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ENTREVISTA

Entrevista PréImpressão – Tânia Galluzzi

Conversamos com a jornalista, poadcaster e produtora de conteúdo Tânia Galluzzi, que tem vários anos de experiência na cobertura do setor gráfico. Ela fala sobre os desafios no início da carreira, sobre a evolução da indústria gráfica e comenta a respeito da importância dos prêmios do setor, entre outros temas.

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- Conte-nos um pouco sobre porque escolheu a profissão de jornalista. Não foi algo planejado. Escolhi por exclusão. Sempre gostei muito de ler e, finalizado o Ensino Médio, queria fugir de qualquer coisa que passasse perto da matemática, de cálculos e números. O gosto pelo português facilitou a decisão. - Como foi o início da carreira?

Logo que entrei na faculdade, decidi que não atuaria na chamada grande mídia. Conheci a comunicação empresarial, o jornalismo corporativo, e entendi que essa seria a minha praia. - Como e por qual motivo começou a atuar no setor gráfico? Comecei na área no segundo ano da faculdade. Uma prima jornalista, Barbara Moreno, egressa do Estadão, acabara de montar uma pequena editora com foco em assessoria de imprensa e house organs, muito em voga no início da década de 1990, e me convidou para trabalhar com ela. Um de seus primeiros clientes foi justamente Plinio Gramani, que a chamou para escrever para a Revista Abigraf. Assim, no segundo semestre de 1988 comecei a fazer pequenos textos para a Revista Abigraf. Um fato curioso dessa época é que nos primeiros meses não contamos para o Plinio que algumas matérias estavam sendo feitas por mim. Cioso, como sempre, da qualidade dos

textos, ele talvez não aceitasse uma ainda estudante como colaboradora. Hoje rimos muito dessa história.

- Você esteve por muitos anos à frente da revista da ABTG e ainda é responsável pela revista da Abigraf Nacional. Como descreve a importância desses dois veículos no desenvolvimento da indústria gráfica nacional?

Entendo os dois como fundamentais para o setor como veículos de difusão de informação de qualidade. Fomentar a discussão dentro de um segmento é essencial para o seu desenvolvimento. E não só. A disseminação de boas práticas, a valorização de ações empreendedoras, a divulgação de eventos e das iniciativas das próprias entidades, a apresentação de novas tecnologias, constituem importantes ferramentas para o crescimento e união de qualquer setor.

- Quais eram os maiores desafios para escrever sobre o setor quando começou?

Sem dúvida o entendimento da tecnologia e das dores do gráfico. O que me ajudou muito e que continua ajudando é a minha curiosidade. Nunca tive receio de fazer perguntas, mesmo as mais óbvias, e assim aprendi a gostar de tecnologia e, principalmente, a transformar assuntos áridos em textos gostosos de ler.

- O que mais marcou você nesses 30 anos atuando com comunicação no setor gráfico?

O dinamismo da tecnologia e a possibilidade de acompanhar a evolução das empresas, entendendo como uma companhia, de qualquer porte ou setor, é um reflexo direto da postura estratégica de seu dirigente. E, claro, conhecer a trajetória de vida de muitos desses personagens, que por tantas vezes retratei na seção História Viva, da Revista Abigraf.

- Qual a sua avaliação sobre como a indústria gráfica se comunica com o mercado para evidenciar seus produtos e serviços?

Quando comecei, essa comunicação era praticamente inexistente. Melhorou muito e ganhou uma nova dimensão com as mídias digitais, mas pode evoluir muito mais. E não sou só eu que digo isso. A pesquisa promovida por Two Sides no final de 2019, Cenários e Oportunidades – Papel, Cartão e Papelão Ondulado como Embalagem, demostrou que os especificadores de produtos gráficos querem que os fornecedores se aproximem mais deles, entendam melhor suas necessidades para poderem apresentar melhores soluções. E a comunicação é, evidentemente, o instrumento dessa aproximação.

Como eu tenho dito. A corrida pela sustentabilidade é uma avenida de oportunidades para a indústria gráfica. E nós precisamos falar sobre o que as empresas têm feito nessa área.

- Como vê o papel das mídias sociais na comunicação do setor gráfico com seus públicos?

Muito importante, facilitando o contato direto, estreitando relacionamentos.

- Como avalia a evolução da indústria gráfica nesses 30 anos e como projeta o setor para os próximos 10 anos?

A evolução foi enorme, acompanhando o amadurecimento e as novas exigências dos vários mercados. Um exemplo simples, que pode parecer banal, mas que ajuda a ilustrar o movimento no sentido da profissionalização e da industrialização. Quando comecei, raras eram as gráficas que visitava nas quais a produção era mantida limpa. Hoje, uma produção suja é impensável.

Para o futuro, entendo a gráfica como um provedor amplo de soluções, para o qual a impressão será apenas uma parte do mix de produtos. Fala-se disso há anos, contudo não é algo de fácil implementação, porque exige conhecer o cliente e o mercado dele a fundo, para que desse conhecimento saiam produtos e serviços inovadores. Nesse sentido, sugiro que ouçam o episódio 5 desta terceira temporada, que conta a história de um gráfico que criou uma empresa que produz papel de parede, com franqueados em todo o Brasil.

- Você sempre teve abertura com as diretorias do Sigep/Abigraf-PR e sempre foi muito respeitada pelo seu profissionalismo. Como vê o papel das regionais da Abigraf Nacional para o desenvolvimento do setor.

Outra coisa que aprendi nesses mais de 30 anos foi admirar o associativismo. A união continua fazendo a força e vimos isso de forma clara durante a pandemia, com todas as ações conjuntas realizadas no sentido de apoiar e dar um norte num momento de tantas incertezas.

Isso, porém, não exime os líderes setoriais da necessidade de reverem o pacote de serviços oferecido aos associados. Uma entidade hoje deve prover o mercado de benefícios reais, que façam diferença no dia a dia das empresas. Sem isso, não há como se manter.

- Como vê o papel do Prêmio Paranaense de Excelência Gráfica Oscar Schrappe Sobrinho e das premiações em geral para o aprimoramento da qualidade e inovação dos produtos gráficos brasileiros?

Os prêmios nacional e regionais continuam sendo a grande vitrine do setor, servindo não só como atrativo e diferencial perante os clientes quanto como estímulo para que as equipes premiadas sigam na trilha da excelência.

- Como surgiu a ideia de criar o Ondas Impressas?

Sempre gostei de rádio. Meu pai ouvia todos os dias pela manhã, hábito que mantenho até hoje. E há 10 anos comecei

a ouvir podcasts para treinar o inglês. No segundo semestre de 2019, num almoço promovido pela Afeigraf, conversávamos sobre política quando o filho do Antonio Dalama, Alexandre, me disse que eu deveria criar um blog. Eu respondi que blog não, mas que eu gostaria de ter um podcast. O Hamilton Costa estava sentado na minha frente e disse: “eu topo”. Perguntei se ele falava sério. Com a resposta positiva, começamos a pensar no modelo e no dia 19 de fevereiro de 2020 o primeiro episódio do Ondas, sobre papel imune, foi ao ar.

- Fale um pouco sobre como vem sendo o programa em termos de audiência, crescimento e perspectivas futuras.

O programa foi muito bem aceito pelo mercado. No final das contas, o confinamento provocado pela pandemia nos ajudou, pois as pessoas acabaram dedicando mais tempo às mídias digitais.

Convivemos, contudo, com o ônus e o bônus do ineditismo, somos o primeiro podcast independente focado na indústria de impressão do Brasil. Ao mesmo tempo que somos vistos como inovadores, o que é muito bom, o podcast ainda é uma mídia nova. Converso com pessoas que nunca ouviram um podcast na vida e nem sabem como acessar. Um dos nossos orgulhos é estarmos formando uma nova geração de ouvintes, gente que está tendo o primeiro contato com o formato por meio do Ondas Impressas. As perspectivas são boas. Em 2022 fechamos nosso primeiro patrocínio anual, não por acaso com uma empresa de ponta, que acredita na inovação e na valorização do bom conteúdo, a Neoband, e estamos certos de que outras virão. Trata-se de uma mídia muito flexível, cujos modelos estão sendo construídos e por isso mesmo capaz de se moldar facilmente a qualquer demanda de comunicação. O número de ouvintes de podcast no Brasil e do Ondas vem crescendo, assim como tem aumentado o investimento publicitário em podcast no mundo.

- O programa tem um repertório bem variado de temas. Quais os critérios para a definição das pautas? Interesse do ouvinte. É relevante para o profissional gráfico, para o designer, o produtor gráfico, o empresário, o criativo? Vamos falar.

- Você e o Hamilton Costa, parceiro de programa, têm uma sinergia muito boa. Parece que estão na sala de casa batendo papo e isso deixa os convidados à vontade. Fale um pouco sobre isso.

Nos conhecemos há 30 anos, desde os tempos de Abraform. Nos aproximamos quando fiz assessoria de imprensa para a ABTG, entre 1995 e 2001, e criamos um vínculo baseado em admiração e respeito mútuos. Além disso, o Hamilton é um cara bem-humorado e pra mim, usando as palavras do dramaturgo italiano Dario Fo, “o riso é sagrado”.

- Já com tanta bagagem e reconhecimento como jornalista e como comunicadora do setor gráfico, o que você ainda quer conquistar ou “inventar”?

Quero que o Ondas Impressas conquiste muito mais ouvintes, espalhados por todo o Brasil, sendo reconhecido por sua credibilidade, qualidade de conteúdo e por efetivamente ajudar os militantes da impressão em seus negócios e carreiras.

quem pode oferecer um vasto portfolio de tintas agregando o máximo de valor aos nossos clientes?

nós podemos.

Unidade Bonsucesso I - Av. Amâncio Gaiolli, 770. Tel.: +55 11 2462-2500 Unidade Bonsucesso II - Av. Amâncio Gaiolli, 814. Tel.: +55 11 2482-8100 Guarulhos/SP - 07251-250 - www.sunchemical.com

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