCA é eliminar as barreiras alfandegárias entre os países americanos (exceto Cuba). De acordo com o CONGRESSO NACIONAL DO BRASIL, a intenção dos idealizadores da ALCA é de que a sua implementação total esteja concluída até 2012. Porém, a mesma enfrenta
102
oposição para sua efetividade dos próprios parlamentares dos Estados Unidos, que defendem interesses locais, bem como dos países do Continente Americano, que se sentem ameaçados e frágeis pela proposta de abertura comercial. Se implantada, a ALCA poderá transformar-se em um dos maiores blocos comerciais do mundo, superando inclusive a União Européia. O Produto Interno Bruto (PIB) da ALCA será de, aproximadamente, 12.600 trilhões de dólares (dois trilhões a mais que a UE), e sua população alcançará os 825,3 milhões de habitantes, mais que o dobro da registrada na União Européia. Se for fato que os negócios entre blocos econômicos crescem, então pode-se caracterizar como uma tendência a formação e inserção de blocos no comércio internacional. Ficar de fora de um bloco econômico é, de certa forma, viver isolado do mundo comercial, principalmente com o advento da economia mundial globalizada. Esses blocos são criados com a finalidade de facilitar o comércio entre os países membros, por exemplo, mediante a redução ou isenção de impostos ou de tarifas alfandegárias e da busca de soluções em comum acordo para problemas comerciais. No entanto, existem muitos entraves e conflitos de interesse que tornam as negociações nesses blocos muito acirradas. Muitas críticas, por exemplo, podem ser observadas com relação às imposições exigidas pelos Estados Unidos à ALCA. Encontrar um equilíbrio entre os diferentes interesses dos países membros será uma tarefa bastante complexa (THORSTENSEN, 2001; GURGEL; BITENCOURT; TEIXEIRA, 2002; LAPLANE, 2004; KUME; PIANI, 2005). Quanto ao crescimento da economia brasileira, segundo o estudo da OCDE de 2006, apresentado pelo economista chefe Jean-Philippe Cotis, o Brasil apresenta uma tendência de crescimento medíocre do PIB no período de 2006 a 2008. Porém, existe uma convergência de redução da inflação neste mesmo período, conforme a Tabela 1, p. 103, (ORGANISATION...,2006). Além do PIB e da inflação, a tabela traz, também, indicadores da balança fiscal brasileira para o período projetado no estudo (COTIS, 2006).
103
TABELA 1 – INDICADORES MACROECONÔMICOS DO BRASIL Indicadores Macroeconômicos para o Brasil 2005 2006 2007 2008 Crescimento Real do PIB 2,3 3,1 3,8 4,0 Inflação 5,7 3,0 3,8 3,6 Balança Fiscal (% do PIB) -3,1 -2,5 -1,5 -1,0 Balança Fiscal Primária (% do PIB) 4,8 4,3 4,3 4,3 Balança das Operações Correntes 1,8 1,6 0,9 0,4 Fonte: O autor a partir de dados da ORGANISATION..., (2006). Nota: Os dados relativos ao PIB e a inflação são percentagens de variação em relação ao período precedente. A inflação refere-se ao índice de preços ao consumidor no fim de cada ano (IPCA). Segundo a OCDE, os números referentes a 2005 são de fonte nacional. Os indicadores referentes ao período de 2006-2008 são relativos às estimativas e previsões da OCDE.
Ao comparar o crescimento do PIB do Brasil com outros países emergentes, como China, Índia e Rússia (ver Tabela 2), pode-se perceber que o crescimento do PIB nacional é realmente medíocre, como destaca o estudo da OCDE. A China, um dos principais concorrentes do Brasil na indústria Têxtil e Confecção, apresenta resultados muito expressivos no estudo de tendência em relação ao PIB, com aproximadamente 10% de taxa de crescimento no período de 2005 a 2008. A Índia e a Rússia também possuem taxas de crescimento do PIB mais significativas. Além desses dados, no Anexo A, p. 257, encontra-se a projeção para o período de 20062008 e a evolução histórica do PIB dos países membros da OCDE. TABELA 2 – PROJEÇÃO DO PIB DE PAÍSES EMERGENTES Países Emergentes: Crescimento Real do PIB 2005 2006 2007 2008 Brasil 2,3 3,1 3,8 4,0 China 10,2 10,6 10,3 10,7 Índia 8,5 8,0 7,5 7,0 Rússia 6,4 6,8 6,0 5,5 Fonte: O autor a partir de dados da ORGANISATION..., (2006). Nota: Os dados relativos ao PIB são percentagens de variação em relação ao período precedente.
A COMISSÃO ECONÔMICA PARA A AMÉRICA LATINA E O CARIBE – CEPAL, sob a tutela da UNIÃO EUROPÉIA, projeta, para 2006 e 2007, as projeções das taxas de consumo e de PIB setorial do Brasil para 2006 e 2007. O estudo prevê crescimento nas taxas do PIB setorial, com maior destaque para o setor de comércio (5,4% em 2007) e de produção de bens (4,0% em 2007). A taxa de crescimento do setor de serviços se mantém parcialmente estagnada, com uma média de 2,8% entre 2005 e 2007. Além disso, a taxa de consumo encontra-se em ascensão, com projeção de 3,5% de crescimento em 2007. O estudo aponta, também, os dados de
104
exportação e importação do Brasil: respectivamente, 9,1% e 8,1% de taxa de crescimento. Convém comparar essa projeção (CEPAL) com o estudo realizado pela OCDE (ver Anexo B e C, p. 258-259), o que de fato demonstra a posição brasileira em relação aos países membros da OCDE. Em termos de dimensão do comércio internacional, os países membros da OCDE representam a maior parte das exportações mundiais, cerca de 65%, porém a projeção é de declínio para o período de 2006-2008. A representação mundial da América Latina nas exportações é de cerca de 3,0%, sendo que em 1992 esse indicador era de 2,6%. Os países asiáticos não membros da OCDE 27, isso inclui a China, estão em plena ascensão na participação mundial nas exportações: representavam cerca de 12% em 1992 e atualmente esse indicador está girando em torno de 20%. A Figura 19 esboça o panorama mundial das exportações, e os dados completos podem ser verificados no Anexo D, p. 260. FIGURA 19 – PARTICIPAÇÃO NA EXPORTAÇÃO MUNDIAL
Fonte: O autor a partir de dados da ORGANISATION..., (2006).
Quanto às importações, os países membros da OCDE representam, atualmente, cerca de 70% do mercado mundial, e a projeção de sua participação é de declínio para o período de 2006-2008. Já na América Latina, esse indicador gira em torno de 2,7%, e a projeção é de estagnação. A participação nas importações mundiais dos países asiáticos não membros da OCDE está em torno de 18%, com projeção de crescimento. As curvas de projeção para cada caso podem ser observadas na Figura 20, p. 105, e os dados completos estão no Anexo D, p. 260.
27
O Japão e a Coréia do Sul são os países asiáticos membros da ORGANISATION DE .....COOPÉRATION ET DE DÉVELOPPEMENT – OCDE.
105
FIGURA 20 – PARTICIPAÇÃO NA IMPORTAÇÃO MUNDIAL
Fonte: O autor a partir de dados da ORGANISATION..., (2006).
A decomposição geográfica do comércio internacional mostra que regiões como a América Latina possuem taxas de crescimento do comércio muito instáveis, com várias oscilações, e com projeção de declínio para o período de 2006-2008. Além disso, das regiões analisadas, a América Latina é que menos contribui para o crescimento mundial, conforme tabela do Anexo E, p. 261. Outro ponto importante de convergência é a digitalização muito mais acentuada da moeda. De um modo geral, esse fato afeta toda a sociedade. Do ponto de vista estratégico, a aplicação dos sistemas de pagamento eletrônicos instantâneos aplicáveis a toda a economia é considerada como um elemento indispensável. Porém, ainda é insuficientemente desenvolvido do ponto de vista da infra-estrutura necessária para o potencial estimado para o comércio eletrônico (ORGANISATION..., 2002). A Internet, como rede das redes, proporciona um mercado largamente aberto, onde a concorrência, os progressos técnicos e a diversidade de utilizações podem se intensificar e fornecer as bases para o amplo desenvolvimento do comércio com dinheiro eletrônico (ORGANISATION..., 2002). Devido ao fenômeno da globalização e, conseqüentemente, à tendência de produzir e comercializar em nível internacional, o dinheiro eletrônico ganha grande destaque na efetividade destas negociações (MILLER; MICHALSKI; STEVENS, 2002). Possibilidades para o setor de moda podem ser desenvolvidas pelo comércio eletrônico e concretizadas pela transação eletrônica, como, por exemplo, o acesso a desenhos de estilistas, métodos de cortes e fabricação via Internet (desenvolvimento da Propriedade Intelectual), bem como roupas personalizadas com a junção de tecnologias 3D, Body Scan Data, Smart Card e Portal Corporativo.
106
4.2.2 A Globalização e a Integração Social O fenômeno da migração é um ponto polêmico e que certamente impacta no mercado de trabalho, na economia e na sociedade. Além disso, esse fenômeno proporciona conseqüências como, por exemplo, conflitos internos, guerras, diferenças de níveis salariais, etc. O número de imigrantes na população de muitos países desenvolvidos está crescendo, o que de fato pode gerar diversas implicações na sociedade. Estima-se que uma em cada 35 pessoas no mundo seja um imigrante internacional (ORGANISATION..., 2004a). De acordo com Stevens, Miller e Michalski (2001), as populações migram à procura de melhores condições de existência, e o caráter cosmopolita da maior parte das grandes cidades e regiões econômicas contribui fortemente para a continuação da integração mundial. Estas trocas, conjugadas à “desestruturação” do tecido social que acompanha as transformações internas profundas dos países, favorecem ainda mais o processo de integração. Nesse contexto, com o advento da imigração, grandes desafios podem ser enumerados para a indústria Têxtil e Confecção: como atender mercados cada vez mais diversificados? Como se posicionar no mercado multiétnico e com várias culturas? Será que o modelo de indústria de hoje terá condições de sobreviver em um mercado multifacetado, plurissegmentado e multidimensional? A hipótese de um futuro com maior movimentação social gera, como conseqüência, sociedades heterogêneas em países com maior percentual de imigrantes, cujo reflexo pode afetar diretamente os padrões de consumo dos produtos têxteis e confeccionados. A questão da imigração contribui no embasamento à tendência de flexibilização da produção (personalizada e customizada) e à utilização das TICs como ferramentas de apoio para este modelo de manufatura. Além disso, não se pode negligenciar os riscos de um agravamento dos conflitos que resultam de uma eventual polarização, fenômeno que acompanha freqüentemente o abandono da antiga ordem social e o aparecimento de uma nova (STEVENS; MILLER; MICHALSKI, 2001). Contudo, é provável que a globalização seja, ao mesmo tempo, causa e conseqüência de diferenças sociais, o que gera grandes preocupações. Dois problemas podem ser levantados por este fato: (i) o mundo não possui mecanismos que permitem que os vencedores da mudança
107
(agentes da globalização) assegurem uma compensação aos perdedores; e, (ii) sem as infra-estruturas necessárias para impedir a exclusão, há grandes riscos de que a heterogeneidade social da globalização conduza a uma fragmentação e a uma polarização, o que pode desestabilizar a sociedade no futuro (ORGANISATION..., 2001b). O estudo da OCDE aponta, também, que muitos progressos tecnológicos, como a informática e os transportes, vão reduzir ainda mais as distâncias e as transações mundiais diretas de produtos materiais e imateriais e de atividades remuneradoras e não-remuneradoras. As trocas científicas contribuem, também, para alargar a rede de conexões mundiais (STEVENS; MILLER; MICHALSKI, 2001). A comunicação via Internet é um fenômeno social recente demais para que seja possível tirar conclusões sobre o seu significado social (CASTELLS, 2005). Em qualquer sociedade, os indivíduos têm necessidade de certos mecanismos para se organizarem e se comprometerem. Nesse sentido, o associativismo está crescendo de forma significativa em todo o mundo. Numerosos países
já
possuem,
em
seu
tecido
organizacional,
diversas
instituições
independentes (organizações não-governamentais) voltadas, principalmente, para questões relacionadas aos serviços sociais, ensino e saúde. Na Bélgica e na Áustria, por exemplo, cerca de 50% dos serviços sociais são assegurados pelos setores associativos. Existe uma tendência de valorização do papel das organizações sociais e de identificação de novas necessidades e novos modelos de organização, em detrimento ao Estado e às instituições de mercado. Apesar de certos organismos caritativos tradicionais estarem declinando, outros aparecem e compensam este fenômeno, principalmente pelo número crescente de organizações no domínio da saúde, de pequenas empresas, de associações de bairro e de empresários sociais (MULGAN, 2001). Quanto aos aspectos culturais, pode-se considerar que a diversidade da sociedade irá permear as mudanças que são apresentadas em projeções e tendências. Certos elementos fazem realmente temer que o mundo entre em uma era de intolerância, conflitos culturais e perda das identidades tradicionais. Todas as manifestações indicam que os próximos 20 anos sejam sinônimos de fragmentação, divisão e desconfiança recíproca. Entretanto, segundo a OCDE, algumas dúvidas podem ser emitidas sobre a teoria pessimista que prevê um agravamento dos
108
conflitos e das incompreensões. Atualmente, dispõe-se de um volume muito maior de dados que evidenciam que sociedades cosmopolitas e diversificadas podem ser estáveis (ORGANISATION...,2001b). Existem vários casos que demonstram que cidades e regiões com sociedade diversificada podem ser lugares onde as pessoas saibam conviver com as diferenças e, inclusive, agregar novas culturas no seu dia-adia. Estas considerações ajudam a demonstrar que as sociedades podem opor-se à discriminação e às desigualdades, sem estar a suscitar reações racistas, e que podem realizar a integração (MULGAN, 2001). A coesão de uma sociedade não requer que todos os seus membros compartilhem os mesmos valores. Porém, um mínimo de valores deve certamente ser comum, em especial, o respeito aos procedimentos e às regulamentações. Portanto, as sociedades terão que prosperar em um ambiente com numerosos sistemas de crenças diferentes. Além disso, será importante ensinar e fazer respeitar os princípios de integração e de tolerância. As culturas são complexas e dinâmicas e não fechadas sobre elas mesmas (MULGAN, 2001). 4.2.3 A Sociedade do Conhecimento A tendência na economia mundial é intensificar a valorização das pessoas. O capital humano será cada vez mais importante para as empresas, independente de tamanho e estrutura societária. A sociedade apoiará iniciativas de investimento pessoal, atribuindo ao indivíduo mais liberdade e confiança para desenvolver o seu potencial. Para sobreviver, os atores econômicos darão mais importância ao desenvolvimento humano permanente. Com isto, as famílias investirão mais na educação das suas crianças e durante muito mais tempo. A taxa de pessoas que cursaram o ensino superior está aumentando no mundo inteiro. Essas são algumas das tendências abarcadas pelo conceito do capitalismo social 28 (ORGANISATION..., 2001b). Para a OCDE, a globalização incentiva as pessoas a deslocarem-se no mundo e, o que é mais importante, oferece numerosas vias pelas quais o conhecimento e os valores podem ser comunicados de um lugar a outro. Compreender o mundo no qual se vive e como poderia desenvolver-se é um desafio. 28
O conceito de "capitalismo social" associa o social e o econômico partindo do princípio que as .....bases das sociedades ricas são subordinadas ao progresso social e ao progresso econômico.
109
Mas uma era de mudança deveria também ser uma era de esperança e de oportunidades. A renovação econômica e o progresso humano devem ser promovidos a todos, tendo em conta o poder da diversidade humana. O capitalismo social não produzirá um sistema uniforme, mas um "patrimônio genético" de formas sociais, adaptáveis à evolução das circunstâncias, às aspirações humanas e às realidades econômicas (BLOOM, 2001). A produtividade e o crescimento serão permeados pela geração de conhecimentos, estendidos a todas as esferas da atividade econômica, mediante o processamento da informação. A intensidade da economia vai mudar da produção de bens para a prestação de serviços. A oferta de empregos vai ser norteada pelo setor de serviços. Além disso, a nova economia aponta para o aumento da importância das profissões com grande conteúdo de informação e conhecimentos, constituindo o cerne da nova estrutura social (CASTELLS, 2005). Além disso, existe uma transição entre recursos naturais e o conhecimento como fonte de riqueza. A tendência aponta uma queda na média dos preços mundiais dos recursos naturais, e a abundância desses recursos não será mais considerada como uma fonte importante de vantagem competitiva. Em contrapartida, o valor do conhecimento está em pleno crescimento. O capital físico, por exemplo, está em plena desvalorização se comparado com o capital intelectual. O conhecimento é uma forma de capital fundamentalmente diferente, abundante, rentável e pode desenvolver-se de maneira pouco dispendiosa (ORGANISATION..., 2001b). Nesse contexto, as questões que envolvem a Propriedade Intelectual serão cada vez mais debatidas e cercadas de leis e regras no sentido de proteger o conhecimento e de fazer dele um instrumento de geração de riqueza. Com a economia do conhecimento, o interesse pela Propriedade Intelectual tende a aumentar em todo o mundo. De acordo com Suster (2005), no Brasil, os empresários e gestores, na sua maioria, não têm o costume de pesquisar as bases de patentes, marcas e desenhos. Por outro lado, nos países desenvolvidos existe um interesse muito grande pelas informações contidas nessas bases de dados. A “era do conhecimento e de informação”, de um modo geral, está formando uma sociedade mais crítica e exigente. Esse fato pode ser considerado um desafio futuro para as organizações, porque será mais difícil atender aos desejos, anseios e
110
necessidades dessa sociedade, pois o seu poder de reflexão e discernimento tornará esse processo muito complexo. Além disso, as pessoas estão inovando cada vez mais e assumindo riscos “controláveis”. No setor Têxtil e Confecção, por exemplo, a percepção de valor pelos consumidores está pautada nas propriedades estéticas e de conforto. A apelação está estritamente ligada aos sentidos humanos. Nesse contexto, a inovação possui um papel expressivo na indústria Têxtil e Confecção. A criatividade é um fator muito importante no processo de inovação, principalmente em um setor onde é preciso mudar constantemente para atender às oscilações e diferenças de percepções dos consumidores. Fatores culturais, étnicos, geográficos e demográficos precisam ser considerados nesse processo. Um exemplo disto são as roupas para idosos, com objetivo de melhorar a qualidade de vida desses indivíduos e, cujo mercado cresce a cada dia com o envelhecimento da população mundial (THE EUROPEAN..., 2006). A tendência de inovação na área de confecção está pautada, também, em pesquisas que tenham como foco a melhoria da performance humana. Com isto, existe uma oportunidade significativa atrelada às ferramentas de simulação da interação entre o produto e o usuário, bem como pesquisas na área de propriedades do conforto (gestão do calor, umidade, deformação mecânica no movimento) e, na área de propriedades funcionais, liberação de medicamentos e perfumes, monitoramento da saúde, etc (THE EUROPEAN..., 2006; WALTER, 2006). O ser humano tende a buscar a diferenciação: ele não quer ser igual à massa, quer ser único. Nesse sentido, as organizações do setor Têxtil e Confecção terão grandes desafios para atender a esse desejo – flexibilização e inovação personalizada. 4.2.4 A Flexibilização da Produção e as Relações de Trabalho As estruturas industriais fordistas, tendo como precursor o modelo de produção desenvolvido por Frederick Wisnlow Taylor (taylorismo), que dominaram as economias ocidentais durante uma grande parte deste século, de um modo geral, estão sendo substituídas por novos modelos de organização da produção e do trabalho (MULGAN, 2001; ZARIFIAN, 2001; CASTELLS, 2005). O estudo da OCDE aponta a economia do conhecimento como um fator importante que está contribuindo para a concepção de um novo modelo de produção menos rígido. Com este novo modelo, as organizações adotam comportamentos mais flexíveis e suas
111
estruturas e alianças podem ser feitas e desfeitas de maneira muito mais simples e barata que as anteriores (MULGAN, 2001). Na nova economia, o que prevalece em relação ao trabalho é a capacidade de articulação e desenvolvimento de redes de colaboração, as quais constituem-se em elementos-chave para a produção de conhecimentos, de bens e de serviços no futuro. O trabalho vai ser permeado pela competência e pelo conhecimento das pessoas. É nesse sentido que as minorias estão encontrando cada vez mais abertura no mercado de trabalho, quando superam preconceitos e barreiras por meio de competência e conhecimento (MULGAN, 2001). Nesse contexto, o INSTITUTE FOR THE FUTURE de 2005 aponta algumas tendências relacionadas as tecnologias digitais emergentes que irão contribuir para a formação de arranjos sociais cooperativos. Uma série de novas mudanças transformará a maneira como as sociedades trabalham para resolver problemas e gerar riquezas (SAVERI; RHEINGOLD; VIAN, 2005). Segundo a OCDE, a cada ano, em média, 10% dos empregos desaparecem. Desta instabilidade libertam-se, no entanto, várias tendências em longo prazo: (i) a crescente importância dos fatores de produção cognitivos em detrimento da mão-deobra não qualificada, o declínio da agricultura e das indústrias primárias persistentes, e, o crescimento das disparidades de rendimentos dentro das profissões e no conjunto da economia; (ii) o declínio do emprego no setor de transformação (ainda que seja expressiva a sua parte no PIB); (iii) a progressão dos novos setores de serviços – dos quais um grande número apresenta ainda um nível de sofisticação tecnológico relativamente baixo; (iv) o desenvolvimento contínuo das profissões liberais; (v) o crescimento da educação e, conseqüentemente, a existência de mercados de exclusividade para os especialistas de elevado nível; (vi) o feminismo da mão-de-obra, devido ao declínio dos empregos que exigem força física, e a progressão do número e do status das mulheres que exercem uma atividade; (vii) o crescimento dos empregos de elevado tecnicismo no domínio dos softwares e dos sistemas; (viii) o crescimento dos empregos de caráter social dentro do domínio da saúde e da educação; (ix) o envelhecimento da população ativa (com o alongamento da preparação à vida ativa); (x) o abandono progressivo dos salários fixos frente às remunerações por desempenho, à participação nos benefícios, etc; (xi) o aparecimento de métodos de seleção mais sofisticados, que acrescentam critérios
112
genéticos ao perfil psicológico, etc; e, (xii) o desenvolvimento de modelos de emprego que colocam a tônica sobre o espírito de empresa e a capacidade individual mais do que sobre a fidelidade e a conformidade (ORGANISATION..., 2001b). Para Castells (2005), a evolução do emprego nos países mais ricos revela alguns aspectos básicos, os quais parecem ser características das sociedades informacionais: (i) eliminação gradual do emprego rural; (ii) declínio estável do emprego industrial tradicional; (iii) aumento dos serviços relacionados à produção e dos serviços sociais; (iv) crescente diversificação das atividades do setor de serviços como fontes de emprego; (v) rápida elevação do emprego para profissionais especializados e técnicos; (vi) formação de um proletariado “de escritório”; (vii) relativa estabilidade de uma parcela substancial do emprego no comércio varejista; (viii) crescimento simultâneo dos níveis superior e inferior da estrutura ocupacional; e, (ix) valorização relativa da estrutura ocupacional ao longo do tempo, com crescente participação das profissões que demandam mais qualificações. O desemprego deverá ser combatido por medidas como: (i) manutenção do crescimento em um contexto de estabilidade econômica; (ii) ambiente regulamentar pouco vinculativo que favorece a criação de empresas e de empregos; (iii) nível elevado de investimento nas instituições ativas do mercado de trabalho para ajudar os indivíduos a encontrar um emprego, a reciclar-se e a adaptar-se; (iv) adoção de medidas fiscais que incitam o trabalho; (v) desenvolvimento de dispositivos que levam os indivíduos a aceitarem o trabalho em vez de permanecerem dependentes do Estado por longos períodos; (vi) criação de sistemas modernos de emparelhamento entre oferta e demanda de emprego com o auxílio da Internet, centrais de chamada e agências especializadas; e, (vii) inovação na criação de empregos. É importante destacar que estas medidas não devem ser desenvolvidas no sentido de garantir o emprego permanente, mas sim no intuito de garantir certa segurança por meio da empregabilidade, ou seja, de modo a dar apoio para as pessoas que perderam o emprego, fornecendo possibilidades razoáveis de retomar rapidamente o trabalho (MULGAN, 2001). Além disso, existe uma tendência que vem se confirmando a cada dia, que se refere ao comportamento das pessoas no sentido de procurarem mais qualidade de vida. Este fato, por sua vez, está fazendo com que muitas pessoas busquem um
113
equilíbrio entre a vida profissional e a vida privada. Em muitos casos é possível verificar que empregadores já estão procurando a negociação nas questões de tempo de trabalho, existindo uma convergência de flexibilização com relação a este tema. Em alguns países já foram adotadas jornadas de trabalho de 35 horas e se discute, atualmente, a redução da semana de trabalho para três ou quatro dias. Além disso, as organizações estão investindo cada vez mais no ambiente de trabalho, pois se acredita que a qualidade do trabalho está estreitamente relacionada com a qualidade do seu entorno (MULGAN, 2001; ORGANISATION..., 2001b). Todos estes fatos podem gerar novos empregos diretos (redução da jornada de trabalho) e indiretos (desenvolvimento da indústria do lazer e do entretenimento). Um desafio apontado pela OCDE, que por sua vez é bastante pertinente para o modelo da economia do conhecimento, é a questão do aprendizado contínuo ou aprendizagem para a vida (ORGANISATION..., 2001b). De acordo com Mulgan (2001), cerca de 80% das tecnologias ficam obsoletas no intervalo de dez anos. Adicionado a este contexto, aproximadamente 80% da população ativa têm conhecimentos que datam de mais de dez anos. Portanto, será um desafio essencial para o próximo século o incentivo e a experimentação intensiva de novas formas de estímulo para os indivíduos buscarem constantemente a atualização e o autoaprendizado. No decorrer do século XXI, este fato será uma questão sine qua non para se colocar de forma competitiva no mercado de trabalho. No futuro, serão exigidas certas competências que hoje, de um modo geral, não costumam fazer parte dos requisitos de seleção. Trata-se aqui, das competências cognitivas (inteligência emocional), tradicionalmente observadas no comportamento das mulheres, tais como: (i) trabalho em equipe; (ii) colaboração e apoio interpessoal; (iii) gestão de conflito; e, (iv) intuição. Corroborando com este fato, a tendência de automação das tarefas rotineiras está se confirmando em praticamente todas as esferas organizacionais e, portanto, as competências interpessoais e a inteligência emocional adquirem mais importância e relevância no mercado de trabalho. Para um grande número de homens este fato tornou-se um problema essencial, o que levanta perguntas quanto à capacidade dos sistemas educativos de fomentar tais aptidões sociais (GOLEMAN, 1995; COOPER; SAWAF, 1997; GOLEMAN, 1999; MULGAN, 2001).
114
Enquanto, no passado, as etapas da vida eram relativamente previsíveis (a infância, a educação, o trabalho, o casamento, a família), hoje, esse processo é muito mais complexo. A cada ano que passa, as estatísticas demonstram que o tempo de educação dos jovens está aumentando constantemente, o que aumenta, também, a sua permanência com os pais, refletindo no trabalho, no casamento e na concepção de sua própria família. Estima-se que até a metade do próximo século a educação passará a ser em tempo integral (ORGANISATION..., 2001b). Outro ponto importante é a segurança no trabalho. Atualmente, a segurança é uma questão muito discutida e o impacto causado pela sua falta ou carência refletese diretamente no trabalho. Pode-se perceber, ao longo dos últimos anos, que houve muitas modificações com relação a esse tema, principalmente no comportamento das pessoas, nos programas de segurança, na gestão da produção das empresas e no aumento e acirramento de regras e legislações. De acordo com o estudo da plataforma EURATEX, a quantidade de normas e legislações que são debatidas e implementadas referentes à segurança é cada vez maior. Por conseguinte, abrem-se muitas oportunidades para a indústria no campo dos têxteis e confeccionados aplicados à segurança no trabalho, por exemplo, os EPIs – Equipamentos de Proteção Individual (THE EUROPEAN..., 2006). Segundo Totterdedill et al. (2002), em 2002 foi publicado um estudo sobre as tendências globais do setor Têxtil e Confecção para 2008, com base no projeto UPUPGRADING GRADUATE STRATEGIC SKILLS – SKILLS, cuja implementação se deu no âmbito do programa LEONARDO DA VINCI, da UNIÃO EUROPÉIA. De acordo com o estudo, para amenizar problemas de custos da mão-de-obra e aumentar a competitividade do setor Têxtil e Confecção em países desenvolvidos, serão intensificados, por algumas empresas e órgãos de fomento, ações de Comércio de Processamento Externo ou Outward Processing Trade (OPT). Trata-se da exportação de tecidos para confecção em países com baixos custos de mão-deobra, onde as tarifas são apenas aplicadas sobre o serviço de produção, e não sobre os custos das matérias-primas provindas dos países desenvolvidos (quando da sua re-importação). Este fato pode resultar em desemprego desse tipo de trabalho nos países desenvolvidos, fazendo com que esses indivíduos procurem se adequar a outras atividades menos intensivas em mão-de-obra.
115
As antigas formas de governança nos setores públicos e privados estão se mostrando cada vez mais ineficazes. Novos tipos de governança serão desenvolvidos, os quais envolverão uma escala muito maior de atores ativos. As estruturas organizacionais ficarão mais simples e horizontais. A hierarquia nas organizações do século XXI será determinada pelos valores intangíveis e pela competência pessoal. As pessoas terão mais liberdade e a criatividade e as inovações serão cada vez mais requisitadas nessa hierarquia. A capacidade de tomar decisões será muito importante no modelo de organização do futuro. A liberdade organizacional e criativa, entretanto, tem precondições muito exigentes. No futuro, a governança será estruturada em ambientes que assegurem níveis elevados de transparência, de responsabilidade e de integridade, com um compromisso comum aos valores democráticos, aos direitos humanos e à igualdade de oportunidade. Será cada vez mais comum a participação dos níveis inferiores da escala hierárquica nas decisões e orientações estratégicas das organizações públicas e privadas. As organizações ficarão mais descentralizadas e horizontais, substituindo o modelo de decisão centralizado (top-down) e hierárquico (piramidal). O diálogo prevalecerá em detrimento ao autoritarismo (ORGANISATION..., 2001a). 4.2.5 Demografia: O Envelhecimento da Sociedade O mundo está passando por uma transição demográfica, com sucessivas reduções nas taxas de fecundidade e mortalidade, cuja origem se deve, principalmente, às melhorias significativas das condições de saúde, que estão associadas ao rápido progresso econômico e tecnológico. Existe uma tendência de aumento da expectativa de vida, porém em diferentes proporções entre países ricos e pobres. A demografia é um instrumento de previsão potente que permite, por exemplo, prever o envelhecimento progressivo da população mundial, processo que representará um desafio capital para os próximos cinqüenta anos. Um número desproporcionado destas pessoas idosas será de mulheres, devido ao fato de que as mulheres vivem mais do que os homens. Haverá tensões entre as regiões desenvolvidas e as regiões em desenvolvimento, já que as condições demográficas divergirão a ponto de dar aos ricos e aos pobres a impressão de viverem em mundos diferentes. A desigualdade dos resultados também parece aumentar, o que
116
representa uma séria ameaça para um sistema econômico mundial que parece tirar a sua força principal da igualdade de oportunidades (ORGANISATION..., 2001b). O fato do envelhecimento da população mundial pode representar oportunidades para todas as indústrias. No caso do setor Têxtil e Confecção, o aumento do envelhecimento da sociedade pode fazer emergir novas oportunidades de produtos e de posicionamento no mercado, com segmentação e nichos apropriados às necessidades e desejos de um público exigente e experiente, o que remete ao pressuposto da qualidade e funcionalidade dos produtos e serviços, bem como ao relativo e considerável poder de compra. Serão desenvolvidas ações que visem alterar a maneira como a sociedade percebe as pessoas idosas, e a imagem que estas têm delas mesmas (mutação cultural). O mercado dos consumidores idosos tomará cada vez mais amplitude. As pessoas idosas têm, em muitos casos, competências ultrapassadas e podem ser lentas na adaptação a novas tecnologias. Portanto, o futuro será marcado por ações que visam promover a formação ao longo de toda a vida, canalizada em prol de uma população de idade mais avançada, mas, também, com políticas aplicadas às demais faixas etárias (ORGANISATION..., 2001b). Segundo Mulgan (2001), será necessário incentivar e mobilizar as pessoas idosas, conduzindo-as no sentido de atualizá-las. O
aumento
do
envelhecimento
da
população
trará
conseqüências
significativas no plano político, como por exemplo, o aumento das despesas públicas de saúde e de previdência (ORGANISATION..., 2001b). Para o setor Têxtil e Confecção, este fato abre oportunidades interessantes no desenvolvimento de vestimentas funcionais para a saúde, principalmente aquelas com o emprego da nanotecnologia
(tecidos
com
encapsulamento
de
medicamentos)
e
da
eletroeletrônica (têxteis para monitoramento da saúde). São oportunidades que têm como base a saúde pública preventiva, o que de fato reduz os gastos com a saúde pública convencional, que inclusive estão aumentando constantemente em todo o mundo, segundo dados da OCDE (ORGANISATION..., 2001b). Os economistas atribuem o comportamento da curva de mortalidade a uma escolha econômica racional: as crianças representam custos diretos (alimentos, vestuários, etc), assim como custos indiretos (custos de oportunidade). Todos os custos aumentam à medida que o trabalho é exercido fora do domicílio, que os
117
níveis de instrução progridem e que as pressões sobre o tempo aumentam. Como conseqüência, as crianças custam mais e a solução ótima consiste, por conseguinte, em concentrar os recursos em um número menor de crianças. No dilema entre quantidade e qualidade, prioriza-se a qualidade (ORGANISATION..., 2001b). A transição demográfica conduz, inevitavelmente, para um cenário de mudanças econômicas e sociais fundamentais, mas a natureza destas mudanças depende da velocidade e a amplitude da transição, bem como das decisões tomadas para todos os níveis da sociedade. Algumas modificações na sociedade podem ser observadas nos seguintes aspectos: (i) sobre as zonas de povoamento (aumento da urbanização); (ii) sobre o modo de vida (a família menor vive diferente da família maior); (iii) sobre as aspirações (melhores condições de saúde, segurança e oportunidades, devido ao aumento dos níveis de educação); (iv) sobre as mulheres (aumento dos níveis de educação e oportunidades); e, (v) sobre o trabalho (à medida que a população aumenta, o equilíbrio do setor econômico evolui). Nesse sentido, a importância da agricultura como fonte de emprego dobra inevitavelmente, enquanto que a indústria transformadora e os serviços ocupam um lugar dominante no futuro (ORGANISATION..., 2001b). Por fim, outro fato emergente que pode afetar a indústria Têxtil e Confecção é a questão da crescente obesidade média da população, principalmente nos países ricos, onde as taxas de gordura são bastante significativas. De acordo com estudos realizados pelo INSTITUTE FOR THE FUTURE, nas próximas décadas a obesidade influenciará os negócios e a saúde. No mundo dos negócios, existe um potencial de ruptura de mercados existentes e criação de novos, devido às mudanças de preferências dos consumidores (SANSTAD, 2006). A indústria terá que se adequar a essas tendências para poder atender de maneira eficaz mercados diferenciados e segmentados. A obesidade pode gerar várias oportunidades em nichos específicos de mercados de vestuário, como também, pela associação de tecnologias que permitam a flexibilização da produção para atender de forma personalizada consumidores com características particulares. 4.2.6 A Mulher na Sociedade Os direitos adquiridos pela mulher desencadearam diversas mudanças na sociedade. Percebe-se que as alterações ocorridas afetam desde a concepção da
118
família tradicional até as questões de trabalho e educação. A mulher está mais livre, possui voz ativa na sociedade e faz parte das mudanças que já ocorreram e que ainda estão em fase de transformação na sociedade mundial. Existem muitos estudos que apontam perspectivas e tendências relacionadas ao comportamento contemporâneo da mulher. De acordo com o estudo da OCDE para o século XXI, a busca de instrução e conhecimento pelas mulheres tem contribuído para a redução das taxas de fecundidade, bem como atraem mais mulheres para o mundo do trabalho remunerado. Nesse sentido, a evolução do mercado de trabalho valoriza níveis de instrução mais elevados, o que se reflete na melhoria da condução das mudanças econômicas. O número de empresas chefiadas por mulheres está crescendo a cada dia, bem como sua participação no mercado de trabalho formal e autônomo. Globalmente, as mulheres representam entre 1/4 e 1/3 dos chefes de empresa (ORGANISATION..., 2001b). Para Mulgan (2001), a redução da dimensão das famílias liberou as mulheres do trabalho de mãe. Com mais tempo, elas estão procurando se instruírem para ficarem aptas a entrar no mercado do trabalho. Com os níveis de rendimentos crescentes, as mulheres estão exigindo com mais facilidade o divórcio e a guarda dos filhos (BLOOM, 2001; ORGANISATION..., 2001b). Segundo Bloom (2001), o feminismo provocou, de forma direta e indireta, uma profunda mudança mental na sociedade, cujo reflexo está destruindo os fundamentos do patriarcado, provavelmente de maneira irreversível. A desintegração da família também tem conseqüências para as crianças. É uma das causas da pobreza, dos maus resultados escolares e da perda de segurança, manifestada dramaticamente por maior vulnerabilidade das crianças às violências sexuais e urbanas. Além de trabalhar no mercado, a mulher cuida das atribuições do lar, o que, de fato, causa maiores níveis de estresse e reduz o tempo para dedicar-se aos filhos. Portanto, caso seja impossível a concepção da "família tradicional" no futuro, é preciso desenvolver um processo de renovação social para reinventar a família e responder às necessidades das crianças, das mulheres e dos homens (BLOOM, 2001; ORGANISATION..., 2001b).
119
4.2.7 A Visão da Educação na Sociedade Como conseqüência desta nova concepção de família (“família moderna”) e das mudanças no mercado de trabalho, no futuro as crianças irão permanecer muito mais tempo na escola e no seio das famílias, o que ocasiona, como decorrência natural, casamentos mais tardios e atraso para entrar no mercado de trabalho. Além disso, as famílias serão menores, devido ao custo que uma criança gera, desde o seu nascimento até a sua formação completa para as novas necessidades do mercado – economia do conhecimento (ORGANISATION..., 2001b). As sociedades estão reconhecendo, com o passar do tempo, o papel vital do investimento na infância e seus efeitos, em longo prazo, sobre a empregabilidade, a estabilidade nas relações e a delinqüência (MULGAN, 2001). De acordo com as tendências apontadas pela OCDE, os componentes fundamentais da aprendizagem como, por exemplo, as capacidades de leitura, de escrita, de cálculo e de informática, serão condições necessárias, mas não suficientes, para o sucesso social e econômico. Além disso, a atuação dos pais na aprendizagem pode ser tão importante quanto a das instituições formais. A nova economia exige indivíduos com novas aptidões, como capacidades de acesso à informação, de investigação e de reflexão holística. As crianças deverão não somente adquirir competências formais, mas também habilidades de tomada de decisões e de assumir responsabilidades, cujas capacidades se adquirem mais pela prática do que pelos métodos pedagógicos formais. O meio profissional e as situações da vida diária exigem, além das qualificações formais oferecidas pelo ensino superior, competências como a inteligência emocional e a capacidade de trabalhar em equipe. A inovação é incentivada por sistemas de aprendizagem relativamente abertos e diversificados, que permitem acesso fácil aos novos tipos de estabelecimentos escolares e de ensino superior e garantem uma série contínua entre a educação complementar e o ensino superior. A necessidade de uma atualização contínua das competências exige a capacidade de aprendizagem ao longo de toda a vida. A educação e a aprendizagem vão cada vez mais serem desenvolvidas fora dos estabelecimentos de ensino: no local de trabalho, no domicílio, nas bibliotecas e via Internet. O ensino virtual continuará a se expandir em todo o mundo (MULGAN, 2001).
120
Atualmente é interessante observar que a educação secundária parece mais estreitamente correlacionada ao crescimento econômico do que a educação primária. Já no futuro, provavelmente a educação superior terá correlação mais estreita com o desenvolvimento econômico. É nesse sentido que, hoje, os países desenvolvidos estão dando mais importância à educação superior nos seus indicadores, ela será a sustentação da sociedade do conhecimento. A educação secundária será prioridade para as economias industrializadas, e a educação primária será base para as sociedades agrárias (ORGANISATION..., 2001b). 4.2.8 A Sociedade e o Meio Ambiente É cada vez maior o número de países, de organizações e de indivíduos que estão buscando direções estratégicas fundamentadas nas questões de proteção do meio-ambiente. De acordo com a OCDE, a extensão da poluição e os riscos associados devem ser avaliados rigorosamente, para que seja possível evitar efeitos multiplicadores de novos riscos que a primazia atribuída a um deles pode provocar (ORGANISATION..., 1999). O relatório da OCDE de 1999 aponta que o aquecimento do planeta poderá ser o problema ambiental mais difícil e complexo para solucionar no século XXI. Várias iniciativas de debates já foram desenvolvidas, como a Eco-Rio 1992 e o Protocolo de Kyoto, mas as conseqüências da poluição continuam a assolar o planeta Terra, principalmente nas grandes cidades, com o efeito estufa e o aumento das emissões de gases. As atividades que consomem energia são responsáveis pela maior parte desses problemas ambientais e os principais geradores são os países desenvolvidos (LAHIDJI; MICHALSKI; STEVENS, 1999). Em longo prazo será necessário fixar um teto para as emissões de gases para evitar uma mudança grave do clima. Para isto, será necessária uma ruptura em relação à evolução econômica e energética atual. O grande problema envolvendo essa questão está em encontrar um equilíbrio ótimo entre o crescimento econômico e a redução da poluição. As políticas públicas terão um papel importante na conscientização de produtores e consumidores, fazendo com que sejam incitados a começar uma transição para um futuro com menor emissão de gases (LAHIDJI; MICHALSKI; STEVENS, 1999).
121
Nos próximos anos, medidas serão intensificadas e implementadas no sentido de buscar a redução das emissões de gases, por exemplo, a rotulagem e etiquetas ecológicas; a inovação e a difusão de tecnologias que possam melhorar a eficácia energética; e, a melhoria da informação para os consumidores sobre a utilização da energia dentro das organizações (LAHIDJI; MICHALSKI; STEVENS, 1999). As empresas terão que buscar desenvolver processos produtivos limpos sem, no entanto, comprometer a sua competitividade, ou seja, ser sustentável no seu conceito mais amplo – econômico, social e ambiental. O programa de ação voltada ao meio-ambiente da União Européia, cujas propostas devem entrar em vigor até 2010, tem como meta fomentar as empresas a buscarem a redução do impacto ambiental. Existe uma tendência de expansão do mercado dos produtos verdes, que conduzirá ao aumento da inovação desses produtos e a maiores oportunidades de emprego. O programa prevê investimentos em informação aos consumidores, apoio à pesquisa e ao desenvolvimento tecnológico, criação de bons exemplos de empresas e imposição de taxas pela utilização dos recursos naturais. O objetivo é reduzir, até 2010, a quantidade de resíduos destinados à eliminação final em cerca de 20% em relação aos níveis de 2000 e em cerca de 50% até 2050 (EUROPEAN UNION, 2001). Além disso, o programa para o meio-ambiente da União Européia, no horizonte de 2010, prevê as seguintes ações: (i) identificação das substâncias perigosas e atribuição aos produtores à responsabilidade pela recolha, tratamento e reciclagem desses resíduos; (ii) incentivo aos consumidores a selecionarem os produtos e serviços com menor impacto; (iii) desenvolvimento e promoção de estratégias, em escala européia, para a reciclagem dos resíduos, com objetivo de acompanhamento que permita comparar os progressos realizados; (iv) promoção dos mercados de materiais reciclados; (v) desenvolvimento de ações específicas, no âmbito de uma política de produtos integrados, para promover a concepção da idéia de ecologia em produtos e processos (exemplo disso é a promoção da concepção inteligente de produtos, que reduza o
impacto ambiental desde o seu
desenvolvimento até o fim do seu ciclo de vida). A União Européia buscará a garantia de que os causadores dos danos ao ambiente sejam responsabilizados pelas suas ações e que se evitem fatos mais graves. O princípio do “poluidor-
122
pagador” será cobrado, o que significa que a responsabilidade financeira deve recair sobre a parte causadora da poluição (EUROPEAN UNION, 2001). É importante destacar o impacto que essas medidas podem causar na indústria Têxtil e Confecção brasileira, principalmente nas empresas exportadoras, cuja produção de produtos e serviços deverão se adequar às exigências impostas pelos países que compõem a União Européia. Este fato concretizado pode ser caracterizado como uma barreira técnica ambiental. A rastreabilidade dos produtos será outra medida importante na indústria, pois com a conscientização do consumidor nas questões ambientais, essa tecnologia poderá ser requisitada para a exportação, o que de fato excluirá muitas organizações que não se adequarem. A responsabilidade pelo recolhimento dos produtos também poderá ser um entrave às exportações. Políticas e projetos terão que ser desenvolvidos para atender a esse requisito – a reciclagem. No entanto, algumas medidas abrem oportunidades para o desenvolvimento de estratégias de diferenciação de produtos reciclados brasileiros. A União Européia pretende buscar a transparência e a divulgação generalizada das informações, com o objetivo de incentivar o público para que pressione, na obtenção de respostas rápidas, as empresas que não possuem um processo de produção e produtos limpos ou verdes, o que as coloca em evidência pelo fato de desrespeitar o meio-ambiente. Indicadores e demonstrativos de desempenho serão utilizados com mais veemência pelos órgãos competentes e pela opinião pública em geral, o que permitirá a avaliação dos processos e produtos. As compras e aquisições realizadas pelos organismos públicos (cerca de 14% do mercado da União Européia), deverão ser efetivadas de acordo com editais com critérios ambientais como, por exemplo, produtos verdes. O setor financeiro também terá suas atividades verdes, mediante de políticas de empréstimo e investimento que exigirão das empresas relatórios
financeiros que evidenciem projetos de
responsabilidade ambiental. Portanto, no futuro, as transações comerciais deverão ser efetivadas com o atendimento a vários critérios que hoje não são aplicados com tanta intensidade, como incluir as questões ambientais em todos os aspectos das relações externas da União Européia, e garantir a aplicação das convenções internacionais sobre o ambiente (EUROPEAN UNION, 2001). A busca por fontes energéticas é uma questão que sempre preocupou o homem moderno. A OCDE aponta que nos países em desenvolvimento, o consumo
123
de energia aumentará de maneira substancial, conseqüência da melhoria do nível de vida, do crescimento demográfico e da urbanização rápida. Os países desenvolvidos também serão responsáveis por boa parte do consumo de energia produzida no planeta, porém pode ser observada certa saturação neste setor (ORGANISATION..., 1999). Para a OCDE, até 2020 os combustíveis fósseis continuarão a ocupar um lugar predominante no consumo de energia. O consumo de petróleo será determinado pelas necessidades para os transportes e para desempenhar um papel de combustível "bouclage", ou seja, para preencher a brecha quando as outras formas de energia não forem disponíveis em quantidades suficientes. A utilização de gás aumentará rapidamente, porque será o combustível privilegiado para o aquecimento, para os métodos de transformação e para a produção de eletricidade. O consumo de carvão crescerá também, porém mais lentamente e nas regiões onde o gás será inacessível ou mais dispendioso que o carvão. As principais fontes de energia não fóssil (fissão nuclear, hidroeletricidade, biomassa) ainda não serão relevantes no total dos abastecimentos. A energia nuclear e a energia hidráulica defrontam-se com diversas dificuldades para obter a aceitação do público e, é por isso que qualquer expansão importante relacionada com esses métodos deverá obedecer a decisões deliberadas dos poderes públicos (ORGANISATION..., 1999; LAHIDJI; MICHALSKI; STEVENS, 1999). Existe uma grande preocupação com acidentes com usinas nucleares e menor com as usinas hidroelétricas. Ambas sofrem bastante críticas quanto aos aspectos ambientais, principalmente pela geração de resíduos radioativos das usinas nucleares e pelo impacto ambiental ocasionado pelos reservatórios de água das usinas hidroelétricas. Um estudo da EUROPEAN UNION – EU (2001) sobre as tendências para 2010 sobre a poluição e o meio-ambiente aponta para o crescente desenvolvimento de energias renováveis a partir da energia eólica e solar. Trata-se de um campo bastante promissor e que possui programas de incentivo na Europa. Além do aumento da população mundial, o envelhecimento da população causará impactos ao meio ambiente, pois os efeitos sobre o consumo de energia serão
agravados.
O
envelhecimento
da
sociedade
pode
gerar
novos
comportamentos, como o aumento do tempo que esses indivíduos passam nas suas residências, o que resulta em um maior consumo de energia por dispositivos
124
elétricos, porém, substituindo-se, parcialmente a energia destinada aos transportes (ORGANISATION..., 1999; LAHIDJI; MICHALSKI; STEVENS, 1999). A sociedade está muito mais exigente, também, com relação à segurança dos produtos que consomem. A cada dia que passa, por exemplo, os consumidores querem saber mais sobre temas como: (i) a procedência dos produtos; (ii) o material e o processo utilizado na sua fabricação; (ii) as conseqüências e indicações de uso do produto; (iv) a responsabilidade da empresa com relação aos aspectos sociais e ao meio ambiente; e, (v) a segurança de usabilidade do produto. Atualmente, a segurança é uma questão muito discutida e o impacto causado pela sua falta ou carência reflete-se diretamente na sociedade. Pode-se perceber, ao longo dos últimos anos, mudanças no comportamento das pessoas que foram oriundas desse fenômeno. Na indústria têxtil, por exemplo, a quantidade de normas e legislações que são debatidas e implementadas referentes à segurança é cada vez maior. Por conseguinte, muitos estudos e testes estão sendo desenvolvidos para determinar os padrões de segurança e os métodos de aplicação, comercialização e fiscalização (INSTITUTO TECNOLÓGICO..., 2002a; INSTITUTO TECNOLÓGICO..., 2003f). O estudo da plataforma EURATEX revela que o setor industrial têxtil precisa proporcionar um ambiente seguro e confortável para as pessoas, o que influencia na decisão de compra (THE EUROPEAN..., 2006). Alguns estudos apontam, também, os riscos emergentes no século XXI, como doenças, epidemias, desastres naturais, novas tecnologias e o terrorismo (ORGANISATION..., 2003). A população mundial vai se confrontar sempre com o "risco", porém, hoje os riscos estão em uma escala muito maior e significativa de valores. Existe uma preocupação cada vez maior na sociedade com relação às ameaças ao ambiente, à propriedade, à saúde e à vida própria. Nesse sentido, normas são instituídas, legislações são impostas e cuidados com a segurança serão cada vez maiores no século XXI (ORGANISATION..., 2003; ORGANISATION..., 2004b). Algumas pesquisas na área têxtil estão sendo desenvolvidas para o segmento militar, para EPIs e para equipes de combate ao terrorismo e acidentes químicos e biológicos.
125
4.3
TENDÊNCIAS E CONVERGÊNCIAS: UMA SÍNTESE De forma resumida, pode-se inferir que tanto as tendências científico-
tecnológicas quanto as socioeconômicas estão sendo desenvolvidas em bases multidisciplinares. As tendências apontadas em muitos estudos e pesquisas possuem inter-relações significativas com diversas áreas do conhecimento, cujo resultado é fruto da interação dos atores envolvidos nesse processo, conforme pode ser observado na Figura 21. FIGURA 21 – DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO-TECNOLÓGICO
Sustentabilidade para Competitividade
Ciência dos Materiais
Nanotecnologia Eletroeletrônica
Têxteis Ecológicos
Modelos de Produção - Empresa em Rede -
e-Têxteis
Têxteis Multifuncionais
Têxteis e Confecções Inteligentes
Telecomunicação Biotecnologia
Multidisciplinariedade Fonte: O autor.
Ainda na Figura 21, pode-se observar que algumas áreas sustentam os pilares de mudanças para o Setor Têxtil e Confecção, cujo resultado aponta para a consolidação dos Têxteis e Confecções Inteligentes na indústria. Este fato pode ser percebido nas pesquisas e iniciativas desenvolvidas na Europa, EUA e Ásia. Quatro grandes pilares ou eixos de desenvolvimento no Setor Têxtil e Confecção estão emergindo com base nessa capacidade de cooperação multidisciplinar: (i) têxteis
126
multifuncionais; (ii) e-têxteis; (iii) novos modelos de produção – empresa em rede; e, (iv) têxteis ecológicos. A Figura 22 sintetiza as tendências socioeconômicas analisadas nos estudos e pesquisas em nível mundial, cujas bases também estão sendo desenvolvidas de forma multidisciplinar e corroboram para a consolidação de quatro grandes pilares: (i) a sociedade do conhecimento; (ii) sociedade flexível e democrática; (iii) globalização e integração; e, (iv) o homem e o meio ambiente. FIGURA 22 – DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO
Política Educação
Direito Economia
O Homem e O Meio Ambiente
Globalização e Integração
Sociedade Flexível e Democrática
Sociedade do Conhecimento
Sustentabilidade para Competitividade
Organização
Capital Social
Demografia
Trabalho
Multidisciplinariedade Fonte: O autor.
Partindo do pressuposto de que o futuro é múltiplo e indeterminado, pode-se afirmar, então, que as tendências apontadas neste capítulo poderão impactar a indústria Têxtil e Confecção de diferentes maneiras e proporções. O importante do levantamento das tendências e convergências para o setor é identificar as oportunidades e ameaças que podem impactar a indústria e fornecer subsídios para o desenvolvimento de um planejamento estratégico que leve em conta as possibilidades de futuro para o setor.
127
5
ASPECTOS METODOLÓGICOS Este capítulo apresenta a fundamentação metodológica utilizada nesta
pesquisa, cuja estrutura está composta da seguinte forma: inicia-se com a apresentação das hipóteses de pesquisa; na seqüência, encontram-se os aspectos metodológicos, com sua classificação, tipologia e técnicas utilizadas; em seguida, apresenta-se a delimitação de pesquisa; e, por último, a descrição dos passos nela realizados. 5.1
MÉTODO DE PESQUISA Esta pesquisa pode ser classificada como sendo uma pesquisa descritiva, na
qual busca-se identificar a contribuição da Prospectiva Estratégica para a tomada de decisão voltada ao desenvolvimento de políticas e estratégias setoriais. Segundo Cervo e Bervian (2002), na pesquisa descritiva procura-se observar, registrar, analisar e correlacionar fatos ou fenômenos sem manipulá-los, trabalhando sobre dados ou fatos obtidos da própria realidade. Este tipo de pesquisa pode assumir diversos formatos. Para este trabalho, em especial, foi utilizado o Estudo de Caso, no qual o objeto em investigação é o Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná. De acordo com Cervo e Bervian (2002, p. 67), o estudo de caso “é a pesquisa sobre um determinado indivíduo, família, grupo ou comunidade que seja representativo do seu universo”. Este estudo pode ser considerado, também, uma pesquisa aplicada, pois tem como característica a busca por soluções concretas para problemas de fins práticos e reais (CERVO; BERVIAN, 2002). Para Marconi e Lakatos (2002, p. 20), a pesquisa aplicada “caracteriza-se por seu interesse prático, isto é, que os resultados sejam aplicados ou utilizados, imediatamente, na solução de problemas que ocorrem na realidade”. Este estudo foi realizado com a utilização de dados primários, coletados junto a especialistas 29 do Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná, como, também, dados secundários extraídos da Internet, documentos públicos (bases de dados: 29
Especialistas, nesta pesquisa, são profissionais com conhecimento e/ou trabalhos no setor em .....investigação, cuja contribuição possa ser de grande valia para o estudo. Exemplos de .....especialistas: empresários, acadêmicos, pesquisadores e gestores.
128
Relação Anual de Informações Sociais – RAIS, Sistema de Análise das Informações de Comércio Exterior – ALICE (Via Internet), Plataforma Lattes, Plataformas Tecnológicas) e pesquisa bibliográfica. Os dados primários foram obtidos mediante as seguintes técnicas: (i) entrevista semi-estruturada; (ii) ponderação da matriz de variáveis; e, (iii) observação assistemática 30 in loco (dinâmica do Painel de Especialistas). A utilização de múltiplas fontes de pesquisa, segundo YIN (2001), constitui o principal recurso de que se vale o estudo de caso para conferir significância a seus resultados. Os dados primários foram coletados em fevereiro de 2007. Para Güell (2004), o painel tem como objetivo realizar entrevistas em profundidade com especialistas, para que sejam expostas informações, dados e opiniões sobre temas pré-estabelecidos. Este método é apropriado para prever acontecimentos futuros em temas de certa complexidade. Portanto, painel pode ser definido da seguinte forma: É um tipo de entrevista que se realiza por meio de uma reunião onde se conversa informalmente, levando os assuntos desejados, mas de forma coerente, lógica e organizada. Deve ser preparado um roteiro antecipadamente, onde constem as perguntas que, inclusive, podem ser repetidas com enfoques diferentes. (SANTOS, 2003, p. 232).
Para a seleção dos especialistas foi utilizada uma amostra não-probabilística intencional. Segundo Marconi e Lakatos (2002), este tipo de técnica de amostragem não faz uso de formas aleatórias de seleção, o que impossibilita a aplicação de fórmulas estatísticas. No tratamento dos dados utilizaram-se as seguintes técnicas: (i) seleção (exame minucioso e crítico dos dados); (ii) codificação (classificação); e, (iii) tabulação (planilhas eletrônicas e software MICMAC©). Para a análise dos dados utilizaram-se as técnicas de cruzamento de variáveis, interpretação e explicação. Desta forma, tentou-se partir de dados puros para a construção de informações. Além disso, as técnicas de indução e dedução nortearam de forma implícita essa pesquisa. De acordo com Cervo e Bervian (2002), a indução e dedução são processos que se complementam e que são utilizados para demonstrar a verdade 30
Técnica de observação não estruturada, também denominada espontânea e informal: consiste em ....recolher e registrar os fatos da realidade sem a utilização de meios técnicos especiais ou de ....perguntas diretas (MARCONI e LAKATOS, 2002).
129
das proposições submetidas à análise. Por isso, a indução reforça-se pelos argumentos dedutivos. Pela indução científica pode ser possível chegar à conclusão de alguns casos observados a partir da espécie que os compreende e da lei geral que os rege. Já a técnica da dedução consiste em construir estruturas lógicas por meio do relacionamento entre antecedentes e conseqüentes, entre premissas e conclusões. 5.2
DELIMITAÇÃO DA PESQUISA Para responder ao problema apresentado na seção 1.1 “Problemática”
(página 19) foi utilizado como base um setor industrial relevante para o Estado do Paraná 31. Portanto, a delimitação desta pesquisa foi concebida tendo como foco o Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná. Entretanto, o método utilizado requer algumas extrapolações nessa delimitação, principalmente, no levantamento dos indicadores do setor, onde procurou-se realizar uma comparação entre os principais dados do Estado do Paraná e os demais Estados da Federação. Além disso, foi extrapolado, também, o estudo sobre as tendências científico-tecnológicas e socioeconômicas para o setor, pois trata-se de temas que não poderiam ser desenvolvidos de forma introspectiva. São temas de ordem mundial, e o impacto de suas mudanças, certamente, afetará o setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná e do Brasil. 5.3
A PESQUISA DESCRITIVA: PASSO A PASSO A abordagem utilizada nesta pesquisa foi baseada e estruturada na
Prospectiva Estratégica. Após a definição do problema, objetivos e delimitação da pesquisa (setor industrial e sua localização), foram desenvolvidos três estudos com fases temporais distintas: (i) Passado: diagnóstico e mapeamento do Setor Têxtil e Confecção no Brasil e no Estado do Paraná; (ii) Futuro: levantamento das tendências e convergências científico-tecnológicas e socioeconômicas relacionadas ao Setor Têxtil e Confecção; (iii) Presente: aplicação do método MICMAC© (Matriz 31
Segundo o estudo “Setores Portadores de Futuro”, realizado pelo Observatório de Prospecção e ....Difusão de Tecnologias do Senai/PR, sob a tutela da FIEP – Federação das Indústrias do Estado ....do Paraná, o Setor Têxtil e Confecção foi apontado como um setor promissor para o Estado do ....Paraná.
130
de Impactos Cruzados e Multiplicações Aplicadas a uma Classificação) para identificar as variáveis-chave do Setor Têxtil e Confecção. Um esquema simplificado da estrutura do método utilizado nesta pesquisa pode ser observado na Figura 23. FIGURA 23 – ESTRUTURA DA PESQUISA Definição do Problema, Objetivos e Delimitação
FUTURO
PASSADO
PRESENTE
Estudo de Tendências do Setor Têxtil e Confecção
Estudo Histórico do Setor Têxtil e Confecção
Estudo MICMAC© para o Setor Têxtil e Confecção
Científico-Tecnológico Socioeconômico
Empresas & Empregados Exportação & Importação Competências & IES
Levantamento das variáveis do sistema Identificação das variáveis “em jogo” Identificação e priorização das variáveis-chave
Fonte: O autor.
5.3.1 A Primeira Fase A primeira fase da pesquisa foi destinada ao mapeamento das tendências que poderão impactar o Setor Têxtil e Confecção (revisão de literatura). O estudo foi estruturado em dois grandes eixos: (i) tendências científico-tecnológicas; e, (ii) tendências socioeconômicas. O primeiro eixo foi voltado às tendências relacionadas aos materiais, às aplicações industriais, às tecnologias e aos processos produtivos relacionados ao setor. No segundo eixo foram identificadas diversas tendências sociais e econômicas que poderão impactar o setor e a sociedade de um modo geral. Nesta etapa o estudo foi mais abrangente: procurou-se trazer dados e informações que poderão refletir no comportamento da sociedade, no mercado, na economia, no perfil do consumidor.
131
Os dados utilizados nesta fase do estudo foram coletados de diversas fontes, principalmente, da Europa, dos EUA, do Japão, da Coréia do Sul e da China. Convém destacar as fontes mais significativas (por tipologia), tais como: (i) plataformas de tecnologias; (ii) institutos de pesquisa; (iii) universidades; (iv) observatórios tecnológicos; (v) órgãos governamentais; (vi) empresas privadas; (vii) portais eletrônicos; (viii) teses, dissertações e artigos científicos; (ix) congressos e conferências; (x) jornais e revistas técnicas e científicas; e, (xi) demais fontes bibliográficas e documentais. 5.3.2 A Segunda Fase A segunda fase deste estudo teve como objetivo o diagnóstico e o mapeamento do Setor Têxtil e Confecção no Brasil e no Estado do Paraná. Procurou-se obter a evolução histórica de certos dados que acredita-se serem pertinentes para o setor. Para isto, foram utilizadas as seguintes bases de dados:
• RAIS: base de dados do MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO – MTE. Nesta base procurou-se identificar dados do setor relacionados ao número de estabelecimentos industriais, número de empregos, tamanho das empresas, gênero e grau de instrução dos trabalhadores, etc. Os dados correspondem ao período de 2001 a 2005.
• ALICE: base de dados de responsabilidade da SECRETARIA DO COMÉRCIO EXTERIOR – SECEX vinculada ao MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR – MDIC. Os dados coletados nesta base foram utilizados para identificar os produtos exportados e importados pelo Brasil e pelo Estado do Paraná, bem como o volume de comércio exterior e a evolução da balança comercial do Setor Têxtil e Confecção. Nesta fase do estudo foram utilizados dados históricos referentes ao período de 1996 a 2005.
• PLATAFORMA LATTES (Base de dados de currículos e instituições das áreas
de
CONSELHO
ciência
e
tecnologia): sistema de responsabilidade do
NACIONAL
DE
DESENVOLVIMENTO
CIENTÍFICO
E
TECNOLÓGICO – CNPq. Nesta base foram identificados os especialistas e
132
grupos de pesquisa que possuem trabalhos vinculados ao Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná. Além disso, foram mapeadas as INSTITUIÇÕES DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO – IPD às quais estão vinculados os grupos de pesquisa. Os dados foram coletados em dezembro de 2006. 5.3.3 A Terceira Fase Na última fase da pesquisa, realizou-se a aplicação do método de Matriz de Impactos Cruzados e Multiplicações Aplicadas a uma Classificação – MICMAC© com foco no Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná. A sua aplicação foi desenvolvida na seguinte ordem: inicialmente foi realizado o levantamento das variáveis do sistema; na seqüência foram identificadas as variáveis colocadas “em jogo” no método MICMAC©; e, por último, foi realizado o preenchimento da matriz MICMAC© para obter a identificação e priorização das variáveis-chave do sistema. Cada uma dessas etapas será descrita a seguir. 5.3.3.1 Levantamento das Variáveis do Sistema Esta etapa do processo MICMAC© está relacionada a uma extrapolação das possíveis variáveis que podem impactar o sistema investigado, no caso, o sistema compreendido pelo Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná. Foram levantadas, da forma mais abrangente possível, as variáveis que poderiam impactar o setor sem, no entanto, tentar obter de imediato uma classificação ou priorização. Em outras palavras, foram levantadas as variáveis sem considerar, no momento, o seu grau de importância ou de relevância para o sistema. O levantamento das variáveis foi realizado com base no estudo de tendências para o Setor Têxtil e Confecção (Primeira Fase) e no estudo de mapeamento de indicadores (Segunda Fase). Além disso, foram utilizados os resultados dos estudos desenvolvidos no âmbito do “WORKSHOP DO SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO DO PARANÁ” como base para o levantamento das variáveis. Este evento foi realizado em agosto de 2006 e teve como principais organizadores, importantes atores envolvidos com a cadeia têxtil e de confecção, como por exemplo, a FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DO PARANÁ – FIEP, o SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS – SEBRAE, a SECRETARIA DE
133
ESTADO DO PLANEJAMENTO E COORDENAÇÃO GERAL – SEPL, alguns representantes de sindicatos e associações do setor e alguns empresários. Procurou-se utilizar as informações desse estudo porque acredita-se que o mesmo fornece uma visão bastante crítica e pertinente sobre o setor no Estado. 5.3.3.2 Identificação das Variáveis “em jogo” Nesta etapa, foram identificadas as variáveis colocadas “em jogo”. As variáveis escolhidas para serem ponderadas no processo de preenchimento da Matriz de Impactos Cruzados foram determinadas com o auxílio de dois pesquisadores com renomada competência no tema 32. Os pesquisadores foram escolhidos por meio da classificação obtida no sistema de busca por competência do Portal Inovação, instrumento de pesquisa desenvolvido sob a demanda do MINISTÉRIO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA – MCT, o qual esta vinculado à base de dados da Plataforma Lattes (CNPq). A escolha dos pesquisadores obedeceu aos seguintes critérios: (i) ser pesquisador com trabalhos relacionados ao Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná; (ii) estar vinculado a uma instituição do Estado; (iii) apresentar uma colocação significativa na busca boleana, realizada na base de dados da Plataforma Lattes; e, (iv) estar vinculado à uma instituição e com trabalhos realizados nas regiões de maior concentração de indústrias do setor. O estudo histórico do Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná, realizado na primeira fase desta pesquisa, contribuiu para determinar os critérios. Foi desenvolvida uma dinâmica com cerca de oito horas de trabalho com esses pesquisadores, na qual primeiramente foram apresentadas as tendências científico-tecnológicas e socioeconômicas para o Setor Têxtil e Confecção (estudo realizado na primeira fase desta pesquisa). Logo após, foi apresentado o objetivo do dia, onde esses pesquisadores tiveram que identificar, dentre uma grande quantidade de dados e informações, cerca de quinze variáveis 33 que foram utilizadas no método MICMAC©. O critério de escolha das variáveis foi baseado na sua
32
Os especialistas foram contratados pelo SENAI-PR para contribuir na definição das variáveis .....colocadas “em jogo” pelo método MICMAC©. A definição dessas variáveis foi realizada em .....fevereiro de 2006 no município de Londrina. 33 Foi determinado esse número de variáveis devido à grande quantidade de cruzamentos que é .....preciso fazer no método MICMAC©, o que dificultaria a coleta de dados (ver Figura 5, p. 47). O .....universo aproximado estava fixado em 70 variáveis.
134
relevância para o setor, tendo como base as tendências apresentadas previamente. Buscou-se selecionar as variáveis que poderiam impactar de maneira significativa o setor. Após a identificação das variáveis, foi realizada uma análise comparativa com os resultados dos estudos desenvolvidos no âmbito do “WORKSHOP DO SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO DO PARANÁ”, ou seja, procurou-se comparar os resultados para verificar a verossimilhança das variáveis escolhidas pelos dois pesquisadores. Na análise comparativa entre os dois estudos foram identificadas muitas variáveis congruentes, o que validou o levantamento realizado pelos pesquisadores. No entanto, foram identificadas algumas lacunas que foram preenchidas com a inclusão de algumas variáveis que acreditou-se serem importantes para o Setor Têxtil e Confecção do Paraná. No final, identificaram-se dezesseis variáveis para serem utilizadas no processo de preenchimento da matriz MICMAC©, uma a mais que a perspectiva inicial. Todas as variáveis utilizadas e suas respectivas descrições podem ser observadas no Apêndice A, p. 237. As dezesseis variáveis que compõem o sistema a ser investigado podem ser observadas na Tabela 3. TABELA 3 – VARIÁVEIS COLOCADAS "EM JOGO" Nº
VARIÁVEL
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16
Sociedade Economia, Política e Comércio Mundial Dinâmica do Mercado Políticas Públicas Tecnologia e Novos Materiais Meio Ambiente Cooperação e Organização da Cadeia Produtiva Investimento & Financiamento Emprego Educação & Capacitação Pesquisa & Desenvolvimento & Inovação Propriedade Industrial Cultura Empresarial Marketing, Prospecção e Tendências Design Produção, Qualidade e Produtividade
Fonte: O autor.
VARIÁVEL (abreviatura) Soc EcoPolCEx DinMerc PolPub TecNovMat MeioAmbi CoopCadPro InvFin Emp EduCap P&D&I PropInd CultEmp MktPTend Des ProdQualPr
135
5.3.3.3 Identificação e Priorização das Variáveis-chave Nesta etapa da pesquisa, foi realizada uma dinâmica para o preenchimento da matriz MICMAC© com especialistas do Setor Têxtil e Confecção, ou seja, procurou-se reunir pesquisadores, empresários e gestores com conhecimento sobre o setor no Estado do Paraná. O método escolhido foi Painel de Especialistas 34. No Painel de Especialistas foram apresentadas as tendências científicotecnológicas e socioeconômicas para posicionar os participantes sobre as mudanças que poderão afetar o setor em um futuro próximo. Na seqüência, foi apresentada a dinâmica de preenchimento da matriz MICMAC© e a respectiva coleta de dados. Foram reservadas seis horas para todo o processo do Painel de Especialistas, sendo, duas horas para apresentação das tendências e quatro horas para o preenchimento da matriz MICMAC©. A coleta de dados foi conduzida no sentido de procurar questionar, para cada variável, a sua influência direta sobre as demais variáveis do sistema. Para isso, foi realizada a seguinte pergunta para o grupo de especialistas: “Existe uma relação de influência direta entre a variável (i) e a variável (j)?” Os especialistas responderam à pergunta acima para todas as variáveis, de forma concomitante e obedecendo aos seguintes critérios: (i) não existe influência = 0; (ii) influência fraca = 1; (iii) influência média = 2; (iv) influência forte = 3; e, (v) influência potencial = P, “Não existe agora, mas poderá influenciar no futuro”. (GODET, 2004, p.84). O preenchimento da matriz MICMAC© foi desenvolvido por linha. Por exemplo, foi ponderada a influência direta da variável número 1 (sociedade) sobre todas as demais variáveis em coluna do sistema. Desta forma, a coleta seguiu a seguinte ordem de preenchimento das células da matriz: I12; I13; I14; I15; I16; I17; I18; I19; I110; I111; I112; I113; I114; I115; e, I116 e assim sucessivamente até finalizar todas as linhas da matriz, onde tem-se Iij, para I = Influência direta; i = variável-linha; e, j = variávelcoluna. No Quadro 3, p. 136, está exposta a matriz resumida utilizada nesta pesquisa.
34
Painel de Especialistas organizado pelo SENAI-PR e realizado em fevereiro de 2006 em Maringá.
136
1
2
3
4
5
6
7
8
9
Sociedade
Economia, Política e Comércio Mundial
Dinâmica do Mercado
Políticas Públicas
Tecnologia e Novos Materiais
Meio Ambiente
Cooperação e Organização da Cadeia Produtiva
Investimento & Financiamento
Emprego
Educação & Capacitação
Pesquisa & Desenvolvimento & Inovação
Propriedade Industrial
Cultura Empresarial
Marketing, Prospecção e Tendências
Design
Produção, Qualidade e Produtividade
QUADRO 3 – MODELO DE MATRIZ MICMAC© UTILIZADA NA PESQUISA
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
Variáveis
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
Soc EcoPolCEx DinMerc PolPub TecNovMat MeioAmbi CoopCadPro InvFin Emp EduCap P&D&I PropInd CultEmp MktPTend Des ProdQualPr
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
1 X
10
11
12
13
14
15
16
X X X X X X X X X X X X X X X
Fonte: O autor.
Não existe influência direta de uma variável sobre ela mesma, o que inviabiliza o preenchimento na célula I11. Este fato pode ser observado no modelo da matriz MICMAC© utilizado nesta pesquisa e que está exposto no Quadro 3, (formato resumido) e no Apêndice B, p. 239 (formato completo), no qual existe uma diagonal onde não há nenhuma ponderação.
137
6
SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO DO PARANÁ: UM ESTUDO DE CASO Neste estudo foram utilizados dados do MINISTÉRIO DO TRABALHO E
EMPREGO (RELAÇÃO ANUAL DE INFORMAÇÕES SOCIAIS – RAIS) para levantar as informações sobre número de estabelecimentos, empregos e demais variáveis correlatas do setor Têxtil e Confecção. Os dados utilizados correspondem ao período de 2001 a 2005. Além disso, a pesquisa foi realizada com base na Classificação Nacional de Atividades Econômicas – CNAE do IBGE 35. Foram utilizadas as divisões 17 e 18 e seus respectivos grupos e classes da CNAE 1.0 (ver Apêndice C, p. 240). A divisão 17 refere-se ao setor de “Fabricação de Produtos Têxteis” e a divisão 18 está relacionada ao setor de “Confecção de Artigos do Vestuário e Acessórios”. Para efeito de simplificação e padronização, a divisão 17 refere-se ao “Setor Têxtil” e a divisão 18 ao “Setor de Confecção”. Portanto, o “Setor Têxtil e Confecção“ refere-se à consolidação dos dados das divisões 17 e 18. O mapeamento do Setor Têxtil e do Setor de Confecção no Estado do Paraná foi desenvolvido em dois níveis: o primeiro refere-se à posição paranaense em relação ao Brasil e o segundo refere-se exclusivamente ao Paraná, onde foi priorizado um maior aprofundamento nas peculiaridades do setor no Estado. A Figura 24 é uma representação de como foi estruturado o mapeamento, além de demonstrar de forma gráfica os tópicos abordados nessa etapa do estudo. FIGURA 24 – ESTRUTURA METODOLÓGICA DO MAPEAMENTO Nível Paraná
Nível Brasil
Grupo 17.1 Grupo 17.2 Setor Têxtil (Divisão 17)
Setor Têxtil (Divisão 17) Setor Têxtil e Confecção (Divisão 17 e 18)
Fonte: O autor.
35
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Grupo 17.4 Grupo 17.5 Grupo 17.6
Setor Têxtil e Confecção (Divisão 17 e 18) Setor de Confecção (Divisão 18)
Grupo 17.3
Grupo 17.7 Setor de Confecção (Divisão 18)
Grupo 18.1 Grupo 18.2
138
6.1
PANORAMA DO SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO NO BRASIL O estudo em nível nacional foi estruturado da seguinte forma: inicialmente
foram organizados os dados e a respectiva análise referente ao Setor Têxtil e Confecção como um todo (divisões 17 e 18 da CNAE 1.0). Logo em seguida, a pesquisa foi estrutura para poder analisar isoladamente cada divisão, pois acreditase que desta forma é possível verificar a contribuição de cada uma delas. 6.1.1 Setor Têxtil e Confecção no Brasil (Divisões 17 e 18) Apesar da indústria Têxtil e Confecção estar presente em todos os Estados brasileiros, existe uma certa concentração no número de estabelecimentos no Brasil, ou seja, a maior parte das empresas do setor estão localizadas em poucos Estados brasileiros. A Figura 25 apresenta os Estados mais representativos. FIGURA 25 – ESTABELECIMENTOS DO SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO
Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., 2006).
É possível verificar na Figura 25 a ampla superioridade do Estado de São Paulo em relação aos demais Estados brasileiros, com aproximadamente 16.000 estabelecimentos em 2005. O Estado do Paraná possui aproximadamente 9% das empresas industriais do Setor Têxtil e Confecção do Brasil. Juntos, os cinco Estados de maior representatividade possuem, aproximadamente, 72% das indústrias do setor. Dos Estados mais representativos, o Rio Grande do Sul é o que possui a menor taxa de crescimento no número de estabelecimentos. Em 2001, ele possuía 3.258 indústrias e, ao longo desses cinco anos, passou para 3.341, apresentando cerca de 2,55% de aumento. Por outro lado, o Estado do Paraná possui a maior taxa de
crescimento
entre
os
Estados
de
maior
representatividade,
com
aproximadamente 23,20% de aumento no número de estabelecimentos no período
139
analisado (2001-2005). Esses dados, como também os dados de todos os Estados brasileiros, podem ser observados na tabela exposta no Apêndice D, p. 241. Quanto aos empregos do Setor Têxtil e Confecção, pode-se verificar na Figura 26 que 74% dos vínculos ativos do setor está concentrado em cinco Estados. Comparando os resultados com a Figura 25, p. 138, percebe-se que a única alteração na classificação dos Estados mais significativos é a inserção do Estado do Rio de Janeiro no lugar do Rio Grande do Sul. FIGURA 26 – EMPREGOS DO SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO
Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., 2006).
O Estado do Paraná apresenta, no período analisado (2001-2005), a maior variação positiva no número de empregos entre os Estados mais expressivos, com aproximadamente, 35,23% de crescimento. O Estado do Rio de Janeiro, apesar de possuir a quinta representatividade em número de empregos no setor, não apresenta crescimento expressivo nesse período, com somente 5,64% de aumento. Em todo o País, houve um aumento de 18,23% no número de empregos no Setor Têxtil e Confecção, conforme a tabela do Apêndice E, p. 242. Quando comparados ambos os setores, Têxtil (divisão 17) e Confecção (divisão 18), é possível verificar que o Setor de Confecção possui o maior número de estabelecimentos, cerca de 40.000 em média (ver Figura 27, p. 140). Além disso, o Setor
de
Confecção
possui
uma
curva
de
crescimento
no
número
de
estabelecimentos mais acentuada do que o Setor Têxtil. A dificuldade do negócio é um fator que contribui para este comportamento, visto que é mais fácil criar novas indústrias de confecções do que indústrias têxteis, principalmente porque a tecnologia, o capital e o conhecimento são fatores relevantes para cada situação e possuem pesos distintos. A variação do emprego para cada setor pode ser observada, também, na Figura 27, p. 140. A divisão 17 (Setor Têxtil) possui, nos cinco anos analisados, uma certa estabilidade no seu comportamento, com leve
140
crescimento no emprego. Por outro lado, a divisão 18 (Setor de Confecção) possui uma curva de crescimento mais acentuada. FIGURA 27 – ESTABELECIMENTOS E EMPREGOS NAS DIVISÕES 17 E 18
Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., 2006).
Com relação às exportações e importações do Setor Têxtil e Confecção, pode-se perceber na Figura 28 que, após a crise da década de 90, as importações (em dólares) foram superadas pelas exportações somente em 2001. A partir deste ano, o país exportou mais do que importou com o Setor Têxtil e Confecção. Ainda nessa figura, é possível verificar que a crise 36 do setor nos anos 90 estendeu-se até o final da referida década. FIGURA 28 – IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO NO BRASIL
Fonte: O autor a partir de dados da base ALICE (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006b).
Na Figura 29, p. 141, é possível observar dados da balança comercial do Setor Têxtil e Confecção. Pode-se verificar, nesta figura, que o crescimento das exportações nos anos de 2003 a 2005 é bastante expressivo, fato este que contribuiu para o aumento da balança comercial nesses referidos anos, mesmo com o avanço das importações no mesmo período. 36
Muitos autores afirmam que o principal fator que culminou com a crise do setor têxtil e confecção no ....Brasil na década de 90 foi o fato da inserção de produtos asiáticos no mercado nacional.
141
FIGURA 29 – BALANÇA COMERCIAL DO SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO
Fonte: O autor a partir de dados da base ALICE (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006b).
A Figura 30 traz o panorama das exportações brasileiras classificadas segundo a NCM 37. Foram utilizados os capítulos 50 a 63, ou seja, os capítulos que compõem a Seção XI da NCM, onde estão classificados os produtos têxteis e derivados (“Matérias têxteis e suas obras”). No Apêndice F, p. 243, consta uma lista detalhada sobre os produtos que compõem cada capítulo. FIGURA 30 – EXPORTAÇÕES POR TIPO DE PRODUTO
Fonte: O autor a partir de dados da base ALICE (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006b).
Pode-se verificar na Figura 30 que os produtos mais expressivos são aqueles contidos na NCM 52 (Algodão) e NCM 63 38 (Outros artefatos têxteis confeccionados; sortidos; artefatos de matérias têxteis; calçados; chapéus e artefatos de uso semelhante; e, trapos), com destaque para a NCM 52, onde houve um crescimento considerável nas exportações a partir de 2002. Por outro lado, os indicadores das importações do Brasil podem ser verificados na Figura 31, p. 142. Nos últimos anos, as importações mais 37
NCM: Nomenclatura Comum do Mercosul; O Brasil, a Argentina, o Paraguai e o Uruguai adotam, ....desde janeiro de 1995, a NCM (Fonte: MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006a). 38 A NCM 63 contém o setor de calçados, portanto, sua representatividade deve ser desconsiderada, ....visto que este é um setor bastante expressivo no Brasil e que pode distorcer os dados.
142
significativas estão relacionadas, respectivamente, com os produtos contidos na NCM 54 (Filamentos sintéticos ou artificiais), NCM 55 (Fibras sintéticas ou artificiais, descontínuas), 52 NCM (Algodão) e NCM 62 (Vestuário e seus acessórios, exceto malha). Além disso, duas análises devem ser contempladas: a primeira refere-se à dependência brasileira aos produtos da NCM 54, sempre com níveis elevados de importação nos anos analisados; e, a segunda refere-se à NCM 52, que no período teve suas importações reduzidas abruptamente. O país, ao mesmo tempo em que reduziu as importações dos produtos NCM 52, passou a exportá-los em níveis elevados, fato que pode ser observado na análise das Figura 31 e Figura 30, p. 141. FIGURA 31 – IMPORTAÇÕES POR TIPO DE PRODUTO
Fonte: O autor a partir de dados da base ALICE (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006b).
Ainda com relação à NCM 52 (Algodão), pode-se observar, na Figura 32, p. 143, que a projeção das exportações e importações favoreceram uma mudança significativa na balança comercial dos produtos contidos nesta classificação. Foi em meados do ano 2001 que a balança comercial destes produtos começou a ficar positiva. Desde então as exportações superam as importações, favorecendo tal indicador. Em 2005, por exemplo, as exportações chegaram ao seu auge concomitantemente com a redução das importações destes produtos, favorecendo ainda mais a balança comercial.
143
FIGURA 32 – EVOLUÇÃO DAS EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES (NCM 52)
Fonte: O autor a partir de dados da base ALICE (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006b).
Todos os dados referentes à exportação e à importação do setor têxtil e derivados estão disponíveis no final deste documento, mais precisamente nos Apêndice G e H, p. 244-245. 6.1.2 Setor Têxtil no Brasil (Divisão 17) O setor têxtil do Brasil possui cerca de 10.700 estabelecimentos. Deste total, aproximadamente 33% estão localizados no Estado de São Paulo. O Paraná aparece entre os cincos Estados de maior representatividade no número de estabelecimentos, com 704 indústrias. Os Estados mais expressivos, bem como as suas respectivas representatividades podem ser observadas na Figura 33. FIGURA 33 – ESTABELECIMENTOS DO SETOR TÊXTIL
Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., 2006).
Quanto ao crescimento do número de estabelecimentos no período de 2001 a 2005, os dados apresentam o Estado de Santa Catarina com o melhor indicador, com cerca de 20% de aumento no número de indústrias no período analisado. O Rio Grande do Sul (quarto Estado de maior representatividade em 2005) aparece com esse indicador negativo, ou seja, houve um decréscimo no número de indústrias do Setor Têxtil nesse período. Os dados completos podem ser verificados no Apêndice I, p. 246.
144
Quanto ao censo do emprego no Setor Têxtil, São Paulo possui a hegemonia neste quesito, com 37% dos vínculos ativos do setor (ver Figura 34). O Estado do Ceará aparece como o quarto Estado mais representativo no número de empregos, com 5% dos vínculos ativos do setor. Minas Gerais, apesar de possuir o segundo maior número de estabelecimentos, não possui tal posição no número de empregos. É de Santa Catarina a segunda maior geração de empregos do Setor Têxtil. FIGURA 34 – EMPREGOS DO SETOR TÊXTIL
Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., 2006).
Entre os Estados mais representativos no número de empregos no setor têxtil, merecem destaque o Estado de Minas Gerais, com crescimento de 10,84% no período analisado (2001-2005), e o Estado de São Paulo, com 10,74% de aumento no número de vínculos ativos. É importante destacar que São Paulo possui uma base de empregos maior, com cerca de 100 mil postos de trabalho contra 50 mil empregos em Minas Gerais, o que faz o seu percentual ser mais significativo. Por outro lado, o Estado do Paraná regrediu no número de empregos entre 2001 a 2005, com uma redução dos vínculos ativos no período em 1,66%. Além disso, pode-se verificar que essa redução vem sendo gradativa ao longo dos anos analisados. A evolução dos empregos do Setor Têxtil de todos os Estados brasileiros e o Distrito Federal podem ser observados no Apêndice J, p. 247. 6.1.3 Setor de Confecção no Brasil (Divisão 18) No setor de confecção do Brasil, a posição do Estado de São Paulo não é muito diferente do que foi apresentado até então. O número de estabelecimentos de São Paulo representa, aproximadamente, 29% das indústrias do Setor de Confecção do país. Os Estados de Minas Gerais e Santa Catarina também aparecem nas mesmas posições e com representatividades semelhantes em comparação com o Setor Têxtil (ver Figura 35, p. 145).
145
FIGURA 35 – ESTABELECIMENTOS DO SETOR DE CONFECÇÃO
Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., 2006).
Quando analisada a variação no número de estabelecimentos no período de 2001 a 2005, verifica-se que entre os Estados mais representativos, o Paraná é aquele que mais se destaca, com aproximadamente 25,62% de aumento no período analisado. Logo em seguida aparecem os Estados de Santa Catarina e São Paulo, com cerca de 18% e 10% respectivamente. Os dados desses e dos demais Estados da Federação estão disponíveis no Apêndice K, p. 248. Os empregos do Setor de Confecção são muito mais representativos se comparados com os do Setor Têxtil. Este fato pode ser explicado pela grande quantidade de mão-de-obra necessária nas confecções brasileiras e ao constante aumento no nível de automação do parque fabril têxtil nacional, como observados nos estudos de Gorini e Siqueira, (2002). No Estado de São Paulo estão localizados cerca de 27% dos vínculos ativos do Setor de Confecção. O Paraná aparece na quarta colocação com, aproximadamente, 11% dos empregos. Os cincos Estados mais significativos no número de empregos do Setor de Confecção podem ser observados na Figura 36. FIGURA 36 – EMPREGOS DO SETOR DE CONFECÇÃO
Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., 2006).
Entre os Estados mais representativos no número de empregos, o Paraná é aquele que obteve o maior crescimento relativo ao período analisado, com cerca de 48% de aumento entre 2001 e 2005. Somente o Estado do Rio de Janeiro obteve um
146
crescimento baixo. Os demais obtiveram aumentos significativos, como por exemplo, São Paulo (22,59%), Santa Catarina (26,50%), e, Minas Gerais (31,25%). Estes dados, como também, os dados dos demais Estados brasileiros, podem ser verificados no Apêndice L, p. 249. 6.2
PANORAMA DO SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO NO PARANÁ Nesta etapa do mapeamento, foram analisados os dados da RAIS
(MISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO) para o Paraná, com objetivo de verificar o número de estabelecimentos, empregos e dados correlatos, bem como os dados do sistema ALICE (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR), para obter informações sobre importação e exportação, e a base de dados Lattes (CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO), para identificar a estrutura de pesquisa no Estado. 6.2.1 Setor Têxtil e Confecção no Paraná (Divisões 17 e 18) O número de estabelecimentos do Setor Têxtil e Confecção (divisões 17 e 18 da CNAE 1.0) no Estado do Paraná foi classificado segundo a Mesorregião correspondente. Pode-se verificar, na Figura 37, que a Mesorregião Norte Central detém a maior parte do número de indústrias do Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná, com cerca de 42% do total (dados de 2005). Em seguida, aparece a Mesorregião Noroeste com, aproximadamente, 20% dos estabelecimentos. A Mesorregião Metropolitana de Curitiba detém 13% das indústrias do setor. FIGURA 37 – NÚMERO DE ESTABELECIMENTOS NO ESTADO
Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., 2006).
A Figura 38, p. 147, traz o mapa dos estabelecimentos do Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná. É possível verificar no mapa que existe uma região
147
com pouca participação no setor Têxtil e Confecção: as Mesorregiões Centro Sul, Sudeste e Centro-Oriental. Por outro lado, as regiões norte e oeste do Estado possuem uma concentração maior de estabelecimentos. FIGURA 38 – MAPA DOS ESTABELECIMENTOS DO ESTADO
Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., 2006).
Nesse contexto, ao analisar a projeção do número de estabelecimentos no período de 2001 a 2005 (ver Figura 37, p. 146), pode-se verificar que a Mesorregião Metropolitana de Curitiba possui crescimento de certa forma linear, diferentemente do que ocorre com as Mesorregiões Norte Central e Noroeste, que possuem curvas de crescimento mais acentuadas. Esse comportamento no crescimento pode ser observado, também, na Tabela 4, p. 148, com a análise da variação do período. A Mesorregião Sudeste, por exemplo, obteve durante o período analisado uma redução no número de estabelecimentos do Setor Têxtil e Confecção (ver Tabela 4, p. 148). Nesse estágio do mapeamento não é possível a identificação do setor (Setor Têxtil ou Confecção) realmente responsável por tal redução. Isto vai ser possível quando for realizado o levantamento dos setores separadamente, conforme citado no início deste capítulo.
148
TABELA 4 – ESTABELECIMENTOS POR MESORREGIÃO (DIVISÃO 17 E 18) Nº Mesorregiões
2001
2002
Período 2003
2004
2005
1.465 1.548 1.598 1.748 1.866 1 Norte Central 703 745 786 878 904 2 Noroeste 537 555 582 604 582 3 Metropolitana de Curitiba 331 349 381 394 408 4 Oeste 195 196 203 203 217 5 Sudoeste 126 128 133 148 153 6 Centro Ocidental 113 130 142 160 170 7 Norte Pioneiro 81 80 90 77 81 8 Centro Oriental 72 77 68 70 67 9 Sudeste 37 43 54 61 61 10 Centro-Sul Total 3.660 3.851 4.037 4.343 4.509 Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., (2006). Legenda: vp = variação percentual entre 2001 e 2005.
vp (%) 27,37 28,59 8,38 23,26 11,28 21,43 50,44 0,00 -6,94 64,86 23,20
Os empregos do Setor Têxtil e Confecção e sua distribuição no Estado do Paraná podem ser verificados na Figura 39. Percebe-se que na Mesorregião Norte Central estão localizados cerca de 42% dos empregos do setor no Estado. A Mesorregião Metropolitana de Curitiba, apesar de aparecer na terceira posição em número de estabelecimentos (ver também Figura 37, p. 146), detém a quinta posição em relação aos empregos gerados no setor, com aproximadamente 8% de representatividade. FIGURA 39 – REPRESENTATIVIDADE DO EMPREGO NO ESTADO
Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., 2006).
O mapa do emprego (Setor Têxtil e Confecção) do Estado do Paraná pode ser observado na Figura 40, p. 149. Pode-se, novamente, observar regiões com baixa contribuição no número de empregos no Setor Têxtil e Confecção: Mesorregiões Sudeste, Centro-Sul e Centro-Oriental. Essas regiões são as mesmas
149
verificadas anteriormente quanto ao número de estabelecimentos (ver Figura 38, p. 147). FIGURA 40 – MAPA DO EMPREGO NO ESTADO
Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., 2006).
Na Tabela 5, p. 150, estão todos os dados referentes ao número de empregos do setor Têxtil e Confecção. Os dados estão classificados por mesorregião paranaense. Pode-se verificar que a Mesorregião Noroeste possui, no período analisado, crescimento significativo no número de empregos no Setor Têxtil e Confecção, com cerca de 63% de aumento. Por outro lado, a Mesorregião Sudeste, devido à redução no número de estabelecimentos do setor na região (ver também Tabela 4, p. 148), obteve uma redução de vínculos ativos em 18,98%. Em 2001, a Mesorregião Metropolitana de Curitiba possuía a terceira posição no Estado. Como seu crescimento não foi expressivo, acabou sendo superada, a partir de 2004, pelo desenvolvimento do setor nas Mesorregiões Oeste e Sudoeste.
150
TABELA 5 – EMPREGOS POR MESORREGIÃO (DIVISÃO 17 E 18) Nº Mesorregiões
2001
2002
Período 2003
2004
2005
22.377 25.554 25.155 28.577 29.387 1 Norte Central 8.095 9.076 9.961 12.023 13.192 2 Noroeste 4.941 5.369 5.575 5.703 5.468 3 Metropolitana de Curitiba 4.081 4.619 5.330 6.139 5.960 4 Oeste 3.890 4.452 4.805 5.741 5.618 5 Sudoeste 3.526 3.849 3.999 4.339 4.556 6 Norte Pioneiro 2.150 2.033 1.925 2.477 2.440 7 Centro Ocidental 1.286 1.336 1.443 1.365 1.362 8 Centro Oriental 325 474 606 778 688 9 Centro-Sul 274 219 299 284 222 10 Sudeste Total 50.945 56.981 59.098 67.426 68.893 Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., (2006). Legenda: vp = variação percentual entre 2001 e 2005.
vp (%) 31,33 62,96 10,67 46,04 44,42 29,21 13,49 5,91 111,69 -18,98 35,23
Com relação às exportações e importações realizadas pelo Paraná, pode-se verificar na Figura 41 que a balança comercial do Setor Têxtil e Confecção do Estado somente ficou positiva, nos últimos dez anos, em 2003, quando superou em, aproximadamente, quatro milhões de dólares (U$ 66 milhões de produtos exportados contra U$ 62 milhões em importação). Desde então essa diferença vem aumentando gradativamente, sendo que em 2005 a balança comercial obteve como resultado um superávit de, aproximadamente, U$ 49 milhões. FIGURA 41 – IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO NO ESTADO
Fonte: O autor a partir de dados da base ALICE (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006b).
Os dados sobre a balança comercial (saldo), bem como o período de déficit e superávit podem ser verificados na Figura 42, p. 151. Nota-se que 1996, 1997 e 2002 foram os anos de pior desempenho do Setor Têxtil e Confecção no Estado do Paraná. Os dados completos das importações e exportações do Paraná podem ser observados no final deste documento, mais precisamente no Apêndice M, p. 250, e no Apêndice N, p. 251.
151
FIGURA 42 – BALANÇA COMERCIAL DO SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO
Fonte: O autor a partir de dados da base ALICE (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006b).
A Figura 43 fornece um panorama mais detalhado das exportações por família de produtos, ou seja, segundo a classificação da NCM – Nomenclatura Comum do Mercosul. Essa classificação pode ser observada com mais detalhes no Apêndice D, p. 241. Pode-se verificar que no Estado do Paraná as exportações dos produtos contidos na NCM 50 (Seda) vem sendo reduzidas ao longo do período analisado. Em 1996, as exportações dos produtos contidos na NCM 50 representavam cerca de 73% do total do Estado; em 2005 essa representatividade caiu para 22%. FIGURA 43 – EXPORTAÇÃO POR TIPO DE PRODUTO
Fonte: O autor a partir de dados da base ALICE (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006b).
Em outro sentido, as exportações referentes à NCM 56 (Pastas, feltros e falsos tecidos; fios especiais; cordéis, cordas e cabos; e, artigos de cordoaria) obtiveram um crescimento acentuado a partir de 2002, com fechamento em 2005 em, aproximadamente, U$ 48 milhões, representando mais de 50% das exportações do Setor Têxtil e Confecção no Estado. A Figura 44, p. 152, traz um comparativo entre a representatividade dos últimos dez anos de exportações e as exportações de 2005. Pode-se verificar que os produtos contidos na NCM 56 (Pastas; feltros e falsos tecidos; fios especiais;
152
cordéis, cordas e cabos; e, artigos de cordoaria) representou, em 2005, aproximadamente, 49% da matriz de exportação do Setor Têxtil e Confecção, ou seja, quase a metade do que o país exporta no setor é representado por esses produtos. FIGURA 44 – REPRESENTATIVIDADE DAS EXPORTAÇÕES
Fonte: O autor a partir de dados da base ALICE (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006b).
Ainda na Figura 44, quando analisada a média do período de 1996 a 2005, percebe-se que os produtos classificados na NCM 50 (Seda) são os mais significativos na exportação, com cerca de 48% do faturamento. No caso das importações, até o final dos anos 90 houve uma significativa redução na comercialização dos produtos contidos na NCM 52 (Algodão) e na NCM 55 (Fibras sintéticas ou artificiais, descontínuas), conforme Figura 45, p. 153. Em 1996, as importações de produtos da NCM 52, por exemplo, representavam cerca de 65% do total; em 2005 fechou em apenas 2,3% do montante. Por outro lado, a partir de 1999 houve um crescimento considerável no volume de importações de produtos contidos na NCM 54 (Filamentos sintéticos ou artificiais), atingindo o pico em 2002, com U$ 63 milhões. De 2002 a 2005, as importações desses produtos (NCM 54) vem sendo reduzidas substancialmente, chegando a U$ 13 milhões no último ano analisado.
153
FIGURA 45 – IMPORTAÇÃO POR TIPO DE PRODUTO
Fonte: O autor a partir de dados da base ALICE (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006b).
A média das importações nos últimos dez anos para todos os produtos da matriz do Setor Têxtil e Confecção está exposta na Figura 46, bem como a representatividade das importações do último ano analisado (2005). Pode-se verificar que, no Brasil, a importação dos produtos contidos na NCM 54 é significativa. Além disso, na média são importados cerca de 28% de produtos derivados da NCM 52, porém eles foram reduzidos gradativamente durante os últimos anos, sendo que a importação em 2005 representa, aproximadamente, 2% do montante em dólares. FIGURA 46 – REPRESENTATIVIDADE DAS IMPORTAÇÕES
Fonte: O autor a partir de dados da base ALICE (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006b).
Na seqüência do mapeamento estão os resultados da análise individual de cada setor, ou seja, em primeiro lugar tem-se o estudo do Setor Têxtil no Paraná (divisão 17). Em seguida, apresentam-se os resultados para o Setor de Confecção (divisão 18). Pretende-se, com esta abordagem, obter mais detalhes sobre cada setor, com a identificação das peculiaridades de cada divisão da CNAE 1.0.
154
6.2.2 Setor Têxtil no Paraná (Divisão 17) Quando analisado somente o Setor Têxtil, pode-se verificar, na Figura 47, que a Mesorregião Norte Central continua com uma expressiva representação no número de estabelecimentos do setor, com cerca de 34% do Estado. A Mesorregião Metropolitana de Curitiba aparece como a segunda mais expressiva, com aproximadamente 21% dos estabelecimentos industriais do setor. Porém, nos últimos anos sua participação vem caindo. FIGURA 47 – ESTABELECIMENTOS DO SETOR TÊXTIL NO PR
Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., 2006).
A Tabela 6 traz dados referentes ao número de estabelecimentos das mesorregiões do Estado do Paraná. Pode-se verificar que, no período analisado (2001 a 2005), a Mesorregião Norte Central obteve cerca de 28% de aumento no número de estabelecimentos industriais do Setor Têxtil. TABELA 6 – ESTABELECIMENTOS POR MESORREGIÃO (DIVISÃO 17) Nº Mesorregiões
2001
2002
Período 2003
2004
2005
194 207 204 226 248 1 Norte Central 137 138 164 157 145 2 Metropolitana de Curitiba 75 63 68 70 74 3 Oeste 55 51 51 57 67 4 Noroeste 46 51 45 42 45 5 Sudeste 38 37 40 40 34 6 Norte Pioneiro 35 26 25 25 26 7 Sudoeste 23 23 23 29 32 8 Centro Ocidental 23 24 28 23 23 9 Centro Oriental 5 9 9 8 10 10 Centro-Sul Total 631 629 657 677 704 Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., (2006). Legenda: vp = variação percentual entre 2001 e 2005.
vp (%) 27,84 5,84 -1,33 21,82 -2,17 -10,53 -25,71 39,13 0,00 100,00 11,57
155
Ainda na Tabela 6, p. 154, percebe-se que a mesorregião Metropolitana de Curitiba
aparece
com
145
empresas,
em
2005,
que
correspondem
a,
aproximadamente, 20% dos estabelecimentos do Estado, e um crescimento de 5,84% no período. Além disso, é possível observar que muitas mesorregiões obtiveram redução no número de indústrias. A mesorregião Centro Oriental obteve oscilações nesse período, mas continuou, ao final de 2005, com o mesmo número de estabelecimentos industriais. A Tabela 7 fornece um panorama mais detalhado sobre o número de estabelecimentos da divisão 17 da CNAE 1.0 (Setor Têxtil), estratificado por grupos que compõem a matriz de produtos dessa divisão. A divisão 17 é composta por 7 grupos e os dados da tabela são da competência de 2005. Pode-se verificar, na Tabela 7, que o Grupo 176 da CNAE 1.0 (Fabricação de artefatos têxteis a partir de tecidos, exclusive vestuário) é o mais representativo quanto ao número de estabelecimentos, com 288 empresas nesse segmento, que representam cerca de 32% do total do setor. A região mais representativa no Grupo 176 é a Mesorregião Norte Central, com 95 empresas. Outro segmento do Setor Têxtil relevante no Estado é o Grupo 177 (Fabricação de tecidos e artigos de malha), com 167 estabelecimentos. A nomenclatura dos grupos da divisão 17 e 18 da CNAE 1.0 está no Apêndice C, p. 240. TABELA 7 – ESTABELECIMENTOS POR GRUPOS DA DIVISÃO 17 Grupo 177
Grupo 176
Grupo 175
Grupo 174
Grupo 173
Grupo 172
Mesorregiões
Grupo 171
Estabelecimentos Classificados por Grupos
Norte Central 11 26 9 41 39 95 27 Metropolitana de Curitiba 1 7 4 17 16 57 43 Oeste 1 3 1 10 6 33 20 Noroeste 6 5 2 6 27 17 4 Sudeste 0 0 0 0 0 4 41 Norte Pioneiro 10 9 2 3 3 3 4 Centro Ocidental 12 2 1 5 4 5 3 Sudoeste 1 0 0 4 4 4 13 Centro Oriental 0 2 1 2 2 7 9 Centro-Sul 0 0 2 2 0 3 3 Total 42 54 22 90 101 228 167 Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., (2006).
Total
248 145 74 67 45 34 32 26 23 10 704
156
Quanto ao número de vínculos ativos, pode-se observar, na Figura 48, que a Mesorregião Norte Central continua bem destacada, com 37% dos empregos do setor no Estado. No entanto, convém destacar, também, a posição da Mesorregião Norte Pioneiro, com 12% dos empregos do Setor Têxtil do Paraná, apesar de deter somente 5% das indústrias do setor, ou seja, 34 empresas (ver também Tabela 6, p. 154). FIGURA 48 – EMPREGOS DO SETOR TÊXTIL NO PR
Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., 2006).
A variação do número de empregos pode ser evidenciada na Tabela 8. Observa-se que em muitas mesorregiões houve redução na mão-de-obra. Estas reduções ocasionaram um impacto direto no resultado geral do Estado, ou seja, no Paraná houve uma redução no número de empregos no Setor Têxtil em 1,66% (a redução está exposta na última linha da tabela). TABELA 8 – EMPREGOS POR MESORREGIÃO (DIVISÃO 17) Nº Mesorregiões
2001
2002
Período 2003
2004
2005
5.128 5.250 4.588 5.155 4.850 1 Norte Central 2.267 2.292 2.353 2.391 2.396 2 Metropolitana de Curitiba 1.868 1.802 2.010 1.808 1.577 3 Norte Pioneiro 1.090 1.113 1.148 1.203 1.001 4 Oeste 1.066 1.107 1.057 1.086 1.054 5 Centro Oriental 715 629 655 764 972 6 Noroeste 619 435 419 541 539 7 Centro Ocidental 189 148 171 176 128 8 Sudeste 148 232 310 311 326 9 Sudoeste 17 29 25 30 47 10 Centro-Sul Total 13.107 13.037 12.736 13.465 12.890 Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., (2006). Legenda: vp = variação percentual entre 2001 e 2005.
vp (%) -5,42 5,69 -15,58 -8,17 -1,13 35,94 -12,92 -32,28 120,27 176,47 -1,66
157
A Mesorregião Norte Central, com sua redução de 5,42%, foi uma das que mais obtiveram redução no número de empregos, com a diminuição de 278 postos de trabalho no período de 2001 a 2005 (ver Tabela 8, p. 156). Cabe ressaltar o fato de que esta mesorregião obteve um crescimento de, aproximadamente, 28% no número de estabelecimentos industriais (ver também Tabela 6, p. 154). Nesse contexto, uma das causas que podem estar contribuindo com essa redução de empregos é o advento da automação industrial, conforme abordado no trabalho de Gorini e Siqueira (2002). Na Tabela 9 pode-se verificar a distribuição dos empregos nos grupos que compõem a Divisão 17 (Setor Têxtil). Como mencionado, anteriormente, a divisão 17 é composta por sete grupos e os dados da tabela são da competência de 2005. TABELA 9 – EMPREGOS POR GRUPOS DA DIVISÃO 17 Grupo 177
Grupo 176
Grupo 175
Grupo 174
Grupo 173
Grupo 172
Mesorregiões
Grupo 171
Empregos Classificados por Grupos
Norte Central 204 1.846 129 803 615 929 324 Metropolitana de Curitiba 8 212 346 594 224 653 359 Norte Pioneiro 22 1.431 10 37 43 6 28 Centro Oriental 0 549 1 327 5 106 66 Oeste 2 451 1 116 20 252 159 Noroeste 77 71 58 41 478 236 11 Centro Ocidental 113 232 7 18 71 46 52 Sudoeste 0 0 0 60 43 157 66 Sudeste 0 0 0 0 0 7 121 Centro-Sul 0 0 24 1 0 9 13 Total 426 4.792 576 1.997 1.499 2.401 1.199 Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., (2006).
Total
4.850 2.396 1.577 1.054 1.001 972 539 326 128 47 12.890
Nota-se, na Tabela 9, que o Grupo 172 (Fiação), apesar de não ser tão significativo no número de estabelecimentos (ver Tabela 7, p. 155), é o mais representativo no quesito empregos, com 4.792 vínculos ativos em 2005 ou cerca de 37% do total do setor no Estado do Paraná. Outro grupo em situação semelhante é o Grupo 174 (fabricação de artefatos têxteis incluindo tecelagem), com 90 indústrias que empregam 1.997 pessoas. O Grupo 176 (Fabricação de artefatos têxteis a partir de tecidos, exclusive vestuário), que aparece com o maior número de estabelecimentos, emprega 2.401 indivíduos. Nos Apêndice O e P, p. 252-253, contêm os dados completos do setor Têxtil no Paraná por município.
158
A Figura 49 traz um panorama da faixa etária dos indivíduos que trabalham no Setor Têxtil paranaense, tanto do período do 2001 a 2005, quanto a representatividade do último ano analisado (2005). Pode-se verificar que os indivíduos que estão na faixa dos 18 aos 24 anos representam, aproximadamente, 29% da mão-de-obra do setor; em seguida aparecem os indivíduos da faixa de 30 aos 39 anos, com cerca de 28%. Porém, no período analisado, estas duas faixas etárias aparecem com leve declínio em número de indivíduos. Ao passo que, as faixas etárias de 40 aos 49 e de 50 aos 64 anos aparecem com leve crescimento nesse período. Este fato pode estar relacionado com a busca e a manutenção da mão-de-obra experiente e, não somente, com a recomposição (rejuvenescimento) dos recursos humanos. Além disso, a demografia mundial aponta para o envelhecimento da população. FIGURA 49 – FAIXA ETÁRIA (DIVISÃO 17)
Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., 2006).
Quanto a questão de gênero, a Figura 50, p. 159, traz o panorama do Setor Têxtil no Estado do Paraná. Pode-se observar que, no período analisado, as mulheres eram em maior número que os homens. Entretanto, no último ano do período essa situação se inverteu. Além disso, é possível observar que a distribuição de homens e mulheres por Mesorregião possui comportamento bastante variado. Existem mesorregiões com predominância de mão-de-obra masculina, como por exemplo, as mesorregiões Noroeste, Centro Oriental e Metropolitana de Curitiba. Por outro lado, há mesorregiões com predominância de mão-de-obra feminina, tais como as mesorregiões Oeste e Norte Pioneiro.
159
FIGURA 50 – GÊNERO (DIVISÃO 17)
Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., 2006).
A Mesorregião Norte Central possui um certo equilíbrio na questão de gênero da mão-de-obra, inclusive nas oscilações (dispensas e contratações) durante o período analisado (ver Figura 51). FIGURA 51 – GÊNERO NA MESORREGIÃO NORTE CENTRAL
Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., 2006).
Quanto ao grau de instrução, pode-se verificar, na Figura 52, p. 160, que os indivíduos com 2º grau completo representam cerca de 30%, seguidos das pessoas com 8ª série completa (20%), 2º grau incompleto (17%), e, 8ª série incompleta (17%). Todos esses dados são referentes a 2005. Porém, quando observadas as projeções de cada grau de instrução no período analisado, pode-se verificar que o setor está procurando pessoas mais qualificadas ou exigindo da sua própria mão-deobra essa qualificação. Este fato pode ser evidenciado com as constantes reduções no número de indivíduos com até 8ª série completa, e, por outro lado, o aumento significativo no número pessoas com 2º grau completo e, menos expressivo, mas com crescimento constante, na mão-de-obra de nível superior completo e incompleto.
160
FIGURA 52 – GRAU DE INSTRUÇÃO (DIVISÃO 17)
Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., 2006).
Na Figura 53 pode-se observar as projeções das importações e exportações do Setor Têxtil do Estado do Paraná. Esse setor passou por um longo período com resultados negativos na balança comercial. Somente em 2003 o Paraná conseguiu exportar mais do que importar e, a partir desse ano, as exportações aumentaram significativamente ao mesmo tempo em que as importações foram reduzidas. Conseqüentemente, o resultado da balança comercial foi bastante expressivo no último ano analisado, com um superávit de cerca de 57 milhões de dólares em 2005. FIGURA 53 – IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO DO SETOR DE TÊXTIL
Fonte: O autor a partir de dados da base ALICE (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006b).
Na Figura 54, p. 161, encontram-se as projeções das importações e exportações dos produtos que compõem, na sua maioria, a divisão 17 da CNAE 1.0. O período analisado corresponde os anos de 1996 a 2005. É importante ressaltar que a base de dados ALICE não trabalha com a classificação CNAE. Portanto, procurou-se identificar os grupos de produtos correspondentes a essa classificação para poder-se realizar uma análise específica do Setor Têxtil, e outra do Setor de Confecção.
161
FIGURA 54 – IMPORTAÇÕES E EXPORTAÇÕES (DIVISÃO 17)
Fonte: O autor a partir de dados da base ALICE (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006b).
Pode-se observar, na Figura 54, que as importações dos produtos correspondentes à NCM 52 (Algodão) foram reduzidas gradativamente ao longo do período analisado. Em contrapartida, nos últimos anos desse período, os produtos contidos na NCM 54 (Filamentos sintéticos ou artificiais) foram os mais importados no Estado do Paraná, tendo seu pico (em dólares) em 2002. Por outro lado, as exportações mais significativas no Paraná correspondem, respectivamente, aos produtos da NCM 56 e 50 (ver Apêndice D, p. 241). A NCM 50 (Seda) possui uma curva de tendência negativa, ou seja, está em processo de redução no período analisado, ao passo que a NCM 56 (Pastas, feltros e falsos tecidos; fios especiais; cordéis, cordas e cabos; e, artigos de cordoaria) está em ascensão. A Figura 55, p. 162, fornece a representatividade das exportações correspondentes ao Setor Têxtil do Estado do Paraná. Nela se encontram dois gráficos: um referente à média de exportações do período analisado (1996 – 2005) e classificado por grupos de produtos da NCM; e, outro correspondente ao último ano analisado (2005). Na análise conjunta dos dois gráficos, pode-se observar uma certa inversão nas proporções das exportações em duas categorias de produtos, a NCM 56 e a NCM 50. Em 2005, o Estado exportou mais produtos da NCM 56 (53%), cuja média do período nos remete a 25% desses produtos. No sentido contrário, os produtos da NCM 50 representaram, em 2005, 24% das exportações daquele ano, e a média do período corresponde a 52%.
162
FIGURA 55 – REPRESENTATIVIDADE DAS IMPORTAÇÕES DO PARANÁ
Fonte: O autor a partir de dados da base ALICE (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006b).
Quanto às importações do Estado do Paraná, pode-se verificar, na Figura 56, que o principal grupo de produtos importados são correspondentes à NCM 54 (33% na média do período analisado e 43% no último ano). Os produtos da NCM 52 eram bastante representativos, porém ao longo desse período o Estado do Paraná reduziu as importações desses produtos e passou a exportá-los em maior volume. FIGURA 56 – REPRESENTATIVIDADE DAS EXPORTAÇÕES DO PARANÁ
Fonte: O autor a partir de dados da base ALICE (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006b).
No Apêndice M, p. 250, e no Apêndice N, p. 251, estão localizados, respectivamente, os dados referentes às exportações e importação do Paraná. Todos esses dados se referem ao Setor Têxtil e Confecção e correspondem ao período de 1996 a 2005. 6.2.3 Setor de Confecção no Paraná (Divisão 18) No Setor de Confecção, a representatividade da Mesorregião Norte Central fica ainda mais forte. Com cerca de 42% do número de estabelecimentos em 2005, a região vem obtendo acréscimos gradativos ao longo do período analisado. Outra região de destaque é a Mesorregião Noroeste, com aproximadamente 22% dos
163
estabelecimentos do setor no Estado. Estes e os demais dados de todas as mesorregiões podem ser visualizados na Figura 57. FIGURA 57 – ESTABELECIMENTOS DO SETOR DE CONFECÇÃO DO PR
Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., 2006).
A Mesorregião Sudeste obteve redução no número de estabelecimentos do Setor de Confecção no período analisado, com cerca de 15%. Além desta, a Mesorregião Centro Oriental teve variação nominal nula no período, ou seja, obteve aumentos e reduções no período, mas acabou ficando com o mesmo número de empresas do início do período analisado. As demais obtiveram aumentos significativos no número de indústrias de confecção (ver Tabela 10). Em todo o Estado houve aumento de 25,62% no número de empresas desse setor. TABELA 10 – ESTABELECIMENTOS POR MESORREGIÃO (DIVISÃO 18) Nº Mesorregiões
2001
2002
Período 2003
2004
2005
1.271 1.341 1.394 1.522 1.618 1 Norte Central 648 694 735 821 837 2 Noroeste 400 417 418 447 437 3 Metropolitana de Curitiba 256 286 313 324 334 4 Oeste 160 170 178 178 191 5 Sudoeste 103 105 110 119 121 6 Centro Ocidental 75 93 102 120 136 7 Norte Pioneiro 58 56 62 54 58 8 Centro Oriental 32 34 45 53 51 9 Centro-Sul 26 26 23 28 22 10 Sudeste Total 3.029 3.222 3.380 3.666 3.805 Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., (2006). Legenda: vp = variação percentual entre 2001 e 2005.
vp (%) 27,30 29,17 9,25 30,47 19,38 17,48 81,33 0,00 59,38 -15,38 25,62
Pode-se verificar, na Tabela 11, p. 164, nesta tabela, que o Grupo 181 é o mais representativo quanto ao número de estabelecimentos do Setor de Confecção, com 3.414 empresas que correspondem, aproximadamente, a 90% do total no
164
Estado do Paraná. Outro dado que pode ser extraído desta tabela é referente ao posicionamento de cada mesorregião em relação aos grupos da CNAE. A Mesorregião Norte Central, por exemplo, se destaca das demais com 1.355 empresas no Grupo 181 e 263 no Grupo 182. TABELA 11 – ESTABELECIMENTOS POR GRUPOS DA DIVISÃO 18 Estabelecimentos Classificados por Grupos Grupo 181 Grupo 182 Norte Central 1.355 263 Noroeste 813 24 Metropolitana de Curitiba 389 48 Oeste 311 23 Sudoeste 181 10 Norte Pioneiro 126 10 Centro Ocidental 112 9 Centro Oriental 56 2 Centro-Sul 49 2 Sudeste 22 0 Total 3.414 391 Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., (2006). Mesorregiões
Total 1.618 837 437 334 191 136 121 58 51 22 3.805
Com relação aos vínculos ativos do Setor de Confecção, pode-se verificar, na Figura 58, que as curvas das Mesorregiões Norte Central e Noroeste demonstram um crescimento acentuado no número de empregos. A Mesorregião Norte Central possui, aproximadamente, 45% dos empregos do Setor de Confecção. FIGURA 58 – EMPREGOS DO SETOR DE CONFECÇÃO DO PR
Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., 2006).
Em todo o Paraná houve um crescimento de, aproximadamente, 48% no número de empregos do Setor de Confecção (ver Tabela 12, p. 165). As mesorregiões que mais contribuíram para esse resultado foram a Norte Central e a Noroeste, ambas agregaram cerca de 12.000 pessoas nesse período.
165
TABELA 12 – EMPREGOS POR MESORREGIÃO (DIVISÃO 18) Nº Mesorregiões
2001
2002
Período 2003
2004
2005
17.249 20.304 20.567 23.422 24.537 1 Norte Central 7.380 8.447 9.306 11.259 12.220 2 Noroeste 3.742 4.220 4.495 5.430 5.292 3 Sudoeste 2.991 3.506 4.182 4.936 4.959 4 Oeste 2.674 3.077 3.222 3.312 3.072 5 Metropolitana de Curitiba 1.658 2.047 1.989 2.531 2.979 6 Norte Pioneiro 1.531 1.598 1.506 1.936 1.901 7 Centro Ocidental 308 445 581 748 641 8 Centro-Sul 220 229 386 279 308 9 Centro Oriental 85 71 128 108 94 10 Sudeste Total 37.838 43.944 46.362 53.961 56.003 Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., (2006). Legenda: vp = variação percentual entre 2001 e 2005.
vp (%) 42,25 65,58 41,42 65,80 14,88 79,67 24,17 108,12 40,00 10,59 48,01
O presente estudo engloba, também, um levantamento sobre os grupos que compõem a divisão 18 da CNAE 1.0 (Setor de Confecção) na questão do emprego. Os dados completos podem ser observados na Tabela 13. Pode-se notar que a maior parte dos vínculos ativos do Setor de Confecção no Estado do Paraná está concentrado no Grupo 181 (Confecção de artigos do vestuário), com 49.241 empregos, que representam, aproximadamente, 88% do total. Desses empregos do Grupo 181, a Mesorregião Norte Central detém 19.786 vínculos ativos e a Mesorregião Noroeste possui 11.693 empregos neste setor. Nos Apêndice Q e R, p. 254-255, estão os dados completos do setor de Confecção do Estado por município. TABELA 13 – EMPREGOS POR GRUPOS DA DIVISÃO 18 Empregos Classificados por Grupos Grupo 181 Grupo 182 Norte Central 19.786 4.751 Noroeste 11.693 527 Sudoeste 5.191 101 Oeste 4.657 302 Metropolitana de Curitiba 2.177 895 Norte Pioneiro 2.897 82 Centro Ocidental 1.834 67 Centro-Sul 640 1 Centro Oriental 272 36 Sudeste 94 0 Total 49.241 6.762 Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., (2006). Mesorregiões
Total 24.537 12.220 5.292 4.959 3.072 2.979 1.901 641 308 94 56.003
Quanto à divisão etária da mão-de-obra do Setor de Confecção, pode-se verificar, na Figura 59, p. 166, que o setor possui curvas de tendências crescentes
166
em todas as faixas de idade. Destaque maior pode ser dado à faixa que vai dos 18 aos 24 anos, com cerca de 33% dos vínculos ativos em 2005. É importante destacar, também, que a faixa que vai de 50 aos 64 anos de idade também possui crescimento e representa 5% do total dos empregos do Setor de Confecção. FIGURA 59 – FAIXA ETÁRIA (DIVISÃO 18)
Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., 2006).
A distribuição por gênero dos empregos do Setor de Confecção está exposta na Figura 60. Pode-se perceber que as mulheres detêm a maioria dos empregos. Além disso, no período analisado, os empregos relativos às mulheres formam uma curva mais significativa em termos de crescimento. FIGURA 60 – GÊNERO (DIVISÃO 18)
Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., 2006).
A Figura 60 fornece, também, o panorama dos empregos e gênero, em 2005, sob o ponto de vista das mesorregiões do Estado do Paraná. Pode-se verificar que
167
em todas as mesorregiões há predominância do gênero feminino. Fato este que corrobora com as tendências apresentadas por Bloom (2001) e Mulgan (2001). A Figura 61 fornece um panorama do grau de instrução da mão-de-obra do Setor de Confecção do Estado do Paraná. Destaque deve ser dado para a representatividade dos indivíduos com 2º grau completo, cujo percentual relativo chega a, aproximadamente, 33%, e cuja curva de crescimento resultou, em cinco anos, na ascensão da quarta colocação em termos de representatividade para a mais significativa do setor. Este fato vai ao encontro às previsões da OCDE, no qual afirma que as empresas buscarão incentivar e capacitar seus colaboradores (ORGANISATION...,2001b). FIGURA 61 – GRAU DE INSTRUÇÃO (DIVISÃO 18)
Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., 2006).
As projeções das importações e exportações referentes ao Setor de Confecção podem ser visualizadas na Figura 62. Pode-se observar que somente em um único ano do período analisado o Estado do Paraná exportou mais do que importou. Foi em 2003, quando as exportações superaram as importações em cerca de três milhões de dólares. Nos demais anos, as importações foram muito mais significativas, o que afetou a balança comercial do setor. FIGURA 62 – IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO DO SETOR DE CONFECÇÃO
Fonte: O autor a partir de dados da base ALICE (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006b).
168
Os gráficos da Figura 63 fornecem a visão das importações e exportações do Setor de Confecção do Paraná. Os produtos são classificados segundo a NCM e foram identificados aqueles grupos que se aproximassem da classificação da CNAE. Pode-se observar que os produtos classificados na NCM 62 (Vestuário e seus acessórios, exceto de malha) representam o maior volume em dólares de importação no Paraná. No caso das exportações, os produtos da NCM 63 39 eram os mais exportados até 2002, quando acabaram sendo superados pelos produtos da NCM 61 (Vestuário e seus acessórios, de malha), que tiveram pico significativo em 2003. FIGURA 63 – IMPORTAÇÕES E EXPORTAÇÕES (DIVISÃO 18)
Fonte: O autor a partir de dados da base ALICE (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006b).
Na Figura 64, p. 169, estão expostas as representatividades das exportações e importações do Estado do Paraná. Os gráficos foram desenvolvidos segundo a média do período analisado (1996 – 2005) e de acordo com o resultado do último ano da referida análise (2005). Nota-se que, nas importações, a proporção relativa à média do período é bastante semelhante ao resultado do último ano da análise. No caso das exportações, houve uma redução na representatividade dos produtos da NCM 61 e aumento da NCM 62.
39
Como na NCM 63 está contido o setor de calçados, sua representatividade deve ser ......desconsiderada, visto que este é um setor bastante expressivo no Brasil e que pode distorcer os ......dados do Setor Têxtil e Confecção.
169
FIGURA 64 – REPRESENTAÇÃO DAS EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES
Fonte: O autor a partir de dados da base ALICE (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006b).
A seguir encontra-se o levantamento dos especialistas relacionados ao Setor Têxtil e Confecção, os grupos de Pesquisa do Estado que possuem produção nesta área, e, as Instituições de Pesquisa e Desenvolvimento. 6.3
PESQUISA NO SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO NO PARANÁ Para mapear os especialistas e os grupos de pesquisa nas áreas têxtil e
confecção do Estado do Paraná foi realizada uma investigação na base de dados da Plataforma Lattes (CNPq), por meio da utilização dos recursos de pesquisa do Portal Inovação. O Portal é um instrumento do MINISTÉRIO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA – MCT, cuja realização foi efetivada por meio da parceria entre o CENTRO DE GESTÃO E ESTUDOS ESTRATÉGICOS – CGEE e o INSTITUTO STELA. A investigação foi realizada pelo método da pesquisa boleana, por meio da utilização de palavras-chave referentes ao setor têxtil e setor de confecção. Existe uma dificuldade em analisar os dados oriundos desse tipo de pesquisa, pois são capturados todos os currículos e grupos de pesquisa do Lattes que contenham a palavra-chave pesquisada. Portanto, muitos currículos podem não fornecer ou não condizer com a expectativa ou objeto de pesquisa em questão, como por exemplo, currículos que possuem as palavras-chave pesquisadas, independentemente do grau de relacionamento com o tema, ou mesmo pelo duplo significado que as palavras possam ter, como a palavra “moda” que pode significar moda no sentido de se vestir e moda como parâmetro estatístico. Para evitar tais problemas, foi adotada uma estratégia de pesquisa que fornecesse somente currículos de especialistas e grupos de pesquisa que tivessem trabalhos na área, ou na pior das hipóteses, dados consolidados com uma margem de erro reduzida. Portanto, primeiramente foram pesquisadas as seguintes palavras-
170
chave: (i) vestuário; (ii) têxtil; (iii) confecção; e, (iv) moda. Em seguida, foram realizados cruzamentos para amenizar tal deficiência do sistema. A estratégia de pesquisa adotada pode ser observada conforme a representação da Figura 65. A área hachurada indica os especialistas e grupos de pesquisa que têm mais probabilidade de produzirem pesquisas e conhecimento na área têxtil e confecção. FIGURA 65 – ESTRATÉGIA DE PESQUISA UTILIZADA NA BASE LATTES
Legenda V = Vestuário T = Têxtil C = Confecção M = Moda
Fonte: O autor.
Nos próximos tópicos serão apresentados os dados referentes aos especialistas e grupos de pesquisa identificados no Paraná, resultado do cruzamento adotado na estratégia de investigação, conforme Figura 65. 6.3.1 Especialistas Os especialistas foram elencados conforme sua localização geográfica. Os dados completos referentes ao Estado do Paraná podem ser observados na Tabela 14, p. 171,. De acordo com os dados desta tabela, o município de Londrina aparece em destaque com 18 especialistas ou 25,71% dos pesquisadores com trabalhos na área têxtil e confecção do Estado do Paraná. Em seguida aparecem as cidades de Curitiba e Maringá, com quatorze especialistas cada uma, que representam em cada cidade 20% dos pesquisadores do Estado. Nesses três municípios citados anteriormente estão localizados aproximadamente 66% dos especialistas na área têxtil e confecção do Estado do Paraná. Os demais pesquisadores estão distribuídos
171
em doze municípios do Estado. Ainda foram identificados três especialistas que não se encaixaram no perfil pesquisado. TABELA 14 – LOCALIZAÇÃO DOS ESPECIALISTAS Município Especialistas (E) Representatividade (R) Londrina 18 25,71% Curitiba 14 20,00% Maringá 14 20,00% Ponta Grossa 5 7,14% Dois Vizinhos 3 4,29% Toledo 3 4,29% Cianorte 2 2,86% Outros Municípios com apenas 1 especialista 8 11,42% Não Fornecido / Não se aplica 3 4,29% Total no Estado do Paraná 70 100,00% Fonte: O autor a partir de dados da Plataforma Lattes (MINISTÉRIO DE CIÊNCIA..., 2006).
Porém, em termos regionais, foram agrupados os resultados individuais de cada município em suas respectivas mesorregiões. A mesorregião Norte Central se destaca, com aproximadamente 48% dos especialistas que possuem trabalhos na área têxtil e confecção ou 34 pesquisadores. Em seguida aparece a mesorregião Metropolitana de Curitiba, com quatorze pesquisadores que representam 20% dos especialistas do Paraná. Tem-se, na Figura 66, p. 172, o mapa do Estado do Paraná com a distribuição dos especialistas conforme a sua mesorregião. Percebe-se que a estratégia de pesquisa adotada não identificou nenhum especialista nas mesorregiões Norte Pioneiro e Centro-Sul. Além disso, as mesorregiões Sudeste e Centro Ocidental aparecem com apenas um e dois pesquisadores, respectivamente, demonstrando que há uma certa concentração de especialistas em determinadas regiões do Estado, como por exemplo, nas mesorregiões Norte Central e Metropolitana de Curitiba. Como registro, é importante salientar que não foi possível identificar a localização de três pesquisadores.
172
FIGURA 66 – MAPA DOS ESPECIALISTAS NO PARANÁ
Fonte: O autor a partir de dados da Plataforma Lattes (MINISTÉRIO DE CIÊNCIA..., 2006).
Quanto à formação dos especialistas identificados na pesquisa, pode-se verificar, na Tabela 15, que dos 70 pesquisadores, aproximadamente 34% possuem a titulação de doutor. Em nível de mestrado, há 25 especialistas que representam 35,71%. Entretanto, houve um caso onde não foi possível identificar a titulação do especialista. TABELA 15 – TITULAÇÃO DOS ESPECIALISTAS NO PARANÁ Titulação Máxima Especialistas Representatividade Doutores 24 34,29% Mestres 25 35,71% Especialistas 14 20,00% Graduados 6 8,57% Não Fornecido / Não se aplica 1 1,43% Total no Estado do Paraná 70 100,00% Fonte: O autor a partir de dados da Plataforma Lattes (MINISTÉRIO DE CIÊNCIA..., 2006).
A Tabela 16, p. 173, traz os dados da formação dos especialistas classificados conforme a localização geográfica do pesquisador. Pode-se verificar que a mesorregião Norte Central possui, pelo menos em termos de título, qualificação bastante superior às demais regiões do Estado do Paraná. Dos 34 especialistas que trabalham na região, doze são doutores, quinze são mestres e seis
173
são especialistas. Além disso, o especialista o qual não foi possível identificar a titulação pertence à mesorregião Norte Central. TABELA 16 – DISTRIBUIÇÃO REGIONAL POR TITULAÇÃO Formação DR MSC ESP GR NF/NA Total Norte Central 12 15 6 0 1 34 Metropolitana de Curitiba 6 4 2 2 0 14 Centro-Oriental 4 0 1 0 0 5 Sudoeste 0 1 2 2 0 5 Noroeste 0 1 1 1 0 3 Oeste 1 1 1 0 0 3 Centro-Ocidental 0 1 1 0 0 2 Sudeste 1 0 0 0 0 1 Centro-Sul 0 0 0 0 0 0 Norte Pioneiro 0 0 0 0 0 0 NF/NA 3 Total no Estado do Paraná 24 23 14 5 1 70 Fonte: O autor a partir de dados da Plataforma Lattes (MINISTÉRIO DE CIÊNCIA..., 2006). Legenda: DR: Doutores; MSC: Mestres; ESP: Especialistas; GR: Graduados; NF: Não Fornece.
Mesorregião
6.3.2 Grupos de Pesquisa Os grupos de pesquisa que possuem trabalhos na área têxtil estão localizados em apenas quatro municípios, como pode ser observado na Tabela 17. Em todo o Estado há 17 grupos que foram identificados pelo cruzamento realizado por meio da estratégia de pesquisa. A cidade de Ponta Grossa possui a maior representatividade,
com
oito
grupos
de
pesquisa,
o
que
corresponde,
aproximadamente, 47% do total. Os municípios de Curitiba e Maringá aparecem logo em seguida, com quatro e três grupos, respectivamente. TABELA 17 – GRUPOS DE PESQUISA Município Grupos de Pesquisa Representatividade Ponta Grossa 8 47,06% Curitiba 4 23,53% Maringá 3 17,65% Londrina 2 11,76% Total no Estado do Paraná 17 100,00% Fonte: O autor a partir de dados da Plataforma Lattes (MINISTÉRIO DE CIÊNCIA..., 2006).
Quando classificados os grupos de pesquisa por região do Paraná, pode-se perceber, na Tabela 18, p. 174, que a mesorregião Centro-Oriental se destaca das demais com oito grupos ou 47,06% da representatividade no Estado. Este fato é devido à contribuição do município de Ponta Grossa. Por outro lado, existem sete
174
mesorregiões que não possuem grupos de pesquisa. São elas: Centro-Ocidental, Centro sul, Noroeste, Norte Pioneiro, Oeste, Sudeste e Sudoeste. TABELA 18 – GRUPOS DE PESQUISA POR MESORREGIÃO Mesorregião Grupos de Pesquisa Representatividade Centro-Oriental 8 47,06% Norte Central 5 29,41% Metropolitana de Curitiba 4 23,53% Centro-Ocidental 0 0,00% Centro-Sul 0 0,00% Noroeste 0 0,00% Norte Pioneiro 0 0,00% Oeste 0 0,00% Sudeste 0 0,00% Sudoeste 0 0,00% Total no Estado do Paraná 17 100,00% Fonte: O autor a partir de dados da Plataforma Lattes (MINISTÉRIO DE CIÊNCIA..., 2006).
A mesorregião Norte Central, que vinha se destacando até então nos indicadores deste estudo, principalmente no número de empresas, empregos e especialistas, aparece, neste quesito, com apenas cinco grupos de pesquisa ou aproximadamente 30% do total dos grupos do Estado do Paraná. Em seguida aparece a mesorregião Metropolitana de Curitiba, com quatro grupos de pesquisa. Em todo o Estado foram identificados 17 grupos de pesquisa que possuem trabalhos na área Têxtil e Confecção (ver Tabela 18). A Tabela 19 traz as áreas nos quais os grupos de pesquisa atuam. Pode-se verificar que há oito grupos de pesquisa que pertencem à área de engenharia de produção (sete no município de Ponta Grossa – UTFPR e um na cidade de Maringá – UEM). A área de engenharia de produção corresponde a 47,06% dos grupos de pesquisa no Estado. Os demais grupos são das áreas de administração, desenho industrial, economia, antropologia e comunicação. TABELA 19 – ÁREAS DE ATUAÇÃO DOS GRUPOS DE PESQUISA Área de P&D Grupos de Pesquisa Representatividade Engenharia de Produção 8 47,06% Administração 3 17,65% Desenho Industrial 2 11,76% Economia 2 11,76% Antropologia 1 5,88% Comunicação 1 5,88% Total no Estado do Paraná 17 100,00% Fonte: O autor a partir de dados da Plataforma Lattes (MINISTÉRIO DE CIÊNCIA..., 2006).
175
6.3.3 Instituições de Pesquisa Na Tabela 20 estão elencadas as instituições as quais os grupos de pesquisa estão filiados. Destaque deve ser dado para a Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR, com oito grupos no Estado do Paraná. A Universidade Estadual de Maringá – UEM e a Universidade Estadual de Londrina – UEL aparecem com três e dois grupos de pesquisa, respectivamente. Dentre as universidades que possuem grupos de pesquisa, duas delas são organizações de responsabilidade do Governo Federal (UTFPR e UFPR), três são instituições do Governo do Estado (UEM, UEL e UEPG), e duas são particulares (PUC-PR e UTP). TABELA 20 – INSTITUIÇÕES DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO (IPD) IPD Grupos de Pesquisa Representatividade UTFPR 8 47,06% UEM 3 17,65% UEL 2 11,76% PUC-PR 1 5,88% UEPG 1 5,88% UFPR 1 5,88% UTP 1 5,88% Total no Estado do Paraná 17 100,00% Fonte: O autor a partir de dados da Plataforma Lattes (MINISTÉRIO DE CIÊNCIA..., 2006).
Devido às instituições de ensino e pesquisa possuírem diversas sedes no Estado, foi realizado um cruzamento dos grupos de pesquisa em relação à sua localização, conforme dados da Tabela 21. Percebe-se que há somente uma instituição que possui grupos de pesquisa em mais de uma sede, a UTFPR, com sete grupos em Ponta Grossa (engenharia de produção) e um em Curitiba (antropologia). TABELA 21 – LOCALIZAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES DE P&D IPD Município Grupos de Pesquisa Representatividade UTFPR Ponta Grossa 7 41,18% UEM Maringá 3 17,65% UEL Londrina 2 11,76% PUC-PR Curitiba 1 5,88% UEPG Ponta Grossa 1 5,88% UFPR Curitiba 1 5,88% UTFPR Curitiba 1 5,88% UTP Curitiba 1 5,88% Total no Estado do Paraná 17 100,00% Fonte: O autor a partir de dados da Plataforma Lattes (MINISTÉRIO DE CIÊNCIA..., 2006).
176
A Figura 67 apresenta um mapa da distribuição dos grupos de pesquisa e das instituições as quais eles estão filiados. A mesorregião Centro-Oriental, mais precisamente a cidade de Ponta Grossa, possui a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), com sete grupos de pesquisa, e a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), com um grupo. A mesorregião Metropolitana de Curitiba é onde os grupos estão mais dispersos, ou seja, apenas um grupo em cada instituição – Universidade Federal do Paraná (UFPR), Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) e Universidade Tuiuti do Paraná (UTP). FIGURA 67 – MAPA DOS GRUPOS DE PESQUISA NO PARANÁ
Fonte: O autor a partir de dados da Plataforma Lattes (MINISTÉRIO DE CIÊNCIA..., 2006).
Outro dado importante se refere a distribuição da pesquisa e da competência técnica do Setor Têxtil e Confecção no Estado do Paraná. Nesse sentido, existe uma rota que vai desde a mesorregião Metropolitana de Curitiba, passa pela CentroOriental e termina na mesorregião Norte-Central. Nessa “Rota Tecnológica” ou “Corredor da Pesquisa Têxtil e Confecção” estão todos os grupos de pesquisas que possuem trabalhos na área, com aproximadamente 75% dos especialistas do Estado do Paraná. Este fato pode ser observado na Figura 67.
177
6.4
O “ARCO” TÊXTIL E CONFECÇÃO PARANAENSE O Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná está, de certa forma,
concentrado nas seguintes mesorregiões: (i) Norte-Central; (ii) Noroeste; (iii) Oeste; e, (iv) Sudoeste. Essas mesorregiões possuem os indicadores mais expressivos do Estado, com aproximadamente 75% dos estabelecimentos e empregos do setor, como pode ser observado na Figura 68. FIGURA 68 – ARCO TÊXTIL E CONFECÇÃO PARANAENSE 2 1
≈ 75%
Legenda 1) Norte-Central 2) Noroeste 3) Oeste 4) Sudoeste
3
4
Fonte: O autor.
O Corredor Têxtil e Confecção demonstra que as instituições de ensino e pesquisa relacionadas ao setor não coincidem com as regiões de concentração de indústrias do Estado do Paraná (Arco Têxtil e Confecção). No entanto, a única área em comum entre o Corredor e o Arco Têxtil e Confecção é a Mesorregião Norte Central, justamente aquela que mais se destaca no Estado, com cerca de 43% dos empregos e indústrias do setor. Este fato corrobora com a teoria de desenvolvimento regional de Boisier (1996), a qual afirma que a promoção do desenvolvimento regional organizado se faz, também, pela interação das instituições e dos atores envolvidos no processo.
178
Além disso, é na região do “Arco Têxtil e Confecção” que estão localizados os seguintes Arranjos Produtivos Locais – APLs: (i) APL de confecção de Cianorte; (ii) APL de confecção de Maringá; (iii) APL de confecção de Londrina (mais embrionário); (iv) APL de bonés de Apucarana; (v) APL de moda bebê de Terra Roxa; (vi) APL de moda social masculina da região Sudeste. Outro APL importante do Estado que, porém, não está localizado nas mesorregiões descritas anteriormente, é o APL de malhas de Imbituva (mesorregião Sudeste). Percebe-se, também, que o “Arco Têxtil e Confecção” encontra-se localizado em uma área de intensa concentração industrial, segundo os estudos de Domingues e Ruiz (2006). Este fato pode ser resgatado no capítulo dois, mais precisamente na ilustração do mapa do Brasil exposto na Figura 2, p. 27. Na seqüência deste capítulo, encontra-se o estudo realizado pelo método Matriz de Impactos Cruzados e Multiplicação Aplicada a uma Classificação – MICMAC©, o qual propõe-se a identificar as variáveis-chave para o Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná. Mais informações sobre os procedimentos metodológicos desta etapa podem ser resgatadas no capítulo cinco (Aspectos Metodológicos), mais precisamente no tópico 5.3.3, p. 132. 6.5
O MÉTODO MICMAC©: ANÁLISES E DISCUSSÕES Em fevereiro de 2007, no município de Maringá, foi realizada a dinâmica para
a obtenção dos dados de entrada para o método MICMAC©. O Quadro 4, p. 179, traz a Matriz de Influência Direta – MID, a qual foi desenvolvida com o apoio do grupo de especialistas 40. Nesse quadro estão todas as dezesseis variáveis que foram colocadas “em jogo” com as respectivas ponderações utilizadas no processo de interação entre as variáveis.
40
Perfil dos especialistas: gestores, pesquisadores, empresários do Estado do Paraná que podem ....contribuir com o Setor Têxtil e Confecção.
179
QUADRO 4 – MATRIZ DE INFLUÊNCIA DIRETA (MID) 2 : EcoPolCEx
3 : DinMerc
4 : PolPub
5 : TecNovMat
6 : MeioAmbi
7 : CoopCadPro
8 : InvFin
9 : Emp
10 : EduCap
11 : P&D&I
12 : PropInd
13 : CultEmp
14 : MktPTend
15 : Des
16 : ProdQualPr
0 3 2 2 2 2 1 2 3 3 2 1 2 2 1 2
2 0 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 1 2
3 3 0 3 2 1 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
3 2 2 0 1 2 2 1 2 3 1 1 2 1 1 2
2 3 3 1 0 2 2 3 1 3 3 2 2 2 3 3
3 1 1 1 2 0 2 2 1 3 2 1 2 1 2 2
2 2 2 2 1 1 0 2 2 2 1 1 3 1 1 2
1 1 1 2 2 1 2 0 2 2 2 1 2 2 1 2
3 3 3 3 3 1 2 3 0 3 3 1 2 2 2 3
1 1 1 2 3 1 2 2 3 0 3 2 3 2 2 3
1 1 1 1 3 1 2 2 1 3 0 2 2 3 3 3
0 1 1 1 2 1 1 1 1 2 3 0 2 2 3 2
1 1 2 1 2 1 2 1 2 3 2 1 0 1 2 2
2 1 2 1 2 1 2 1 2 2 2 2 2 0 3 3
2 1 2 0 2 1 1 1 1 2 3 2 2 2 0 3
2 2 3 1 3 1 3 3 3 3 3 2 3 2 3 0
© LIPSOR-EPITA-MICMAC
1 : Soc 1 : Soc 2 : EcoPolCEx 3 : DinMerc 4 : PolPub 5 : TecNovMat 6 : MeioAmbi 7 : CoopCadPro 8 : InvFin 9 : Emp 10 : EduCap 11 : P&D&I 12 : PropInd 13 : CultEmp 14 : MktPTend 15 : Des 16 : ProdQualPr
Fonte: O autor com apoio do software MICMAC©.
A matriz MID permite colocar as variáveis em um plano de influência e dependência para posicioná-las segundo o grau de motricidade que elas exercem no sistema 41 investigado. O referido plano pode ser observado na Figura 69.
41
O sistema tratado nesta pesquisa refere-se às dezesseis variáveis colocadas “em jogo” no método ....MICMAC, as quais possuem relação com o Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná.
180
FIGURA 69 – PLANO DE INFLUÊNCIA E DEPENDÊNCIA DIRETA
Fonte: O autor com apoio do software MICMAC©.
Na seqüência encontra-se a análise do plano de influência e dependência extraído do software MICMAC©, com a explicação do posicionamento das variáveis e suas interpretações. 6.6
A LEITURA DO PLANO DE INFLUÊNCIA E DEPENDÊNCIA A primeira análise que se pode fazer com base neste plano deve ser realizada
por meio da classificação dos quadrantes segundo o grau de influência e dependência entre as variáveis. Desta forma, podem ser desenvolvidas leituras mais detalhadas dos grupos de variáveis que possuem comportamentos semelhantes no sistema. A classificação proposta pode ser verificada no plano da Figura 70, p. 181. Com a determinação da classificação, a primeira etapa é eliminar as variáveis pouco importantes para o sistema. Neste ponto, em especial, é importante uma ressalva: o método MICMAC© busca priorizar as variáveis, portanto, o fato de excluir
181
algumas variáveis não significa que elas não sejam importantes para o sistema. No momento que essas variáveis são colocadas “em jogo”, parte-se da premissa de que todas elas são significativas para o setor Têxtil e Confecção, porém o método ajuda a identificar as variáveis-chave, que serão primeiro trabalhadas. FIGURA 70 – PLANO DE INFLUÊNCIA E DEPENDÊNCIA
Variáveis de Entrada 1
Variáveis de Interdependência 2
Variáveis de Pelotão 5
Variáveis Excluídas 4
Variáveis de Resultado 3
Fonte: O autor com apoio do software MICMAC©.
Nesse sentido, o método MICMAC© apontou três variáveis a serem excluídas do sistema, localizadas no quadrante 4, a saber: (i) meio-ambiente; (ii) políticas públicas; e, (iii) propriedade industrial. Do ponto de vista estratégico e considerando a dinâmica empresarial, pode-se observar certa pertinência na exclusão destas variáveis. As empresas não têm domínio sobre as “políticas públicas” e sobre o “meio ambiente”. Essas variáveis dependem mais do coletivo do que de uma ação isolada. Parte-se da premissa de que os esforços devem ser canalizados para as variáveis as quais as empresas têm maior domínio.
182
Para priorização pode-se excluir a variável meio ambiente, apesar de a mesma ter sido apontada como uma tendência forte para o futuro em diversos estudos prospectivos (ORGANISATION..., 1999; INSTITUTO SUPERIOR..., 2005; INSTITUTO TECNOLÓGICO, 2004c; THE EUROPEAN..., 2006; ROOSEN, 2006). Este fato faz desta uma variável que precisa ser revista em um futuro próximo. O posicionamento da variável “políticas públicas” no quadrante de exclusão (quadrante 4 da Figura 70, p. 181) pode ser explicado pela descrença dos empresários e gestores com relação à efetividade dessas políticas no Brasil. Uma possível reflexão que se pode extrair deste fato é a de que as empresas do setor Têxtil e Confecção não podem esperar que políticas dessa natureza resolvam ou revertam a atual conjuntura 42 na qual se encontra o setor no Brasil. No Painel de Especialistas percebeu-se a existência de um certo consenso de que é preciso desenvolver ações de dentro para fora do setor, e não ficar esperando que políticas públicas resolvam a atual crise. Depende mais da postura de cada ator e do seu poder de articulação do que de decisões vindas de cima. Com relação à variável “propriedade industrial”, ela foi descartada porque ainda não existe um sistema efetivo de pesquisa e desenvolvimento no Setor Têxtil e Confecção no Estado do Paraná, cujo resultado gere inovações passíveis de proteção do direito da propriedade industrial, o que de fato torna impertinente essa variável no momento. Após a exclusão das variáveis descritas anteriormente, para efeito de análise são colocadas em espera um grupo de variáveis que possuem uma posição um pouco ambígua no sistema, localizadas no quadrante 5 da Figura 70, p. 181. A leitura dessas variáveis requer um pouco mais de análise, principalmente quando identificados os comportamentos indiretos de cada uma no sistema. Essas variáveis são denominadas de “variáveis de pelotão”, e podem ser assim enumeradas: (i) investimento e financiamento; (ii) design; (iii) cooperação e organização da cadeia produtiva; (iv) marketing, prospecção e tendências; (v) economia, política e comércio mundial; e, (vi) sociedade.
42
Muitos pesquisadores e empresários afirmam que o setor têxtil e de confecção estão passando por ....dificuldades devido à concorrência asiática. Existe uma defasagem tecnológica muito grande, o que ....gera uma redução na capacidade competitiva das empresas paranaenses.
183
Na seqüência, as “variáveis de entrada” são aquelas que possuem um comportamento muito influente e pouco dependente no sistema (ver quadrante 1 da Figura 70, p. 181). São variáveis que influenciam muito as demais, principalmente, aquelas variáveis localizadas no quadrante de resultado. Além disso, as variáveis de entrada não são muito influenciadas pelas demais variáveis do sistema. No jogo de influência, essas variáveis possuem comportamento menos dependente do que as demais. As variáveis que foram posicionadas no quadrante 1 e que assumem tais características são: (i) cultura empresarial; e, (ii) pesquisa, desenvolvimento e inovação (P&D&I). Dentre as duas variáveis que compõem o quadrante 1 (Figura 70, p. 181), a “cultura empresarial” é menos dependente do sistema do que a variável “P&D&I”. Porém, ambas são variáveis mais independentes, explicativas e que condicionam o resto do sistema. Por exemplo, qualquer ação que for desenvolvida no âmbito da cultura empresarial pode influenciar ou desencadear outras ações ou conseqüências nas demais variáveis do sistema, tanto positivas quanto negativamente. A mesma análise pode ser estendida para a variável P&D&I. Por exemplo, se for preciso desenvolver melhorias nas variáveis “tecnologia e novos materiais” e “produção, qualidade e produtividade”, será necessário, também, desenvolver ações em P&D&I. Mais adiante serão analisadas graficamente as relações diretas e indiretas entre variáveis, com seus respectivos graus de ponderação, o que facilitará a leitura e a identificação de como elas se relacionam. Seguindo a análise do plano de influência e dependência, no quadrante 2 da Figura 70, p. 181, também denominado como quadrante das variáveis de interdependência ou “de ligação”, estão localizadas as variáveis que são, concomitantemente, muito influentes e muito dependentes do sistema, por isso possuem comportamentos instáveis. Assim, qualquer ação sobre elas terá repercussão sobre as demais variáveis do sistema e um efeito regresso para elas mesmas. Elas são chamadas, também, de variáveis “de ligação” porque, em muitos casos, é nesse quadrante que se encontram as variáveis que fazem a ponte entre as variáveis de entrada (muito influentes) e as variáveis de resultado (muito dependentes). É nesse quadrante que encontram-se os desafios do sistema. As variáveis interdependentes são: (i) educação e capacitação; (ii) produção, qualidade e produtividade; e, (iii) tecnologia e novos materiais.
184
Em outras palavras, o método MICMAC© aponta que os desafios do sistema investigado (Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná) estão relacionados fortemente com a variável “educação e capacitação” e, um pouco menos, mas nem por isso menos significativo, com as variáveis “produção, qualidade e produtividade” e “tecnologia e novos materiais”. Por último, o plano de influência e dependência aponta duas variáveis, a “dinâmica do mercado” e o “emprego”, como sendo variáveis de resultado (ver quadrante 3 da Figura 70, p. 181). Geralmente, a evolução destas variáveis (de resultado) pode ser explicada pelo comportamento das variáveis dos quadrantes 1 e 2. Por exemplo, mudanças nas variáveis do quadrante 1 (cultura empresarial; e, P&D&I) podem refletir e influenciar as variáveis interdependentes (educação e capacitação; produção, qualidade e produtividade; e, tecnologia e novos materiais) que, conseqüentemente, afetarão o desempenho das variáveis de resultado (dinâmica do mercado; e, emprego). O método MICMAC© parte do pressuposto de que o âmbito empresarial é sistêmico, complexo e com sucessivas interações. É nesse sentido que o método ganha em praticidade, quando atribui-se a ele a capacidade de análise de um sistema relativamente complexo. 6.7
AS RELAÇÕES DIRETAS ENTRE AS VARIÁVEIS Na Tabela 22, p. 185, encontram-se todos os indicadores de influência e
dependência entre as variáveis analisadas para o setor. Destaque para as extremidades, como a variável “educação e capacitação”, com indicador de influência igual a 38, sendo a variável que mais influencia as demais. Em outras palavras, qualquer modificação no seu interior afetará as outras variáveis do sistema. Por outro lado, a variável “meio ambiente” é aquela que menos influencia o sistema e, concomitantemente, possui uma dependência baixa do mesmo. Ainda na Tabela 22, p. 185, a variável menos dependente é a “propriedade industrial” (23), ou seja, ela não depende das demais para existir. No lado oposto, as variáveis “emprego” e “produção, qualidade e produtividade” são as que mais dependem das demais (37 cada uma), ou seja, qualquer ação desenvolvida nas outras variáveis do sistema influenciará essas duas variáveis. Porém, a variável “produção, qualidade e produtividade” possui, também, uma forte influência (36), o que faz dela uma variável de interdependência.
185
TABELA 22 – INDICADOR DE INFLUÊNCIA E DEPENDÊNCIA DIRETA N°
Variável
01 Sociedade 02 Economia, Política e Comércio Mundial 03 Dinâmica do Mercado 04 Políticas Públicas 05 Tecnologia e Novos Materiais 06 Meio Ambiente 07 Cooperação e Organização da Cadeia Produtiva 08 Investimento & Financiamento 09 Emprego 10 Educação & Capacitação 11 Pesquisa & Desenvolvimento & Inovação 12 Propriedade Industrial 13 Cultura Empresarial 14 Marketing, Prospecção e Tendências 15 Design 16 Produção, Qualidade e Produtividade Total
Indicador de Influência 28 26 28 23 32 19 28 28 28 38 34 23 33 27 30 36 461
Indicador de Dependência 30 29 32 26 35 26 25 24 37 31 29 23 24 28 25 37 461
Fonte: O autor com apoio do software MICMAC©.
O gráfico da Figura 71 fornece um esboço mais detalhado do grau de influência e dependência entre as variáveis. Nele é possível verificar as variáveis mais influentes e aquelas mais dependentes das demais. Além disso, é possível observar o grau de complexidade do sistema, cujo problema está centrado em apenas dezesseis variáveis que se inter-relacionam umas com as outras de maneira sistêmica. A linha que representa a influência entre as variáveis possuem cores e espessuras diferentes conforme a intensidade de interação entre as variáveis, a saber: (i) influência muito fraca (linha preta tracejada); (ii) influência fraca (linha preta contínua); (iii) influência média (linha azul fina); (iv) influência relativamente importante (linha azul grossa); e, (v) influência muito importante (linha vermelha).
186
FIGURA 71 – GRÁFICO DE INFLUÊNCIA E DEPENDÊNCIA DIRETA
Influência muito fraca; Influência fraca; Influência média; Influência relativamente importante; e, Influência muito importante. Fonte: O autor com apoio do software MICMAC©.
Foram colocadas somente dezesseis variáveis “em jogo” pelo método MICMAC©. Para essas dezesseis variáveis os respondentes do Painel de Especialistas tiveram que responder a 240 questões, o que de fato torna o processo de coleta de dados bastante trabalhoso e lento. 6.7.1 As Variáveis Influentes É possível extrair algumas análises do gráfico acima (Figura 71) ao associá-lo com a matriz MID (Quadro 4, p. 179). O resultado está exposto na Figura 72, p. 187, a qual apresenta as variáveis com o maior número de influência significativa no sistema, bem como a identificação de quais são as variáveis que sofrem o maior impacto das possíveis modificações na estrutura do sistema.
187
FIGURA 72 – PRIORIZAÇÃO DAS VARIÁVEIS DIRETAS (INFLUENTES)
Influência muito fraca; Influência fraca; Influência média; Influência relativamente importante; e, Influência muito importante.
Influência
Fonte: O autor com apoio do software MICMAC©.
A variável “educação e capacitação” possui uma influência forte nas seguintes variáveis: (i) sociedade; (ii) políticas públicas; (iii) tecnologia e novos materiais; (iv) meio ambiente; (v) emprego; (vi) pesquisa, desenvolvimento e inovação; (vii) cultura empresarial; e, (viii) produção, qualidade e produtividade. Portanto, qualquer modificação estrutural na variável “educação e capacitação”, com foco no setor Têxtil e Confecção, poderá influenciar diretamente as variáveis acima enumeradas. O mesmo raciocínio construído para a variável “educação e capacitação” pode ser desenvolvido para todas as demais variáveis aqui analisadas. A variável “produção, qualidade e produtividade” influencia significativamente as seguintes variáveis: (i) tecnologia e novos materiais; (ii) emprego; (iii) educação e capacitação; (iv) pesquisa, desenvolvimento e inovação; (v) marketing, prospecção e tendências; e, (vi) design. Nessa correlação não há nenhuma surpresa, pois são temas que possuem estreita relação entre si. A variável “cultura empresarial” influencia fortemente as variáveis: (i) cooperação e organização da cadeia produtiva; (ii) educação e capacitação; e, (iii)
188
produção, qualidade e produtividade. Porém, a “cultura empresarial” influencia de maneira relativamente significativa outras variáveis importantes no sistema, como por exemplo, “pesquisa, desenvolvimento e inovação”; “tecnologias e novos materiais”; e, “design”. “Tecnologia e novos materiais” é outra variável importante e que influencia fortemente as seguintes variáveis do sistema: (i) emprego; (ii) educação e capacitação; (iii) pesquisa, desenvolvimento e inovação; e, (iv) produção, qualidade e produtividade. O impacto dessa variável no emprego do setor é muito pertinente, pois se trata de novas tecnologias e novos materiais que estão sendo aplicados com sucesso pelos principais concorrentes mundiais, como China, Índia, Coréia do Sul, Japão, Europa e EUA (debatido no capítulo 4 sobre tendências do setor). Este fato pode influenciar de maneira negativa no Estado do Paraná e no Brasil, caso nenhuma ação efetiva com relação ao desenvolvimento de novas tecnologias e novos materiais ou mesmo relacionada à melhoria da capacitação setorial seja implementada, tanto por parte do empresário quanto dos colaboradores. As outras variáveis influenciadas pela “tecnologia e novos materiais” são bastante evidentes, pois trata-se de temas correlatos. A variável “tecnologia, desenvolvimento e inovação” influencia fortemente as variáveis: (i) tecnologia e novos materiais; (ii) emprego; (iii) educação e capacitação; (iv) propriedade industrial; (v) design; e, (vi) produção, qualidade e produtividade. Nessa relação apontada acima, também merece destaque o impacto das possíveis mudanças na “tecnologia, desenvolvimento e inovação” no emprego do setor Têxtil e Confecção, tanto positiva quanto negativamente. 6.7.2 As Variáveis Dependentes Até o momento foram analisadas as variáveis mais influentes do sistema, no entanto, é importante buscar entender as relações de dependência entre elas para poder identificar aquelas que sofrerão mais com as possíveis oscilações das variáveis. A Figura 73 traz o gráfico de influência e dependência que foi gerado pelo método MICMAC©, no qual foram circundadas (em amarelo) as variáveis mais dependentes do sistema investigado.
189
FIGURA 73 – PRIORIZAÇÃO DAS VARIÁVEIS DIRETAS (DEPENDENTES)
Influência muito fraca; Influência fraca; Influência média; Influência relativamente importante; e, Influência muito importante.
Dependência
Fonte: O autor com apoio do software MICMAC©.
Pode-se perceber, com a análise conjunta dos gráficos da Figura 72 e da Figura 73 que existem variáveis que possuem ao mesmo tempo comportamento influente e dependente no sistema. Esse fato pode ser melhor observado na Figura 74, na qual procurou-se posicionar as variáveis com relação à capacidade de influenciar e de ser influenciada (dependência). FIGURA 74 – COMPORTAMENTO DAS VARIÁVEIS INFLUÊNCIA
DEPENDÊNCIA EduCap ProdQualPr P&D&I
CultEmp
Fonte: O autor.
TecNovMat
DinMerc Emp
190
Quando tem-se variáveis que assumem, ao mesmo tempo, posicionamentos influentes e dependentes, é indicativo de que o sistema é instável 43. Este fato não inviabiliza este estudo, pelo contrário, demonstra que é preciso investigar com mais detalhe esse sistema, pois trata-se de variáveis significativas, com comportamentos expressivos no sistema, e que merecem reflexões detalhadas. Em casos de sistemas estáveis, existe claramente uma divisão entre as variáveis influentes e dependentes, o que os tornam mais simples e facilita a análise. Nesse contexto, pode-se identificar duas variáveis com maior dependência do sistema, respectivamente, “dinâmica do mercado” e “emprego”. No entanto, tem-se mais três variáveis com menor grau de significância em termos de dependência do sistema, mas que ainda assim merecem ser mencionadas, a saber: (i) produção, qualidade e produtividade; (ii) tecnologia e novos materiais; e, (iii) educação e capacitação. Essas três últimas variáveis possuem características de concomitância no sistema, ou seja, são ao mesmo tempo dependentes e influentes. Por exemplo, a variável “educação e capacitação” é mais influente do que dependente no sistema, porém sua dependência é importante, pois se trata de uma variável significativa para o setor e sua dependência está relacionada com variáveis influentes do sistema, aquelas localizadas nos quadrantes um e dois do plano de influencia e dependência. Portanto, para evitar o descarte dessa variável e a negligência de informações importantes para o setor, preferiu-se considerá-la como uma variável de vigilância (“em espera”). As relações fortes de dependência da variável “emprego” podem ser assim enumeradas: (i) sociedade; (ii) economia, política e comércio mundial; (iii) dinâmica do mercado; (iv) políticas públicas; (v) tecnologia e novos materiais; (vi) investimento e financiamento; (vii) educação e capacitação; (viii) pesquisa, desenvolvimento e inovação; e, (ix) produção, qualidade e produtividade. Pode-se perceber que, das quinze interações de dependência fortes que a variável “emprego” poderia ter, nove delas foram confirmadas, o que faz dela uma variável de resultado, ou seja, qualquer impacto negativo ou positivo no sistema de variáveis poderá refletir no emprego do Setor Têxtil e Confecção. A variável “produção, qualidade e produtividade” possui dependência forte das seguintes variáveis: (i) dinâmica do mercado; (ii) tecnologia e novos materiais; 43
A leitura de sistemas estáveis pode ser verificada na teoria apresentada na Figura 12, p. 54.
191
(iii)
cooperação
financiamento;
e
(v)
organização emprego;
(vi)
da
cadeia
educação
produtiva; e
(iv)
capacitação;
investimento (vii)
e
pesquisa,
desenvolvimento e inovação; (viii) cultura empresarial; e, (ix) design. A variável “produção, qualidade e produtividade” também possui dependência forte de nove variáveis do sistema, como evidenciado anteriormente com a variável “emprego”. É importante destacar que grande parte das variáveis que impactam fortemente a “produção, qualidade e produtividade” podem ser trabalhadas de forma efetiva e com ações pontuais demandadas pelo setor Têxtil e Confecção, pois se tratam de variáveis internas, que possuem uma dimensão menor (micro-variáveis), por exemplo, ações que visem melhorias em design, educação e capacitação, o emprego de novas tecnologias e novos materiais no processo de produção, etc. A variável “tecnologia e novos materiais” possui dependência forte ou é influenciada pelas seguintes variáveis: (i) economia, política e comércio mundial; (ii) dinâmica do mercado; (iii) investimento e financiamento; (iv) educação e capacitação; (v) pesquisa, desenvolvimento e inovação; (vi) design; e, (vii) produção, qualidade e produtividade. Nota-se que algumas variáveis apontadas acima possuem um escopo mais macro, o que torna mais difícil influenciá-las e fomentá-las para que ações sejam desenvolvidas sob o controle e o atendimento das necessidade do Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná. Em outras palavras, são macro-variáveis que impactam na variável “tecnologia e novos materiais” de modo que não existe controle, por exemplo, sobre a variável “economia, política e comércio mundial”. Por outro lado, dentre as variáveis que influenciam fortemente a variável “tecnologia e novos materiais”, existem micro-variáveis que podem ser trabalhadas no sentido de influenciá-la positivamente, como por exemplo, investimento e financiamento, com desenvolvimento de ações voltadas ao fomento de projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovações voltadas a novas tecnologias e novos materiais para o setor, como, também, as variáveis “educação e capacitação”, “design” e “produção, qualidade e produtividade”. A variável “dinâmica do mercado” possui dependência forte das seguintes variáveis: (i) sociedade; (ii) economia, política e comércio mundial; e, (iii) políticas públicas. Pode-se perceber que as dependências fortes da variável “dinâmica do mercado” são basicamente macro-variáveis, de difícil controle e ação. Além disso, a
192
“dinâmica do mercado” possui uma dependência relativamente importante das demais variáveis do sistema, exceto a variável “meio ambiente”. E, por último, a variável “educação e capacitação” possui dependência forte das seguintes variáveis do sistema investigado: (i) tecnologia e novos materiais; (ii) emprego; (iii) pesquisa, desenvolvimento e inovação; (iv) cultura empresarial; e, (v) produção, qualidade e produtividade. É interessante evidenciar a relação de dependência forte que a variável “educação e capacitação” tem com a “cultura empresarial”. 6.8
AS RELAÇÕES INDIRETAS ENTRE AS VARIÁVEIS Identificar as relações diretas entre duas ou mais variáveis não se apresenta
como elemento complexo. No entanto, as relações indiretas que possam existir entre elas começam a ficar mais complexas à medida que as interações vão se estendendo ao longo da cadeia de influência e dependência. Essas interações formam uma rede de relações, com vias, fluxos, nós e retroação. Porém, o método MICMAC© permite evidenciar essas relações e extrair delas algumas informações importantes para a tomada de decisão. Para encontrar as relações indiretas, são realizadas multiplicações sucessivas da matriz MID, do tipo MIDn, até que a mesma entre em um processo de estabilidade. No caso investigado, a estabilidade foi atingida com duas multiplicações sucessivas, conforme apresentado na Tabela 23. TABELA 23 – ESTABILIDADE DA MATRIZ MID Interação (multiplicações) 1 2
Influência 86% 100%
Dependência 94% 100%
Fonte: O autor com apoio do software MICMAC©.
Após a estabilização da Matriz MII, pode-se extrair dela o plano de influência e dependência indireta, conforme exposto na Figura 75, p. 193. Observa-se, nesse plano, que não houve modificações significativas se comparado com o plano de influência e dependência direta. Este fato é uma característica de sistemas instáveis, nos quais as relações indiretas não ficam evidenciadas de forma clara e expressiva no plano, porém elas existem e devem ser consideradas.
193
FIGURA 75 – PLANO DE INFLUÊNCIA E DEPENDÊNCIA INDIRETA
Fonte: O autor com apoio do software MICMAC©.
Para resolver o problema de identificação das relações indiretas, é preciso analisar o gráfico de influência e dependência (ver gráfico exposto na Figura 76, p. 194) em conjunto com a matriz MII (ver matriz exposta no Apêndice S, p. 256). Desta forma, fica mais simples a obtenção da classificação do comportamento indireto das variáveis analisadas. A influência indireta mais significativa do sistema refere-se à variável “educação e capacitação”. Além de possuir uma influência direta forte no sistema, essa variável possui um desempenho indireto expressivo nas demais variáveis. Em outras palavras, ações desenvolvidas no âmbito da educação e capacitação voltadas ao Setor Têxtil e Confecção poderão desencadear, indiretamente, mudanças nas demais variáveis. Dentre as variáveis mais influenciadas indiretamente pela “educação e capacitação”, destaque deve ser dado às variáveis “produção, qualidade e produtividade” e “emprego”.
194
FIGURA 76 – PRIORIZAÇÃO DAS VARIÁVEIS INDIRETAS
Influência muito fraca; Influência fraca; Influência média; Influência relativamente importante; e, Influência muito importante.
Influência Dependência
Fonte: O autor com apoio do software MICMAC©.
Os reflexos diretos da ação da variável “educação e capacitação” no emprego do Setor Têxtil e Confecção são mais evidentes, pois a lógica remete ao pressuposto de que uma melhor qualificação da mão-de-obra, por exemplo, poderá melhorar a colocação desses trabalhadores no mercado. Porém, as relações indiretas também fomentam essa situação, já que as ações em educação e capacitação poderão resultar em: (i) mais pesquisa, desenvolvimento e inovação no setor; (ii) novas aplicações tecnológicas e no uso de novos materiais; (iii) mais capacitação para as lideranças empresariais, o que impacta na variável cultura empresarial; e, (iv) melhorias no desempenho da produção, qualidade e produtividade das indústrias do setor. As variáveis mais significativas que impactam indiretamente, por meio da “educação e capacitação”, na variável “emprego” podem ser assim enumeradas: (i) produção, qualidade e produtividade; (ii) tecnologia e novos materiais; (iii) cultura empresarial; (iv) pesquisa, desenvolvimento e inovação; e, (v) design. Um esquema das relações indiretas discutidas anteriormente está representado na Figura 77.
195
FIGURA 77 – RELAÇÃO INDIRETA: SITUAÇÃO 1 Educação & Capacitação
Legenda Influência Direta Influência Indireta
Produção, Qualidade e Produtividade
Tecnologia e Novos Materiais
Cultura Empresarial
Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação
Design
Emprego Fonte: O autor com apoio do software MICMAC©.
A mesma lógica pode ser desenvolvida para a relação indireta que existe entre as variáveis “educação e capacitação” e “produção, qualidade e produtividade”. Nesse sentido, a variável “educação e capacitação” influencia indiretamente a “produção, qualidade e produtividade” com ações e reflexos nas seguintes variáveis: (i) pesquisa, desenvolvimento e inovação; (ii) cultura empresarial; (iii) tecnologia e novos materiais; e, (iv) design. A representação dessas relações indiretas descritas anteriormente está exposta na Figura 78, p. 196.
196
FIGURA 78 – RELAÇÃO INDIRETA: SITUAÇÃO 2 Educação & Capacitação
Legenda Influência Direta Influência Indireta
Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação
Cultura Empresarial
Tecnologia e Novos Materiais
Design
Produção, Qualidade e Produtividade Fonte: O autor com apoio do software MICMAC©.
E, por último, percebe-se, na Figura 79, p. 197, que a variável “educação e capacitação” influencia indiretamente a variável ‘tecnologia e novos materiais” por meio da “pesquisa, desenvolvimento e inovação”, “cultura empresarial” e “produtividade, qualidade e produtividade”. A cadeia de relacionamento é bastante lógica, pois não existe o desenvolvimento de tecnologia e novos materiais sem pesquisa e inovação, cuja a origem tem sua base em um sistema de educação e capacitação bem fundamentado. Além disso, a educação e capacitação permite desenvolver na mente do empresariado (cultura empresarial) a evidência de certas tendências que apontam para a necessidade e, conseqüentemente, a inserção de novas tecnologias e novos materiais na indústria paranaense.
197
FIGURA 79 – RELAÇÃO INDIRETA: SITUAÇÃO 3 Educação & Capacitação
Legenda Influência Direta Influência Indireta
Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação
Cultura Empresarial
Produção, Qualidade e Produtividade
Tecnologia e Novos Materiais Fonte: O autor com apoio do software MICMAC©.
A questão do desenvolvimento de uma cultura empresarial pró-ativa, que seja consciente da dinâmica do mercado, que saiba assumir riscos controlados, e com coragem para inovar e mudar o statu quo quando necessário é, de certa forma, um debate antigo e polêmico que sempre teve grande repercussão. Existem muitos discursos sobre essa temática que apontam a dificuldade do empresariado brasileiro em lidar com questões como pesquisa, tecnologia, inovação, exportação, qualidade, design. Nesse contexto, o estudo das variáveis que impactam a “cultura empresarial” destaca a importância da “educação e capacitação” como variável propulsora para o desenvolvimento de uma cultura pró-ativa dos empresários do Setor Têxtil e Confecção. O estudo desenvolvido pelo método MICMAC© apresenta a “educação e capacitação” como a variável que mais influencia a “cultura empresarial”, tanto direta quanto indiretamente. O gráfico da Figura 80, p. 198, confirma essa afirmação e apresenta as relações das variáveis mais representativas do sistema com a “cultura empresarial”. Pode-se notar que a única variável que influencia diretamente essa variável é a “educação e capacitação”. Assumindo o pressuposto de que a promoção do desenvolvimento regional organizado se deve também à questão cultural, como observado por Boisier (1996), percebe-se, nos resultados desta pesquisa, que a Cultura Empresarial possui um papel importante no Setor Têxtil e Confecção do Paraná, pois é uma variável-chave
198
e que possui forte relação com a variável Educação e Capacitação. Em outras palavras, é pela Educação e Capacitação dos empresários do setor que é possível direcionar a Cultura Empresarial no sentido de aproveitar as oportunidades vislumbradas nos estudos de tendências, o que de fato poderá contribuir para a promoção do desenvolvimento regional organizado, indicado por Boisier (1996). FIGURA 80 – INFLUÊNCIA DIRETA NA CULTURA EMPRESARIAL
Influência muito fraca; Influência fraca; Influência média; Influência relativamente importante; e, Influência muito importante. Fonte: O autor com apoio do software MICMAC©.
Além disso, a variável “educação e capacitação” sofre o impacto indireto dela mesma, ou seja, no momento que ela influencia outras variáveis e, deste fato surgem mudanças e modificações no sistema, a variável “educação e capacitação” tende a se adequar a essas mudanças. Por exemplo, ela pode impactar no desenvolvimento de pesquisas e inovações que poderão gerar conhecimento, tecnologia e novos materiais que, por sua vez, poderão ser utilizados como base de informações que serão desenvolvidas e aplicadas em sistemas de educação e capacitação de empresários e colaboradores do Setor Têxtil e Confecção, em um processo de retroação.
199
6.9
MOBILIDADE DAS RELAÇÕES DIRETAS E INDIRETAS O método MICMAC© também fornece informações sobre a mobilidade das
variáveis considerando suas respectivas classificações de influência direta e indireta, ou seja, ele identifica as alterações de posicionamento entre o sistema de variáveis formado pela matriz MID (Matriz Influência Direta) e o sistema constituído pela matriz MII (Matriz de Influência Indireta). Na Figura 81 apresenta-se a classificação das variáveis por grau de influência no sistema. Pode-se observar que a variável “sociedade” é a sétima variável com mais influência direta. No entanto, seu posicionamento cai bastante quando identificados os cruzamentos indiretos, passando, então, para a 12ª posição. FIGURA 81 – CLASSIFICAÇÃO POR INFLUÊNCIA: DIRETA / INDIRETA
Fonte: O autor com apoio do software MICMAC©.
No sentido contrário, as variáveis “emprego” e “investimento e financiamento” são aquelas que tiveram o melhor desempenho de posicionamento, passando, respectivamente, de 11º para 7º lugar e de 10º para 8º lugar. Os dados completos relativos à mobilidade das variáveis podem ser observados na Figura 81. A vantagem desse tipo de análise é, por exemplo, a possibilidade de verificação do posicionamento e importância das variáveis, para evitar que sejam eliminadas aquelas que, a priori, apresentam, na classificação direta, um posicionamento mediano ou baixo, mas que indiretamente é significativo para o sistema. No sistema
200
investigado, a variável “investimento e financiamento” possui uma posição baixa nas relações diretas, porém mediana quando analisadas às influências indiretas, o que faz dela uma variável que no mínimo deve ser monitorada. A mesma análise realizada acima pode ser desenvolvida para as relações de dependência entre as variáveis. A Figura 82 contém a classificação por dependência direta e indireta entre as variáveis. A variável discutida anteriormente (“investimento e financiamento”) apresenta, segundo esta análise, uma dependência menor do sistema quando cruzados o posicionamento direto e indireto. Este fato demonstra que além de ser, de certa forma, influente no sistema, não depende dele para existir e influenciar as demais variáveis. FIGURA 82 – CLASSIFICAÇÃO POR DEPENDÊNCIA: DIRETA / INDIRETA
Fonte: O autor com apoio do software MICMAC©.
A partir dessas constatações, é possível construir um plano de influência e dependência com os deslocamentos diretos / indiretos das variáveis. A Figura 83, p. 201, contém esse plano com os respectivos deslocamentos. Pode-se observar que a variável “sociedade”, comentada anteriormente, desloca-se para o quadrante de resultado, o que significa que alterações nas variáveis do sistema, principalmente aquelas contidas nos quadrantes de entrada (independente) e de ligação (interdependente), causarão impactos nessa variável. Este fato é bastante lógico, pois trata-se de uma variável de resultado e que possui comportamento semelhante à variável “emprego”, cujo posicionamento também se encontra nesse quadrante.
201
A variável “investimento e financiamento”, também comentada anteriormente, apresenta uma tendência de se afirmar como variável de entrada (independente), principalmente por ser pouco dependente. Esse mesmo comportamento é observado pela variável “design”, porém, sua dependência do sistema aparece como mediana. FIGURA 83 – PLANO DE DESLOCAMENTO DAS VARIÁVEIS
Fonte: O autor com apoio do software MICMAC©.
Tendo como base o plano de influência e dependência da Figura 70, p. 181, e o plano de deslocamento das variáveis apresentada na Figura 83, pode-se realizar a leitura das variáveis segundo a interpretação de Ténière-Buchot 44, cujos resultados estão expostos no Quadro 5, p. 202, com suas respectivas explicações e significados para os grupos de variáveis do sistema. Esse pesquisador parte do pressuposto de que cada região do plano de influência e dependência possui 44
O modelo de interpretação das variáveis desenvolvido pelo francês Ténière-Buchot (1989) e citado ....por Michel Godet (2004) está apresentado na Figura 13, p. 56, e no Quadro 1, p. 56.
202
conceitos intrínsecos, no qual as variáveis possam ser classificadas segundo alguns critérios pré-definidos. Procurou-se categorizar as variáveis segundo a classificação de influência direta. Porém, as variáveis de “pelotão”, cujo significado ainda é confuso, foram dispostas segundo a tendência de deslocamento direto / indireto.
Interpretações Ténière-Buchot
QUADRO 5 – MODELO DE INTERPRETAÇÃO DE TÉNIÈRE-BUCHOT Situação 1 Influência Elevada
Situação 2 Dependência Elevada
Situação 3 Próximo da Origem
Situação 4 Distante da Primeira Bissetriz
Entrada
Saída
Sem importância
Retransmissões
Hipóteses
Resultados, Objetivos
Discursos
Desafios
Forças
Fraquezas
Falso problema
Ameaças, Oportunidades
Passado
Futuro
Momento
Presente
Legitimidade
Julgamento
Comunicação
Ação
Variáveis do Sistema Investigado Setor Têxtil e Confecção
Variáveis com posicionamento definido segundo sua influência direta Cultura Empresarial; P&D&I; Design;
Emprego; Meio Ambiente; Dinâmica de Mercado; Propriedade Industrial; Políticas Públicas;
Educação e Capacitação; Produção, Qualidade e Produtividade; Tecnologia e Novos Materiais;
Variáveis com posicionamento indefinido (“Em espera” – “Pelotão”) Investimento e Financiamento; Cooperação e Organização da Cadeia de Produção; Economia, Política e Comércio Mundial;
Sociedade;
Marketing, Prospecção e Tendências;
Fonte: O autor com apoio do software MICMAC©.
Para Ténière-Buchot, o posicionamento das variáveis no plano de influência/dependência pode revelar algumas interpretações “padrões”, conforme demonstrado no Quadro 5. Por exemplo, a variável “Políticas Públicas” é classificada como um “falso problema”, o que pode ser explicado pelo descrédito desse tipo de ação no âmbito empresarial. Além disso, a variável “políticas públicas” pode ser classificada como uma variável de “discurso”, “comunicação” e “momento”, o que de fato pode ser observado pela grande quantidade de retórica que permeia esse tema no Brasil,
203
onde as promessas são intensas e os debates acalorados, cujos resultados, em muitos casos, não são satisfatórios e efetivos. Portanto, o desenvolvimento dessas políticas no Brasil a faz tornar uma variável “sem importância” para o sistema investigado, ou seja, no caso da necessidade de focar algumas ações, “Políticas Públicas” não seria a solução recomendada. A variável “Educação e Capacitação”, segundo o modelo de interpretação de Ténière-Buchot, possui características de retransmissão, ou seja, ações das demais variáveis poderão por intermédio dela, influenciar o sistema de variáveis. Esse é um comportamento típico das variáveis distantes da primeira bissetriz (situação 4). Além disso, essas variáveis podem ser interpretadas como sendo os desafios do sistema, ou seja, é onde residem as oportunidades e ameaças que poderão impactar no conjunto de variáveis analisadas. A “Educação e Capacitação” é uma variável de ação, cujo resultado poderá desencadear diversas outras ações no sistema, por isso pode ser classificada como uma variável de “Retransmissão”. 6.10 AS VARIÁVEIS-CHAVE DO SISTEMA Muitas variáveis influenciam umas às outras, o que pode ser explicado pelo comportamento sistêmico que existe entre elas. O sistema de variáveis pode ser composto por vários subsistemas interligados, muitas vezes, de maneira indireta e com comportamentos de retroação (feedback). O Quadro 6, p. 204, contém as variáveis-chave do sistema investigado (Setor Têxtil e Confecção), com suas respectivas classificações tipológicas e as variáveis que elas influenciam fortemente, direta e indiretamente. A identificação das variáveis-chave foi definida com base no posicionamento das mesmas no quadrante de entrada (variáveis independentes ou explicativas) e no quadrante de interdependência (variáveis de ligação). Dentre as variáveis-chave, algumas possuem relações significativas no sistema e, além disso, possuem ligações fortes com as demais variáveis-chave identificadas pelo método MICMAC©. Nesse contexto, a variável que pode ser considerada o eixo de motricidade do sistema é a “educação e capacitação”, com fortes ligações do tipo anéis de retroação 45 (feedback) com as demais variáveis-
45
Na Figura 8, p. 51, é possível observar o esquema demonstrativo sobre anéis de retroação.
204
chave do sistema, que por sua vez, já são consideradas significativas. Um esquema que demonstra essas relações pode ser observado na Figura 84. QUADRO 6 – VARIÁVEIS-CHAVE DO SISTEMA Tipo de Variável
Variável-chave
Independente ou Explicativa
Cultura Empresarial
Independente ou Explicativa
Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação
Interdependente ou de Ligação “Desafios do Sistema”
Educação e Capacitação
Interdependente ou de Ligação “Desafios do Sistema”
Produção, Qualidade e Produtividade
Interdependente ou de Ligação “Desafios do Sistema”
Tecnologia e Novos materiais
Variáveis Influenciadas Fortemente pela Variável-chave
Cooperação e organização da cadeia produtiva; Educação e capacitação; e, Produção, qualidade e produtividade. Design; Educação e capacitação; Emprego; Produção, qualidade e produtividade Propriedade industrial; e, Tecnologia e novos materiais. Cultura empresarial; Emprego; Meio ambiente; Pesquisa, desenvolvimento e inovação; Políticas públicas; Produção, qualidade e produtividade. Sociedade; Tecnologia e novos materiais; e, Design. Design. Educação e capacitação; Emprego; Marketing, prospecção e tendências; Pesquisa, desenvolvimento e inovação; e, Tecnologia e novos materiais. Educação e capacitação; Emprego; Pesquisa, desenvolvimento e inovação; e, Produção, qualidade e produtividade.
Fonte: O autor com apoio do software MICMAC©.
Em outras palavras, ações desenvolvidas para a área de educação e capacitação do Setor Têxtil e Confecção poderão desencadear várias outras ações nas demais variáveis-chave do sistema, como por exemplo, modificação na estrutura da cultura empresarial do setor (programas de educação e capacitação voltados à liderança empresarial), ou melhorias na produção, qualidade e produtividade (programas de educação e capacitação voltados aos colaboradores).
205
FIGURA 84 – VARIÁVEL MOTRIZ: EDUCAÇÃO E CAPACITAÇÃO PESQUISA, DESENVOLVIMENTO E INOVAÇÃO
CULTURA EMPRESARIAL
EDUCAÇÃO & CAPACITAÇÃO PRODUÇÃO, QUALIDADE E PRODUTIVIDADE
TECNOLOGIA E NOVOS MATERIAIS
Fonte: O autor com apoio do software MICMAC©.
A retroação funciona da seguinte forma: as ações promovidas em educação e capacitação, por exemplo, poderão desencadear novas demandas por parte das variáveis “cultura empresarial” e “produção, qualidade e produtividade”, ou seja, essas duas variáveis poderão exigir do subsistema de educação e capacitação novas demandas para o setor, como a necessidade de pesquisa, desenvolvimento e inovação, o que de fato influenciaria a variável “educação e capacitação”. Esse processo tende a ficar mais complexo à medida que se colocam mais variáveis na análise. Daí a importância de priorizá-las e entender as suas inter-relações para que seja possível focar as ações, o que pode facilitar a tomada de decisão e evitar a pulverização de recursos e o desperdício de tempo. O impacto das variáveis-chave no sistema pode ser positivo ou negativo para o Setor Têxtil e Confecção. O grande desafio é desenvolver ações que bloqueiem o impacto negativo de possíveis mudanças e oscilações de certas variáveis, bem como
trabalhar
arduamente
para
desenvolver
projetos
que
possam
ser
implementados no sentido de fomentar e incentivar a sustentabilidade do Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná. As variáveis-chave agem sobre as variáveis de resultado, cujo papel é de termômetro ou de indicador, pois fornecem informações importantes sobre como a indústria está se comportando ou reagindo no sistema. No caso estudado, a variável de resultado é o “emprego”, a qual sofre direta e indiretamente, de forma positiva ou negativa, os reflexos oriundos das ações desenvolvidas ou negligenciadas pelo setor. A Figura 85, p. 206, traz um esboço das variáveis-chave que mais impactam na variável de resultado (emprego).
206
FIGURA 85 – EMPREGO E AS VARIÁVEIS-CHAVE EDUCAÇÃO E CAPACITAÇÃO
PESQUISA, DESENVOLVIMENTO E INOVAÇÃO
EMPREGO
TECNOLOGIA E NOVOS MATERIAIS
PRODUÇÃO, QUALIDADE E PRODUTIVIDADE Fonte: O autor com apoio do software MICMAC©.
É importante ressaltar que existe uma tendência significativa relacionada à inserção de novas tecnologias e novos materiais no Setor Têxtil e Confecção, voltados para um mercado consumidor cada vez mais exigente e heterogêneo, que por sua vez tende a estar embasado em sistemas reguladores cada vez mais complexos. Nesse contexto, é preciso considerar as variáveis que mais influenciam o sistema e identificar os atores que possam ser articulados no sentido de promover a sustentabilidade do setor. As tendências existem, são múltiplas e muitas vezes inviáveis para o atual modelo de gestão do setor. É preciso mudar toda uma cultura da cadeia empresarial para tentar encontrar uma direção competitiva para a indústria. No Quadro 7, p. 207, encontram-se exemplos de tendências que podem estar relacionadas às variáveis-chave identificadas pelo método MICMAC©. Uma vez realizado o mapeamento das tendências para o Setor Têxtil e Confecção, bem como a identificação das variáveis-chave do sistema, pode-se formular estratégias e planos de ação focados ao atendimento dessas tendências, ou mesmo ao bloqueio de possíveis forças ou ameaças que poderão afetar a indústria.
207
QUADRO 7 – RELAÇÃO ENTRE VARIÁVEIS-CHAVE E TENDÊNCIAS Variável-chave
Variáveis Influenciadas fortemente pela variável-chave Cooperação e organização da cadeia produtiva; Educação e capacitação; e, Produção, qualidade e produtividade.
Tendências e convergências que podem estar relacionadas às variáveis-chave
Educação Continuada Sociedade do Conhecimento (pesquisa, ciência e tecnologia) TICs Cultura Gestão Flexível e Descentralizada Empresarial Rede de Empresas Ciclo de Vida do Produto Gestão Integrada (Prototipagem Rápida, 3D, CAD, CAM, Automação, Robótica, Supply Chain Management e e-Commerce) Design; Smart Cards TICs Educação e capacitação; Novos Materiais Emprego; Gestão Integrada (Prototipagem Rápida, Produção, qualidade e Pesquisa, 3D, CAD, CAM, Automação, Robótica, produtividade Desenvolvimento Supply Chain Management e e-Commerce) Propriedade industrial; e, e Inovação Tecnologia e novos materiais. E-Têxteis Têxteis e Fibras Multifuncionais Novas Aplicações Industriais – Propriedade Industrial Cultura empresarial; Educação Continuada Emprego; Sociedade do Conhecimento (pesquisa, Meio ambiente; ciência e tecnologia) Pesquisa, desenvolvimento e Têxteis e Fibras Multifuncionais inovação; TICs Educação Políticas públicas; Gestão Flexível e Descentralizada e Produção, qualidade e Terceirização Capacitação produtividade. Estrutura Familiar Sociedade; Mercado de Trabalho e a Empregabilidade Tecnologia e novos materiais; Inteligência Emocional e, Ciclo de Vida do Produto Design. Responsabilidade Social e Meio Ambiente Design. Gestão Integrada (Prototipagem Rápida, Educação e capacitação; 3D, CAD, CAM, Automação, Robótica, Emprego; Supply Chain Management e e-Commerce) Produção, Marketing, prospecção e TICs Qualidade e tendências; Gestão Flexível e Descentralizada Produtividade Pesquisa, desenvolvimento e Mercado de Trabalho e a Empregabilidade inovação; e, E-Têxteis Tecnologia e novos materiais. Têxteis e Fibras Multifuncionais Educação e capacitação; Sociedade do Conhecimento (pesquisa, Emprego; ciência e tecnologia) Pesquisa, desenvolvimento e E-Têxteis Tecnologia e inovação; e, Têxteis e Fibras Multifuncionais Novos materiais Produção, qualidade e TICs produtividade. Gestão Integrada (Prototipagem Rápida, 3D, CAD, CAM, Automação, Robótica, Supply Chain Management e e-Commerce) Fonte: O autor.
208
Algumas tendências poderão ser trabalhadas de forma introspectiva pelo Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná. É possível desenvolver projetos focados nas variáveis-chave no sentido de fomentar ações voltadas ao aproveitamento das oportunidades emergentes relacionadas às tendências em nível mundial. Desta forma, o setor poderá antecipar-se às mudanças que poderão ocorrer, ou até desenvolver uma postura pró-ativa frente a essas possíveis transformações, tornando-se protagonista no desenvolvimento tecnológico e mercadológico. O exercício intelectual desenvolvido nesta etapa não tem como objetivo identificar se existe uma relação de influência entre tendências e variáveis-chave. A identificação das variáveis-chave permitirá, com base no estudo de tendências e nos indicadores históricos do setor, posicionar o setor frente às mudanças que poderão impactar a indústria. Em outras palavras, pretende-se, nesta etapa, identificar quais seriam as tendências que o Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná poderia aproveitar para orientar o desenvolvimento de esforços pontuais, tendo como base as relações entre as variáveis do sistema e o histórico do setor. Por exemplo, como a “Cultura Empresarial” (variável-chave) influencia de forma significativa o sistema, pode-se desenvolver ações voltadas à conscientização dos empresários do setor com relação à importância das TICs e da Gestão Integrada (Prototipagem Rápida, 3D, CAD, CAM, Automação, Robótica, Supply Chain Management e e-Commerce), tecnologias que foram apontadas em diversos estudos e que foram apresentadas como tendência. Além disso, essa ação pode desencadear outras demandas para o setor como, por exemplo, a necessidade de educação e capacitação para os colaboradores da cadeia industrial, pois a adoção dessas tecnologias precisa ser desenvolvida com uma base sólida de profissionais com conhecimento de prática. O estudo
de
tendências
aponta
para
o
crescimento
do
nível
educacional,
principalmente pela característica contínua e pela inserção de novas tecnologias no processo de aprendizagem (Internet, ensino virtual, TICs). Outro exemplo é a tendência de descentralização das organizações, cada vez mais enxutas e mais flexíveis, o que de fato somente será desenvolvido com atitudes que venham de cima para baixo na hierarquia organizacional, ou seja, com a mudança da mentalidade dos empresários e gestores. Pode-se resgatar o
209
posicionamento de Boisier (1996), o qual afirma que o desenvolvimento regional está submetido ao resultado da interação de dois notáveis processos: (i) o processo de abertura externa (movido pela globalização); e, (ii) o processo de abertura interna (impulsionado pela força da descentralização). O posicionamento da indústria deve ser desenvolvido tendo como base, também, os indicadores históricos do Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná. Como mencionado anteriormente, o setor é concentrado no que denominou-se de “Arco Têxtil e Confecção do Estado do Paraná”. Essa é uma informação importante pois deve ser considerada na formulação de estratégias para o setor. Além disso, é importante considerar as especificidades locais da indústria, pois nesse “Arco” existem APLs bem diferentes entre si, com características distintas de produto, produção e comercialização, cuja estratégia deve ser desenvolvida em consonância a essas peculiaridades. Nesse sentido, as tendências levantadas nesse estudo podem ser aproveitadas de maneira bastante diversificada entre os APLs do Estado do Paraná, como, também, podem impactá-los de diversas formas. O mesmo raciocínio pode ser desenvolvido para a “Rota Tecnológica” ou “Corredor da Pesquisa Têxtil e Confecção do Estado do Paraná”. O mapeamento dos especialistas e dos atores responsáveis pela pesquisa no Estado pode contribuir para a formulação de ações voltadas ao desenvolvimento de novos materiais, o que inclui os têxteis e fibras multifuncionais, as TICs e novas aplicações industriais para o setor. Além disso, esses atores podem contribuir para o desenvolvimento de capacitações e treinamentos específicos para as vocações regionais. Outra contribuição da Prospectiva Estratégica refere-se ao amadurecimento que ocorre nos APLs quando os atores trabalham juntos para construir alternativas de futuro para essas aglomerações. Este fato torna-se importante na medida em que for considerada a afirmação de Lastres e Cassiolato (2003), de que os vínculos entre os atores envolvidos com a atividade econômica dos APLs são incipientes. 6.11 O PROCESSO DE PROSPECTIVA ESTRATÉGICA SETORIAL A Prospectiva Estratégica é composta por várias ferramentas que podem ser utilizadas em uma seqüência ou de forma isolada, apenas com a utilização daquelas ferramentas mais pertinentes para cada caso. É importante desenvolver um
210
processo de prospectiva coerente com os recursos disponíveis, o pessoal qualificado e o tempo necessário para obtenção dos primeiros resultados. Para o processo de Prospectiva Estratégica desenvolvido neste trabalho, aconselha-se incrementar o método MACTOR©, o qual permitiria a identificação dos atores significativos para o sistema investigado, a estruturação das estratégias de cada um, e o mapeamento das relações de força e poder entre eles. A contribuição deste método nesse tipo de estudo esta relacionada à possibilidade de identificação de futuros parceiros, bem como à estruturação do modo de articulação necessário para a obtenção dessas parcerias 46. Desta forma, a proposta do processo de Prospectiva Estratégica Setorial desenvolvida neste trabalho pode ser complementada com a realização do método MACTOR©, cujo resultado também serviria de base para a definição de estratégias e políticas setoriais, e para a concepção do planejamento estratégico. Seria muito interessante se a Prospectiva Estratégica fosse desenvolvida como um processo cíclico e contínuo, principalmente devido à velocidade das transformações dos negócios e à dinâmica das inter-relações entre variáveis, atores e sistemas. O processo de Prospectiva Estratégica contribui para que os resultados acompanhem continuamente as tendências relacionadas com o setor, bem como para proporcionar subsídios para a identificação de oportunidades almejadas e para bloquear ou amenizar as ameaças possíveis vislumbradas no processo. Além disso, o resultado de um trabalho de Prospectiva Estratégica pode desencadear novas necessidades de estudos, devido à capacidade de focar e entrar cada vez mais a fundo no cerne do problema. Em outras palavras, é possível que o resultado final aponte para algumas variáveis importantes que, por sua vez, podem impulsionar novos estudos prospectivos. Portanto, o processo de Prospectiva Estratégica proposto nesta pesquisa contempla, além das etapas trabalhadas neste estudo, a possibilidade de incrementá-lo com a ferramenta MACTOR© e, principalmente, com a possibilidade de tratá-lo como um processo contínuo. 46
O Processo de Prospectiva proposto neste estudo teve origem nas ações desenvolvidas neste .....estudo mas, principalmente, nos momentos de reflexão nos cursos realizados no SENAI-PR em .....Prospectiva Estratégica, ministrados pelos professores François Bourse e Nathalie Bassaler do .....Laboratoire d’Investigation en Prospective, Stratégie et Organisation (LIPSOR) do Conservatoire .....National des Arts et Métiers (CNAM) - Paris/França.
211
As etapas do processo de Prospectiva Estratégica Setorial proposto podem ser observadas na Figura 86. Inicia-se (etapa 1) com a definição do problema se propõe a responder, os objetivos e metas que deverão ser atingidas, e a delimitação da pesquisa (definição dos atores envolvidos, abrangência que se pretende atingir, região no qual o setor ou aglomeração industrial se concentra). Com esta etapa definida, parte-se para o estudo sobre os indicadores históricos e atuais do setor ou do tema em investigação (etapa 2), cujo resultado fornece um esboço da situação. Na etapa 3, procura-se identificar e mapear as tendências relacionadas ao setor, sem, no entanto, esquecer do alinhamento com o problema de pesquisa. De posse dos resultados atingidos até esse momento, parte-se para o desenvolvimento do método MICMAC© (etapa 4), com o levantamento do sistema e a classificação das variáveis-chave e de suas respectivas inter-relações. FIGURA 86 – PROCESSO DE PROSPECTIVA ESTRATÉGICA SETORIAL 1 Definição do Problema, Objetivos e Delimitação
6
5
Definição de Estratégias e Políticas: Planejamento
Análise dos Atores Método MACTOR©
CICLO CONTÍNUO DA PROSPECTIVA ESTRATÉGICA SETORIAL
Levantamento Histórico e Diagnóstico da Situação Atual
2
Identificação e Mapeamento das Tendências e Convergência
3
Análise Estrutural Método MICMAC© 4 Fonte: O autor.
O próximo passo do processo (etapa 5) é destinado à identificação dos atores que agem direta e indiretamente nas variáveis-chave do sistema (previamente classificadas no MICMAC©) e, com base nesse levantamento, parte-se para a
212
realização do método MACTOR© para verificar as estratégias e o jogo de força e poder entre esses atores. Tendo como base todos os sub-resultados atingidos até esse momento, o último passo desse processo é destinado à definição de estratégias e políticas setoriais, bem como à estruturação do planejamento necessário para a execução dessas estratégias. O planejamento pode desencadear novas necessidades que, por sua vez, poderão, como em um processo de retroalimentação, iniciar um novo estudo.
213
7
CONSIDERAÇÕES FINAIS A tomada de decisão é um processo difícil que requer muita responsabilidade,
principalmente em ambientes complexos. Quando o interesse é apenas unilateral, essa dificuldade tende a ser amenizada como, por exemplo, no âmbito de uma única organização. Quando existem vários interesses concomitantes, como em nível setorial ou mesmo em aglomerações industriais, com muitos atores envolvidos no processo, essa tarefa torna-se muito mais complexa. Para tomar uma decisão fundamentada, é importante a identificação e o mapeamento do sistema de variáveis setoriais. Porém, existe muita dificuldade de entendimento do sistema de variáveis que compõem e impactam o setor industrial. Obter o conhecimento de como o sistema funciona, segundo o poder de influência das variáveis e suas inter-relações, pode subsidiar tomadas de decisão mais embasadas e coerentes com a realidade do setor. Desta forma, é possível desenvolver políticas e estratégias mais realistas, condizentes com as dificuldades do setor e com vistas a atender às oportunidades vislumbradas. O mapeamento do sistema de variáveis que influenciam uma determinada indústria ou setor torna-se ainda mais importante com a competição cada vez mais acirrada e a complexidade do mercado. O mundo é sistêmico e qualquer ação que cause mudanças, pode desencadear diversas outras ações que refletirão no sistema. Com a globalização esse fenômeno pode ficar ainda mais intenso. Para evitar que políticas e estratégias setoriais sejam desenvolvidas de forma empírica, com pouca ou nenhuma fundamentação teórica, é muito importante a utilização de ferramentas e abordagens metodológicas que possam estruturar o sistema a ser investigado (setor industrial). Esta é uma lacuna que incentivou essa pesquisa, a qual buscou na Prospectiva Estratégica uma possível solução para o desenvolvimento de políticas e estratégias setoriais precisas e embasadas na realidade do sistema industrial. Portanto, o objetivo da pesquisa foi desenvolver uma abordagem de Prospectiva Estratégica capaz de preencher essa lacuna, o que foi possível pela execução e pelo atendimento dos objetivos específicos que foram traçados, a saber: (i) mapear o Setor Têxtil e Confecção no Brasil e no Estado do Paraná (o que permitiu obter-se uma visão do posicionamento do setor no país, além de suas
214
principais características e indicadores); (ii) levantar, em nível mundial, algumas tendências científico-tecnológicas e socioeconômicas que possam impactar o Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná (objetivo específico que fornece uma visão de futuro sobre as principais tendências encontradas e apontadas nos diversos meios de divulgação científica relacionados com o setor); (iii) priorizar as variáveis relevantes para o Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná (o que foi executado com o auxílio de dois pesquisadores do setor, cujo resultado simplificou o sistema de variáveis que posteriormente foi validado, ponderado e analisado); e, (iv) identificar as variáveis-chave para o Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná (objetivo específico que fornece um dos principais resultados desse estudo, o que permite formatar uma radiografia das relações entre as variáveis relevantes para o setor e o impacto delas no sistema investigado, principalmente no sentido de utilizálas como subsídio para tomada de decisão). A escolha da abordagem de Prospectiva Estratégica gerou duas hipóteses, as quais procurou-se comprovar ou denegar. A primeira delas foi estabelecida da seguinte forma: “A Prospectiva Estratégica pode auxiliar na tomada de decisão em um contexto complexo caracterizado pela dificuldade de obtenção de leitura coerente das inter-relações das variáveis que compõem e impactam o Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná”. A Prospectiva Estratégica permite uma visão mais estruturada do sistema investigado e facilita na priorização das variáveis, o que de fato pode ser considerado um dos principais benefícios do processo proposto. Esse processo permite uma tomada de decisão estratégica com base no diagnóstico setorial e no estudo sobre as tendências que poderão impactar o setor, ou seja, utiliza-se dos resultados desses estudos para priorizar as variáveis do sistema, o que de fato contribui para uma tomada de decisão baseada, também, nas tendências de futuro e na estrutura atual do setor. Trata-se de um processo abrangente e generalista, quando necessário, e específico e particular, quando o que se precisa é uma tomada de decisão mais pontual e com resultados mais previsíveis. Pode-se verificar que a abordagem proposta permitiu evidenciar as variáveischave do sistema, aquelas cujas ações desencadearão reflexos em todas as demais variáveis investigadas. O fato de identificar as relações de influência e dependência entre as variáveis do sistema e, conseqüentemente, as relações diretas e indiretas
215
que possam existir entre elas, pode gerar informações privilegiadas quanto à alocação de recursos e esforços sobre determinados temas setoriais que repercutirão em todo o sistema. Este fato permite focar os recursos necessários para responder a determinados problemas sem, no entanto, pulverizá-los na tentativa de buscar uma solução para um problema mal mapeado. Além disso, a identificação de como funcionam as inter-relações entre as variáveis permite priorizá-las segundo o seu poder de influência no sistema, o que facilita a decisão sobre ações prioritárias para o setor. Existe, também, a possibilidade de vislumbrar as conseqüências dessas ações, por meio do mapeamento do efeito direto e indireto entre as variáveis, ou seja, para buscar um resultado específico em determinadas variáveis, basta verificar as suas relações de dependência. A segunda hipótese trabalhada nesta pesquisa afirma que “a Prospectiva Estratégica é uma abordagem que permite identificar tendências e mudanças que poderão impactar a indústria e aglomerações industriais”. Essa última hipótese é uma das maiores vantagens que a abordagem Prospectiva Estratégica pode proporcionar no interior do grupo de atores. Tanto os participantes do planejamento do estudo (responsáveis pela pesquisa), quanto, provavelmente, os atores envolvidos no processo de levantamento de dados (especialistas do setor), poderão dispor de momentos de reflexão frente às possibilidades de futuro. O fato de parar e refletir sobre a posição do setor em relação às tendências previamente levantadas, cujo resultado serviu de base para tal abordagem, pode proporcionar momentos de vislumbre de oportunidades e de futuras ameaças. Portanto, esse tipo de reflexão (pensar o futuro) é importante e enriquece o processo de desenvolvimento de políticas e estratégias setoriais ou industriais, como também, permite vislumbrar as tendências para as aglomerações industriais baseadas em um único setor. Nesse sentido, a Prospectiva Estratégica pode ser considerada uma ferramenta fundamental no planejamento estratégico. A maior contribuição do processo proposto nesta pesquisa está relacionada com a questão de custo-benefício que o produto deste trabalho pode proporcionar para os atores envolvidos na cadeia do setor investigado. Estudos dessa natureza podem contribuir para um processo de sinergia e disseminação de um cultura mais propícia a inovação, pois o princípio básico da Prospectiva Estratégica está
216
relacionado a preparação para o porvir e, para isto, o processo proposto permite entender melhor como o setor se encontra frente às tendências previamente identificadas, como, também, posicionar-se em relação ao sistema de variáveis e ao sistema de atores que impactam no setor. 7.1
A CONTRIBUIÇÃO DA PROSPECTIVA ESTRATÉGICA A principal vantagem que um estudo de Prospectiva Estratégica pode
proporcionar está relacionada com a possibilidade de instigar os atores do setor à reflexão sobre o futuro. Somente por vislumbrar algumas tendências importantes relacionadas com o setor analisado é possível gerar várias mudanças de comportamento por parte dos empresários e gestores. Esse tipo de estudo pode incentivar, portanto, mudanças de atitudes dos atores envolvidos. Nesse sentido, uma postura pró-ativa dos agentes envolvidos com setor pode ser fomentada por meio da reflexão obtida com o estudo de Prospecção Estratégica. O empresariado brasileiro precisa incitar as mudanças ao invés de somente reagir às adversidades do mercado, com o intuito de criar e desenvolver as tendências no ambiente. Esse tipo de atitude pode fomentar inovações importantes para o setor. 7.2
LIMITAÇÕES DA ABORDAGEM Quanto às limitações da abordagem, pode-se destacar que a mais
significativa é a dependência da qualidade dos dados de entrada. A Prospectiva Estratégica, no formato desenvolvido por Godet (2004), está muito bem embasada estatisticamente. No entanto, como essa abordagem precisa de dados qualitativos para poder, em um segundo momento, quantificar as relações de influência entre as variáveis do sistema, a qualidade do resultado dependerá da qualidade dos dados entradas (dados iniciais). Nesse contexto, a qualificação, o nível de conhecimento e a capacidade de contribuição dos especialistas influenciam diretamente no resultado do estudo. Existem outras limitações que não estão relacionadas com o método da abordagem, mas sim com a operacionalização da metodologia. Em primeiro lugar, destaca-se a complexidade de reunir todos os especialistas para participar de um Painel, pois é muito difícil obter a adesão de todos os atores escolhidos. Outro ponto
217
importante são os recursos necessários para a implementação de estudos dessa natureza, pois geralmente é preciso apoio logístico para os participantes do Painel e estrutura física (local adequado para este tipo de evento), o que de fato pode inviabilizar a operacionalização para alguns casos, ou mesmo interferir na escolha dos especialistas ideais para o estudo (escolher especialistas por critério de localidade em detrimento da competência). 7.3
RECOMENDAÇÕES A Prospectiva Estratégica não se limita à abordagem desenvolvida nesta
pesquisa. Existem outras ferramentas que compõem a “caixa de ferramentas” de Godet (2004), mentor da abordagem, que podem ser utilizadas para estruturar o planejamento estratégico setorial. Uma das possibilidades de continuação deste estudo é atrelar ao resultado do MICMAC©, a possibilidade de executar a ferramenta MACTOR© para identificar as relações de força entre os atores. A ferramenta MICMAC© permite identificar e priorizar as variáveis-chave do sistema investigado. Uma vez entendidas as relações de influência entre as variáveis do sistema, é possível procurar relacionar os atores que estão estreitamente correlacionados com tais variáveis. Existem atores que exercem impactos significativos no sistema, devido ao seu poder de influenciar as variáveischave. São esses atores que deverão fazer parte do estudo MACTOR©, o qual identificará as estratégias de cada um e a relação de força que possa existir entre eles. Esse tipo de estudo permite desenvolver estratégias de articulação para resolver problemas pontuais relacionados com determinados temas e variáveis. Outras ferramentas e abordagens interessantes que poderiam contribuir no processo de reflexão estratégica setorial são: (i) Technological Foresight (desenvolvimento de visões que permitem identificar os avanços tecnológicos futuros); (ii) Forecasting (previsão com base em informações históricas, modelagem de tendências e análise de projeções futuras periódicas); (iii) Roadmaping (desenvolvimento de mapas e rotas tecnológicas); (iv) Assessment (monitoramento e acompanhamento sistemático e contínuo da evolução dos fatos e eventos portadores de mudanças); (v) MORPHOL© (análise morfológica para definição de cenários); (vi) SMIC-PROB-EXPERT© (probabilização de cenários); e, (vii) MULTIPOL© (jogos de políticas e estratégias). Essas ferramentas também poderão
218
contribuir no desenvolvimento do planejamento estratégico setorial, bem como na fundamentação da tomada de decisão. A aplicação da Prospectiva Estratégica poderá proporcionar momentos de intensos debates e reflexões acerca das oportunidades e ameaças vislumbradas no futuro. Portanto, é importante desenvolver esse tipo de reflexão nos demais setores industriais. Sugere-se que estudos dessa natureza sejam desenvolvidos com o intuito de construir coletivamente uma estratégia fundamentada nas questões pertinentes ao futuro do setor. O planejamento estratégico setorial precisa ser desenvolvido com o pleno entendimento das questões sistêmicas que afetam o setor. É muito importante entender o processo de inovação e de transformação dos negócios. Nesse contexto, acredita-se que as empresas que não procurarem entender o fenômeno da mudança como oportunidade terão sérios problemas de posicionamento no mercado, pois trata-se de sistemas altamente mutantes e que podem modificar drasticamente o mercado.
219
REFERÊNCIAS
ABD-ELLATIF, S. A. M. M. M. E. Strukturierungsmethoden als basis für die einführung von qualitätsorientierten leitsystemen in der textilen prozesskette. Aachen, Alemanha, 2004. 472p. Tese (Doutorado em Tecnologia Têxtil) – ITA, FWTH-AACHEN. ADVANCEMENT AND DISSEMINATION OF LEAPFROG TECHNOLOGY – AADLT. LEAPFROG CA (Coordination Action): Coordination of multidisciplinary knowledge and research activities to support leadership for European apparel production from research along original guidelines. In: LEAP FROG CA Newsletter, Brussels, Belgium, n. 1, mar. 2005. ADVANCEMENT AND DISSEMINATION OF LEAPFROG TECHNOLOGY – AADLT. LEAPFROG IP (Integrated Project): Virtual garment prototyping. In: LEAP FROG IP News 2005 / 2006, Brussels, Belgium, jun. 2006. ALBAGLI, S. Globalização e espacialidade: o novo papel do local. In: CASSIOLATO, J. E.; LASTRES, H. M. M. (Orgs). Globalização e inovação localizada: experiências de sistemas locais no Mercosul. Brasília: IBICT/MCT, 1999. p. 181-198. ALBAGLI, S.; BRITO, J. Glossário de arranjos e sistemas produtivos e inovativos locais. (Relatório da Fase Piloto). Rio de Janeiro, fev. 2003. Disponível em: <http://www.ie.ufrj.br/redesist/Glossario/Glossario%20Sebrae.pdf>. Acesso em: 11 jan. 2007. AMATO NETO, J. Redes de cooperação produtiva e clusters regionais: oportunidades para as pequenas e médias empresas. São Paulo: Atlas e Fundação Vanzolini, 2000. ARCADE, J.; GODET, M.; MEUNIER, F.; ROUBELAT, F. Análisis estructural con el método MICMAC, y estrategia de los actores con el método MACTOR. Buenos Aires: BCNA, 2004. ASHDOWN, S. P.; LOKER, S.; SCHOENFELDER, K.; LYMAN-CLARKE, L. Using 3D scans for fit analysis. In: JTATM - Journal of textile and apparel, technology and management, Raleigh, North Carolina, v. 4., n. 1, summer 2004. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS INDÚSTRIAS DE CALÇADOS – ABICALÇADOS. Crise: derrapagem no setor calçadista. dez. 2005. Acesso em: 26 mai. 2006. Disponível em: <http://www.abicalcados.com.br/index.php?page=noticias&id=507>. BAE, J.; MAY-PLUMLEE, M. Customer focused textile and apparel manufacturing systems: toward an effective e-commerce model. In: JTATM - Journal of textile and apparel, technology and management, Raleigh, North Carolina, v. 4., n. 4, summer 2005.
220
BARTELS, V. T.; Physiological function and wear comfort of smart textiles. In: MSTNEWS Magazine, Berlin, v. 1, n. 2, p. 16 e 38, abr. 2005. BELLY, M.; PIROTTE, F.; CATRYSSE, M. The development of intelligent textiles at Centexbel. In: MSTNEWS Magazine, Berlin, v. 1, n. 2, p. 44, abr. 2005. BESEN, G. M. V.; DELGADO, P. R. Arranjos produtivos locais no Paraná. In: Revista Paranaense de Desenvolvimento, (Nota de Pesquisa), Curitiba, n. 109, p. 161-164, jul./dez. 2005. BLOOM, D. E. Capitalisme social et diversité humaine. In : OCDE – ORGANISATION DE COOPÉRATION ET DE DÉVELOPPEMENT ÉCONOMIQUES, La société créative du XXIe siècle: études prospectives, Paris, OCDE, 2001. p. 2988. BOCZKOWSKA, A.; LEONOWICZ, M. Intelligent materials for intelligent textiles. In: Fibres & Textiles in Eastern Europe, Łódź, Poland, v. 14, n. 5, p. 13-17, jan-dez. 2006. BOISIER, S. Em busca do esquivo desenvolvimento regional: entre a caixa-preta e o projeto político. jun., 1996. Disponível em: <http://www.ipea.gov.br/pub/ppp/ppp13/boisier.pdf>. Acesso em: 09 mar. 2007. BRITTO, J. Características estruturais dos clusters industriais na economia brasileira. In: Nota Técnica 29/00 (versão preliminar), Rio de Janeiro, jun. 2000. IE-UFRJ. Disponível em: <http://www.ie.ufrj.br/redesist/P2/textos/NT29.PDF>. Acesso em: 11 jan. 2007. CABRERO, M. C.; Light in darkness. In: International Wool Textile Organisation – IWTO (World Wool Award), Arquivo (272 kbytes), 07 fev. 2006. Disponível em: <http://www.iwto.org/Projects/WWA/2006/images/Concept/01%20LIGHT%20IN%20 DARKNESS).ppt%20angles.pdf>. Acesso em: 15 dez. 2006. CÂMARA MUNICIPAL DE APUCARANA. Fabricantes de bonés mantêm atenções na Câmara. out. 2005. Acesso em: 26 mai. 2006. Dsiponível em: <http://www.cma.pr.gov.br/mostrar.php?noticia_id=262>. CAMPBELL, J. R.; PARSONS, J. Taking advantage of the design potential of digital printing technology for apparel. In: JTATM - Journal of textile and apparel, technology and management, Raleigh, North Carolina, v. 4., n. 3, spring 2005. CAMPOS, A. C. Arranjos produtivos no Estado do Paraná: o caso do município de Cianorte-PR. In: Instituo Euvaldi Lodi – IEL, Arranjos Produtivos Locais - Concurso IEL-Paraná de Monografias sobre a Relação Universidade/Empresa (2005), Curitiba: IEL, 2006. p. 11-43. CASAROTO FILHO, N.; PIRES, L. H. Redes de pequenas e médias empresas e desenvolvimento local: estratégias para a conquista da competitividade global com base na experiência italiana. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2001.
221
CASSIOLATO, J, E.; LASTRES, H. M. M. Sistemas de inovação: políticas e perspectivas. In: Revista Parcerias Estratégicas, Brasília, n. 8. p. 237-255. 2000. CASSIOLATO, J, E.; LASTRES, H. M. M. Arranjos e sistemas produtivos locais na indústria brasileira. In: Revista de Economia Contemporânea, Rio de Janeiro, v. 5. p. 103-136. 2001. Edição Especial. CASSIOLATO, J. E.; LASTRES, H. M. M. O foco em arranjos produtivos e inovativos locais de micro e pequenas empresas. In: LASTRES, H. M. M.; CASSIOLATO, J. E.; MACIEL, M. L. (Orgs), Pequena empresa: cooperação e desenvolvimento local. Rio de Janeiro: Relume Dumará: UFRJ, Instituto de Economia, 2003. CASSIOLATO, J. E.; SZAPIRO, M. Uma caracterização de arranjos produtivos locais de micro e pequenas empresas. In: LASTRES, H. M. M.; CASSIOLATO, J. E.; MACIEL, M. L. (Orgs), Pequena empresa: cooperação e desenvolvimento local. Rio de Janeiro: Relume Dumará: UFRJ, Instituto de Economia, 2003. CASTELLS, M. Sociedade em rede: a era da informação: economia, sociedade e cultura. 8 ed. São Paulo: Paz e Terra, 2005. CENTRO DE GESTÃO E ESTUDOS ESTRATÉGICOS – CCGE. Disponível em: <http://www.cgee.org.br/>. Acesso em: 11 jan. 2007. CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A. Metodologia científica. 5 ed. São Paulo: Prentice Hall, 2002. CHOI, W.; POWELL, N. B.; Three dimensional seamless garment knitting on v-bed flat knitting machines. In: JTATM - Journal of textile and apparel, technology and management, Raleigh, North Carolina, v. 4., n. 3, spring 2005. CHOI, W.; POWELL, N. B.; CASSILL, N. L. New product development and its applications in textiles. In: JTATM - Journal of textile and apparel, technology and management, Raleigh, North Carolina, v. 4., n. 4, summer 2005. COATES, J. F. Pronóstico normativo. Buenos Aires: EYE, 2004. COBOS, A. V. Las ciencias del futuro: ¿un problema sociológico? In: Revista POLIS, México, v. 2, n. 1, p. 105.139., 2006. COMISSÃO ECONÔMICA PARA A AMÉRIA LATINA E O CARIBE – CEPAL. (NAÇÕES UNIDAS) América Latina y el Caribe: proyecciones 2006-2007. In: Série Estudios Estadísticos y Prospectivos, CPE/DEPE – Nações Unidas, Santiago, 42, abr. 2006. CONGRESSO NACIONAL DO BRASIL. Área de livre comércio das Américas – Alca. Disponível em: <http://www.camara.gov.br/mercosul/blocos/ALCA.htm >. Acesso em: 25 jan. 2007.
222
CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO – CNPQ. Plataforma Lattes. Disponível em: <http://lattes.cnpq.br/index.htm>. Acesso em: 09 fev. 2007. COOPER, R.; SAWAF, A. Inteligência emocional da empresa. Rio de Janeiro: Campus, 1997. COTIS, J-P. Perspectives économiques No.80. In: OCDE – ORGANISATION DE COOPÉRATION ET DE DÉVELOPPEMENT ÉCONOMIQUES, Perspectives économiques No.80 : extraits : résumés par pays. 28 nov. 2006. Disponível em: <http://www.oecd.org/document/4/0,2340,fr_2825_32066506_20347588_1_1_1_1,00 .html>. Acesso em: 24 jan. 2007. CUNNINGHAM, A. M. Clothes that change color. In: ScienCentral News – Making Sense of Science (Technology: nanotechnology), 19 nov. 2002. Disponível em: <http://www.sciencentral.com/articles/view.php3?language=english&type=&article_id =218391833#top>. Acesso em: 22 dez. 2006. DAANEN, H. A. M. Ergonomics of protective clothing, heat strain and fit. In: In: NATO Advanced Research Workshop, (UNIVERSITEIT GENT – Department of textiles) Croatia, Zadar, 7-10 set. 2005. Disponível em: <http://textiles.ugent.be/arw2005/Presentations/Daanen%20presentation.pdf>. Acesso em: 08 jan. 2007. DAHLMAN, C.; FRISCHTAK, C. Tendências da indústria mundial: desafios para o Brasil. Brasília: CNI/DIREX, 2005. DEVARAJAN, P.; ISTOOK, C. L. Validation of female figure identification technique (FFIT) for apparel software. In: JTATM - Journal of textile and apparel, technology and management, Raleigh, North Carolina, v. 4., n. 1, summer 2004. DIE HOHENSTEINER INSTITUTE – DHI / INSTITUT FÜR HYGIENE UND BIOTECHNOLOGIE – IHB. Medizin- und krankenhaustextilien und textilhygiene. Disponível em: <http://www.hohenstein.de/content/content1.asp?hohenstein=32-1890-0-0>. Acesso em: 22 dez. 2006. DOMINGUES, E. P.; RUIZ, R. M. Os desafios ao desenvolvimento regional brasileiro. In: Revista Ciência e Cultura, São Paulo, v. 58, n. 1, jan./mar. 2006. DRUCKER, P. F. Administração, tarefas, responsabilidades, práticas. 3.v. São Paulo: Pioneira, 1975. DRUCKER, P. F. Desafios gerenciais para o século XXI. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2001. DUNNE, L. E.; ASHDOWN, S. P.; SMYTH, B. Expanding garment functionality through embedded electronic technology. In: JTATM - Journal of textile and apparel, technology and management, Raleigh, North Carolina, v. 4., n. 3, spring 2005.
223
EUROPEAN FP6 – Sixth Framework Programme. <http://ec.europa.eu/research/fp6>. Acesso em 14. dez. 2006.
Disponível
em:
EUROPEAN UNION – EU. Ambiente 2010: o nosso futuro, a nossa escolha. (6º Programa de Acção Comunitário em Matéria de Ambiente). 2001. Disponível em: <http://ec.europa.eu/environment/newprg/pdf/6eapbooklet_pt.pdf>. Acesso em 19: jan. 2007. FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DO PARANÁ – FIEP. Disponível em: <http://www.fiepr.org.br/>. Acesso em: 12 fev. 2007. GARCIA, R. As economias externas como fonte de vantagens competitivas dos produtores em aglomerações de empresas. In: VII Encontro Nacional de Economia Política, Curitiba, Paraná, 2002. Disponível em: <http://www.prd.usp.br/redecoop/SEP%202002%20Renato%20Garcia.pdf>. Acesso em: 12 jan. 2007. GARCIA, R. Economias externas e vantagens competitivas dos produtores em sistemas locais de produção. In: Revista FACEF Pesquisa, Franca, São Paulo, v. 6, n. 3, 2003. GIMPEL, S.; MÖHRING, U.; NEUDECK, A.; SCHEIBNER, W. Integration of microelectronic devices in textiles. In: MSTNEWS Magazine, Berlin, v. 1, n. 2, p. 1415, abr. 2005. GLENN, J. C. Introducción a la serie de metodología de investigación de futuros (TRADUÇÃO). In: GLENN, J. C. Futures Research Methodology (Tradução – Seção Nº 1). Buenos Aires, 2004. Arquivo (2167 Kbytes); PDF. Disponível em: <http://zulia.colciencias.gov.co/portalcol/downloads/archivosContenido/93.pdf>. Acesso em: 16 nov. 2006. GODET, M. “A caixa de ferramentas” da prospectiva estratégica. Caderno n. 5. Lisboa: Centro de Estudos de Prospectiva e Estratégia, 2000. GODET, M. Manuel de prospective stratégique: tome 1 – une indiscipline intellectuelle. 2. ed. Paris: Dunod, 2001. GODET, M. Manual de prospectiva estratégica: da antecipação à acção. Lisboa: Dom Quixote, 2003. GODET, M. Manuel de prospective stratégique: tome 2 – l’art et la méthode. 2. ed. Paris: Dunod, 2004. GODET, M. ; DURANCE, P. Prospective Stratégique: problèmes et méthodes. In: Cahier du LIPSOR nº 20. Disponível em:<http://www.cnam.fr/lipsor>. Acesso em: 23 nov. 2006. GOLDWIN INC. Disponível em: <http://www.goldwin.co.jp>. Acesso em: 22 dez. 2006.
224
GOLEMAN, D. Inteligência emocional. Rio de Janeiro: Objetiva, 1995. GOLEMAN, D. Trabalhando com inteligência emocional. Rio de Janeiro: Objetiva, 1999. GOMÉZ, D.; DYNER, I. Los estudios de futuro, dinámicas socioeconómicas e innovación. In: 1er Congreso Latinoamericano de Dinámica de Sistemas, Monterrey, mai. 2003. GORDON, T. J. Integración de los de pronóstico y fronteras de la investigación de futuros. Buenos Aires: BCNA, 2004. GORINI, A. P. F.; SIQUEIRA, S. H. G. Complexo têxtil brasileiro. Rio de Janeiro: BNDES, 2002. GREENYARN LLC – TECHNOLOGY IN NATURE. Eco-fabric. Boston, EUA, Disponível em: <http://www.greenyarn.com/index.htm>. Acesso em: 16 nov. 2006. GÜELL, J. M. F. El diseño de escenarios en el ámbito empresarial. Madrid: Ediciones Pirâmide, 2004. GURGEL, A. C.; BITENCOURT, M. B.; TEIXEIRA, E. C. Impactos dos acordos de liberalização comercial Alça e Mercoeuro sobre os países membros. In: Revista Brasileira de Economia, Rio de Janeiro, v. 56, n. 2, p. 335-369, abr./jun., 2002. HADDAD, P. R. A organização dos sistemas produtivos locais como prática de desenvolvimento endógeno. In: V Fórum da Microempresa, Rio de Janeiro, 09-11 set. 2002. HEBERT, P. Nanotech and its growing influence on the international market. In: II Nanotec – Feira e Congresso de Nanotecnologia, São Paulo, 06 nov. 2006. Disponível em: <http://www.rjrconsultores.com.br/nano/lux.pdf>. Acesso em: 19 nov. 2006. HERBOLD, F. V. Nanotecnologia na indústria têxtil: onde estamos e para onde vamos. In: I Nanotec – Feira e Congresso de Nanotecnologia, São Paulo, 05 jul. 2005. Disponível em: <http://www.mct.gov.br/upd_blob/8104.pdf>. Acesso em: 08 jan. 2007. HWANG, H. J. Modeling virtual network collaboration in supply chain management. Berlin: Springer Berlin / Heidelberg, 2005. INSTITUTE FOR THE FUTURE. Disponível em: <http://www.iftf.org>. Acesso em: 19 jan. 2007. INSTITUT FÜR TEXTILTECHNIK. Disponível aachen.de/newita/>. Acesso em: 08 dez. 2006.
em:
<http://www.ita.rwth-
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. (CONCLA – Comissão Nacional de Classificação). CNAE – Classificação Nacional de
225
Atividades Econômicas. Disponível em: <http://www.cnae.ibge.gov.br/>. Acesso em: 12 set. 2006. INSTITUTO PARANAENSE DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL – IPARDES. Leituras Regionais: mesorregiões geográficas paranaenses. (sumário executivo e CD). Curitiba: IPARDES, 2004. INSTITUTO PARANAENSE DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL – IPARDES; SECRETARIA DE ESTADO DO PLANEJAMENTO E COORDENAÇÃO GERAL – SEPL. Arranjos produtivos locais do Estado do Paraná: identificação, caracterização e construção de tipologia. Curitiba: IPARDES, 2006. INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – IST (IN+ CENTRO DE ESTUDOS EM INOVAÇÃO, TECNOLOGIA E POLÍTICAS DE DESENVOLVIMENTO). Biotecnologia e inovação na indústria Portuguesa: estudo de oportunidades tecnológicas e de mercado. jul. 2005. Disponível em: <http://www.cotec.pt/cotec/images/pdf/Estudo%20Biotecnologia.pdf>. Acesso em: 22 nov. 2006. INSTITUTO TECNOLÓGICO TEXTIL – AITEX. Estudio de investigación de las fornituras y sus aplicaciones: adaptación de componentes a la seguridad del usuario. Alcoy, Espanha, set. 2002a. Disponível em: <http://www.aitex.es/estudios/fornituras.pdf>. Acesso em: 10 dez. 2006. INSTITUTO TECNOLÓGICO TEXTIL – AITEX. Etiquetado de artículos textiles para el hogar: instrucciones de uso y lavado. Alcoy, Espanha, set. 2002b. Disponível em: <http://www.aitex.es/estudios/etiquetado.pdf>. Acesso em: 10 dez. 2006. INSTITUTO TECNOLÓGICO TEXTIL – AITEX. Identificación y caracterización de las emisiones atmosféricas de los procesos textiles. Alcoy, Espanha, set. 2002c. Disponível em: <http://www.aitex.es/estudios/emisiones_atmosfericas.pdf>. Acesso em: 10 dez. 2006. INSTITUTO TECNOLÓGICO TEXTIL – AITEX. Análisis de la tecnología de visión artificial aplicada al sector textil. Alcoy, Espanha, nov. 2002d. Disponível em: <http://www.aitex.es/estudios/Vision_Artificial1.pdf>. Acesso em: 10 dez. 2006. INSTITUTO TECNOLÓGICO TEXTIL – AITEX. Valorización de los residuos generados en la industria textil y sus posibilidades de reutilización y/o aplicación en otras industrias. Alcoy, Espanha, jun. 2003a. Disponível em: <http://www.aitex.es/estudios/valorizacion.pdf>. Acesso em: 10 dez. 2006. INSTITUTO TECNOLÓGICO TEXTIL – AITEX. Aplicación de plasma a baja presión al textil: un nuevo proceso de acabado no acuoso. Alcoy, Espanha, ago. 2003b. Disponível em: <http://www.aitex.es/estudios/plasma.pdf>. Acesso em: 10 dez. 2006. INSTITUTO TECNOLÓGICO TEXTIL – AITEX. Optimización de los niveles de contaminación del agua procedente de los procesos textiles. Alcoy, Espanha,
226
ago. 2003c. Disponível em: <http://www.aitex.es/estudios/contaminacion_agua.pdf>. Acesso em: 10 dez. 2006. INSTITUTO TECNOLÓGICO TEXTIL – AITEX. Caracterización del factor de protección ultravioleta en textiles. Alcoy, Espanha, dez. 2003d. Disponível em: <http://www.aitex.es/estudios/UPF.pdf>. Acesso em: 10 dez. 2006. INSTITUTO TECNOLÓGICO TEXTIL – AITEX. Estampación digital. Alcoy, Espanha, dez. 2003e. Disponível em: <http://www.aitex.es/estudios/Estampacion_digital.pdf>. Acesso em: 10 dez. 2006. INSTITUTO TECNOLÓGICO TEXTIL – AITEX. Estudio del aislamiento térmico resultante de base de un conjunto de ropas interior y exterior medido sobre maniquí térmico. Alcoy, Espanha, dez. 2003f. Disponível em: <http://www.aitex.es/estudios/MANIQUI.pdf>. Acesso em: 10 dez. 2006. INSTITUTO TECNOLÓGICO TEXTIL – AITEX. Reingeniería de textiles técnicos utilizando algodón en substitución al proceso de fabricación convencional: Tomo I (Plan textil confección 2003). Alcoy, Espanha, 2003g. Disponível em: <http://www.aitex.es/estudios/algodon.pdf>. Acesso em: 10 dez. 2006. INSTITUTO TECNOLÓGICO TEXTIL – AITEX. Aplicación de la tecnología de estampación digital utilizando colorantes pigmentarios. Alcoy, Espanha, mar. 2004a. Disponível em: <http://www.aitex.es/estudios/Estampacion_digital_2.pdf>. Acesso em: 10 dez. 2006. INSTITUTO TECNOLÓGICO TEXTIL – AITEX. Aplicación de tratamientos de microencapsulación para la ignifugación de tecidos poliolefínicos. Alcoy, Espanha, mar. 2004b. Disponível em: <http://www.aitex.es/estudios/Microencapsulacion.pdf>. Acesso em: 10 dez. 2006. INSTITUTO TECNOLÓGICO TEXTIL – AITEX. Investigación de las mejores técnicas disponibles (MTD’s) para la mejora continua de los productos industriales textiles. Alcoy, Espanha, mar. 2004c. Disponível em: <http://www.aitex.es/estudios/investigacion_MTDs.pdf>. Acesso em: 10 dez. 2006. INSTITUTO TECNOLÓGICO TEXTIL – AITEX. Soluciones para la fabricación de productos textiles según el diseño sistemático del producto en el marco de la ingeniería concurrente. Alcoy, Espanha, mar. 2004d. Disponível em: <http://www.aitex.es/estudios/ingenieria_concurrente.pdf>. Acesso em: 10 dez.2006. INSTITUTO TECNOLÓGICO TEXTIL – AITEX. Textiles inteligentes para alfombras “proyecto aladin”: informe nº 1. Alcoy, Espanha, mar. 2004e. Disponível em: <http://www.aitex.es/estudios/aladin_textiles_inteligentes.pdf>. Acesso em: 10 dez. 2006. INSTITUTO TECNOLÓGICO TEXTIL – AITEX. Tratamientos de polimerización por plasma de baja presión: una nueva alternativa para la modificación superficial de textiles en seco. Alcoy, Espanha, mar. 2004f. Disponível em: <http://www.aitex.es/estudios/plasma_polimerizacion.pdf>. Acesso em: 10 dez. 2006.
227
INSTITUTO TECNOLÓGICO TEXTIL – AITEX. Soluciones a los vertidos salinos generados en la depuración de aguas residuales de la industria textil: programa de fomento de la investigación técnica para al sector textil/confección año 2002. Alcoy, Espanha, dez. 2005. Disponível em: <http://www.aitex.es/estudios/vertidos_salinos.pdf>. Acesso em: 10 dez. 2006. KALLMAYER, C.; LINZ, T.; ASCHNBRENNER, R.; REICHL, H. System integration technologies for smart textiles. In: MSTNEWS Magazine, Berlin, v. 1, n. 2, p. 42-43, abr. 2005. KARDILE, A. N. Indústria volta sua atenção para tecnologia que não pode ser vista (Jornalista Renato Cruz). In: Jornal Estadão, 05 jul. 2005. Disponível em: <http://www.link.estadao.com.br/index.cfm?id_conteudo=4208>. Acesso em: 04 out. 2006. KENKARE, N.; MAY-PLUMLEE, T. Fabric drape measurement: a modified method using digital image processing. In: JTATM - Journal of textile and apparel, technology and management, Raleigh, North Carolina, v. 4., n. 3, spring 2005. KIEKENS, P. Intelligent textiles for personal protection and safety. In: In: NATO Advanced Research Workshop, (UNIVERSITEIT GENT – Department of textiles) Croatia, Zadar, 7-10 set. 2005. Disponível em: <http://textiles.ugent.be/arw2005/Presentations/Presentation%20Prof.%20Kiekens.p pt#4>. Acesso em: 15 dez. 2006. KUME, H.; PIANI, G. Alca: uma estimativa do impacto no comércio bilateral BrasilEstados Unidos. In: Revista Economia e Sociedade, Campinas, v. 14, n. 2 (25), p. 215-233, jul./dez., 2005. LABORATOIRE d’INVESTIGATION en PROSPECTIVE STRATÉGIE et ORGANISATION – LIPSOR. Disponível em: <http://www.cnam.fr/lipsor/index.php>. Acesso em: 05 mar. 2006. LAHIDJI, R.; MICHALSKI, W.; STEVENS, B. L’avenir de l’énergie à long terme: évaluation des tendances et enjeux essentiels. In : OCDE – ORGANISATION DE COOPÉRATION ET DE DÉVELOPPEMENT ÉCONOMIQUES, Énergie: les cinquante prochaines années, Paris, OCDE, 1999. p. 07-33. LAPLANE, M. O Brasil na Alça: uma avaliação crítica. In: ESTEVAM, D.; FERREIRA, M. S. (Orgs). Capital e trabalho vivo: reflexões sobre a Área de Livre Comércio das Amérias – Alca. São Paulo: Expressão Popular, 2004. p. 143-148. LASTRES, H. M. M.; CASSIOLATO, J. E.; LEMOS, C.; MALDONADO, J.; VARGAS, M. A. Globalização e inovação localizada. In: CASSIOLATO, J. E.; LASTRES, H. M. M. (Orgs). Globalização e inovação localizada: experiências de sistemas locais no Mercosul. Brasília: IBICT/MCT, 1999. p. 39-71. LASTRES, H. M. M.; CASSIOLATO, J. E. Glossário de arranjos e sistemas produtivos e inovativos locais - GASPIL. Rio de Janeiro, nov. 2003. Disponível
228
em: <http://www.ie.ufrj.br/redesist/P4/textos/Glossario.pdf>. Acesso em: 11 jan. 2007. LASTRES, H. M. M.; CASSIOLATO, J. E. Políticas para promoção de arranjo produtivo e inovativos locais de micro e pequenas empresas: vantagens e restrições do conceito e equívocos usuais. In: Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais, Rio de Janeiro, set. 2004. Disponível em: <http://www.redesist.ie.ufrj.br/>. Acesso em: 11 jan. 2007. LEMOS, C. R. Micro, pequenas e médias empresas no Brasil: novos requerimentos de políticas para a promoção de sistemas produtivos locais. Rio de Janeiro, 2003. 263 p. Tese de Doutorado (Doutorado em Ciências em Engenharia de Produção) – PPGE/COPPE, UFRJ. LEMOS, M. B.; DINIZ, C. C.; GUERRA, L.; MORO, S. A nova configuração regional brasileira e sua geografia econômica. Revista Estudos Econômicos, São Paulo, v. 33, n. 4, p. 665-700, 2003. LIBEERT, F. European technology platform for the future of textiles and clothing: (ETP - FTC). In: Technology Platform Launch Event, Brussels, 16 dez. 2004. Disponível em: <http://www.textile-platform.org/keydocuments.php>. Acesso em: 08 jan. 2006. LOCHER, I.; TRÖSTER, T. K. G. From smart textiles to wearable systems. In: MSTNEWS Magazine, Berlin, v. 1, n. 2, p. 12-14, abr. 2005. LOKER, S.; ASHDOWN, S. P.; COWIE, L.; SCHOENFELDER, K. Consumer interest in commercial applications of body scan data. In: JTATM - Journal of textile and apparel, technology and management, Raleigh, North Carolina, v. 4., n. 1, summer 2004. LOKER, S.; ASHDOWN, S.; SCHOENFELDER, K. Size-specific analysis of body scan data to improve apparel fit. In: JTATM - Journal of textile and apparel, technology and management, Raleigh, North Carolina, v. 4., n. 3, spring 2005. LÓPEZ, A.; LUGONES, G. Los sistemas locales en el escenario de la globalización. In: CASSIOLATO, J. E.; LASTRES, H. M. M. (Orgs). Globalização e inovação localizada: experiências de sistemas locais no Mercosul. Brasília: IBICT/MCT, 1999. p. 72-108. MALAGRICI, M Introdução à propriedade intelectual. In: Curso de Capacitação em Propriedade intelectual para Gestores de Tecnologia. Curitiba, INPI, jul. 2005. MARCHESE, R. Nanotecnologia na indústria têxtil. In: Seminário da ABIT / SINDITÊXTIL, São Paulo, 31 ago. 2006. Disponível em: <http://www.mct.gov.br/upd_blob/9158.pdf>. Acesso em: 22 dez. 2006. MARCIAL, E. C.; GRUMBACH, R. J. S. Cenários prospectivos: como construir um futuro melhor. 3 ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2005.
229
MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Técnicas de pesquisa: planejamento e execução de pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisa, elaboração, análise e interpretação de dados. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2002. MARRAS, J. P. Administração de recursos humanos: do operacional ao estratégico. 3. ed. São Paulo: Futura, 2002. MAY-PLUMLEE, M.; BAE, J. Behavior of prepared-for-print fabrics in digital printing. In: JTATM - Journal of textile and apparel, technology and management, Raleigh, North Carolina, v. 4., n. 3, spring 2005. MECHEELS, S. Benefits of the nanotechnology revolution for textiles. (Hohenstein Institutes – Germany). In: I Nanotec – Feira e Congresso de Nanotecnologia, São Paulo, 05 jul. 2005. Disponível em: <http://www.mct.gov.br/upd_blob/8105.pdf>. Acesso em: 08 jan. 2007. MELO, C. P.; Nanotecnologia: uma visão científica. In: II Nanotec – Feira e Congresso de Nanotecnologia, São Paulo, 06 nov. 2006. Disponível em: <http://www.rjrconsultores.com.br/nano/cpm.pdf>. Acesso em: 19 nov. 2006. MILLER, R.; MICHALSKI, W.; STEVENS, B. L’avenir de l’argent. In : OCDE – ORGANISATION DE COOPÉRATION ET DE DÉVELOPPEMENT ÉCONOMIQUES, L’avenir de l’argent, Paris, OCDE, 2002. p. 11-34. MINISTÉRIO DE CIÊNCIA E TENOLOGIA – MCT. Portal Inovação: especialistas, grupos de pesquisa e empresas. Disponível em: <http//www.portalinovacao.inf>. Acesso em: dez. 2006. MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR – MDIC. Nomenclatura Comum do Mercosul – NCM. Disponível em: <http://www.mdic.gov.br/sitio/secex/negInternacionais/acoComerciais/nomComMerc osul.php>. Acesso em: 15 ago. 2006a. MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR – MDIC. Sistema Alice Web. (Bases de dados 1996 a 2005). Disponível em: <http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br/default.asp>. Acesso em: 15 ago. 2006b. MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR – MDIC; INSTITUTO EUVALDO LODI/NÚCLEO CENTRAL – IEL/NC. O futuro da indústria têxtil e de confecção: vestuário de malha. Coordenação: BRUNO, F. S.; MALDONADO, L. M. O. Brasília: MDIC/STI: IEL/NC, 2005. MINISTÉRIO DO TRABALHO E DO EMPREGO – MTE. RAIS: relação anual de informações sociais. 2006. (Bases de dados 2001 a 2005). Software SGT Micro 7.0. MIRANDA, J. M. S. A nanotecnologia como fator estratégico de inovação competitiva no setor têxtil. In: II Nanotec – Feira e Congresso de Nanotecnologia, São Paulo, 06 nov. 2006. Disponível em: <http://www.rjrconsultores.com.br/nano/jms.pdf>. Acesso em: 09 dez. 2006.
230
MIYUKI KEORI CO. Disponível em: <http://www.miyukikeori.co.jp>. Acesso em: 22 dez. 2006. MULGAN, G. Les perspectives d’une rénovation sociale. In : OCDE – ORGANISATION DE COOPÉRATION ET DE DÉVELOPPEMENT ÉCONOMIQUES, La société créative du XXIe siècle: études prospectives, Paris, OCDE, 2001. p. 153201. NAIK, A. A incorporação da nanotecnologia nos processos de fiação de fibras naturais, artificiais e sintéticas. In: I Nanotec – Feira e Congresso de Nanotecnologia, São Paulo, 05 jul. 2005. Disponível em: <http://www.mct.gov.br/upd_blob/8103.pdf>. Acesso em: 08 jan. 2007. NAM, J.; BRANSON, D. H.; CAO, H.; JIN, B.; PEKSOZ, S.; FARR, C.; ASHDOWN, S. Fit analysis of liquid cooled vest prototypes using 3D body scanning technology. In: JTATM - Journal of textile and apparel, technology and management, Raleigh, North Carolina, v. 4., n. 3, spring 2005. NANO TSUNAMI. Nanotech firm introduces anti-odor fabric: “eco-fiber” made from all-natural bamboo, 12 ago 2005. Disponível em: <http://www.voyle.net/Nano%20Textiles/2005%20Textiles/Textiles-2005-0014.htm>. Acesso em: 22 dez. 2006. NORSTEBO, C. A. Intelligent textiles, soft products. In: NTNU - Norwegian University of Science and Technology, Department of Product Design. 12 jan. 2004. Disponível em: <http://design.ntnu.no/fag/PD9/2003/artikkel/Norstebo.pdf>. Acesso em: 05 jan. 2006. OH, H.; YOON, S.; HAWLEY, J. What virtual reality can offer to the furniture industry. In: JTATM - Journal of textile and apparel, technology and management, Raleigh, North Carolina, v. 4., n. 1, summer 2004. OLIVEIRA, M. A contribuição de um aeroporto industrial pra o desenvolvimento tecnológico local – estudo de caso: setor eletroeletrônico da RMC. Curitiba, 2004.176p. Dissertação de Mestrado (Mestrado em Tecnologia) – PPGTE, CEFETPR. ORGANISATION DE COOPÉRATION ET DE DÉVELOPPEMENT ÉCONOMIQUES – OCDE. Énergie: les cinquante prochaines années, Paris, OCDE, 1999. ORGANISATION DE COOPÉRATION ET DE DÉVELOPPEMENT ÉCONOMIQUES – OCDE. Governance in the 21st century. Paris, OCDE, 2001a. 218 p. ORGANISATION DE COOPÉRATION ET DE DÉVELOPPEMENT ÉCONOMIQUES – OCDE. La société créative du XXIe siècle: études prospectives. Paris, OCDE, 2001b. 230 p. ORGANISATION DE COOPÉRATION ET DE DÉVELOPPEMENT ÉCONOMIQUES – OCDE. L’avenir de l’argent. Paris, OCDE, 2002. 194 p.
231
ORGANISATION DE COOPÉRATION ET DE DÉVELOPPEMENT ÉCONOMIQUES – OCDE. Emerging risks in the 21st century. Paris, OCDE, 2003. 16 p. ORGANISATION DE COOPÉRATION ET DE DÉVELOPPEMENT ÉCONOMIQUES – OCDE. OCDE international futures programmes: building partnerships for progress. Paris, OCDE, 2004a. 20 p. ORGANISATION DE COOPÉRATION ET DE DÉVELOPPEMENT ÉCONOMIQUES – OCDE. The security economy. Paris, OCDE, 2004b. 153 p. ORGANISATION DE COOPÉRATION ET DE DÉVELOPPEMENT ÉCONOMIQUES – OCDE. Perspectives économiques No.80. Paris, OCDE, 2006. PARADISO, R; WOLTER, K. Wealthy – a wearable health care system: new frontier on e-textile. In: MSTNEWS Magazine, Berlin, v. 1, n. 2, p. 10-11, abr. 2005. PARK, S.; JAYARAMAN, S. Intelligent textiles for personal protection and safety: the emerging discipline. In: NATO Advanced Research Workshop, (UNIVERSITEIT GENT – Department of textiles), Croatia, Zadar, 7-10 set. 2005. Disponível em: <http://textiles.ugent.be/arw2005/Presentations/Sundaresan%20Jayaraman%20Pres entation.pdf>. Acesso em: 15 dez. 2006. PASSOS, C. A. K. sistemas locais de inovação: o caso do Paraná. In: CASSIOLATO, J. E.; LASTRES, H. M. M. (Orgs). Globalização e inovação localizada: experiências de sistemas locais no Mercosul. Brasília: IBICT/MCT, 1999. p. 335-372. PEIXOTO, F. J. M. O local e os sistemas de inovações em países subdesenvolvidos: o caso do arranjo produtivo de moda praia de Cabo Frio/RJ. Rio de Janeiro, 2005. 177 p. Dissertação de Mestrado (Mestrado em Economia) – IE, UFRJ. PORTER, M. E. Estratégia competitiva: técnicas para análise de indústrias e da concorrência. 7 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 1986. 29ª reimpressão. PORTER, M. E. Vantagem competitiva: criando e sustentando um desempenho superior. Rio de Janeiro: Campus, 1989. PORTER, M. E. Competição – on competition: estratégias competitivas essenciais. 10 ed. Rio de Janeiro: Campus, 1999. PUGA, F. P. Alternativas de apoio a MPMES localizadas em arranjos produtivos locais. In: Texto para Discussão 99, Rio de Janeiro, jun. 2003. Disponível em: <http://www.bndes.gov.br/conhecimento/td/Td-99.pdf>. Acesso em: 11 jan 2007. QIAN, L.; HINESTROZA, J. P.; Application of nanotechnology for high performance textiles. In: JTATM - Journal of textile and apparel, technology and management, Raleigh, North Carolina, v. 4., n. 1, summer 2004.
232
REDE DE PESQUISA EM SISTEMAS E ARRANJOS PRODUTIVOS E INOVATIVOS LOCAIS – REDESIST. Diponível em: <http://www.redesist.ie.ufrj.br>. Acesso em: 15 jan. 2007. ROOSEN, D. S. Waste water recycling in textile finishing through the application and further development of membrane bio-reactors used in space life-support systems. In: Space2Tex Final Conference, Brussels, 07 mai. 2006. Disponível em: <http://www.dappolonia-research.com/space2tex/>. Acesso em: 09 jan. 2006. RUIZ, R. M.; DOMINGUES, E. P. Corredores industriais na região sul. In: VIII Encontro de Economia da Região Sul – ANPEC SUL 2005, Porto Alegre, 22-23 set. 2005. Disponível em: <http://www.ppge.ufrgs.br/anpecsul2005/artigos/area110.pdf>. Acesso em: 11 jan. 2007. RUTHES, S.; DO NASCIMENTO, D. E. A inteligência competitiva e a prospecção tecnológica e estratégica como suporte ao desenvolvimento sustentável: uma reflexão para aqueles que acreditam que não existe sustentabilidade sem construção do futuro. In: Prêmio ETHOS-VALOR, (Vencedor Regional Sul e Nacional - Categoria Pós-Graduação). São Paulo, 6ª edição. 30 mai. 2006. SAMPSON, M. T. “Self-cleaning” suits may be in your future. 2004. Disponível em: <http://www.voyle.net/Nano%20Textiles/Textiles-2004-006.htm>. Acesso em: 22 dez. 2006. SANDERSON, K. Nanoencapsulation paves the way to perfumed pants. In: RSC – Royal Society of Chemistry (Chemistry World), Cambridge, EUA, 30 jan. 2006. Disponível em: <http://www.rsc.org/chemistryworld/News/2006/January/30010601.asp>. Acesso em: 22 dez. 2006. SANSTAD, K. H. Obesity: mapping the lifecycle of response. (2006). In: INSTITUTE FOR THE FUTURE. Disponível em: <http://www.iftf.org>. Acesso em: 19 jan. 2007. SANTANA, A. C.; SANTANA, A. L. Mapeamento e análise de arranjos produtivos locais na Amazônia. In: RTEE - Revista Teoria e Evidências Econômicas, Passo Fundo/RS, v. 12, n. 22, p. 09-34, mai. 2004. Disponível em: <http://www.upf.br/cepeac/download/rev_n22_2004_art1.pdf>. Acesso em: 10 jan. 2007. SANTANA, A. C.; SANTANA, A. L.; FILGUEIRAS, G. C. Identificação e análise de arranjos produtivos locais na BR-163: 2002 e 2003. In: Revista Amazônia Ciência & Desenvolvimento, Belém, v. 01, n. 01, p. 97-119, jul./dez. 2005. SANTOS, I. E. Textos selecionados de métodos e técnicas de pesquisa científica. 4. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2003. SAVERI, A.; RHEINGOLG, H.; VIAN, K. New strategic pathways in business: leveraging technologies of cooperation. In: INSTITUTE FOR THE FUTURE. Disponível em: <http://www.iftf.org>. Acesso em: 19 jan. 2007.
233
SCARLAT, M.; DĂNILĂ, G-L.; VERGA, M. Interactive internet business tools for promoting “made in Romania” textile and apparel products. In: JTATM - Journal of textile and apparel, technology and management, Raleigh, North Carolina, v. 4., n. 1, summer 2004. SCATOLIN, F. D.; MEIRELLES, J. G. P.; CURADO, M. L.; DE PAULA, N. M. A formação de arranjos produtivos e a dinâmica do comércio internacional. set. 2002. Disponível em: <http://redesist.ie.ufrj.br/dados/nt_count.php?projeto=nt33&cod=4>. Acesso em: 15 jan. 2007. SENGE, P. A dança das mudanças. 5 ed. Rio de Janeiro: Campus, 1999. SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL DO PARANÁ – SENAIPR. Setores portadores de futuro para o Estado do Paraná. Disponível em: <http://www.fiepr.org.br//observatorios/uploadAddress/Setores%20Portadores%20de %20Futuro%20para%20o%20Paran%C3%A1.pdf>. Acesso em: 13 mar. 2007. SILVA, N.; ZANELLI, J. C. Cultura organizacional. In: ZANELLI, J. C.; BORGESANDRADE, J. E.; BASTOS, A. V. B. Psicologia, organizações e trabalho no Brasil. 1. ed. Porto Alegre: Artmed, 2004. p. 407-442. SIMMONS, K.; ISTOOK, C. L.; DEVARAJAN, P. Female figure identification technique (FFIT) for apparel. Part I: describing female shapes. In: JTATM - Journal of textile and apparel, technology and management, Raleigh, North Carolina, v. 4., n. 1, summer 2004a. SIMMONS, K.; ISTOOK, C. L.; DEVARAJAN, P. Female figure identification technique (FFIT) for apparel. Part II: development of shape sorting software. In: JTATM - Journal of textile and apparel, technology and management, Raleigh, North Carolina, v. 4., n. 1, summer 2004b. SIMÕES, L. G. P. Como agregar valor a produtos através da nanotecnologia. In: II Nanotec – Feira e Congresso de Nanotecnologia, São Paulo, 06 nov. 2006. Disponível em: <http://www.rjrconsultores.com.br/nano/nanox_nanotec.pdf>. Acesso em: 09 dez. 2006. SINDICATO DA INDÚSTRIA TÊXTIL DO ESTADO DE SÃO PAULO – SINDITÊXTIL. Nanotecnologia movimenta o mundo têxtil em São Paulo. (15 jun. 2005). Disponível em: <http://www.sinditextilsp.org.br/noticia_15.06.asp>. Acesso em: 01 nov. 2006. SINDICATO MERCOSUL. Passeata critica demissões em fábrica da Azaléia. mai. 2006. Acesso em: 26 mai. 2006. Disponível em: <http://www.sindicatomercosul.com.br/noticia02.asp?noticia=31095>. SHEN, L.; HAWLEY, J.; DICKERSON, K. E-commerce adoption for supply chain management in U.S. apparel manufactures. In: JTATM - Journal of textile and apparel, technology and management, Raleigh, North Carolina, v. 4., n. 1, summer 2004.
234
SHIN, S. H.; ISTOOK, C. L. Pattern data format standardization between apparel CAD and 3D body scan with extensible markup language. In: JTATM - Journal of textile and apparel, technology and management, Raleigh, North Carolina, v. 5., n. 1, winter 2006. SONAGLIO, C. M.; MARION FILHO, P. J. Aglomerações industriais e a geração de inovações: estudo das interações no arranjo produtivo moveleiro de Bento Gonçalves (RS). In: III Encontro da Economia Gaúcha, Porto Alegre, 2006. SPACE2TEX – FIFTH FRAMEWORK PROGRAMME COLECTIVE RESEARCH. Space2Tex waste water recycling in textile finishing through the application and further development of membrane bio-reactors used in space life-support systems. (EURATEX) 09 mar. 2005. Disponível em: <http://www.euratex.org/content/research/space2tex-04.pdf>. Acesso em: 12 dez. 2006. STEVENS, B.; MILLER, R.; MICHALSKI, W. La diversité sociale et la société créative au XXIe siècle. In : OCDE – ORGANISATION DE COOPÉRATION ET DE DÉVELOPPEMENT ÉCONOMIQUES, La société créative du XXIe siècle: études prospectives, Paris, OCDE, 2001. p. 07-28. STOCKMANN, P. Textile Strukturen zur Bewehrung zementgebundener Matrices. Aachen (Alemanha), 2002. 251p. Tese de Doutorado (Doutorado em Tecnologia Têxtil) – ITA, FWTH-AACHEN. STRESE, H.; KAMINORZ, Y.; JOHN, L-G. Tecnologies for smart textiles. In: MSTNEWS Magazine, Berlin, v. 1, n. 2, p. 06-09, abr. 2005. SUSTER, R. O centro de divulgação, documentação e informação tecnológica – CEDIN. In: Curso de Capacitação em Propriedade intelectual para Gestores de Tecnologia. Curitiba, INPI, jul. 2005. SUZIGAN, W. Aglomerações industriais: avaliação e sugestão de políticas. In: MDIC/STI e CNI/IEL, O futuro da indústria: oportunidades e desafios: a reflexão da universidade. Brasília: MDIC/STI: IEL Nacional, 2001. SUZIGAN, W.; FURTADO, J.; GARCIA, R.; SAMPAIO, S. E. K. Coeficientes de gini locacionais – GL: aplicação à indústria de calçados do Estado de São Paulo. In: Revista Nova Economia, Belo Horizonte, p. 39-60, jul./dez. 2003a. Disponível em: <http://www.face.ufmg.br/novaeconomia/sumarios/v13n2/Suzigan.pdf>. Acesso em: 11 jan. 2007. SUZIGAN, W.; FURTADO, J.; GARCIA, R.; SAMPAIO, S. E. K. Sistemas locais de produção: mapeamento, tipologia e sugestões de políticas. In: XXXI Encontro Nacional de Economia, Porto Seguro/BA, 09-12 dez. 2003b. Disponível em: <http://geein.fclar.unesp.br/atividades/pesquisacluster/new/sistemaslocaisdeproduca omtsp.pdf>. Acesso em: 09 jan. 2007.
235
SZPAK, D.; CUNHA, M. S. A identificação de arranjos produtivos no Estado do Paraná na década de 1990. In: II ECOPAR, Maringá, UEM-UEL-UEPG-UNIOESTEIPARDES, 2003. p. 216-229. TEXTILFORSCHUNGSINSTITUT THÜRINGEN-VOGTLAND – TITV. In: Aktuelles: Teilnahme an der IFA 2006 ein voller Erfolg. Disponível em: <http://www.titvgreiz.de>. Acesso em: 15 dez. 2006. TEXTOR, T.; SCHRÖTER, F.; SCHOLLMEYER, E. Functionalisation of textiles with nanotechnology. In: Materials Research Society, Warrendale, EUA, 2006. THE EUROPEAN APPAREL AND TEXTILE ORGANISATION – EURATEX. European research in the textiles and clothing sector: common strategy paper. (Março, 2002). Disponível em: <http://www.euratex.org/download/publications/papers/rd-3-2002a2__research_strategy_paper_final.pdf >. Acesso em: 05 dez. 2006. THE EUROPEAN APPAREL AND TEXTILE ORGANISATION – EURATEX. The European Technology Platform for the Future of Textiles and Clothing: A Vision for 2020 (Dezembro, 2004). Disponível em: <http://www.textileplatform.org/keydocuments.php>. Acesso em: 05 dez. 2006. THE EUROPEAN APPAREL AND TEXTILE ORGANISATION – EURATEX. The future is...textiles! Strategic research agenda. (Junho, 2006). Disponível em: <http://www.textile-platform.org/keydocuments.php>. Acesso em: 05 dez. 2006. THE JAPAN TIMES. Miyuki Keori develops antipollen fabric. In: TJT – The Japan Times On Line (News), Tokyo, 03 mai. 2005. Disponível em: <https://search.japantimes.co.jp/member/member.html?file=nb20050503a3.html>. Acesso em: 22. dez. 2006. THOMAS, E. L. Material alert: two MIT scientists are designing clothes for soldiers that can “see” colors and “feel” heat and cold. In: Technology Review MIT, Cambridge, dez. 2005/ jan. 2006. Disponível em: <http://www.technologyreview.com/read_article.aspx?id=16013&ch=nanotech>. Acesso em: 22 dez. 2006. THORSTENSEN, V. O Brasil frente a um tríplice desafio: as negociações simultâneas da OMC, da ALCA e do acordo CE/Mercosul. In: Cadernos do Fórum Euro-Latino-Americano, IEEI (Lisboa): IRS/FIESP (São Paulo), out., 2001. TOTTERDEDILL, P.; MARGELI, C.; RIBEIRO, C.; MILITKY, J.; OXBORROW, L.; NEVES, M.; SILVA, P.; BAZJIK, V. Tendências do sector têxtil e vestuário: implicações nos perfis profissionais e na formação. Guimarães: TecMinho – Universidade do Minho, 2002. TREADAWAY, C. Digital creativity: the impact of digital imaging technology on the creative practice of printed textile and surface pattern design. In: JTATM - Journal of textile and apparel, technology and management, Raleigh, North Carolina, v. 4., n. 1, summer 2004.
236
TSUKIOKA, A. Goldwin to market pollen shield, anti-hay fever cloths. In: JCN – Japan’s Corporate News, Tokyo, 31 jan. 2006. Disponível em: <http://www.japancorp.net/Article.Asp?Art_ID=11812>. Acesso em: 22. dez. 2006. UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SÃO PAULO – USP. Tecidos inteligentes podem superar os sintéticos com aplicações biomédicas. In: Nanotec News – Setor Têxtil e Confeccionista, São Paulo, set. 2006. Disponível em: <http://www.usp.br/prp/nanotecnologia/index_arquivos/secundarias/nanotecnews_8> . Acesso em: 22 nov. 2006. VALOR ECONÔMICO. TSE aprova maioria das mudanças na legislação eleitoral para este ano. mai. 2006. Acesso em: 26 mai. 2006. Disponível em: <http://www.valoronline.com.br/valoronline/Geral/brasil/TSE+aprova+maioria+das+m udancas+na+legislacao+eleitoral+para+este+ano,,,5,3700648.html>. VARGAS, M. A. Proximidade territorial, aprendizado e inovação: um estudo sobre a dimensão local dos processos de capacitação inovativa em arranjos e sistemas produtivos no Brasil. Rio de Janeiro, 2002. 255 p. Tese de Doutorado (Doutorado em Economia) – IE, UFRJ. WALTER, L. Will the ”e-Tailor” become reality? mass-customisation, industrial MtM and personalised on-line shopping in the European fashion business – project results & future perspectives. In: The EU Apparel Business Goes High-Tech, Brussels, 15 oct. 2002. WALTER, L. The European technology platform for the future of textiles and clothing: objectives, procedures and planning. EURATEX (General Presentation), fev. 2006. Disponível em: <http://www.textile-platform.org/keydocuments.php>. Acesso em: 08 jan. 2007. XIN, J. H. Nanotechnology for Textiles and Apparel. In: Innovation and Technology Commission, Hong Kong (Institute of textiles e clothing). Disponível em: <http://www.itc.gov.hk/innotech/IFT_R&D_centre_Conference.pdf >. Acesso em: 12 dez. 2006. YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001. ZARIFIAN, P. Objetivo competência: por uma nova lógica. São Paulo: Atlas, 2001. ZOMIGNAN, J. Nanotecnologia na indústria têxtil. In: II Nanotec – Feira e Congresso de Nanotecnologia, São Paulo, 06 nov. 2006. Disponível em: <http://www.rjrconsultores.com.br/nano/jz.pdf>. Acesso em: 21 dez. 2006
237
APÊNDICE A – DESCRIÇÃO DAS VARIÁVEIS Nº
VARIÁVEL
01
Sociedade (Soc)
02
Economia, Política e Comércio Mundial (EcoPolCEx)
03
Dinâmica do Mercado (DinMerc)
04
Políticas Públicas (PolPub)
05
Tecnologia e Novos Materiais (TecNovMat)
06
Meio Ambiente (MeioAmbi)
07
Cooperação e Organização da Cadeia Produtiva (CoopCadPro)
08
Investimento & Financiamento (InvFin)
DESCRIÇÃO Migração; Envelhecimento populacional; Relacionamento humano; Famílias diferentes; Guerra; Terrorismo; Desigualdades; Concorrência asiática; Fortalecimento dos blocos econômicos; Crescimento do PIB mundial; Organização Mundial do Comércio (OMC); Subsídios, dumping; Tarifas alfandegárias e barreiras; Acesso a mercados; Antes o cenário era estático, as mensagens compreensíveis e as decodificações previsíveis. Hoje, é complexo, policêntrico, dinâmico, fluído e mutante. Tem inovação veloz e aspectos globais e locais.
Ações e diretrizes públicas relacionadas a temas como economia, sociedade, educação, investimento, ciência, tecnologia e inovação, comércio exterior, financiamento, impostos, tarifas alfandegárias, etc.
Tecnologias emergentes (Tecnologias de Informação e Comunicação, nanotecnologia, biotecnologia, etc); Máquinas e equipamentos; Novos materiais, matérias-primas e processos; e-Commerce Equilíbrio social – econômico – ambiental; Reciclagem; Rastreabilidade; Ciclo de vida do produto; Conscientização; Legislação; Custo ambiental; Água e energia; Barreiras ambientais; Integração da cadeia de produção; Organização; Logística; Cultura de cooperação; Arranjos produtivos locais (APLs); Parcerias estratégicas; Alianças estratégicas; Joint venture; Central de compras; Parceria em pesquisa & desenvolvimento; Consórcio de exportação; Feiras e promoções; Acesso a financiamentos; Linhas de financiamento; Burocracia; Crédito; Critérios; Projeto;
238
Nº
VARIÁVEL
09
Emprego (Emp)
10
Educação & Capacitação (EduCap)
11
Pesquisa & Desenvolvimento & Inovação (P&D&I)
12
Propriedade Industrial (PropInd)
13
Cultura Empresarial (CultEmp)
14
Marketing, Prospecção e Tendências (MktPTend)
15
Design (Des)
16
Produção, Qualidade e Produtividade (ProdQualPr)
Fonte: O autor.
DESCRIÇÃO Desemprego; Oportunidade; Seleção; Empregabilidade; Economia do conhecimento; Educação sistêmica; Cognição; Capacitação e treinamento; Educação continuada; Auto-aprendizado; Aprendizagem pela pesquisa; Competência técnica; Pesquisa e desenvolvimento de produtos têxteis e de confecção; Inovação: produto, processo e organizacional; Centro de pesquisas; Universidades; Laboratórios; Patentes; Desenhos industriais; Marcas; Contratos de transferência de tecnologia; Processo de concessão da propriedade industrial; Pirataria; Legislação da propriedade industrial; Aceitar e induzir mudanças (pró-atividade); Inovação; Cooperação e diálogo; Planejamento e gestão; Confiança; Reciprocidade; Relacionamento com a academia (universidades e centros de pesquisa); Planos de marketing; Estudos de prospecção de mercado e de tecnologias; Estudos de tendência; Criação de tendências; Feiras e exposições; Design in...e made in.. Critérios sócio-éticos ambientais; Design como processo; Cultura da inovação; Criatividade; Ciclo de Vida do Produto; Cultura local; Aspectos interculturais; Design “Paraná”; Novos modelos de gestão; Integração da produção; Qualidade e produtividade; Tecnologia de produção; Processos; Logística;
239
1
2
3
4
5
6
7
8
9
Sociedade
Economia, Política e Comércio Mundial
Dinâmica do Mercado
Políticas Públicas
Tecnologia e Novos Materiais
Meio Ambiente
Cooperação e Organização da Cadeia Produtiva
Investimento & Financiamento
Emprego
Educação & Capacitação
Pesquisa & Desenvolvimento & Inovação
Propriedade Industrial
Cultura Empresarial
Marketing, Prospecção e Tendências
Design
Produção, Qualidade e Produtividade
APÊNDICE B – MODELO DE MATRIZ MICMAC© UTILIZADA NA PESQUISA
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
Variáveis
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
Sociedade Economia, Política e Comércio Mundial Dinâmica do Mercado Políticas Públicas Tecnologia e Novos Materiais Meio Ambiente Cooperação e Organização da Cadeia Produtiva Investimento & Financiamento Emprego Educação & Capacitação Pesquisa & Desenvolvimento & Inovação Propriedade Industrial Cultura Empresarial Marketing, Prospecção e Tendências Design Produção, Qualidade e Produtividade
Fonte: O autor.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
1 X
10
11
12
13
14
15
16
X X X X X X X X X X X X X X X
240
APÊNDICE C – GRUPOS DAS DIVISÕES 17 E 18 DA CNAE 1.0 CNAE 1.0
Divisão 17 (Setor Têxtil)
Divisão 18 (Setor de Confecção)
Descrição do Grupo
Grupo 17.1
Beneficiamento de fibras têxteis naturais;
Grupo 17.2
Fiação;
Grupo 17.3
Tecelagem - inclusive fiação e tecelagem.
Grupo 17.4
Fabricação de artefatos têxteis incluindo tecelagem;
Grupo 17.5
Acabamentos em fios, tecidos e artigos têxteis, por terceiros;
Grupo 17.6
Fabricação de artefatos têxteis a partir de tecidos (exclusive vestuário) - e de outros artigos têxteis;
Grupo 17.7
Fabricação de tecidos e artigos de malha;
Grupo 18.1
Confecção de artigos do vestuário;
Grupo 18.2
Fabricação de acessórios do vestuário e de segurança profissional;
Fonte: O autor a partir de dados do INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - CONCLA/CNAE, (2006).
241
APÊNDICE D – ESTABELECIMENTOS DO SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO Nº Estados
2001
Nº de estabelecimentos por período (ano) 2002 2003 2004 2005
14.439 14.718 14.694 15.097 15.693 1 São Paulo 6.982 7.211 7.263 7.360 7.592 2 Minas Gerais 5.773 6.119 6.274 6.444 6.850 3 Santa Catarina 3.660 3.851 4.037 4.343 4.509 4 Paraná 3.258 3.280 3.232 3.316 3.341 5 Rio Grande do Sul 3.158 3.205 3.172 3.191 3.235 6 Rio de Janeiro 2.202 2.338 2.408 2.543 2.649 7 Goiás Ceará 1.920 2.093 2.214 2.273 2.387 8 1.040 1.122 1.221 1.345 1.518 9 Pernambuco 1.036 1.040 1.087 1.113 1.126 10 Espírito Santo 1.009 1.042 1.079 1.151 1.194 11 Bahia 440 468 473 472 479 12 Rio Grande do Norte 366 372 346 346 339 13 Paraíba 238 267 280 292 284 14 Piauí 219 228 254 277 283 15 Mato Grosso 168 187 213 220 219 16 Mato Grosso do Sul 168 197 204 213 213 17 Distrito Federal 135 143 162 171 181 18 Sergipe 130 140 142 162 161 19 Pará 112 124 137 144 144 20 Maranhão 89 97 105 103 109 21 Alagoas 83 98 103 113 119 22 Rondônia 55 60 58 54 66 23 Tocantins 52 67 68 70 70 24 Amazonas 17 15 12 17 12 25 Acre 11 9 8 9 10 26 Roraima 11 9 12 16 18 27 Amapá Total 9.974 46.771 48.500 49.258 50.855 Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., (2006). Legenda: vp = variação percentual entre 2001 e 2005.
vp (%) 8,68 8,74 18,66 23,20 2,55 2,44 20,30 24,32 45,96 8,69 18,33 8,86 -7,38 19,33 29,22 30,36 26,79 34,07 23,85 28,57 22,47 43,37 20,00 34,62 -29,41 -9,09 63,64 12,89
242
APÊNDICE E – EMPREGOS DO SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO Nº Estados
2001
Nº de empregos por período (ano) 2002 2003 2004
2005
221.474 226.902 227.442 248.792 259.310 1 São Paulo 110.350 113.398 114.778 124.059 131.130 2 Santa Catarina 85.911 91.072 89.406 100.048 105.526 3 Minas Gerais 50.945 56.981 59.098 67.426 68.893 4 Paraná 49.980 50.878 49.381 50.587 52.799 5 Rio de Janeiro 46.827 45.857 46.076 49.874 52.397 6 Ceará 26.247 25.321 25.765 27.848 27.375 7 Rio Grande do Sul 18.628 19.579 19.934 22.016 22.451 8 Goiás 18.298 22.055 17.479 19.869 20.712 9 Rio Grande do Norte 15.870 15.660 14.761 15.899 18.265 10 Pernambuco 13.942 14.768 14.784 15.794 16.405 11 Bahia 13.551 14.411 14.762 16.632 17.107 12 Espírito Santo 10.871 11.444 10.782 11.499 11.976 13 Paraíba 5.525 5.529 5.819 5.708 6.588 14 Sergipe 3.990 4.173 3.983 3.500 3.371 15 Piauí 2.113 2.537 2.689 2.870 3.319 16 Pará 1.994 2.687 3.474 4.151 4.807 17 Mato Grosso do Sul 1.847 1.836 1.509 1.521 1.624 18 Alagoas 1.570 1.790 1.921 2.278 2.239 19 Mato Grosso 1.302 1.427 1.581 1.781 2.193 20 Amazonas 737 802 844 893 834 21 Distrito Federal 688 857 931 1.022 1.157 22 Maranhão 507 600 685 741 806 23 Rondônia 263 321 329 332 386 24 Tocantins 86 86 57 83 78 25 Acre 46 45 60 72 83 26 Amapá 25 45 20 27 22 27 Roraima Total 703.587 731.061 728.350 795.322 831.853 Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., (2006). Legenda: vp = variação percentual entre 2001 e 2005.
vp (%) 17,08 18,83 22,83 35,23 5,64 11,89 4,30 20,52 13,19 15,09 17,67 26,24 10,16 19,24 -15,51 57,08 141,07 -12,07 42,61 68,43 13,16 68,17 58,97 46,77 -9,30 80,43 -12,00 18,23
243
APÊNDICE F – SEÇÃO XI DA NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL (NCM)
Capítulos
SEÇÃO XI – MATÉRIAS TÊXTEIS E SUAS OBRAS Descrição do Capítulo
NCM 50
Seda;
NCM 51
Lã e pêlos finos ou grosseiros; e, fios e tecidos de crina;
NCM 52
Algodão;
NCM 53
Outras fibras têxteis vegetais; e, fios de papel e tecido de fios de papel;
NCM 54
Filamentos sintéticos ou artificiais;
NCM 55
Fibras sintéticas ou artificiais, descontínuas;
NCM 56
Pastas ("ouates"), feltros e falsos tecidos; fios especiais; cordéis, cordas e cabos; e, artigos de cordoaria;
NCM 57
Tapetes e outros revestimentos para pavimentos, de matérias têxteis;
NCM 58
Tecidos especiais; tecidos tufados; rendas; tapeçarias; passamanarias; bordados;
NCM 59
Tecidos impregnados, revestidos, recobertos ou estratificados; artigos para usos técnicos de matérias têxteis;
NCM 60
Tecidos de malha;
NCM 61
Vestuário e seus acessórios, de malha;
NCM 62
Vestuário e seus acessórios, exceto de malha;
NCM 63
Outros artefatos têxteis confeccionados; sortidos; artefatos de matérias têxteis, calçados, chapéus e artefatos de uso semelhante, usados; trapos;
Fonte: O autor a partir de dados do MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006a).
244
APÊNDICE G – EXPORTAÇÕES DO BRASIL NO SETOR TÊXTIL E DERIVADOS Exportações do Brasil - Setor Têxtil e Derivados (U$)
NCM 1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
Total NCM
50
89.981.550
77.868.440
63.856.367
48.480.285
50.655.321
41.528.255
33.933.995
31.624.502
35.512.828
33.547.228
51
48.427.362
44.331.460
30.922.932
20.611.612
22.208.295
24.430.545
20.084.315
25.634.370
21.039.176
21.676.983
279.367.050
52
280.863.533
247.006.113
228.754.698 191.524.848
262.886.501
409.981.883
298.029.211
532.649.293
752.899.177
779.121.359
3.983.716.616
53
29.800.253
30.788.175
24.959.788
16.899.921
22.269.725
16.831.661
19.999.163
33.671.314
40.042.698
47.548.218
282.810.916
54
86.452.479
78.766.505
66.182.282
51.316.969
65.665.519
57.085.597
68.436.671
98.213.670
106.974.137
124.370.613
803.464.442
55
65.564.885
60.536.004
53.598.720
55.263.943
62.862.712
46.913.425
49.362.509
101.293.516
123.625.022
125.228.267
744.249.003
56
101.047.824
142.798.697
111.670.509
96.046.419
95.462.099
69.623.761
49.102.662
77.426.244
106.242.912
134.997.895
984.419.022
57
16.992.927
22.806.183
24.534.491
18.415.842
20.312.390
21.842.549
16.594.393
21.301.206
20.413.968
22.174.857
205.388.806
58
35.158.630
57.567.602
34.111.919
19.726.052
18.400.793
19.300.431
15.543.474
23.641.420
33.633.158
33.541.508
290.624.987
59
47.950.565
36.090.939
38.552.683
35.544.324
37.189.813
34.772.864
31.497.787
47.953.733
66.906.194
85.288.538
461.747.440
60
14.461.719
22.361.309
24.570.055
20.853.006
30.277.557
27.753.784
26.921.249
39.440.973
53.179.213
52.169.307
311.988.172
61
117.524.979
101.117.528
96.388.344 104.021.422
183.529.214
167.289.218
111.977.620
173.755.704
197.419.451
194.514.337
1.447.537.817
62
114.524.562
98.477.538
63
242.857.056
246.499.122
Total
81.811.245
506.988.771
57.154.548
90.399.382
106.232.006
91.547.079
115.416.116
142.967.139
142.244.418
1.040.774.033
232.943.513 215.071.024
259.951.457
262.511.063
267.978.529
334.258.917
378.579.728
405.430.374
2.846.080.783
1.291.608.324 1.267.015.615 1.112.857.546 950.930.215 1.222.070.778 1.306.097.042 1.101.008.657 1.656.280.978 2.079.434.801 2.201.853.902
14.189.157.858
Fonte: O autor a partir de dados da base ALICE (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006b).
245
APÊNDICE H – IMPORTAÇÕES DO BRASIL NO SETOR TÊXTIL E DERIVADOS Importações do Brasil – Setor Têxtil e Derivados (U$)
NCM 1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
Total NCM
50
3.812.733
3.809.265
5.926.544
3.055.886
4.277.642
4.168.711
2.280.378
2.627.978
3.494.268
6.680.762
40.134.167
51
23.107.989
33.856.872
41.274.580
19.926.929
21.423.194
16.135.020
7.670.092
9.398.389
11.872.888
16.903.353
201.569.306
52
988.308.099
866.650.144 1.010.796.289
402.516.025
366.584.613
125.981.634
86.188.116
151.149.268
193.154.911
96.408.044
4.287.737.143
53
34.252.685
32.134.412
32.524.361
16.557.927
10.927.067
8.156.364
6.077.815
9.685.316
9.095.301
6.978.499
166.389.747
54
422.597.824
414.391.016
779.185.870
390.823.511
559.531.786
514.796.984
500.947.438
465.626.102
617.293.686
568.082.896
5.233.277.113
55
175.291.140
210.362.523
338.430.016
140.807.106
169.682.337
127.771.706
97.091.373
104.368.167
171.724.237
251.305.087
1.786.833.692
56
90.924.298
95.787.123
147.060.493
64.598.782
79.317.034
73.511.486
61.369.173
55.750.089
63.194.718
83.732.063
815.245.259
57
29.030.724
33.236.938
53.180.861
23.166.419
23.709.831
20.228.717
13.736.110
12.228.633
12.527.706
15.345.140
236.391.079
58
48.808.725
53.890.171
107.782.562
43.047.325
30.442.102
22.283.609
17.867.310
18.222.644
25.072.116
48.655.884
416.072.448
59
98.871.762
111.791.296
218.260.047
104.870.910
108.398.377
101.326.372
96.464.159
107.707.462
126.671.894
134.627.445
1.208.989.724
60
56.934.291
78.096.313
89.407.426
44.898.779
62.871.049
39.790.356
15.906.861
8.829.077
16.242.858
29.489.035
442.466.045
61
91.041.063
130.363.707
152.149.535
52.280.085
48.303.649
59.198.188
41.150.462
38.749.274
52.030.728
72.606.327
737.873.018
62
210.411.351
236.569.847
309.841.074
107.897.095
92.558.016
94.803.087
68.526.231
61.368.986
96.220.280
154.562.061
1.432.758.028
63
48.840.984
49.336.464
79.529.919
28.496.960
28.569.058
24.659.869
18.177.019
16.038.236
24.375.977
32.578.148
350.602.634
Total
2.322.233.668 2.350.276.091 3.365.349.577 1.442.943.739 1.606.595.755 1.232.812.103 1.033.452.537 1.061.749.621 1.422.971.568 1.517.954.744 17.356.339.403
Fonte: O autor a partir de dados da base ALICE (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006b).
246
APÊNDICE I – ESTABELECIMENTOS DO SETOR TÊXTIL Nº Estados
2001
Nº de estabelecimentos por período (ano) 2002 2003 2004 2005
3.401 3.444 3.386 3.428 3.511 1 São Paulo 1.858 1.936 1.912 1.935 1.981 2 Minas Gerais 1.268 1.317 1.344 1.406 1.522 3 Santa Catarina 1.010 1.013 1.010 1.001 989 4 Rio Grande do Sul 631 629 657 677 704 5 Paraná 336 318 318 328 332 6 Rio de Janeiro 245 263 271 244 272 7 Ceará Pernambuco 196 185 196 206 212 8 182 198 209 215 239 9 Bahia 156 152 146 135 142 10 Rio Grande do Norte 153 171 183 181 184 11 Goiás 113 107 104 100 111 12 Paraíba 93 98 110 111 112 13 Mato Grosso 78 81 94 102 103 14 Espírito Santo 48 48 54 61 62 15 Sergipe 40 33 29 35 39 16 Pará 29 26 29 23 29 17 Maranhão 29 33 33 32 30 18 Piauí 28 38 45 48 48 19 Mato Grosso do Sul 22 20 19 22 24 20 Alagoas 15 18 18 18 19 21 Amazonas 15 19 18 26 26 22 Distrito Federal 12 18 18 15 23 23 Rondônia 7 5 3 7 4 24 Acre 5 9 7 8 12 25 Tocantins 3 2 3 5 4 26 Amapá 1 1 1 1 1 27 Roraima Total 9.974 10.182 10.217 10.370 10.735 Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., (2006). Legenda: vp = variação percentual entre 2001 e 2005.
vp (%) 3,23 6,62 20,03 -2,08 11,57 -1,19 11,02 8,16 31,32 -8,97 20,26 -1,77 20,43 32,05 29,17 -2,50 0,00 3,45 71,43 9,09 26,67 73,33 91,67 -42,86 140,00 33,33 0,00 7,63
247
APÊNDICE J – EMPREGOS DO SETOR TÊXTIL Nº Estados
2001
Nº de empregos por período (ano) 2002 2003 2004
2005
102.866 105.240 104.317 111.073 113.910 1 São Paulo 50.194 49.654 49.390 52.744 55.034 2 Santa Catarina 35.442 36.944 34.839 38.539 39.283 3 Minas Gerais 16.150 16.043 14.837 15.417 16.419 4 Ceará 13.107 13.037 12.736 13.465 12.890 5 Paraná 12.180 11.506 11.219 11.855 10.984 6 Rio Grande do Sul 10.007 9.585 7.230 9.743 9.961 7 Rio Grande do Norte Rio de Janeiro 9.941 10.445 11.227 11.078 11.354 8 7.658 8.321 7.989 8.556 8.926 9 Paraíba 6.595 7.388 7.631 7.980 8.071 10 Bahia 5.743 4.949 4.133 4.022 5.219 11 Pernambuco 3.963 3.884 3.866 3.478 4.410 12 Sergipe 1.905 1.827 1.997 2.209 2.318 13 Goiás 1.467 1.441 1.047 1.138 1.225 14 Alagoas 1.443 1.731 1.932 2.013 2.384 15 Pará 1.100 1.260 1.323 1.697 1.949 16 Espírito Santo 852 994 1.017 1.161 1.054 17 Mato Grosso 765 801 946 1.024 1.018 18 Amazonas 488 857 1.300 1.715 1.962 19 Mato Grosso do Sul 286 388 434 281 338 20 Maranhão 135 158 150 149 149 21 Piauí 51 67 60 95 74 22 Distrito Federal 41 32 9 18 15 23 Acre 33 73 108 87 121 24 Rondônia 28 38 79 46 57 25 Tocantins 7 5 9 11 8 26 Amapá 2 28 1 1 3 27 Roraima Total 282.449 286.696 279.826 299.595 309.136 Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., (2006). Legenda: vp = variação percentual entre 2001 e 2005.
vp (%) 10,74 9,64 10,84 1,67 -1,66 -9,82 -0,46 14,21 16,56 22,38 -9,12 11,28 21,68 -16,50 65,21 77,18 23,71 33,07 302,05 18,18 10,37 45,10 -63,41 266,67 103,57 14,29 50,00 9,45
248
APÊNDICE K – ESTABELECIMENTOS DO SETOR DE CONFECÇÃO Nº Estados
2001
Nº de estabelecimentos por período (ano) 2002 2003 2004 2005
11.038 11.274 11.308 11.669 12.182 1 São Paulo 5.124 5.275 5.351 5.425 5.611 2 Minas Gerais 4.505 4.802 4.930 5.038 5.328 3 Santa Catarina 3.029 3.222 3.380 3.666 3.805 4 Paraná 2.822 2.887 2.854 2.863 2.903 5 Rio de Janeiro 2.248 2.267 2.222 2.315 2.352 6 Rio Grande do Sul 2.049 2.167 2.225 2.362 2.465 7 Goiás Ceará 1.675 1.830 1.943 2.029 2.115 8 958 959 993 1.011 1.023 9 Espírito Santo 844 937 1.025 1.139 1.306 10 Pernambuco 827 844 870 936 955 11 Bahia 284 316 327 337 337 12 Rio Grande do Norte 253 265 242 246 228 13 Paraíba 209 234 247 260 254 14 Piauí 153 178 186 187 187 15 Distrito Federal 140 149 168 172 171 16 Mato Grosso do Sul 126 130 144 166 171 17 Mato Grosso 90 107 113 127 122 18 Pará 87 95 108 110 119 19 Sergipe 83 98 108 121 115 20 Maranhão 71 80 85 98 96 21 Rondônia 67 77 86 81 85 22 Alagoas 50 51 51 46 54 23 Tocantins 37 49 50 52 51 24 Amazonas 10 10 9 10 8 25 Acre 10 8 7 8 9 26 Roraima 8 7 9 11 14 27 Amapá Total 36.797 38.318 39.041 40.485 42.066 Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., (2006). Legenda: vp = variação percentual entre 2001 e 2005.
vp (%) 10,36 9,50 18,27 25,62 2,87 4,63 20,30 26,27 6,78 54,74 15,48 18,66 -9,88 21,53 22,22 22,14 35,71 35,56 36,78 38,55 35,21 26,87 8,00 37,84 -20,00 -10,00 75,00 14,32
249
APÊNDICE L – EMPREGOS DO SETOR DE CONFECÇÃO Nº Estados
2001
Nº de empregos por período (ano) 2002 2003 2004
2005
118.608 121.662 123.125 137.719 145.400 1 São Paulo 60.156 63.744 65.388 71.315 76.096 2 Santa Catarina 50.469 54.128 54.567 61.509 66.243 3 Minas Gerais 40.039 40.433 38.154 39.509 41.445 4 Rio de Janeiro 37.838 43.944 46.362 53.961 56.003 5 Paraná 30.677 29.814 31.239 34.457 35.978 6 Ceará 16.723 17.752 17.937 19.807 20.133 7 Goiás Rio Grande do Sul 14.067 13.815 14.546 15.993 16.391 8 12.451 13.151 13.439 14.935 15.158 9 Espírito Santo 10.127 10.711 10.628 11.877 13.046 10 Pernambuco 8.291 12.470 10.249 10.126 10.751 11 Rio Grande do Norte 7.347 7.380 7.153 7.814 8.334 12 Bahia 3.855 4.015 3.833 3.351 3.222 13 Piauí 3.213 3.123 2.793 2.943 3.050 14 Paraíba 1.562 1.645 1.953 2.230 2.178 15 Sergipe 1.506 1.830 2.174 2.436 2.845 16 Mato Grosso do Sul 718 796 904 1.117 1.185 17 Mato Grosso 686 735 784 798 760 18 Distrito Federal 670 806 757 857 935 19 Pará 537 626 635 757 1.175 20 Amazonas 474 527 577 654 685 21 Rondônia 402 469 497 741 819 22 Maranhão 380 395 462 383 399 23 Alagoas 235 283 250 286 329 24 Tocantins 45 54 48 65 63 25 Acre 39 40 51 61 75 26 Amapá 23 17 19 26 19 27 Roraima Total 421.138 444.365 448.524 495.727 522.717 Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., (2006). Legenda: vp = variação percentual entre 2001 e 2005.
vp (%) 22,59 26,50 31,25 3,51 48,01 17,28 20,39 16,52 21,74 28,82 29,67 13,43 -16,42 -5,07 39,44 88,91 65,04 10,79 39,55 118,81 44,51 103,73 5,00 40,00 40,00 92,31 -17,39 24,12
250
APÊNDICE M – EXPORTAÇÕES DO ESTADO DO PARANÁ NO SETOR TÊXTIL E DERIVADOS Exportações Paranaenses - Setor Têxtil e Derivados (U$)
NCM 1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
Total NCM
50
56.187.004
43.213.322
42.418.977
25.468.054
28.396.575
24.417.164
22.061.281
20.632.745
26.352.039
20.824.629
51
88.970
80.046
0
1
0
0
91
0
0
0
309.971.790 169.108
52
4.669.598
5.523.585
4.685.667
3.660.335
2.889.651
11.048.123
5.291.737
9.364.380
10.796.391
6.482.138
64.411.605
53
1.172.020
1.999.645
372.543
353.111
429.492
428.393
525.094
557.301
615.192
567.866
7.020.657
54
3.002.591
2.942.703
3.241.661
2.440.052
4.170.192
2.741.587
3.125.496
3.009.016
3.853.759
5.561.898
34.088.955
55
41.655
85.443
12.267
3.257
88.721
60.500
0
79.273
11.985
1.428.258
1.811.359
56
7.653.106
12.589.513
6.964.305
8.859.827
6.559.698
5.378.940
6.710.928
15.977.733
32.926.672
48.073.715
151.694.437
57
1
1.113
28.022
2.846
400.760
2.095.991
656.094
2.142.724
2.716.672
1.631.176
9.675.399
58
591.563
900.304
1.070.674
654.604
731.903
505.136
319.642
449.603
486.204
784.780
6.494.413
59
317.646
249.308
369.021
331.132
582.685
1.836.343
1.894.943
2.095.405
2.126.977
2.370.391
12.173.851
60
0
12.243
0
251
38.499
18.373
20.741
48.714
129.707
777.895
1.046.423
61
999.539
1.326.444
1.065.966
903.360
924.828
679.659
765.106
7.836.807
5.621.517
1.587.745
21.710.971
62
600.425
675.756
594.956
794.945
1.098.677
1.159.943
1.025.875
2.505.794
2.591.584
2.614.727
13.662.682
63
1.837.219
1.995.510
2.958.030
2.164.794
2.158.928
1.808.921
1.182.456
1.258.754
1.971.295
2.513.651
19.849.558
Total
77.161.337
71.594.935
63.782.089
45.636.569
48.470.609
52.179.073
43.579.484
65.958.249
90.199.994
95.218.869
653.781.208
Fonte: O autor a partir de dados da base ALICE (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006b).
251
APÊNDICE N – IMPORTAÇÕES DO ESTADO DO PARANÁ NO SETOR TÊXTIL E DERIVADOS Importações Paranaenses - Setor Têxtil e Derivados (U$)
NCM 1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
Total NCM
50
108.225
712.122
112.646
974.507
623.553
333.629
127.775
19.709
0
17.753
51
188.189
395.006
205.062
650.018
486.947
492.570
10.255
7.257
14.876
164.041
3.029.919 2.614.221
52
85.945.888
72.535.924
30.317.611
14.840.854
9.670.969
3.552.929
2.838.681
3.194.792
2.732.923
1.079.346
226.709.917
53
189.926
1.022.995
614.417
79.700
66.683
36.161
20
0
9.849
84.910
2.104.661 231.654.305
54
1.771.770
1.835.071
3.320.017
8.015.587
22.007.005
44.374.147
63.947.105
37.822.575
35.026.902
13.534.126
55
20.926.141
17.182.228
16.212.116
3.383.090
4.841.468
3.905.023
3.528.799
1.227.096
1.622.995
2.518.756
75.347.712
56
677.920
1.608.230
2.232.230
2.958.301
1.932.410
2.715.595
2.240.707
1.441.498
1.783.302
2.348.799
19.938.992
57
2.818.640
3.125.013
3.052.891
2.481.310
4.150.156
4.216.051
761.492
568.200
562.585
735.607
22.471.945
58
900.169
1.310.574
1.094.343
1.190.216
1.551.546
1.314.881
1.838.176
1.342.099
1.905.168
1.652.521
14.099.693
59
6.744.521
5.174.072
5.138.562
10.564.433
10.110.392
9.133.056
7.748.071
7.080.159
9.018.594
9.395.125
80.106.985
60
865.631
816.510
1.228.983
1.296.540
5.282.845
3.241.724
2.472.211
355.491
460.288
557.119
16.577.342
61
4.021.579
5.690.826
6.703.389
3.725.336
1.406.471
2.302.429
3.475.794
2.979.189
4.639.550
4.876.612
39.821.175
62
5.916.032
9.347.944
8.176.202
5.086.241
5.830.468
5.086.511
6.011.615
5.370.602
12.169.531
8.294.053
71.289.199
63
2.117.925
824.076
1.623.070
1.952.890
1.992.956
1.119.702
1.336.756
730.189
2.185.125
898.777
14.781.466
133.192.556
121.580.591
80.031.539
57.199.023
69.953.869
81.824.408
96.337.457
62.138.856
72.131.688
46.157.545
820.547.532
Total
Fonte: O autor a partir de dados da base ALICE (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006b).
252
APÊNDICE O – ESTABELECIMENTOS DO SETOR TÊXTIL POR MUNICÍPIOS (20 MAIS EXPRESSIVOS)
Total
1000 OU MAIS
DE 500 A 999
DE 250 A 499
DE 100 A 249
DE 50 A 99
DE 20 A 49
Curitiba Apucarana Londrina Maringá Imbituva Cianorte Cascavel São Jose dos Pinhais Ponta Grossa Umuarama Arapongas Campo Largo Sarandi Cambé Goioerê Terra Roxa Toledo Medianeira Rolândia Ubiratã Demais Municípios
DE 5 A 9
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21
ATE 4
Municípios
ZERO
Nº
DE 10 A 19
Tamanho do Estabelecimento (número de vínculos ativos) Total
8 4 9 5 9 2 0 3 1 4 2 3 2 0 0 1 1 1 0 1 33
40 24 23 23 17 13 12 6 5 4 4 5 5 3 4 2 4 3 2 5 91
20 10 10 7 7 2 3 3 3 2 2 1 1 2 1 1 2 1 3 1 41
9 12 4 9 1 3 2 4 3 2 2 1 2 1 2 1 0 2 1 0 33
10 4 2 3 0 3 3 1 2 1 1 0 0 2 0 4 0 0 1 0 18
1 2 3 2 0 3 0 1 1 1 0 1 0 1 1 0 0 0 0 0 6
0 1 2 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 6
2 1 2 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 3
0 0 0 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
90 58 55 52 34 26 20 18 17 14 11 11 10 9 9 9 8 7 7 7 232
89
295
123
94
55
23
12
10
3
0
704
Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., (2006).
253
APÊNDICE P – EMPREGOS DO SETOR TÊXTIL POR MUNICÍPIOS (20 MAIS EXPRESSIVOS)
Total
1000 OU MAIS
DE 500 A 999
DE 250 A 499
DE 100 A 249
DE 50 A 99
DE 20 A 49
Londrina Curitiba Maringá Ponta Grossa Apucarana Cornélio Procópio Toledo Andirá Cianorte Assaí Goioerê Mandaguari Cascavel Terra Roxa Pinhais Araucária Pérola São José dos Pinhais Cambé Quatro Barras Demais Municípios
DE 10 A 19
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21
DE 5 A 9
Municípios
ZERO
Nº
ATE 4
Tamanho do Estabelecimento (número de vínculos ativos) Total
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
45 90 58 12 50 0 13 2 31 5 12 1 22 5 2 0 0 9 8 0 263
71 134 48 17 75 0 14 0 13 5 6 0 23 9 14 0 0 19 10 0 370
63 115 132 38 173 0 0 17 45 12 23 30 24 12 19 48 0 48 10 0 520
94 339 111 41 150 0 0 0 69 0 0 0 97 139 0 0 0 26 71 0 670
180 69 139 64 165 0 0 0 245 0 64 0 0 0 0 0 0 57 51 0 522
272 0 283 0 100 0 0 0 0 0 230 0 0 0 127 111 159 0 0 142 210
723 625 0 323 260 0 441 412 0 344 0 251 0 0 0 0 0 0 0 0 0
0 0 564 520 0 645 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
1.448 1.372 1.335 1.015 973 645 468 431 403 366 335 282 166 165 162 159 159 159 150 142 2.555
0
628
828
1.329
1.807
1.556
1.634
3.379
1.729
0
12.890
Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., (2006).
254
APÊNDICE Q – ESTABELECIMENTOS DO SETOR DE CONFECÇÃO POR MUNICÍPIOS (20 MAIS EXPRESSIVOS)
Total
1000 OU MAIS
DE 500 A 999
DE 250 A 499
DE 100 A 249
DE 50 A 99
DE 20 A 49
Maringá Cianorte Curitiba Apucarana Londrina Umuarama Cascavel Altônia Toledo Cambé Sarandi Paranavaí Astorga Mandaguari Francisco Beltrão Pérola Santo Antônio do Sudoeste Jandaia do Sul Terra Boa Campo Mourão Demais Municípios
DE 10 A 19
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21
DE 5 A 9
Municípios
ATE 4
Nº
ZERO
Tamanho do Estabelecimento (número de vínculos ativos) Total
100 73 34 29 27 5 5 7 5 6 9 3 2 6 0 5 3 6 5 1 133
238 227 182 104 112 30 28 8 20 15 21 25 9 21 16 9 11 6 9 18 464
64 58 71 59 45 7 10 8 11 12 3 10 7 3 3 0 5 9 3 6 182
40 39 34 55 25 10 9 14 10 6 5 3 7 7 8 7 4 7 0 4 171
50 32 14 42 24 13 7 14 6 8 4 2 10 1 3 8 6 5 9 2 204
15 14 2 26 5 4 3 5 2 1 2 1 3 0 4 3 4 0 5 0 83
8 3 0 5 8 4 1 3 0 4 1 0 0 0 1 2 1 0 2 1 25
2 0 0 0 2 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 4
0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1
517 446 337 321 249 73 63 59 55 52 45 44 38 38 35 34 34 33 33 32 1.267
464
1.573
576
465
464
182
69
9
2
1
3.805
Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., (2006).
255
APÊNDICE R – EMPREGOS DO SETOR DE CONFECÇÃO POR MUNICÍPIOS (20 MAIS EXPRESSIVOS)
DE 100 A 249
1000 OU MAIS
DE 50 A 99
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
219 469 253 476 374 17 4 63 22 38 46 51 22 10 12 45 19 20 7 8 1.108
392 411 304 390 464 56 13 46 19 81 78 67 0 5 52 19 34 42 14 29 1.287
757 520 364 553 467 213 0 129 0 73 120 125 87 25 101 110 56 96 24 97 2.463
1.330 1.559 646 962 365 434 26 386 326 282 216 217 282 88 84 98 181 297 72 127 6.616
1.874 1.037 388 969 122 420 72 257 375 58 119 204 184 158 105 260 281 187 0 137 5.246
738 1.089 1.213 355 0 461 334 516 337 451 0 182 249 218 418 232 178 0 0 148 2.969
0 532 750 0 0 0 0 0 0 0 292 0 0 307 0 0 0 0 441 0 514
896 0 643 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
0 0 0 0 0 0 1.027 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
6.206 5.617 4.561 3.705 1.792 1.601 1.476 1.397 1.079 983 871 846 824 811 772 764 749 642 558 546 20.203
0
3.283
3.803
6.380
14.594
12.453
10.088
2.836
1.539
1.027
56.003
Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., (2006).
DE 500 A 999
DE 20 A 49
Total
DE 10 A 19
Apucarana Maringá Londrina Cianorte Curitiba Altônia Ampére Umuarama Terra Boa Cambé Toledo Cascavel Pérola Siqueira Campos Terra Roxa Francisco Beltrão Santo Antônio do Sudoeste Astorga Dois Vizinhos Japurá Demais Municípios
DE 5 A 9
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21
ATE 4
Municípios
ZERO
Nº
DE 250 A 499
Tamanho do Estabelecimento (número de vínculos ativos) Total
256
1 : Soc
2 : EcoPolCEx
3 : DinMerc
4 : PolPub
5 : TecNovMat
6 : MeioAmbi
7 : CoopCadPro
8 : InvFin
9 : Emp
10 : EduCap
11 : P&D&I
12 : PropInd
13 : CultEmp
14 : MktPTend
15 : Des
16 : ProdQualPr
APÊNDICE S – MATRIZ DE INFLUÊNCIAS INDIRETAS (MII)
1498 1463 1579 1275 1796 1064 1562 1581 1598 2083 1895 1315 1844 1534 1685 1992
1432 1364 1497 1214 1716 1007 1493 1502 1511 1958 1805 1260 1744 1457 1589 1894
1579 1505 1619 1344 1884 1083 1642 1652 1645 2143 1974 1373 1906 1587 1766 2066
1319 1257 1372 1106 1557 924 1372 1367 1363 1809 1637 1141 1585 1328 1466 1736
1699 1648 1800 1429 2017 1194 1770 1791 1767 2351 2145 1477 2060 1714 1927 2259
1311 1231 1348 1098 1549 896 1359 1357 1338 1777 1626 1129 1564 1304 1462 1707
1256 1203 1301 1063 1484 874 1293 1317 1302 1709 1560 1090 1526 1264 1396 1656
1204 1159 1252 1035 1451 846 1258 1264 1279 1653 1530 1059 1474 1235 1341 1594
1837 1752 1913 1563 2196 1270 1903 1921 1906 2513 2313 1584 2222 1844 2054 2421
1537 1470 1584 1322 1855 1078 1605 1615 1647 2086 1950 1367 1894 1574 1715 2044
1429 1376 1483 1224 1732 995 1494 1509 1490 1980 1790 1254 1736 1473 1615 1896
1125 1105 1192 974 1371 797 1185 1203 1209 1567 1455 998 1400 1166 1294 1506
1215 1168 1283 1032 1463 864 1282 1272 1292 1697 1538 1067 1479 1241 1375 1614
1401 1333 1455 1195 1682 984 1471 1464 1476 1922 1760 1235 1704 1425 1580 1865
1282 1206 1331 1065 1511 888 1317 1319 1317 1735 1609 1115 1547 1287 1407 1698
1810 1723 1894 1510 2165 1268 1902 1897 1915 2489 2271 1585 2204 1827 2038 2362
Variável
1 : Soc 2 : EcoPolCEx 3 : DinMerc 4 : PolPub 5 : TecNovMat 6 : MeioAmbi 7 : CoopCadPro 8 : InvFin 9 : Emp 10 : EduCap 11 : P&D&I 12 : PropInd 13 : CultEmp 14 : MktPTend 15 : Des 16 : ProdQualPr
Fonte: O autor com apoio do software MICMAC©.
257
ANEXO A – PIB DOS PAÍSES MEMBROS DA OCDE PIB em volume - Poucentages de variation par rapport à l'année précédente Quatrième trimestre 2006 2007 2008 Australie 3,0 4,0 5,0 4,0 4,0 3,8 5,2 4,4 3,4 2,4 3,9 3,3 3,3 2,9 2,6 3,0 3,4 2,8 2,7 3,9 Autriche 2,6 0,4 2,4 2,6 2,6 2,2 3,7 3,7 2,8 0,6 0,5 0,8 2,3 2,6 3,2 2,5 2,4 3,1 2,3 2,6 Belgique 2,3 -1,0 3,2 2,4 1,1 3,5 1,7 3,3 3,9 0,7 1,4 1,0 2,7 1,5 2,9 2,3 2,1 2,9 2,1 2,0 Canada 2,6 2,3 4,8 2,8 1,6 4,2 4,1 5,5 5,2 1,8 2,9 1,8 3,3 2,9 2,8 2,7 3,1 2,5 3,0 3,2 République tchèque .. .. 2,6 5,9 4,2 -0,7 -0,8 1,3 3,7 2,5 1,9 3,6 4,2 6,1 6,2 4,8 4,6 5,3 4,7 4,6 Danemark 2,1 -0,1 5,5 3,1 2,8 3,2 2,2 2,6 3,5 0,7 0,5 0,7 1,9 3,0 3,5 2,6 1,6 3,6 2,2 1,4 Finlande 1,6 -1,0 3,6 4,0 3,6 6,1 5,2 3,9 5,3 2,5 1,6 1,9 3,3 3,0 5,0 2,8 2,7 3,9 3,4 2,4 France 2,3 -0,8 1,5 1,8 1,0 2,1 3,3 3,0 4,0 1,8 1,1 1,1 2,0 1,2 2,1 2,2 2,3 2,2 2,4 2,3 Allemagne 3,0 -0,8 2,7 2,0 1,0 1,9 1,8 1,9 3,5 1,4 0,0 -0,2 0,8 1,1 2,6 1,8 2,1 3,0 1,5 2,3 Grèce 1,3 -1,6 2,0 2,1 2,4 3,6 3,4 3,4 4,5 5,1 3,8 4,8 4,7 3,7 4,0 3,8 3,8 3,9 4,4 4,2 Hongrie .. .. 2,9 1,5 1,3 4,6 4,9 4,2 5,2 4,1 4,3 4,1 4,9 4,2 4,0 2,2 3,0 3,4 1,9 3,7 Islande 1,7 1,3 3,6 0,1 4,8 4,9 5,8 4,0 4,4 3,6 -0,3 2,7 7,7 7,5 3,6 1,0 2,5 4,3 0,1 3,8 Irlande 3,6 2,7 5,8 9,6 8,3 11,7 8,6 10,7 9,2 5,9 6,0 4,3 4,3 5,5 5,1 5,1 4,5 5,0 4,5 4,5 Italie 2,5 -0,9 2,3 2,9 0,6 2,0 1,3 1,9 3,8 1,7 0,3 0,1 0,9 0,1 1,8 1,4 1,6 2,2 1,2 1,8 Japon 3,8 0,2 1,1 1,9 2,6 1,4 -1,8 -0,2 2,9 0,4 0,1 1,8 2,3 2,7 2,8 2,0 2,0 2,2 2,1 1,9 Corée 8,9 6,1 8,5 9,2 7,0 4,7 -6,9 9,5 8,5 3,8 7,0 3,1 4,7 4,0 5,0 4,4 4,6 3,9 4,8 4,5 Luxembourg 6,0 4,2 3,8 1,4 1,9 5,9 6,5 8,4 8,4 2,5 3,8 1,3 3,6 4,0 5,2 4,3 4,0 .. .. .. Mexique 1,9 1,9 4,5 -6,2 5,1 6,8 4,9 3,9 6,6 -0,2 0,8 1,4 4,2 3,0 4,7 3,6 3,7 4,3 3,8 3,6 Pays-Bas 2,8 0,7 2,9 3,0 3,0 3,8 4,3 4,0 3,5 1,4 0,1 0,3 2,0 1,5 3,0 3,1 3,0 3,4 2,7 3,5 Nouvelle-Zélande 1,5 4,7 6,2 4,2 3,4 3,0 0,7 4,7 3,8 2,5 4,7 3,7 4,2 2,1 1,5 1,3 2,0 1,4 1,7 2,1 Norvège 3,0 2,7 5,3 4,4 5,3 5,2 2,6 2,1 2,8 2,7 1,1 1,1 3,1 2,3 2,4 3,2 2,7 2,9 3,0 2,6 Pologne .. .. 5,3 7,0 6,2 7,1 5,0 4,5 4,2 1,1 1,4 3,8 5,3 3,5 5,1 5,1 4,8 .. .. .. Portugal 3,4 -2,0 1,0 4,3 3,6 4,2 4,8 3,9 3,9 2,0 0,8 -1,1 1,2 0,4 1,3 1,5 1,7 1,4 1,9 1,5 République slovaque .. .. 6,2 5,8 8,0 5,7 3,7 0,3 0,7 3,2 4,1 4,2 5,4 6,0 8,2 8,0 5,7 9,3 6,2 5,9 Espagne 3,2 -1,0 2,4 2,8 2,4 3,9 4,5 4,7 5,0 3,6 2,7 3,0 3,2 3,5 3,7 3,3 3,1 3,7 3,2 3,0 Suède 1,9 -2,0 3,8 4,1 1,4 2,5 3,6 4,3 4,4 1,2 2,0 1,8 3,3 2,7 4,3 3,6 2,9 4,2 3,7 2,3 Suisse 2,1 -0,2 1,1 0,4 0,5 1,9 2,8 1,3 3,6 1,0 0,3 -0,2 2,3 1,9 3,0 2,2 2,0 .. .. .. Turquie 5,1 8,0 -5,5 7,2 7,0 7,5 3,1 -4,7 7,4 -7,5 7,9 5,8 8,9 7,4 6,1 5,3 6,3 .. .. .. Royaume-Uni 2,5 2,3 4,3 2,9 2,8 3,0 3,3 3,0 3,8 2,4 2,1 2,7 3,3 1,9 2,6 2,6 2,8 2,7 2,6 2,9 États-Unis 3,5 2,7 4,0 2,5 3,7 4,5 4,2 4,4 3,7 0,8 1,6 2,5 3,9 3,2 3,3 2,4 2,7 3,0 2,6 2,7 Zone euro 2,7 -0,7 2,4 2,4 1,4 2,6 2,7 2,9 3,9 1,9 0,9 0,8 1,7 1,5 2,6 2,2 2,3 2,9 2,2 2,5 Total de l'OCDE 3,3 1,5 3,3 2,5 3,0 3,6 2,7 3,3 4,0 1,2 1,6 2,0 3,2 2,7 3,2 2,5 2,7 3,0 2,7 2,7 Note: La mise en place des nouveaux systèmes de comptes nationaux SCN93 et SEC95 a progressé à un rythme inégal selon les pays membres de l’OCDE, et ce pour les variables et la période couverte. En conséquence, plusieurs séries nationales contiennent des ruptures. De plus, certains pays utilisent des indices de prix en chaîne afin de calculer le PIB réel et les composantes des dépenses. Voir le ta-bleau «Systèmes de comptabilité nationale et années de base» au début de l’annexe statistique ainsi que Perspectives économiques de l’OCDE: Sources et méthodes, (http://www.oecd.org/eco/sources-and-methods). o Source : Base de données des Perspectives économiques de l'OCDE, n 80. Pays
Moyenne 1982-92
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
258
ANEXO B – EXPORTAÇÕES DE BENS E SERVIÇOS DOS PAÍSES MEMBROS DA OCDE Volume des exportations de biens et services - Sur la base des comptes nationaux, pourcentages de variation par rapport à l'année précédente Pays
1989
1990
1991
1992
1993
1994
2004
2005
2006
2007
2008
Australie 2,9 8,4 13,2 5,5 8,2 9,2 5,0 10,6 11,5 0,0 5,2 10,8 2,3 0,1 -2,3 4,1 Autriche 9,7 7,6 4,0 1,3 -1,5 5,3 5,9 4,7 11,8 8,4 6,2 10,5 7,1 3,7 2,6 9,5 Belgique 8,2 4,6 3,1 3,7 -0,4 8,3 5,0 2,9 6,0 5,9 5,1 8,7 0,8 0,8 2,9 5,7 Canada 1,0 4,7 1,8 7,2 10,8 12,7 8,5 5,6 8,3 9,1 10,7 8,9 -3,0 1,2 -2,4 5,2 République tchèque .. .. .. .. .. 0,2 16,7 5,7 8,3 10,4 4,9 18,0 10,9 1,9 7,2 20,6 Danemark 4,7 6,7 6,5 0,5 1,0 8,4 3,2 4,2 4,9 4,1 11,6 12,7 3,1 4,1 -1,2 2,7 Finlande 2,6 2,0 -7,3 9,7 16,6 13,3 8,2 5,9 14,1 9,5 11,3 16,4 2,6 2,8 -1,7 7,8 France (1) 10,6 4,6 5,7 5,4 -0,3 7,9 7,8 2,8 12,5 7,7 4,0 12,9 2,7 1,3 -1,1 3,3 Allemagne 10,7 12,4 11,1 -2,0 -4,8 8,1 6,6 6,2 11,8 7,5 5,6 14,1 6,8 4,3 2,3 8,8 Grèce 2,0 -3,5 4,1 10,0 -2,6 7,4 3,0 3,5 20,0 5,3 18,1 14,1 -1,0 -7,7 1,0 11,7 Hongrie .. .. .. .. .. 13,7 36,4 12,1 22,3 17,6 12,2 22,0 8,1 3,9 6,2 15,7 Islande 2,9 0,0 -5,9 -2,0 6,5 9,3 -2,3 9,9 5,6 2,5 3,9 4,3 7,4 3,8 1,6 8,4 Irlande 10,3 8,7 5,7 13,9 9,7 15,1 20,0 12,5 17,6 23,1 15,5 20,2 8,8 4,6 0,4 7,3 Italie 9,2 6,3 -2,1 6,0 8,9 10,2 12,7 -0,3 3,9 0,7 -1,8 9,6 0,3 -4,0 -2,2 2,5 Japon 9,3 6,7 4,1 3,9 -0,1 3,6 4,3 6,2 11,3 -2,4 1,5 12,2 -6,7 7,6 9,0 13,9 Corée -4,0 4,5 11,1 12,2 12,2 16,3 24,4 12,2 21,6 12,7 14,6 19,1 -2,7 13,3 15,6 19,6 Luxembourg 12,6 5,6 9,2 2,7 4,8 7,7 4,6 2,3 11,4 11,2 14,2 12,6 4,5 2,1 3,5 10,1 Mexique 5,7 5,3 5,1 5,0 8,1 17,8 30,2 18,2 10,7 12,2 12,3 16,3 -3,6 1,4 2,7 11,6 Pays-Bas 7,5 5,6 5,6 1,8 4,8 9,7 8,8 4,6 8,8 7,4 5,1 11,3 1,6 0,9 1,5 8,0 Nouvelle-Zélande -1,0 4,8 10,6 3,8 4,8 9,9 3,8 3,8 3,9 1,5 7,9 7,0 3,4 6,3 2,6 5,4 Norvège 11,0 8,6 6,1 4,7 3,2 8,4 4,9 10,2 7,7 0,6 2,8 4,0 5,0 -0,8 0,2 0,6 Pologne .. .. .. .. .. 13,1 22,9 12,0 12,2 14,4 -2,5 23,2 3,1 4,8 14,2 14,0 Portugal 12,2 9,5 1,2 3,2 -3,3 8,4 8,8 5,7 6,1 8,5 3,0 8,4 1,8 1,5 3,7 4,5 République slovaque .. .. .. .. .. 14,8 4,5 0,5 10,0 16,4 12,2 8,9 6,8 4,7 15,9 7,9 Espagne 1,4 4,7 8,3 7,5 7,8 16,7 9,4 10,3 15,0 8,0 7,5 10,2 4,2 2,0 3,7 4,1 Suède 3,2 1,8 -1,9 2,2 8,3 13,8 11,4 4,5 13,2 8,5 7,7 11,3 0,8 0,9 4,4 10,7 Suisse 6,1 2,8 -1,3 3,1 1,3 1,9 0,5 3,6 11,1 3,9 6,5 12,2 0,2 -0,7 -0,4 8,4 Turquie -0,3 2,6 3,7 11,0 7,7 15,2 8,0 22,0 19,1 12,0 -7,0 19,2 7,4 11,1 16,0 12,5 Royaume-Uni 4,5 5,5 -0,1 4,4 4,4 9,2 9,5 8,9 8,2 3,0 3,8 9,1 2,9 1,0 1,7 4,9 États-Unis (1) 11,5 9,0 6,6 6,9 3,2 8,7 10,1 8,4 11,9 2,4 4,3 8,7 -5,4 -2,3 1,3 9,2 Total OCDE 7,9 6,9 4,8 4,4 2,9 8,9 9,1 6,6 10,8 5,1 5,3 11,5 0,1 1,8 2,6 8,4 Note: Les aggrégats régionaux sont calculés à l'inclusion du commerce intra-régional comme la somme des volumes exprimés en dollars constants de 2000. (1). Les données de volume de certains composants utilisent des indices de prix hédonistes.
2,1 6,9 3,3 2,1 10,7 8,4 7,2 3,2 7,1 2,9 11,6 7,1 3,9 0,7 7,0 8,5 8,0 6,9 5,5 -0,5 0,7 8,0 0,9 13,8 1,5 6,6 6,4 8,5 7,1 6,8 5,7
2,7 7,5 3,1 1,3 11,9 12,3 11,3 7,7 10,4 5,4 14,3 -0,3 5,0 5,1 10,4 12,9 15,0 11,1 8,3 2,4 1,8 15,5 8,3 17,1 6,5 7,9 8,4 6,6 12,8 8,5 8,7
4,4 6,8 4,3 1,7 10,8 7,0 8,1 5,7 6,2 4,8 10,5 12,5 6,0 3,5 7,2 11,0 9,1 5,0 7,3 6,6 3,4 9,5 5,0 14,9 5,2 7,8 6,0 8,3 5,6 6,3 6,3
8,8 7,4 5,0 3,6 11,6 6,1 7,1 6,3 7,3 6,7 9,5 11,8 6,0 4,4 6,9 12,1 8,3 6,0 6,7 8,1 3,8 10,1 5,7 9,6 5,2 7,5 6,2 10,2 9,1 6,9 7,1
o
Source : Base de données des Perspectives économiques de l'OCDE, n 80.
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
259
ANEXO C – IMPORTAÇÕES DE BENS E SERVIÇOS DOS PAÍSES MEMBROS DA OCDE Volume des importations de biens et services - Sur la base des comptes nationaux, pourcentages de variation par rapport à l'année précédente Pays
1989
1990
1991
1992
1993
1994
2004
2005
2006
2007
2008
Australie 20,6 -4,0 -2,4 7,1 4,2 14,2 8,1 8,2 10,3 6,5 8,8 7,5 -4,3 11,1 10,4 15,1 Autriche 9,4 7,3 4,8 2,1 2,9 3,5 5,0 4,3 7,4 5,7 5,4 9,6 5,1 0,8 4,3 8,3 Belgique 9,7 4,9 2,9 4,1 -0,4 7,3 4,7 2,1 5,3 7,1 4,4 9,2 -0,1 0,2 2,8 6,2 Canada 5,9 2,0 2,5 4,7 7,4 8,0 5,7 5,1 14,2 5,1 7,8 8,1 -5,1 1,7 4,5 8,2 République tchèque .. .. .. .. .. 7,8 21,2 12,2 6,7 8,3 4,5 17,4 12,5 4,9 8,0 17,8 Danemark 5,0 2,3 3,6 0,1 -1,1 12,8 7,4 3,3 9,5 8,5 3,5 13,0 1,9 7,5 -1,7 6,4 Finlande 9,1 -0,7 -13,4 0,4 1,6 12,9 7,6 6,4 11,6 8,2 3,6 16,4 1,0 2,5 3,3 7,4 France (1) 8,2 4,6 2,3 1,0 -3,7 8,8 6,4 2,2 7,6 10,8 5,8 15,1 2,2 1,6 1,5 6,0 Allemagne 9,0 11,8 10,9 1,7 -4,6 8,3 6,8 3,7 8,3 9,0 8,3 10,7 1,5 -1,4 5,3 6,2 Grèce 10,5 8,4 5,8 1,1 0,6 1,5 8,9 7,0 14,2 9,2 15,0 15,1 -5,2 -1,4 4,5 9,3 Hongrie .. .. .. .. .. 8,8 15,1 9,4 23,1 23,8 13,3 20,2 5,3 6,8 9,3 14,1 Islande -10,3 1,0 5,3 -6,0 -7,5 3,8 3,6 16,5 8,0 23,4 4,4 8,6 -9,1 -2,6 10,8 14,4 Irlande 13,5 5,1 2,4 8,2 7,5 15,5 16,4 12,5 16,7 27,6 12,4 21,6 7,2 2,5 -1,4 8,6 Italie 9,4 9,0 2,2 5,9 -11,5 8,5 9,6 -1,9 9,2 8,1 2,9 6,4 -0,3 -0,5 1,0 1,9 Japon 16,9 7,8 -1,1 -0,7 -1,4 7,9 13,3 13,1 0,7 -6,7 3,7 8,5 0,9 0,9 3,9 8,5 Corée 17,5 13,8 18,6 5,4 6,0 21,3 23,0 14,3 3,5 -21,8 27,8 20,1 -4,2 15,2 10,1 13,9 Luxembourg 9,1 5,0 9,1 -3,1 5,2 6,7 4,2 4,9 12,6 11,8 14,8 10,5 6,0 1,0 5,5 10,3 Mexique 18,0 19,7 15,2 19,6 1,9 21,3 -15,0 22,9 22,7 16,6 14,1 21,5 -1,6 1,5 0,7 11,6 Pays-Bas 7,7 3,8 4,9 1,5 0,3 9,4 10,5 4,4 9,5 8,5 5,8 10,5 2,2 0,3 1,8 6,4 Nouvelle-Zélande 14,4 3,6 -5,2 8,3 5,4 13,1 8,7 7,6 2,1 1,3 12,1 -0,4 2,0 9,6 8,6 16,4 Norvège 2,2 2,5 0,5 1,6 4,9 5,8 5,7 8,8 12,4 8,5 -1,8 2,7 0,9 0,7 1,1 8,9 Pologne .. .. .. .. .. 11,3 24,2 28,0 21,4 18,6 1,0 15,5 -5,3 2,7 9,3 15,2 Portugal 5,9 14,5 7,2 10,7 -3,3 8,8 7,4 5,2 9,8 14,2 8,6 5,3 0,9 -0,7 -0,4 6,8 République slovaque .. .. .. .. .. -4,7 11,6 17,3 10,2 16,5 0,4 8,2 13,5 4,6 7,6 8,8 Espagne 17,7 9,6 10,3 6,8 -5,2 11,4 11,1 8,8 13,3 14,8 13,7 10,8 4,5 3,7 6,2 9,6 Suède 7,7 0,7 -4,9 1,5 -2,2 12,3 7,4 3,9 11,9 11,3 4,9 11,4 -2,6 -1,9 5,1 6,8 Suisse 5,8 3,2 -1,9 -3,8 -0,1 7,7 4,3 3,2 8,3 7,5 4,3 9,6 3,2 -2,6 1,0 7,4 Turquie 6,9 33,0 -5,2 10,9 35,8 -21,9 29,6 20,5 22,4 2,3 -3,7 25,4 -24,8 15,8 27,1 24,7 Royaume-Uni 7,4 0,5 -4,5 6,8 3,3 5,8 5,6 9,8 9,8 9,2 7,9 9,0 4,8 4,8 2,0 6,6 États-Unis (1) 4,4 3,6 -0,6 6,9 8,7 11,9 8,0 8,7 13,6 11,6 11,5 13,1 -2,7 3,4 4,1 10,8 Total OCDE 8,8 5,9 2,4 4,1 1,2 9,5 8,2 7,4 9,9 7,4 8,3 11,8 -0,2 2,4 4,0 8,8 Note: Les aggrégats régionaux sont calculés à l'inclusion du commerce intra-régional comme la somme des volumes exprimés en dollars constants de 2000. (1). Les données de volume de certains composants utilisent des indices de prix hédonistes.
8,2 6,1 4,1 7,1 5,0 11,8 12,3 6,4 6,7 -1,2 6,8 28,9 6,5 1,8 6,2 6,9 9,3 8,7 5,1 6,2 7,4 4,7 1,8 16,6 7,0 6,6 5,3 11,5 6,5 6,1 6,3
5,8 5,9 3,0 5,8 11,4 16,9 8,3 8,8 10,0 7,3 10,5 5,2 5,4 3,4 5,3 12,7 12,7 12,2 8,3 -3,0 7,9 14,8 3,2 15,7 8,3 7,6 8,8 9,0 12,1 6,3 8,0
6,0 6,6 4,8 3,7 11,1 7,9 8,6 6,7 5,3 5,7 7,7 -4,1 7,3 3,7 3,1 10,6 9,4 6,3 6,8 3,8 4,9 9,8 3,7 11,9 6,6 8,2 6,1 8,3 5,2 4,1 5,5
8,0 7,0 5,4 4,0 11,6 8,0 7,3 6,6 7,6 6,8 7,2 -1,0 6,8 5,8 4,4 11,8 8,5 7,2 4,9 6,3 4,3 9,6 5,2 9,2 6,6 7,8 6,1 9,2 8,3 5,4 6,5
o
Source : Base de données des Perspectives économiques de l'OCDE, n 80.
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
260
ANEXO D – PARTICIPAÇÃO NO COMÉRCIO INTERNACIONAL Parts dans les exportations et importations mondiales - Pourcentages, total des biens et services en valeur, statistiques douanières Pays
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
Canada France Allemagne Italie Japon Royaume-Uni États-Unis Autres pays de l'OCDE
3,4 6,3 10,6 4,9 8,0 5,4 13,6
3,6 5,7 9,4 4,6 8,4 5,2 13,8
3,6 5,6 9,3 4,5 8,1 5,2 13,5
3,5 5,7 9,6 4,6 7,6 5,1 12,8
3,5 5,5 9,1 4,7 6,8 5,3 13,0
3,6 5,3 8,6 4,4 6,7 5,5 13,8
3,7 5,7 9,2 4,5 6,2 5,6 14,0
4,0 5,4 8,8 4,1 6,4 5,5 14,0
4,2 4,8 8,0 3,8 6,5 5,1 13,9
4,1 5,0 8,7 4,0 5,7 5,2 13,5
3,8 4,9 9,1 3,9 5,6 5,2 12,5
3,5 5,0 9,4 4,0 5,5 5,0 11,2
3,4 4,7 9,3 3,9 5,4 4,9 10,4
3,4 4,3 8,9 3,6 5,1 4,6 10,2
3,2 4,2 8,8 3,5 4,8 4,6 10,0
2,9 4,1 8,8 3,4 4,7 4,6 9,9
2,8 4,0 8,6 3,3 4,6 4,6 9,7
24,4
24,4
24,7
25,7
25,7
25,1
26,3
26,2
25,5
26,2
26,5
27,1
27,1
26,4
26,0
26,1
25,9
Total OCDE
76,7
75,0
74,7
74,5
73,6
73,0
75,1
74,5
71,9
72,2
71,5
70,6
69,0
66,5
65,2
64,6
63,6
Total Non-OCDE Asie
12,4
13,7
14,5
14,9
15,3
15,8
14,8
15,2
16,3
16,0
16,8
17,1
17,8
18,7
19,1
20,1
21,1
Pays d'Amérique latine
2,6
2,8
2,8
2,8
2,8
3,0
2,9
2,8
2,9
2,9
2,7
2,7
2,8
3,1
3,2
3,2
3,1
Autres pays non-OCDE (1)
8,3
8,5
7,9
7,8
8,3
8,2
7,2
7,6
8,9
8,9
8,9
9,6
10,3
11,6
12,4
12,1
12,2
23,3
25,0
25,3
25,5
26,4
27,0
24,9
25,5
28,1
27,8
28,5
29,4
31,0
33,5
34,8
35,4
36,4
Canada France Allemagne Italie Japon Royaume-Uni États-Unis Autres pays de l'OCDE
3,4 6,3 10,8 5,0 6,2 5,7 14,3
3,6 5,5 9,5 3,9 6,4 5,4 15,3
3,5 5,5 9,4 3,9 6,4 5,4 15,5
3,2 5,4 9,5 4,0 6,5 5,2 14,5
3,2 5,2 8,9 3,8 6,6 5,4 14,7
3,5 4,8 8,4 3,8 6,1 5,6 15,6
3,6 5,2 8,8 4,0 5,2 5,9 16,6
3,7 5,0 8,7 3,8 5,4 5,9 17,8
3,7 4,7 8,0 3,6 5,6 5,5 18,7
3,5 4,7 8,1 3,8 5,3 5,6 18,3
3,4 4,7 7,9 3,8 4,9 5,8 17,9
3,2 4,8 8,4 3,9 4,8 5,6 16,6
3,0 4,7 8,1 3,8 4,7 5,4 16,0
3,0 4,5 7,8 3,7 4,6 5,3 15,9
3,0 4,4 7,8 3,6 4,5 5,4 15,5
2,8 4,4 7,7 3,5 4,3 5,3 14,7
2,7 4,3 7,5 3,5 4,1 5,3 14,2
24,4
23,9
24,2
24,7
25,0
24,5
25,4
25,4
24,8
24,9
25,3
26,1
26,1
25,7
25,7
25,8
25,5
Total OCDE
76,0
73,6
73,9
73,2
72,9
72,3
74,6
75,7
74,6
74,3
73,8
73,4
71,8
70,6
69,8
68,5
67,1
Total Non-OCDE Asie
12,3
14,1
14,9
15,5
15,7
15,8
13,8
14,0
15,2
14,8
15,5
15,8
17,0
17,5
17,6
18,3
19,3
Pays d'Amérique latine
2,5
2,9
3,0
3,1
3,1
3,5
3,6
3,0
2,9
3,0
2,5
2,3
2,3
2,5
2,7
2,7
2,7
Autres pays non-OCDE (1)
9,2
9,4
8,2
8,1
8,3
8,4
8,0
7,3
7,2
7,9
8,3
8,6
8,9
9,4
9,9
10,4
10,9
24,0
26,4
26,1
26,8
27,1
27,7
25,4
24,3
25,4
25,7
26,2
26,6
28,2
29,4
30,2
31,5
32,9
A. Exportations
Total pays non membres de l'OCDE B. Importations
Total pays non membres de l'OCDE
Note : Les aggrégats régionaux sont calculés à l'inclusion du commerce intra-régional. (1). Les données des Pays d'Europe Centrale et Orientale avant 1995 sont des estimations de l'OCDE. o
Source : Base de données des Perspectives économiques de l'OCDE, n 80.
261
ANEXO E – CRESCIMENTO DE COMÉRCIO INTERNACIONAL NO MUNDO Décomposition géographique du commerce mondial - Moyenne des volumes d'importation et d'exportation Pays
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
ALENA (1)
7,2
6,5
11,1
8,3
8,9
12,8
7,9
8,9
11,5
-3,8
1,1
2,4
9,7
6,2
7,1
4,7
5,7
OCDE Europe
3,1
0,0
8,4
8,2
5,2
9,9
8,1
5,7
11,5
2,7
1,5
2,6
7,0
5,7
8,8
6,2
7,0
OCDE Asie & Pacifique (2)
3,3
1,6
8,6
11,0
10,3
7,5
-3,9
7,1
12,3
-2,9
7,1
8,1
12,8
6,8
9,0
7,1
8,1
Total de l'OCDE
4,2
2,0
9,2
8,7
7,0
10,4
6,3
6,8
11,6
-0,1
2,1
3,3
8,6
6,0
8,3
5,9
6,8
A. Croissance du commerce par régions principales
Pays non-membres d'Asie
13,6
14,0
14,9
13,9
8,9
9,9
-4,4
7,6
17,0
-2,3
11,2
13,0
18,0
12,4
12,7
11,9
12,2
Pays d'Amérique latine
14,5
15,4
10,0
11,9
5,9
13,7
7,2
-4,8
6,7
2,8
-4,5
4,5
14,0
12,3
10,1
7,7
5,7
Autres pays non membres de l'OCDE (3)
-4,2
7,0
0,0
1,4
5,6
6,1
0,0
5,1
9,7
5,8
5,6
8,5
12,5
9,3
12,7
12,2
12,1
Total des pays non membres de l'OCDE (3)
5,9
11,4
8,7
9,3
7,5
9,1
-1,7
5,3
13,5
0,7
7,7
10,8
16,0
11,5
12,4
11,6
11,6
Monde
4,7
4,6
9,1
8,9
7,2
10,0
4,0
6,4
12,1
0,1
3,6
5,4
10,8
7,7
9,6
7,7
8,4
B. Contribution à la croissance du commerce mondial par régions principales ALENA (1)
1,4
1,3
2,2
1,7
1,8
2,7
1,7
2,0
2,6
-0,8
0,2
0,5
2,0
1,3
1,4
0,9
1,1
OCDE Europe
1,3
0,0
3,4
3,3
2,1
3,9
3,2
2,3
4,7
1,1
0,6
1,1
2,8
2,2
3,3
2,3
2,6
OCDE Asie & Pacifique (2)
0,4
0,2
0,9
1,1
1,1
0,8
-0,4
0,7
1,2
-0,3
0,7
0,8
1,3
0,7
0,9
0,7
0,8
Total de l'OCDE
3,1
1,5
6,6
6,2
5,0
7,4
4,5
5,0
8,6
0,0
1,6
2,4
6,1
4,2
5,7
4,0
4,5
Pays non-membres d'Asie
1,7
1,9
2,2
2,1
1,4
1,6
-0,7
1,1
2,6
-0,4
1,7
2,1
3,2
2,3
2,5
2,4
2,6
0,4
0,4
0,3
0,4
0,2
0,4
0,2
-0,2
0,2
0,1
-0,1
0,1
0,4
0,3
0,3
0,2
0,2
-0,5
0,7
0,0
0,1
0,5
0,5
0,0
0,4
0,8
0,5
0,5
0,7
1,1
0,8
1,2
1,1
1,2
Pays d'Amérique latine Autres pays non membres de l'OCDE (3) Total des pays non membres de l'OCDE (3)
1,6
3,1
2,5
2,6
2,1
2,6
-0,5
1,4
3,6
0,2
2,1
3,0
4,7
3,5
4,0
3,8
3,9
Monde
4,7
4,6
9,1
8,9
7,2
10,0
4,0
6,4
12,1
0,1
3,6
5,4
10,8
7,7
9,6
7,7
8,4
Note: Les aggrégats régionaux sont calculés à l'inclusion du commerce intra-régional comme la somme des volumes exprimés en dollars constants de 2000. (1). Canada, Mexique et États-Unis. (2). Australie, Japon, Corée et Nouvelle-Zélande. (3). Les données des Pays d'Europe Centrale et Orientale avant 1996 sont des estimations de l'OCDE. o
Source : Base de données des Perspectives économiques de l'OCDE, n 80.