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Medições de Cor: Além da densidade

*Por Evandro Mengue

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Conforme mencionado no artigo anterior, as medições de densidade e ganho de ponto são essenciais para o controle de carga de tinta e tonalidades do meio tom, porém são insuficientes para diagnosticar todos os problemas relacionados à cor. Nesta matéria vamos conhecer 2 novas funções: erro de tom e gris e trap. uma pigmentação ideal. Elas já possuem, digamos, uma contaminação natural do pigmento utilizado. Para que tivéssemos tintas colorimetricamente limpas o custo seria demasiado alto uma vez que estes pigmentos seriam de muito difícil extração. Dentre as tintas que compõem a quadricromia, a que possui uma maior contaminação é o ciano. Como pode ser visto na figura 1, o ciano desta amostra de impressão flexográfica possui uma tonalidade amagentada indicado na terceira linha do visor (C->M). A primeira linha do visor, a letra H, de Hue ou Tom, apresenta um percentual de desvio de 18,6%, indicando o quanto esta tinta está amagentada.

A segunda linha indica o percentual de gris da tinta, ou seja, o quanto a tinta está suja por elementos neutros, sem estarem tonalizados para uma cor específica, mas simplesmente escurecida.

Erro de tom e gris

Esta função indica alterações no tom da tinta e é amplamente utilizado para descobrir se a tinta mantém sua característica de matiz original. Uma tinta de cor ciano pode ser mais avermelhada que o ciano de outra marca, ou o amarelo que foi colocado na máquina no início da impressão pode ter ficado azulado depois de um certo tempo na máquina, logo essa função é muito útil para identificar contaminação de tintas.

Talvez muitos ainda não pensaram a respeito, mas as tintas de impressão com as quais temos contato não possuem

Figura 1 - A amostra de tinta ciano desta impressão flexográfica possui uma tonalidade avermelhada indicado na terceira linha do visor (C->M) e a primeira linha do visor, apresenta qual o percentual deste desvio. A segunda linha mostra o percentual de invasão de cinza.

Medindo tom e gris Tinta contaminada

H = D 2 - D 3x 100 D 1 - D 3

G = D 3x 100 D 1

O cálculo do erro de tom e gris é derivado da densidade e definido conforme a fórmula acima, onde D1 é a maior resposta de densidade dos filtros triestímulos convertidas em ciano, magenta e amarelo. D2 é a segunda densidade e D3 é a menor densidade. A parcela referente ao preto é desconsiderada pois não se aplica a medição de tom e gris para esta cor.

Para aqueles usuários que possuem um equipamento de medição de densidade que queiram medir erro de tom e gris, estes podem seguir os passos aplicando a fórmula apresentada e conseguirão obter estes índices. Modelos de densitômetros com um pouco mais de sofisticação já possuem a função de medição de erro de tom e gris embutida, portanto basta selecionar esta opção e medir uma área sólida de uma cor primária ciano, magenta ou amarelo. No exemplo da figura 2 abaixo a tinta amarela foi medida e o densitômetro apresentou um erro de tom de 8,8% para o ciano e um erro de gris de 11,1%. O exemplo da figura 2 como um fato isolado não identifica uma contaminação no sistema de tinta. Isto apenas aponta a característica dos pigmentos da tinta: é um amarelo levemente amagentado e acinzentado. No momento da caracterização de uma tinta é importante que seja feita a medição com uma lata nova de tinta e com o sistema de impressão completamente descontaminado de impurezas. Neste momento temos a certeza que a tinta mensurada de fato possui as características apresentadas no densitômetro. Este resultado deve ser registrado e em um momento futuro comparado com a amostra retirada do equipamento de impressão.

Caso a mesma tinta do exemplo anterior possua um erro de tom de 15% de magenta é intuitivo afirmar que esta tinta sofreu uma contaminação da tinta magenta da unidade de impressão anterior ao amarelo, pois antes possuía apenas 8% de magenta. Caso a tinta apresente um erro de gris mais acentuado do que o padrão estabelecido é bem possível que tenha sofrido contaminação de todas as tintas das unidades anteriores.

A função erro de tom e gris não é a única ferramenta de medição capaz de auxiliar na verificação de tintas contaminadas, mas é com certeza a mais básica e barata encontrada em equipamentos de medição.

Figura 2 - A amostra de tinta amarela desta impressão flexográfica possui uma tonalidade avermelhada indicado na terceira linha do visor (Y->M) e a primeira linha do visor, apresenta qual o percentual deste desvio. A segunda linha mostra o percentual de invasão neutro. Trap

A segunda função apresentada neste artigo é o Trap. Trap do inglês possui muitos significados mas em relação a tintas é uma indicação da sua capacidade de aceitar a próxima tinta em comparação com a capacidade do papel de aceitar a mesma tinta. Parece complicado mas não é: Quando o sólido de uma tinta é depositado sobre um suporte, seja ele um polímero, um papel, ou qualquer outra superfície, na melhor condição de impressão, entendemos que 100% desta tinta foi depositada nesta superfície. Supondo que uma tinta ciano foi depositada com carga de 100% em cima do suporte e uma carga de 100% de magenta também seja colocada em cima do mesmo suporte, quando depositamos 100% de magenta sobre os 100% de ciano, será que 100% deste magenta será aderido ao 100% de ciano? Dificilmente uma tinta consegue sobrepor 100% outra tinta e essa sobreposição que chamamos de trap.

O trap de uma tinta é influenciado por alguns fatores, como tempo de secagem entre as cores, velocidade de impressão, tac e viscosidade da tinta, sequência de impressão e configurações mecânicas da impressora, como rolos e configurações de impressão.

A fórmula para encontrar o trap de uma tinta é:

onde:

D3 = Densidade relativa das sobreposição

D2 = Densidade relativa da 1ª cor impressa

D3 = Densidade relativa da 2ª cor impressa

Ink Trap = D3 - D1 D2 x 100

D1 D3 D2

Papel

Imagem 3 - A metade direita da imagem acima representa uma tinta com problemas de trap. É possível observar que a tinta amarela tem dificuldade de aderir ao magenta já impresso.

Figura 4 - Tela do densitometro mostrando as medições de trap

Por que é importante medir o trap?

Um trap ruim resulta em alterações significativas nas cores secundárias, sejam elas, sobreposições de chapados ou de ponto de retículas. As densidades mostram bons resultados nas áreas sem sobreposição porém, quanto mais encontramos as cores vermelha, verde e azul, que são sobreposições das tintas primárias, tornam-se descaracterizadas.

Na imagem 3 acima é possível ver o efeito de um trap ruim. Na primeira metade é simulado a impressão com um trap correto, onde é possível ver um vermelho vivo. Na metade direita a tinta amarela não aderiu corretamente ao magenta e o vermelho não alcança o resultado previsto. Medindo o trap

Para medir o trap é importante saber a ordem em que as tintas estão sendo impressas. Sempre deve-se medir a tinta que é impressa primeiro e logo após a segunda tinta. O densitômetro automaticamente mostra em seu visor o percentual de tinta da segunda tinta que adere sobre a primeira, como mostra a figura 4. Em uma sequência de impressão KCMY, sempre a tinta ciano será a primeira em relação ao magenta e amarelo. O trap entre ciano e amarelo normalmente possui um valor maior do que o par MY devido a distância maior entre essas cores em um equipamento de impressão, visto que isso permite, mesmo que ligeiramente, um tempo de secagem um pouco maior, mas não é uma regra.

Utilizando os valores de trap a nosso favor

Através dos valores de trap é possível:

• Configurar uma nova tinta, obtendo valores padrão do comportamento da tinta para futuras comparações.

• Identificar problemas de impressão e alterações no comportamento químico entre lotes de tinta de modo que seja possível comprovar e solicitar a correção ou troca junto ao fabricante. Densitômetro

Todos os sistemas de impressão, principalmente os sistemas analógicos possuem variações. Saber utilizar as ferramentas corretas para identificar essas variáveis é fundamental para a previsibilidade e sucesso da impressão. Densidade, ganho de ponto, erro de tom e gris e trap, são ferramentas e conceitos básicos para alcançar este sucesso.

Todas estas funções podem ser encontradas em um densitômetro. Os modelos variam abrangendo diferentes opções:

1. Somente a função de densidade;

2. Funções de densidade e ganho de ponto;

3. Todas as 4 funções: densidade, ganho de ponto, erro de tom e gris e trap.

Foto: Evandro Mengue é Especialista em Gerenciamento de Cores com 25 anos de experiência no setor, G7 Expert, Digital Color Expert pela PrUA e CEO da DeltaE Tecnologia da Cor.

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